4º Esteio da Poesia Gaúcha

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Esteio da Poesia Gaúcha

Espaço consolidado para a arte do nosso chão Valorizar a poesia de nossa terra; abrir um novo espaço para poetas, declamadores e amadrinhadores mostrarem ao público seus talentos; e trazer para Esteio alguns dos maiores nomes do verso gaúcho. Foi com esses propósitos que em meados de 2014 surgiu o Esteio da Poesia Gaúcha, festival de poemas inéditos totalmente custeado pela Administração Municipal. Chegando à sua quarta edição, o evento consolidou-se como um dos maiores do gênero no Rio Grande do Sul. Assim como em anos anteriores, o 4º Esteio da Poesia Gaúcha chega à sua fase final com grandes trabalhos escritos e com excelentes intérpretes e músicos, responsáveis por defenderem, no palco, as obras finalistas. Com apoio irrestrito da Prefeitura de Esteio, o festival mantém a mesma linha de valorizar a divulgação, a lisura e o respeito aos participantes e ao público. Graças a estas premissas, ao trabalho da Comissão Organizadora e à seriedade da Comissão Avaliadora, o Esteio da Poesia consegue a adesão dos concorrentes e traz aos apreciadores do verso gaúcho grandes poemas, cumprindo o seu papel de valorizar essa importante manifestação artística e cultural de nosso Estado. Que as poesias apresentadas no palco da Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya, impressas neste livreto e gravadas no CD do festival tenham o poder de te emocionar, razão pela qual foram escritas pelos poetas e motivo de nosso trabalho nos últimos meses.

Comissão Organizadora do 4º Esteio da Poesia Gaúcha Esteio, 24 de fevereiro de 2018

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4º Esteio da Poesia Gaúcha Realização

Prefeitura Municipal de Esteio, através da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer e da Diretoria de Comunicação Social Prefeito Municipal – Leonardo Pascoal Vice-prefeito Municipal – Jaime da Rosa Secretário Municipal de Cultura, Esporte e Lazer – Rafael Figliero Diretora de Comunicação Social – Cristiane Franco

Comissão Organizadora

Comissão Avaliadora

Rafael Figliero Djalma Corrêa Pacheco Paulo Roberto Domingues Vargas Gabriela Rocha Gabriella Raupp

Joseti Gomes* Moisés Silveira de Menezes Romeu Weber *Na triagem, Sebastião Teixeira Corrêa

Final

24 de fevereiro de 2018 Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya

362 poesias inscritas 127 poetas 64 cidades (RS, SC, PR, MS, RR e DF)

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POETAS PARTICIPANTES Adão Quevedo Adriano Alves Adriano Medeiros Agenor de Mello Coelho Alan Otto Redü Alana Bauer Lacerda Alberto Sales Alcindo Neckel Anderson Fonseca Rocha Andréia Taiza Sandri Machado Anildo Souza de Araujo Appolinario Quiroz Filho Arabi Rodrigues Ari Pinheiro Arlindo Almeida Junior Beto Gonzales Bianca Bergmam Caine Teixeira Garcia Cândido Brasil Carlos Magno da Rosa Vivian Carlos Omar Villela Gomes Carlos Roberto Hahn Cauê Bampi Cesar Augusto Furtado Cezar Augusto Bertani Gomes Cleia Dröse Cristiano Bremm Cristiano Ferreira Pereira Cristiano Medeiros Damião Silva Danilo Kuhn Diego Müller Diego Salatti Diogo Viero Edson Casagrande Edson Eroquês Daniel Velho Edson Marcelo Spode Elder Rocha Medina Elson Lemos Érico Rodrigo Padilha Everton Michels Fabricio Vargas Flávia Stoltemberg Nogueira

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Francisco Carneiro Neto Franco R. dos Santos Ferreira Gaspar Martins Gederson Fernandes Gilson Pedrazzi Giovani de Azevedo Andrade Guilherme Alves Marques Guilherme Ferreira Guilherme Suman Gujo Teixeira Heitor Gabriel Hartmann Henrique Fernandes Homero Queiroz Ibani Jorge Bicca Jadir Oliveira Jair Silveira Jairsú Ferreira Jeferson Monteiro Jeferson Valente João Antonio Marin Hoffmann João Carlos da Nova Joaquim Velho Jorge Claudemir Soares José Cezar Matesich Pinto José da Cunha Pires José Estivalet José Luiz dos Santos José Luiz Flores Moró José Mauro Ribeiro Nardes Joseti Gomes Josi Trindade Juan Daniel Isernhagen Juliano Costa dos Santos Jurema Chaves Kayke Mello Luan Soares Barbosa Luciano Salerno Luidhi Moro Müller Luís Cesar Soares Luiz Alberto Nunes Duarte Luiz Paulo Pizolotto dos Santos Marcelo Coelho da Silva Marcelo Dávila

