César Romero - 50 Anos - Um Resumo

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CÉSAR ROMERO • 50 ANOS • UM RESUMO C É S A R R O M E R O . 5 0 Y E A R S . A S U M M A RY

Curadoria Mirian de Carvalho Texto de Geraldo Edson de Andrade





CÉSAR ROMERO 50 ANOS

UM RESUMO

CÉSAR ROMERO 5 0 Y E A R S . A S U M M A RY

CAIXA Cultural Salvador Rua Carlos Gomes, 57 - Centro Visitação: 26 Out a 27 Nov 2016 Ter a dom, 9 às 18h caixacultural.ba@caixa.gov.br (71) 3421-4200

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Curadoria Mirian de Carvalho Texto de Geraldo Edson de Andrade Editora Expoart, 1ª Edição, 2016



Desde que foi criada, em 1861, a CAIXA sempre buscou ser mais que apenas um banco, mas uma instituição realmente presente na vida de milhões de brasileiros. Atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do País, como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado Brasileiro, é a missão desta empresa pública cuja história visita três séculos da vida brasileira. Foi no transcurso desta vitoriosa existência que a CAIXA aproximou-se do artista e da arte nacionais. E vem, ao longo das últimas décadas, consolidando sua imagem de grande apoiadora da nossa cultura, e detentora de uma importante rede de espaços culturais, que hoje impulsiona a vida cultural de sete capitais brasileiras, onde promove e fomenta a produção artística do país, e contribui de maneira decisiva para a difusão e valorização da cultura brasileira além de promover acesso a obras de grandes artistas internacionais. Com esta importante exposição, a CAIXA reafirma sua política cultural, sua vocação social e a disposição de democratizar o acesso aos seus espaços e à sua programação artística, e cumpre, desta forma, seu papel institucional de estimular a criação e dar condições concretas para que o artista possa apresentar seu trabalho e divulgar sua arte. Em 2016, César Romero completa 50 anos de artes Visuais. Neste tempo, sua arte nunca sofreu interrupções. Desenvolveu pesquisas aprofundadas sobre a religiosidade e a criatividade populares, do fluxo inconsciente do povo brasileiro. A exposição passeia pela trajetória do artista e todas suas fases, um resumo dos seus 50 anos de atividade contados através de seus trabalhos e todos os temas abordados neste período. A CAIXA agradece sua participação e acredita, desta maneira, estar contribuindo para a renovação, ampliação e fortalecimento das artes no Brasil, e ampliando as oportunidades de desenvolvimento cultural do nosso povo. Caixa Econômica Federal



Cronologia Temática Resumo - 50 anos - 15 subtemas

1º Casarios (1966 - 1969) 2º Imaginária (1969 - 1975) 3º Selos Comemorativos (1975 - 1980) 4º Gravuras - litografias e serigrafias (1977 - 1988) 5º Paisagens com Faixas Emblemáticas (1981 - 1987) 6º Tamboretes de Festas de Largo da Bahia - fotografias (1981 -1992) 7º Faixas Emblemáticas (1984 - 2016) 8º Tamboretes de Festas de Largo da Bahia - pinturas (1986 - 1992) 9º Arraias Emblemáticas (1986 - 1993) 10º Enigmas (1987 - 1991) 11º Platibandas Emblemáticas (1988 - 1992) 12º Janelas Emblemáticas (2007 - 2009) 13º Totens Emblemáticos (2008 - 2012) 14º Urdiduras - desenhos (2009 - 2015) 15º Urdiduras - pinturas (2013 - 2015)


Este livro foi escrito pelo crítico de arte, Geraldo Edson de Andrade (1932 - 2013), para as comemorações dos 40 anos de arte do artista visual César Romero. Não foi possível editá-lo à época por inúmeras razões. Agora, para esta exposição, “César Romero - 50 anos - Um Resumo”, é publicado com texto integral e inalterado. Atualizouse apenas a cronologia, com o objetivo de apresentar, de forma didática, o percurso do artista. Expoart


“Se não nos é possível atinar para que vivemos, todo o esforço consciente é tentar sentir o como viveram e vivem em nós as culturas interdependentes e sucessivas, de que somos portadores, intérpretes, agentes e reagentes no tempo e no espaço”.

Luis da Câmara Cascudo

in prefácio da 2ª edição do Dicionário do Folclore Brasileiro, 1959.



César Romero Símbolo, Código e Cor

Apresentação 11 Introdução 13 Nacionalismo x Identidade 14 Regional, Brasileira, Universal 17 Atavismo & Sensibilidade 19 Cultura, Artesanto e Criação. 23 Ave, César! 26 Cronologia Temática 35 Resumo do Currículo de César Romero 40 Por Conta da Crítica 47 Autor por Ele Mesmo 68 English Version 71 Bibliografia 109



Geraldo Edson e César Romero: Profissionalismo e Afeto Ter sido convidada a escrever a Apresentação do livro de Geraldo Edson de Andrade sobre César Romero foi para mim motivo de grande alegria. Conheci Geraldo Edson em 1981, ano da minha admissão na ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte). Em 2001, conheci César Romero na abertura de sua mostra Cromutações, no Rio de Janeiro. Desde então, esses dois felizes encontros proporcionaram-me - no campo profissional - um grande aprendizado sobre a cultura do povo nordestino, bem como grandes surpresas e motivos no plano do afeto. Contar histórias longas e plenas de humor e de dados esclarecedores de uma história não oficial - complementando e corroborando a história oficial da arte - era um dom de Geraldo Edson, nos bares e restaurantes do Centro do Rio de Janeiro, após as reuniões de trabalho. Ao ler este livro, que traz a fala atenta do contador de histórias, voltei-me para algumas questões da crítica de arte, a qual, entre outras diretrizes, se diversifica hoje em dois ramos básicos: a pesquisa acadêmica e o ensaio de divulgação. Conhecedor de Teoria e História da Arte, em virtude no exercício do magistério numa das melhores Universidades do Rio de Janeiro, Geraldo Edson optou pelo ensaio de divulgação. Tendo eu acompanhado de perto seu trabalho em todos esses anos, ora ressalto que a importância de tal veio da crítica, voltada para a transmissão de ideias e conceitos oriundos da pesquisa acadêmica e levando ao público informações fundamentais, servindo de guia aos sentidos e traduzindo - de modo simples e direto - a complexidade do fazer artístico e a da estética do objeto de arte. No trabalho de Geraldo Edson, tal perspectiva crítica, por certo, se relaciona ao seu grande talento de escritor. Nascido no Rio Grande do Norte, ele veio na década de 1950 para o Rio de Janeiro e, além de atuar com destaque na área jornalística, foi também autor de novela, teatrólogo e exímio contista, o que lhe permitiu delicada agudeza para registrar as difíceis qualidades da arte que, no âmago, são também intrínsecas à literatura. Profundo conhecedor da obra de Câmara Cascudo, Geraldo Edson enfatizou, no trabalho de César Romero, a referência à cultura popular do Nordeste, enfocada como código, símbolo e cor. Em minhas pesquisas sobre a arte de César Romero, ainda que seguindo outro rumo no campo da crítica, volto-me para as mesmas questões tematizadas por Geraldo Edson. Então, na trilha dos matizes em visitação ao solo nordestino, aproximo-me das tramas que reúnem códigos e imagens numa poética da cor. Tendo como ponto partida a imagística da colcha de retalhos, que adorna a casa e, nos

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dias frios, serve de abrigo ao morador, César Romero dá vida ao memorial do Nordeste. Em suas telas, revivemos costumes e lendas do sertão, ouvimos a fala dos objetos utilizados no dia a dia pelo povo. E, sentidos atentos, percebemos grandes mistérios nas mesclas da religiosidade, irmanando Festas de Largo e cultos de origem afro. Em minha visitação ao seu trabalho, inicio pelo simbolismo do Candomblé: na pintura de César Romero, o encantatório abriu os caminhos para o altar de Oxumaré - o Filho do Senhor do Xale Brilhante - deidade do arco-íris. As luzes habitam as telas do pintor. Fazendo-se espelho de Oxumaré, os matizes dançam, para exaltar uma das nossas identidades, ao passo que também se dá visibilidade à comemoração da terra natal. Na pintura de César Romero, o colorido reverbera vozes de uma resistência cultural. A cor exalta motivos, pele e nervos da ambiência nordestina como bandeira de alcance universal. Mirian de Carvalho

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INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, César Romero jamais prescindiu na pintura a identidade cultural do país onde vive e atua. O artista nasceu em Feira de Santana - uma das mais prósperas cidades do estado da Bahia -, vive em Salvador, é brasileiro. Não por acaso, o conteúdo atávico de sua obra. O que para alguns artistas brasileiros de diversas áreas chega a ser incômodo, pois defendem linguagem internacional na criação, para o pintor baiano é referência fundamental. Sua identidade cultural, enfim, é de ser baiano, nordestino, brasileiro e universal, como ele próprio gosta de se autodefinir. Muitos estudiosos já se debruçaram sobre a obra de César Romero, tentando inseri-la na contemporaneidade brasileira. O crítico Jacob Klintowitz, no livro “A Escritura do Brasil”, lançado em 2001, penetra com acuidade nos labirintos emblemáticos da pintura do artista baiano, não só destacando os seus aspectos mais evidentes, mas confirmando ser ele “um pintor que se aprofunda na herança popular de seu país como de um manancial de vitalidade. Bebe na fonte primeva. Mas é um pintor, e não se quer mais ou menos do que isto. Tudo é popular e tudo é erudito. A totalidade é o Brasil. A anima nacional. A escritura do Brasil”. O crítico vai diretamente ao ponto mais vital da pintura de César Romero, que não se cansa de aprofundar seu pensamento pictórico na visualização do popular num plano erudito. Este, a meu ver, proporciona, ao autor baiano, expandir a sua gramática plástica como artista que procurou, e encontrou, maneira pessoal de expor, na obra, a visão da cultura popular do seu estado - ela própria de riqueza sem paralelo no país. É, pois, esse instigante material, conteúdo e forma que tornam peculiar a obra de um dos pintores mais inventivos da arte brasileira contemporânea. Através de César Romero - e por causa dele - fica patente o registro de manifestações de cunhos folclóricos, pesquisados e sensivelmente transpostos a nível culto. Uma simbiose de absorção de culturas díspares, que se complementam na pintura de artista, perfeitamente identificado com seus principais fundamentos.

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NACIONALISMO X IDENTIDADE Há um falso conceito de que a arte brasileira tende para o folclórico na forma e no conteúdo, quando envereda por temas ditos nacionalistas. Um receio infundado de que a obra, ao se identificar com a terra, seus usos e costumes, com sua gente, enfim, oscila entre maneirismo e a linguagem chamada naïf, estilo de pintura espontânea, não querendo outra coisa, a não ser evocar e/ou documentar a vivência do artista no seu meio ambiente. Declarações nesse sentido têm sido frequentemente divulgadas por parcela considerável de intelectuais brasileiros de variadas áreas, contradizendo alguns dos mais representativos nomes do chamado modernismo em nosso país, como Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) e Tarsila do Amaral (1886-1973), para citar dois representantes de uma corrente que trabalhou para romper as amarras de uma pintura regional, visando a ser, ao mesmo tempo, brasileira e universal. Na verdade, isso foi o que eles mostraram no desenvolvimento posterior de sua obra. Acrescente-se ainda que os dois pintores mencionados tiveram vivência no exterior, sofreram influências de linguagens então em voga na Europa, onde residiram, e retornaram ao Brasil, imbuídos de mudanças, pioneiros que são de uma nova estética brasileira, a qual esboçava-se desde os primeiros anos do século XX. A pintura de César Romero está inserida nessa corrente. É baiana, nordestina, brasileira e universal. É muito bom que isso aconteça. A conscientização de que precisamos caracterizar o objeto artístico com o qual trabalhamos é velha luta e pretensão, se é que assim podemos dizer, de nossos intelectuais desde tenra época. Um dos pintores mais representativos da nacionalidade brasileira, Emiliano Di Cavalcanti, idealizador e mentor da controvertida Semana de Arte Moderna de 1922, cuja temática posterior concentrou-se na figura da mulata, como a exemplificar, através dela, a miscigenação da raça brasileira. O que torna cada vez mais atual as suas declarações na década de 20, segundo as quais “a nossa arte tem de ser como a nossa comida, o nosso ar, o nosso mar. Tem de ser reveladora da nossa cultura, pois a boa arte é sempre cultural, e sua dimensão própria é a de antecipar o momento cultural. O artista verdadeiro torna-se moderno para a sua época: ele traz o novo, é o arauto de uma nova era”. O pintor carioca não era arraigado tão somente às nossas tradições como intelectual.

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Ele morou vários anos em Paris, em plena efervescência de afirmação da arte, que caracterizaria os anos subsequentes. Foi essa animação cultural na Europa, após a Primeira Guerra Mundial, que ele trouxe para o Brasil, este ainda continuando sob o academicismo, ou neoclassicismo, à sombra do poder público. Inconformado com o meio artístico canhestro do país nos anos 20, Di Cavalcanti preocupava-se, sim, com as novas linguagens que avançavam mundo afora, infelizmente ainda desconhecidas no Brasil, principalmente dos nossos principais artistas plásticos. Curiosamente, alguns dos grandes nomes da nossa pintura acadêmica estavam na Europa, desfrutando os prêmios de viagem, patrocinados pelo governo, enquanto eclodiam os grandes movimentos que abalariam definitivamente a história da pintura; esses artistas, porém, não quiseram ver, nem tampouco foram por eles influenciados. À exceção de Ismael Nery (1900-1934), misto de pintor e filósofo paraense. Este residia no Rio de Janeiro e viveu de perto o surgimento do surrealismo durante sua estada na Europa no princípio dos anos vinte. Consequentemente, o incorporou à sua obra, embora na época não tenha sido devidamente reconhecido por essa ousada façanha em termos nacionais. Não faltava talento aos nossos artistas para lidar com as inovações que surgiram sucessivamente. Desde quando D. João VI transferiu a coroa portuguesa para o Brasil, em 1808, o estado sempre protegeu a arte em geral e as artes plásticas em particular. Fez isso não só inovando, ao importar da França artistas e mestres de ofício para estabelecer as bases do ensino da arte entre nós - caso da Missão Artística Francesa de 1816 - como, igualmente, estimulando-as através de premiações anuais com viagens à Europa àqueles que mais se destacavam nos salões de arte promovidos pela Academia Imperial de Belas Artes. A iniciativa governamental proporcionou, a muitos deles, aperfeiçoar no estrangeiro seus indiscutíveis méritos artísticos, na Itália e França, principalmente. Como o Brasil continuava estética e oficialmente sob a égide acadêmica e/ou neoclassicismo, a maioria dos pintores e escultores premiados naqueles salões de arte esmerava nessa linguagem, estimulada pelos membros da Missão Artística Francesa, com o intuito, obviamente, de agradar o mecenas patrocinador, no caso, o próprio rei, depois substituído pelo filho que o sucedeu, o Imperador D. Pedro I. Curiosamente, havia também o pouco conhecimento, ou divulgação, do trabalho de artistas nascidos no Brasil e atuantes em províncias economicamente desenvolvidas Ouro Preto, Rio de Janeiro, Salvador e Recife.

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O maior de todos eles, Aleijadinho, como era conhecido Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), filho de uma escrava com português, aliava o talento autodidata à arquitetura e à escultura, um gênio do Século XVIII que o Brasil teimava em ignorar. Aleijadinho passaria século desconhecido no seu país, até ser motivo da admiração dos artistas modernistas de 1922, que se reverenciaram ao seu genial trabalho, no período barroco, característico das cidades das Minas Gerais, onde residia. Um dos seus mais conhecidos admiradores e divulgadores, o francês Germain Bazin, estudioso do nosso barroco, dedicou-lhe uma biografia, publicada em Paris, em 1963, e em edição brasileira, em 1972. Para Bazin, Aleijadinho foi o Rodin dos trópicos pelo admirável trabalho de escultura que fincou, tanto em Minas Gerais como no Rio de Janeiro, a raiz de uma arte essencialmente brasileira, não somente sendo ignorada pela Missão Artística Francesa, mas também não lhe dando a importância de vida. Não é de admirar, todavia, que nomes como do catarinense Victor Meirelles (18321903) e do paraibano Pedro Américo (1843-1905), exímios pintores de uma mesma geração, não tenham avançado ou ousado mais em seus próprios trabalhos após o aprendizado europeu. Às vezes eles se aproximavam de temas nacionais, como no caso de nossos feitos guerreiros e históricos, que eles tão bem souberam captar em telas de grandes dimensões, a exemplo de Primeira Missa no Brasil (1859) e de Batalha do Avaí (1877), em concordância, portanto, com a tendência em voga, qual seja a de exaltar valores patrióticos nacionais. Consequentemente, recebiam honorários e fartos elogios da imprensa, de intelectuais e do público, sensibilizados pela gama de criatividade que exalavam das duas enormes telas. A pintura de Victor Meirelles e Pedro Américo, porém, não se limitava somente a esses temas ditos patrióticos. Iam além, expandindo seus temas às cenas bíblicas, do Velho ao Novo Testamento, em versões de impecável acabamento artístico, cada vez mais distantes, porém, da nacionalidade de cada um. Raras vezes, os acadêmicos brasileiros enveredavam pelo indianismo, por exemplo, que começava a se firmar nas páginas de romances de José de Alencar e na poesia de Gonçalves Dias. Este já seria um tema destinado a questionar a identidade brasileira. Um pintor como o fluminense Antônio Parreiras (1860-1937) acentuava essa tendên-

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cia, oscilando entre a paisagem nativa exuberante e a visualização de imagens, exaltando o índio em sua plenitude, como na tela Iracema, de 1909. Todo esse preâmbulo é para situar a presença de César Romero no contexto da arte brasileira. Principalmente de sua pesquisa e da profunda observação do que seja cultura popular em relação à chamada arte erudita. Trabalhando temas brasileiros, investigou e coletou fontes matrizes da invenção do povo simples, estabelecendo um acúmulo de informações de grande importância na visualidade nacional.

REGIONAL, BRASILEIRA, UNIVERSAL O homem César Romero é um múltiplo. Para acompanhar seu trabalho, já conhecido nacional e internacionalmente, tantas têm sido suas exposições no Brasil e no exterior, necessário se torna conhecer seu universo, seja ele plástico ou literário, sem esquecer a sua formação acadêmica como médico, com especialização em Psiquiatria. Formatado esse bloco, as suas múltiplas atividades podem ser analisadas isoladamente, para se chegar a um denominador comum: o pintor César Romero. Esse baiano, nascido em 1950, em Feira de Santana, um dos municípios mais prósperos da Bahia, carrega o estígma de ser muito em uma única pessoa; ele não se acomoda a uma atividade somente, porém expande a criatividade por outras tantas áreas, buscando executar tudo com dedicação e disciplina. Sendo ele artista de extrema sensibilidade, pelo olhar arguto, capta o inusitado das coisas ao seu redor, incluindo nesse olhar sua própria razão de ser, como homem e pintor. Sua sensibilidade, portanto, o torna um homem de sete instrumentos, capaz de transitar com galhardia na pintura, medicina, fotografia, jornalismo, crítica de arte, curadoria, conferencista, empresariado e fazendeiro. Mas se alguém lhe pergunta qual, entre as profissões citadas, mais lhe toca, ele não hesitará em responder: é a pintura. César Romero é baiano. O dado é importante porque, na complexidade antropológica do homem brasileiro, a Bahia não só representa a mais perfeita e a maior integração racial representada pelo elemento europeu e africano, como também por ser essa integração o reflexo da assimilação entre culturas díspares em busca de afirmação da raça nacional.

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César Romero respira o mesmo ar e banha-se nas mesmas águas de outros tantos baianos ilustres. Como esses, o pintor é arraigadamente atávico, seja na formação, seja na maneira como encara o mesmo sotaque nordestino, responsável por fazer a grandeza de nomes como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e João Gilberto na música, Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro na literatura, Glauber Rocha no cinema e, indo além, Castro Alves, o bardo revolucionário que unia, em um mesmo cântico, política, liberdade e amor - como se elas não estivessem implícitas na ordem natural do sentimento humano. Não se pode esquecer a sensualidade no sentido mais lato, uma das evidências do povo baiano, presente na cor do seu habitante, na diversidade musical dos instrumentos de percussão de origem africana, já incorporada à sua harmonia, a fluidez da prosa de seus escritores e, finalmente, na criação vinda do povo, representada pelas Festas de Largo, nos adros de suas igrejas representativas, festas religiosas e profanas ao mesmo tempo e unidas pelo sincretismo, que tão bem expressa a alma popular.

*** Uma síntese dessas peculiaridades está presente na obra pictórica de César Romero. É desse veio abundante de informação e visualização de onde se origina a sua linguagem. Não é por nada que, munido de máquina fotográfica, e bloco de anotações, o artista capta, por onde passa, os aspectos mais instigantes do fazer e do sentir do homem comum para, mais tarde, depois da proposta digerida, inserir na criação artística, já num plano de erudição plenamente incorporada ao seu dicionário plástico. Certamente César Romero, como pintor, não é o único brasileiro a tentar romper as fronteiras entre popular e erudito. A arte brasileira oferece várias opções com relação a artistas que foram à fonte popular em busca de conferir identidade cultural à sua obra. Três deles devem ser destacados, porquanto serem alvos da admiração de César Romero: Rubem Valentim, Volpi e Antonio Maia. O também baiano Rubem Valentim (1922-1991), um construtivista na acepção, transitou entre diversas áreas da criação, da pintura à escultura, deixando bem claro que a linguagem construtiva pode desenvolver uma obra, na qual símbolos do Candomblé integram-se plasticamente às formas geométricas, sem perder a magia da fonte inspiradora. Principalmente nas esculturas, totens da mais alta significação ritualista, Rubem Valentim alcança momentos de rara expressividade como arte e espiritualidade.

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Da mesma maneira, Alfredo Volpi (1896-1988), italiano de nascimento que chegou aos 18 meses no Brasil, radicando-se em São Paulo. Ainda dentro da mesma linguagem construtiva, Volpi viu nas fachadas e nas bandeirinhas festivas das cidades do interior brasileiro uma forma de geometrizar o nosso cotidiano, dando realce à cor - um cromatismo de tons tropicais, valorizado pelas texturas de um artista preciso de impecável técnica. Já o pintor sergipano, Antonio Maia, partiu de um símbolo - no caso o ex-voto ou oferenda para o pagamento de promessas aos santos da devoção popular - para discutir, pela pintura, os rumos do homem na sociedade e suas implicações sociorreligiosas. O resultado é iconografia de forte expressividade, mormente quando se aprofunda no tema, que não só representa as agruras do homem nordestino, região de onde o artista vem, como pode ser estendida a qualquer nacionalidade. Trata-se de simbologia, cuja crença remonta às mais antigas civilizações, como bem observou o antropólogo Luiz da Câmara Cascudo, em diversos estudos publicados sobre a devoção aos santos do imaginário popular no Brasil. A citação desses três pintores - Rubem Valentim, Alfredo Volpi e Antonio Maia - tem razão de ser: são artistas pelos quais César Romero sente aproximação, não só no campo cromático como, igualmente, por serem pintores que vão fundo ao filão popular. Como ele próprio. Depois, há os chamados artistas naífs. Estes são pintores e artesões que, por intuição, espontaneidade ou tradição, transpõem, para as telas, esculturas ou gravuras, um universo pessoal, transmitindo pela singeleza, criativa e poética ao mesmo tempo e sem rigor formal, um trabalho rico em autenticidade concernente à realidade que os cerca. César Romero, pois, com sua pintura formatada no mesmo filão, embora transfigurada pelo rigor da forma e pelas cores luminosas de sua paleta, não está isolado desse contexto.

ATAVISMO & SENSIBILIDADE César Romero nasceu em Feira de Santana, 1950, cidade que dista 108km de Salvador, capital do Estado da Bahia. O nome da cidade originou-se da grande feira livre que semanalmente acontecia às segundas-feiras. Como não podia deixar de ser, a cidade evoluiu em torno desse evento de grandes proporções econômicas, paralelamente a forte cultura emanada da terra e de sua gente. Hoje, Feira de Santana é maior município baiano, celeiro de importantes artistas plásticos, principalmente, que convivem

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numa cultura entre a tradição e a contemporaneidade. Quem viveu (ou vive) em pequenos burgos ou deles participou, conhece a importância desses encontros para a vida da cidade. No Norte e Nordeste do Brasil, sobretudo. Nessas feiras livres, vende-se de tudo e, ao mesmo tempo, tais locais transformam-se em pontos de encontro para transações financeiras, contribuindo para fortalecer e prosperar social e economicamente os municípios que as abrigam; outro aspecto, não menos importante, refere-se na verdade a acontecimentos que envolvem a própria comunidade local numa confraternização de cunho social. Não foi diferente em Feira de Santana. A grande feira, conhecida em toda região e alhures, atraía gente não só de municípios próximos, como igualmente de outros estados brasileiros, tendo em vista a variedade de produtos da terra oferecidos. Por outro lado, dava oportunidade de iniciar negociações de vulto a nível estadual, tornando-a ponto de referência nacional. No caso de Feira de Santana, havia duas feiras distintas. A livre, propriamente dita, comercializava produtos regionais e de municípios próximos, tais quais gêneros alimentícios essenciais à rica cozinha local, carnes, aves, verduras, frutas, materiais de uso pessoal e decorativo, bem como artesanato em barro e madeira, colchas de retalhos e brinquedos. Tudo dentro de inusitada criação popular, onde convivem numa mesma peça forma e cor. A outra feira, a de gado, no Campo do Gado, é o agrupamento de grandes fazendeiros da região e da vizinhança. Enfim, uma espécie de bolsa financeira específica, voltada a grandes transações. Nela, fazendeiros reuniam-se para a compra, venda ou troca de bois (referência primeira e mote principal), cabras, porcos, cavalos, burros e jumentos. O local era cenário perfeito para se confrontar preços e estabelecer cotação às mercadorias oferecidas, nos parâmetros conhecidos hoje como livre concorrência. A feira livre, porém, não era exclusividade do comércio e atraía a atenção de outra parcela da população local para as novidades trazidas pelos mascates da capital e que tanto aguçavam a curiosidade e o interesse de moças e rapazes. Afinal, a feira também era ponto de encontro social. Um shopping center ao ar livre, seria a definição perfeita para a concentração. Feira livre existe desde tempos imemoriais. Os gregos denominavam ágora o local onde

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faziam as suas transições comerciais; os comerciantes das cidades italianas de Veneza e Florença, no Século V, negociavam seus produtos sentados em bancos de praças com a mesma finalidade - daí a origem da palavra banco como conhecemos as instituições financeiras dos nossos tempos. Na obra Civilização e Cultura (Livraria José Olimpio, RJ, 1973, 2º Volume) o etnólogo norte-rio-grandense, Luis da Câmara Cascudo, acentua que “o aparecimento da feira denuncia um adiantamento notável na regularidade das comunicações, garantias individuais, segurança nas travessias e conhecimento normal da efetuação local, datas, gêneros que podiam ser expostos à venda, sabendo-se da prévia necessidade deles na região ou de sua compra para outras paragens carecentes”. O mesmo autor acentua ainda que “a denominação latina, feria, festa, solenidade, dia votivo, feira, fair, também dirá de sua periodicidade, a nundinae, cada nove dias, e mercatus, em certa época. (...) De sua importância social deduz-se pelo efeito de constituir o veículo mais ativo de comunicação humana, convívio recíproco, influência em todos os ramos da atividade, do idioma à culinária”.

*** Mas há outro importante aspecto veiculado às feiras livres: o sócio-cultural, representado pela produção regional - a atividade artesanal à qual se dedicam homens, mulheres e crianças de baixa renda que, com esse trabalho específico, contribuem para renda e, consequentemente, sustento familiar. É inserido nesse contexto o sentido da frase de Marcuse: “A Arte é a expressão, pelo homem, de seu prazer no trabalho”. Constitui-se, assim, como uma tradição peculiar de criar, porque se trata de criação a nível popular, passa de geração em geração, sem que qualquer um de seus seguidores tenha a pretensão de ser artista ou fazer arte. Mas é Arte. Diante dela, há sempre a lembrança de conceitos, emitidos por William Morris (1834-1896), em torno de arte e indústria que tanto incrementaram os questionamentos artísticos na virada do século XIX para o XX. Qual a relação entre William Morris e o artesanato brasileiro? Nada, a não ser que o esteta inglês talvez tenha sido o primeiro teórico a reconhecer o toque artístico do objeto feito manualmente, embora repudiasse a produção em massa. Em todo o Brasil, situado nas pequenas localidades, o artesão, ou artista-artesão como definia o estudioso Edson Carneiro, trabalha seu material - barro, madeira, pano, fios

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vegetais, ferro, etc. - sob a admiração e aceitação dos habitantes locais, seus principais consumidores. Entre esses artesões, destacam- se os escultores de imagens de santos e outros ícones sagrados em madeira, os santeiros, de grande penetração popular. Muito desses ultrapassaram os limites regionais para se impor nacionalmente, alguns mesmos deixando o anonimato, para serem reconhecidos como escultores sob beneplácito da crítica de arte e pesquisadores, chegando às galerias comerciais com receptividade por parte dos colecionadores. E vão mais além, quando despertam a admiração de artistas da chamada norma culta; ou seja, pintores e/ou escultores de formação intelectualizada, de trânsito aberto no mercado de arte. O mundo mágico de brinquedos de barro e madeira, de objetos de ferro e de utensílios domésticos, de panos transformados em colchas de retalhos, formando retângulos e círculos coloridos, de palhas sendo usadas na confecção de tapetes, sobretudo, despertavam desusada atenção, quiçá deslumbramento, ao menino César Romero, quando acompanhava o pai, fazendeiro criador de gado, às feiras livres de Feira de Santana e de regiões vizinhas. Aqueles objetos simples, porquanto puros na acepção, quase ingênuos no fazer e no sentir de pessoas humildes e criativas, um dia deixaria o imaginário infantil de César Romero, para eclodir na criação plástica de um artista que, a partir de então, procura uma pintura de cunho nacionalista, sem jacobinismo; ou, como ele costuma afirmar: “... algo que fosse referência da minha cidade natal, Feira de Santana, da minha segunda cidade, Salvador, do meu Estado a Bahia, da minha região, o Nordeste do Brasil, enfim...”.

