Postura e biomecânica de trabalhadores no plantio florestal manual com ferramenta convencional versu

POSTURA E BIOMECÂNICA DE TRABALHADORES NO PLANTIO FLORESTAL MANUAL COM FERRAMENTA CONVENCIONAL VERSUS NOVOS PROTÓTIPOS Antonio Luciano de Lima (Técnico de Segurança do Trabalho, Acadêmico de Engenharia Florestal da União Latino-americana de Tecnologia, Faculdades FatiFajar); antonioluciano_lima@hotmail.com Felipe Martins de Oliveira (Engenheiro Florestal, Prof. Dr. da União Latino-americana de Tecnologia, Faculdades FatiFajar); eng.oliveirafm@gmail.com

Resumo: Apesar da mecanização em larga escala, muitas atividades da silvicultura de florestas plantadas ainda são realizadas por métodos manuais, com elevado contingente de mão-de-obra e apresentando condições laborais inadequadas. Este estudo foi realizado em áreas operacionais de uma empresa florestal na região de Curiúva (PR) e objetivou avaliar as posturas típicas e a biomecânica da atividade de plantio manual de pinus com o uso de três ferramentas. A convencional era um “chacho” de metal em conjunto com uma caixa de mudas e os outros eram dois protótipos, sendo uma plantadeira de teflon (material mais leve) e outra de metal, mas com regulagem de altura, em conjunto com uma bolsa acoplada no ombro do trabalhador, com menor quantidade de mudas que a caixa. A avaliação postural foi realizada pelos métodos OWAS, RULA e REBA e a biomecânica pelo 3D SSPP. Os resultados indicaram que a pior postura foi a verificada no trabalho com a ferramenta convencional, a qual necessitou de correções imediatas em todos os métodos de avaliação, além de oferecer maior risco de lesão na coluna lombar (força de compressão de 2699 ± 211 N no disco L5-S1) e nas articulações do tronco, quadril, joelhos e tornozelos. Verificouse melhor situação no trabalho com o uso da plantadeira com regulagem de altura, a qual proporcionou melhor postura e menor compressão na coluna vertebral, entretanto devido ao baixo percentual de capazes em relação aos ombros (53%), ressalta-se a necessidade de readequação da bolsa usada como depósito de mudas durante o plantio.

Palavras-chave: Ergonomia, silvicultura, plantadeira florestal.

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POSTURE AND BIOMECHANICS OF WORKERS IN FOREST PLANTATION WITH CONVENTIONAL TOOL VERSUS NEW PROTOTYPES Abstract: Despite large-scale mechanization, many planted forestry activities are still carried out by manual methods, with a large contingent of manpower, and having inadequate working conditions. This study was carried out in operational areas of a forest company in the region of Curiúva (PR), Brazil, and aimed to evaluate the typical postures and biomechanics of manual pine planting using three tools. The conventional one was a metal “chacho” together with a seedling box and the others were two prototypes, one teflon (lighter material) planter and other a height-adjustable planter, working together with a coupled bag on the worker's shoulder, with fewer seedlings than the box. Postural evaluation was performed by OWAS, RULA and REBA methods and biomechanics by 3D SSPP. The results indicated that the worst posture was found when working with the conventional tool, which needed immediate corrections in all evaluation methods, besides offering higher risk of lumbar spine injury (compressive force of 2699 ± 211 N in the disc). L5-S1) and in the joints of the trunk, hip, knees and ankles. It was found a better situation at work with the use of a height-adjustable planter, which provided better posture and lower compression in the spine, however due to the low percentage of capable in relation to the shoulders (53%), there is a need for readjustment of the bag used as a deposit of seedlings during planting.

Keywords: Ergonomics, forestry, forest planter.

