Laboratório de Jornalismo - 2010/1 - Manhã

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Lab

Jornal da cadeira de Laboratório em Jornalismo

Esporte de primeira

MARCOS COLOMBO/ASCOM

RICARDO GIUSTI/PMPA

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2010/1 - Manhã Faculdade de Comunicação da PUCRS

Shopping popular PÁGINA 8

A hora de votar é agora

NELSON JUNIOR/ASICS TSE

Eleição é uma competição. A competição pelo seu voto. Logo, tenha opinião ao escolher seu candidato e o observe após as eleições. Veja se ele cumpriu o que prometeu e se fez um bom mandato. Assim ficará mais fácil de avaliá-lo nas próximas eleições. (Lydia Camargo) PÁGINA 6 FOTOS BÁRBARA SOUZA/LABJOR

Os efeitos da Lei Seca no Rio Grande do Sul PÁGINA 16

Famecos forma profissionais de destaque PÁGINA 4


opinião Fim do papel? E a literatura? Vicente Carcuchinski. E a pirataria continua avançando, desenfreadamente. No mercado do cinema e da música, ela é uma verdadeira praga e como tal é tratada. Apesar da facilidade em comprar ou fazer o download de mídias piratas, é comum vermos, nas grandes cidades, a polícia apreendendo material de contrabando. Ok, ponto para as produtoras. Mas e quando o assunto é a literatura e o mercado editorial? Baixar o PDF de um livro qualquer é uma tarefa banal. Por que será que não vemos ações inflamadas das editoras, a fim de combater a pirataria? Certo, agora chegamos ao senso comum: “Ler no computador é muito ruim, não adianta baixar o PDF a não ser para uma leitura superficial de um livro que tenho vontade de comprar. As editoras acabam lucrando com isso, por causa da divulgação”. Sim, concordo. Afinal, é exatamente isso que faço antes de comprar qualquer livro. Mas, na verdade, quero levantar outro assunto para a discussão. Cada vez mais, instituições culturais e educacionais fazem propagandas sensacionalistas sobre a leitura, dizendo que ler é viver, a leitura dá asas à imaginação, saia da televisão e vá ler um livro, e aquela coisa toda. Ao menos curioso, é o fato de que as editoras literárias, responsáveis pela publicação dos livros, muito raramente promovem programas de incentivo à leitura, e, quando os promovem, visam o lucro. A literatura está sendo desvalorizada pelas editoras. Já li diversas obras clássicas de várias editoras diferentes, de grande e médio porte. Não foram poucas as vezes em que me deparei com erros aparentes de digitação, edição e tradução. Isso não é apenas coincidência. Todos os anos surgem casos novos de plágios por parte das editoras. Atualmente, cada vez mais, os diferentes campos de difusão cultural deixam de se preocupar com as pessoas e com o seu próprio trabalho, passando a visar exclusivamente o lucro. Eu me vejo lendo uma edição atual de O Continente, daqui a algumas décadas, e me deparando com anúncios publicitários a cada mudança de capítulo, e achando isso completamente normal. Pensando bem, me vejo lendo O Continente em um desses novos Tablets, com os mesmos anúncios, mas em forma de banners.

Laboratório de Jornalismo

A desgraça que eu amo Lucas Boni Maróstica Medicina, Administração, Publicidade e Propaganda, Relações Internacionais. Em comum a popularidade. Estão entre os cursos mais procurados entre os vestibulandos. Estão sempre na moda. Profissionais são geralmente bem remunerados. Requisitados. Sua entrada e ascensão no mercado de trabalho não são tão tumultuadas quanto à de outras áreas. Não estou desmerecendo, nem dizendo que são fáceis. Não. Eles também encontram dificuldades. Mas quero falar de uma profissão um pouquinho menos glamurosa. Quase miserável. Jornalismo. Hm. Não há necessidade de diploma. Profissionais mal pagos. Desvalorizados. Engraçado, não foram poucas as vezes que encontrei jornalistapadeiro, jornalista-comerciante, jornalista-professor. Jornada dupla é natural, consequência. Mas como eu, estudante de jornalismo, posso estar escrevendo isso? Eu que escolhi entrar nesta vida desgraçada. Neste caminho sem volta. “Meu filho, não vou te sustentar pro resto da vida.” Como posso ter sido tão imbecil? Do ponto de vista racional, tudo que foi dito até pode estar correto. Por todos esses motivos havia desistido do curso. ”Jornalismo não, vou fazer Engenharia Civil e enriquecer.” Por dois anos tentei entrar na UFRGS e não consegui. Talvez isso tenha sido um sinal, Deus me mostrando o caminho. Mentira. Estudava pouco, saía muito. Na hora da inscrição para o vestibular de verão da PUCRS, deixei me levar pelo coração. Meio ressabiado, assinalei no formulário “Comunicação Social – Jornalismo manhã”. Passei. Havia dúvida na hora da matrícula. Foi então que comecei ouvir histórias da famosa Famecos. Elogiada e conhecida por muitos. Neste ponto parabéns a PUCRS, professores e alunos. Fizeram um belíssimo trabalho de relações públicas. Publicidade gratuita, em forma de profissionais competentes e bem sucedidos. Enfim, fui convencido. As aulas começaram. Fiquei surpreso. A Famecos foi muito além das minhas expectativas. A PUCRS oferece uma estrutura incrível. Uma biblioteca modelo e, além disso, uma recepção calorosa. Hoje eu tenho vontade de morar no prédio sete. Estou apaixonado pelo curso. Tenho professores que dão segurança de estar me graduando no melhor curso de jornalismo do Brasil. Estou topando o salário baixo. A desvalorização. O turno duplo e os dois empregos. Motivado por algo maior, o amor ao jornal e a vontade de ver essa realidade de maneira diferente no futuro.

EXPEDIENTE Jornal da Cadeira de Laboratório de Jornalismo (I Semestre) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Comunicação Social /Famecos Reitor: Ir. Joaquim Clotet Diretora da Famecos: Mágda Cunha Coordenadora do curso de Jornalismo: Cristiane Finger Professores orientadores: Eduardo Pellanda e Fábian Chelkanoff Alunos: Airan Coimbra da Costa Albino, Ana Leticia Machado Madruga, Andre Vitor Zanella Pasquali,

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Anna Karolina Veiga S. Helena, Antonia Kowacs Castro, Ariel Engster, Barbara Souza Santos, Bibiana Lechmann Saldanha, Bruna Fernanda Suptitz, Camila Piccinini, Caroline Dickel, Claudia Santos Jobim, Eduardo Schiefelbein, Ellen Doris Wolff Dick, Fernanda Gomes da C. Ferreira, Gabriela Ramires Brasil, Guilherme Jaeger, Iasmine Birck Lopes, Isabele Jessica Sonda, Jeniffer Severo, Julia Lewgoy Martini, Katherine Panerai D’avila, Laura Delgado Duro, Luana Cignachi Rossi, Lucas Boni Marostica, Lucas Magalhaes Roca, Lucas Oliveira Kolton, Luiza Borba Menezes, Luiza de Conti Lorentz, Lydia Christina B. de Camargo, Marcel Klein, Maria Carolina C. dos Santos, Maria Luiza Pozzobon Costa, Mariana Mesquita Gonzalez, Marina Amaro Teixeira, Matheus Lamb Wink, Nicole Morello, Patricia da Cunha Jardim, Pedro Leonardo C. T. Escouto, Priscila Leal Marques, Thiago Z. R. V. De Oliveira, Vicente Carcuchinski Costa, Vitoria Forell Famer e Vivian De Melo Lengler


geral

Laboratório de Jornalismo

Meditação em movimento BÁRBARA SOUZA/LABJOR

Bárbara Souza

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odo último sábado de abril a arte marcial chinesa “Tai Chi Chuan”, também conhecida como uma forma de meditação em movimento, comemora o seu dia. A aplicação se dá através do uso de movimentos suaves e circulares. Sua origem vem da junçao da filosofia “Tai Chi” que significa “o extremo equilíbrio entre dois pólos” com a metáfora do “chuan”, o punho. Eduardo Rocha, 33 anos, hoje instrutor de Tai Chi Chuan e praticante há 10 anos, explica que existem duas versões sobre como a arte teria surgido: “Pela versão lendária, um monge taoísta teria tido uma iluminação espiritual ao ver uma garça brigando com uma cobra e dali percebido os princípios do T.C.C. Mas há uma vertente que diz que essa prática teria sido criada pelo general chinês Chen Wanting que mesclou exercícios físicos, golpes, medicina oriental e o “I ching” - livro de sabedoria chinesa. Pesquisas médicas, como a feita pela Universidade de Maryland de Medicina, nos Estados Unidos, em 2000, têm comprovado os benefícios do esporte. Segundo a praticante da arte Deise Dourado, 56 anos, “além da harmonia, da flexibilidade e do equilíbrio corporal, ele previne muitas doenças. Outra questão é que com ele eu acabo com as possibilidades de me fraturar”. A terapia tem se expandido entre os jovens. Muitos afirmam ter larga-

Eduardo Rocha e sua turma de aula comemorando o dia do Tai Chi Chuan do as drogas com a prática dessa arte. Rodrigo Terra de 16 anos, que pratica há um ano, explica os benefícios sociais que o Tai Chi proporciona para ele: “com a arte eu aprendi a ser mais como a água e saber contornar os obstáculos do dia a dia sem bater de frente. Em uma festa, um bêbado queria brigar. Calmamente eu sorri e evitei

a briga”. Já Rodrigo Leitão, praticante do Tai Chi há dois anos, desabafa: “Usei todos os tipo de drogas, desde os 13 anos. Já praticava várias artes marciais, mas nenhuma me proporcionou a paz e o equilíbrio que a prática me trouxe. Por cinco anos tentei parar, com quatro meses de Tai Chi, consegui”.

