Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 162

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ÍNDICE

n Reportagem de Capa

n Revenda em Ação

36 • Em busca de equilíbrio

52 • Manaus reúne revenda do país

n Responsabilidade Social 56 • Maio Amarelo: segurança no trânsito em destaque

n Entrevista 10 • Taiguara Líbano Soares e Souza, Professor Adjunto de Criminologia e Direito Penal do Ibmec-RJ

n Mercado 18 • Em compasso de espera 21 • Etanol: momento difícil 24 • Varejo: tecnologias avançam 28 • Qual é a capacidade máxima dos tanques? 30 • Contagem regressiva para 13ª ExpoPostos 32 • Impacto da internet na revenda n Meio Ambiente 44 • Emissões sob controle

n Conveniência 48 • Qualidade em primeiro lugar

66 • Crônica

35 • Adão Oliveira 43 • Jurídico

Felipe Klein Goidanich

51 • Conveniência

Frederico Amorim

Preços do Etanol

62 • Comparativo das

4TABELAS

e Respostas

Soares

4OPINIÃO

4SEÇÕES

04 • Virou Notícia 58 • Atuação Sindical 47 • Perguntas

61 • Evolução dos

17 • Paulo Miranda

Margens e Preços dos Combustíveis 63 • Formação de Preços 64 • Formação de Custos do S10 65 • Preços das Distribuidoras

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VIROU NOTÍCIA

PING PONG | Ricardo Abe

Gerente de engenharia da Nissan do Brasil

A Nissan está testando dois protótipos elétricos movidos a uma tecnologia que utiliza o etanol para recarregar as baterias. Por que a empresa decidiu investir no etanol? Combustíveis bioetanol são provenientes, principalmente, da cana-de-açúcar e do milho. Eles estão amplamente disponíveis em países da América do Norte e do Sul, que dispõem de infraestrutura já estabelecida. Devido à fácil disponibilidade de etanol e da baixa combustibilidade de água misturada a ele, o sistema não é dependente ou restringido pela infraestrutura de carregamento existente, tornando-o mais fácil de apresentar ao mercado. O Brasil, por exemplo, tem ampla rede de abastecimento de etanol, algo que favorece essa tecnologia. Utilizando o bioetanol, a célula de combustível e-Bio pode oferecer um transporte ecologicamente correto e criar oportunidades na produção regional de energia, enquanto dá suporte à infraestrutura existente. Como funciona essa tecnologia? Ela foi desenvolvida no Brasil? Quanto tempo demorou? A célula de combustível e-Bio produz eletricidade por meio da SOFC (Solid Oxide Fuel System) como geradora de força, utilizando o bioetanol armazenado no veículo. A célula de combustível e-Bio utiliza hidrogênio transformado em combustível por meio de um oxigênio reformado e atmosférico, com a subsequente produção de eletricidade da reação eletroquímica para alimentar o veículo. Diferentemente dos sistemas convencionais, o e-Bio integra a SOFC como sua fonte própria de energia, proporcionando maior eficiência energética para dar ao veículo autonomias similares às dos carros movidos a gasolina (mais de 600 km). Além disso, as características de condução elétrica distintas dos carros com a célula de combustível e-Bio – que incluem condução silenciosa, partida linear e aceleração ativa – permitem aos usuários ter benefícios e confortos de um veículo puramente elétrico (Electric Vehicle). A pesquisa e o desenvolvimento da célula de combustível e-Bio foi anunciada pela Nissan em junho do ano passado, em Yokohama, no Japão, mas o veículo foi apresentado mundialmente em agosto, na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Desde que foi apresentada nos Jogos Olímpicos houve algum aprimoramento? O primeiro período de testes de abastecimento e utilização no dia a dia foi realizado nos últimos meses 4 • Combustíveis & Conveniência

pela equipe de pesquisa e desenvolvimento da Nissan do Brasil e demonstrou que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro, ainda mais pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abastecimento com etanol em todo o seu território. Sabe-se que um dos empecilhos para essa tecnologia é o preço. De que modo a Nissan está trabalhando para tornar esse protótipo mais acessível? Por ora, a tecnologia é utilizada em duas vans. Há projeto para utilizá-la em veículos de transporte público ou mesmo automóveis de passeio? A próxima fase para o desenvolvimento dessa tecnologia é reduzir o tamanho da célula de combustível e, claro, seus custos de produção. A Nissan pretende torná-la viável para o consumidor final após 2020. Seus custos de funcionamento são notavelmente baixos, beneficiando tanto o público, quanto as empresas, pois a célula de combustível e-Bio é um ajuste ideal para todos, desde carros de passeio até veículos pesados. O segmento de etanol no Brasil tem muitos desafios a serem vencidos, como a falta de previsibilidade, problemas logísticos e de infraestrutura no geral. Como a Nissan pretende lidar com esses desafios? O SOFC necessita de apenas 30 litros para rodar 600 km. É uma quantidade que não pesa para que o carro funcione. É o necessário para que o veículo rode por um longo trecho. E também pode ser carregado na tomada como um veículo elétrico. Dessa forma, pode se adaptar às restrições momentâneas de combustível, se houver. Essa tecnologia, de algum modo, será contemplada no projeto Rota 2030 que irá substituir o Inovar-Auto a partir de 2018? O SOFC e-Bio Fuel Cell é um veículo cujo projeto visa oferecer mobilidade sem emissões. É um projeto que está no mesmo caminho das demandas mundiais de redução de poluição. Qualquer plano que contemple incentivos a carros ecologicamente corretos é bem-vindo. A Nissan pensa no futuro e está se preparando para atender às necessidades dos consumidores. Um plano para a indústria brasileira que contemple investimentos a longo prazo e automóveis eficientes, claro, são um incentivo a mais para que essa tecnologia seja viável para os consumidores finais.


GLP: política de preços

A ANP publicou, em 6 de junho, a Resolução 680/2017, que dispõe sobre as obrigações relacionadas ao controle da qualidade dos produtos importados a serem atendidas pelo importador e firma inspetora contratada por ele em todo o país, substituindo a Resolução 311/2001. As regras aplicam-se à gasolina automotiva e de aviação, etanol combustível, diesel, biodiesel, óleo combustível e querosene de aviação e de aviação alternativo. Segundo a ANP, as mudanças consideram o aumento na importação de derivados de petróleo nos últimos anos e a sinalização do mercado sobre a necessidade de reduzir prazos a fim de evitar impactos no abastecimento, mas sem prejudicar a garantia da qualidade.

Petrobras anunciou, no início de junho, mudanças na política de A preços para a comercialização de GLP em botijões de até 13kg (P13), que abastece os lares brasileiros. O preço será formado pela média mensal das cotações do butano e do propano no mercado europeu convertida em reais pela média diária das cotações de venda do dólar, conforme divulgação do Banco Central, acrescida de uma margem de 5%. As correções terão vigência a partir do dia 5 de cada mês. Em junho, a aplicação da nova fórmula resultou em um aumento médio nas refinarias de 6,7%. O último reajuste no preço do botijão de gás aplicado pela estatal ocorreu em 21 de março deste ano.

Divulgação Copagaz

Importados

De olho na economia 5,4%

16,8%

Foi a queda da demanda por crédito pelas empresas brasileiras em maio deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, a redução foi de 3,2%, segundo informações do Serasa Experian. O agravamento da crise política, a partir da segunda quinzena de maio, pode ter impactado no recuo.

Foi o aumento das vendas de veículos, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil em maio, em relação ao mesmo período do ano passado, para 195,6 mil unidades. No acumulado do ano, foram licenciados 824,5 mil unidades, crescimento de 1,6%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

403%

1,4%

Foi o volume de importação de etanol no primeiro trimestre do ano. O setor produtivo de etanol alegou prejuízos e reivindicou ao governo a cobrança de uma taxa de 17% para a importação do etanol americano, que, até então, encontrava-se zerada. Outra reivindicação do segmento é a cobrança da Cide em R$ 0,60 para aumentar a competitividade do biocombustível.

É a projeção de alta nas vendas do varejo para este ano, divulgada em junho pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ainda que lentamente, o comércio varejista vem se aproximando da recuperação após três anos de queda no comércio. As projeções consideraram fundamentos como inflação, taxa de juros e confiança do consumidor.

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VIROU NOTÍCIA

Indústria automotiva: cenários para 2025

do Grupo Ultra. Foram as próprias requerentes que pediram, em 11 de maio, a extensão por 60 dias do período de análise legal. “Muito em breve o Cade deve julgar definitivamente a questão, aprovando, rejeitando ou condicionando a operação à adoção dos chamados ‘remédios’ (condicionantes capazes de evitar abuso de poder econômico)”, disse Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis,.

Freepik

Venda da Liquigás

O estudo “Cenários de Futuro e suas Implicações na Revolução Tecnológica e de Consumo”, realizado pelo observatório Automotive Brazil, mostra os possíveis caminhos para a evolução do setor automotivo até o ano de 2025. De acordo com o trabalho, nos próximos anos, o setor terá que tomar decisões e traçar estratégias de negócios num ambiente de incertezas. “A evolução tecnológica do automóvel global, combinada com as mudanças de comportamento do consumidor e com as condições econômicas do Brasil, desenham um cenário extremamente desafiador”, disse o consultor Paulo Cardamone, da Bright, que coordenou o levantamento, durante palestra online, promovida pela Automotive Business, em 12 de junho. Segundo ele, um dos grandes problemas para o futuro do setor é que muitas empresas acreditam que, superada a crise, a indústria automobilística brasileira voltará a ser como antes – o que é um grande equívoco. “Está ocorrendo uma grande transformação e o mercado de automóveis será bem diferente nos próximos dez anos, com novos players, novas tendências de consumo e grandes mudanças tecnológicas”, declarou o especialista. Isso deverá impactar toda a cadeia, desde as fabricantes de veículos, até outros mercados, como autopeças, energia (combustíveis) e seguros, entre outros.

Venda da Ale O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve julgar até o fim de julho a compra da Alesat pela Ipiranga, subsidiária 6 • Combustíveis & Conveniência

O Cade também está julgando a operação de compra da Liquigás, subsidiária de GLP da Petrobras, pela Ultragaz, também do Grupo Ultra. As concorrentes Supergasbras, Comgás, Nacional Gás e Copagaz, além da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), entraram como terceiras interessadas no processo com o objetivo de tentar barrar a venda, que seria prejudicial ao mercado. Pelos dados da Abragás, se a operação for autorizada, as duas empresas deteriam 46% do mercado nacional de gás de cozinha.

Agora é lei Em 26 de junho, o presidente Michel Temer sancionou a lei que autoriza os comerciantes a praticarem preços diferenciados para pagamentos à vista (em dinheiro e cartão de débito) e a prazo (cartão de crédito). De acordo com o consultor jurídico da Fecombustíveis, Felipe Goidanich, quando houver diferença de preço entre meios de pagamentos distintos (dinheiro, cheque, cartão de débito, cartão de crédito etc.) ou diferença de preços em razão do prazo de pagamento para o mesmo produto (na venda à prazo deve constar a taxa de juros incidente), a bomba e/ou o bico fornecedor deverá ser identificado de forma destacada e de fácil visualização com a respectiva condição, e registrar o valor total a ser pago pelo consumidor na condição escolhida. Ainda segundo Goidanich, o ideal para o revendedor é que, no painel de preços, conste todos os produtos com os respectivos preços de acordo com o meio de pagamento e/ou prazo de pagamento.


Diretrizes aprovadas Conselho Nacional de Política EnergétiO ca (CNPE) aprovou, no início de junho, durante a 34ª Reunião Ordinária, as novas políticas para biocombustíveis, refino, exploração e produção. No âmbito do Combustível Brasil, a resolução aprovada pelo CNPE prevê a política para reestruturação do mercado de refino e derivados, incluindo o aumento da capacidade de refino; expansão da infraestrutura para garantia do abastecimento nacional; e desenvolvimento de um mercado competitivo em todos os elos da cadeia produtiva; entre outros. Além disso, foi aprovada a criação do Comitê Técnico Integrado para o Desenvolvimento do Mercado de Combustíveis, demais Derivados de Petróleo e Biocombustíveis. Para o RenovaBio, foram aprovadas as diretrizes estratégicas que irão nortear uma nova política para o setor de biocombustíveis, direcionando para a introdução de mecanismos capazes de promover a eficiência energética e a competição, com a menor emissão de gases causadores de efeito estufa. O CNPE também aprovou os comitês de Monitoramento de Abastecimento de Etanol e de Biodiesel.

B10 cada vez mais viável CNPE também discutiu durante a 34ª Reunião O Ordinária a possível antecipação da mistura de biodiesel (B10) ao diesel. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o assunto ainda está em fase final de tratativas junto aos produtos de biodiesel, distribuidoras e fabricantes de veículos automotores para, posteriormente, ser levado para apreciação do conselho.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

O que mais é necessário? Durante anos, a Petrobras foi o orgulho e a esperança do povo brasileiro. Uma corporação com qualidades e alguns poucos defeitos desse tipo de organização. Seu desempenho nos anos 70, em plena crise do petróleo, foi em todos os títulos magnífica! Na época, o Brasil produzia 300 mil barris/dia de petróleo cru e consumia 1,2 milhão barris/dia, atuando no mercado internacional, equilibrando contratos e mercado spot. De forma racional e eficiente, manteve o país devidamente abastecido em uma época de verdadeira economia de guerra. Ao mesmo tempo, desenvolvia tecnologias de prospecção e extração em águas profundas que, em pouco mais de um decênio, obteve para o Brasil a tão desejada autossuficiência. Contra a opinião de muitos brasileiros, e o interesse nacional, esta valiosíssima empresa foi quase destruída pelas práticas irracionais e políticas erradas dos últimos três governantes. Foi corroída pela corrupção endêmica.

Atenção revendedor! Após pleito da Fecombustíveis, o Inmetro concedeu mais prazo para que os revendedores possam substituir as provetas de vidro de 100 ml, como determina a Portaria 528/2013. A nova data está fixada em 4 de dezembro deste ano. No pedido, a Fecombustíveis argumentou que os revendedores estão com dificuldades para adquirir o novo instrumento devido ao seu alto custo, que varia entre R$ 380 e R$ 675, além do baixo número de empresas homologadas para comercializar o produto – duas até o momento.

Contaminada pelo aventureirismo de diretorias incompetentes. Assaltada por interesses pessoais e políticos. Escandalosamente roubada. Entretanto, segue em segundo plano. Os embates políticos ferem-se em arenas de fantasia. A Justiça se alonga em trâmites e detalhes. A atuação dos governos, no que tange à Petrobras, é mais do que suficiente para enviar para o cárcere presidentes, ministros e diretores, entre outros, independentemente, de apartamentos, sítios e dinheiros apropriados indevidamente. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR

Corrupção no topo A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Marciano Francisco Franco, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), Adriana Cardoso e Juliana Pimenta (julianapimenta@ fecombustiveis.org.br) Capa: Alexandre Bersot com imagem da iStock Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ Cep: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

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Os efeitos da corrupção no país são notórios e devastadores. No âmbito político, nunca antes na história houve um presidente denunciado por corrupção durante seu mandato, como é o caso do atual presidente Michel Temer. Não conhecemos os bastidores de governos anteriores, porém, historicamente, a corrupção está instalada no país há tempos, desde o período colonial. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), somente no Brasil, a prática deste crime resulta em perdas de R$ 200 bilhões. O impacto da corrupção no país gera efeito nocivo na economia: resulta em menos produção, não geração de empregos, reduz a taxa de crescimento e aumenta a desigualdade. A sucessão de escândalos no Brasil tem provocado reflexos diretos em parcela da população de indignação e profunda falta de tolerância à corrupção. Até mesmo o nosso “jeitinho brasileiro” tem deixado de ser socialmente aceito. Para analisar profundamente a corrupção na estrutura política nacional e sua origem no país, Gisele de Oliveira entrevistou o professor de Criminologia e Direito Penal do Ibmec-RJ, Taiguara Líbano Soares e Souza na Entrevista do mês. No setor de combustíveis, a Reportagem de Capa traz um balanço da política de preços da Petrobras desde que foi implementada, em 14 de outubro do ano passado. A repórter Rosemeire Guidoni consultou todos os elos da cadeia. Apesar da boa aceitação no mercado e das sucessivas quedas de preço nas refinarias, a Petrobras ainda continua em busca de equilíbrio e tenta recuperar o market share junto às distribuidoras, que aumentaram a importação direta no mercado externo. Nesta edição, trazemos o resultado da pesquisa da Fecombustíveis feita em parceria com o Grupo Falcão Bauer, que constatou que tanques de alguns veículos comportam mais combustíveis do que o informado no manual do veículo. Este levantamento poderá auxiliar os donos de postos questionados por consumidores que desconfiam da idoneidade do estabelecimento. Confira na seção Mercado (Mônica Serrano). Outro assunto de destaque é a reportagem de Gisele de Oliveira sobre a qualidade de conexão da internet em alguns locais do país, que tem ocasionado dificuldades para a revenda cumprir as obrigações junto à ANP, que passou a exigir que as atualizações cadastrais dos postos sejam feitas via SRD-PR. No mês de junho, foram realizados vários eventos de interesse da revenda, que contou com a cobertura da repórter Adriana Cardoso. Confira na seção Conveniência, as principais tendências do setor de food service e do mercado de vinhos. Também não deixe de ler a matéria que traz os destaques do Ethanol Summit 2017. Por falar em evento, estamos na contagem regressiva para a ExpoPostos & Conveniência, a maior feira de exposições da revenda do país, que chega à 13a edição. Confira também em Responsabilidade Social o envolvimento de postos na campanha Maio Amarelo, em Mato Grosso do Sul, com reportagem de Juliana Pimenta. Boa leitura! Mônica Serrano Editora


SINDICATOS FILIADOS

ACRE

MARANHÃO

RIO DE JANEIRO

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS

Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

Orlando Pereira dos Santos Av. Jeronimo de Albuquerque, 25 Ed. Pátio Jardins, 5º andar / sl. 518 e 520 Calhau – São Luís-MA Fone: (98) 98749-1700 / 98453-7975/ 98433-5941 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br

Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br

ALAGOAS

MATO GROSSO

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO

James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

Sindepac

Sindicombustíveis - AL

AMAZONAS

Sindicombustíveis - AM Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindicombustiveisam@gmail.com www.sindicombustiveis-am.org.br

BAHIA

Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br

CEARÁ

Sindipostos - CE Manuel Novais Neto Av. Engenheiro Santana Júnior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br

DISTRITO FEDERAL

Sindicombustíveis - DF Daniel Benquerer Costa SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br

ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES

Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

GOIÁS

Sindicombustíveis - MA

Sindestado

Sindipetróleo

Sindcomb

Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br

MATO GROSSO DO SUL

RIO GRANDE DO NORTE

Sinpetro

Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br

MINAS GERAIS Minaspetro

Carlos Eduardo Mendes Guimarães Júnior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br

PARÁ

Sindicombustíveis - PA

Sindipostos - RN

Antonio Cardoso Sales Rua Raposo Câmara, 3588 Bairro Candelária Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br

RIO GRANDE DO SUL Sulpetro

Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br

Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA

PARAÍBA

RONDÔNIA

Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br

Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br

Sindipetro - PB

PARANÁ

Sindicombustíveis - PR

Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

PERNAMBUCO

Sindicombustíveis - PE

Alfredo Pinheiro Ramos Rua Astorga, 120 - Bom Retiro Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

Sindiposto

PIAUÍ

José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br

Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

Sindipetro - PI

Sindipetro Serra Gaúcha

Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

Sindipetro - RO

RORAIMA

Sindipostos - RR

José P. B. Neto Av. Major Williams, 436 - sala 01- São Pedro Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-9368 sindipostosrr@hotmail.com

SANTA CATARINA Sindipetro - SC

Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb

Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

Sindópolis

SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis

Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br

SÃO PAULO – CAMPINAS Recap

Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

SÃO PAULO - SANTOS

Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

SERGIPE Sindpese

Mozart Augusto de Oliveira Rua Dep. Euclides Paes Mendonça, 871 Bairro Salgado Filho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br

SINDILUB

Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

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ENTREVISTA

TAIGUARA LÍBANO SOARES E SOUZA | PROFESSOR ADJUNTO DE CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL DO IBMEC-RJ

Corrupção em xeque

Fotos: Claudio Ferreira

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POR GISELE DE OLIVEIRA

Desde que teve início, em março de 2014, a investigação Operação Lava-Jato desnudou uma prática até então muito comum na sociedade brasileira: a corrupção envolvendo políticos e empresários. Embora seja combatida e reprovada no país, a sociedade costumava fechar os olhos para essa conduta, inclusive, era aprovada no jargão que se tornou conhecido “rouba, mas faz”. Agora, após três anos em operação, a investigação revela uma institucionalização do crime, com desvios vultuosos de dinheiro, que poderiam ir para saúde e educação, por exemplo, provocando uma grande transformação de pensamento pela sociedade. Na avaliação do professor adjunto de Criminologia e Direito Penal do Ibmec-RJ, Taiguara Líbano Soares de Souza, essa mudança é positiva, mas é preciso um engajamento maior de toda a sociedade, e não apenas de agentes de repressão ao crime, no combate à corrupção. “O jargão ‘rouba, mas faz’ não encontra mais eco. Há uma mudança cultural em curso e precisamos valorizar essa transformação de pensamento”, afirmou o professor, que também dá aulas de Direito Penal na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), é advogado criminalista e membro da Associação Íbero-americana de Filosofia Política, da Associação Nacional de Direitos Humanos Ensino e Pesquisa, da Comissão de Direitos Humanos do Instituto dos Advogados Brasileiro (IAB) e do Instituto de Defensores de Direitos Humanos, entre outros conselhos.

