Revista textura dezembro de 2012

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Maiana de Jesus Lopes; Kalliane Gonçalves dos Santos Silva; Roberta Gabriela de Oliveira Gatti

INTRODUÇÃO A natação é uma atividade que pode fazer parte da vida da criança, logo nos primeiros meses de vida, por meio da adaptação ao meio líquido, a qual diz respeito aos contatos iniciais com a água até a aquisição dos ajustamentos físicos e psicológicos que permitirão, posteriormente, a aprendizagem das técnicas padronizadas. Portanto, a adaptação é o primeiro passo para a iniciação desta modalidade. O aluno ao iniciar a fase de adaptação passa por um conjunto de alterações sensoriais que vão se ajustando com o passar do tempo. Esta familiarização com o meio aquático deve oportunizar um bom relacionamento entre o indivíduo e a água, fazendo com que as crianças explorem o ambiente ao máximo para obter segurança, domínio e afetividade neste (KERBEJ, 2002; CORAZZA, et. al., 2005; SALLES e MATARUNA, 2006). Essa é fundamental ao aprendizado por objetivar adaptar o aluno à estrutura da piscina (comprimento, largura, profundidade, temperatura) e prepará-lo para realização dos movimentos na água, pois é pela familiarização com o meio líquido que o indivíduo obterá confiança e propriedade corporal dentro da água. O processo de adaptação vai depender da vivência de cada aluno, podendo ser rápido ou demorado e, o primeiro contato deve ser agradável para atrair o aluno. Assim, a criança pode apresentar algum comportamento indesejável quando existir desarmonia entre ela e a água, pois se as demandas para adaptação estiverem em conflito com suas capacidades, estas podem tornarse estressantes. Logo, uma adaptação desenvolvida de maneira eficiente levará o aluno, seja qual for a idade, à adquirir movimentos e habilidades necessários para o aprendizado dos estilos, mas se esta não for bem planejada pode comprometer os próximos estágiso na natação. Visto que a natação é uma das modalidades de grande aceitação pelas crianças, adolescentes e adultos, é muito recomendada como tratamento auxiliar de algumas patologias. Ela bem planejada contribuirá para resultados positivos aos aspectos físicos, neuromotores, sociais, afetivos e cognitivos. Embora se reconheça seus aspectos positivos tem-se muito a questionar sobre os métodos, as estratégias e os aspectos metodológios adotados pelos professores de natação para o ensino dos estilos de nado às diferentes faixas etárias. Contudo, o processo ensino-aprendizagem utilizado na eduação física escolar difere no decurso de ensino da natação inserida em clubes, academias, condomínios, entre outros, mesmo que esta atividade física pertença ao amplo contexto da Educação Física. Esta diferença se deve ao espaço de atuação dos professores, embora aqueles que trabalham no ambiente esco140

lar usarem dos conceitos sobre as abordagens metodológicas, o fazem com vistas de tornar as experiências motoras capazes de estabelecer uma relação racional com o mundo pela prática corporal em tempo integral. Portanto, esta é uma pesquisa de natureza qualitativa que objetivou estabelecer uma discussão entre os achados da literatura e os autores da pesquisa sobre a relevância da adaptação ao meio líquido, focando o lúdico como estratégia do ensino dessa modalidade para faixa etária de 2 a 6 anos. Para contemplar o estudo utilizou-se de uma breve revisão bibliográfica que analisou textos com alusão ao lúdico e ao ensino da natação. PRINCÍPIOS MECÂNICOS DA ÁGUA Um fator importante na natação é a mecânica de fluídos que trata das forças que os líquidos desempenham sobre os corpos quando imersos ou movendo-se na água, estas influenciam todo movimento nesse meio e, em contrapartida, são necessárias para o sucesso do nadador. O fluído é qualquer substância que tende a deslizar ou deforma-se continuamente sob a ação de uma força de atrito e sua influência sobre o corpo dependente da velocidade do objeto e do fluído. Visto que o nadador está envolvido nesses dois meios ele precisa aprender se deslocar com eficiência, sendo o professor o facilitador desse aprendizado (MCGINNIS, 2002; HALL, 2000). O ser humano se movimenta no meio líquido por ação de braços e pernas, para isso existem os princípios da mecânica que se fundamentam numa técnica eficaz, atuando no aperfeiçoamento da execução motora do nadador. O Princípio de Pascal (Pressão Hidrostática) estabelece que o corpo submerso sofre pressão igual em todas as partes do corpo na posição horizontal. Esta aumenta em maiores profundidades, a qual interfere nos gestos motores, precisando aplicar mais força quando os membros em movimento estão completamente submersos. No entanto, um bom educativo para melhorar a técnica do gesto motor é pedir para que o aluno realize o nado completamente submerso. Este princípio também influencia a flutuabilidade do corpo que depende da sua densidade (REIS, 1982). A capacidade de flutuação auxiliará o aperfeiçoamento da execução dos gestos motores e sofre influência da quantidade de ar nos pulmões. A densidade é estabelecida pela proporção da massa do corpo pelo volume que este ocupa no fluído, determinando assim suas características de flutuablidade. Para Reis (1982) e Mcginnis (2002) a densidade relativa é a comparação entre o peso de uma substância qualquer com o volume igual ao da referida substância na água e todo corpo com densidade relativa menor que 1.0 irá flutuar. Portanto, pode-se afirmar que todo corpo é

Textura, Cruz das Almas-BA, v. 5, n. 10, p. 139-147, jul./dez., 2012.


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