Aprender a aprender

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Aprender sobre a aprendizagem construído este primeiro conjunto de conceitos a partir da experiência, não serão capazes de usar a linguagem para reconhecer e utilizar designações, como aquelas a que chamamos árvores, cangurus, Inverno, ou festas de anos. As crianças pequenas normais estão tão ansiosas para aprender novos termos, e as regularidades a que eles se referem, que as suas questões repetitivas podem mesmo chegar a tornar-se aborrecidas para os pais ou os irmãos mais velhos. As crianças começam então a adquirir regras de linguagem que, quando combinadas com designações dos conceitos, dão um significado mais preciso aos acontecimentos ou objectos: o pedido “Leite!” passa a “leite para mim!” e, mais tarde, “Por favor, dá-me um pouco de leite para beber”. Quando as crianças começam a ir à escola já adquiriram uma rede de conceitos e de regras de linguagem que desempenham um papel crucial na aprendizagem escolar posterior. As crianças também aprendem métodos para organizarem acontecimentos ou objectos que lhes permitem ver novas regularidades e, por sua vez, reconhecer os termos que representam essas regularidades. E este processo continua até à velhice ou morte. Estamos interessados tanto na aprendizagem como no conhecimento, que não são a mesma coisa. A aprendizagem é pessoal e idiossincrásica; o conhecimento é público e compartilhado. Estamos interessados no pensamento, nos sentimentos e na acção — todos estes ingredientes estão presentes em qualquer experiência educativa e transformam o significado da experiência. Embora a mesma experiência possa ser partilhada pelas crianças mais novas e pelas mais velhas, pelos peritos e pelos novatos, pelos aprendizes e pelos mestres, o significado dessa experiência pode ser radicalmente diferente para cada um deles. A educação é o processo através do qual procuramos activamente mudar o significado da experiência. A educação pode ser libertadora ou opressiva; este livro pretende tornar a educação mais libertadora. O

“VÊ”

DO CONHECIMENTO

Em 1977, Gowin inventou um instrumento heurístico que se nos afigura cada vez mais útil para ajudar as pessoas a entender a estrutura do conhecimento e o seu processo de construção (ver Gowin, 1981). A figura 1.2 mostra uma versão simplificada do “Vê” de Gowin. No vértice do “Vê” estão os acontecimentos ou objectos, e, de certo modo, é aqui que o conhecimento se inicia; é um bom ponto de partida. Se vamos observar regularidades, podemos precisar de seleccionar determinados acontecimentos ou objectos específicos do nosso ambiente, observá-los com cuidado e talvez registar de algum modo as nossas observações. Neste processo de selecção e registo de observações são necessários conceitos que já possuímos, porque estes influenciarão quais os acontecimen21


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