Relatório Faça Acontecer

Page 1


CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS PELO

Introdução

Bem-vindo ao relatório de responsabilidade social da ação Faça Acontecer: Unidos pelo RS da Faz Capital.

Este material foi desenvolvido com o objetivo de valorizar a transparência na apresentação dos resultados das ações sociais da Faz Capital e parceiros durante as enchentes no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Ao longo deste documento, iremos apresentar a campanha Faça Acontecer: Unidos pelo RS e detalhar os resultados alcançados com as iniciativas, incluindo o número total de donativos arrecadados (seja em dinheiro, alimentos, roupas, utensílios domésticos e demais itens essenciais para garantir o bem-estar da população), a abrangência das atuações, os voluntários responsáveis pelo sucesso das ações, uma breve contextualização das enchentes no Rio Grande do Sul e todas as demais informações essenciais para uma prestação de contas com todos que colaboraram na campanha.

Além dos dados que evidenciam a dimensão da ação, faremos uma homenagem e traremos relatos de pessoas especiais que foram parceiros essenciais para o fortalecimento e continuidade das ações por todo o estado do Rio Grande do Sul e algumas regiões do Brasil. Sem essas pessoas, grandes protagonistas dessa história que ficará marcada na memória da Faz Capital, não teríamos alcançado os resultados que apresentaremos a seguir.

Esta publicação tem como referência as atividades realizadas no período de 01 de maio a 25 de junho de 2024, iniciadas através de uma campanha interna da Faz Capital que, no decorrer do tempo, atingiu proporções inimagináveis, mobilizando pessoas de todo o país.

A seguir, convidamos você a conhecer toda a mobilização realizada durante nosso período de atuação em solidariedade ao Rio Grande do Sul, através da campanha Faça Acontecer: Unidos pelo RS.

Desejamos a você uma ótima leitura!

Considerações importantes

1. Quando mencionamos a Faz Capital, nos referimos às movimentações feitas pelos gestores e colaboradores em prol da ação;

2. Ao utilizarmos o termo “parceiros”, nos referimos a todas as pessoas e organizações envolvidas nas ações que, de alguma forma, colaboraram para que a campanha Faça Acontecer: Juntos pelo RS prosperasse;

3. Este documento foi produzido com o intuito de prestar contas à sociedade e, principalmente, às pessoas e organizações envolvidas no apoio da campanha. No entanto, uma das grandes motivações para a produção deste documento foi homenagear todos aqueles que ajudaram a Faz Capital a ajudar o próximo. Sem vocês, nada seria possível.

4. Por último, mas com igual importância, se você participou e contribuiu de alguma forma com a campanha, e não visualizou seu nome nos agradecimentos ou no decorrer do material, saiba que somos eternamente gratos da mesma maneira.

Mensagem do CEO Lucas Ferraz

Responsabilidade financeira, preocupação com o destino de cada doação e transparência com as pessoas. Esses foram os princípios que guiaram as ações da Faz Capital e parceiros durante o período de campanha pelo RS.

Apesar dos nossos esforços para mantermos as pessoas bem informadas, encontramos alguns desafios de comunicação pelo caminho devido à proporção que a campanha acabou tomando e, consequentemente, ao alto volume de doações em dinheiro. Por conta disso, entendemos que seria necessário realizar, de alguma forma, uma prestação de contas à sociedade no geral, e principalmente com todas as pessoas que contribuíram com nossas ações.

Sentimos profundamente pela situação de cada pessoa que enfrentou dificuldades ao longo dessa tragédia, e eu, pessoalmente, entrei em contato com muitos dos atingidos. Por meio deste material, iremos demonstrar que todos os recursos doados foram utilizados de forma adequada, sempre prezando pelo bom senso e com o máximo de cuidado, garantindo que cada item enviado ou ajuda prestada fosse para salvar vidas.

Como profissional do mercado financeiro, entendo o valor de cada centavo, por isso, priorizamos desde sempre a assertividade com cada doação recebida. Como pessoa, entendo a importância de praticar a solidariedade e ser justo, por isso, utilizamos com compromisso e sabedoria todos os recursos recebidos.

Seja por meio de doações em dinheiro, roupas e alimentos, voluntariado ou até mesmo pelo compartilhamento nas redes sociais, sou grato a todos que contribuíram com essa emocionante demonstração de solidariedade. Juntos, mostramos que o poder da nossa força pode conquistar o que há de maior riqueza no ser humano: a empatia.

Tenho orgulho de afirmar, com toda a certeza, que cada pessoa envolvida nessa missão deu o seu melhor.

Como CEO da Faz Capital, tenho orgulho em dizer que conseguimos, de fato, fazer a diferença na vida das pessoas atingidas pela enchente. Vi e vivi cenas que jamais imaginaria, e isso vai me marcar para sempre. Nossa campanha ajudou milhares de pessoas e trabalhamos da forma mais transparente possível em todas as fases dela. Além disso, também ressalto que cada promessa que fizemos ao longo da ação Faça Acontecer: Juntos pelo RS foi ou está sendo cumprida. Afinal, uma cultura que aprendemos desde cedo e que levamos muito a sério, tanto como empresa quanto como pessoas, é de sempre manter a palavra.”

Mensagens da Diretoria

Entre os membros da Faz Capital, sofremos diversos impactos originados pela situação de calamidade pública enfrentada pelo Rio Grande do Sul no mês de maio. Dentre nossos colaboradores, muitos tiveram familiares atingidos no interior do estado; gestores de outros estados tentaram ajudar, mesmo à distância, viabilizando doações de todo o Brasil. Também tivemos diretores que foram diretamente afetados. E, diante disso, todos os membros da diretoria se mobilizaram para garantir que toda a equipe tivesse condições de ajudar o próximo nesse momento, guiando as equipes a praticar o voluntariado.

Saber que, como parte de um ecossistema forte, pudemos contribuir de diversas maneiras no enfrentamento dessa crise social nos faz acreditar que nossa equipe passou por um intenso aprendizado sobre cidadania e responsabilidade social, e descobriu novas formas de trabalhar em grupo.

Como membros da direção da Faz Capital, gostaríamos de agradecer a todos que se dedicaram a transformar esta ação em um grande case de responsabilidade social que marcou o nosso ano de 2024.

Quando entendi a magnitude de tudo que estava acontecendo no Rio Grande do Sul, não consegui mais me desconectar. Foram muitos dias 100% dedicados a isso e muitas noites dormindo pouco para ajudar os gaúchos com o que eu tinha para contribuir — meu networking e o alcance nas redes sociais. Com isso, consegui mobilizar recursos em dinheiro, doações físicas e voluntários de todo o Brasil e também no exterior.

Conseguimos criar uma grande rede de relacionamentos onde foi possível, com agilidade, conectar as doações com quem mais precisava na ponta. Sem dúvida, foi uma experiência que vai ficar pra sempre na minha memória.”

Vivemos um momento único: as enchentes devastaram o estado.

As águas sujas que inundaram nossas cidades carregaram consigo sonhos, conquistas e objetos que representavam histórias para cada cidadão gaúcho. Felizmente, o que a água não levou foi a nossa força, vitalidade, união e uma vontade tremenda de reerguer o nosso lar.

A base da atuação da Faz Capital nas enchentes começou muito antes dela. Chegamos, há algum tempo, na maturação da empresa e, rapidamente, ao nos depararmos com o cenário vivido, nos reorganizamos para atuarmos como voluntários usando uma combinação única – e potente – de três dos nossos principais atributos de valor: a colaboração, a agilidade e a resiliência.

A onda de solidariedade que vivenciamos ajudou nosso estado a diminuir os impactos causados pelas águas. Conheci durante o período que atuamos centenas de pessoas de diferentes regiões que nos ajudaram muito.

A atuação da Faz nas enchentes foi bem-sucedida, principalmente, porque já éramos uma equipe que sabia trabalhar em conjunto. Durante o período da nossa campanha, aplicamos muito conhecimento empresarial nas nossas atividades, mas sem dúvida o principal fator que ajudou a diminuirmos os impactos causados pelas enchentes foi a união, a solidariedade e a empatia do povo brasileiro que ficou ainda mais evidente após esse triste episódio.

UBIRATAN BENEDETTI
Sócio e Diretor B2B da Faz Capital
JAQUELINI LUZ
Sócia e Diretora de Marketing da Faz Capital
RENATA BARRETO Sócia e Influenciadora Digital

Faz Capital

Nossa maior riqueza são as pessoas

Somos a Faz Capital, uma instituição financeira que, acima de tudo, se coloca como um centro de orientação que ajuda pessoas a alcançarem seus objetivos financeiros, atuando como escritório de investimentos credenciado à XP.

