>>> pessoal simbolizado descrito apreendido espaço
percebido traduzido verificado das narrativas das representaçþes >>>
desconcertando a repetição > volume 02
>>> catálogo de homônimos ou desconcertando a repetição
>>>
“. . . N a q u e l e
império,
a
Arte
da
Cartografia alcançou tal Perfeição que o mapa de uma única Província ocupava mapa
do
uma
cidade
Império
inteira,
uma
e
o
Província
inteira. Com o tempo, estes Mapas Desmedidos
não
bastaram
e
os
Colégios de Cartógrafos levantaram um
Mapa
Ta m a n h o com
ele
do
do
Império
Império
ponto
por
que e
tinha
o
coincidia
ponto.
Menos
Dedicadas ao Estudo da Cartografia, as
gerações
seguintes
decidiram
que esse dilatado Mapa era Inútil
e não sem Impiedade entregaramno
às
Inclemências
Invernos.
perduram
Nos
do
sol
Desertos
despedaçadas
do
e
dos
Oeste
Ruínas
do Mapa habitadas por Animais e por Mendigos; em todo o País não há
outra
relíquia
das
G e o g r á f i c a s .”
Disciplinas
(Suárez Miranda: Viajes de varones p r u d e n t e s , l i b r o c u a r t o , c a p . X L V, Lérida, 1658.)1
O mapa que coincide com a realidade que
pretende
os
sentidos
seus Os
limites
limites
r e p r e s e n t a r,
e,
da
encena
sincronicamente,
representação.
não
enquanto
(in)
capacidade de apreensão do mundo e
da
transposição linguagem,
enquanto exata
da
anular
a
narrativa mas
tentativa
de
experiência.
os
através limites
reprodução Fazer
do
mapa mundo, portanto, significaria distância
sem
a
qual
o
1.BORGES, Jorge Luis. Do rigor na ciência. In: O fazedor.
mapa não existe. Em outros termos, significaria própria
reduzir
imagem
o
e,
real
assim,
à
sua
deixar
de transmitir o fim ao qual o mapa
veio: comunicar algo mental, para
além do que se confere no mundo físico. Cenário esse que certamente só
da o
é
possível
narrativa
mundo
é
de
sob
as
Borges,
constante,
condições na
qual,
isento
de
transformações, é um mundo sem tempo,
que
permite
tradução. Em
outro
figura
conto
irreal
de
sua
de
Irineu
absoluta
Borges,
Funes,
a
o
memorioso - personagem que tudo se lembra, apreende e significa e
que, portanto, é “incapaz de idéias gerais,
platônicas”2 -
percepção
do
mundo
genérico
cachorro
cuja
“não
aguda
só
lhe
custava compreender que o símbolo tantos
indivíduos
abrangesse
díspares
de
diversos tamanhos e diversa forma;
[c o m o t a m b é m ] i n c o m o d a v a - o q u e o cachorro das três horas e catorze minutos (visto de perfil) tivesse o mesmo três
e
nome
quinze
que
o
(visto
cachorro de
das
f r e n t e) ” 3,
“resolveu reduzir cada uma de suas jornadas pretéritas e umas setenta
mil lembranças, que logo definiria
por cifras. Foi dissuadido por duas considerações: que
a
tarefa
a
consciência
era
interminável,
c o n s c i ê n c i a d e q u e e r a i n ú t i l ” 4.
de
a
O catálogo mental infinito de todas
as imagens da lembrança de Funes, é
insensato,
mas
revela
certa
grandeza. Revela o que no mapa do tamanho do Império não existia: a passagem do tempo e a mobilidade
dos significados. Nos revela que um mesmo
é
sempre
homônimo,
seus
sentidos são instáveis dependendo do
contexto.
vida
de
Através
de
uma
taxionomia, Funes torna toda a sua inesgotáveis
experiências
2., 3. e 4.BORGES, Jorge Luis. Funes, o memorioso. In: Ficções: Companhia das Letras, 2007, p. 107.
um pouco mais compreensível. No
momento em que coloca o cachorro das
três
e
quatorze
ao
lado
do
mesmo cão, às três e quinze, cria a
possibilidade
de
compreender
inúmeros significados para aquele mesmo o
a
cachorro/cão,
valor
das
atribuição
coisas
de
em
v a l o r.
desloca
O
si
para
mesmo
o co r re n a i l u s ã o “ M u l l e r Ly e r ”
5
e
n a p i n t u r a “ E l n ú m e r o y l a s a g u a s ” 6,
as linhas - sempre com o mesmo tamanho entre
postas
ângulos
diversas ao
-
Léu”
lado
diversos,
aparências. 7
,
de
Em
a
lado,
ganham
“Limites
Leminsky,
essa
variação é apresentada no campo textual,
através
da
investigação
dos diversos significados possíveis
para uma mesma palavra: “poesia”. Aquilo
que
diferencia, próprio.
