EBOOK - Grandes Mulheres, Grandes Histórias

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Mulheres,

GRANDES GRANDES Histórias Ester Neres 3

PROJETO GRÁFICO: Ester Neres Silva DIAGRAMAÇÃO: Ester Neres Silva EDIÇÃO: Editora Companhia Plural COMPANHIAPLURAL.COM.BR / +55 21 99182-3602 C213a Companhia Plural 2022 / Grandes Mulheres, Grandes histórias / Ester Neres Silva, = 1, ed. = São Paulo; Companhia Plural, 2022. 75 ISBNp. 956-32-95862-15-7 1. Ciências Sociais. 2. CDD-304CDU-371.2Racismo DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (CÂMERA BRASILEIRA DO LIVRO, SP, BRASIL) 4

PARA TODAS AS MULHERES NEGRAS QUE TÊM UMA HISTÓRIA PARA CONTAR. QUE PASSARAM (E PASSAM) POR PROCESSOS DE ACEITAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE UMA NARRATIVA CHEIA DE DESAFIOS CHAMADA: VIDA. Este projeto editorial foi desenvolvido como trabalho de conclusão de curso da graduação em Design Gráfico, pela Universidade de Franca (UNIFRAN). O objetivo deste trabalho foi representar por meio desta obra autoral, tudo o que foi visto durante o curso, relacionado a diagramação, identidade visual, e todos os elementos que são fundamentais dentro de um projeto como este. É importante ressaltar que, os textos foram retirados de livros e fontes confiáveis.

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MADAM C.J. WALKER DANDARA DOS PALMARES TEREZA DE BENGUELA ROSA ANTONIETAPARKSDE BARROS VIOLA CAROLINADAVISMARIA DE JESUS MICHELLE OBAMA EVA MARIA DO BONSUCESSO ANGELA DAVIS CARTA DE AGRADECIMENTO462016826323852606677SUMÁRIO 7

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O quilombo dos Palmares Por Zumbi foi liderado E nesse mesmo período Dizem que ele foi casado Com uma forte guerreira Que tomou a dianteira Pelo povo escravizado.

Se você já ouviu falar Da história de Zumbi Peço então sua atenção Pro que vou contar aqui Talvez você não conheça Por incrível que pareça Por isso eu vou insistir.

Foi Dandara o seu nome Que é quase como lenda Não há provas de sua vida E talvez te surpreenda Com um ar de fantasia De coragem e de magia Mas assim se compreenda. Não há dados registrados Sobre onde ela nasceu Se foi ela brasileira Ou na África cresceu Se ela tinha liberdade Ou se na dificuldade Ela livre se verteu.

DOSDANDARA PALMARES

Pela força que ostentava. Um fator que se destaca Era o seu radicalismo Pois não aceitava acordo Com senhores do racismo Que ofereciam terras Para que acabasse a guerra No interesse do cinismo. Porque tinha bem certeira Uma baita opinião: 10

Com Zumbi teve três filhos E seus nomes vou citar: Motumbo, Aristogíton E Harmódio a completar Eram esses os rebentos De um casal muito sedento Que se uniu para lutar. Mas Dandara não queria Um papel limitador Ser a mãe que cozinhava Tendo um perfil cuidador As batalhas lhe chamavam E seus olhos despertavam Pelo Guerreardesafiador.peloseu povo Era o que lhe motivava O sonho da liberdade Para todos cultivava Sendo muito decidida Era até envaidecida

Liberdade para poucos Não conforta o coração O quilombo que existia Para todos lutaria Sem abrir uma exceção. E por isso que Dandara Tinha fé no guerrear Confiava nas batalhas Para tudo transformar A paz só existiria Pelo que conquistaria Para a todos libertar. Liderava os palmarinos Lado a lado com Zumbi Entre espadas e outras armas Escutava-se o zunir Dos seus golpes tão certeiros Que aplicava bem ligeiros Pra ferir ou confundir. Certa vez, numa viagem Sugeriu a invasão Da cidade de Recife No meio de um sopetão E Zumbi ficou chocado Até mesmo impressionado Por tamanha ambição. Não chegaram a completar O seu plano audacioso Mas notamos nesse caso Um exemplo grandioso 11

Então vale imaginar As ações que aconteciam Que os guerreiros de Palmares Com Dandara concluíam As senzalas arrombavam Plantações até queimavam E em poder evoluíam. O quilombo dos Palmares Era assim tão majestoso Que os brancos despeitados Tinham um medo horroroso Planejavam o destruir Mas chegavam a ruir Sendo o ataque desastroso. Muitos anos desse modo Foi Palmares resistindo Até que um final ataque Acabou lhe destruindo E Zumbi traçou a fuga Para não largar a luta Pela mata foi partindo. Mas Dandara, encurralada Teve só uma opção Pra não ser capturada Nem cair na escravidão 12 Nem cair na escravidão Atirou-se da pedreira Com convicção inteira De negar-se à prisão. Até mesmo a sua morte De heroísmo foi repleta E a mensagem que anuncia Entendemos bem completa: Rejeitar a rendição É a nossa condição Como um grito de alerta. Há quem diga que Dandara É um símbolo lendário Que está representando Um poder imaginário Heroína para a gente Como deusa que ardente Traz o revolucionário. Se existiu como se conta Ou se lenda representa Para mim tudo resume

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Do quilombo de Palmares, Dandara era parceira do guerreiro Zumbi, com quem teve três filhos. Há poucos dados sobre sua vida, e por isso sua história é cercada de controvérsias. Diz- se que Dandara lutava capoeira e combatia nos diversos ataques a Palmares no século XVII, em Alagoas. Não há confirmação histórica se ela nasceu no Brasil ou na África, mas Dandara sempre lutou contra a escravidão e participou ativamente da resistência do quilombo. Em 1678, Ganga Zumba, líder de Palmares e tio de Zumbi, teria assinado um tratado com o governo de Pernambuco que previa a libertação de prisioneiros palmarinos e a permissão para realizar comércio, em troca da entrega de escravos fugitivos em busca de abrigo. Dandara e Zumbi se opuseram ao pacto, e Zumbi assumiu a liderança após a morte de seu tio. Dandara suicidou-se em 1694, jogando-se de uma pedreira para morrer em liberdade e não na condição de escrava. negra

Essa luta que apresenta Baluarte feminina A guerreira palmarina Na memória se sustenta. Dia 20 de novembro Dia de lembrar Zumbi É também dessa Dandara Que devemos incluir O seu nome celebrado Sim, merece ser honrado E no peito se sentir.

VEMNOBRO 20 diaDEda consciência

Texto por: Jarid Arraes. 14

Irmãs, falemos sobre cabelo. Eles humilham e fazem a gente se sentir feia. Um cabelo maravilhoso leva a maravilhosas.oportunidades “ Madam CJ. Walker

A trajetória de Madam C.J. Walker: Pais foram escravizados

Casamentos para fugir da opressão Aos 14 anos, para escapar do ambiente opressivo, casou-se com Moses McWilliams e em 1885, aos 18 anos, teve a primeira e única filha. McWilliams morreu dois anos depois, e Walker chegou a casar novamente, mas pouco tempo depois se separou. Mudou-se para o Missouri, onde trabalhava como lavadeira e ganhava US$ 1,50 por dia. Lá, conheceu Charles Joseph Walker, um vendedor de anúncios de jornais, com quem se casou em 1906 e ficou conhecida como Madam C.J. Walker.

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Madam C.J. Walker, primeira mulher negra que enriqueceu por contra própria nos Estados Unidos. Por causa das dificuldades que enfrentava com o próprio cabelo, Walker teve a ideia de criar produtos especializados para cabelos afro.

Ao nascer no dia 23 de dezembro de 1867, em uma plantação de algodão em Louisiana, Walker recebeu o nome de Sarah Breedlove. Foi a primeira dos cinco irmãos a nascer livre: seus pais foram escravizados. Quando tinha apenas sete anos, ficou órfã, e foi morar com a irmã mais velha e o cunhado no Mississippi, onde trabalhou como empregada doméstica.

Problemas no couro cabeludo No Missouri, Walker começou a sofrer com caspa severa e outros problemas no couro cabeludo, inclusive queda de cabelo que a deixou careca, por causa de alergias a produtos dos sabonetes. Durante uma feira de produtos na cidade, ela conheceu Annie Malone, empresária negra do ramo de produtos de cabelo e dona da empresa Poro Company, e se tornou vendedora. Foi assim que começou a aprender mais sobre os cosméticos e a desenvolver sua própria linha.