Marcos Evonir Moraes Amaral Marcos Roberto Paines Nunes Mario Amaral Mário Terres Mateus Cavalheiro Del Ré Mateus Dressler Heck Mateus Neves da Fontoura Matheus Costa Matias da Silveira Moura Maximiliano Alves de Moraes Miguel Cimirro Nandico Saldanha Nelson Silva Nêuquen Vanderlan Nicanor Ferreira de Carvalho Paulo de Freitas Mendonça Paulo Fleck Paulo Grecco Paulo Ricardo Costa Pedro Luís da Silva Pinto Rafael Afonso Teixeira Netto Rafael Mota Altenburg Rafael Ovídio Ramiro Grethe Bregles Raul Sartor Filho Rodrigo Bauer Rodrigo Canani Medeiros Rômulo Chaves Rosana Araujo Samuel Albuquerque Maciel Sérgio Sodré Pereira Silvio Aymone Genro Solon Alves Toninho Lima Túlio Souza Vaine Darde Valdomiro Alves de Moraes Vitor Ribeiro Volmir Coelho Waldemar Menchik Jr Xiru Antunes


HÁ TEMPOS É ASSIM ROBERTO PAINES nunes

Declamador: Roberto Paines Nunes / Amadrinhador: Cristiano Cesarino

Floreando a barbela, “tiflando” uma copla - que há tempos é a mesma... Estampa “grongueira”, jeitão de fronteira, me vou... trote lento. Ao tranco do mouro, que há tempos me leva, repasso pegadas; as mesmas estradas, antigos caminhos ganhando o sustento.

O taura mais velho, avô campesino, em sua ciência Mirando a querência de algum galpãozito num fundo de campo Há tempos reflete em meio à fumaça de um palheiro em brasa Que a querência é casa que se mal cuidada vai perder o encanto.

Mirando distante, bombeio horizontes que há tempos são rumos! Um velho “aba-larga” e um poncho pampeiro pra enfrentar tormenta. Forjando o destino, viver campesino, vou domando anseios, E há tempos bem sei, que a carga vem sempre pr’aquele que aguenta.

Há tempos é assim: mais sabe o antigo por tempo e por tino. Não erra o rumo quem timbrou seu rastro nos tantos caminhos. A vida é colheita daquilo que ao longo do tempo se planta Então é melhor semear a bondade pra colher carinho!

Por isso que há tempos ajusto “os apero” e calço as esporas Pra ver as auroras despertando os campos por estas lonjuras. Talvez teimosia ou por ver sentido nas coisas do antigo... E penso o destino como algo que nasce com a criatura.

Sim - ainda resistem - antigos costumes por essas estâncias! E homens de campo com sangue nos olhos seguindo o ofício. Mostrando ao novo um rito que há tempos não perde o sentido É um xucro legado peleando para o campo não perder o viço.

O campo é o mesmo e há tempos que o homem lhe sabe por vida A terra é sustento e a planta, o rebento pelas semeaduras. É qual um romance de homem e campo produzindo frutos Florescendo os sonhos das mãos dessa gente em cada cultura.

Mangrulhos campeiros, postais destes campos, demarcando eras, Que berros de touro, relinchos de potros e cantos de bastos Não são utopia aos que saltam cedo num trono de arreio Monarcas campeiros, há tempos vivendo entre céu e pasto!

Mas ando no lombo do “mourito pampa” repisando rastros... E como há tempos me leva, o tranco não é mais o mesmo, Assim como o campo que guardei viçoso em minhas retinas Carece cuidado, clamando guarida, largado a esmo.

De viver humilde, são xucros na essência, mas de alma branca, Há tempos ensinam que honra e respeito é que forja o caráter E trançando a vida na simplicidade da rotina rude Tem dignidade para erguer a cabeça quando alcança um mate.

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Há tempos é assim: o certo é o certo e o resto não soma na tarca da vida... e cada escolha vai ter consequência! O pago é o mesmo, e quem dele vive, por certo que cuida, Plantado no chão, de qualquer rincão vai fazer querência!

Enfim.... a razão de não desistir e manter o tino, E encilhar o mouro, há tempos ganhando distâncias de campo! Mesmo que a “plata” por vezes não sobre pra tudo que quero O pouco que tenho ganhei com suor e pra mim vale tanto!

Uma prosa buena, um mate cevado, um resto de tarde... Há tempos que volto para um mesmo rancho num final de mundo. Mas sei o que dizem as vozes do campo e entendo o sentido De um viver humilde, mas com a certeza que lá tenho tudo!

Então, alma inteira, vou trançando a vida a cada manhã, Juntando os tentos que as loncas do ofício alcançam pra mim. Num fundo de campo, encilho cavalos e calço as esporas Despertando auroras, irmão das estradas, e há tempos é assim!

Me “gusta” o sorriso da mulher parceira quando chego às casas Que lá da janela, tal qual em moldura, me acena e sorri Então nessa hora, há tempos, eu quero é saltar dos arreios Ter lágrima aos olhos, abraçando ela e o meu guri!

Roberto Paines Nunes - Curitiba Cristiano Cesarino - Santana do Livramento

ROMANCE DO ANDARILHO COM A LUA Rafael Mota Altenburg

Declamador: Jair Silveira / Amadrinhador: Kayke Mello

Quem nunca viu Dom Altair Cruzando por estas estradas Farejando o pó das tropilhas Ou de tropas repontadas. Dom Altair de alma leve E de romances com a lua Deixando pra noite xirua Olhar preso na imagem do nada! Trazia visões no coração A devanear pelas madrugadas, Sabia segredos das estradas E os sabores da solidão... Criou no campo dos sonhos Miles de bois estrelados, E uma tropilha de gateados Pros arreios da imaginação.

