Event Point 8

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. A NO III . NÚME RO 8 . T RIME S T R A L . JUL HO / A GO S T O / S E T E MBRO . 2 0 1 3 . 5, 00 €

. E VENTOS . CONGRESSOS . FEIRAS . INCENTIVOS . DESTINOS .

AUDIOVISUAIS: VER, OUVIR, SENTIR GRANDE ENTRE VISTA: RIC BIRCH DOSSIÊ: ANIMAÇÃO TURÍSTICA CONVENÇÃO ROTARY INTERNATIONAL


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FICHA TÉCNICA

EDITORIAL

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PROPRIETÁRIO Estação Livre . Comunicação Tel: 226053936 info@eventpoint.com.pt www.eventpoint.com.pt SEDE DA REDACÇÃO Rua do Sporting Clube Candalense, 14, 1° Dto. Frt. 4400‑688 Vila Nova de Gaia . Portugal DIRECTOR Rui Ochôa (rui@eventpoint.com.pt) EDITORA / DIRECTORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) REDACÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

DIRECTOR COMERCIAL Filipe Silva ASSISTENTE DE DIRECÇÃO Rita Coutinho Costa COLABORAÇÃO Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) COLUNISTAS John Hooker Miguel Barros Norma Franco Pedro Cardoso Tiago Alves Ribeiro

DESIGN Norma Design (geral@normadesign.com) FOTOGRAFIA Minifoto IMPRESSÃO Norprint Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Fontiscos Apt.: 172 . 4780‑583 Santo Tirso

Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral

É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.

CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA

RUI OCHÔA

NÃO ADIANTA FAZER DE CONTA O mercado dos eventos está a mudar, e não adianta fazer de conta. Gestores de eventos são cada vez mais contratados pelas marcas para, por exemplo, gerirem eles, directa‑ mente, a relação com os fornecedores da área, agências que tínhamos na conta de boas, e relativamente estáveis, desapa‑ recem, empresários partem em busca de outras oportunidades, experimentando países como Angola ou Moçambique. Num inquérito que fizemos a alunos do ensi‑ no profissional, da área de eventos, e que publicamos nesta edição da Event Point, a maioria fala de um sector atractivo, que os fascina, mas onde, antecipam eles, não será fácil vir a trabalhar. Isto são apenas alguns dos sinais, porque o processo ainda não está concluído, e não permite que lhe reconhe‑ çamos nitidamente os contornos. Seja como for, os eventos continuam a organizar-se, nalguns casos ganhando vitalidade reforça‑ da, enquanto ferramenta de comunicação, e enquanto negócio, e continuam a precisar de técnicos qualificados para os conceber e realizar. As mudanças não ficam segura‑ mente por aqui, e nós procuraremos estar atentos ao que elas trazem de diferente. O Senhor Jogos Olímpicos, Ric Birch, dá-nos uma entrevista absolutamente imperdível. Não é só o conhecimento que revela, o modo de pensar, abordar, trabalhar cada um dos mega eventos em que se envolve. É a paixão, a vontade de continuar a fazê-lo que admira, e desperta o nosso respeito mais profundo. Da APECATE chega a intenção de avançar com os chamados selos de qualidade para a área de eventos. Ana Barbosa explica o

que se pretende, e como chegar até lá. A sua participação não fica por aqui, porque mais tarde nos ajuda a reflectir sobre outras mu‑ danças, desta vez na animação turística. O decreto-lei n.º 95/2013 introduz uma série de alterações, facilitando o acesso à activi‑ dade. Quais as consequências? Um dossiê tão amplo e tão vasto que só o terminaremos na nossa próxima edição, em Dezembro. Ver, ouvir, sentir, é o mote para um outro dos‑ siê sobre o sector dos audiovisuais. Ouvimos alguns dos mais importantes fornecedores, todos eles com muitos anos de experiência, e pedimos-lhes a opinião sobre o que aí vem. De resto, há dois eventos que merecem uma especial atenção, e são objecto de re‑ portagem: a Volta a Portugal em Bicicleta, e as cerimónias de abertura e encerramen‑ to da convenção do Rotary International, em Lisboa. O primeiro continua a ser um dos ex-libris desportivos nacionais, mobi‑ lizando uma legião de fãs incondicionais. O segundo teve um forte cunho português, em termos de criatividade e de operação, e trouxe bastante dinheiro para a econo‑ mia nacional. Mesmo a 300 quilómetros de distância, no Porto, há hoteleiros que ainda suspiram com o número de quartos que conseguiram vender nessa altura, e por causa da convenção. Descubra ainda os segredos de Seul, nosso destino internacional no segmento da meetin‑ gs industry. A cidade que Psy ajudou a divulgar, quando lançou o “Gangnam Style”, e que nem os vizinhos do norte conseguem perturbar.

Boa leitura, e até Dezembro.


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Colunistas Espaço APECATE Feira patrimonio.pt Millennium BCP Notícias Modelo 5’s : Uma via para a gestão dos tempos e espaços de trabalho, por Miguel Barros

GRANDE ENTRE VISTA: RIC BIRCH, O SENHOR JOGOS OLÍMPICOS AUDIOVISUAIS: VER, OUVIR, SENTIR “Content is King”, por Tiago Alves Ribeiro

CONVENÇÃO ROTARY INTERNATIONAL : UM DESAFIO QUE MARCA A festa da Volta a Portugal em Bicicleta EIBTM de novo com forte contingente luso IMEX América desperta grande interesse dos expositores MEO Arena: “Exemplo dos Rotários é para multiplicar” Paixão pela mudança, por Pedro Cardoso SkyEye aposta no sector do entretenimento Taxar as havaianas, por John Hooker Formação “O sapo não bebe do mesmo charco em que vive”, por Norma Franco Consultório de Protocolo

ANIMAÇÃO TURÍSTICA

Destino internacional: Seul Empresas Directório

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COLUNISTAS 8

JOHN HOOKER Um estratega e estudioso de eventos e um dos opinadores mais importantes da meetings industry. Do seu percurso profissional destaca‑se o lançamento do Dubai International Convention and Exhibition Centre. Actualmente é di‑ rector da JHCP, uma consultora para a área de eventos, com trabalhos já realizados na Europa, África, Médio‑Oriente e América do Sul. É um apaixonado por pessoas e tem um gosto especial por formar novos talentos.

MIGUEL BARROS É licenciado em Saúde Ambiental, pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Actualmente, desempenha actividades na área da Higiene e Segurança do Trabalho e é um dos responsáveis pela implementação do programa dos 5’s na empresa SFORI ‑ Strategy for Improvement, bem como em alguns eventos realizados pela mesma.

NORMA FRANCO Mestre em Engenharia do Ambiente pela Universidade Nova de Lisboa, investigadora, faz há vários anos trabalho de consultoria nesta área. Enquanto gestora de produto do selo Carbono Zero®, da E.Value, foi responsável por projec‑ tos de sustentabilidade aplicada a eventos, destacando‑se o Rock in Rio, em Portugal, Espanha e Brasil, o Delta Tejo ou a Moda Lisboa, para citar apenas alguns. É oradora habitual em conferências sobre sustentabilidade e eventos. Actualmente vive em Edinburgo, na Escócia, mantendo uma regular actividade de consultora.

PEDRO CARDOSO Formado em Gestão Hoteleira, foi director de Front‑Office/Alojamento na abertura do ex‑Sheraton Porto em 1986 e director de Marketing e Vendas até 1995. Quadro co‑fundador e director‑executivo da Sugestões&Opções e do Grupo QRM, de 2002 a 2008. Fundador, em 2002, administrador e principal accionista da The House of Events. Consultor de Hotelaria e Turismo, e ex‑docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

TIAGO ALVES RIBEIRO Começou a carreira como junior account do Departamento de Marketing da Sony Music NY. Passou pela Ogilvy & Mather NY, Young & Rubicam e DCA. Em 2006 co‑fundou a Oneway Group, empresa que lidera até este momento. Em 2008 cria a Gema ‑ Digital and New Media Marketing. De 2009 a 2010 esteve ligado à Masstige, e mais tarde à Inception. Em Julho deste ano fundou a Pitch.


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ESPAÇO APECATE 10

APECATE LANÇA SELO DE QUALIDADE

Há pouco mais de um ano, propusemo‑nos neste mesmo Espaço APECATE voltar ao tema da qualidade, que enunciámos no artigo “Revoluções no Sector Turístico” a propósito da Directiva europeia para os Serviços. Em síntese, defendemos então que a alteração da visão do papel do Estado que esta Directiva procurava implementar, quer ao nível de uma intervenção governamental mitigada na actividade económica, quer da desregulação de profissões até agora sujeitas a carteira profissional, criava novas funções e responsabilidades às associações sectoriais. Nesta óptica, estávamos já a trabalhar em dois vectores distintos mas com‑ plementares desta linha de rumo: as Cartas de Qualidade da APECATE e as normas nacionais de qualidade para algumas áreas do sector turístico, nas quais fomos convidados a participar pelo Turismo de Portugal, no âmbito de várias subcomissões da Comissão Técnica 144. Este segundo aspecto teve a grande vantagem de nos per‑ mitir a aquisição de uma maior expe‑ riência e conhecimento na problemá‑ tica da chamada Normalização, o que se revelou muito útil para o trabalho que hoje anunciamos. Feitas as Cartas de Qualidade, que mantivemos até hoje como documen‑ tos internos, impunha‑se, pois, termi‑ nar o processo com a criação do que, desde o primeiro momento, esteve no nosso horizonte: a criação do Selo de Qualidade APECATE.

Em que diferem estes dois tipos de documentos? As Cartas de Qualidade são informa‑ tivas, orientadoras e têm objectivos fundamentalmente pedagógicos. Apresentam‑se como descritores dos sectores de actividade económica, nos quais se definem os respectivos objec‑ tos, competências e mapas funcionais. No nosso caso, optámos por sugerir também algumas pistas de reflexão na óptica da qualificação ao nível da gestão e da prestação do serviço. Dirigidas às empresas que representamos ‑ organi‑ zadoras de congressos, actividades de animação turística e eventos ‑ apresen‑ tam uma introdução comum, um corpo diferenciado adaptado a cada sector e um código de conduta, esse de novo comum. Os Selos de Qualidade, já finalizados, debatidos e aprovados internamente, têm características diferentes: cons‑ tituem um instrumento de resposta

às necessidades de diferenciação das empresas na economia de mercado aberto e global em que vivemos. São uma marca de qualidade, cuja eficácia depende apenas de dois factores: o reconhecimento pelo mercado do valor de uma chancela APECATE; e o rigor do processo de atribuição e revalidação desta certificação, a cargo de uma ou várias entidades acreditadas na área da certificação com quem a APECATE estabelecerá uma parceria. Estes Selos dirigem‑se a todos os empresários do sector que preencham as condições de candidatura, independentemente de serem ou não associados da APECATE, estatuto que apenas criará uma discri‑ minação positiva para os associados ao nível dos custos de candidatura.


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ANA BARBOSA PRE S IDE N T E D A DIRE C Ç Ã O D A A PE C AT E

O que caberá a cada parte desta parceria? À APECATE coube já a criação do mo‑ delo deste Selo e do Regulamento a que vai obedecer: cada secção definiu os requisitos específicos de candidatura da sua área e, em conjunto, seleccioná‑ mos os requisitos comuns de qualidade em avaliação. A selecção foi pacífica e em pouco diferem dos que estão pre‑ sentes nas actuais normas publicadas ou ainda em elaboração para o sector dos serviços:

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DE VERES DE INFORMAÇÃO AO CLIENTE AVALIAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DESEMPENHO AMBIENTAL SEGURANÇA RECURSOS HUMANOS

A originalidade reside na definição criteriosa dos itens em avaliação em cada requisito, trabalho que se revelou de monta, mas muito interessante em termos de debate interno sectorial. O grande desafio, actualmente em

curso, será encontrar parceiros que nos entendam. Que compreendam que não queremos fazer concessões a qual‑ quer facilitismo, muito pelo contrário, mas que acreditamos que o rigor não pode nunca ser sinónimo da burocra‑ cia excessiva que tantas vezes desmoti‑ va empresas de qualidade a levarem até ao fim processos de certificação. A par do trabalho específico que compete às entidades certificadoras ‑ definir metodologias e parametri‑ zar critérios de forma a garantir total objectividade na avaliação ‑ é este obstáculo que teremos que partilhar e aprender a vencer em conjunto: num primeiro momento, entre nós e, no 2º Congresso da APECATE, com todos os empresários que quiserem participar neste debate alargado que terá lugar no dia 31 de Janeiro de 2014.

Reservem já as vossas agendas: região de Lisboa, dois temas ‑ Certificação e Promoção no Mercado Externo ‑ e, como coroamento, a primeira edição dos Prémios APECATE. Voltaremos a este tema no próximo Espaço APECATE

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EM DESTAQUE 12

FEIRA PATRIMONIO.PT MILLENIUM BCP “O PATRIMÓNIO TEM DE SE APROXIMAR DAS PESSOAS”

A feira patrimonio.pt Millenium BCP é um evento inter‑sectorial que agrega os sectores do Turismo, Cultura e Economia, e que este ano se realiza pela primeira vez. Tem como objectivo “promover o sector do património cultural nacional enquanto bem que cria valor económico e social, sendo factor de atracção turística, gerador de receitas e fomentador do emprego”, sublinha Catarina Valença, da Spira, empresa promotora do evento. O certame tem como tema central a “Economia do Património” e dirige‑se a empresas de conservação e restau‑ ro, direcções‑regionais de cultura, hotéis temáticos, agências de viagem especializadas em turismo cultural, mediadores culturais, instituições do sector, instituições de ensino e de investigação, prestadores de servi‑ ços de novas tecnologias aplicadas ao património cultural, empresas de animação turística, entre outras. A feira vai estar aberta aos profis‑ sionais, mas também ao público em geral e, por isso, a organização está a preparar um programa paralelo in‑ tenso que inclui concertos, animação pedagógica e ateliers para crianças e adultos. A feira contempla aliás um passe de três dias especial, “Família Sem Fim”, segundo Catarina Valença, “com o firme propósito de colocar o património cultural como uma das primeiras opções de lazer das famí‑ lias do país”. Vai decorrer, ainda, um seminário internacional, com o tema “Património, Economia, Turismo: um Caminho de Futuro” e um debate sobre “Rotas de Turismo‑Cultural: Desafios

de Modelos de Gestão”. O formato da feira mereceu reflexão por parte do promotor, que decidiu “inovar na apresentação física do espaço e na combinação das entidades presentes, fugindo à imagem já ‘gasta’ de um conjunto de stands convencio‑ nais”, afirma a responsável da Spira, anunciando que “o espaço de cada stand será definido apenas por um ecrã de grandes dimensões, onde cada participante disponibilizará conteúdos multimédia relacionados com a sua actividade ou produtos. Desta forma, a imagem geral da feira será a de um grande acontecimento de som e luz, diferente na forma de apresentação (contemporânea e mediática) de um sector tradicionalmente conservador”. A expectativa da organização é a de contar com 40 expositores e receber 15 mil visi‑ tantes. A Feira patrimonio.pt Millenium BCP realiza‑se de 18 a 20 de Outubro, no Museu de Arte Popular, em Lisboa. Conta com o apoio da Fundação Millennium BCP, da Direcção‑Geral do Património Cultural, do Turismo de Portugal e da Câmara Municipal de Lisboa.

QUATRO PERGUNTAS A CATARINA VALENÇA, DA SPIRA Em relação ao tema “Economia do Património” têm alguns dados sobre o impacto do sector dos serviços relacionados com o património na economia? Quantos empregos gera, qual o volume de negócio? Considerado pelo Presidente da República no seu discurso à Nação de 25 de Abril deste ano como uma das áreas estratégicas para o desenvolvi‑ mento do país, o Património represen‑ ta 0,2% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) do sector Cultural e Criativo em Portugal e, associado ao campo do Turismo Cultural, 6,2% do valor total. Em conjunto, estas duas áreas apre‑ sentam taxas de crescimento médio anual na ordem dos 13%*. Como os números evidenciam, o património cultural é efectivamente um fortís‑ simo recurso endógeno do país, com um potencial de desenvolvimento à escala territorial considerável, um bem único e transversal a toda a população, * Augusto Mateus e Associados, O Sector Cultural e Criativo em Portugal, GPEARI / MC, 2010.


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consumidores. Dos clientes. Não preci‑ samos de mais dinheiro, nem de mais património: precisamos de trabalhar melhor o património que temos.

CATARINA VALENÇA DIRE C T OR A GE R A L D A S PIR A

promotor de uma cidadania mais consciente e mais sólida. Estas ca‑ racterísticas de natureza económica e social, e o seu usufruto profundamente enriquecedor, único e prazenteiro devem conduzir o património à forma por excelência de educação e entrete‑ nimento cultural da população. Quais são os principais problemas com que se debate este sector? Claramente que o principal problema do sector é a ausência instalada de estratégia. Basta pensar que nunca existiu qualquer documento estra‑ tégico sobre políticas patrimoniais à escala mínima de um triénio, nas suas várias frentes, desde a constituição da primitiva DGPC [Direcção‑Geral do Património Cultural], ainda na transição do Estado Novo para o novo regime político do nosso país, e até ao presente. Esta ausência de estra‑ tégia impede‑nos de definir linhas de actuação que, forçosamente, num trabalho como o do património, têm de ser a longo prazo; impede‑nos de eleger frentes de trabalho, mobilizar parceiros, trabalhar em rede, perspec‑ tivar o território no seu todo, criando diversidade e complementaridade de oferta. Falta, sobretudo, percepcio‑ nar o património como um imenso

recurso, para mais herdado, que já cá está, assumindo‑o como uma imensa vantagem competitiva e diferencia‑ dora em relação a outros países, isto é, percepcioná‑lo no fundo, também e em grande parte, na sua dimensão económica. Pode dar‑nos alguns exemplos sobre como poderíamos aproveitar melhor o património de que dispomos? Sugiro que faça a experiência de visitar museus e monumentos centrais da nossa história, mas um pouco afastados dos centros turísticos emblemáticos. Faça a experiência num mês de época alta e noutro de época baixa: constatará que têm muito poucos visitantes proporcio‑ nalmente com a importância da colec‑ ção, com a qualidade do equipamento ou com o preço da experiência que vendem. Porquê? Falta de comunicação, inexis‑ tência de política comercial, de marke‑ ting, inexistência de relação com hotéis, alojamentos, com o principal comércio da região, ou animosidades políticas ou territoriais… As pessoas não consomem mais cultura por serem estúpidas: as pessoas, boa parte delas, não consome mais cultura porque a cultura não entra pela vida das pessoas adentro quan‑ do e onde pode fazê‑lo. O património tem de se aproximar das pessoas. Dos

O que seria necessário para que isso se concretizasse? É imperiosa e urgente a definição de uma estratégia a nível nacional entre os sector da Cultura e do Turismo. De facto, nesta área, e uma vez que traba‑ lhamos com o território no seu todo, é necessário pensar à escala do país em primeiro lugar a fim de definir especi‑ ficidades territoriais que diferenciem território a território, mas especificida‑ des que sejam construídas, em simultâ‑ neo, com uma lógica de complementa‑ ridade entre regiões. Só assim o mesmo consumidor poderá experimentar diferentes produtos ao longo de todo o país e ao longo, ainda, de todo o ano. Num país em que cada vez é mais frequente o trabalho conjunto entre sectores, é este o momento do Turismo e da Cultura juntarem esforços, defini‑ rem uma Estratégia de TurismoCultural Nacional e potenciarem, efectivamente, todo a diversidade, riqueza e atractivi‑ dade dos recursos endógenos culturais e naturais de Portugal. Por outro lado, é imperiosa uma po‑ lítica de Educação Patrimonial, pro‑ movendo uma revolução suave como aquela que vivemos com o Ambiente e a interiorização da necessidade de reciclar, poupar recursos. Ideias que se transformaram em comportamentos, totalmente integrados no dia‑a‑dia de cada um de nós. Uma Política de Educação Patrimonial permitiria, num horizonte de 20 anos, ter os adultos de então a conviverem com o património como algo de absolutamente normal, banal, sem qualquer perda de noção do seu significado e valor único. A conjugação destas duas acções, ambas com resultados a médio e longo prazo, poderia garantir mais vida para o património que herdámos, quer em termos de longevidade, quer em termos de verdadeiro usufruto por todos.

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NOTÍCIAS 14

COMUNICAÇÃO MULTICULTURAL EM DESTAQUE NAS JORNADAS DE PROTOCOLO O Centro Cultural de Cascais volta a re‑ ceber as Jornadas de Protocolo da APEP ‑ Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo. Este ano o tema prin‑ cipal é “o Protocolo e a Comunicação Multicultural”. “O tema pareceu‑nos da maior actualidade por isso a APEP decidiu reunir especialistas de diversos domínios e de várias nacionalida‑ des para aprofundar o debate sobre a comunicação multicultural em eventos

internacionais”, sublinha a presidente da associação, Isabel Amaral. Mas há outros assuntos na agenda, e que preocupam os profissionais de protocolo. “Nestas jornadas haverá, por exemplo, uma mesa redonda sobre ‘A marca da cidade nos eventos interna‑ cionais’ que poderá interessar a todos os responsáveis pelo protocolo, comunica‑ ção e imagem das autarquias. Mas não posso ainda revelar o resto do programa

porque estamos na fase do envio de convites para os oradores e só depois po‑ deremos divulgar o programa definitivo. Convidámos o Professor Marcelo Rebelo de Sousa para proferir a conferência de abertura e tenho a certeza de que des‑ pertará muito interesse na assistência”, refere a responsável. O encontro anual dos profissionais de protocolo está mar‑ cado para 20 de Novembro.

ECONOMIA DA PARTILHA EM DESTAQUE NO GREENFEST A sexta edição do Greenfest vai ter como tema principal a Economia da Partilha e vai assinalar três grandes efemérides que têm lugar em 2013: o Ano Internacional da Cooperação pela Água, o Ano Europeu dos Cidadãos e o Ano da Arquitectura Portuguesa. O empreendedorismo, com base no conceito de cultura colabora‑ tiva, será outra das abordagens a que o Greenfest pretende dar palco, ajudando a divulgar ideias e projectos que são um estímulo à criatividade e inovação. O festival junta no mesmo espaço, o Centro de Congressos do Estoril,de 3

a 6 de Outubro o que de melhor se faz em Portugal em termos de sustentabi‑ lidade ambiental, social e económica. Além da vertente expositiva, do pro‑ grama constam workshops, debates e palestras, conferências, oficinas e ateliers, teatro, cinema, concertos, ex‑ posições, actividades lúdicas e de lazer. O evento é organizado pela Câmara Municipal de Cascais, Grupo Gingko e agência BY (Wygroup) e tem como mentor Pedro Norton de Matos. A Event Point é media partner da iniciativa.


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MIGUEL BARROS C ON S ULT OR D A S F ORI


OPINIÃO 17

MODELO 5’S: UMA VIA PARA A GESTÃO DOS TEMPOS E ESPAÇOS DE TRABALHO

A organização dos espaços de trabalho, aspecto essencial para o sucesso de qualquer actividade laboral, tem recebido uma crescente atenção por parte dos organismos empresariais. Com a sua interiorização no seio empresarial e industrial, o conceito de organização dos espaços de trabalho ganhou várias formas (modelos): Total Productive Maintenance ‑ TPM, Just In Time, entre outros. Entre os inúmeros modelos de gestão de produção e espaços de trabalho, evidencia‑se o modelo dos 5’s, que se caracteriza pela fácil implementação e adaptação à grande maioria das reali‑ dades de trabalho. Este consiste num método de organização dos locais de trabalho, orientado para a eficiência e eficácia, rigor e fiabilidade, tendo sido implementado, por exemplo, na Volkswagen Autoeuropa. Aliada à realização de eventos desti‑ nados ao público, existe uma intensa

mobilização logística de pessoas e bens, que nem sempre são geridos da melhor forma, em termos de organização de espaços nos even‑ tos. Os cenários problemáticos mais frequentes relacionam‑se com o transporte, disposição e organiza‑ ção dos materiais e espaços a serem utilizados no evento (montagem de cenários, preparação de materiais e equipamentos, entre outros), a gestão de recursos humanos e os resíduos ou by‑products gerados.

Aplicar a totalidade dos 5’s num evento requer alguma adaptação das várias etapas do modelo ao evento a realizar. No entanto, existem ideias‑chave que formam o cerne de todo o processo.