1. INTRODUÇÃO A atividade de reflorestamento se embasa bastante na escolha do material genético a ser utilizado, pois sua qualidade pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do povoamento. No Paraná, grande parte dos plantios comerciais são realizados com espécies do gênero Pinus sp., devido à sua grande aceitabilidade tanto para o mercado regional, como serrarias, fábricas de painéis de madeira ou celulose e papel, como para o internacional, com exportação de grandes volumes anuais ocupando cerca de 1,6 milhão de hectares no Paraná e em Santa Catarina.

Entretanto, dada a necessidade de implantar as mudas no talhão, os procedimentos são geralmente realizados por métodos manuais com elevado contingente de mão de obra.

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Ainda utilizado em larga escala no Brasil devido à dificuldade em se mecanizar terrenos com delclividade elevada, neste método a operação pode ser feita com o uso de uma ferramenta denominada “chacho”, a qual consiste em uma haste de metal com pegador superior transversal e extremidade inferior mais pesada e pontiaguda para a abertura de covas e depósito da muda.

Os trabalhadores que atuam nesta atividade geralmente apresentam queixas de dores musculares, principalmente na região lombar, mas também nos pulsos, ombros e cotovelos. Sabe-se que a atividade de plantio manual de mudas florestais pode sofrer de diversas dificuldades, tais como condições ambientais desfavoráveis, presença de resíduos, madeira e outros obstáculos no terreno e topografia elevada, fatores que podem agravar as condições de trabalho. Tais situações também podem ser oriundas da manutenção de posturas inadequadas no devido a ferramentas inadequadas que não favorecem uma postura ideal aos trabalhadores, desempenhando elevado esforço físico e manuseando equipamentos com cargas e dimensões fora dos limites recomendados para atividade.

Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (Internacional Ergonomics Association) a ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (IEA, 2000) . As melhorias das condições de saúde e segurança dos trabalhadores podem refletir positivamente também nos processos produtivos.

O setor de reflorestamento comercial não possui em grande escala uma ferramenta manual adequada à atividade de plantio, pois estas são, na maioria das vezes, adaptadas de outros projetos ou segmentos agrícolas. Dentro deste contexto, a atividade de plantio tem sua atenção voltada para eficiência operacional devido à busca de qualidade e de metas de desenvolvimento de florestas com melhor produção para atender a demanda do mercado.

Assim, a partir do trabalho com uma ferramenta adaptada ergonomicamente ao trabalhador, é possível ter um comparativo entre ferramentas sobre ganhos ergonômicos e produtivos.

Para avaliar ergonomicamente o trabalho, algmas técnicas utilizadas podem ser a avaliação portural, que estuda as posturas adotadas no trabalho, e a avaliação biomecânica, a qual investiga os esforços nas articulações dos trabalhadores. Métodos muito utilizados na área florestal para avaliação postural são o OWAS (Ovako Working Posture Analysis System), utilizado por Lopes e Oliveira (2011) em viveiros florestais, Crestani et al. (2015) na

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roçada com motorroçadora e Britto et al. (2018) na coleta de pinhão, além do RULA (Rapid Upper Limb Assessment) e do REBA (Rapid Entire Body Assessment), utilizados por Paini et al. (2016) no carregamento mecanizado de madeira e Figueiredo et al (2017) na marcação de linha com trator para plantio. Para a avaliação biomecânica, há o 3D SSPP (3D Static Strength Prediction Program), utilizado por Lopes et al. (2013) na poda manual e semimecanizada e Oliveira et al. (2014) na roçada manual e semimecanizada.

Assim, objetivou-se realizar uma análise postural e biomecânica comparativa entre atividades de plantio manual de povoamentos florestais de Pinus taeda com três diferentes ferramentas, de forma a fornecer subsídios para melhoria do trabalho e das condições de conforto, segurança e saúde dos trabalhadores.

2. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado nas áreas florestais de uma empresa de grande porte do setor florestal na região norte do estado do Paraná, com sede no município de Arapoti (PR).