PRECISAMOS TRABALHAR PESADO, SER MAIS INTELIGENTES E SONHAR ALTO. “ Madam CJ. Walker

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Lançamento dos produtos Mais ou menos na época em que se casou com Charles Joseph Walker, ela lançou seus primeiros cosméticos. O marido ajudou na parte de publicidade e promoção (partiu dele a ideia de que ela usasse o nome Madam C.J. Walker), e ela vendia tudo de porta em porta enquanto ensinava outras mulheres negras a cuidarem do próprio cabelo. Em 1910, ela transferiu as operações do negócio para Indianápolis, onde não só manufaturava os produtos, mas também treinava um verdadeiro exército de agentes de vendas: em 1917, no auge das atividades, teria treinado mais de 20 mil mulheres, que se tornaram bem conhecidas na comunidade negra dos Estados Unidos. Legado Na medida em que se tornou rica e popular, Walker participou cada vez mais da luta contra o racismo. Entre suas ações de filantropia estão doações para bolsas de estudos e moradia para idosos, além de apoio a instituições focadas em melhorar as vidas dos negros. Mesmo após sua morte, em 1919 aos 51 anos e com uma fortuna estimada em US$ 8 milhões (valores corrigidos para a atualidade), ela continua a contribuir com diferentes causas — a mansão que construiu em Irvington, Nova York, vai ser transformada em um local de apoio a iniciativas de mulheres negras que querem empreender. A empresa de cosméticos, por sua vez, encerrou as atividades em 1981, mas até hoje é lembrada e homenageada em novas linhas de produtos, como a Madam C.J. Walker Beauty Culture, da rede Sephora.

(Estrelas Além do Tempo) é a protagonista da minissérie como a intérprete de Sarah Breedlove, mais conhecida como Madam CJ Walker.

NETFLIX - Minissérie Após o anúncio sobre o seu desenvolvimento ser realizado há alguns meses, a minissérie A Vida e a História de Madam C.J. Walker foi lançada recentemente pela Netflix. E como já era esperado, o projeto está conquistando o seu espaço na plataforma.AVida e a História de Madam C.J. Walker em destaque Acompanhando o ritmo de outros projetos lançados recentemente, a minissérie A Vida e a História de Madam C.J. Walker já aparece como destaque na plataforma de streaming e também marca presença na lista conhecida como TOP 10. O título aparecem em 3º lugar na lista de séries mais assistidas da Netflix no momento, ficando atrás apenas de Toy Boy e Elite. Por sua vez, no TOP 10 geral do catálogo a minissérie ocupa o 4º lugar no Octaviamomento.Spencer

Tiffany Haddish, Carmen Ejogo (Selma) e Blair Underwood (Olhos Que Condenam), além dos atores Garret Morris (2 Broke Girls) e Kevin Carroll (The Leftovers), também fazem parte do elenco como os intérpretes de Lelia, Addie, James Walker, Cleophus e Ransom, respectivamente.

Kasi Lemmons (Eve’s Bayou, Talk to Me) assume a direção do primeiro episódio e produção executiva do projeto, enquanto Nicole Asher é a roteirista. Janine Sherman Barrois e Elle Johnson são as showrunners e produtoras executivas. Spencer, LeBron James, Maverick Carter, Mark Holder, Christine Holder também serão produtores executivos.

Texto por: Marco Victor e Marília Marasciulo.

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DETEREZA BENGUELA Na história do Brasil Por escolas

GuerreandoCooperandoParaUmHaviaNoSemContraQueAÉUmPlanejarComAPoisMeAOsEQueConquistarNãoNosSobreSobreQueAprendemosensinadaamentiranossempreécontadanegroseindígenasagenteescravizada.contaramqueescravoslutavamnemtentavamaliberdadeelestantoalmejavamporissoquepassivosescravosencontravam.mentirapropagadadánojodepensareradopovonegroforçaparaenfrentarimensainteligênciaeconquistar.exemplomuitograndeTerezadeBenguelarainhadeumquilombomantinhaumaquerelaobrancoopressoraceitedetutela.estadoMatoGrossooQuariterêquilomboimportantelivreseviverumcoletivopravencer.

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O sistema muito rico

Tudo aquilo que sobrava Para vendas enviadas. Tinha milho e macaxeira E também tinha feijão Sem esquecer a banana Com fins de alimentação E as sobras, como disse Para comercialização.

Tinha até um parlamento E também um conselheiro Pra rainha embasamento Que exemplo grandioso Era o gerenciamento! Além disso, ainda tinha O plantio de algodão E também lá se tecia Pra comercialização Os tecidos que vendiam Fora da quilombação. As comidas do quilombo Que ali eram plantadas

Zé Piolho, seu marido Acabou por falecer E Tereza de Benguela Veio, pois, rainha a ser Liderando com firmeza Na certeza de crescer. No quilombo liderado Era possível encontrar Estrutura de política Que seria de invejar E a PelaLibertandoSuportavamEPelaOMasNãoPraLáQueAsParaObjetosSeComParaTinhaTambémadministraçãoeraexemplar.armaspoderosaslutareresistirtalentopraforjarbotavamafundirmuitosúteisavidaconstruir.algemaseoutrosferrosserviamdeprisãonaforjatransformavamoutrautilizaçãoserviamdetorturapralibertação.quilombotinhaarmastrocaouresgatecommuitaresistênciaesseembatemuitagenteviadocombate

Foi por isso que Tereza Duas décadas reinou Com a força do quilombo Que com a garra liderou E por isso para história A rainha então ficou.

Divididas entre todos Também comercializadas

Quariterê foi atacado

Por Luís Pinto de Souza o Coutinho era enviado Pelo sistema escravista O quilombo era acabado. A população de negros Setenta e nove se contavam E a população indígena Tinha trinta que restavam Foram presos, foram mortos Pelos que assassinavam.

De acordo com o registro Tereza foi capturada Mas depois de poucos dias A rainha

Em mil setecentos e setenta

SemFoiQueDeÉDiaQueAPraExibindoAEDaTerminou-seadoentadafalecendomazelaalitomada.osbrancosmatadorescabeçalhecortaramemaltopostemostraraosqueficarammaldadedessesvermesdoracismoenricaram.vinteecincodejulhoodiadelembrarTerezadeBenguelaheroínaareinardurantesuavidajamaissilenciar.

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Que exemplo inspirador Que mulher tão imponente Foi Tereza de Benguela Uma deusa para a gente Que até hoje não desiste Dessa luta pertinente. É por isso que escrevo Mulher negra também sou E registro de Tereza O legado que ficou Pois bem poderosamente A Tereza aqui passou. Que seus feitos importantes Não mais sejam esquecidos Que o racismo asqueroso Não lhes deixe escondidos Pois são para o povo negro Exemplos fortalecidos. Oh, Tereza de Benguela! Nosso espelho ancestral Sua alma ainda vive E entre nós é maioral Nós honramos sua luta Sua atemporal!força

LHOJU25 DE internacionaldiadamulhernegra

Tereza de Benguela viveu no Mato Grosso durante o século XVIII. Após o falecimento de seu marido, José Piolho, chefe do Quilombo do Quariterê, Tereza se tornou uma rainha quilombola. Não é surpresa se você não conhecê-la. Apesar da sua enorme importância histórica, foram muitos os apagamentos da sua vivência e de tantas outras líderes mulheres negras ao decorrer do tempo. Ela mantinha um sistema de troca de armas com os brancos e comandava toda a administração, economia e política do quilombo, onde também desenvolviam cultura de algodão, dominavam o uso da forja e comercializavam tecidos e alimentos excedentes.

Texto por: Jarid Arraes e Edu Blend.

Segundo documentos da época, especialmente os “Anais de Vila Bela”, o quilombo, território de difícil acesso, foi o ambiente perfeito para Tereza coordenar um forte aparato de defesa e articular um parlamento para decidir em grupo as ações da comunidade.