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OPINIÃO . MODE L O 5 ’ S : UM A V I A PA R A A GE S TÃ O D O S T E MP O S E E S PA Ç O S DE T R A B A L HO , P OR MIG UE L B A RRO S 18

Começamos com a separação e orga‑ nização específica dos materiais de trabalho. Ou seja, distinguir entre o que será utilizado no evento e o que não é necessário utilizar: por exem‑ plo, remover materiais que já estejam no espaço e que não tenham utilidade para as actividades a desenvolver. O benefício mais óbvio desta orga‑ nização é a melhoria na produção e no tempo de resposta a situações emergentes. É frequente desviarmos a atenção do nosso trabalho para procu‑ rarmos ferramentas, materiais, docu‑ mentos, entre outros. Ora, esta é uma das formas mais frustrantes de tempo perdido em qualquer local de trabalho. Um aspecto‑chave deste modelo de organização dos espaços laborais está relacionado com o facto dos materiais de trabalho mais utilizados serem organizados nos locais mais acessíveis e, adoptando uma metodologia de or‑ ganização correcta, os materiais serão recolocados no seu devido local após a utilização. É, portanto, essencial criar algumas áreas onde os materiais dos eventos se encontrem dispostos de forma organizada, adaptada ao seu objectivo: seguirem uma sequência de utilização; estarem agrupados por tipologia de actividade/tarefa; entre outros. É importante que, após cada utilização, os materiais se encontrem em bom estado de conservação para que possam ser reutilizados imedia‑ tamente (se necessário) e não ocorram perdas de tempo na sua limpeza e/ou reparação. É, portanto, uma responsa‑ bilidade de cada utilizador proceder à sua utilização de forma adequada. Em alguns casos, os organizadores dos eventos procedem à identificação/ etiquetagem das caixas de transporte dos materiais, dos invólucros, e das

áreas onde devem ser colocados tipos específicos de objectos/documentos. A nomenclatura utilizada deverá ser do conhecimento dos colaboradores do evento para que estes possam proceder à correcta disposição e movimentação dos materiais e processos. Aliada a esta ideia está a qualidade. A sujidade e a desorganização têm a potencialidade de reduzir a qualidade dos processos desenvolvidos nas em‑ presas e nos eventos, podendo trans‑ mitir uma ideia negativa ao público sobre a empresa e a sua motivação/ ideologia. Por outro lado, a sujidade e a desorganização podem resultar em graves impactos sobre os processos produtivos/actividades programadas, de forma directa ou indirecta, com‑ prometendo a qualidade do produto final ‑ os eventos e as actividades a eles associadas. Como tal, é necessário as‑ segurar que os espaços reservados aos colaboradores, e principalmente os que estão reservados ao público, se encon‑ tram limpos e organizados, de forma a manter um ambiente salubre e contri‑ buir positivamente para a imagem do evento e da empresa organizadora. Por último, outro dos objectivos do modelo é a melhoria da saúde e da segurança neste âmbito. É neste passo que se promovem as melhorias e formas de desenvolver outras estraté‑ gias para uma organização adequada e funcional. Vias de circulação desimpe‑ didas, nas áreas ocupadas pelo público e nas zonas de colocação de materiais, podem minimizar a ocorrência de acidentes e facilitam a limpeza e orga‑ nização dos locais. É essencial manter constantemente a conservação das condições físicas e de saúde dos mate‑ riais e locais utilizados.

A organização dos espaços nos eventos promove uma execução mais eficaz e segura, contribuindo para uma maior qualidade do evento realizado e incentivando a adesão por parte do público, em eventos organizativos, por exemplo. A implementação com sucesso requer que todos os colaboradores entendam a importância, qual a finalidade e quais os resultados esperados, sendo o objectivo final a melhoria na performance empresarial.


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RIC BIRCH: O SENHOR JOGOS OLÍMPICOS “POR VEZES TEMOS IDEIAS QUE DESAFIAM ALGUMAS LEIS BÁSICAS DA FÍSICA” É da imaginação deste homem que vai sair a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ric Birch partilha com a Event Point o seu processo criativo e os aspectos críticos de organizar mega eventos. Como é que funciona o seu processo criativo, quando planeia um evento? Normalmente começo por imaginar o que qualquer pessoa sentada nas ban‑ cadas vê: dessa forma consigo obter a escala da produção, em vez de simples‑ mente desenhar plano por plano para a televisão. Depois tento desenvolver aquela que é a base da cerimónia, de forma a que haja um referencial para avaliar as ideias. Mais tarde essa base pode ser modificada, mesmo des‑ cartada, mas é importante para mim começar já com uma estrutura onde podemos inserir os conceitos criativos. Obviamente trabalho com uma equipa de pessoas criativas: designers, rea‑ lizadores, coreógrafos, entre outros, mas no início de cada um dos gran‑ des projectos eles não são chamados, por isso eu normalmente desenvolvo a estrutura para a cerimónia, o que depois dá às equipas criativas algum material para começarem a trabalhar.

Encorajo‑os sempre a adaptar e a de‑ senvolver os conceitos iniciais, mas de forma geral as ideias originais sobrevi‑ vem de uma forma ou de outra. Está presente em todos os passos do processo? Da concepção à execução? Quando comecei nas cerimó‑ nias (Jogos da Commonwealth em Brisbane, em 1982, e Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984) estava pre‑ sente desde o início até ao fim, porque achava que essa era a obrigação do produtor, e tento continuar a fazê‑lo desde então. No entanto, desde que fundei a minha empresa, a Spectak, tenho a necessidade muitas vezes de supervisionar mais do que um projecto e então é mais difícil estar em todos os passos do processo. No entanto, para as grandes cerimónias internacio‑ nais já vivi em Brisbane, Los Angeles, Singapura, Barcelona, Sydney, Milão, Dubai, Pequim, Cidade do México,

Nova Deli e Xangai ‑ o que me permitiu dedicar o máximo de tempo possível aos projectos. Normalmente trabalho muito próximo da equipa criativa no início e depois do esquema da cerimó‑ nia estar desenvolvido, afasto‑me um pouco para permitir às diferentes disciplinas criativas alguma liberdade e independência. Se considero que o desenvolvimento criativo está a correr bem, não vou mudar as coisas, mas se estiverem com dificuldades, envol‑ vo‑me. Procuro antecipar se algum aspecto do desenvolvimento criativo pode ser executado dentro do nosso tempo e orçamento, e mesmo se é uma coisa prática; por vezes temos ideias que desafiam algumas leis básicas da física ‑ como a gravidade! E na parte da produção? Também me envolvo no início do planeamento da produção, particu‑ larmente no que toca ao orçamento,


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porque isso é a base de tudo. Uma vez definido e aprovado, a equipa de produção começa a reunir‑se e cada departamento fica com as responsabi‑ lidades da sua área. Qual é o segredo do sucesso de um mega evento? A coordenação de todo o staff? A comunicação? A experiência do público? O planeamento? Todos os aspectos que referiu são essenciais para criar um evento de sucesso... e muitos mais. Acho que o ponto inicial é desenvolver na cerimó‑ nia aquilo que reflecte verdadeira‑ mente a comunidade anfitriã, seja ela uma cidade ou um país. Se os cidadãos locais validam a cerimónia como uma verdadeira encarnação ou retrato da sua sociedade, isso significa que con‑ seguimos capturar algumas das carac‑ terísticas essenciais da cidade ou país

anfitrião, e que agora precisam de ser visualmente interpretadas para o resto do mundo apreciar, mantendo claro o espectáculo teatralizado e televisivo. Digo sempre aos meus directores cria‑ tivos que nós não estamos a produzir um documentário social, estamos a produzir um espectáculo. Assim que o esquema criativo está acordado, a equipa de produção começa a trabalhar nas fases de execução e operaciona‑ lização, sendo que cada uma requer diferentes capacidades técnicas. Uma cerimónia de Jogos Olímpicos mo‑ derna tem uma equipa de produção de 500 a 1000 pessoas, responsáveis por criar, planear, organizar, treinar, ensaiar e pôr em marcha um espec‑ táculo que pode envolver mais de 25 mil figurantes, mais de 12 mil atletas, que aparecem em frente a um público que pode incluir cerca de 100 chefes de

estado, e mais uma audiência televisiva de milhares de milhões. Embora numa escala muito maior, uma cerimónia dos Jogos Olímpicos utiliza o mesmo tipo de planeamento de produção de qualquer outro even‑ to ao vivo. Muitas famílias sabem o planeamento envolvido por exemplo num casamento. Multiplique isso por pelo menos mil, junte interferências políticas em casa e no estrangeiro, entrevistas e cobertura dos meios de comunicação internacional, requisi‑ tos de protocolo do Comité Olímpico, exigências dos patrocinadores locais e internacionais, restrições de segu‑ rança, transportes e regulamentos de acreditação, ainda as previsões mete‑ reológicas, problemas com os trajes, e começa a perceber o que são os basti‑ dores de uma cerimónia olímpica.

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GRANDE ENTRE VISTA . RIC B IRC H 22

“A REACÇÃO DOS ESPECTADORES É ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL PARA O SUCESSO DA CERIMÓNIA” Nestes mega eventos é mais importante a experiência do público que está a assistir ao vivo, ou a experiência das pessoas que estão a ver em casa? Pessoalmente acho que é a audiência no estádio. A reacção dos espectadores é absolutamente essencial para o suces‑ so da cerimónia, e por isso fiquei tão desapontado que o Danny Boyle tenha pré‑gravado tanta coisa da cerimó‑ nia de abertura de Londres 2012. Em Londres, o público foi forçado a ver muitos segmentos nos ecrãs gigantes ‑ podiam não ter gasto tanto dinheiro nos bilhetes e ficar a ver a transmissão em casa. Estabelecendo o contraste posso dizer que muitas vezes desligo os ecrãs durante os segmentos mais im‑ portantes da cerimónia, de modo a que os espectadores no estádio se concen‑ trem no espectáculo que decorre à sua frente, porque ele foi especificamente desenhado para ser visto ao vivo das bancadas. Eu comecei a minha carrei‑ ra como realizador de televisão, e isso ajuda porque posso contribuir com essa experiência quando estamos a planear um espectáculo. Muito embora um bom realizador de tv consiga cobrir qualquer coisa que decorra ao vivo, nós tentamos desenhar o evento de forma a que o rea‑ lizador o possa filmar da melhor forma possível de modo a contar a história. O mais importante para mim é que os apresentadores da tv e da rádio reajam à atmosfera que se vive no estádio. Se os espectadores estão entusiasmados e a saltar da cadeira por causa daquilo a que estão a assistir, os apresentadores vão passar esse entusiasmo para os

seus espectadores em casa. Se o públi‑ co está simplesmente sentado no seu lugar, no estádio, a olhar para os ecrãs, os apresentadores não têm nenhum entusiasmo em que se basear. Trabalha com um plano B? Temos planos de contingência basea‑ dos nas condições meteorológicas. Por exemplo se há performances aéreas ou objectos a voar ou flutuar, há um limite da velocidade do vento, por razões de segurança. Se a velocidade do vento é acima dos 32km/h, isso normalmente significa cancelar todos os actos aéreos incluindo paraquedistas e provavel‑ mente levaria ao cancelamento de acções com grandes quantidades de pano ou balões de hélio. Em Sydney 2000 desenvolvi um plano de contin‑ gência meteorológica que tinha três patamares, dependendo do timing e do grau de severidade. No pior dos cená‑ rios implicava transportar todos os elementos formais da cerimónia para um estádio indoor, onde os atletas já estariam reunidos. Felizmente nunca um evento meteorológico afectou uma cerimónia minha de Jogos Olímpicos, muito embora tenha cancelado um segmento de queda livre na abertura dos Jogos da Commonwealth em 1982. Qual é o impacto das novas tecnologias no design de um evento? A indústria do entretenimento, de uma forma geral, está sempre à procura de novas formas de usar a tecnologia, e isso acelerou muitas coisas, incluindo os lasers, as luzes controladas por com‑ putador e a Internet. De resto muitos técnicos e músicos nas tournées rock foram os primeiros utilizadores signifi‑ cativos do email nos anos 80. Pirotecnia através do computador é outra área onde a tecnologia foi desviada para o entretenimento, e telas de água, projec‑ ção vídeo e tecnologia de fonte de água, todas conheceram grandes avanços devido à indústria do entretenimento.

Quais são as principais tendências hoje em dia? Estamos sempre à procura de novas formas de incorporar a tecnologia e formas de envolver o público em acro‑ bacias interactivas. Mas muitas vezes as melhores ideias são conceitos criativos que dependem do talento coreográfico. Qual foi o evento que mais gozo lhe deu conceber? Cada cerimónia foi um desafio e um gozo, mas os Jogos Olímpicos de Barcelona mostraram que era possível incorporar um nível de imaginação e teatralidade jamais visto. Acho que as cerimónias que se seguiram beneficia‑ ram desta. Além dos Jogos Olímpicos, devo dizer que me deu muito gozo con‑ ceber o submarino cor‑de‑rosa, à escala, para a Expo 88, a pirâmide Asteca para o México 2010, um espectáculo de pati‑ nagem com malabarismo para a Magia do Quebra‑Nozes Xangai 2011 e agora já estou a pensar no Rio, em 2016. Depois de 30 anos no activo, ainda sente paixão por produzir eventos? Claro que sim! Não me imagino a fazer mais nada. Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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AUDIOVISUAIS VER, OUVIR, SENTIR

As empresas de audiovisuais são um dos fornecedores‑chave de um evento e da sua boa prestação depende muito o sucesso do mesmo. Fomos perceber de que forma a crise afectou algumas das empresas do mercado, onde procuraram inovar e como perspectivam o futuro. RETRATO DO SECTOR DOS EVENTOS Os últimos anos têm sido de contrac‑ ção para o sector de eventos de uma forma geral. É essa também a opinião de Salvador Sequeira, da Audiomeios, empresa há quase duas décadas no mercado dos audiovisuais. “O sec‑ tor contraiu significativamente nos últimos anos, expondo algum excesso de oferta e uma clara falta de defi‑ nição das regras do jogo na relação entre cliente, agência e fornecedores”. Também Cândido Rodam, um deca‑ no quando se fala em audiovisuais, actualmente presidente do Conselho de Administração da AVK, admite que o sector “não escapou à retrac‑ ção económica”. A procura reduziu, sobretudo a nível nacional, sublinha este responsável. Já Nuno Ferreira, da Eurologistix, empresa no mercado há mais de quinze anos, apesar de reconhecer que o sector dos eventos sofreu com a crise, prefere lembrar que em cada crise há uma oportuni‑ dade. “Podem criar‑se oportunida‑ des estratégicas entre várias partes interessadas, seja pela captação de eventos, como pela forma de se pro‑ porcionarem experiências inovadoras ao cliente”. João Cardoso, da Service Pack, não tem dúvidas, o sector dos

eventos está “cada vez mais exigen‑ te”. Mas com menos capacidade para pagar a inovação. “Os organizadores têm um know‑how interessante, esbarramos é nos baixos orçamentos, sobretudo na vertente corporate”. Nos últimos anos o mercado dos au‑ diovisuais ficou marcado pelo desapa‑ recimento da Alfasom, líder do merca‑ do até essa altura, e pelo aparecimento de novas empresas. Cândido Rodam tem dúvidas quanto à qualidade da maioria, “em geral com reduzida ca‑ pacidade técnica e financeira”, afirma. “A crise vai continuar a reflectir‑se na reestruturação do tecido empre‑ sarial de serviços audiovisuais, uma vez que as dificuldades financeiras e técnicas irão fazer a separação do trigo e do joio”, comenta o presidente do Conselho de Administração da AVK. Nuno Ferreira, da Eurologistix acredi‑ ta que só com o passar do tempo vai ser possível ver quais as empresas que vão conseguir sobreviver às novas exigên‑ cias do mercado audiovisual. “Creio que ainda nos encontramos numa fase embrionária no que diz respeito à se‑ lecção entre as empresas boas e menos boas”, refere. João Cardoso acredita que algumas destas novas empresas

têm o seu espaço no mercado, mas que outras acabam por “destruí‑lo” com a política de preços. E Salvador Sequeira, da Audiomeios, dispara, “Esta crise deveria ser útil para cada organização perceber se está ou não a seguir uma estratégia sustentável e adequada”.

OS ORÇAMENTOS A crise reflecte‑se nos orçamentos, mas para Salvador Sequeira o esma‑ gamento de preços existiu sempre. “Em qualquer negociação tenta‑se sempre ter o máximo pelo mínimo custo possível, nesta fase custa mais, mas só aceita baixar os valores abai‑ xo do razoável quem quer”. Segundo Cândido Rodam, há empresas que estão a oferecer preços abaixo do custo, o que a prazo “acabará por ter consequências graves para todos, for‑ necedores e clientes”. Já João Cardoso, da Service Pack, empresa forte na região norte do país, considera que se chegou ao limite do razoável, “não sei é se não vai continuar assim”. De uma forma geral os eventos estão a tor‑ nar‑se mais “minimalistas”, admite Nuno Ferreira, da Eurologistix. “Os W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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valores que constam nos orçamentos têm vindo a decair, quando compara‑ dos com os anos anteriores. Se o mer‑ cado audiovisual continuar a praticar estes valores, para muitas das empre‑ sas que prestam serviços actualmente poderá tornar‑se insustentável”. Mas será o orçamento o principal cri‑ tério de escolha de um fornecedor de audiovisuais? Salvador Sequeira é pe‑ remptório: “Nunca o será, pelo menos para quem procura alguma qualidade e inovação. Quem escolher qualquer fornecedor apenas pela premissa preço correrá sérios riscos de ser mal servi‑ do”. Esta opinião é partilhada por João Cardoso, da Service Pack, que acres‑ centa que os clientes mais antigos não aceitam correr tantos riscos, optando muitas vezes pelos fornecedores habi‑ tuais. Mas “estão a crescer os clientes em que o orçamento é o principal critério”, admite. Cândido Rodam, da AVK, afina pelo mesmo diapasão. “O preço é um importante critério de escolha, para alguns clientes tem sido mesmo o único. A nossa experiência diz‑nos que os clientes mais exigentes em termos de garantia dos serviços continuam a ponderar devidamente a qualidade dos serviços e a proposta de soluções inovadoras”.

EXCLUSIVIDADE: SIM OU NÃO? É uma das questões mais polémicas e que gera mais discussão no mercado. Deve ou não um espaço ter fornece‑ dores exclusivos? Que benefícios e que desvantagens pode trazer ao cliente? Que repercussões pode ter no resto do mercado? A maioria dos gestores de eventos ou das empresas de congressos não vê grandes vantagens na exclusi‑ vidade. O que pensam os fornecedores sobre esta matéria? O responsável da Audiomeios diz que “hoje em dia

parece não fazer muito sentido fa‑ lar‑se em exclusividade audiovisual. No entanto, alguns espaços têm espe‑ cificidades tais que só uma empresa com pré‑instalação de estruturas e equipamentos poderá tornar os even‑ tos financeiramente viáveis”. Cândido Rodam lembra que a exclusividade em espaços de congressos é algo relati‑ vamente normal. “A exclusividade em infra‑estruturas para eventos, em especial nas vocacionadas para con‑ gressos de média e grande dimensão, é uma realidade em todo o mundo, mesmo em mercados fortemente liberalizados. E a principal razão é a garantia da prestação continuada de serviços em conformidade com os requisitos dos clientes, sejam estes mais ou menos exigentes, dispondo ou não o fornecedor do equipamento e dos técnicos necessários e, obviamente, com políticas de preços ajustadas à concorrência similar nacional e inter‑ nacional”, refere. O presidente da AVK adianta ainda que a empresa já teve necessidade de “recorrer ao mercado internacional para satisfazer necessidades pontuais dos clientes, com prejuízos financeiros significativos, mas garantindo que o cliente tem o serviço que pretende e que em Portugal é sempre possível sa‑ tisfazer todos os requisitos de qualquer evento, por mais sofisticado que seja”. Nuno Ferreira, da Eurologistix, aponta justamente a importância de conhecer o espaço como aspecto positivo para o cliente. “A equipa audiovisual conhece o espaço como ninguém e, como tal, tem uma grande vantagem e facilidade na solução de problemas inespera‑ dos que poderão surgir. A ajuda e a confiança da informação detida pela equipa comercial e a gestão audiovisual da empresa fornecedora é a grande vantagem da exclusividade”, destaca. “A exclusividade só é boa para quem fornece, nunca para o cliente”, diz João Cardoso, da Service Pack, admitindo

no entanto que gostava de ter exclusi‑ vidades. No seu entender, a tendência é exactamente a contrária, que haja opção de escolha por parte do cliente. O director da Eurologistix realça a possível insegurança do cliente face ao fornecedor com que é obrigado a trabalhar. “Considerando que muitas das vezes o cliente não tem qualquer vínculo comercial prévio, poderá ficar receoso acerca do resultado final, por não estar habituado à forma de funcio‑ namento da nova equipa. No entanto, grande parte das vezes, esse descon‑ forto poderá transformar‑se numa total confiança, por parte do cliente, no novo fornecedor audiovisual”. Cândido Rodam acredita que os aspec‑ tos negativos da exclusividade são: “na óptica do cliente, é não poder colocar em concorrência, caso a caso, vários fornecedores, baixando os preços, e na óptica dos fornecedores e do mercado, a inexistência de incentivos à criação de fornecedores qualificados e de di‑ mensão internacional, levando a que os grandes eventos internacionais sejam fornecidos por empresas estrangeiras”.

TENDÊNCIAS DOS PRÓXIMOS ANOS A projecção de vídeo terá sido uma das vertentes em que a inovação mais se notou e que mais impacto teve no sec‑ tor dos eventos. No entender do res‑ ponsável da Audiomeios, “A tendência continuará a ser a de produções cui‑ dadas ao pormenor onde as projecções de vídeo em grande formato e de alta resolução continuem a causar o maior impacto”. Salvador Sequeira aponta ainda outras tendências, como a inte‑ ractividade e o live stream dos eventos. João Cardoso partilha da opinião. No seu entender vai haver cada vez mais trabalho de vídeo e de luz, com conteú‑ dos inovadores. Nuno Ferreira lembra


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CONVENÇÃO COMERCIAL 2013 . AGÊNCIA LIME © AUDIOMEIOS

DUAS PERGUNTAS A SALVADOR SEQUEIRA, DA AUDIOMEIOS a questão das aplicações móveis e a forma de chegar hoje aos conteúdos e à informação. “Vemos uma grande fatia dos nossos clientes a acederem a informação através de tablets e telefo‑ nes, a utilizar aplicações e a ‘brincar’ com realidade aumentada no meio dos eventos. Claro que isto a certa altura vai obrigar os equipamentos audiovi‑ suais a acompanhar esta tendência”. Cândido Rodam aponta a importância do “desenvolvimento de novas solu‑ ções, adequadas à evolução das técni‑ cas e dos modelos de comunicação”.

Como é que a Audiomeios se adaptou ao contexto do mercado? A Audiomeios continuou a fazer o mesmo caminho que já leva 19 anos, adaptando‑se todos os dias com vista a superar expectativas, seguindo sempre uma estratégia de lealdade e transpa‑ rência com todo o mercado. Não temos truques de magia, a nossa adaptação fez‑se e continuará a fazer‑se com muito trabalho e dedicação.

Neste contexto de crise é possível continuar a inovar, disponibilizar novos produtos e serviços? De que forma a Audiomeios inovou nos últimos anos? Claro que sim! Neste ou em qualquer outro contexto quem não inovar nas soluções que apresenta acabará por ser ultrapassado. A Audiomeios inovou na forma como operacionaliza os eventos, bem como na aquisição de equipamen‑ tos de áudio, iluminação e vídeo que permitem ainda melhores resultados e performances audiovisuais.

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EDP . DESAFIO GLOBAL © AV K

DUAS PERGUNTAS A NUNO FERREIRA, DA EUROLOGISTIX

a cada um individualmente. Para tal, tentamos sempre conhecer melhor o nosso cliente, assim como o evento que pretende, de forma a contribuir na elaboração de um evento de sucesso.

Como é que a Eurologistix se adaptou ao contexto do mercado? A Eurologistix sofreu uma revolução na sua estrutura interna o que con‑ duziu ao surgimento de uma cultura organizacional muito característica, à qual costumamos chamar “Cultura Eurologistix”. O nosso enfoque é o cliente e a organização/presta‑ ção de serviços audiovisuais. Para a Eurologistix, o cliente encontra‑se no centro, temos uma abordagem holística, com total disponibilidade e dedicação. No entanto, somos sen‑ síveis à mudança, o que nos permite adaptar às alterações que ocorrem no nosso ambiente externo, não perdendo de vista a resiliência que é necessária actualmente e aquilo que são as ne‑ cessidades dos nossos clientes . Temos como missão apresentar e entregar um serviço de excelência. Temos a perfeita noção de que todos os clientes são diferentes, e devemos adaptar‑nos

Neste contexto de crise é possível continuar a inovar, disponibilizar novos produtos e serviços? De que forma a Eurologistix inovou nos últimos anos? Parece‑me que parte da resposta se prende com uma maior aposta na “Criatividade” na concepção dos even‑ tos. Ou seja, apostar numa maior capaci‑ dade de gerar ideias, que se traduzam em novos produtos ou novos processos, com o principal intuito de criar mais‑valias nos eventos e serviços com valor acres‑ centado. É deste modo que devemos colocar em prática a “Inovação”. É este o nosso desafio. Tentamos reger‑nos por uma filosofia de Lean Management, melhorando continua‑ mente os nossos processos (manten‑ do sempre a qualidade), reduzindo custos e entregando valor na pers‑ pectiva do nosso cliente. Não obs‑ tante, procuramos constantemente novos produtos que nos permitam destacar da restante concorrência.

DUAS PERGUNTAS A CÂNDIDO RODAM, DA AVK Como é que a AVK se adaptou ao contexto do mercado? A AVK nasce já em plena crise, posicio‑ nando‑se como um operador que visa uma elevada qualidade dos serviços e de sofisticação tecnológica. Como resposta aos desafios do mercado a AVK criou uma estrutura ligeira, focalizada na área téc‑ nica, efectuou um elevado investimento em equipamento de ponta e recrutou téc‑ nicos dos mais qualificados do mercado. Adoptou práticas de excelência e dispõe da certificação da qualidade conforme a NP EN ISO 9001:2008, mantendo a visão de que o mercado valoriza a qualidade, de imediato ou a prazo. Neste contexto de crise é possível continuar a inovar, disponibilizar novos produtos e serviços? De que forma a AVK inovou nos últimos anos? A AVK é a prova de que, apesar da crise, é possível continuar a inovar, a dispo‑ nibilizar novos produtos e serviços. A AVK cresceu de forma sustentada nos três anos de existência e está presente


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EVENTO MICHELIN © EUROLOGISTIX

nos principais eventos e infra‑estrutu‑ ras de referência o que significa que a qualidade, a inovação e um elevado nível de serviço continuam a compensar.