Há uma cultura que se construiu desde a colonização exploratória no Brasil, que é a cultura do favor. Quero dizer, a lei pode valer para alguns e não valer para outros

Nesta entrevista, concedida no café localizado ao lado da unidade Ibmec-RJ, no centro do Rio de Janeiro, Líbano falou sobre corrupção e ética, nossa aceitação com os crimes de corrupção entre as classes mais altas da sociedade e o “jeitinho brasileiro”, da Operação Lava-Jato e da importância de disciplinas voltadas para ética e cidadania nas escolas. Confira a seguir os principais trechos da entrevista: Combustíveis & Conveniência: O que é a corrupção? Ela tem a ver com a moral e a ética? Taiguara Líbano Soares e Souza: É importante a gente delimitar que nem toda conduta criminosa é por si só imoral e antiética. Se olharmos para a história, por exemplo, têm alguns episódios pontuais que revelam, inclusive, condutas consideradas morais, mas ilegais, de corrupção. Por exemplo, há um episódio na história norte-americana que é a aprovação, no parlamento, da abolição da escravidão, ela foi mediante compra de votos na época do presidente Abraham Lincoln (1809-1865). Uma conduta moralmente louvável, quer dizer a abolição da escravidão, mas, por outro lado, uma conduta penalmente reprovável porque compra de votos é um crime de corrupção. Então, não é correto fazer essa associação de corrup-

ção com conduta imoral como uma afirmação decisiva. Ou seja, todo tipo de conduta corrupta seria imoral. Nem sempre. Mas há algumas características no crime de corrupção que o tornam bastante peculiar. É um crime onde há uma relação nas dobras do legal e ilegal, há sempre um componente de uma participação de agentes estatais com algum tipo de organização empresária, com o objetivo de obter lucros, dividendos. Então, há necessariamente uma dificuldade, uma complexidade, no combate a esse tipo de delito porque há, naturalmente, uma dificuldade para uma responsabilização penal dessas condutas pela relação umbilical com o Estado e há também, historicamente, uma reprovação social menor, a uma aceitação desse tipo de desvio como algo natural, que faz parte do sistema. Contemporaneamente, percebemos uma mudança nesse quadro, que pode ser positiva, ou seja, não haver mais tolerância com essa prática que é histórica, secular. Não é uma brasilidade, é um fenômeno que é global e que, evidentemente, hoje em dia, temos obtido mais informação, mais evidências, mas é uma prática milenar. C&C: Então, não é uma característica cultural do nosso povo? TLS: Esse é um ponto importante. Há uma frase de um sociólogo importante, Durkheim [DaCombustíveis & Conveniência • 11


ENTREVISTA

TAIGUARA LÍBANO SOARES E SOUZA | PROFESSOR ADJUNTO DE CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL DO IBMEC-RJ

vid Émile Durkheim, filósofo e sociólogo francês/1858-1917], em que ele diz: “o crime é um fato social. Onde existe sociedade, haverá crime”. Então, portanto, a corrupção também é inerente à sociedade. Mas, naturalmente, há graus distintos da prática de delitos e, sem dúvida, há certos componentes culturais e históricos que também contribuem para explicar esse fenômeno. No caso brasileiro, esse jargão que se utiliza “jeitinho brasileiro”, há um componente cultural e histórico sem nenhuma dúvida. Há uma cultura que se construiu desde a colonização exploratória no Brasil, que é a cultura do favor. Quero dizer, a lei pode valer para alguns e não valer para outros. Soma-se a essa cultura do favor, que é uma complacência com o desvio de certos indivíduos, também a cultura do patrimonialismo, a apropriação privada do que é público. Isso remonta desde o Brasil Colônia, desde as Capitanias Hereditárias. Isso é um fato, que, na nossa trajetória de um país de colônia exploratória, há raízes históricas que se revelam no Brasil de maneira mais intensa. Não só no Brasil, mas como no nosso continente inteiro. Há outras marcas importantes, como, por exemplo, um déficit democrático muito grande na nossa história: duas ditaduras no século XX, quatro séculos de escravidão. Quero dizer, há um componente de autoritarismo na nossa história e esse déficit democrático é um terreno fértil para que essas práticas se perpetuem. C&C: O senhor acredita que o fato de termos uma sociedade não inclusiva pode facilitar a cultura 12 • Combustíveis & Conveniência

da corrupção ou o “jeitinho brasileiro”? TLS: Naturalmente que se eu tenho uma sociedade profundamente desigual, as parcelas mais abastadas dessa sociedade possuem o instrumental político e econômico capaz de promover certas decisões do poder público que lhe favoreçam, inclusive à margem da lei. Porém, por outro lado, é preciso avaliar, quando colocamos uma sociedade não inclusiva, ela seria mais propícia ao delito? É preciso tomar cuidado para não confundir desigualdade social com propensão ao crime. Supostamente, pobreza seria maior propensão à prática de delitos. Essa é uma afirmação que, inclusive, é presente no senso comum, mas não é uma realidade. Não há nenhuma comprovação científica desse tipo de relação. O que há, naturalmente, é uma desigualdade na repressão penal de certos delitos. Delitos praticados pelas classes menos favorecidas recebem, proporcionalmente, uma repressão penal mais intensa e, historicamente, se consolidou que delitos praticados pelas classes mais favorecidas recebem uma complacência maior. Mas, sem dúvida alguma, se eu tenho uma sociedade muito verticalizada e excludente como a nossa, eu crio uma dupla relação que é uma parcela da população está num patamar de subcidadania, ou seja, tem suas garantias violadas e essa prática é naturalizada. Por outro lado, há também uma parcela considerada privilegiada, uma casta quase inatingível, porque goza de privilégios políticos e econômicos e aí há chances concretas de impunidade. É isso que precisamos superar. Preci-

samos reconhecer todos como cidadãos, como iguais. A Lei deve valer para todos da mesma forma. C&C: Nos últimos anos, nossa sociedade tem sido inundada por escândalos de corrupção envolvendo empresários e políticos. Por que esse grupo goza de tantos privilégios em nosso país? A corrupção é algo sistêmico? TLS: É importante registrar que, por mais que tenha trazido à tona, nos últimos dez ou quinze anos, o tema do combate à corrupção, tal prática é um crime milenar. Temos registros da corrupção no Direito Penal romano, com a Lei das 12 Tábuas, em Roma. Havia uma punição severíssima. Juiz corrupto seria punido com a pena de morte. No Brasil, remonta desde a época colonial, as ordenações da Coroa Portuguesa, que foram o primeiro conjunto de leis penais, já previam a corrupção como delito. Então, temos a previsão legal da reprovação desse tipo de conduta. Naturalmente, há um déficit entre o que a lei penal prevê e aquilo que, de fato, o sistema penal consegue efetivar em relação à prevenção e reprovação dessas práticas. Mas é possível, sim, verificar que são condutas sistêmicas. Hoje, por exemplo, os organismos internacionais preocupam-se com o crime organizado. A corrupção se insere nesse contexto de uma criminalidade econômica organizada. Especulam-se algumas pesquisas que 25% do dinheiro que circula no mundo é oriundo do crime organizado. É uma cifra monumental. Sem dúvida, há um componente sistêmico, transnacional, que torna o combate a esse tipo de prática extrema-


mente complexo. É necessário que o Estado, realmente, tenha instrumentos efetivos que, muitas vezes, não há sequer vontade política porque o enraizamento dessas práticas é tamanho que também entrelaça nos órgãos de controle, nos órgãos de repressão. Ou seja, é sistêmico, o que requer, portanto, um conjunto de medidas e empenho da sociedade na superação dessa criminalidade, que é tão danosa para o Brasil e o mundo. C&C: Na década de 1990, a Itália vivenciou uma operação similar ao que estamos atravessando, com a Operação Mãos Limpas. O senhor acredita que a Operação Lava-Jato e todos os seus desdobramentos podem resultar em mudanças profundas em nossa política? TLS: Essa experiência da Operação Mãos Limpas deve nos servir como paradigma tanto nos exemplos positivos como nos negativos. A Operação Mãos Limpas, na Itália, revelou, por exemplo, nesse engajamento, esforço, do combate à corrupção alguns pontos muitos perigosos para uma democracia. Como, por exemplo, a violação de certas garantias processuais que devem valer para todos. Então, o Estado que quer coibir desvios, não pode naturalizar desvios de seus agentes que combatem estas práticas sob pena de também perder legitimidade, estabelecer um casuísmo que aceita a punição de alguns e a aprovação perante outros. É preciso que esse combate à corrupção não abra mão das garantias penais e processuais penais. Também é pre-

ciso que se atinjam as causas da corrupção. No caso italiano, por exemplo, após a Operação Mãos Limpas, a corrupção não foi erradicada da Itália, mas, sim, criaram novas práticas, um novo modus operandi, para que os agentes estatais e operadores do mercado incluídos em práticas corruptas pudessem não ser responsabilizados. Houve até uma renovação política da classe italiana, mas não houve a erradicação da corrupção. A corrupção passou a ter maior complexidade porque as causas não foram efetivamente superadas. Por exemplo, o governo de Berlusconi [Silvio Berlusconi, presidente do Conselho de Ministros da Itália nos períodos 1994/1995, 2001/2005, 2005/2006 e 2008/2011] também acusado de participação nos esquemas de corrupção após a Operação Mãos Limpas. Essa experiência deve servir para nós como um alerta. Não basta um ativismo judicial para empreender uma repressão seletiva contra alguns agentes. É preciso, sobretudo, combater as práticas, criar, portanto, uma reforma que assegure uma relação que possa pôr fim a essa promiscuidade entre Estado e mercado.

C&C: Na avaliação do senhor, a Operação Lava-Jato está seguindo pelo mesmo caminho da Operação Mãos Limpas? TLS: A minha opinião pessoal é que a Operação Lava-Jato está repetindo o roteiro da Operação Mãos Limpas. Ainda é cedo para que possamos dar um veredicto porque estamos falando da história do presente, analisar o passado é mais fácil porque há um diagnóstico pronto. A história atual está sendo construída. Na minha opinião, estamos seguindo esse roteiro e me parece muito preocupante. Podemos sair deste período com um saldo de dezenas de presos, condenados, mas as práticas em si não serão erradicadas. Não basta realizar um conjunto de condenações, é preciso, de fato, criar instrumentos para superar esse estado de coisas. E isso não será feito apenas com o Direito Penal. Essa é a questão. É necessário um conjunto de medidas para além da repressão penal. C&C: Quais seriam essas medidas? Elas passariam pelo Executivo, por exemplo? TLS: Não somente. Se falarmos em soluções, não dá para afirmarCombustíveis & Conveniência • 13


ENTREVISTA

TAIGUARA LÍBANO SOARES E SOUZA | PROFESSOR ADJUNTO DE CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL DO IBMEC-RJ

mos de maneira simplista de aqui está uma agenda pronta, uma receita de bolo. Mas há algumas intervenções que podem atingir as causas desses problemas. Sabemos que as causas nos revelam uma relação, muitas vezes, promíscua entre agentes estatais e operadores do mercado; forçando dobras entre o legal e ilegal para que se obtenham vantagens ilícitas. É preciso criar instrumentos efetivos para que essa relação não seja mantida. Uma medida eficaz é a regulamentação da vedação ao financiamento empresarial de campanha eleitoral. Tivemos, recentemente, essa decisão do Supremo Tribunal Federal [STF] no sentido de vedação do financiamento empresarial, é preciso regulamentar essa prática. De que forma? Implementar um financiamento públi-

co de campanha e o controle efetivo dessas campanhas. Mas não basta só isso porque a corrupção ocorre também fora do período eleitoral. É preciso ter instrumentos efetivos para prevenção e enfrentamento dessas práticas. Como disse, não basta deixar esse combate aos órgãos de repressão penal, é preciso ter controle efetivo de todo o conjunto de órgãos públicos. Essa implementação da prevenção do combate à corrupção deve ser feita pela via administrativa, órgãos de controle administrativos, e é preciso que esses órgãos tenham independência e que também sejam submetidos a controles. Há uma frase importante que diz “quem controla os controladores?”. Essa é a chave para nós hoje. O corrupto e o corruptor só perpetram essas práticas caso percebam que há um terreno fértil para isso. Então, é preciso engajamento da sociedade nisso. Felizmente, temos observado que a população brasileira rompeu uma aceitação que historicamente existia. Havia um jargão “político rouba, mas faz”. Esse tipo de jargão, hoje, não encontra mais eco. Há uma mudança cultural em curso. É necessário que possamos valorizar essa transformação de pensamento. C&C: Nas empresas, também é possível encontrar situações consideradas antiéticas, como desvio de dinheiro, suborno a agentes de fiscalização. Como isso afeta a imagem da empresa? TLS: Sem dúvida, essa reprovação que a sociedade brasileira, hoje, denota em relação à classe política, uma profunda crise de legitimidade, mas também alcança o merca-

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do. A população, hoje, também se preocupa em escolher no mercado aquela empresa que promove boas práticas, como as ambientais, humanitárias, trabalhistas e também no que tange ao rechaço à corrupção. Uma empresa associada às práticas escusas, haverá impacto econômico na sua imagem. Hoje, fala-se muito em compliance, que é um conjunto de medidas que a empresa pode e deve adotar como forma de prevenção para coibir essas práticas. É uma atividade elogiada e recomendada. Eventualmente, pode haver algum desvio como há em qualquer instituição composta por seres humanos. Por isso, é preciso que haja o combate e a clara intenção de que dentro dessa empresa essa prática não será tolerada. C&C: O senhor acredita que o controle/fiscalização de nossa legislação abre espaço para atitudes antiéticas? TLS: Novamente, é importante frisar que atitude antiética por si só não significa ser criminosa. O Direito Penal trata de condutas delitivas. Então, condutas moralmente ilegais ou antiéticas não necessariamente são criminosas. Comumente, são coisas que se confundem. O Direito Penal, portanto, preocupa-se com as condutas criminosas e, sem nenhuma dúvida, há essa dificuldade da efetivação da vontade do legislador, que é um problema do Estado de direito, não é só um problema do Estado brasileiro. O direito, como dever ser, possui muitos obstáculos para que se efetive a realidade concreta. Existe um abismo entre o dever ser e a realidade. O que temos que fa-


zer é diminuir esse abismo, adotando medidas eficazes para reduzir essa distância. Há, de fato, essa cultura do favor dentro da gestão pública, do patrimonialismo, são características que tornam essas práticas naturalizadas na administração pública, como se fosse o modus operandi. É preciso colocar um basta nesta situação. É necessário superar esse estado de coisas, para estabelecer uma gestão pública que, realmente, não coaduna com essas práticas. C&C: O senhor falou que nem sempre uma atitude imoral e antiética é criminosa. Qual seria a diferença entre elas? Por exemplo, essas pequenas ações do dia a dia, como furar fila, ultrapassar o sinal vermelho, sentar em bancos reservados para idosos e gestantes podem ser classificadas como antiéticas ou indicam um desvio para corrupção? TLS: São condutas que podemos verificar no cotidiano, reprovadas no âmbito ético e moral. Os crimes são condutas que, tecnicamente, atingem um bem jurídico relevante a ponto de o legislador estabelecer a sanção mais gravosa, que é a privação da liberdade. Então, essas condutas reprováveis do cotidiano são imorais e antiéticas, mas não chegam a configurar um crime. A naturalização desse tipo de comportamento gera um terreno fértil para que o desvio seja considerado normal. Isso é problemático, mas, por outro lado também não podemos banalizar a ideia de corrupção. Corrupção, no jargão popular, seria reconhecido como uma conduta imoral; mas, no jargão jurídico, a

corrupção é um crime previsto no ordenamento e os crimes econômicos são expressamente previstos em dispositivos legais. Quando se faz esse tipo de associação do furar fila com corrupção na atividade estatal na relação com o mundo empresarial, parece que também de alguma forma acaba se banalizando a ideia de corrupção. Por mais que todos nós possamos concordar que são práticas reprováveis, como furar fila e o jeitinho brasileiro do cotidiano, não se pode comparar com corrupção porque o grau de reprovação social das condutas que se inserem nesse conjunto de crimes relacionados a corrupção é imensamente maior, a danosidade social é imensamente maior. O dano ao erário público, de maneira indireta, afeta milhões de pessoas. É evidente que desejamos uma sociedade ética, que valorize comportamentos adequados, mas ao fazer esse tipo de comparação acabamos atenuando o real efeito dessas atividades que verificamos do mundo empresarial com a administração pública. É preciso, sim, uma transformação de valores, o Estado deve ser o primeiro a fomentar os exemplos positivos, mas a sociedade também deve cumprir o seu papel. C&C: Sou de uma geração que estudou ética moral e cívica na escola, ainda como um resquício da ditadura militar. O senhor acredita na importância de uma disciplina sobre ética e moral nas escolas? A educação nas escolas seria o caminho para a construção de uma sociedade mais íntegra, ética e justa?

TLS: Um ponto que parece importante ser destacado é que a corrupção também está presente nos regimes autoritários. Só gostaria de colocar essa ressalva que, apesar da disciplina moral e cívica nas escolas nos anos da ditadura militar no Brasil, a corrupção foi uma prática estrutural também. Há pesquisas atuais que revelam que boa parte das empresas que hoje têm relação promíscua com o Estado, elas ascenderam nesse período. Como, por exemplo, boa parte das riquezas do Eike Batista se deve a informações privilegiadas que foram obtidas nesse período, e outras empresas como a Odebrecht também. É importante afirmar isso porque uma parcela de brasileiros muito insatisfeita com os rumos do país fazem coro de que a solução seria a volta da ditadura militar, o que representa um retrocesso. Em relação à disciplina moral e cívica, talvez, minha forma de compreender, seria colocar na grade curricular uma formação para a cidadania e matéria sobre a Constituição Federal também seria algo interessante. Mas me parece, sim, importante uma disciplina que seja dedicada a debater valores éticos e morais. Talvez, uma disciplina como ética para a cidadania, por exemplo, seria bem-vinda, assim como criar um espaço para afirmar boas práticas, fortalecer valores. É um conjunto de medidas, a escola deve cumprir esse papel, a sociedade como um todo, movimentos sociais, associações de bairro, no sentido de fomentar as boas práticas. Não podemos esperar iniciativas somente do Estado. n Combustíveis & Conveniência • 15


EM AÇÃO

Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de junho de 2017:

07 - Participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, em reunião com a Superintendência do Abastecimento e com a Superintendência de Fiscalização do Abastecimento, na ANP, para tratar de assuntos de interesse da revenda, no Rio de Janeiro/RJ;

08 - Participação da Fecombustíveis na reunião da Comissão de Estudo de Distribuição e Armazenamento de Combustíveis (Cedac), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no Rio de Janeiro/RJ;

08 - Participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, em reunião na Comissão de Minas e Energia, na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF;

12 - Reunião do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, com o deputado Júlio Lopes para discutir o projeto de lei de desburocratização, em Brasília/DF;

22 - Reunião extraordinária do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, realizada em Manaus/AM;

22 e 23 - Participação da Fecombustíveis no 14o Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência do Norte do Brasil, realizado em Manaus/AM;

29 - Participação da Fecombustíveis em reunião na Cetesb - SP, para tratar de assuntos de interesse da revenda.

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Paulo Miranda Soares | Presidente da Fecombustíveis

OPINIÃO

Convivendo com o inimigo Todos os dias, nas bases das companhias ou em alguma estrada do país, caminhões-tanques são roubados. Diariamente, recebo reclamações de revendedores que tiveram perdas de combustíveis com carga roubada. Na última reunião que fizemos, em Manaus, com os representantes dos sindicatos, também constatamos que o problema tem se intensificado até mesmo nos estados que tinham poucas ocorrências. As quadrilhas estão cada vez mais especializadas e sofisticadas. O modus operandi varia, mas, em geral, eles ameaçam o motorista, que acaba colaborando com os bandidos para proteger sua família. Está fora do nosso escopo combater as quadrilhas, pois correr atrás de bandidos é função da polícia. Porém, esta situação tem incomodado a revenda e não podemos ficar de braços cruzados. Nosso pior inimigo é o revendedor que sonega impostos, que compra combustível roubado, que instala chip na bomba e que frauda a qualidade dos combustíveis. Não temos condições de competir com o vizinho que consegue obter vantagens competitivas por meios ilícitos. Isso acaba com o revendedor que trabalha corretamente, que abre seu posto, de segunda a sábado, das 6h às 20h (ou trabalha 24 horas), e tem que estar em constante vigília para ganhar o sustento da família. Os postos, em sua maioria, são negócios familiares, que passam de pai para filho ou filha, exige trabalho e dedicação. Não somos bandidos. Ao contrário do que a sociedade pensa, pagamos impostos e trabalhamos com combustível de qualidade. Somos um dos setores que mais arrecada impostos para o governo e contribuímos com o desenvolvimento do país. Com a grande capilaridade da revenda, temos condições de auxiliar as autoridades no combate aos agentes irregulares, informando-os quando há um movimento suspeito ou quando as condições comerciais do posto estão fora do padrão de mercado. Queremos quantificar quantos caminhões da modalidade FOB são roubados, pois só há estatísticas da modalidade CIF. Vamos contribuir com as estatísticas do país adotando alguns procedimentos de forma a auxiliar as autoridades no combate ao roubo de carga. Faremos o que nos cabe, mostraremos às autoridades o quanto nosso setor tem sido prejudicado. Em algum lugar esse caminhão vai descarregar o combustível roubado. Já temos trilhado um trabalho de parceria com a ANP, o Inmetro e os Ipems estaduais. Vamos também construir o mesmo caminho com a Polícia Rodoviária Federal e o Ministério Público. A pior crise do país não é a econômica, mas a de caráter. Estamos convivendo com o concorrente desleal e desonesto. Muitas vezes, ficamos de mãos atadas. Há profissionais que se utilizam de alta tecnologia para burlar as fiscalizações e nem as autoridades conseguem detectar o flagrante. Todo este momento difícil encontra respaldo na crise econômica. Os revendedores estão desmotivados com a queda nas vendas, há mais fiscalizações porque a cada momento surge uma nova regra de mercado, que requer novas adequações e, para piorar, se o seu vizinho for desonesto, corre-se o risco de quebrar. A boa notícia é que algumas entidades estão cientes da sua responsabilidade, como é o caso da ANP, que tem reavaliado seu papel de reguladora. A ANP tem como proposta ser educativa e dosar a punição na medida certa. Ou seja, punir com rigor as situações que causam prejuízo ao consumidor e educar o revendedor que cometeu um deslize de menor gravidade. Para isso, a agência vai ampliar a Medida Reparadora de Conduta, com novas situações que possam ser corrigidas em determinado espaço de tempo. Ou seja, educa primeiro para punir num segundo momento, se o agente não fizer a correção. A Agência também vai atualizar as regras e se adequar aos novos tempos. Quando observo estas iniciativas, vejo que caminhamos rumo à evolução. Portanto, temos que nos manter perseverantes e seguir ao lado das autoridades para fazer deste setor um mercado mais saudável e competitivo, como já foi um dia.