O que se tem conhecimento é que negros e indígenas sob sua liderança resistiram à escravidão por vinte anos, até 1770, quando o quilombo foi destruído depois do ataque dos bandeirantes. Mais tarde, foi novamente vítima de ação da capitania do Mato Grosso em 1777 e dizimado de maneira definitiva em 1795.Tereza foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo. Em sua homenagem, o dia 25 de julho foi instituído Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

livre Gostaria de ser lembrada como uma pessoa que queria ser para que os outros também fossem.““

Mulher negra, de cor, que incomodava a maioria das pessoas nos Estados Unidos da década de 1950, Rosa Parks filha de James Parks e Leona McCauley, nasceu em Tuskegee, Alabama, em 4 de fevereiro de 1913. De confissão metodista, em 1932 Rosa se casou com Raymond Parks, já ativo no movimento pelos direitos civis, e deu a ela o humilde emprego de alfaiate em uma loja de departamentos em Montgomery, Alabama. A partir de 1943, ela se juntou ao Movimento dos Direitos Civis dos Estados Unidos e tornou-se secretária da seção de Montgomery da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP). Por volta de 1955 – na mesma época em que Martin Luther King lutava pelos direitos dos negros – ele começou a frequentar um centro educacional pelos direitos dos trabalhadores e igualdade racial, a Highlander Folk School. A situação dos negros nos Estados Unidos da década de 50 Grande segregação nos estados que fizeram parte da Confederação durante a Guerra Civil. Era um sistema muito rígido que tendia a manter os negros separados. Meios de transporte e locais e escritórios públicos, sem falar em escolas, locais de trabalho, a diferenciação de banheiros e restaurantes e o direito de voto negado: os afro-americanos foram marginalizados e marginalizados. Foram as chamadas leis Jim Crow de estados individuais – promulgadas entre 1876 e 1965 – que efetivamente criaram a desprezível segregação racial em todos os serviços públicos, estabelecendo uma posição “separada, mas igual” para os negros americanos e membros de alguns grupos raciais que não os brancos . A segregação racial também foi aplicada no exército, que foi declarada inconstitucional pela Suprema Corte em 1954, com o processo Brown X Conselho de Educação. Mas as leis de Jim Crow foram revogadas apenas pelo Civil Rights Act de 1964 e pelo Voting Rights Act de 1965. 28

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““

Rosa Parks e o “não” no ônibus de Montgomery, o “Boicote ao ônibus de Montgomery Lá ela parece ver Rosa Parks, pois sabe muito bem a que ela e todas as pessoas segregadas têm direito e retruca um não ao motorista que a mandou dar passagem a um homem branco. Desde então começou o protesto civil e político contra a segregação racial na América. Era a noite de 1º de dezembro de 1955, quando, em Montgomery, Rosa Parks, voltando do trabalho, embarcou no ônibus que costumava pegar. Mas naquela noite não havia lugar vago entre os negros e então ele foi sentar-se em um lugar vago entre os comuns que podiam ser ocupados por negros e brancos caso todos já estivessem ocupados. Mas, hora de algumas paradas, entrou no ônibus um homem branco para quem, segundo a fatídica lei em vigor, Rosa teria que deixar o local. Mas nada, nem mesmo a intimidação do motorista bastou: Rosa não se levantou nem deu passagem ao branco. O motorista então chamou a polícia e Rosa foi presa sob a acusação de “conduta imprópria”. Naquela mesma noite, ela foi libertada sob fiança paga por um advogado anti-racista branco. No dia em que o julgamento começou, por iniciativa de Jo As pessoas sempre falam que não desisti do meu lugar porque estava cansada, mas não é verdade. Eu não estava fisicamente cansada ou mais do que normalmente estava no final de um dia de trabalho. Eu não era velha, embora alguns tenham uma imagem minha desde então. Eu tinha 42 anos. Não, a única coisa de que estava cansada era de sofrer.

Rosa Parks foi diagnosticada com demência. Em 24 de outubro de 2005, por causas naturais, Rosa Parks faleceu em sua residência em Detroit. Ela nunca teve filhos.

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Texto por: Germana Carillo 30

1955dez

1955dez

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O próprio Martin Luther King descreveu o episódio como “A expressão individual de um anseio infinito pela dignidade humana e pela liberdade”, e acrescenta que Rosa “… sentou-se em nome dos abusos acumulados dia após dia e da aspiração sem limites das futuras gerações”.

Ann Robinson, outra mulher negra que secretamente imprimia e distribuía folhetos graças à coalizão de mulheres ativistas da cidade, um boicote ao transporte público começou por toda a comunidade negra de Montgomery que parou de usá-los por 381 dias.

O boicote deixou a rede de transporte público local, usada principalmente por negros, de joelhos. Em 1956, o julgamento foi para a Suprema Corte: no caso de Parks, o tribunal decidiu que a segregação de negros nos ônibus do Alabama era inconstitucional.

Desde então, Rosa Parks é também chamada de “A Mãe do movimento dos Direitos Civis”, a mulher que, como Bill Clinton disse ao lhe conceder uma homenagem em 1999, “sentando-se, levantou-se para defender os direitos de todos e a dignidade de América”.Em2002,

ANTONIETA

Tinha dezessete anos Quando conseguiu entrar Na escola normalista Para mais se dedicar Aos estudos que gostava Querendo aperfeiçoar. No entanto, é preciso Uma coisa mencionar Inda era os anos vinte 33

BARROSDE

Conto aqui neste cordel Uma história inspiradora De uma preta muito forte Que foi tão batalhadora E com sua inteligência Se mostrou norteadora. Era uma catarinense De Antonieta nomeada Sendo de origem pobre Teve a vida permeada Por muita dificuldade E por luta semeada. Ela ainda era criança Quando órfã se tornou O seu pai que faleceu E na vida lhe deixou Com a mãe que a criava E que muito lhe inspirou.

Quando ela foi estudar Veja só que grande feito Ela estava a desbravar! Pois não era só mulher O que era já difícil Era negra num passado De racismo, de suplício Bem pior que atualmente E sem sucesso propício. No ano de vinte e dois Antonieta então fundou Um Curso Particular Onde ela ensinou Por toda a sua vida Como muito acreditou. Para que a população Pudesse alfabetizar Foi que Antonieta fez Esse curso prosperar Cheia de

DeEscrevendoQueElaEComTinhaColocou-sededicaçãoalecionar.muitoenvolvimentooassuntoculturalaindaemvinteedoisfundouumjornalchamoudeASemanaparaotal.políticafalava

Com bastante habilidade Também sobre educação E sobre a desigualdade Na denúncia do machismo E ao racismo no combate. Ela também dirigiu Uma revista quinzenal Intitulada Vida Ilhoa Como mais novo canal Trabalhou diariamente E rompeu com o banal. Já alguns anos depois Quis um livro publicar E usou um outro nome Para enfim concretizar Como Maria da Ilha Escreveu seu exemplar. Foi também profissional De grande orientação Professora e diretora Com convicta intenção Foram várias as escolas Onde pôs a sua mão. Por seu grande caráter Era muito admirada Pelos seus jovens alunos Ela era celebrada Porque era obstinada 34

Conto ainda mais um fato Que ela protagonizou E marcou a nossa história Como líder de valor Pois abriu mais uma porta Pro futuro que chegou.

Então veio a ditadura De Estado Novo conhecida E depois de sua queda Ela fez-se Conquistandoembravecidamuitomais

Grandemente merecida.

Antonieta foi incrível Na política um destaque Foi a pura pioneira Sempre pronta pro combate A primeira mulher negra Para vários dos debates. Por inteira a sua vida Viveu como educadora Jornalista ou deputada Se manteve ensinadora Com lições educativas E também libertadoras. As palavras que usou Espalhou pela nação E com tudo semeou A melhor revolução Pelo espaço feminino Pela sua Negra Ação. É por isso que eu digo: Antonieta é exemplar E além de inspiradora Pode muito desbravar Foi abrindo os caminhos Pra gente também passar. Pras mulheres brasileiras Ela é grande liderança 35

Deputada federal Antonieta se tornou A primeira do estado Como assim se registrou E foi a primeira negra Que o país efetivou. Com essa grande conquista Chegou a se transformar Na primeira mulher negra Com um mandato popular Pelo Partido Liberal Pela educação lutar.

Já na década de trinta Se juntou ao movimento Por Progresso Feminino Exigido no momento Era a FBPF Com que teve envolvimento.