A
parece
ganha
se
um
repetição
desconcertada.
r e p e t i r,
se
significado
é,
portanto,
>>>
5. BERMOND, Bob e HEERDEN, Jaap Van. The MullerLyer illusion explained and its theoretical importance reconsidered, 1997.
6. PALAZUELO, Pablo. El número y las aguas, 1978.
>>> é
de
cada
um
contém
a
língua
labirinto
caminhos,
bifurcações.
palavra
inúmeras
>>>
7. LEMINSKY, Paulo. Limites ao léu, 1991.
Argan,
por
sua
vez,
imagina
um
mapa em que é possivel visualizar
a mobilidade dos significados não apenas individuais, mas coletivos, que
são
produtores
compartilhados, a
praça,
hipótese levantar o
da
a
e
dos
como
passagem:
absurda,
traduzir
sentido
da
cada
cidade,
“. . . S e ,
por
pudéssemos
graficamente
cidade
experiência
de
a
espaços
habitante
resultante
inconsciente e
depois
sobrepuséssemos por transparência todos uma uma
esses
imagem pintura
gráficos, muito
de
obteríamos
semelhante
Jackson
a
Pollock,
por volta de 1950: uma espécie de mapa imenso, formado de linhas e pontos
coloridos,
um
emaranhado
inextricável de sinais, de traçados aparentemente
arbitrários,
de
que
se
cruzam,
se
retornam
ao
filamentos tortuosos, embaraçados, mil
vezes
interrompem, recomeçam e, depois de
estranhas
voltas,
p o n t o d e o n d e p a r t i r a m . . .” 8 . Argan revela que o coletivo não é uno, mas sim um conjunto de indivíduos que
através
de
seus
significados
algumas vezes se unem, em outras divergem. Dessa forma, Argan nos mostra que a cidade tampouco pode ser entendida como um espaço físico
universal. É produzida na relação inseparável
significado, acordo
com
entre
materialidade
transmutando-se
os
valores
e
de
atribuídos
por cada indivíduo. Assim, o mapa de
Argan
nos
mostra
que
o
que
parece ser uma cidade, um espaço, em verdade são muitos. Podem ser compartilhados, divergentes e até mesmo conflitantes. “descontruindo
Pollock”
é
uma
t e n t a t i v a d e c a t a l o g a r, c o l o c a r e m
comparação, à maneira de Funes, a
multiplicidade
de
significados
apresentados por Argan. A separação
8. ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade: Martins Fontes, 2005, p. 231.
por
cor
corresponde
a
diferentes
indivíduos. A separação tipológica entre pontos, linhas e emaranhados corresponde quais
os
a
três
formas
significados
se
pelas
dão
no
espaço urbano: pontuais, formados por
indivíduos
isolados;
trajetos,
formados por indivíduos em trânsito; e
aglomerações,
formadas
pela
convergência de indivíduos isolados e em trânsito. Pontos são situações estáticas;
dinâmicas;
trânsito
são
situações
aglomerações,
por
conta da incessante convergência e
divergência
de
significados
entre indivíduos, são territórios de equilíbrios dinâmicos. Por
fim,
“desconstruindo
Pollock”
é uma tentativa de taxonomizar as diferentes
camadas
significativas
possíveis para um mesmo espaço.
>>>
>>>
P O L L O C K , J a c k s o n . In: https:// byronsmuse. wordpress.com/ tag/pollock/
>>> desconstruindo Pollock
>>>
oizav >
> amarelo > vazio
o il e z ar avm >a >
> marrom > vazio
m o i zoar rva>m >
rosa >>vazio
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> laranja > vazio
a ij znaavr a>l > o
> vermelho > vazio
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azul >>vazio
l uiz a v>> o
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o itzear pv >
> vazio
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