Os postos, em sua maioria, são negócios familiares, que passam de pai para filho ou filha, exige trabalho e dedicação. Não somos bandidos. Ao contrário do que a sociedade pensa, pagamos impostos e trabalhamos com combustível de qualidade e nossa atividade contribui com o desenvolvimento do país

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MERCADO

Em compasso

de espera ANP cria comissão para reavaliar programa de aditivação e apresentar relatório sobre sua continuidade ou não. Durante audiência pública, agentes envolvidos, mais uma vez, apresentaram opiniões diferentes

POR GISELE DE OLIVEIRA

A minuta de resolução que suspende o programa de aditivação compulsória da gasolina C foi tema de audiência pública promovida pela ANP, no dia 12 de junho, no Rio de Janeiro. O programa, instituído pela Resolução 38/2009, previa a adição de detergentes dispersantes à gasolina comum como forma de melhorar a qualidade do ar, segundo critérios do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), mas uma série de dificuldades encontradas ao longo do processo resultou em dois adiamentos (de 1º de janeiro de 2014 para 1º de julho de 2015 e, posteriormente, para 1º de julho de 2017) para o início da implantação. Agora, a ANP decidiu suspender, temporariamente, o início do programa a fim de reavaliar questões técnicas e a necessidade de seguir adiante 18 • Combustíveis & Conveniência

a proposta de obrigatoriedade da aditivação da gasolina C no país. Para isso, uma semana antes da realização da audiência pública, a ANP publicou, no Diário Oficial, a Portaria 248/2017, que instituiu uma comissão responsável por reavaliar os procedimentos da aditivação compulsória. A comissão é formada por integrantes das superintendências de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos; de Abastecimento; de Comercialização e Movimentação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural; de Refino, Processamento de Gás Natural e Produção de Biocombustíveis; e de Defesa da Concorrência, Estudos e Regulação Econômica. O grupo terá prazo de 180 dias, a contar da data de publicação da Portaria (6 de junho deste ano), podendo ser prorrogado por igual período, para realizar os estudos necessários e apresentar à dire-

toria da agência os resultados da reavaliação do programa. “Quando começamos a discutir o tema com a equipe, a proposta era dar prazo de um ano, mas questionei se, nesse período, a gente conseguiria ter um resultado. Ninguém tinha essa certeza, então, seria mais um adiamento sem perspectiva de solução do problema. Sugeri que fosse estudada outra solução, que foi a suspensão temporária”, justificou Aurélio Amaral, diretor da ANP. O adiamento provisório do início da adição de detergentes dispersantes à gasolina C deve-se principalmente às dificuldades detectadas no campo laboratorial ao longo do processo, como questões metodológicas e definição da gasolina de referência e de motores para testes, por exemplo. Outro motivo foi o pouco tempo hábil para adequação das instalações pelos agentes econômicos envolvidos para início da opera-


Aurélio Amaral, diretor da ANP, propôs suspensão temporária da aditivação da gasolina comum, que deveria ter início em 1º de julho deste ano

Divulgação ANP

ção; além das mudanças pelo qual o setor de combustíveis passa, como o reposicionamento da Petrobras no mercado e a definição de diretrizes públicas pelo governo, com os programas Combustível Brasil e Renova Bio. Durante a audiência pública, ficou clara as divergências de opiniões entre os agentes envolvidos no processo. De um lado, a Petrobras, como a principal produtora de combustíveis no país, e distribuidoras, representadas pelo Sindicom, reforçaram o discurso da agência reguladora. De outro, os produtores de aditivos manifestaram sua preocupação com a suspensão do programa e defenderam a importância da aditivação da gasolina comum comercializada no país. “Nossa posição é de total aderência à proposta da ANP, visto que, desde que ela foi estudada e implantada como resolução, se passaram vários anos. Quando foi

regulamentada, nossa gasolina estava com 1000 partes por milhão (ppm) de teor de enxofre; não tínhamos nem experiência com a gasolina S50, que começou a ser disponibilizada no mercado em 2014”, ressaltou Frederico Kremer, gerente de Desenvolvimento de Produto da Petrobras. De acordo com o executivo, durante esse tempo, a estatal realizou estudos que mostraram que o nível de depósitos em válvula com a nova gasolina comercializada no país era inferior ao que vinha sendo praticado à época em que o programa de aditivação foi estabelecido. Ou seja, com a gasolina S50, os estudos apresentaram depósitos entre 100 mg e 400 mg; enquanto que com a gasolina de 1000 ppm, os depósitos chegavam a até 1300 mg. Do ponto de vista ambiental, os testes revelaram que, quando há diminuição dos depósitos em válvulas, reduz-se os níveis de emissões, o que refor-

ça a boa qualidade da gasolina C no Brasil. Por sua vez, Leandro de Barros Silva, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, salientou a importância de inserir a aditivação compulsória dentro do cenário que está sendo construído para o setor de combustíveis brasileiro, que inclui os programas Combustível Brasil e Renova Bio. Segundo ele, esses programas já discutem propostas de emissões, viabilidade operacional e de infraestrutura para o setor e não podem ser ignoradas pelo programa de aditivação. Silva destacou também a atual infraestrutura das bases das distribuidoras, que passam por transformação em função das janelas de oportunidades para importação de combustíveis a partir do novo posicionamento da Petrobras, o que requer melhorias na infraestrutura de recebimento de produtos nos terminais portuários. O executivo lembrou que Combustíveis & Conveniência • 19


MERCADO

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as distribuidoras já são responsáveis pelas misturas de etanol anidro na gasolina e do biodiesel ao diesel, além da própria aditivação da gasolina, considerando que cada distribuidora possui sua gasolina premium. “Será que realmente precisamos disso nesse momento? Entendemos que esse tema precisa ser olhado com essa amplitude para que possamos, realmente, colocar para a sociedade soluções que tenham custos e benefícios apropriados”, afirmou Silva. Já Wagner Sá, gerente de Vendas da Afton Chemical, no entanto, reforçou a necessidade da adição de detergentes dispersantes à gasolina e afirmou que os testes de depósitos em válvulas são precisos, embora haja divergências de valores muito grandes entre laboratórios. Ele citou os testes com a gasolina S50 realizados pelo Laboratório Mauá a pedido da própria fabricante de aditivos, cujos resultados mostraram alto nível de formação de depósitos em válvulas (entre 450 mg e 460 mg), e que, quando aplicado o aditivo, o nível de depósito caiu para 100 mg. Para evitar que o programa seja suspenso em definitivo, o executivo propôs à ANP que a aditivação compulsória seja implementada por região, começando pelas grandes capitais. Em resposta, Carlos Orlando Silva, superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da ANP, afirmou que a suspensão está em análise e lembrou do prazo de seis meses para que a comissão, juntamente com os agentes, chegue a

uma conclusão sobre a continuidade ou não do programa.

Nada contra Do ponto de vista dos motores, a aditivação parece não ter muita relevância. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), por exemplo, criou, há um tempo, uma comissão técnica de combustíveis, incluindo as montadoras, e o resultado foi que nenhuma montadora se mostrou exigente em relação à obrigatoriedade de aditivo à gasolina comum no país. “Nenhuma montadora foi enfática ao dizer que o motor exige combustível com aditivo. Ou seja, se isso reduz, quanto reduz, quanto aumentaria o intervalo entre manutenções, a influência ao meio ambiente etc. Elas não viam como necessário, mas também não eram contra”, disse Rogério Gonçalves, diretor de Combustíveis da AEA. O executivo lembrou que, desde o estabelecimento do programa de aditivação, o mercado de combustí-

veis e automotivo brasileiro se transformou. Ele destacou o ingresso da gasolina S50, que reduziu significativamente os níveis de depósitos em válvulas, passando da ordem de 600 mg para 300 mg; e a evolução dos motores automotivos, quando alguns passaram a ter injeção direta. Neste último caso, a tecnologia faz com que o combustível seja injetado diretamente na câmara de combustão, não tendo contato com a válvula de admissão, o que, consequentemente, não formaria depósitos, não exigindo, portanto, a aditivação. Vale lembrar que, embora o setor automotivo tenha tido todo esse avanço, a maior parte da frota circulante no Brasil ainda é antiga. Ou seja, nos motores antigos a mistura de ar e combustível ocorre antes das válvulas de admissão, podendo formar os depósitos em válvulas. No entanto, a tendência é que essa frota venha a diminuir conforme a substituição natural dos veículos por modelos mais novos, com injeção direta. n


MERCADO

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Etanol: momento difícil Principal evento do setor escolheu como tema principal os compromissos ambientais assumidos para 2030, dando ênfase ao programa RenovaBio, mas os problemas atuais, como a falta de competitividade do biocombustível e o aumento das importações, promoveram amplas discussões

POR ADRIANA CARDOSO

O Ethanol Summit 2017, principal evento do setor sucroenergético brasileiro, chegou à 10ª edição em um de seus piores momentos. A cadeia sofreu um baque ocasionado pelo significativo aumento de importações do etanol de milho americano, mais de 400% só no primeiro trimestre deste ano; fim da isenção do PIS/ Cofins sobre o biocombustível em janeiro deste ano; e perda de com-

petitividade do produto frente à gasolina, devido às quedas de preço do combustível fóssil pela Petrobras, que passou a acompanhar o movimento de preço do petróleo no mercado internacional. Realizado em São Paulo, nos dias 26 e 27 de junho, o evento contou com a participação de executivos do setor e autoridades governamentais, como Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia; Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo; e

Pedro Parente, presidente da Petrobras, além de diretores de entidades públicas e privadas. Neste ano, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), realizadora do evento, escolheu como tema “Um salto para 2030”, numa alusão aos compromissos ambientais assumidos pelo país na COP 21, Conferência do Clima de Paris. Na ocasião, o país se comprometeu em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, em relação aos índices de 2005. Combustíveis & Conveniência • 21


MERCADO

Divulgação

Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, exibe documento assinado que estabelece a renovação do Protocolo Agroambiental

vaBio ‘é um hospital que estamos construindo, mas, se demorarmos na solução, a gente pode construir o hospital e não termos os pacientes para colocar dentro dele’. Às vezes, não conseguimos fazer as coisas acontecerem na velocidade que a gente quer, mas estamos atentos e vocês sabem disso”, disse.

Compensação

O etanol é reconhecido por emitir até 90% menos gases de efeito estufa em todo seu ciclo produtivo, quando comparado à gasolina. Além disso, o hidrogênio convertido a partir do etanol vem sendo testado em células de combustível de baterias de protótipos elétricos, como os que foram lançados pela Nissan, no ano passado, durante as Olimpíadas do Rio. Para atender ao cumprimento da COP 21, o Ministério de Minas e Energia (MME) está em vias de finalizar o programa RenovaBio, desenhado junto com o setor e com a sociedade civil, para dar previsibilidade e crescimento sustentado à cadeia de etanol, biodiesel, biogás e biometano no futuro. O programa pode virar uma medida provisória ou um projeto de lei. O prazo para sua efetiva implantação, portanto, dependerá do modelo escolhido e dos rumos da política brasileira. A realização do evento coincidiu com a notícia de que o presidente Michel Temer foi denunciado por corrupção pelo procurador-geral da República, Rodrigo 22 • Combustíveis & Conveniência

Janot. Ainda assim, muitos dos representantes do governo tentaram descolar seus discursos do imbróglio político, mostrando que órgãos e ministérios continuam trabalhando a despeito da crise. Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia, ressaltou que o RenovaBio não se trata de um programa “do governo para a iniciativa privada”, mas de um projeto “construído junto com o setor”. “É importante darmos previsibilidade, estabilidade e planejamento de longo prazo que o setor precisa para que a gente possa salvar os recursos atuais para atrair os investimentos futuros que o Brasil tanto precisa”, reforçou. Por outro lado, o ministro reconheceu que, muitas vezes, o “timing do governo não é o mesmo do setor privado”. Em outras palavras, ele admitiu que as necessidades do segmento são urgentes e que o RenovaBio não pode demorar para ser acionado. “Como disse o Plinio Nastari (presidente da consultoria Datagro), o Reno-

Miguel Ivan Lacerda, diretor de Biocombustíveis do MME, apresentou no evento as linhas gerais do RenovaBio. O foco principal do programa seria a compensação de emissões por meio da compra de créditos negociados na bolsa de valores. “Eu faço análise de ciclo de vida da produção e dou uma nota de pegada ambiental, que vale de um a dez. Quanto mais alta a nota, melhor. Quando o produtor negocia o etanol, ele emite uma nota fiscal. A nota obtida por ele, que é a nota de eficiência por unidade (produtiva), gera o direito de criar um derivativo, que se chama CDBio. Este CDBio vai ser negociado na bolsa de valores”, explicou. Esses créditos, segundo Lacerda, seriam comprados por distribuidoras, como uma espécie de crédito verde, que compensaria o uso de combustíveis fósseis na cadeia de distribuição. “A meta é definida conforme disponibilidade (na Bolsa), sendo o mercado quem vai definir. Se a empresa tem 20% do market share, ela tem que comprar o equivalente a isso”, disse, sem entrar em detalhes.

Importação Somente no primeiro trimestre do ano, as importações de etanol


Petrobras considera retornar aos biocombustíveis de milho dos Estados Unidos subiram 403%, gerando um déficit de 650 bilhões de litros na balança comercial brasileira. O percentual já supera as importações de todo o ano passado. O considerável aumento do fluxo do etanol de milho americano deveu-se à queda do preço da commodity no mercado mundial. O mesmo aconteceu com os derivados de petróleo, que, no ano passado, devido aos preços baixos, também superaram a produção nacional. Durante o evento, Elisabeth Farina, presidente da Unica, insistiu em uma reivindicação antiga do setor, que é o reajuste da Cide em R$ 0,60 sobre a gasolina e uma tarifação sobre as importações para coibir as importações de etanol. “O etanol pode abastecer mais de 70% da frota brasileira, incluindo o anidro e o hidratado. A cana está presente em mais de 25 municípios brasileiros, gerando renda e empregos, mas o setor está em um momento muito ruim, talvez o pior desde que se instalou a crise, em 2010. Perdemos mercado com a retirada do PIS/Cofins sobre o etanol, houve 400% de aumento de importações de etanol dos Estados Unidos e há um forte movimento mundial de vilanização do açúcar como causador da obesidade mundial e sem nenhuma base científica”, elencou. O ministro do MME reconheceu a importância da discussão do tema e cobrou da ANP a revisão da resolução de importação de combustíveis. “Acredito muito nessa questão da regulação das importações. Não estamos queren-

Pedro Parente, presidente da Petrobras, disse, durante entrevista à imprensa, que a empresa não descarta voltar a fazer novos investimentos no setor de biocombustíveis, depois de superada a crise pela qual atravessa. “O que eu ressaltei (durante a apresentação no evento) é que nós não podemos ficar parados e temos que continuar aprofundando o desenvolvimento, a avaliação de novas tecnologias. Temos um centro de pesquisa, o Cenpes, que é muito importante. A Petrobras tem dado mostras de enfrentar desafios tecnológicos com muito sucesso e achamos que, após esses cinco anos e à luz do que mostrarem esses estudos - lembrando que a gente está no primeiro semestre do primeiro ano desses cinco anos -, a empresa vai decidir o que fazer em relação a isso”, enfatizou. Pelos estudos mostrados por Parente na cerimônia de encerramento, o mercado de biocombustível, atualmente, ocupa17% da matriz energética brasileira, podendo chegar de 40% a 60% em 2040. Sobre as metas de descarbonização previstas no RenovaBio, Parente disse achar importante “ter metas realistas” em primeiro lugar. “A pior coisa seria direcionar metas irrealistas a esse setor, que já está muito machucado por promessas passadas que não foram cumpridas. O setor investiu muito e vocês viram o que aconteceu”, comentou. do privilegiar quem quer que seja. Apenas queremos colocar todos no mesmo nível de igualdade, especialmente aqueles que produzem e geram empregos no Brasil.” Aurélio Amaral, diretor da ANP, disse que o órgão regulador está revisando todo o marco regulatório das importações. “Isso faz parte do processo regular da ANP, de atualizar as normas, ajustá-las à nova realidade do mercado. Com relação à importação do etanol, estamos fazendo a recepção da norma do CNPE, que cria as condições de igualdade do importador com o distribuidor e produtor”, frisou. Ainda sobre as importações, Amaral lembrou que a agência projeta um déficit na oferta de combustí-

veis do Ciclo Otto da ordem de 23 bilhões de litros até 2030, o que levaria o país a adotar dois caminhos: aumento das importações da gasolina, o que demandaria investimentos em portos, ou autossuficiência produtiva, com a ajuda do etanol. “Cabe a nós escolhermos o caminho que queremos seguir, se o da dependência externa ou o da autossuficência”, enfatizou. Ele lembrou que o Brasil é o terceiro maior consumidor de combustíveis do mundo, o segundo maior produtor de etanol (perde somente para os Estados Unidos) e apenas o oitavo refinador de petróleo. “O Brasil tem uma vocação para o etanol e precisamos considerar isso.” n Combustíveis & Conveniência • 23


MERCADO Cards Payment & Identification 2017 mostrou que o futuro será cada vez mais tecnológico e mudará as relações no comércio

Painéis apresentados no Cards Payment & Identification 2017 mostraram as principais tendências tecnológicas dos meios de pagamento e do setor de cartões. As transações eletrônicas no comércio devem aumentar e o recebimento em dinheiro diminuir

Os meios de pagamentos eletrônicos no mercado de varejo são um caminho sem volta e a tendência é aumentar a participação de novas alternativas de pagamento sem o dinheiro físico. As novidades e tendências para o setor de cartões, meios de pagamento, e-commerce, identificação e certificação digital foram apresentadas para empresários do varejo na feira de exposições Cards Payment & Identification 2017, realizada no final de maio, em São Paulo. “Com certeza, o dinheiro em papel diminuirá - isso é um fato. O número de transações e o volume financeiro transacionado com cartões está aumentando. Podemos esperar uma carteira digital, o comércio cada vez mais online e mobile e tecnologias que nos permitam mais conveniência, além de mais e mais serviços usando o cartão já pré-carregado 24 • Combustíveis & Conveniência

num aplicativo mobile, como hoje já temos o iFood (rede especializada em delivery de comida via aplicativo de celular), 99Taxi, Uber e outros nos quais a prestação de serviço ocorre no ‘mundo real’ e o pagamento e origem da demanda, no virtual”, disse Luis Veiga, diretor da Cards Payment & Identification. No curto e médio prazos, Veiga vislumbra um futuro ainda mais tecnológico que já está modificando as relações entre varejo e cliente. “Marketplaces consolidados, com vários tipos de serviços dentro de uma plataforma única (via celular) também são uma tendência, juntamente com suas movimentações financeiras como meios eletrônicos de pagamento”, previu. A expectativa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) é de que 2017 termine com R$ 1,22 trilhão em transações negociadas com cartões de débito e crédito no país. Nos

últimos dez anos, segundo a entidade, esse montante cresceu 265%, sendo que as movimentações com cartões de crédito e débito representaram 30% dos gastos das famílias brasileiras. Em mercados mais maduros, como o norte-americano, esse percentual é de 50%, e a expectativa é de que o Brasil demoraria ao menos uma década para chegar a esse patamar. Atualmente, há mais de quatro milhões de máquinas de cartões de Divulgação

POR ADRIANA CARDOSO

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Varejo: tecnologias avançam


crédito e débito em operação no país, o que demonstra a consolidação desse mercado. Se por um lado isso é bom, pelo fato de que menos dinheiro em circulação traz mais segurança; por outro, ainda não é possível mensurar os impactos econômicos que a menor circulação em papel moeda traria à sociedade. Comerciantes, por exemplo, reclamam das taxas cobradas e a demora de pagamento que as empresas levam para estornar os valores de pagamentos com cartões, o que reduz o fluxo de dinheiro em caixa.

Nova geração

Um dos painéis apresentados no evento mostra que os consumidores da geração Y (nascidos nos anos 1980) e Z (nascidos a partir de 1995) querem mais do que utilizar as tecnologias na hora do consumo, querem ter uma experiência de compra. “O consumidor jovem quer transações mais descomplicadas. Ele quer comprar num clique e, por isso, os dispositivos devem ser cada vez mais simples, rápidos e eficazes”, disse Edlayne Altheman Burr, diretora administrativa e de estratégia bancária da Latam, Accenture.

O futuro já chegou Estudo da consultoria americana Mckinsey aponta que 70% das transações comerciais serão digitais até 2019. Esse tipo de operação vem crescendo a passos largos, o que comprova que os varejistas, incluindo postos de gasolina e lojas de conveniência, têm que se adaptar aos novos tempos. “Precisamos trabalhar na educação das pessoas, na capacitação dos funcionários, na transparência de preços ao cliente, para que ele possa escolher o melhor preço para ele. A loja física deve tornar-se um espaço de experiência onde ele pode ir para experimentar os produtos”, disse Mauro Fusco, head analytics da Kantar Insights. Em sua opinião, as lojas físicas não vão acabar em detrimento do crescimento do e-commerce (hoje, na casa dos 30% das operações). “Unir o físico e o virtual é um caminho sem volta”, previu. Mais conectados, inquietos e dinâmicos, os consumidores dessas gerações têm representado um desafio à indústria. “Quem quiser fazer tudo para todos, não vai entregar nada a ninguém”, observou Edlayne, numa referência ao fato de que, hoje, as compras/produtos devem ser cada vez mais personalizadas para atender ao gosto desses clientes na faixa dos 30 anos ou menos. Prova disso é que há dispositivos que fazem uso da geolocalização e biometria para lançar um alerta aos clientes sobre novidades disponíveis. Entre essas tecnolo-

gias está o Beacon, uma espécie de GPS capaz de localizar com precisão onde está o cliente para enviar-lhe ofertas personalizadas. “Hoje, há diversas formas de engajar o cliente e o Beacon é uma delas. Por exemplo, há postos de gasolina com aplicativos que já identificam a chegada do cliente. Se for pela manhã, podem oferecer um café da manhã ou ofertar outro tipo de produto ou promoção”, comentou Vanessa Gordilho, diretora de Varejo da Mastercard. O alerta dos especialistas é que, com a crise econômica, o consumi-

Feira de exposições apresentou novos sistemas e equipamentos e um dos painéis mostrou que a nova geração busca tecnologia, transações descomplicadas, rápidas e eficazes

Combustíveis & Conveniência • 25


MERCADO

dor ficou cada vez mais ciente de seus gastos e a concorrência, mais acirrada. Na disputa por mercado, ganha quem souber cativá-lo e, para isso, é preciso conhecê-lo, estabelecendo o seu perfil e ofertando produtos e/ou serviços sob medida e com agilidade.

Experiência tecnológicas

Entre as tendências estão as lojas 4.0, altamente conectadas com a internet, ou seja, espelhos, corredores, equipamentos eletrônicos interativos, tudo para tornar a experiência do cliente a mais incrível possível. Por exemplo: você senta numa cadeira que lhe indica a melhor inclinação, a maneira correta de sentar-se para não afetar a coluna. Ou então, uma geladeira que lhe avisa o que está acabando em casa. Na linha da interatividade e personalização, a Visa tem trabalhado num piloto que envolve apli-

cativos de mensagens e lojas e-commerce. A empresa está atenta ao potencial das redes sociais como estratégia de marketing e de vendas. “Essas plataformas permitem criar perfis de assistentes diferentes de acordo com o tipo de cliente”, explicou Marcelo Serralha, diretor de Tecnologia e Produtos e de Canais Emergentes da Visa. O cliente ingressa na rede conectada à loja, escolhe o assistente virtual que deseja para orientá-lo em sua compra, ajudando a escolher o produto de acordo com o seu perfil e formas de pagamento. Das vantagens desse sistema, ele aponta a compra rápida, sem senhas ou complicações burocráticas, e o assistente ajustado às necessidades do cliente e não o contrário, como muitas vezes ocorre no mundo real. As instituições financeiras também entraram nessa era, especial-

Divulgação

26 • Combustíveis & Conveniência

mente com o surgimento das fintechs, startups, que desenvolvem soluções tecnológicas para o mercado financeiro. Entre elas está o Banco Neon, que funciona 100% digital. “Uma agência custa caro. Os bancos vão mudar? A figura do gerente não vai mais existir? Não sabemos. Ninguém mais vai à agência física, mas é claro que ainda existe um mundo que precisa ser atendido dessa forma”, disse Alan Chusid, diretor comercial da empresa. As instituições financeiras mais tradicionais também estão de olho nesse movimento. O diretor de Negócios Digitais do Banco do Brasil, Joaquim Venâncio, conta que a instituição tem investido em soluções individualizadas e digitais, aperfeiçoada aos millennials (geração Y). “O encantamento fala mais alto para eles. Por isso, estamos trabalhando dentro dessa perspectiva”, explicou. Os números comprovam que o uso do celular impactou consideravelmente as transações bancárias. Uma pesquisa divulgada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostra que o volume de operações do mobile banking saltou de 11,2 bilhões para 21,9 bilhões em 2016. Por outro lado, esse montante lança novos desafios às instituições, pois, a cada inovação, surgem novas fraudes. No ano passado, os bancos investiram cerca de R$ 18,6 bilhões para evitar possíveis cyber ataques. Levantamento da consultoria Grant Thornton apontou que fraudes dessa natureza geraram um prejuízo de US$ 315 bilhões no mundo em 2015. n


13ª Feira e Fórum Internacional

15-17AGO

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MERCADO

Qual é a capacidade máxima dos tanques? Pesquisa da Fecombustíveis, realizada pelo Grupo Falcão Bauer, constata, na prática, que algumas marcas de veículos comportam mais combustível do que o informado no manual do fabricante POR MÔNICA SERRANO

28 • Combustíveis & Conveniência

Shutterstock

Estudo realizado com 13 modelos de veículos mostrou divergências entre a informação do manual e a capacidade real dos tanques na hora de abastecer, com diferenças de até 18 litros a mais

Um consumidor comprou um novo veículo e foi ao posto para encher o tanque do automóvel. Para sua surpresa, ao final do abastecimento, a quantidade de litros indicada na bomba foi cerca de seis litros a mais da capacidade máxima descrita no manual do veículo. Ele reclamou e supôs ser vítima do famoso golpe da bomba fraudada. Esta situação aconteceu no posto de propriedade de Ovídio Gasparetto, presidente do Sindicombustíveis-PA.