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Mais pó, mais uma estrada... Mais um dia de caminhada... Sempre curto nas palavras Assobiava mais uma milonga E seguia seu rumo... sem rumo. Um trago, um naco de fumo Davam força e tenência, Pra quem nem pensava em chegar... Pois seu destino... era lugar nenhum! A noite caía aos poucos, E igual a outros loucos, Entre um trago e outro Juntava um eito de sonhos E botava na mesma mangueira, Pois sua imaginação da fronteira Peleava, e sem mover o braço, Afundava uma esquadra inteira.

O catre ao lado das cruzes Protegido por quem partiu, Quem sabe andarilhos iguais Que um compadecido enterrou, Sem saber porque o companheiro Foi e não se despediu... Ali... dois andarilhos Um vivo... Um morto Um iluminado pelo outro E livres iguais os potros, Donos da lua, da terra e do campo vazio. Silêncio... Ah! O silêncio... Quebrado apenas pelos grilos Que puxavam um estribilho, Pras coisas vindas do céu Espiar a lua com seu véu, E seu romance mais lindo. Outra vez aquele encanto Com tanta beleza e acalanto, Vindo de tantas estrelas E daquela lua “sorrindo”...


Naquela madrugada, descansou! Somou-se uma cruz ao lado da outra Descansou à beira da estrada Que foi a única morada Do loco, do andante, do Altair. Ali uma historia comum findou Ultimo véu de imaginação Ali se foi um andante, Uma lua viúva chorou...

Quedou-se na noite o acalanto Talvez prenunciando sua chegada A lua vestiu o véu da madrugada. Se foi milongueando só, No compasso do seu canto, De encontro com a tropa de estrelas - que sua mente criou Pois andavam meio dispersas Que nem sempre podia vê-las.

Fez da partida um ponto de chegada, Da sestiada, fez um lugar pra ficar, No seu ocaso a sua alegria, E o seu reencontro com a amada. Quem nunca teve rumo Naquela hora, tinha dois Só ele é que não entendia. Pra alma um céu inteiro E para a carcaça a sesmaria. Rafael Mota Altenburg - Pelotas Jair Silveira - Cachoeirinha Kayke Mello - Júlio de Castilhos

O DUELO DE DON BLANCO danilo kuhn

Declamadora: Silvana Giovanini / Amadrinhador: Danilo Kuhn

Rivais em um descampado, arma em punho, bem chairada, sede por honra lavada, coração descompassado... Vida e morte lado a lado, repartindo o mesmo elo. A sorte cinge, a martelo, esculpe com seu cinzel, une, sob o mesmo céu, os dois lados de um duelo.

Vagava entre as alcovas fugindo de seus pecados, como se fosse caçado por poemas, por palavras que eram de sua lavra, mas recusava a autoria. Se houvesse alguma alforria que lhe livrasse o açoite... mas Don Blanco era só noite sem esperança de dia.

Don Blanco ergueu sua pena feito uma lança de guerra demarcando sua terra, mas o sublime poema desviou-se do seu tema... A beleza é uma moça, não se conquista à força. A pena sangrava em vão, divagando em solidão, delirando em sua glosa.

Por que o homem se envereda nas trilhas do enfrentamento, jogando o destino ao vento enquanto a morte lhe enreda? A vida é lenço de seda a beijar o fio da adaga... Mas, quando o silêncio indaga, nasce o verso e a poesia, morre a força e a valentia aos pés de cada palavra.

Sopra o vento nas ruelas, vaza o pranto do sereno... Entre taças de veneno, um poeta, à luz de velas, se debate em quimeras. Lá estava Don Blanco e a última folha em branco a empeçar um duelo entre o vulgar e o belo, entre o silêncio e o espanto.

E a última folha em branco sustentava o olhar do poeta. Qual a passagem secreta? Como desvendar seu manto? O duelo de Don Blanco... Uma folha sobre a mesa... A poesia é uma deusa que só atende ao chamado de quem reza calado entre a luz e a mariposa.

Don Blanco, triste poeta, desfolhava a vida a esmo, enclausurado em si mesmo. Nestas vielas incertas mantinha sempre aberta uma porta à amargura. Escravo de suas agruras, quase não se distinguia a sombra que o envolvia de sua própria figura.

Danilo Kuhn - São Lourenço do Sul Silvana Giovanini - São Lourenço do Sul

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A ORAÇÃO DA GUITARRA Jurema Chaves

Declamador: Neiton Bittencourt Perufo / Amadrinhador: Jorge Araujo

O guitarreiro é uma lenda Que voa entre os acordes De seis tentos afinados! Quando a dor aperta o peito Ensimesmado, sem jeito, No olhar, o vidro quebrado Vazando gotas de mar Pelas ladeiras do rosto Sulcada pelos invernos Num mutismo que é só seu! A guitarra enternecida Mirando tristes silêncios Das mãos que lhe acariciam Sem notas para os acordes Sem as milongas noturnas Pra encantar a lua cheia Quando a saudade se apeia Aporreada e soturna! Fica num canto, a guitarra Guardando tristes arpejos Entre bordões machucados... E o guitarreiro, calado, Contempla sem entender A estranha razão de ser Esse sentir, esse apego... Só com ela se completa Pois sua alma é repleta De acordes e melodias! Com suas primas e bordões Que, chorando, desafina Precisa mesmo é cantar Sentir a alma nos dedos E revelar os segredos Que só ela sabe escutar! Só ela entende essas notas Essas paixões entardecidas Que fazem brotar pentagramas Em partituras de estrelas! Só a guitarra compreende O escrito das entrelinhas Pois sua alma adivinha Seus íntimos pensamentos E tem o atrevimento De expressar - melhor que ele Cada gota refletida No espelho de algum olhar!