DUAS PERGUNTAS A JOÃO CARDOSO, DA SERVICE PACK Como é que a Service Pack se adaptou ao contexto do mercado? Tentámos, por um lado, manter os clientes antigos e, por outro, con‑ quistar outros clientes, e sobretudo

© SERVICE PACK

em Lisboa temos margem para cres‑ cer. Temos contrabalançado neste momento a queda do mercado corpo‑ rativo e de congressos com os eventos políticos. Estamos ainda a dar passos noutros mercados, nomeadamente em Moçambique, onde já temos a empresa estabelecida. Neste contexto de crise é possível continuar a inovar, disponibilizar novos produtos e serviços? De que forma a Service Pack inovou nos últimos anos? Apesar da crise conseguimos fazer algum investimento em equipa‑ mento de forma a aumentar a nossa capacidade de resposta. Além disso

procurámos optimizar recursos, processos, pessoas, ou seja, inova‑ mos internamente. Em termos de produtos e serviços novos, lançámos recentemente o “speaker schedule information system”, um sistema de informação sobre o orador que está em cada uma das salas, a que horas começou, quanto tempo falta para terminar a comunicação. São coloca‑ dos ecrãs por todo o espaço do con‑ gresso com essa informação. Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]

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TIAGO ALVES RIBEIRO DIRE C T OR DO ONE WAY GROUP


OPINIÃO 29

“CONTENT IS KING”

Bill Gates escreveu um artigo em 1996, no qual se referia ao famoso “Content is King”, falando sobre a sua visão do futuro da internet e de como as mais diversas realidades iriam ter de se adaptar a este novo gigante. Passados 17 anos, apercebemo‑nos de como algumas das suas ideias acaba‑ ram por se materializar e como essa análise se aplica a diversos campos. Nos mais variados meios e formatos, o conteúdo acaba por ser vital na cria‑ ção das “relações” de que tanto se fala hoje, e das quais as redes sociais são o seu maior exemplo.

A informação, a interacção e o entretenimento são factores sem os quais os meios não passam de canais sem substância. A televisão, a internet, a imprensa cada vez mais travam as suas batalhas ao nível de conteúdos. Basta olharmos para a evolução dos smartphones para entender que já não é suficiente querer apenas ter “o melhor equipamento”, ignorando o massificado mercado que existe em torno das aplicações, que se renovam diariamente e que fazem parte inte‑ grante do dia‑a‑dia das pessoas. É um facto inegável que a tecnologia faz cada vez mais parte da nossa vida, não só como uma nova forma de sociabi‑ lizar mas também no nosso trabalho e lazer, e que esta vai certamente evoluir e aperfeiçoar as vertentes já exploradas. Temos assistido a uma evolução, na qual a utilização deste tipo de ferramentas pode facilitar as visualizações e inte‑ rações em áreas tão distintas como a

Arquitectura, a Medicina, a Ciência, etc. Num futuro próximo iremos assistir à sua inclusão em vertentes mais criativas, como o mundo das artes, onde a tecnologia e os conteúdos têm dado os primeiros passos, nas esco‑ las e universidades. Assim sendo, a tecnologia audiovi‑ sual, e os mercados onde se insere, não são excepção. Cada vez mais as pessoas estão tecnolo‑ gicamente informadas e menos abertas a abdicar do seu tempo para soluções que não lhes tragam nada de novo, e que não falem directamente com elas. É absolutamente essencial perceber que a tecnologia só por si não é su‑ ficiente, e que temos de conhecer e respeitar cada vez mais o target com que interagimos. É necessário aprender a tirar partido do que temos ao nosso alcance de uma forma inteligente e marcante, cativan‑ do a atenção das pessoas e levando‑as a viver e falar das suas experiências. Os formatos por si só não são suficientes. Podemos trabalhar com a última geração de aparelhos, associados a uma qualquer solução interactiva, mas se não tivermos “estudado” o nosso cliente, a sua marca, produto, necessidades, objectivos, e o alvo a que se dirigem, criando algo de único, original e com grande qualidade, o audiovisual não vinga. Hoje em dia, o formato “revolucio‑ nário” tem um prazo muito curto, e apesar de ser fantástica a evolução da tecnologia nas mais diversas variá‑ veis, a realidade é que deixa de ser

novidade muito rapidamente. Mais do que nunca, o que fazemos dela é realmente o factor que vai ser diferen‑ ciador e ditar o seu sucesso. A democratização dos meios, o acesso diário facilitado a tecnologia de ponta, veio inevitavelmente voltar o ónus para os conteúdos, para a personali‑ zação, para o one‑to‑one. A combinação e equilíbrio entre o acesso que temos actualmente aos mais diversos gadgets, e a criatividade com olhos postos no utilizador final, que tenha em conta os seus objectivos, como marca/produto, ou ambições como pessoa, são essenciais para extrapolar o potencial de uma “máquina” e dar‑lhe vida, significado e aplicabilidade.

Assim sendo, e apesar de ser fascinante a evolução tecnológica, com tudo o que de positivo e negativo acarreta, não nos podemos esquecer de que existem para interagir nas suas mais diversas formas com pessoas, e que estas querem acima de tudo lidar com ideias, experiências e conteúdos. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


CASE‑STUDY 30

CONVENÇÃO ROTARY INTERNATIONAL: UM DESAFIO QUE MARCA

Para assegurar alguns dos mais relevantes momentos da convenção Rotary International, em Lisboa, em particular as cerimónias de abertura e encerramento, a Desafio Global (DG) Ativism reuniu uma equipa de 200 pessoas. Nela estavam incluídos 10 gestores seniores e um vasto conjunto de técnicos, “que fomos buscar a outras empresas, por considerarmos que eram os melhores em cada uma das áreas”, desde a iluminação às estruturas, do vídeo aos conteúdos, ou ao rigging. Um evento onde todos os dias havia “coisas complexas para gerir”, garantem Joana Prata, Marina Lebernegg e Pedro Rodrigues, da DG.


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CURIOSIDADES O primeiro contacto surgiu em Dezembro de 2012. Receberam o briefing, “muito segmentado”, recorda Marina Lebernegg, no início deste ano, dando início a um processo interno, criativo, capaz de desenvolver um conceito, uma cenografia. A primeira dificuldade surgiu desde logo com a necessidade de apresentar uma pro‑ posta numa língua estrangeira, mas mais do que isso para alguém cujos hábitos, prática, cultura, são bem diferentes dos nossos. A Freeman é a agência norte‑americana que coorde‑ na todas as convenções internacionais dos Rotários, aconteçam elas onde acontecerem, e foram por isso eles a decidir, juntamente com o Rotary International, atribuir este trabalho à Desafio Global, fazendo uma selecção entre agências de vários países. Assim, as propostas foram entregues em Fevereiro, e em Abril chegou o resultado do concurso. “Tínhamos a clara vantagem, entre todos os con‑ correntes, de sermos aqueles que, de longe, mais eventos haviam realizado no MEO Arena”, reconhece Joana Prata, “Mas não nos coibimos de desenhar um projecto muito arrojado e

cenicamente arrebatador”, garante. “Entre nós e a Freeman houve uma em‑ patia, formou‑se uma parceria quase instantânea”, conta Marina Lebernegg, “talvez porque a proposta que apresen‑ támos, muito atenta aos detalhes, como eles são, lhes tenha suscitado confiança no nosso trabalho”. Uma vez adjudicado o projecto, iniciou‑se todo um com‑ plexo processo de implementação, que culminou nos 10 dias vividos no MEO Arena, entre montagens, ensaios, even‑ tos e desmontagens. Ao todo, a equipa de gestão criada pela Desafio Global ficou dedicada a este projecto, quase em exclusivo, durante dois meses. Após a adjudicação, a DG passou a ser “o braço da Freeman em Portugal”. Ainda assim, a agência norte‑america‑ na destacou para este evento um líder de projecto, Steve Overby, um responsável técnico, Kenny Hunt, e uma responsá‑ vel pela direcção artistica, Judy Thee. O Rotary International também partici‑ pou directamente nas últimas reuniões, “numa fase em que é preciso fechar todos os detalhes, e obter muitas das respostas que estão tradicionalmente do lado do cliente, até muito perto do evento”, explica Joana Prata.

Um dos sinais de que este não era um evento semelhante aos outros foi a ne‑ cessidade de ter aulas de inglês. Os 10 gestores da DG puderam deste modo aprofundar conhecimentos e melhorar a comunicação com a equipa interna‑ cional. “Parece estranho, sobretudo para quem como eu domina uma conversa em inglês”, garante Marina Lebernegg, “mas a verdade é que sem essas aulas os diálogos teriam sido bem mais difíceis, porque nos falta‑ riam termos técnicos, essenciais”. “Preparámo‑nos para dar ao clien‑ te a melhor convenção dos Rotários alguma vez realizada, para dormir muito pouco, para responder sempre com rapidez e eficiência, para estar‑ mos atentos aos hábitos e horários da cultura americana…”, elenca Joana Prata. “Tivemos uma equipa da maior confiança, muito focada, em que sen‑ tíamos todos que estávamos a repre‑ sentar o nosso país”, realça Marina Lebernegg. “Uma sensação ainda mais saborosa por sabermos que fizemos bem, onde muitos estrangeiros pen‑ savam que falharíamos, por sermos portugueses”, garante Lebernegg.

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LIÇÃO MAIOR Para a equipa da Desafio Global, este evento “abriu‑nos os horizontes, deu‑nos mais confiança, reforçou o espírito de união. Temos a humildade para reconhe‑ cer que aprendemos muito, e que sabemos fazer bem”, remata Marina Lebernegg. Pedro Rodrigues acrescenta, “Demonstrou a nossa capacidade de aplicar o know how adquirido em eventos corporativos em eventos espe‑ ciais, tal como no projecto Aga Khan, entretanto realizado”.

O SUBIR DAS BANDEIRAS CUNHO PORTUGUÊS Para a maioria dos Rotários, este terá sido um dos momentos mais emocio‑ nantes de toda a convenção, a altura em que cerca de 200 bandeiras, representando cada um dos países presentes em Lisboa, foram levanta‑ das do chão, erguidas no céu do MEO Arena, e ali ficaram suspensas, a 10 metros de altura, numa inclinação de 30º, para que se pudessem ver des‑ fraldadas. “O briefing dizia apenas que todas as bandeiras eram coloca‑ das uma a uma, e que ficariam pre‑ sentes ao longo de toda a convenção”, lembra Marina Lebernegg. “O que nós fizemos foi único, muito emocio‑ nal ‑ havia várias pessoas a chorar ‑, e consistiu em recriar de alguma forma a cerimónia do içar da ban‑ deira. Além disso, resolveu‑nos um problema cénico, porque quando um dos ecrãs do palco principal subia, deixava um espaço completamente vazio, que passou a ser ocupado por este friso de bandeiras. Mais uma vez, atenção aos detalhes (risos)”.

Houve vários apontamentos, muito portugueses, a marcar esta convenção do Rotary International. Desde logo a oliveira, verdadeira, em lugar de desta‑ que no palco principal, símbolo da paz. Apontamentos de fado, tanto na ce‑ rimónia de abertura como na de encer‑ ramento, e vários oradores nacionais.

ORÇAMENTO APERTADO Para alguns pode ser uma surpresa, só que o orçamento que a Desafio Global teve que gerir era “apertado, e sem margem de manobra”, garante Marina Lebernegg. “A Freeman fez um controlo muito rigoroso de todas as verbas. Era tudo justificado, tudo visto ao detalhe”. “De resto, as folhas do orçamento eram quase tantas quantas as da proposta. O bom era que eles se comportavam como um verdadeiro parceiro, e não como um cliente nor‑ mal, porque são uma agência como nós, e falamos a mesma linguagem”.

A OPINIÃO DE LUÍS MIGUEL DUARTE, PRESIDENTE DA COMISSÃO ANFITRIÃ Uma Convenção do Rotary International é sempre um evento único, independen‑ temente da cidade do mundo onde se realize, quer pela dimensão, comparada com outros eventos semelhantes, quer pela diversidade de culturas presentes. A capacidade de surpreender e de criar um ambiente de alegria na partilha da amiza‑ de dos rotários participantes é sempre um desafio. E a Desafio Global soube superar as expectativas, produzindo uma cerimó‑ nia de abertura que ficou na memória de todos, quando as 204 bandeiras dos países onde existem clubes rotários foram içadas do palco para o tecto do MEO Arena. A Desafio Global demonstrou estar à altura de produzir qualquer evento, seja ele qual for, pela qualidade e dedicação dos seus profissionais, o que felizmente se estende a outras empresas que con‑ nosco colaboraram como foi o caso da Normex, do MEO Arena e das operacio‑ nais do Centro de Congressos da AIP. A avaliação unânime de todos os participantes que nos contactaram não poderia ser mais gratificante: uma das melhores convenções de sempre!


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REPORTAGEM 34

© PODIUM EVENTS

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A FESTA DA VOLTA

A Volta a Portugal em Bicicleta é um dos principais eventos do calendário desportivo e todos os anos move verdadeiras multidões um pouco por todo o país. Além de uma legião de fãs que não perde uma etapa pela televisão. Fomos conhecer melhor os bastidores deste grande evento. Joaquim Gomes dispensa apresentações para os amantes do ciclismo. Duas vezes vencedor da Volta a Portugal, assume hoje a direcção do evento, ao volante da Podium Events. O responsável lembra a complexidade de organizar um even‑ to como este. “Uma grande prova de ciclismo por etapas representa, ao nível organizativo, o maior desafio que se possa imaginar. Áreas como a seguran‑ ça, animação, comercial, comunicação, marketing, e obviamente a despor‑ tiva, ‘arrastam‑se’ durante meses, e executam‑se ao longo de 11 dias, em 22 locais diferentes”. A Podium, que organiza outros eventos, dedica‑se à Volta diariamente. Mas os três meses que a antecedem são os mais intensos. A equipa de oito pessoas aumenta expo‑ nencialmente no evento, chegando a contar com 2500 pessoas. Se no passado havia a necessidade de recorrer a fornecedores estrangeiros,

hoje recrutam somente parceiros nacionais. “Felizmente o mercado nacional já oferece estes serviços, com elevada qualidade, com custos muito competitivos”, sublinha Joaquim Gomes. O catering e o alojamento parecem, à partida, operações bas‑ tante complexas. O director da Volta explica como é que se desenrolam. “Prevemos, diariamente, dois espaços reservados, no local de partida e che‑ gada da etapa, denominados ‘Clube da Volta’. Nestes espaços, a cargo de uma empresa especializada no serviço de catering, recebemos todos os dias cerca de mil convidados. Estes espa‑ ços são, ainda, complementados pelos Municípios que, por esta via, dão eco à gastronomia regional”, refere Joaquim Gomes. O “Clube da Volta” é aliás reservado aos patrocinadores, onde podem fazer as suas acções de relações públicas, divulgar produtos

e serviços. Em relação ao alojamento, a Volta necessita de cerca de 3500 dormidas diárias. Destas, a organiza‑ ção assume a reserva, directa, de pelo menos mil dormidas. O evento é “aliciante” para patrocina‑ dores, sejam eles marcas ou municí‑ pios, refere Joaquim Gomes. E, muito em especial, para os municípios, “além da visibilidade e projecção proporcio‑ nada pela prova, ainda têm excelentes registos de impacto económico, direc‑ to, advindo da visita do evento. Quanto às marcas, basta referir que o seu retorno/exposição, na globalidade, no evento, ascende a cerca de 80 milhões de euros. Respeitando o sigilo que os acordos impõem, os nossos parceiros/ marcas têm um retorno, devidamente certificado, que multiplica, entre 8 a 15 vezes, o investimento inicial”, termina.


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CÂNDIDO BARBOSA: A FIGURA DO CICLISMO DA ÚLTIMA DÉCADA A última década do ciclismo foi mar‑ cada pela figura de Cândido Barbosa. Apesar de nunca ter triunfado na Volta a Portugal, venceu dezenas de etapas, sobretudo ao sprint, não esconden‑ do que esta era a prova preferida. “A organização da Volta sempre foi muito evoluída, tendo dado um grande salto nesse aspecto há mais de uma década, com a criação do ‘Clube da Volta’, um espaço reservado, no qual podem con‑ viver, antes de uma partida, ciclistas, jornalistas, organizadores e patroci‑ nadores, mas também nas chegadas, transformando‑o num local de negó‑ cios ou de sedução de clientes dentro da própria corrida”. O ex‑ciclista dá o exemplo da Liberty Seguros, marca da qual é embaixador. Nesse espaço a empresa junta “todos os agentes e também clientes das zonas onde as etapas iniciam e terminam, sendo o ci‑ clismo uma mais‑valia para as empre‑ sas que se ligam a ele”. Outro aspecto que traduziu a evolução da Volta foi, no entender de Cândido Barbosa, a inter‑ nacionalização do evento, sobretudo

ao nível desportivo, com a presença de equipas estrangeiras. E o que espera um ciclista da organi‑ zação? “O mais importante tem um nome: segurança. Felizmente essa evo‑ luiu bastante e desapareceram os auto‑ móveis que desobedeciam aos polícias e até o número dos mal estacionados diminuiu. Além disso, um ciclista quer percursos bem escolhidos e devida‑ mente sinalizados. E, claro, muitos apaixonados do ciclismo nas estradas a apoiar”, refere o ex‑ciclista. A pre‑ sença dos patrocinadores, a animação, a componente comercial que rodeia a prova não afecta a vida dos corredores. “Os ciclistas são, entre qualquer outro desporto, os atletas com melhor noção da importância dos patrocinadores. Eles assumem a imagem da empresa que lhes paga e preocupam‑se em divulgá‑la e dar‑lhe bom nome. Não se pode dizer que isso afecte a sua vida enquanto atletas, pois é um hábito que todos assumem naturalmente. Um ciclista está sempre disponível para jornalistas ou adeptos, para estar junto

dos patrocinadores em iniciativas de activação de marca, nomeadamente em acções de solidariedade social, por vezes quando mais nenhum atleta o conseguiria fazer, como ao dar entre‑ vistas naqueles instantes finais das etapas. Da mesma forma dou o meu exemplo, já como ex‑ciclista, continuo a estar presente. E enquanto embai‑ xador Liberty Seguros, percebi ainda melhor a importância e o impacto que isso tem”, diz Cândido Barbosa. A Volta desempenha um papel im‑ portante na atracção de mais pes‑ soas para o ciclismo e cicloturismo. Cândido Barbosa concorda. “A Volta a Portugal é o ‘must’, a prova onde todos os jovens ciclistas portugueses sonham chegar. É ainda a corrida que cria os locais míticos. Qualquer apaixonado da bicicleta sonha subir a Senhora da Graça e, estando mais avançado no treino, chegar à Torre”. A pensar nos amadores, nos cicloturis‑ tas, a Volta tem uma iniciativa só para eles, a Etapa da Volta RTP.

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REPORTAGEM . A F E S TA D A V OLTA 36

CINCO PERGUNTAS A RODRIGO ESTEVES, DIRECTOR DE MARKETING DA LIBERTY SEGUROS É uma das marcas que mais aposta no ciclismo, dando inclusivamente o nome à Volta a Portugal em Bicicleta. Fomos conhecer a estratégia de patrocínio da Liberty Seguros. Qual é a estratégia da marca em relação ao desporto e ao ciclismo em particular? Os patrocínios desportivos são um ele‑ mento‑chave da estratégia de marke‑ ting da Liberty Seguros. A associação a várias entidades e iniciativas despor‑ tivas, locais e nacionais, além de po‑ tenciar o contacto com as populações, no âmbito da nossa Responsabilidade Social, possibilitam transmitir e corpo‑ rizar os nossos valores e forma de estar no mercado, sendo uma importante alavanca de notoriedade, uma vez que proporcionam grande exposição para a marca. Um dos pilares que sustentam a divulgação da nossa marca é, preci‑ samente, o ciclismo enquanto desporto que evidencia os nossos próprios valo‑ res enquanto empresa, como o espírito de equipa, a entreajuda, o trabalho e esforço sincero como condição im‑ prescindível para alcançar o êxito. Por ser um desporto que vai ao encontro das populações, e passa mesmo à porta das suas casas, a nossa forte aposta de

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presença da marca na Volta à Portugal reforça essa oportunidade de estreitar relações com as comunidades onde estamos presentes, e através dos nossos parceiros de negócio, numa prova que percorre as estradas de Portugal e mos‑ tra num dos eventos mais mediáticos o que de mais belo existe no nosso país. Aliada ao ciclismo português desde 2004, através dos mais diversificados apoios como patrocinadora da Volta a Portugal e das Selecções Nacionais da Federação Portuguesa de Ciclismo e escola de formação do Sport Ciclismo S. João de Ver, alocamos ao ciclismo um peso significativo da nossa estra‑ tégia. Mas todo o desporto assume uma grande importância ao nível dos patrocínios da marca, por uma ques‑ tão de alinhamento com o nosso lema “Pela Protecção dos Valores da Vida”, em que procuramos promover hábitos de vida saudáveis.

Nesse contexto que razões estiveram na base de patrocinar e dar o naming à Volta a Portugal? A Liberty Seguros tem presença na Volta a Portugal desde 2004, contribuindo de forma activa para a dinâmica da modali‑ dade que continua a apaixonar e a cativar portugueses em todos os quadrantes geográficos e sociais. Assumimos, em 2008, a posição de Seguradora Oficial do evento e, posteriormente, emprestámos a marca Liberty Seguros à camisola de montanha. Por isso, fez todo o sentido em 2012 reforçar a aposta da marca enquanto Patrocinador Principal da maior prova do ciclismo português. É ao ciclismo e à sua “prova rainha” que a Liberty Seguros deve uma boa parte do reconhecimento que a marca tem hoje. Foi através do ciclismo e do patrocínio a uma equipa profissional de ciclismo e à sua performance durante anos a fio na Volta a Portugal em Bicicleta que a Liberty Seguros conseguiu chegar a casa de milhares de portugueses.


REPORTAGEM . A F E S TA D A V OLTA 37

De que forma a marca foi activada no evento? Em termos de activação da marca, trabalhámos várias componentes: no âmbito da nossa Responsabilidade Social, todos os anos seleccionamos uma instituição cujas actividades pro‑ curamos divulgar e a que associamos uma componente de donativo. Este ano a instituição seleccionada foi a EUROPACOLON Portugal ‑ Associação de Luta contra o Cancro do Intestino, à qual doámos um total de 3 mil euros, decorrentes da acção solidária em que, por cada inscrito na Etapa da Volta, angariámos cinco euros; na feira da animação, onde presenteámos o públi‑ co em geral com um conjunto de jogos e diversões, exibições de trialbike, sessões de autógrafos com os embai‑ xadores da marca (Cândido Barbosa e Aurora Cunha), entre várias outras actividades; junto aos nossos parceiros de negócio e colaboradores, envolven‑ do‑os em cada etapa e proporcionando mais uma vez a já habitual entusiasta e apaixonada presença da “Onda Azul”. Que avaliação fazem do patrocínio à edição de 2013 da Volta? Este ano cumpriu‑se, com suces‑ so, um marco histórico importante para a Volta com a celebração das “Bodas de Diamante” e para a Liberty Seguros a celebração dos seus 10 anos em Portugal. A Liberty Seguros e a sua famosa “Onda Azul” voltaram a “Dar a volta a Portugal” com números impressionantes e com um ambiente único e salutar que se vive, todos os dias, na Volta a Portugal. A marca teve uma forte presença diária no progra‑ ma televisivo, que fez o acompanha‑ mento de toda a prova, e no terreno em termos de activação da marca. É com reconhecido agradecimento que faze‑ mos um balanço positivo destes inten‑ sos 11 dias de prova e que partilhamos com a Organização a possibilidade de podermos contribuir para a história da prova rainha do ciclismo português e da própria modalidade.

AS SOMBRAS DO CICLISMO Apesar de muitas vezes a modalidade ser notícia pelas piores razões, nomeada‑ mente em relação ao doping, o facto é que continua a atrair público, praticantes e patrocinadores. “O misticismo inerente às grandes provas de ciclismo, que advém de uma modalidade de enorme exigência, que enaltece valores como o espírito de equipa, a perseverança, entre outros, foi, desde os primórdios, vulnerável a questões menos éticas, que infelizmente em nada diferem do comportamento noutras vertentes e áreas da sociedade moderna. Felizmente que o público e as marcas acabam por orientar as suas decisões em função do essencial, reservando, objectivamente, o seu sentido crítico para os que prevaricam, não ‘castigando’ a essência/nobreza da modalidade”, refere Joaquim Gomes, director da Volta a Portugal. Cândido Barbosa alerta para que muitas vezes os ciclistas “se sentem injustiçados”. “Eles são mais controlados do que quaisquer outros atletas e ainda ficam com a fama de ‘maus da fita’. Se a popularidade do ciclismo está sempre em alta isso deve‑se ao mais importante dos motivos: o público reconhece e admira o esforço dos ciclistas, sem qualquer dúvida os atletas com maior exigência de treino e também competitiva”, relembra Cândido Barbosa. Rodrigo Esteves, da Liberty Seguros, dá um exemplo de acção da marca contra o doping. “Desde 2010 que a Liberty Seguros lançou e mantém, a nível nacional, a campanha ‘Onda Azul Antidoping’, num movimento activo a favor da ética no desporto e transmitindo o espírito positivo da modalidade, extremamente bem recebida pelos adeptos. Esta campanha simboliza o nosso apoio ao ciclismo e marca o nosso esforço na pro‑ moção de políticas anti‑doping, na formação de atletas para um desporto limpo e saudável e na consciencialização para a verdade desportiva”.

ALGUNS NÚMEROS DA VOLTA 236 elementos da organização 70 hospedeiras 13 mil dormidas 1250 brindes 3 mil metros de publicidade na estrada 1100 metros de baias publicitárias 30 insufláveis 12 arcos publicitários 56 hotéis 26 mil refeições 34 tendas de patrocinadores 27 camiões TIR 39 viaturas ligeiras 73 viaturas comerciais 27 elementos da Brigada de Trânsito 19 elementos de segurança privada 6 mil pessoas credenciadas

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]

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E VENTOS 38

EIBTM VOLTA A CONTAR COM FORTE REPRESENTAÇÃO LUSA Todos os anos o sector da meetings industry reúne‑se em Barcelona para a EIBTM. A organização volta a poder contar com um forte contingente por‑ tuguês, conforme nos revela Graeme Barnett, director da feira. “Estamos muito contentes por o Turismo de Portugal ter, uma vez mais, um dos maiores stands da EIBTM. Eles reser‑ varam um espaço grande para aco‑ modar os 41 expositores parceiros que já se inscreveram no evento”. Quem também aumentou o espaço de feira foi a Top Atlântico, anuncia o respon‑ sável, que lembra o quão importante é a EIBTM para o mercado português. “A EIBTM é um evento extremamente importante para o mercado MI por‑ tuguês e funciona como uma plata‑ forma a partir da qual potenciam os seus serviços para uma rede de mais de 15 mil profissionais da meetings

industry”. O responsável revela ainda que um estudo realizado após o cer‑ tame de 2012 mostra que “65% dos hosted buyers presentes especificaram um interesse directo em fazer negócios com Portugal”.