Para demonstrar que o posto não o enganou, Ovídio realizou um teste de aferição, que consiste em utilizar um balde aferidor, medida-padrão de 20 litros certificada pelo Inmetro, que indica se houver alguma diferença na bomba. “Eu usei o mesmo bico e a medida de 20 litros e comprovei que a bomba estava correta”, disse. Gasparetto também passou pela mesma situação com uma cliente que abasteceu um modelo Xsara Picasso. Desta vez, ele escreveu para a Citroën para saber o porquê do manual indicar menos do que a capacidade real do tanque e a resposta foi que há uma reserva de litros para o consumidor não ficar sem combustível, exatamente a quantidade de litros que apareceu a mais na bomba. Como esta situação não é incomum na revenda, e gera reclamações e desconfiança por parte do consumidor em relação aos postos, a Fecombustíveis encomendou uma pesquisa ao Grupo Falcão Bauer para constatar o que ocorre de fato. Foram escolhidos 13 veículos de diferentes marcas e modelos e os testes foram aplicados de 28 de março a 19 de abril deste ano. Segundo o gestor técnico da pesquisa, Diego Dozorski Conrado, antes de realizar os testes, as bombas também passaram por testes de aferição. Os tanques dos veículos foram esvaziados e reabastecidos. Os resultados demonstraram que há diferenças expressivas, principalmente em três modelos da Renault, de 35% a 36,5% a

mais no tanque do veículo (confira abaixo). O único modelo que não registrou diferença foi a caminhonete S10 Rodeio, da Chevrolet. Das indústrias automotivas procuradas, somente a Renault enviou um posicionamento via assessoria de imprensa, porém, não esclareceu a situação. “A Renault estranha uma variação tão grande na quantidade de combustível no tanque – de até 36%, como apontado. Tecnicamente, é possível ter uma variação para mais ou para menos. Caso o abastecimento seja forçado após a bomba desligar automaticamente, é possível que o combustível invada o sistema de recuperação de vapor ou mesmo o ladrão, a mangueira que leva o combustível ao tanque. De qualquer modo, a variação citada é alta e, para dar um veredicto preciso, seria aconselhável inspecionar os modelos envolvidos no episódio.”

Para Nilton Monteiro, diretor adjunto da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), as diferenças entre a quantidade indicada no manual e a capacidade do tanque no momento do abastecimento podem ocorrer por motivos diversos, até mesmo pelas condições do terreno do posto, se a pista de abastecimento estiver em aclive ou declive. “Em termos gerais, a calibração dentro das montadoras pode variar até 5% de volume”. Monteiro orienta que o melhor caminho é o próprio consumidor buscar uma concessionária da marca do veículo e pedir uma medição no tanque do automóvel. O consumidor também pode solicitar o teste de aferição ao posto, que é feito na mesma hora, para constatar se a bomba está funcionando corretamente. Confira abaixo os resultados do estudo e acesse o vídeo no endereço: www.fecombustiveis.org.br

Resultados da pesquisa Marca Chevrolet

Modelo

Capacidade do manual

Quantidade abastecida

Diferença

Ônix

54 litros

61,7 litros

14,2% 0,0%

S10 Rodeio

80 litros

80 litros

Fiat

Uno

48 litros

48,9 litros

1,9%

Ford

Ecosport

52 litros

52,3 litros

0,5%

Hyndai

HB20

50 litros

51,7 litros

3,5%

Nissan

New March

41 litros

43 litros

5,0%

Duster

50 litros

68,2 litros

36,5%

Renault

Logan

50 litros

67,8 litros

35,6%

Sandero

50 litros

67,6 litros

35,0%

Toyota

Corolla

60 litros

62,8 litros

5,0%

Gol

51 litros

56,9 litros

11,5%

Volkswagen

Saveiro

55 litros

56,1 litros

2,0%

Voyage

55 litros

57 litros

3,6%

Fonte: Fecombustíveis

Combustíveis & Conveniência • 29


MERCADO

Paulo Pereira

Contagem regressiva para 13ª ExpoPostos Principal feira de exposições da revenda e distribuição de combustíveis tem novo endereço, deve receber 16 mil visitantes e movimentar R$ 165 milhões

POR JULIANA PIMENTA E MÔNICA SERRANO

Revendedores de todo o país terão a oportunidade de conferir as principais tendências do setor e as novidades em equipamentos na 13ª ExpoPostos & Conveniência, 30 • Combustíveis & Conveniência

maior feira de negócios para postos de combustíveis do Brasil, que acontece de 15 a 17 de agosto, em São Paulo. A expectativa da Fagga GL events Exhibitions, organizadora do evento, é de atrair 16 mil visitantes e gerar um volume de negócios da ordem de R$ 165 milhões.

Neste ano, a ExpoPostos & Conveniência mudou de endereço para o São Paulo Expo, espaço de fácil acesso, próximo ao Aeroporto de Congonhas, zona Sul da capital. A feira de exposições contará com aproximadamente 150 expositores, dos quais 30% serão em-


presas participantes pela primeira vez no evento. A Fecombustíveis, o Sindicom, que representa as principais distribuidoras de combustíveis do país, e a Associação Brasileira das Empresas de Equipamentos e de Serviços para o Mercado de Combustíveis e de Conveniência (Abieps) são as entidades responsáveis pelo evento. Assim como nos anos anteriores, no período da manhã será realizado o Fórum e à tarde e à noite, a feira será aberta para visitação. O Fórum reúne uma extensa programação de palestras, com temas de interesse para a revenda e distribuição de combustíveis. “A programação foi muito bem elaborada, com palestrantes de primeiro nível, como o CEO da Google do Brasil, e o painel sobre o futuro dos combustíveis no Brasil”, enfatizou Cesar Guimarães, diretor de Mercado do Sindicom. Guimarães também destacou a presença de novos expositores na feira, que contará, pela primeira vez, com a participação da Brasilcom, entidade que representa as pequenas e médias distribuidoras. Mesmo em meio à crise econômica, a expectativa dos organizadores é de que a feira seja bem-sucedida, assim como a 12ª edição, em 2015, realizada no início do cenário econômico fragilizado. Para Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, são nos momentos de dificuldades financeiras que os empresários procuram novas alternativas para expandir seus negó-

cios. “O revendedor está começando a despertar para outras atividades dentro do posto de gasolina, como lojas de conveniência, lavagem de carros e troca de óleo”, disse. O presidente também destacou que é um bom momento para o revendedor aproveitar as oportunidades da feira para comprar equipamentos mais baratos. “Na última feira realizada, houve descontos expressivos. Então, como é o momento de fazer economia, essa é uma boa oportunidade de compra para quem quer economizar e precisa fazer uma troca de equipamento”, acrescentou. Fernando Aroca, consultor-técnico da Abieps, afirmou que a ExpoPostos & Conveniência vai apresentar novos produtos e serviços e que a crise não será empecilho para o êxito da feira. “São nos momentos de desafios políticos e econômicos que nascem grandes iniciativas para fazermos mais e melhor”, disse. Marcelo Marino, diretor de Núcleo da Fagga GL events Exhibitions, espera crescimento para a área de equipamentos do setor de conveniência. “Segundo levantamento do Sindicom, são apenas 7 mil lojas de conveniência nos 41 mil postos do Brasil, o que corresponde a menos de 20%”. Nesse sentido, a feira vai apresentar essa oportunidade de negócio com a presença de empresas de alimentação voltadas especificamente para conveniência, serviços e equipamentos do setor. n

Programação da ExpoPostos & Conveniência TERÇA-FEIRA • 15 DE AGOSTO 10h -11h Solenidade de Abertura 11h - 13h Palestra de Abertura: Dá um Google! 13h -21h Abertura da feira QUARTA-FEIRA • 16 DE AGOSTO 9h - 10h30 Painel: O Futuro do Downstream no Brasil Coffee Break 11h - 12h30 Painel: Desafios da Revenda na América Latina 12h30 - 13h30 Painel: Casos de Sucesso – Ideias e Inovações A partir das 13h30 Visitação à feira QUINTA-FEIRA |17 DE AGOSTO 9h - 10h Painel: Tecnologia no Varejo 10h - 11h30 Painel: Movimento Combustível Legal 11h30 - 12h30 Painel: Gente que gosta de gente! 12h30 - 13h30 Painel: Tendências das principais categorias do varejo de conveniência A partir das 13h30 Visitação à feira *Programação sujeita a alteração

EXPOPOSTOS & CONVENIÊNCIA Data: 15 a 17 de agosto de 2017 Horário: das 9h às 13h30 (Fórum) e das 13h30 às 21h (Feira) Local: São Paulo Expo Novo Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, São Paulo www.expopostos.com.br

Combustíveis & Conveniência • 31


MERCADO Desde final de abril, todos os pedidos de atualização cadastral na ANP devem ser realizados via internet

Impacto da internet na revenda Hoje, é praticamente impossível realizar qualquer procedimento que não seja via internet. Porém, nossa realidade revela que a qualidade do serviço nem sempre é boa e isso pode prejudicar empresários em locais mais distantes dos grandes centros urbanos POR GISELE DE OLIVEIRA

Desde 20 de abril, todos os pedidos de atualização cadastral na ANP passaram a ser realizados via internet pelo Sistema de Registro de Documentos dos Postos Revendedores (SRD-PR), em funcionamento desde janeiro do ano passado. A medida atende ao Decreto 8539/2015, que determina como regra a tramitação eletrônica de documentos no âmbito federal e estabelece prazo de dois anos para que toda a administração federal esteja atendendo à norma. No entanto, a conexão à internet tem di32 • Combustíveis & Conveniência

ficultado a revenda cumprir determinadas obrigatoriedades que passaram a ser exclusivamente virtuais, como, por exemplo, emissões de notas fiscais, relatórios de movimentação de combustíveis junto à Receita Federal etc. Apesar de todo o avanço tecnológico, o Brasil ainda está longe de oferecer um serviço de conexão de qualidade à população, o que pode dificultar o envio de informações aos órgãos do governo. Recentemente, em audiência pública promovida pela ANP sobre a revisão da Medida Reparadora de Conduta (MRC), alguns agentes

salientaram a necessidade de estabelecer um prazo para os casos de atrasos no envio de documentos e relatórios por meio digital, levando em consideração a precariedade da conexão de internet em diversas localidades do país. Houve relatos, durante a audiência, de autuações por atrasos, de 24 horas a 72 horas, na entrega de informações ao Sistema de Informações e Movimentação de Produtos (SIMP), gerando multas que variaram de R$ 40 mil a R$ 60 mil. A internet avançou muito nas últimas três décadas no Brasil. Desde uma simples conver-


sa de voz ou mensagem até o uso para fins profissionais ou para envio de informações aos diversos órgãos de fiscalização do governo. Tudo, ou praticamente tudo, utiliza-se a internet, que começou a se popularizar no país no início dos anos 2000. Atualmente, o Brasil ocupa o 87º lugar no mundo em velocidade da internet, com 5,5 Megabits por segundo (Mbps) no terceiro trimestre de 2016, de acordo com dados da Akamai Technologies, empresa norte-americana de internet. A velocidade melhorou em um ano (em 2015, era de 3,6 Mbps), mas ainda assim manteve o país abaixo da média mundial, medida em 6,3 Mbps. Na Coreia do Sul, líder do ranking, a velocidade média da internet é de 26,3 Mbps. Isso sem contar que, dentro do próprio território brasileiro, a conexão apresenta diferentes níveis de velocidade, sendo mais da metade (52%) a partir de 4 Mbps. Outro dado da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) revela que, dos 5.569 municípios brasileiros, apenas 37 concentram 50% da banda larga fixa do Brasil, sendo que metade está no Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Na outra ponta, as capitais Rio Branco (AC), Macapá (AP), Boa Vista (RR), Palmas (TO) e Porto Velho (RO) não possuem mais de 100 mil acessos. Isso sem contar a cidade de Paraíso das Águas (MS), com 5.251 habitantes, que possui a menor quantidade de acessos à banda larga, com capacidade de até 512 Kbps. Esses números demonstram a grande diferença na qualidade da conexão da internet brasileira e como isso, de alguma forma, inter-

fere na relação dos revendedores com os órgãos de fiscalização do governo para entrega de documentos por meio digital. Essa realidade é vivenciada por proprietários de postos em diversas localidades do país, principalmente aqueles localizados em municípios remotos onde, às vezes, a única opção é subir o morro e tentar o acesso via internet móvel – se conseguir.

Dificuldades da revenda “Aqui, onde está meu posto, a velocidade [da internet] é boa, não tenho problemas. Mas há locais que não tem conexão à internet. Acredito que, antes de fixar a entrega de documentos somente pela internet, a ANP deveria ter investigado melhor, conhecer a realidade do nosso país”, protestou Antonio Vicente Queiroz Ferreira, proprietário de três postos de combustíveis situados no extremo Norte do Tocantins. E os relatos não param por aí. Ainda no Tocantins, alguns postos localizados no interior, como em Araguaçu, Araguatins, Palmeirópolis, Combinado e Aurora do Tocantins, por exemplo, destacaram a indisponibilidade de planos maiores de banda larga, tornando a conexão à internet lenta. No Acre e no interior do Ceará, revendedores também encontram dificuldades para transmitir informações pelo meio digital em função da precariedade do serviço de internet no país. Até mesmo estabelecimentos localizados em rodovias fora dos centros urbanos do Rio Grande do Sul também apresentam condições precárias de acesso à rede.

Nesses casos, contou Ferreira, ou o proprietário dispõe da ajuda da assessoria de contabilidade, que, geralmente, está situada em outro município onde a internet funciona melhor, para realizar as atividades que exigem o envio de informações pelo meio digital; ou então, acaba enviando os documentos pelo meio tradicional, ou seja, pelos Correios. Foi o que aconteceu com os postos do Grupo Marciano e RB, situados no Ceará. Nos estabelecimentos localizados em áreas mais distantes de Juazeiro do Norte e Crato, na região Sul do estado, os proprietários concentram os processos junto aos seus respectivos escritórios que possuem uma infraestrutura tecnológica melhor. Na região Norte do Ceará, os processos são feitos pelos escritórios localizados em Sobral. Questionada sobre a exigência de envio de informações pelo SRD-PR e a precariedade conhecida de acesso à internet em várias localidades do Brasil, a ANP informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a maioria dos agentes consegue realizar o acesso digital sem maiores problemas, mas que casos muito particulares em que a equipe de tecnologia identifica um erro para um agente específico podem ser tratados por meio físico, após análise da Coordenação da Revenda Varejista. Vale lembrar que, do total de aproximadamente 41 mil postos em atividade no país, apenas 10 mil estão cadastrados no SRD-PR, segundo informou a superintendente de Abastecimento da ANP, Combustíveis & Conveniência • 33


MERCADO

Maria Inês Souza, em entrevista concedida à C&C em maio.

Acesso difícil Mas não é só da precariedade do serviço de banda larga no país que os revendedores reclamam. Muitos afirmam terem tido problemas no primeiro acesso ao SRD-PR. Grande parte dos entrevistados relatam que o sistema da ANP é complexo, apesar de a agência disponibilizar um manual para a primeira visita ao sistema. “Poucos dizem ter facilidade. É complexo demais, encontrar os assuntos específicos não é fácil. Apesar de ter um manual para preenchimento, ele não é autoexplicativo e, na hora de fazer o upload de documentos, não explica detalhadamente o procedimento, sendo que, muitas das vezes, recusa o arquivo pelo seu tamanho”, destacou Ovídio da Silveira Gasparetto, presidente do Sindicombustíveis-PA. Essa dificuldade no primeiro acesso também foi encontrada por

uma revendedora do Mato Grosso do Sul. Segundo ela, que preferiu não se identificar, a navegação no sistema não é muito simples e seu primeiro acesso foi um pouco conturbado. Ela conta que precisou anexar mais de um documento, porém, por falta de clareza do sistema, acabou enviando apenas um. Além disso, segundo ela, não existe a opção de voltar para anexar documento pendente. Ou seja, é preciso aguardar análise e retorno da ANP sobre as pendências existentes, o que demorou em torno de dez dias. “Não sabia quanto tempo levaria essa análise, pois, na central de atendimento, os atendentes informam que há uma ordem de análise para seguir”, disse. Para evitar perder o prazo junto à agência, a revendedora explica que enviou todos os documentos pelos Correios. Outro questionamento diz respeito às pendências informadas no sistema ao revendedor. De acordo com Delano Lima e Silva, presidente do Sindepac, no Acre, al-

Mais investimentos O serviço de banda larga no país não é dos melhores, mas as operadoras afirmam que buscam efetuar melhorias. Pelo menos essa é a avaliação de Roberto Mayer, diretor de Comunicação da Federação Brasileira das Associações de Tecnologia da Informação (Assespro). Ele argumenta que não existe financiamento público para novos investimentos na ampliação de malhas de fibra óptica no país. “Essa é uma realidade, consequência do tamanho do nosso país. Mas a malha de fibra óptica melhorou muitos nos últimos anos, o que revela o interesse das empresas em investir no país”, observou. O diretor ressalta que, recentemente, o governo colocou em órbita seu primeiro satélite, um importante passo para promover o acesso à internet em localidades onde não há interesse privado para investir, como regiões da Amazônia e norte do Mato Grosso do Sul. “Agora, a que custo isso vai chegar para a sociedade, não sabemos.”

34 • Combustíveis & Conveniência

guns proprietários de postos reclamam dos atendentes da ANP, que, muitas das vezes, não sabem explicar como proceder nos casos de pendências. “Eles simplesmente leem o que o está escrito no SRD, que é a mesma informação a que temos acesso. Acredito que eles deveriam ser melhores treinados para que, realmente, possam prestar mais informações, mais detalhes, sobre as pendências”, desabafou. Para estes casos, a ANP respondeu que a implantação do sistema tem sido feita de forma gradual e constante, lembrando que os primeiros testes foram realizados em 2015 e que está disponível para uso desde janeiro de 2016. A agência disse ainda que o número de agentes que realizam o cadastro e enviam as fichas pelo meio digital é crescente, o que demonstra a assimilação da ferramenta. Sobre a central de atendimento, a ANP afirmou que está à disposição da revenda para esclarecimentos, orientações e auxílio ao sistema, seja pela central de relacionamento ao cliente ou diretamente com a equipe da Superintendência de Abastecimento. Entre os pontos positivos da implantação do SRD-PR, os revendedores destacam a agilidade no processo. Antes, quando era feita pelos Correios, dependendo da localidade, demorava em torno de 15 a 30 dias para ter um retorno da ANP – isso quando o material era enviado por Sedex. Hoje, com o sistema online, a resposta é obtida em 48 horas. n


Adão Oliveira | vice-presidente da Fecombustíveis

OPINIÃO

Blindagem da equipe econômica mantém otimismo no mercado Ninguém desconhece que a crise política brasileira, que se arrasta de três anos para cá, a partir do envolvimento de políticos em ações de corrupção, traz enormes prejuízos para a estabilidade dos negócios e afeta diretamente o desempenho da economia de forma geral. É preciso enfatizar, contudo, que o agravamento desta mesma crise a cada nova semana, com delações devastadoras que atingem o centro do poder político, pode comprometer a recuperação real da economia se perdurar por mais tempo. O que hoje ainda preserva a esperança e alimenta certo otimismo no ânimo dos empresários é a determinação e o preparo da equipe econômica, liderada pelo ministro Henrique Meirelles, que se mantém blindada aos ataques externos. A dúvida é saber até que ponto a equipe vai continuar firme em seus propósitos de reestruturar e criar condições de manter e alavancar novos investimentos que ajudem no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e, assim, reduzam os níveis vergonhosos de desemprego que temos sustentado. Diante do quadro, a recente recuperação do PIB trimestral não significa uma tendência a se manter, o que seria admirável. Ao contrário, tudo vai depender de como as instituições públicas, do Executivo ao Legislativo, pas-

A dúvida é saber até que ponto a equipe vai continuar firme em seus propósitos de reestruturar e criar condições de manter e alavancar novos investimentos que ajudem no crescimento do PIB e, assim, reduzam os níveis vergonhosos de desemprego que temos sustentado

sando pelo Judiciário, se comportarão ante os acontecimentos que se precipitam com incrível rapidez e conteúdos explosivos. Não devemos esquecer que o Brasil demorou muito em fazer sua adaptação interna aos novos tempos em que as relações trabalhistas tiveram grandes transformações e o perfil de sua população sofreu alteração demográfica significativa. As reformas trabalhista e da previdência deixaram de ser alternativas para o Brasil, mas são a única opção para que possamos enfrentar os desafios do novo século e que atinge todos os países. E, como estamos em um mercado globalizado, caso demoremos a nos alinhar com essas transformações, também iremos comprometer o desempenho de nossa economia no mercado internacional e, dessa forma, agravar a situação interna. Esperamos que nossos governantes tenham, pelo menos, a sensatez de cuidar do nosso país antes de se ater a pensar unicamente em seus mandatos ou cargos.

