Pesquisando o PROEJA através do Ensino de Ciências da Natureza

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Pesquisando o PROEJA através do ensino de ciências da natureza

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A professora sentiu necessidade de ler com os estudantes um texto recomendado como material de orientação do estudo. Além da leitura, os estudantes precisariam produzir uma resenha (Passo 2 do módulo Estudos de Caso) e, por isso, era fundamental que entendessem bem o que iriam ler. Nesse momento, ela percebeu que a maior parte dos estudantes apresentavam dificuldades de ler. Quando a professora interrompia a leitura de um texto e solicitava que os estudantes a prosseguissem, alguns estudantes negavam-se a fazê-la. Sem mostrar descontentamento ela passava imediatamente a outro e, assim, depois de muito esforço, chegava-se ao final da leitura. Essa ocorrência nos mostrou que era preciso replanejar as ações na aula. Seria preciso fazer uma primeira leitura de todos os materiais disponibilizados no Kit Pedagógico, solicitar uma segunda em grupo por parte dos estudantes, repetindo o processo e levando cada estudante a ler um trecho do texto. Nos meandros da aula, cada professor passou a acompanhar de perto os estudantes, especialmente, os que apresentavam maior dificuldade. Sentava-se junto a eles e explicava-lhes a leitura várias vezes. Era preciso assumir que os estudantes tinham dificuldades de ler textos de cunho científico, pois diversas palavras não faziam parte dos seus vocabulários. A pontuação era ignorada, comprometendo a interpretação. Por isso, os estudantes chegavam ao final da leitura sem entender o que tinha lido. No sentido de ampliar o tempo e o efeito da leitura em conjunto, indicou-se o trabalho de pesquisa na Biblioteca do IFF como complementar das atividades de laboratório nos próprios horários das aulas. No segundo Caso sobre nanotecnologias, o material principal de leitura a ser resenhado (TOMA, 2007) foi um texto com 21 páginas, rico em imagens e informações sobre temas atuais. Ao mesmo tempo que despertava interesse, era muito mais difícil de ser lido e compreendido. O próximo passo era nos conscientizarmos, como professores pesquisadores, que não adiantaria passar por cima das dificuldades de leitura. A solução foi ampliar o escopo do estudo, enriquecê-lo com práticas no laboratório e ações no EVA, simultaneamente, pois era impossível prosseguir se os estudantes não soubessem decodificar as informações necessárias. Na interação on-line individual com os estudantes Estudo de Caso, os professores passaram a orientar a elaboração das resenhas. Devolviam-nas corrigidas e sugeriam modificações, ao invés de simplesmente considerá-las erradas. Como havia uma ação de ensino compartilhada por três professores e por mim, os estudantes tinham a liberdade de dirigirem-se no presencial, ao professor com quem se sentissem mais à vontade. Qual não foi minha surpresa quando MT veio dizer que gostaria de conversar comigo! Sabia que ele trabalhava na limpeza urbana de sua cidade e tinha dificuldades de embarcar no ônibus da Prefeitura no horário certo a fim de estar na escola para as aulas do turno da noite. Ele me disse que estava gostando do Espaço Virtual de Aprendizagem e me perguntou se suas notas seriam prejudicadas pelo fato de não poder estar sempre presente às aulas. Sorriu quando eu lhe respondi perguntando o que ele achava que estava aprendendo.


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