PORTO CONVENTION BUREAU PATROCINA HOSTED BUYER LOUNGE Desde que a EIBTM se realiza em Barcelona o Porto Convention Bureau patrocina um dos hosted buyers lounges e este ano não será diferente. Lembre‑se que este é um espaço de descanso e de confraternização entre os compradores convidados da feira. Compradores alguns dos quais vindos

de Portugal. “No ano passado assisti‑ mos a um aumento de 26% dos hosted buyers vindos de Portugal. O registo para este ano abriu há pouco tempo, e os profissionais da meetings industry com poder de compra comprovado são convidados a inscreverem‑se rapi‑ damente”, subinha Graeme Barnett. Além dos hosted buyers a edição do ano passado da EIBTM contou com quase 100 visitantes profissionais provenientes de Portugal.

A EIBTM decorre de 19 a 21 de Novembro, em Barcelona. A Event Point é media partner do evento. Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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E VENTOS 40

R AY B L O O M

IMEX AMÉRICA DESPERTA GRANDE INTERESSE DOS EXPOSITORES A próxima edição da IMEX América tem despertado grande interesse por parte de novos expositores, pelo que a organização prevê aumentar o espaço disponível da feira. Por enquanto, está confirmado que 70 dos expositores do ano passado decidiram aumentar o seu stand e que há 30 novos stands. Entre os estreantes contam‑se vários destinos nos Estados Unidos, for‑ necedores, empresas de tecnologia e cadeias hoteleiras. Também o Turismo de Portugal vai participar no certame, bem como as seguintes empresas, segundo informações recolhidas até à data de fecho desta edição: Abreu

DMC, Altis Hotels, Corinthia Hotel Lisbon, Eventivos, Lisboa Convention Bureau, Lisboa Marriott Hotel; Madeira Islands, Pacific World, Penha Longa, Pestana Hotelaria, Portugal Travel Team e TA DMC. “A procura está a ser muito forte e estamos satisfeitos por anunciar um crescimento de número e de variedade de expositores, com os quais os nossos buyers podem fazer negócio”, sublinha Ray Bloom, director da IMEX, que confirma que está muito entusiasmado com a próxima edição, que decorrerá entre 15 e 17 de Outubro, em Las Vegas. O programa de formação é organizado

em parceria com a ASAE: The Center for Association Leadership, PCMA (Professional Convention Management Association) e ICCA (International Congress and Convention Association), e começa um dia antes da feira pro‑ priamente dita, numa iniciativa a que a IMEX chamou “Smart Monday”. O registo, quer no programa de for‑ mação, quer na feira, pode ser efec‑ tuado através do site oficial do evento, www.imexamerica.com. A segunda edição da Event Point International vai ser lançada na IMEX América, que se realiza no Sands Expo, Las Vegas


ENTRE VISTA 41

MEO ARENA

“EXEMPLO DOS ROTÁRIOS É PARA MULTIPLICAR” Quem o garante é o Administrador Executivo do MEO Arena, passados que estão poucos meses de uma nova vida para aquele que ficou conhecido como Pavilhão Atlântico. “A verdade é que a rapidez com que as pessoas assimilaram a mudança de nome surpreendeu-nos. Foi além das nossas expectativas”, confessa Jorge Vinha da Silva, e avança uma explicação, “Uma das marcas que queremos imprimir a este novo período é a de maior agressividade comercial. E isso, felizmente, tem-se traduzido numa agenda mais preenchida, numa constante divulgação junto da imprensa. Creio que esse facto ajudou a que o nome se tornasse familiar, tão depressa, junto do público”. Por falar em agenda preenchida, até ao final do ano já estão marcados 12 concertos no MEO Arena, e 2014 inicia-se com o Cirque du Soleil. Quando se escolhe um caminho, é preciso ser capaz de o percorrer, define Jorge Vinha da Silva. “E estes últimos meses foram muito ocupados, a fazer a transição de uma estrutura que pas‑ sou do sector empresarial do Estado para o privado, com as alterações de processos decorrentes e com a aposta em criar uma nova dinâmica para o negócio”. Neste caminho, a associação a uma marca como a MEO , com uma

forte associação ao entretenimento, trouxe diversas vantagens, e entre elas, por exemplo, a possibilidade de melhorar as condições na Arena ao nível das comunicações. “Deste modo podemos ter equipamentos permanen‑ temente instalados, em vez de recorrer a soluções pontuais. Isto insere-se numa estratégia mais ampla, que é a de melhorar a experiência dos nossos clientes, sejam eles organizadores,

J O R G E V I N H A D A S I LVA © ANTÓNIO CAMILO . MINIFOTO

O MEO Arena renovou a certificação do seu Sistema de Gestão da Qualidade sendo o único espaço destinado a even‑ tos com esta certificação em Portugal.

fornecedores ou público, e atrair mais eventos públicos e corporativos, con‑ solidando a posição do MEO Arena como um espaço de referência, pelo que a associação a uma marca que esteja alinhada com estes princípios só poderá ser benéfica”. O caso da Convenção Internacional dos Rotários é apenas um exemplo. “Queremos mais”, afiança Jorge Vinha da Silva. “Por isso estamos já a tra‑ balhar para eventos em 2016 e 2017, e procuramos fazê-lo em conjunto, em parceria com outras entidades públicas e privadas. Sabemos que o caminho não é fácil, mas queremos que o mer‑ cado saiba que estamos disponíveis para projectos em que acreditamos. Interessa-nos alargar a base de capta‑ ção, e trazer eventos para o MEO Arena que nunca experimentaram trabalhar no nosso espaço e com a nossa equipa”. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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PEDRO CARDOSO DIRE C T OR ‑ E X E C U T I V O D A T HE HOU S E OF E V E N T S © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT


OPINIÃO 43

PAIXÃO PELA MUDANÇA Escrever um artigo de opinião é sempre um enorme desafio. Por um lado confronta‑me com a necessidade de seleccionar, entre muitos temas, um que ocupa um espaço de preocupação na minha agenda, sobre o qual quero reflectir. Significa assumir posições claras, escritas na pedra, transmitir perspectivas pessoais, que marcam uma forma de sentir, de estar na vida. Seja! Antes polémico do que passar despercebido. O que começou por ser uma aborda‑ gem técnica ao sector dos eventos, sobre tendências, boas práticas, foi‑se paulatinamente transformando numa espécie de manifesto, de partilha de emoção dos cinquenta e tal anos de experiência. A paixão pela mudança é fruto desta simbiose. Como pedra de toque e fonte de motivação, elegi algumas palavras‑chave, que reflec‑ tem bastante bem o que penso sobre a matéria. Vivemos tempos de mudança em que se afirma a necessidade de colocar uma enorme paixão em tudo o que fazemos; de apreciar a vida de uma forma holística, partilhando conhecimento; de promover a compe‑ tência de liderança nas organizações, na sociedade em geral ‑ desde logo na família, como pilar de sustenta‑ bilidade; de estimular a inteligência colectiva como forma de optimizar recursos e eficiência na acção. A mudança é um processo, um cami‑ nho, longo, quase sempre tortuoso e penoso, mas regenerador. A mudança deve partir da nossa

iniciativa, em vez de ser imposto do exterior. Podemos ler e sentir a impe‑ riosa vontade de mudança nas pessoas à nossa volta, na informação que rece‑ bemos de todos os quadrantes sociais, económicos e ambientais. Basta olhar para as novas gerações para ler os sinais desta crescente capacidade para comunicar, da forma como as tecnolo‑ gias de informação têm evoluído.

Em termos empresariais, com a globalização, o fenómeno é ainda mais evidente: quem não reaprende a comunicar, morre precocemente.

e motivar as pessoas. Quase sem excep‑ ção, todas as organizações de sucesso respondem bem a estes critérios. A liderança tem ainda uma enorme vantagem; é um processo contagioso, que tende a tornar as organizações mais planas, permite a partilha de conheci‑ mento, casa a experiência com a inova‑ ção, substitui a hierarquia pelo diálogo, transforma o trabalho em reconheci‑ mento. A mudança exige tempo e ritmo. Começa por uma alteração de atitude, de cultura. Deitar fora o que não se usa para criar espaço para os novos hábitos, fazer mais com menos. Vivemos tempos de mudança, que nos ensinam a ser mais criativos, mais eficazes, a ver em cada problema novas oportunidades.

A essência da liderança assenta em três questões fundamentais. A ca‑ pacidade de seleccionar, recrutar e construir equipas, identificar, execu‑ tar tarefas segundo um plano (mesmo que alguns não gostem, controlar continua a ser necessário). Last but not the least, mobilizar, educar

A paixão pela mudança pode ser um leitmotiv para viver cada dia de forma mais intensa, mais solidária, mais sustentável. Viva a mudança!

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TECNOLOGIA 44

SKYEYE APOSTA NO SECTOR DO ENTRETENIMENTO É uma start‑up portuguesa que se lançou este ano no mercado português e que presta serviços de recolha de ima‑ gens aéreas. Equipada com três drones (pequenas aeronaves telecomandadas), a SkyEye tem actualmente como prin‑ cipal objectivo conquistar o mercado do entretenimento e da comunicação. Este serviço pode “enriquecer de diver‑ sas formas” os eventos, acredita David Mota, responsável da empresa. “A mais óbvia é a cobertura, com transmissão das imagens em tempo real para os vários canais de comunicação possíveis (televisão, internet, recinto do evento, etc.)”. Exemplo disso foi a cobertura que a SkyEye fez do Optimus Alive para a RTP. “Para além da cobertura mediáti‑ ca, a recolha de imagens aéreas também é muito requisitada para a posterior realização de vídeos corporativos sobre os próprios eventos, nomeadamente em team buildings de outdoor, que as

empresas gostam de usar para reforçar o sentimento de pertença e a celebração dos seus eventos internos ou encontros de clientes. Por fim, as imagens aéreas também resultam num reforço de segurança, quando esse é um aspecto crítico, nomeadamente no apoio ao controlo de multidões”. Para os clientes da área dos eventos o serviço apresenta “grande flexibilidade” e a preços “ex‑ tremamente acessíveis”, segundo David Mota. “Destaco o factor diferenciador de termos trazido uma maior acessibi‑ lidade à tecnologia. A SkyEye assume como missão democratizar o acesso às imagens aéreas. Os nossos orçamentos são extremamente acessíveis, quando comparados com os meios tradicionais de recolha de imagens áereas (helicóp‑ teros de grande porte ou gruas)”. O responsável da start‑up admite que têm tido boa recepção no mercado dos eventos. “Já fizemos a cobertura de

eventos como a Red Bull Kart Fight e o Optimus Alive, já fomos consultados para diversos eventos desportivos, incluindo futebol, que estão prestes a realizar‑se, e temos feito diversos vídeos promocionais de unidades ho‑ teleiras que acolhem eventos (Pestana, Heritage, Vila Park, etc.) e de regiões turísticas e económicas (Lisboa, Oeiras, Reguengos de Monsaraz, etc.)”. A médio prazo o objectivo da empresa é entrar em outros sectores como os da Segurança, Prevenção, Agricultura, Ciência ou Investigação. Em 2014, a aposta passa por outros mercados, sobretudo os de expressão portugue‑ sa: Brasil, Angola e Moçambique. No plano de negócios constam ainda o Norte de África e o Médio Oriente.

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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JOHN HOOKER DIRE C T OR ‑ GE R A L D A JOHN HOOK E R C ON S ULTA NC Y PR A C T IC E


OPINIÃO 47

TAXAR AS HAVAIANAS

Um belíssimo exemplo da mudança de rosto dos DMC (Destination Management Company) é o Brasil. Sendo uma economia BRIC, por esta altura a sexta maior do mundo, tendo despachado o Reino Unido para o sétimo lugar o ano passado, é compreensível que o país seja visto como uma terra de muitas oportunidades. Acrescente‑se a isso o facto de receber o Campeonato do Mundo de Futebol no próximo ano e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, e facilmente se constata que o Brasil está no radar. Tem ainda um mercado emissor a crescer, quer em termos de MICE, quer das viagens de luxo, o que faz dele duplamente atractivo. No entanto, e há sempre um “mas”, é um destino que exige alguma ca‑ pacidade de compreensão. Tem um sistema de impostos muito confuso e isso é algo com que tenho lidado mais e mais, o facto de os clientes solicitarem aos DMCs assistência no processo burocrático e de impostos, aconselhamento e apoio, como se se tratassem de uma das grandes em‑ presas de contabilidade, mas sem que os respectivos fees de consultoria subam... Muitos dos últimos pedidos de informação (RFI) começaram com perguntas como estas:

. APOIO COM ASSUNTOS REL ACIONADOS COM O IVA E OUTROS IMPOSTOS, E DOCUMENTOS DO GOVERNO PARA QUE O CLIENTE X RE ALIZE A SUA CONFERÊNCIA EM SÃO PAULO . ASSISTÊNCIA NA NEGOCIAÇÃO DE CONTRATOS (QUANDO O ÚNICO CONTRATO QUE CONTA É O DINHEIRO EM CIMA DA MESA. PAGA, E FICA COM O ESPAÇO) . ADESÃO AOS REQUISITOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO CLIENTE (E SE PERTENCER À INDÚSTRIA DOS PE TROQUÍMICOS ELES SÃO MESMO MUITO RÍGIDOS), QUANDO OS CONDUTORES POR LEI NÃO SÃO OBRIGADOS A TER SEGURO. Mesmo as autoridades fiscais ficam confusas com as tabelas de impostos e frequentemente uma visita à repar‑ tição de finanças, para estabelecer o tratamento fiscal a um determinado evento, é um bom investimento, de tempo e de dinheiro, para evitar sur‑ presas desagradáveis, mais à frente. Isto é particularmente importante se a conferência tem delegados que pagam no Brasil, mas a organização tem sede fora do país. A questão aqui

é quem paga pelo tempo que se perde com estas coisas. Já viu quanto cobra um especialista em direito fiscal nos dias que correm? Considere sempre que a entidade brasileira, quer se trate de um delegado ou de uma agência, pode incorrer num imposto sobre serviço de 15% ou 6% se pagar com cartão de crédito. Um custo escondido que terá que aparecer no or‑ çamento. Isto pode ser minimizado se o seu evento for considerado um servi‑ ço de viagens, mas é um revés para esta indústria que tenta não ser classificada como fornecedor de viagens pelos departamentos de procurement das grandes empresas. O procurement também cerra os dentes com o surgimento dos RFI (request for information) e de cenários de candidatura vindos do Brasil. As condições de pagamento parecem ser o campo de batalha, com o pagamento integral seis semanas após o evento. Esta é uma ideia algo mirabolante, mas como o Brasil não tem actual‑ mente um organismo de comércio que defenda uma parceria que funcione, a consequência desse desejo é obrigar W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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E O QUE É QUE ISTO TEM A VER COM OS DMC? as empresas a financiarem o evento. Já imaginou dizer a uma companhia aérea: pago‑lhe seis semanas depois de transportar o meu grupo? Basta algumas aceitarem, e algumas estão a aceitar, e está aberto o precedente. Por isso, tenha cuidado com aquilo que deseja neste caso. A descoberta de talento é outro desafio. As leis do emprego no Brasil exigem que por cada empregado estrangeiro tenha que contratar dois nacionais. O que até é justo, se se pensar no desen‑ volvimento dos profissionais locais. No entanto, o desemprego é muito baixo (ao contrário da Europa) e a falta de lealdade do staff é algo adquirido, já que as pessoas mudam de emprego quando recebem propostas mais altas. Se precisa de brasileiros com grande experiência de trabalho em termos internacionais e fluentes em inglês, encontrar esses talentos é tão difícil como descobrir um oásis no meio do deserto sem uma bússola.

Por um lado pedem‑nos ideias e suges‑ tões de brindes, as havaianas e as caipi‑ rinhas, e por outro lado aconselhamen‑ to sobre o imposto sobre serviços e os regimes de impostos inter‑estaduais e o emprego. Nada disto são serviços core de um DMC. Mas parece‑me que num destino como o Brasil é necessário um DMC que seja mais do que uma montra de roupa de praia colorida e tshirt´s com logo, do que uma central de reserva de autocarros e restaurantes, do que uma hospedeira ou duas. E depois há a dimensão do Brasil e o expectável é que consiga cobrir o país todo (enquanto que nos Estados Unidos o mais habitual é concentrar‑se numa ci‑ dade). Tratam‑se de grandes distâncias, que requerem viagens de avião, e por isso quando pedem a um DMC um profis‑ sional freelance bilingue para eventos em várias cidades, não se surpreenda com uma conta de viagens e alojamento grande, porque esses profissionais vêm de São Paulo e do Rio de Janeiro. O Brasil tem muito para oferecer, e dado que há dois ou mais programas de viagens de incentivo centrais, a que se junta o tratamento fiscal em cada um dos 26 estados do Brasil, significa que uma entidade local é contratada, uma vez que é mais eficiente em termos fiscais. Mas será mais eficaz em termos de custos, com as camadas extra de fornecedores de serviços envolvidos? Também tem um mercado emissor que cresceu 13% de 2011 para 2012, e com orçamentos que reflectem as aspira‑ ções de uma classe de consumidores

em crescendo no Brasil e a implemen‑ tação de ferramentas de motivação para impulsionar as vendas. Assim, o Brasil pode ser mesmo desgas‑ tante. Tem muito a oferecer, e vai crescer o desejo pelo país, perante a cobertura global dos grandes eventos desportivos. Mas precisa de ser compreendido.

Vale a pena garantir que o seu parceiro no Brasil tem a profundidade de conhecimento para ser um parceiro no projecto de evento, no planeamento e entrega, em vez de ser um simples fornecedor de serviços e de brindes. Estes são elementos importantes, mas no cenário emergente de serviços profissionais talvez seja hora de largar as havaianas e apostar no valor acrescentado com know‑how, planeamento e capacidade de gerir orçamentos.


FORMAÇÃO 49

SUMÁRIO DOIS PONTOS

O ENSINO PROFISSIONAL NA ÁREA DOS EVENTOS Procurámos, em diálogo com os intervenientes no ensino profissional de eventos em Portugal, perceber particularidades do curso de Técnico de Organização de Eventos (TOE). Desenvolvemos um estudo sobre as representações profissionais dos seus alunos, apresentamos duas entrevistas a TOEs diplomados, assim como as práticas de estágio curricular de uma escola profissional. Daremos, por último, atenção àquele que pode ser considerado o evento dos estudantes do ensino profissional de eventos em Portugal: o ENEOGE. GRANDE TEMA

O CURSO DE TÉCNICO DE ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS Actualmente existem, em Portugal, 102 cursos profissionais agrupados em 39 áreas de formação. Marketing e Publicidade (342) é a área de forma‑ ção a que pertence o curso de Técnico de Organização de Eventos (TOE), sendo a sua família profissional Comunicação, Imagem e Som. O curso de TOE, criado há seis anos, está estruturado em três componentes de formação*, tem uma carga horária total de 3600 horas, leccionadas ao longo de três anos lectivos, das quais 1600 horas são da componente de formação técnica. O curso confere nível 4 de qualificação.

Quanto à implementação em território continental, a DGEstE ‑ Direcção Geral dos Estabelecimentos de Ensino autorizou a abertura, em 2013/2014, de 19 novas turmas de TOE em oito escolas básicas e secundárias e em 11 escolas profissionais, o que, contemplando um mínimo de 26 alu‑ nos por turma, totaliza 494 novos alunos. Sendo um dos objectivos do ensino pro‑ fissional privilegiar ofertas formativas que correspondam a necessidades de traba‑ lho locais e regionais, afigura‑se curioso verificar que a maior concentração da oferta de novas turmas do curso de TOE é no norte do país (oito escolas). A região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta a maior perda (quase metade) na atribuição de turmas: em 2012/2013 o curso foi leccionado em nove escolas da região e no próximo ano lectivo serão cinco. O Algarve regista a menor fre‑ quência do curso, com apenas uma escola.

AS REPRESENTAÇÕES PROFISSIONAIS DOS ESTUDANTES DO CURSO DE TOE O que motivou os estudantes do curso de TOE a optarem pelo ensino profissional de eventos, as perspectivas de futu‑ ro, assim como as percepções sobre a indústria portuguesa de eventos e sobre o mercado de trabalho foram respostas que procurámos obter com um estudo* que desenvolvemos junto dos alunos que frequentaram, em 2012/2013, este curso. A amostra é composta por estudantes

* O estudo foi realizado durante o mês de Agosto através de um inquérito por questionário disponibilizado online * Os cursos profissionais contemplam uma componente

ÁRE A TÉCNICA DO CURSO DE TOE

sociocultural (comum a qualquer curso e que inclui Português, Língua Estrangeira, Área de Integração, TIC e Educação Física), uma componente científica (2 a 3 disciplinas; no caso do TOE: Psicologia e Sociologia, Economia e Matemática); e uma componente técnica, que no caso do TOE inclui as 4 disciplinas elencadas

e enviado aos responsáveis de 40 escolas de Portugal Continental. O questionário foi organizado em três partes:

Gestão e Produção de Eventos ‑ 450 h Marketing e Comunicação ‑ 200 h Produção Técnica de Eventos ‑ 350 h Criatividade e Metodologias ‑ 180 h Formação em Contexto de Trabalho ‑ 420 h

na coluna à direita e a formação em contexto de trabalho.

uma primeira parte em que se solicitam informações que permitam caracterizar a amostra; uma segunda parte com um conjunto de questões que possibilitem aferir as motivações dos inquiridos em relação ao ensino profissional e ao curso de TOE, assim como as suas perspectivas futuras; e uma última parte que visa avaliar as percepções dos inquiridos em relação à indústria portuguesa de eventos e às suas ofertas de trabalho.

Fonte: ANQEP, Agosto de 2013.

O questionário foi construído com respostas fechadas, com apenas uma possibilidade de resposta por questão.

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dos distritos de Lisboa (66%), Porto (21%), Setúbal (11%) e Braga (2%), com idades maioritariamente compreendidas entre os 18 e os 20 anos (77%). Mais de metade dos inquiri‑ dos (54%) frequentou, em 2012/2013, o 2.º ano do curso.

GRÁFICO 1 ‑ MOTIVAÇÕES DOS ESTUDANTES DO CURSO DE TOE PARA A FREQUÊNCIA DO ENSINO PROFISSIONAL

GR Á F IC O 3 ‑ PE R SPE C T I VA S DE F U T URO DO S E S T UDA N T E S DO C UR S O DE T OE

23%

Foi aconselhado/a

16%

7%

Não gostava ou não tinha resultados no ensino regular

18%

Estudar noutra área

11%

Achava que o ensino profissional era mais fácil

46%

Trabalhar na área dos eventos

48% 11%

Continuar a estudar na área dos eventos

Queria aprender uma profissão

11%

Trabalhar noutra área

Outras razões

9%

Outra possibilidade

Questionados sobre as razões pelas quais haviam optado pelo ensino profissional, 48% dos estudantes afirma tê‑lo feito pela vontade de aprender uma profissão. Quase um quarto (23%) inscreveu‑se no ensino profissional por ter sido aconselhado, 7% porque não gostava ou não tinha re‑ sultados no ensino secundário regular e 11% porque achava que o ensino profissional seria mais fácil. A fraca expressi‑ vidade deste último valor, assim como os 48% de estudantes que seleccionaram o curso por quererem um ensino voltado para o mundo do trabalho não pode deixar de constituir nota de destaque, em função da percepção, que infelizmente ainda existe, de que o ensino profissional é um ensino de segunda oportunidade. Pelo menos, no caso dos alunos do curso de TOE esta imagem parece dissipar‑se.

As perspectivas de futuro destes estudantes dividem‑se entre o ingresso no mercado de trabalho após conclusão do curso (57% dos inquiridos) e a continuação dos estudos (34% dos inquiridos), o que, na nossa opinião, materializa o facto de os cursos do ensino profissional se destinarem não só a quem pretenda aprender uma profissão, mas também a quem tenha intenção de prosseguir estudos. Dos 57% de alunos que pretende trabalhar, a maioria (46% dos inquiridos) quer fazê‑lo na indústria de eventos; quanto aos que pretendem continuar a estudar, 16% opta igual‑ mente pelos eventos, o que, de resto, constituirá mote para o tema do nosso número de Dezembro, em que procura‑ remos contribuir para o mapeamento e caracterização do ensino superior nesta área.

GRÁFICO 2 ‑ MOTIVAÇÕES DOS ESTUDANTES DO CURSO DE TOE PARA A FREQUÊNCIA DO CURSO

GRÁFICO 4 ‑ CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE E VENTOS PELOS ESTUDANTES DO CURSO DE TOE

34%

Já tinha interesse pela área

7%

É dinâmica

36%

É um curso apelativo

9%

É pouco dinâmica

14% 2% 12% 2%

Os eventos são uma área em crescimento em Portugal

14%

As perspectivas de emprego na área dos eventos são boas

23%

Precisa ainda de evoluir muito

Não conseguiu vaga ou não abriu outro curso

45%

Tem crescido nos últimos tempos

Outras razões

O carácter apelativo do curso de TOE foi a razão apontada por 36% dos estudantes para a selecção, logo seguido, com 32%, do interesse pela área. O facto de os eventos serem uma área em crescimento em Portugal, dado percepcionado pela maioria destes estudantes em relação à indústria nacional, terá motivado 14% dos inquiridos a optarem pelo curso. Apenas 2% terá escolhido o curso em função de perspectivas futuras de emprego, facto que corresponde, como demons‑ traremos mais tarde, à negativa percepção dos estudantes em relação ao mercado de trabalho. Para 11% dos alunos o curso foi, contudo, segunda opção.