Pela sua honestidade Por sua perseverança. Nas escolas não ouvimos Essa história impressionante Mas eu uso o meu cordel Que também é importante Para que você conheça E não fique ignorante. Que você também espalhe Isso que acabou de ler Para que muitas pessoas Tenham a chance de saber Quem foi essa Antonieta Como foi o seu viver. Esse é o nosso papel Considero obrigação Pra acabar o preconceito Pra espalhar informação Destruindo esse racismo E gerando inspiração. Eu e todas as mulheres Neste verso agradecemos E esperamos que em frente Sempre juntas caminhemos E lembrando Antonieta Certo que nós venceremos. Texto por: Jarid Arraes. 36

AÇÃOAÇÃOEDUCBRASILEIRA•EDUC

Deve ser muito lembrada De adulto até criança

Não coloco uma máscara. Acho que o esforço de colocar uma máscara é provavelmente mais prejudicial do que apenas ser capaz de se levantar e admitir seu fracasso em frente de pessoas que têm empatia suficiente por“você.

Sou dona da minha própria história. Sou dona dos meus fracassos. Não estou interessada em ser perfeita. É assim que lido [com o estresse].

Viola conquistou um currículo invejável, mas até lá teve um percurso que foi de tudo, menos fácil. Ela cresceu em Rhode Island com outros 5 irmãos em uma casa extremamente pobre. Com frequência, em suas entrevistas, a atriz recorda as dificuldades da infância. “Faço isso porque acho que a pobreza envolve muita 40

Aos 55 anos, Viola Davis faz história: com quatro indicações ao Oscar, ela tornou-se uma das poucas atrizes negras reconhecidas pela Academia e pode se tornar a única a levar duas estatuetas para casa. Voz ativa, ela usa sua potência para denunciar o racismo em Hollywood; confira a trajetória da atriz

Parece que Viola Davis sempre esteve nos principais filmes de Hollywood. Quase como se de alguma forma ela tivesse entrado na memória coletiva que temos do cinema e sua presença fosse regra. Esse é o seu poder. No entanto, foi somente em 2008 que a atriz, hoje com 55 anos, conseguiu seu primeiro grande papel nas telas com “Dúvida”, aos 43 anos. Foram necessários apenas 8 minutos em cena para que ela conquistasse uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar.

Na cena, que tornou-se um estandarte do jogo de interpretação entre duas das maiores atrizes, Viola caminha ao lado de Meryl Streep, que representa uma freira desconfiada de que o padre da igreja St. Nicholas no Bronx, possa ter abusado sexualmente de Donald, o único aluno negro aceito na escola paroquial. Streep tenta convencer a mãe do rapaz, interpretada por Viola, de que há algo de errado na forma como o padre tem se relacionado com o seu filho, enquanto a senhora Miller prefere ignorar o problema.

O dilema da personagem de Viola é que o filho poderia perder sua única oportunidade na vida caso fosse expulso de uma boa escola. Embora o filme não se concentre em torno do debate racial, o racismo era manifesto: uma mulher negra não se via nas mesmas condições de denunciar as suspeitas de abuso contra o filho e entre os males ela teria que escolher aquele que lhe parecia menos pior.

Seu papel de estreia na Broadway foi em 1996 com o espetáculo “Seven Guitars”, do dramaturgo August Wilson (19452005), peça que recapitula os passos do jovem Floyd, um guitarrista de blues, negro, que estava prestes a assinar um contrato antes de ser morto. As personagens de Wilson continuaram marcando a vida de Viola nos anos seguintes – mesmo 25 anos depois, quando o assassinato de outro Floyd tornou-se notícia nos jornais. Até chegar nas telas, teve um longo caminho nas artes dramáticas. E, hoje, o quadro é bastante diferente das dificuldades do começo.

vergonha. Que você não seria pobre se fizesse a coisa certa. Quando você é pobre é isso que passa pela sua mente. Não é apenas um estado financeiro. É um estado de invisibilidade. É um estado de inutilidade”, disse ao programa 60 minutes ao ser questionada por que escolhe falar tão abertamente sobre o assunto.Quando adulta, Viola se formou em Teatro em duas escolas, primeiro na Rhode Island College. Depois de alguns anos trabalhando nos palcos ganhou uma bolsa de estudos para a prestigiada Juilliard, onde se formou em 1993. Em sua audição ela fez um monólogo da obra “A cor púrpura”. Ao jornal The Telegraph ela falou sobre sua experiência em um dos mais prestigiados conservatórios de artes do mundo. “Não posso dizer que não aprecie a minha formação lá, mas não encontrei um sentimento de pertencimento. Era um lugar que ensinava teatro clássico eurocêntrico como se fosse a Bíblia.”

Em 2012, ela foi indicada pela segunda vez ao Oscar de Melhor Atriz, com o filme “Histórias Cruzadas”. Nele, ela interpretou Aibileen Clark, uma empregada doméstica em uma Mississipi marcada pela segregação racial na década de 60. Anos depois, Viola chegou a confessar ao jornal The New York Times que teria se arrependido de fazer parte no filme. Sua reação deveu-se ao protagonismo dado às personagens brancas e não às empregadas.“Sentique, no final do dia, não eram as vozes das empregadas 41

Com uma carreira de sucesso, ela acumula três indicações e um prêmio de melhor atriz no Oscar. Já venceu também um Emmy (televisão) e um Tony (teatro) – conquistando a “tríplice coroa de atuação”. O Tony e o Oscar foram por sua interpretação em “Um limite entre nós”, peça também de August Wilson, que foi adaptada para o cinema.

““afirmou para a revista Variety. 42

que eram ouvidas. Eu conheço Aibileen. Eu conheço a Minny [ambas personagens do filme]. Elas são minha avó. Eles são minha mãe. E eu sei que se você fizer um filme onde toda a premissa é ‘eu quero saber como é trabalhar para pessoas brancas e criar filhos em 1963’, eu devo ouvir como você realmente se sente sobre isso. E nunca ouvi isso no decorrer do filme.”

Cada vez mais presente nas telas, sua voz tornou-se também cada vez mais alta sobre um problema que ainda não estava sendo discutido devidamente: Hollywood não estava encarando o próprio racismo. Não havia – e ainda não há – diversidade no cinema. Faltavam filmes e bons personagens para atores negros. A única razão pela qual estou quebrando recordes é porque ninguém foi reconhecido. Essa ‘honra’ é uma espécie de honra limitada.

O problema é com a própria indústria cinematográfica, não com os prêmios. Você não pode indicar ninguém para prêmios se não houver filmes sendo feitos.

Depois de uma carreira consistente e cansada de ter que provar seu talento, Viola percebeu que não adiantaria esperar que as boas histórias chegassem até ela, seria necessário que ela mesma capitaneasse essas narrativas. Com quase 30 anos de carreira, ela decidiu não aguardar mais Hollywood se adaptar. Com o marido, Julius Tennon, ela criou a JuVee Productions, produtora independente que busca promover histórias a partir de “uma ampla gama de vozes emergentes”, trazendo à luz discussões sobre raça e proporcionando maiores oportunidades no teatro e no cinema. Em 2019, ela anunciou a intenção de adaptar a peça “O beijo no asfalto’’, de Nelson Rodrigues para a Broadway. Em 2021, Viola retorna ao Oscar indicada como melhor atriz por interpretar Gertrude Rainey (1886 - 1939), uma das primeiras cantoras do blues a ser gravada, em “A voz suprema do blues”, mais uma adaptação da peça de August Wilson. Caso leve a estatueta para a casa, será a única atriz negra a ser reconhecida duas vezes pela Academia. Sobre os desafios ainda presentes, ela compartilhou o peso de ser uma figura de inspiração para outras mulheres negras. “A responsabilidade de me sentir a grande esperança

Mas em 2014 surgiu uma personagem que quebrava estereótipos. Na série “How to get away with murder”, produzida por Shonda Rhimes, Viola interpretou a professora universitária e advogada criminal Annalise Keating. Foi com essa série que ela consolidou-se como uma das atrizes mais queridas e prestigiadas pelo público e pela crítica. Na série, uma cena tornou-se, particularmente, icônica: quando Keanning, ao fim do dia, limpa a maquiagem e tira sua peruca.

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“Eu queria que essa cena estivesse em algum lugar da narrativa de Annalise. Que [mostrasse] que quem ela foi em sua vida pública e quem ela era em sua vida privada eram absoluta e completamente diametralmente opostas. Porque é isso que somos como pessoas. Usamos a máscara que sorri e mente”, disse à revista Insider.

feminina negra para as mulheres negras tem sido um verdadeiro desafio profissional. Ser esse modelo e pegar o bastão quando você está lutando em sua própria vida tem sido difícil”, declarou ao jornal The New York Times.