Com entendimento de números, variáveis políticas, econômicas e matemáticas, impulsionamos vidas e negócios através de estratégias financeiras personalizadas, tendo como missão liderar o serviço de assessoria financeira no Brasil, ajudando clientes, colegas e parceiros a se tornarem mais prósperos.

Nossa visão é estar entre os principais players do mercado de assessoria com mais de R$ 10 bilhões sob custódia até o final de 2025. E, enquanto isso, nosso propósito diário é apontar os caminhos financeiros que levam as pessoas ao seu ápice: o da autorrealização.

Profissionalismo, conhecimento, colaboração, agilidade, resiliência, resultado: esses são os valores responsáveis por guiar cada decisão que tomamos, moldando a forma como interagimos com nossos clientes e com o mundo ao redor.

Durante as enchentes de maio de 2024 esses pilares, que constroem a nossa história desde 2017, foram fundamentais para alicerçar a campanha “Faça Acontecer: Unidos pelo RS”.

Nossa empresa nasceu em território gaúcho e, embora hoje tenhamos espaços físicos em São Paulo, Curitiba, Vitória e Pelotas mantemos uma forte ligação com Porto Alegre e a região metropolitana, onde mais da metade de nossa equipe reside.

Hoje somamos 260 pessoas na equipe e contamos com mais de 10 mil clientes ativos que nos confiam mais de 6 bilhões de capital sob gestão.

+260 +12mil +6bilhões

pessoas na equipe clientes ativos de capital sob gestão

Perfil dos colaboradores da Faz

Estamos entre as melhores empresas para se trabalhar no Brasil, com 96% de satisfação dos nossos colaboradores. Esse título, recebido pela primeira vez em 2022, remete fortemente à nossa cultura e aos nossos princípios. Todos esses números são motivo de grande orgulho para a Faz Capital, mas, mais do que isso, nos orgulhamos de dizer que somos feitos de pessoas. Pessoas que, acima de tudo, pensam no próximo.

A habilidade de integrar pessoas, empatia, acolhimento e alinhamento estratégico foi o que uniu colaboradores e parceiros, resultando em uma ação interna de solidariedade que, inicialmente focada na arrecadação de roupas, alimentos e R$ 5.000, se transformou em uma campanha internacional com mais de R$ 4 milhões arrecadados, além de diversos donativos, como alimentos, roupas, móveis e outros itens essenciais para o bem-estar das pessoas atingidas pela enchente.

A força da nossa cultura no pilar de pessoas, enraizada na nossa forma de atuar desde a nossa fundação, está diretamente relacionada com o impacto da nossa atuação durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.

O quadrante da nossa cultura é constituído em mercado, tecnologia, processos e, acima de tudo, pessoas: é disso que é feito o nosso DNA.”

A colaboração, um dos pilares da Faz, foi sentida de longe. Senti um orgulho imenso de pertencer à Faz por saber que, além de trabalhar ao lado de excelentes profissionais, também posso contar com pessoas que emanam amor ao próximo. Minha mãe foi uma das vítimas da tragédia, perdendo sua casa e todos seus pertences. Receber o apoio da equipe, da empresa e das pessoas que nos ajudaram nesse momento tão difícil foi fundamental para nos mantermos firmes e seguir sonhando.”

LUCAS FERRAZ Fundador e CEO
ROSANE FAGUNDES Sócia e Coordenadora de Pessoas e Cultura

Enchentes no RS

Uma catástrofe que deixou marcas nas cidades e no coração dos gaúchos

As fortes chuvas começaram em 27 de abril em Santa Cruz do Sul, na Região dos Vales. Sem cessar, prolongaram-se por mais de 10 dias, sobrecarregando as bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí, que transbordaram, invadindo municípios, arrasando cidades e destruindo vidas.

Como são interligadas, a água das bacias chegou ao Guaíba, em Porto Alegre, e à Lagoa dos Patos, em Pelotas e Rio Grande, que também transbordaram, inundando os municípios e desalojando famílias — a água alcançou locais onde, até então, nunca havia chegado. A Região da Serra também foi afetada pelas chuvas, mas em decorrência de deslizamentos de terra.

Quem não viveu essa experiência de perto jamais terá a dimensão do que foi presenciar a catástrofe climática de maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Os impactos das enchentes que atingiram o estado foram devastadores para a população e o meio ambiente, motivo pelo qual o evento é considerado um dos piores desastres naturais do Brasil.

Os danos causados pelas enchentes foram tantos, especialmente na região metropolitana de Porto Alegre, que geraram uma grande mobilização coletiva da sociedade brasileira e dos entes políticos e governamentais de diversas instâncias para o envio de doações e ajuda humanitária, além da busca urgente por recursos para a reconstrução das áreas atingidas.

Estima-se que as chuvas fortes atingiram mais de 94% das cidades do estado. Esse dado representa mais de 450 cidades afetadas ao longo do mês de maio de 2024.

Mais de 2,3 milhões de vidas foram impactadas, e centenas de cidades e comunidades testemunharam cenários de desespero, mas também de muita solidariedade e união.

Durante esse período, a população enfrentou desafios jamais vividos antes, superando os registros da tragédia de 1941, quando Porto Alegre também foi afetada pelas cheias do lago Guaíba.

Boa parte das cidades atingidas registrou precipitação superior a 500 mm em um intervalo de poucos dias, volume que corresponde a um terço do esperado para todo o ano, fazendo com que as bacias hidrográficas do Vale do Taquari e afluentes do Guaíba transbordassem. Para termos uma noção da dimensão da cheia, o nível do Guaíba chegou a 5,5 metros em maio de 2024, o maior índice já registrado na história do estado. As imagens do muro da Avenida Mauá, praticamente submerso e construído para ser um obstáculo de contenção das enchentes, são muito impactantes.

Com isso, todas as regiões ribeirinhas mais vulneráveis às enchentes ficaram submersas e expuseram uma trágica realidade vivenciada pelos gaúchos: desde a falta de água potável e alimentos à perda parcial ou total de bens materiais, até pessoas necessitando de resgates em suas residências tomadas pelas águas da enchente e pela rede de saneamento, que teve vários diques transbordando.

Um número expressivo de abrigos temporários foi montado em todas as cidades envolvidas, onde pessoas resgatadas por barcos, helicópteros e caminhões foram recebidas com a ajuda de doações, voluntários e aplicativos que surgiram para auxiliar nas buscas, nos resgates e na distribuição dos itens doados.

A expressão ‘cenário de guerra’, usada para descrever esse acontecimento literalmente desolador, que devastou diversas cidades, reflete o sentimento da população frente à gravidade da situação. Dentro desse contexto, nós da Faz Capital e parceiros tivemos contato com uma realidade avassaladora, em que era impossível não se comover.

Após a veiculação das primeiras notícias sobre as enchentes, a Faz Capital iniciou uma campanha interna para ajudar colaboradores afetados. O que não imaginávamos é que a situação se tornaria cada vez mais grave e que, graças à ajuda de parceiros e colaboradores, seria possível auxiliar tantas pessoas com doações totalizando uma quantia 800 vezes maior do que o valor inicial estipulado para arrecadação.

Durante as ações da Faz Capital, foi possível presenciar cenas que ficarão para sempre na memória e no coração de cada um. Para expressar todo o impacto que esse evento ocasionou, separamos alguns dados descritos abaixo:

*Está sendo apurado se as mortes têm relação com os eventos meteorológicos. Fonte: Defesa Civil, última atualização feita em 20/08/2024 https://www.defesacivil.rs.gov.br/defesa-civil-atualiza-balanco-das-enchentes-no-rs-10-7-66b67813ba21f-66c4eed627af9

Campanha Faça Acontecer: Unidos pelo RS

Números da ação

A combinação da nossa atuação como solucionadores de problemas junto à colaboração de uma equipe unida e de parceiros que compartilham os mesmos ideais resultou em metas definidas a partir da empatia pelo próximo. Esses números nos orgulham tanto como instituição quanto como indivíduos:

TOTAL DE R$

4.032.890,22 75mil 1mm. 06 25mil 1mm. 12mil 3,5mil

cestas básicas

Mais de R$

litros de água potável

helicópteros alugados para entrega de donativos em cidades sem acesso via estrada litros de combustível medicamentos

cobertores colchões

Operação Faz Capital

Para visualizarmos as semanas que marcaram mais de um mês de dedicação da Faz Capital durante as enchentes no RS, montamos uma cronologia da operação realizada para atender cerca de 20 municípios do estado. Ao longo desse período, diversos setores da empresa ficaram paralisados para atender integralmente a essa causa urgente de calamidade, engajando toda a nossa equipe ao longo de 6 semanas de ação.