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Guitarra, minha guitarra! Que força estranha nos une Que força tem o teu lume Que faz luz em meu caminho Que me traz vida! Chorando, recostada nos meus braços. Que força tem tuas notas, Que quando a saudade volta Tu já estás esperando Com uma nova melodia! A vida tem mais sentido Junto a ti, minha parceira! Que verseja, companheira, Sempre ali à minha espera Respeita o isolamento Que tantas vezes me invade... Tua alma de madeira Entende tanto de mim! Nas horas mais doloridas Num timbre imerso de adeus Teu colo que me acolheu! Sempre tive teu abraço Onde recolho pedaços Da minha alma ferida Busquei em ti a saída E a canção apareceu! Sempre que sinto as maneias Da saudade a me prender Busco em ti a liberdade Contigo posso ser livre Voar pra onde eu quiser! A força dessa magia Que nos une assim, tão forte! Num elo tão delicado Que sublima meus pecados E transcende além de nós Migrando pra o infinito Alcança as franjas do céu, Quando unimos nossas vozes!

Já não importa teu nome Se guitarra ou violão! És, de fato, um coração Que vibra junto do meu! Num místico entendimento Quando em meu colo se deita E a noite toda se enfeita Só pra te ouvir soluçar! Revivendo em cada nota Em cada acorde sonoro Às vezes choro por dentro Deixando o pranto cair Para brindar-te, guitarra, Quando me queres ouvir! A tua imagem retrata O muito das trajetórias Escritas com notas graves Na gravidade da dor... Tu me ensinaste a oração Que o guitarreiro soluça Quando se fecha a cortina E o palco fica vazio! Vivo e revivo encontrando As tuas notas mais tristes Pra um soneto buscar Para dar vida ao soluço Que embarga o nosso cantar! Teu braço, minha guitarra, É para mim um rosário Onde faço minhas preces Num canto de devoção. Tem amor e gratidão Em cada palavra solta Na rima que vai e volta Alcanço o céu todo dia É sedução, é magia! Sou liberto e escravizado Sou redenção e pecado Sou guitarra e poesia!

Jurema Chaves - São Leopoldo Neiton Bittencourt Perufo - Alegrete Jorge Araujo - São Leopoldo


A CHUVA DOS LIVRES

Paulo De Freitas Mendonça

Declamador: Paulo de Freitas Mendonça / Amadrinhador: Beto Caetano

O céu começa a nublar, cobrindo-se em nuvem densa. Nesta hora ninguém pensa, corre logo pro varal, arrisca a pressa na cerca, fere o arame farpado, fecha as janelas e as portas, volta o olhar para dentro. Muitos parecem solúveis, rudes portais da certeza.

Se solta o primeiro pingo numa explosão de sapiência. A vibração de euforia é sufocada por vozes de quem não olha pro ar e premedita o pior. É um pingo retangular que vem planando qual pluma, gerando uma expectativa, demorando pra chegar.

Idosos cobrem espelhos, guardam tesouras e oram. A gurizada ignora, quer contemplar o distinto, contudo, o redor se ofusca para o olhar de quem vê, Por isso, atende ordem seca da voz dura de quem sabe. E todos estão conscientes de que o tempo vai mudar.

Desce em bailado sublime que só em sonho se vê. Fascinando os olhares, dança sobre os que festejam e cai na mão do profeta, o mais antigo poeta, que o leva ao seu coração, olha, chora e o abraça. Há um magistral silêncio que nunca antes se fez.

A nuvem espessa avança, igual, porém diferente. Não é mesmo piroclástica, tampouco de temporal. É um bloco multicor que pinta tudo que encobre. Mesmo parecendo nobre, assusta os que não veem, desde os que não sabem bem até os donos da verdade.

Um verso de improviso ecoa sobre os silentes: Deus nos dá o Paraíso, nos ama e livres nos faz. Esta nuvem sobre nós é nada mais que Sua voz impressa a cada dia em todos santos rincões. Abramos os corações para uma chuva de livros.

Ninguém sente os eflúvios de algum prenúncio de chuva. E isto apavora mais racionalistas e céticos. Já se fala em fim do mundo, dilúvio ou mão de Deus. Muitos, de olhos fechados, rezam os seus preconceitos sem ter certeza de nada, mas cheios de afirmações.

Quem ergue as mãos para o céu recebe pingos de ouro, palavras eternizadas nos pergaminhos da vida, das mais celebres cabeças, das mentes mais criativas, dos mais distintos assuntos, dos mais variados estilos... Numa demonstração clara de que a vida é diversa.

A nuvem, em pouco tempo, envolve todo ambiente. Entra atrás do horizonte sem sair do nascedouro, como uma crosta esférica para encobrir o planeta. Nunca alguém havia visto algo tão fenomenal. A maioria não vê por temor e egoísmo.