Com uma carreira de sucesso, ela acumula três indicações e um prêmio de melhor atriz no Oscar. Já venceu também um Emmy (televisão) e um Tony (teatro) – conquistando a “tríplice coroa de atuação”. O Tony e o Oscar foram por sua interpretação em “Um limite entre nós”, peça também de August Wilson, que foi adaptada para o cinema.

“Senti que, no final do dia, não eram as vozes das empregadas que eram ouvidas. Eu conheço Aibileen. Eu conheço a Minny [ambas personagens do filme]. Elas são minha avó. Eles são minha mãe. E eu sei que se você fizer um filme onde toda a premissa é ‘eu quero saber como é trabalhar para pessoas brancas e criar filhos em 1963’, eu devo ouvir como você realmente se sente sobre isso. E nunca ouvi isso no decorrer do filme.”

Texto por: Humberto Tozze. 44

Cada vez mais presente nas telas, sua voz tornou-se também cada vez mais alta sobre um problema que ainda não estava sendo discutido devidamente: Hollywood não estava encarando o próprio racismo. Não havia – e ainda não há – diversidade no cinema. Faltavam filmes e bons personagens para atores negros. “O maior conselho que já dei à minha filha é que todo dia eu digo: ‘Genesis, quais são as suas duas melhores partes?’. E ela diz: ‘meu cérebro e meu coração’. Digo: ‘você precisa se lembrar disso, Genesis. Precisa se lembrar que você não é a sua aparência‘, sabe? Acho que essa é a melhor dica de beleza que eu poderia dar a ela.”

Viola Davis

tirxisetirsisre mulher elatino-americananegra,caribenha

CAROLINA JESUSDEMARIA

Essa é uma escritora Que já foi ignorada E durante a sua vida Foi também muito explorada Mas por muitos hoje em dia É com honras adorada. Sua história verdadeira Começou em Sacramento Na rural comunidade Foi de Minas um rebento Era o ano de catorze Inda mil e novecentos. Pouco tempo se passava Desde o fim da escravidão E, portanto, o que existia Era a dor da servidão O racismo EConstruiuOndeParaCarolinaNoEComEPoisPelaSuaEspalhandodominavahumilhação.mãeerasolteiraigrejaexcomungadaohomemeracasadofindouabandonadaafilhapracriarpormuitosexecrada.anodetrintaeseteentãomudouacapital,SãoPaulomuitobatalhouoseubarracoaliseinstalou.

47

Na favela Canindé Sua vida foi sofrida A maior luta diária Era a busca por comida Uma vida esfomeada Sempre muito deprimida. Carolina ainda tinha Três filhos para cuidar Todos de pais diferentes Pois jamais quis se casar Só pensava em liberdade Pra fazer seu desejar. O que mais ela gostava Era ler, era escrever Sendo maior passatempo E registro do viver Nas palavras mergulhava Para assim sobreviver. Como era catadora Pelos lixos encontrava O papel e o caderno Que por fim utilizava Como o famoso Diário Onde tudo registrava. Tudo que assucedia Na favela onde vivia Carolina prontamente Em relatos escrevia 48

Pois a vida da favela Ela não queria ter. Num tal dia por acaso Um jornalista apareceu Na favela onde morava Carolina e filhos seus Ele ouviu a confusão E a escritora conheceu. No momento, Carolina Com a escrita ameaçava “Vou botar no meu diário” Carolina assim gritava O jornalista interessado Foi saber o que rolava.

Irritando seus vizinhos E causando agonia. Nem por isso ela parava Precisava escrever E sonhava com sucesso Com dinheiro pra comer

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Então soube dos cadernos Que Carolina escrevia Ficou muito impressionado Com o valor que ali continha E depois de muita espera O seu livro aparecia.

Mas aí já não gostaram Por imensa hipocrisia Pois Carolina contava Os males da burguesia E o amargo esquecimento Logo mais se chegaria. Carolina até tentou Publicou material No ano de sessenta e três Mais dois livros afinal Mas estava EESeuMasPoucoPorComEEraQueMuitoRecomendoGrandiosoComTeveSóAcabouENovamenteignoradamarginal.denovocatadoranosofrimentodepoisdesuamorteoreconhecimentoDiáriodeBititadocumento.quepesquisemaisdessaescritoraeramãe,erapoetaforteinspiradoraaindaeraumaartistatalentodecantora.racismoeelitismodelahojesefalatamanhopreconceitolegadojamaiscalaporissoqueeulembromeugritonãoentala.

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Foi o Quarto de despejo O primeiro publicado Um sucesso monstruoso Tão vendido e aclamado Carolina fez dinheiro Com o livro elogiado. Sua obra era importante Pela vil realidade Que ali estava exposta Tal ferida da cidade A favela e a pobreza De Carolina a verdade. Por causa do sucesso Do dinheiro que ganhou Carolina finalmente Da favela se mudou Numa casa de tijolos Com seus filhos habitou. O problema, no entanto, Era a grande exploração Carolina se sentia Como fosse na prisão Pois bem mais ela queria Enfrentando impedição. Desejava até cantar Mais um livro ela escreveu: Casa de alvenaria Cheio de relatos seus Sobre a vida que mudava E o que mais lhe aconteceu.

Referência como exemplo De valor testamenteiro. Muito mais há publicado Sobre a vida da escritora Os seus livros de poemas De provérbios pensadora Abra o seu conhecimento Que ela é Nascidamerecedora.emSacramento (MG) em 1914, Carolina Maria de Jesus foi uma importante escritora brasileira. Filha de analfabetos, começou a estudar aos sete anos e precisou largar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e escrever. Em 1937, sua mãe faleceu, e Carolina decidiu se mudar para São Paulo (SP), onde construiu sua própria casa utilizando madeira, papelão e outros materiais. Para sustentar a família, ela saía à noite para coletar papel, guardando revistas e cadernos antigos que encontrava.

Em suas folhas, Carolina escrevia sobre sua vida na favela e seu dia a dia, somando mais de vinte cadernos com testemunhos de seu cotidiano. Um desses cadernos deu origem ao seu livro mais famoso, Quarto de despejo, publicado em 1960, traduzido para mais de uma dezena de idiomas e vendido em mais de quarenta países. Carolina aspirava se tornar cantora e atriz, mas faleceu em 1977, vítima de insuficiência respiratória.Epor fim com muito orgulho O cordel já vou fechando Com sinceridade espero Que termine interessando Se você não conhecia O que estive aqui contando. Carolina eternamente Uma imensa inspiração Uma força grandiosa E também validação A mulher negra escritora Que despeja o coração.

Carolina é um tesouro Para o povo brasileiro E orgulho pras mulheres Para o povo negro inteiro

Texto por: Jarid Arraes. 51

hello, i am black

nos noticiários tomando chá com os cônjuges de dignitários estrangeiros, mandavam cartões em datas comemorativas e usavam vestidos lindos em jantares oficiais. Normalmente, também escolhiam uma ou duas causas para defender. Eu já entendia que seria medida por uma outra régua. Como a única primeira-dama afro-americana a pisar na Casa Branca, eu era “de outro tipo” quase automaticamente. Se havia uma suposta graciosidade atribuída, quase que espontaneamente, às minhas antecessoras brancas, eu sabia que provavelmente comigo não seria assim. Os tropeços da campanha haviam me ensinado que eu teria que ser melhor, mais rápida, mais inteligente e mais forte do que nunca. Minha graciosidade precisaria ser conquistada. Eu me preocupava com o fato de que muitos americanos não se viam em mim ou não se identificavam com minha trajetória. Eu não 54

“[...] Não existe um manual para primeiras-damas dos Estados Unidos. Tecnicamente, não é um trabalho, tampouco um título oficial de governo. Não vem com salário nem com uma lista detalhada de obrigações. É um estranho tipo de carona da presidência, um assento que, quando assumi, já tinha sido ocupado por mais de 43 mulheres, cada uma delas tendo cumprido a função a seu modo. Eu sabia pouco a respeito das prime ras-damas anteriores e sobre como haviam atuado na posição. Sabia que Jackie Kennedy tinha se dedicado a redecorar a Casa Branca. Lembrava que Rosalynn Carter participava de reuniões de gabinete, que Nancy Reagan havia arrumado problemas por aceitar roupas de estilistas de graça, que Hillary Clinton foi ridicularizada por assumir uma função de política na administração do marido.