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS

Uma equipe unida por um só propósito

Ter um perfil resolutivo é uma das características de todos os membros da equipe, pois isso faz parte da cultura da Faz Capital. Temos a ação no nosso nome e, em nosso DNA, a atitude de quem soluciona problemas. E durante o período de enchentes, isso ficou ainda mais evidente.

Devido à forma integrada e focada de operar da equipe, a Faz conseguiu estruturar um processo organizado para receber as doações, registrar tudo em planilhas contábeis com informações detalhadas e selecionar abrigos e famílias que precisavam receber as doações. Lucas Ferraz e sua esposa, Jamile, sediaram a equipe em um QG montado na casa do CEO, onde cerca de 150 colaboradores e parceiros se voluntariaram, atuando das 7h às 23h.

Por possuirmos um grupo de colaboradores multifacetados, encontramos facilidade em organizar a equipe de acordo com suas habilidades já desenvolvidas na empresa enquanto colaboradores. Dessa forma, o Henrique Silveira cuidou da contabilidade, a Paula Pereira atuou como Gerente de Projetos e a Jaquelini Luz e o Ubiratan Benedetti ficaram responsáveis pelo contato B2B, organizando entradas e saídas de pedidos junto à equipe de projetos.

Como as funções do grupo já eram definidas de acordo com suas atribuições e habilidades dentro da empresa, rapidamente foi criada uma área de inteligência para as doações. Esse movimento foi fundamental para evitar ao máximo o desperdício de recursos. No QG da Faz Capital, a linha de produção criada para a montagem de cestas básicas chegou a mais de 2.000 cestas por dia, e ao longo das seis semanas de ação, a equipe entregou insumos para a produção de milhares de marmitas.

A empresa interrompeu cerca de 90% de suas operações por pelo menos um mês para se dedicar integralmente ao auxílio aos afetados pelas enchentes no RS, e isso tornou a equipe ainda mais unida.

Voluntários de diversas cidades e de diferentes setores da sociedade também se juntaram ao QG e aos resgates com a Faz, incluindo pessoas que confiam na marca e, mesmo não sendo clientes ou não tendo uma relação direta com a empresa, se conectaram com a iniciativa e confiaram na credibilidade da organização.

Histórias que traduzem o que ficou na memória de cada um

A atuação da Faz nessa operação foi tão intensa que teríamos muitos casos e relatos emocionantes a compartilhar. Durante as enchentes, as necessidades mudavam rapidamente, e, a cada dia, vivenciamos diferentes histórias, cada uma delas muito particular.

Para trazer uma dimensão com diferentes perspectivas, trouxemos aqui algumas vivências em forma de relatos que carregam profundas reflexões e emoções de membros da nossa equipe, de parceiros nos abrigos e de pessoas diretamente afetadas pelas enchentes, que receberam doações e auxílio.

ACOLHIMENTO

NO MOMENTO CERTO

Dentre tantas histórias que temos para contar, a história do casal Fernanda e Jonas Lima, moradores de Charqueadas, se destacou pelo seu desfecho emocionante.

Tudo começou quando Jonas sofreu um infarto enquanto ajudava seus vizinhos a retirar os pertences de casa para tentar salvar seus bens. Para receber atendimento, ele e a esposa vieram até Porto

Alegre, onde Jonas foi hospitalizado. No entanto, logo após receber alta, não conseguiram retornar para a casa pois as estradas estavam bloqueadas.

Durante várias semanas do mês de maio, Porto

Alegre teve quase todos os seus pontos de acesso bloqueados. Com os alagamentos, a capital ficou praticamente isolada do restante do estado, sendo a única saída possível a que liga a Região Metropolitana ao Litoral Norte. Muitas pessoas deixaram a cidade para se refugiar nas praias do litoral gaúcho, a fim de não enfrentar a falta de água e de luz que atingiu quase todos os bairros.

Sem conseguir uma forma de voltar para casa, o casal ficou sem ter onde passar a noite, e Fernanda começou a buscar ajuda. Foi então que tomaram conhecimento das ações da Faz e pediram apoio pelo Instagram. Chegaram a combinar um ponto de encontro com a equipe da Faz para levá-los até Charqueadas no helicóptero alugado pela empresa para os resgates. No entanto, a chuva recomeçou, e o voo não foi possível. Por conta disso, Lucas ofereceu hospedagem para que passassem a noite em sua casa, e, na manhã seguinte, a história teve final feliz: conseguiram levá-los de helicóptero para casa.

Nos marcou muito. Estávamos sem saída, sem ter onde dormir aquela noite em que saímos do hospital, e ele (Lucas Ferraz) nos deu ‘pouso’ na sua casa sem sequer nos conhecer. Nos proporcionou uma cama quentinha e fomos muito acolhidos pela família dele. Só temos a agradecer, sem palavras... Digo e repito: que Deus abençoe todos da Faz Capital, sem sua equipe muitas pessoas ficariam sem auxílio.”

FERNANDA E JONAS LIMA

A CARGA MAIS VALIOSA DE TODA A VIDA

Entre os vários colaboradores nas ações da Faz Capital, os motoristas de caminhão que transportaram doações de outros estados foram verdadeiros heróis ao conseguirem levar as carretas até as cidades atingidas, mesmo com várias estradas bloqueadas.

Um dos motoristas que trouxe uma carga do Nordeste do país e passou mais de 24 horas viajando enviou uma mensagem emocionante para Ubiratan Benedetti. Ele relatou que, ao passar por Natal, Fortaleza, Recife e outros lugares, conheceu pessoas especiais que quiseram se unir à causa. Com suas palavras, é impossível não se emocionar.

Pra mim, foi a carga mais valiosa que já carreguei em toda a minha vida... Pra você ter uma ideia, essa carga não tem preço. Essa carga tem união, força; ela tem um valor imenso pra mim. Essa carga que estou levando pro senhor, eu faria nem que fosse a última viagem da minha vida.

Ao longo dessa jornada, conheci centenas, milhares de pessoas. Fui a Fortaleza, vim a Natal, e, descendo, em Recife comecei a carregar essa carga. E a viagem foi perfeita...”

Áudio enviado por João a Ubiratan Benedetti.

OPERAÇÃO ESMERALDA DIA DAS MÃES

No segundo domingo de maio, tradicional data do Dia das Mães, quando a crise gerada pelas enchentes estava em seu auge, levamos uma mãe e sua filha recém-nascida, Esmeralda, de apenas 13 dias, de volta para casa. Marcello Moreno, ídolo do futebol com passagens pela Seleção Boliviana, pelo Grêmio, Cruzeiro e Flamengo, participou dessa ação, transportando mãe e filha em um helicóptero custeado pela campanha ‘Faça Acontecer: Unidos pelo RS’, para que conhecessem sua cidade e sua família, em um reencontro emocionante.

O MELHOR PRESENTE DE DIA DAS MÃES

Uma outra história emocionante envolvendo o Dia das Mães é a de Ana Maria Janovik, gaúcha moradora da cidade paulista de Osasco/SP. Sensibilizada com a situação crítica das enchentes, ela fez um pedido inusitado ao marido: a doação de um caminhão de mantimentos aos atingidos.

Graças à repercussão da campanha da Faz nas redes sociais, Cleber, também gaúcho, confiou sua carga à equipe voluntária, que recebeu os mantimentos e realizou a distribuição dos itens para associações de moradores e abrigos da Zona Sul de Porto Alegre.

SOLIDARIEDADE POR TODOS OS LADOS

A falta de água foi um dos eventos mais marcantes das enchentes. Pessoas lotaram supermercados e esgotaram as prateleiras de diversos mantimentos. Muitos ficaram sem conseguir comprar água, que inclusive foi um dos itens mais enviados como doação para o estado.