ENEM E SUAS COMPLICAÇÕES Isabele Sonda O ano de 2009 foi marcado pelas várias complicações na aplicação do Enem. Noticiado por diversos jornais do país, o exame teve de ser cancelado, por se descobrir que houve vazamento do mesmo. Após o adiamento do teste, os problemas ainda não haviam se encerrado: os alunos que pretendiam fazer o Enem, encontraram dificuldade ao tentar se inscrever pelo site do MEC, e mais tarde, encontrariam falhas no gabarito. A polícia de defendeu junto aos técnicos do Ministério da Educação afirmando que os problemas citados

já estavam sendo avaliados e que não voltariam a se repetir: “A nova estratégia é de domínio do MEC, mas já temos um grupo técnico trabalhando com o MEC hoje”, disse Luís Fernando Corrêa, diretor geral da Polícia Federal. O próprio Inep responsável pela organização do Enem, afirmou lamentar o fato da necessidade do adiamento do testes, e admitiu saber o que isso acarretaria: “Instituições importantes como USP, Unicamp, FGV e PUC ficaram impossibilitadas de utilizar a nota por força do seu calendário, diminuindo o estímulo dos alunos para fazer a prova”.

O problema está no fato de que, para os alunos que buscam entrar na faculdade por meio de projetos como o ProUni e dependem do Enem pra isso, acabam perdendo suas vagas, ou até mesmo desistindo delas. Este ano, a prova, provavelmente, volta a ocorrer em outubro, visto que o cartão de confirmação de inscrição deverá ser entregue aos alunos até setembro. Os estudantes deverão portar seu CPF e pagar o valor da taxa de inscrição de R$ 35. Para mais informações, os interessados podem tirar suas dúvidas acessando a página do Inep (www. enem.inep.gov.br).

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geral

Laboratório de Jornalismo

O fenômeno dos jornais populares Vívian Lengler

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direito à informação é um dos principais fundamentos do Estado Democrático de Direito, consolida a cidadania e permite ao povo exercer o poder estatal. Os jornais populares são importantes porque, hoje, garantem o acesso de muitas pessoas a esse bemcomum. Vendidos a preços baixos, compostos por muitas imagens, linguagem curta e direta, repletos de promoções e publicidade, eles vêm ganhando espaço no país, especialmente após a crise, conforme dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), e nas classes mais baixas devido a um aumento de poder aquisitivo, segundo Odmar de Almeida Filho, diretor executivo do mercado jornais do grupo Estado. Além disso, não costumam ter serviço de assinatura e são distribuídos por vendedores ambulantes terceirizados. São exemplo os jornais “Extra” do Rio de Janeiro, “Diário Gaúcho” do Rio Grande do Sul e “Super Notícia” de Minas Gerais. Todos estão na lista dos 10 maiores jornais brasileiros, e o último

VÍVIAN LENGLER/LABJOR

ainda assumiu a liderança no ranking de vendas de periódicos diários do país, segundo dados de 2009 da Associação Nacional de Jornais (ANJ). Esse tipo de periódico já representa um percentual bastante alto das tiragens do país. Os vendedores comprovam: Luís Vicente, que trabalha em frente à PUCRS, afirma que vende, em média, 180 Diários Gaúcho para 12 Zero Horas por dia. É bastante normal ouvirmos críticas destinadas a esse tipo de meio de comunicação. Em contrapartida, este ano o Diário Gaúcho comemorou seus 10 anos com uma festa realizada no Gigantinho, em Porto Alegre que contou com mais de 20 atrações. O mesmo ainda conseguiu a segunda colocação na categoria jornal como marca mais lembrada, logo após a Zero Hora, na pesquisa Top of Mind 2010 realizada pela Revista Amanhã e pela Segmento Pesquisas. Há ainda quem acredite que é muito mais difícil construir e manter um jornal popular. O apelo visual deve ser muito bem trabalhado e os jornalistas são desafiados a conquistar diariamente os leitores.

Luís vende em torno de 180 jornais

Famecos forma profissionais de destaque Bárbara Souza

ARTE SOBRE FOTOS DE BÁRBARA SOUZA/LABJOR

Programa Acontece, mas percebi que realmente queria trabalhar na TV. A Faculdade de ComuOs estágios me encannicação Social (Famecos) da tavam. Hoje vejo como PUCRS foi fundada em 1949. essas experiências foram Foi a primeira a ter graduaimportantes”, conta a ção no Sul do país e a terceira jornalista. no Brasil. A Faculdade formou Lu Adams, aprejornalistas de destaque da sentadora do Estilo Zen, mídia brasileira. Patrícia Potambém da TV COM, eta, Ana Amélia Lemos, Crisexplica que se pudesse tiane Finger, Cistina Ranzovoltar atrás, aproveitalin entre outros profissionais ria muito mais o tempo de renome da comunicação, de aprendizado. “Eu era passaram por aqui. TVCOM e muito dispersiva. GosRBSTV, emissoras de destaque taria de ter aproveitado da região, afiliada da Rede mais o universo de possiGlobo, contam com muitos Os famequianos Ico (esquerda, acima), Carolina, Marcelo e Lu bilidades que a PUCRS me Famequianos. proporcionava”, diz qua“Os professores estão se que como uma dica. Carolina Ceolin, 27 anos, apreinteirados e atuando no merPara Marcelo Brasil, produtor na cado de trabalho, esse é um ponto mui- sentadora do Programa Estilo Casa e Cia to positivo. A Famecos tem uma estrutu- da TV COM fez publicidade e, depois RBS TV, “o jornalismo é maravilhoso, é ra maravilhosa e, além disso, conta com de formada, percebeu que sua paixão nosso dever prestar serviço. Temos o uma passarela maravilhosa”, confessa era pelo Jornalismo. Não hesitou em poder de passar as informações que as Ico Tomaz, 35 anos, apresentador do escolher a Famecos novamente. “Em pessoas têm de saber, o que elas querem Uruguaiana, minha cidade natal, criei o saber e o que elas deveriam saber”. programa Patrola.

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Laboratório de Jornalismo

Um problema inconstante Guilherme Jaeger

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m problema que atinge muitas crianças nas escolas hoje em dia é o bullying. O termo deriva da palavra inglesa “bully”, que é usada para nomear o “valentão” do colégio. Várias sofrem essas agressões físicas e morais, e isso pode afetar a criança para o resto de sua vida. Mas o assunto ainda é cercado por muita incerteza. Afinal, o que seria o “bullying”? Carolina Carlet, psicopedagoga do Centro Social Marista Graças, opina: “Creio ser um sintoma de uma doença que se origina na desestrutura familiar contemporânea. Isso passa por vários fatores. Não é só porque uma família parece ser bem estruturada, que necessariamente o é.” Sabendo que esse problema afeta crianças e adolescentes, o que as escolas fazem para ajudar quem passa por essas situações? Sandra Steil, orientadora educacional da E.M.E.F. Dom Diogo de Souza, esclarece: “Temos algumas medidas. Conversar com os alunos que sofrem e os que praticam este tipo de

ato, dar uma espécie de atenção especial aos que sofrem frequentemente abuso dos colegas. Mostramos que eles também têm qualidades. Falamos com a família, pois na maioria das vezes essas crianças também sofrem com problemas familiares.” As crianças sentem-se excluídas, e isso as afeta para o resto da vida adulta. A menina menor H.B. de 9 anos é vítima de bullying e conta o que sente em relação a essas agressões: “Me sinto estranha, pois isso me magoa, e ao mesmo tempo que me irrito com essa pessoa, tenho pena, pois minha mãe trabalha com crianças e me explica que elas também passam por problemas na família.” No fim, tanto as crianças que recebem agressões, como as que agridem, sofrem da mesma forma. Sandra conclui: “Não há no momento maneira de prevenção, pois cada caso é um caso. O que fazemos é “apagar incêndio”, resolver os casos individualmente. Esperamos um dia poder evitá-los completamente.”

REALIDADE INDÍGENA Fernanda Ferreira Andando por pontos tradicionais de Porto Alegre, como a Praça da Alfândega ou o Brique da Redenção, é fácil notar a presença de um povo que, apesar de marginalizado, faz parte da nossa história e também do nosso cotidiano: os Índios. Na capital gaúcha vivem três povos indígenas: Guarani, Kaingang e Charrua, os quais enfrentam diversos problemas para preservar sua cultura. Segundo a estudante de Serviço Social, Delmise Vasconcellos, que desenvolve projetos com os índios Kaingang em Porto Alegre, a luta deles é pela manutenção de seus direitos, principalmente o acesso a terras, pois é através delas que eles podem preservar seus costumes e seu modo de viver. Outro ponto importante enfrentado por eles é a dificuldade de inserção na sociedade. Uma das formas de minimizar esse problema são as cotas em universidades federais que servem para promover essa integração entre o indígena e a sociedade em geral. Além de ser uma maneira

FERNANDA FERREIRA/LABJOR

A VOZ DA CHAMADA A COBRAR Alguma vez na vida todo brasileiro ouviu a mensagem “Chamada a cobrar. Para aceitá-la, continue na linha após a identificação” ou então “...diga seu nome e a cidade de onde esta falando”. A voz da chama a cobrar é da locutora paulista Patrícia Godoy formada em Piano, Educação Física e Laboratórios Médicos. Patrícia também fez novelas e apresentou telejornais no SBT. A apresentadora trabalha como locutora em comerciais atualmente. (Bárbara Souza)

EM BUSCA DOS REFÚGIOS RURAIS Cansados do trabalho, dos prédios e da poluição, muitos gaúchos voltam-se aos locais rurais buscando espairecer. Por serem próximos da capital, e em geral, de custo de vida barato, tornaram-se ótimos refúgios da rotina urbana. “Mesmo arborizada, a Capital é sufocante e caótica. O interior nos proporciona uma experiência de tranqüilidade”, diz Karen Oliveira, 21 anos, estudante que há três anos passa suas férias descobrindo novas “pequenas cidades”. Mais do que uma atividade turística, para muitos é um hobby. “Custa menos do que terapia e os resultados são mais eficientes”, afirma Ademir Machado, 51 anos, advogado. Seja por turismo, tédio, ou tranqüilidade, quase todos podem usufruir destes cenários e conhecer melhor os redutos rurais. Para isto basta elaborar um roteiro e se preparar para natureza. (Jeniffer Severo) JENIFFER SEVERO/LABJOR

Índios no Brique da Redenção de começar a carreira profissional, é também um estímulo para que outros jovens índios busquem seus sonhos e promovam o fortalecimento de suas comunidades. Porém, a realidade é essa: depois de lutas e reivindicações, o povo indígena ainda não conquistou seu espaço na sociedade contemporânea. E, mesmo após cinco séculos, índios e brancos ainda não encontraram formas harmônicas de convivência.

