Sou cidadão sabendo ou não

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SOU CIDADÃO SABENDO OU NÃO Beatriz Monteiro da Cunha busca, neste livro, atear no coração dos leitores o fogo da aspiração, do desejo legítimo de viver, como preconiza nossa constituição, em uma sociedade livre, justa e solidária, motivando – os a direcionar a mente para planejá-la e a empreender os esforços necessários para realizá-la.

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Beatriz Monteiro da Cunha Ilustrações de Théo Siqueira



SOU CIDADÃO SABENDO OU NÃO

Beatriz Monteiro da Cunha Ilustrações de Théo Siqueira


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Olá, escrevi este livro para conversar com você sobre cidadania, quer dizer, sobre o direito que cada pessoa tem de viver uma vida saudável, gostosa, realizadora e o dever de ajudar a tornar melhor a vida dos outros, da sociedade e do planeta também. Essas coisas a gente não nasce sabendo, é preciso aprender – em casa, na escola, na TV, na internet e nos livros, como neste Sou cidadão sabendo ou não... Para sermos cidadãos de verdade precisamos de três coisas:

Conhecimento

Precisamos conhecer nossos direitos, as leis do nosso país, os costumes nas diferentes regiões, enfim, como funciona ou deveria funcionar a sociedade.

Habilidades, Atitudes e Comportamentos

Precisamos pensar corretamente, analisar bem as situações, expressar nossa opinião e participar de discussões, trabalhos e ações.

Princípios e valores

Precisamos ter respeito pela justiça e pelas leis, tolerância com as diferenças, coragem para defender nossos pontos de vista e desejo de escutar, auxiliar os outros e trabalhar com eles.

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É importante lembrar que a Cidadania é:

Real Atual Controversa

– ela afeta de verdade a vida de todas as pessoas; – é parte do nosso dia a dia. – nem todos têm a mesma opinião sobre como

as coisas deveriam ser ou funcionar, sobre o que é certo ou errado, bom ou mau e, muitas vezes, diferença de pontos de vista pode gerar discussões.

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Mas discutir, debater, trocar ideias é muito bom. É assim que a gente amplia nossos horizontes, aprende coisas novas e desenvolve nossa autoconfiança porque, afinal, todo mundo é capaz de ter e expressar uma boa opinião. A prática da cidadania é importante também para as Escolas porque produz alunos responsáveis, que se relacionam bem com os colegas, educadores e a comunidade. E para a Sociedade, porque são os cidadãos participativos e responsáveis que promovem o progresso da nação e do mundo.

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Aposto como, a essa altura, você deve estar pensando que cidadania é mesmo uma coisa muito legal, e estão interessados em começar a praticá-la. Mas por onde começar? É fácil: aprendendo quais são os seus direitos. Vamos então conhecer os princípios da Declaração dos Direitos da Criança, que foram estabelecidos pela ONU – Organização das Nações Unidas e aceitos pela maioria dos países, inclusive o Brasil.

O que você acha importante para crescer saudável e feliz? 6


Princípio Toda criança será beneficiada por esses direitos, sem nenhuma discriminação por raça, cor, sexo, língua, religião, país de origem, classe social ou riqueza. Toda e qualquer criança do mundo deve ter seus direitos respeitados!

Princípio Toda criança tem direito a proteção especial, e a todas as facilidades e oportunidades para se desenvolver plenamente, com liberdade e dignidade.

Princípio Desde o dia em que nasce, toda criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, ou seja, ser cidadão de um país.

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Princípio As crianças têm direito a crescer com saúde. Para isso, as futuras mamães também têm direito a cuidados especiais, para que seus filhos possam nascer saudáveis. Toda criança também têm direito a alimentação, habitação, recreação e assistência médica.

Princípio Crianças com deficiência física ou mental devem receber educação e cuidados especiais, porque elas merecem respeito como qualquer criança.

Princípio

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Toda criança deve crescer em um ambiente de amor, segurança e compreensão. As crianças devem ser criadas sob o cuidado dos pais, e as pequenas jamais deverão separar-se da mãe, a menos que seja necessário. O governo e a sociedade têm a obrigação de fornecer cuidados especiais para as crianças que não têm família nem dinheiro para viver decentemente.


