>>> exercido ocupado habitado experienciado espaço
vivido praticado animado dos fluxos das ações >>>
desconcertando a repetição > volume 01
>>> espaço como espaço de apropriação
1m.03s.
retomada pe
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s
4m.48s.
en
c
t on
ro
1m.12s. 14m.06s.
acontecimentos
ob
jet
ivo
obstรกculo
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13m.18s. 5m.23s.
paus
a
6m.53s.
p re s s
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รกlc
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imprevisto
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6m.27s.
5m.32s.
6m.45s.
47s.
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impedimento
gu
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nada
distrações
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01s.
distrações
m
11s.
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des
vio
atraçþes 13m.44s.
14m.30s.
aco
ntec
im e
ntos
“ Essa história começa ao rés do chão, com passos. São eles o número, mas
um número que não constitui uma série.
Não se pode contá-lo, porque cada uma de suas unidades é algo qualitativo: um estilo de apreensão táctil de apropriação cinética. Sua agitação é um inumerável
de singularidades. Os jogos dos passos moldam espaços. Tecem lugares. Sob
esse ponto de vista, as motricidades dos
pedestres formam um desses “sistemas reais cuja existência faz efetivamente a
cidade”,
mas
“não
têm
nenhum
receptáculo físico”. Elas não se localizam, mas são elas que espacializam. Nem tampouco se inscrevem em um continente como
esses
caracteres
chineses
esboçados pelos falantes, fazendo gestos com os dedos tocando na mão. ”
C E R T E A U , Michel de. A Invenção do Cotidiano.
aula de dança com notações de Rudolf Von Laban, Berlim, 1931. fotógrafo desconhecido
>>> e eu me pergunto se o formado dessa “ventana” determina.
>>>
MARCHETTI, W a l t e r movimentos de una mosca sobre el cristal de una ventana desde las 8 de la mañana hasta las 7 de la tarde de un dia de mayo de 1967.
>>> e eu me pergunto se o formado dessa “ventana” determina.
>>>
MARCHETTI, W a l t e r movimentos de una mosca sobre el cristal de una ventana desde las 8 de la mañana hasta las 7 de la tarde de un dia de mayo de 1967.
>>> o movimento não é resposta direta do espaço.
o único espaço da linha reta
todos os outros espaços para o movimento
l i
v
r
e
ensaios sobre o absurdo
parede
par
ede
pa
r ede
p a r e d e
>>>
O
espaço
das
composto
das
existências diversas
se
faz
relações
individuais, não supõe uma unidade ou
uma
totalidade.
São
espaços
múltiplos, construídos na interação ou na apropriação de quem está. Não
consistem
em
seus
aspectos
estritamente físicos, mas no embate da materialidade com seu uso. São, portanto, espaços
espaços
próprios.
apropriados, Podem
ser
medidos em passos. Passos que não constituem
uma
série
ou
ordem,
pois cada um traz algo qualitativo, traz
uma
singularidade.
Podem
significar vários, porque algo para alguém, pode querer dizer algo para
outro alguém. Tem seus significados instáveis. São espaços dúbios, de difícil delimitação.
Há quem distingue os conceitos de e s p a ç o e l u g a r p a r a c o m p r e e n d e r, em
um
mesmo
Para
Michel
local,
multiplicidades.
Certeau:
suas
“. . . o
espaço
é,
quando
estaria para o lugar como a palavra quando é
falada,
percebida
uma
termo
na
efetuação, que
isto
ambiguidade
mudada
depende
de
de
em
um
múltiplas
convenções, colocada como o ato d e u m p r e s e n t e (o u d e u m t e m p o) , e modificado pelas transformações devidas a proximidades sucessivas. Diversamente portanto
nem
do
l u g a r,
não
univocidade
tem
nem
a
1. CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano: Editora Vozes, 1998, p. 202.
e s t a b i l i d a d e d e u m “ p r ó p r i o ” . . .”
1
.
