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Falo com você

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Bibliófalo

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  • por Rigle Guimarães

Humanize o seu prazer

Sexualidade não se resume a fetiches, gozadas, pau duro/mole/pequeno/XXL, sarrada, ativo, versátil, passivo, penetração, gouinage ou toda a infinidade de outras coisas maravilhosas que o universo do prazer proporciona. Numa conexão com o outro, estamos nus em uma atmosfera de intimidade inigualável. Não é sobre performar, fazer acrobacias ou demonstrar quem pode mais. É sobre ser incrivelmente vulnerável, afetuoso, safado, carinhoso, autêntico e até inseguro considerando aprender a não ter vergonha de absolutamente nada disso.

Indo mais além: sexo também é sobre não ter vontade de fazer, não sentir necessidade de estímulo sexual e entender que tudo bem. Não faz sentido algum se cobrar por sexo se você não está a fim disso. É como se cobrar ir a uma viagem que você não está com vontade alguma de ir.

Precisamos aprender que liberdade sexual não diz respeito apenas a ter prazer da forma que desejar, mas é sobre nos comprometermos com a melhora das condições sexuais para todos, derrubando estigmas inadequados, fobias limitantes e opiniões baseadas na história de vida de cada um. O outro é diferente. Ele pode se satisfazer em condições sexuais monogâmicas, abertas ou apenas afetivamente.

A relação com o outro é como uma construção que segue etapas para se consolidar. Não existe relação feita só de desejo sexual. É preciso comunicação, vontade de comprometimento entre os envolvidos, flexibilidade, respeito, autenticidade... Precisamos aprender a passar da fase só de sexo e entender o outro na complexidade dele.

Passar a juventude em conflito, negando a si mesmo, cria bloqueios diversos, dentre eles a enorme dificuldade de se relacionar profundamente. Às vezes tudo é tão focado somente em ser assertivo no sexo que não se tem a oportunidade de aprender sobre a vulnerabilidade de amar ou ser amado.

Daí a necessidade de humanizar a forma como sentimos prazer, entendendo-a como algo que evolui com o tempo e ganha novos contornos, mais próprios e satisfatórios se você considerar respeitar primeiro seu próprio desejo.

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