Chovem poesia, romance, narrativa, prosa e conto e quem descrê fica tonto diante de tudo que vê. Logo chegam ditadores dando ordens de soltura porque a cultura, o saber e a luz do conhecimento derrubam qualquer cimento que constrói a ditadura.

Somente os equilibristas, poetas, bêbados, loucos, corajosos, sonhadores, troveiros e menestréis testemunham o fenômeno de matiz inigualável. Eles dançam pela rua, cantam, recitam e beijam... brindam com flores e choram, extravasando emoção.

Incrédulos vão às portas, abrem janelas, espiam, duvidam da sincronia que lhes entra na retina. Desprezam a sinfonia silenciosa em cada olhar. Apoiam aos ditadores pra que limpem o planeta com o rodo da inclemência, incinerando o saber.

Todos procuram imagens que o vento na nuvem faz. Isto aumenta o mistério, porque depois de avistadas nada ali se desfaz, podem mudar de lugar e voar, mas todos podem apreciá-las com olhos interiores e absorver o primor emanado em cada luz.

Sendo uma chuva de livros, o algoz se ajoelha em rogo. Ela é que apaga o fogo, que liberta os cativos. Possui canhões inventivos de raio e trovões de sonhos e horizontes risonhos de plena sabedoria, alagando a covardia do ilegítimo poder.

Ouve-se a voz de um sábio: há de chover sobre nós... Também, das casas fechadas, muitas vozes de horror. Há quem prefere morrer, quem desmaia de temor... E uns poucos loucos cantando, vendo amor em cada cor, ignorando a censura dos profetas do pavor...

Este poder só do ter, sem ser e sem conhecer. Do vencer só por vencer, tendo por fim dominar. O poder da arrogância que domina a ignorância, mas teme entrar no recinto do saber, um labirinto, que não pode reprimir, deter, tampouco subjugar.

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Há uma guerra de palavras: as duras da ditadura contra as da literatura - sublimes, suaves imagens, revestidas de mensagens dos mestres da arte pura. As primeiras, imponentes, investem falso poder. As segundas, sugestivas, emolduram o saber.

E, quanto mais livro chove, mais livro aqui se produz porque o saber que reluz faz com que em si se renove. Logo vai se aprendendo com vates, sábios e loucos a cada linha relida, que a dúvida move a vida e que a única certeza é que se sabe tão pouco.

As letras da inteligência são lidas em vozes altas, sufocando as maulas ordens, os gritos da intolerância. Os olhos da ignorância conduzem suas mãos aos livros e as palavras vão criando conceitos de liberdade na divina mutação do vapor, chuva, água e vida.

Paulo de Freitas Mendonça - São Pedro do Sul Beto Caetano - Unistalda

AGUACEIRO Marcelo Dávila

Declamadora: Silvana Andrade / Amadrinhadores: Jadir Oliveira Filho e Dhouglas Umabel

O vento assobia, em acordes de valsa, Canções tão antigas que o tempo nem lembra – Abraça as macegas, sacode e embala, Na volta dos ranchos, com rumo à fazenda.

Virou aguaceiro o que era chuvisco! A sanga do fundo cresceu, não dá vau! A pampa se acende à luz dos coriscos Que riscam o céu em carreira brutal!

No seu sarandeio traz pingos de chuva Quais lágrimas frias regando a querência – O céu escurece, parece que enluta A tarde que chega com nuvens imensas.

A noite se enche de fúria e de som Com nuvens pesadas que rugem estrondos; No teto de zinco do antigo galpão Retumba a tormenta sonidos de bombos.

A terra exaurida abre a boca, com sede, Pois traz cicatrizes dos meses de estio; Aos poucos, se extingue a agonia do verde Que tinha desejos de chuva ou de rio.

Lá dentro, aquecida, a peonada se assanha Mateando na volta do fogo-de-chão. Misturam o amargo com goles de canha E contam histórias de assombração:

Um cusco se achega bem junto das casas Buscando refúgio nos pátios cobertos E aninha-se ali, num entrevero de patas Fingindo que dorme, de olhos abertos.

O avô de um lindeiro era lobisomem! A tia, uma bruxa, fazia quebrantos! E ao pé de um angico, em noites insones, Surgia uma prenda vestida de branco!

Ao longe, se escuta a orquestra dos bichos Enquanto na várzea renasce o banhado: Tenor Cururu, com jeito e capricho, É o grande solista no coro dos sapos.

A chuva se amansa, já é madrugada; Recolhem-se todos no abrigo dos catres. Lá fora, um cheiro de terra molhada Vem dar boas-vindas ao dia que nasce.

Um velho tajã entoa seu canto Levando consigo os vestígios da tarde E um salso que havia secado seu pranto Voltou a chorar, talvez de saudade.

Nas frinchas das nuvens um sol se insinua Talvez sonolento, com tímida calma; O bruto aguaceiro mostrou suas puas Lavando a campanha, os ranchos - e a alma!