O contato com a terra é revigorante

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política

Laboratório de Jornalismo

A nova legislação eleitoral

REPRODUÇÃO/LABJOR

Luiza Menezes

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s políticos que estão participando das eleições em 2010 possuem um novo recurso para ajudar na divulgação de suas candidaturas: a internet. Isso porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou a lei de número 12.034, que regulamenta o uso da internet em campanhas eleitorais. A utilização da web através de sites, redes sociais, blogs e correios eletrônicos possibilita aos candidatos ter um maior contato para promover seus feitos entre os eleitores, principalmente os jovens. Nesta nova legislação eleitoral, alguns artigos das leis de número 9.096 (leis dos paridos políticos), 9.504 (normas para as eleições) e 4.737 (código eleitoral) foram alterados ou tiveram alguma norma vetada. Também foram acrescentados outros que regulamentam a propaganda eleitoral, especificamente na internet. Entre os artigos alterados está o de número 23 que prevê doações via internet, até mesmo com cartão de crédito, sendo que para pessoas físicas há o limite de 10% da renda bruta do ano anterior, mas responsabiliza o doador caso haja uma eventual fraude ou erro ao usar esse sistema de doação. Já nos artigos vetados, está o 43 que regulamentava a propaganda eleitoral na imprensa, onde permitia a propaganda até a antevéspera das eleições e a divulgação de no máximo um 1/8 de

Candidatos se mobilizam pelas Redes Sociais para atrair eleitores mais jovens página de jornal por edição para cada candidato, coligação ou partido. Agora, permite que a imprensa escrita e a reprodução na internet do jornal impresso, até a antevéspera da eleição, admitam até dez anúncios por veículo ocupando 1/8 de página de jornal em diversas datas para cada candidato. Nos artigos que regulamentam a propaganda eleitoral na internet, o

NELSON JUNIOR/ASICS TSE

A ESCOLHA CERTA Lydia Camargo Primeiro você deverá escolher uma posição política. Assim ficará mais fácil de escolher um representante para suas idéias. Entretanto, é importante procurar saber mais sobre a carreira dos candidatos. Procure sobre o seu passado, se já se envolveu em escândalos e se seus mandatos anteriores tiveram sucessos. Sites da Câmara, do Senado e Assembléias Legislativas são ótimas fontes. Contudo, não se governa um país, estado ou município sozinho. Avalie também o candidato a vice, o

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57-B permite que os candidatos utilizem mídias sociais para complementarem a divulgação em seu website. Já os artigos 57-E a G regularizam o uso de correios eletrônicos, não permitindo a venda de cadastros de endereços eletrônicos e pagamento de multas caso os candidatos não retirem o contato de um eleitor a pedido do mesmo.

partido e as alianças. Analise o horário político eleitoral. Desconfie de muitas promessas. Elas poderão ser cumpridas, mas é necessário saber como serão colocadas em prática. Desconfie das respostas simples a questões complexas. E claro, não vá na conversa de quem somente aponta o defeito dos adversários. Eleição é uma competição, a competição pelo seu voto. Logo, tenha opinião ao escolher seu candidato e o observe após as eleições. Veja se este cumpriu o que prometeu e se fez um bom mandato. Assim ficará mais fácil de avaliá-lo nas próximas eleições.

Consciência na hora de confirmar


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Rio Grande do Sul e a diversidade partidária Nicole Morello

BRUNA FERNANDA SUPTITZ/LABJOR

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passado da política pode falar muito sobre o crescimento de um estado. Em época de eleições é interessante prestar atenção nisso. Se olharmos para trás poderemos reparar, por exemplo, que desde o início das eleições diretas o governo do Rio Grande do Sul não repete partidos consecutivamente. Esse fato pode explicar muitos dos acontecimentos no estado, incluindo o sucesso ou insucesso de cada projeto feito ao longo desse tempo. Em ordem cronológica, tivemos como governadores eleitos Jair Soares, pelo PDS/PFL; Pedro Simon, pelo PMDB; Alceu Collares, pelo PDT; Antônio Britto, pelo PMDB; Olívio Dutra, pelo PT; Germano Rigotto, pelo PMDB; Yeda Crusius, pelo PSDB. Salvo o período entre 1990-1991, em que Sinval Guazelli (PMDB), assumiu o governo para que Pedro Simon pudesse se candidatar a senador, não há registro de repetição de partidos por eleições diretas. A atual governadora Yeda Cru-

Palácio Piratini, sede do governo do RS sius, do PSDB, será candidata a um segundo mandato. Porém, pesquisas já mostram que os favoritos ao governo estadual são Tarso Genro, do PT, e José Fogaça, do PMDB. Apesar disso, só saberemos se será levada adiante a tradição de diversidade partidária depois das eleições, que ocorrerão em outubro.

Número elevado de siglas Bruna Fernanda Suptitz A lista de partidos políticos registrados no TSE contabiliza 27 siglas. Parece muito? E é. Porém apenas uma pequena parcela deles são conhecidos pela população. A dúvida que fica disso é pertinente: qual a importância de um partido político pequeno dentro de uma grande eleição? As bandeiras levantadas por um grupo que compartilha ideais, na luta para defender uma causa e com isso fazer história; esses são apontados como os principais motivos para se lançar à candidatura um partido pouco conhecido. Quando um partido político é criado, ele precisa se consolidar através de uma campanha. Mesmo que a votação do seu candidato não seja expressiva, é através do espaço ganho na mídia e de toda a divulgação que gira em torno de uma eleição que ele se tornará conhecido e influente.

Mas não é sempre assim que acontece. Aproveitando a situação, algumas siglas utilizam os minutos concedidos pelo horário eleitoral obrigatório em rádio e televisão para estabelecer coligações que possam favorecer os demais partidos. Aqueles maiores e mais conhecidos, ganham em tempo de exposição na mídia. Os de pequeno porte, por cederem seus minutos à coligação, ganham com cargos no governo futuro. Nesse jogo de trocas e alianças, quem perde é a população. O partido com o qual simpatizam nem sempre estará disposto a defender sua ideologia até o fim de uma campanha. Mas há um ponto em que todos concordam a respeito da quantidade de partidos políticos no Brasil: são muitos e repetitivos. Não existe tanta divergência de opiniões e a união de siglas com propostas semelhantes seria uma boa opção para criar grupos mais unidos em torno de uma mesma causa.

CAMPANHAS VALORIZAM O VOTO A Campanha Vota Brasil, produzida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em parceria com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), busca conscientizar o eleitor e valorizar o voto. Em meio a uma crise de imagem na política brasileira, o TSE veiculou em 2006, a campanha criada pela W\Brasil, dirigida pelo publicitário Neil Ferreira. Já em 2008, foi ao ar a propaganda dirigida por Rui Branquinho, enfatizando que quando se perde uma chance, ela demora muito para aparecer novamente, fazendo alusão aos quatro anos do mandato político. Este ano a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) promove a campanha “Se Liga 16, 2010 é a nossa vez!” que circulará nas escolas do país com o objetivo de conscientizar os jovens de 16 anos sobre o direito ao voto. É importante lembrar que cabe ao eleitor refletir sobre a importância do voto à manutenção da democracia.(Ana Letícia Madruga)

DE OLHO NO CALENDÁRIO Nas próximas eleições os brasileiros escolherão, além do novo presidente da república, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. É importante estar atento ao calendário eleitoral divulgado desde 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As convenções partidárias para a escolha de candidatos deverão ser realizadas entre 10 e 30 de junho e o registro dos candidatos até o dia 5 de julho. A propaganda eleitoral será permitida a partir do dia seguinte. No rádio e na televisão, o horário eleitoral gratuito inicia no dia 17 de agosto e termina em 30 de setembro. Se houver segundo turno, a propaganda deve começar até 16 de outubro. O primeiro turno das eleições será no realizado no dia 3 de outubro. Esta também é a última data para mudança de filiação partidária e de domicílio eleitoral. Caso haja necessidade de segundo turno para escolha do novo presidente e dos governadores, a data é 31 de outubro. (Ana Letícia Madruga)

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economia

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Um ano depois: a realidade no Camelódromo de Porto Alegre RICARDO GIUSTI/PMPA

Bibiana Saldanha, Iasmine Birck Lopes e Júlia Lewgoy

“V

amos ver se nós achamos uma loja que tem carregador”, é o que comenta uma compradora que circula pelo Shopping do Porto, o novo camelódromo, localizado na rua Voluntários da Pátria, no centro de Porto Alegre. É bem provável que ela encontre o que procura, pois a variedade e quantidade de produtos é imensa. Agora, quem vai ao camelódromo encontra bancas organizadas, estacionamento, seguranças, banheiros e até praça de alimentação. Inaugurado em fevereiro de 2009, o Shopping do Porto reúne antigos vendedores ambulantes da Praça XV e da rua Vigário José Inácio. A iniciativa da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (SMIC), junto ao investimento da empresa licenciada Verdi Construções S/A, abrigou grande parte dos camelôs da Capital em uma estrutura que comporta atualmente cerca de 800 lojas. Segundo Isabela Tonin, assessora de imprensa do Centro Popular de Compras, o objetivo do empreendimento foi acabar com o aglomerado que havia em torno da Praça XV e fazer uma revitalização do centro. Além disso, Isabela afirmou que foi uma atitude digna abrir um novo espaço para as pessoas fazerem o seu comércio e que, antes da transferência para o shopping, os ambulantes foram treinados em cursos do Sebrae. A iniciativa, entretanto, desagradou muitos vendedores que entraram para o empreendimento com diferentes expectativas. “Em 2007 a gente passava muito trabalho, sol, chuva... Um conselho da prefeitura falou que iam fazer um shopping. Só que não avisaram das taxas e prometeram aluguéis baixos”, é o que disse um ex-ambulante que não quis se identificar. As principais reclamações são referentes ao preço do aluguel das bancas, cerca de R$ 400 mensais já com a taxa de condomínio, à fiscalização dos produtos pirateados e à diminuição de movimento em relação às ruas. “Ganhei muito dinheiro no centro. Tudo que eu tenho é de lá”, conta o vendedor.