Em resumo, o lugar é a porção de
espaço apropriável pelo indivíduo, passível de significações, próprio, enquanto seus
o
aspectos
espaço,
físicos,
restrito é
o
a
lugar
praticado, múltiplo de próprios.
Os espaços múltiplos - ou espaços transformados em lugar - , pra além da
sua
em
um
construção
no
embate
de
um espaço com seu uso, decorrem feitos, entre
intervalo
portanto,
essas
espaço,
de
o
três
tempo
na
e
tempo.
São
interação
dimensões: a
o
percepção.
Essa tríade compõe uma visão de mundo
individual,
colocando
em
questão o sentido único e objetivo
com o qual estamos acostumados a lidar com os aspectos espaciais
e temporais, uma vez relativisados pela
objeto,
percepção para
determinado
um
individual.
indivíduo
em
espaço-tempo,
Um um
é
>>> visões de mundo individuais
conte
xto
intempéries objetos
eventos
assunto
condições de vida
percepção
personalidades
vantagens
expectativas
sentidos
y
x
z
espaço
tempo
o que? como?
onde?
quando?
harmonia de pontos de vista
harmonia de pontos de vista
um mesmo objeto, pontos de vista diverentes
outro
em
outro
espaço-tempo
e
outro, para um segundo indivíduo, naquele mesmo espaço tempo. Ou
seja, o contexto no qual se insere
o indivíduo, modifica os aspectos do objeto. Um mesmo objeto - ou
um espaço ou um tempo - se tornam vários.
Dessa forma, não podemos pensar o espaço e suas formas sem pensar o
usuário. É claro que o espaço físico produz para
consequências
alguma
materiais
organização
dos
indivíduos, produz um espectro de possibilidades
e
limitações,
mas
isso não significa que os usos sejam
determinados pela forma construída -
por
mais
arquitetos funções Os
ou
que
na
espaços
de
liberdade
de
sua
se
esforcem
tentativa
programas possuem
de
de
os
criar
definidos. potencial
interpretação
e
acabam, no dia a dia, por escapar circunscrição
a
esquemas
fixos. Podem ser encontrados novos sentidos
para
encosto,
a
as
materializações.
A escada vira banco, o pilar vira a
memória
janela
vira
vira
memória,
ação...
São,
novamente, espaços de apropriação. Espaços
criados
e
não
aceitos.
Espaços onde vivemos e não onde cabemos. De
alguma
forma,
interpretabilidade
entender
como
a
uma
característica inerente aos espaços, aproxima o arquiteto do usuário. Se
aproximam no que toca a atividade
c r i a t i v a d o e s p a ç o , o f a z e r d o l u g a r. Podemos dizer que o projetista está
para o usuário assim como o autor e s t á p a r a o l e i t o r. L e r é p r o d u z i r u m
novo sentido para o que se lê, o ato denota, portanto, uma apropriação ativa “ler”
do
Ambos,
outro.
convertido o
autor
Escrever
e
em
o
seria
o
produção.
l e i t o r,
criam
sentidos - diferentes ou não - sob
espaços apropriados
>>>
B A S I L E , Maria. Parque Ibirapuera, São Paulo, 2013
H ERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura: Martins Fontes, 1999, p. 8 e p. 9.
H ERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura: Martins Fontes, 1999, p. 176.
>>> a u t o r d e s c o n h e c i d o. Hockley Flyover, Birmingham, 1960.
>>> coleção de espaços transformados pelo uso. A janela vira sombra, a vaga vira almoço, o bagageiro vira banco, o mural vira brincadeira, a passagem vira estar.
a u t o r d e s c o n h e c i d o. City Hall Square, Segrate, 1965.
um mesmo objeto, fazendo existir dois escritores. O mesmo ocorre na criação dos espaços físicos. Encontro
em
Richard
Serra,
por
exemplo, preocupações desse tipo, tentativas
de
tratar
as
relações
entre o que é físico e visual e as múltiplas das
tensões
ações
e
processam
em
decorrentes
operações seus
que
se
trabalhos.