Alguns anos antes, em um almoço para cônjuges de senadores, eu tinha visto em parte chocada, em parte admiradaLaura Bush posando, serena e sorridente, para fotos cerimoniais com cerca de cem pessoas, sem jamais perder a compostura nem precisar fazer uma Primeiras-damaspausa.apareciam

teria o luxo de me adequar à nova função aos poucos antes de ser julgada. E, no tocante a ser julgada, estava mais vulnerável do que nunca aos medos infundados e estereótipos raciais que jaziam logo abaixo da superfície da percepção pública, prontos para serem instigados por boatos e insinuações. Estava honrada e animada para ser primeira-dama, mas nem por um segundo achei que incorporaria um papel glamoroso e fácil. Isso jamais aconteceria a alguém que tivesse as palavras “primeira” e “negra” imputadas a si. Eu estava no sopé da montanha, ciente de que precisaria galgar meu caminho até a aceitação.Aquele

Os 76 dias entre a eleição e a posse eram um momento crucial para eu começar a dar o tom de que tipo de primeiradama gostaria de ser. Depois de tudo que tinha feito para deixar o direito corporativo em nome de um trabalho mais significativo, voltado para a comunidade, eu sabia que seria mais feliz se pudesse me engajar ativamente e buscar resultados concretos. Pretendia cumprir as promessas que havia feito aos cônjuges de militares que conheci durante a campanha: ajudá-los a expor suas histórias e encontrar maneiras de atendê-los. E havia também minha ideia de plantar uma horta e melhorar a saúde e a alimentação das crianças em uma escala maior. Eu não queria fazer nada disso de forma casual. Minha intenção era chegar à Casa Branca com uma estratégia bem pensada e uma equipe forte. Se eu tinha aprendido alguma coisa com os horrores da campanha — com as diversas maneiras de tentarem me descartar como raivosa ou inapropriada —, era que o julgamento público é veloz em preencher qualquer 55

momento fez reviver em mim um antigo mecanismo interno de chamada e resposta que eu usava desde a época do ensino médio, quando me vi tomada pela insegurança ao chegar à Whitney Young. Foi quando aprendi que a confiança às vezes tem que ser invocada de dentro. Desde então, repetia as mesmas palavras a mim mesma em inúmeras ocasiões desafiadoras.

Sou boa o bastante? Sim.

Seis dias após a eleição, fui à capital me encontrar com os diretores de algumas escolas. Sob circunstâncias normais, eu teria me concentrado apenas nos aspectos acadêmicos e culturais de cada instituição, mas já estávamos bem longe da possibilidade de uma vida normal.” - ( OBAMA, Michelle. Minha história. Volume 1. Objetiva Editora, 2018.) Michelle Obama (1964) é uma advogada norte-americana. Foi primeira-dama dos Estados Unidos entre 2009 e 2017. Esposa do ex-presidente Barack Obama, foi a primeira afrodescendente a ocupar o posto de primeira-dama.

foi aluna da Whitney Young Magnet High School. Entre 1981 e 1985 estudou na Universidade de Princeton 56

Michelle LaVaughn Robinson nasceu em Chicago, Illinois, no dia 17 de janeiro de 1964. Filha de Fraser Robinson, empregado de uma empresa de purificação de água, e de Marian Shields Robinson, que foi secretária em um banco, passou sua infância e juventude em um bairro ocupado principalmente por famílias negras, o EntreSouthside.1977e1981

veloz em preencher qualquer espaço vazio: se você não assume logo uma posição, os outros rápida e imprecisamente definem uma posição para você. Eu não estava interessada em me acomodar em uma posição passiva e esperar orientações da equipe de Barack. Depois de passar pela prova de fogo do ano anterior, eu jamais permitiria que me batessem tanto assim de novo. Minha mente estava acelerada diante de tudo que precisava ser feito. Não tive como me preparar para a transição, pois qualquer coisa que eu fizesse antes do tempo seria considerado presunção. Sistemática como sou, foi difícil ficar de braços cruzados. E agora entrávamos em marcha acelerada. A maior prioridade eram Sasha e Malia, cuidar para que se adaptassem com a maior rapidez e o maior conforto possíveis, o que significava definir todos os detalhes da nossa mudança para Washington, DC, e arrumar uma escola nova para elas, um lugar onde fossem felizes.

onde cursou Sociologia e Estudos Afro-americanos. Em 1985 ingressou na Escola de Direito da Universidade de Harvard, em Cambridge, onde se graduou em 1988.

Em 2008, Barack Obama anunciou sua candidatura, pelo Partido Democrata, para a presidência dos Estados Unidos. 57

Em 2002, tornou-se diretora executiva de negócios externos da Universidade.

Em 2004, Barack Obama foi eleito para o Senado dos Estados Unidos. Em 2005, Michelle torna-se vice-presidente da Comunidade e dos negócios externos do Centro Médico da Universidade de Chicago.

Ainda em 1996, Barack Obama foi eleito para o Senado de Illinois, e nesse mesmo ano, Michelle tornou-se reitora dos serviços estudantis da Universidade de Chicago, onde ajudou a organizar o Centro de Serviços Comunitários da Universidade.

Em 1989 conheceu Barack Obama, que havia ingressado como estagiário no mesmo escritório, para o período do verão, e depois retornou para a Universidade.

Casamento e Filhas Em outubro de 1992, Michelle e Obama se casaram e fixaram residência no South Side de Chicago. Juntos, Michelle e Obama tiveram duas filhas: Malia Ann Obama, nascida em 1998, e Natasha Obama, nascida em 2001.

Em 1991, buscando uma carreira mais orientada para os serviços públicos, Michelle Obama se tornou assistente do prefeito de Chicago, Richard M. Daley. Entre 1992 e 1993, Michelle foi assistente do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Chicago. Em 1993, criou a Aliados Públicos de Chicago, um programa de treinamento de liderança para jovens adultos. Atuou como diretora executiva do programa até o ano de 1996.

Carreira Profissional Em 1988, depois de graduada, Michelle Obama começou a trabalhar como estagiária de direito no escritório da Sidley & Austin, onde se especializou em direito de propriedade intelectual.

Eleição Presidencial de 2008

Durante a longa corrida das primárias para a presidência, Michelle afastou-se de suas funções na Universidade para dedicar-se à campanha do marido. No dia 4 de novembro de 2008, Barack Obama foi eleito o 44º presidente dos Estados Unidos, derrotando o senador John McCain.

Michelle Obama escreveu sempre os seus próprios discursos, como o que pronunciou na despedida da Casa Branca, no dia 6 de janeiro de 2017, quando citou: “Ser a primeira-dama foi a maior honra da minha vida, espero que estejam orgulhosos de mim. A todos os jovens que me escutam saibam que este país é de vocês, qualquer que seja a sua origem e o seu passado. Se seus pais são imigrantes, tenham em conta que isso faz parte de uma tradição da qual os Estados Unidos se orgulham”. “Saibam também que a diversidade religiosa é uma grande tradição americana. É nossa magnífica diversidade que nos faz o que somos. Não tenham medo! Me ouçam!, não tenham medo, mantenham o foco, a determinação e sejam fortes”.

Em 2018, Michelle Obama lançou o livro “Minha História”, uma autobiografia, onde começa agradecendo às filhas Malia e Sasha, e ao marido Obama, “que sempre lhe prometeu uma jornada interessante”.

Primeira-Dama

No dia 20 de janeiro de 2009, Barack Obama assumiu o cargo de Presidente dos Estados Unidos. Como primeira-dama, Michelle esteve envolvida em várias causas, entre elas, as das famílias dos militares e especialmente à obesidade infantil. Durante os primeiros meses como primeira-dama, Michelle Obama visitou abrigos que recolhiam pessoas desalojadas. Em 2012, Barack Obama foi reeleito, mais uma vez com a ajuda de Michelle Obama, que foi presença constante e de destaque na campanha. Michelle Obama foi considerada uma das primeiras-damas mais carismáticas que a América conheceu.

Texto por: Michelle Obama e Dilva Frazão. 58

“ Michelle Obama

Nunca subestime a sua importância. A história tem-nos mostrado que a coragem pode ser contagiosa, e que a esperança pode ter vida própia.