A atividade de plantio estudada foi desenvolvida em uma fazenda no município de Curiúva (PR), entre as coordenadas geográficas de latitude 24° 05' 07,5" S e longitude 50° 27' 43,0" O, com terreno plano a ondulado, conforme os talhões em que foram efetuados o processo de plantio (Figura 1).

Figura 1 – Localização da área de estudo.

O plantio florestal foi composto por reflorestamento de Pinus taeda L. no espaçamento de 3 x 2 m, densidade de 1.667 árvores por hectare, onde sua madeira era destinada para a produção de papel, painéis de fibra, madeira serrada e processos em

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geral. A atividade foi realizada por trabalhadores envolvidos na atividade de implantação florestal, efetuando em conjunto a abertura das covas e o plantio das mudas.

O trabalho era realizado 8 horas por dia, com intervalo de 1 hora para refeições, representando 40 horas semanais, sempre executada pelos mesmos funcionários. Na atividade do coveamento manual o trabalhador se deslocava transportando a ferramenta de trabalho e mais um recipiente para transporte das mudas durante seu deslocamento para plantio. Os dados técnicos das três ferramentas utilizadas para o plantio, bem como dos respectivos recipiente para transporte de mudas estão mostrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Características técnicas das ferramentas para plantio manual de mudas florestais.

B (protótipo C (protótipo A (chacho Item Característica sem com convencional) regulagem) regulagem)

Imagem Ferramenta

Caixa com mudas Bolsa com mudas

Massa (kg) 2,7 3,0 3,5 Altura (m) 0,95 1,00 0,84 a 1,04 Massa (kg) 10 Dimensões (mm) 550 x 360 x 310 Massa (kg) 5 5 Dimensões (mm) 340 x 350 x 120 340 x 350 x 120

No método convencional (A), o trabalhador utilizava uma ferramenta para o plantio denominada de “chacho”, composto por uma haste metálica em forma de “T” com uma ponta inferior de aço maciço apontada e um pegador superior para as mãos. Adicionalmente havia uma caixa para depósito das mudas a serem plantadas. O trabalhador introduzia a ponta pontiaguda da ferramenta no solo com utilização de sua força e efetivação do impacto da ponta pontiaguda no solo. Em seguida ele realizava flexão do tronco para depositar uma muda na cova, endireitava sua coluna no momento da cobertura da cova com solo utilizando seu próprio pé e novamente flexionava seu tronco para segurar a alça da caixa de mudas e arrastá-la até o local da próxima cova, onde era realizado novo coveamento e novo plantio.

Nas plantadeiras em teste como prototótipos, havia uma tubulação para depósito das mudas no solo. O protótipo sem regulagem de altura (B) era composto por uma haste de

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composite de 970 mm x 40 mm com uma ponteira pontiaguda e um cabo de apoio para as mãos de 300 mm x 20 mm. Acoplado à haste havia um cano condutor das mudas ao solo com as dimensões de 650 mm x 40 mm e, acompanhando a ferramenta, era utilizada uma bolsa em tecido.

A plantadeira protótipo com regulagem de altura (C) era composta por uma haste metálica com porcas de 16 mm acopladas com solda em ambas as extremidades, com um comprimento de 640 mm x 40 mm, uma ponteira ponte aguda de 200 mm x 40 mm em uma extremidade um parafuso 16 mm para acoplar na haste metálica e na outra extremidade um cabo de apoio para as mãos de 300 mm x 35 mm de diâmetro com um parafuso de 16 mm x 150 mm para a regulagem da altura (entre 840 mm e 1040 mm, altura comparada à altura do quadril do trabalhador). Adicionalmente havia utilizava uma bolsa para transporte das mudas, suspensa no ombro e fixada por uma cinta no quadril do trabalhador.