Princípio Toda criança tem direito de receber educação primária gratuita, e também de qualidade, para que possa ter oportunidades iguais para desenvolver suas habilidades. E como brincar também é um jeito gostoso de aprender, as crianças também têm todo o direito de brincar e se divertir!

Escolha um livro na biblioteca da sua escola e leia em voz alta para seus colegas. Desenhe em seu caderno uma família como a que você gostaria de ter quando crescer.

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Princípio Seja em uma emergência ou acidente, ou em qualquer outro caso, a criança deverá ser a primeira a receber proteção e socorro dos adultos.

Monte com seus colegas uma pecinha de teatro para ilustrar esse princípio. Princípio

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Nenhuma criança deverá sofrer por pouco caso dos responsáveis ou do governo, nem por crueldade e exploração. Nenhuma criança deverá trabalhar antes da idade mínima, nem será levada a fazer atividades que prejudiquem sua saúde, educação e desenvolvimento.


Princípio A criança deverá ser protegida contra qualquer tipo de preconceito, seja de raça, religião ou posição social. Toda criança deverá crescer em um ambiente de compreensão, tolerância e amizade, de paz e de fraternidade universal.

Componha uma música ou poesia explicando como todas as crianças devem ser tratadas. 11 11


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Viram só quantos direitos as crianças e adolescentes têm? Que maravilha se todos eles fossem realizados na prática, mas é claro que, em muitos lugares do mundo ainda não são. Por que será? Porque as pessoas, os políticos e a sociedade não se empenham o suficiente. Talvez até por não saberem como ou o que fazer. Talvez por se acomodarem, achando que o tempo vai resolver todos os problemas. Mas o tempo, sozinho, não resolve. É preciso que cada um de nós faça a sua parte para que a vida de todos fique melhor.

E não pense que só os adultos têm essa responsabilidade: também as crianças e os jovens podem ajudar a melhorar as condições de sua escola, de seu bairro, de sua comunidade e até do mundo. Nas páginas seguintes vamos ver alguns exemplos do que fizeram algumas Crianças Cidadãs para se tornarem mais conscientes e confiantes, para ajudar os outros e cuidar do meio ambiente.

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Qual a melhoria no seu bairro que sua escola poderia reivindicar Ă prefeitura?

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Aqui, lixo não! A Escola Municipal Brasil, em Acareatinga, era até bem arrumadinha, só que ficava em uma região da cidade que não recebia o serviço de coleta de lixo. O que as pessoas da redondeza faziam, então, com o seu? Jogavam em frente ao muro da escola! E faziam isso há tanto tempo que ninguém prestava mais atenção – era como se fosse natural. Até que, um grupo de alunos cidadãos achou que era hora de dar basta à sujeirada, e o que fizeram? • Conversaram com a diretora; • Formaram uma comissão de alunos, professores e pais; • Foram à prefeitura da cidade; • Explicaram ao encarregado o que estava acontecendo; • Exigiram (porque o cidadão tem esse direito) que limpassem a calçada da escola; • E que iniciassem um programa de coleta na comunidade. E sabe o que aconteceu? Eles conseguiram! Vejam só a força do exercício da cidadania e o benefício que traz para todos!

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Nem igual nem diferente Todo dia era a mesma coisa: na hora do recreio, enquanto a maioria das crianças brincava, jogava bola, pulava corda ou conversava animadamente, outras ficavam quietas e tristes em um canto. Virava e mexia eram alvo de gozação, o que as isolava ainda mais. E por quê? Afinal, eram crianças como todas as outras, mas com suas próprias características, apenas um pouco acentuadas: mais gordinhas ou mais magrinhas, cabelo mais assim ou daquele jeito, pele mais para o claro ou para o escuro... Usavam aparelho nos dentes, óculos? Eram muito quietos? Mas nada disso justificava que fossem maltratadas – foi a conclusão de uma turma de alunos cidadãos do colégio Liberdade, em Jurucê Mirim. Indignados com essa injustiça reuniram-se com as professoras de Artes e Língua Portuguesa, criaram a campanha “antibullying”: “Nem igual nem diferente”. Produziram e distribuíram folhetos sobre o assunto para todos os alunos, criaram o concurso “solidariedade é preciso” em que o tema poderia ser tratado em várias modalidades: música, poesia, teatro, desenho... Premiaram os melhores trabalhos. E deixaram claro que, naquela escola, o valor maior era o da amizade, do bem e da cidadania.