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Inaugurado em fevereiro de 2009, o Shopping do Porto reúne antigos ambulantes FOTOS BIBIANA SALDANHA/LABJOR

A maioria da bancas aceita cartões

Serviços também são oferecidos A cargo da SMIC ficam a fiscalização de produtos pirateados e a execução de ordens de despejo, que ocor-

rem quando o aluguel não é pago em 6 semanas. Em março de 2010, depois de a direção ter dado o prazo de um ano para o pagamento de atrasados, houve o despejo dos inadimplentes. A ação causou tumulto e quase provocou o fechamento do empreendimento. Apesar das reclamações de muitos vendedores, a maioria dos consumidores aprovou a mudança. Entre os pontos destacados estão organização, praticidade e maior segu rança do novo ambiente. No Centro Popular de Compras, por exemplo, a maioria das bancas aceita cartão de crédito, o que há pouco tempo parecia distante para o público que frequenta o local, formado majoritariamente pelas classes C, D e E. O objetivo agora é mudar a imagem do local, que ainda é associada à marginalidade, para atrair o público. Os próprios lojistas buscam maneiras de se destacar e valorizar seus produtos. Bancas como a do Zé fazem o seu marketing: “Novidade! MP10 que funciona sem bateria!”. E assim, aos poucos, se concretiza o foco do projeto: transformar os vendedores ambulantes em empreendedores como qualquer outro lojista.


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iPad é sucesso no Brasil antes mesmo de chegar Júlia Lewgoy

ÃO DO SITE

REPRODUÇ

U

ma transformação da mídia impressa parece estar perto de ocorrer. Um novo dispositivo eletrônico foi lançado pela Apple, no mês de abril, e promete gerar mudanças no hábito de leitura. O iPad, como é chamado, substitui a folha de papel e disponibiliza livros, revistas e jornais coloridos na íntegra em rede wi-fi. Com previsão de chegar a Porto Alegre no início do segundo semestre, o lançamento pretende abalar as revendedoras da Apple no país. “Nove entre dez pessoas que entram na loja perguntam sobre o iPad”, diz o vendedor Ricardo Cauduro, da loja do Shopping Iguatemi de Porto Alegre, especializada na marca. Segundo ele, as expectativas são de que o novo dispositivo venda inicialmente tanto quanto o iPhone. Principal concorrente do Kindle,

APLLE

o iPad se diferencia por apresentar o display colorido. Nele é possível navegar na internet como em qualquer outro computador, tendo acesso a sites de interesse. As novidades do produto justificam a diferença de preço em relação ao Kindle. Os valores poderão chegar a R$ 3 mil no Brasil, onde já será lançado em sua segunda versão, conectada ao sistema 3G. A demora do iPad para chegar ao país ocorre porque as operadoras precisam criar novos planos de conexão, que acompanhem a nova tecnologia. O lançamento promete ter memória de 64 GB, o dobro da capacidade máxima de um iPhone. Suas vantagens? É de fácil portabilidade, não agride o meio ambiente como o papel e, a longo prazo, torna-se mais barato do que os impressos. Para saber as desvantagens, só pagando para ver. E, pelo visto, essa vai ser uma opção bem sucedida.

PREÇO DE UMA CATÁSTROFE Maria Carolina Santos O terremoto no Haiti e as enchentes no Rio de Janeiro representaram um baque para a economia.Catástrofes refletem em endividamento para a reconstrução dos locais prejudicados e, no caso do Haiti, há prejuízo na produção devido a destruição das safras, o que refletirá em inflação pela escassez de produtos. O Haiti sofreu as perdas de uma tragédia que deixou marcas profundas no país com 67% da população abaixo da linha de pobreza. As estimativas apontam uma perda de US 7,7 bilhões,121% do PIB anual. A ONU estimou um valor de US 11,6 bilhões para a reconstrução do país mas, apesar da ajuda financeira internacional,

é uma soma alta para uma nação cuja renda per capita,antes do terremoto, era de US$ 560. No Rio de Janeiro as enchentes causaram a morte de mais de 230 pessoas. Auxílio-moradia, indenizações e reparações chegam a R$ 5 milhões, valor distante dos RS 200 milhões estimados para sua reabilitação. Obras como o acesso ao Cristo Redentor estão em andamento, mas o principal desafio no RJ são as favelas. A catástrofe no Haiti, por ter uma dimensão maior, prejudicou mais a frágil economia daquele país. Apesar de tragédias muito diferentes, países atingidos por desastres naturais têm a economia diretamente atingida e levam um tempo considerável até se reabilitarem novamente.

IPI REDUZIDO: RECORDE DE VENDAS O fim da redução do IPI para automóveis, eletrodomésticos e móveis, causou uma corrida às lojas em março. No caso dos automóveis foi batido o recorde mensal de vendas, chegando a 320 mil unidades, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. A linha branca também obteve bons resultados. O crescimento no período chegou a 30% e os produtos mais vendidos foram os fogões e as máquinas de lavar. (Bibiana Saldanha)

SETOR TÊXTIL PREVÊ CRESCIMENTO Após o registro de perdas econômicas em 2009, o setor têxtil está otimista para os próximos meses do ano. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) estima crescimento de 4% no setor. Na geração de empregos, esperase que sejam criados mais de 40 mil postos de trabalho. Segundo dados da associação, o faturamento anual na área superou a marca de US$ 47 bilhões em 2009, com cerca de 1,7 milhão de trabalhadores empregados nas mais de 30 mil empresas do País. (Antônia Kowacs)

INVESTIMENTO NO BEM-ESTAR Estresse e cansaço infuenciam diretamente na vida profissional. Trabalhadores produzem menos e têm redução na imunidade. Com a pressa, até mesmo a alimentação é prejudicada. Empresas estão investindo nos chamados Programas de Bem Estar Social, que propiciam integração de funcionários e reduzem faltas, acidentes e lesões de trabalho. A maioria proporciona atividades como alongamentos, ginástica laboral, yoga e shiatsu. Outros inovam e controem ambientes de lazer, como sala de cinema. Esse investimento reduz os gastos. A produtividade dos funcionários pode aumentar em até 5% e as faltas no trabalho podem ser reduzidas em até 15%. (Iasmine Birck Lopes)

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cultura

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Só o Beco salva!

GABRIELE GUARAGNA/ARQUIVO PESSOAL

Open Beco é uma das festas que se repete todas as semanas na casa Priscila Marques Marina Teixeira

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té pouco tempo, a cena noturna de Porto Alegre se resumia a uma série de barzinhos na Cidade Baixa. Boates com “prazo de validade”, que saíam de moda e rapidamente perdiam o público para lugares mais novos. Foi aí que surgiu o Beco. Começou com apenas uma sede na Avenida João Pessoa. Logo, tornou-se um refúgio para os “moderninhos” da cidade, que procuravam um lugar para curtir o indie e o electrorock que não tocavam nas rádios, e, assim como quem não quer nada, se espalhou por diversos pontos da Capital. Hoje, o Beco 203 é uma produtora responsável por duas casas noturnas, um bar, vários festivais e festas itinerantes, além do selo de discos Beco 203 Discos, sem perder o estilo alternativo e descolado da ideia original. A iniciativa de criar lugares como esse numa cidade sedenta por novidades partiu de Vítor Lucas, 36 anos, proprietário e fundador.

LabJor − Como surgiu a ideia de criar o Beco? Vítor Lucas − Eu sempre trabalhei com bares de rock e pop rock. Resolvi criar um lugar mais underground, com estrutura diferenciada. Aí criei o Beco 203. LabJor − O público que frequenta o local é o mesmo desde a criação? Vítor − Não. A casa está prestes a completar 6 anos. Uma parte ainda é a mesma do início, mas como o público da noite evolui, os frequentadores da casa

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também mudaram. Existem novos adeptos e curiosos. LabJor − Quais foram as inovações para o ano de 2010? Vítor − Investimos mais em teatro, moda e atrações internacionais, além da reforma que transformou o antigo Porão em uma casa com palco, que pode receber tanto atrações nacionais quanto internacionais de médio porte.

O ARTISTA ENFURECIDO Os artistas León Ferrari e Mira Schendel estarão expostos na Fundação Iberê Camargo até 11 de julho com a mostra Alfabeto Enfurecido. Ferrari e Schendel trabalharam de forma independente, sem relação direta e sem estarem ligados a movimentos artísticos específicos, mas construíram, paralelamente, trajetórias que dão destaque à linguagem. Em entrevista à Folha de São Paulo, o artista conta que, após ganhar o Leão de Ouro em Veneza, sua vida mudou completamente: “Antes do prêmio, minha obra não valia quase nada, era muito barata. Agora, ela vale muito mais do que eu mesmo acho”. Ferrari, aos 89 anos, continua mostrando personalidade forte e ideais calcados na vivência de um regime militar. (Priscila Marques e Marina Teixeira)

DE CHANEL A AUDREY HEPBURN

REPRODUÇÃO

LabJor − Como elas estão sendo aceitas? Vítor − O nível de aceitação do público é alto devido a nossa credibilidade junto a ele. LabJor − Muita gente acredita que o rock seja um ritmo morto. O que tem o mantido vivo em Porto Alegre? Vítor − O rock morreu? No Beco essa afirmação não é válida. O rock é um estilo que tem mais de 60 anos de idade e esta aí até hoje, se renovando. Ele evolui e se subdivide em vários outros estilos. Indierock e electrorock são duas das novas variantes do rock original. Gêneros que trabalhamos minuciosamente nas nossas casas e eventos. LabJor − Muitas boates da Capital fecham depois de pouco tempo de funcionamento. Como o Beco se mantém “vivo” depois de quase seis anos? Vítor − Nos mantemos vivos através do nosso espírito de vanguarda e inovação. O público se cansa do mesmo. A gente toma a frente, pesquisa e apresenta novidades mundiais para os nossos clientes.