Métodos de avaliação postural e biomecânica A avaliação postural foi realizada pelos métodos OWAS – Ovako Working Posture Analysis System ou Sistema de Análise da Postura de Trabalho Ovako (WINOWAS, 1990), RULA – Rapid Upper Limb Assessment ou Avaliação Rápida de Membros Superiores (McATAMNEY e CORLETT, 1993) e REBA – Rapid Entire Boby Assessment ou Avaliação Rápida do Corpo como um Todo (HIGNETT e McATAMNEY, 2000), todos com a utilização do software Ergolândia. A avaliação biomecânica foi feita (esforços na coluna vertebral e nas articulações) foi realizada pelo software 3D SSPP – 3D Static Strength Prediction Program ou Programa de Predição de Postura e de Força Estática 3D (University of Michigan, 2018).

Foram determinadas posturas por meio das imagens dos funcionários e os movimentos foram classificado pelo método OWAS, que foi descrita por um código, segundo OWAS (1990). No final da avaliação foi possível averiguar os pontos críticos e também

classificar as posturas em: a) Postura normal, não necessita de medidas corretivas; b) Postura onde deve ser avaliada em um novo procedimento de trabalho; c) Postura prejudicial à saúde, deve ser alterado o procedimento de trabalho e mudar a postura dos funcionários; ou d) Postura muito prejudicial à saúde,

deve

ser

tomada medidas

corretivas

imediatamente.

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A metodologia de RULA é um procedimento observacional de postos de trabalho cujo objetivo é a classificação integrada do risco de Lesões Musculoesqueléticas dos membros superiores, individualmente ao nível da postura. Não é necessário o uso de equipamentos

sofisticados,

no

qual

permite

obter

uma

rápida

avaliação

das posturas assumidas pelos trabalhadores das forças exercidas, da repetitividade e das cargas externas sentidas pelo organismo, e a caracterização de cada segmento foi pontuada conforme McAtamney e Corlett (1993).

No método de REBA foram avaliadas posições individuais e não conjuntos ou sequências de posições, portanto, foi necessário selecionar as posições que se julgava com uma maior carga postural, seja pela sua duração, pela frequência ou por apresentarem maior desvio em relação à posição neutra. Para isso, o primeiro passo foi observar as tarefas executadas pelo trabalhador. Vários ciclos de trabalho foram observados e as posições avaliadas foram determinadas. O REBA dividiu o corpo em dois grupos, o A, que incluiu as pernas, o tronco e o pescoço, e o Grupo B, que compreendeu os membros superiores (braços, antebraços e punhos), posteriormente pontuados conforme Hignett e McAtamney (2000).

Os trabalhadores também foram avaliados por meio da análise das forças aplicadas nas articulações (pulsos, cotovelos, ombros, tronco, quadris, joelhos e tornozelos) e no disco L5-S1 da coluna vertebral dos trabalhadores na execução do trabalho. Foi empregado o software 3DSSPP (3D Static Strength Prediction Program - Programa de Predição de Postura e Força Estática 3D), versão 7.0.4, desenvolvido pela Universidade de Michigan, EUA. Este programa realiza, por meio de modelagem 3D, uma série de arranjos quanto aos limites máximos admissíveis nas articulações e a carga exercida no disco entre as vértebras Lombar 5 e Sacral 1 (L5-S1) da coluna vertebral (UNIVERSITY OF MICHIGAN, 2011). Na Figura 2 pode ser vista a tela do software 3D SSPP com os eixos X, Y e Z do corpo humano e o modelo em 3D. Figura 2 – Tela do 3D SSPP.

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Fonte: University of Michigan (2018).

