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Entrevista

Entrevista

Casal conta que o esporte aumentou ainda mais o companheirismo entre eles.

Uma parceria que une amor, Sesc e esporte: Conheça a história dos atletas Antônio e Joselita

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Por Iana Nunes

Casados há 47 anos, atletas contam como o esporte virou fonte de cumplicidade

Tendo o atletismo como um vínculo especial familiar, Antônio Bonfim Assis de Oliveira, 74 anos, e Joselita Assis de Oliveira, 66 anos, comemoram uma parceria próspera no amor e no esporte. Mais conhecidos como Bonfim Corredor e Dona Jó, os atletas baianos estão casados há 47 anos e colecionam medalhas e troféus de corridas realizadas ao redor do Brasil.

Eles se conheceram em Salvador, quando Antônio, que até então estava morando no Rio de Janeiro para trabalhar, veio até a capital baiana passar férias e visitar a família. Dona Jó conta que já conhecia a família do marido, mas que a vinda dele para passar férias foi o ponto inicial da relação dos dois. A partir daí que eles começaram a namorar e decidiram que queriam construir uma vida juntos, realizando o casamento logo em seguida.

Também foi durante o período em que estava novamente em sua terra natal, que Antônio sofreu um acidente enquanto trabalhava com peças elétricas, o que resultou na perda dos antebraços e das mãos. Após ser atingido por uma descarga elétrica durante a montagem de uma peça de ferro em um galpão onde trabalhava, ele caiu de uma altura de 18 metros, o que resultou em 6 meses de internamento em um hospital. Depois de passar por todo esse período, ele conta que precisou se readaptar “Saí do hospital e precisei começar uma vida nova, como uma criança que está aprendendo as coisas, uma readaptação de tudo que eu já tinha vivido”.

Foi no esporte que o baiano encontrou uma nova motivação para enfrentar todos os desafios que estavam surgindo em sua vida. Ele iniciou essa jornada jogando futebol, mas foi o atletismo que ganhou o seu coração, quando começou a correr apenas para manter a forma. Antônio relata que foi um período difícil, mas que rendeu muitos aprendizados, onde deixou a bebida de lado e se concentrou na sua família e no amor pelo esporte.

Após se mudar para o bairro de Pirajá, onde o casal reside até os dias atuais, ele encontrou um homem que praticava o esporte em um trecho da BR-324 e, logo de início, chegou a estranhar o modo como o rapaz corria pelo acostamento de uma rodovia com tantos veículos. O que Antônio não esperava era que esse homem, chamado Vital, anos mais tarde, se tornaria um grande amigo e um dos principais incentivadores para que ele pudesse se tornar um atleta profissional.

Logo após passar a treinar perto do local, os dois começaram a conversar e Antônio logo foi convidado para participar da sua primeira corrida, que recusou de início, mas com a insistência do amigo Vital, aceitou participar de uma prova em Itapagipe, na qual, como iniciante, sentiu todas as dificuldades de enfrentar um circuito de corrida profissional.

Sempre ao lado do marido, Dona Jó conta que acompanhou o corredor como espectadora nesse primeiro desafio no esporte e, ao terminar a prova, ouviu da boca do companheiro que não voltaria a praticar aquele tipo de prova. Mas, essa desmotivação durou pouco, visto que, após três dias, Antônio já estava treinando novamente e, posteriormente, já estava inscrito em diversas corridas, dando início a uma jornada que já dura 30 anos.

O casal ressalta que durante toda essa jornada vem encontrando diversos desafios, tais como a falta de patrocínio para pagar passagens e hospedagens, pouca atenção para as necessidades dos atletas PCDs, o tratamento pouco acolhedor em diversos lugares e vários outros dilemas encontrados durante algumas de suas participações em competições ao redor do país.

Cumplicidade no amor e no esporte

Sempre ressaltando o companheirismo entre os dois, Dona Jó relata que durante muito tempo acompanhou o marido nas provas apenas como espectadora por medo de deixá-lo sozinho e como uma forma de estar presente, caso ele precisasse de algo. Até que um dia resolveu que o atletismo também iria fazer parte da sua vida de forma mais direta. “Por que eu iria ficar parada, se poderia estar correndo também? Então eu decidi que iria começar a treinar ao lado dele. Após a minha primeira corrida eu me apaixonei completamente pelo esporte”, conta orgulhosa. Antônio e Joselita contam que o esporte também interferiu diretamente no ambiente familiar, trazendo muita cumplicidade e incentivo para dentro de casa. Eles não escondem o orgulho ao falar dos dois filhos, sendo um deles professor de educação física e a filha, uma militar. Quando comentam sobre os netos, o casal brinca que eles são os “registradores” das corridas e, quando têm oportunidade de capturar os avós correndo, estão sempre presentes para registrar o momento.

A descoberta do circuito Sesc

Foi nos anos 2017 e 2018 que eles participaram do Circuito Sesc de Corridas, realizando a primeira prova na cidade de Alagoinhas. Eles contam que o acolhimento e o respeito da instituição pelos atletas acenderam o desejo de realizar todo o circuito, que acontece, atualmente, em diversas cidades do estado.

Dona Jó e Antônio descrevem que fazem questão de competir e estarem presentes em todas as corridas do Sesc. “Algumas das melhores corridas que nós já fizemos foi pelo Sesc, onde o tratamento e a valorização de pessoas com deficiência vêm em primeiro lugar, onde até nas premiações sempre somos os primeiros a ser reconhecidos e aplaudidos pelo nosso esforço e competência como atletas”.

Medalhas se tornaram parte da decoração da casa

Crédito: Arquivo pessoal

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