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DOMARIAEVA BONSUCESSO

Existiu uma mulher Chamada de Eva Maria Quitandeira talentosa Que um dia mostraria Sua força exemplar Sua garra pra lutar Sem descanso noite e dia. Sendo ela escrava forra Conseguiu sua liberdade Mas a marca do racismo Não mudou sua verdade Pois trabalho era tanto Só ralando em todo canto Sempre na dificuldade. Para assim sobreviver Na quitanda ela vendia Todo tipo de hortaliça E de fruta que exibia Fosse a couve pra comer A banana a oferecer Na calçada ela estaria. O seu nome foi ligado Ao lugar de Bonsucesso Sendo no Rio de Janeiro Hoje faço seu regresso Na memória da discórdia Rua da Misericórdia Onde o povo tinha acesso. Foi no século dezenove Julho, dia dezesseis

Mil oitocentos e onze

Quando algo grande fez Pela garra de lutar Do direito conquistar Com tamanha sensatez. Nesse dia de trabalho Arrumou seu tabuleiro Com as frutas e verduras Para conseguir dinheiro Mas um bicho apareceu Foi aí que aconteceu Todo seu desenroleio. Uma cabra correu solta E as bananas agarrou Foi saindo na carreira Mas a Eva se arretou E já foi saindo atrás Bem nervosa por demais Pela cabra que a roubou. Segurando numa vara Eva a cabra perseguiu Mas puxou foi o nervoso De um branco que isso viu Sendo o dono do animal

LHOJU 16 DE

62

Quis sair de maioral Mas a Eva reagiu. José Inácio de Sousa Era o nome do senhor Que sentiu de achar ruim Sem fazer nenhum pudor Resolveu lhe estapear Sem ao menos perguntar O motivo causador. Quando recebeu o tapa Eva logo se mexeu Deu o troco rapidinho No senhor então bateu Foi levada pra polícia A danada da milícia Que só branco defendeu. Acontece que eram trinta As pessoas que assistiam E que vendo o ocorrido Sem demora falariam século XIX

Em favor de Eva Maria E da sua ousadia A mulher defenderiam. Olhe bem pra esse caso Que negócio interessante Pois o homem sendo branco Sendo rico e dominante Já achou que ganharia E que a Eva prenderia Num estalo de instante. Só que tanta gente junta Teve força de falar E pelo favor de Eva Foram sim testemunhar Eva ainda abriu a boca Diz até que ficou rouca Pelo forte discursar. Se você acha que é isso E no fim já vai pensando Saiba que tem muito mais Do que aqui vou te falando Preste muita atenção Veja a baita da emoção Que eu agora vou contando. Como fosse muito pouco Eva não ter sido presa O desfecho foi maior Do que só sair ilesa Foi o branco enclausurado Por bater foi condenado Na mais dura da certeza. Imagina a raridade Dum desfecho desse jeito Porque nesse tempo torto Branco que tinha direito Sendo o preto renegado Espancado e injustiçado Sem favor de ser eleito. A justiça brasileira Nesse caso foi certeira E por três meses prendeu Sem considerar besteira O senhor que era agressor Sem espaço pra valor Sem respeito de fronteira. Depois que passou o tempo Ele então foi libertado Mas na História do Brasil Isso sim ficou marcado Como um caso de união E de mobilização Que nós temos memorado. Imagine que coragem Que essa Eva possuía Por lutar pelo direito Pelo que constituía Sua fé na liberdade 63

Ela foi Eva Maria Pulso de trabalhadora Por direito de viver Incansável lutadora Ela deu foi um exemplo Que rompeu o véu do Texto por: Jarid Arraes. 64

É por isso que eu digo Que ela teve um heroísmo Pois sem medo de lutar Enfrentou foi o racismo Por saber que estava certa Se manteve sempre alerta E peitou o vil machismo. Eva Maria do Bonsucesso era uma negra alforriada que trabalhava como quitandeira no Rio de Janeiro (RJ). Em 1811, montou seu tabuleiro numa calçada na região de Bonsucesso, quando uma cabra tangida por um escravo levou uma penca de bananas e um maço de couve. Eva perseguiu a cabra com uma vara na tentativa de recuperar suas mercadorias quando deparou com o dono do animal, o senhor branco José Inácio de Sousa, que, indignado, a esbofeteou. Eva revidou a agressão e foi parar na Justiça, mas as trinta pessoas presentes depuseram de forma unânime em seu favor. Dessa forma, Eva foi um raríssimo exemplo de uma mulher negra que conseguiu vencer um caso contra um senhor branco, que acabou sendo preso.

Sua força na verdade Que jamais ela escondia. No passado do Brasil No tempo da escravidão Uma história como essa Era sim revolução Mas é fato que existiu E que todo o povo viu Mesmo sendo uma exceção.

movimenta Quando a mulher negra se toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.““ Angela Davis

A educadora, ativista e autora Angela Davis (1944-) ficou conhecida por seu envolvimento em um caso de assassinato politicamente carregado no início dos anos 1970. Influenciada por sua educação segregada em Birmingham, Alabama, Davis se juntou aos Panteras Negras e a um ramo totalmente negro do Partido Comunista quando jovem. Ela se tornou professora da UCLA, mas caiu em desgraça com a administração devido a seus laços. Davis foi acusada de ajudar na tentativa de fuga fracassada do radical negro George Jackson preso, e cumpriu cerca de 18 meses de prisão antes de sua absolvição em 1972. Depois de passar um tempo viajando e dando palestras, Davis voltou para a sala de aula como professora e escreveu vários livros.

Angela Davis mais tarde mudou-se para o norte e foi para a Brandeis University, em Massachusetts , onde estudou filosofia com Herbert Marcuse. Como estudante de pós-graduação na Universidade da Califórnia , San Diego, no final da década de 1960, ela se juntou a vários grupos, incluindo os Panteras Negras . Mas ela passava a maior parte do tempo trabalhando com o Clube Che-Lumumba, que era um ramo totalmente negro do PartidoContratadaComunista.para lecionar na Universidade da Califórnia, em 67

Angela Davis: início da vida e educação Angela Yvonne Davis é mais conhecida como educadora afroamericana radical e ativista pelos direitos civis e outras questões sociais. Ela nasceu em 26 de janeiro de 1944, em Birmingham, Alabama , filha de Sallye e Frank Davis, professora primária e proprietária de um posto de gasolina, respectivamente. Davis sabia sobre o preconceito racial desde jovem; seu bairro em Birmingham foi apelidado de “Dynamite Hill” pelo número de casas visadas pela Ku Klux Klan . Quando adolescente, Davis organizou grupos de estudo inter-raciais, que foram desmantelados pela polícia. Ela também conhecia várias das jovens afro-americanas mortas no atentado à igreja de Birmingham em 1963.

Fora da academia, Angela Davis tornou-se uma forte defensora de três detentos da prisão de Soledad conhecidos como os irmãos Soledad (eles não eram parentes). Esses três homens — John W. Cluchette, Fleeta Drumgo e George Lester Jackson — foram acusados de matar um guarda prisional depois que vários presos afro-americanos foram mortos em uma briga por outro guarda. Alguns achavam que esses prisioneiros estavam sendo usados como bodes expiatórios por causa do trabalho político dentro da prisão.

Davis foi acusada de várias acusações por sua suposta participação no evento, incluindo assassinato. Ela se escondeu e foi uma das “Mais Procuradas” do FBI antes de ser pega dois meses depois. Houve duas provas principais usadas no julgamento: as armas usadas foram registradas para ela, e ela supostamente estava apaixonada por Jackson. Seu caso chamou a atenção da imprensa internacional e depois de passar cerca de 18 meses na prisão, Davis foi absolvido em junho de 1972.

Livros de Angela Davis

After spending time traveling and lecturing, Angela Davis returned to teaching. She served as a Distinguished Professor 68

Durante o julgamento de Jackson em agosto de 1970, uma tentativa de fuga foi feita quando o irmão de Jackson, Jonathan, entrou no tribunal para reivindicar reféns que ele poderia trocar por seu irmão. Jonathan Jackson, o juiz do Tribunal Superior Harold Haley e dois detentos foram mortos no tiroteio que se seguiu.Angela

Los Angeles, Angela Davis teve problemas com a administração da escola por causa de sua associação com o comunismo . Eles a demitiram, mas ela lutou contra eles no tribunal e conseguiu seu emprego de volta. Davis ainda acabou saindo quando seu contrato expirou em 1970. Angela Davis e os Irmãos Soledad

Texto por: Blanc Mont. 69

Emerita at the University of California, Santa Cruz, before retiring in 2008. Davis is the author of several books, including Women, Race, and Class (1980), Blues Legacies and Black Feminism: Gertrude Ma Rainey, Bessie Smith, and Billie Holiday (1999), Are Prisons Obsolete? (2003), Abolition Democracy: Beyond Empire, Prisons, and Torture (2005), The Meaning of Freedom: And Other Difficult Dialogues (2012) and Freedom Is a Constant Struggle: Ferguson, Palestine, and the Foundations of a Movement (2016).