*** César Romero estava com 17 anos, residindo em Salvador, como aluno de Colégio Marista, na mesma cidade, quando, em 1967, Feira de Santana ganhava o Museu Regional de Arte. Inaugurado no dia 26 de março de 1967 por iniciativa do jornalista Assis Chateaubriand (1891-1968), fundador dos Diários Associados, então o maior complexo jornalístico do país, e Embaixador do Brasil na Inglaterra. Chateaubriand tinha compromisso com a cultura brasileira. Uma de suas grandes iniciativas, a criação, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo-MASP, detém a maior coleção de pinturas e esculturas de arte europeia na América do Sul. Seu patrimônio reúne artistas do quilate de Ticiano, Rafael, Goya, Tintoretto, Chardin, Ingres, bem como aqueles outros que fizeram e revolução da arte moderna - Manet, Renoir, Matisse, Van Gogh, Léger, Degas - e clássicos nacionais do porte de Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Malfati e Vicente do Rego Monteiro.

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Com seu espírito empreendedor e visionário, Assis Chateaubriand sonhava em criar outros museus semelhantes por outras cidades do Brasil, principalmente pelo Nordeste, região de origem (ele nasceu na Paraíba). Em 1967, ele fundou o Museu Regional de Arte de Feira de Santana, com significativa doação de obras de autores brasileiros, bem como uma coleção de trinta obras de importantes artistas contemporâneos ingleses dos anos 1950 e 1960. Relacionam-se, a seguir, os nomes dos artistas: Antony Donaldson, Alan Davie, Bary Burman, Michael VanGhan, Frank Auerbach, David Leverret, Brett Whiteley, Byron Organ, David Oxtoby, JR Joe Tilson, Lovis Le Brocquy, Neville Kink, Patrick Procktor, Derek Hirst, Derek Snow, Howard Hodgkin, Graham Sutherland, Reynolds, Tery Frost, Wishaw, John Piper, John Kiki, Paul Wilks e Pauline Vincent. Considerada a maior representação de pintores da Inglaterra em um só museu brasileiro, as obras em óleo sobre tela, óleo sobre eucatex, esmalte sobre metal, técnica mista sobre eucatex e técnica mista sobre papel, desde então, vêm desafiando não somente o visitante de fora, mas, principalmente, os artistas nascidos e criados em Feira de Santana, diante do raro privilégio de estar frente a frente com um conjunto de obras de primeira grandeza da arte europeia. Melhor formação artística para cada um deles, impossível. Mas um jovem, em especial, foi tocado por aquelas obras, as quais representavam descoberta fundamental para seu modo de ver arte, numa cidade como Feira de Santana, também no início do processo desenvolvimentista para se transformar no grande centro interiorano da atualidade na Bahia. Na verdade, César Romero encontrou, na obra dos artistas nacionais e britânicos, a confirmação de que a Arte, mais cedo ou mais tarde, ocuparia de maneira absoluta a criatividade já latente no seu interior.

CULTURA, ARTESANTO E CRIAÇÃO. Não há povo sem cultura. A partir dessa premissa, verdade inconteste, qualquer um pode olhar e começar a sentir que tudo a seu redor tem ligação, direta ou indiretamente, com a cultura á qual pertence. O próprio termo cultura é muito abrangente. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o verbete cultura é assim apresentado: 1.Cultivo; 2.Criação de certos animais; 3.Conjunto de crenças, costumes, atividades etc. de grupo social; civilização; 4.Conhecimento; instrução. No registro de Houaiss,

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salienta-se a cultura agrícola e a criação de animais para definir outras finalidades decorrentes da mesma palavra. Quando falamos de cultura, ou tentamos defini-la, logo nos ocorrem essas especificações, a mais importante, sem dúvida, caracterizado-a diretamente ao homem e seu comportamento no meio em que vive e atua. César Romero é homem culto. Não só pela formação humanística, como igualmente pela preocupação com o meio onde exerce suas atividades profissionais e artísticas. Ao mesmo tempo em que a medicina psiquiátrica ocupa parte do tempo dele, exercita a parte teórica, como crítico de arte, em jornais da capital baiana por mais de trinta anos. Seu interesse, porém, estende-se a outras áreas culturais: música popular, em especial a brasileira e a latino-americana, bem como a literatura, sobretudo a poesia. Poetas como Fernando Pessoa, Alexandre O`Nell, Mario Quintana, W.H. Audem, Helio Pellegrino, Walmir Ayala, Raul Bopp, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Luis Borges, Manuel Alegre, Konstatntino Kava´Fis, Ferreira Gullar, Anna Akhmátova, Arthur Rimbaud, Álvaro Alves de Faria, Mirian de Carvalho, William Blake, Péricles Prade, Jorge Luís Borges dentre outros, são frequentes nos seus solilóquios e conversações. Curiosamente, César Romero nasceu em 1950, quatro anos depois que um grupo de artistas plásticos de Salvador, com novas ideias, tentava implantar a estética modernista no âmbito estadual, sob a liderança do escultor Mário Cravo Junior (1923-), do pintor e depois tapeceiro Genaro de Carvalho (1926-1971) e do pintor Carlos Bastos (1925 - 2004). A eles se juntariam depois outros nomes como Lygia Sampaio (1928-), Rubem Valentim (1922-1991) e Carybé (1911-1977) - desenhista e pintor argentino que, encantado pela terra baiana, nela se radicou. Não se pode esquecer ainda, no grupo, a presença do pintor sergipano Jenner Augusto (1924-2003). Este, em 1949, marcara historicamente o modernismo em Sergipe, com uma pintura decorativa no Bar Cacique, em Aracaju. César Romero começou a encarar a pintura com maior seriedade a partir de 1967. Neste ano, participa do 1º Encontro Intercolegial de Artes Plásticas (1ºEICAP), reunindo colégios da capital baiana. Sua tela - uma igreja pintada de vermelho, e as casas ao redor, pintadas respectivamente de amarelo e azul - conquistou prêmio, concedido por um júri encabeçado, dentre outros, pelo crítico de arte Wilson Rocha, e pelos pintores João José Rescála, Riolan Coutinho e Juarez Paraíso, e pela escultura Mercedes Kruschewsky. A medicina, porém, era apelo visceral. Formado pela Universidade Federal da Bahia,

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em 1974, optou pela Psiquiatria, especializando-se em Psicoterapia Individual e Grupal, com intensa atividade clínica, sendo hoje um dos mais conceituados psiquiatras baianos. Autodidata em pintura, ele iniciou em 1971 a participação em salões de arte nacionais, despertando o interesse crítico para a sua pintura. Outro interesse plástico foi a fotografia, com a qual conquistou premiações que muito o incentivaram. Não resta dúvida de que o olhar de César Romero através da máquina fotográfica foi-lhe benéfica, concernente a sua pintura. O material estava ali presente, a sua disposição, não somente em Salvador, onde residia, como também em Feira de Santana e outras cidades interioranas, repositórios do que de mais tradicional encontra-se na terra baiana. Portanto, não é de admirar sua escolha pelas manifestações populares, ou a arte que vem do povo, como enfoque do seu trabalho. Nesse particular, estava ao seu alcance um universo particularmente rico em forma e conteúdo, a cuja interpretação, a nível erudito, César Romero deu sempre o melhor de si, como artista. Há anos, o pintor baiano vem aperfeiçoando cada vez mais a integração do popular na sua obra. Nas diversas fases em que trabalhou a temática, com séries intituladas emblemáticas, uma coerência estilística estava presente de maneira inquestionável: a cor. Pelo colorido, César Romero se destaca entre os pintores baianos e os brasileiros, formando com eles uma espécie de corrente, em função de identificar a pintura por eles realizada como uma obra brasileira. A cor, nele, já é um elemento autônomo. O pintor começou intuitivamente, entretanto jamais abdicou suas convicções nacionalistas em termos visuais. Como baiano, sabia haver, ao redor, campo de ilimitadas perspectivas plásticas. Nele estavam dois dos elementos de fascínio na arte: a forma e a cor. As pesquisas representam a maneira de antecipar a obra, razão pela qual merecem sua inusitada atenção. Em várias ocasiões, o pintor reafirma essa convicção, quando diz “venho pesquisando, estudando, coletando, reinterpretando e recriando a simbologia do Nordeste e os signos afro-brasileiros. Das colchas de retalhos e seu vocabulário (os sinais do povo), que chamo de Faixas Emblemáticas; através de permutações, aprofundo e discuto Pintura”. À primeira vista, a obra de César Romero parece ser de fácil execução, por causa prin-

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cipalmente do desenho de aparente simplicidade. Este é o primeiro enigma a dela se desprender, quando sabemos ser justamente nas coisas mais simples onde qualquer autor encontra as maiores dificuldades. Ser simples requer, antes de tudo, conhecimento e elaboração, bem como domínio da técnica, sem perder a emoção implícita. Excelente colorista, César Romero parte de um tom da cor para expandi-lo harmoniosamente pela superfície da tela, através de pinceladas em busca dos espaços com as sutilezas de um pontilhismo de refinada elaboração. É esse sutil rebuscar que esboça mentalmente, ao iniciar o quadro, uma das peculiaridades do pintor nas texturas criadoras da sua gramática plástica, acabando não somente por seduzir o espectador, mas indo mais fundo, estabelecendo a empatia entre o olhar e a obra de arte. César Romero firma sua crença numa arte nacional, uma ode ao ato de pintar e uma declaração de amor à cor; na verdade, a sua razão de viver e trabalhar uma visualidade, que reflita a terra e o seu povo.

AVE, CÉSAR! Nesta entrevista, César Romero procura discutir seu pensamento plástico-visual. Principalmente, revela a maneira de criar e como seu fazer artístico o envolve desde a tela em branco ao resultado final. G.E.A. - O que é arte? C.R. - Arte é invenção de linguagem. Transfigurações. G.E.A. - Você é essencialmente um pintor? C.R. - Sou, exploro a cor à exaustão. As possibilidades de combinações, os ajustes, as entonações, as potencialidades cromáticas. Minha pintura é um exercício da cor. Trabalho o que resulta de uma cor diferente sobre outra interpenetrante e ela em sua integridade. Não é fácil o trabalho de cor. É um desafio que enfrento sem nenhum temor, chego à zona de perigo. G.E.A. - Você se considera um colorista? C.R. - Sim, sei manejar cor com certa desenvoltura e crio possibilidades que não são

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muito usuais. Não tenho medo da cor, ela faz parte da herança tropical baiana e nordestina. A cor me localiza. Sou um observador compulsivo da luz e suas consequências. Sou intenso. G.E.A. - Além da cor, você valoriza tema? C.R. - Sim, tenho um programa teórico, que é fio condutor do meu processo como artista. É algo defensável. Não sou de improvisações, por não saber o que fazer. Acordo cedo e vou cumprir minha missão, minha escolha. Nos últimos 35 anos, investigo uma linguagem e uma visualidade brasileira. Não vou desistir nunca, estou condenado a essa procura. É algo difícil e trabalhoso. O popular é sempre matriz, e busco registrar as marcas que o povo criou, seja na religiosidade afro-brasileira, na católica, nos brinquedos populares, na cerâmica, nas festas do povo e lendas do Nordeste. Busco uma reinterpretação do que vejo, uma metalinguagem. G.E.A. - Sua pintura é regionalista? C.R. - No fundo, busco valorizar minha região, suas características, tradições e peculiaridades. Nosso país tem culturas diferenciadas. E isso é bom. Regionalismo é assumir identidade. Qualquer arte, que tenha como viés sua terra, é universal. O artista tem que produzir o seu meio, voltar-se para suas raízes. Essa é minha verdade pessoal, não quer dizer que seja uma lei para todos. É para mim. Aprendi na vida a respeitar as diferenças. Respeito todo pensamento alheio e quero que respeitem o meu. Cada qual use sua liberdade e crie. G.E.A. - Essa busca de brasilidade vem desde quando? C.R. - O ponto de partida foi a colcha de retalhos que apareceu em minha pintura no início de 1978. A colcha de retalhos é muito comum em localidades mais pobres, quando se unem pequenos retalhos que sobram. Costuram-se uns nos outros, até se formar uma peça grande, para aquecer nas noites ou servir de cobre-cama pelo dia. A variedade de cores, formas, texturas e angulações é fascinante. Aí temos arte popular utilitária, que surge de força da privação, da pobreza, da necessidade de viver, resistir. - Feita a colcha de retalhos, que é bandeira, que é estandarte, que identifica, festeja fatos, aglutina, inscrevi nela um vocabulário nordestino: símbolos, marcas do candomblé, dos chapéus e roupas dos cangaceiros, dos vaqueiros, do artesanato, da cerâmica popular utilitária e lúdica, mandacarus, árvores e arbustos sintetizados, a zoomorfia nordestina, a puxada do xaréu, o bumba meu boi. As arraias e periquitos dos céus de verão com suas crianças pançudas na outra extremidade da linha. O sertão, o sol com

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sua dialética vida-morte, a lua e suas lendas, os rios das fazendas, os mata-burros separando pastagens. As marcas do couro, da decoração dos arreios, as rendas, os ritmos da cestaria, o cordel, instrumentos musicais e ferramentas do candomblé. Os monogramas dos santos de devoção, as charolas, as rezas, os estandartes, as flâmulas tão usadas nas procissões. O desenho, a pintura dos tambores, bancos, mesas e barracas das festas de largo, do carnaval, as festas de São João e suas bandeirinhas, o natal e o presépio. As festas de outros povos que o nordestino abrasileirou. O povo e sua arte comunitária, a vida. Aí está minha alma nativa, em minha interpretação plástico-visual. A colcha de retalhos é referência inicial, depois inscrevo sobre elas meu vocabulário, o risco do meu povo e nomeio de Faixas Emblemáticas. As Faixas Emblemáticas tem movimento contínuo e buscam uma dança de elegância e sensibilidade. G.E.A. - É uma espécie de teimosia? C.R. - Prefiro dizer convicção. Meu trabalho vem do que recolhi em minha Região, o Nordeste. Uma codificação não verbal. Acolhimento do específico e do geral. São reflexões plástico-visuais de um território rico em costumes, ritos, música, folclore e tantas outras manifestações de arte. A produção artística popular é vastíssima. Caleidoscópica. O Nordeste, tão marginalizado, visto com preconceito, considerado o Terceiro Mundo do Brasil é onde palpita e se forma a maior parte da nossa identidade cultural. G.E.A. - Essa coisa de indenidade cultural na arte, de brasilidade, incomoda muita gente... C.R.- Que não se incomodem, façam suas coisas, se responsabilizem por elas. O tempo se encarregá de depurar. Não quero que ninguém pense como eu. Só quero ter o direito de pensar. Só sei que faço pintura e tenho um pensamento estético. G.E.A. - Qual seu pensamento plástico-visual? C.R. - Criar meu destino de brasileiro e de artista plástico. Acredito pessoalmente numa arte que venha do povo, das suas vivências, das suas crenças. Precisamos de uma história, formando uma ideia de pátria, um pensamento brasileiro. Trabalho com os sinais nordestinos e com os símbolos afro-brasileiros, um vocabulário que qualquer nordestino vivencia no seu dia a dia. Não é necessário que obrigatoriamente se ‘’entenda‘’ essa semiótica. No fundo, o que faço é pintura. Sou um pintor, um colorista. O popular é sempre matriz, e no exercício da observação, busco uma ruptura com o banal. Acredito ser importante registrar, para não deixar morrer as marcas, os símbolos,

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os signos, a carga inventiva e os sinais da nossa gente. Fixar é arrumar o fugaz. G.E.A. - Seu trabalho tem um compromisso com o Brasil? C.R. - Tem sim, busco uma linguagem e uma visualidade brasileira. Não vou desistir nunca, estou condenado ao prazer e a tortura desta procura. É algo difícil e trabalhoso. Requer responsabilidades para não se cair no banal, no folcloroso puro e simplesmente. O popular é sempre matriz. Busco registrar as marcas que o povo criou em sua sabedoria, vivência e intuição. Assim, o popular e o erudito se complementam. G.E.A. - Você é um documentarista? C.R. - Não sou um documentarista. Busco uma transfiguração do que vejo e vivo. No fundo, faço uma síntese plástico-visual dos sinais do povo. Há coerência e sinceridade em todo esse tempo que pinto. Continuo fidelíssimo ao meu pensamento. Não sou de improvisar. G.E.A. - Você faz anotações do que vê? C.R. - Faço anotações com caneta tinteiro em qualquer papel disponível. Depois revejo, penso, dou a minha interpretação e monto meu arquivo. A primeira coisa que faço, quando vou a alguma cidade, é fotografar os mercados populares e o artesanato local. O resultado vale como foto mesmo e como referência para as pinturas. G.E.A. - Existiram outros momentos? C.R. - Existiram as Paisagens com flâmulas soltas sobre elas; os Enigmas, que são relações com os símbolos afro-brasileiros, chapados, funcionando como tatuagens coloridas; as Platibandas Emblemáticas são frontispícios das casas simples do interior da Bahia, feitas por mestres de obra e pedreiros, que guardam visões populares em seu bojo. As Arraias Emblemáticas são pipas, de cores fortes, onde aplico meus símbolos. As arraias ou pipas são um dos grandes prazeres dos meninos nordestinos. São pinturas que voam. Os Tamboretes de Festas de Largo da Bahia - é a metageometria dos tamboretes com tampos dos bancos pintados, para identificar o proprietário. Tenho uma série de pinturas e fotografias destes módulos. Tudo é interligado. São diferentes momentos de um mesmo pintor, seguindo sempre o popular como matriz, o Nordeste e suas invenções, sua cultura, sua forma de viver e conviver, sua essência, a alma de um povo simples, que não abre mão de suas tradições. G.E.A. - Como funciona seu processo de trabalho?

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C.R. - Sou muito observador. Tudo que vejo funciona como pintura. Logo, penso como vou transfigurar o que vejo, materializar as percepções. G.E.A. - O que há de novo em seu trabalho? C.R. - O processo de maturação dele. Minhas coisas são pensadas, ruminadas à exaustão. Estas pinturas são ondas de um mesmo oceano. São claramente saídas de um mesmo pintor. Trago novos símbolos, novas cores, novos entrecruzamentos, novos ajustes. A escala mudou, agora são trabalhos de grandes dimensões. As cores mereceram um cuidado exaustivo, procurei encontrar novas potencialidades cromáticas, possibilidades de combinações, ajustes, entonações, claro-escuro, texturas e transparências. Pintura é cor, é saber manejá-la, torná-la um elemento autônomo, sem esquecer meu programa teórico. Sempre separei cor e tema. O que faço é buscar integrá-los numa síntese lógica. Meu trabalho tem mudado muito. Mais pela delicadeza do que pela força da imposição. Ele flui, como um lenço solto num espaço enigmático, cercado de luzes e transparências. O tempo e a aprendizagem, o fazer e os resultados nos empurram para uma mudança, que é progressiva, sem sobresaltos, sem apagões ou rasgos de bravatas desnecessárias. Há algo indizível no processo, chegando através do transluzir, das somações de cores, refletindo-se na aparência da epiderme da pintura. Você nota claramente: são saídas de um mesmo pintor. Um novo olhar sobre meu eterno tema e pensamento: uma semiótica brasileira. Vou viver e morrer buscando a brasilidade, o registro do Brasil. Algo como um Hino Nacional. G.E.A. - Fale sobre seu trabalho nestas décadas de pintura... C.R. - Sou fiel à pintura nestes anos. Símbolo e cor se comportam fraternalmente. Existe um lugar além dos modismos passageiros, para um artista em busca de manter uma linguagem. Há algo sólido no que faço, um rastro de fidelidade aos meus propósitos, à minha busca. Tem uma coerência entre o que falo e a ação. Há firmeza em meu comportamento. Uma mistura entre o espiritual e a fisicalidade das coisas. Pinto minha pele, uma epiderme baiana, nordestina e brasileira em sua essência. As linguagens da moda nunca me interessaram. Conheço para ter informações do que existe no mundo. Meu mundo é a Bahia e sua mística. Sou fidelíssimo ao meu pensamento teórico, ao meu fazer, minha busca. Vivo na contramão da moda.

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Não sou um artista desagregado, cada dia ser uma coisa. Sou a continuidade do meu propósito. Sou aquele que vive a mudança a cada exposição, sem fugir do meu centro. Minha pintura é como minha vida. Venho mudando com os anos, amadurecendo, mas tenho minha identidade, meu eu preservado, que vou aprimorando com o passar dos anos. Acredito que, hoje, sou uma pessoa melhor, mais informada, mais centrada, menos dispersa. Assim tem sido com a pintura. Não sou do ‘’flash‘’, do imediatismo das tendências, dos anseios do mercado, da busca de aprovação, da dependência de cargos políticos. G.E.A. - Você é crítico de arte da ABCA e AICA. Como vê a crítica e como você se relaciona com ela? C.R. - Como artista plástico, sempre respeitei a crítica de arte. Ela não é uma ciência, mas tem os seus sinais e os seus sintomas, e pode se basear em elementos da ciência. Nenhum crítico que seja sério será irresponsável, a ponto de emprestar o seu nome, elogiando um artista sem valor, porque aquilo vai depor conta ele. A crítica de arte brasileira é formada, em sua grande maioria, por intelectuais, historiadores, professores pós-graduados, pós-doutorados. São estudiosos, pesquisadores renomados. Alto nível. Não vejo meus trabalhos como um crítico de arte, vejo como artista. Acho importantíssimo o acompanhamento da obra de um artista por um crítico de arte. Há possibilidades de diálogos, orientações, avaliações. É sempre uma troca saudável. O crítico é um elo entre artista, obra, público e a História. Não faço o jogo dos curadores improvisados e de quem possa exercer algum poder, que é sempre transitório. Sou do atelier, da pesquisa nos mercados populares das cidades que conheço. Registro, fotografo tudo, e as imagens me servem de apontamento. Se algo me interessa, me toca, vou redesenhar, rever, transfigurar, teimar, insistir, até que surja o símbolo, modificando a aparência, nunca a essência. A repetição de intenções me liberta. Sou vigilante em minhas buscas. Não faço colagens com obras alheias, de outros artistas, sejam nacionais ou internacionais. Não sou um mix, sou uno. Meu trabalho tem uma integridade. É autoral. Vem do meu gesto, das mãos, do ritmo das pinceladas, da observação contínua de minha iconografia. Meu trabalho é minha alma e minha arte é linguagem. Há sinceridade e ética no que faço. Existe em minha pintura um misto de espiritualidade, confissionalidade, técnica e uma obstinada busca da cor. Eu visto minha cor, que já é pele. Nessa epiderme colorida e plural, movimento décadas de pintura. Como esse tempo passou, não sei bem. Descobri por acaso, fazendo um resumo de meu currículo. Só sei que foi muita ação.

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G.E.A. - O que é BR-amante? C.R. - BR-amante foi uma exposição que comemorou meus 40 anos de pintura. O nome, eu criei como uma síntese do meu pensamento, que poderá ser lido de três maneiras: BR-amante, amante do Brasil. BR-amante, um tecido e através do tecido. Busco revelar bens culturais de raiz brasileira. BR-amante do verbo bramar, ser um bramador da cultura popular e de um propósito, discutir a alma e a essência do povo brasileiro. BR-amante tem forma, matéria, sensibilidade e cor. Busco emoções estéticas em ritmos musicais oriundos do Nordeste. Algo que tenha o encanto da humanidade, da espiritualidade, da mistura de raças, de regiões, de achados. Algo plural que se unifica no corpo da pintura. Esta exposição começou na Europa. Foi vista em 12 estados brasileiros e terminou em Salvador. Meu produto é claro. Sou meticuloso, detalhista e atento a pormenores. Meu trabalho tem uma história de coletividade, de gerações vividas que deságua em forma, linha e cor. Busco ser um intérprete plástico-visual da alma brasileira. G.E.A. - Sua pintura tem mudado? C.R. - Minha pintura tem mudado nos últimos anos. Há um aprofundamento dela. Aproveito ao máximo o branco da tela, que se tornou fundamental para trabalhar as transparências das tintas e verificações de erros e acertos. As cores suavizaram, agora viajam na delicadeza. Pensar a delicadeza em pintura é rever seus valores intrínsecos na totalidade. G.E.A. - Qual sua busca principal em artes plásticas? C.R. - Quero uma pintura sem truques. A pincelada é um ato único, e detono variações cromáticas que interferem na retina, numa pulverização de tons. O tema, o assunto está resolvido. A cor hoje é meu interesse maior. Sou um instrumento da cor. Quero ser tudo que a cor possa dizer. Imaginação e pensamento estão engajados de forma visceral. Há uma rigorosa disciplina e adestramento da mão. Tudo resulta de um agrupamento de símbolos que interagem de maneira sutil, orquestrados por um pensamento lógico. Meu trabalho plástico-visual é endógeno e ruminado. Sou da experiência acumulada, do produto final enraizado, nos anos vividos com a comunidade nordestina, seus feste-

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jos e ritos. Sou do encontro com a alma nativa. Um aprendiz a teimar. Meu trabalho remonta a uma família, tem o mesmo DNA. Difere apenas na aparência externa. Há um claro processo de mudança contínua e o mesmo DNA. Vivo o espaço ilusório percorrendo a cor. Minha arte nunca veio aos saltos e borbotões. Foi desfiada dela mesma, e dela parida. Tenho um fio condutor que é a alma nacional. Quero ser um intérprete do Brasil. Minha pintura é estudada, pensada. Um modo de representar ilusões coloridas com faixas, listras e inscrições da baianidade. G.E.A. - Como você vê o tempo? C.R. - O tempo tem seu preço: ou ajuda a definir um artista ou dilui. Avança ou cai seu processo criativo. Assim, temos que estar em permanente alerta. Pintar é correr riscos, é jogar certo jogo de sorte ou azar. É um desafio permanente até a finitude, quando a dialética encerra. Procuro cumprir a tarefa de justificar minha existência no bojo do que vivo e vivi, nas nódoas que o nordeste fixou em mim. G.E.A. - Como você se define? C.R. - Nunca me interessei por rotulações. Nunca quis e nunca quererei estar na moda. A moda passa e o artista também. Eu faço arte brasileira. Algo diferente das ‘’internacionalizações‘’, meros arremedos requentados do que se faz lá fora. Muitos artistas, para serem modernos, copiam de revistas as ‘’vanguardas internacionais‘’. Vanguarda é mostrar ao mundo algo que ele não conhece, ou não percebeu. Então a vanguarda pode estar no seu quintal. É mais fácil copiar que criar. Como função, o papel da arte é formar consciência humana, resultante de pensamentos e reflexões. G.E.A. - Um grande sonho... C.R. - Gostaria que o povo simples visse a apropriação que faço de seus sinais, da sua simbologia, da criação popular coletiva, que no fundo é de todos nós, brasileiros. G.E.A. - Você é conhecido pela organização e metodologia de trabalho. Então vale uma pergunta capciosa: como será sua pintura para os próximos anos? C.R. - Já sei mais ou menos o que pretendo fazer. Já tenho claro na minha cabeça

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o que vou fazer, nos próximos anos, com a minha pintura. Sou um pintor amante da sua profissão e confia nela como um sacerdócio. Minha tendência estará na máxima simplificação. G.E.A. - Resuma sua pintura. C.R. - É uma resistência amorosa, uma paixão transmutada em forma e cor. Hoje tem a calmaria da convicção. Nunca esperem de mim invencionices de moda passageira. Sou fiel a minha pintura, que tem a sinceridade do simples, da pesquisa orientada, fixando uma cultura. G.E.A. - Você trabalha todos os dias? C.R. - Sim, às vezes até nos domingos e feriados. Eu gosto de trabalhar. Trabalho muito. Faço isso com imenso prazer. Eu tenho uma missão e tenho que cumpri-la. O tempo é eterno, eu não. A arte é eterna, eu não. Sou um artista com uma fração deste tempo. É preciso aproveitá-lo. Não esquecer que existe lazer e prazer. G.E.A. - Alguma crítica negativa na carreira? C.R. - Não, nunca. Acho que tenho sorte. Tenho 122 textos de críticos nacionais e 12 internacionais. Sempre ressaltaram a minha cor, minhas escolhas e a coerência. Pode aparecer agora. Alguém poderá ser o pioneiro. G.E.A. - Você é multimídia. Isso não atrapalha você aprofundar mais os seus assuntos? C.R. - Não, sei otimizar meu tempo. Eu nasci artista e, como tal, me acho capaz de experimentar várias coisas, várias tendências, vários aspectos da arte. Sou intenso e inquieto. Sou um profissional metódico. Tenho muito cuidado com o que faço. A esta altura da vida, não tenho o direito de fazer besteiras. G.E.A. - Algo mais? C.R. - Sim, eu quero te dizer, com muita sinceridade: eu dei ao Brasil uma estampa, uma imagem, como Volpi, Valentim, Maia e Samico. Olhando esse meu percurso, hoje posso dizer na calmaria, tenho uma coerência endógena.

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CRONOLOGIA TEMÁTICA César Romero é um dos pintores mais coerentes do Brasil. Em toda sua carreira, trabalhou um único tema: O Nordeste. É o resultado de pesquisas, as quais deram, a seu trabalho, uma evolução coerente e lógica. Segue o roteiro.

1º Casarios (1966-1969) Procurava, de forma simples, fixar pontos referência da arquitetura da cidade do Salvador. À época, grande parte dos artistas começava pelo casario, especialmente em Salvador, onde as pessoas estão imersas no Barroco. Esta corrente estética muito influencia a pintura de César Romero. O Barroco floresceu em Roma, no início do século XVII. A pintura barroca religiosa retratava santos ou a Virgem, envolta por mantos drapeados e por nuvens cercadas de querubins. A preocupação do artista era focar em ângulos simples, de leitura direta, mas não óbvia, o casario de sua cidade.

2º Imaginária (1969-1975) Buscava revelar os santos da tradição católica. Ia a igrejas, fazia anotações, reinventava as imagens, ressaltando o barroco, tão tradicional na Bahia. A religião era uma referência para os baianos especialmente nos anos 70. Há ainda outro dado que reforça esta escolha. César foi aluno interno do Colégio Marista por três anos. Isso o influenciou em suas crenças e aptidões. A missa era obrigatória todas as manhãs, com cânticos, incenso e homilias.

3º Selos Comemorativos (1975-1980) São imagens em que os santos aparecem como garotos propaganda da sociedade de consumo. Apresentam uma faixa, contornando a personagem central com picotes arredondados nas bordas como selos dos correios. Assim surgia: Selo Comemorativo do dia dos Falsos Brilhantes, Selo Comemorativo do Dia dos Direitos Humanos, Selo Comemorativo do Dia do Dólar, Selo Comemorativo do Dia do Arrependimento e muito mais. O artista ironizava o poder dos santos na sociedade de consumo, nos feriados em suas homenagens e nas festas populares.

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Nos anos 70, a correspondência era quase toda por carta. Ele morava em Salvador e a família em Feira de Santana. A correspondência era intensa. E ao manusear os selos das cartas, interessou-lhe a forma picotada com que se uniam e se colavam no envelope.