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O que você faria se visse um colega sendo vítima de “bullying”?


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Ensinando também se aprende Algumas crianças aprendem mais depressa, outras, mais devagar. É assim em todas as escolas do mundo, inclusive no Recanto do Saber, em Andeirópolis. Só que nela, um grupo de alunos que se intitulou Monitores Cidadãos resolveu dar uma mãozinha para ajudar os atrasadinhos com aulas particulares. Os monitores cidadãos escolheram a matéria que poderiam ensinar de acordo com suas preferências e capacidades e, em conjunto: • Expuseram o plano à diretoria e professores, que acharam a ideia excelente; • Definiram o local e horário em que dariam as aulas de reforço; • Percorreram as classes explicando o projeto e convidando os interessados; • Iniciaram os trabalhos de acordo com a agenda combinada. E o que aconteceu? O aproveitamento de toda a escola melhorou muito! Os “atrasadinhos” recuperaram o que não tinham entendido, os monitores estudaram mais para poder explicar melhor, os pais e os professores ficaram felizes com tanto progresso e a diretora ficou orgulhosa de seus alunos que deram um belo exemplo de cidadania na escola.

Você gostaria de ser um Monitor Cidadão? O que seria necessário para por em prática seu desejo?

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Troca-troca Um certo dia, 10 de setembro, para sermos exatos, tia Marcolina, do colégio Bandeiras do Sul, deu como lição de casa a seguinte redação: “Do que eu preciso e o que é demais?” Ela tinha visto na televisão uma reportagem sobre consumo consciente e ficara impressionada com o tanto de coisas que as pessoas jogam fora, às vezes, até novinhas. Nem se lembram que estas coisas são produzidas com recursos da natureza, trabalho de pessoas, custa dinheiro e geram muito lixo. Explicou o assunto para os alunos, meio por cima, e pediu que eles pesquisassem em jornais, revistas e internet. Pediu também que entrevistassem familiares e vizinhos e se possível um coletor de lixo. Eles teriam uma semana para trazer seu trabalho, que seria apresentado em uma roda de conversa. Dito, feito e concluído: perceberam que todo mundo tem em casa coisas que não usa e que os outros gostariam de usar, então por que não trocar? Foi assim que surgiu a ideia da feira de trocas. Combinaram com os professores e diretores um dia e local (20 de setembro no pátio do colégio) do evento. Distribuíram folhetos para todos os alunos, convidando e explicando as regras: podiam trazer qualquer coisa desde que limpinha e consertada caso tivesse sido quebrada. No dia do evento chegaram mais cedo, arrumaram a mesa para colocar os objetos, arrumaram o som (que sempre alegra tudo). A barraca de comidas e sucos ficou por conta da merendeira e pronto, começou a festa que foi um sucesso! Todos saíram felizes porque ganharam o que queriam e doaram o que não precisavam mais. Entenderam que consumir conscientemente é dever do cidadão porque cidadania também tem a ver com respeito ao meio ambiente.

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Crie um folheto convidando para uma feira de troca e explicando porque consumir conscientemente ĂŠ importante para o meio ambiente.

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O milagre da semente Todas as terças-feiras eram especiais na Escola Municipal de Tamarindos. Ninguém sabe explicar muito bem porque, mas a cozinheira sempre caprichava mais no almoço. Nesse dia o suco ficava mais gostoso, a farofa com mais surpresas, o arroz mais soltinho, feijão mais encorpado e a salada mais colorida. Só que exatamente em uma terça-feira em que a escola ia receber professores de outras cidades para uma reunião, o quitandeiro não entregou os pés de alface, nem de rúcula nem um maço de salsinha ou coentro, e nem um tomatinho sequer. Vexame! Como explicar uma refeição sem verduras? Ainda mais que a escola tem um bom terreno vazio. Que poderia ser muito bem ser transformado em uma bela e produtiva horta. E não é que foi mesmo? Chefiados pela cozinheira Dona Mercedes, professores, alunos e até alguns pais se prontificavam a conseguir pás, ancinhos, regadores e sementes variadas. Ajudaram a limpar, afofar e adubar a terra com material orgânico – sobras de comida, cascas de ovos e de frutas etc, devidamente preparados. Plantaram as sementes em canteiros demarcados com todo capricho. Regaram diariamente e arrancaram as ervas daninhas que surgiram. Colheram no tempo certo, de acordo com a necessidade. E prepararam as mais saudáveis, deliciosas e fresquinhas saladas que se tinha visto. Direto da horta para o prato (naturalmente depois de bem lavadas). Eta, turma cidadã! Sim, porque cidadania é também qualidade de vida e saúde para todos.