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REPORTAGEM DE CAPA

Em busca de

equilíbrio No final de junho, a Petrobras anunciou a revisão da sua política de preços para a gasolina e o diesel, a fim de diminuir o intervalo de ajustes, de mensais para até diários. Desde que divulgou a nova política de preços, em outubro do ano passado, a iniciativa de seguir a paridade internacional agradou o mercado, mas os reajustes não eram suficientes para reduzir as importações por terceiros. A empresa busca recuperar sua participação nas vendas internas

POR ROSEMEIRE GUIDONI

teração fora dessa faixa terá que ser autorizada pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços. Antes do novo anúncio, a política de preços implantada pela estatal, que previa análises mensais, estava sendo bem recebida pelo mercado. Até junho, apesar de os preços dos combustíveis fósseis terem caí-

Agência Petrobras/Renato Rodrigues

Passados quase nove meses da implantação da política de preços, a Petrobras anunciou, em 30 de junho, nova mudança em relação à

periodicidade das análises nos preços de gasolina e diesel. A partir de 3 de julho, a estatal passou a considerar alterações nos preços, a qualquer momento, até diariamente, desde que os reajustes por produto não ultrapassem o limite de 7% acumulado para mais ou para menos. Ainda segundo a companhia, qualquer al-

Desde que iniciou a nova política de preços, a Petrobras anunciou sete cortes e três aumentos no preço dos combustíveis (até junho) nas refinarias

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do, a Petrobras continuava perdendo mercado para a importação direta de combustíveis pelas distribuidoras. A mudança de rumo teve início em 14 de outubro de 2016, quando a Petrobras anunciou sua nova política de preços. Até então, os preços da refinaria praticados internamente eram controlados e estavam em evidente descompasso com os valores verificados em boa parte do mundo. A partir desta data, a empresa passou a fazer ajustes periódicos, para mais ou para menos, no preço de gasolina e diesel vendidos internamente. Para analisar a necessidade de ajustes, foi formado o Grupo Executivo de Mercado e Preços, composto pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, pelo diretor-executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Ivan de Souza Monteiro; e pelo diretor-executivo de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino Ramos, que passou a se reunir, pelo menos, uma vez ao mês. De acordo com comunicado divulgado pela companhia na época, os integrantes do grupo têm a atribuição de “monitorar continuamente os preços do petróleo e dos derivados no Brasil e no mundo e sua evolução vis-à-vis às expectativas de resultado constantes do Plano de Negócios em vigor”. Além disso, a empresa esclareceu que a definição dos ajustes deveria ser orientada pelos seguintes fatores: preço de paridade internacional, que já inclui custos com fretes de navios; custos internos de transporte e taxas portuárias; uma margem para remuneração dos riscos inerentes à operação, tais como volatilidade da taxa de câmbio

e dos preços, sobrestadias em portos e lucro, além de tributos; nível de participação da empresa no mercado; e, por fim, os preços nunca devem ficar abaixo da paridade internacional. Desde que introduziu esta nova prática, e até o fechamento desta edição, a Petrobras já havia anunciado seis cortes e três aumentos no preço dos combustíveis na refinaria. O primeiro anúncio foi em outubro, quando o preço da gasolina caiu 3,2% e o do diesel, 2,7%. Em novembro, nova queda (de 3,1% e 10,4%, respectivamente). Já em dezembro, houve um aumento, de 8,1% na gasolina e de 9,5% no diesel. Em janeiro, a Petrobras promoveu dois ajustes nos preços: no dia 5, subiu o preço do diesel em 6,1% (mas manteve o da gasolina) e, no dia 26, reduziu novamente o preço dos dois combustíveis. Em fevereiro, a Petrobras voltou a anunciar redução: de 5,4% na gasolina e de 4,8% no diesel. Em março não houve nenhuma alteração. Em abril, houve aumento de 2,2% no preço da gasolina e de 4,3% no diesel. Em 25 de maio, os preços voltaram a cair, com o anúncio de redução de 5,4% para a gasolina e em 3,5% para o diesel. No dia 14 de junho, a Petrobras decidiu reduzir o preço em 2,3% para a gasolina e em 5,8% para o diesel. Em 30 de junho, houve queda de preços nas refinarias em 5,9% para a gasolina e 4,8% para o diesel. “Parece que, finalmente, a Petrobras está cumprindo a lei”, destacou o especialista em energia Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor de gás e energia da Petrobras. Segundo Sauer, a

Lei 9478/97, conhecida como “Lei do petróleo”, estabeleceu que em um período de até cinco anos – ou seja, até 2002 – os preços do mercado seriam concorrenciais. Neste período, em 2001, foi criada a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), concebida para absorver as flutuações do preço do petróleo. Assim, a Petrobras manteria os preços estáveis. Se houvesse baixa no mercado internacional, os valores arrecadados iriam para um fundo criado com esta finalidade; se houvesse elevação, a Petrobras não teria perdas, porque o fundo funcionaria para repor a defasagem. Mas, na prática, isso não aconteceu, já que a Cide foi alterada e passou a custear obras de infraestrutura e meio ambiente. Com isso, a concorrência se deu apenas nos demais elos da cadeia de comercialização - distribuição e revenda -, e a Petrobras manteve o controle dos preços. “Pela lei, o governo não deveria se intrometer nos preços. Mas isso não aconteceu, os preços da Petrobras foram usados para tentar equilibrar a economia, o que gerou um enorme prejuízo à empresa”, afirmou. De acordo com o especialista, até 2007, mesmo com os preços mantidos artificialmente, os patamares estavam próximos dos valores reais e não havia grandes defasagens. Mas a partir de 2008, o problema se acentuou com o distanciamento dos preços do petróleo e os valores praticados internamente. Na avaliação de Sauer, as iniciativas adotadas pelo governo petista comprometeram gravemente a empresa. “Já é hora de equilibrar a companhia. A iniciativa de seguir a paridade de importação é essencial”, frisou. Combustíveis & Conveniência • 37


REPORTAGEM DE CAPA Defasagem entre os preços do diesel brasileiro e norteamericano

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Defasagem entre os preços do diesel brasileiro e norte-americano 75%

Jan/2016: 68%

60% 45% Mai/2017: 31%

30% 15%

mai/17

mar/17

jan/17

nov/16

set/16

jul/16

mai/16

mar/16

jan/16

nov/15

set/15

jul/15

mai/15

mar/15

jan/15

0%

Dez/2016: 19% Set/2015: 7%

Nota: Preço do produto na refinaria sem impostos. Fonte: Estimativa da Fecombustíveis com base em dados da ANP e EIA.

Defasagem entre os preços da gasolina brasileira e norte-americana

Defasagem entre os preços da gasolina brasileira e norte-americana 75% 60% 45%

Out/2016: 21%

30% 15% Jun/2016: 10%

0% -15%

Abr/2017: 9%

mai/17

mar/17

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nov/16

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jul/16

mai/16

mar/16

jan/16

set/15

nov/15

jul/15

mai/15

Jul/2015: -13%

mar/15

-30%

jan/15

Sauer não é o único a comemorar a iniciativa da petroleira. A nova política, ao promover maior transparência, agradou ao mercado e aos investidores. Inclusive, em reunião com acionistas realizada em São Paulo, no dia 5 de junho, o presidente da empresa, Pedro Parente, informou que o grupo que faz as análises estaria cogitando reajustes com maior frequência do que os atuais 30 dias, de forma a equilibrar melhor a volatilidade do preço do petróleo e do câmbio. Na ocasião, diversos analistas de mercado e investidores comemoraram a iniciativa. “A maior frequência é uma medida positiva porque traz previsibilidade maior para os investidores e reduz ainda mais o risco de possibilidade de interferência política”, disse o analista da Lerosa Investimentos, Vitor Suzaki. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, também considera positiva a nova política de preços da Petrobras. “O mercado deve se equilibrar de acordo com a concorrência”, afirmou. Aliás, um dos problemas que afetou a revenda quando a Petrobras iniciou a nova política já parece ter se amenizado. “No início, logo que a Petrobras passou a promover os ajustes, a revenda era muito cobrada. Se o preço caía, a tendência do consumidor e dos meios de comunicação era achar que a queda seria de igual ordem e imediata nas bombas, por exemplo. Mas o mercado logo compreendeu que a lógica não é exatamente essa. Além de os preços finais incluírem o valor do etanol, no caso da gasolina, e do biodiesel, no caso do diesel, ainda existem impostos que incidem em toda a cadeia de comercialização, e o próprio tempo de as empresas, tanto postos

Nota: Preço do produto na refinaria sem impostos. Fonte: Estimativa da Fecombustíveis com base em dados da ANP e EIA.

quanto distribuidoras, esgotarem seus estoques antes de adquirir mais produtos com os novos valores”, explicou. Atualmente, a revenda não tem sido cobrada tão ostensivamente para adequar seus preços na mesma proporção que a refinaria. “O mercado se ajustou à nova realidade e quem manda hoje nos preços é a concorrência”, afirmou.

Surpresa Porém, a despeito da visão positiva a respeito das novas práticas adotadas pela Petrobras para formação dos preços, o reajuste do final de maio (quando a gasolina caiu 5,4% e o diesel 3,5%) surpreendeu o mercado. Na ocasião, cálculos feitos por analistas indicavam que a gasolina no Brasil estava sendo vendida, no mí-

nimo, sem prêmio com relação às cotações internacionais. “O mercado imaginava que o ajuste seria para cima, pois o petróleo e o câmbio estavam subindo”, disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. “O reajuste contrariou as expectativas. Esperava-se uma elevação nos preços, sobretudo da gasolina, mas a decisão foi pela redução”, afirmou. “Acreditamos que a empresa não está olhando os preços do mercado de curto prazo, mas uma média móvel”, destacou um relatório do Banco UBS, assinado pelos analistas Luis Carvalho e Julia Ozenda. O documento, encaminhado à Combustíveis & Conveniência por Carvalho, ressalta que o ajuste do final de maio


tados trimestrais, que foi de 77%”, disse ele na ocasião. Vale destacar que o Brasil possui dez refinarias, cuja capacidade instalada de processamento está em torno de 2 milhões de barris por dia. Com esta importação de combustíveis (petróleo refinado), o fator de utilização das refinarias, que esteve há pouco tempo em torno de 95%, já caiu para 77% e poderá chegar a menos de 75%. Mas este aumento de importações por terceiros não é exatamente um fato recente. Com a queda do preço do barril a partir do final de 2014, a Petrobras começou, gradativamente, a perder mercado interno para importadores independentes. Dentre estes importadores destacam-se a Ipiranga (do grupo Ultra) e a Raízen, além de várias empresas de menor porte e tradings. Isso ocorreu porque estas companhias puderam encontrar preços mais viáveis fora, mesmo considerando os custos de internação do combustível. “Aparentemente, estas empresas conseguiram custos mais interessantes para importar do que comprando aqui, diretamente da refinaria. Porém, a Petrobras percebeu que estava perdendo mercado, e reduziu seus custos para tentar conter o aumento do volume de importações”, analisou o consultor Walter de Vitto, da Tendências.

caria que as empresas que importam estão sendo mais eficientes, ou seja, têm custos menores do que a Petrobras. “Ou, por outro lado, a Petrobras estava tendo mais lucro do que o mercado imaginava. Na verdade, ninguém sabe exatamente qual o custo de internalização da Petrobras. Além do preço pago no produto propriamente dito, existem cus-

Transparência parcial “A pergunta que fica é: como estes outros players conseguiram importar com preços mais interessantes e ainda ter lucro e a Petrobras não?”, questionou o analista da Tendências. Em sua avaliação, isso indi-

Freepik

gerou diversos questionamentos de clientes sobre as razões que levaram à queda de preços. “Além da desvalorização da moeda brasileira, em função da crise política, as importações cresceram muito em abril e maio”, relata o material para justificar a redução. Para Pires, apesar de inesperada, a redução baseou-se em um motivo sensato. “A medida teve o objetivo de manter a competitividade da empresa no mercado interno, diante ao aumento significativo na importação por outros players”, explicou. Aliás, vale lembrar que um dos princípios da política de preços em vigor é a avaliação da participação de mercado da empresa. “Há um conjunto de fatores considerados na nova política de preços, e todos devem ser respeitados para que a credibilidade da companhia junto ao mercado continue em progresso”, frisou Pires. De fato, a própria Petrobras justificou que uma das razões da redução foi a elevação do volume de importações no mês de abril deste ano. Entre fevereiro e abril, a importação de gasolina saltou de 240 mil metros cúbicos para 419 mil metros cúbicos, com previsão de manutenção em torno deste nível em maio. No diesel, a importação saltou de 564 mil metros cúbicos em fevereiro para 811 mil metros cúbicos em abril, e a previsão era de mais de um milhão de metros cúbicos em maio. Durante coletiva de imprensa realizada no dia 5 de junho, em São Paulo, o presidente da empresa, Pedro Parente, destacou também que existe capacidade ociosa nas refinarias. “As refinarias da Petrobras podem chegar a um fator de utilização abaixo do último dado divulgado pela companhia em seus resul-

Combustíveis & Conveniência • 39


REPORTAGEM DE CAPA

Desestímulo Com as duas últimas reduções de preço ocorridas até o fechamento desta edição (uma delas em 25 de maio, e a outra em

14 de junho), a tendência é de que a importação se torne desinteressante. Porém, na avaliação de especialistas, esta mudança de rumo pode gerar grande desequilíbrio nas finanças das empresas que estavam importando. A importação de derivados de petróleo não é tarefa simples, pois demanda planejamento e infraestrutura de transporte e armazenagem. “Imagine uma empresa que compra o produto em Rotterdam, na Holanda, por exemplo, por um determinado valor. Até que o navio chegue ao Brasil, passam-se semanas. Então, se neste meio tempo a Petrobras reduzir os preços para valores abaixo dos esperados, levando-se em consideração as cotações de petróleo e o câmbio, quem importou (e está com o produto em trânsito) certamente terá prejuízo”, exemplificou Sauer. Porém, para alguns analistas, este é um risco inerente do negócio. “Provavelmente, quem importa fe-

Competitividade do etanol As recentes reduções de preços da gasolina na refinaria acarretam outro efeito colateral ao mercado de etanol. Embora o setor considere a nova modalidade de formação de preços positiva, já que sempre defendeu que os valores da gasolina devem acompanhar as cotações internacionais e não serem sustentados artificialmente, preços mais baixos para a gasolina podem representar maior concorrência ao etanol. Por exemplo, na semana de 11 a 17 de junho, o preço médio (Brasil) do etanol, segundo levantamento da ANP, era de R$ 2,494, e o da gasolina era de R$ 3,561. Embora estes valores ainda atendam a paridade de 70% que se convencionou usar no mercado, se os preços da gasolina caírem ainda mais, o etanol pode se tornar desvantajoso do ponto de vista de preço para os consumidores. Por outro lado, a queda no preço do diesel é interessante para os produtores de etanol, já que os equipamentos utilizados no plantio e colheita de cana e o transporte do produto utilizam o combustível fóssil.

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cha um determinado valor que faz com que a operação se torne viável”, considerou Vitto. Além disso, fontes do mercado destacam que, muitas vezes, a carga é comercializada antes mesmo de chegar ao Brasil, quando ainda está em trânsito. “Neste caso, quem perderia mais é quem comprou imediatamente antes do reajuste”, disse uma fonte que preferiu não se identificar. Na avaliação de Adriano Pires, os patamares atuais de preços podem desmotivar – ao menos momentaneamente – o movimento das importações. “A importação de combustíveis por fornecedores concorrentes é motivada pelos elevados preços de gasolina e diesel no mercado interno quando comparado ao internacional. Como resultado, os demais agentes acabam ampliando presença no mercado com o foco na prá-

Divulgação/Porto de Paranaguá

tos de frete, de impostos de importação, de armazenamento e transporte. Tudo isso se reflete no valor final. Então, hoje, de fato, há uma transparência maior na política de preços adotada pela Petrobras, mas ainda existem detalhes do custo final desconhecidos pelo mercado, e que podem ser determinantes na definição do preço final”, explicou. As entidades que representam as distribuidoras, Sindicom e Brasilcom, não se manifestaram a respeito do movimento de importações de produtos. Sobre o ajuste de preços, o Sindicom informou apenas que, como os preços finais são livres e determinados pelo mercado, podem mudar diariamente, para cima ou para baixo, independentemente dos reajustes na refinaria.


tica de preços mais baixos. Tal fato pode ser impedido caso a diferença positiva entre os preços nacionais e internacionais seja demasiadamente reduzida, tornando a importação indiferente ou, até mesmo, desvantajosa por parte dos demais”, explicou ele. “A compra de combustível internacional por outras distribuidoras e pelos principais consumidores é legal, saudável e natural, reacende a competitividade no segmento. Mas vale lembrar que a Petrobras ainda domina o parque de refino nacional, o que confere à empresa a responsabilidade de abastecer, de fato, o mercado interno. E, por consequência, a companhia determina os preços no mercado interno, como vem ocorrendo”, completou. Porém, na avaliação do analista Walter de Vitto, a Petrobras não precisaria ter dado este passo atrás

se não tivesse aberto brechas para a elevação das importações. Ou seja, se há alguns meses tivesse mantido os preços em um patamar que inviabilizasse as importações. Mas isto não foi feito e a consequência foi a queda nas vendas da Petrobras – estimada, em 2015, em R$ 322 milhões, e em 2016, em R$ 283 bilhões, um recuo de 12%, provocando redução de 9% no lucro bruto. Apesar destes números, os resultados relativos ao terceiro trimestre de 2017, apresentados pela Petrobras no dia 11 de maio, foram positivos. O relatório da empresa destacou três resultados: 1) o Ebitda ajustado (lucro antes dos juros, impostos, amortizações e depreciações) de R$ 25,55 bilhões, foi 2% maior do que no trimestre anterior; 2) o lucro líquido de R$ 4,45 bilhões, representou

montante 77% maior do apresentado no 4º trimestre de 2016; e 3) a redução do endividamento líquido, na comparação com dezembro de 2016, tanto em reais (com queda de 4%, alcançando um montante de como R$ 300,9 bilhões) como em dólares (redução de 1% chegando a US$ 94,99 bilhões).

Espremendo custos Além dos riscos de mudança de preço em meio a um processo de importação, as empresas que importam combustíveis ainda têm de lidar com outras variáveis relativas à logística. Carlos Miranda de Almeida, diretor do Grupo Dislub Combustíveis, comentou que, nos últimos meses, a Petrobras tem promovido várias mudanças em seus contratos, acrescentando mais custos à operação. “Desde o final de 2016, três novos custos pas-

Entre fevereiro e abril, a importação de gasolina saltou de 240 mil metros cúbicos para 419 mil metros cúbicos. A importação de óleo diesel passou de 564 mil metros cúbicos, em fevereiro, para 811 mil metros cúbicos em abril

Combustíveis & Conveniência • 41


REPORTAGEM DE CAPA

saram a ser cobrados pela Petrobras: as despesas de sobrestadia, bombeio e gestão da descarga. Tais custos representam uma diferença substancial na operação, a gestão da descarga é um valor razoável. Estas novas despesas encareceram a operação”, afirmou. Segundo Almeida, a Dislub compra

produtos importados por terceiros e, muitas vezes, estas empresas fornecedoras não cobram os mesmos custos da Petrobras. “Não somos ingênuos a ponto de achar que não estão cobrando, os custos estão embutidos, mas os valores acabam sendo menores do que os da Petrobras”, disse. Mesmo

Política de controle Até 1997, não havia, no Brasil, regime de preços livres em nenhum dos elos da cadeia de petróleo. Mas, em agosto de 1997, a Lei 9.478, conhecida como “Lei do petróleo”, estabeleceu mudanças em todo o setor. Desde esta época, os preços praticados pelos postos de combustíveis são livres e determinados pelo proprietário do negócio, conforme critérios de mercado. Sobre o setor de refino, esta lei determinou, no artigo 69, que “durante o período de transição, que se estenderá, no máximo, até o dia 31 de dezembro de 2001, os reajustes e revisões de preços dos derivados básicos de petróleo e gás natural, praticados pelas unidades produtoras ou de processamento, serão efetuados segundo diretrizes e parâmetros específicos estabelecidos, em ato conjunto, pelos Ministros de Estado da Fazenda e de Minas e Energia”. Já o artigo 73 diz que “até que se esgote o período de transição estabelecido no art. 69, os preços dos derivados básicos praticados pela Petrobras poderão considerar os encargos resultantes de subsídios incidentes sobre as atividades por ela desenvolvidas”. Porém, encerrado o prazo previsto em lei, o governo continuou intervindo nos preços da Petrobras, na tentativa de estimular o consumo e manter o controle à inflação. Neste período, houve épocas em que os valores internacionais estavam abaixo dos praticados internamente, ou vice-versa, mas os preços da Petrobras mantiveram-se estáveis artificialmente. De acordo com Ildo Sauer, que foi diretor de gás e energia da petroleira até 2007, entre 2002 e 2008 as perdas da empresa com esta política não foram muito relevantes, já que havia certo equilíbrio entre preços internos e externos. Porém, a partir de 2008, do ponto de vista do caixa da Petrobras, esta política passou a não mais fazer sentido, e as perdas se acumularam. Um estudo dos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Oliveira e Edmar Almeida, realmente confirmou que o regime de preços praticado na época não foi efetivo para o controle da inflação. De acordo com o relatório, denominado “Um balanço de longo prazo da política de preços e derivados”, durante o período analisado (entre 2007 e 2015), apenas em 2011 a inflação foi evitada de forma eficaz para que o IPCA ficasse dentro da meta.

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assim, o empresário comenta que a atual política da Petrobras é positiva para o mercado, pois estimula a concorrência, e é isso quem dita os preços finais da operação. De acordo com a Petrobras, nos polos onde a entrega de derivados normalmente é feita por cabotagem, os custos de disponibilização do produto foram repassados aos clientes destas regiões a partir de 2016. “Tais custos são inerentes à distribuição, mas, até então, eram arcados pela Petrobras. A intenção da mudança é tornar transparente para a distribuição os custos envolvidos em sua atividade”, destacou a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa. A respeito de outro questionamento dos distribuidores sobre multas por não atingirem os volumes mensais contratados, a Petrobras destaca que “o conceito de incentivar as distribuidoras a retirarem os volumes contratados com a Petrobras, através de penalidades ou bonificações, existe desde os primeiros contratos de compra e venda formulados pela Petrobras em um contexto de abertura do mercado, em 2001, e afetam todos os tipos de contrato de comercialização de gasolina e diesel; garantindo a previsibilidade e otimização da cadeia entre produtor e distribuidor”. Na opinião de Adriano Pires, para que a Petrobras garanta a manutenção da confiança do mercado, a tendência é que siga o estabelecido pela nova política de preços. “Certamente, as revisões [de preço] serão mais frequentes, a própria Petrobras já confirmou que o grupo que faz as análises de preços avalia aumentar a frequência dos ajustes”, afirmou. n


Felipe Klein Goidanich | Consultor jurídico da Fecombustíveis

OPINIÃO

Da regulamentação do contrato de bandeira Os contratos celebrados entre distribuidor e revendedor de combustíveis têm como premissa básica a obrigação do segundo ostentar a marca comercial do primeiro e de adquirir deste, com exclusividade, todos os combustíveis que serão comercializados em seu estabelecimento. Embora cada distribuidora de combustíveis tenha seus modelos próprios de contrato, o certo é que não há paridade entre as obrigações estabelecidas entre os contratantes. A característica mais marcante é que, aos revendedores, são estipuladas inúmeras obrigações, reservando os direitos ao distribuidor, haja vista que os contratos são redigidos por seu departamento jurídico e não há uma lei que defina o chamado contrato de bandeira, isto é, se trata de contrato atípico. Dentro dessa realidade, é relativamente fácil constatar na prática que, muitas vezes, a distribuidora abusa do direito ao estabelecer cláusulas contratuais que, praticamente, impedem o revendedor de se desvincular do contrato. Segundo a doutrina, o abuso de direito consiste no uso imoderado do direito subjetivo, de modo a causar dano a outrem. Considerando a relevância do tema, que é de interesse não só das duas categorias econômicas, mas também de interesse dos consumidores e da defesa da livre concorrência, seria salutar que o Congresso Nacional viesse a legislar a matéria por lei específica, ou, se possível, no novo Código Comercial, cujo Projeto de Lei 1.572/2011 ainda não foi a votação. Algumas lideranças sindicais da revenda defendem que a ANP poderia regulamentar os contratos entre distribuidora e revendedor por meio de resolução ou portaria. Acontece que, mesmo se a ANP se dignar a fazer a regulação, não há dúvida de que as distribuidoras e seus órgãos de classe poderão submeter ao judiciário a questão, tendo em vista a discutível competência da ANP para normatizar por ato infralegal os contratos entre os agentes econômicos regulados. O melhor cenário para os postos de combustíveis seria a regulamentação do contrato de bandeira por meio de sua tipificação legal. Ou seja, uma lei federal deveria definir o que é o contrato de bandeira, estabelecer as obrigações do distribuidor, as obrigações do revendedor e o que é ou não permitido ser inserido nesse tipo de contratação. Com a finalidade de equilibrar os direitos e obrigações das partes no contrato de bandeira, o legislador deveria estabelecer, exemplificativamente, que são nulas de pleno direito as cláusulas que visem a elidir os objetivos da lei, notadamente as que proíbam a resilição unilateral do contrato permitida pelo artigo 473 do Código Civil, autorizem a distribuidora a exigir o cumprimento forçado do contrato, exijam a devolução dos equipamentos cedidos em comodato ao término do contrato, deixem ao exclusivo critério da distribuidora a precificação dos produtos, estabeleçam volumes mínimos de aquisição, transfiram para o revendedor toda a responsabilidade por passivo ambiental ou por danos a terceiros, imponham obrigações pecuniárias para o livre exercício do direito de contratar e/ou descontratar etc. Enfim, uma lei federal que regulamente os contratos entre distribuidor e revendedor de combustíveis é medida que se impõe para frear o abuso cometido pelo primeiro em relação ao segundo, como cada vez mais se verifica nos contratos por adesão existentes atualmente.