4º Gravuras - Litografias e serigrafias (1977-1988) Várias edições de gravuras pela Imagem (RJ) e Almavera (SP) com trabalhos das fases Imaginárias, Paisagens com Faixas Emblemáticas, Arrais Emblemáticas e Faixas Emblemáticas.

5º Paisagens com Faixas Emblemáticas (1981-1987) César, numa tarde de domingo, foi à Lagoa do Abaeté com amigos, viu as lavadeiras trabalhando num dia apregoado para descanso e foi conversar com elas. Cada uma contava uma história diferente sobre a Lagoa e sua magia, até que viu um varal com roupas para secar. O vento soprava, movimentando as roupas coloridas, formando dobras e curvas. Fixou a imagem. Ao chegar em casa, fez um desenho rápido de uma colcha voando e concluiu abaixo com uma paisagem. Estava feita a primeira anotação. Depois pensou e colocou, na colcha, símbolos e signos do candomblé, da cerâmica popular, do vocabulário nordestino. A paisagem baiana é muito diversificada. Vai dos recortes da Baía de Todos-os-Santos, à costa litorânea, à caatinga, ao sertão. Voava a faixa nos céus e, sustentando a composição, a paisagem abaixo e um céu sonhado. Não se pode considerar César Romero um paisagista. Seu interesse se dava à atmosfera metafísica, por vezes levemente surrealista, que impregnava a composição e as colchas de retalhos com seus signos/ símbolos.

6º Tamboretes de Festas de Largo da Bahia - Fotografias (1981-1992) Um conjunto de fotografias, dos banquinhos das Festas de Largo, que apresentam um geometrismo simples e criativo e determinavam seus proprietários. Os banquinhos serviam para os populares sentarem, beberem, comerem, namorarem e observarem o entorno. Era a criatividade do povo transformada em arte. Com essas fotos, o artista foi amplamente premiado em salões oficiais de vários estados brasileiros. As fotos dos Tamboretes de Festa de Largo da Bahia é um documento, hoje, muito es-

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pecial. Atualmente as mesas e cadeiras são de plástico. E os barraqueiros tiveram que se adaptar à nova realidade. O geometrismo popular pintado nas mesas e banquinhos e suas conecções aleatórias formavam painéis de grande beleza e invenção. Existem 215 imagens registradas.

7º Faixas Emblemáticas (1984-2016) O artista fazia sempre fotos de seus trabalhos para seu arquivo particular e para divulgação na imprensa quando oportuno. Um dia, por acaso, fez um “zoom” na faixa e ficou olhando. Fixou e observou que a faixa tomava todo o campo fotográfico. Começo, meio e fim, num mesmo plano. Daí em diante, a faixa colorida passou a ocupar todo o campo plástico, dando maior possibilidade ao artista de trabalhar seus símbolos/signos. Faixas Emblemáticas se tornou a fase mais conhecida de César Romero. Flexibilizando demarcações das fronteiras, o artista trabalhou outros temas, durante o período em que realizava as Faixas Emblemáticas. As Faixas Emblemáticas visavam à aglutinação de uma semiótica nordestina, traduzida de forma plástico visual, por entender Arte enquanto linguagem, uma sucessão de símbolos de raízes ancestrais, que emerge do popular. Buscava registrar e não deixar morrer as marcas que as comunidades simples criaram. Os sinais do povo. Busca uma identidade popular brasileira, que forme a noção de pátria. Esta série sempre acompanhou a carreira do artista, mesmo ele fazendo incursões por outros caminhos coerentes. É o resumo de seu pensamento pictórico.

8º Tamboretes de Festas de Largo da Bahia - Pinturas (1986-1992) Vendo e fotografando os tamboretes, César decidiu pintá-los em telas. As fotografias dos tamboretes serviam de apontamento e ele inventava novos jogos do olhar, com texturizações bem marcadas. As cores acesas, brilhantes, pareciam festejar a vida, os folguedos que sempre existiram nas Festas de Largo. A alegria era a tônica.

9º Arraias Emblemáticas (1986-1993) Na infância, César Romero “empinava” muitas arraias, pandorgas, pipas ou papagaios. Relata que tinha imenso prazer em criar geometrizações e cores para as arraias. “Era um jogo de armar. Conseguia muitas variações de formas e cuidava das cores. Fazia combinações que não eram comuns. Por exemplo, numa arraia eu usava preto, roxo e carmim, em outra púrpura, violeta e cinza, assim iam. Minhas arraias eram conhecidas. Quando estavam no ar, de longe os meninos as identificavam pelas cores”. As

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arraias eram uma das diversões mais comuns da criançada e adolescentes. Ainda era mais acessível a todas as classes sociais. Papel, duas “taliscas”, carretel e linha enrolada nele. As arraias eram “pinturas” que voavam nos céus de verão e tinham seus símbolos/ signos inscritos no papel. Era o sonho de todo menino entrar numa guerra de arraias e ganhar. Primeiro se “temperava” a linha com vidro pisado, bem moído e misturado com a goma arábica. Logo se passava na linha e colocava para secar. Depois se empinavam as arraias e, nos céus, elas se aproximavam. Soltava-se do carretel a linha que estava enrolada e, com a velocidade que se colocava, partia a linha da outra arraia. O campeão tremulava no espaço e o perdedor via sua arraia descer, rodopiando ao chão, juntando muitas crianças para pegar a arraia, que, sendo perdedora, pertenceria agora a quem conseguisse pegá-la. A guerra de arraias eram atrações dos finais de semana.

10º Enigmas (1987-1991) Os enigmas são exclusivamente as transfigurações das ferramentas, instrumentos ou armas dos orixás. Os orixás são cheios de virtudes e fraquezas como os homens. O candomblé é uma religião tão antiga quanto as práticas religiosas primeiras do início da humanidade. O enigma é coisa a ser decifrada, que é descrito de forma ambígua. Os terreiros são espaços místicos. São a síntese das terras da África, dos reinos de lá. Dentro destes enigmas, César Romero criou a série e só o orixá é dono dos espaços, de todo campo plástico.

11º Platibandas Emblemáticas (1988-1992) Viajando pelo interior da Bahia, César Romero ia passando por cidadezinhas do interior, que beiravam as estradas, de ida e volta. Como sempre, anda portando máquina fotográfica e registrando os frontispícios das casas simples das cidades de Anguera, Bravo, Serra Preta, Ipirá e Feira de Santana, na Bahia. Estes frontispícios são feitos pelos mestres de obras ou pedreiros das localidades. Geralmente são geometrizados e coloridos. César inspirou-se nestas fachadas, pintou o recorte e, nas possíveis portas, inscreveu os sinais do povo.

12º Janelas Emblemáticas (2007-2009) Vendo casas de bairro simples, com janelas e portas de colorido forte, foi a casas de material de construção comprar janelas de madeira tosca, deu base de tinta látex e im-

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primiu nelas seu alfabeto visual. Criou assim uma nova possibilidade para sua pintura. O artista presenteou com estas janelas alguns moradores de bairros simples. Depois de substituídas, provocaram nos passantes reações várias, tanto de admiração pela novidade, quanto de questionamentos e observações de que algo novo estava acontecendo nas casas.

13º Totens Emblemáticos (2008 - 2012) São trabalhos tridimensionais, esculturas em blocos de madeira maciça, sobre a qual, em diferentes cortes, surgem pinturas da série Faixas Emblemáticas. A madeira é tratada e, em suas paredes, surgem grandes texturizações com colagens de vários materiais, promovendo uma estimulante curiosidade aos olhos do expectador. Uma experiência instigante. A sutileza de uma pintura fluida, na solidez da natureza.

14º Urdiduras - Desenhos (2009-2015) A essência é a mesma. Relembra sabedoria popular, de raiz brasileira, numa interação, trazendo o popular ao plano erudito. Panos de bandeja e pão, porta-copos, rendas, arte do fuxico, guardanapos, centros e caminhos de mesa, bico de metro, toalhas de lavabo, jogos de cama e outras urdiduras do artesanato popular nordestino são transfigurados, convertidos a outra realidade. Memória plástico-visual de longa pesquisa. O artesanato vem do início da humanidade e está presente nos 27 estados de nosso País. Sabe-se que nada é mais regional que o artesanato. Identificador de origens, fruto expressivo de culturas e tradições, seja na repetição dos moldes ou na inventiva do artesão. Depositário do passado, transmitido por gerações, é fator importante no desenvolvimento sustentável de comunidades simples. Em sua teimosia afetiva, nessas teias, tramas, emaranhados de estruturas organizadas e avoengas, ele buscou o sotaque de sua gente.

15º Urdiduras - Pinturas (2013-2015) Com a experiência dos desenhos que usava nanquim, lápis aquarelável, guache e grafite, sobre papel, César decidiu pintá-las em telas apenas com tinta acrílica. Na pintura, buscou valorizar volumes, texturas, entonações e claro-escuro.

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16º Faixas Emblemáticas (1984 - 2016) Esta série permeou a carreira do artista desde os meados dos anos 80. Foi seu grande momento, que o tornou conhecido nacionalmente e internacionalmente, com prêmios e referências críticas em quase todo o Brasil e algumas no exterior. As Faixas Emblemáticas são uma marca na pintura brasileira. César Romero deu ao Brasil uma imagem originalíssima, única, que o tornou uma referência na visualidade de nosso país.

RESUMO DO CURRÍCULO DE CÉSAR ROMERO César Romero nasceu em Feira de Santana, Bahia, no ano de 1950. Autodidata, iniciou-se em artes plásticas em l967. É pintor, fotógrafo, curador e crítico de arte. Vive e trabalha em Salvador desde 1966. Formado em Medicina, em 1974, pela Universidade Federal da Bahia, optou pela Psiquiatria, especializando-se em Psicoterapia Individual e Grupal, com intensa atividade clínica. Participou de mais de 500 coletivas e 47 individuais no Brasil. No exterior, teve 50 coletivas e 12 individuais. Mostrou seu trabalho em: As Neves, Barcelona, Berlim, Bilbao, Buenos Aires, Bragança, Cayenne, Chiasso, Chaves, Coimbra, Colônia, Düsseldorf, Espinho, Fort-de-France, Granada, Hannover, Honolulu, Lisboa, Los Angeles, Lousã, Leiria, Madrid, Marsailles, Miami, Montevidéo, New York, Paris, Porto, Punta Del Este, San Francisco, Santiago, Washington, Bordeaux, Sorde L´Abbaye, Guimarães, Santarém, Oñati, Macau, Orthez, Monein, Lourdes, Tarbes, Saint Savin, Pau, Dax, San Sebastian, Jaca, Sabiñanigo, Saragossa, Sevilha e em Pamplona. Fez parte dos principais Salões Oficiais realizados no Brasil. Obteve 43 prêmios de pintura, 5 de fotografia e 4 Salas Especiais. Possui trabalhos em 48 museus brasileiros e estrangeiros, inúmeras referências nacionais e internacionais sobre suas obras em livros, dicionários, revistas e jornais. Curadoria em vários estados brasileiros, países lusófonos e Espanha. Foi membro de júri em vários concursos e Salões Oficiais de artes plásticas no Brasil e alvo de 12 conferências sobre seu trabalho por críticos de arte e historiadores. Em seus 42 anos que escreve sobre arte - um esforço provavelmente sem igual em nosso país, de divulgação da arte brasileira - publicou cerca de 900 artigos e aproximadamente 350 textos de apresentação em catálogos e livros. Proferiu dezenas de palestras, participou de diversos congressos e debates sobre artes plásticas e o papel da crítica de arte, ressaltando-se duas Bienais de São Paulo e o V Congresso Nacional da ABPA Associação Brasileira de Pesquisadores de Arte, São Paulo. Realizou trabalhos teóricos

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para jornais e revistas brasileiras. César iniciou-se na grande imprensa em 1975, ao lado de Justino Marinho, no Jornal da Bahia, com as colunas Arte & Fatos e Especialarte, permanecendo até 1999, quando foram indicados ao Editor Cultural Gutemberg Cruz, para escreverem no Jornal Correio da Bahia. São 42 anos escrevendo ininterruptamente, divulgando as artes visuais brasileiras. Em 2016, completou 41 anos como especialista. Um esforço provavelmente sem igual em nosso país. Ainda foi colunista de artes plásticas da Revista Slogan e de outras já extintas. Colaborador do Jornal da Crítica, do Jornal da ABCA em São Paulo e da Revista Segunda Pessoa na Paraíba. Foi admitido, como crítico de arte pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), com sede em São Paulo, através da indicação dos críticos e escritores Walmir Ayala e José Roberto Teixeira Leite. A partir desta data, é oficialmente Crítico de Arte da Associação Brasileira de Críticos de Arte e da Association Internationale Des Critiques d´Art, ONG reconhecida pela UNESCO com sede em Paris. Publicou mais de novecentos artigos sobre arte. Prefaciou aproximadamente trezentos e cinquenta catálogos de exposições para artistas brasileiros e lusófonos. Fez apresentação para livros de poesia, contos e romances de escritores nacionais. Atuou como organizador de ciclos de palestras e conferências de críticos de arte na Bahia, tais com Harry Laus, Vicente de Pércia, Israel Pedrosa, Lisbeth Rebollo Gonçalves e Geraldo Edson de Andrade. Foi curador chefe em vários estados brasileiros e países lusófonos, como na Exposição “Às Portas do Mundo”, realizada em Évora (Portugal), Exposição de Arte Contemporânea - Pluralidade na Lusofonia, aberta no Palácio Real Dom Manuel/ Évora, em 30 de novembro de 2005, com presença de ministros, embaixadores, e o então Presidente da Republica, Jorge Fernando Branco de Sampaio, que prefaciou o catálogo. Em 2011, publicou o livro “Grafite: Sinais Urbanos” - Canal Produções. Em 2006, dois livros: “Bahia - Negras Raízes”, sobre quatro interpretações escultóricas dos artistas Rubem Valentim, Agnaldo dos Santos, Mestre Didi e Juarez Paraíso. Também “Carl Brusell - Um Artista da Forma e da Cor”, ambos editados pela Expoart. Colaborou em livros de arte com capítulos, analisando aspectos do trabalho de artistas como A Obra de Juarez Paraíso, 2006 - edição da Idea Design; + 100 Artistas Plásticos da Bahia, 2001 - pela Omar G. Produções e Artes Gráficas Ltda; Gordas, de Eliana Kertész, 2004 - Ed. Currupio; Cultura e Artes Plásticas em Feira de Santana - Org. Gil Mario - Edições MRA - Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional do Livro - 2002 - Feira de Santana; Artes Visuais Sergipe - Conexões 2010 - Minc - Funarte - Petrobrás - 2010 -

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Aracaju (SE); O Exercício Livre da Memória - Adilson Santos - P55 Edições - 2013 - Salvador - (BA); 50 anos de Arte na Bahia - Uma Homenagem a Matilde Matos - Edições EPP - MCM - 2013 - Salvador - (BA); Um sentir sobre as artes visuais de Sergipe - 50 artistas - Coleção Mario Brito - Ed. Jornal O Capital LTDA - ME - 2013 - Aracaju (SE); Riolan - Desenhos, Gravuras e Pinturas - Edição Faz Cultura do Governo do Estado da Bahia - 2013 - Salvador - (BA); Jenner Augusto - Cores de Uma Vida - Org. Mario Britto e Zeca Fernandes - Ed. Sociedade Semear - Banco do Brasil - 2012; Guell Silveira Verdades do Inconsciente - Ed. Santa Marta - 2011 - Salvador - (BA); Antonio Maia - Ex-voto , Alma e Raiz - Ed. Expoart 2015 Salvador, 2016 Rio de Janeiro e São Paulo. Nos últimos anos, César Romero tem recebido inúmeras honrarias e ocupado cargos ligados à crítica e às artes visuais, no país e no exterior. Entre tantas: Ordem Municipal do Mérito de Feira de Santana, Membro regular na Classe de Oficial - Medalha de Mérito; - Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS); Ordem do Muyrakytã - Embaixador no Estado da Bahia - Rio de Janeiro; Associação dos Artistas Plásticos Modernos da Bahia (Arplamb); Sala César Romero - Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira - Feira de Santana - BA; Prêmio TOP OF Quality - Destaque - OPB - Ordem dos Parlamentos do Brasil - Brasília - DF; Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes - São Paulo; Membro do Instituto Preste João - Lisboa - Portugal; Comenda Maria Quitéria - Câmara Municipal de Feira de Santana; Acadêmico de Mérito da Academia Portuguesa de Ex-Líbres - Lisboa - Portugal; Membro da Academia Portuguesa de Ex-Líbres - Lisboa - Portugal; Membro da Academia Feirense de Letras - Feira de Santana; Acadêmico Estrangeiro da Academia de Letras e Artes de Portugal - Monte Estoril - Portugal; Cidadão da Cidade do Salvador - Câmara Municipal de Salvador; III Prêmio Homem do Ano - 2005 - Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo; Medalha Thomé de Souza - Câmara Municipal de Salvador - 2016. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação internacional de Críticos de Arte (AICA) - ONG reconhecida pela UNESCO com sede em Paris. Tem 43 prêmios em sua carreira, sendo os mais importantes os cinco que recebeu da ABCA: Por duas vezes o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea) em 2001 e 2007. Também por duas vezes o Prêmio Gonzaga Duque (crítico filiado por atuação no ano) em 2004 e 2010. Acaba de receber da ABCA Destaque Especial - 2015 por sua atuação na imprensa, escrevendo por 40 anos sobre arte e artistas, um recorde no Brasil. Totaliza 5 prêmios conferidos pela ABCA. Realizou inúmeros cartazes e marcas para empresas, eventos nacionais e internacionais, projetos visuais para capas de discos, livros e estampas para tecidos de várias

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etiquetas, ilustrações para contos, livros, novelas, poemas, jornais e revistas. Trabalhos seus foram integrados em projetos de decoração e cenário para 25 novelas e alguns especiais da Rede Globo de Televisão, programas da Rede Manchete e TV Record. Possui 5 vídeos sobre seu trabalho. Painéis e murais em Aracaju, Feira de Santana, Fortaleza, Itaparica, João Pessoa, Maceió, Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Teresina. Organizador de ciclos de palestras e conferências de críticos de arte na Bahia, tais com Harry Laus, Vicente de Pércia, Israel Pedrosa, Lisbeth Rebollo Gonçalves e Geraldo Edson de Andrade. César Romero colaborou em obras coletivas como livros, jornais e revistas sobre a trajetória de críticos de arte e artistas visuais. Nem todos nascidos no país, alguns já falecidos, mas que aqui realizaram o essencial de suas produções. Durante estas quatro décadas, o crítico divulgou e analisou a arte baiana e brasileira. César Romero, em seu trabalho, entrevistou ou abordou as produções dos seguintes Críticos de Arte: Harry Laus (RJ)/ Vicente de Pércia (RJ)/ Walmir Ayala (RJ)/ Geraldo Edson de Andrade (RJ)/ Mário Barata (RJ)/ Elvira Vernaschi (SP)/ Juarez Paraíso (BA)/ Matilde Matos (BA)/ Percival Tirapelli (SP)/ Associação Brasileira de Críticos de Arte (SP)/ Alberto Beuttenmüller (SP)/ Daisy Piccinini (SP)/ Jacob Klintowitz (SP)/ Enock Sacramento (SP)/ Ivo Zanini (SP)/ Jose Armando Pereira da Silva (SP)/ José Roberto Teixeira Leite (SP)/ Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP)/ Carlos Eduardo da Rocha (BA)/ Wilson Rocha (BA)/ Ivo Vellame (BA)/ Olívio Tavares de Araújo (SP)/ Esther Emílio Carlos (RJ)/ George Racz (RJ)/ Israel Pedrosa (RJ)/ Josélia Constandrade (RJ)/ Lélia Coelho Frota (RJ)/ Mirian de Carvalho (RJ)/ Benedito Nunes (PA)/ Solange Chalita (AL)/ Eduardo Evangelista (BA)/ Aldo Trípodi (BA)/ Heitor Reis (BA)/ Maria Helena Flexor (BA)/ Roberto Galvão (CE)/ Dyógenes Chaves (PB)/ João Câmara (PE)/ Raul Córdula (PE)/ Aline Figueredo (MT)/ Adalice Araujo (PR)/ Fernando Velloso (PR)/ Magno Fernandes dos Reis (MG)/ Risoleta Córdula (PB)/ Marc Berkowitz (RJ)/ Frederico Morais (RJ)/ Osmar Pisani (SC)/ Theon Spanudis (SP), entre outros. E TAMBÉM DOS ARTISTAS: Cândido Portinari (RJ)/ Aldemir Martins (SP)/ Arcângelo Ianelli (SP)/ Wesley Duke Lee (SP)/ Tarsila do Amaral (SP)/ Pancetti (BA)/ Sonia Von Brüsky (RJ)/ Calasans Neto (BA)/ Carybé (BA)/ Jenner Augusto (BA)/ Yara Tupinambá (MG)/ Aldo Bonadei (SP)/ Sante Scaldaferri (BA)/ Genaro de Carvalho (BA)/ Carlos Bastos (BA)/ Ligia Clark (MG)/ Ligia Pape (RJ)/ Raymundo Collares (MG)/ Israel Pedrosa (RJ)/ Alberto da Veiga Guig-

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nard (MG)/ Inimá de Paula (MG)/ Newton Mesquita (SP)/ Claudio Tozzi (SP)/ Alfredo Volpi (SP)/ Rubem Valentin (SP)/ Matisse e Picasso (FC)/ Iberê Camargo (RS)/ Bienais de São Paulo (SP)/ Mario Cravo JR. (BA)/ Mario Cravo Neto (BA)/ Vicente do Rego Monteiro (PE)/ Edward Hopper (US)/ Sebastião Salgado (MG)/ Manabu Mabe (SP)/ Antonio Dias (PB)/ Cícero Dias (PE)/ Di Cavalcante (RJ)/ Farnese Andrade (MG)/ Antonio Maia (SE)/ Sérgio Ferro (SC)/ Aldo Bonadei (SP)/ Siron Franco (GO)/ Loio Persio (SP)/ Tomie Ohtake (SP)/ Eliseu Visconti (RJ)/ Glauco Pinto de Morais (SP)/ Hansen Bahia (BA)/ Francisco Rebolo (SP)/ Miguel dos Santos (PE)/ Carlos Scliar (RS)/ Alex Vallauri (SP)/ Carlos Vergara (SP). Várias edições de gravuras pela Imagem (Rio) e Almavera (São Paulo).

Fortuna Crítica César Romero mereceu 130 avaliações críticas de especialistas nacionais e 12 internacionais em vídeos, TVs ou textos escritos dos seguintes críticos de arte: *Adalice Araújo – PR, *Agda Carvalho – SP, *Angela Ancora da Luz,*Alberto Beuttenmüller - SP, *Almerinda Lopes – ES, *Aracy Amaral - SP, *Ana Cristina Carvalho – SP, Aécio Cunha - MG, Alberto dos Santos - RJ, Aldo Trípodi - BA, Alexandros Papadopoulos Evremidis – RJ, Ana Maria Santeiro – RJ, Alfredo de Souza Almeida - RJ, Alejandra Muñoz – BA, Âmbar de Barros – SP, Carlos Méro – AL, Claudius Portugal – BA, Antônio Celestino – BA, *Antonio Santoro - SP,* Antonio Zago - SP, *Carlos Perktold - MG, *Celma Alvim – MG, *Carlos Eduardo da Rocha – BA,* Carlos Terra – RJ,*Carlos Von Schimidt - SP, *Carlos Soulié do Amaral - SP, Celso Marconi - SP, *Cláudia Fazzolari - SP, *Chico Pereira – PB, Conceição Piló – MG, Dival Pitombo – BA, Dilson Midlej – BA, *Daisy Peccinini - SP, *Dyógenes Chaves – PB, *Dorian Gray – RN, Edison da Luz - BA, *Eudes Rocha – PB, *Emanuel Von Lauenstein Massarani – SP, *Fernando Velloso – PR, *Frederico Morais - RJ, *Glauce Faquer – MG, Germano Augusto – MG, *Glaucia Lemos – BA, Gil Mario – BA, *Eduardo Evangelista – BA, *Elvira Vernaschi - SP, *Elza Ajzenberg – SP, *Ester Emilio Carlos – RJ, *Enock Sacramento - SP, *Ernestina Karrmann - SP, *Flávio de Aquino - RJ, *Franklin Jorge - RN, *George Racz - RJ, *Geraldo Edson de Andrade - RJ, *Guiomar Lobato – MG, *Harry Laus - SC, Herbert Magalhães – BA, *Hugo Auler - DF, *Heitor Reis - BA, *Ivo Velame – BA, *Ivo Zanini - SP, *Israel Pedrosa – RJ,*Isis Braga – RJ, *Jacob Klintowitz - SP, *José Armando Perreira da Silva – SP, *José Roberto Teixeira Leite - SP, José Serafim Bertoloto – MT, Justino Marinho – BA, *João Spinelle – SP, *Josélia Costandrade - RJ, Jayme Maurício- RJ,José Altino - PB, *José Neistein – USA, *Juarez Paraíso – BA,* Leila Kyiomura – SP, Ligia Motta – BA, Ludovice José – SE, *Luiz Ernesto Kawall - SP, *Ledy Mendes Gonzalez - SP, *Lisbeth Rebollo Gonçalves - SP, *Lilian França –SE, Luiz Carlos Daher - RJ, *Marc Berkowitz - RJ, *Maria Helena Ochi Flexor – BA, *Maria do Carmo Arantes – MG, *Mario Barata

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- RJ, *Mário Schenberg - SP, *Mariza Bértoli – SP, *Matilde Matos – BA, *Mirian de Carvalho - RJ, *Morgan da Motta - MG, Marcus de Lontra Costa - RJ, Mário Margutti - RJ, Martha Letzler – RJ, *Neide Marcondes – SP, Ney Flávio Meirelles - RJ, *Oscar D´Ambrosio – SP, *Osmar Pisani – SC, Paulo Chaves – PE, *Paulo Klein – SP, Pedro Scherer - RJ, *Péricles Prade – SC, *Percival Tirapeli – SP, *Pierre Santos - MG, Prado Júnior – SP, *Raul Córdula – PE, *Ricardo Viveiros – SP, *Ronaldson de Souza – SE, *Rogerio Prestes Preste – SP, Reynivaldo Brito – BA, Romano Galeffi – BA, Romeu de Mello Loureiro – AL, Rubens Monteiro - RJ, *Ruth Laus - RJ,*Sandra Makowiecky – SC,*Sandra Ramalho – SC, * Sol Biderman – SP, *Solange Berard Chalita – AL, Sergio Rodrigues Reis - MG, *Théon Spanudis - SP, Tania Neves - SP, *Vicente de Pércia - RJ, *Walmir Ayala - RJ, Wilson Rocha – BA, *Wilson Continho – RJ, *Willian Costa – PB, Yolanda Simões Atherino – RJ, *Yara Tupynambá – MG. * ABCA - AICA DOS CRÍTICOS INTERNACIONAIS: Marek Mann (DEU), Magno Fernandes dos Reis (MEX), Emmanuel Hille (FRA), Risoleta Córdula (FRA), Patrícia Sardinha (ESP), Rui Bandeira (PRT), Victor Escudero (PRT), Duarte Nuno Pinto da Rocha (PRT), Darys Várquez Aguiar (CUB), Dayaliz Ganzález Perdomo (CUB), Morella Jurado (VEN), José Neistein (USA). DOS JORNALISTAS E POETAS: Álvaro Costa, Alvino Carvalhal, Amauri Junior, Ana Cristina Pereira, Ana Angélica, Antonio Carlos Portela, Anchieta Nery, Anne Cerqueira, Antônio Brasileiro, Aléxis Augusto, Alik Kostakis, Breno Barros, Bianca Tinoco, Carolina Augusta, Aparecida Saad, Cássia Maria Candra, Carlos Swann, César Tartaglia, Cintia Oliveira, Claudia Lessa, Cleusa Maria, Dimas Oliveira, Doris Miranda, Edson Leite Cunha, Edson Borges, Eduardo Bastos, Edvaldo Pacote, Elaine Bittencourt, Fernanda Cury, Felipe Quintans, Flavia Waltrick, Franklin Maxado, Germano Augusto, Glauce Faquer, Gilberto Amaral, Gustavo Autran, Helena Aragão, Heloisa Tolipan, Isabel Butcher, Isis Moraes, Iza Calbo, João de Barros, José Raimundo Azevedo, José Ribeiro, José Nazareno Mimessi, Julio Assis, Luiz Carlos Rego, Lenita Miranda de Figueiredo, Ludovice José, Maria Silvia, Marcia Lídia, Mario Margutti, Marcos Uzel, Myrian Fraga, Mauricio Gregori, Ney Flávio Meirelles, Otto Sarkis, Patrícia Braz, Paulo Lara, Pedrito Barreto, Roberta Araújo, Renato Félix, Rosalvo Junior, Tânia Neves, Yvone Matos Cerqueira, Daniela Name, Helena Aragão, Jane Godoy, Karine Querido, Letícia Pimenta, Marcos Antonio Barbosa, Regina Célia, Sérgio Renato Rosa, Solange Viana, Sidney Rezende, Simone Ribeiro, Tavares de Miranda, Zé Coió, Zózimo Barrozo do Amaral.

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DOS ARTISTAS PLÁSTICOS: Antonio Maia, Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Chico Liberato, Claudio Tozzi, Caciporé Torres, Fernando Durão, J. Cunha, Jenner Augusto, Jorge Amaro, Juraci Dórea, Leonardo Alencar, Leonel Brayner, Luiz Humberto Carvalho, Maria Adair, Newton Mesquita, Oscar Dourado, Ronaldo Rego, Rubem Valentim, Sara Goldman-Belz, Silvério Guedes, Samuel Brandão, Sonia Von Brüsky, Sérgio Lucena, Sante Scaldaferri, Valdomiro de Deus. Referências eletrônicas César Romero: Digitar localizador: Artista Plástico César Romero www.romerocesar.com www.expoart.com.br

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POR CONTA DA CRÍTICA Como crítico de arte, César Romero foi contemplado com Homenagens Especiais e Horarias no Brasil e Exterior. Crítico de arte filiado à ABCA e AICA, quando foi premiado cinco vezes, recebeu por duas da ABCA o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea) em 2001 e 2007. Também da ABCA, por duas vezes, o Prêmio Gonzaga Duque (crítico filiado por atuação no ano), em 2004 e 2010. Foi contemplado pela ABCA como Destaque Especial pelos seus 40 anos, escrevendo ininterruptamente na grande imprensa sobre arte e artistas brasileiros, um recorde no Brasil. Tem formação científica em medicina psiquiátrica. Vive e trabalha em Salvador, Bahia. Sua fortuna crítica consta de 130 textos de especialistas nacionais e 12 internacionais. Os trechos abaixo foram selecionados para que se possa constatar como sua obra vem sendo analisada e acompanhada, com a maior atenção, pela crítica de arte brasileira.