Hepburn foi um ícone da moda A estilista Coco Chanel e a atriz Audrey Hepburn são ícones de estilo que marcaram época e até hoje influenciam o mundo da moda. Sabendo disso, a UniRitter estará promovendo no 2° semestre do ano, o curso chamado Dobradinha de Estilo: de Chanel a Audrey Hepburn - Dois Estilos que Marcaram o Século XX . O curso será realizado de 5 de julho a 19 de julho, às segundasfeiras, das 14h às 17h30min. O preço é R$ 200 para alunos e ex-alunos da UniRitter e 250 reais para os demais interessados. Para mais informações, entre em contato pelo número (51) 3230-3333, ou acesse o site www.uniritter.edu.br. (Priscila Marques e Marina Teixeira)


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Bandas gaúchas: o problema é aqui? LURINGA/DIVULGAÇÃO

Vitória Famer

do que contratar um show um pouco mais caro dentro de SP ou RJ. A mudança para São ontar uma boa banda Paulo melhoraria por causa da não é fácil, muito medistância e do gasto. Simples. nos fazê-la ficar famosa. Não existe nada de preconceiInfelizmente, o Rio Grande do to. É mais a logística. Não tem Sul não possui um mercado de nada a ver com a língua nem bandas tão expressivo quancom o sotaque. to Rio e São Paulo. Conversei Se mudar seria uma com um dos grandes produtoboa sugestão para obterem o res musicais da atualidade, Edu sucesso mais rapidamente, a Martins, que já trabalhou com banda Fresno o fez. Mudarammuitos famosos: desde mpb, se para a capital paulista e, como, Gal Costa, Milton Nascicom a ajuda da internet, ficamento, até rock, como Rita Lee ram conhecidos nacionalmenentre outros, e perguntei como te. Na verdade não importa o as gravadoras estão reagindo a local, e sim três fatores que essa crise na indústria fonográfarão uma banda decolar ou fica há alguns anos. Edu conta não: conceito, marketing e que, antes, as gravadoras, doqualidade. nas do mercado, vendiam CDs Fresno em um dos shows em Santo André: casa lotada É preciso ter um cone isso era um grande negócio. Existe, também, muita dificul- ceito diferente, algo novo; deve ser bem Com a internet e o mp3, porém, as músicas caem nas redes gratuitamente, dade por parte das bandas gaúchas de feito, uma boa foto, CD bem preparado, causando o fim das gravadoras, que in- serem reconhecidas nacionalmente. O bem empacotado, figurino bem seleciofelizmente não têm planos para reverter principal motivo é que os grandes “pó- nado e o principal: necessita-se de muilos industriais e econômicos”, como São ta divulgação. Prático e matemático. esse quadro até agora. Um outro músico gaúcho que é Apenas de 5% a 10% das músicas Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e circulam de forma oficial. O restante Brasília são muito próximos, e Rio Gran- conhecido por todo o país é o reggaeiro é vendida de maneira “pirata” em ca- de do Sul é mais afastado. É muito mais Armandinho, que hoje mora em Santa melôs, ou baixadas gratuitamente pela caro contratar uma banda do sul, pois se Catarina, mas não saiu da Região Sul e, internet. O artista basicamente se sus- gastaria muito mais com deslocamento, por força do seu trabalho, está fazendo passagem, transporte de equipamento, sucesso por qualquer lugar que vá. tenta, atualmente, com shows.

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Woodstock brasileiro Eduardo Schiefelbein, Lucas Roca e Lucas Kolton. Após quatro décadas o Woodstock chega ao Brasil em sua 7º edição com a promessa de grandes nomes da música. O evento acontecerá nos dias 7, 8 e 9 de Outubro, na fazenda Maeda, situada em Itu, há 100 km de São Paulo. O festival original, de 1969, contou com a presença de grandes astros do rock, como Jimi Hendrix e a banda The Who. A festa durou apenas quatro dias, mas foi o suficiente para gerar uma série de mudanças culturais. Fortaleceu a contracultura e o movimento hippie. Esses jovens radicais tiveram participação ativa na resistência à Guerra do Vietnã e na questão política envolvida em todo esse processo. O tradicional evento da música gerou muita polêmica. Além do uso

maciço de drogas, principalmente heroína, dois partos foram realizados em meio à multidão e houve um atropelamento por trator. No Brasil, serão três dias de shows, menos conturbados que os da versão original. A segurança do público está sendo tratada como prioridade. Para trazer toda essa estrutura ao nosso país, foi necessária a cooperação dos organizadores originários do Woodstock. O empresário Eduardo Fischer, do festival Maquinaria, e Perry Farrel, organizador do evento Lollapooza, são alguns deles, e prometem não poupar esforços para alcançar seus objetivos. Há também a colaboração do grupo No Limits, que cederá o local para a grande festa. Entre as atrações cotadas estão Foo Fighters, Rage Against the Machine, Bob Dylan, Smashing Pumpkins, Pearl Jam e Limp Bizkit. Como confir-

REPRODUÇÃO/LABJOR

Visão geral do público em 1968 mados estão o hardcore do Green Day e o New Metal da banda Linkin Park. Diante de todas essas atrações, só nos resta esperar ansiosamente pelo Woodstock brasileiro.

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cultura

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Os livros no cinema Priscila Marques Marina Teixeira

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QUANDO O VELHO VIRA NOVO Por falta de idéias, ou por saber da aceitação de certos filmes pelo público, os remakes estão em alta na indústria hollywoodiana. Veja alguns deles que irão entrar em cartaz nos próximos meses.

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T

ornou-se comum ao longo da trajetória cinematográfica a adaptação de obras literárias para as telas dos cinemas. Não por um motivo qualquer: o público gosta de ver histórias lidas e imaginadas por eles contadas através dos olhos de grandes cineastas. O fato é que a literatura tem perdido espaço, tanto pela preguiça, quanto pela falta de tempo no cotidiano das pessoas. Essas adaptações ajudam a relembrar esse velho hábito e reviver antigas histórias já esquecidas pelo público. Quem não se lembra da primeira adaptação da obra Lolita, de Vladimir Nabokov, dirigida por Stanley Kubrick? A icônica cena da menina tomando banho de sol com os óculos escuros em formato de coração entrou para a história do cinema. Já no Brasil, Feliz Ano Velho mostra a vida do escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva após o acidente que o deixou tetraplégico, de uma forma positiva. Prova que para viver, basta ter vontade. Dentro das obras infanto-juvenis, a saga Harry Potter, que incentivou toda uma geração a se interessar pela leitura, ganhou ainda mais visibilidade quando foi adaptada. Assim como a saga Crepúsculo que, mesmo contando uma história clichê sobre vampiros, conquistou milhares de pré-adolescentes ao redor do mundo.

A Hora do Pesadelo − O assassino em série Freddy Krueger já ganhou várias versões no cinema. Primeiro foi A Hora do Pesadelo, de 1984. Depois, ele voltou para confrontar outro dos “astros” mais temidos da indústria do medo em Freddy VS. Jason, de 2003. O original ganhou uma refilmagem ainda no início deste ano. A direção fica no comando de Samuel Bayer, já consagrado no meio dos videoclipes de rock. O filme estréia no Brasil em maio. Não durma! Freddy está de volta.

Harry Potter foi campeão de bilheteria O mais novo livro a ser adaptado para o cinema é Comer, Rezar e Amar, de Elizabeth Gilbert. Protagonizado por Julia Roberts e tendo no elenco nomes como James Franco e Javier Bardem, o filme tem tudo para ser um sucesso de bilheterias. As pessoas respondem melhor às imagens do que às palavras. No entanto, sempre haverá espaço para a literatura, pois as grandes histórias fazem parte da natureza humana, lembram as origens e instigam a imaginação.

Qual (Con)vence? Gabriela Brasil Internet X TV. “Brasileiros gastam mais tempo com a Web”; “Tire a televisão de dentro do Brasil, e o país desaparece”. Entre esses fenômenos meios de comunicação, resta a pergunta: qual convence? Estudo realizado pela Deloitte (empresa de auditoria), mostra que o brasileiro passa 32,5 horas semanais conectado na Web, contra 9,8 horas em frente à TV. Por quê? Interatividade, palavra que está em alta entre as mídias: o usuário pode controlar ações e a forma como o programa funciona. E é assim que a internet se apresenta: ela construiu o “internauta autoritário” que tem o poder de escolher o que quer na hora que bem entender. Não é apenas

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um observador como na televisão. Nova atitude: a televisão quer atrair de novo! Como? Atualização. A principal aposta desta mídia está no celular, onde se espera que 50 milhões de usuários assistam TV aberta por ele. Boa concorrência? Sim, divisão de públicos entre vários meios é sempre saudável e faz bem para a economia também! Espera-se que até junho de 2010 o consumo de internet ultrapassará o da televisão. Apesar disso, não há como negar que a TV já faz parte da cultura nacional, sempre ditou regras, comportamento, moda e formas de comunicação. E a internet ainda é “novata” entre os brasileiros, por incrível que pareça. Uma coisa é certa: a televisão não vai desaparecer por causa da web.