A atividade de plantio de Pinus taeda foi acompanhada e registrada com filmagens dos trabalhadores em diversos ângulos na execução das atividades, onde as imagens foram paralisadas e foi realizada a medição dos ângulos entre os diferentes movimentos das partes corpo dos trabalhadores e posterior modelagem 3D no software. Foram inseridos os ângulos dos braços, tronco, coxofemorais, joelhos e tornozelos, bem como o valor, a magnitude e a direção das forças utilizadas na realização da atividade, o número de mãos utilizadas e os dados antropométricos de peso e estatura dos trabalhadores, de modo a obter a carga limite recomendada para cada articulação do corpo dos trabalhadores.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A baixa variação das posturas dos trabalhadores na execução do trabalho indicou que as atividades de plantio manual com as três ferramentas eram cíclicas, com as posturas se repetindo várias vezes durante a jornada de trabalho. Na Figura 3 estão apresentadas as posturas típicas na operação com o chacho convencional (A), com a plantadeira protótipo sem regulagem de altura (B) e com a ferramenta com regulagem (C).

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Figura 3 – Posturas típicas com chacho convencional (A), plantadeira protótipo sem regulagem (B) e com regulagem (C) no plantio de mudas florestais.

Como pode ser observado, na atividade de plantio com o chacho convencional (A), a postura típica apresentou a coluna lombar sempre curvada ou curvada e torcida com joelhos flexionados. Na atividade de plantio com a plantadeira teste sem regulagem (B), as posturas foram caracterizadas por longo tempo do trabalho com a coluna vertebral ereta e ambos os braços abaixo do nível dos ombros, com o trabalhador caminhando e manuseando a ferramenta com peso abaixo de 100 N. No trabalho com a plantadeira protótipo com regulagem (C), a postura observada apresentava coluna lombar ereta, ambos os braços abaixo do nível dos ombros com os trabalhadores caminhando e manuseando a ferramenta de peso abaixo 100 N. Os resultados da avaliação postural dos trabalhadores na atividade de plantio manual pelo método OWAS, são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Diagnóstico da avaliação postural na atividade de plantio manual pelo método OWAS. Chacho convencional (A) Protótipo sem regulagem (B) Protótipo com regulagem (C)

costas

2

braços

pernas

carga

1 4 >10 Medidas corretivas

costas

braços

pernas

carga

1 1 7 < 10 Não necessita de correção

costas

braços

pernas

carga

1 1 7 < 10 Não necessita de correção

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A ferramenta convencional Chacho (A) apresentou a necessidade de correção o mais rápido possível, com destaque para as costas curvadas e os joelhos flexionados. A ferramenta plantadeira protótipo sem regulagem (B) de altura e a ferramenta plantadeira protótipo com regulagem (C) não necessitaram de correção pois os trabalhadores apresentaram posturas razoáveis no plantio. Segundo Oliveira e Rodrigues (2015), na atividade de plantio de mudas florestais com pá chilena foi observado que nas posturas típicas, o trabalhador utilizava a coluna curvada ou curvada e torcida. Isto é prejudicial ao trabalhador, pois o trabalho em posturas inadequadas pode originar graves consequências para a sua saúde. De acordo com Couto (1995), quanto mais a postura se separa da posição de neutralidade funcional ou anatômica mais ela é considerada nociva à saúde do trabalhador, podendo provocar doenças ocupacionais e lesões.

Na relação dos métodos RULA e REBA, seus resultados e diagnósticos podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3 – Diagnóstico da avaliação postural na atividade de plantio manual pelos métodos RULA e REBA. Métodos Ferramenta RULA REBA Resultado Diagnóstico Resultado Diagnóstico

Pontuação 7 Nivel de ação 4

Deve ser introduzido mudanças imediatamente

Pontuação 12 Risco muito alto

Necessária providência Imediata

Pontuação 5 ou 6 Nivel de ação 3

Deve-se realizar uma investigação com possível necessidade de mudanças

Pontuação 7 Risco médio

Necessária avaliação

Pontuação 5 ou 6 Nivel de ação 3

Deve-se realizar uma investigação com possível necessidade de mudanças

Pontuação 7 Risco médio

Necessária avaliação

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No método RULA foi observado que a ferramenta convencional chacho (A) apresentou pontuação 7, onde precisava de necessidades e medidas corretivas na postura do tronco e na carga superior a 10 kg da caixa de mudas. Na ferramenta plantadeira protótipo sem regulagem de altura (B) e também na com regulagem (C) vou verificada pontuação 5, com destaque para a repetitividade dos movimentos, onde deve-se realizar uma investigação com possível necessidade de mudanças.