2%

Tem empresas de grande qualidade

Outras caracterizações

O crescimento da indústria portuguesa de eventos nos últi‑ mos tempos é a percepção que grande parte dos estudantes (46%) tem sobre o sector. 23% dos inquiridos considera, contudo, que a indústria nacional tem ainda de evoluir muito e apenas 7% a considera dinâmica, contra 9% que a caracteri‑ za como pouco dinâmica. 14% reconhece, porém, que a nossa indústria possui empresas de grande qualidade. Gostaríamos de sublinhar que nenhum dos inquiridos seleccionou a opção de resposta que permitia a caracterização da indústria portu‑ guesa de eventos como estando estagnada, o que também não pode deixar de constituir facto digno de destaque.


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PRÁTICAS & CONTE X TOS

DA ESCOLA PARA O MUNDO DO TRABALHO GRÁFICO 5 ‑ CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO NACIONAL DE E VENTOS PELOS ESTUDANTES DO CURSO DE TOE 2%

Tem muitas ofertas de trabalho

32%

Tem boas ofertas de trabalho

45%

Tem poucas ofertas de trabalho

16%

Praticamente não tem ofertas de trabalho

5%

Outras caracterizações

No que respeita ao mercado de trabalho, as percepções dos estudantes do curso de TOE são claramente negativas, o que, como vimos anteriormente, parece não demover 46% dos inquiridos de querer trabalhar e 16% de continuar a estudar na área. Uma expressiva maioria dos estudantes do curso de TOE (61%) considera existir escassez de ofertas de trabalho no mercado nacional, sendo que 16% acha, inclusive, tra‑ tar‑se de um mercado sem praticamente ofertas de trabalho. Opinião mais favorável tem 34% dos alunos: 2% considera que existem muitas ofertas, enquanto 32% opta por destacar a qualidade das ofertas existentes.

Parece‑nos que os dados apresentados nos devem fazer reflectir. Se bem que possamos considerar que as motivações, as percepções e as perspectivas dos estudantes do curso de TOE em relação ao curso e à indústria de eventos são positivas, o mesmo não se pode afirmar quando estão a ser preparados para o exercício de uma actividade num mercado que, segundo eles, não está receptivo para os acolher.

Três perguntas a dois Técnicos de Organização de Eventos BRUNO SOUSA (25 ANOS) TOE pela Escola de Comércio de Lisboa Assistente de Produção Semba Comunicação, Luanda

RICARDO BOTELHO (24 ANOS) TOE pelo Pólo de Lisboa da Escola Profissional Profitecla Gestor de Eventos Plaza Ribeiro Telles ‑ Centro de Eventos, V. F. de Xira Que importância tem para si ter feito o curso de Técnico de Organização de Eventos? Bruno Sousa: Sem este curso provavelmente ainda estaria sem perceber o que realmente gostaria de fazer profissional‑ mente. Este curso proporciona‑me viver experiências, que quando o iniciei não imaginava serem possíveis. Melhorou, de forma bastante significativa, a minha vida, quer pessoal quer profissional. Ricardo Botelho: A formação técnica insere‑nos mais efi‑ cazmente no mercado de trabalho. O saber‑saber e o sa‑ ber‑fazer são a base desta tipologia de ensino, o que nos per‑ mite uma formação mais completa, prática e vocacionada. Que competências fundamentais adquiriu no curso e de que forma as utiliza no seu quotidiano profissional? B.S.: Existem algumas competências que são transversais a qualquer curso, como a capacidade de organização e de empreender. Mas também a humildade e a perseverança são necessárias. Considero que o sucesso de um evento se deve muito ao planeamento, ao desenvolvimento do conceito criativo e à gestão de recursos humanos (liderança, inteli‑ gência emocional e dinâmicas de grupo). Estas são algumas das valências fundamentais que adquiri no curso e que aplico no meu trabalho. R.B.: Capacidade de produção, de gestão, de logística, de comunicação, de avaliação,… domínios úteis para sermos bons profissionais. Competências fundamentais para quem trabalha em eventos, onde tudo acontece e há um misto de trabalho administrativo, prático e técnico. Contacta‑se clientes, recebe‑se outros, monta‑se um espaço… Num dia organizamos uma reunião ou congresso, noutro pode ser um casamento…

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Recomendaria o curso a um amigo? B.S.: Sim, desde que na escola certa, porque infelizmente a oferta existente ainda não tem a qualidade que deveria. Por isso, é necessário fazer uma boa pesquisa de instituições com este tipo de oferta formativa. O meu conselho seria tentar perceber quais os eventos em que a escola em questão já esteve envolvida, quais os formadores da área técnica, se possuem somente conhecimento teórico ou se também são profissionais de eventos, ou seja, se têm o know‑how prático e teórico adequado. R.B.: Sim, se for alguém empenhado, disponível, dinâmico e organizado. A organização de eventos é uma área de acção e dinamismo, com forte compo‑ nente criativa e metodológica. É multi‑ disciplinar, incentiva à comunicação e à socialização. Ter uma formação orientada e vocacionada é sempre uma mais‑valia!

ESTÁGIOS CURRICULARES: PRÁTICAS DA ESCOLA DE COMÉRCIO DO PORTO Os estágios curriculares constituem um momento privilegiado no ensino pro‑ fissional e contribuem para a realização de um dos objectivos deste subsistema de ensino: desenvolvimento de compe‑ tências pessoais e profissionais para o exercício de uma profissão. Apesar da importância de que a for‑ mação em contexto de trabalho se reveste, a operacionalização destas horas de formação, 420 horas no caso do curso de Técnico de Organização de Eventos (TOE), nem sempre se afigura fácil, até porque depende da existência de empresas na zona de actuação das escolas e da vontade de acolherem estagiários. Estivemos à conversa com Ana Mestre, directora da Escola de Comércio do

Porto (ECP), no sentido de perceber‑ mos de que forma decorre a formação em contexto de trabalho dos alunos do curso de TOE desta escola. “As esco‑ las têm autonomia pedagógica para a distribuição das horas de formação em contexto de trabalho ao longo dos três anos de formação. A maior parte das escolas opta pela concentração das horas no último ano de formação. No caso do curso de TOE, e à semelhança do que praticamos noutros cursos, optamos pela distribuição da carga horária pelos três anos de formação, o que permite o contacto permanente dos alunos, ao longo do seu percurso de formação, com o universo do traba‑ lho”, esclarece Ana Mestre. Os estágios do curso de TOE são, sublinha a directora da ECP, “mais complexos de operacionalizar do que os de outros cursos que leccionamos, isto porque, na Área Metropolitana do Porto (AMP), o número de empresas/ agências de organização de eventos é escasso em função das nossas ne‑ cessidades”. Foi nesse sentido que “direccionámos, desde logo, os es‑ tágios destes alunos com vista à sua participação profissional em eventos que decorram na AMP, o que aumentou exponencialmente o número de possi‑ bilidades de acolhimento”. Em função desta opção, “os estágios do curso de TOE não têm datas fixas de realização. Não é possível prevê‑los logo no início do ano lectivo. Acontecem em função da ocorrência de eventos e os diferen‑ tes momentos de estágio têm, por isso, durações variáveis, o que exige uma elasticidade acrescida no seu planea‑ mento e operacionalização por parte da coordenação de curso”. No que respeita aos locais de estágio, Ana Mestre destaca o protocolo que a ECP tem com a Exponor e que “permi‑ tiu, no ano lectivo anterior, que os alu‑ nos efectuassem estágios em algumas feiras (Projecto Casa, ExpoCosmética, Qualifica e Newcomers Week). A ECP, cuja dinâmica de eventos é conside‑ rável, é ela própria entidade de aco‑ lhimento de formação em contexto

de trabalho, como aconteceu, no ano lectivo passado, com a dinamização da Aula Inaugural da escola ou dos Jogos da Matemática”. A directora da ECP faz questão de destacar ainda a parti‑ cipação dos alunos, como hospedeiros, na 3.ª edição do ENEOGE, no Baile da Primavera das Câmaras de Comércio e no Serralves em Festa.

ENEOGE: O MEETING POINT DOS ALUNOS DO ENSINO PROFISSIONAL DE EVENTOS O ENEOGE é, no contexto nacional, indiscutível caso de estudo, isto por‑ que, tanto quanto conhecemos, ne‑ nhuma outra iniciativa de formação consegue congregar, de forma tão ine‑ quívoca, os seus estudantes. Os resul‑ tados da participação dos estudantes nas três edições já realizadas supe‑ raram, inclusive, os de vários eventos destinados a profissionais da área. Hugo Soares, mentor do encontro, faz um balanço positivo das edições ante‑ riores, considerando que “o ENEOGE tem vindo a crescer paulatinamen‑ te”, combatendo “um gap enorme na formação de eventos em Portugal”. O evento foi criado a pensar nos estudan‑ tes do ensino profissional, mas, como faz questão de sublinhar, “todos os interessados são bem‑vindos”. De facto, os estudantes do ensino profissional constituem o público maioritário do evento (75%), sendo que a relação destes alunos com o evento não se reduz, de acordo com o coordenador, à partici‑ pação enquanto público, uma vez que “todos os anos é escolhida uma escola e alguns alunos em nome individual para fazerem parte do staff do evento”. O ENEOGE é, pois, o meeting point dos estudantes do ensino profissional de eventos, o espaço onde, em contacto di‑ recto com os profissionais da área, pro‑ curam expressar as suas preocupações.


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Depois de a última edição, que Hugo Soares destaca como a “mais madura” das três, ter sido realizada no Porto, a quarta vai realizar‑se novamente na área da Grande Lisboa, no final do mês de Novembro.

EM AGENDA

[IN]FORMAÇÃO ‑ PARA LER SOBRE…

OS EVENTOS COMO DISCIPLINA No número em que nos debruçamos sobre o ensino profissional, apresentamos duas sugestões de leitura especialmente direccionadas aos formadores do curso de Técnico de Organização de Eventos que, como qualquer curso profissional em Portugal, não tem manuais para as disciplinas da componente de formação técnica.

FORMAÇÃO PARA PROFESSORES A Event Point iniciou no número ante‑ rior uma dupla aposta na formação que procura materializar, já neste número, não só com a caracterização da educa‑ ção e formação de eventos em Portugal, mas também com a promoção de iniciativas de formação resultantes da leitura das ofertas existentes. Damos, assim, a conhecer o nosso Ciclo de Formação 2013/2014 direc‑ cionado, entre outros eventuais inte‑ ressados, a professores de Eventos e de Animação Turística. O ciclo contempla seminários, workshops, painéis e actividades de team building sobre temáticas a que os professores destas áreas têm de dar resposta nas práticas quotidianas. As diferentes acções serão dinamizadas por docentes do ensino superior, especialistas, profissionais e empresas das áreas em estudo e procu‑ ram colmatar a inexistência deste tipo de iniciativas dirigidas a professores. A secção de formação da Event Point dará a conhecer em breve os pormeno‑ res de cada iniciativa, sendo que está previsto para Novembro o início do ciclo de formação, podendo decorrer em Lisboa e /ou no Porto.

PARA INFORMAÇÕES DE TALHADAS, CONTACTE A SECÇÃO DE FORMAÇÃO DA E VENT POINT: FORMACAO@E VENTPOINT.COM.PT.

Concebido para manual de apoio à formação em eventos, Successful event management ‑ a pratical handbook é uma preciosa fonte de informação para professores da área. O livro está estruturado em duas partes: a primeira apresenta uma imagem global dos eventos enquanto negócio. Já a segunda debruça‑se sobre a organização. Escrito por Anton Shone, gestor de operações na Conferences Direct ‑ Derby, e Bryn Parry, docente na Faculty of Business, Sport and Enterprise da Southampthon Solent University, o livro oferece 34 casos de estudo, adaptáveis a contextos nacionais, questões sobre os casos apresentados, sugestões de consulta, sumários, formulários, che‑ cklists, e ainda um glossário. Para os estudantes, o livro disponibiliza links para aprofundamento das leituras, casos de estudo adicionais, vídeos e glossários para download. Os professores podem usufruir de apresentações PowerPointTM, notas explicativas adicionais e propostas de resposta às questões contidas no livro.

SUCCESSF UL E VENT MANAGEMENT ‑ A PRATICAL HANDBOOK AUTOR: ANTON SHONE & BRYN PARRY EDITORA: CENGAGE ANO: 2009 (3ª ED.) 263 PÁGINAS

Event studies ‑ theory, research and policy for planned events é mais uma sugestão nossa da colecção Events Management Series da BH. Escrito por Donald Getz, professor universitário, co‑fundador e membro do conselho editorial do jornal académico Event Management, é a leitura ideal para quem queira conhecer o universo dos eventos enquanto disciplina academicamente reconhecida. O livro está estruturado em 14 capí‑ tulos que procuram sistematizar e sobretudo corporizar os event studies. Uma perspectiva geral e introdutória à área, a descrição, em três capítulos, das suas disciplinas fundadoras, o universo profissional dos eventos e aspectos associados ao seu desenho e gestão constituem assuntos nucleares que Donald Getz desenvolve.

E VENT STUDIES ‑ THEORY, RESE ARCH AND POLICY FOR PL ANNED E VENTS AUTOR: DONALD GE TZ COLECÇÃO: E VENTS MANAGEMENT SERIES EDITORA: BH ANO: 2007 ( 1ª ED.) 4 42 PÁGINAS Pedro Figueiredo [formacao@eventpoint.com.pt] Docente do ensino superior e profissional Assessor Event Point para a formação

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NORMA FRANCO C ON S ULT OR A E M S U S T E N TA BIL ID A DE


OPINIÃO 55

“O SAPO NÃO BEBE DO MESMO CHARCO EM I QUE VIVE”

A água é considerada por muitos como o petróleo do séc. XXI, apesar de ser um recurso natural renovável, é finito, e não se encontra distribuído de uma forma homogénea por todas as regiões do planeta. Apenas 3% de toda a água disponível na Terra é doce, e menos de 1% é de fácil acesso para o consumo humano. É vital para a economia de um país, bem como para a saúde e bem‑estar da sua população, é utilizada para produção de energia e também está na base de toda a produção agrícola. A qualidade, bem como a sua disponibilidade, estão em causa. A combinação do aumento da população mundial com a alteração dos estilos de vida, acrescida das alterações climáticas, tem‑se traduzido numa preocupação crescente e generalizada. A verdade é que, enquanto a população mundial aumenta, verificando‑se um maior consumo de alimentos e energia, as empresas, para suprir as necessidades da população, poderão começar a competir por este recurso ‑ a água.

E se de repente lhe dissessem que, em 2050, quase metade da população mundial poderá viver situações de falta de água, e que em alguns casos a escassez poderá

ser inevitável? Que papel poderá ter uma empresa num problema global? Consciencializar e agir, dentro e além‑fronteiras corpo‑ rativas, poderá alterar os cenários

previstos pelas organizações in‑ ternacionais? Terão actualmente as empresas noção do risco implícito deste problema global no seu negó‑ cio (e não só)?

i. Provérbio popular americano

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OPINIÃO . “ O S A P O N Ã O B E B E D O ME S MO C H A RC O E M Q UE V I V E ”, P OR NORM A F R A NC O 56

2013 E AS TENDÊNCIAS NA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA É recente o estudo da Ernst & Young e GreenBiz Group onde são pu‑ blicadas as últimas tendências na sustentabilidade corporativa. Falar de sustentabilidade no mundo dos negócios é cada vez mais popular, e apesar de muitas empresas abraça‑ rem o tema distintamente, é eviden‑ te a crescente preocupação quanto à integração da sustentabilidade como forma de estar no mercado. É interessante perceber, neste estudo, que as empresas tendem a focar‑se na redução e mitigação de riscos da sustentabilidade, o que representa uma mudança no discurso da susten‑ tabilidade corporativa. O “tone from the top” começa a prosperar sendo fundamental para a conscienciali‑ zação, antecipação e mitigação dos riscos inerentes à sustentabilidade. Certo é que, quanto mais consciente e conhecedor do tema for o CEO, quanto maior for o envolvimento deste (CEO) com os diferentes órgãos de direcção, maior será a probabilidade de sucesso do compromisso de sustentabilidadeii. Curioso é o facto (contrariando al‑ gumas opiniões!) de se constatar que as empresas discutem de uma forma regular o tema Sustentabilidade (riscos e oportunidades), com todas as partes interessadas. Actualmente, discutir sustentabilidade nas empresas inclui questões como o aumento do risco e da proximidade da escassez dos recursos naturais. Conscientes, e mais alerta para os riscos associados ao negócio, os discursos tendem a mudar, a pres‑ são aumenta e a estratégia de negócio altera‑se. Neste momento, algumas empresas começam a planear objecti‑ vos a mais curto prazo, face ao impacto da escassez de recursos naturais. ii Conheça a título de exemplo Ray Anderson da Flor carpeting

Sem grandes surpresas, os participantes deste estudo (cerca de 76%), revelaram que o TOP 1 de preocupação é a água, considerando que é o recurso natural que “mais risco” apresenta. Poderão estas tendências ser um sinal de mudança? Estarão as respostas das empresas à altura dos problemas globais? Serão as actividades de team building uma ferramenta eficaz para alcançar objectivos de sustentabilidade numa empresa?

DESAFIO “TOGETHER EVERYONE ACHIEVES MORE” As actividades de team building continuam a fazer parte das agendas corpo‑ rativas. Apesar da conjectura sócio‑económica, as empresas estão conscien‑ tes de que investir nas equipas é uma forma de desenvolver o negócio. Este tipo de actividades diversificadas, experienciadas em inúmeros ambientes, estão cada vez mais criativas e arrojadas, na tentativa de atingir objectivos específicos empresariais. Perante a impossibilidade de mudar de Terra, e conscientes que estamos dos desa‑ fios globais que enfrentamos, poderão as actividades de team building contribuir para a mitigação e redução destes problemas? Sim, a par de outras medidas, o desenvolvimento deste tipo de acções dentro das empresas pode constituir uma mais‑valia. Numa primeira fase, podem funcionar como iniciativas de sensibi‑ lização/formação, introduzindo o tema da Sustentabilidade, alertando para os riscos dos desafios globais. Após esta fase, a empresa poderá encetar uma segun‑ da fase, onde se espera mobilização e acção, incitando‑se ao desenvolvimento de produtos, ou medidas efectivas, para a resolução de problemas específicos do negócio em causa. As actividades de team building podem desta forma contribuir para a resolução de desafios globais. Afinal, estas iniciativas podem ser encaradas como peque‑ nas sementes que têm que ser regadas pelas empresas, para que depois possam daí colher os frutos…


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LEITOR 58

CONSULTÓRIO DE PROTOCOLO

As perguntas desta edição do Consultório de Protocolo desafiam as nossas especialistas, Susana de Salazar Casanova e Cristina Fernandes, a reflectir sobre as oportunidades de trabalho neste sector, mas também sobre redes sociais, a forma de lidar com a crítica e a informalidade. O que fazer quando uma pessoa no meu evento está a dizer mal do mesmo nas redes sociais? JS, Matosinhos

As redes sociais são muito importan‑ tes no âmbito de um evento porque permitem partilhar informação sobre o mesmo e conseguem que as mensa‑ gens cheguem a um grande número de pessoas. Desta forma cumprem uma das suas funções, ou seja, a de permitirem passar a palavra. Em certos casos, dado impacto do con‑ teúdo, essas mensagens tornam‑se virais, através do uso do Facebook, do YouTube ou do Twitter, por exemplo. Ora estas características resultam ge‑ ralmente de forma positiva, difundin‑ do informação sobre o evento e sobre o que está a acontecer. Consegue‑se assim que o evento chegue a um público mais alargado, fora daquele espaço, mas que tem interesse em saber o que está a acontecer. Nas redes sociais é necessário atentar

ao que se disponibiliza porque esse é um dos pontos que leva alguém a seguir uma empresa, uma pessoa ou um evento. É, também, necessário disponibilizar conteúdos de interesse e inovadores. Além disso, ter em mente a preocupação de agregar valor com o que se partilha. Contudo, existem pessoas que apesar de respeitarem os pontos acima, por razões diversas, apreciam falar ne‑ gativamente seja qual for o assunto. Aliás, há pessoas que seguem eventos com esse propósito. Responder a essas mensagens pode gerar um número incontrolável de novas mensagens que podem posteriormente ser colocadas fora de contexto afectando a reputação de uma empresa ou de uma pessoa. Por outro lado, as mensagens menos agradáveis podem estar associadas a

algum imprevisto ocorrido durante o evento, como por exemplo, um ora‑ dor que não pode comparecer. Nesse caso e noutros, pode ser preferível que o responsável pela comunicação esteja atento e responda aos comentá‑ rios, de forma cortês e esclarecedora, evitando‑se assim a propagação de informação indevida. Deve ter‑se em conta que muitas pessoas lerão apenas o comentário e a resposta, sem per‑ cepção completa do contexto em que foram emitidas. Por fim, deixa‑se a sugestão de se pres‑ tar sempre atenção ao que se escreve, nomeadamente o que pode ser conside‑ rado, por quem lê, como uma ofensa (por exemplo de ordem racial, religiosa ou política). A estes acresce aquilo que se diz sobre a organização ou os seus projectos e que é de natureza reservada.


LEITOR . C ON S ULT ÓRIO DE P RO T O C OL O 59

Como está o mercado de trabalho na área do protocolo? Há oportunidades para jovens? RP, Lisboa

A situação do mercado de trabalho na área do protocolo não difere da das diferentes áreas… Quanto à pergunta sobre se existem oportunidades para jovens, a mesma é pertinente, mas de difícil resposta objectiva. Tanto quanto nos temos vindo a aperce‑ ber ao longo dos últimos dez anos, esta é uma parcela de mercado em que, geralmente, se dá preferência a profissionais séniores e experientes. Independentemente deste factor, aconselha‑se que adquira inicialmen‑ te prática em áreas complementares como, por exemplo, o secretariado, ou em profissões ligadas ao sector do turismo, ou ainda nas diferentes vertentes da comunicação, como por exemplo, na organização de eventos. A formação académica de base pode ser em diferentes áreas científicas, mas a específica, ou seja, a complementar em protocolo deve ser sólida e vasta, o que obriga a que, pelo menos parcialmente, seja frequentada no estrangeiro. Note‑se que esta visão se refere ao exercício da profissão no sector privado. No sector público as funções de proto‑ colo são desempenhadas por funcio‑ nários públicos e, quando ao mais alto nível, por embaixadores de carreira. Desejamos‑lhe o maior sucesso!

S U S A N A D E S A L A Z A R C A S A N O VA E C R I S T I N A F E R N A N D E S

Alguma sugestão sobre a atitude que devemos ter face a queixas, críticas?

Como se pode gerir a tensão entre protocolo e informalidade?

RC, Lisboa

JF, Lisboa

A atitude a ter face a queixas e críticas (que não especifica, mas presumimos se refira a críticas negativas) é a de as enfrentar como um desafio a ultra‑ passar e, sobretudo, como uma opor‑ tunidade para esclarecer situações ou proceder à resolução de dificuldades, seja de que natureza forem. No que diz respeito ao registo de comu‑ nicação, sugere‑se que ouça activamen‑ te, expresse compreensão, se neces‑ sário, solidariedade, e, por fim, que resolva a situação alvo da crítica. Tudo isto demonstrando calma, sem jamais perder o auto‑controle e sempre cum‑ prindo com os mais elementares pa‑ drões de respeito pelo próximo, cortesia e cumprimentos das regras e da cultura da organização que representa. Poderá ser útil a formação em atendimento, gestão de conf litos e gestão de stress. Por fim, mas não menos importante, é fundamental não encarar a queixa/ crítica como uma afronta pessoal, de modo a manter a serenidade e o prag‑ matismo no sentido de resolução e, consequentemente, posterior satisfação de quem expressou essa queixa/crítica.

Protocolo poderá não ser, obrigato‑ riamente, sinónimo de formalidade. Em contexto profissional, o protocolo encarrega‑se de, entre outros aspectos, atribuir o devido lugar e tratamento aos detentores de estatuto hierárquico (ou outro), dando a cada um o tratamento que merece de acordo com o cargo que ocupa ou com a instituição que represen‑ ta. Por outro lado, as regras de Protocolo e Etiqueta regulam o relacionamento interpessoal em qualquer circunstância. A formalidade ou informalidade é o “tom” que marca um determinado acon‑ tecimento e que, regra geral, é ditado pelo anfitrião em primeira instância e, natu‑ ralmente, pelos convidados. Claro que aspectos como local, hora do dia, motivo do acontecimento, programa e compor‑ tamento dos participantes podem tornar o momento mais ou menos formal. Mesmo numa situação claramente infor‑ mal poderão estar presentes princípios de protocolo ‑ terão é que ser aplicados com discrição e equilíbrio, analisando e respeitando todos os factores envolvidos. Esta gestão, de forma a evitar a temida tensão, tem que ser feita com conheci‑ mento, sabedoria e tacto. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


PORTUGAL , PORTUGAL 60

© BILL MORROW

ANIMAÇÃO TURÍSTICA

Com esta edição da Event Point damos início a um conjunto de dossiês sobre Animação Turística. É o reconhecimento merecido de um sector que contribui decisivamente para a experiência do turista e para o desenvolvimento dos destinos, além de criar emprego. Tem ainda um papel importante para a indústria dos eventos, sendo as empresas de animação turística muitas vezes fornecedoras das empresas de eventos. Neste primeiro dossiê centramo‑nos no retrato de um sector em grande mudança e fomos ainda falar com Ana Barbosa, presidente da APECATE.