*** “Quer em pintura, quer em desenho ou em fotografias, César Romero parte da raiz popular, que elabora e reinterpreta, a seu bel prazer, com sensibilidade e invenção evidentes. Em suas séries mais conhecidas, como as que denominaram Sinais do Povo e Faixas Emblemáticas, dá mostras de bom artesanato, coerência estilística, instinto de contemporaneidade e de uma personalidade distinta, praticando uma arte em que se casam a fantasia e a presença da terra, o jogo e o signo”. José Roberto Teixeira Leite São Paulo - SP ABCA - AICA In verbete do Dicionário Crítico da Pintura no Brasil.

*** “(...) César Romero sempre se debruçou sobre os signos regionais, especialmente da arte do povo. Esta dedicação viveu várias etapas de interpretação, do simples comentário gráfico, à composição mais sofisticada, onde as formas assumem em impostação simbólica e erudita”. Walmir Ayala Rio de Janeiro - RJ ABCA - AICA In Dicionário de Pintores Brasileiros

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César Romero pesquisou e identificou um acervo único e essencial da iconografia brasileira. Mito, folclore e criatividade espontânea, se tornaram a sua matéria prima e foram transformadas por ele em arte. A sutileza da cor em César Romero, o minucioso traçado de seu desenho, o ritmo ondulatório das suas faixas cromáticas, conferiram a ele um papel fundamental na nossa arte, o de ser, ao mesmo tempo, repositório da história e um artista universal. Jacob Klintowitz ABCA-AICA São Paulo - SP

*** César Romero tem buscado na religiosidade e criatividade populares a base para seu trabalho de artista plástico. Enquanto pintor, reelabora livremente os signos do candomblé, que distribui sobre faixas que são, ao mesmo tempo, bandeiras e colchas de retalhos. Cria assim uma espécie de escrita sobre um suporte ao mesmo tempo heráldico e popular. Como fotógrafo já premiado em alguns Salões de Arte, ele documenta, com igual criatividade, esta espécie de geometria popular que se manifesta nas pinturas que cobrem bancos e mesas de bares, pequenas que se instalam nos largos em dias de festas (...) suas telas de agora, começam a crescer no tamanho que o artista, trazendo suas fitas com signos para primeiro plano e criando novas texturas, consegue efeitos mais vibrantes e atraentes. A pintura de César Romero revela evidentes progressos. Frederico Morais A.B.C.A. - A.I.C.A. Rio de Janeiro - RJ

*** ... Da mesma forma, César Romero, fiel ao pincel, às cores, cria um dos “mundos totalmente novos”, de que nos falou o importante artista belga, Corneille, vindo ao Rio, participar de “opnião /66” - O pincel, e a tela e as cores permitem, e sempre permitirão a criação de mundos totalmente novos em termos de pintura. Sem perder as raízes nordestinas, presentes na simbologia dos estandartes, César dá-nos uma pintura amadurecida e segura, dentro do perfeito espírito de contemporaneidade. Dá um recado popular e do folclórico, sem fazer concessões ao vulgar e ao gosto fácil. Para não dizer, mau gosto. César Romero encontrou uma forma de expressão pessoal e inconfundível. Como a

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encontraram artistas como Volpi e Antonio Maia, por exemplo. São artistas que, numa exposição coletiva, não precisam ser identificados pela leitura das fichas de apresentação. E, numa individual, cada quadro é uma frase musical nova, um novo poema, tal a riqueza da temática e a sabedoria no emprego da cor e das formas. Harry Laus Rio de Janeiro - RJ ABCA - AICA

*** César Romero, um autodidata, desenvolveu um trabalho pictórico “sui generis”. São fitas coloridas e enfeitadas com símbolos que serpenteiam, voam, dançam nos ares. É um trabalho meticuloso, delicado e cuidadosamente elaborado. As fitas voantes assumem as mais diversas e complexas posturas dos seres dançantes. Uma pintura limpa, de agudas sutilezas e economicamente exata. Algo do espirito lúdico de um Klee emana de seu trabalho, embora Klee seja inesgotável em sua múltipla temática, e César Romero fixo somente no assunto das fitas dançantes, as serpentes míticas. Essa pintura é como música de câmara, delicada, sutil, intimista. Uma pequena festa teatral, saborosa e poética. Um trabalho que lembra pela sua meticulosidade a miniatura. Sutileza, exatidão e musicalidade caracterizam a bela e onírica obra de César Romero Theon Spanudis Psiquiatra - crítico de arte - São Paulo APCA – ABCA - AICA

*** A atitude pictórica do artista César Romero está articulada com as coisas da Bahia, de onde advém sua força vital. Experiências intensas de seu trajeto contaminam suas propostas compositivas e entrecruzam o território do sensível e da realidade circundante. Uma ebulição de ritmos, cores, movimentos, cheiros e ruas compõem as referências simbólicas que povoam o imaginário do artista. As infinitas experiências cotidianas ampliam com destreza os vestígios de uma vivência. As estruturas cuidadosamente apresentam os fragmentos do que já foi vivido, das questões da terra. E é esta terra que gera uma gama de cores, meticulosamente elaborada, que resulta em um caminho de serenidade com a materialidade. Uma solução compositiva que irradia uma sensação de continuidade com a disposição dos

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elementos visuais. As formas sabiamente sintetizadas percorrem os caminhos sinuosos e configuram uma variedade de ondulações. Estas se sobrepõem em uma montanha russa enigmática, que revela de maneira peculiar o seu legado. Os elementos ordenados e organizados em uma seriação estão conectados com a memória e as histórias vivenciadas na Bahia. Uma terra que fecunda o compromisso com o fazer pictórico, e também fornece a energia que alimenta este destino com a persistência e a perícia artística. Agda Carvalho Artista Visual e membro da ABCA Crítica de Arte - SP

*** César Romero: semelhanças se reduplicam em novas materialidades. Ao olhar as obras de César Romero, duas palavras imediatamente me ocorrem: Diferença e Repetição e evidentemente, os escritos do filósofo de Gilles Deleuze. Por outro lado, suas palavras em “Depoimento ao tempo, de 2015”, de César Romero, saltam aos meus olhos: “Se eu estivesse nascido em outra cidade, muito provavelmente não haveria o artista que sou, nem esta obstinada escolha de brasilidade. Feira de Santana fixou meu destino em forma, linha e cor. Vim para Salvador povoado de lembranças da caatinga e do sertão [...] Se algo me interessa, me toca, vou redesenhar, rever, transfigurar, teimar, insistir, até que surja o símbolo, modificando a aparência, nunca a essência. A repetição de intenções me liberta”. A obra de César Romero, não resta dúvida, o caracteriza como um mestre da cor e também destaca a cultura popular de forma erudita. Pretendo discorrer mais sobre essa repetição que se revela diferente em seus trabalhos, onde a questão da série aparece como potência constitutiva da linguagem e recorro a Deleuze para tentar decifrar este aspecto que se destaca. Em Diferença e Repetição*, Deleuze aponta que, enquanto a generalidade obedece leis, possibilitando que um termo possa ser traduzido por outro ou ser reposto e substituído, a repetição se coloca como vibração secreta, operando como desvio ou transgressão que ocorre entre generalidades. Algo em suas obras faz com que as formas apareçam como um sintoma, como aquilo que se destaca como aparição de uma latência conjugando diferença e repetição, imobilidade e aceleração, proximidade e distância, interior e exterior. Percebemos um caráter ornamental das imagens, trabalhadas como ourivesaria, delicadas e com arranjos e sutilezas que

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se cruzam, onde repetir não tem equivalente nem semelhante, pois repetir é sempre um irrecomeçável, como diz Deleuze, em um olhar que acolhe na particularidade do detalhe, aquilo que não pode ser decomposto e que retorna. Talvez isto esteja ligado às suas falas iniciais, com sua ligação com a terra natal, como se houvesse uma recusa em morar em outra cidade, fora de seu sertão, que entrou-lhe na alma e na obra e por isso sempre retorna, diferente. *DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Trad. Luiz Orlandi e Roberto Machado. 
Rio de Janeiro: Graal, 2006, pp. 19 a 20. 
 Sandra Makowiecky Crítica de Arte - Florianópolis - SC ABCA - AICA

*** César Romero, um retrato do Brasil Diante de 50 anos de produção artística deste artista cuja força não decresce com o passar do tempo, ao contrário, uso o termo retrato para remontar ao início de sua vida como artista, projetanto esta imagem para as reverberações de sua arte no Brasil para o país e para fora dele, pois mostrou seus trabalhos nos Estados Unidos da América do Norte, na Espanha, Portugal e Alemanha, entre outros. Inquieto e, em consequência, multimidiático avant la lettre, pois o foi mesmo esta palavra não era ainda usada, César Romero vem transitando entre a pintura, a escultura, a fotografia, a ilustração e o vídeo, fazendo parte do grupo seleto onde se destacam personalidades que usam com propriedade a linguagem visutal tanto na arte quanto no Design, como Toulouse Lautréc, Bruno Munari, Aloísio Magalhães e Eliseu Visconti, para citar alguns, aleatoriamente. Neste último métier poder ser também considerado, como os demais citados, um precursor, já que já 50 anos atrás ou mais, tais fazeres eram denominados Artes Gráficas e não Design. Essa diversidade na sua produção não é resultado de experimentos instintivos e intuitivos, uma vez que tudo o que tem feito ao longo do tempo é fruto de intensa e permanente pesquisa e de um acabamento meticuloso, expressando o colorido e formas inesgotáveis do nosso país. Além de artista visual, na sua trajetória de vida reservou espaços para o exercício da medicina, profissão que abraços desde sua formação universitária em tenra idade, bem como para a crítica de arte. Neste campo, dignifica a ABCA, Associação Brasileira

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de Críticos de Arte, a qual o agraciou em três diferentes oportunidades, pelo voto de seus pares. César Romero ainda honra outras instituições ás quais pertence, como a AICA, a Associação Internacional de Críticos de Arte; do mesmo modo, recebeu outras honrarias, como título de cidadão honorário de Salvador. Por tudo isto e por outros méritos aqui não citados, destacando-se, em especial, a qualidade e a potência de sua arte, considero César Romero um vigoroso retrato do nosso país. Sandra Ramalho ABCA/SC - AICA - UDESC Crítica de Arte - SC

*** 50 Anos de Arte Nesta Encarnação Quando eu vi os trabalhos do artista César Romero, era o principio do primeiro passo. O tempo foi passando e lá vai César Romero com uma dedicação crucial á pintura. Sua maneira de expressão, é a cor e a forma. Aos poucos o artista foi se desenvolvendo e paralelamente junto com outra profissão, psiquiatra. Já não precisava pagar para saber se era louco ou mentalmente equilibrado. Enquanto na arte o seu universo é a criatividade, a libertação a lógica, duvidando da razão, a razão subestimando a lógica. Na psiquiatria é a transformação e o comportamento, para um bem estar social. Dificilmente um artista consegue ser um psiquiatra e artista visual, mas César Romero venceu essa barreira, dono de uma técnica primorosa e de um estilo bem brasileiro no etsedron se identificou na busca da identidade da Arte Latina Americana. Ave César 50 anos de arte, agora não tem mais nada a fazer: senão comemorar, tomar um banho, cruzar as mãos e voltar como escultor. Edison da Luz Artista visual Bacharelado e Pós Graduado em Crítica de Arte - UFBA - BA

*** César Romero - O Nordeste na Cor César Romero tem trabalhado nos últimos 50 anos um único tema - O Nordeste brasi-

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leiro. Coragem e determinação. Não se repetiu, ao longo da carreira, mudou de forma pausada e progressiva, incluiu em suas pesquisas quinze sub-temas, todos saídos de uma mesma raiz. O artista trabalha com os sinais do povo, de extrema simplicidade e grande visualidade pública, transformando-os numa sinfonia erudita de refinado cuidado. Essa busca no simples das coisas, na intensa visibilidade é seu mistério, que se faz assinalar transformado na aparência, mantendo absoluta a essência. Romero pinta com luzes e a pele de sua pintura está em permanente festa como o Nordeste, apesar de tantas agruras. O nordestino tem uma vocação firme para a felicidade, isso o torna capaz de amenizar as dores de tantos descaminhos que o cotidiano impõe, e a vida sempre continua. O sol do Nordeste acende mais a sua cor e a faz brilhar. Seguindo os vestígios das fontes de origem da cultura popular, o artista institui um acréscimo de informação de grande importância na visibilidade do Brasil. Prado Junior Crítico de arte - Historiador São Paulo

*** A vibração da cor em meio século de produção artística: César Romero As múltiplas técnicas e os diversos domínios de César Romero em suas criações artísticas, já seriam suficientes para evidenciar a trajetória vitoriosa de um artista plástico ao longo de cinqüenta anos de atividade ininterrupta. Vou focalizar a que mais me impressiona: o domínio cromático, a cor como voz que faz ressoar a experiência deste artista nordestino, como gosta de se identificar, que traz a luz de Feira de Santana em sua palheta e a faz vibrar em Salvador, transbordando para os mais remotos cantos de nosso país. Autodidata, ele reúne a verdade bruta da cultura popular com a erudição do médico psicoterapeuta que nos instiga a buscar em nós mesmos os princípios primordiais daquilo que nos preenche: a arte. Desde a infância, quando fazia suas pipas para as brincadeiras de criança em sua terra, a presença do artista já se abrigava no menino de Feira de Santana. As cores que harmonizava para cobrir as varetas e criar as áreas coloridas que subiriam com o vento, iriam instaurar no céu de sua terra, o protótipo de sua obra e sua identidade: a cor. A formação em medicina e a busca do fazer artístico não foram escolhas divergentes. Elas se situam na mesma esfera: intuir, buscar, harmonizar e executar. A cor tem pa-

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pel primordial na construção de suas obras. Se o médico psicoterapeuta se propõe a libertar as pressões internas da alma humana, o artista se propõe a libertar as forças criativas para um trabalho genuíno e autônomo, aliás, a grande proposta de Johannes Itten como professor da Bauhaus, o teórico da arte da cor. Nesta direção o colorista se afirma buscando afinar a escala cromática, enquanto mantém sua marca autoral. As Faixas Emblemáticas, os Selos Comemorativos, os Tamboretes de Festas, as fotografias e as mais diversas pinturas e criações artísticas possuem uma caligrafia inconfundível, mas é a cor que projeta sua identidade de modo mais acentuado. São azuis e vermelhos, verdes que se iluminam na presença de rosas e laranjas e texturizações diversas. Tudo se movimenta enquanto as faixas se desenrolam despejando cor e signos que se alinham e se movimentam como as saias rodadas das baianas numa tarde ensolarada de Salvador. Seu trabalho já foi exposto em várias cidades do Brasil e, também, no exterior. Sua arte cada vez mais se desenvolve com a liberdade de suas pipas e o dinamismo de suas faixas emblemáticas, avançando no tempo e na vivência dos anos, sempre com a marca autoral que revela seu nome: César Romero. Angela Ancora da Luz ABCA/AICA Crítica de Arte - RJ

*** Eu não conheço César Romero pessoalmente e quando ele veio ao Rio de Janeiro ano passado, para realizar uma exposição, eu não estive presente, estava viajando. Entretanto, o ritmo e as cores de suas “Fitas” são, para mim, referência em arte. Mas, quem é, verdadeiramente, César Romero? Para descobrir quem é este azougue, este artista incansável, li cuidadosamente as críticas dos membros da ABCA e da AICA que falam sobre ele, vi suas entrevistas na TV e rádios, enfim, recorri ao Google, o que me tornou mais perto dele. Encantei-me com a sua vivacidade e espontaneidade durante as entrevistas, e com o seu “Depoimento ao Tempo” no qual ele narra, de maneira simples e fluida, a sua belíssima trajetória de menino do interior deslumbrado pelas cores e formas de uma feira-livre ou pelas imagens do Museu Regional de Feira de Santana, evocando nossas tradições populares. Romero tornou-se um leitor de imagens, as quais ele armazenou em seu intelecto e mais tarde usou, colocando-as, uma vez filtradas, em sua obra que agora comple-

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ta 50 anos. Romero tornou-se um homem do mundo, sofisticado, viajado - expondo em diversos países - sempre com sucesso, mas nunca perdeu aquela simplicidade e ingenuidade do menino que se encantava com as cores e formas da feira-livre que frequentava com seu pai. Quero terminar citando um autor que eu admiro muito, Alberto Manguel: “Caminho por um museu, vejo pinturas, fotografias, esculturas, instalações e telas de vídeo. Tento compreender o que vejo e ler as imagens segundo esse entendimento, mas os fios narrativos que levam às imagens não param de se entrecruzar: a história sugerida pelo título da obra, a história de como a obra veio a existir, a história do seu criador e a minha própria história. E me pergunto até que ponto posso associar ou dissociar as imagens de sua fonte (isso se uma identificação irrefutável da fonte fosse possível) ou das circunstâncias de sua criação.(Lendo imagens, p. 225). Assim é a obra de Romero: intrigante, bela, evocativa e conta sua história. E eu gosto dela. Isis Fernandes Braga 2ª Vice-Presidente da ABCA, Dra. Em Artes Visuais e em Ciências Crítica de Arte - ABCA/AICA - RJ

*** Futuros Não Pressentidos Alma encarnada em Feira de Santana, isso pelo idos de 1950, César Romero, embora autodidata ou talvez por isso mesmo deu-se à construção de uma obra cheia de luz e mais do que isso reflexiva sobre o ser humano e as suas fragilidades, por certo que empurrado pelas experiências que reuniu ao correr da sua existência, mas também pela formação que arrecadou no mundo da Psiquiatria. Se as mensagens grudadas nas criações do artista plástico, contudo, deveras ficaram agarradas em meu juízo, muito mais me foi dominante, devo confessar, a consciência do ser humano que se guarda por trás de cada traço, de cada pincelada, de cada colorido. Posso afirmar que é como se César Romero, ao pensar e ao concretizar as telas em que imprime os seus sentimentos e as suas verdades, faz poesia vertida em cores e em formas, faz poesia espalhada em luzes e em sombras.

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Ele, César Romero, que é tão rico e incisivo no que desenha e colora como no que fala e no que sustenta, ele que é tão surpreendente no que expõe com sua obra plástica como no que denuncia com os seus relatos, com as suas opiniões e com as suas divagações. Carlos Méro Academia Alagoana de Letras I.H.G.A - U.B.E - Al Crítico de Arte - AL

*** O espaço emblemático de César Romero Escrever sobre artistas em atividade é sempre um desafio que conjuga o circunstancial de uma produção ainda em construção e as conjunturas tanto de quem escreve quanto do artista em foco. Conheço César Romero há anos, mas poucas vezes tivemos oportunidade de um diálogo além do social. Agora, tive o prazer de uma longa conversa sobre seu processo de criação, enquanto percebo que precisarei de muito mais tempo para mergulhar nos seus escritos. Porque falar da obra de César implica um entrecruzamento entre os afazeres ininterruptos do artista em seu ateliê, do crítico em sua coluna jornalística semanal e do profissional médico-psiquiatra em sua clínica. Nesse trânsito de décadas entre pincéis, escritas e terapias, emergem seus temas e séries. Do centenar de críticos que têm escrito sobre seu trabalho ao longo de 50 anos, até o momento, Miriam de Carvalho produziu a análise mais profunda, recente e abrangente da sua produção. Como ressalta a autora, “no universo das cores moventes”, César realizou pelo menos 47 exposições individuais, além de centenas de participações em mostras coletivas; suas obras integram mais de 34 acervos institucionais e particulares, no Brasil e no exterior. Portanto, devo explicitar que o desafio de construir mais uma crítica ou um olhar minimamente singular sobre uma produção tão extensa e contínua inicialmente me deixou apreensiva - claro que o sempre bem-humorado César, o psiquiatra, deu risada; já César, o artista, me brindou o imenso privilégio de compartilhar suas técnicas e processos sem pressa, enquanto César, o crítico, me oferecia um delicioso café. Suas pinturas, fotos e objetos fogem da narrativa visual tradicional e dissecam símbolos populares e religiosos, que se rearticulam na espacialidade do imaginário dos suportes e das capturas do olhar através da câmera. Jacob Klintowitz reconhece que César “dialoga com o processo de criação da cultura popular e não com sua aparência”, e

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que seu processo de criação “é semelhante ao da criação popular que, no seu sistema de produção, repete as formas e as multiplica”. Além do cromatismo, característica ressaltada quase que sistematicamente pela maioria dos críticos, Klintowitz destaca que, nas evocações do universo metafísico, César “coloca o que parece ser a principal questão religiosa de nossa época, a discussão sobre o centro”. É desse ponto que me interessa frisar alguns aspectos da obra do artista, pois a ideia de centro, além de uma questão filosófica cara aos contextos culturais monoteístas, remete a um conceito espacial pouco problematizado principalmente na produção pictórica, mas também evidente nos ensaios fotográficos de César. O que é o espaço da imagem hoje? Qual é a fruição espacial que a pintura ainda oferece diante das possibilidades tecnológicas de simulações e realidades virtuais? Quando visitei a exposição Bramante (2006), percebi uma inquietação latente no conjunto das pinturas, uma perspectiva espacial que perpassava a singularidade de cada peça: uma possibilidade imersiva que transformava o recinto das paredes com as telas em envolvente do observador, isto é, um caráter de instalação pictórica onde o observador era o centro, onde quem olhava era quem ativava o sentido do entorno. Lembrei das primeiras pinturas de César, casarios com igrejas típicas da paisagem remanescente dos antigos povoados e vilas do interior baiano, nos quais não lembro de ter visto a presença humana. A série das Imagens, que o artista desenvolveu quase até fins dos anos 1970, é significativa dessa aproximação a valores metafísicos por sobre as vicissitudes e contingências do ser humano cotidiano, que se reforçariam com as series temáticas sucessivas. Mas, voltando à questão espacial, é possível perceber um interesse pelo espaço, desde os casarios iniciais (e indiciais) até os objetos recentes das janelas, objetos pintados que deslocam o elemento arquitetônico da situação funcional normal para um lugar ambíguo no qual a relação interior/exterior fica anulada. Portanto, poder-se-ia dizer que há uma inquietação espacial que flerta com uma dimensão que vai além da bidimensionalidade da tela, que se origina de modo mais narrativo nos primeiros casarios (1967-1970), é retomada nas Paisagens (1978-1990) - cabe lembrar que series como Platibandas (1991-2000) e Janelas (2002-2009) aludem diretamente a elementos arquitetônicos -, avança na construção de uma dimensão intangível nas telas das Faixas Emblemáticas (1987-2000), se consolida em Bramante (2006) enquanto ocupação concreta e física do espaço do museu e que reaparece tensionada nas Janelas-objetos recentes. Se Klintowitz reconheceu que nos trabalhos de César há uma suspensão do tempo cronológico, posso dizer que há também uma suspensão do espaço entendido como receptáculo em favor de um espaço relacional, onde o simbólico e o observador encon-

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tram uma possibilidade diferente do factual... quase uma dimensão onírica, próprio de quem é um especialista em desvendar o significado dos sonhos. Alejandra Muñoz Profa. EBA/UFBA Doutora em Urbanismo

*** César Romero: artista e os símbolos Celebrar 50 anos nas artes visuais é uma tarefa para poucos privilegiados. Nesse seleto grupo se enquadra César Romero por sua continuada carreira como artista que soube cativar por sua obra, que soube trabalhar os símbolos de nosso povo. Falar de sua obra é falar do Brasil, do brasileiro, das cores que representam todos os estados e, ao mesmo tempo, expressa uma Bahia multicolorida. A África nos seus múltiplos dialetos, nas suas múltiplas raízes, nas suas variadas cores, se amplia em cada traço que César faz, traduz de certa forma as mensagens que nossos ancestrais trouxeram e que por muito tempo ficaram escondidas e sendo entendidas por uma minoria. Hoje, em sua obra, numa sequência que se repete ao infinito, esses símbolos se expandem e representam uma parte significativa da nossa cultura. Em sua simbologia os amuletos, talismãs, caracteres, desenhos e imagens representam uma força que nos estimula a agir, a usufruir ou nos orienta. Uma força que domina e que rege o que ali foi expresso. Pacientemente pensadas e reproduzidas, as cores se harmonizam nas fitas que esvoaçam em dobras cuidadosas sem vincos e nos deixam ver e prever o outro lado. Fitas que fazem sombras delicadas sem afetar o desenho. Fica a pergunta: qual o lado direito? O olhar corre, percorre e duvida... é azul? Rosa? Vermelho? Ou todas juntas? Vertical ou Horizontal? Não importa. O símbolo, algo religioso, pode ser transformado em um grupo de flores, ou será ao contrário? Essas interrogações nos dão a liberdade de vivenciarmos e fruirmos as pinturas de César. Também questiono se ali não estaria a alma do artista. Algo que renasceria do seu subconsciente, que brotaria das formas geométricas dos padrões de tecidos das diferentes tribos africanas, do balançar do corpo, do uso dos panos de cabeça, dos resquícios das festas de largo e que se transformam no seu consciente dia-a-dia. Da indumentária baiana que no seu remelexo proporciona vida às ruas da cidade. São obras alegres e vibrantes.

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Símbolos da umbanda, do candomblé, do catolicismo se juntam e criam uma organização com estrelas, cruzes, triângulos, arcos, flores e muitos outros. César Romero soube e sabe usar como ninguém as cores. Brinca com as cores quentes que se opõem às frias. Intercala, sobrepõe, mistura e cria uma obra prazerosa que faz bem aos olhos e à alma e a cada vez queremos mais, ver mais e mais. Ahhh.... que bom que “o menino” brincava de juntar papeis de seda coloridos para fazer suas próprias criações de pipas e arraias, que ziguezagueavam pelos ares e que ficavam bem marcadas em sua retina. Ainda bem que, nos seus 50 anos de atividades, ele nos dá esse prazer de continuar pintando o mundo, o Brasil, a Bahia, a infância enquanto fruímos e usufruímos as vibrações que emanam de sua obra. Carlos Terra Diretor da Escola de Belas Artes/UFRJ Crítico de arte - ABCA/AICA - RJ

*** A arte como condição da própria existência O que dizer de um artista já tão consagrado pela crítica brasileira? Sinto satisfação em poder contribuir e enriquecer este leque de olhares sobre o seu trabalho. Concordo com o artista quando, em seu depoimento, se diz fiel às reminiscências do seu trabalho. Realmente é possível vislumbrar um desencadear de signos que lhe acompanham desde sua infância: imagens icônicas do peão, da galinha e da pandorga são renitentes em seus trabalhos. Mirando as suas pseudo-faixas, tem-se a sensação de ver as pipas em movimento ondulares e a mesma circularidade apresentada pelos peões em seus constantes movimentos. Não que as faixas não sejam reais, porém a representatividade delas é que cria essa ilusão, a mesma ilusão causada pela perspectiva ao sugerir uma tridimensionalidade. São imagens projetadas com o intuito de construir uma história de vida, um retorno ao memorável, aos notáveis momentos de felicidade que, como vestígios subjetivos, reverberam em seu estado de espírito. César Romero poderia ser mais um artista descritivo no sentido da narrativa, porém optou por elementos simbólicos decodificados da sua realidade circundante e que fascina. A sua história de vida é redimensionada de forma abstrata e ao mesmo tempo de uma concretude ímpar, própria de sua personalidade forte, de quem soube o que

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queria desde cedo e se manteve nesse objetivo. Sua história confunde-se com a de vários outros artistas que tiveram a sua origem no interior do Brasil e que, de forma magistral, conseguiram construir uma trajetória de sucesso, transpondo as dificuldades e as barreiras impostas pelos detentores do “saberes” e do poder. Percebeu logo cedo que as palavras têm força e se propõe a escrevê-las e promove um fortalecimento ao seu trabalho e aos dos seus pares, quando divulga a Bahia para fora de suas fronteiras e integra-se assim no cenário nacional e internacional das artes visuais. No retorno da análise de sua iconografia, pode-se perceber um resquício de sacralidade em suas obras. A imagem do lírio-cálice inspira a pureza e inocência infantil que o artista rememora porém, por outro lado, traz consigo um erotismo incontido da sexualidade exacerbada em última instância. A galinha-pássaro sugere o desejo de alçar voos da busca incontida, de aventura enquanto transeunte do universo, seja ele real ou imaginário. Ao recorrer aos tons do púrpura - essa cor historicamente destinada aos reis e ao clero- pode estar indicando a busca pelo respeito e dignidade, ou apenas sugerindo o seu percurso pela espiritualidade e purificação da alma e da própria iconografia. Percurso este reforçado pela circularidade dos seus desenhos, um infinito e constante caminhar pela eternidade. A justaposição das imagens reforçam a existência de um ser híbrido a cada momento, um outro ser em cada intersecção, ou seja, a construção histórica, individual no mundo. Os nuances do azul completam a leitura no sentido da sabedoria e confiança no futuro que está por vir, na construção de “verdades” próprias, tanto para a vida quanto para a arte. Metaforicamente, ao justapor o azul com a sinuosidade das águas do rio ou do mar, esse movimento constante que transmite sensações e fluidez, corrobora com a hipótese do sequencial da vida proposta nas obras do artista. A simbologia do tridente como poder e força, também representado nas obras, sugere a união do próprio universo por meio dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar que, associados às imagens do cálice, evidenciam a construção cultural da sociedade pela imposição da força econômica de um grupo sobre outros. Nesse sentido, o tridente traz consigo a simbologia das questões ideológicas que se perpetuam via a Santíssima Trindade, o estigma da culpa e do castigo impostos a todos, pelo Satanás. Por outro lado, a significação do tridente pelos Hinduístas, objeto carregado pelo deus Shiva, o supremo da energia criativa e da transformação, propõe sabedoria e mistérios que são adquiridos pelos estudos da própria existência, inerentes àqueles que têm sede de conhecimento.