Além disso, os mercados das regiões afetadas também enfrentaram dificuldades logísticas devido às estradas bloqueadas por deslizamentos e pontes levadas pela força das águas. No entanto, a compra de cestas básicas e itens para limpeza dos locais alagados e dos abrigos, que não paravam de receber vítimas,

Em especial, o Carboni Supermercados se mobilizou e participou ativamente em parceria com nossa campanha, concedendo mais de R$ 80.000 em descontos nas compras de doações feitas pela Faz Capital durante todo o período. Além disso, o empresário Leandro Carboni também disponibilizou sua frota de caminhões para as entregas. Felizmente, somos testemunhas de que a solidariedade pode vir de todos os lados.

MUITO ALÉM DA DOAÇÃO: A REALIZAÇÃO DO SONHO DE CONHECER UM ÍDOLO

Dentro das famílias atingidas pelas enchentes, o impacto nas crianças e nos animais sensibilizou demais todos os participantes das ações de resgate e doações. Por meio de mensagens que circulavam na internet, recebemos a informação de uma família que havia perdido tudo na cidade de Eldorado do Sul. Com a casa embaixo da água, a família ficou algumas semanas em um local no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre.

Mesmo tendo perdido tudo em um único dia, a família não hesitou em ajudar outras pessoas que também estavam em situações de vulnerabilidade, atuando na entrega de mantimentos.

Sensibilizados pela história, entramos em contato para doar roupas e cestas básicas a essa família. Durante essa troca, descobrimos que o filho mais novo era jogador de futebol da base do tradicional clube porto-alegrense Internacional, que, inclusive, teve o estádio alagado durante as enchentes. Decidimos, então, fazer uma surpresa: compramos uma chuteira para o pequeno jogador e levamos o ídolo do Internacional, Andrés D´Alessandro, para realizar a entrega.

Além desse encontro emocionante, também foram doados diversos itens, entre cestas básicas, roupas e mantimentos, mas para o pequeno a emoção de receber o apoio de um grande ídolo tornou o momento ainda mais especial e memorável.

Poder contribuir com o povo gaúcho nesse momento histórico fez com que eu me sentisse ainda mais pertencente a este estado que amo e admiro. Essa tragédia histórica ficará marcada para sempre, e saber que contribuí usando minha imagem e trazendo esperança às pessoas me encoraja a ser melhor todos os dias.”

ANDRÉS D’ALESSANDRO

Do voluntariado à vulnerabilidade: um mix de sentimentos traduzidos sob diferentes pontos de vista

Além dos breves relatos anteriores, que nos dão uma dimensão das várias histórias vivenciadas ao longo do período mais crítico das enchentes, consideramos interessante trazer aqui as diferentes perspectivas de alguns dos personagens fundamentais da campanha. Eles nos contam, com suas próprias palavras, como vivenciaram essa experiência e como o período ficou marcado em suas memórias e em seus corações.

GUILHERME ANTON

O processo das enchentes começou entre o fim de abril e o início de maio, por volta de uma quarta ou quinta-feira, quando alguns lugares já começaram a ser afetados. Na sexta-feira daquela mesma semana, a situação ficou ainda mais caótica. Minha irmã mora na Zona Norte, próximo à Arena do Grêmio, e já naquele dia estávamos pressionando-a para sair de casa. No sábado pela manhã, a água já havia invadido o prédio. Foi aí que tudo se intensificou. Eu e meu irmão combinamos de nos encontrar em Porto Alegre para buscá-la, mas, no caminho, o veículo teve problemas com água no motor. Mesmo assim, conseguimos tirá-la de lá.

A partir de sábado, ficamos totalmente envolvidos. Fomos para debaixo do Viaduto da Cairú, onde tudo estava muito desorganizado: algumas pessoas nadavam, outras carregavam caixas de isopor, cada um ajudando como podia em meio ao caos. Aos poucos, começou a chegar ajuda de todas as formas, com veículos, barcos e outros recursos.

Enquanto minha irmã coordenava as ações nas “partes secas”, eu entrei na água para atender a um pedido de uma amiga dela que estava ilhada em casa com os quatro filhos e o marido. Me ofereci para ajudar, nadei um trecho e me pendurei na parte externa de um Jeep até chegar lá. Felizmente, eles já haviam saído, mas não tinham conseguido avisar. Chegando lá, vi muitas pessoas que precisavam de ajuda, incluindo um senhor cadeirante que estava no terceiro andar de um prédio. Pedi ajuda para desconhecidos, apontando e dizendo: ‘Você! Preciso de ajuda!’. Esse senhor morava com uma cuidadora, que também vivia ali com os filhos. No final, conseguimos retirar o senhor de casa, e enquanto o carregávamos no colo, percebemos que ele estava com a fralda suja devido a toda a situação. Ainda assim, conseguimos colocá-lo em um barco que o levou para uma área seca.

Assessor e Especialista em Investimentos da Faz Capital

Esse dia me marcou profundamente, pois foi um misto de sensações. Ao ver aquelas crianças e idosos naquela situação, percebi o quanto essas pessoas estavam vulneráveis, e, mesmo na posição de voluntário, eu também estava. Percebi isso naquela noite, quando houve uma “festa” nas áreas inundadas que envolveu muitas discussões e tiroteios. No meio disso, passei por uma situação desconfortável, em que o pessoal da Defesa Civil precisou me dispensar porque eu estava sem o traje ‘oficial’, e as pessoas poderiam fazer algo ruim comigo. Naquele momento, me vi precisando de ajuda, mesmo enquanto tentava ajudar os outros.

Posteriormente, houve dois momentos distintos: próximo à Arena, havia um ponto de coleta de pessoas que estavam saindo da água. No meio disso, também havia a preocupação com os tiroteios e roubos... A gente não sabia se as pessoas tinham boas ou más intenções, mas estávamos todos juntos naquela situação, e então começou a ocorrer uma confusão. Eu e mais quatro funcionários da Defesa Civil — eles uniformizados e eu não — testemunhamos pessoas roubando um mercado e, ali mesmo, começaram a beber com o som alto. E, as mesmas pessoas que vimos fazendo confusão também estavam nos abrigos.

Quando olhava para as mães, mulheres e crianças, via minha irmã, meu sobrinho, e pensava: ‘Preciso ajudar de alguma forma’. No meio de tudo, o pessoal da diretoria até me mandava descansar, mas eu não conseguia; chegava em casa e não conseguia dormir. Eu participei de projetos sociais desde muito pequeno; é uma questão bem forte dentro da minha família e da minha educação, mas nunca tinha enfrentado uma situação de vida e morte.

Ali, nas enchentes, foi onde encontramos forças que jamais imaginávamos ter. Nunca imaginei que conseguiria passar mais uma noite sem dormir, mais um dia sem me alimentar, sem tomar uma garrafa de água. Cada pessoa ajudava no que podia, mas acredito que, para mim, surgiu esse impulso de ajudar o próximo, cultivado desde a minha experiência nos escoteiros, a partir de uma filosofia com os dizeres ‘Deus, Pátria e Próximo’. Se antes o voluntariado era um hobby, nas enchentes ele passou a ser um compromisso impulsionado pela força que encontrei dentro de mim para continuar ajudando. Sem sombra de dúvidas, isso foi algo que mudou meu modo de pensar.

Lembro de ter conseguido pegar um bote emprestado no meio de todo aquele caos e fui até um local onde havia uma família precisando de mantimentos. Depois disso, precisei resgatar algumas crianças que estavam em um prédio. Na minha memória, lembro de ter sido jogado uns 2 ou 3 metros para trás por caminhões, barcos e camionetes enquanto remava, mas, ainda assim, eu continuava remando, remando e remando. Ali, pude perceber o quanto eu estava me esforçando fisicamente.

Domingo foi o dia mais pesado para mim; foi um dia em que não comi nada, não bebi e não consegui parar de ajudar. Eu literalmente corria para cima do viaduto, corria para baixo, gritava demais, estava sem voz e não conseguia parar. É bem complicado, porque, naquele momento, enchia os olhos de lágrimas e pensava: ‘Agora não é hora de chorar’. Nem gosto de falar sobre isso, porque acabo lembrando de algumas imagens, e isso pesa bastante.

Na segunda-feira, acordei, tomei um café, coloquei um terno e fui para o escritório. Na minha cabeça, tudo tinha sido apenas um pesadelo, mas, quando cheguei ao escritório e vi aquele espaço todo vazio, a ficha caiu de que tudo aquilo era realidade e ainda estava acontecendo. Fui correndo para casa, troquei de roupa e voltei às ações. A partir disso, tudo tomou um ritmo muito frenético.