Piranhas − O título já deixa claro o assunto do qual o filme trata. Piranhas é a refilmagem do clássico de terror Cult dos anos 70, onde peixes pré-históricos são libertados por um tremor no lago Victoria e passam a se alimentar da carne de humanos. O filme é despretensioso, não tenta ser algo que não é. E com certeza não é sério. Apelativo, mostra mulheres seminuas, mortes sangrentas e cenas de ação. Ideal para quem quer ir ao cinema se divertir sem ter que pensar muito. Estréia em agosto. (Priscila Marques e Marina Teixeira)

O FINAL DO SERIADO LOST O famoso seriado norte americano “Lost” já tem data para o seu fim. A emissora AXN transmitiu o último episódio da saga no Brasil no dia 25 de Maio, dois dias depois de ser exibido nos EUA. Após seis anos e seis temporadas de drama e suspense, os fãs da série terão de se acostumar com a ausência nas telas dos marcantes personagens Jack Shephard (Matthew Fox) e Kate Austen (Evangeline Lilly). (Lucas Kolton)


mundo

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As catástrofes naturais que ameaçam a população mundial Camila Piccinini

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VLADIMIR PLATONOW/ABR

Laura Duro

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ser humano acredita poder controlar as forças da natureza. A prova contrária a isso são as catástrofes naturais como os terremotos, as enchentes, as erupções vulcânicas, a seca, os tornados. Mas será que podemos chamar de catástrofes? “Não existem catástrofes naturais. Se um evento qualquer é considerado natural, então não pode ser catastrófico, a menos que se conceba a natureza como catastrófica, o que seria um absurdo. Elas são humanas, a natureza tem muito pouca relação com isto”, defende Mario Leal Lahorgue, professor de graduação da Universidade Federal do rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em geografia. Segundo o professor, as catástrofes tendem a ser seletivas, pois não alcançam a população como um todo, e sim determinadas classes sociais. Ou seja, atingem majoritariamente os pobres, e isso não é por acaso. São eles que moram nas áreas de risco, porque a economia de mercado não dá outra opção para quem não pode pagar pelo acesso à terra. Ele acredita que só existem “áreas de risco” pela falta de precaução humana, como na ocupação de encostas e várzeas sujeitas a alagamentos, por exemplo. “Essa ocupação dá-se quase que exclusivamente pelas classes mais baixas da sociedade”, explica Lahorgue. A desigualdade social fica evidente durante um desastre natural, quando se percebe, por exemplo, a diferença entre a proteção oferecida por uma casa de tijolos construída à beira de um rio e outra na área nobre da cidade. É por essa razão que os alagamentos e deslizamentos no sudeste do Brasil costumam desabrigar apenas os mais necessitados. Em abril desse ano, o efeito das fortes chuvas alagou toda a cidade do Rio de Janeiro, e não apenas as áreas das classes sociais mais baixas, o que contraria esse raciocínio. Contudo, são os terremotos que se destacam por terem causado a maioria das mortes por desastres da última década. Eles representam uma importante ameaça para milhões de pessoas

Estragos foram visíveis após o maior terremoto da história do Chile CAROLINA GONCALVES/ABR

Desabrigados pelas chuvas no RJ no mundo já que oito das dez cidades mais povoadas do planeta se encontram em cima de falhas geológicas, como explicou Margareta Wahlstroem, Representante Especial das Nações Unidas,

no começo desse ano. Essa afirmação foi comprovada pelo caso do Haiti. Em 2010 o tremor ocorrido no país contribuiu para o maior número de mortes anuais por causas naturais pertencente a um único evento, porque teve mais de 200 mil vítimas. Já no Chile, mesmo a magnitude do terremoto sendo maior, o número de vítimas não passou de mil. São diversos os eventos criados em busca do combate às mudanças climáticas forçadas pela ação humana. Um dos mais conhecidos é a Cúpula do Clima, onde os representantes de diversos países reúnem-se em busca de soluções. Na opinião do professor “a Cúpula é bem vinda e tem conseguido mobilizar algum esforço para diminuir o problema”. Mas, segundo ele, “uma reversão verdadeira às mudanças climáticas só pode ser obtida acabando com sua principal causadora: a sociedade produtora de mercadorias. Seria preciso achar um outro modo de produção e de vida onde a natureza não seja encarada simplesmente como um ‛recurso‛“, finaliza Lahorgue.

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Armas nucleares: alerta para segurança mundial

MARCELLO CASAL JÚNIOR/ABR

Presidente Ahmadinejad (D) com ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge Luana Rossi

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Luiza Lorentz

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m novembro de 2009, o governo iraniano aprovou projetos para a construção de dez novas usinas de enriquecimento de urânio. No inicio do ano, o chefe nuclear do Irã anunciou o início de duas dessas instalações ainda em 2010. Atualmente o país apresenta duas usinas, uma em Natanz e outra em Qom. Segundo o governo, o investimento é apenas para o setor energético. Estados Unidos e aliados temem uma possível produção de bombas atômicas por trás desse investimento. Recentemente, Irã e Coréia do Norte foram excluídos da nova doutrina nuclear americana. Segundo ela, Washington se compromete a não utilizar armamento atômico contra um país que não possui esse tipo de arma e que respeita as regras do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, criado em 1968. Um grande número de especialistas em segurança concorda que o terrorismo nuclear seja o risco mais

sério enfrentado atualmente pelos EUA. Acredita-se que destruir o material atômico é bem mais eficaz do que bloquear as fronteiras americanas. O empenho global para reduzir a ameaça avançou durante o encontro da Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington, nos dias 12 e 13 de abril, onde fora assinados acordos entre os países que objetivam destruir ou proteger os estoques de plutônio e urânio altamente enriquecidos existentes. A cúpula que reuniu 47 países, apresentou desafios diferentes para as nações participantes, mas com um interesse comum: construir um mundo mais seguro. Os países concordaram que a ameaça terrorista nuclear é urgente e apoiaram a meta de guardar em lugar seguro, dentro de quatro anos, todo o material nuclear que pode ser utilizado na construção de armas atômicas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu a criação de um fundo mundial de U$ 10 bilhões para a segurança nuclear do planeta.

DO APARTHEID À COPA DO POVO O assassinato do ativista Eugene Terre’Blanche na África do Sul, dois meses antes da Copa do Mundo, reavivou a lembrança da população sul-africana em relação ao regime de segregação racial que assolou o país por mais de 40 anos, o Apartheid. Em tempos de expectativa sobre a realização da primeira edição no continente do evento que consegue reunir países do mundo em torno de disputas pacíficas, faz-se lembrar o clima de preconceito que dominava o país. Em 1948 os brancos de origem européia assumiram o controle político do país e instituíram uma lei que pregava a segregação racial. O Apartheid durou até 1990, quando o líder negro Nelson Mandela foi libertado da prisão – submetido desde a década de 60 devido as suas manifestações contra o regime. Durante o Apartheid, os negros eram impedidos de participar da vida política, não tinham acesso à propriedade da terra e eram obrigados a viver em zonas residenciais determinadas pelo governo. O casamento inter-racial era proibido e havia um controle da circulação de negros pelo país. Para quem for à África do Sul, é recomendado visitar o Museu do Apartheid, em Johannesburgo. Fotografias, painéis e vídeos documentam conflitos, crimes políticos e movimentos estudantis. Apesar de existirem mais de 11 idiomas no país, o inglês é suficiente para a comunicação. EMILY VISSER/MEDIACLUBSOUTHAFRICA.COM

ENTENDA O TRATADO DE 1968 O pacto tenta evitar uma guerra nuclear e instaurar normas para a utilização civil da energia nuclear. Firmado em 1968, o acordo foi ratificado no final de 2002 por 188 países, inclusive as cinco grandes potências nucleares e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: EUA,

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Reino Unido, Rússia, China e França. Índia e Paquistão, que realizam testes atômicos, não assinaram o tratado. Israel, que de acordo com informações dispõe de cerca de cem ogivas nucleares, não reconheceu publicamente possuir esse arsenal militar e também negou-se a assinar o tratado.

Continente espera turistas com alegria


polícia

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Denarc divulga apreensões no RS Ellen Dick

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número de apreensões de drogas aumentou no Estado, é o que afirma o diretordo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado João Bancolini. “Apesar de a maconha ser a mais apreendida ainda, o crack aumenta seu poder a cada dia, não só nas classes mais baixas, como nas classes média e alta”, explicou. O último levantamento feito pelo departamento mostra que, em 2008, cerca de 150 quilos de crack foram apreendidos. No ano passado, o número de apreensões subiu para 266 quilos. Somente nos primeiros três meses, quase 42 quilos da droga já foram apreendidos (veja tabela ao lado). O crack é uma variação da pasta base de cocaína, material que também pode se transformar no pó de mesmo nome. “O crack vem proporcionando um crescimento no poder e no lucro dos traficantes e aumentando o número de usuários, porque vicia rapidamente”, afirmou Bancolini. “Mas a gente tem que lembrar que quem bota essa máquina para funcionar são os usuários. Quanto maior a demanda, maior a procura, em consequência, aumenta o tráfico”. O diretor da Divisão de Investi-

gações do Narcotráfico (Dinarc) e responsável pelo depósito, delegado Luís Fernando Martins Oliveira, diz que o crescimento do tráfico influencia também no aumento do número de outros crimes, como latrocínios e homicídios. “A pessoa de classe média que compra a droga contribui para que a roda da criminalidade gire, para que roubos sejam feitos sob ação de drogas e acabem se tornando latrocínios e homicídios”. O produto apreendido no Estado fica no depósito do Denarc até a liberação da Justiça. O número de incinerações realizadas no período de um ano é determinado pela quantidade de entorpecentes apreendidos pela Polícia Civil e Brigada Militar.

APREENSÃO DE DROGAS Ano 2008 2009 2010

Maconha 3.931.717 4.506.007,90 100,51

Cocaína 138.955,36 181.652,76 3.247,00

INCINERAÇÃO DAS DROGAS Ano 2008 2009

Maconha 2.513.359,58 6.067.299,73

Segundo o delegado Paulo César Jardim, da 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, há grupos neonazistas em pelo menos quatro estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Pregando a superioridade da raça ariana, esses grupos atacam fisicamente pessoas que eles consideram de raça inferior. “Nós, quando matamos uma formiga, consideramos um ato normal, porque no nosso inconsciente ela é uma subespécie. Pensamos a mesma coisa dos negros, judeus, homossexuais e nordestinos”, já ouviu o delegado Jardim de membros detidos.

Droga apreendida em Alvorada

Crack 150.099,48 266.775,34 36.258

Cocaína 48.66,68 110.570,91

Ecstasy 1027 1450 144

Crack 28.767,08 96.925,22

LSD 352 135 840 Haxixe 222,82 318,63

*Maconha, cocaína e crack – peso em gramas; Ecstasy – comprimidos; LSD – microponto – multiplicado por quatro dá o número de doses; Levantamento até o dia 13 de abril de 2010.

LUTA CONTRA O NEONAZISMO Mariana González

ELLEN DICK/LABJOR

“Eles dizem que os negros e nordestinos são sempre pobres, assaltantes ou bandidos. São contra os homossexuais porque sua conduta será contra a lei de Deus. Alegam que os judeus compraram a imprensa mundial e os Estados Unidos. Sempre negam o holocausto”, diz o delegado. Punks, índios, deficientes físicos e comunistas também sofrem com o neonazismo. No Estado, cerca de 25 pessoas já foram indiciadas ou denunciadas em decorrência dessa ideologia. Na Capital, os lugares considerados de maior incidência de ataques são a Cidade Baixa e as proximidades da Avenida Oswaldo Aranha.