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As gotas aparentes nos tons esmaecidos no fundo das suas obras possibilitam uma leitura do pontilhismo, como observou o colega Enock Sacramento. Acredito também que as mesmas estão bem próximas às imagens deixadas pela cera na construção do batik e/ou das manchas-texturas recorrentes nas impressões das xilogravuras, tão comuns no interior do nordeste brasileiro. César Romero, nesses seus cinquenta anos de atividades, mostra-se fiel às suas origens e aos seus propósitos de expandir o campo artístico como extensão da própria existência. A arte como condição sinequa non desse seu estar no mundo. José Serafim Bertoloto Crítico de Arte ABCA - AICA Cuiabá - MT

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CRÍTICA INTERNACIONAL

MÉXICO Na obra de César Romero existem perguntas, mas também existem diversas respostas que ele nos convida a descobrir, a interpretar e a considerar. Escrevo sobre César Romero, porque sua obra me enriquece por ter fragmentos do Brasil e da cultura popular. Escrevo sobre César Romero, porque o seu trabalho me encoraja ao demonstrar-me que ainda existe salvação para a linguagem, porque no universo cultural, em que prevalece a mediocridade, ele manifesta, com sua arte, que ainda é possível e necessária a originalidade. Em César Romero, a pintura está viva, e o modismo está morto. A cor, para César Romero, é um desafio poético. Magno Fernandes Chiapas - México - D.F. Crítico de Arte - ABCA - AICA

ALEMANHA O seu nome já me era conhecido em Colônia (Alemanha), o artista plástico brasileiro, César ROMERO. Em Setembro deste ano, visitamos o artista plástico César Romero em seu Atelier em Salvador da Bahia. O seu local de trabalho aparenta-se muito bem organizado, apesar das muitas obras de arte sobre as prateleiras e outras tantas espalhadas por todo o chão. Imediatamente eu acatei os seus quadros no meu coração. As formas gráficas pintadas por Romero, o movimento das suas maravilhosas e fluidas bandeirolas, engastadas sobre fundos coloridos com a maior sensibilidade pelas cores, me fascinaram. Ao saber que, em seus quadros, o artista usava os motivos religiosos da Bahia, a sua arte ganhou uma dimensão maior ainda para mim. Pouco a pouco, estou aprendendo a conhecer César como pessoa privada. Foi com alegria e orgulho que ele nos mostrou a sua coletânea musical, assim como a sua coleção de quadros de artistas brasileiros. Fascinante!

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A sua cultura, o seu talento e erudição me impressionaram profundamente. Marek Mann Magistrado em Artes Crítico de Arte Colônia - Alemanha

PORTUGAL César Romero vai encontrar nos símbolos e signos da cultura afro-baiana os elementos gráficos e pictográficos com as quais constrói sua notável obra plástica. É bem verdade que o artista cria seus próprios sinais, ou transcenda os existentes, utilizando a liberdade que lhe confere sua condição de artista e tendo em vista que seus objetivos são independentes e autônomos. César Romero produz uma arte bela e significativa, que atinge o universal através do regional. Duarte Nuno Pinto da Rocha Curador Chefe da Casa Pedro Alvarez Cabral Casa do Brasil Santarém- Portugal

*** César Romero na Escudero Galeria de Arte Romero nasceu em Feira de Santana, Bahia, no ano de 1950. Autodidata, iniciou-se em artes plásticas em 1967. Vive em Salvador desde 1966. Comemora seus 40 anos de atividades artísticas, mais ou menos, já que em 2007 perfará esse tempo e estamos em 31 de outubro de 2006. Suas obras falam sobre a arte popular brasileira em plano erudito. A Galeria Escudero é nossa galeria preferida. Suas obras, de grande impacto visual, nos servem de motivação para uma visita a exposição. Rui Bandeira Crítico de arte Lisboa - Portugal

*** Esta novel exposição de César ROMERO, em Lisboa, cidade mítica e mágica, de chegada e acolhimento para o grande e consagrado Pintor brasileiro, mas, também, porto de partida, evasão e conquista para o “velho continente” não é, seguramente, mais uma

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exposição do depurado e sensível Artista Plástico e Cidadão do Mundo, do outro lado do nosso imenso e partilhado Atlântico. Como ele próprio se define “baiano, nordestino, brasileiro e universal”, César Romero quer marcar e sublinhar, com esta exposição, este novo reencontro com Lisboa e desta vez, em particular, este encontro com o imaginado e romântico Chiado, todo um permanente namoro com as cores da velha olisipo e com a nossa demanda lusíada! Esta é, pois, uma mostra impregnada de sentimento, carregada de emoções, fruto de uma aturada interioridade, matizada de simbolismo, verdadeiro alvará maior de uma maturidade e de uma confirmada criatividade plástica e estética que já não surpreende! Antes, confirma e consagra a maioridade artística do Autor que cria, recria, transforma, descodifica e desmonta os seus próprios conceitos e as suas próprias vias de conhecimento e expressão. César Romero diz que “busca uma pintura, como quem busca um Hino Nacional”. Eloquente e fidalgo no gesto, no trato e na sua linguagem cativante, César Romero busca, com os seus quadros, dar público testemunho, vigoroso manifesto dos afetos e dos carinhos que lhe enchem o coração. Vítor Escudero Crítico de Arte Academia Nacional de Belas - Artes - Portugal Academia de Letras e Artes - Portugal Lisboa - Portugal

FRANÇA Apaixonado pela simbologia do nordeste brasileiro, César Romero dedica sua arte a uma interpretação contemporânea do cotidiano popular. Seu sentido apurado do espaço, aliado ao colorido exuberante e ao perfeito controle da técnica, fazem deste requintado artista um exemplo. Risoleta Córdula Crítica de arte Membro da AICA-France Paris - França Setembro de 1998

*** A pintura de César Romero é muito original. Pensamos de onde vem suas referências, onde ele encontrou essa forma encantatória de pintar. Ele simplesmente diz “Na minha terra natal, a Bahia, onde estou imerso nesta cultura dia e noite.” É verdade que a Bahia é especial e única, servindo como laboratório criativo do artista. As cores

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brilhantes de sol revelam sua origem - ele é do nordeste, onde o sol ilumina as luzes e fortalece este grande colorista. Emmanuel Hille Artista visual - crítico de arte. Paris - França

CUBA “César Romero leva mais de quatro décadas de incansável trabalho. A experiência de tantos anos o transformou - como o mesmo se autointitula - no “intérprete da alma nativa brasileira”, em um cronista de sua época. Ele desenvolveu um agudo sentido de percepção da vida de seus conterrâneos, que lhe oferece a possibilidade de dialogar com o substrato identitário do brasileiro. Desde este reconhecimento, concebe um ato de encontro entre o passado, o presente e o porvir. Não obstante, César Romero vai mais além do misticismo, a tradição e religiosidade locais. Convida-nos a um banquete sensorial e intelectivo de busca da beleza da vida. “A obra sabe mais do que o autor”, diria Goethe. Darys J. Vázque Aguiar Havana - Cuba Critica de arte Prêmio de critica Guy Péres Cisneiros - Ministério de Cultura de Cuba. Assessora do Conselho Nacional de Artes Plásticas de Cuba.

*** A arte é um documento histórico, é um reflexo do espírito de seu tempo, é um retrato de sua época e os artistas verdadeiros são aqueles capazes de captar essa essência. César Romero escolheu ser ceiba e até hoje sua obra nos fala de raízes profundas, amalgamadas com essência da alma do povo brasileiro. César, como o grande mestre da pintura e do desenho brasileiros que é - e agradeçamos a possibilidade de apreciar em suas obras um fragmento maravilhoso do Brasil mais autêntico - agora nos honra, em Havana, com um conjunto de desenhos inspirados nos panos, toalhas de mesa, lençóis e enxovais, bordados e tecidos pelas mulheres baianas, tradicionais objetos de arte popular que ostentam o ofício e a paciência das mãos femininas e a cor, a alegria e a fé de um povo. Herança mestiça de técnicas mediterrâneas e africanas e cores americanas, que se fundem nos traços de linhas e

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flores, mitos e arabescos. “Urdiduras” é referência às tramas artesanais de linha e tela nordestinas. É pesquisa antropológica e é, sobretudo, uma homenagem à vida, à relação primitiva entre arte e vida e aos modos de construção simbólica, que a sabedoria popular dos povos acumula e transmite durante séculos, geração após geração, para sorte de nossa espécie. “Urdiduras” é uma homenagem aos homens e mulheres que, do outro lado do oceano, souberam sobreviver a mais difícil das resistências: a resistência cultural. Dayalis González Perdomo Havana - Cuba Crítica de Arte Universidade de Arte e Letras de Havana

VENEZUELA Marx dizia: “O operário tem mais necessidade de respeito do que de pão...” A partir destas, palavras sentimos que se alinhava o trabalho emocional e solidário que nos mostra César Romero. Romero eleva e dignifica o trabalho artesanal, salientando o seu valor de uso poético versus o valor de troca mercantil. Consegue assim comunicar a íntima fragilidade da voz individual do fazedor na sua oficina, por meio das milhares de vozes desses homens e mulheres que, diariamente, deixam os seus vestígios numa peça única de ourivesaria de linhas e nervuras. A obra de César Romero é geradora. É um instrumento de uma transformação autêntica, global, do homem e da sociedade. Revisitando os seus elementos formais, as suas cores, o movimento sinuoso, e construindo um novo mundo de signos que nos fazem pensar numa protolinguagem, vinda daquelas terras pretas e formosas. É um canto estilizado da colonização. Um canto esperançado, mas não ingênuo.

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A arte em Romero, como uma semente, convoca-nos a compreender que nenhuma semeadura é estéril. Morella Jurado Artista Visual - curadora - crítica de arte Caracas, Venezuela.

E S PA N H A César Romero traduz, em pintura, seu país, o Brasil, cores, signos africanos e a cultura popular. Uma visão telúrica, carregada de entusiasmo. Um intenso movimento em suas Faixas Emblemáticas, que nos leva além-mar. Mudando uma circunstância para outra, converte pigmentos coloridos em história. Patrícia Sardinha Critíca de arte Madrid - Espanha

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AUTOR POR ELE MESMO Como César Romero, enfoque desta minha décima terceira obra sobre arte, também sou nordestino: nasci em Natal, Rio Grande do Norte. Cresci às margens do rio Potengi e, nas belas praias ensolaradas, que margeiam a chamada Cidade do Sol. Tenho, porém, um lado baiano pelo casamento, razão do meu perene afeto pela Boa Terra. Como César Romero, tenho orgulho de onde venho. Lá, em contato com a cultura do povo e das manifestações populares que emanam de tradições seculares, forjei minha personalidade, como gente, escritor e crítico de arte. A literatura e a cultura, em geral, sempre ocuparam minhas preocupações estéticas. Aos 15 anos, já escrevia críticas sobre cinema em jornais de Natal e colaborações, ainda tímidas, para revistas cariocas, como A Cena Muda. Foram os meus primeiros alumbramentos. Como tantos outros nordestinos, migrei, em 1954, para o Rio de Janeiro, em busca de conhecimento, estudo e trabalho. Aos poucos, e com muitos esforços, venci a timidez e fui chegando ao que realmente desejava. Mas não foi fácil. Escrevi sobre todos os variados aspectos da cultura, desde a literatura, teatro e cinema, até chegar às artes plásticas, em 1970, através de convite para colaborar no Jornal de Ipanema, iniciativa pioneira de jornal de bairro, que depois proliferou por todos os bairros cariocas. Foi em suas páginas que me encontrei com a arte, posteriormente desenvolvida em outros órgãos da imprensa carioca - Tribuna da Imprensa, O Jornal, Diário de Notícia, Jornal de Letras, Revista Veja, Última Hora, Revista Ventura, Jornal Copacabana etc. Minha atuação primeira, no Jornal de Ipanema, acabou por me levar à Associação Brasileira de Críticos de Arte, da qual fui secretário, tesoureiro, presidente e, atualmente, Presidente de Honra. Pela minha trajetória, como crítico de arte, recebi, em 2003, o Prêmio Mário de Andrade. Uma honraria que guardo com carinho e que veio juntar-se a outras recebidas: Troféu Resgate-Crítica de Arte, 1996; Cidadão Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, outorgado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, 1998; Medalha de Mérito Cultural Alberto Maranhão, concedida pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio Grande do Norte. Por quase 40 anos, acompanho a arte brasileira, não só através de exposições, salões,

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bienais e apresentações em catálogos, emitindo opiniões críticas em artigos e estudos que foram publicados em jornais e em revistas do Brasil e do exterior. Paralelamente, dedico-me à ficção e ao teatro, já tendo publicado sete livros de contos, com excelente respaldo crítico, muitos dos quais premiados - O Dia em que Tyrone Power Esteve em Natal (1982), por exemplo - e vários deles selecionados em antologias de histórias curtas - bem como uma biografia (Carmen Portinho) e um estudo (Gente que é Dinheiro), além de colaborações em diversas obras, sempre tendo a cultura como enfoque. César Romero - Símbolo, Código, Cor! é a minha maneira de homenagear um pintor com o qual tenho afinidades estéticas, cuja carreira acompanho há tempos, com renovada admiração pela cultura, talento e seu amor pelas coisas mais simples que compõe o universo da arte brasileira. Por outro lado, outro laço também nos liga: a amizade. O pintor baiano é uma dessas pessoas que, além de cativar todos que dele se aproximam, tem ainda o dom de saber ser amigo e de cercar essa amizade com os instrumentos da dedicação e carinho. Geraldo Edson de Andrade ABCA - AICA

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English Version

César Romero Symbol, Code and Color

Presentation 75 Introduction 76 Nationalism x Identity 76 Regional, Brazilian, Universal 78 Atavism & Sensitivity 79 Culture, Crafts, Creation. 81 Hail, César! 83 Thematic Chronology 87 César Romero’s Curriculum Summary 91 César Romero By His Critics 94 The Author By Himself 107


This book was written by the art critic Geraldo Edson de Andrade (1932 - 2013) for the visual artist César Romero’s celebrations of 40 years of art. It was not possible to have it published at that time, for several reasons. Now, for this exhibition, “César Romero - 50 years - a summary”, it is being published with its unabridged text. Its chronology, however, has been updated with the aim of presenting the artist’s trajectory in a didactic way. Expoart

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“If we cannot fathom what we live for, all conscious effort is to try to feel how the successive interdepent cultures that we are bearers, performers, agents and reagents of in time and space lived and live in us.”

Luis da Câmara Cascudo

in the preface to the 2nd edition of Dicionário Folclórico Brasileiro (Brazilian Folklore Dictionary) 1959.

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GERALDO EDSON AND CESAR ROMERO: PROFESSIONALISM AND AFFECTION I was very pleased for having been asked to write the foreword to Geraldo Edson Andrade’s Book on Cesar Romero. Geraldo Edson and I first met in 1981, the year I was admitted to the ABCA (Brazilian Association of Art Critics). In 2001, I met Cesar Romero at the opening of his exhibition “Cromutações”, in Rio de Janeiro. Since then, these two happy meetings provided me - in the professional field - a great opportunity to learn about the culture of the northeastern people along with big surprises and affective reasons. To tell long, humorous and full of enlightening anectotes from an unofficial history - complementing and supporting the official history of art - in bars and restaurants in the center of Rio de Janeiro after work meetings was one of Geraldo Edson’s gifts. By reading this book, which brings back the attentive speech of the storyteller, I turned to some issues on art criticism, which, among other guidelines, diversifies into two basic branches nowadays: the academic research and the writing of essays on art. With his knowledge on the Theory and History of Art due to his teachings at one of the best universities of Rio de Janeiro, Geraldo Edson opted to write essays on art. Since I have closely followed his work over the years, I now point out that its importance came from his criticism, focusing on the transmission of ideas and concepts derived from his academic research and offering the public key information, serving as a guide to the senses and translating - in a simple and direct way - the complexity of making art and the aesthetics of the object of art. In Geraldo Edson’s work such critical perspective surely relates to his great talent as a writer. Born in Rio Grande do Norte, he came to Rio de Janeiro in the 1950s and, besides being a prominent journalist, he was also the author of a soap opera, a playwright and an accomplished writer of short stories, which gave him a delicate sharpness to record the difficult qualities of art that at the core, are also intrinsic to literature. His profound knowledge on the works of Câmara Cascudo, GeraldoEdson stressed the reference to the popular culture of the Northeast in the works of Cesar Romero, focused as code, symbol and color. In my research on the art of Cesar Romero, although following another course in the field of criticism, I turn to the same thematic issues written by Geraldo Edson. Then, on the trail of hues while visiting the northeastern ground, I approach the warps that unify codes and images in a poetic color. Taking the imagery of quilts as a starting point, those which adorns the house and on cold days serves as a shelter to the resident, Cesar Romero gives life to the memorial of the Northeast. In his paintings, we relive customs and legends of the wilderness, hear the speech of the objects used by people in their everyday life; and with our senses alert, we perceive the great mysteries in the mixtures of religiosity, town square festivals and cults of African origin fully entwined. In my visits to his work, I start by the symbolism of Candomblé: in César Romero’s paintings, the incantation opened the way to the altar of Oxumaré - the Son of the Lord of the Bright Shawl - the Rainbow deity. The lights inhabit the painter’s canvases. The colorful shades dance, as if in Oxumaré’s mirror, to exalt one of our identities, while also giving visibility to the celebration of the homeland. In Cesar Romero’s paintings, the colored reverberate voices of cultural resistance. The color exalts reasons, skin and nerves of the northeastern ambience as a universe-wide flag.

Mirian de Carvalho

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INTRODUCTION Over the years, César Romero never abandoned in his paintings the cultural identity of the country where he lives and works. The artist was born in Feira de Santana, one of the most prosperous cities of Bahia. Currently he lives in Salvador, Bahia, Brazil. The atavistic content of his work is not a coincidence. What for some Brazilian artists from different areas might be disturbing because they defend an international language in art, for the Bahian painter is a fundamental reference. His cultural identity, as he likes to define himself, is to be from Bahia, from the northeast, from Brazil and universal at the same time. Many scholars have pored over the work of César Romero trying to insert it into the Brazilian contemporary. The critic Jacob Klintowitz, in “A Escritura do Brasil” (A Register of Brazil), released in 2001, penetrates with accuracy the iconic labyrinths of the Bahian artist’s style not only highlighting its most obvious aspects, but confirming that he was “a painter who deepens in the popular heritage of his country as a source of vitality; he drinks from the primeval source. But he is a painter, and he does not want to be more or less than this. Everything is popular and everything is erudite, the total is Brazil, the national anima; a Register of Brazil. “ The critic goes directly to the vital point of César Romero’s style, who never tires of deepening his pictorial thought of viewing the popular in a scholarly plane. This, in my view, makes the Bahian author not only expand his plastic grammar as an artist who sought, and found, a personal way to expose in his work the vision of the popular culture of his state - considered unparalleled in the country. For it is this thought-provoking material, content and form, which makes it peculiar the works of one of the most prolific painters of contemporary Brazilian art. Through César Romero - and because of him - it is clear the recording of demonstrations of folkloric nature researched and sensitively translated into a cult level, in a symbiosis of absorption of different cultures that complement each other in the paintings of an artist perfectly identified with his main elements.

NATIONALISM X IDENTITY There is a misconception that the Brazilian art tends to the folk in shape and content, when it appeals to said nationalist themes. A not fundamented fear that, as the art identifies with the land, its uses and customs, its people, it oscillates between the mannerism and a language called naïf, a spontaneous painting style that wants nothing else but to evoke and / or document, the experience of the artist in his environment. Statements in this direction have often been disclosed by a considerable number of Brazilian intellectuals of different areas, unlike some of the most representative names of the so called modernism in our country, such as Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) and Tarsila do Amaral (1886-1973) to name two representatives of a current that worked to break the shackles of a regional painting, aiming to be both Brazilian and universal, what in fact they showed in the further development of their work. Moreover, the two aforementioned painters were living abroad, under the influence of languages then a fad in Europe, where they resided, and returned to Brazil imbued with changes, pioneers of a new Brazilian aesthetic that was taking shape since the early years of the twentieth century. César Romero’s painting is inserted in that group. It is Bahian, northeastern, Brazilian and universal. That is very good. The awareness that we need to characterize the artistic object we work with is an old battle and claim, if so to speak, of our early intellectuals. One of the most representative painters of Brazilian nationality, Emiliano Di Cavalcanti, founder and mentor of the controversial 1922Modern Art Week, whose theme later concentrated in the figure of the “mulata”, as an example of the miscegenation of the Brazilian race; which makes his statements in the 20s even more present, according to which “our art has to be like our food, our air, our sea. It must be revealing of our culture, since good art is always cultural, and its own dimension is to anticipate the cultural moment. The true artist becomes modern for its time:

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he brings the new; he is the herald of a new era. “ The carioca painter was not rooted solely to our traditions as an intellectual. He lived several years in Paris in the full effervescence of the art statement that would characterize the years to come. It was this cultural animation in Europe after the First World War that he brought to Brazil which was still under the academicism, or the neoclassicism, protected by the public authorities. Dissatisfied with the clumsy artistic environment of the country in the 20s, Di Cavalcanti was concerned, yes, with new languages advancing around the world, unfortunately still unknown in Brazil, mainly to our main artists. Interestingly, some of the great names of our academic painting were in Europe enjoying the travel awards sponsored by the government, while the great movements that erupted would definitely shake the history of painting; these artists, however, did not want to see nor were they influenced by them. Except for Ismael Nery (1900-1934), a mixture of a painter and a “paraense” philosopher who lived in Rio de Janeiro and watched the emergence of Surrealism during his stay in Europe in the early twenties. Consequently, he incorporated it into his work, although at the time he was not properly recognized by this daring feat nationally. Not that our artists lacked the talent to the innovations that have successively emerged. Since when D. João VI transferred the Portuguese crown to Brazil, in 1808, the state has always protected arts in general and plastic arts in particular, not only innovating by importing French artists and master craftsmen to establish the teaching bases art among us - the French Artistic Mission in 1816 - but also encouraging them through annual awards to travel to Europe for those who excelled the most in art exhibitions promoted by the Imperial Academy of Fine Arts. The government initiative gave many of them the means to improve abroad their undoubted artistic merits in Italy and France, mainly. Since Brazil was still aesthetically and officially under the academic auspices and / or neoclassicism, most of the painters sculptors awarded in those art salons cared for that language, stimulated by members of the French Artistic Mission, obviously in order to please the patron sponsor, in this case the king himself, later replaced by his son who succeeded him, the Emperor D. Pedro I. Interestingly also the little knowledge, or publicity of works from artists born in Brazil and active in economically developed provinces - Ouro Preto, Rio de Janeiro, Salvador, Recife. The greatest of them all was Aleijadinho, as Antônio Francisco Lisboa (1738-1814) was known. Son of a slave with a Portuguese man, he combined his self-taught talents to architecture and sculpture, an 18th Century genius that Brazil stubbornly ignored. Aleijadinho would remain unknown for a century in his country, until he got the admiration of the 1922 modernist artists, who revered his brilliant work in the Baroque period that characterized the cities of Minas Gerais, where he resided. One of his most famous admirers and divulgers, the French Germain Bazin, who studied our baroque, wrote his biography which was published in Paris in 1963, with a Brazilian edition in 1972. For Bazin, Aleijadinho was the Rodin of the tropics for the admirable sculptures that he placed not only in Minas Gerais but also in Rio de Janeiro, the root of a quintessentially Brazilian art that the French Artistic Mission not only ignored but also did not give him his due importance. No wonder, then, that names like Santa Catarina born Victor Meirelles (1832-1903) and the Paraiba born Pedro Américo (1843-1905), excellent painters of the same generation, have not advanced or dared more in their work after their European stay. Sometimes they approached national issues, as in the case of our martial and historical deeds, that they captured so well on large screens as The First Mass in Brazil (1859) and the Battle of Avaí (1877), in accordance, therefore, with the trend in fashion, which was to exalt national patriotic values. Therefore, they received fees and much praise from the press, intellectuals and the public sensitized by the range of creativity that could be felt from the two huge paintings. Victor Meirelles’s and Pedro Américo’s paintings, however, was not limited only to these so-called patriotic themes. They went further, expanding its themes to Biblical scenes from the Old to the New Testament, in versions of impeccable artistic finishing, but increasingly far from their national themes. Rarely did the Brazilian academics venture into Indian themes, for instance, that was beginning to recognized in

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the pages of José de Alencar’s novels and in Gonçalves Dias’s poetry. This would be a theme destined to question the Brazilian identity. A painter like the “fluminense” Antonio Parreiras (1860-1937) accentuated this trend, ranging from the exuberating native landscape to images exalting the Indian in its completeness, as in his painting “Iracema”, from 1909. Our intension so far was to place César Romero in the context of the Brazilian art, especially his research and profound observation of what popular culture is in relation to the so-called Erudite art. Working Brazilian themes, he investigated and collected from simple people’s sources, establishing an accumulation of information of great importance in the national visuality.

REGIONAL, BRAZILIAN, UNIVERSAL César Romero is a multiple man. To follow his work, already known nationally and internationally, so many have been his exhibitions in Brazil and abroad, one needs to know his universe, be it plastic or literary, not to mention his academic training as a psychiatrist. His multiple activities can be analyzed individually to reach a common denominator: César Romero, the painter. This Man, born in 1950, in Feira de Santana, one of the most prosperous towns in Bahia, carries the stigma of being many in one person; he does not confine to an activity only but expands his creativity in the so many areas where he seeks to act with dedication and discipline. Weren’t he an artist of great sensitivity that through his gaze captures the unusual things around, including his own reason for existing, both as a man and a painter. It is his sensitivity, therefore, that makes him a “Jack of all trades” able to boldly go into painting, medicine, photography, journalism, art criticism, curatorship, lectures, entrepreneurship and farming. But if someone asks him which of those drives him the most, he will not hesitate to answer it is painting. César Romero is from Bahia. This data is important because in the anthropological complexity of the Brazilian man, Bahia not only is the most perfect and most racial integration represented by the European and the African element, but also because this integration reflects the assimilation of diverse cultures seeking affirmation of the national race. César Romero breathes the same air and bathes in the same waters the same way many other illustrious Bahians. Like them, the painter is inveterately atavistic, be it because of his background, be it by the way he faces the same northeastern accent that makes the greatness of names like Dorival Caymmi, Caetano Veloso and Joao Gilberto in music, Jorge Amado and João Ubaldo Ribeiro in literature, Glauber Rocha in films and, going further, like Castro Alves, the revolutionary bard who joined freedom and love in the same political song, - as if they were not implicit in the natural order of the human feeling. Not to forget the sensuality in its broadest sense, an evidence of the Bahian people, present in the color of its inhabitants, in the musical diversity of percussion instruments of African origin, already part of its harmony, in the fluidity of the prose of its writers, and finally in what people create, represented by “Largo parties” in churchyards of its representative churches, in parties both religious and profane at the same time and united by the syncretism that so well expresses the popular soul. *** A synthesis of these peculiarities is present in the pictorial work of César Romero, for his language originates from that abundant source of information and visualization. No wonder that, armed with a camera and a notepad, the artist captures the most instigating aspects of what common men do and feel, for later, after properly digesting the proposal, inserting it in his artistic creation, already in a dimension of knowledge fully incorporated into his plastic dictionary. Certainly César Romero, as a painter, is not the only Brazilian to try to break the boundaries between the popular

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and the erudite. The Brazilian art offers several options regarding the artists who drank from the popular sources in search of a cultural identity for his work. Three of them should be highlighted because they have César Romero’s admiration: Rubem Valentim, Volpi and Antonio Maia. Rubem Valentim (1922-1991), also Bahian, a constructivist in the sense, moved between different areas of creation, from painting to sculpture, making it clear that the constructive language may develop a work in which Candomble symbols integrate plastically the geometric forms without losing the magic of the source that inspired it. It is especially in sculptures, totems of the highest ritualistic significance, where Rubem Valentim achieves moments of rare expressiveness as art and spirituality. Likewise, Alfredo Volpi (1896-1988), an Italian born who was 18 months old when he arrived in Brazil to live in Sao Paulo. Still within the same constructive language, Volpi saw in the facades and festive flags of cities in the Brazilian interior a way to geometrize our daily lives, by emphasizing the color - a chromaticism of tropical tones valued by the textures of a precise artist of impeccable technique. As to Antonio Maia, a painter from Sergipe, he started from a symbol - where the ex-voto or offering to pay promises to the saints of popular devotion - to discuss, by painting, the direction of man in society and its social and religious implications. The result is an iconography of strong expressiveness, especially when it delves into the theme, which represents not only the hardships of the northeastern man, a region where the artist came from, but that can also be extended to any nationality. This is the symbology whose belief dates back to the earliest civilizations, as well noted the anthropologist Luiz da Câmara Cascudo in several studies published on the devotion to the saints of the people’s imagination in Brazil. The citation of these three painters - Rubem Valentim, Alfredo Volpi and Antonio Maia - has a reason: they are artists for whom César Romero feels close, not only on the field of color but also because they are painters who go deep into the popular vein, as he does it himself. Then there are the so-called naive artists, painters and artisans who, by intuition, spontaneity or tradition transposed to the paintings, sculptures and engravings, a personal universe transmitting by its simplicity, creative and poetic at the same time and without formal rigor, a work rich in authenticity, regarding the reality that surrounds them. César Romero, with his paintings drinking from the same source, though transfigured by the accuracy of the shape and the bright colors of his palette, is not isolated in this context.