Toda essa rotina começou mais por conta própria, por um senso de ajudar todas as pessoas envolvidas e pela dificuldade de ficar parado. Foi engraçado que, no sábado à noite, no momento em que mais precisávamos de ajuda, eu apenas mandava mensagens para a Faz Capital: ‘Preciso de 20 carros, estamos tirando as pessoas da água e elas precisam ir para abrigos.’ E todas as pessoas se mobilizavam; 90% da empresa ficou envolvida e correu riscos durante todo esse processo de ajudar o próximo. Nesse primeiro dia, cerca de 50 pessoas estavam envolvidas, e continuavam mesmo com fome, sede e frio.

Tive uma surpresa muito positiva em relação aos meus colegas de trabalho, porque, geralmente, no ambiente corporativo, nós os enxergamos de uma forma, e, depois dessa experiência, a empresa se uniu e passou a se respeitar ainda mais após esses feitos. Se antes tínhamos uma proximidade profissional, agora temos uma conexão mais humana, com mais afinidade e confiança. Todo mundo sabe que vamos continuar tendo nossos defeitos, mas devemos escolher parar de olhar para os pontos negativos e olhar mais para os positivos.

Se eu pudesse descrever a Faz Capital em uma palavra ou frase, seria: atos de heroísmo. Depois dessa experiência, passamos pelos corredores e nos cumprimentamos com um ‘meu herói!’, porque esse foi o papel de cada um durante essa situação horrível. Acima de tudo, estávamos todos juntos, sem nos largar. Esse companheirismo, essa ajuda ao próximo e esses atos podem até soar como uma mera expressão ou figura de linguagem, mas são, de fato, atos de heroísmo, pois cada um se doou como pôde.

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS PELO RS

Desde o início das enchentes, o bairro Sarandi, local onde moro, já estava em risco. Por conta disso, comecei a me envolver em ações desde os primeiros dias. Já no início de maio, estava indo às ruas em volta do meu bairro para conferir quais pessoas precisavam de ajuda para sair. Até esse momento, eu acreditava que minha casa não seria atingida porque nunca tivemos esse histórico por lá; nunca tinha acontecido nada. Fui pessoalmente pedir para meus vizinhos saírem de casa porque três ruas atrás da minha já haviam começado a alagar, e uma das ruas já estava com casas embaixo da água, então faltava pouco para chegar em uma parte, descer e atingir o bairro todo. Foi aí que eu percebi que a situação estava ficando mais séria.

Depois disso, fui fazer um resgate no Humaitá e, enquanto isso, a campanha da Faz continuava arrecadando dinheiro e doações.

A partir desse momento, já fiquei envolvida nos resgates e, dentre as pessoas resgatadas, havia uma senhora de 90 anos que não tinha como andar. Isso foi o que mais me marcou, porque tivemos que entrar na casa dela de barco e passar por baixo do portão. Também resgatamos animais e levamos cerca de 500 marmitas no barco até um grupo que estava ilhado. Mas, após uma lesão, percebi que não poderia mais me expor nessa parte dos resgates na água, pois estava ficando muito exaustivo fisicamente.

Apesar de não estar mais envolvida nessa dinâmica do voluntariado, a luta continuava. Logo em seguida, percebemos a falta de água na região.

Como ali no morro Santana existem duas bicas de água que vêm direto da cachoeira, surgiu a ideia de conseguir uma mangueira para pegar essa água e transportá-la para outras pessoas, porque, embora houvesse bastante água por ali, nem todos tinham acesso. Com isso, eu e o Victor Batista, tivemos a ideia de distribuir essa água. Pegamos todas as caixas d’água de uma loja; como a Faz Capital estava conseguindo arrecadar uma quantidade expressiva de dinheiro das doações, eu liguei para o Ubiratan Benedetti, informando a quantidade de caixas d’água que eu estava levando e o valor da compra para montarmos uma operação. No fim, compramos 20 caixas com cerca de 250 litros cada, dois canos e montamos uma logística para que a água passasse por eles e descesse o morro Santana. Isso ficava em uma altura que era possível estacionar um carro embaixo, então a água caía e era possível colocar essas caixas d’água dentro de caminhonetes que, posteriormente, abasteciam vários abrigos localizados em escolas e igrejas, como foi o caso da Escola Santa Rosa, Escola Gomes Carneiro, Complexo Esportivo da Vovó Sports, Escola Porto Alegre e Escola Alcides.

Quando o pessoal soube desse ponto de água, observamos várias pessoas de outros lugares abastecendo caminhões — até piscina tinha dentro do caminhão, às vezes! No total, calculamos uma média de mais de 800 mil litros de água distribuídos. Muita água mesmo! E o pessoal conseguiu se abastecer até a água retornar. Depois, eu me senti esgotada fisicamente e psicologicamente. Acabei ficando mais com a demanda da distribuição das águas e no QG, que inicialmente se organizou na casa do fundador da Faz, onde fiquei envolvida na parte da logística de separação dos itens doados, sempre nos comunicando através de grupos no WhatsApp. Além disso, também fiz a rota para a distribuição dos kits. Apesar de ser menos exaustivo fisicamente e psicologicamente em comparação com as ações dentro da água, ainda assim passamos algumas dificuldades nessa parte. Alguns dias, por exemplo, eu nem dormia ou comia direito, fizemos tudo o que foi necessário para continuar ajudando.

Secretária Executiva
CAROLIN INAE CAMPOS

O momento mais desafiador foi fazer o resgate das pessoas no Humaitá. Quando eu cheguei lá, estava tudo alagado e as casas estavam tapadas — isso no segundo dia de enchente — e esse dia foi um período em que o pessoal não estava tão preparado, porque ninguém conhecia o território e os obstáculos envolvidos.

Foi muito intenso, mas houve situações específicas em que eu acabava ficando ainda mais sensibilizada com toda a situação. Teve um momento, por exemplo, em que eu estava andando pela água e acabei chutando um animalzinho sem vida. Também cortei minha mão em um arame ao resgatar uma senhora acamada de 90 anos que se encontrava em estado vegetativo, além de mais uma família de seis pessoas. No fim, colocamos tudo o que essa senhora precisava dentro do barco, como fraldas, sondas, e fizemos um longo trajeto para conseguir tirar as pessoas de casa e levar até um ponto de segurança.

Tudo isso, somado às muitas horas sem comer, fazendo força, pegando sol e chuva, com os pés machucados pelo atrito no calçado, além de todo o estresse por estar com fome, frio e não saber ao certo o que fazer na hora, pelo peso da responsabilidade que sentíamos em cada escolha feita, me levou a perceber que, no fim, fui me deixando levar. Quanto mais eu fazia, mais eu aguentava, pois encontrava motivação em saber que estava tudo bem comigo e que eu poderia fazer o melhor para ajudar quem precisava. Sem dúvidas, ter o suporte da minha família e da Faz Capital fez com que eu me sentisse mais segura e me motivou a ter essa força que eu nem sequer sabia que tinha.

Mas, por mais que eu me esforçasse para encontrar forças e continuar, ainda assim, houve momentos em que eu parei, chorei... vi pessoas deitadas no chão com seus cachorros e pessoas roubando. Foi tudo muito intenso; mal consigo lembrar de tudo o que fiz, porque muitas coisas fiz no automático. Foi tudo muito dinâmico. Além disso, um medo muito recorrente durante as ações foi não saber se as pessoas que eu estava ajudando eram confiáveis, porque era muito difícil saber isso, ainda mais em uma situação em que ninguém tinha muito controle sobre as coisas.

Falando como colaboradora da Faz Capital, eu tive um ótimo suporte. Felizmente, ao mesmo tempo em que estava ajudando, também fui muito acolhida, então sou muito grata a todos, de verdade. Em vários momentos, pude receber esse carinho e acolhimento de colegas, como a Izabela Rodrigues, da área administrativa, que abriu a casa dela para que eu, minha sogra e meu namorado pudéssemos tomar banho.

Durante as ações, pude perceber como é possível realizar grandes mudanças por meio da união das pessoas e o quão grande é a empresa em que estou, tanto como organização quanto em termos de humanidade. Com certeza, essas ações foram o início de um novo momento social da Faz.

Por isso, se eu pudesse descrever a empresa em uma palavra ou frase, seria: solidariedade. É uma empresa que vai muito além do que se percebe externamente, com pessoas solidárias e com um coração enorme.