É relativamente fácil constatar na prática que, muitas vezes, a distribuidora abusa do direito ao estabelecer cláusulas contratuais que, praticamente, impedem o revendedor de se desvincular do contrato

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MEIO AMBIENTE

Emissões sob controle Desenvolvimento de novas formas de mobilidade, energia elétrica e hidrogênio, além de incentivos às fontes renováveis e aos programas de inspeção veicular, estão na pauta da indústria automotiva, que trabalha para conseguir maior eficiência energética e controle de emissões

A despeito do momento de retração econômica, com consequente queda nas vendas, a indústria automotiva continua trabalhando no desenvolvimento de novos motores, com foco na eficiência energética e maior controle das emissões. Na pauta das montadoras aparecem desde estudos com novas fontes de mobilidade (elétrica, hidrogênio e fontes renováveis), até trabalhos mostrando a importância de aditivos e lubrificantes específicos e a necessidade de adoção de programas de inspeção veicular. Todos estes temas foram debatidos durante o “Simpósio de eficiência energética, emissões e combustíveis”, realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), no dia 7 de junho, em São Paulo (SP). Durante o evento, os participantes fizeram um balanço do programa Inovar-Auto, que se encerra em dezembro deste ano, e os primeiros passos para o Rota 2030 (veja box), além de discutirem as próximas etapas do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) e o impacto dos combustíveis no desenvolvimento dos motores. Uma das principais preocupações do setor é atender às legislações para controle de emissões e viabilizar tecnologias para isso. “O tema do simpósio é de vital importância 44 • Combustíveis & Conveniência

Fotos: João Oliveira

POR ROSEMEIRE GUIDONI

Simpósio de eficiência energética, emissões e combustíveis, contou com a presença de executivos do setor automotivo e debateu novas fontes de mobilidade

para o atual cenário da indústria automotiva, diante das legislações atuais do Proconve e do Promot [programa similar ao Proconve, voltado a motocicletas e similares], e com o novo Programa Rota 2030 em substituição ao Inovar-Auto. A AEA contribuiu muito para a evolução do setor e, principalmente, com as montadoras no cumprimento dos limites de emissões”, destacou Edson Orikassa, presidente da entidade, durante a abertura do simpósio. Mas apesar dos resultados já obtidos, ainda há um longo caminho a ser percorrido em busca de maior controle nas emissões. Um dos grandes problemas é a falta de renovação de frota, especialmente no caso dos veículos pesados, e também a ausência de programas de inspeção veicular. Na avaliação de Gabriel Branco, sócio-diretor da Environmentality, sem inspeção e controle, parte das tecnologias atuais não tem o efeito esperado na qualidade do ar. “O Pro-

grama de Inspeção e Manutenção foi criado, juntamente com o Proconve, para induzir os usuários a fazerem a manutenção correta de seus veículos, bem como permitir um feedback sobre os resultados reais das tecnologias certificadas nos veículos novos, imprescindíveis ao aprimoramento das medidas de controle”, explicou. “A característica principal deste programa é a obtenção de grandes massas de dados, por testes simplificados e realizados uma vez por ano em cada veículo, cujas estatísticas permitem gerar informações preciosas para orientação do governo, das montadoras, dos mecânicos e dos usuários”, completou Branco. Em sua visão, os testes veiculares também possibilitam maior controle de irregularidades, como, por exemplo, as relacionadas ao uso inadequado (ou o não uso) do Arla 32. Marcelo Bales, gerente do setor de Avaliação de Emissões Veiculares da Cetesb, apresentou alguns levantamentos rea-


lizados no laboratório de emissões do órgão ambiental, demonstrando que, de fato, a inspeção veicular é essencial para o controle e manutenção dos limites. Segundo ele, em 2016, foram realizados três mil ensaios, englobando 83 modelos de 18 marcas. Os resultados mostraram que a maior parte das empresas introduziu as tecnologias necessárias para garantir os limites de emissões previstos para 2017, e duas delas já atendem, inclusive, os limites estabelecidos para 2025. Porém, uma delas está bastante defasada. “Com inspeção e monitoramento regular, esta defasagem poderia ser mais rapidamente solucionada”, apontou.

Destaque para o etanol Os atuais programas do governo voltados para os combustíveis (Combustível Brasil e RenovaBio) também têm seu papel no incentivo de tecnologias mais limpas. Segundo Ricardo Abreu, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Mahle, apesar de a eletrificação veicular ser o avanço mais importante no setor, o etanol deve ocupar um papel relevante para a mobilidade limpa. “O motor à gasolina irá avançar, com a grande maioria de seus periféricos migrando para a tecnologia elétrica. No entanto, o combustível que vai promover modificações, por apresentar respostas mais eficientes em termos de sustentabilidade, é o etanol”, destacou. Segundo Abreu, o etanol vai passar por evolução. Há estudos em andamento que pretendem melhorar a performance do biocombustível, permitindo igualar o rendimento por quilômetro por litro em relação à gasolina, proporcionar autonomia do

veículo, e ainda reduzir a quantidade de material particulado. A opção do etanol como solução limpa também foi abordada por Felipe Machado, supervisor de engenharia da Cummins. A fabricante de motores diesel lançou, recentemente, nos EUA, um protótipo do motor IFS 2.8 movido a etanol que alcançou, segundo Machado, resultados bastante expressivos, como 50% a menos de emissão de CO2. Alfred Szwarc, consultor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) e da ADS Tecnologia, abordou os usos do etanol, puro ou adicionado à gasolina, ou ainda na propulsão híbrida, tecnologia que, em breve, deve estar no mercado. “Na cidade de São Paulo, temos 60 ônibus com motor ciclo diesel a etanol, movidos com 95% de etanol hidratado e 5% de um aditivo de ignição. Esta é uma tecnologia estabelecida, especialmente na Suécia, onde foi aperfeiçoada, e tivemos a oportunidade de conhecer um trabalho, que envolveu duas montadoras e um sistemista, sobre o uso combinado com diesel à propulsão – ou seja, o cami-

nhão é usado com diesel e etanol, mas em tanques diferentes, não misturados. Há também a possibilidade de uso de hidrogênio a partir de etanol. Então, o uso de etanol no mundo está crescendo”, disse. De acordo com Szwarc, os EUA, atualmente, são os principais produtores de etanol, seguidos do Brasil. “Ultrapassamos os 100 milhões de litros em 2016, e isso representa mais do que o consumo anual de gasolina da China, que é o segundo maior consumidor de combustíveis do mundo”, observou, ressaltando que o etanol tem baixo impacto ambiental e emissões reduzidas. “Em comparação com a gasolina pura, o etanol responde por 89% menos emissões”, frisou. Para o consultor, o etanol é uma alternativa que já está pronta e consolidada. “A eletrificação é válida e virá para a matriz do país, mas até substituirmos nossa frota por elétricos vai demorar algumas décadas, enquanto que a adoção do etanol em maior escala é mais rápida”, defendeu. “Por isso, acreditamos que políticas públicas devem promover

Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais e Desenvolvimento de Produtos da Petrobras, abordou as metas de redução de emissões e combustíveis alternativos

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MEIO AMBIENTE

a eficiência energética e a crescente inserção do etanol na matriz energética. Sem o etanol, o Brasil será apenas importador de tecnologias automotivas”, afirmou.

Cenários futuros Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais e Desenvolvimento de Produtos da Petrobras, falou sobre as metas de redução de emissões e combustíveis alternativos, dentre os quais se destacam os hidrocarbonetos renováveis (caso do diesel fabricado a partir de biomassa), que atendem às especificações do diesel, gasolina e até o querosene. “Para cada país, existem situações direcionadoras de tecnologias diferentes. Por exemplo, quando falamos de veículo elétrico, que tem emissão zero, precisamos avaliar a matriz energética do país em questão. A nossa matriz é maravilhosa, é positiva, mas há países que não têm isso, e outras alternativas precisam ser pensadas para promover maior controle de emissões”, afirmou. Para Kremer, o impacto do veículo elétrico para o segmento do petróleo não será significativo, já que existem outras demandas petroquímicas e marítimas. “Para 2040, se o veículo elétrico entrar no mercado com a força que está se prevendo hoje, o petróleo será afetado em 10 milhões de barris, número que representa cerca de 10% do mercado atual. Isso não é um fantasma para o petróleo”, disse. Fábio Ferreira, engenheiro elétrico responsável pela área de desenvolvimento da Bosh, traçou alguns cenários para o futuro da mobilidade, destacando que o desenvolvimento deverá seguir três pilares. “Não há dúvidas de que haverá mobilida46 • Combustíveis & Conveniência

de puramente elétrica no mundo. A questão é como, quando e de que forma, em que velocidade. A eletrificação cresce exponencialmente, com novas empresas entrando no mercado, novas formas de uso do veículo. Os veículos híbridos deverão ter papel crescente também”, destacou. Ferreira declarou, porém, que, no segmento de veículos comerciais, o diesel deve predominar. “As legislações relacionadas ao controle de emissões estão cada vez mais restritivas, mas, nesta área, existe um grau de inovação elevado, com propulsão e meio ambiente”, disse. Assim, o diesel ainda deverá manter grande participação na matriz, com algumas inovações na área de eletrificação, mas sem grandes avanços na eletrificação pura. “Os veículos híbridos terão papel importante para o Brasil, uma relação custo benefício interessante. O desafio tecnológico é complexo”, apontou.

Balanço do Inovar-auto O vice-presidente da Anfavea, Henry Joseph Júnior, abordou os impactos do Inovar-Auto na indústria automotiva, mostrando os resultados obtidos com o programa. “Tivemos resultados positivos, como a modernização do parque automotivo, aumento das unidades industriais, de 57, em 2012, para 67 unidades neste ano, e aumento capacidade produtiva para 5 milhões de veículos por ano, contra 3,8 milhões quando o programa iniciou”, afirmou. Além disso, segundo o executivo, os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e Engenharia alcançaram R$ 15 bilhões, o que permitiu um grande salto tecnológico para o setor. “Com o Inovar-Auto, as empresas ti-

Conceitos do Rota 2030 O programa Rota 2030, criado pelo Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, que substituirá o Inovar-Auto, é um novo planejamento para os próximos ciclos da indústria automotiva. Seus principais conceitos são: a Definição de metas de eficiência energética em longo prazo; a Sincronização das metas de regulação com emissões de gases poluentes (conforme legislação do Proconve); a Considerar o etanol e todo o seu ciclo como fonte energética; a Promoção de políticas que estimulem pesquisa, desenvolvimento e engenharia no país, para assegurar o incremento tecnológico; a Simplificar e eliminar barreiras à implementação da legislação vigente de inspeção veicular; a Promover a elevação dos ganhos de eficiência energética, emissões e segurança, com programas de renovação da frota; a Criar estímulos para a introdução de novas tecnologias que trazem ganhos reais ao consumidor. veram que melhorar pelo menos 12% da eficiência energética dos veículos licenciados. Como exemplo das evoluções, podemos citar os motores menores, turbocompressores, injeção direta, pneus verdes, blocos de alumínio e avanços no etanol”, ressaltou. O Inovar-Auto se encerra no final de dezembro deste ano, para dar lugar ao Rota 2030, que tem como pilares principais eficiência energética, inspeção veicular para monitoramento dos resultados, incentivos tributários e aumento do desenvolvimento tecnológico. n


PERGUNTAS & RESPOSTAS

LIVRO

Neste período de vendas menores, qualquer prejuízo pesa no orçamento do negócio. O revendedor deve tomar alguns cuidados quando fornecer combustível para transportadoras ou outras empresas. Confira abaixo as dicas para evitar futuros problemas, inclusive autuações da ANP: Quais são os cuidados que o revendedor deve ter quando fornecer combustível em grandes volumes para pessoas jurídicas, como transportadoras ou órgãos públicos? O revendedor prudente deve ter o cuidado de sempre celebrar contrato por escrito em caso de venda de combustíveis sem que ocorra o pagamento imediato. Quais são os itens essenciais que devem constar no contrato para evitar futuros problemas como o não pagamento ao posto? • Qualificação completa das partes contratantes; • Identificação das placas e características dos veículos autorizados a efetuar o abastecimento em nome da empresa contratante; • A obrigação do motorista do veículo de se identificar com seu nome completo e função/cargo que exerce na empresa contratante; • A obrigação do frentista da contratada de conferir os dados do veículo e do motorista para executar o abastecimento; • A forma de pagamento; • Estipulação de penalidades pecuniárias pelo não pagamento na forma e prazo contratados, inclusive com autorização do contratante ou banco emitente do boleto a levar o título a protesto; • Prazo do contrato; • Hipóteses de rescisão do contrato; • Constar os sócios da empresa contratante como fiadores do contrato; • Foro eleito para dirimir controvérsias do contrato, que deve ser o do estabelecimento do posto de combustíveis contratado. Qual é a periodicidade de pagamento recomendada para constar no contrato? Quanto menor o prazo menor é a chance de o posto de combustíveis contratado acumular prejuízo em caso de inadimplência. Portanto, o melhor seria o pagamento semanal. Como se trata de grandes volumes e há desconto no preço, como o revendedor deve exibir o preço na bomba? Nestes casos, o revendedor deve fornecer o desconto no momento do pagamento. Não é prudente que descontos exclusivos para determinados clientes estejam visualmente identificáveis para todos os consumidores, na medida em que algum cliente ou órgão de fiscalização, como o Procon, por exemplo, pode interpretar a situação como um tratamento diferenciado, podendo, assim, exigir a mesma condição de preço. Existem casos concretos em que o fiscal do Procon entendeu que tal prática corresponderia a infração ao disposto no artigo 22, inciso IV do Decreto 2.181/1997, combinado com o artigo 51, inciso IV do Código de Defesa do Consumidor. Se o revendedor separar uma bomba de combustível, para efetuar um atendimento exclusivo para estes consumidores, ele corre o risco de ser autuado pela ANP? Por quê? Existe o risco de ser autuado sim, porque diferenciação de valor de pagamento para o mesmo produto só poderia ocorrer em razão do meio ou da forma de pagamento, de acordo com os artigos 18 e 19 da Resolução ANP 41/2013, e não em razão do consumidor que está abastecendo. Informações fornecidas por Felipe Klein Goidanich, consultor jurídico da Fecombustíveis Combustíveis & Conveniência • 47

Livro: Empreendedores Inteligentes enriquecem mais Autor: Gustavo Cerbasi Editora: Sextante Com a crise econômica e o desemprego, cresce o número de empreendedores no país. No entanto, por falta de conhecimento ou preparo, o negócio pode ficar sem um plano de negócios ou uma boa gestão financeira. Duas situações costumam acontecer: ou o empreendedor ainda não tem condições de contratar especialistas para cuidar dos números e tenta gerenciá-los com seus conhecimentos básicos, ou então delega a tarefa para terceiros e não quer mais saber do assunto. Em ambos os casos, ele fica “no escuro”, pois abre mão de uma parte importante da gestão. Nesta obra, o autor Gustavo Cerbasi oferece dicas para assumir o controle financeiro e estratégias para o crescimento sustentável do negócio. Quanto mais simples e eficaz for seu modelo de gestão, menos tempo será dedicado ao controle financeiro e mais tempo sobrará para vender, aprimorar-se e prosperar.


CONVENIÊNCIA

Qualidade em primeiro lugar

Feiras de exposições do mercado de alimentação fora do lar e do setor de vinhos mostram que, apesar da crise, o consumidor brasileiro está mais exigente, busca diversidade de produtos, bom atendimento, rapidez e qualidade

POR ADRIANA CARDOSO

A crise econômica mudou o comportamento do consumidor. Hoje, ele pensa mais antes de gastar e privilegia a qualidade em detrimento da quantidade. As tendências apontam que o consumidor nacional está mais exigente com os produtos que consome, tanto em relação à alimentação fora do lar, quanto na compra do vinho para levar para casa. Estas tendências foram apresentadas em duas feiras, a Fispal Food Service 2017 e a Expovinis 2017, direcionadas aos comerciantes do varejo em geral, realizadas em junho, em São Paulo. “Em vez de consumir mais vezes, o brasileiro prefere consumir melhor. Ele aprendeu com a crise que quer gastar com experiência”, disse Sérgio Molinari, diretor e fundador da Food Consulting. 48 • Combustíveis & Conveniência

A taxa de desemprego no país (na casa dos 12,9%) refletiu significativamente no setor de alimentação fora do lar. Para se ter uma ideia do impacto, de 2014 a 2016, o faturamento anual desse segmento caiu de R$ 401 bilhões para R$ 380 bilhões em 2016, e a projeção é de que o alívio só comece a chegar a partir do segundo semestre deste ano, segundo Molieri. De acordo com o palestrante, isso significa que a concorrência não se dará por nichos, por exemplo, pizzarias concorrendo com pizzarias, restaurantes por quilo com restaurantes por quilo e por aí vai. Agora, a concorrência será geral, incluindo as lojas de conveniência. “Não há espaço para crescer mais que 5%”, afirmou Molinari, enfatizando que a concorrência se tornará mais acirrada. Para ilustrar, ele mostra o que aconteceu no mundo, especialmente na Europa pós-crise em 2008. O

setor de food service vem caindo, desde então, nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha, França, Austrália e Reino Unido, sem perspectivas de recuperação. Por outro lado, o ticket médio cresceu nesses países, assim como no Brasil. Segundo o palestrante, houve 8% de aumento no ticket médio gasto pelo brasileiro em 2016, enquanto as transações ficaram 4% menores. Outra pesquisa apresentada por Molinari aponta que os brasileiros continuam frequentando pizzarias (50,6%), redes de fast food (54%), restaurantes self-services (50,9%), padarias (32%), bares e lanchonetes (34,4%), mas priorizam lim-


Divulgação

peza, sabor/aroma, apresentação e atendimento à frente do preço.

Equipe A Fispal também mostrou a necessidade de treinamento para se montar uma boa equipe de atendimento. Se o cliente quer um bom serviço, os colaboradores têm que oferecer um atendimento de qualidade. A consultora Lívia Estefaneli, sócia da Pra.toh Assessoria e Treinamento para Bares e Restaurantes, enfatizou: “invista no treinamento, na hospitalidade e profissionalização de sua equipe. Crie novidades que promovam visibilidade. O cardápio, por exemplo, deve ser o

chamariz de venda”, apontou. Nesse sentido, Lívia reforçou a ideia de que a experiência do consumo é mais importante que o preço. Já para Erika Fisher Chickkanoff, consultora da XK9 Comunicação, é importante que o proprietário saiba definir estratégias de propaganda mais focadas ao público que se quer atrair. “Toda propaganda tem que ter continuidade. Use aplicativos para se comunicar com seus clientes. Use e abuse da comunicação no seu ponto de venda”, aconselhou.

Novas gerações Conhecer o público que frequenta o estabelecimento e o com-

portamento das diferentes gerações são ferramentas importantes para a conquista de clientes. Os millennials representam 21% da população brasileira. Há ainda a geração X (anos 1970, considerada a geração do consumo), a do pós-Guerra (anos 1960 ou baby boomers) e a geração Z (anos 1995/2010). Embora o comércio deva olhar para todas elas, é preciso prestar atenção nas mudanças e preferências de consumo. “Para as novas gerações, o momento é uma coisa importante. Elas não podem esperar e, por isso, o cardápio tem que ter diversidade e o prato deve estar na mesa em 15, 20 Combustíveis & Conveniência • 49


CONVENIÊNCIA

minutos. A refeição faz diferença - se é vegetariano, lactose ou glúten free. É preciso entender o tipo de cliente que se atende”, sugeriu Alberto Weisser, diretor de estabelecimento e consumidores da Sodexo. A rede de fast food Bob’s, por exemplo, decidiu mudar sua estratégia há alguns anos para aprimorar sua comunicação e relacionamento com as novas gerações. Em suas campanhas publicitárias, lançou mão da popularidade de ídolos teen nas redes sociais, como a cantora Preta Gil e o youtuber Whindersson Nunes. Marcelo Farrel Silva, diretor-executivo da marca, afirma que a estratégia tem dado certo. “A mudança teve como ponto de partida acompanhar as novas gerações e a tecnologia, levando-se em conta as macrotendências, como liberdade e personalização, conveniência, horizontalização do relacionamento, melhor custo-benefício e comida, fazendo com que o consumidor sinta-se em casa”, disse. No caso da comida mais saudável, vale a pena mudar o mix de produtos. Em vez de queijos processados, queijos mais naturais;

oferecer pães assados na loja, como o italiano; instalar terminais de autoatendimento nos quais o cliente pode personalizar o pedido; e criar um novo design das lojas, com ambiente mais contemporâneo e acolhedor, além de programas de fidelização, como o Bob’ s Fã. O resultado disso é que houve um crescimento de 25% a 50% de faturamento nas lojas franqueadas Bob’s, que acumulou R$ 1,3 bilhão em 2016 e conta com 1.100 pontos de venda.