Marcelo Dávila - Santana do Livramento Silvana Andrade - Portão Jadir Oliveira Filho - Portão / Dhouglas Umabel - Porto Alegre

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No Meio de um Mate e Outro José Luiz Flores Moró

Declamador: Vitor Lopes Ribeiro / Amadrinhadores: William Andrade e Charlise Bandeira

No meio de um mate e outro Remonto as sobras de mim Que se perderam a lo largo Quando a vida me quedou Em três pontos de reticências No agouro triste de um fim! Sorvo na espuma do mate As corredeiras de sangas Com caroços de pitangas Que o vento afogou no leito... Nelas banho alguns pecados Que a louca história da vida Teceu em noites compridas De porres maulas, bisonhos... Por isso, nessas tragadas, Bebo águas quentes, jujadas, Que também lavam meus sonhos! Quando engulo a seiva verde, Replanto dentro de mim O antigo piazito maleva Que caçava passarinhos Nas arapucas da estância E de inocente inconstância, Nos laços largos de piola, Prendia em mesma gaiola Todos os conflitos da infância! A erva, quando virada, Encobre campos desertos De searas ressequidas Que não germinam sementes Nem podem se recriar... Na alma carbonizada De coivaras, devastada, Replanto as safras de um nada Que nunca pude guardar! No meio de um mate e outro Componho mil melodias Que um velho violão seis cordas Tenta impor aos meus sentidos Com prelúdios gauchescos Que hoje não existem mais... Assim trago para o meu canto Toda a sonata e o encanto Do canto dos ancestrais!

O mate verde espumado Cavalga patas e rumos De um bagual xucro e aporreado Que nas domas do passado Me equilibrava no lombo E que, nas ancas delgadas, Pelo rude das jornadas, Ensinou-me a lei dos tombos! Quando a erva, então, se esbruga Mostra o retrato da alma Caindo no precipício De um poço que não tem fundo, Numa avalanche de erros Que fazem o meu próprio enterro Nas covas rasas do mundo! Nesse mate, quando encilho, Renovo os rumos dos sonhos E coloco no presente Aquilo que antigamente Era melhor que o agora E monto, no lombo da fantasia, Os arreios de uma utopia Que se perdeu campo afora! No meio de um mate e outro Sou mera reminiscência De um pago quase apagado Pelos confins da memória E que se avulta em minha mente... No mate velho e lavado, Sinto que as mãos do passado Vem afagar meu presente! Na cuia eu agarro as curvas De quem tive em meus pelegos E, por descuido e imprudência, Desamor ou incompetência, Deixei que ganhasse o mundo... No esbrugo que cai da taipa Pro assolamento da água, Sorvo um rio seco de mágoas Que o bojo guardou no fundo!

Na bomba quente e domada Remexo dores e abismos Que a vida marcou a ferros No lombo de minha alma... Assim, como um mate azedo, Sinto o amargor dos segredos Que me legaram alguns traumas! No bocal quente da bomba Exorcizo meus infernos E alguns diabos malfeitores Que habitam meus infinitos E estancam pelos confins Dos rios de dentro de mim, Todo o furor dos meus gritos! No campo verde da erva Rebusco alguns peleadores Que lutam constantemente Nos aléns dos meus mistérios, Fazendo o taura gaudério Um soldado ou um general... Pra cada gole do mate Há um distinto combate Em que o bem luta com o mal! No espaço entre as tragadas Engulo a voz de silêncio No olhar que busca horizontes Pelas lonjuras do pampa E o mar bravo que se estampa Nas ondas verdes da erva Faz marés e ressacadas Nas praias das madrugadas Que a minha aurora conserva! Por isso entre um mate e outro Sigo bebendo manhãs E entre verdes picumãs Eu sorvo as sobras de mim, Descobrindo que as reticências, Embora a mesma aparência, São pedaços da querência Em três pontos que não têm fim!

José Luiz Flores Moró - Farroupilha Vitor Lopes Ribeiro - Rio Grande William Andrade - Passo Fundo / Charlise Bandeira - Rio Grande

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APELO

José Luiz dos Santos

Declamador: Nairo Coutinho / Amadrinhador: Henrique Arboitte Torrel de Bail

O Tempo, Senhor da Vida, fala e não manda recado; traz um segredo guardado, que tem chegada e saída. Um taura enxerga na lida o campo, seu universo, Ao deslumbre do progresso, comete algum desatino, esquece que o próprio ensino, mostra o amargo regresso.

A ganância e o poder tomaram conta da mente; na mostra que nossa gente, perdeu a noção do “ser”. Depois da porta romper, de nada serve a aldraba. Parece que o mundo acaba em raios e furacões, co’a intrepidez dos vulcões, sob a fúria que desaba.

O Tempo cobra seu preço, a natureza se vinga; num peito que choraminga, um mundo sem adereço. Para um novo recomeço, é preciso ter tutano; dar valor ao ser humano, respeitar quem não tem voz; e o que Deus deixou pra nós, em nosso viver profano.

As veias dilaceradas, do rio que morre, silente; como um lamento, dolente, sem o brilho das aguadas. Sob o fogo das queimadas, as matas vão fenecendo. Os homens vão se perdendo, mergulhados no orgulho, sem escutar o barulho, da natureza morrendo.

Na raia da intolerância, vem o teste nuclear, as geleiras, desabar num rugido em ressonância. O “Poder” não sente a ânsia do mundo andando pra trás; e aquele que o estrago faz, consciente de tudo zomba, fazendo explodir a bomba que mata, em nome da paz.

Não quero que este meu canto se transforme em utopia; mas que seja poesia, num sopro, como acalanto. No apelo que levanto, há de findar os horrores, para buscar os valores que estão adormecidos. Na consciência dos sentidos, vão rebrotar os amores.