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UM SECTOR EM CRESCIMENTO, MAS MUITO ASSIMÉTRICO É o primeiro grande estudo que ca‑ racteriza os agentes de animação turística. Foi realizado pelo Turismo de Portugal e dirigido a um universo de quase 1500 empresas, com uma taxa de resposta de 45%. Este estudo, que tem de ser interpretado tendo em conta que foi realizado antes da publi‑ cação do decreto‑lei (DL) n.º 95/2013 (ver entrevista), evidencia o carácter assimétrico do sector. Em Maio de 2013 estavam regista‑ das no Registo Nacional de Agentes de Animação Turística (RNAAT), e referente a Portugal Continental, 1618 empresas, 919 de animação turística e 699 operadores marítimo‑turísticos (OMT). O ano em que foram registadas mais empresas foi o de 2010, sobretudo OMT (317 empresas), provavelmente na sequência do DL n.º 108/2009 que diminuiu os valores de acesso à activi‑ dade de animação turística e integrou neste sector os OMT. Só 29,3% das empresas inquiridas indicam possuir o CAE 93293: organização de activida‑ des de animação turística, o que pode evidenciar a grande heterogeneidade do sector, que a animação turística não é a actividade principal de uma parte substancial dos inquiridos, ou que são operadores marítimo‑turísticos. Em termos geográficos, o estudo mostra que é em Lisboa (30,1%) e no Algarve (25%) que se situa o maior número de empresas. A região Norte aparece na quarta posição com 18,3%. No que toca ao volume de negócios, 62% dos operadores marítimo‑tu‑ rísticos e 44% das empresas referem ter um volume menor ou igual a 25 mil euros. 16% dos operadores marí‑ timo‑turísticos e 28% das empresas de animação turística têm um volume superior a cem mil euros. Tendo em conta que o estudo se reporta ao ano

de 2012, 32% das empresas inquiri‑ das mencionaram que o volume de negócios tinha decrescido em relação ao ano anterior. Este cenário parece ter afectado sobretudo as empresas com menor volume de negócio. 30,3% admitiu o contrário. A dimensão das empresas é variável, sendo que 51% tem até quatro cola‑ boradores a tempo inteiro ou parcial. Fazendo zoom, 66% das empresas ma‑ rítimo‑turísticas e 49% de animação turística têm até quatro colaboradores. Em relação à formação, 29,9% tem for‑ mação superior (32% se nos concen‑ trarmos só na animação turística), dos quais 8,7% na área do turismo. Mas o grosso dos colaboradores, 47,4%, tem o ensino básico ou secundário. A forma‑ ção técnico‑profissional atinge uma percentagem de 22,7%. Em termos regionais, a maior percentagem de co‑ laboradores com formação em turismo é no Alentejo, revela o estudo. O site próprio, as redes sociais e as brochuras são os meios de promoção mais utilizados por estas empresas. Este é um sector que não aposta muito nas feiras. Em relação ao estabele‑ cimento de parcerias, os resultados mostram que existe quase um empa‑ te, 50,2% das empresas admite não estabelecer parcerias, e 49,8% afirma que as estabelece, nomeadamente com outras empresas de animação turística ou unidades de alojamento. As actividades mais procuradas são, destacadamente, as de turismo de ar livre, de natureza e aventura, seguin‑ do‑se o turismo cultural ou paisagístico e, em terceiro, as actividades em insta‑ lações fixas. A maioria dos programas tem duração inferior a um dia (65%) e os meses de maior procura vão de Maio a Setembro, sendo o mês de Agosto o mais forte. A maioria dos clientes per‑ tence à faixa etária dos 35 aos 64 anos e são sobretudo individuais. Seguem‑se os grupos de interesse como empresas, escolas, colónias de férias; as agências de viagem; as unidades de alojamento e as empresas organizadoras de con‑ gressos e eventos. O mercado nacional

predomina com 55,4%, em termos globais. Em termos regionais, de regis‑ tar que no Algarve a procura é bastante superior por parte do mercado externo. Em termos de procura internacional, o Reino Unido e Espanha são os mercados com maior peso. No que toca ao turismo cultural, o Brasil ocupa a primeira posi‑ ção, seguido de Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

ONAT IDENTIFICA PREOCUPAÇÕES DO SECTOR O Observatório Nacional das Actividades de Animação Turística (ONAT) é uma iniciativa do GITUR ‑ Grupo de Investigação em Turismo do Instituto Politécnico de Leiria e tem como objectivo apoiar os empresá‑ rios deste sector através da pesquisa e compilação de informação, da moni‑ torização da actividade, e da criação de uma plataforma de diálogo entre os intervenientes. O primeiro relatório do ONAT, elaborado no mês de Maio, uma vez mais antes da promulgação do DL 95/2013, centrou‑se em identificar as preocupações dos empresários e em qual o grau de importância que lhe atribuem. A amostra contava com 161 entidades ‑ 48 autarquias e 113 empre‑ sas ‑, sendo que a taxa de resposta foi de 51% (82 entidades). O questionário era composto por 14 questões, cada uma delas referenciando uma preo‑ cupação do sector, e cada questão foi avaliada segundo o grau de importân‑ cia atribuído (de extremamente im‑ portante a nada importante). As questões com mais respostas na classificação “extremamente im‑ portante” foram: “desenvolvimento de políticas sectoriais conducentes à redução da sazonalidade do sector”, “criação de um sistema de monitoriza‑ ção da procura, que permita conhecer o perfil e as motivações dos clientes das diversas actividades de animação tu‑ rística” e “criação de manuais de boas práticas para cada área de animação W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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ENTREVISTA A ANA BARBOSA, PRESIDENTE DA APECATE Como presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, mas também como profis‑ sional da Animação Turística, Ana Barbosa é reconhecidamente uma das maiores especialistas deste sector. Fomos à procura da sua ajuda para perceber de que forma o novo quadro legislativo vai afectar a actividade. © L A S Z L O I LY E S

turística que sirva de referência às empresas do sector”. Já a questão que concentrou mais respostas “extrema‑ mente importante” e “muito impor‑ tante” teve a ver com a definição clara do âmbito de actividades de animação turísticas e o enquadramento jurídico. Lembre‑se que o DL 95/2013 já intro‑ duz uma nova definição do sector. O combate à concorrência desleal é uma grande preocupação dos interve‑ nientes e está patente neste diagnós‑ tico. 92.7% dos inquiridos acha “ex‑ tremamente” ou “muito importante” a “identificação das práticas de concor‑ rência por empresas não licenciadas, associações, clubes e câmaras munici‑ pais”, enquanto que 90,3% vê necessi‑ dade de revisão do quadro regulamen‑ tar do sector, no sentido de combater situações de concorrência desleal. Os inquiridos (82,9%) manifestam a grande relevância do “desenvolvimen‑ to de programas de apoio financeiro e sistemas de incentivos por parte do Governo, conducentes ao aumento da qualidade, inovação e competitividade do sector”. A mesma percentagem de inquiridos considera “muito” ou “ex‑ tremamente importante” a “definição de um modelo sectorial que enquadre

a tipificação dos riscos e critérios de cobertura pelas seguradoras”. 84.1% destacam a importância da “promoção de redes de cooperação para responder a problemas sectoriais específicos”. Com menos respostas nas categorias de “extremamente” ou “muito im‑ portante” são as questões que têm a ver com a regulamentação do acesso dos técnicos à carreira profissional: “desenvolvimento de um sistema nacional de certificação de actividades de animação” (69,5%); “exigência de conhecimentos específicos aos direc‑ tores das empresas como condição prévia para a inscrição no RNAAT” (52,5%) e “definição de critérios para a criação de uma escala que formalize as funções de ajudante de monitor, monitor e director técnico” (52,3%). O aspecto relacionado com a formação mais destacado como “muito” ou “ex‑ tremamente importante”, 71,9%, foi a “identificação dos perfis de formação académica e profissional, focalizan‑ do‑os nas principais competências profissionais do sector”. Em suma, depreende‑se deste diag‑ nóstico que os empresários estão mais preocupados com questões de legislação, de política sectorial e de concorrência.

O que representa para o sector da animação turística o decreto‑lei (DL) n.º 95/2013? Este diploma resulta directamente da Directiva Serviços que Portugal assinou e que tem que implemen‑ tar em toda esta área da actividade económica. O DL n.º 108/2009 foi, aliás, o primeiro balão de ensaio desta aplicação ao criar o balcão único, instituir o RNAAT e desmaterializar os procedimentos administrativos. O primeiro objectivo do DL n.º 95/2013 é concluir o processo, uma vez que a aplicação anterior tinha sido efectua‑ da antes da transposição da directiva para a legislação portuguesa, o que só aconteceu em 2010. No que respeita a este novo diploma, clarificam‑se alguns pontos, nomeadamente em relação às empresas estrangeiras que operam em Portugal, e consumam‑se duas grandes mudanças: o acesso à actividade passa a fazer‑se por mera comunicação prévia, com ou sem data, conforme seja necessária ou não a classificação de actividades de Turismo de Natureza; e o valor da taxa de registo baixa substancialmente.


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E o que implicam estas duas mudanças? No que respeita ao acesso por mera co‑ municação prévia, nunca será demais insistir que o RNAAT não acabou. Os empresários têm na mesma que fazer o seu registo, mas a responsabilidade fica totalmente do seu lado: no caso da mera comunicação prévia, desde o momento em que apresentem os documentos obrigatórios e tenham pago a taxa podem começar a operar, ou seja, não têm que esperar que o Estado “autorize”. É isto que signi‑ fica a frase “eliminar o registo como condição de acesso à actividade”. Mas significa também que os empresários deixam de poder esperar que alguém venha simpaticamente dizer‑lhes que se esqueceram deste ou daquele documento, que por acaso até era um requisito legal, para poderem começar a funcionar. Está na lei o que têm que fazer e a sua obrigação é ler, interpre‑ tar e cumprir. E em relação à taxa de registo? Quanto ao valor da taxa pelo regis‑ to trata‑se, de facto, de uma grande mudança. Devo admitir que me ques‑ tionei sobre a bondade deste tipo de medidas quando se deu a primeira redução no quadro do DL n.º 108/2009. Durante nove anos todas as empresas pagaram 2500 euros pelo então alvará e, de um dia para o outro, criou‑se o RNAAT, introduziu‑se a diferenciação entre as microempresas e as restantes, fez‑se a integração dos Operadores Marítimo‑Turísticos (OMT) no sector, e os valores baixaram, respectivamente, para 950, 1500 e 245 euros. Sempre que há mudanças desta natureza, quem já estava no sector sente alguma sensação de injustiça. É inevitável. No entanto, se o objectivo é repor os valores que devem ser cobrados pelo Estado, não como um imposto encapotado ou um entrave corporativo, mas como o preço que a empresa deve pagar por um serviço que lhe é prestado, temos que convir que está a ser feita justiça. Por outro lado, as Empresas de

Animação Turística (EAT) estão a be‑ neficiar grandemente destas alterações legislativas. É o caso dos novos valores das taxas pelo registo no RNAVT ‑ Registo Nacional de Agências de Viagens e Turismo (1500 euros contra 12500 euros) e da abolição do capital social mínimo obrigatório de 100 mil euros. Sem esta autêntica revolução no sector turístico não teriam a oportunidade, que muitas já aproveitaram, de aceder também a este registo e assim poderem, finalmente, vender os seus produtos em regime de pacote, o que é crucial para a conquista do mercado externo. Era uma reivindicação antiga do nosso sector que acabou por ser satisfeita por esta via. E não podemos querer que o mercado funcione sem entraves de natureza cor‑ porativa quando nos convém e, depois, quando nos tiram o que interpretamos, a meu ver erradamente, como um chapéu protector do Estado, começarmos a ter comportamentos corporativos. Penso, pois, que as poucas reacções negativas que já ouvi correspondem a reacções emocionais passageiras. Qual foi o envolvimento da APECATE nesta alteração legislativa do sector? Ficaram satisfeitos com a redacção final? Como referi, este processo iniciou‑se em 2010 e prolongou‑se até agora. Ao longo destes três anos foi interrompi‑ do várias vezes mas, justiça seja feita, o envolvimento da APECATE foi sempre uma preocupação dos gabinetes dos três secretários de Estado do Turismo que nos consultaram e ouviram. É nossa prática colocar sistematicamente à Tutela todos os problemas que vão surgindo no sector, acompanhados de propostas de solução, o que facilita muito o diálogo institucional. Como acontece em todas as negociações, houve pontos em que discordámos e per‑ demos, e houve outros em que as nossas propostas foram totalmente aceites. Esta revisão teve também como objectivo melhorar o diploma anterior, corrigindo o que já se tinha revelado como contrário aos interesses do sector. Nesta óptica, só podemos dar‑nos por satisfeitos com as alterações conseguidas.

A que tipo de alterações está a referir‑se? Exactamente à solução encontrada para alguns dos tais problemas de que fomos dando conhecimento e apresentando propostas à Tutela. São, aparentemente, questões de detalhe, mas que facilitam muito a vida dos empresários. É o caso, por exemplo, do artigo 16º.8., que consagra a isenção, para os inscritos no RNAAT, da ob‑ tenção de outras permissões adminis‑ trativas e do pagamento de quaisquer outras taxas ou cauções exigidas para o exercício das actividades abrangidas pelo diploma. São explicitadas duas excepções: pesca turística e activi‑ dades abrangidas pela Lei da Água. Estas excepções já eram consideradas, mas, desta vez, no que respeita à Lei da Água, especificam‑se as situações em que esta Lei se aplica. Foi uma altera‑ ção essencial porque, conforme duran‑ te vários anos fomos reportando, esta‑ vam a ser cobradas taxas pela emissão de títulos de utilização privativa de recursos hídricos a EATs e OMTs por actividades de canoagem, por exemplo, o que, em nosso entender, não decorria de qualquer aspecto substancial da lei, mas de uma interpretação errada. Outro aspecto interessante que bene‑ ficia os OMT já registados decorre do abaixamento e unificação das taxas dos OMT e EAT. A diferenciação passa a fazer‑se apenas pela via do tipo de actividade que os OMT estão autorizados a exercer e do regula‑ mento específico a que estão sujeitos (RAMT). Como a taxa passa a ser a mesma, esta situação vai permitir que os actuais OMT, que já pagaram uma taxa superior à que actualmente compete às EAT, possam, mediante um mero alargamento dos seus se‑ guros, registar‑se sem custos adicio‑ nais como EAT, ficando autorizados a operar também em terra. Esta pos‑ sibilidade, que há uns dias atrás era cara, vai contribuir para uma melhor gestão dos negócios mais dependen‑ tes da sazonalidade.

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DELIMITAÇÃO DA ACTIVIDADE DE ANIMAÇÃO TURÍSTICA

E em relação ao Turismo de Natureza? No que respeita ao Turismo de Natureza foi também por proposta nossa que foi aceite excepcionar as actividades que se desenvolvem na rede viária nacional, regional e local, aberta ao público em geral, da obrigatorieda‑ de de classificação como actividades de Turismo de Natureza. Esta altera‑ ção acaba com a situação bizarra de passeios de bicicleta serem obrigados a classificação e, por vezes, parecer do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas), quando se desenvolvem nas mesmas estradas percorridas livremente por autocarros turísticos. O mesmo se diga da subs‑ tituição da expressão “passeios em viaturas todo o terreno” por “passeios em todo o terreno”, já que as viaturas 4x4, quando circulam em estradas pú‑ blicas, não estão a fazer todo terreno, não têm que ter um estatuto diferente do dos outros automóveis que apenas têm tracção às duas rodas, sobretudo quando essa diferença se pode traduzir em penalização. Tudo isto parece ser um conjunto de pormenores de some‑ nos importância, mas os empresários que já foram prejudicados por estes “detalhes” sabem bem a importância que tem a correcção de formulações que, mesmo contra a vontade do le‑ gislador, acabam por ter efeitos muito perversos sobre a sua actividade.

O DL n.º 95/2013, que dá uma nova redacção ao n.º 108/2009, de 15 de Maio, delimita as actividades de animação turística. O documento diz que “são actividades de animação turística as actividades lúdicas de natureza re‑ creativa, desportiva ou cultural, que se configurem como actividades de turis‑ mo de ar livre ou de turismo cultural e que tenham interesse turístico para a região em que se desenvolvam (…)” Considera‑se animação turística as actividades de turismo de ar livre/ou‑ door/activo ou aventura que “decorram predominantemente em espaços natu‑ rais, traduzindo‑se em vivências diver‑ sificadas de fruição, experimentação e descoberta da natureza e da paisagem, podendo ou não realizar‑se em insta‑ lações físicas equipadas para o efeito; suponham organização logística e/ou supervisão pelo prestador; impliquem uma interacção física dos destinatários com o meio envolvente. Bem como as ac‑ tividades de turismo cultural, as pedes‑ tres ou transportadas “que promovam o contacto com o património cultural e natural através de uma mediação entre o destinatário do serviço e o bem cultural usufruído, para partilha de conheci‑ mento”. Não são actividades de anima‑ ção turísticas a organização de campos de férias e similares, a organização de espectáculos, feiras, congressos ou eventos. Exclui‑se ainda o mero aluguer de equipamentos de animação.

A nova delimitação da actividade de Animação Turística presente no decreto‑lei parece‑lhe a mais correcta? Trata‑se de uma clarificação que era muito necessária em termos concep‑ tuais. A primeira opção do legislador foi por uma definição aberta, penso que

com o objectivo de permitir sem entra‑ ves uma auto‑definição progressiva dos actores deste novo sector. Esta delimi‑ tação da definição procurou teorizar e “arrumar” a realidade essencial que se foi estruturando desde 2000. Basta analisar os objectos das empresas hoje registadas para se perceber que o que este sector faz é exactamente organizar e comercializar actividades de Turismo de Ar Livre e de Turismo Cultural. No decorrer desta última consulta foi‑nos solicitada uma proposta de densificação da definição então em vigor, considera‑ da demasiado abrangente e geradora de ambiguidades várias, e o que apresen‑ támos foi totalmente aceite. Refira‑se a propósito da pergunta anterior que este é mais um ponto a favor dos empresários. Por exemplo, agora que estão perfeitamente definidas as activi‑ dades de animação turística, será muito mais complicado que algumas câmaras municipais continuem a tratar os nossos passeios turísticos em todo o terreno como se fossem eventos desportivos, divertimentos públicos e similares, aplicando‑lhes cegamente o célebre n.º1 do artigo 29 do DL n.º 310/2002. Há alguma consequência desta delimitação da actividade? A consequência maior desta nova definição é a isenção de registo por parte de equipa‑ mentos como os autódromos, os kartó‑ dromos, os campos de golfe ou instalações como o Oceanário de Lisboa, que já são obrigados a outros licenciamentos. Creio que os que já estão no RNAAT não vão ser convidados a sair mas, a partir de agora, só deverão registar‑se os equipamentos onde sejam praticadas as actividades definidas como actividades de turismo de ar livre (parques aventura, parques de arborismo, rocódromos, etc.) e de turismo cultural.


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No decreto lê‑se, “Por outro lado, a uma maior liberdade no acesso à actividade o decreto‑lei faz corresponder o reforço dos instrumentos de fiscalização e dos deveres de informação, assegurando, assim, o equilíbrio dos interesses dos consumidores e das empresas”. Considera que a questão da fiscalização pode ser ainda mais fulcral para este sector? Acredita que este decreto‑lei vai ajudar a mitigar alguma da concorrência desleal que existe? Separemos as duas coisas: os deveres de informação, tarefa que assumimos como nossa, independentemente de estar ou não na lei (e que é tão impor‑ tante que todas as normas de qualidade para o sector dos serviços a conside‑ ram como requisito); e a fiscalização que, a par da aplicação da justiça, é tarefa de todos os Estados que têm como objectivo defender, sem protec‑ cionismos, uma economia saudável.

A fiscalização, ou melhor, a falta de uma fiscalização adequada é um dos proble‑ mas maiores que afectam os empresários deste sector. Fazem‑se acções de fisca‑ lização sobre empresas registadas, que pagam os seus impostos e que, graças aos efeitos multiplicadores da activida‑ de turística, contribuem de facto para a economia nacional. Mas não tem havido um combate efectivo à economia paralela na qual se misturam algumas câmaras municipais, entidades ditas sem fins lucrativos que, por vezes, não são mais do que empresas encapotadas, alegados “grupos de amigos”, “curiosos”, etc. O Estado não pode demitir‑se desta fun‑ ção. Precisamos, como de pão para a boca, de uma fiscalização esclarecida e dirigida, antes de mais, a quem opera no desrespei‑ to das regras estabelecidas, nas quais se incluem deveres fiscais que são objectiva‑ mente pesados. Faz sentido que uns sejam obrigados a entregar ao Estado 23% sobre

tudo o que vendem mais todos os outros impostos, enquanto outros andam a pas‑ sar impunemente pelos pingos da chuva? Este decreto‑lei, ao facilitar o acesso à acti‑ vidade, poderá ajudar a criar a consciência de que o crime não compensa e estimular o desenvolvimento de projectos cuja dimen‑ são não seria compatível com custos ini‑ ciais desproporcionados. Mas a verdadeira concorrência desleal, protagonizada por quem está farto de saber que é isso mesmo que está a fazer e até se vangloria do facto, não se combate com diplomas. Para casos de polícia, chama‑se a polícia. Como ficam as questões de qualidade salvaguardadas, quando o acesso à actividade é facilitado? Não me parece que possa falar‑se de uma relação de causalidade entre as condições de acesso a uma actividade económica e a qualidade, sobretudo quando neste caso facilitar é apenas sinónimo de tornar

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mais barata uma taxa que estava acima do seu valor justo. É bom não nos esquecer‑ mos que ter uma empresa em Portugal, por mais que se baixem as taxas, não é aventura em que se deva entrar de ânimo leve. São vários os custos iniciais para além da taxa e são elevados os custos de funcionamento, para além das já re‑ feridas obrigações fiscais. Em tempos normais e, por maioria de razão, em tempo de crise. Dificultar o acesso a uma actividade económica nunca garantiu a qualidade. Aliás, o que defendemos em relação a este tema é que a qualidade ‑ do produto e da forma como é prestado ‑ é uma matéria fundamental que, na nossa opinião, compete aos empresários e às associações sectoriais. Faz parte da auto‑ ‑regulação e não da regulação.

DESAFIOS DO SECTOR O que falta fazer e que lhe parece muito importante? Várias coisas mas nenhuma delas, em rigor, depende de forma autónoma da tutela do Turismo. Refiro apenas três. A primeira é a efectiva desburocratização da relação da Administração com as empre‑ sas. Raia o absurdo a quantidade de docu‑ mentação que massacra os agentes de Animação Turística. O RNAAT é a coisa mais simples das nossas vidas. O proble‑ ma é tudo o resto. Só num automóvel de uma empresa, por exemplo, para além dos documentos habituais, temos que ter: uma autorização para o condutor condu‑ zir a viatura que é propriedade da em‑ presa, o horário de trabalho do dito cujo condutor e a descrição detalhada do pro‑ grama que vai fazer, a declaração de que os bens que estamos a transportar fazem parte do activo imobilizado da empresa, logo estão isentos de comunicação prévia ou emissão de documento de transporte, o dístico do “Proibido fumar” … E, como vamos fazer uma actividade, para preve‑ nirmos problemas, o melhor que temos a fazer é levarmos também um exemplar do RNAAT, das apólices de Responsabilidade Civil e de Acidentes Pessoais, apesar de estar tudo online. O tempo que se gasta

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nestas coisas é inaceitável. A segunda, que é especialmente urgente, é a alteração do Regulamento da Actividade Marítimo‑Turística de forma a adequá‑lo à realidade deste sector. Neste particular temos o grande azar de trabalhar com um recurso ‑ o Mar ‑ que tem demasiadas autoridades. Para nós é uma prioridade, mas o melhor é nem começar a dizer nada sobre isto porque esta problemática dá por si só para outra entrevista. E a terceira? A terceira é a adequação dos meios de promoção à nossa realidade de pro‑ dutores de nicho. Não é a mesma coisa promover e vender quartos e promover e vender actividades de animação turística. E, se já há muitas empresas a beneficiar do trabalho das agências regionais que funcionaram bem, muitas outras há que, pelo azar de estarem em áreas geográficas mal sucedidas, estão mais entregues a si próprias do que deveriam estar. Acho que ainda temos muitos passos para dar nesta matéria: o Turismo de Portugal, as ERT’s [Entidades Regionais de Turismo] e, também, as próprias empresas.

Como é que a crise afectou/afecta o sector? Não tenho dados rigorosos que me per‑ mitam responder de forma quantitativa. A percepção que tenho é a de que quem apostou no mercado externo está bem e que quem estava e se manteve dependente do mercado interno dificilmente estará em boas condições. Para este sector, penso que esta crise foi fundamental para chamar a atenção para a importância de partir à conquista do mundo que, ainda por cima, aprecia tanto o que temos para oferecer.