ATAVISM & SENSITIVITY César Romero was born in Feira de Santana, 1950, a city that is 108km distant from Salvador, the state capital of Bahia. The city’s name originated from the great free fair that every week happened on Monday. As it had to be, the city evolved around this event of great economic proportions, along with the strong culture of the land and its people. Today, Feira de Santana is the biggest Bahian municipality, city of important plastic artists who live in a culture between tradition and contemporaneity. For those who lived (or live) in small villages know the importance of these meetings for the life of a city, especially in the North and Northeast Brazilian regions. In those fairs everything is sold, and at the same time they become a meeting point for financial transactions that contribute to socially and economically strengthen and enrich municipalities; the other aspect, not less important, is the events that involve the local community itself in a fellowship of social nature. It was no different in Feira de Santana. The great fair, known throughout the region and elsewhere, attracts people not only from nearby municipalities but also from other states, because of the variety of local products it offers. On the other hand, it gave people the opportunity to start major negotiations at state level, becoming a national reference. In the case of Feira de Santana, there were two distinct fairs. The open market itself which sold regional products

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such as foodstuffs essential to the rich local cuisine, meat, poultry, vegetables, fruits, personal and decorative materials and crafts in clay and wood, quilts, toys all within an unusual popular creation which harmoniously put shape and color in the same piece. The other fair, for cattle, which takes place in the “Campo de Gado” (cattle field), consists grouping of large local and neighborhood cattle breeders, in short, a kind of specific money market for big transactions. In it, farmers gathered for the purchase, sale or exchange of oxen (main reference and reason), goats, pigs, horses, donkeys, asses. The location was a perfect setting to compare prices and set price of goods offered in parameters that we currently know as free competition. The free fair, however, was not exclusively for trade and attracted the attention of another portion of the local population to the news brought by the peddlers from the capital that whetted so much the curiosity and interest of the youth. After all, the show was also a social meeting point. An outdoors shopping mall would be the perfect definition for the gathering. Free fairs have existed since immemorial times. The Greeks called “agora” the place where they did their business transitions; merchants of the Italian cities of Venice and Florence in the fifth century traded their products sitting on park benches with the same purpose, hence the origin of the word “bank” as we know the financial institutions of our times. In his book “Civilização e Cultura” (Civilization and Culture) (José Olimpio Publishing House, RJ, 1973 2nd Volume) the ethnologist Luis da Cascudo, from Rio Grande do Norte, stresses that “the appearance of the fair reveals a remarkable advance in the regularity of communications, individual guarantees, security at crossings and regular knowledge of the local rules, dates, and goods that could be exposed for sale, knowing in advance the need of them for the region or for other places that needed them. “ The same author also stresses that “the Latin name, feria, party, ceremony, votive mass, fair, also tells of its periodicity, the nundinae, every nine days, and Mercatus at a certain time. (...) Its social importance is because it provides the most active vehicle of human communication, mutual interaction, and influence in all branches of activity, from language to cooking. “

*** But there is another important aspect linked to the fairs: the socio-cultural aspect, represented by the regional production - artisanal activity to which low-income men, women and children dedicate their time in order to increase their income and, therefore, to keep their families. In this context, quoting Marcuse: “Art is man’s expression of his pleasure at work.” A peculiar tradition of crafting, because it deals with creating at popular level, passing from generation to generation without any of his followers ever claiming to be an artist or making art. But it is Art. Before it there is always the memory of concepts issued by William Morris (1834-1896) about art and industry that so increased the artistic questionings at the turn of the nineteenth to the twentieth century. What has to do William Morris with Brazilian crafts? Nothing, except that that English esthete was perhaps the first theorist to recognize the artistic touch in handmade object, although he repudiated mass production. Throughout Brazil, located in small towns, the craftsman or artist-craftsman as defined by scholar Edson Carneiro, works his material - clay, wood, cloth, vegetable fibers, iron, etc. - under the admiration and acceptance of the locals, its main consumers. Among these artisans stand sculptors of images of saints and other holy icons on wood, the saint makers, with large popular penetration, much of which went beyond the regional boundaries to establish themselves nationally, some even leaving the anonymity to be recognized as sculptors, under the blessings of art critics and researchers, coming to commercial galleries and welcomed by art collectors. And they go further when they get the admiration of artists of the so called cultural standards; i.e. painters and / or sculptors of intellectualized formation, with free access to the art market. The magical world of clay and wood toys, iron objects and household items, cloths made into quilts, forming colorful rectangles and circles, straw being used in the manufacture of carpets, aroused unusual attention, perhaps wonderment, in the boy César Romero when he accompanied his father, a cattle farmer, to the open fairs in Feira

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de Santana and neighboring regions. Those simple objects, for they were essentially pure, almost naive in the making and in the feeling of humble and creative people one day would leave the imagination of César Romero as a kid to become the plastic creation of an artist who, since then, looks for a national way of painting without radicalisms; or, as he often says, “... something that was reference from my hometown, Feira de Santana, my second city, Salvador, my state, Bahia, my region, the Northeast of Brazil, so ... “.

*** César Romero was 17, studying at the Colégio Marista, in Salvador, when, in 1967, Feira de Santana opened its Regional Museum of Art. Opened on March 26, 1967 by initiative of journalist Assis Chateaubriand (1891-1968), founder of “Diários Associados”, then the largest journalistic complex in the country and Ambassador of Brazil in England. Chateaubriand was committed to the Brazilian culture. The Museum of Art of São Paulo, MASP, one of his major initiatives, created in 1947, holds the largest collection of paintings and sculptures of the European art in South America. It has works from artists like Titian, Raphael, Goya, Tintoretto, Chardin, Ingres, as well as those others who represented a revolution of modern art - Manet, Renoir, Matisse, Van Gogh, Léger, Degas - and nationals like Portinari, Di Cavalcanti , Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro. With his entrepreneurial and visionary spirit, Assis Chateaubriand dreamed of creating similar museums in other cities in Brazil, mainly in the Northeast, his birthplace (he was born in Paraíba). In 1967, he founded the Regional Art Museum of Feira de Santana with a significant donation of works by Brazilian authors, as well as a collection of thirty important works of British contemporary artists of the 50s and 60. Their names: Antony Donaldson, Alan Davie, Bary Burman, Michael VanGhan, Frank Auerbach, David Leverret, Brett Whiteley, Byron Organ, David Oxtoby, JR Joe Tilson, Lovis Le Brocquy, Neville Kink, Patrick Procktor, Derek Hirst, Derek Snow, Howard Hodgkin, Graham Sutherland, Reynolds, Tery Frost, Wishaw, John Piper, John Kiki, Paul Wilks and Pauline Vincent. Considered the most representative collection of English paintings of in one Brazilian museum, its works in oil on canvas, oil on eucatex plank, enamel on metal, mixed technique on eucatex plank and mixed technique on paper, have since not only challenged the outsider, but mainly artists born and raised in Feira de Santana, on the rare privilege of being face to face with a set of first rate works of European art. A better artistic training for each of them would be impossible. But a young man, in particular, was touched by those works that represented a fundamental discovery in his view of art in a city like Feira de Santana which also began its development process to become today’s second biggest city in Bahia. In fact, what César Romero found in the work of national and British artists was a confirmation that art, sooner or later, would occupy absolutely the creativity that was latent within him.

CULTURE, CRAFTS, CREATION. There are no people without culture. From this premise, an incontestable truth, anyone can look around and begin to feel that everything around you is directly or indirectly connected with the culture it is part of. The word “culture” itself is very comprehensive. In the Houaiss Dictionary of the Portuguese language, culture is thus defined: 1. Cultivation; 2. The raising of certain animals; 3. A set of beliefs, uses, activities, etc. of a social group; civilization; 4. Knowledge; instruction. When we talk about culture, or try to define it, immediately these specifications come to mind, the most important undoubtedly linking it directly to man and his behavior in the environment where he lives and works. César Romero is an educated man. Not only by his humanistic background, but also by his concern for the environment in which he does his professional and artistic activities.

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While psychiatry occupies part of his time, he has been working as an art critic in newspapers of Salvador for over thirty years. His interest, however, extends to other cultural areas: popular music, especially the Brazilian and Latin American, as well as literature, especially poetry. Poets like Fernando Pessoa, Alexander O`Nell, Mario Quintana, W.H. Audem, Helio Pellegrino, Walmir Ayala, Raul Bopp, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Luis Borges, Manuel Alegre, Konstatntino Kava’Fis, Gullar, Anna Akhmatova, Arthur Rimbaud, Alvaro Alves de Faria, Mirian Carvalho, William Blake, and Péricles Prades among others, are frequent in his soliloquies and conversations. It is curious to note that César Romero was born in 1950, four years after a group of artists from Salvador with new ideas tried to implement the modernist aesthetic at the state level, under the leadership of sculptor Mario Cravo Junior (1923-), of painter and later rug weaver Genaro de Carvalho (1926-1971) and of painter Carlos Bastos (1925-2004). other names would later join them: Lygia Sampaio (1928-), Rubem Valentim (1922-1991), Carybé (1911-1977), an Argentinian designer and painter who, enchanted by the Bahian land, decided to live there; not to forget painter Jenner Augusto (1924-2003) born in Sergipe who, in 1949, historically marked the modernism in Sergipe, with a decorative painting at Bar Cacique in Aracaju. César Romero started facing painting more seriously from 1967 on. That year he was part of the 1st Intercollegiate Meeting of Plastic Arts (1ºEICAP), bringing together schools of Salvador. His painting, a church painted red, and the houses around painted yellow and blue, respectively, won a prize, awarded by a jury headed, among others, by the art critic Wilson Rocha and the painters João José Rescala, Riolan Coutinho and Juarez Paraíso and sculptor Mercedes Kruschewsky. Medicine, however, was his visceral appeal. Graduated from the Federal University of Bahia, in 1974, he opted for psychiatry, specializing in Individual and group psychotherapy, with intense clinical activity. He remains one of the most respected Bahian psychiatrists. Self-taught in painting, he began in 1971 to participate in national art galleries, awakening the critical interest to his painting. Another of his interests was photography, which won him awards. There is no doubt that César Romero look through the viewfinder was beneficial to him in regard to his painting. The material was present there, at his disposal, not only in Salvador, where he lived, but also in Feira de Santana and other inland towns, repositories of what is most traditional in the Bahian land. So it is no wonder that he has chosen in the popular festivals, or in the art made by the people, the focus of his work. As to this aspect, a universe particularly rich in shape and content was within his reach, and César Romero has always given his best as an artist to, in an erudite level, understand it. For years, this Bahian painter has increasingly improved integrating the popular in his work. In the various periods he worked the theme with series named emblematic, a stylistic coherence was unquestionably present: the colors. It is by his colors that César Romero stands out among the Bahian and Brazilian painters, forming with them a group willing to clearly identify their paintings as Brazilian work. In his work color is something independent. The painter, who started by intuition, never abandoned his nationalistic convictions in his work. As a Bahian, he knew a field of unlimited plastic prospects was around him. In it two of the elements that fascinates him the most in art were present: shape and color. His researches represent the way he anticipates his work, which is why they deserve his unusual attention. On several occasions the painter reaffirms that conviction when he says “I have been researching, studying, collecting, reinterpreting and recreating the symbology of the Northeastern and the African-Brazilian signs. From quilts and its vocabulary (people’s signals), which I call Emblematic strips; by permutations, delve and discuss painting “. At first glance, César Romero’s work seems to be easy to perform, mainly because of the apparent simplicity of his drawings. This is the first enigma, for we know that it is precisely in the simplest things that any author finds the greatest difficulties. Being simple requires knowledge and preparation above all, as well as a mastery of the technique without losing the implicit emotion. An excellent colorist, César Romero starts from a color tone to expand it smoothly across the surface of the canvas through brushstrokes seeking spaces with the subtleties of pointillism of refined elaboration. It is this subtle recollection that he mentally outlines to start a painting, one of the painter’s peculiarities in the

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textures that create his plastic grammar and end up not only seducing the viewer, but it also goes deeper for it establishes empathy between the look and the work of art . César Romero believes in a national art, an ode to the act of painting and a declaration of love to the color; in fact his reason to live and work one visuality that reflects the land and its people.

HAIL, CÉSAR! In this interview, César Romero discusses his plastic-visual thinking. Mainly he reveals how he creates and how his art making gets him involved from a blank canvas to the final result. G.E.A. - What is art? C.R. - Art is the invention of language. Transfiguration. G.E.A. - You are essentially a painter? C.R. - I am, I explore the color to exhaustion; the possibilities of combinations, the settings, the intonations, the chromatic potential. My painting is an exercise in color. I work what comes out from a different color on another interpenetrating it and in its entirety. It is not easy to work with color. It is a challenge I face without fear, I tread the danger zone. G.E.A. - Do you consider yourself a colorist? C.R. - Yes, I manage color with some aplomb and create possibilities that are not very usual. I’m not afraid of colors; they are part of Bahia and Northeast’s tropical heritage. The color finds me. I am a compulsive observer of light and its consequences. I’m intense. G.E.A. - In addition to color, do you value theme? C.R. - Yes, I have a theoretical program, which conveys my process as an artist. It’s something defendable. I am not one to improvise for not knowing what to do. I wake up early to fulfill my mission, my choice. In the past 35 years I investigate a language and a Brazilian visuality. I will never give up, I am doomed to this quest. It is difficult and laborious. The popular is always the starting point, and I seek to register the marks that people created, be it in the African-Brazilian religion, the Roman Catholic religion, the popular toys, ceramics, street parties and Northeastern tales. I search for a reinterpretation of what I see, a meta-language. G.E.A. - Is your painting regionalist? C.R. - Deep inside I seek to value my region, its characteristics, traditions and peculiarities. Our country has different cultures. And that’s good. Regionalism is to assume an identity. Any art that has its land as bias is universal. The artist has to produce his means, turn to his roots. This is my personal truth, it does not mean it is a law for all. It is for me. I learned in life to respect differences. I respect what others think and I want reciprocity. Let everyone use their freedom and create. G.E.A. - when has this search for Brazilianness started? C.R. - The starting point was the quilt that appeared in my painting in early 1978. The quilt is very common in poorer localities, where they stitch together small patches of unused cloth to form a large quilt to warm in the evenings or to serve as a bedspread during the day. The variety of colors, shapes, textures and angles is fascinating. There we have useful popular art that comes from the strength of deprivation, of poverty, of the need to live, to resist. - Once the quilt was made, a flag, a banner to celebrate facts, to bring together, I imprinted on it a northeastern vocabulary: symbols, Candomblé marks, hats and clothes of “cangaceiros”, cowboys, craft, popular and utilitarian ceramics, cacti, trees and shrubs synthesized, the northeastern zoomorfia, the pulling of the “Xaréu”, the “bumba meu boi”; the kites in summer skies with paunchy children at the other end of the string. The hinterland, the sun with its life-death dialectic, the moon and its legends, farm rivers, the “mata-burros” (Palisades along the roads to detain animals) separating pastures. Leather marks, harness’s decorations, the lace, the rhythms of basketry,

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the “cordel”, the musical instruments and the Candomblé tools. Monograms of devotion of saints, the Charolas, the prayers, the banners, the streamers so used in processions. The drawings, the painting on drums, benches, tables and stalls for street festivals, the carnival, the feast of St. John and its flags, Christmas and Nativity. The celebrations of other cultures that the northeasterns made Brazilian. The people and their community art, life itself. There’s my native soul, in my plastic-visual interpretation. The quilt is a starting reference, upon it I insert my vocabulary, my people’s scrawls and I name them “Emblematic Ribbons”. They have a continuous movement and seek a dance of elegance and sensitivity. G.E.A. -Is it a kind of stubbornness? C.R. - I would rather say conviction. My work comes from what I gathered in my region, the Northeast; a non-verbal code; a gathering of the specific and the general. They are plastic-visual reflections of a territory rich in uses, rites, music, folklore and so many other expressions of art. The people’s artistic production is vast, kaleidoscopic. The Northeast, so marginalized, seen with prejudice and considered Brazil’s Third World, is where the largest part of our cultural identity pulsates and gets shaped. G.E.A. - This thing of cultural indentity in art, of Brazilianness, bothers many people ... C.R.- Let them not be bothered, do their things, be responsible for them. Time will heal. I do not want anyone to think like me. I just want to have the right to think. I only know that I paint and have an aesthetic thought. G.E.A. - What’s your plastic-visual thinking? C.R. - To forge my fate as a Brazilian and an artist. I personally believe in an art that comes from the people, their experiences, their beliefs. We need history, forming an idea of homeland, a Brazilian thought. I work with Northeastern signs and the African-Brazilian symbols, a vocabulary that any northeastern experiences in his day to day. It is not necessary to compulsorily ‘’ understand ‘’ this semiotics, basically what I do is paint. I am a painter, a colorist. The popular is always the source, and in exercising observation, I seek a break from the ordinary. I believe it is important to record, not to let the marks, symbols, signs, the inventive load and the signs of our people die. To record is to eternalize the elusive. G.E.A. - Is your work committed to Brazil? C.R. - Yes, I seek a Brazilian language and visuality. I will never give up, I am doomed to pleasure and torture on this quest. It is difficult and laborious, it requires responsibility not to fall into the banal, the sheer simple folk. The popular is always the source. I seek to register the marks the people created in their wisdom, experience and intuition. That way, the popular and the erudite complement each other. G.E.A. - Are you a documentarian? C.R. - I’m not a documentarian, I seek a transfiguration of what I see and live. Basically I make a visual synthesis of the common folk’s signs. There has been consistency and sincerity in all I have painted. I remain very faithful to my thinking. I’m not one to improvise. G.E.A. - Do you write down what you see? C.R. - I write with a fountain pen on any paper I find, after some time I look again, I think, I give it my interpretation and make my file. The first thing I do when I go to any city is to photograph the popular markets and local crafts. The photo is worth by itself and as a reference for paintings. G.E.A. - Were there other times? C.R. - There were the landscapes with loose streamers on them; the Enigmas, which are relations with African-Brazilian symbols painted flat, functioning as colored tattoos; the Emblematic Platstrips which are façades of simple houses in the interior of Bahia, made by master builders and bricklayers, that preserve popular themes in them. The Emblematic Kites - which are colorful kites, upon which I place my symbols. Kites, are one of the greatest pleasures for Northeastern kids. They are flying paintings. The Stools used in Bahia’s Square’s Parties - are the

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meta-geometry of stools with their tops painted to identify the owner. I have a series of paintings and photographs of these modules. Everything is interconnected; it’s the same painter at different moments, always following the popular as a source, the Northeast and its inventions; its culture; its way of living and getting together; its essence, the soul of simple people who do not give up their traditions. G.E.A. - How do you do your work? C.R. - I’m very observant. All I see works like painting. Soon I start thinking on how I will transfigure what I see, materialize perceptions. G.E.A. - What’s new in your work? C.R. - Its maturation process. My things are thoroughly thought, “chewed” to exhaustion. These paintings are waves of the same ocean. They clearly come from the same painter. I bring new symbols, new colors, new intersections, new settings. The scale has changed, they are now large pieces. The colors deserved an intensive care, I tried to find new chromatic potentialities, new possibilities of combinations, settings, hues, chiaroscuro, textures and transparencies. Painting is color, is knowing how to handle it, make it a stand-alone element, without forgetting my theoretical program. I have always separated color and theme, what I do is to seek to integrate them in a logical synthesis. My work has changed a lot. More by its gentleness than by its force of imposing. It flows like a loose scarf in an enigmatic space, surrounded by lights and transparencies. Time and learning, the making and the results are the nudge for a progressive change with no bumps, no blackouts or unnecessary bravados. There is something unspeakable in the process, something diaphanous that comes from the effect of adding colors reflected in the appearance of the painting epidermis. You clearly see they come from the same painter. A new look on my eternal theme and thought: a Brazilian semiotics. I will live and die seeking Brazilianness, the register of Brazil. Something like a national anthem. G.E.A. - Talk about your work in these decades of painting ... C.R. - I have been faithful to painting these years; symbols and colors go together fraternally. There is a place beyond the fads for an artist who seeks to maintain a language. There is something solid in what I do, a trail of loyalty to my purposes, my quest. There is consistency between what I say and do, steadiness in my behavior. A mixture between the spiritual and the physicality of things. I paint my skin, a Bahian epidermis, northeastern and Brazilian in essence. Fad languages never interested me; I know them to be informed about what the world has. My world is Bahia and its mystique. I am very faithful to my theoretical thinking, my doing, and my quest. I live away from fads. I’m not a fragmented artist, a different thing every day, I am continuing my purpose. I am the one who experiments change at every exhibition without moving away from my center. My painting is like my life, I have been changing over the years, maturing, but I have my identity, my preserved self that I’ve been improving over the years. I believe I am a better person today, more informed, more focused, less dispersed. So has it been with painting. I’m not in for fads, for market demands; I do not seek approval; I do not depend on politicians. G.E.A. - As an art critic for ABCA and AICA; how do you see art criticism and how do you relate to it? C.R. - As an artist, I have always respected art criticism, it is not a science, but it has its signs and its symptoms, and can be based on elements of science. No serious critic would be so irresponsible to the point of lending his name in praising a worthless artist because that would return to him. Criticism of Brazilian art is formed mostly by intellectuals, historians, postgraduate and PhD teachers, scholars, renowned researchers. High level. I do not see my works as an art critic, I see them as an artist. I think it is important for an artist to have his work monitored by an art critic. There are possibilities for dialogues, suggestions; it is always a healthy exchange. The critic is a link between artist, work, public and history. I do not play the game of improvised curators or those who can exert some power, which is always transitory. I am from the studio, I visit the popular markets of the cities I know. I record, I photograph everything, and the images serve me as notes. If something interests me, touches me, I’ll redesign it, review it, transfigure it, insist, insist on it

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until the symbol comes out from modifying the appearance, not the essence. The repetition of intent sets me free. I am watchful in my searches. I do not make collages with other artists’ works, whether national or international. I’m not a mix, I am one. My work has integrity, it belongs to me from my hand moves, the rhythm of the strokes, the continuous observation of my iconography. My work is my soul and my art is language. There is honesty and ethics in what I do. In my painting there is a mixture of spirituality, confession, technique and an obstinate pursuit of color. I wear my color, which is my skin. In this colorful and plural epidermis I move decades of painting. How this time has passed, I do not know, I discovered by chance by making a summary of my resume. All I know is that it was a lot of action. G.E.A. - What is “BR-amante?” C.R. - “BR-amante” was an exhibition that celebrated my 40 years of painting. The name I created as a synthesis of my thoughts, which can be read in three ways: BR-amante ( Brazil lover); BR-amante - a fabric and through that fabric I seek to reveal cultural goods of Brazilian root; berb BR-amante, from “bramar” (vociferate), be a screamer of popular culture and of a purpose, to discuss the soul and the essence of the Brazilian people. BR-amante has shape, matter, sensibility and color. I seek aesthetic emotions in musical rhythms coming from the Northeast. Something that has humanity’s charm, spirituality, mix of races, regions, findings. Something plural unified by painting. This exhibition started in Europe, was seen in 12 Brazilian states and ended in Salvador. My product is clear. I am meticulous, thorough and attentive to details. My work has a history of community, of past generations; which turn into shape, line and color. I seek to be a plastic-visual interpreter of the Brazilian soul. G.E.A. - Has your painting process changed? C.R. - My painting process has changed in recent years. There is a deepening in it. I use most of the white of the canvas, which became fundamental to work transparencies of paints by trial and error. The colors softened, and now travel in delicacy. To think delicacy in painting is to review its intrinsic values as a whole. G.E.A. - What is your main search in fine arts? C.R. - I want a painting without tricks. The brushwork is a single act, and I explode chromatic variations that affect the retina, in a spray of shades. The theme, the issue is resolved, the color is now my biggest interest, I am an instrument of color. I want to be all that color can say. Imagination and thought are viscerally engaged, there is strict discipline and hand training. All results from a grouping of symbols that interact in a subtle way, orchestrated by logical thinking. My plastic-visual work is endogenous and ruminated. I am one of accumulated experience, the end product rooted in years lived with the Northeastern community, their celebrations and rituals. I am one of reuniting with the native soul. A stubborn apprentice. My work sets a family, it has the same DNA, it differs only in external appearance. There is a clear process of continuous change and the same DNA. I live the illusory space moving through color. My art never came bouncing and bubbling. It unraveled itself and was then born. I have a thread that is the national soul, I want to be an interpreter of Brazil. My painting is studied, thought. One way to represent colored illusions, with strips, stripes and inscriptions of Bahianity. G.E.A. - How do you see time? C.R. - Time has its price, and helps to define or fade an artist. Advances or hinders his creative process. So we have to be constantly alert. Painting is taking risks, gambling. It is a permanent challenge to finitude, when dialectic ends. I try to justify my existence in the midst of what I live and have lived; in my northeastern stains. G.E.A. - How do you define yourself?

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C.R. - Labeling never interested me. I have never been and never want to be fashionable. Fads go old and so does the artist. I make Brazilian art; something different from the “internationalizations”- mere reheated imitations of what is out there. Many artists, trying to be modern, copy “international trends” from magazines. To be ahead is to show the world something that it does not know or has not yet realized, so it can be found in your own backyard. It is easier to copy than to create. The role of art is to form human consciousness, the result of thoughts and reflections. G.E.A. - A big dream ... C.R. - I would like that simple people could appreciate the appropriation I make with their signs, their symbolism, their collective creation, which originally belong to all of us Brazilians. G.E.A. - You are known by your organization and working methods. So here is a tricky question: “How will your painting be in coming years?” C.R. - I know more or less what I intend to do. I already have clear in my mind what I will do in the coming years with my painting. I am a painter who loves his profession and trusts it like a mission. My tendency is to simplify the most. G.E.A. - Summarize your painting. C.R. - It is a loving resistance, a passion transmuted in form and color. Today it has a calm conviction. Never expect fads from me. I’m faithful to my painting which has the sincerity of the simple, of oriented research recording a culture. G.E.A. - Do you work every day? C.R. - Yes, sometimes even on Sundays and holidays. I like to work, hard work, I do it with great pleasure. I have a mission and I have to fulfill it. Time is eternal, I am not; art is eternal, I am not. I am an artist who has a fraction of time; we must take advantage of it. Do not forget that there is leisure and pleasure. G.E.A. - Any negative criticism in your career? C.R. - No, never. I think I’m lucky. I have 118 texts of national and 12 of international critics. They always stressed my colors, my choices and consistency. Maybe someone could appear now and be the pioneer. It will be a success. G.E.A. - You are multimedia. Doesn’t that disturb you going deeper into your affairs? C.R. - No, I optimize my time. I was born an artist and as such I find myself able to try various things, various trends, various aspects of art. I am intense and restless. I am a methodical professional. I’m careful with what I do; at this stage of life I have no right to do stupid things. G.E.A. - Anything else? C.R. - Yes, I want to tell you very sincerely, I gave Brazil a picture, an image, like Volpi, Valentine, Maia and Samico. Looking back my career, I can say today, when the winds are not blowing, I have kept myself consistent.

THEMATIC CHRONOLOGY César Romero is one of the most consistent artists of Brazil. Throughout his career he worked a single theme: the Northeast, his research results, which gave his work a coherent and logical evolution. It goes as follows:

1 Casarios / Colonial Houses (1966-1969) He painted, in a simple way, architectonic reference points of the city of Salvador. At that time many artists began by painting houses, especially in Salvador where people are immersed in the Ba-

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roque. This aesthetic trend greatly influences César Romero’s paintings. The Baroque flourished in Rome in the early seventeenth century. Religious Baroque painting depicted saints or the Virgin surrounded by draping robes and surrounded by clouds of cherubs. The concern of the artist was to focus on the houses of his city on simple angles of direct, but not obvious, reading.

2 Imaginária / Imaginary (1969-1975) He sought to reveal the saints of Catholic tradition. He would go to churches take notes, he reinvented the images, highlighting the Baroque, so traditional in Bahia. Religion was a reference for all Bahians especially in the 70s. Something else reinforces this choice, César was a boarder at Colégio Marista for three years, which influenced his beliefs and skills. A Mass was mandatory every morning with chanting, incense and homilies.

3 Selos Comemorativos / Commemorative Stamps (1975-1980) They are images in which the saints appear as poster models for the consumer society. They show a band surrounding the central character with rounded edges like post office stamps. Thus we had: Stamp to celebrate the Day of Fake Jewels, Human Rights Day, Dollar Day, Repentance Day and many more. The artist mocked the power of the saints in the consumer society, on the holidays in their homage and in popular festivities. In the 70s correspondence was mostly letters. He lived in Salvador and his family in Feira de Santana, the mail exchange was intense. And when handling the stamps of letters, he got interested in the jumpy way they stuck together and were glued to the envelope.

4 Gravuras / Prints. Lithographs and serigraphs (1977-1988) Various editions of prints by Imagem (RJ) and Almavera (SP) with works from the Imaginary periods; Landscapes with Emblematic Strips, Emblematic Kites and Emblematic Strips.

5 Paisagens com Faixas Emblemáticas / Landscapes with Emblematic Strips (1981-1987) On a Sunday afternoon César was at the Abaete Lagoon with friends, saw the washerwomen working on a day supposed to be for rest, and went to talk to them. Each had a different story about the Lagoon and its magic until he saw a clothesline with clothes to dry. The wind was moving the colored clothes forming folds and curves. He caught the image. Upon arriving home he made a quick drawing of a flying quilt and finished with a landscape under it. He had taken his first note. Afterwards he thought and put symbols and signs of Candomblé, of popular ceramics and of the Northeastern vocabulary on the quilt. The Bahian landscape is very diverse; it goes from the Bay of All Saints, the coastline, the savanna, the hinterland. He flew the band in the sky, and sustaining the composition were the landscape below and a sky of dreams. César Romero cannot be considered a painter of landscapes, his interest was for the metaphysical atmosphere, sometimes slightly surrealistic that pervaded the composition, and quilts with their signs / symbols.

6 Tamboretes de Festas de Largo da Bahia / Stools used in town square festivals in Bahia Photographs (1981 - 1992) A set of photographs of the stools used in Bahia’s Square’s Parties, which feature a simple, creative and geometrism identifying their owners. The stools were for the people to sit, drink, eat, date and look around. It was the popular creativity transformed into art. With these pictures the artist was widely awarded in official halls of various Brazilian states. The photographs of the stools used in Bahia’s Square’s Parties is a very special document today. The tables and chairs are plastic now. And the owners had to adapt to the new reality. The popular geometrism painted on the

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tables and stools and their random connections formed panels of great beauty and invention. There are 215 recorded images.

7 Faixas Emblemáticas / Emblematic Strips (1984-2016) The artist always took pictures of his work for his private files and for the press when needed. One day by chance he “zoomed in” on the band and stared, took a picture and noticed that the band was covering all the picture, from beginning, to end, in the same plane; from then on the colored band began to take up all the plastic field, giving the artist more opportunity to work its symbols / signs. Faixas Emblemáticas became César Romero’s most famous period. Easing his frontiers, the artist worked other subjects during the period he produced the Faixas Emblemáticas. Faixas Emblemáticas aimed at grouping Northeastern semiotics, translated into a visual plastic way, understanding art as a language, a sequence of symbols of ancestral roots, emerging from the popular. He sought to register and to not let die brands that simple communities created; people’s signs. He seeks a Brazilian popular identity to form the notion of homeland. This series has always accompanied the artist’s career, even when he treaded other consistent roads. It is the summary of his pictorial thought.

8 Tamboretes de Festas de Largo da Bahia / Stools used in town square festivals in Bahia Paintings (1986-1992) seeing and photographing stools, César decided to paint them on canvas. The photographs he had taken of stools served as a starting point and he invented new visual games, with well-marked texturing. The bright colors seemed to celebrate life, the merrymaking that always existed in those parties. Joy was the keynote.

9 Arraias Emblemáticas / Emblematic “kites” (1986-1993) When César Romero was a boy, he flew many kinds of kites. He says that he was delighted to create geometry and colors for the kites “it was like an assembly game, I could get many variations of shapes and I cared for the colors, I made combinations that were not common, for example, for a stingray I used black, purple and crimson; in another purple, violet and gray, so on. My kites were known when they were in the air; from afar boys identified them by their colors.” The kites were one of the most common amusements for the children and adolescents, it was even more accessible to all social classes. Paper two “Taliscas” (flat sticks), reel and thread around it. The kites were “paintings” that flew in the summer skies and had their symbols / signs inscribed on their paper. It was the dream of every boy to enter a stingray war and win. First you coat the thread with crushed, finely ground glass, mixed with homemade glue, and then you put the thread to dry. After that, you could fly your stingray and soon others would approach, then you would release the thread from the reel and because of its speed it would cut your opponent’s thread. The winner’s stingray would soar in the sky and the loser’s would fall spinning to the ground, and many children would run to catch it; the kite would now belong to anyone who could catch it. The kites wars were the weekend attractions.