O ar tisnado de breu, de picumã e fumaça; feitio de névoa, que enlaça tudo aquilo que perdeu. A fauna que pereceu pra vida não volta mais. Quem não escuta os sinais só diz que o tempo está louco, em verdade, entende pouco a lição dos ancestrais.

A mão do desmatamento é a mesma que embala o berço; de que vale rezar “terço”, se não há convencimento? O que vem no pensamento num tempo “que range os dentes” são ações inconsequentes mostrando triste pesar: que herança vamos deixar para nossos descendentes? José Luiz dos Santos - Santa Maria Nairo Coutinho - Santa Maria Henrique Arboitte Torrel de Bail - São Pedro do Sul

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O DONO DE MIM

Carlos Omar Villela Gomes e Bianca Bergmam

Declamadora: Liliana Cardoso Duarte / Amadrinhador: Geraldo Trindade

Partiu... Se foi embora ao romper da madrugada, Não levou as malas, nem se despediu. Só deixou pra trás dois ou três pertences, Um sonhar ausente, um lugar vazio. Por legado na sala deixou um retrato antigo. Sobre a cristaleira duas chaves velhas Que não sei ao certo nem por que existem?! Não servem pra nada nessas horas mortas! Não falam, não andam, não consolam, Não guardam memórias e não abrem portas. Deixou um cusco com olhar perdido A mirar a porta esperando o dono. Perdeu-se o dono por esses caminhos, Mas ao pobre cusco não cabe entender, Porque nessa noite quando a morte veio, Não sentiu seu cheiro, ou não quis saber?! Mas levou o dono... O dono do cusco, o dono da casa, O dono da vida, o dono de mim. Eu, que tudo sabia sobre seu passado, Que tudo sabia sobre seu presente, Hoje me dou conta que não sei de nada.

Se foi a mãe, se foi o pai, se ia a vida... Se foram todos andejando novos trilhos; Mas quando o tempo, revelando as suas garras, Levou a amada e depois levou os filhos, Suas histórias se tornaram mais amargas, Pois navegava pelo mar dos esquecidos. O que fazia Deus no céu que não olhava E não lembrava que ele ainda estava aqui? Eternidade era ambição de tantos tolos, Ele era sábio, só queria enfim partir... Eu não queria que meu dono fosse embora, Pois ele era a razão de eu existir... Então não sei o que será de mim agora, A sombra inerte de um olhar que nunca chora, Qual um fantasma, renegando meu porvir. Quem abre a porta velha é o vento, Não são minhas mãos... Quem tange a guitarra é o vento, Não são minhas mãos... Meu dono foi embora com o vento, Sem minhas mãos... Eu volto para mim e me dou conta... Não tenho mãos!

Pois sempre fui tudo aquilo que ele era. Eu sempre fui tudo aquilo que ele quis que eu fosse. Eu segui seus dias e seus pensamentos, Feito quem se torna rastreador de sonhos, Andejando estradas que não foram suas, Só pra ter o gosto do que não é seu.

Nem mãos cheias, nem mãos vazias, Nem mãos limpas, nem mãos sujas... Não tenho mãos! Então por que essa sensação de mãos atadas No canto mais escuro da gaveta Enquanto o tempo vai virando as ampulhetas, Assoviando um tom menor de solidão?

Mas me agradava ser assim, confesso. Eu gostava tanto de seguir seus passos, De saber histórias, registrar memórias Pra depois lembrá-las pelas solidões.

Eu não consigo alimentar o cusco Eu não consigo segurar as chaves Talvez com elas abriria as portas Que me trariam sua humanidade.

Eu respirava seus sorrisos de alegria E eu chorava feito ele toda vez Que me contava dos amores que partiam, Deixando ausências e saudades outra vez.

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Agora entendo suas angústias tantas, Agora entendo seus desejos todos Porque aqui na escuridão eterna, Me sinto apenas só mais um dos tolos. Cheio de sonhos... calados... Pleno de estrelas...caídas... Cheio de planos...sem vida Pleno de rumos...sem fim. Órfão de um pai esquecido, Sem missa, sem inventário, Sem mais histórias, enfim...

No fundo desta gaveta, Meu destino, meu calvário... Só mais um velho diário, Já sem o dono de mim!

Carlos Omar V. Gomes - São Vicente do Sul / Bianca Bergmam - Cachoeira do Sul Liliana Cardoso Duarte - Porto Alegre Geraldo Trindade - Porto Alegre

TUDO o QUE HAVIA DE BUENO Rodrigo Bauer

Declamador: Pedro Júnior Lemos da Fontoura / Amadrinhador: Henrique Scholz

Um homem vai pela estrada; um outro dorme na mira... De seu, há apenas o nada, pois isso ninguém lhe tira! Um tiro fura o silêncio, um homem cai do cavalo... O outro prova a incerteza que nunca irá abandoná-lo! Um calafrio, uma angústia feita de culpa e aridez; talvez normais para o homem que mata a primeira vez! Ninguém estava por perto, só a terra por testemunha e a pólvora arrinconada embaixo de suas unhas... Mas algo havia mudado e, embora a ausência de provas, dali por diante seria um morto fora da cova! O ódio havia invadido a sua alma tapera; e quem empresta a morada a ele, não recupera! Depois que usa o sujeito e sai da porta pra fora, tudo o que havia de bueno, o ódio carrega embora! Malgrado alguma suspeita, livrou-se inteiro, afinal... Mas, para alguns, a consciência é o seu maior tribunal! E, assim, no fundo dos campos, foi andejar por aí; liberto da lei dos homens, mas prisioneiro de si! Pudesse voltar no tempo, jamais faria outra vez... Por mais que ele merecesse, não justifica o que fez! Quem age durante a ira, se perde em meio à cegueira e, num segundo impensado, estraga uma vida inteira!

