JESUS nosso destino

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Copyright © 2007, Editora Evangélica Esperança Wilhelm Busch Jesus nosso destino Título do original em alemão: “Jesus unser Schicksal” Copyright © Aussaat Verlag GmbH, Neukirchen-Vluyn. Coordenação editorial Walter Feckinghaus Tradução Arthur H. Stahlke Revisão Dilmar Devantier João e Edna Guimarães Josiane Zanon Moreschi Estilo de texto Lindolfo Weingaertner Capa Adilson Proc Editoração eletrônica Pagina Nova Editorial

Busch, Wilhelm Jesus, nosso destino / Wilhelm Busch ; [tradução Arthur H. Stahlke]. -- Curitiba : Editora Evangélica Esperança, 2007. Título original: Jesus unser Schicksal. Bibliografia.

ISBN 978-85-86249-92-1

1. Cristianismo 2. Evangelização 3. Jesus Cristo - Pessoa e missão I. Título. 07-0585

CDD-232

Editora Evangélica Esperança Rua Aviador Vicente Wolski, 353 82510-420 Curitiba - PR Fone: (041) 3022-3390 Fax: (041) 3256-3662 e-mail: eee@esperanca-editora.com.br www.esperanca-editora.com.br É proibida a reprodução total ou parcial sem permissão escrita dos editores


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Sumário Prefácio

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Deus sim, mas para que Jesus? Jesus Jesus Jesus Jesus Jesus

é é é é é

a o o o o

revelação de Deus amor salvífico de Deus único que dá conta do maior problema de nossa vida Bom Pastor Príncipe da vida

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Para que vivo?

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Não tenho tempo!

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Atenção! Perigo de vida!

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O que fazer, então?

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As respostas superficiais e precipitadas Quem pode dar a resposta? A resposta de Deus à mais importante de todas as perguntas

Uma constatação surpreendente Um fato maravilhoso O tema verdadeiro A história de alguém que não tinha tempo A história da pessoa que tem tempo

A gravidade da situação A salvação Da morte para a vida

Acabe com sua incredulidade desgastada! Desfaça-se de sua incrível vontade de justiça própria Dê o passo decisivo Rompa com pecados claramente reconhecidos! Fale com Deus! Leia a Bíblia Coloque-se sob a orientação da Palavra de Deus!

Por que Deus silencia?

Um questionamento basicamente errado O silêncio de Deus é o seu juízo A longa distância impede o ouvir Devemos ouvir a última Palavra de Deus! O silêncio de Deus pode transformar-se em chamada

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6 Nosso direito ao amor!

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É possível falar com Deus?

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Como enfrentar a vida, sendo incapazes de crer?

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Como enfrentar a vida, quando culpa e omissão nos acompanham constantemente?

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Como enfrentar a vida quando os outros nos irritam?

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Tudo tem que mudar – mas como?

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Sem mim! — Comigo não!

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Existe certeza em assuntos religiosos?

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Cristianismo: um assunto particular?

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Quando é que o mundo vai acabar?

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Afinal, que proveito se tem de uma vida com Deus?

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A grande dificuldade Em que consiste o problema O que Deus diz? Como superar o problema O mundo tem fome de amor “ágape” O amor ao qual não temos direito

Podemos, sim, falar com Deus! Mas é preciso saber como falar com ele Como aprender a orar

Sem fé não há jeito Tudo depende da fé certa Pessoas que não conseguem crer... Que fazer, quando não podemos crer?

E eu preciso disso? Onde existe algo assim? Como chegar lá?

O mundo em que vivemos Palavras bonitas não adiantam Deus intervém!

A coisa não está como deveria ser Tudo pode mudar De uma maneira ou de outra Leve Jesus a sério!

Nós não dizemos essa expressão quando deveríamos dizer Nós dizemos essa expressão, quando não a deveríamos dizer Existe alguém que teria motivo para dizer “Comigo não!”, mas não o diz “Sem mim nada podeis fazer”

Em relação a Deus, preferimos uma incerteza inaudita A Bíblia fala de certeza radiante Você tem a certeza? Como se chega a essa certeza?

A condição cristã tem um lado muito particular A vida cristã é assunto público

Jesus voltará O que precede a volta de Jesus O que vem depois da volta de Jesus Ou... ou!

Uma vida com Deus não é ilusão! Como se chega a uma vida com Deus? Que proveito, afinal, temos de uma vida com Deus?

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Prefácio

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emos a alegria de colocar em suas mãos um livro ‘apaixonado’ por Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus. As mensagens aqui reunidas foram proferidas em uma das muitas campanhas evangelísticas que o pastor Wilhelm Busch realizou na Alemanha, principalmente com os jovens. Ele aborda o evangelho de Jesus Cristo de maneira incansável, enfocando-o a partir de ângulos diversos. Sua linguagem é real, forte, moldada pela inserção em um mundo deveras conturbado. O pastor Wilhelm Busch foi soldado na Primeira Guerra Mundial, e tendo sofrido e presenciado os horrores da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, já como pastor. Em meio ao fragor da batalha, ele experimentou o encontro pessoal com Jesus. As décadas de seu trabalho pastoral e convívio entre milhares de jovens foram marcadas pela carestia da depressão econômica, instabilidade política, emergência e opressão do nazismo, crueldade da Segunda Guerra Mundial e reconstrução da Alemanha devastada. Justamente por conhecer em profundidade as aflições humanas, o pastor Busch sabe comunicar o evangelho de maneira existencial. Ele anuncia “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14.6). Qual bússola em meio à escuridão e tempestades, Jesus norteia os cansados e