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS PELO

Quando tudo começou, meu marido e eu estávamos nos Estados Unidos e, antes de irmos, eu já tinha uma sensação diferente, como se algo fosse acontecer. Logo no início das chuvas, quando ainda não era considerado uma enchente, houve um temporal muito forte, e uma das pessoas que integra a nossa comunidade me ligou para pedir ajuda, pois o telhado de uma loja pela qual ela era responsável havia desabado. Foi então que percebi que algo de errado começava a acontecer.

A partir desse momento, nós já ficamos em alerta. Passamos a noite atentos, e no dia seguinte a enchente de fato começou, e muitas pessoas começaram a evacuar seus bairros. Mesmo estando do ‘outro lado’ do mundo, eu pude participar desde o primeiro dia de todos os resgates, porque as pessoas nos veem como uma referência de rede de suporte.

Quando tudo começou, recebemos ligações de algumas pessoas influentes da corporação da Defesa Civil, e ali nosso papel foi fazer a ‘ponte’ entre as pessoas que necessitavam de ajuda e o suporte. Em um dado momento, percebemos que não havia um plano B ou uma opção de sugerir que as pessoas ficassem em casa para se proteger, pois era uma situação em que realmente existia uma força muito maior, e precisávamos nos unir. A partir disso, começamos a acionar os contatos que conhecíamos, e os resgates de barco começaram.

No dia seguinte, começamos a nos mobilizar dos EUA para o Brasil e, ainda durante a viagem, um pastor de outra comunidade nos ligou e disse: ‘Precisamos abrir as igrejas para servir como abrigos. Estamos diante de uma situação desesperadora, mas não tenho pessoal para coordenar essa operação. Vocês (Brasa Church) fecham conosco?’ Na mesma hora, meu marido e eu aceitamos e, naquela madrugada, já lotamos toda a Igreja Brasa Zona Norte. Entramos em contato com uma liderança de outra comunidade da Ulbra, e prontamente

nos cederam um local, onde abrimos mais um abrigo. Assim, começamos com dois abrigos, e depois percebemos que era necessário ter mais um espaço para acolher famílias em situações desafiadoras, como conflitos, excesso de pessoas para administrar ou famílias com crianças que tinham algum tipo de deficiência. Ou seja, pessoas que teriam dificuldade de permanecer em um ambiente muito aberto e com muitas pessoas. Foi então que alugamos um motel.

A partir daí, tínhamos três pontos: Brasa Church Zona Norte, a sede da Ulbra e o motel que estava sob nossa gestão. No primeiro dia em que chegamos ao Brasil, fomos direto para o abrigo e recebemos uma ligação da Faz Capital que nos informou que tinha uma quantidade expressiva de frangos para doação. Por um momento, tive receio de aceitar, pois pensei: ‘Meu Deus, será que vou ter dinheiro para preparar comida para todas essas pessoas?’

Logo em seguida, fiz um mapeamento de alguns lugares que estavam com dificuldade para conseguir recursos financeiros, mas que, ainda assim, haviam aberto suas portas para servir como abrigo.

No Dia dos Namorados, preparamos um espetáculo para os abrigados. Organizamos uma orquestra da Ospa para eles e fui atrás de conseguir fazer um jantar para celebrar a data. Nisso, o Grupo RBS acabou indo fazer a cobertura e, quando vi, os filmakers estavam abraçados a um dos abrigados, e os três estavam chorando. Quando fui conferir se estava tudo bem, eles disseram: ‘Ele foi nosso primeiro chefe, nos ensinou tudo dentro da RBS.’ Foi uma história muito forte, comovente, que tirou lágrimas de todo mundo.”

Com a Jaque, criei uma conexão instantânea. Me encantei por ela desde o início e até digo que foi Deus quem nos uniu para enfrentarmos juntas aquele momento desafiador. Acredito que foi uma conexão divina, pois a Faz Capital estava muito envolvida, com o coração totalmente entregue à causa.

Fundadora da Brasa Church
JANINE MONTIEL MARTINS

Em meio a essa situação, enquanto resgatávamos uma pessoa na água, ninguém via quem era quem, se tinha um passado criminoso, se era uma pessoa boa ou má, bonita ou feia; naquele momento, a única coisa que pulsava em todos nós era o pensamento: ‘Vem, eu posso te ajudar’.

Tivemos diversos processos ali, e, dentre eles, entendemos que, além de atender nossos abrigos, precisávamos ajudar toda a comunidade em desespero que havia perdido tudo. A Faz Capital nos ajudou muito nesses processos, pois eles já tinham conhecimento oriundo da cultura da empresa, que, embora eu não conheça profundamente, percebi pela forma como falam e elucidam os problemas.

No dia a dia, eles nos apresentavam muitas soluções reais, sempre trazendo novas sugestões de melhoria. Ali, eles nos ajudaram muito a esclarecer processos que, à primeira vista, poderiam parecer simples, mas, quando se está no meio de um problema muito grande, não é tão fácil assim. Não se tratava apenas de pessoas pedindo comida; também havia casos de pessoas que não tinham o que vestir, outras sendo resgatadas que estavam sob nossa gestão e, além disso, havia cerca de 200 pessoas dentro dos abrigos que precisavam de um direcionamento para criarmos um ambiente seguro e tranquilo. A Faz Capital nos auxiliou muito nessa organização.

Em um primeiro momento, os voluntários da Faz Capital foram pessoas que chegaram para suprir nossas necessidades imediatas. No entanto, com o tempo, fomos criando mais liberdade e conexão, e, a partir disso, eles começaram a entender nossos processos e observar como poderiam contribuir conosco. Como a Faz Capital é uma empresa com muitas capilaridades, eles conhecem diversos nichos de pessoas e, com isso, conseguiram nos apresentar a contatos que foram muito relevantes para nossa operação. A Jaqueline Luz e o Lucas Ferraz, por exemplo, nos colocaram em contato direto com o Instituto Floresta que estava realizando uma operação próxima ao Shopping Iguatemi. Assim, íamos até a comunidade e verificávamos de que maneira poderíamos ajudar além da doação: uma pessoa que não tem botijão de gás e cozinha, por exemplo, não conseguiria usufruir de um fogão. Frente a isso, pensamos em uma abordagem mais intencional, garantindo que a doação realmente ajudasse e melhorasse a vida da pessoa. Além disso, eles também nos conectaram com pessoas que podiam doar alimentos prontos.

A Faz Capital também nos ofereceu água em um momento de extremo caos. Quando recebemos o primeiro caminhão-pipa de água vindo deles, sem sequer pagarmos nada, nos emocionamos muito. Nesse dia, lembro de entrar na sala administrativa e ver todo mundo chorando. Essas coisas hoje podem parecer simples, mas, na hora, era como se fosse realmente vida. A partir desse momento, entendemos que não podíamos ser apenas um abrigo, mas devíamos ser também um centro de distribuição. Então, passamos a atender outras igrejas, asilos e escolas que tinham necessidades, seja de alimento, roupa, água, material de higiene ou qualquer outro item essencial para garantir o bem-estar de todas as pessoas envolvidas. Fico muito feliz em dizer que, nunca, em nenhum dia, tivemos uma necessidade de alguém que não conseguimos suprir. Nenhuma pessoa que nos pediu ajuda para ser resgatada ficou sem atendimento. Nenhuma pessoa que nos disse ‘amanhã não tenho mais comida’ deixou de ser atendida. Então, realmente vimos o cuidado e o amor de Deus sobre nossas vidas, mas também vimos mais do que isso: vimos conexões.

Além das ações, também tivemos a oportunidade de desenvolver um software que hoje está disponível para qualquer pessoa no mundo inteiro acessar em situações de crise semelhantes à nossa. De modo geral, esse programa reúne dados que podem ser armazenados para gerenciamento em momentos de crise e avaliação sobre o que fazer com base nos processos ideais recomendados. Essa solução pode ser muito útil futuramente porque hoje nós até já temos uma ideia do que fazer, mas, na hora, tudo é muito confuso.

Havia pessoas de todas as realidades no mesmo local, então vimos a necessidade de documentar todas as informações, verificar quem possuía documentos, pegar a digital de todo mundo... enfim, adotar uma série de processos para garantir que todos naquele local se sentissem seguros. Além disso, precisávamos manter o ambiente limpo e, diante do desafio de fazer com que 300 pessoas seguissem nosso comando para organização, criamos fichas que eram entregues e, no final do dia, eram contabilizadas para garantir o controle do local e o bem-estar de todos. Tudo isso acabou colaborando para que tivéssemos mais efetividade. Essas iniciativas fizeram com que nosso abrigo se tornasse uma referência.