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Avaliou entregar-se, mas viu seu mundo pequeno; Pois, livre ou preso, perdera tudo o que havia de bueno! Então soltou-se no mundo, tentando ver se apagava a marca que, em sua alma, cada vez mais aumentava... O rosto do desafeto vivia em seus devaneios... Em sonho, pelas picadas, quando atacava um rodeio! A bala ia e voltava, havia sangue nas mãos... Ninguém aguenta um remorso batendo no coração! Enquanto cevava o mate, quando encilhava o seu flete, a cena se repetia, e hoje só não se repete porque numa tarde morna, dessas que o pampa suspira, acharam ele enforcado num galho de guajuvira... No rosto, a morte estampada cobrando o preço da ira... De seu, há apenas o nada, pois isso ninguém lhe tira!

Rodrigo Bauer - São Borja Pedro Júnior Lemos da Fontoura - Bento Gonçalves Henrique Scholz - Campo Bom


COMISSÃO AVALIADORA ROMEU WEBER Natural de Venâncio Aires e radicado em Osório desde 1982, é um dos declamadores mais premiados do Estado. Vencedor de vários rodeios, dentre eles tricampeão do Rodeio Internacional da Vacaria. Melhor intérprete de diversos festivais de poesias, destacando-se o Bivaque da Poesia (Campo Bom), o qual venceu quatro vezes, e o 3º Esteio da Poesia Gaúcha. É um dos idealizadores da Sesmaria da Poesia e Sesmaria Estudantil, de Osório. Pelo seu trabalho, foi homenageado pelo Grupo de Arte Nativas Ilha Xucra, de Florianópolis. Recebeu em 2008 o título de Cidadão Osoriense. Em 2010, foi considerado o “Declamador da Década” em pesquisa realizada pelo Blog do Léo Ribeiro de Souza e, em 2017, recebeu o prêmio Vitor Mateus Teixeira de Melhor Declamador do Ano, concedido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

JOSETI GOMES Natural de Porto Alegre, reside em Gravataí desde 1987. Poeta e declamadora, integra a Estância da Poesia Crioula. Possui trabalhos editados em antologias poéticas e participação em vários festivais de poesia gaúcha dentro e fora do estado. Das premiações, destaca-se como campeã da Sesmaria da Poesia (Osório), Querência da Poesia (Caxias do Sul) e Tertúlia Maçônica (Porto Alegre). Recebeu em 2015 o Troféu “Antônio Augusto Ferreira” como Poeta Destaque do Ano, uma promoção do Blog do Léo Ribeiro de Souza, e o troféu “Destaques dos Festivais”, como poeta com mais vitórias, promoção do blog do Jairo Reis e blog Ronda dos Festivais. Integra a equipe técnica de manifestações individuais do MTG. Em 2017 lançou Três Rosas e um Cabaré, seu primeiro livro de poemas.

MOISÉS SILVEIRA DE MENEZES Graduado em Letras Português/Espanhol, é um dos poetas de maior destaque no Rio Grande do Sul. Morador de São Pedro do Sul, já lançou livros como Tapera da Ilusão, É Fogo: Causos dos Bombeiros (em parceria com Gilberto Kröeff), Imagens do Sul e Margens do Nilo às Barrancas do Uruguai: uma Viagem Pela Geografia dos Versos, ensaio histórico poético lançado em 1998 e reeditado em 2006. Em 2011, editou Tupan Cy-Retan: Face Missioneira, ensaio histórico enfocando a cidade de Tupanciretã; em 2012, publicou Tupanciretã Tempo de (in)Confidência; e em 2015, lançou Peregrinas Inquietudes (poesia comentada). Integra o Grupo 15 Renascidos, que edita a revista Caosótica. Está trabalhando na edição de cinco livros diferentes e de um CD de composições suas, interpretadas por diferentes nomes da música gaúcha.

APRESENTADOR ODILON RAMOS Radialista com 50 anos de experiência, é jornalista, poeta, declamador, cantor, apresentador de TV e apresentador de eventos. Tem 14 álbuns gravados, entre LPs e CDs, como intérprete musical e declamador. Publicou cinco livros de poesias, sendo o mais recente Das Estações e da Vida. Já conquistou, entre outros prêmios, o Troféu Vitor Mateus Teixeira, da Assembleia Legislativa, como “Declamador do Ano” em 2009. Patrulhense, recebeu os títulos de Cidadão Honorário de Porto Alegre e Cidadão Honorífico de Santo Antônio da Patrulha. O programa Campo Afora, produção radiofônica de sua iniciativa, já alcança mais de 85 emissoras do Rio Grande ao Mato Grosso do Sul, levando a cultura gaúcha a todo o Brasil.

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