10 Enigmas (1987-1991) The enigmas are exclusively the transfiguration of tools, instruments or weapons of orixás (African deities). The orixás are full of virtues and weaknesses like men. Candomblé is a religion as old as the first religious practices from the beginning of mankind. The enigma is something to be deciphered, which is described ambiguously. The “terreiros” are mystical spaces, they are the synthesis of the African land, of its kingdoms. Within these enigmas, César Romero created the series and only the Orixá owns the spaces, the entire plastic field.

11 Platibandas Emblemáticas / Emblematic Platbands (1988-1992) Traveling the interior of Bahia, César Romero went through towns which bordered the roads; as usual he carried

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a camera and photographed the façades of the simple houses in the cities of Anguera, Bravo, Serra Preta, Ipirá and Feira de Santana, in Bahia. These façades are made by local master builders or bricklayers; usually they are geometric and colorful. César was inspired by those façades; he painted those segments and on the doors he could use he inscribed the signs of the people.

12 Janelas Emblemáticas / Emblematic Windows (2007-2009) Upon seeing simple neighborhood houses with heavily colored windows and doors, he went to a hardware store to buy rough wooden windows, coated them with latex paint and imprinted his visual alphabet on them, creating a new possibility for his painting. The artist presented some residents of simple neighborhoods these windows, that when placed caused the passers various reactions of admiration for the novelty, questions and remarks that something new was happening to the houses.

13 Totens Emblemáticos / Emblematic Totems (2008 to 2012) They are three-dimensional works, sculptures in solid wood blocks on which, on different cuts, paintings from the Emblematic Strips series appear. The wood is treated, and on its walls large texturing with collages of various materials appear, promoting a stimulating curiosity in the eyes of the viewer. A thought-provoking experience, the subtlety of a fluid painting on solid nature.

14 Urdiduras / warps - drawings (2009-2015) The essence is the same; it recalls popular wisdom of Brazilian roots in an interaction, bringing the popular to the classical plane. tray cloths and bread, coasters, lace, “arte do fuxico” (the agglutination of intermixing different small cloth flowers), napkins, table runners, “bico de metro” (lace ribbon), bathroom towels, bedding and other warps from popular northeastern handicrafts are all transfigured, converted to another reality; a plastic-visual souvenir of an extensive research. Craftwork comes from the beginning of mankind and is present in all 27 states of our country. It is known that nothing is more regional than craft. It identifies sources; it represents an expressive result of cultures and traditions, be it in the repetition of the templates or in the inventiveness of the artisan. It is a custodian of the past transmitted by generations; an important factor for sustainable development of simple communities. In his emotional stubbornness, these webs, warps and tangles of ancient organized structures get the accent of his people.

15 Urdiduras / warps - paintings (2013-2015) With the experience of drawings in India ink, watercolor pencils, gouache and graphite on paper, César decided to paint them on canvas with acrylic paint only. In his paintings he sought to value volumes, textures, intonations and chiaroscuro.

16 Faixas Emblemáticas / Emblematic Strips (1984-2016) This series has permeated the artist’s career since the mid-80s. It was his big moment which made known nationally and internationally, winning him awards and references from many critics in Brazil and some abroad. The Emblematic Strips are a brand in the Brazilian painting. César Romero has given Brazil a highly original image, unique, which made him a reference in the visuality of our country.

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CÉSAR ROMERO’S CURRICULUM SUMMARY César Romero was born in Feira de Santana, Bahia, in 1950. Self-taught, he began in fine arts in l967. He is a painter, photographer, curator and art critic. He has lived and worked in Salvador since 1966. He graduated in Medicine in 1974 from the Federal University of Bahia, opted for psychiatry, specializing in Individual and group psychotherapy, with intense clinical activity. Participated in over 500 collective and 47 individual exhibitions in Brazil. Abroad he took part in 50 collective and 10 individual exhibitions. He showed his work at: As Neves, Barcelona, Berlin, Bilbao, Buenos Aires, Bragança, Cayenne, Chiasso, Chaves, Coimbra, Cologne, Düsseldorf, Thorn, Fort-de-France, Granada, Hannover, Honolulu, Lisbon, Los Angeles, Lousã, Leiria, Madrid, Marseilles, Miami, Montevideo, New York, Paris, Porto, Punta Del Este, San Francisco, Santiago, Washington, Bordeaux, Sorde l’Abbaye, Guimarães, Santarém, Oñati, Macau, Orthez, Monein, Lourdes , Tarbes, Saint Savin, Pau, Dax, San Sebastian, Jaca, Sabiñanigo, Saragossa, Seville, Pamplona. He was present at the main official exhibitions held in Brazil. He won 43 awards for his painting, 5 for his photography, 4 Special Rooms. He has works in 48 Brazilian and foreign museums, numerous national and international references about his works in books, dictionaries, magazines and newspapers. Curatorship in several Brazilian states, Portuguese-speaking countries and Spain. He has been a juror in various contests and main official exhibitions in Brazil and topic of 12 conferences on his work by art critics and historians. In his 42 years of writing about art - a probably unparalleled effort in our country for disseminating Brazilian art - he published about 900 articles and about 350 introduction texts in catalogs and books. He delivered dozens of lectures, participated in several conferences and debates about art and the role of art criticism, emphasizing two Biennials of São Paulo and the Fifth National Congress of the ABPA - Art Researchers Brazilian Association of São Paulo. He also had articles printed in Brazilian newspapers and magazines. César began in the mainstream press in 1975 along with Justino Marinho in the “Jornal da Bahia” with the columns “Arte & Fatos” and “Especialarte,” remaining there until 1999, when they were recommended to Gutemberg Cruz the Cultural Editor of “Correio da Bahia” to write in that newspaper. He has been writing for 41 years uninterruptedly, disseminating Brazilian visual arts. In 2015, he completed 40 years as a specialist; a probably unequaled effort in our country. He was also a plastic arts columnist for the magazine Slogan and others already extinct and a collaborator for Journal of Critical, the Journal of the ABCA in São Paulo and the magazine Second Person in Paraiba. Jornal da Crítica; Jornal da ABCA, in São Paulo and Revista Segunda Pessoa, in Paraíba. He was admitted as an art critic for Art Critics Brazilian Association (ABCA), headquartered in São Paulo, after an indication from the critics and writers Walmir Ayala and José Roberto Teixeira Leite; from then on he became officially a Critic of the Brazilian Association of Art Critics and of the Association Internationale des Critiques d’Art, an NGO based in Paris recognized by UNESCO. He has published over nine hundred articles on art. Prefaced approximately three hundred and fifty exhibition catalogs for Brazilian and Portuguese-speaking artists. He wrote forewords for poetry books, short stories and novels of national writers. He was a jury member in various contests and official art salons in Brazil. He delivered dozens of lectures, participated in several conferences and debates on visual arts and on the role of art criticism, with emphases in two Biennials of São Paulo and the Fifth National Congress of the ABPA - Art Researchers Brazilian Association of São Paulo. He organized cycles of lectures and conferences for art critics such as Harry Laus, Vincent Percia Israel Pedrosa, Lisbeth Rebollo Gonçalves and Geraldo Edson de Andrade in Bahia. He was chief curator in several Brazilian states and Portuguese-speaking countries, such as the exhibition “Às Portas do Mundo” held in Évora (Portugal), Contemporary Art Exhibition - Plurality in Lusophone opened at the Dom Manuel Royal Palace / Évora, on November 30 2005, with the presence of ministers, ambassadors, and the then President of the Republic, Jorge Fernando Branco de Sampaio, who prefaced the catalog. In 2011, he published the book “Grafite: Sinais Urbanos” - Canal Produções. In 2006, two books: ““Bahia Negras Raízes”,” about four sculptural interpretations of artists Rubem Valentim, Agnaldo dos Santos, Mestre Didi and Juarez Paraiso. Also ““Carl Brusell - Um Artista da Forma e da Cor”,” both published by Expoart. He collaborated in art books with chapters, analyzing aspects of the work of artists like in A Obra de Juarez Paraíso,

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2006 - edição da Idea Design; + 100 Artistas Plásticos da Bahia, 2001 - by Omar G. Produções e Artes Gráficas Ltda; Gordas, by Eliana Kertész, 2004 - Ed. Currupio; Cultura e Artes Plásticas em Feira de Santana - Org. Gil Mario - Edições MRA - Ministério da Cultura - Fundação Biblioteca Nacional do Livro - 2002 - Feira de Santana; Artes Visuais Sergipe - Conexões 2010 - Minc - Funarte - Petrobrás - 2010 - Aracaju (SE); O Exercício Livre da Memória - Adilson Santos - P55 Edições - 2013 - Salvador - (BA); 50 anos de Arte na Bahia - Uma Homenagem a Matilde Matos - Edições EPP - MCM - 2013 - Salvador - (BA); Um sentir sobre as artes visuais de Sergipe - 50 artistas - Coleção Mario Brito - Ed. Jornal O Capital LTDA - ME - 2013 - Aracaju (SE); Riolan - Desenhos, Gravuras e Pinturas - Edição Faz Cultura do Governo do Estado da Bahia - 2013 - Salvador - (BA); Jenner Augusto - Cores de Uma Vida - Org. Mario Britto e Zeca Fernandes - Ed. Sociedade Semear - Banco do Brasil - 2012; Guell Silveira - Verdades do Inconsciente - Ed. Santa Marta - 2011 - Salvador - (BA); Antonio Maia - Ex-voto , Alma e Raiz - Ed.Exporart 2015 Salvador, 2016 Rio de Janeiro and São Paulo. In recent years, César Romero has received numerous honors and held positions linked to criticism and the visual arts in the country and abroad. Among the many: Ordem Municipal do Mérito de Feira de Santana, Membro regular na Classe de Oficial - Medalha de Mérito; - Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS); Ordem do Muyrakytã - Embaixador no Estado da Bahia - Rio de Janeiro; Associação dos Artistas Plásticos Modernos da Bahia (Arplamb); Sala César Romero - Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira - Feira de Santana - BA; Prêmio TOP OF Quality - Destaque - OPB - Ordem dos Parlamentos do Brasil - Brasília - DF; Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes - São Paulo; Membro do Instituto Preste João - Lisboa - Portugal; Comenda Maria Quitéria - Câmara Municipal de Feira de Santana; Acadêmico de Mérito da Academia Portuguesa de Ex-Líbres - Lisboa - Portugal; Membro da Academia Portuguesa de Ex-Líbres - Lisboa - Portugal; Membro da Academia Feirense de Letras - Feira de Santana; Acadêmico Estrangeiro da Academia de Letras e Artes de Portugal - Monte Estoril - Portugal; Cidadão da Cidade do Salvador - Câmara Municipal de Salvador; III Prêmio Homem do Ano 2005 - Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo; Medalha Thomé de Souza - Câmara Municipal de Salvador - 2016. Member of the Brazilian Association of Art Critics (ABCA) and the Art Critics International Association (AICA) NGO recognized by UNESCO. He has 43 awards in his career, the most important are the five he received from ABCA: Twice the Prize Mario Pedrosa Award (contemporary artist) in 2001 and 2007; also, twice the Gonzaga Duque Award (given to members for their performances along the year) in 2004 and 2010. He received the ABCA Special Merit Commendation in 2015 for his performance in the press for writing 40 years about art and artists, a record in Brazil. He was awarded 5 times by the ABCA. He produced numerous posters and brands for businesses, national and international events, visual designs for album and book covers, and prints for fabrics of various labels, illustrations for stories, books, novels, poems, newspapers and magazines. His works have been included in decorating projects and settings for 25 soap operas and some Globo TV specials and for Manchete and Record TV programs. He has 5 videos about his work; panels and murals in Aracaju, Feira de Santana, Fortaleza, Itaparica, Joao Pessoa, Maceio, Olinda, Rio de Janeiro, Sao Paulo, Salvador and Teresina. He organized cycles of lectures and conferences for art critics such as Harry Laus, Vincent Percia Israel Pedrosa, Lisbeth Rebollo Gonçalves and Geraldo Edson de Andrade in Bahia. César Romero collaborated in collective works such as books, newspapers and magazines about the history of art critics and visual artists; not only Brazilian, some already dead, but who here created the essence of their productions. During these four decades, this critic revealed and analyzed the Bahian and Brazilian art. César Romero, in his work, interviewed or addressed the productions of the following Art Critics: Harry Laus (RJ) / Vicente Percia (RJ) / Walmir Ayala (RJ) / Geraldo Edson de Andrade (RJ) / Mario Barata (RJ) / Elvira Vernaschi (SP) / Juarez Paraíso (BA) / Matilde Matos (BA) / Percival Tirapelli (SP) / Art Critics Brazilian Association (SP) / Alberto Beuttenmüller (SP) / Daisy Piccinini (SP) / Jacob Klintowitz (SP) / Enock Sacramento (SP) / Ivo Zanini (SP) / Jose Armando Pereira da Silva (SP) / José Roberto Teixeira Leite (SP) / Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP) / Carlos Eduardo da Rocha (BA) / Wilson Rocha (BA) / Ivo Vellame (BA) / Olivio Tavares de Araújo (SP) / Esther Emilio Carlos (RJ) / George Racz (RJ) / Israel Pedrosa (RJ) / Josélia Constandrade (RJ) / Lelia Coelho Frota (RJ) / Mirian de Carvalho (RJ) / Benedito Nunes (PA) / Solange Chalita (AL) / Eduardo Evangelista (BA) / Aldo Trípodi (BA) / Heitor Reis (BA) / Maria Helena Flexor (BA) / Roberto Galvão (EC) / Dyógenes Chaves (PB) / João

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Câmara (PE) / Raul Cordula (PE) / Aline Figueredo (MT) / Adalice Araujo (PR) / Fernando Velloso (PR) / Magno Fernandes dos Reis (MG) / Risoleta Cordula (PB) / Marc Berkowitz (RJ) / Frederico Morais (RJ) / Osmar Pisani (SC) / Theon Spanudis (SP) / among others.

And also the following artists: Cândido Portinari (RJ) / Aldemir Martins (SP) / Arcangelo Ianelli (SP) / Wesley Duke Lee (SP) / Tarsila do Amaral (SP) / Pancetti (BA) / Sonia von Brusky (RJ) / Calazans Neto (BA) / Carybé (BA) / Jenner Augusto (BA) / Yara Tupinambá (MG) / Aldo Bonadei (SP) / Sante Scaldaferri (BA) / Genaro de Carvalho (BA) / Carlos Bastos (BA) / Ligia Clark (MG) / Ligia Pape (RJ) / Raymundo Collares (MG) / Israel Pedrosa (RJ) / Alberto da Veiga Guignard (MG) / Inimá Paula (MG) / Newton Mesquita (SP) / Claudio Tozzi (SP) / Alfredo Volpi (SP) / Rubem Valentin (SP) / Matisse and Picasso (FC) / Iberê Camargo (RS) / Bienal de São Paulo (SP) / Mario Cravo JR. (BA) / Mario Cravo Neto (BA) / Vicente do Rego Monteiro (PE) / Edward Hopper (US) / Sebastião Salgado (MG) / Manabu Mabe (SP) / Antonio Dias (PB) / Cicero Dias (PE) / Di Cavalcante (RJ) / Farnese Andrade (MG) / Antonio Maia (SE) / Sergio Ferro (SC) / Aldo Bonadei (SP) / Siron Franco (GO) / Loio Persio (SP) / Tomie Ohtake (SP) / Eliseu Visconti ( RJ) / Glauco Pinto de Morais (SP) / Hansen Bahia (BA) / Francisco Rebolo (SP) / Miguel dos Santos (PE) / Carlos Scliar (RS) / Alex Vallauri (SP) / Carlos Vergara (SP). Several editions of drawings by Imagem (Rio) and Almavera (Sao Paulo).

A Fortune in Critics His work received comments on videos, TVs or written texts from the following art critics: *Adalice Araújo – PR, *Agda Carvalho – SP, *Angela Ancora da Luz,*Alberto Beuttenmüller - SP, *Almerinda Lopes – ES, *Aracy Amaral - SP, *Ana Cristina Carvalho – SP, Aécio Cunha - MG, Alberto dos Santos - RJ, Aldo Trípodi - BA, Alexandros Papadopoulos Evremidis – RJ, Ana Maria Santeiro – RJ, Alfredo de Souza Almeida - RJ, Alejandra Muñoz – BA, Âmbar de Barros – SP, Carlos Méro – AL, Claudius Portugal – BA, Antônio Celestino – BA, *Antonio Santoro - SP,* Antonio Zago - SP, *Carlos Perktold - MG, *Celma Alvim – MG, *Carlos Eduardo da Rocha – BA,* Carlos Terra – RJ,*Carlos Von Schimidt - SP, *Carlos Soulié do Amaral - SP, Celso Marconi - SP, *Cláudia Fazzolari - SP, *Chico Pereira – PB, Conceição Piló – MG, Dival Pitombo – BA, Dilson Midlej – BA, *Daisy Peccinini - SP, *Dyógenes Chaves – PB, *Dorian Gray – RN, Edison da Luz - BA, *Eudes Rocha – PB, *Emanuel Von Lauenstein Massarani – SP, *Fernando Velloso – PR, *Frederico Morais - RJ, *Glauce Faquer – MG, Germano Augusto – MG, *Glaucia Lemos – BA, Gil Mario – BA, *Eduardo Evangelista – BA, *Elvira Vernaschi - SP, *Elza Ajzenberg – SP, *Ester Emilio Carlos – RJ, *Enock Sacramento - SP, *Ernestina Karrmann - SP, *Flávio de Aquino - RJ, *Franklin Jorge - RN, *George Racz RJ, *Geraldo Edson de Andrade - RJ, *Guiomar Lobato – MG, *Harry Laus - SC, Herbert Magalhães – BA, *Hugo Auler - DF, *Heitor Reis - BA, *Ivo Velame – BA, *Ivo Zanini - SP, *Israel Pedrosa – RJ,*Isis Braga – RJ, *Jacob Klintowitz - SP, *José Armando Perreira da Silva – SP, *José Roberto Teixeira Leite - SP, José Serafim Bertoloto – MT, Justino Marinho – BA, *João Spinelle – SP, *Josélia Costandrade - RJ, Jayme Maurício- RJ,José Altino - PB, *José Neistein – USA, *Juarez Paraíso – BA,* Leila Kyiomura – SP, Ligia Motta – BA, Ludovice José – SE, *Luiz Ernesto Kawall - SP, *Ledy Mendes Gonzalez - SP, *Lisbeth Rebollo Gonçalves - SP, *Lilian França –SE, Luiz Carlos Daher - RJ, *Marc Berkowitz - RJ, *Maria Helena Ochi Flexor – BA, *Maria do Carmo Arantes – MG, *Mario Barata - RJ, *Mário Schenberg - SP, *Mariza Bértoli – SP, *Matilde Matos – BA, *Mirian de Carvalho - RJ, *Morgan da Motta - MG, Marcus de Lontra Costa - RJ, Mário Margutti - RJ, Martha Letzler – RJ, *Neide Marcondes – SP, Ney Flávio Meirelles - RJ, *Oscar D´Ambrosio – SP, *Osmar Pisani – SC, Paulo Chaves – PE, *Paulo Klein – SP, Pedro Scherer - RJ, *Péricles Prade – SC, *Percival Tirapeli – SP, *Pierre Santos - MG, Prado Júnior – SP, *Raul Córdula – PE, *Ricardo Viveiros – SP, *Ronaldson de Souza – SE, *Rogerio Prestes Preste – SP, Reynivaldo Brito – BA, Romano Galeffi – BA, Romeu de Mello Loureiro – AL, Rubens Monteiro - RJ, *Ruth Laus - RJ,*Sandra Makowiecky – SC,*Sandra Ramalho – SC, * Sol Biderman – SP, *Solange Berard Chalita – AL, Sergio Rodrigues Reis - MG, *Théon Spanudis - SP, Tania Neves - SP, *Vicente de Pércia - RJ, *Walmir Ayala - RJ, Wilson Rocha – BA, *Wilson Continho – RJ, *Willian Costa – PB, Yolanda Simões Atherino – RJ, *Yara Tupynambá – MG. * ABCA - AICA

From International Critics: Marek Mann (DEU), Magno Fernandes dos Reis (MEX), Emmanuel Hille (FRA), Risoleta Córdula (FRA), Patrícia Sardinha (ESP), Rui Bandeira (PRT), Victor Escudero (PRT), Duarte Nuno Pinto da Rocha (PRT), Darys Várquez

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Aguiar (CUB), Dayaliz Ganzález Perdomo (CUB), Morella Jurado (VEN), José Neistein (USA).

Journalists and poets: Álvaro Costa, Alvino Carvalhal, Amauri Junior, Ana Cristina Pereira, Ana Angélica, Antonio Carlos Portela, Anchieta Nery, Anne Cerqueira, Antônio Brasileiro, Aléxis Augusto, Alik Kostakis, Breno Barros, Bianca Tinoco, Carolina Augusta, Aparecida Saad, Cássia Maria Candra, Carlos Swann, César Tartaglia, Cintia Oliveira, Claudia Lessa, Cleusa Maria, Dimas Oliveira, Doris Miranda, Edson Leite Cunha, Edson Borges, Eduardo Bastos, Edvaldo Pacote, Elaine Bittencourt, Fernanda Cury, Felipe Quintans, Flavia Waltrick, Franklin Maxado, Germano Augusto, Glauce Faquer, Gilberto Amaral, Gustavo Autran, Helena Aragão, Heloisa Tolipan, Isabel Butcher, Isis Moraes, Iza Calbo, João de Barros, José Raimundo Azevedo, José Ribeiro, José Nazareno Mimessi, Julio Assis, Luiz Carlos Rego, Lenita Miranda de Figueiredo, Ludovice José, Maria Silvia, Marcia Lídia, Mario Margutti, Marcos Uzel, Myrian Fraga, Mauricio Gregori, Ney Flávio Meirelles, Otto Sarkis, Patrícia Braz, Paulo Lara, Pedrito Barreto, Roberta Araújo, Renato Félix, Rosalvo Junior, Tânia Neves, Yvone Matos Cerqueira, Daniela Name, Helena Aragão, Jane Godoy, Karine Querido, Letícia Pimenta, Marcos Antonio Barbosa, Regina Célia, Sérgio Renato Rosa, Solange Viana, Sidney Rezende, Simone Ribeiro, Tavares de Miranda, Zé Coió, Zózimo Barrozo do Amaral.

The artists: Antonio Maia, Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Chico Liberato, Claudio Tozzi, Caciporé Torres, Fernando Durão, J. Cunha, Jenner Augusto, Jorge Amaro, Juraci Dórea, Leonardo Alencar, Leonel Brayner, Luiz Humberto Carvalho, Maria Adair, Newton Mesquita, Oscar Dourado, Ronaldo Rego, Rubem Valentim, Sara Goldman-Belz, Silvério Guedes, Samuel Brandão, Sonia Von Brüsky, Sérgio Lucena, Sante Scaldaferri, Valdomiro de Deus. César Romero’s electronic references: Enter locator: Artista Plástico César Romero www.romerocesar.com www.expoart.com.br

CÉSAR ROMERO BY HIS CRITICS As an art critic, César Romero has been awarded Special Honors in Brazil and abroad. He is an Art critic affiliated to the ABCA and AICA, and he was awarded five times; he received twice the Mario Pedrosa (contemporary artist) ABCA Award in 2001 and 2007; Also, twice the ABCA Gonzaga Duque Award (given to members for their performances along the year) in 2004 and 2010. He received from ABCA a Special Merit Commendation for his 40 years writing in the press on art and on Brazilian artists, a record in Brazil. He is a psychiatrist. He lives and works in Salvador, Bahia. His critics cover 130 texts of national and 12 of international specialists. The excerpts below have been selected to show that his work has been analyzed and followed with great attention by critics of Brazilian art.

*** “Whether in painting or drawing or photos, César Romero starts popular roots, upon which he elaborates and reinterprets at his will with sensitivity and remarkable invention. In his most famous series, Sinais do Povo e Faixas Emblematicas, he shows good craftsmanship, stylistic consistency, contemporary instinct and a distinct personality, practicing an art where the fantasy and the presence of the earth, the game and the sign match. “

José Roberto Teixeira Leite Sao Paulo-SP ABCA - AICA In Dicionário Crítico da Pintura no Brasil.

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“(...) César Romero always leaned on regional signs, especially on simple people’s art. This dedication evolved several steps of interpretation, from the simple graphic comment, to the most sophisticated composition in which the shapes take over in symbolic and erudite interpretation. “

Walmir Ayala Rio de Janeiro ABCA - AICA In Brazilian Painters Dictionary

*** César Romero researched and identified a unique and vital element of the Brazilian iconography. Myth, folklore and spontaneous creativity became his raw material and were transformed into art. The subtlety of color in César Romero, the detailed lines of his drawings, the wave-like rhythm of his Faixas Emblemáticas, gave him a key role in our art; to be at the same time, a repository for history and a universal artist.

Jacob Klintowist ABCA-AICA Sao Paulo-SP

*** César Romero has sought in religion and in popular creativity the basis for his work as an artist. As a painter he freely reworks the Candomble signs that he distributes on strips that are both banners and quilts. Thus he creates a kind of writing on a means at the same time heraldic and popular. As a photographer already awarded in some art salons he documents with equal creativity this kind of popular geometry that manifests itself in the paintings that cover small bar stools and tables used on festival days (...) his recent work begins to grow in size as the artist, bringing his strips with signs upfront and creating new textures, gets more vibrant and eye-catching effects. César Romero’s painting shows clear progress.

Frederico Morais A.B.C.A. - A.I.C.A. Rio de Janeiro - RJ

*** ... Similarly, César Romero, faithful to the paintbrush, the colors, creates one of the “ entirely new worlds” which the important Belgian artist Corneille told us about when he came to Rio to participate in “opnião / 66” - The brush, the canvas and the colors allow and will always allow the creation of entirely new worlds in terms of painting. Without losing his Northeastern roots, present in the symbology of the banners, César delivers a mature and secure painting, within the perfect contemporary spirit. He transmits a popular and folkloric messages without making any concessions to the vulgar and to easy taste; not to say bad taste. César Romero has found a way to express himself unmistakably like artists such as Volpi and Antonio Maia, for example. They are artists that need not be identified in a group exhibition by reading the description tags. And on his own exhibition, each picture is a new musical phrase, a new poem, such a wealth of themes and wisdom in the use of color and shapes.

Harry Laus Rio de Janeiro - RJ ABCA - AICA

*** César Romero, who has taught himself his art, has developed a “sui generis” pictorial work. It consists of colored bands adorned with symbols that move, fly, and dance in the air. It is a meticulous, delicate and carefully prepared work. The flying bands assume the most diverse and complex postures of dancing beings. A clean painting, with acute subtleties and economically accurate; something of the playful spirit of a Klee emanates from his work, though Klee is inexhaustible in his multiple themes, whereas Cesar Romero has concentrated only on the subject of dancing bands, the mythical serpents.

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This kind of painting is like chamber music: delicate, subtle, intimate. A small, tasty and poetic theatrical celebration. A work so meticulous it reminds us of miniatures. Subtlety, accuracy and musicality characterize the beautiful and dreamlike work of Cesar Romero

Theon Spanudis Art critic - SP - Brazil APCA - ABCA - AICA

*** The pictorial attitude of the artist César Romero is articulated with the things of Bahia, from which derives his vital strength. Intense experiences in his path contaminate his compositional proposals and crisscross the territory of the sensible and of the surrounding reality. Boiling rhythms, colors, movements, smells and streets make up the symbolic references that populate the artist’s imagination. The endless everyday experiences deftly extend traces of a living. The structures carefully present the fragments of what has been lived, the land issues. And it is this land that generates a range of colors, meticulously elaborated, resulting in a serene way to materiality; a compositional solution that radiates a sense of continuity with the arrangement of visual elements. The shapes are wisely synthesized; they run through the winding paths and configure a variety of ripples; these overlap in an enigmatic roller coaster, which reveals his legacy in a peculiar way. The elements sorted and organized into a series are connected to the memory and the stories lived in Bahia, a land that crosses commitment with picture making, and also provides the energy that feeds this destination with persistence and artistic expertise.

Agda Carvalho Art critic - São Paulo - Brazil Visual artist and member of the ABCA

*** César Romero: similarities reduplicate in new materialities. When looking at the works of César Romero, two words immediately occur to me: Difference and Repetition and of course, the writings of the philosopher Gilles Deleuze. On the other hand, his words in his book “Testimony to time, 2015” jump to my eyes: “If I were born in another city, most likely there would not be the artist that I am, or this stubborn choice of Brazilianness. Feira de Santana set my destiny in shape, line and color. I came to Salvador full of memories of the savanna and the hinterland [...] If something interests me, touches me, I’ll redesign, review, transfigure, insist on it, until the symbol appears, modifying the appearance, not the essence. The repetition of intentions sets me free. “ No doubt the works of César Romero characterize him as a master of color and also highlights the popular culture in an erudite way. I intend to discuss more about this repetition that reveals itself differently in his work, where the issue of the series appears as a constitutive power of the language and I turn to Deleuze to try to decipher this outstanding aspect. In Difference and Repetition *, Deleuze points out that while the majority obeys laws, allowing a term to be translated into another or to be restored and replaced; the repetition arising as a secret vibration, operating as a deviation or a transgression that occurs between generalities. Something in his works makes the shapes appear as a symptom, as something that stands out as the appearance of a latency conjugating difference and repetition, stillness and acceleration, proximity and distance, interior and exterior. We notice an ornamental character of the images, like the works of a goldsmith, delicate and with arrangements and subtleties that cross, and where the repetition has no equivalent or similar because to repeat is always something impossible to restart, as Deleuze says, in a look that welcomes in the particularity of the detail, That which cannot be decomposed and that returns. Perhaps this is connected to his starting lines, with his connection to the homeland, as if there was a refusal to live in another city out of its hinterland which penetrated his soul and his work and that always returns different.

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* Deleuze, Gilles. Difference and Repetition. Tr. Luiz Roberto Orlandi and Machado. Rio de Janeiro: Grail, 2006, pp. 19 and 20.