Para o método REBA foi observado que a ferramenta convencional chacho (A) apresentou pontuação 12, com risco muito alto e necessidade de providências imediatamente. Na ferramenta plantadeira protótipo sem regulagem de altura (B) e na com regulagem (C) foi verificada pontuação 7, com risco médio, onde é necessária uma investigação. Neste sentido, Dul e Weerdmeester (2012) relatam que as posturas prolongadas na mesma posição poderão prejudicar os músculos e as articulações, causando tensões localizadas com maior exigência física.

Na avaliação biomecânica ajustou-se os diagnósticos obtidos por meio do software 3D SSPP, sendo as forças aplicadas no disco L5-S1 da coluna vertebral podendo ser vistas na Tabela 4.

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Tabela 4 – Força de compressão no disco L5-S1 da coluna vertebral, considerando o limite recomendado de 3.426,3 N, para a atividade de plantio manual.

Risco de Força de compressão no disco Ferramenta Postura típica lesão no L5-S1 (N) ± desvio padrão disco L5-S1 Chacho convencional (A): 19,6 N Gravidade: 9,8 N F1: 19,6 N F2: 105,8 N

2.699 ± 211

Protótipo sem regulagem (B): 29,4 N Gravidade: 9,8 N F1 e F2: 14,7 N F3: 51 N

154 ± 155

Protótipo com regulagem (C): 34,3 N Gravidade: 9,8 N F1 e F2: 17,2 N F3: 51 N

476 ± 15

SRL

SRL

SRL

SRL: sem risco de lesão; e CRL: com risco de lesão devido à carga limite recomendada ultrapassada.

Foi observado que a ferramenta plantadeira sem regulagem (B), e a ferramenta plantadeira com regulagem (C) não apresentaram riscos de compressão do disco L5-S1 da coluna vertebral dos trabalhadores, entretanto ficou evidente a proximidade de risco de lesão lombar devido à compressão aplicada no disco L5-S1 na atividade de plantio com a ferramenta Chacho convencional (A). Tais valores podem ser alterados com a inclinação diferente da coluna, situação observada por Oliveira (2011) em avaliações biomecânicas de trabalhadores em atividades silviculturais. Com a ferramenta Chacho convencional (A) o valor de compressão foi 2699 N, inferior ao valor de 3426,3 N, porém muito acima do valor da ferramenta protótipo com regulagem. Esse trabalho pode ter maior efeito com as repetições prolongadas sem pausas para que o trabalhador venha a se recompor.

Na Tabela 5 são apresentados os percentuais de capazes nas diversas articulações do corpo dos trabalhadores nas posturas típicas selecionadas no plantio de Pinus taeda, vistas pelos eixos x, y e z, bem como as articulações com risco de lesão. Foram

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consideradas sem riscos de lesão as articulações com percentual de capazes iguais ou superiores a 99%.

Tabela 5 – Percentual de capazes nas diversas articulações para a postura típicas proporcionada por cada ferramenta. % de Risco de Ferramentas Eixo X Eixo Y Eixo Z Articulação capazes lesão Pulsos 99 Cotovelos 100 Tronco Ombros 100 Chacho Quadril convencional Tronco 97 Joelhos (A) Quadril 71 Tornozelos Joelhos 91 Tornozelos 45 Pulsos 100 Cotovelos 100 Ombros Tronco Ombros 72 Protótipo sem Tronco 84 Quadril regulagem (B) Quadril Joelho 86 Tornozelos Joelhos 97 Tornozelos 95 Pulsos 100 Cotovelos 100 Protótipo com Ombros 53 Ombros regulagem Tronco 93 Tronco (C) Quadril 99 Joelhos 96 Joelhos Tornozelos 99

Na ferramenta chacho convencional (a), tronco, quadril, joelhos e tornozelos mostraram que o trabalho exigiu um excesso de carga sobre o trabalhador causando lesões musculares de ligamento e inflamações nas articulações expondo o trabalhador a riscos de acidentes. A consequência de uma ferramenta mal projetada pode expor o trabalhador a faltas indesejadas para tratamento médico, causando prejuízo para o trabalhador e para a empresa.