8 sobrecarregados, conduzindo-os a Deus, o Pai. Jesus, apenas Jesus, viver Jesus, pregar sobre Jesus, tem sido o motivo da vida do pastor Busch. Desejo que este livro, em sua singeleza, o ajude, prezado leitor, a firmar-se em Jesus. Nossas aflições são distintas, mas necessitamos orientar-nos no mesmo Senhor e Salvador. Ele permanece o mesmo “ontem, hoje... e ... para sempre” (Hb 13.8). Que Deus o abençoe na leitura! Martin Weingaertner


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inta o dilema de um pastor com a minha idade, que trabalhou durante toda a vida em uma grande cidade industrial, e continua a escutar as célebres frases: “Caim e Abel eram irmãos, filhos únicos de Adão e Eva. Caim matou Abel. Então, de onde veio a mulher de Caim?”. Outra das afirmações freqüentes que escuto é: “Pastor, o senhor fala muito a respeito de Jesus, de ir à igreja. Isso é um verdadeiro fanatismo. Afinal, tanto faz que tipo de religião nós temos. O essencial é venerar o Superior, o Invisível”. São afirmações e perguntas contundentes não é mesmo? A mesma coisa disse o meu conterrâneo Goethe (ele também, como eu, é de Frankfurt - Alemanha): “Sentimento é tudo. Nome é som e fumaça... Alá, Buda, Destino ou Ser Superior, que diferença faz? O principal é ter fé. Seria fanatismo querer precisá-la”. E cá entre nós, não é isso mesmo o que pensa também grande parte dos seres humanos? Ainda vejo diante de mim a simpática senhora que me declarou: “Pastor, lá vem o senhor com a sua conversa a respeito de que é preciso ter fé em Jesus! Não foi o próprio Jesus que disse: ‘Na casa de meu Pai há muitas moradas’?. Lá há lugar para todos, pastor, não precisamos nos preocupar!”. Meu amigo, isso é uma grande mentira! Quem pensa deste modo, pensa errado.


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Certa vez, eu estava no aeroporto “Tempelhof”, em Berlim. Antes de embarcar, tivemos que passar mais uma vez pelo controle de passaportes. Diante de mim estava um senhor alto, ainda lembro bem a sua estatura impressionante. Era um daqueles homens de “dois andares”, que carregava seus agasalhos de viagem debaixo do braço. Ele estendeu apressadamente seu passaporte ao funcionário. “Um momento!, seu passaporte está vencido”, disse o funcionário. “Ora, não seja tão mesquinho. O que importa é que eu tenha um passaporte”, replicou o gigante. “Não”, declarou firme e categoricamente o funcionário, “o que importa é que o senhor precisa ter um passaporte válido!”. É exatamente isso o que se dá com a fé: não basta apenas que eu tenha fé, que eu tenha uma fé qualquer. Todos têm algum tipo de fé. Outro dia alguém me disse: “Eu creio que se pode fazer um excelente churrasco com um quilo de carne de vaca”. Isso também é fé, embora uma fé anêmica, entendam bem! Não basta que você tenha qualquer fé, o que importa é que tenha a fé correta; uma fé com a qual se possa viver, mesmo quando as coisas ficam desesperadoras; uma fé que continue a dar firmeza nas grandes tentações; uma fé com a qual podemos morrer. Crer que Jesus nos espera quando passarmos pela morte é a maior certeza da autenticidade de nossa fé! Há apenas uma fé verdadeira, com a qual se pode viver direito e morrer direito: é a fé no Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Jesus mesmo disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas”. Mas só há uma porta para essas moradas de Deus: Jesus. Ele diz: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo”. Jesus é a porta! Sei muito bem que as pessoas não querem ouvir isso. A respeito de Deus pode-se debater durante horas seguidas. Um imagina Deus de um modo, e outro, de outro


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modo. Mas Jesus não é objeto de debate. E eu afirmo a você: só a fé em Jesus, o Filho de Deus, é a fé que salva e redime, fé com a qual se pode viver e morrer! Muitos acham essa fé ridícula. Quero ilustrar isso com o relato de um acontecimento. Há dois anos, passava pela cidade de Essen, e vi dois homens parados em uma calçada, que me olhavam intrigados. Quando passei ao lado deles, um me cumprimentou: “Boa tarde, ‘seu’ pastor!”. “Você me conhece?”, perguntei. Ele riu e disse ao companheiro: “Este é o pastor Busch, um bom sujeito!”. “Obrigado”, disse eu. Então, ele acrescentou: “Só que, infelizmente, ele tem um parafuso solto”. Reagi indignado: “O quê? Um parafuso solto?!”. “Realmente, o pastor é um bom sujeito”, repetiu ele, “mas ele vive falando de Jesus!”. “Homem”, exclamei eu, contente, “isso não é ter um parafuso solto. Daqui a cem anos o senhor estará na eternidade. Então tudo dependerá do fato de ter conhecido a Jesus. A fé nele decide se o senhor estará no inferno ou no céu. Por favor, responda: o senhor conhece Jesus?”. “Eu não disse?”, voltou-se ele, rindo para o outro: “o parafuso já está começando a soltar outra vez!”. Pois agora quero voltar ao mesmo assunto! Há uma palavra na Bíblia que gostaria de citar sempre: “Quem tem o Filho de Deus, tem a vida”. No ensino religioso você aprendeu sobre Jesus, mas você não o tem. “Quem tem o Filho de Deus” – escute bem: “tem”! – “este tem a vida” é para aqui e para a eternidade! “Aquele que não tem o Filho de Deus, não tem a vida.” É isso que diz a Palavra de Deus! Você conhece o provérbio: “Quem tem, tem”. É esse o exato sentido desse versículo bíblico. Quero persuadi-lo em seu próprio proveito, e falo com insistência: receba a Jesus e entregue a ele a sua vida, pois sem ele, afinal de contas, a vida é miserável.