ELLEN DICK/LABJOR

Del. Jardim, especialista no caso

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polícia Os efeitos da Lei Seca no Rio Grande do Sul

IAN BRITTON/DIVULGAÇÃO

Patrícia Jardim e Caroline Dickel

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esde que a Lei Seca foi implantada, há cerca de dois anos, o número de processos de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) abertos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) dobrou no Estado. Nos 21 meses anteriores à lei foram abertos 9.325 processos e nos 21 meses posteriores foram abertos 18.674. Nos dois anos que antecederam a lei seca, a participação dos casos de embriaguez nos processos de suspensão da carteira abertos pelo Detran ficava entre 38,6% e 40,8%. O número de processos por embriaguez saltou de 4.064 para 9.915. Desde a implantação da nova lei, de 18,6 mil processos de suspensão, os casos de embriaguez correspondem a 53% deles. Até 19 de junho de 2008, eram raros os casos em que o motorista era preso por dirigir embriagado, pois o Código de Trânsito Brasileiro tolerava no bafômetro 0,30 mg/l (miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões), o equivalente a 0,6 grama de álcool por litro no sangue. A lei previa a suspensão do direito de dirigir por 4 ou 12 meses, e normalmente a menor pena era aplicada. Porém, a partir de 20 de junho de 2008, a tolerância ficou 3 vezes menor: a partir de 0,10 mg/l o motorista é multado em R$ 957,70 e so-

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Motorista só reage por medo de multa frerá processo de suspensão do direito de dirigir por um ano. Se o condutor do veículo chegar a 0,30 mg/l ou exceder esse valor, além de sofrer as mesmas sanções, ele estará sujeito a prisão em flagrante, com direito a fiança. Depois disso, ele poderá responder o processo criminal com pena prevista de seis meses a três anos de detenção. Os números comprovam que a conscientização de não dirigir após beber ainda é muito pequena.

Aumentam crimes contra os idosos Thiago Zahreddine

DENUNCIE!

E 60% das vítimas de agressão à terceira idade são as mulheres. Os ataques são A preocupação com Disque-Idoso cometidos por vizinhos, fao idoso cresce paralela(0800-644-1401) miliares e, em 54% dos camente às agressões. Tem Delegacia do Idoso sos, pelos próprios filhos. sido notável o surgimento (51) 3225-5304 As agressões abrangem vioe intensificação de serviços lência física, negligência, em prol dos idosos no Brasil desde a aprovação do Estatuto do Idoso, abandono, uso indevido do dinheiro, vioem setembro de 2003, mas as agressões lência sexual e violência psicológica. Devido à maior seriedade em relaparecem continuar. Apenas no Sistema Único de Saúde (SUS), dos 93 mil idosos ção ao serviço e às penas, cada vez mais que são internados anualmente, 26 mil os idosos têm denunciado os crimes e as delegacias estão cada vez mais cheias. são devido a agressões e violências. Os idosos são hoje 14,5 milhões de Dados divulgados recentemente pela Universidade Federal do Rio Grande pessoas - 8,6% da população total do país. do Sul (UFRGS) e por uma pesquisa reali- O envelhecimento do povo brasileiro, rezada pelo governo mostram a gravidade flexo do aumento da expectativa de vida do problema. Segundo a Delegacia do e da redução da taxa de natalidade, torIdoso, 12% dos 18 milhões de idosos do na a denúncia e o combate a esses crimes país já sofreram algum tipo de agressão. cada vez mais importante.

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QUAL É O LIMITE PARA PODER DIRIGIR? Para um copo de cerveja ou taça de vinho, que tem teor baixo de álcool, o tempo de eliminação pelo organismo é de cerca de seis horas, podendo variar de acordo com a rapidez com que a bebida foi ingerida, se foi acompanhada de comida, entre outros fatores. Já bebidas com teor elevado de álcool demoram mais. Uma dose de uísque pode ficar até 24 horas circulando pelo sangue. O motorista também pode ser pego pelo bafômetro se ingerir grande quantidade de um doce que contenha álcool.

CONHEÇA AS PENALIDADES DA LEI A Lei 11.705, a “Lei Seca”, entrou em vigor em 20 de junho de 2008 e proíbe o consumo de praticamente qualquer quantidade de bebida alcoólica por motoristas. Com a lei, quem for pego excedendo o limite de 0,2 grama de álcool por litro de sangue paga multa de R$ 957, perde a carteira por um ano e tem o carro apreendido. Quem for apanhado no bafômetro com mais de 0,6 grama de álcool por litro de sangue (equivalente a três latas de cerveja) pode ser preso.

TIPOS DE ABUSO •Físico •Sexual •Emocional/psicológico •Exploração material/financeiro • Abandono •Negligência. Negligência e o tipo mais frequente de maus tratos aos idosos (48,7%), seguido do abuso emocional/ psicológico (35,5%), abuso financeiro (30,2%) e abuso físico (26,6%). Os filhos eram os principais perpetradores(47,3%), seguidos dos cônjuges (19,3%), outros familiares (8,8%) e netos (8,6%).


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Adversários da Seleção

DAVID R. ANCHUELO/REALMADRI.COM

Airan Albino

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osso primeiro adversário é um mistério. A Coréia do Norte, apesar de ser cotada como fraca, pode surpreender, pois foi assim que ela ficou conhecida. Na única Copa em que a seleção participou (1966), marcou seu nome na história. A pequena seleção asiática desbancou a forte Itália, por 1 a 0. A Coréia foi eliminada nas quartas de final, contra Portugal, onde Eusébio se destacou marcando incríveis 4 gols, numa virada histórica, 5 a 3, quando os asiáticos venciam por 3 a 0. Seu principal jogador é o goleiro Ri Myong-Guk, que justificou a confiança da nação, contra a Arábia Saudita, no empate em 0 a 0, na última partida das eliminatórias. Na preparação para a Copa, os nortecoreanos empataram em 1 a 1 com a Venezuela. Classificada em 10 de outubro de 2009, a Costa do Marfim jogará a Copa representando a maior seleção do continente sede da competição. Mesmo com os nomes de Nigéria e Camarões sendo os mais visados pela história das copas, a seleção de Abdijan se apresenta como uma equipe a ser temida. A maioria de seus jogadores são destaques em seus clubes, grande parte europeus. Os principais jogadores são Didier Drogba, Salomon Kalou (Chelsea) e os irmãos Touré, Kolo e Yaya. Assim como a Coréia do Norte, esta será a segunda Copa desta seleção, e nova-

Cristiano Ronaldo, parceiro de Kaká no Real, será o maior adversário do Brasil mente a equipe africana encontra-se no grupo da morte. Em seu jogo mais recente, decepcionou ao ser derrotada por 2 a 0 pela Coréia do Sul. Colonizador e ex-colonizado, Portugal chega à África do Sul com a esperança de fazer um bom mundial, mesmo se classificando na repescagem contra a Bósnia. Na última competição, mostrou-se forte, terminando em quarto lugar. Além do confronto com Brasil, o jogo contra a equipe nortecoreana

AS NOVIDADES DA COPA Airan Albino É a primeira vez que o maior evento esportivo do futebol será realizado no continente africano, na parte denominada subsaariana (África negra). A Copa do Mundo se hospeda no país mais desenvolvido: a África do Sul, que apresentou o apartheid ao mundo e teve a honra de receber a Copa. Cada nação poderá definir seus melhores 23 jogadores para representálos a partir do dia 10 de junho, e dentre esses 736 jogadores existem alguns destaques que prometem fazer desta a melhor Copa de todas. Os principais nomes da competição são Messi (Argentina), Cristiano Ronaldo (Portugal), Kaká (Bra-

terá um gosto especial, pois o último embate dos dois times em copas foi fantástico. A seleção tem grandes jogadores que podem buscar não só a taça de campeão, mas também a novidade da competição: o anel de melhor jogador. Cristiano Ronaldo, Nani e Deco são boleiros habilidosos que podem decidir grandes partidas. A curiosidade da seleção portuguesa é o fato de ter em seu elenco 3 jogadores brasileiros naturalizados: Deco, Liédson e Pepe.

REPRODUÇÃO PÁGINA JORNAL MARCA/LABJOR

sil), Fernando Torres (Espanha) e Rooney (Inglaterra). As principais novidades serão as premiações ao melhor jogador e aos campeões, uma ideia levada pelo empresário colombiano Ricardo Sotelo. Assim como na Associação de Basquete Norteamericana, a NBA, a equipe que se sagrar campeã receberá anéis de platina incrustados com esmeraldas. É difícil prever se o torneio de 2010 entrará para história com a fama de Copa mágica, como foram as de 1970 (o tri campeonato brasileiro com um elenco de estrelas) e 1974 (carrossel holandês que parou apenas na final contra o Kaiser Franz Beckenbauer), ou chata como a de 1990.