Expovinis As mudanças no mercado de consumo também se estendem para o setor de vinho. Não só as vinícolas brasileiras, como as de países mais tradicionais na produção de vinho, como o Chile, têm se esmerado em agradar os clientes. Entre as tendências mais promissoras debatidas na feira está a produção de vinhos com menor teor alcoólico e com aromas mais frutados, elegantes e menos amadeirados, como era comum nos anos 2000. Isso porque as ge-

Feira Pizzas, comida vegetariana, pães feitos com fermentação natural, comida japonesa, sucos naturais, sorvetes e cafés gourmet. A Fispal Food Service trouxe uma variedade de produtos com o objetivo de atrair especialmente os consumidores mais preocupados com a saúde e mais exigentes com o sabor. Uma das novidades desta edição foi o espaço dedicado para alimentação vegana. Um dos estandes mais concorridos da feira foi o de Rogério Shimura, padeiro especialista em produzir massas com levain (fermento natural). As suas palestras estiveram entre as mais concorridas da feira e o quiosque onde seus produtos foram vendidos estava entre os mais movimentados.

50 • Combustíveis & Conveniência

rações mais jovens têm mais preocupação com a saúde e, por essa razão, buscam produtos mais saudáveis e menos alcoólicos. Na Exponivis 2017, a mais importante feira do segmento de vinhos da América Latina, mostrou que, apesar de incipiente, o Brasil tem evoluído, se comparado a mercados mais maduros, como o chileno, argentino e francês. Na premiação dos Top Ten (dez melhores vinhos e espumantes), o espumante brasileiro Elegance, da Peterlongo, foi o vencedor nacional na categoria. Com aroma delicado e sabor amanteigado, o espumante faz parte da nova estratégia da vinícola gaúcha, que beirou à bancarrota há alguns anos, de adentrar em mercados mais refinados. A feira também mostrou que outras regiões brasileiras vêm despontando na produção de bons vinhos, como a região serrana paulista onde fica Espírito Santo do Pinhal. É nessa localidade que está a Casa Verrone, ganhadora com o melhor tinto nacional. Além disso, novos investidores têm visto, no mercado de vinho nacional, uma oportunidade de negócios. Um dos exemplos é a Dunamis Vinhos, do Rio Grande do Sul, de uma família de empresários do setor agropecuário. “Estamos há cerca de dez anos nesse mercado. Temos como clientes algumas lojas de conveniência no Sul, mas como produzimos vinhos um pouco mais caros, acabamos perdendo mercado para vinícolas com produtos mais populares”, disse Celso Ricardo Gromowski, diretor da vinícola. n


Frederico Amorim | Fundador e sócio-diretor da Cardinalis Consultoria

OPINIÃO

Juntando a fome com a vontade de comer As lojas de conveniência já apresentaram diversas vocações desde que surgiram no Brasil no final dos anos 80 e início dos anos 90. Já tiveram ares de delicatessen. Já foram minimercados. Já houve a “moda” das store in store, em que outra operação – muitas vezes franqueada – era implantada em um espaço da loja. Todas estas vocações respondiam a um contexto econômico, alinhando-se ao momento social e cultural do país. Atualmente, a toada em curso é o forte direcionamento para o food service – ou seja, a alimentação fora do lar. Lojas voltadas para o serviço de refeições, seja ao estilo cafeteria, lanchonete, ou mesmo restaurante, possuem um alinhamento tão forte com o momento, que parecem ter chegado para ficar. O hábito ou necessidade de alimentar-se fora do lar é uma realidade para muitos brasileiros. A rotina atrapalhada, os tempos de deslocamento, o aumento do número de estabelecimentos e o incremento das ofertas fazem com que boa parte dos brasileiros escolha esta opção à famosa marmita, ou mesmo encarar o trajeto até em casa. Este cenário desenha a oportunidade perfeita para que as lojas de conveniência se apresentem como uma opção acessível, prática e, é claro, conveniente para este público. Podemos dizer que esta é a “fome”. Temos ainda a “vontade de comer”. Ou seja, uma característica intrínseca do mercado de revenda de combustíveis. Os postos e seu (até então) core business, que é (era) a venda de combustíveis, vem enfrentando uma drástica queda de rentabilidade. A margem dos combustíveis vem encolhendo continuamente, forçando o revendedor a buscar outros negócios que sejam sinérgicos e complementares ao abastecimento. A alimentação rápida cai como uma luva para o momento da visita ao posto. Não somente por se encaixar no momento de consumo – seja do motorista, seja do pedestre – bem como pela elevada margem proporcionada pelo negócio. Lojas de conveniência costumam ter em torno de 30% a 35% de margem de contribuição. Já a categoria food service, particularmente, pode chegar até a 60% de margem em alguns casos. Assim sendo, trata-se de uma excelente maneira de incrementar o resultado operacional do negócio. Além disso, existem outras nuances: o combustível enquadra-se no tipo de produto de “rotina”, ou seja, que o consumidor compra frequentemente. Porém, tem baixa capacidade de fidelização, visto que, no fundo, trata-se de uma commodity. Por outro lado, uma loja de conveniência, especialmente bem trabalhada, pode posicionar o posto todo como um varejo de “destino”. Ou seja, o cliente escolhe especificamente aquele posto, por conta daquela loja, que tem aquele croissant de chocolate maravilhoso. Desta forma, o food service pode ser o grande driver, que atrai o consumidor para o ponto de venda como um todo. Entretanto, nem tudo são flores. A operação de food service é muito complexa, requerendo bastante especialização por parte do revendedor e da equipe. Atendimento às normas da Anvisa, rigoroso controle de estoque e, por fim, treinamento constante da equipe. Não somente nos aspectos de atendimento, mas também nos processos de produção, atenção ao padrão de execução de fichas técnicas e a correta exposição dos produtos. Uma coisa é certa: se o revendedor decidir enfrentar estas dificuldades com seriedade e persistência, a operação de food service pode ser um prato delicioso para se saborear, juntando a fome com a vontade de comer.

Uma loja de conveniência, especialmente bem trabalhada, pode posicionar o posto todo como um varejo de “destino”

Combustíveis & Conveniência • 51


REVENDA EM AÇÃO

Fotos: Valmir Lima

Luiz Felipe Moura Pinto, presidente do Sindicombustíveis Amazonas durante abertura do evento

Manaus reúne revenda do país Evento do Norte do Brasil contou com a presença de lideranças de todas as regiões brasileiras e estimulou o debate de assuntos que afetam o setor, como fiscalização POR MÔNICA SERRANO

O 14o Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência do Norte do Brasil, realizado em 22 e 23 de junho, em Manaus, reuniu autoridades locais, dirigentes sindicais de Norte a Sul do país, representantes das distribuidoras, ANP e revendedores da região, proporcionando troca de experiências, atualização de informações e debates acerca da realidade do setor. Na cerimônia de abertura, o anfitrião do evento, Luiz Felipe Moura Pinto, presidente do Sindicombustíveis Amazonas, iniciou o discurso 52 • Combustíveis & Conveniência

celebrando a ampliação da representatividade do sindicato para todo o estado. “Surge uma nova marca, o Sindicam passa a ser Sindicombustíveis Amazonas, alinhando, assim, com a maioria dos sindicatos do comércio do Brasil. Deixamos de ser um sindicato do município de Manaus para assumir uma responsabilidade maior, que é a representatividade legítima de todo o estado do Amazonas”, comemorou. Luiz Felipe também divulgou a nova rede de lojas de conveniência Aghora Conveniência, que será disponibilizada para os revendedores do Amazonas. “É um modelo que foi desenvolvido para caber

no bolso de todos os revendedores, sem royalties, sem franquias, formamos um modelo de financiamento de marca, com taxa mínima de manutenção e um mix flexível de produtos e serviços”, comentou. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, aproveitou o momento da reunião com as autoridades para mostrar o funcionamento do setor da revenda, uma vez que boa parte da sociedade não tem conhecimento da complexidade da atividade. A burocracia do segmento é uma das dificuldades, que se torna grande empreitada para o empresário abrir seu negócio. O revendedor


tem que cumprir uma série de procedimentos e apresentar documentação extensa, que somam onze licenças; enquanto que, em outros países, bastam duas licenças para operar um posto de combustível. “O Brasil é o país mais difícil para constituir uma empresa. Nos Estados Unidos e na Europa, os processos são simples, racionais e rápidos. Já no Brasil, há um emaranhado de leis e o excesso de burocracia encarece a atividade, que transforma o empresário em um verdadeiro saltador de obstáculos. Somos o setor mais fiscalizado do país”, enfatizou. O presidente aproveitou para esclarecer como funciona o mercado quando a Petrobras reduz os preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias. Em geral, no mesmo dia em que a Petrobras anuncia queda de preços, a imprensa quer saber quando o preço será repassado para a bomba. “Eu sou proibido de comprar combustível da refinaria. Só posso adquirir da companhia distribuidora, de forma que meu preço está atrelado à companhia distribuidora. Por sua vez, a companhia trabalha com estoques altíssimos, de 50 milhões a 200 milhões de litros, e ela não vai vender por um preço mais baixo para o posto enquanto não repor seus estoques nestes valores. Então é normal que demore um pouco mais para cair o preço na bomba. Não há o menor conhecimento de como funciona o comércio”, disse. Nesse momento em que o Brasil está passando por uma crise econômica, os problemas se recrudesceram, a situação piorou, há mais reclamações e as fraudes aumentaram.

Faz parte da rotina da liderança sindical, acompanhar constantemente os projetos de lei, que podem trazer ainda mais problemas para o setor. Diante da luta diária da revenda, Paulo Miranda fez um apelo: “gostaria de lembrar aos meus parceiros de sindicatos que temos que ser perseverantes e não podemos desistir.” Marcelo da Silva, superintendente adjunto de Fiscalização do Abastecimento da ANP, representante do diretor-geral, Décio Oddonne, iniciou seu discurso abordando a complexidade que é elaborar novas regras ou revisar as já existentes. Segundo Silva, mudar o arcabouço regulatório não é simples e, dependendo da forma como uma regulamentação é alterada, pode trazer efeitos negativos ao invés de proporcionar benefício, que seria o papel primordial de uma norma. Ele chamou a atenção para a velocidade das mudanças oriundas da tecnologia que também impactam no setor, como aplicativos ou novas formas de atividades que demandam mudança nas normas, entretanto as questões regulatórias não caminham na mesma velocidade.

Fiscalizar um país de dimensões continentais também não é tarefa fácil e nem sempre a punição é o melhor remédio. “Temos que agir com razoabilidade. Punir quem tem que ser punido e educar quem tem que se educado. A nossa função é mais educar do que punir”, frisou. Para exercer esta função educativa, Silva anunciou que, em breve, será publicada a ampliação das regras da Medida Reparadora de Conduta, aplicadas em transgressões consideradas leves, oferecendo ao agente econômico um prazo para fazer a correção, ao invés de punir no ato da fiscalização. Ele também anunciou uma nova resolução, que vai regulamentar a Lei das Penalidades, permitindo um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas. “Para determinadas situações, isso introduz na primeira visita para o micro e pequeno empresário uma correção, sendo passível de autuação, o que vai trazer melhora para o mercado e facilitar esse aprendizado”, comentou. Também realizou um breve discurso o deputado estadual Ad-

Klaiston D’Miranda, assessor jurídico da Fecombustíveis, esclareceu as dúvidas sobre a Portaria do Benzeno

Combustíveis & Conveniência • 53


REVENDA EM AÇÃO

juto Afonso (PDT-AM), representante do presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, que se colocou à disposição da revenda para apoiá-la, quando necessário, em relação aos projetos de lei que podem comprometer o bom funcionamento do mercado.

A instabilidade do atual cenário político foi tema da palestra de Gerson Camarotti, jornalista e comentarista político da GloboNews

Cenário político A recente crise política, que se deflagrou após a delação premiada do Grupo JBS, foi tema da palestra de abertura de Gerson Camarotti, jornalista e comentarista político da GloboNews. Com o avanço das investigações da Operação Lava-Jato, tem-se descoberto, cada vez mais, empresas e políticos de partidos diversos envolvidos com o esquema de corrupção, em Brasília. A situação se agravou com o diálogo gravado entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer, criando um abismo em relação à credibilidade do atual governo, que já enfrentava grande impopularidade. “O cenário mudou tanto desde 2015, que era imprevisível fazer qualquer análise que se chegasse ao ponto que está hoje. Quem imaginaria que, depois do gover-

Motivacional A palestra de encerramento do evento contou com a presença de Dado Schneider, publicitário e criador da marca Claro, que mostrou a importância dos revendedores estarem conectados com as mudanças para conviver e entender as novas gerações, que serão os futuros consumidores.

54 • Combustíveis & Conveniência

no Temer ter se estabelecido, estaríamos vivendo um novo período de instabilidade política, que cria uma paralisia em Brasília. É uma situação de muita dificuldade”, disse Camarotti. Do ponto de vista político, onde quer que se olhe, os principais grupos e partidos políticos estão manchados pela corrupção ou estão sob investigação. A cada capítulo da Operação Lava-Jato é notório o envolvimento de políticos, que tentam boicotar o avanço das investigações. E a pergunta que não quer calar: será que o presidente Temer vai terminar o mandato? Apesar da dificuldade para se fazer previsões, na opinião de Camarotti, há chances, porém, na atual conjuntura, não se sabe o que pode ocorrer. O principal prejuízo ao país, na visão do jornalista, é o adiamento das reformas, devido à instabilidade política, principalmente as da previdência e tributária, que poderão ser herdadas pelo próximo presidente.

Fiscalização em destaque O painel sobre fiscalização nos postos revendedores foi apresentado

por Aldenira Queiroz, subsecretária municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura de Manaus, que apresentou o processo de licenciamento ambiental dos postos em Manaus; Oswaldo Wanderley, assessor da presidência do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), que destacou as principais verificações do instituto nos postos locais; e Marcelo da Silva, da ANP, que trouxe à reflexão o princípio jurídico da preservação da empresa. “O valor da empresa é maior do que o empresário porque ela promove o emprego e gera arrecadação de tributos ao governo. Se você mata a empresa, você prejudica o país”, disse. Como o setor é bastante regulado, sendo fiscalizado por ANP, secretarias de Fazenda, Inmetro, Ipems, Ministério do Trabalho e Emprego, órgãos ambientais, Procons e demais órgãos, esta atividade possui um emaranhado de legislações para cumprir. E, segundo Silva, muitas vezes, o excesso de normas cria uma assimetria entre os agentes econômicos, o que dificulta o acesso à informação para os pequenos empresários, uma vez que não dispõem de recursos para contratação de consul-


torias e serviços especializados, podendo ser penalizados duramente. Nesse sentido, a ANP tem refletido sobre seu papel de reguladora, se a pena está tendo uma função educadora ou se está agindo desproporcionalmente entre os agentes. Em busca de equilíbrio, a agência reguladora pretende publicar os manuais de fiscalização, trabalhar para que os processos sejam digitalizados e modernizar o arcabouço regulatório. Juntamente com as palestras principais, ocorreu uma programação paralela, com dois painéis sobre fiscalização, direcionados para frentistas e gerentes de postos de com-

bustíveis, ministrados por Celso Guilherme Figueiredo Borges, gerente de Relações Públicas da Fecombustíveis, e José Antonio Rocha, secretário-executivo da Fecombustíveis, respectivamente.

Benzeno em foco As principais questões sobre segurança e saúde do trabalhador na revenda de combustíveis foram abordadas na palestra de Klaiston D’Miranda, assessor jurídico da Fecombustíveis. O advogado apresentou as principais determinações da Portaria 119/2016, conhecida como a Portaria do Benzeno, que visa pro-

Momento de homenagem Paulo Miranda Soares prestou uma homenagem a Luiz Felipe, presidente do Sindicombustíveis-AM, pelo trabalho que tem prestado para defender os legítimos interesses da revenda. “Eu me lembro quando ele assumiu o cargo, encontrou o sindicato desmantelado e, desde então, fez um bom trabalho. Por conta disso, entrego esta placa pela sua dedicação, pelo seu trabalho e pelo bom amigo que você é”, disse. Luiz Felipe demonstrou surpresa e agradeceu a homenagem. Ele compartilhou sua vontade em deixar a liderança sindical, devido aos problemas que se avolumam no setor em função das dificuldades e complexidade da atividade. “Temos uma luta incansável e poucas vezes somos reconhecidos. Muito obrigado!”.

Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, lê a placa de homenagem entregue a Luiz Felipe de Moura Pinto, presidente do Sindicombustíveis Amazonas

teger o funcionário da exposição ao produto presente na gasolina, considerado muito prejudicial à saúde. Miranda destacou que o armazenamento da amostra-testemunha de gasolina deve ficar em áreas ou recintos fechados. “Eu já entrei no posto onde a amostra-testemunha estava na mesa da secretária. Mas as coisas estão evoluindo e o revendedor tem que se adequar. A amostra tem que ficar em um ambiente onde o trabalhador não transite para que não haja risco dele inalar o benzeno”, disse. Na hora da descarga do combustível no tanque, o funcionário tem que usar máscara. Já para o frentista, a máscara não é necessária, mas é obrigatório usar luva ou passar creme luvex para proteção das mãos. A Portaria 119 proíbe o uso de flanela como apoio da bomba na hora de abastecer o veículo ou mesmo que seja para limpar algum respingo de gasolina, pois o tecido fica contaminado. A regra é usar somente o papel toalha. O ponto que tem gerado polêmica nos postos é a regra que obriga o revendedor a lavar o uniforme do funcionário. Miranda comentou que, na maioria das cidades brasileiras, não há lavanderia industrial, o que tem inviabilizado a aplicação da regra. Por outro lado, se for instalada uma máquina de lavar no posto, a água da lavagem tem que ser tratada e descartada adequadamente, o que tem causado um impasse para a revenda. “No final do ano, terá revisão desta portaria e vamos apresentar as dificuldades dos postos em cumprir esta regra”, disse Miranda. n Combustíveis & Conveniência • 55


RESPONSABILIDADE SOCIAL

Maio Amarelo: segurança no trânsito em destaque Campanha educacional e preventiva contra acidentes ganha adesão do sindicato da revenda do Mato Grosso do Sul e é divulgada em vários postos de Campo Grande De acordo com Lina Firmino dos Santos, gerente administrativa do posto, os clientes foram conscientizados sobre a necessidade de serem prudentes e responsáveis no trânsito, além de terem recebidos

POR JULIANA PIMENTA

56 • Combustíveis & Conveniência

Frentistas de postos de Mato Grosso do Sul alertaram os clientes sobre os riscos de acidentes de trânsito

Divulgação Sinpetro-MS

A revenda de Mato Grosso do Sul, por meio do Sinpetro-MS, abraçou o combate de acidentes de trânsito e se engajou na campanha Maio Amarelo, que tem como objetivo despertar a conscientização da sociedade sobre segurança na direção, com diversas ações preventivas de combate ao elevado número de vítimas de acidentes de carro. Com o mote “Se Liga na Vida”, o Sinpetro divulgou a campanha, pautada nas cinco principais causas de óbitos: dirigir sob o efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso do capacete, falta do cinto de segurança e de cadeirinhas para crianças. A campanha foi lançada no dia 23 de abril e um dos postos que participou foi o Posto dos Poderes, em Campo Grande, que envolveu todos os funcionários, principalmente frentistas, para alertar os clientes sobre os riscos da direção veicular.

brindes, como saquinhos de lixo para carro com informações preventivas, por exemplo. Para Lina, a participação nesse tipo de campanha faz parte do papel do posto em manter o seu compro-


misso social com programas voltados para a comunidade, visando melhorar a qualidade de vida e preservar o meio ambiente. “Nosso estabelecimento preza pelo cuidado com informação e atendimento de forma consciente, refletindo, assim, positivamente para o bom relacionamento para com todos”, acrescentou. As mesmas iniciativas do Maio Amarelo também foram adotadas pelo proprietário Walmir Faleiros, do posto Aero Rancho, de Campo Grande. Ele conta que também já participou de outras atividades sociais, como a campanha do agasalho e vacinação em massa e, segundo Faleiros, houve efeitos positivos. “As respostas e o apelo à campanha melhoraram a fidelização de clientes e atraíram novos consumidores para o posto. Além disso, observamos

um respeito maior da comunidade e dos clientes habituais”, comentou.

Nova adesão Outro sindicato da revenda, o Sindicombustiveis Bahia, vai incluir, no calendário do ano que vem, a campanha Maio Amarelo dentro das iniciativas realizadas pelo Posto Solidário 2018. O sindicato tem uma ampla atuação em campanhas de cunho social e programas educativos. Exemplo disso é que o sindicato participa todos os anos do Outubro Rosa e Novembro Azul, campanhas preventivas contra o câncer de mama e o de próstata, respectivamente.

Legislação Também em maio, mês de conscientização sobre os riscos de acidentes, a Assembleia Legislativa do Es-

tado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o projeto de lei 1.021/15, do deputado Benedito Alves (PRB), que “estabelece que postos de gasolina instalem placas alertando sobre a importância do uso do cinto de segurança”. De acordo com a Alerj, a regra define que os cartazes sejam fixados em locais visíveis ao público e contenham mensagens curtas e impactantes, usando a frase “Preserve a vida. Use cinto de segurança”. O deputado Benedito Alves (PRB-RJ) defendeu que, apesar de diversas campanhas de conscientização, ainda existem muitas incidências do não uso do cinto pelos passageiros do banco traseiro dos veículos. A escolha dos postos como local estratégico de divulgação foi devido à concentração de grande fluxo de pessoas. n

Mortes no trânsito Maio Amarelo teve origem após a realização de uma assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em que definiu o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. O documento foi elaborado com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países. O Brasil ocupa o 4º lugar no ranking de mortes por acidentes de trânsito, perdendo apenas para China, Índia e Nigéria, conforme estudo divulgado pelo Instituto Avante Brasil. Esses dados são reforçados pelo Ministério da Saúde em recente pesquisa, que revela que mais de 37 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil em 2015. Os países com maior número de acidentes de trânsito são os que possuem os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), o que está diretamente relacionado à renda per capita e à educação dos cidadãos. Nesse sentido, se os acidentes de trânsito que assolam vidas pelo país estão relacionados à educação de pedestres e condutores, nada melhor do que promover campanhas de conscientização e palestras didáticas que ajudem a reduzir esses índices.