Uma situação muito forte que acabou me marcando foi quando entrei em um grupo de mães solo com filhos com necessidades especiais, e uma das participantes me mandou uma mensagem pedindo ajuda: ‘Pastora, pelo amor de Deus, eu preciso de ajuda. Tenho um bebezinho e estou sem o leite especial, então acabei dando o comum. Ele já está no quarto ou quinto episódio de vômito.’ Então, ela mandou um vídeo do bebê, que estava todo ‘molinho’. Naquele momento, não pensei em outra pessoa: pensei na Jaquelini Luz, no Lucas Ferraz, na Jamile Freitas... sabia que eles iriam conseguir me ajudar. Pedi ajuda e, na mesma hora, de uma forma sobrenatural, eles conseguiram fornecer tudo o que precisávamos. A gente não dimensiona o que nosso trabalho ou a nossa vida podem fazer para a história das pessoas, porque, provavelmente, se eu não tivesse comprado a causa, se a Jamile e a Jaque não tivessem comprado a causa comigo também, esse bebê poderia não ter sobrevivido.

O maior desafio de todos foi a responsabilidade.

Meu marido e eu não tínhamos a opção de ficarmos estressados porque éramos os pilares naquela situação, e se fôssemos para esse lado, todo o restante poderia desabar. A forma como blindamos nossa mente foi com as verdades de Deus, pensando que tudo aquilo que estávamos vivendo era passageiro e que nossa comunidade de fé faria muito mais do que conseguimos fazer. Outro desafio foi o medo; não posso dizer que, às vezes, esse sentimento não visitou nossa mente. A maneira como meu marido e eu lidamos com esses momentos desafiadores foi orar e chorar em um canto antes de voltar a cuidar dos abrigos.

Na Brasa Church, nós adotamos uma cultura que compreendia que, quando você está em um ambiente de escassez, você automaticamente acaba entrando nessa lógica; o ambiente te suga. E, quando você percebe, está economizando em excesso. Então, meu marido fez uma reunião com todos e disse que, a partir dali, teríamos uma cultura de abundância, colando essa mensagem em todas as paredes. Começamos a distribuir as doações pensando em fornecer mais do que o básico. A preocupação se teríamos ou não doações para ‘o amanhã’ era algo a ser tratado em outro momento; enquanto pudéssemos, iríamos fornecer. Nisso, acabaram as roupas de bebê. E, nesse momento, pensei na Faz Capital.

Na mesma hora, a Jaque já disse: ‘Pastora, estamos passando aí.’ E fomos até um local onde elas tinham acesso a uma grande quantidade de doações, e todas as coisas já estavam separadas. Quinze dias depois, nossa reserva financeira acabou. E, do nada, recebemos um depósito de R$ 50.000 da Revista Oeste. Essa foi uma das situações em que vimos, sobre nossas vidas, o favor e o amor de Deus o tempo inteiro conosco, e percebemos que eles eram esse canal de bênção.

Acreditamos que Deus usou o coração deles, sendo mais do que realmente uma empresa, mas uma família que não mediu esforços para ajudar o próximo, que foi muito transparente com tudo o que faziam, com o que doavam, e a intenção deles era realmente 100%, assim como

a nossa, ajudar essas pessoas que estavam passando por um momento de vulnerabilidade. Antes de eu viajar, senti a palavra de Deus que está em Daniel 12:3 e que fez muito sentido:

‘Aqueles que são sábios reluzirão como o brilho do céu. E aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas para todo o sempre.’ Então, em todo momento, eu via exatamente isso: a sabedoria deles. Via pessoas que tinham inteligência e que estavam com o coração inteiro na causa, sem querer se promover.

Por isso, a palavra que eu usaria para descrever a Faz Capital seria: ‘essencial’. Eles possuem uma extrema generosidade, e foi isso que eu vi.

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS PELO RS

Quando tudo começou, eu estava em casa, no Sarandi, já ouvindo os noticiários sobre o que estava acontecendo. Na sexta-feira, eu já estava atenta, pois ouvi dizer que vinha muita água pela frente, e, ali onde moramos, é uma área mais exposta a enchentes. Desde então, ficamos alertas. Decidimos mandar minha mãe e minha filha para a casa da minha irmã, que estava fora da zona de risco.

Naquela noite, nós nem dormimos, pois soubemos que o dique já estava se rompendo. Para nos mantermos informados, entrei em grupos do Sarandi no Facebook e fui acompanhando quais locais estavam sendo afetados e onde a água no bairro estava aumentando. Pela manhã, vi na televisão que a situação iria piorar, então decidimos sair de vez por volta das 7h. Nesse momento, a água já batia no joelho.

Já havíamos passado por uma situação de alagamento na nossa rua em 2013, mas nada comparado à proporção deste ano. Foi tudo muito doloroso; sentimos muito por tudo o que aconteceu. Foi tão intenso que algumas situações se apagaram da minha memória, enquanto outras ainda passam pela minha cabeça.

Foi uma experiência trágica; acabamos pulando de casa em casa. Quando fomos à casa do meu tio para buscar abrigo, por exemplo, no domingo, tivemos que sair às 5h da manhã, com a água batendo no peito. Chegamos a nos abrigar em uma garagem, mas depois conseguimos acolhimento na casa da minha tia e, no final, após cerca de 35 dias, tivemos que voltar para a nossa casa do jeito que estava. Ainda estamos montando as coisas aos poucos, mas a umidade atrapalha bastante. Só voltamos porque chegou um período em que minha mãe não estava mais conseguindo, e tivemos que nos unir.

AUREA TERESINHA

DA ROSA SILVEIRA

Vítima atingida pelas enchentes e auxiliada pelas ações

Foi tudo muito conturbado, pois saíamos de um lugar para voltar até nossa casa e limpar, e isso levava muito tempo e dinheiro. Meu pai estava muito preocupado porque ele é quem construiu tudo; é a história dos dois, tudo conquistado com muito suor. Até mesmo as fotos, que carregavam parte da nossa memória, se foram; conseguimos salvar apenas algumas, pois a maioria estava bem manchada e com um cheiro muito forte.

Há dois anos, cuido do meu pai, que tem câncer, e da minha mãe, que sofre de enfisema pulmonar e insuficiência cardíaca. Sou responsável pelo cuidado dos meus pais, da minha filha e, quando sobra tempo, também tento cuidar de mim. Dentre toda a família, quem mais sofreu com a enchente foi meu pai. Além das perdas materiais e simbólicas que refletiam a história da nossa família, o impacto psicológico foi uma das maiores dificuldades enfrentadas.

“Foi muito triste ver minha avó daquele jeito. Ver todas as tragédias da enchente e vê-la se questionar e se preocupar, pensando: ‘Nossa, será que nossa casa está alagada?’ Nós repetíamos para ela que não estava alagada, para amenizar toda a situação, quando, no fundo, sabíamos que a casa estava debaixo da água e que, provavelmente, naquele momento, já tínhamos perdido tudo. É complicado... foi bem complicado”

Ficamos, na época, sem roupa, sem comida, sem nada; deixamos tudo para trás porque não imaginávamos que a situação tomaria essa proporção, então acabamos ficando apenas com a roupa do corpo. Fomos a lugares pedir agasalhos, comida... Não sabíamos como seria o dia seguinte, e meu pai chegou a ter uma crise de pânico, ansiedade… Eu, por outro lado, não senti tanto no momento, pois precisava me manter equilibrada para cuidar de tudo: a medicação do meu pai, a alimentação da família, as mudanças de um lugar para outro em busca de um local seguro, além de tentar proteger o psicológico da minha mãe, que precisava ser resguardada para evitar crises de ansiedade ou até mesmo um ataque cardíaco.

Ao longo de todo esse processo, buscamos mantê-la longe dos noticiários e de demais informações para evitar um sofrimento maior.

Durante todo o tempo, eu pensava: ‘tenho que viver o agora’, que consistia em manter todos ao meu redor bem, medicados e alimentados. Isso não me deixava pensar no amanhã. No meio de tudo isso, a mente também cansa e acaba apagando muitas memórias do que aconteceu.