Pode-se observar que na ferramenta B (protótipo sem regulagem) as articulações dos ombros, tronco, quadril, joelho e tornozelos foram mais comprometidas durante a postura adotada pelos trabalhadores no plantio com a ferramenta, sendo inadequada para os trabalhadores. A ferramenta C (protótipo com regulagem de altura) foi a que melhor apresentou conforto para os trabalhadores, sendo que a carga no ombro pode ser modificada pelo revezamento da bolsa de mudas para o outro ombro, ou até mesmo pela redução da quantidade de mudas presente no recipiente, sem causar danos físicos.

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Alternativamente, pode ser desenvolvida outra outra bolsa que possa distribuir melhor a carga para entre ambos os ombros.

A manutenção exagerada ou frequente de uma postura ou de cargas é um fator de risco que ameaça a integridade do aparelho osteoarticular vertebral, podendo causar deterioração de todas as articulações e afetar as condições de saúde dos trabalhadores.

Entretanto, Kisner e Colby (2009) relataram que, se um trabalhador permanece numa postura forçada durante um grande período de tempo, existe o risco iminente de uma sobrecarga física, que gera quadros álgicos e desequilíbrios de força.

A maior dificuldade em avaliar e corrigir as posturas impróprias dos trabalhadores no trabalho está na identificação e no registro dessas posturas. Normalmente, as avaliações são acertadas de forma subjetiva e com base nas reclamações dos próprios trabalhadores, de modo que, muitas vezes, as medidas são adotadas quando os mesmos proporcionam lesões com comprometimento de sua saúde (SILVA, 2001). Essas circunstâncias, alémdo desconforto, podem afetar a produtividade e a qualidade do trabalho, assim como adicionar o risco de acidentes e causar lesões à saúde do trabalhador no futuro (IIDA e GUIMARÃES, 2016).

Entre os problemas ergonômicos mais comuns é a postura inadequada adotada pelos trabalhadores que se destaca e que muitas vezes ocorre devido a máquinas inadequadas que não atendem às medidas antropométricas para a população de usuários.

Por isso, a antropometria colabora para a correção de produtos mal projetados, a fim de oferecer aos trabalhadores maior conforto, saúde e segurança com equipamentos e máquinas adapetaveis ao ser humano.

4. CONCLUSÕES •

A avaliação postural evidenciou que a postura do trabalhador com a ferramenta chacho (convencional) foi considerada inadequada à saúde laboral do trabalhador, com necessidade imediata de readequação do trabalho visando à melhoria das condições de conforto e redução do risco postural.

•

A avaliação biomecânica evidenciou que o trabalho com o chacho (convencional) deixa os trabalhadores mais susceptíveis à lesão na coluna lombar devido ao excesso de compressão quando comparada aos dois outros protótipos de plantadeira avaliados, além de exercer esforços acima do limite para as articulações do tronco, quadril, joelhos e tornozelos.

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•

A ferramenta que proporcionou melhores condições de saúde, segurança e conforto no trabalho foi a plantadeira com regulagem de altura, devido aos trabalhadores terem mantido melhor postura com menor compressão na coluna lombar e nas articulações. Entretanto, devido ao esforço excessivo verificado no ombro, ressaltase a necessidade de readequação da bolsa usada como depósito de mudas durante o plantio.

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Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 – edição especial – agosto de 2019 - página 16 de 16