Combustíveis & Conveniência • 57


ATUAÇÃO SINDICAL

RIO GRANDE DO SUL

Sulpetro apoia campanha um dia sem impostos

No dia 6 de junho, aconteceu a 13ª edição do Dia da Liberdade de Impostos. A iniciativa foi promovida pelo Instituto Liberdade, pelo Sulpetro e pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL). A campanha consiste na tradicional venda de gasolina sem impostos para os consumidores. Neste ano, mais que o dobro de estabelecimentos aderiram, cerca de 63 mil litros de gasolina foram vendidos com valores reduzidos, em 21 postos de combustíveis em 12 cidades gaúchas: Porto Alegre, Gravataí, Caçapava do Sul, Cachoeirinha, Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Portão, Rio Grande, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Santa Rosa. As ações também foram realizadas em outras capitais nacionais. 58 • Combustíveis & Conveniência

O combustível foi comercializado a R$ 2,00 o litro, das 8h às 11h30, mediante distribuição de 150 senhas por posto participante, a partir das 7h. Cada senha permitiu o direito à compra de 20 litros de gasolina comum, apenas para pagamento em dinheiro. O objetivo central da campanha é conscientizar a sociedade sobre a alta carga tributária paga hoje pelos cidadãos brasileiros, estabelecendo uma relação do valor com o tempo que cada um deve destinar do seu ano apenas para quitar as obrigações impostas pelo Estado. Segundo o Impostômetro, ferramenta criada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e divulgada por instituições como Fecomércio-RS e Associação Comercial de São Paulo, em 2016, foram pagos mais de R$ 2 trilhões

em tributos, sendo que, em 2017, de 1º de janeiro até os primeiros dias de maio, foram registrados cerca de R$ 800 bilhões em tributos pagos no país. Considerando os números de 2016, os brasileiros precisaram trabalhar 153 dias exclusivamente para pagar os impostos cobrados pelo governo. Nos EUA, esse número cai para 98 dias e no Chile, para 94 dias. Nos últimos 15 anos (de 2001 a 2016), o número de dias que o brasileiro trabalha para pagar impostos aumentou de 130 para 153. De acordo com recente estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o país com a maior carga tributária em toda a América Latina e Caribe, cerca de 50% superior à média da região. (Neusa Santos)

Marcelo Amaral/Portphoto

Postos no Rio Grande do Sul que aderiram à campanha atraíram consumidores


PARÁ

Amigo do Verde A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) de Belém realizou, entre os dias de 02 a 06 de junho, a XIV Semana do Meio Ambiente e homenageou as entidades que contribuíram, de alguma forma, com a qualidade ambiental. Na ocasião, foi entregue o diploma “Amigo do Verde” ao presidente do Sindicombustíveis-PA, Ovídio Gasparetto. Apesar de a atividade de postos de combustíveis serem potencialmente poluidoras, o setor tem um dos mais rigorosos controles para

evitar qualquer tipo de risco ambiental, como derramamento de combustíveis no meio ambiente. De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-PA, 98% dos tanques em Belém são ecológicos. “Nós moramos numa cidade que está entre as três primeiras no país com tanques ecológicos, estando à frente de grandes capitais do país que ainda têm que trocar mais de 30% a 40% dos seus tanques”, afirmou. Por conta disso, receber homenagem devido à preocupação e o cuidado com o meio ambiente sim-

boliza reconhecer que o cenário do setor vem mudando ao longo dos anos. “Antes, os empresários eram criticados pela atuação de sua atividade, considerada potencialmente poluidora. Hoje, conseguimos mostrar que nós também nos preocupamos com o meio em que vivemos. Essa preocupação também se estende às gerações futuras. É nosso dever realizar atividades que desenvolvam ou preservem um serviço voltado ao segmento ambiental”, concluiu. (Assessoria de Comunicação do Sindicombustíveis-PA)

Ovídio Gasparetto recebe diploma Amigo do Verde em reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo Sindicato nos postos locais, que contam com 98% de tanques ecológicos

Divulgação

Combustíveis & Conveniência • 59


AGENDA

JULHO Encontro de Revendedores do Sudeste

Data: 20 e 21 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES e demais Sindicatos da Região Sudeste Informações: (27) 3322-0104

AGOSTO ExpoPostos & Conveniência

Data: 15 a 17 Local: São Paulo (SP) Realização: Fecombustíveis, Sindicom e Abieps Informações: (21) 2221-6695 Encontro de Revendedores do Centro-Oeste Data: 31 e 1º de setembro Local: Brasília Realização: Sindicombustíveis-DF e demais Sindicatos da Região Centro-Oeste Informações: (61) 3274-2849

SETEMBRO 19º Congresso Nacional dos Revendedores de Combstíveis e 18º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul

Data: 28 a 1º de outubro Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro-RS Informações: (51) 3930-3800

OUTUBRO NACS Show

Data: 17 a 20 Local: Chicago (USA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@ fecombustiveis. org.br e assessoria. comunicacao@ fecombustiveis. org.br. Alguns eventos poderão ser modificados nas próximas edições.

60 • Combustíveis & Conveniência

Encontro de Revendedores do Sul

Data: 26 e 27 Local: Paraná (PR) Realização: Sindicombustíveis-PR e demais Sindicatos da Região Sul Informações: (41) 3021-7600

NOVEMBRO Encontro de Revendedores do Nordeste

Data: 23 e 24 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis Bahia e demais Sindicatos da Região Nordeste Informações: (71) 3342-9557


TABELAS

em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

15/05/2017 - 19/05/2017

1,733

1,705

15/05/2017 - 19/05/2017

1,507

1,301

22/05/2017 - 26/05/2017

1,732

1,700

22/05/2017 - 26/05/2017

1,519

1,328

29/05/2017 - 02/06/2017

1,697

1,674

29/05/2017 - 02/06/2017

1,469

1,319

05/06/2017 - 09/06/2017

1,668

1,622

05/06/2017 - 09/06/2017

1,465

1,319

12/06/2017 - 16/06/2017

1,644

1,604

12/06/2017 - 16/06/2017

1,470

1,337

Maio de 2016

1,589

1,572

Maio de 2016

1,427

1,254

Maio de 2017

1,735

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)

ETANOL ANIDRO

Em R$/L

1,709

Maio de 2017

1,523

1,335

Variação 15/05/2017 16/06/2017

-2,5%

2,7%

Variação Maio/2016 São Paulo Maio/2017

6,7%

6,4%

2,2 2,1 2,0

1,4

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)

mai/17

abr/17

jlul/16

jun/16

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

ETANOL ANIDRO

Em R$/L

mai/16

1,2

mar/17

Goiás

1,3

fev/17

1,5

jan/17

1,6

8,7%

dez/16

1,7

nov/16

9,1%

1,8

set/16

Variação Maio/2016 Maio/2017

-6,0%

out/16

-5,1%

ago/16

1,9

Variação 15/05/2017 16/06/2017

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L

2,2

2,1

2,1

1,9

2,0 1,9

1,7

1,8

1,5

1,7 1,6 1,4

São Paulo

1,1

Goiás

1,3

mai/17

abr/17

mar/17

fev/17

jan/17

dez/16

out/16

nov/16

set/16

ago/16

jlul/16

jun/16

0,9

mai/16

mai/17

abr/17

mar/17

fev/17

jan/17

dez/16

nov/16

set/16

out/16

jlul/16

ago/16

jun/16

Goiás mai/16

1,2

1,3

São Paulo

1,5

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L 2,1

Fonte: CEPEA/Esalq Nota 1:1,9 A partir de 02/01/2017, inclui o Pis/Cofins (R$ 0,12/L) Nota 2: Os dados da Região Nordeste não foram divulgados em decorrência da 1,7 insuficiência de informações para o período em questão 1,5 1,3 1,1

São Paulo Goiás

0,9

Combustíveis & Conveniência • 61


TABELAS

COMPARATIVO DAS MARGENS E PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS

em R$/L - Maio 2017

Distribuição

Gasolina BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

2,994

3,152

0,158

5,0%

3,152

3,614

0,462

12,8%

Com bandeira Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,994

3,175

0,181

5,7%

3,175

3,581

0,406

11,3%

Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,994

3,184

0,190

6,0%

3,184

3,596

0,412

11,5%

Sem bandeira

2,994

3,064

0,070

2,3%

3,064

3,417

0,353

10,3%

Com bandeira

2,994

3,078

0,084

2,7%

3,078

3,493

0,415

11,9%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

2,994

3,045

0,051

1,7%

3,045

3,498

0,453

13,0%

Com bandeira

2,994

3,166

0,172

5,4%

3,166

3,592

0,426

11,9%

Sem bandeira

2,994

3,045

0,051

1,7%

3,045

3,496

0,451

12,9%

2,994

3,138

0,144

4,6%

3,138

3,570

0,432

12,1%

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S500 BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

2,438

2,649

0,211

8,0%

2,649

3,073

0,424

13,8%

Com bandeira Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,438

2,648

0,210

7,9%

2,648

3,015

0,367

12,2%

Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,438

2,625

0,187

7,1%

2,625

2,983

0,358

12,0%

Sem bandeira

2,438

2,600

0,162

6,2%

2,600

2,878

0,278

9,7%

Com bandeira

2,438

2,532

0,094

3,7%

2,532

2,900

0,368

12,7%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

2,438

2,522

0,084

3,3%

2,522

2,923

0,401

13,7%

Com bandeira

2,438

2,633

0,195

7,4%

2,633

3,017

0,384

12,7%

Sem bandeira

2,438

2,525

0,087

3,4%

2,525

2,922

0,397

13,6%

2,438

2,602

0,164

6,3%

2,602

2,990

0,388

13,0%

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S10 BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)3

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

2,517

2,720

0,203

7,5%

2,720

3,156

0,436

13,8%

Com bandeira Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,517

2,749

0,232

8,4%

2,749

3,138

0,389

12,4%

Sem bandeira

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

N/D

Com bandeira

2,517

2,752

0,235

8,5%

2,752

3,172

0,420

13,2%

Sem bandeira

2,517

2,671

0,154

5,8%

2,671

3,112

0,441

14,2%

Com bandeira

2,517

2,594

0,077

3,0%

2,594

2,981

0,387

13,0%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

2,517

2,569

0,052

2,0%

2,569

2,992

0,423

14,1%

Com bandeira

2,517

2,735

0,218

8,0%

2,735

3,149

0,414

13,1%

Sem bandeira

2,517

2,572

0,055

2,1%

2,572

2,996

0,424

14,2%

2,517

2,704

0,187

6,9%

2,704

3,120

0,416

13,3%

Resumo Brasil

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 08/2017 e 09/2017. (3) Com inclusão do custo do frete de entrega do produto.

62 • Combustíveis & Conveniência


em R$/L

FORMAÇÃO DE PREÇOS Ato Cotepe nº 11 de 09/06/2017 - DOU de 12/06/2017 - Vigência a partir de 16 de Junho de 2017

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

73% Gasolina A

27% Etanol Anidro (1)

Diesel S500

(2)

1,044 0,540 0,073 0,958 0,521 0,073 0,955 0,534 0,073 1,024 0,533 0,073 0,970 0,528 0,073 1,010 0,528 0,073 1,093 0,452 0,073 1,091 0,460 0,073 1,090 0,449 0,073 0,892 0,532 0,073 1,125 0,444 0,073 1,061 0,455 0,073 1,069 0,452 0,073 0,973 0,529 0,073 0,951 0,524 0,073 0,893 0,524 0,073 0,909 0,529 0,073 1,019 0,453 0,073 1,011 0,452 0,073 0,956 0,524 0,073 0,989 0,539 0,073 0,979 0,541 0,073 0,993 0,476 0,073 1,061 0,457 0,073 0,999 0,524 0,073 1,025 0,449 0,073 0,940 0,452 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

92% Diesel

8% Biocombustível (5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

73% CIDE

92% CIDE (2)

1,372 0,196 0,046 1,327 0,200 0,046 1,259 0,196 0,046 1,346 0,196 0,046 1,323 0,200 0,046 1,379 0,200 0,046 1,555 0,181 0,046 1,517 0,188 0,046 1,553 0,181 0,046 1,230 0,200 0,046 1,597 0,181 0,046 1,530 0,181 0,046 1,470 0,188 0,046 1,282 0,196 0,046 1,332 0,200 0,046 1,310 0,200 0,046 1,251 0,200 0,046 1,331 0,177 0,046 1,446 0,188 0,046 1,306 0,200 0,046 1,302 0,196 0,046 1,290 0,196 0,046 1,363 0,177 0,046 1,384 0,177 0,046 1,379 0,200 0,046 1,485 0,188 0,046 1,291 0,196 0,046 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279

92% PIS/ COFINS (2) 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228 0,228

Carga ICMS 1,065 1,105 0,836 0,900 1,089 1,111 1,021 0,982 1,121 1,012 0,937 0,910 1,167 1,132 1,113 1,070 0,981 1,012 1,365 1,085 1,003 0,973 1,142 0,898 1,031 0,844 1,070 2,870

Carga ICMS 0,631 0,553 0,561 0,883 0,569 0,532 0,495 0,359 0,466 0,563 0,572 0,563 0,480 0,575 0,549 0,538 0,518 0,336 0,507 0,550 0,544 0,566 0,357 0,346 0,529 0,349 0,495 2,328

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

3,001 2,936 2,677 2,808 2,938 3,000 2,917 2,884 3,012 2,787 2,857 2,777 3,039 2,986 2,939 2,838 2,770 2,836 3,179 2,917 2,881 2,844 2,962 2,767 2,905 2,670 2,814

25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 28% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 34% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%

4,260 3,810 3,345 3,599 3,890 3,830 3,647 3,637 3,738 3,614 3,750 3,640 4,024 4,043 3,838 3,688 3,633 3,490 4,014 3,743 3,856 3,890 3,806 3,590 3,554 3,374 3,690

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,473 2,355 2,290 2,699 2,367 2,386 2,505 2,338 2,474 2,268 2,624 2,548 2,412 2,327 2,355 2,322 2,244 2,118 2,415 2,331 2,316 2,326 2,171 2,180 2,383 2,296 2,256

17% 18% 18% 25% 18% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 16% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%

3,711 3,071 3,116 3,532 3,160 3,130 3,300 2,991 3,105 3,130 3,362 3,310 3,199 3,381 3,048 2,988 3,046 2,800 3,170 3,058 3,201 3,330 2,973 2,880 2,941 2,905 2,750

Combustíveis & Conveniência • 63


TABELAS em R$/L

FORMAÇÃO DE PREÇOS UF

92% Diesel

8% Biocombustível

92% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

92% PIS/ COFINS (2)

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,314

0,196

0,046

0,228

0,578

2,362

18%

3,209

BA

1,382

0,200

0,046

0,228

0,605

2,461

18%

3,360

CE

1,441

0,200

0,046

0,228

0,539

2,454

17%

3,170

ES

1,576

0,188

0,046

0,228

0,359

2,397

12%

2,991

GO

1,620

0,181

0,046

0,228

0,487

2,562

15%

3,245

MA

1,280

0,200

0,046

0,228

0,579

2,333

18%

3,217

MG

1,522

0,188

0,046

0,228

0,501

2,485

15%

3,341

PA

1,336

0,196

0,046

0,228

0,587

2,393

17%

3,452

PE

1,293

0,200

0,046

0,228

0,546

2,313

18%

3,033

PR

1,378

0,177

0,046

0,228

0,353

2,182

12%

2,940

RJ

1,509

0,188

0,046

0,228

0,535

2,506

16%

3,343

RS

1,425

0,177

0,046

0,228

0,373

2,249

12%

3,109

SC

1,431

0,177

0,046

0,228

0,365

2,247

12%

3,040

SP

1,552

0,188

0,046

0,228

0,368

2,382

12%

3,069

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

2,379

(4)

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS (R$ 0,12/L) e frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no ano de 2016. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES DE BIODIESEL

em R$/L

NORTE

NORDESTE

Mai-Jun/2017: 2,320 Jul-Ago/2017: 2,355

Mai-Jun/2017: 2,375 Jul-Ago/2017: 2,491

CENTRO-OESTE

Mai-Jun/2017: 2,138 Jul-Ago/2017: 2,289 SUDESTE

Mai-Jun/2017: 2,215 Jul-Ago/2017: 2,354

BRASIL

Mai-Jun/2017: 2,133 Jul-Ago/2017: 2,280

SUL

Mai-Jun/2017: 2,081 Jul-Ago/2017: 2,219 Fonte: ANP

64 • Combustíveis & Conveniência


em R$/L - Maio 2017

PREÇOS DAS DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel S10 Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel S500 Etanol

BR 3,176 2,598 N/D

Manaus (AM)

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,326 2,763 3,096

3,059 2,621 N/D

3,140 2,972 2,033

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,031 2,791 2,318

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,175 2,747 2,377

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,960 2,315 2,051

Gasolina Diesel S10 Etanol

N/D 3,065 N/D

Campo Grande (MS)

Porto Alegre (RS)

3,246 2,611 3,020

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,277 2,639 2,675

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,094 2,678 2,644

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,059 2,515 2,624

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,256 3,275 N/D N/D 2,809 3,020

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,040 2,757 2,750

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,072 2,609 2,495

3,212 3,106 N/D

N/D N/D N/D

N/D N/D N/D IPP

2,910 2,560 N/D

3,030 2,560 N/D BR

3,351 2,775 3,027

2,862 2,444 2,870

3,245 2,848 3,110

3,169 2,621 N/D

3,608 3,019 3,195

Equador 3,538 3,578 3,003 3,003 2,765 2,765

Raízen 3,411 3,480 2,873 2,904 2,504 2,969

3,258 3,007 2,122

Raízen 3,141 3,280 2,998 3,170 2,025 2,204

3,112 2,911 1,990

3,174 2,971 2,580

Taurus 2,960 3,168 2,690 2,950 2,272 2,534

3,094 2,817 2,433

3,237 3,058 2,882

3,375 2,847 2,496

3,224 2,694 2,360

3,375 2,850 2,468

3,170 2,650 2,322

Raízen 3,375 2,850 2,440

3,105 2,476 2,354

2,950 2,275 2,053

3,201 2,444 2,299

2,977 2,317 2,044

Raízen 3,150 2,460 2,496

N/D 3,066 N/D

3,138 2,622 2,544

3,188 2,622 2,544

3,171 2,698 N/D

Raízen 3,179 2,698 N/D

3,288 2,730 2,848

Raízen 3,385 3,390 N/D N/D N/D N/D

BR

IPP

IPP

BR

IPP

BR 3,385 2,766 3,020

3,170 2,521 2,848

3,233 3,087 2,167 IPP

BR

BR

Florianópolis (SC)

3,370 2,677 2,689

IPP

IPP

3,357 2,767 2,770

Gasolina Diesel S10 Etanol

N/D

Raízen 3,164 3,169 2,760 2,760 2,941 2,941

BR

3,536 2,985 2,979

3,430 2,951 3,241

2,979 2,628 2,566

Atem's 3,170 3,190 2,620 2,620 2,867 2,867

IPP

3,067 2,700 2,895

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,186 2,776 3,202

BR

3,085 2,755 2,743

Raízen 3,312 3,447 2,780 2,908 3,141 3,155

Natal (RN)

Recife (PE)

Maceió (AL)

Maior BR 3,103 2,699 3,071

3,142 2,815 2,938

3,043 2,797 2,682

Raízen 3,152 2,837 2,747

3,567 2,982 2,918

3,346 2,769 2,766

Raízen 3,584 2,982 2,977

3,499 2,799 2,916

Alesat 3,247 3,382 2,517 2,653 2,657 2,679

3,225 2,616 2,654

Raízen 3,486 2,658 2,877

3,184 2,699 2,680

Raízen 3,157 3,264 2,637 2,731 2,621 2,628

3,148 2,663 2,672

Alesat 3,148 2,663 2,672

3,140 2,842 2,724

Raízen 3,113 3,239 2,588 2,787 2,570 2,759

3,016 2,528 2,516

IPP

BR

IPP

BR

João Pessoa (PB)

Menor

2,950 2,606 3,041

BR

Fortaleza (CE)

Maior

Raízen 2,966 3,012 2,923 2,923 N/D N/D

3,010 2,636 N/D

Teresina (PI)

Menor

3,181 2,636 N/D

Gasolina Diesel S10 Etanol

Equador 2,900 3,180 2,450 2,700 2,980 2,980

BR

IPP

3,120 2,510 2,803

3,212 3,106 N/D

2,955 2,550 2,610

Maior

3,120 2,510 2,780

3,281 3,176 N/D

Equador 2,990 3,360 2,618 2,800 2,750 2,830

Gasolina Diesel S10 Etanol

Gasolina Diesel S10 Etanol

Menor

Maior

3,230 2,874 2,907

BR

BR

3,015 2,530 3,171

3,346 2,804 2,971

Curitiba (PR)

Menor Total

IPP 3,438 2,805 3,028

3,209 3,108 N/D

Gasolina Diesel S500 Etanol

Goiânia (GO)

3,098 2,827 2,745

IPP

Rio Branco (AC)

Cuiabá (MT)

3,176 2,598 N/D

3,280 2,769 3,028

Porto Velho (RO) Gasolina Diesel S500 Etanol

Maior IPP

BR

Boa Vista (RR)

Gasolina Diesel S500 Etanol

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel S10 Etanol

Maior

BR

IPP

BR

IPP

BR 3,263 2,622 2,905

3,192 2,696 2,892

3,272 2,745 2,976

3,246 2,800 2,926

Raízen 3,099 3,232 2,680 2,806 2,699 2,825

3,078 2,690 2,650

Petrox 3,201 2,810 2,829

3,285 2,758 2,737

3,030 2,480 2,411

3,320 2,824 2,740

3,040 2,497 2,400

Raízen 3,310 2,678 2,751

Gasolina Diesel S500 Etanol

Atlântica 3,137 3,154 2,557 2,609 N/D N/D

3,174 2,602 N/D

3,247 2,749 N/D

3,191 2,604 N/D

Raízen 3,288 2,804 N/D

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,357 3,675 2,537 2,832 2,631 2,962

3,446 2,656 2,707

3,592 2,743 3,021

3,383 2,606 2,640

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,229 2,774 2,148

3,358 2,986 2,262

Raízen 3,135 3,385 2,721 2,883 2,164 2,294

3,160 2,693 2,180

3,320 3,027 2,571

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,841 2,468 1,927

3,240 2,681 2,559

2,746 2,418 1,837

3,160 2,678 2,400

2,867 2,476 1,928

Raízen 3,076 2,648 2,139

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,086 2,663 2,613

3,263 2,856 2,906

3,130 2,760 2,704

3,293 2,809 3,056

3,225 2,822 2,839

Aracaju (SE)

Salvador (BA)

Vitória (ES)

BR

IPP

BR

Rio de Janeiro (RJ)

Belo Horizonte (MG)

BR

São Paulo (SP)

Brasília (DF)

3,150 2,622 2,905

3,148 2,761 2,776

IPP

BR

BR

IPP

BR

Raízen

BR 3,559 2,697 2,872 IPP

IPP

3,359 2,926 3,020

Fonte: ANP

Combustíveis & Conveniência • 65


CRÔNICA

por Antônio Goidanich

Quousque tandem? O inverno gaúcho se apresentou um pouco antes do esperado. Dias e dias de chuva fina e enregelante. Umidade que penetra os nervos e os ossos. A ausência do sol cobra em ambiente depressivo. As canchas inundadas são de impossível utilização. Os parceiros do tênis a diário examinam suas extremidades temendo aparecimento de escamas. - Que coisa horrorosa. Estou me sentindo um sapo. - Com todo esse tempo. Com toda essa chuva. Não dá nem para ver televisão. Só dá noticiário. - Que é como uma novela chata, repetitiva e manipuladora. Acusam todo mundo. Espalham no ventilador. E as responsabilidades ficam nubladas.

66 • Combustíveis & Conveniência

Autoridades de quem se deveria esperar muito, declinam da responsabilidade. Jogam para a imprensa. Acho que eles têm a impressão de que podem enganar o mundo todo. Julgamentos em transmissão ao vivo. Todos agindo para dar espetáculo. É difícil de aturar. - Bom, nada mais autoritário que a imprensa. E parece haver a firme intenção de não se chegar a nenhum resultado. Quanto das enormes quantidades de dinheiro da FBS, da Odebrecht e outras doadoras de propina foi parar nos cofres da imprensa? Até quando o Brasil vai suportar isto? Em algum momento... - Como diria Cícero: quousque tandem?




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