Tudo se foi; por um tempo, ficamos com a mão na frente e outra atrás; renascemos. O que importa é que estamos todos juntos, vivos e bem. No meio disso, comecei a acompanhar a

Faz Capital pelo Instagram, vendo o pessoal indo de barco resgatar as pessoas. Não lembro ao certo o momento, mas me recordo de ter pedido ajuda para o Lucas através do Instagram. Nesse contexto, falei com a Jamile; ela me atendeu e, então, eles conseguiram me ajudar com doações, incluindo um fogão para mim e para minha tia, um colchão e um guarda-roupa.

A palavra que define nosso sentimento pela Faz Capital é gratidão... por tudo. Pelo momento, por estender a mão para nós em um momento muito frágil em que não sabíamos nem como íamos voltar para casa. Foi Deus que colocou a Faz Capital no nosso caminho, não só da minha família, como de tantas outras que pudemos ver a solidariedade, a corrente de gentileza, foi muito bonito toda essa movimentação.

Porque o que a gente precisa é de uma esperança, né? Poder levantar e olhar para frente, porque o que está lá atrás já passou. É sobre levar um dia após o outro, é isso o que estamos vivendo agora.

CAMPANHA FAÇA ACONTECER: UNIDOS PELO RS
PAMELA SILVEIRA
Estudante, filha de Aurea

Sou moradora do bairro Navegantes e, em um momento de dificuldade que nunca imaginávamos passar, foi o pessoal da Brasa Church que nos acolheu. Eles nos deram amor, carinho, proteção e aconchego. Agradeço muito, pois não apenas eu, mas também muitos amigos e conhecidos foram para o abrigo da Brasa Church. Além das doações e do acolhimento, recebemos muita ajuda psicológica. Tivemos conversas sobre situações familiares difíceis lá no abrigo, que, se não fosse Deus colocando essas pessoas em nosso caminho, poderiam ter resultado em uma história bem diferente. Sou especialmente grata à Janine Montiel e a todo o pessoal da Brasa pelo acolhimento; todos nós fomos muito bem recebidos.

O cuidado que recebemos foi tão grande que, até mesmo aqui onde moro, quando comento com as pessoas, elas acham que é exagero, mas realmente foi um carinho que não consigo descrever em palavras. No abrigo, eles se preocupavam em oferecer suporte psicológico, fazendo com que todos se sentissem bem, mesmo quando cometíamos erros em determinadas situações; eram pacientes e nos ajudavam a enxergar o que era necessário.

Vítima atingida pelas enchentes e auxiliada pelas ações

O suporte emocional e material não se restringiu apenas aos abrigos. Quando a água baixou no nosso bairro, eles foram conosco ver as casas, reuniram equipes para fazer a limpeza e realizaram doações de todas as formas possíveis. Com isso, conseguiram nos ajudar bastante, e isso não foi somente comigo e com minha família, mas com praticamente toda a minha comunidade.

Até mesmo quem estava de fora do abrigo recebia alimentos, móveis e tudo o que podiam oferecer. Até hoje, somos procurados para saber se estamos bem e também para oferecer ajuda.

Posso afirmar com toda certeza que a Brasa Church nos apoiou em todos os momentos, desde a primeira vez que coloquei os meus pés no abrigo até o final.”

Empatia sem fronteiras: pontos de atuação Faz Capital

Desde o início da campanha, a Faz Capital recebeu diversas solicitações de ajuda de várias partes do estado do Rio Grande do Sul, por meio de canais como o formulário de atendimento, o Instagram da Faz, os sócios Lucas Ferraz e Renata Barreto, e pelos contatos de WhatsApp de toda a equipe.

Ao longo da campanha “Faça Acontecer: Unidos pelo RS”, não medimos esforços para auxiliar o maior número possível de pessoas e, por conta disso, estivemos presentes em mais de 20 municípios, sempre levando suprimentos para atender às necessidades da população durante todo o período das enchentes.

Tudo isso só foi possível graças aos parceiros que fizemos ao longo dessa jornada, sempre solícitos em receber os donativos e entregá-los às pessoas que mais necessitavam durante esse momento delicado.

Conforme falamos anteriormente, a campanha tomou proporções muito maiores do que imaginávamos e, sem essas pessoas atuando como “pontes” em locais específicos, não teríamos conseguido alcançar tamanha abrangência de cidades atendidas durante essa ação.

Confira os locais em que a Faz Capital e parceiros estiveram presentes para oferecer suporte às vítimas das enchentes.

Locais contemplados com a assistência de helicópteros para receber suprimentos

CAMPANHA

A Faz pelo bem-estar social

Este é o primeiro relatório de responsabilidade social da Faz Capital que materializa o amadurecimento da empresa ao longo dos últimos anos marcados por um rápido crescimento no mercado.

As ações nas áreas de governança, sociedade e sustentabilidade, pilares do conceito ESG dentro da gestão de grandes empresas, começam a se tornar ainda mais presentes em nossas metas e gestão a longo prazo. A experiência com a organização da campanha “Faça Acontecer: Unidos pelo RS” reforçou nossa missão de assumir um papel de responsabilidade social enquanto instituição, colocando nossas habilidades a serviço da comunidade para impactar a vida de todos ao nosso redor, deixando também um legado para a sociedade.

Um dos principais aprendizados que absorvemos enquanto empresa foi que, ao fortalecer nossa comunidade, nossa marca também fortalece seu propósito, tornando nosso slogan uma frase a carregar no peito com orgulho: Riqueza além do dinheiro. Acreditamos que a união, o trabalho bem-feito e a visão de longo prazo fazem com que todos cresçam juntos. Essa iniciativa, sem dúvida, impulsionará a realização de outras ações e iniciativas de impacto social dentro da nossa instituição.

Ainda nessa perspectiva, reforçamos o vínculo das iniciativas da ação com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Analisando nossas ações durante as enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul, reconhecemos nosso compromisso com a promoção do bem-estar da sociedade, especialmente em casos emergenciais como os que vivemos em maio de 2024. Por conta disso, dentre os 17 objetivos globais estabelecidos pela ONU em 2015 para o desenvolvimento sustentável com a finalidade de orientar ações em direção a um futuro mais equilibrado até 2030, reforçamos estes 3 ODS:

Saúde e Bem-estar

Fome zero

Água potável e Saneamento

A catástrofe das enchentes no RS foi um evento extraordinário, mas as ações de responsabilidade social da Faz Capital seguem se desenvolvendo de outras maneiras, como as iniciativas de relacionamento com a nossa equipe, que já nos concederam o título de uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, com 96% de satisfação dos nossos colaboradores. Esse título, recebido pela primeira vez em 2022, reflete fortemente nossa cultura e nossos princípios.

Registramos aqui que o compromisso social da Faz Capital será ainda mais valorizado em nossa visão de crescimento para a próxima década. Dessa forma, consolidaremos um legado que transcende o financeiro, promovendo impacto positivo e duradouro em toda a sociedade.

Agradecimentos

A participação ativa de diversos públicos, incluindo colaboradores, comunidades locais, parceiros e investidores, que forneceram contribuições acerca de suas necessidades imediatas, foi fundamental para o êxito da iniciativa, pois viabilizou uma rápida resposta à emergência e garantiu que nossos esforços fossem estrategicamente direcionados às áreas de maior vulnerabilidade.

Seja através de dinheiro, doação, voluntariado ou via compartilhamento da campanha nas redes sociais, agradecemos imensamente por cada pessoa que contribuiu com essa manifestação emocionante de solidariedade. Juntos, nós demonstramos que o poder da nossa força pode conquistar o que há de maior riqueza no ser humano: a empatia.

Aos que possuem o nome citado neste material, e aos que porventura não tenham sido citados: muito obrigado!

Juntos, fizemos a diferença!

FICHA TÉCNICA

Direção do projeto: Jaquelini Luz e equipe de marketing

Integrantes do projeto: Jamile Freitas

Paula Pereira

Regina Zanette

Renan Barreto

Rodrigo Borges

Revisão: Carlos Scholles

Leila Ghiorzi

Néktar Design e Branding

Conteúdo:

Néktar Design e Branding

Design e editoração:

Néktar Design e Branding

Fotos autorais*:

Pg 04: Nathan Carvalho

Pg 17: Nathan Carvalho

Pg 18: Nathan Carvalho

Pg 49: Nathan Carvalho

Impressão: Ideograf

Capa: Papel Supremo Duo Design 300g

Miolo: Papel Offset alta alvura 120g.

Ano de publicação: Dezembro /2024

58 Relatório de Responsabilidade Social — Faça Acontecer: Unidos pelo RS

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Relatório Faça Acontecer by fazcapital - Issuu