fraquezas, seriam devoradas pelo tempo. Os abalos provocados por Sílvio Romero a uma crítica literária beletrista, através de seu ímpeto radical que terminava por cair em inversão (priorização do conteúdo, em detrimento da forma), foram fundamentais para que um outro olhar começasse a se lançar sobre a literatura “reduzida” antes e também, algum tempo depois dele, aos seus atributos estruturais: A antiga maneira de fazer a crítica literária fundada nas regras estruturais do bom gosto modificou-se de uma vez e foi obrigada a aceitar a relatividade do conceito.8
A partir de Sílvio Romero, o texto literário reivindica suas paisagens, sua intervenção social, trazendo problemas, os quais atravessam também a literatura, mas eram recalcados. Aliás na sua História da literatura, ao explicar a estruturação da mesma, tece as seguintes reflexões sobre a literatura:
Cumpre declarar, por último, que a divisão proposta não se guia pelos fatos literários, porque para mim a expressão literatura tem a amplitude que lhe dão os críticos e historiadores alemães. Compreende todas as manifestações da inteligência de um povo: política, economia, arte, criações populares, ciências... e não, como era costume supor-se no Brasil, somente as intituladas “belas-letras”, que afinal cifravam-se quase que exclusivamente na poesia.9
Mais uma vez percebe-se uma posição veemente adotada por Romero que, se por um lado apresenta uma visão míope da obra literária,
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Ano 1, n. 1, Fevereiro de 2007
Revista Independência