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E agora quero dizer-lhe por que Jesus é o único bem e por que a fé em Jesus é a única fé verdadeira. Ou permita que, de preferência, eu afirme de modo bem pessoal: quero dizer-lhe agora por que preciso ter Jesus e por que preciso crer nele. Jesus é a revelação de Deus Quando alguém me diz: “Eu creio em Deus. Mas, para que crer em Jesus?”, eu respondo: “Deus está oculto, não se pode ver Deus. Sem Jesus nada podemos saber dele!”. Na verdade, as pessoas podem ajeitar um deus para si, o “deus querido”, por exemplo, que não abandona uma pessoa honrada. Mas isso não é Deus! Alá, Buda – eles são projeções de desejos humanos. Nada saberíamos de Deus sem Jesus. Ele é a revelação de Deus. Em Jesus, Deus veio a nós. Quero esclarecer isto utilizando uma figura: imagine um espesso nevoeiro. Oculto atrás do nevoeiro está Deus. Acontece, porém, que os seres humanos não podem viver sem Deus. Então eles começam a procurá-lo. Tentam penetrar o nevoeiro. Isso é o que as religiões fazem. Todas elas colocam as pessoas à procura de Deus. E uma coisa é comum a todas as religiões: todas estão perdidas no nevoeiro. E acabam encontrando Deus. Deus é um Deus oculto. Foi o que o profeta Isaías, do Antigo Testamento, descobriu. Ele clamou do fundo do coração: “Oh! se fendesses a cortina de nevoeiro e viesses até nós!”. E, pasmem, Deus ouviu esse clamor! Ele rasgou a cortina e veio até nós, em Jesus. Quando os anjos anunciaram em coro, nos campos de Belém: “Hoje vos nasceu o Salvador! Glória a Deus nas alturas!”, era Deus chegando até nós. E Jesus diz: “Quem me vê a mim, vê o Pai”.


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Sem Jesus eu não saberia nada de Deus. Ele é o único para quem posso me voltar para obter certeza sobre Deus! Então, como é possível que alguém diga: “Eu posso passar muito bem sem Jesus?!”. Infelizmente, tenho que dizer tudo isso de forma bem resumida e omitir muitos detalhes. Poderia dizer tantas coisas a respeito de Jesus! No entanto, hoje só posso mencionar os pontos mais importantes referentes à pergunta: “Para que Jesus?”. Jesus é o amor salvífico de Deus Deixe-me explicar. Há algum tempo, numa entrevista, um jornalista me perguntou: “Por que, afinal, o senhor faz estas conferências?”. Eu respondi: “Porque tenho medo que as pessoas vão para o inferno, se não conhecerem a Jesus”. Ele sorriu e respondeu: “Mas essa coisa não existe!”. Retruquei: “Então aguarde! Em cem anos saberá quem está com a razão: o senhor ou a Palavra de Deus. Aliás, o senhor alguma vez já teve medo de Deus?” “Não”, respondeu ele, “Deus é bom. De um Deus querido e bom não tenho medo!”. Eu declarei: “O senhor está completamente por fora! Qualquer pessoa que tenha uma vaga idéia de Deus compreende que não existe algo mais temível do que ele, o Deus santo e justo, o juiz sobre nossos pecados. Acaso acha que ele passará por seus pecados em silêncio? O senhor referiu-se ao ‘Deus bom e querido’. A Bíblia não fala de um Deus bonzinho. Ao contrário, ela diz: ‘É horrível cair nas mãos do Deus vivo’.” Alguma vez você já temeu Deus? Nunca? Então você sequer chegou a perceber toda a realidade de sua vida pecaminosa, bem como a realidade do Deus santo. Se, porém, começar a temê-lo, perguntará: “Como posso subsistir diante


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de Deus?”. Creio que o fato de não mais temermos a Deus é a maior tolice de nosso tempo. Sim, é um sinal de profundo entorpecimento quando um povo não mais leva a sério o Deus vivo e sua ira sobre o pecado. O professor Karl Heim contou o seguinte: em sua viagem à China, passou por Pequim. Lá ele foi conduzido a um monte, em cujo topo se achava um altar, o “Altar Celestial”. Explicaram-lhe que na “noite de reconciliação” o monte fica lotado com centenas de milhares de pessoas, cada uma com um lampião. Antigamente a China era governada por imperadores e, nessas ocasiões, o imperador subia ao topo desse monte e oferecia o sacrifício da reconciliação para o seu povo. Quando o professor Heim nos contou essa história, acrescentou: “Esses pagãos sabiam algo da ira de Deus. Sabiam que o ser humano precisa de reconciliação”. Enquanto isso, o homem erudito da Europa Central acha que pode ignorar o “Deus querido”, o Deus que fica feliz em ver as pessoas freqüentando a Igreja. É preciso voltar a temer a Deus! Todos nós temos pecado! Você não tem? Eu tenho, e muitos. Eu lhe digo que você também tem, sim! Se aprendermos de novo a temer a Deus, perguntaremos: “Onde há salvação da ira de Deus? Onde há salvação?”. Dessa maneira, poderemos perceber que Jesus é o amor salvífico de Deus: “Deus deseja que todos os homens sejam salvos”. Todavia, ele não pode ser injusto. Ele não pode ignorar o pecado. É por isso que ele entregou o seu Filho – para salvação, para reconciliação. Vamos fazer um passeio imaginário pela cidade de Jerusalém. Lá existe uma colina fora da cidade. Vemos milhares de pessoas. Acima das cabeças das pessoas erguemse três cruzes. O homem na cruz à esquerda é como nós, um pecador. O da direita também é. Mas e aquele homem do