Estarão as Prisões Obsoletas?: é um livro em que a filósofa se dedica a desenvolver a sua tese contra o encarceramento, apresentando, a partir da visão do sistema carcerário estadunidense, como as prisões tornaram-se espaços para prender minorias étnicas.A

Mulheres, Cultura e Política: é uma compilação de artigos escritos e conferências proferidas por Davis. Nesse livro, ela faz uma espécie de balanço geral sobre a sua luta e sobre a situação do feminismo negro no mundo.

Liberdade é Uma Luta Constante: o livro lançado em 2018 é uma compilação de artigos, entrevistas e palestras feitos entre 2013 e 2015. Trata-se de um apanhado geral de várias ideias da autora e foi organizado pelo militante Frank Barat.”

Mulheres, Raça e Classe: nesse livro, a filósofa expõe uma de suas maiores ideias, a de que há uma inseparável intersecção entre classe, raça e gênero. Ela também apresenta a sua tese contra o sistema carcerário. Foi o primeiro e mais difundido livro de Angela Davis no Brasil.

Angela tornou-se símbolo de luta anticapitalista, força, representatividade e feminismo, conhecida e respeitada por tantos povos e nações por sua irredutível firmeza. Não é difícil entendermos isso a cada parte do relato, notando sua forma vigorosa de combater e de não desistir de seus ideais, o que faz com que nós leitoras possamos de fato nos imaginar ao seu lado, acompanhando cada palavra escrita, dita e ecoada. Impossível que eu, mulher negra, cria da favela, ativista,

Texto retirado de: DAVIS, Angela. Uma

autobiografia. Volume 1. São Paulo: Boitempo 71

Sobre Uma autobiografia Anielle Franco Como não se emocionar lendo a história de uma mulher negra que sentiu na pele as atrocidades, os preconceitos, a desumanização e tantas outras crueldades por lutar pelas causas em que acredita até hoje? Como não sentir o coração pulsar e as veias saltarem ao imaginar tantos meses de perseguição, prisão e racismo por defender ideais de igualdade e batalhar por melhorias para o povo negro? Impossível!

Nem todo mundo percebe quão difícil é ser uma mulher negra e pobre e ter de provar a cada dia a sua existência diante do caos humano em que vivemos. Mas Angela fez e faz isso com maestria e, neste livro, ela nos remete às décadas de 1960 e 1970, quando ainda jovem escreveu sua autobiografia, de forma única e real, deixando para nós um legado gigantesco por meio da escrita e, principalmente, da resistência.

Ao ler o relato dessa mulher que foi julgada por seu ativismo, sua cor e seu posicionamento político, entendemos quão importante é seguir na luta e resistir por nós e por outras mulheres que ainda virão. Entendemos a necessidade que temos de ganhar voz, ocupar lugares de liderança e exigir uma sociedade mais justa e igualitária. Basta a leitura desta obra para compreender que sua luta não foi em vão, para nos sentirmos ao lado dela a cada passo, discurso e militância, para revigorar forças e desejar que Angela seja eternizada hoje, amanhã e sempre.

defensora dos direitos das mulheres negras e irmã de Marielle Franco, não seja impactada a cada capítulo, não me reporte diretamente para aquela época de sua vida e não sinta uma enorme vontade de ecoar suas palavras em cada canto do mundo.

Angela Davis segue nos inspirando e nos impulsionando a seguir adiante. Assim como ela, sigamos movendo estruturas, exigindo liberdade e, acima de tudo, resistindo por dias melhores. Embarquem nessa leitura e sintam a força dessa potente mulher! Sobre Angela Davis Zezé Motta “Angela Davis é símbolo de atitude, luta e resistência. Fonte de inspiração diária. Anjo, Angela. Faz parte da primeira fila, no centro, ao lado de outras candaces: Luísa Mahin, Carolina de Jesus, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Dandara. Angela Davis pertence a um grupo de mulheres candaces que lutam com armas que jamais enferrujarão. Fonte, referência e linha de ação Grande guerreira. Salve, Angela!” Sobre Uma autobiografia Mulher, negra, feminista, marxista, intelectual, ativista. No início dos anos 1970, Angela Davis era tudo que o establishment estadunidense mais temia. Com firmeza, enfrentou uma dura e insidiosa perseguição: chegou a ser incluída na lista das pessoas mais procuradas pelo FBI. Aos 28 anos, escreveu esta poderosa autobiografia para narrar sua vida desde a infância até o ingresso na carreira universitária e o engajamento contra as opressões de raça, gênero e classe. Mais que um relato da juventude de um ícone da história contemporânea, este livro entrelaça lutas sociais e trajetória individual para provocar uma reflexão sobre o caráter estruturalmente opressivo do sistema carcerário, do machismo e do racismo, em libelo pelo direito à dignidade e à emancipação. 72

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Nós adoraríamos de saber a sua opnião sobre este livro inspirador! Essa história começa aqui. Continue conosco e comportilhe sua história, marque @nossahistorianegra, ou envie um direct e apareça em nossas redes sociais.

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CARTA DE AGRADECIMENTO

Obrigada a todos pelo apoio na busca da realização deste sonho. Sou muito grata a Deus. Sem Ele, nada poderia. A vida é melhor com vocês.

Este livro em suas mãos é resultado de muito esforço, carinho e dedicação de uma jovem negra, de 21 anos que tem uma vida inspirada na tragetória de mulheres que fizeram história e contribuíram para a sociedade, na luta contra o preconceito e discriminação racial.

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Meus mais sinceros agradecimentos aos meus pais, Milton e Marilza, às minhas irmãs Larissa e Isadora, ao meu namorado Gabriel, amigos Lê e Viny, que mesmo longe, sempre estiveram perto, e ao meu querido orientador, Delzio, que desde o início sempre teve muita paciência e me trouxe boas instruções.

Uma autobiografia. Volume 1. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019. FRAZÃO, Dilva. Michelle Obama. São Paulo: EBiografia, 2019. Disponível em: https://www.ebiografia.com/michelle_obama/. Acesso em: 08 abril. 2022 MARASCIULO, Marília. Conheça Madam C.J. Walker, primeira milionária self made negra dos EUA. São Paulo: Revista Galileu, 2020. Disponível MONT,noticia/2020/03/conheca-madam-cj-walker-primeira-milionaria-self-em:https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/made-negra-dos-eua.html.Acessoem:08abril.2022Blanc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Angela Davis: Primeira Vida e Educação. São Paulo: Mont Blanc Zone, 2020. Disponível em: https://montblanczone.com/pt/ angela-davis-7/. Acesso em: 08 abril. 2022 OBAMA, Michelle. Minha história. Volume 1. Objetiva Editora, 2018.

ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras. Volume 1. São Paulo: Editora Seguinte, 2020. CARILLO, Germana. Rosa Parks: biografia e frases da mulher que mudou a história com um “não” no ônibus. São Paulo: Green Me Brasil, 2021. Disponível em: costume-e-sociedade/59293-rosa-parks-biografia-e-frases-da-mulher-https://www.greenmebrasil.com/viver/que-mudou-a-historia-com-um-nao-no-onibus/.Acessoem:11abril.2022DAVIS,Angela.

TOZZE, Humberto. Viola Davis: da infância pobre à atriz negra mais indicada ao Oscar. São Paulo: Revista Marie Claire, 2021. Disponível em: davis-da-infancia-pobre-atriz-negra-mais-indicada-ao-oscar.html.https://revistamarieclaire.globo.com/Cultura/noticia/2021/04/viola-Acessoem:12abril.2022VICTOR,Marco.

A Vida e a História de Madam C.J. Walker é destaque entre os lançamentos da Netflix. São Paulo: Jornada Geekie, 2020. Disponível em: e-a-historia-de-madam-c-j-walker-destaque-netflix/.https://www.jornadageek.com.br/a-vida-Acessoem:11maio.2022 78

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