Na obra Shift, em suas palavras: “. . . q u e r i a
uma
dialética
entre
a
percepção que uma pessoa tem do
l u g a r, e m t o t a l i d a d e , e a r e l a ç ã o que tem com o campo, caminhando. O
resultado
é
uma
maneira
da
pessoa se medir a si mesma, ante a
indeterminação
do
terreno.
Não estou interessado em olhar a escultura
definida
exclusivamente
por suas relações internas. Quando
você quica uma bola em um solo i r r e g u l a r, e l a n ã o v o l t a p a r a a s u a m ã o . . .” 2. V e m o s q u e a s c o n d i ç õ e s
2. e 3. SERRA, R i c h a r d . Escritos de Artistas: Jorge Zahar Editor, 2006, p. 326 e p. 327.
espaciais não são ignoradas, mas o foco é deslocado para o que dobra
e se desdobra, para o que cria e o que é criado da imaterialidade para materialidade
e
da
materialidade
para a imaterialidade. Seguindo suas p a l a v r a s : “. . . o t r a b a l l h o e s t a b e l e c e
uma medida: a relação que se tem c o m e l e e c o m o t e r r e n o . . .”
3
.
Em Verb List Compilation, outra de
suas obras, Serra lista 84 verbos no
infinitivo
e
24
possibilidades
verbos
descrevem
de contexto. Para Rosalind Krauss: “. . . e s s e s
transitividade por serem, cada um, uma ação a ser executada contra a
imaginada
resistência
de
um
objeto; e ainda por cada infinitivo voltar-se nomear
um
para
si
f i m . . .” . 4
mesmo
A
escolha
sem do
infinitivo - forma com a qual o verbo se
apresenta
sem
conjunção
-
é
evidente: a ação é transformada em nome.
Cria-se
uma
temporalidade
SERRA, Richard. Verb List, 19671968.
4. e 5. KRAUSS, R o s a l i n d . Richard Serra: October Files, 2000, p. 101.
não narrativa, sem começo meio e
fim, mas “um tempo em que a ação simplismente atua, e atua, e atua”5
na relação entre o espaço físico e um alguém que se apropria. Deveriamos
nos
perguntar
valer
para
pensar
alguém
vive
dele
um
espaço
e
como nos
outros.
Levar para o espaço das criações, o
da
espaço
das
capacidade
desempenhar
circunstancias o
projeto,
ações. da
diversos
não
Nos
forma
papéis
mutáveis como
valer
e
um
para
sob
pensar
suporte
espacial, mas como uma estrutura
ativa, que possibilite a apropriação
d o u s u á r i o. Ta l v e z a s s i m , o e s p a ç o assuma sua identidade através de seu uso, na medida em que adquire
uma abrangência de apropriações, uma polivalência, uma mobilidade. Como Herman Hertzberger afirma: “. . .
Se
muito
uma
coisa
especificamente
é
adaptada
para
certo
objetivo, funciona da maneira como f o i p r o g r a m a d o p a r a f u n c i o n a r, i . e . ,
como se espera que funcione. É o tipo de funcionalismo sobre o qual os
funcionalistas
falavam,
mas
é
também o mínimo de utilidade que s e p o d e e s p e r a r d a a r q u i t e t u r a . . .”
6
.
Por fim, podemos pensar espaços
que funcionem como caixas cênicas,
que abrem cenários apropriados pra cada dia. Se abrir um sol, estamos aqui,
se
c h o v e r,
abrimos
uma
lona. Pois a cidade se faz assim, como num teatro de improviso, os indivíduos
encenam
e
reinventam
suas formas, fazendo do roteiro, a própria existência.
6 . H ERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura: Martins Fontes, 1999, p. 176.
>>>
P E R E C , G e o r g e s . E s p è c e s d’espaces: Galileé, 1992, p. 11.
>>> espaรงos em um sรณ espaรงo.
>>>