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meio? Olhem para ele, o homem com a coroa de espinhos, o Filho do Deus vivo! Ó rosto glorioso que sempre fez tremer o mundo poderoso: fizeram-te sofrer! Ó, quanto estás mudado! Por que ele está pendurado ali? Essa cruz é o altar de Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus, que leva o pecado do mundo, que nos reconcilia com Deus. Veja! Enquanto as pessoas não chegarem a Jesus, vivem debaixo da ira de Deus, mesmo que não o percebam, mesmo que o neguem. E só quem chega a Jesus passa a viver sob a paz de Deus: O texto bíblico diz: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele”. Observe este exemplo bem simples: na Primeira Guerra Mundial eu era artilheiro do exército. Tínhamos canhões munidos de escudos de proteção. Certa vez, estávamos no front, sem infantaria. De repente, fomos atacados por blindados – ou “tanques”, como os chamávamos então. Os projéteis martelavam nossas couraças de proteção como chuva de granizo. Todavia, as couraças eram muito fortes e estávamos abrigados por detrás delas. Fiquei pensando: Se eu estendesse somente a mão para fora do escudo de proteção, ela seria crivada de balas e eu estaria perdido. Iria esvair-me em sangue, miseravelmente. Mas atrás do escudo de proteção estou fora de perigo! Veja: isso foi o que Jesus veio a ser para mim. Eu sei que sem Jesus não tenho chance no juízo de Deus. Sem Jesus, já agora, não tenho paz no coração, por mais que me esforce. Sem Jesus não posso morrer sem medo. Sem Jesus caminho


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para a perdição eterna. Existe uma perdição eterna, a seu tempo a veremos! Quando, porém, estou protegido pela cruz de Jesus, estou a salvo como estive atrás do escudo de proteção. Ali posso estar certo: Ele é o meu Reconciliador! Ele é o meu Salvador! Jesus é o amor salvífico de Deus! Escute o que lhe digo: “Deus quer que todos os homens sejam salvos”. Por isso ele deu o seu Filho, para salvação, para reconciliação. E essa oferta é feita por mim e por você! E agora, meu amigo, não descanse até que sinta essa paz de Deus, até que esteja salvo! Para que Jesus? Jesus é o único que dá conta do maior problema de nossa vida Você sabe qual é o maior problema de nossa vida? Ah! os mais idosos naturalmente pensam em sua vesícula, ou em seu coração, ou em outro órgão comprometido. Problemas fantásticos! Para os mais jovens é “a moça” ou o “rapaz” pelo qual estão apaixonados. Dessa maneira, cada um tem seus problemas. Creia-me, o maior problema de nossa vida é a nossa culpa diante de Deus! Fui pastor de jovens durante decênios. Neste meu longo pastorado sempre estive à procura de novas ilustrações para esclarecer esse ponto aos jovens. Quero usar aqui uma dessas figuras. Eu dizia para a rapaziada: “Imaginem que por natureza tenhamos uma corrente de ferro em volta do pescoço. Cada vez que cometo um pecado, é soldado mais um elo na corrente. Um pensamento impuro, e mais um elo na corrente. Fui malcriado com minha mãe, mais um elo. Falei mal de outras pessoas, mais um elo. Um dia sem oração, como se Deus não existisse: outro elo a mais. Desonestidade, mentira, mais elos”.


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Imagine o comprimento da corrente que arrastamos atrás de nós! Entenda, essa é a corrente da culpa! É muito real a culpa diante de Deus – mesmo que a tal corrente não seja visível! Ela é muito comprida. E nós a arrastamos conosco. Muitas vezes me pergunto por que as pessoas não conseguem ser verdadeiramente alegres e felizes. Ao que parece, não lhes falta nada. Mas são felizes? Não podem ser felizes! Não podem, porque arrastam consigo a corrente da culpa! E essa corrente nenhum pastor, nenhum sacerdote e nenhum anjo lhes tira. Nem Deus pode tirá-la, porque ele é justo, se ele o fizesse, seria contrário à sua Palavra: “Aquilo que o homem semeia, isso também ceifará”. É nesta situação que topamos com Jesus! Ele é o único capaz de dar conta do maior problema de nossa vida: Ele morreu por nossa culpa. Ele a pagou quando morreu. Por isso é capaz de tirar de nós a corrente da culpa. Ele é o único que pode fazê-lo! Falo por experiência própria. Experimentamos uma libertação ao sabermos que os nossos pecados foram perdoados. Essa é a maior libertação na vida... e na morte também. Pense, você, morrer com os pecados perdoados! Ou entrar na eternidade, e ter que levar consigo todo o fardo da culpa! Isso é horrível! Conheço pessoas que durante toda a sua vida afirmaram: “Eu sou bom. Eu sou correto”. Pessoas assim, ao morrer, perdem a última oportunidade, e descobrem que o barco de nossa vida navega sobre as águas escuras da eternidade, ao encontro de Deus. Não puderam levar nada: nem casa, nem conta bancária, nem caderneta de poupança. Levam somente a sua culpa. É assim que vão ter que enfrentar a Deus. Horrível! Contudo, é isso que ocorre na morte das pessoas. E se me disserem: “Assim é que todos morrem”, devo concordar, por natureza todos morrem assim! Mas