Premiação será novidade na África

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esporte

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Parque Esportivo da PUCRS é referência nacional

RAMON FERNANDES/ASCOM

André Pasquali

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om poucos anos de funcionamento, o Parque Esportivo da PUCRS já ganhou notória reputação no Brasil e fora dele. Não é à toa. Consegue reunir em um mesmo local, espaços reservados aos mais distintos esportes, desde o desconhecido squash até o universal futebol. E tudo isso com uma infraestrutura de dar inveja, tanto que já recebeu treinos da dupla Gre-Nal e da Seleção Brasileira, além de outros times e campeonatos de outras modalidades. O complexo conta com um estádio de futebol com campo de dimensões oficiais, quadras de tênis e pista de caminhada e um prédio de nove andares com piscinas, quadras poliesportivas, e áreas para ginástica olímpica e artes marciais. Além disso, possui um auditório para 210 lugares, laboratório de informática, entre outros. Isso reafirma as linhas de gestão da administração da Universidade, baseadas na qualidade, na inovação, no empreendedorismo e no relacionamento com a sociedade. Zé Alberto Andrade, jornalista da Rádio Gaúcha, que já esteve várias vezes no Parque e realizou várias cober-

Tomada aérea do complexo Esportivo mostra toda sua grandiosidade turas internacionais, constatou a imponência da estrutura. “Quem dera todas as universidades tivessem um complexo esportivo como o da PUCRS. Felizes dos universitários, mas ganharia o esporte como um todo, independente do vínculo com a instituição. É um ganho para a coletividade”, afirmou. Para ele, a estrutura do Parque Esportivo é completa quanto à formação de um esportista. “É o equipamento ideal para o desenvolvimento do atleta no

Soluções que surgem da base Gre-Nal Pedro Trindade Confiar na experiência ou apostar na juventude? A cartilha do futebol recomenda a fusão entre ambos para um modelo ideal de equipe. Entretanto, é cada vez mais significativo o número de jovens atletas que são promovidos pelos grandes clubes brasileiros a cada ano. Promover para o time principal jogadores oriundos das categorias de base, além de reconhecer o crescimento profissional, faz com que os jovens atletas fiquem a par das particularidades individuais e do grupo principal. A molecada das categorias de base conquistou seu espaço definitivo a partir de 2002, ano em que o Santos Futebol Clube foi campeão brasileiro com uma equipe recheada de atletas desconhecidos que surgiu para o futebol após uma crise financeira do clube. Os “Meninos

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da Vila” - como depois ficaram conhecidos - despontaram naquele momento de dificuldade do clube como grandes jogadores. E apesar da pouca idade, tiveram responsabilidade suficiente para conduzir o time ao título (a equipe ainda foi vice-campeã da Copa Libertadores em 2003) e recuperar o prestígio perdido. Com a dupla Gre-Nal não é diferente. No primeiro semestre de 2010, Grêmio e Inter tiveram entre sua equipe principal vários jogadores oriundos das categorias de base. No time tricolor, Mithyuê, Mário Fernandes, Neuton, Maylson e Bergson subiram. Do lado alvi-rubro, Walter, Juan, Taison e Josimar foram promovidos da base. Por sinal, impressiona a capacidade da Dupla não em revelar bons jogadores, mas em promover craques como Lucas, Rafael Sóbis, Alexandre Pato e Anderson.

nível universitário, visando aprendizado acadêmico. Cria, em minha opinião, uma obrigação - um compromisso - de ser acompanhado por um projeto de formação de atletas de alto rendimento. Quem tem uma pista, um campo, ginásios, piscina nestes moldes, tem que investir para - seguindo modelos internacionais - levar o nome da instituição para campeonatos estaduais, nacionais, internacionais e se alçar, porque não, a um sonho olímpico”, completa Andrade. ASSESSORIA/GRÊMIO

Grêmio comemora o Brasileiro Sub-20 JULIANO SOARES/INTERNACIONAL

Inter levou o primeira brasileiro Sub-20


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entrevista

“O Internacional está rigorosamente dentro do cronograma apresentado”

DIVULGAÇÃO/INTERNACIONAL

Marcel Klein

Daqui a quatro anos será a vez do Brasil sediar a Copa do Mundo. No Rio Grande do Sul, o estádio escolhido para receber jogos da Copa foi o Beira-Rio. Para saber como estão as obras no estádio do Internacional, entrevistamos o Vice-Presidente do Clube, Pedro Affatato. Lab - O Inter está seguindo o cronograma de obras corretamente? O que diz nesse cronograma? Affatato - O nosso cronograma de obras, que foi apresentado para o pessoal da Fifa, apresenta numa fase inicial, apenas projetos. O Internacional está rigorosamente dentro do cronograma apresentado, todos os projetos que entendemos necessários para que as obras comecem, já estão concluídos, alguns projetos estão em fase de aprovação e outros já estão aprovados. O cronograma está sendo atendido corretamente, dentro daquilo que apresentamos para a Fifa. Não são obras físicas. Quando se fala em obras, temos que entender que antes da obra, vem o projeto. Lab - Por que o estádio dos Eucaliptos não foi vendido ainda? Affatato - Os Eucaliptos tinha uma série de pendengas judiciais. Nós conseguimos transferir essas pendengas para outro patrimônio do clube, e isso já está em fase final, dependendo apenas da aprovação do juiz. Para nós isso não importa porque esse recurso tem que vir casado com o início das obras. Não é a venda dos Eucaliptos que está atrasando o início das obras. Lab - Beira-Rio será interditado durante as reformas? Affatato - Nós desenvolvemos um projeto onde a parte de execução não interfere na vida do clube, principalmente em dia de eventos. Vamos executar o projeto sem muitas intervenções. Talvez algum setor do clube em algum período

Affatato (E) com Vitório Piffero e o Ministro de Esportes Orlando Silva seja interditado, mas dificilmente isso vai atrapalhar a vida do clube. Lab - Como os torcedores irão conviver com o estádio em obras no dia dos jogos?

A obra mais complexa é a cobertura, feita fora do estádio Affatato - A obra mais complexa e mais expressiva é a cobertura. Ela é totalmente fora do estádio, toda a estrutura será feita fora das quatro linhas do estádio. Talvez tenhamos alguma interferência quando mexermos nas arquibancadas inferiores, mas nós vamos setorizar uma área da arquibancada, que será interditada e depois será substituída para outras áreas. Isso não afetará em nada no uso do estádio para a realização de eventos. Lab - Após o fim das obras, qual será a capacidade total do Beira-Rio? Affatato - 60 mil lugares.

Lab - O torcedor da Popular, que fica pulando o jogo inteiro, terá um espaço apropriado para fazer a sua festa e pendurar as suas faixas? Affatato - Eu acredito que sim. Primeiro temos que fazer duas distinções. Copa do Mundo e depois o estádio para uso do Internacional. Para a Copa deve ter acento para todos, todo mundo terá que ficar sentado, não tem torcida organizada. É um padrão que a Fifa exige. Mas para o uso doméstico, nada impede de criarmos um setor diferenciado para atender as exigências que uma torcida organizada precisa para se manifestar e fazer a festa que estão acostumados a fazer em dias de jogos. Lab - O prazo inicial para que o estádio Beira-Rio esteja pronto para receber jogos da Copa do Mundo é 31 de dezembro de 2012. Esse prazo será cumprido? Affatato - Tem que ser cumprido, caso contrário não poderemos sediar a Copa das Confederações. O nosso objetivo é chegar nessa data com o estádio e o seu em torno totalmente adequado ao que a Fifa exige. Leia a íntegra dessa entrevista no blog: http:// jaegereklein.wordpress.com/

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Lab

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contracapa

O esporte ao alcance de todos Anna Veiga

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MARCELO RUSCHEL/DIVULGAÇÃO

Luíza Pozzobon

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prender a lidar com problemas e erros, tomar decisões, desenvolver o espírito esportivo e responsabilizar-se pelas próprias ações: tudo isso é proporcionado pelo tênis, esporte escolhido pelo fotógrafo Marcelo Ruschel, para realizar um projeto social em Belém Novo, na Zona Sul de Porto Alegre. Batizado de WimBelemDom e criado em 2001, ainda sem a presença de crianças, foi concretizado juntamente com Suzana Bertoni, que ministra aulas de tênis nos Estados Unidos em um projeto similar. Com uma quadra de saibro, dois vestiários — um masculino e um feminino — e um espaço para atividades como “Hora da Leitura” e aulas de Inglês (atualmente suspensas por falta de professores), WimBelemDom conta com 64 alunos entre 8 e 17 anos, divididos em turnos de manhã e tarde. Objetivando principalmente desenvolver a autoestima, confiança e disciplina das crianças, tirá-las das ruas, mantêlas na escola e ampliar a sua visão de mundo, uma vez que a maioria está em situação de risco social, o projeto é sustentado através de doações e do apoio de grandes empresas que acredi-

Crianças da comunidade aprendem os fundamentos do tênis gratuitamente tam neste trabalho. Os encontros acontecem apenas duas vezes por semana, devido à falta de pessoas que estejam dispostas a encarar a distância e entender o real valor do voluntariado. A ausência de apoio pisco-pedagógico muitas vezes dificulta o desenvolvimento dos alunos, porém, apesar dos problemas, eles são incentivados ao comprometimento não somente em relação ao projeto, mas

FUTEBOL FEMININO GANHA ESPAÇO Anna Veiga e Katherine D’Ávila

também com suas outras atividades. Para Luciane Barcelos, coordenadora do WimBelemDom, embora os jovens participem de alguns campeonatos, “a principal ideia do programa não é formar atletas profissionais, e sim cidadãos de verdade”. Para este ano, os organizadores buscam parcerias para a realização de cursos de Educação Ambiental, inclusão Digital e Línguas Estrangeiras.

KATHERINE D’ÁVILA/LABJOR

de investimentos. “As meninas se dedicam e são persistentes, apesar das dificuldades”, ressalta. Outro obstáculo enfrenO futebol feminino é tado pelas jogadoras é a falta um esporte que, apesar de de apoio da família, conforme antigo, vem ganhando espadiz Carolina Moraes, 16 anos, ço no Brasil. A primeira parque pratica o esporte desde os tida de futebol entre mu11. “Meus pais não acreditam lheres aconteceu em 1896, que o futebol feminino dê futuentre Inglaterra e Escócia. ro”, desabafa. No nosso país, o primeiro Como prova do crescijogo foi realizado em 1921, mento desse esporte, em 1991 em São Paulo. Essa prática foi realizada a primeira Copa era vista com preconceito Alunas da Galvão Sports jogam duas vezes por semana do Mundo de Futebol Feminipela sociedade. Atualmente, com as conquistas internacionais, é e fundou sua própria instituição de fu- no, organizada pela FIFA, vencida petebol feminino. Com essa iniciativa, as los Estados Unidos. Em 2007, o Brasil mais divulgada e aceita pelo público. O destaque de jogadoras como alunas têm a oportunidade de disputar chegou à final do campeonato, perdenMarta e suas companheiras incentivou campeonatos e aprimorar muito a téc- do o título para a Alemanha. Apesar desse avanço, essa é uma prática ainda muitas meninas a procurarem escolas nica . Para Luciano Branchi, professor pouco reconhecida e que necessita de de futebol. Duda, ex-jogadora do Internacional de Porto Alegre, Milan e da Escola de Futebol da Duda, o prin- maior divulgação para que as meninas Verona, da Itália, começou a dar aula cipal empecilho nessa prática é a falta não desistam de seus objetivos.


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