Revista Esquinas - nº 42 - O tamanho da encrenca - Faculdade Cásper Líbero

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municipio localizado a 35 quilômetros do centro da capital. Sob responsabilidade da Essencis, empresa que atualmente presta serviços à Loga, o aterro de Caieiras recebe 7 mil toneladas de lixo por dia. A previsão é a de que continue funcionando até 2040. RECICLAGEM POTENCIAL Um problema semelhante ao do aterro Bandeirantes ocorre com o São João, localizado em São Mateus, na zona leste da cidade. Ele é administrado pela concessionária Ecourbis Ambiental S.A, que realiza a coleta de resíduos domésticos desde outubro de 2004. Com 850 mil metros quadrados e capacidade para armazenar 30 milhões de toneladas de resíduos, o aterro São João está desativado em decorrência do deslizamento das pilhas de lixo desde agosto deste ano, quando passou a enviar as 5.500 toneladas de lixo doméstico que recebia todos os dias para o Centro de Tratamento de Resíduos (CDR) Pedreira, da empresa Estre e com previsão de funcionamento para até 2015.

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ESQUINAS 2º SEMESTRE 2007

DIVULgAçãO

O gás resultante da decomposição do lixo pode ser utilizado para a geração de energia elétrica. Nos aterros Bandeirantes e São João, a produção de 20 megawatts por ano é suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes

“Poderíamos pensar, hoje, em fazer a distribuição de aproximadamente 10% dos resíduos coletados, pois 90% poderia ser reciclado”, explica Calderoni. “Isso faria com que um aterro que dura dez anos durasse um século.” A Limpurb estima que, das 15 mil toneladas de lixo produzidas todos os dias na cidade de São Paulo, 40% são embalagens de plástico, papel, latas e vidros que poderiam ser reciclados, mas tomam o mesmo destino do lixo orgânico. Para Ângelo Consoni, pesquisador do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), “no Brasil as tecnologias existentes [como reciclagem e compostagem] não são aplicadas. Se fossem, não haveria aterros.” O município de São Paulo tem potencial de recicláveis a ser explorado. Segundo Calderoni, os materiais reciclados representam apenas 30% de uma economia possível. A Prefeitura não participa desse processo, pois a maior parte do lixo reciclado na cidade vem dos catadores de lixo.

Eles vendem tudo o que arrecadam às empresas que reciclam esses materiais — já descobriram que o processo de reciclagem pode ser um negócio rentável. “Em um município de 200 mil habitantes, são gastos oito milhões de reais anualmente por parte da prefeitura, com transporte e disposição final do lixo. Em vez disso, o município pode fazer uma receita de 15 milhões de reais com a reciclagem”, estima Calderoni. Essa soma seria obtida através das parcerias público -privadas, nas quais uma empresa atuaria junto com a prefeitura na instalação de centrais de reciclagem. De acordo com Calderoni, “um projeto típico de central de reciclagem de resíduos significaria zero de investimento para a prefeitura.” Segundo ele, “o gasto seria, basicamente, com o terreno que existe no patrimônio municipal”. O restante dos investimentos seria feito pelo setor privado. “Mas ela [a prefeitura] não tem atuado, muitas vezes, por inércia. Ou porque tem


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