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ninguém precisa morrer assim! Jesus perdoa os pecados! Essa é a maior libertação que existe. Eu tinha 18 anos quando soube o que é perdão dos pecados, a tal da corrente caiu! Diz um hino: Os pecados são perdoados, é uma palavra para a vida, para o espírito torturado. São perdoados por Jesus. Desejo que você também experimente isso! Aproxime-se de Jesus! Hoje, agora. Ele espera você. Diga a ele: “Senhor, minha vida está completamente estragada e cheia de culpa. Sempre ocultei este fato e fiz de conta que sou bom. Agora coloco minha vida diante de ti. Agora quero crer que teu sangue apaga minha culpa”. É uma coisa gloriosa, o perdão dos pecados! No século 17, viveu na Inglaterra um homem chamado João Bunyan. Ele foi parar na prisão, durante anos, por causa de sua fé. Ele nunca renunciou à sua fé em Jesus Cristo. Fatos como este aconteceram em todos os tempos. Além da Palavra de Deus, prisões são o que há de mais contínuo e estável na humanidade. Na cadeia, Bunyan escreveu um livro extremamente belo, O Peregrino, que ainda hoje é atual. Nele Bunyan descreve a vida de um cristão como sendo uma caminhada bem perigosa, aventureira. A história começa assim: Alguém está vivendo na cidade-mundo. De repente, ele fica inquieto e diz mais ou menos o seguinte: “Isso aí não está certo. Estou sem paz. Sou infeliz. Eu deveria sair daqui”. O homem conversa com sua mulher. Ela lhe diz: “Você está nervoso. Você precisa de descanso”. Mas tudo isso não o ajuda. A inquietação permanece. Um dia ele chega à conclusão: “Não adianta. Eu tenho que sair desta cidade!”.


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Então ele foge. Ao pôr-se a caminho, percebe que tem uma carga sobre as costas. Quer livrar-se dela, mas não consegue. Quanto mais longa a caminhada, tanto mais pesada ela fica. Até agora a carga não pesara tanto. Ela parecera natural. No entanto, ao afastar-se da cidade-mundo, a carga se torna cada vez mais pesada. Por fim, ele mal consegue prosseguir. Então sobe penosamente uma vereda nas montanhas. Já não suporta mais seu fardo. De repente, a estrada faz uma curva, e diante dele surge a imagem da cruz de Cristo. Quase sem sentidos, o peregrino cai diante da cruz, segura-se nela, e olha para cima. No mesmo instante, sente a carga se soltando e se precipitando no abismo, com terrível estrondo. Este é um quadro maravilhoso do que uma pessoa poderá experimentar junto à cruz de Jesus Cristo: Lá eu levanto os olhos e vejo em espírito o Cordeiro de Deus, Como tem sangrado por mim E morreu no madeiro da cruz. Então tenho que confessar cheio de vergonha: Dois abismos acho aqui, O abismo do seu grande amor E o do meu grande pecado. O perdão dos pecados o Salvador pagou por mim. A corrente de minha culpa me foi tirada. Fico livre de minha carga. Meu amigo, somente Jesus é capaz de nos dar este presente, o perdão dos pecados! Para que Jesus? Tenho que dizer-lhe algo mais sobre o que me levou a crer em Jesus.


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Jesus é o Bom Pastor Todos já experimentaram na vida o quanto podemos ser solitários e como, bem no fundo, a vida pode ser vazia. Então, repentinamente, percebem: “Alguma coisa me falta! Que será?”. Quero dizer a você, falta-lhe o Salvador vivo! Há pouco contei que Jesus morreu na cruz para pagar a nossa culpa. Grave esta frase: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele”. Depois foi colocado num túmulo cavado na rocha. Lançaram mão de pesada laje de pedra para vedar a entrada. E para não correr nenhum risco, o governador romano mandou colocar um selo e deixou sentinelas – legionários romanos – de guarda em frente ao local. Imagino que eram sujeitos legais, que haviam lutado em muitos países do mundo: na Gália (a França de hoje), na Germânia (a Alemanha), na Ásia e na África. Rapazes cheios de cicatrizes. Portanto, lá estão eles na alvorada do terceiro dia da morte de Jesus, o escudo à esquerda, a lança na mão direita, o capacete protegendo a cabeça. Um legionário romano cumpria ordens. Nele se podia confiar. De repente, tudo ficou claro como o dia. A Bíblia diz: “Um anjo... do céu... removeu a pedra”. E Jesus sai do túmulo! É um acontecimento tão glorioso que os soldados simplesmente desmaiam. Poucas horas mais tarde, o Ressurreto encontra uma pobre moça. A Bíblia diz que ela tivera dentro de si sete demônios, os quais Jesus expulsara. A moça está chorando. Jesus se aproxima dela. E a moça não desmaia. Ao contrário. Ela se alegra quando reconhece o Senhor Jesus ressuscitado e diz: “Mestre!”. Está consolada, pois sabe: “Jesus, o Bom Pastor, vive e está comigo!”. Veja, também este é um motivo por que quero ter Jesus em minha vida: eu preciso de alguém, cuja mão eu possa segurar! A vida me fez experimentar abismos bastante sombrios. Por


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causa de minha fé, estive preso em cárceres nazistas. Ali passei momentos em que pensava: Só um passo me separa do reino escuro da loucura, de onde não há mais volta. E então, veio Jesus se fazer presente em minha vida! E com ele o sol voltou a brilhar! É algo que posso testemunhar e cantar louvores a ele! Na prisão, passei uma noite em que parecia estar no inferno. É que chegara um caminhão com pessoas destinadas a um campo de concentração. Era gente que não tinha mais esperança alguma de viver, em parte criminosos, em parte pessoas inocentes, judeus. Em um sábado à tarde, essas pessoas se desesperaram. Todos desataram a gritar. É algo difícil de descrever. Um pavilhão inteiro com as celas cheias de desespero, em que todos gritam e investem furiosamente contra as portas. Os guardas ficam nervosos e disparam seus revólveres contra o teto, correndo para lá e para cá, derrubando pessoas a pancadas. E eu, sentado em minha cela, penso: Assim será o inferno. É uma coisa difícil de descrever. E nesta situação, repentinamente eu sei: “Jesus! Ele está aqui!”. Estou contando um fato que eu mesmo experimentei. Aí eu disse apenas baixinho, bem baixinho, na minha cela: “Jesus! Jesus! Jesus!!!”. E em três minutos fez-se silêncio. Entenda: eu clamei a ele. Ninguém mais escutou, só ele... e os demônios tiveram que se retirar! Depois, cantei, cantei bem alto, o que era severamente proibido: Ó minha alegria, Salvador e guia, meu Senhor Jesus! Teu amor revela. A minha alma anela tua santa luz.