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Desenhe uma horta com vรกrios tipos de verduras e temperos, colocando o nome de cada um.

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Dia da solidariedade Deveríamos ser solidários todos os dias, afinal solidariedade é o principio da cidadania e todos nós somos cidadãos (sabendo ou não). Mas sempre é bom ter um dia especialmente dedicado a ela, até para que ninguém se esqueça de sua importância. Em Sol Nascente, entretanto, esse dia 10 de outubro, não era sequer mencionado no calendário escolar, até que a diretora da escola, que aliás tinha o mesmo nome da cidade, achou que já era tempo de celebrar a data, o sentimento e as ações que a constituem. Foi assim que convocou professores e alunos para uma reunião no pátio central. Contou seu plano e pediu que cada classe idealizasse uma atividade para comemora-la. Conversa vai, reunião vem, descobriram que o pai da Cidinha era vereador, a tia do Marcos era dirigente da Creche Alegria, a mãe da Rosely ia todas as semanas visitar os velhinhos do asilo, e com tanta solidariedade chegaram a conclusão de que deveriam fazer uma festa na praça, na qual cada instituição ou grupo de voluntários mostrasse sua forma de fazer o bem. E foi assim que, em uma manhã ensolarada de domingo, depois de muitos encontros com prefeituras e organizações, em tendas coloridas, médicos e enfermeiras mediram a pressão das pessoas, cabeleireiros cortaram cabelo, atores encenaram, advogados orientaram, ginastas ensinaram exercícios e massagistas massagearam...

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Organize na sua classe uma mini-festa solidária, pedindo a seus colegas que escolham e pratiquem uma ação do bem de sua preferência.


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Conclusão Viu só como é bom e fácil ser um cidadão participativo? Todos podem ser, não importa sua habilidade, seu jeito, nível econômico ou social. A cidadania pode e deve ser exercida em todos os campos da vida e durante todo o tempo. Uma forma de tornar a prática da cidadania bem forte na sua escola é criando um grêmio estudantil. Isto é, uma reunião de alunos voluntários de todas as classes que, com supervisão dos educadores e pais interessados, estabelecem uma agenda de atividades a ser realizada em sala de aula ou fora dela, por exemplo:

o criar clube de debates sobre direitos e deveres, papel das leis, problemas da comunidade, o concursos de poesia, redação, teatro ou música, leitura e comentário de notícias no jornal, o campeonatos esportivos, o palestras de cidadãos que ajudam a comunidade, o visita a sessão da câmara dos vereadores, o visita a museus, parques e monumentos, o participação em projetos de serviço comunitário, o campanhas para limpeza de parque e praias, reciclagem, plantio de árvores, o distribuição de folhetos sobre economia de água e energia, o participação em passeatas pela causa da cidadania... São também inúmeros os instrumentos para fazê-lo: e-mail, twitter, programas de rádio, blog. Enfim, o que se pede do cidadão, isto é, de todos nós é:

comprometimento e solidariedade. 26 26

Espalhar pelo país a cultura da cidadania é tudo de bom!


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Obra atualizada conforme o novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa

Coordenação Editorial Flávia Bastos Supervisão Fernando Monteiro Projeto Gráfico Juliana Ferreira Ilustrações Theo Siqueira Revisão Bruno D’Abruzzo Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cunha, Beatriz Monteiro da Sou cidadão sabendo ou não / Beatriz Monteiro da Cunha ; ilustrado por Theo Siqueira. -- São Paulo : Evoluir, 2012. 1. Cidadania - Literatura infantojuvenil I. Siqueira, Theo. II. Título. 12-04771

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Cidadania : Literatura infantojuvenil 028.5 2. Cidadania : Literatura juvenil 028.5



SOU CIDADÃO SABENDO OU NÃO Beatriz Monteiro da Cunha busca, neste livro, atear no coração dos leitores o fogo da aspiração, do desejo legítimo de viver, como preconiza nossa constituição, em uma sociedade livre, justa e solidária, motivando – os a direcionar a mente para planejá-la e a empreender os esforços necessários para realizá-la.

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