Na próxima edição da Event Point vamos falar com vários empresários do sector de modo a sentir o pulso ao mercado. Vamo‑nos centrar ainda nas questões relacionadas com a formação. Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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NEM O FANTASMA DO NORTE CONSEGUE PARAR O “BOOM” SUL‑COREANO Com 10 milhões de habitantes ‑ uma das maiores cidades do mundo ‑, Seul fervilha de vida e de negócios. Apesar de ser uma cidade conotada com a tecnologia e modernidade, a capital coreana soube manter vivos os aspectos singulares da cultura do país. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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Em 1988, ao km 38 da maratona dos Jogos Olímpicos de Seul, Rosa Mota atacava e deixava para trás as prin‑ cipais adversárias. O estádio estava próximo e nos portugueses crescia a emoção de poder ter uma atleta me‑ dalhada, e logo na prova rainha dos Jogos. Rosa Mota venceu, num dia inesquecível, e Seul ficava assim na memória colectiva lusa. Este foi um dos maiores eventos realizados na cidade, que em 2002 acolheria também a abertura do Campeonato do Mundo de Futebol, uma organização con‑ junta entre a Coreia do Sul e o Japão. Hoje em dia a cidade é reconhecida pela capacidade de organizar eventos, sendo a quarta cidade na Ásia a receber mais iniciativas, segundo o ranking da ICCA (International Congress and Convention Association). Isto terá muito que ver com o facto de a capital da Coreia do Sul se ter tornado em um dos principais centros financeiros daquela geografia (e do mundo), sede de muitas empresas à escala global, e com o facto de estar verdadeiramente na linha da frente de tudo o que se faz em termos de tecnologia. A tecnolo‑ gia, aliás, está por todo o lado, prova disso é o facto de Seul exibir o título de uma das cidades mais conectadas do mundo. E sabe‑se como a Internet

fala ao coração dos congressistas e dos organizadores de eventos. Por outro lado Seul está intimamente relacionada com a indústria de desen‑ volvimento de vídeo‑jogos, algo que motiva por si só imensos eventos, con‑ ferindo uma vantagem competitiva à cidade no que toca a uma das tendências deste sector: a “gamificação” (os jogos). O governo atribui à meetings industry, ou MICE, uma grande importância. O Convention Bureau de Seul é o rosto da estratégia da cidade para este sector. Parte integrante da Organização de Turismo de Seul, tem como missão mostrar a capital da Coreia como um destino líder para congressos e eventos, explica Maureen O’Crowley, vice‑presidente do Convention Bureau de Seul. “A nossa missão tornou‑se mais importante quando em 2009, quer a cidade de Seul, quer o governo da Coreia, identificaram oficialmente a indústria MICE como uma das ‘indús‑ trias‑motor que geram crescimento’ e planearam a expansão da infra‑estru‑ tura para acomodar eventos de renome internacional a nível nacional”. A res‑ ponsável lembra que, além dos bene‑ fícios económicos directos, este sector permite ainda a criação de emprego e a interacção social entre visitantes internacionais e os habitantes locais.

A cidade de Seul está bem fornecida em termos de transportes. “O aeroporto de Seul, Aeroporto Internacional de Incheon, é reconhecido globalmente como o melhor do mundo e foi con‑ siderado dessa forma pelo Airports Council International durante sete anos consecutivos (2005‑2011)”, explica Maureen O’Crowley. O Centro de Feiras e Congressos de Coex está localizado em pleno distrito finan‑ ceiro, Gangnam. Segundo dados do Convention Bureau, o venue recebe anualmente cerca de 200 feiras e mais de duas mil reuniões e eventos. A estrutura dispõe de quatro naves para feiras e 54 salas de reuniões. Seul conta com 161 hotéis, de gamas variadas, oferecendo 27,173 quartos, além de salas de eventos. Mas há venues que são únicos em Seul, como as casas coreanas (hanok) tradicionais, ou outros edifícios de influência mais europeia, como o The Raum, e há ainda espaços no rio, como o Fradia ou a Marina de Seul. Os mercados principais, conforme nos conta o Convention Bureau, são a China e o Japão. No entanto Seul é promovido noutras regiões do mundo como Europa, Médio Oriente, América do Norte e Oceânia.


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RE UNIÕE S À G A NGN A M S T Y L E

QUATRO PERGUNTAS A MAUREEN O’CROWLEY

E, de repente, uma canção do coreano Psy, o “Gangnam Style”, catapulta para os tops mundiais a K‑pop, a música pop coreana, praticamente desconhecida, e apresenta ao mundo o estilo gangnam, um estilo de vida luxuoso associado ao distrito com o mesmo nome, a zona mais chique de Seul. O hit de Psy teve o condão de fazer aumentar o número de turistas na capital e o interesse pela cidade em termos internacionais. O Convention Bureau não podia desaproveitar esta oportunidade e lançou no Facebook a campanha “What is Gangnam Style?”, um passatempo que incluía uma viagem à cidade. “Foi um grande sucesso de par‑ ticipação de pessoas de todo o mundo”, explica a vice‑presidente da entidade.

O que torna a experiência de organizar um congresso em Seul diferente da de outras cidades e países vizinhos? Seul é uma metrópole com 600 anos e dez milhões de residentes, caracte‑ rizada pela preservação da herança cultural e histórica, apesar do de‑ senvolvimento rápido. A tecnologia avançada de informação permite aos visitantes conectarem‑se em qualquer sítio de Seul, num palácio antigo ou no metro. Além disso, com a quantidade de locais a visitar, desde os mais histó‑ ricos, aos mais modernos e na moda, a cidade oferece um pacote completo para reuniões e incentivos. A cultura tradicional coreana, a cozinha, e mais recentemente a cultura K‑pop desper‑ taram um interesse generalizado pela península. Por ser uma cidade rela‑ tivamente recente no acolhimento de eventos internacionais, revela‑se uma grande vantagem perante aqueles que rodam a cada três, quatro anos, uma vez que os seus participantes ainda não descobriram Seul. Quais são os objectivos de Seul em termos de ranking da ICCA? Seul está na quarta posição no ranking da ICCA referente à Ásia e em 17º em termos mundiais. Além disso a cidade está em quinto lugar mundial, e pelo

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terceiro ano consecutivo, quanto ao número de conferências internacionais acolhidas na cidade, segundo critérios da Union of International Associations (UIA). Seul recebeu um total de 253 reuniões qualificadas em 2012, mais 10% do que em 2011. Quando foi estabelecido, em 2008, o Convention Bureau de Seul tinha o objectivo ambicioso de chegar ao top cinco em 2015. Conseguimos isso cinco anos antes, em 2010, o primei‑ ro ano em que fomos considerados a quinta cidade do mundo pela UIA. Para melhorar a competitividade MICE da cidade, foi criada a Seoul MICE Alliance (SMA), uma parceria entre as agências do governo e as organizações do sector privado. Actualmente há 113 parceiros sob o chapéu da SMA. Esta aliança é operada pela cidade de Seul e pela Organização de Turismo de Seul e tem como objectivo promover cada vez melhor a infra‑estrutura de congressos e as vantagens MICE para os compradores de todo o mundo. As empresas que fazem parte da SMA recebem apoio por participar em feiras internacionais, road shows, confe‑ rências e reuniões de organizações internacionais, trabalhando de forma concertada com a cidade nas activida‑ des de marketing que são realizadas W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


DESTINO INTERNACIONAL . S E UL 70

© SEUL CONVENTION BUREAU

além fronteiras. A juntar a isto, um novo pacote promocional vai ser criado de forma a sublinhar os esforços da cidade para atrair eventos de grande qualidade. Os organizadores de even‑ tos que optem por empresas‑membro da SMA ganham benefícios adicionais se receberem apoio público para atrair, realizar ou promover eventos. Como é que a cidade se promove em termos internacionais? A Organização de Turismo de Seul para promover a cidade participa todos os anos nos seguintes eventos: IMEX Frankfurt e EIBTM Barcelona, na Europa, GIBTM, no Médio Oriente, IT&CM, CIBTM, IT&CMA e ITB Asia, na região da China e Ásia e Pacífico, e AIME, na Oceânia. Organizamos viagens com a imprensa internacional especializada em MICE para lhes dar a hipótese de conhecer e explorar os diferentes venues que a cidade tem a oferecer para reuniões e incentivos.

© SEUL CONVENTION BUREAU

Acredita que os conflitos políticos que existem muitas vezes entre as duas Coreias influenciam a decisão de escolher Seul como destino para um evento? Essa não é uma questão que se ponha em Seul. A cobertura mediática inten‑ sa das últimas atitudes desafiantes da Coreia do Norte, para criar essencial‑ mente sensacionalismo, parece que se tornou a forma de fazer diplomacia na Coreia do Norte. A Coreia do Sul está habituada a isto e não permite que in‑ terfira com o dia‑a‑dia e os negócios. Para tranquilizar os organizadores de eventos, explicamos isto mesmo, e também o facto de nenhum aviso ter sido lançado pelas maiores embaixa‑ das localizadas em Seul. Por exemplo, a embaixada de Portugal declarou no seu site oficial: “A situação actual na península da Coreia não aumenta, de momento, os riscos e perigos da‑ queles que vivem e visitam a Coreia do Sul (5 de Abril de 2013). Visitantes notáveis, que não se deixam dissuadir pelas parangonas, incluem o fundador

da Microsoft, Bill Gates, que passou uns dias em Seul para se reunir com o presidente coreano sobre questões de reformas económicas, bem como com líderes das empresas, e para dar uma aula a estudantes universitários. Em relação a celebridades, visitaram Seul para promover os seus filmes os actores Robert Downey Jr., Will Smith e Hugh Jackman. A MacDonald’s Singapura realizou uma viagem de incentivo a Seul, em Maio, para 175 colaboradores da direcção. Muitas grandes conferências, como por exem‑ plo a 20th International Association of Gerontology and Geriatrics World Congress e o International Congress of Toxicology, realizaram‑se em Junho e há outros eventos planeados este ano.

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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EMPRESAS 72

EUROPALCO FAZEMOS EVENTOS

A Europalco é uma empresa global de aluguer de material para eventos e espectáculos. Oferece por isso um vasto leque de produtos, serviços e soluções para qualquer tipo de evento, do mais pequeno e mais simples ao maior e mais complexo. A que se junta uma política “de constantes investimentos em novas soluções”, afirma Pedro Magalhães, director-geral da empresa. Para suportar toda esta operação, a Europalco fez um novíssimo armazém, onde espaço, tecnologia e organização per‑ mitem gerir do modo mais eficiente todos os produtos que entram e saem, “garantin‑ do que estão nas melhores condições para cada ocasião”, explica Pedro Magalhães.

Mas os equipamentos sem pessoas de pouco ou nada valeriam. “Temos um staff de 60 pessoas, altamente profis‑ sionais e qualificadas, que sabem tirar partido das tecnologias mais recentes, e que actuam sob um alto padrão de qualidade”, destaca o director-geral da

Europalco. “Também por isso nos preo‑ cupamos com a satisfação dos nossos colaboradores, e contribuímos para o desenvolvimento da comunidade em que estamos inseridos. Porque assumimos um compromisso a 100% com todos, de modo a criar eventos realmente únicos”.


EMPRESAS . E UR OPA L C O 73

UM SITE COM MÚLTIPLAS FERRAMENTAS Pedro Magalhães destaca ainda o site www.europalco.com, também ele sujeito a regulares actualizações, de modo a ser “uma verdadeira ferra‑ menta de trabalho para quem organiza qualquer tipo de evento”. Basta regis‑ tar-se e pode aceder a orçamentos on‑ line, soluções de cálculo, dados sobre venues nacionais e um sistema de pla‑ nificação 2D e projectos 3D. Além de poder consultar detalhes sobre todos os produtos da empresa.

“Não receio dizer que revolucionámos os eventos em Portugal, com esta paixão que temos pela inovação e pela evolução contínua”, conclui Pedro Magalhães.

EUROPALCO

“DESDE 1997 A FA ZER HISTÓRIA NOS E VENTOS EM PORTUGAL” Estrada da Ericeira, 112 e 112A - Ral 2710-453 Sintra 219 605 520 . Fax: 219 605 529 comercial@europalco.pt www.europalco.pt

W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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EMPRESAS 75

MAINVISION, MEDIA SOLUTIONS AUDIOVISUAIS PARA EVENTOS

A Mainvision é uma empresa de produção técnica de eventos, especializada no aluguer de soluções audiovisuais, na sua implementação e assistência técnica. Quando questionados sobre o factor que tem determinado o percurso da Mainvision, Márcia Ferreira, respon‑ sável pela Comunicação não hesita: “A nossa equipa, sem dúvida!”. A empresa conta com uma equipa multidisciplinar, que tem vindo a crescer, acompanhan‑ do o aumento do volume de trabalho e as novas ofertas de serviços, nomea‑ damente na área da imagem, não só no processamento, mas também na criação de conteúdos. Por este motivo, dispõem de técnicos especializados em som, vídeo e luz, mas também em de‑ sign gráfico e multimédia. Para apoiar o seu desempenho, a Mainvision conta com “equipamentos tecnologicamente

avançados, que nos permitem trabalhar na máxima segurança”. Confiança é outro dos elementos destacados pelos responsáveis da empresa. “Nunca tivemos um cliente que só trabalhasse connosco uma vez, o que demonstra como essa confiança depositada em nós é salvaguardada. E não é só nos clientes que o sentimos. Somos muitas vezes solicitados por empresas da mesma área, trabalhan‑ do com elas em parceria, e não em concorrência”, garantem. A Mainvision lançou um novo site que veio refrescar a imagem e reforçar o posicionamento da empresa no mer‑ cado dos audiovisuais.

“A área dos audiovisuais é fulcral para o cumprimento dos objectivos de um evento, e nós estamos treinados para os atingir!”

Para mais informações visite: Mainvision 211 583 053 . 939 117 564 . 919 031 060 info@mainvision.pt www.mainvision.pt W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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DIRECTÓRIO 77

DIRECTÓRIO AMBIENTE E )MISSION

T UR AVENT UR

É V O R A | 2 6 6 74 3 1 3 4 | T U R AV E N T U R @T U R AV E N T U R . C O M | W W W.T U R AV E N T U R . C O M

L I S B O A | 2 1 0 1 5 7 1 6 1 | S E R G I O @ E‑ M I S S I O N N E U T R A L . C O M | W W W. E‑ M I S S I O N N E U T R A L . C O M / P T

ARTISTAS E ESPECTÁCULOS

SMART WAT T

E VERY THING IS NE W

ANIMAÇÃO

MÚSIC A NO COR AÇ ÃO

P O R T O | 2 2 0 1 1 4 3 6 6 | I N F O @S M A R T WAT T. P T | W W W. S M A R T WAT T. P T

2 THE LOVE PRO JEC T

L I S B O A | 9 6 2 3 4 1 9 5 5 | 2 T H E L O V E P R O JE C T@ G M A I L . C O M

ADEREÇO PRODUÇÕE S

P O R T O | 2 2 5 3 2 2 7 2 0 | G E R A L@A D E R E C O . C O M | W W W. A D E R E C O . C O M

ASE S NA MANG A

B R A G A | 2 5 3 2 8 3 4 8 3 | A S E S@A S E S N A M A N G A . C O M | W W W. A S E S N A M A N G A . C O M

L I S B O A | 2 1 3 9 3 3 7 7 0 | G E R A L@ E V E R Y T H I N G I S N E W. P T | W W W. E V E R Y T H I N G I S N E W. P T

L I S B O A | 2 1 0 1 0 5 7 0 0 | M U S I C A N O C O R A C A O @ M U S I C A N O C O R A C A O . P T | W W W. M U S I C A N O C O R A C A O . P T

RITMOS & BLUE S

PA Ç O D ’A R C O S | 2 1 4 6 9 4 0 5 0 | I N F O @ R I T M O S E B L U E S . P T | W W W. R I T M O S E B L U E S . P T

UAU

L I S B O A | 2 1 3 3 0 3 5 0 0 | U A U @ U A U . P T | W W W. U A U . P T

AUDIOVISUAIS

CONCEP T 4 TALENT S

L I S B O A | 2 1 3 9 4 0 2 4 2 | G E R A L@ C O N C E P T4 TA L E N T S . C O M | W W W. C O N C E P T4 TA L E N T S . C O M

FADUS

E S T O R I L | 2 1 4 6 6 2 5 5 0 | G E R A L@ FA D U S P E C I A L E V E N T S . C O M | W W W. FA D U S P E C I A L E V E N T S . C O M

MOVE IT

C O VA D A P I E D A D E | 2 1 2 5 8 1 9 8 0 | I N F O @ M O V E I T. P T | W W W. M O V E I T. P T

PMP PRODUÇÕE S

F LY MEDIA

M AT O S I N H O S | 2 2 9 5 4 5 6 8 9 | F LY M E D I A@ M A I L .T E L E PA C . P T | W W W. F LY M E D I A . P T

L I S B O A | 2 1 8 6 1 9 3 7 5 | P M P @ P O R T U G A L M A I L . C O M | W W W. P M P E V E N T O S . C O M

RITMOS URBANOS

L I S B O A | 2 1 0 1 6 8 4 5 2 | G E R A L@ R I T M O S U R B A N O S . C O M | W W W. R I T M O S U R B A N O S . C O M

WINE SOLU TIONS

S I N T R A | 9 6 4 3 7 0 6 3 3 | I N F O @ W I N E S O L U T I O N S . C O M | W W W.W I N E S O L U T I O N S . C O M

ANIMAÇÃO TURÍSTICA

MAINVISION MEDIA SOLU TIONS

L I S B O A | 2 1 1 5 8 3 0 5 3 | I N F O @ M A I N V I S I O N . P T | W W W. M A I N V I S I O N . P T

BIG TIME

FÁT I M A | 2 4 9 5 3 3 7 7 0 | J U L I O . S A N T O S@ B I G T I M E . P T | W W W. B I G T I M E . P T

C AMPO AVENT UR A

Ó B I D O S | 2 6 2 9 6 8 8 7 0 | G E R A L@ C A M P O AV E N T U R A . P T | W W W. C A M P O AV E N T U R A . P T

EQUINÓCIO

L I S B O A | 2 1 0 1 5 5 1 3 9 | I N F O @ E Q U I N O C I O . C O M | W W W. E Q U I N O C I O . C O M

JAVSPORT

S T O . T I R S O | 2 5 2 8 5 0 6 2 1 | AV E N T U R A@J AV S P O R T. P T | W W W. J AV S P O R T. P T

SMART CHOICE

L I S B O A | 2 1 8 6 8 1 0 3 5 | G E R A L@S M A R T C H O I C E . P T | W W W. S M A R T C H O I C E . P T

MARGENS

B A R R O S I N H A S | 2 3 4 6 4 8 5 7 1 | M A R G E N S@ M A R G E N S . P T | W W W. M A R G E N S . P T

ROTA DO F RE SCO

V I L A N O VA D A B A R O N I A | 2 8 4 4 7 5 4 1 3 | I N F O @ R O TA D O F R E S C O . C O M | W W W. R O TA D O F R E S C O . C O M

RUSTIT UR

É V O R A | 2 6 6 9 7 8 0 4 3 | I N F O @ R U S T I T U R . C O M | W W W. R U S T I T U R . C O M

SAL

S E T Ú B A L | 2 6 5 2 2 7 6 8 5 | S A L@S A L . P T | W W W. S A L . P T

X VENA ‑ E VENTOS E AUDIOVISUAIS

L I S B O A | 9 1 8 3 9 4 4 3 4 | G E R A L@X V E N A . P T | W W W. X V E N A . P T

ADLC AUDIOVISUAIS

C A R N A X I D E | 2 1 8 6 2 1 4 4 0 | C O M E R C I A L@A D L C ‑ AV. C O M | W W W. A D L C ‑ AV. C O M W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


DIRECTÓRIO 78

AUDINOVA

T URISMO DE LISBOA VISITORS & CONVENTION BURE AU

AUDIOMEIOS

T URISMO DO ALENTE JO

AVK

T URISMO DO CENTRO DE PORT UG AL

L E Ç A D A PA L M E I R A | 2 2 9 9 6 1 9 3 0 | G E R A L@A U D I N O VA . P T | W W W. A U D I N O VA . P T

V E N D A D O P I N H E I R O | 2 1 9 6 6 3 8 4 3 | G E R A L@A U D I O M E I O S . P T | W W W. A U D I O M E I O S . P T

L I S B O A | 2 1 9 4 1 3 5 3 0 | C O M E R C I A L@AV K . P T | W W W. AV K . P T

BACKLIGHT

L I S B O A | 2 1 0 3 1 2 7 0 0 | AT L@V I S I T L I S B O A . C O M | W W W.V I S I T L I S B O A . C O M

G R Â N D O L A | 2 6 9 4 9 8 6 8 0 | G E R A L@T U R I S M O D O A L E N T E J O . P T | W W W.V I S I TA L E N T E J O . P T

AV E I R O | 2 3 4 4 2 0 7 6 0 | G E R A L@T U R I S M O D O C E N T R O . P T | W W W.T U R I S M O D O C E N T R O . P T

S E T Ú B A L | 2 1 2 3 4 9 74 0 | B A C K L I G H T@V E R Y L I G H T. P T

DESTINATION MANAGEMENT COMPANIES

DIGITAL F R AME

ABREU

V I L A N O VA D E G A I A | 2 2 7 8 7 0 17 5 | I N F O @ D I G I TA L F R A M E . P T | W W W. D I G I TA L F R A M E . P T

P O R T O | 2 2 2 0 4 3 5 2 0 | C O N G R E S S O S . E X P @A B R E U . P T | W W W. A B R E U . P T

ELEC TROAUDIO

AIMS

S . D O M I N G O S D E R A N A | 2 1 4 5 3 1 2 2 3 | I N F O @ E L E C T R O A U D I O . N E T | W W W. E L E C T R O A U D I O . N E T

L I S B O A | 2 1 3 2 4 5 0 4 0 | L I S B O N @A I M S ‑ I N T E R N AT I O N A L . C O M | W W W. A I M S . P T

EUROLOGISTIX

CIT UR TR AVEL

V I L A M O U R A | 2 8 9 4 1 9 1 9 9 | G E R A L@ E U R O L O G I S T I X . P T | W W W. E U R O L O G I S T I X . N E T

L I N D A ‑ A ‑V E L H A | 2 17 7 1 2 6 1 0 | L I S B O N @ C I T U R . P T | W W W. C I T U R . P T

SERVICE PACK

DOC DMC SERVICE S

L E Ç A D A PA L M E I R A | 2 2 9 9 4 2 9 4 4 | G E R A L@S E R V I C E PA C K . P T | W W W. S E R V I C E PA C K . P T

L I S B O A | 2 1 3 2 4 2 0 0 0 | E V E N T S@ D O C ‑ D M C . C O M | W W W. D O C ‑ D M C . C O M

CATERING

E VENT S BY TLC

B HOLDING

A B Ó B O D A | 2 1 4 6 5 8 4 2 0 | G E R A L@ B H O L D I N G . C O M . P T | W W W. B H O L D I N G . C O M . P T

C ASA DO MARQUÊ S

L I S B O A | 2 1 4 1 1 8 1 5 2 | C A S A D O M A R Q U E S@ C A S A D O M A R Q U E S . P T | W W W. C A S A D O M A R Q U E S . P T

C ATERI

A L C A B I D E C H E | 2 1 4 6 0 8 8 3 0 | G E R A L@ C AT E R I . P T | W W W. C AT E R I . P T

COOKING L AB

L I S B O A | 9 1 1 5 5 9 6 6 6 | I N F O @ C O O K I N G L A B . N E T | W W W. C O O K I N G L A B . N E T

COZINHA DIVINA

L O U R I N H Ã | 9 17 8 9 8 5 5 5 | C O N TA C T O @ C O Z I N H A D I V I N A . C O M | W W W. C O Z I N H A D I V I N A . C O M

ENCONTRUS

L I S B O A | 2 1 3 2 1 3 0 6 0 | E V E N T S@T L C . P T | W W W. E V E N T S B Y T L C . C O M

F ÓRUM D’IDEIAS ‑ PCO & DMC

V I L A N O G U E I R A D E A Z E I TÃ O | 2 1 2 1 8 9 3 9 3 | I N F O @ F O R U M D I D E I A S . C O M | W W W. F O R U M D I D E I A S . C O M

IMAGINE MORE

L I S B O A | 2 1 3 6 2 8 3 9 3 | A N A .T E L O @ I M A G I N E M O R E . P T | W W W. I M A G I N E M O R E . P T

THE HOUSE OF E VENT S

P O R T O | 2 2 8 3 4 8 9 4 0 | I N F O @T H E . P T | W W W.T H E . P T

TOP ATL ÂNTICO DMC

L I S B O A | 2 1 8 9 2 5 8 0 0 | T O PAT L A N T I C O @T O PAT L A N T I C O . C O M | W W W.T O PAT L A N T I C O . P T

T UR ANGR A

A N G R A D O H E R O Í S M O | 2 9 5 4 0 1 5 1 5 | A N G R A@T U R A N G R A . C O M | W W W.T U R A N G R A . C O M

C A R R E G A L D O S A L | 2 3 2 9 6 0 2 0 0 | M A I L@ E N C O N T R U S . C O M | W W W. E N C O N T R U S . C O M

ESPAÇOS MULTIUSOS

MO JITO BAR C ATERING

AVEIRO

PA Ç O D E A R C O S | 9 1 9 1 8 6 0 2 9 | I N F O @ M O J I T O B A R C AT E R I N G . C O M | W W W. M O J I T O B A R C AT E R I N G . C O M

SILVA C ARVALHO C ATERING

S I N T R A | 2 1 9 2 5 5 5 1 0 | C O M E R C I A L@S C C AT E R I N G . P T | W W W. S I LVA C A R VA L H O C AT E R I N G . C O M

SOLINC A E VENTOS E C ATERING

P O R T O | 7 0 7 5 0 2 2 2 0 | C O M E R C I A L@S O L I N C A C AT E R I N G . C O M | W W W. S O L I N C A E V E N T O S E C AT E R I N G . C O M

TRÊ S SÉCULOS

V I L A N O VA D E G A I A | 2 2 3 74 2 8 0 0 | G E N E R A L . O F F I C E@T R E S S E C U L O S . P T | W W W.T R E S S E C U L O S . P T

TROPICAL C ATERING

EUROPARQUE

S A N TA M A R I A D A F E I R A | 2 5 6 3 7 0 2 0 0 | E V E N T O S@ E U R O PA R Q U E . P T | W W W. E U R O PA R Q U E . P T

BR AG A MULTIUSOS DE GUIMAR ÃE S

G U I M A R Ã E S | 2 5 3 5 2 0 3 0 0 | G E R A L@T E M P O L I V R E . P T | W W W.T E M P O L I V R E . P T

PARQUE DE E XPOSIÇÕE S DE BR AG A

B R A G A | 2 5 3 2 0 8 2 3 0 | P E B @ P E B . P T | W W W. P E B . P T

F U N C H A L | 2 9 1 7 0 0 8 4 0 | R E S TA U R A N T E .T R O P I C A L@ C L I X . P T | W W W.T R O P I C A L C AT E R I N G . PA ‑ N E T. P T