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E todos os presos ouviram. Os guardas não disseram nenhuma palavra por eu ter cantado em voz alta: Ruja a tempestade cresça a iniqüidade, Cristo há de vencer! Meu amigo, nesse momento eu senti o que significa ter um Salvador vivo. Já mencionei que um dia todos passarão por uma angústia bem grande, pela angústia da morte. Certa vez, alguém me desafiou: “Vocês, pastores, sempre amedrontam as pessoas com a morte”. Eu respondi: “Não preciso amedrontar ninguém com a morte, pois todos nós temos medo dela!”. Assim, como será maravilhoso, na hora da morte, poder segurar a mão do Bom Pastor! Mas já me disseram, e sei que é correto: “A pessoa de hoje tem menos medo diante da morte do que diante da vida. A vida é horrível, pior do que a morte!”. Como é bom saber, meu amigo, que também é possível termos um Salvador na vida! Tenho que repetir uma história que já contei muitas vezes. Ela é inexplicável, mas verdadeira. Na cidade de Essen, conheci um industrial, um desses homens bem-humorados, ele me disse: “Pastor, é bom que esteja aconselhando as crianças para o bem. Aqui o senhor tem uma nota de cem reais para o seu trabalho”. E eu retruquei: “Ora, e quanto ao senhor?”. “Não, não pastor. O senhor sabe que tenho uma concepção própria do mundo...”. Você entende, não é? Um bom sujeito, mas tão longe de Deus quanto a lua está distante de uma estrela. Certa vez, tive que oficiar um casamento. Um ofício desses, ministrado em uma gigantesca igreja vazia é, muitas vezes, coisa aflitiva. Entra o casal de noivos, e talvez mais dez pessoas. Elas se sentam, assim


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um pouco perdidas na enorme igreja. E o bem-humorado industrial era testemunha de casamento! Tive verdadeira pena do homem: vestido de fraque muito elegante, cartola na mão. Ele simplesmente não sabia como se comportar na igreja. Percebia-se a insegurança dele: “Será que devo ajoelhar-me agora? Devo fazer o sinal da cruz? O que será correto?”. Procurei ajudá-lo um pouquinho, peguei sua cartola e a coloquei ao lado. Depois, foi cantado um hino. Ele naturalmente não tinha nem idéia do que era, mas fazia de conta que sabia. Podem imaginar esse senhor? Um homem que se ajusta tão direitinho ao mundo! Então aconteceu algo notável, a noiva fora ajudante no culto infantil. Por isso umas trinta meninas cantaram um hino na galeria. Com suas doces vozes, entoaram o singelo hino infantil, que talvez você conheça: Sou cordeiro de Jesus, vivo bem na sua luz. Meu pastor é tão bondoso... Então, fiquei observando: “O que será que está havendo com esse industrial? Está ficando doente?”. Ele desmorona completamente, agita as mãos diante do rosto, treme. Penso: Aconteceu-lhe algo! Tenho que chamar um enfermeiro. Mas em seguida percebi que o homem chorava desenfreadamente. ...Meu pastor é tão bondoso, tem um campo delicioso Cantavam as crianças,


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ele me ama com fervor meu querido e bom pastor! Seu bordão é sua cruz que me salva e me conduz para um prado desejável... E lá está sentado o homem, o grande industrial, e chorava! De repente, entendi o que estava acontecendo na igreja vazia. O homem percebeu: “As crianças possuem o que eu não tenho: um bom pastor. Eu, de minha parte, sou uma pessoa solitária e perdida!”. Você não conseguirá sobrepujar em sua vida o que cantaram aquelas crianças: “Estou alegre por pertencer ao rebanho de Jesus Cristo e por ter um Bom Pastor”. Você não pode fazer melhor! Procure aprender a confessar isto! Por que creio em Jesus? Porque ele é o Bom Pastor, o melhor amigo, meu Salvador vivo. Para que Jesus? Para encerrar, mais um ponto: Jesus é o Príncipe da vida Há alguns anos realizei um retiro para jovens na Floresta Boêmia, na Alemanha. Depois que os rapazes partiram, eu ainda tive de esperar um dia, pois meus hospedeiros viriam me buscar de automóvel. Passei a noite num velho castelo de caça que pertencera a determinado rei. Agora só morava lá um guarda florestal. A casa estava meio em ruínas. Não tinha luz elétrica. Mas havia uma enorme sala de estar com uma lareira, na qual ele acendeu uma pequena fogueira. Deume um lampião a querosene e me desejou “Boa noite”. Lá fora, a tempestade uivava. A chuva chicoteava os abetos que rodeavam a casa. Você pode perceber que o lugar era ideal