Sandra Makowiecky Florianópolis -SC - Brazil ABCA - AICA

*** Restless and, consequently, an “avant la letter” multimedia man; because he was it even when this word was not used; César Romero has been moving through painting, sculpture, photography, illustration and video as part of the select group which features personalities who used visual language properly both in art and in design, such as Toulouse Lautrec, Bruno Munari, Aloisio Magalhães and Eliseu Visconti, to randomly name a few. In the latter he may also be considered, as others above mentioned, a precursor, since 50 years ago or more such doings were called Graphic Arts, not Design. This diversity in his production is not the result of instinctive and intuitive experiments, since all he has done over time is the result of intensive and ongoing research and a meticulous finish, expressing the colorful and endless ways of our country. In addition to being a visual artist, he saved space in his life to practice medicine, a profession he embraces since his university graduation at an early age, and to write art criticism as well. In this field, he dignifies the ABCA, the Brazilian Association of Art Critics, which graced him on three different occasions through the vote of his peers. César Romero also honors other institutions to which he belongs, like AICA, the International Association of Art Critics; likewise he has received other honors such as an honorary citizen of Salvador. For all that and for other merits not mentioned here, highlighting in particular the quality and power of his art, I consider Caesar Romero a vigorous portrait of our country.

Sandra Ramalho Art critic - Santa Catarina - Brazil ABCA / SC - AICA - UDESC

*** 50 Years of Art in This Incarnation When I saw the work of the artist César Romero, it was the beginning of the first step. Time passed, and César Romero kept going with a dedication that is crucial to painting. His manner of expression is color and shape. Little by little, the artist developed his work in parallel to his other profession as a psychiatrist. He no longer needed to pay to find out if he was crazy or mentally balanced. While in art his universe is that of creativity, liberation of logic, doubting reason, reason underestimating logic. In psychiatry it is the transformation and the behavior, for a healthy social life. It is difficult for an artist to be a psychiatrist and a visual artist, but César Romero overcame this obstacle. He possesses exquisite technique and a very Brazilian style that was identified in the Etsedron in the search for the identity of Latin American Art. With 50 years of art, César has nothing more to do except celebrate, take a bath, cross his arms and come back as a sculptor.

Edison da Luz Visual artist - Bahia - Brazil Bachelor’s and Post-Graduate In Art Critique - UFBA

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*** César Romero - The Northeast in Color César Romero has worked on a single theme for the past 50 years - the Brazilian northeast. Courage and determination. He has not repeated himself throughout his career; he has changed slowly and progressively, including fifteen sub-themes in his research, all from the same root. The artist works with the signals of the people, with extreme simplicity and great public visibility, transforming them into a classical symphony of careful refinement. This search for the simple in things, in the intense visibility is the mystery, which makes its mark by transforming in appearance, yet maintaining the absolute essence. Romero paints with light, and the skin of his painting is permanently celebrating just like the northeast, despite so many hardships. The Brazilians of the northeast have a strong vocation for happiness, and this enables them to ease the pain of the many challenges of daily life - and life always goes on. The northeastern sun illuminates the color further and makes it shine. Following the trace elements of the sources that gave origin to popular culture, the artist contributes to the growth of this information, which is of great importance in the visibility of Brazil.

Prado Junior Art critic - Historian São Paulo - Brazil

*** The vibration of color in half a century of artistic production: César Romero The multiple techniques and diverse fields of César Romero in his artistic creations would already be sufficient to prove the artist’s victorious trajectory throughout fifty years of uninterrupted activity. I will focus on the aspect that impresses me most: the chromatic domain; color as a voice that amplifies the experience of this northeastern artist, as he likes to identify himself, bringing the light of Feira de Santana on his palette, making vibrations in Salvador, and spilling over into the most remote corners of our country. Self-taught, he brings together the raw truth of popular culture and the erudition of the psychotherapist doctor who urges us to seek within ourselves the primordial principles of that which fills us: art. Since his childhood, when making kites for children’s games in his homeland, the presence of an artist was already manifest in the boy from Feira de Santana. The colors that he harmonized to cover the kite frame and create the colored areas that would rise with the wind, would establish the prototype of his work and his identity - color - in the sky above. His degree in medicine and quest for artistic work were not divergent choices. They are located in the same sphere of intuition, seeking, harmonizing, and implementing. Color has a primordial role in the construction of his works. If the psychotherapist doctor aims to liberate the internal pressures of the human soul, the artist aims to liberate the creative forces for genuine and independent work; indeed, the great proposal of Johannes Itten as professor of the Bauhaus, the theorist of the art of color. In this direction, the colorist seeks to fine-tune the chromatic scale while maintaining his authorial mark. The Emblematic Banners, the Commemorative Stamps, the Festival Stools, the photographs and the most diverse paintings and artistic creations have an unmistakable calligraphy, but it is the color that projects his identity in the most accentuated manner. They are blues, reds, and greens that light up in the presence of pinks and oranges and diverse textures. Everything moves when the banners are unfurled, pouring out color and signs that align and move like the spinning skirts of Bahian women on a sunny afternoon in Salvador. His work has been exhibited in various Brazilian cities as well as internationally. His art is constantly developing with the freedom of his kites and the dynamism of his emblematic banners, advancing in time and in the experience of the years, always with the authorial mark that reveals his name: César Romero

Angela Ancora da Luz Art critic - RJ - Brazil ABCA/AICA

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*** I don’t know César Romero personally, and when he came to Rio de Janeiro last year to do an exhibition, I wasn’t here, I was traveling. However, the rhythm and colors of his “Ribbons” are, to me, a role model in art. But who is César Romero, really? To discover this clever, tireless artist, I carefully read the critiques from the members of the ABCA and the AICA about him, I watched his TV and radio interviews, and finally I resorted to Google, which brought me closer to him. I was enchanted with his liveliness and spontaneity during the interviews, and with his “Testimony to Time” in which he simply and fluidly narrates his lovely life story, as a boy from the countryside dazzled by the colors and shapes of a street market, or by the images of the Regional Museum of Feira de Santana, evoking our popular traditions. Romero became a reader of images, which he stored in his mind and later used - placing them, once filtered, in his work which is now turning 50 years old. Romero became a man of the world - sophisticated, well-traveled - exhibiting in various countries, always successfully, but he never lost the simplicity and naiveté of the boy who was enchanted by the colors and shapes of the street market he frequented with his father. I want to conclude with a quote from an author I greatly admire, Alberto Manguel: “I walk through a museum, I see paintings, photographs, sculptures, installations and video screens. I try to understand what I see and read the images according to that understanding, but the narrative threads that lead to the images keep intertwining: the story suggested by the title of the work, the story of how the work came into existence, the story of its creator, and my own story. And I wonder up to what point I can associate or disassociate the images from their source (as if an irrefutable identification of the source were possible) or the circumstances of their creation. (Reading images, p. 225). That is what Romero’s work is like: intriguing, beautiful, evocative, and story-telling. And I like it.

Isis Fernandes Braga Art critic (ABCA/AICA) - RJ - Brazil 2nd Vice President of the ABCA, Dr. of Fine Arts and Dr. of Sciences.

*** Unfelt Futures A soul incarnated in Feira de Santana, around 1950, César Romero, despite being self-taught (or perhaps because of it), dedicated himself to making work that is full of light - and more than that, work that is a reflection on the human being and our fragilities. It is surely driven by the experiences that he gathered throughout his existence, but also by the training he received in the world of Psychiatry. If the messages glued in the artist’s creations, however, were truly grasped by my judgement, or dominated me, I must confess, the consciousness of the human being that is kept behind each trace, each brushstroke, each color. I can say that it is as if César Romero, when contemplating and materializing the canvases on which he imprints his feelings and his truths, makes poetry dipped in colors and shapes, makes poetry spread in light and shadow. César Romero is so rich and incisive in what he draws and colors as well as what he says and claims. He is so surprising in what he exposes with his art as well as what he denounces with his stories, opinions, and ramblings.

Carlos Méro Alagoas Academy of Language Arts I.H.G.A - U.B.E - Al Art Critic - AL

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*** The emblematic space of César Romero Writing about artists in activity is always a challenge that combines the circumstantial aspects of a production that is still under construction, and the junctures of both the writer and the artist in question. I’ve known César Romero for years, but we have rarely had the opportunity to have a conversation that goes beyond small talk. Recently, I’ve had the pleasure of having a long conversation with him about his creative process, although I realize that I’ll need much more time to dive into his writings. Because speaking about César’s work involves an intersection between the artist’s uninterrupted tasks in his atelier, the critic in his weekly journalistic column, and the professional psychiatrist-doctor in his clinic. It is in this passage of decades among paintbrushes, writings, and therapies that his themes and series emerge. Among the hundreds of critics that have written about his work during the past 50 years, Miriam de Carvalho has produced the deepest and most wide-ranging recent analysis of his production. As the author emphasizes, “in the universe of moving colors,” César performed at least 47 individual exhibitions, in addition to participating hundreds of times in collective exhibitions. His works are part of 34 institutional and private collections in Brazil and abroad. Therefore, I must make it clear that the challenge of creating another critique or a minimally unique view about such extensive and continuous work initially made me apprehensive. Of course the always good-humored César, the psychiatrist, laughed; while César, the artist granted me the immense privilege of taking his time to share his techniques and processes, while César, the critic, offered me a delicious coffee. His paintings, photos, and objects depart from the traditional visual narrative and dissect popular and religious symbols, which are rearticulated in the space of the imagination of the objects and their views captured by the camera. Jacob Klintowitz recognizes that César “dialogues with the creation process of popular culture and not with its appearance,” and that his process of creation “is similar to that of popular creation, which repeats and multiplies shapes in its system of production.” In addition to the colorism, a characteristic that is emphasized almost systematically by the majority of the critics, Klintowitz emphasizes that, in the evocations of the metaphysical universe, César “puts in what seems to be the main religious question of our time, the discussion about the center.” It is on this point that I find it interesting to point out some aspects of the artist’s work, since the idea of the center, in addition to an important philosophical question in monotheistic cultural contexts, refers to a little-questioned spatial concept mainly in pictorial production, but also evident in César’s photo shoots. What place do images have today? What is the spatial fruition that painting still offers, considering the technological possibilities for simulations and virtual realities? When I visited the Bramante exhibition (2006), I noticed a latent unrest in the collection of paintings, a spatial perspective that permeated the singularity of each piece: an immersive possibility that transformed the enclosure of the walls with the displays surrounding the observer - that is, a character of pictorial installation where the observer was the center, where the person viewing was the one who activated the sense of the surroundings. I remembered César’s first paintings, houses with churches that were typical of the scenery remaining in the old villages of the Bahian countryside, in which I don’t remember seeing the human presence. The series of images, which the artist developed almost until the end of the 1970s, is significant of this approximation to metaphysical values on the vicissitudes and contingencies of daily human life, which would be strengthened with the successive thematic series. But, returning to the spatial question, it is possible to perceive an interest in space, from the initial (and indicative) houses to the recent objects in the windows, painted objects that dislocate the architectural element from the normal functional situation to an ambiguous place in which the indoor/outdoor relation is annulled. Therefore, it could be said that there is a spatial unrest that flirts with a dimension that goes beyond the two dimensions of the surface, that originates in a more narrative mode in the first houses (1967-1970), is picked up again in the Paisagens (Landscapes - 1978-1990) - note that series such as Platibandas (Parapets - 1991-2000) and Janelas (Windows - 2002-2009) directly allude to architectural elements - advancing in the construction of an intangible dimension in the works of the Faixas Emblemáticas (Emblematic Strips - 1987-2000), is consolidated in Bramante (2006) as a concrete and physical occupation of the museum space, and reappears tensed in the recent Janelas-objetos (Window-objects). If Klintowitz recognized that there is a suspension of chronological time in César’s work, I can say that there is also a suspension of space understood as a receptacle in favor of a relational space, where the symbolic and the

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observer find a different possibility than what is factual… almost a dreamlike dimension, of one who is an expert in unraveling the meaning of dreams.

Alejandra Muñoz EBA/UFBA - Bahia - Brazil

*** César Romero: artist and the symbols Celebrating 50 years in the visual arts is something that only a privileged few experience. César Romero is a member of this select group, for his continued career as an artist who knew how to captivate people with his work, who knew how to work with the symbols of our people. To speak about his work is to speak about Brazil, about Brazilians, about the colors that represent all the states of the country, and at the same time express a multi-colored Bahia. Africa in its multiple dialects, in its multiple roots, in its varied colors, grows in each of Csar’s traces, translating the messages that our ancestors brought, which for a long time had remained hidden and understood only by a minority. Today, in his work, in a sequence that is infinitely repeated, these symbols expand and represent a significant part of our culture. In his symbolism, the amulets, talismans, characters, designs, and images represent a force that guides us and drives us to act, to enjoy. A force that dominates and reigns what was expressed there. Patiently considered and reproduced, the colors harmonize with each other in the ribbons that flit in careful, creaseless folds, allowing us to see and predict the other side. Ribbons that make delicate shadows without affecting the design. The question remains: which is the right side? One’s gaze wanders, and doubts… is it blue? Pink? Red? Or all of them together? Vertical or horizontal? It doesn’t matter. Can the symbol, something religious, be transformed into a group of flowers, or is it the opposite? These questions give us the freedom to experience and enjoy César’s paintings. I also suspect that the artist’s soul is there. Something that would be reborn from his subconscious, that would sprout in geometric shapes, from the cloth patterns of different African tribes, from the swinging gait, from the use of head cloths, from the remains of street festivals that are transformed in his everyday consciousness. From the clothing of Bahian women, who give life to the city streets with their swaying gait. They are cheerful and vibrant works. Symbols of Umbanda, candomblé, and Catholicism come together and create an organization with stars, crosses, triangles, bows, flowers, and many others. César Romero has always known how to use color like no one else. He plays with warm colors, which contrast with the cool ones. He intersperses, overlaps, mixes, and creates a pleasurable work that is a joy to the eyes and soul, making us want to see more and more. Ahhh… how great that “the boy” played at putting together colored silk papers to make his own creations of kites and tails, which made zig-zags through the air and made an imprint on his retina. It’s good that, in his 50 years of activity, he has given us the pleasure of his continuing to paint the world, Brazil, Bahia, childhood, while we enjoy and benefit from the vibrations that emanate from his work.

Carlos Terra Director of Fine Arts/UFRJ Art critic - RJ - Brazil ABCA/AICA

*** Art as a condition of existence itself What can be said about an artist that is already so consecrated by Brazilian critics? I’m pleased to be able to con-

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tribute to enriching this range of views about his work. I agree with the artist when, in his testimony, he says he is true to the recollections of his work. It is truly possible to envision a series of signs that have accompanied him since his childhood: iconic images of the common person, of chickens and kites recur in his work. Looking at their pseudo-strips, there is the sensation of seeing the kites in undulating motion with the same circularity shown by the common people in their constant movement. It is not that the strips are not real; it is their portrayal that creates this illusion, the same illusion caused by the perspective when suggesting three dimensions. They are images projected with the aim of building a life story, a return to the memorable, to the notable moments of happiness that reverberate in one’s state of spirit as subjective remnants. César Romero could be just one more descriptive artist in the sense of the narrative, but he opted instead for decoded symbolic elements in his fascinating surrounding reality. His life story is resized in an abstract way, while simultaneously having a unique concreteness from his strong personality, someone who has known and pursued this objective since he was young. His story is similar to that of various other artists who come from the Brazilian countryside and masterfully managed to build a successful path, transcending the difficulties and obstacles imposed by the holders of “knowledge” and power. He perceived early that words have strength, and set about writing them and strengthening his own work and that of his peers, while publicizing Bahia outside its borders and becoming part of the national and international art scene. In the analysis of his iconography, a trace of sacredness can be seen in his works. The image of the lily-chalice inspires the child-like purity and innocence that the artist recalls, but on the other hand it ultimately evokes the unbounded eroticism of heightened sexuality. The hen-bird is suggestive of the desire for the flight of boundless seeking, of adventure while traversing the universe, whether real or imagined. When using tones of purple - a color that was historically identified with kings or clerics - he may be indicating the search for respect and dignity, or simply suggesting his path through spirituality and purification of the soul and of the iconography itself. This path is reinforced by the circularity in his drawings, an infinite and constant path through eternity. The juxtaposition of the images reinforces the existence of a hybrid being at every moment, another being at each intersection; that is, the individual and historical construction in the world. The nuances of blue complete the reading in the sense of knowledge and confidence in the coming future, in the construction of one’s own “truths,” in both life and art. Metaphorically, juxtaposing the blue with the sinuosity of the river or ocean waters, this constant movement that transmits sensations and fluidity, corroborates the hypothesis of the life sequence proposed in the artist’s work. The symbol of the trident as representing power and strength, also represented in the works, suggests the unity of the universe itself through four elements: earth, water, air, and fire. Associated with the images of the chalice, they show the cultural construction of society by the imposition of economic force from one group over the others. In this sense, the trident brings the symbolism of the ideological issues that are perpetuated through the Holy Trinity, the stigma of guilt and the punishment imposed on all by Satan. On the other hand, the meaning of the trident is different for Hindus. It is the object carried by the god Shiva, the supreme being of creative energy and transformation. It evokes knowledge and mysteries that are acquired by studies of existence itself, inherent to those who have a thirst for knowledge. The apparent drops in the faded background tones of his works allow for a reading of Pointillism, as Enock Sacramento observed. I also believe that these are very close to the images left by the wax in the construction of thebatik and/or the recurring marks-textures in the impressions of the woodcuts, which are so common in the northeastern Brazilian countryside. César Romero, in his fifty years of activity, shows himself to be faithful to his origins and his aims of expanding the artistic field as an extension of existence itself. Art as a sine qua non condition of one’s existence in the world.

José Serafim Bertoloto Art critic - Cuiabá - MT - Brazil ABCA - AICA

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INTERNATIONAL CRITIC ME X IC O In César Romero’s work there are questions, but there are also several answers that he invites us to discover, to interpret and consider. I write about César Romero because his work enriches me it contains fragments of Brazil and its culture. I write about César Romero because his work encourages me showing that there is still salvation for the language, because in the prevailing mediocrity of the cultural universe, he expresses in his art that originality is still possible and necessary. César Romero’s painting is alive, and the fad is dead. The color for César Romero is a poetic challenge.

Magno Fernandes Art critic (ABCA / AICA) Chiapas - Mexico - DF ABCA - AICA

G E R MA NY His name was already known me in Cologne (Germany), the Brazilian artist CÉSAR ROMERO. In September this year we visited the artist César Romero in his studio in Salvador da Bahia. His workplace appears to be very well organized, despite the many works of art on the shelves and many others scattered all over the floor. Immediately I placed his paintings in my heart. Graphic shapes painted by Romero, the movement of his wonderful, flowing banners, embedded on colored backgrounds with greater sensitivity for colors fascinated me. His art gained an even bigger dimension for me when I learned that the artist used Bahia’s religious themes in his paintings. Little by little I’m learning to know César as a private person. With joy and pride did he show us his music collection as well as his Brazilian artists painting collection. Fascinating! His culture, his talent and erudition impressed me deeply.

Marek Mann Art professor - art critic - Germany

P O RT UG A L César Romero finds in the symbols and signs of African-Bahian culture graphics and pictorial elements with which he builds his remarkable plastic work. It is true that the artist creates his own signs, or transcends the existing ones using the freedom that being an artist gives him and considering that his goals are independent and autonomous. César Romero produces a beautiful and meaningful art that reaches the universal through the regional.

Duarte Nuno Pinto da Rocha Chief Curator of Casa Pedro Alvarez Cabral Casa do Brazil

*** César Romero Escudero Art Gallery Romero was born in Feira de Santana, Bahia, in 1950. Self-taught, he began in fine arts in 1967. He has lived in Salvador since 1966. He is celebrating about 40 years of artistic activities, for in 2007 he will complete this time and we are on October 31 2006. His works talk about Brazilian popular art in a erudite plane. The Escudero Gallery is our favorite gallery, his works of great visual impact compels us to visit the exhibition.

Rui Bandeira Art critic Lisbon, Portugal

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*** This recent exhibition by CÉSAR ROMERO in Lisbon, a mythical and magical city, host to the great and famous Brazilian painter, but also his port for departures, evasion and conquest of the “old continent”; it is certainly not just another exhibition of this refined and sensitive Plastic Artist and Citizen of the World, from the other side of our vast and shared Atlantic. As he defines himself “Bahian, northeastern, Brazilian and universal,” César Romero wants to mark and highlight with this exhibition, his new reunion with Lisbon and this time, in particular, a visit to the imagined and romantic Chiado, all permanent dating with the colors of the old Olisipo and our Lusitanian demand! This is, therefore, an exhibition of great feeling, full of emotions, the result of a thorough interiority, colored by symbolism, a real breakthrough to maturity and a confirmed plastic creativity and aesthetic that no longer surprise! More important, it confirms and establishes the artistic majority of the Author who creates, recreates, transforms, decrypts and dismantles his own concepts and his own way of knowledge and expression. César Romero says “I quest for a painting, like those seeking a National Anthem.” Eloquent and noble in gesture, in conversation and in his captivating language, César Romero quests to bear, with his paintings, his testimony to the public: a vigorous demonstration of affection and endearments that fills his heart.

Vítor Escudero Art critic National Academy of Fine - Arts - Portugal Academy of Arts and Letters - Portugal

F R A NC E Passionate about the symbology of the Brazilian northeast, César Romero dedicated his art to a contemporary interpretation of daily life. His keen sense of space, coupled with lush coloring and perfect control of his technique, make this refined artist an example.

Risoleta Córdula Art critic Member of AICA-France September, 1998

*** César Romero’s painting is very original. We wonder where his role models came from, where he found this enchanting way of painting. He simply says “In my homeland of Bahia, where I’m immersed in this culture day and night.” It’s true that Bahia is special and unique, serving as the artist’s creative laboratory. The bright, sunny colors reveal his origin - he is from the northeast, where the sun brightens the lights and strengthens this great colorist.

Emmanuel Hilli Visual artist - art critic Paris, France

C UB A “César Romero has more than four decades of tireless work. The experience of many years turned - as he calls himself - the “interpreter of Brazilian native soul” in a chronicler of his time. He developed a keen sense of perception of life of his fellow citizens that offers him the possibility of dialogue with the identity of the Brazilian substrate, from this recognition he conceives an encounter between past, present and future. Nevertheless, César Romero goes beyond mysticism, tradition and local religions, he invites us to a sensory and intellective banquet in pursuit of the beauty of life. “The work knows more than the author,” Goethe would say.

Darys Vázque J. Aguiar Havana - Cuba Art critic critics Award Guy Péres Cisneros - Ministry of Culture of Cuba. Adviser to the National Council of Plastic Arts of Cuba.

*** Art is a historical document, a reflection of the spirit of its time, a picture of its time and the true artists are those able to capture this essence.

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César Romero chose to be ceiba and even today his work speaks of deep roots, amalgamated with the essence of the Brazilian people’s soul. César is the great master of painting and Brazilian design; we thank the possibility to enjoy in his works a wonderful fragment of the most authentic Brazil. Now he honors us in Havana with a set of drawings inspired in rags, tablecloths, linens and layettes, sewn and woven by Bahian women, traditional folk art objects bearing the craft and the patience of female hands and the color, joy and the faith of a people; a mixed heritage of Mediterranean and African techniques, and American colors that blend in lines and flowers, myths and arabesques. “Urdiduras” refers to Northeastern woven art on screen; it is an anthropological research and primarily a tribute to life, a primitive relationship between art and life and the symbolic construction ways that the peoples’ popular wisdom has accumulated and transmited for centuries, generation after generation, fortunately for our species. “ Urdiduras “ is a tribute to the men and women across the ocean who have managed to survive the most difficult resistance: cultural resistance.

Dayalis González Perdomo Havana - Cuba Art Critic University of Art and Letters - Havana

V E NE Z UE L A Marx said: “The worker has more need for respect than for bread ...” From these words we felt entwine the emotional and supportive work of César Romero. Romero elevates and ennobles craftwork, emphasizing its value as a poem versus its value as a commodity; thus he manages to communicate the intimate fragility of the lone voice of the laborer in his workshop, through the thousands of voices of those men and women who daily leave their traces in a single piece of jewelry made of lines and nerves. César Romero’s work is creative; it is an instrument of a genuine, global transformation of man and society. Revisiting his formal elements, his colors, the winding movement, and building a new world of signs that make us think of a proto-language, coming from those black and beautiful land. It is a colonization stylized song. A hopeful song, but not naive. The art in Romero, like a seed, summons us to understand that no sowing is sterile.

Morella Jurado Visual artist - curator - art critic Caracas, Venezuela.

S PA IN César Romero translates into painting his country, Brazil. African colors and signs and popular culture. A telluric vision, full of enthusiasm, an intense movement in his Faixas Emblemáticas which takes us across the ocean, changing from one condition to another, converting color pigments into history.

Patricia Sardinha Art Critic Madrid - Spain

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THE AUTHOR BY HIMSELF As César Romero, focus of this thirteenth work of mine about art, I am also Northeastern: I was born in Natal, Rio Grande do Norte. I grew up on the banks of the Potengi river and the beautiful sunny beaches bordering the so called Sun City. But I have a Bahian side by marriage, reason for my perennial affection for the Good Land. As César Romero, I’m proud of where I come from. There, in contact with the culture of the people and popular manifestations emanating from secular traditions, I forged my personality as a person, a writer and an art critic. Literature and culture in general have always occupied my aesthetic concerns. At 15, I was already writing criticism of movies in newspapers in Natal and still timid contributions to Rio’s magazines like “A Cena Muda”. Those were my first inspiring moments. Like so many other Northeasterns in 1954 I migrated to Rio de Janeiro in search of knowledge, study and work. Gradually, and with many efforts, I overcame my shyness and got to what I really wanted. But it was not easy. I wrote about all different aspects of culture, from literature, theater and film to plastic arts in 1970, an invitation to collaborate in the Jornal de Ipanema, a pioneering initiative for a neighborhood newspaper which afterwards spread throughout the neighborhoods in Rio. In its pages I found myself with art, later developed in other organs of Rio’s press - Tribuna da Imprensa, O Jornal, Diário de Notícia, Jornal de Letras, Veja magazine, Última Hora, Ventura magazine, Jornal Copacabana, etc. My first work at Jornal de Ipanema eventually took me to the Brazilian Association of Art Critics, of which I was secretary, treasurer, president and currently Honorary President. For my career as an art critic I received in 2003 the Mário de Andrade Award. An honor that I keep with love and which came to join others I received: The “Resgate -Crítica de Arte” Trophy, 1996; Meritorious Citizen of the State of Rio de Janeiro, Awarded by the Rio de Janeiro Legislative Assembly, 1998 Cultural Merit Medal Alberto Maranhão, Granted by the Rio Grande do Norte State Board of Culture. For almost 40 years I follow the Brazilian art not only through exhibitions, shows, biennials and catalog presentations, writing criticisms in articles and studies that were published in newspapers and magazines in Brazil and abroad. At the same time, I dedicate myself to fiction and the theater, having published seven books of short stories, with excellent critical support, many of them award-winning - The Day Tyrone Power was in Natal (1982), for example - and Several of them selected in anthologies of short stories - as well as a biography (Carmen Portinho) and one study (People who are money), and collaborations in various projects, always having culture as the leitmotif. César Romero - Symbol Code, Color! It is my way to honor the painter with which I have aesthetic affinities, whose career I have been following for long with renewed admiration for his culture, talent and love for the simplest things that make up the universe of Brazilian art. On the other hand, we are also bonded by friendship. This Bahian painter is one of those who, in addition to captivate everyone who comes to him, still has the gift of knowing how to be a friend and to surround this friendship with the instruments of dedication and care.

Geraldo Edson de Andrade ABCA - AICA

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BIBLIOGRAFIA / BIBLIOGRAPHY Arantes, Antonio Augusto O Que É Cultura Popular Editora Brasilense, 1988. Ayala, Walmir Dicionário de Pintores Brasileiros Spala Editora, 1986 Cascudo, Luis da Câmara Cascudo Civilização e Cultura – 2º Volume Editora Civilização e Cultura, 1973. Cascudo, Luis da Câmara Dicionário do Folclore Brasileiro Instituto Nacional do Livro, 3ª edição, 1972 Carvalho, Mirian Therezinha de Reflexões a Partir do Tempo na Pintura de César Romero In Os Lugares da Crítica de Arte Edição ABCA, 2005 Coli, Jorge O Que é a Arte Editora Brasiliense, 1988. Frota, Lélia Coelho Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro Editora Aeroplano, 2005. Klintowitz, Jacob César Romero-A Escritura do Brasil Edição Particular, 2001. Leite, José Roberto Teixeira Dicionário Crítico da Pintura Brasileira Editora Artelivre, 1988.

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CASARIOS 1966-1969





IMAGINÁRIA 1969-1975





SELOS COMEMORATIVOS 1975-1980





GRAVURAS 1977-1988





PAISAGENS COM FAIXAS EMBLEMÁTICAS 1981–1987





TAMBORETES DE FESTAS DE LARGO DA BAHIA (FOTOGRAFIA) 1981–1992











FAIXAS EMBLEMÁTICAS 1984-2016















TAMBORETES DE FESTAS DE LARGO DA BAHIA (PINTURA) 1986–1992





ARRAIAS EMBLEMÁTICAS 1986-1993







ENIGMAS 1987-1991







PLATIBANDAS EMBLEMÁTICAS 1988-1992







JANELAS EMBLEMÁTICAS 2007-2009







TOTENS EMBLEMÁTICOS 2008-2012







URDIDURAS (DESENHOS) 2009-2015













URDIDURAS (PINTURAS) 2013-2015





Geraldo Edson de Andrade e CĂŠsar Romero


Curadora Mirian de Carvalho Coordenação e Edição Expoart.com.br Produção Leonardo Bokor Conservação das obras e consultoria de restauro Emília Barretto Fotografia Fagner Gordiano Lucas Raion César Romero Texto Geraldo Edson de Andrade Apresentação Mirian de Carvalho Revisão Josenildes Apolinário Versão em Inglês Sergio de Senna Designer Gráfico Jonathas Medeiros Assessoria de Imprensa Adriana Patrocínio Iluminação João Batista Montagem Tayrone Fontan Antônio Agindo Santos Catálogo online www.expoart.com.br

Selo FSC

A CAIXA está na luta contra o mosquito #ZikaZero.

Textos Críticos Agda Carvalho* - SP Ângela Âncora da Luz* - RJ Alejandra Muñoz - BA Carlos Méro - AL Carlos Terra* - RJ Edison da Luz - BA Isis Braga* - RJ José Serafim Bertoloto* - MT Prado Junior - SP Sandra Makowiecky* - SC Sandra Ramalho* - SC *ABCA - AICA Colecionadores Ivana Pitombo Jairo Everton Moreira Cunha José Barbosa de Oliveira Filho José Dirson Argolo Luiz Humberto Carvalho Marcos Alan Nilza Barude Agradecimentos Alberto Reis Claudine Toulier Denis Santos Erika Maciel Evandro Sybine José Carlos Santos Josué Moreira Leopoldo Bokor Roberto Alves





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