COIMBR A

CONVENTION BURE AUX / TURISMOS

CENTRO DE ARTE S E E SPEC TÁCULOS DA F IGUEIR A DA F OZ

ALG ARVE CONVENTION BURE AU

F I G U E I R A D A F O Z | 2 3 3 4 0 7 2 0 0 | G E R A L@ F I G U E I R AT U R I S M O . C O M | W W W. C A E . P T

FA R O | 2 8 9 8 0 0 4 0 3 | W W W. A L G A R V E C O N V E N T I O N . C O M

FARO

E STORIL & SINTR A CONVENTION BURE AU X

CENTRO DE CONGRE SSOS DO AR ADE

E S T O R I L | 2 1 4 6 6 8 1 6 7 | G E R A L@ E S T O R I L M E E T I N G S . C O M | W W W. E S T O R I L M E E T I N G S . C O M

PORTO CONVENTION BURE AU

P O R T O | 2 2 3 3 2 6 7 5 1 | P O R T O C V B @ P O R T O C V B . C O M | W W W. P O R T O C V B . C O M

T URISMO DA MADEIR A

M A D E I R A | 2 9 1 2 1 1 9 0 0 | I N F O @ M A D E I R AT O U R I S M . C O M | W W W. M A D E I R A I S L A N D S .T R AV E L

P O R T I M Ã O | 2 8 2 4 1 0 4 4 0 | G E R A L@ E X P O A R A D E . P T | W W W. E X P O A R A D E . P T

PORTIMÃO ARENA

P O R T I M Ã O | 2 8 2 4 1 0 4 4 0 | G E R A L@ P O R T I M A O T U R I S . P T | W W W. P O R T I M A O A R E N A . C O M


DIRECTÓRIO 79

LEIRIA CENTRO CULT UR AL E CONGRE SSOS DAS C ALDAS DAS R AINHA C A L D A S D A R A I N H A | 2 6 2 8 8 9 6 5 0 | S E C R E TA R I A D O @ C C C . E U . C O M | W W W. C C C . E U . C O M

E XPOSAL ÃO BATALHA

B ATA L H A | 2 4 4 7 6 9 4 8 0 | I N F O @ E X P O S A L A O . P T | W W W. E X P O S A L A O . P T

LISBOA

E STÁDIO DO DR AG ÃO

P O R T O | 2 2 5 0 8 3 0 2 7 | P O R T O E S TA D I O @ F C P O R T O . P T | W W W. F C P O R T O . P T | V E R PÁ G I N A : 5 5

E XPONOR

M AT O S I N H O S | 2 2 9 9 8 1 4 0 0 | I N F O @ E X P O N O R . P T | W W W. E X P O N O R . P T

F UNDAÇ ÃO DE SERR ALVE S CONGRE SS CENTER

P O R T O | 2 2 6 1 5 6 5 0 0 | S E R R A LV E S@S E R R A LV E S . P T | W W W. S E R R A LV E S . C O M

MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA VITÓRIA

P O R T O | 2 2 3 4 0 1 9 0 0 | L A R C H E R @T N S J . P T | W W W.T N S J . P T

SANTARÉM CNEMA

S A N TA R É M | 2 4 3 3 0 0 3 0 0 | C E N T R O D E C O N G R E S S O S@ C N E M A . P T | W W W. C N E M A . P T

MEO ARENA

L I S B O A | 2 1 8 9 1 8 4 0 9 | I N F O @ M E O A R E N A . P T | W W W. M E O A R E N A . P T

AUDITÓRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA L I S B O A | 2 17 9 2 2 6 2 5 | A U D I T O R I O @ F M D . U L . P T | W W W. F M D . U L . P T

ASSOCIAÇ ÃO COMERCIAL DE LISBOA

L I S B O A | 2 1 3 2 2 4 0 5 0 | S M @A C L . O R G . P T | W W W. A C L . O R G . P T

C AMPO PEQUENO

L I S B O A | 2 17 9 9 8 4 5 0 | VA S C O C O R N E L I O @ C A M P O P E Q U E N O . C O M | W W W. C A M P O P E Q U E N O . C O M

C ASINO E STORIL

VISEU E XPOVIS

V I S E U | 2 3 2 4 2 2 0 1 8 | G E R A L@ E X P O V I S . P T | W W W. E X P O V I S . P T

AÇORE S AÇOR ARENA

V I L A F R A N C A D O C A M P O | 2 9 6 5 3 9 3 9 0 | A C O R A R E N A@A C O R A R E N A . P T

CENTRO CULT UR AL E DE CONGRE SSOS DE ANGR A DO HEROÍSMO A N G R A D O H E R O Í S M O | 2 9 5 2 0 6 1 2 0 | C U LT U R A N G R A@ C U LT U R A N G R A . P T

E S T O R I L | 2 1 4 6 6 7 7 0 0 | I N F O . C E S T O R I L@ E S T O R I L . S O L . C O M | W W W. C A S I N O ‑ E S T O R I L . P T

MADEIR A

CENTRO CULT UR AL DE BELÉM

CENTRO CULT UR AL E DE CONGRE SSOS DE PORTO SANTO

L I S B O A | 2 1 3 6 1 2 6 9 7 | D A C@ C C B . P T | W W W. C C B . P T

P O R T O S A N T O | 2 9 1 9 8 0 6 0 0

CENTRO DE CONGRE SSOS DE LISBOA

MADEIR A TECNOPOLO

L I S B O A | 2 1 3 6 0 1 4 0 0 | L I S B O A C C@A I P. P T | W W W. L I S B O A C C . P T

F U N C H A L | 2 9 1 7 2 0 0 0 0 | A D M I N @ M A D E I R AT E C N O P O L O . P T | W W W. M A D E I R AT E C N O P O L O . P T

CENTRO DE CONGRE SSOS DO E STORIL

ESTRUTURAS E ALUGUER DE MATERIAL

E S T O R I L | 2 1 4 6 4 7 5 7 5 | I N F O @ E S T O R I L C O N G R E S S C E N T E R . C O M | W W W. E S T O R I L C O N G R E S S C E N T E R . C O M

COLISEU DE LISBOA

L I S B O A | 2 1 3 2 4 0 5 8 0 | M J O A O @ C O L I S E U L I S B O A . C O M | W W W. C O L I S E U L I S B O A . C O M

CONVENTO DO BE ATO

L I S B O A | 2 1 0 1 0 9 9 2 3 | C O N V E N T O D O B E AT O @ C E R E A L I S . P T | W W W. C O N V E N T O D O B E AT O . C O M

E STÁDIO ALVAL ADE X XI

L I S B O A | 2 17 5 1 6 5 2 2 | E V E N T O S . C O R P O R AT E@S C P. P T | W W W. S P O R T I N G . P T

ALUGOCLIMA ( AR ‑CONDICIONADO)

A L D E I A D E PA I O P I R E S | 2 1 2 5 4 9 5 5 0 | I N F O @A L U G O C L I M A . C O M | W W W. A L U G O C L I M A . C O M

E STÁDIO DA LUZ ‑ BENF IC A E VENTOS

L I S B O A | 2 17 2 1 9 5 6 5 | B S A@S L B E N F I C A . P T | W W W. S L B E N F I C A . P T

F IL ‑ F EIR A INTERNACIONAL DE LISBOA L I S B O A | 2 1 8 9 2 1 5 0 0 | F I L@A I P. P T | W W W. F I L . P T

PORTO EUROPALCO (PALCOS E OU TR AS E STRU T UR AS)

M E M M A R T I N S | 2 1 9 6 0 5 5 2 0 | VA N E S S A . F O N S E C A@ E U R O PA L C O . P T | W W W. E U R O PA L C O . C O M

ALUGU’AQUI (MOBILIÁRIO, LOUÇ A )

S I N T R A | 2 1 9 1 0 8 0 0 3 | I N F O @A A Q U I . C O M | W W W. A A Q U I . C O M

EURODOME (DOME S E OU TR AS E STRU T UR AS)

F E R N Ã O F E R R O | 9 17 2 2 4 8 6 6 | E U R O D O M E S@ G M A I L . C O M | W W W. E U R O D O M E . P T

CENTRO DE CONGRE SSOS E E XPOSIÇÕE S DA ALFÂNDEG A P O R T O | 2 2 3 4 0 3 0 2 4 | C C E@A M T C . P T | W W W. A M T C . P T | V E R PÁ G I N A : 3 3

C AVE S C ALÉM ‑ SOGE VINUS F INE WINE S

V I L A N O VA D E G A I A | 2 2 3 74 6 6 6 0 | T U R I S M O @S O G E V I N U S . C O M | H T T P : // W W W. C A L E M . P T

E VENTPACK (E STRU T UR AS, MOBILIÁRIO, DECOR AÇ ÃO) B R A G A | 2 5 3 2 8 3 4 8 3 | P E D R O @ E V E N T PA C K . N E T | W W W. E V E N T PA C K . N E T

E VIDÊNCIA DISPL AY (STANDS)

L I S B O A | 2 1 4 6 0 3 6 2 0 | G E R A L@ E V I D E N C I A D I S P L AY. C O M | W W W. E V I D E N C I A D I S P L AY. C O M

COLISEU DO PORTO

P O R T O | 2 2 3 3 9 4 9 4 0 | C O L I S E U @ C O L I S E U D O P O R T O . P T | W W W. C O L I S E U D O P O R T O . P T

W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


DIRECTÓRIO 80

GL E VENT S (MOBILIÁRIO)

A L C O C H E T E | 2 1 2 3 17 4 3 0 | I N F O @ G L E V E N T S ‑ P O R T U G A L . C O M | W W W. G L E V E N T S ‑ P O R T U G A L . C O M

MODEL STAND (STANDS)

B R A G A | 2 5 3 3 0 0 3 2 0 | C O M E R C I A L@ M O D E L S TA N D . P T | W W W. M O D E L S TA N D . P T

MULTIARCO ( AR ‑CONDICIONADO)

L I S B O A | 2 1 8 4 8 3 74 0 | I N F O @ M U LT I A R C O . P T | W W W. M U LT I A R C O . P T

PEBÊ DESIGN (STANDS)

T E R R U G E M | 2 1 9 1 8 8 7 2 0 | G E R A L@ P E B E . P T | W W W. P E B E . P T

POP COMMUNIC ATION GROUP (STANDS, SINALÉ TIC A ) L I S B O A | 2 1 8 6 5 0 4 0 0 | P O P G R O U P @ P O P G R O U P. P T | W W W. P O P G R O U P. P T

BE JA BE JA PARQUE HOTEL

B E J A | 2 8 4 3 1 0 5 0 0 | R E S E R VA S@ B E J A PA R Q U E H O T E L . C O M | W W W. B E J A PA R Q U E H O T E L . C O M

BR AG A MELIÃ BR AG A

B R A G A | 2 5 3 1 4 4 0 0 0 | M E L I A . B R A G A@ M E L I A P O R T U G A L . C O M | W W W. M E L I A B R A G A . C O M

BR AG ANÇ A HOTEL SÃO L Á Z ARO

B R A G A N Ç A | 2 7 3 3 0 2 7 0 0 | C O M E R C I A L . H S L@ H O T E I S ‑ A R C O . C O M | W W W. H O T E I S ‑ A R C O . C O M

PUBLIACÇ ÃO (ROAD‑ SHOW )

C ASTELO BR ANCO

SIR AM (PALCOS E OU TR AS E STRU T UR AS)

TRYP COLINA DO C ASTELO

SPORME X (STANDS)

COIMBR A

A L M A R G E M D O B I S P O | 2 1 0 1 0 6 2 9 5 | G E R A L@ P U B L I A C C A O . C O M | W W W. P U B L I A C C A O . C O M

F U N C H A L | 2 9 1 2 3 0 3 5 0 | S I R A M @S I R A M . P T | W W W. S I R A M . C O M

B R A G A | 2 5 3 6 7 3 6 8 9 | G E R A L@S P O R M E X . P T | W W W. S P O R M E X . P T

FORMAÇÃO E SCOL A DE GE STÃO E NEGÓCIOS

L I S B O A | 2 1 3 17 7 6 0 7 | E G N E G O C I O S@ U N I V E R S I D A D E‑ A U T O N O M A . P T | W W W. E G N E G O C I O S . U A L . P T

E SCOL A SUPERIOR DE HOTEL ARIA E T URISMO DO E STORIL E S T O R I L | 2 1 0 0 4 0 7 0 0 | I S A B E L . S O U S A@ E S H T E . P T | W W W. E S H T E . P T

E TIC

L I S B O A | 2 1 3 9 4 2 5 5 0 | I N F O @ E T I C . P T | W W W. E T I C . P T

ISL A

L I S B O A | 8 0 8 2 0 3 5 4 4 | E L P M E@ L X . I S L A . P T | W W W. I S L A . P T

RE START

L I S B O A | 2 1 3 6 0 9 4 5 0 | I N F O @ R E S TA R T. P T | W W W. R E S TA R T. P T

FOTOGRAFIA E VÍDEO

CASTELO BRANCO | 272 349 280 | TRYP.COLINA.CASTELO@SOLMELIAPORTUGAL.COM | WWW.TRYPCOLINACASTELO.COM

HOTEL QUINTA DAS L ÁGRIMAS

C O I M B R A | 2 3 9 8 0 2 3 8 0 | C O M E R C I A L@ Q U I N TA D A S L A G R I M A S . P T | W W W. Q U I N TA D A S L A G R I M A S . P T

HOTEL VIL A G ALÉ COIMBR A

C O I M B R A | 2 3 9 2 4 0 0 0 0 | C O I M B R A@V I L A G A L E . P T | W W W.V I L A G A L E . P T

É VOR A HOTEL MAR DE AR

É V O R A | 2 6 6 74 0 7 0 0 | G E R A L@ M A R D E A R H O T E L S . C O M | W W W. M A R D E A R H O T E L S . C O M

FARO CROWNE PL A Z A HOTEL

V I L A M O U R A | 2 8 9 3 8 1 6 0 0 | G E R A L@ C P V I L A M O U R A . C O M | W W W. C R O W N E P L A Z AV I L A M O U R A . C O M

C S SALG ADOS GR ANDE HOTEL

A L B U F E I R A | 2 8 9 5 9 8 3 3 1 | G R O U P S . A L G A R V E@ C S H O T E L S A N D R E S O R T S . C O M | W W W. C S H O T E L S A N D R E S O R T S . C O M

LE MERIDIEN PENINA GOLF E RE SORT

P O R T I M Ã O | 2 8 2 4 2 0 2 0 0 | R E S E R VAT I O N S . P E N I N A@ L E M E R I D I E N . C O M | W W W. L E M E R I D I E N P E N I N A . C O M

SHER ATON ALG ARVE HOTEL & RE SORT

A LBUF EIR A | 289 500 100 | PINECLIF F S.RE SERVAT IONS@L U X URYC OLLEC T ION.C OM | W W W. SHER AT ON A L G A RVE .C OM

TIVOLI MARINA DE VIL AMOUR A

V I L A M O U R A | 2 8 9 3 0 3 3 0 3 | H T M A R I N AV I L A M O U R A@T I V O L I H O T E L S . C O M | W W W.T I V O L I H O T E L S . C O M

MINIF OTO

L I S B O A | 2 17 5 6 7 3 3 0 | M I N I F O T O @ N E T C A B O . P T | W W W. M I N I F O T O ‑ E S T U D I O . C O M

FABRICE ZIEGLER

L I S B O A | 2 1 8 8 7 7 7 1 9 | FA B R I C E Z I E G L E R @ N E T C A B O . P T | W W W. FA B R I C E Z I E G L E R . C O M

NV ST UDIO

P O R T O | 2 2 6 1 8 0 74 1 | N V S T U D I O @ N V S T U D I O . C O . P T | W W W. N V S T U D I O . C O . P T

HOTÉIS AVEIRO

LEIRIA MARRIOT PR AIA D’EL RE Y & BE ACH RE SORT

Ó B I D O S | 2 6 2 9 0 5 1 0 0 | I N F O . P D R @ M A R R I O T T‑ P D R . C O M . P T | W W W. P R A I A ‑ D E L‑ R E Y. C O M

LISBOA CORINTHIA LISBOA HOTEL

L I S B O A | 2 17 2 3 6 3 6 3 | L I S B O A@ C O R I N T H I A . P T | W W W. C O R I N T H I A H O T E L S . C O M

F ONTANA PARK HOTEL

L I S B O A | 2 1 0 4 1 0 6 0 0 | G E R A L@ F O N TA N A PA R K H O T E L . C O M | W W W. F O N TA N A PA R K H O T E L . C O M

GR ANDE HOTEL DA CURIA

HOTEL C ASC AIS MIR AGEM

A N A D I A | 2 3 1 5 1 5 7 2 0 | G E R A L@ G R A N D E H O T E L D A C U R I A . C O M | W W W. G R A N D E H O T E L D A C U R I A . C O M

C A S C A I S | 2 1 0 0 6 0 6 0 0 | R E S E R VAT I O N S@ C A S C A I S M I R A G E . C O M | W W W. C A S C A I S M I R A G E . C O M

PAL ACE HOTEL BUSSACO

HOTEL RE AL VILL A ITÁLIA

L U S O | 2 3 1 9 3 7 9 7 0 | B U S S A C O @A L M E I D A H O T E L S . C O M | W W W. A L M E I D A H O T E L S . C O M

C A S C A I S | 2 1 0 9 6 6 0 0 0 | R E A LV I L L A I TA L I A@ H O T E I S R E A L . C O M | W W W. R E A L H O T E L S G R O U P. C O M

LISBON MARRIOT T HOTEL

L I S B O A | 2 17 2 3 5 4 0 0 | C L A U D I A .V E N T U R A@ M A R R I O T T H O T E L S . C O M | W W W. M A R R I O T T. C O M


DIRECTÓRIO 81

PAL ÁCIO E STORIL

E S T O R I L | 2 1 4 6 4 8 0 0 0 | F R O N T‑ D E S K@ PA L A C I O E S T O R I L H O T E L . C O M | W W W. PA L A C I O E S T O R I L H O T E L . C O M

ORGANIZADORES PROFISSIONAIS DE CONGRESSOS

PE STANA PAL ACE

L I S B O A | 2 1 3 6 1 5 6 0 0 | S A L E S . P O R T U G A L@ P E S TA N A . C O M | W W W. P E S TA N A . C O M

RIT Z F OUR SE ASONS HOTEL LISBOA

L I S B O A | 2 1 3 8 1 1 4 0 0 | F S H . L I S B O N @ F O U R S E A S O N S . C O M | W W W. F O U R S E A S O N S . C O M / L I S B O N

SHER ATON LISBOA

L I S B O A | 2 1 3 1 2 0 0 0 0 | S H E R AT O N . L I S B O A@S H E R AT O N . C O M | W W W. S TA R W O O D H O T E L S . C O M

VIP E XECU TIVE ART ’S

L I S B O A | 2 1 0 0 2 0 4 0 0 | H O T E L A R T S@V I P H O T E L S . C O M | W W W.V I P H O T E L S . C O M

PORTO PORTO PAL ÁCIO CONGRE SS HOTEL & SPA

P O R T O | 2 2 6 0 8 6 6 0 0 | G E R A L@ P O R T O PA L A C I O H O T E L . P T | W W W. P O R T O PA L A C I O H O T E L . P T

POUSADA DO PORTO

P O R T O | 2 2 5 3 1 1 0 0 0 | G U E S T@ P O U S A D A S . P T | W W W. P O U S A D A S . P T

SHER ATON PORTO HOTEL & SPA

P O R T O | 2 2 0 4 0 4 0 0 0 | S H E R AT O N . P O R T O @S H E R AT O N . C O M | W W W. S H E R AT O N P O R T O . C O M

THE YE ATMAN

V I L A N O VA D E G A I A | 2 2 0 1 3 3 1 0 0 | R E S E R VAT I O N S@T H E Y E AT M A N . C O M | W W W.T H E Y E AT M A N . C O M

TIAR A PARK ATL ANTIC

P O R T O | 2 2 6 0 7 2 5 0 0 | R E S E R VA S . P O R T O @T I A R A ‑ H O T E L S . C O M | W W W.T I A R A ‑ H O T E L S . C O M

SANTARÉM

FAC TOR CHAVE

A L G É S | 2 1 4 3 0 7 74 0 | C O N G R E S S O S@ FA C T O R C H AV E . P T | W W W. FA C T O R C H AV E . C O M

ACRÓPOLE

P O R T O | 2 2 6 1 9 9 6 8 0 | G E R A L@A C R O P O L E‑ S E R V I C O S . P T | W W W. A C R O P O L E‑ S E R V I C O S . P T

CI ‑ CONGRE SSOS E INCENTIVOS

S I N T R A | 2 1 9 2 4 6 3 4 2 | C I C O N G R E S S O S@S A P O . P T | W W W. C I ‑ C O N G R E S S O S . C O M

CPL MEE TINGS & E VENT S

C A S C A I S | 2 1 4 0 0 3 5 4 0 | E V E N T S@ C P L E V E N T S . P T | W W W. C P L E V E N T S . P T

LE ADING ‑ CONGRESS & ASSOCIATION MANAGEMENT L I N D A ‑ A ‑V E L H A | 2 17 7 1 2 6 3 4 | L E A D I N G @ L E A D I N G . P T | W W W. L E A D I N G . P T

MUNDICONVENIUS

L I S B O A | 2 1 3 1 5 5 1 3 5 | I N F O @ M U N D I C O N V E N I U S . P T | W W W. M U N D I C O N V E N I U S . P T

SK YROS

P O R T O | 2 2 6 1 6 5 4 5 0 | S K Y R O S@S K Y R O S ‑ C O N G R E S S O S . C O M | W W W. S K Y R O S ‑ C O N G R E S S O S . C O M

ORGANIZADORES DE E VENTOS

DOM GONÇ ALO HOTEL & SPA

FÁT I M A | 2 4 9 5 3 9 3 3 0 | M A I L@ H O T E L D G . C O M | W W W. H O T E L D G . C O M

VIANA DO C ASTELO F LÔR DE SAL

V I A N A D O C A S T E L O | 2 5 8 8 0 0 1 0 0 | R E S E R VA S@ H O T E L F L O R D E S A L . C O M | W W W. H O T E L F L O R D E S A L . C O M

V I L A R E AL

DE SAF IO GLOBAL ATIVISM

LINDA‑A‑VELHA | 214 149 550 | PEDRO.RODRIGUES@DESAFIOGLOBAL.ATIVISM.PT | W W W.DESAFIOGLOBAL.ATIVISM.PT

VIDAGO PAL ACE HOTEL

V I D A G O | 2 7 6 9 9 0 9 0 0 | V I D A G O PA L A C E@ U N I C E R . P T | W W W.V I D A G O PA L A C E H O T E L . C O M

VISEU HOTEL MONTEBELO

V I S E U | 2 3 2 4 2 0 0 0 0 | M O N T E B E L O V I S E U @V I S A B E I R AT U R I S M O . C O M | W W W. M O N T E B E L O V I S E U . P T

AÇORE S

INF ORPRE SS

L I S B O A | 2 1 3 2 4 0 2 2 7 | L I S B O A@ I N F O R P R E S S . C O M | W W W. I N F O R P R E S S . C O M

HOTEL AVENIDA

P O N TA D E L G A D A | 2 9 6 2 0 9 6 6 0 | AV E N I D A@ B E N S A U D E . P T | W W W. B E N S A U D E . P T

HOTEL AÇORE S ATL ÂNTICO

P O N TA D E L G A D A | 2 9 6 3 0 2 2 0 0 | AT L A N T I C O @ B E N S A U D E . P T | W W W. B E N S A U D E . P T

MADEIR A HOTEL SAVOY

TAVOL ANOSTR A E VENTOS GLOBAIS

A R G A N I L | 2 3 5 2 0 3 0 2 9 | G E R A L@TAV O L A N O S T R A . C O M | W W W.TAV O L A N O S T R A . C O M

F U N C H A L | 2 9 1 2 1 3 0 0 0 | R E S E R VAT I O N S@S AV O Y R E S O R T. C O M | W W W. S AV O Y R E S O R T. C O M

THE VINE HOTEL

F U N C H A L | 2 9 1 0 0 9 0 0 0 | R E S E R VAT I O N S@ H O T E LT H E V I N E . C O M | W W W. H O T E LT H E V I N E . C O M

AC TING OU T

L I S B O A | 2 1 4 5 4 4 3 5 5 | A C T I N G O U T@A C T I N G O U T. P T | W W W. A C T I N G O U T. P T

B+

E S T O R I L | 2 1 4 6 8 9 6 6 8 | G E R A L@ B P O S I T I V O . C O M | W W W. B P O S I T I V O . C O M

W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


DIRECTÓRIO 82

BAIX A 62

C A C É M | 2 1 4 2 7 8 6 6 0 | J O A N A . B O T E L H O @ B A I X A 6 2 . P T | W W W. B A I X A 6 2 . C O M

SOF T WARE DE GESTÃO DE E VENTOS

BE ST E VENT S

B R A G A | 2 5 3 2 0 4 0 5 3 | I N F O @ B E S T E V E N T S . P T | W W W. B E S T E V E N T S . P T

KRIAE VENTOS

L I S B O A | 2 17 9 5 5 4 2 4 | K E@ K R I A E V E N T O S . P T | W W W. K R I A E V E N T O S . P T

LINEUP

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CICLO DE FORMAÇÃO 2013/2014 PARA PROFESSORES LISBOA E PORTO

SEMINÁRIOS . WORKSHOPS . PAINÉIS . ACTIVIDADES DE TEAM BUILDING A Indústria Portuguesa de Eventos: Desafios e Oportunidades [painel] ABC do Catering [seminário] Audiovisuais [seminário] Avaliação e Retorno do Investimento [workshop] Características, Tipologias e Classificação de Eventos [seminário] Gestão de Equipas: Liderança e Motivação [actividade de team buidling] Logística [actividade de team buidling] Planeamento de Espaço e Concepção de Ambientes [workshop] Protocolo [seminário] Relações com os Media e Assessoria de Imprensa [workshop] Segurança [seminário] Técnicas de Animação Turística [workshop] Técnicas de Criatividade [workshop]

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