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para uma daquelas histórias de bandidos. Excepcionalmente, eu não tinha nada comigo para ler. Então, achei um pequeno livro sobre a cornija da lareira. Comecei a ler, à luz do lampião de querosene. Jamais lera algo tão horrível. Nessa pequena obra, um médico despejara toda a sua raiva contra a morte. Por páginas e páginas dizia aproximadamente o seguinte: “Ó morte, inimiga da humanidade! Acabo de lutar durante uma semana por uma vida humana e penso tê-la tirado do pior. Aí você se levanta sorrindo ironicamente, por trás da cama do paciente e dá o bote – e tudo que fiz foi em vão. Posso curar pessoas e sei que, no final das contas, é tudo em vão – você vem com sua mão cadavérica. Ó impostora, morte, inimiga!”. Páginas e páginas só de ódio contra a morte! E então veio o mais horrível: “Morte, ponto, ponto de exclamação!”. E literalmente: “Maldição! Se ao menos você fosse um ponto de exclamação! Mas quando olho bem, você se transforma num ponto de interrogação. E eu me pergunto: a morte é um fim ou não é? O que lhe segue? Morte, ponto de interrogação perverso!”. É isso! E posso assegurar-lhe que nem tudo acaba com a morte! Jesus, que é sabedor das coisas, disse: “Espaçoso é o caminho que conduz para a perdição, e apertado o caminho que conduz para a vida!”. É aqui que acontece a decisão! E agora me alegro por ter um Salvador que dá a vida já agora, um Salvador que é a vida, e que conduz à vida. Por isso gosto tanto de anunciá-lo. Na Primeira Guerra Mundial, passei semanas nas proximidades da cidade francesa de Verdum. Ali se desenrolava uma das maiores batalhas da guerra. Entre as frentes de batalha, jaziam cadáveres sobre cadáveres. Nunca mais consegui livrar-me daquele cheiro adocicado de cadáveres. Sempre que vejo um memorial com a inscrição: “Tombaram pela pátria”, sinto o cheiro de Verdum, cheiro


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de cadáver. Quando penso: Em cem anos todos nós não existiremos mais, sinto esse horroroso hálito de morte. Você não o sente? Em meio a este mundo de morte, existe alguém que ressuscitou dos mortos! E, imaginem, Ele diz!: “Eu vivo, e vocês também viverão! Creiam em mim! Venham a mim! Convertam-se a mim! Tornem-se minha propriedade! Eu os conduzirei à vida!”. Não é maravilhoso? Aliás, como é possível vivermos neste mundo de morte sem um Salvador, que é a vida, e que conduz à vida eterna! Recentemente li uma antiga carta, publicada pelo professor Karl Heim. Era a carta de um soldado cristão, que morreu em combate na Segunda Guerra Mundial, na Rússia. A carta diz o seguinte: “A situação ao nosso redor é pavorosa. Quando os russos disparam seu ‘órgão de Stalin’ (lançador de foguetes), o pânico assalta a todos nós. E o frio! E a neve! Pavoroso! Mas eu não tenho medo. Se morrer em combate, será maravilhoso: mais um passo, e estarei na glória. Então silenciará a tempestade e verei o meu Senhor face a face, e seu brilho me envolverá. Não me importaria se tombasse aqui”. Pouco depois, ele morreu. Quando li a carta, pensei: Que coisa maravilhosa! Um jovem deixou de ter medo da morte porque conheceu Jesus! Sim, Jesus é o príncipe da vida, que dá aos seus filhos uma segura esperança da vida eterna! Esse fato aconteceu no dia da Igreja, em Leipzig, numa recepção na Câmara Municipal. Estavam reunidas as lideranças do Estado e da Igreja. Foram feitos discursos sem compromisso, cada um tomando cuidado para não pisar nos calos do outro. Heinrich Giesen, então o secretário geral do “Dia da Igreja da Alemanha”, teve a palavra final. Jamais esquecerei o momento em que ele se levantou e disse: “Vocês nos perguntam, meus senhores, que pessoas somos nós.


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Quero dizê-lo a vocês com uma frase: Nós somos pessoas que oram: ‘Bondoso Deus, torna-me piedoso para que eu entre no céu’”. E sentou-se. Foi assombroso observar como essas palavras tocaram os ouvintes. Na Guerra dos Trinta Anos, Paul Gerhard formulou a seguinte estrofe: Assim, pretendo a vida na terra desfrutar até que a despedida ao mundo eu possa dar. Prossigo no caminho que à pátria me conduz – e o paternal carinho terei na eterna luz. Eu desejo que você também possa andar assim pelo mundo. Para que Jesus? Tudo, mas tudo mesmo, depende do fato de você chegar a conhecê-lo!



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im, é deste tema que vamos falar agora: Para que vivo? ou: Qual é o sentido de minha vida?

Certo dia, um industrial de minha cidade me telefonou, todo nervoso: “Pastor, venha depressa!”. Corri para a casa dele. Ele me recebeu exclamando: “Meu filho se matou com um tiro na cabeça!”. Eu conhecia o rapaz. Era estudante. Tinha tudo o que seu coração podia desejar. Era sadio, bonito, jovem e rico. Há muito tempo tinha o seu próprio carro. Não estava metido em encrenca alguma. E esse jovem se matou com um tiro na cabeça! Numa carta que deixara, só constava o seguinte: “Não compreendo que sentido poderia fazer eu continuar vivendo. Por isso, dou cabo de tudo. Minha vida não tem sentido!”. É coisa de arrepiar! A pergunta pelo sentido de nossa vida é incrivelmente importante! Ela é assim tão importante porque temos uma vida só! Você alguma vez já refletiu sobre o fato de possuirmos somente uma única vida? Eu não era muito bom em matemática quando freqüentava a escola. Meu professor simplesmente não compreendia as soluções às quais eu chegava. Nos exercícios de matemática, ele, às vezes, por desconhecer completamente meu talento para soluções extravagantes, borrava todo o meu caderno com tinta vermelha.


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Era coisa de espantar! Às vezes, quando o caderno estava todo lambuzado, eu o punha de parte, mesmo que ainda não estivesse totalmente cheio, e comprava um novo, limpinho. Aí eu podia fazer um novo começo. Se pudéssemos fazer a mesma coisa com a vida! Pode acreditar, milhões de pessoas pensam algo parecido no momento da morte: Ah! eu gostaria de poder começar mais uma vez, bem do princípio! Eu faria tudo diferente! Nós podemos substituir um caderno escolar por outro novo. Mas com uma vida não podemos. Temos uma única vida! Como deve ser horrível acabar desperdiçando a vida, vivendo de maneira errada! Temos uma única vida! Se for desperdiçada, ela estará perdida para toda a eternidade. Isso confere uma seriedade extrema àquilo que tenho a lhe dizer. Hoje de manhã, uma grande manada de vacas passou trotando em frente à minha hospedaria. Naquele exato momento, eu estava ocupado com minha conferência e pensei: Como estas vacas são umas felizardas! Elas não precisam refletir sobre a razão de estarem no mundo. Para elas, o assunto está claro: dar leite e, por fim, fornecer carne. Não precisam pensar sobre o sentido da existência. Perceba, o animal não precisa refletir sobre o sentido da vida. Nisto o homem se distingue dele. E a coisa terrível é que há muitas pessoas que vivem e, ao fim, morrem sem nunca se perguntarem: “Afinal, para que vivo?”. Elas não se diferenciam de um animal. Estão vendo? Um ser humano, para ser humano, necessariamente é levado a perguntar: “Para que existo? Para que fim vivo, para que fim existo como ser humano?”.


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As respostas superficiais e precipitadas Pois é, meu amigo, há um número incrível de respostas superficiais e precipitadas à pergunta: “Para que eu vivo?”. Há muitos anos recebi uma série dessas respostas superficiais e precipitadas de uma só vez. Foi no ano de 1936, portanto em plena vigência do “Terceiro Reich” de Hitler. Estudantes da cidade de Münster me pediram para falar com eles sobre este tema: “Qual é o sentido de minha vida!”. Anteciparam que não queriam ouvir uma conferência, mas que desejavam debater o tema comigo. “Ótimo”, disse eu, “então vamos começar! Qual é o sentido de minha vida? Para que vivo?”. Visto que o debate, como foi dito, se realizou durante o “Terceiro Reich” de Hitler, não admira que logo um dos presentes se levantasse declarando: “Eu vivo para o meu povo. É como folha e árvore. A folha nada significa, a árvore é tudo. Existo em função do meu povo!”. A isso eu respondi: “Ótimo! E para que existe a árvore, para que existe o povo?”. Pausa! Isso ele não sabia. Você percebe? A verdadeira pergunta ainda não tinha sido respondida. Ela fora apenas adiada. Então eu lhes disse: “Minha gente, vocês não devem dar respostas que apenas modulam a pergunta, ou que a deixam de lado!”. “Então, qual é o sentido de minha vida? Para que vivo?”, tornei a perguntar. Outro estudante declarou: “Estou no mundo para cumprir meu dever!”. “Homem”, disse eu, “pois justamente aí está a questão: qual é afinal o meu dever? Eu considero meu dever dizer-lhes a Palavra de Deus. Mathilde Ludendorff considera seu dever negar a Deus. Afinal, que é dever?”. Um alto funcionário confidenciou-me certa vez: “Pastor, cá entre nós, eu copio documentos o dia inteiro. No entanto, se eu queimasse todos eles, o mundo continuaria


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do mesmo jeito. Eu sofro com isso, pois no fundo exerço uma atividade falha de sentido”. Que quer dizer “dever”? Milhares de policiais da “Polícia de Segurança” mataram centenas de milhares de pessoas no Terceiro Reich. Se os levássemos ao tribunal, eles afirmariam: “Nós cumprimos o nosso dever. O que fizemos nos foi ordenado”. Você acredita que é o dever de uma pessoa matar outras pessoas? Eu não posso crer isto. Portanto, tornei a dizer aos estudantes: “Essa é justamente a questão: qual é, afinal, o meu dever? Quem pode me responder esta pergunta? Aí estamos emperrados de novo”. A partir daí os jovens se tornaram mais pensativos. Por fim, um deles levantou-se e declarou orgulhosamente: “Eu descendo de uma antiga geração nobre. Posso reconstruir minha árvore genealógica por 16 gerações. Uma significativa linha de ancestrais! Acaso não é conteúdo e tarefa de vida dar continuidade a esta genealogia?”. Só pude lhe responder: “Homem! Se não sabemos para que estas 16 gerações viveram, então também não faz sentido acrescentar uma décima sétima!”. Entenda bem isso! Existem muitas respostas superficiais e precipitadas. Você já leu obituários nos jornais, acompanhados de um pronunciamento espantoso: “Somente o trabalho foi tua vida, nunca descansaste da lida. Jamais em ti mesmo pensaste. Só pelos teus te empenhaste!”. Você também conhece o versinho? Cada vez que leio algo assim, eu me irrito e penso: Isto é uma comunicação de falecimento que serve para um cavalo! Não é verdade? Um cavalo é utilizado para trabalhar. Mas eu não creio que um ser humano esteja no mundo apenas para se matar trabalhando. Isso seria triste. Nesse caso, seria melhor cometer suicídio aos dez anos. “Somente trabalho foi sua vida...”. Isso é pavoroso! Não, esse também não é o sentido da nossa vida.


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