Recomeçar - Testemunhos de vida

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No ano de 1981, na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, nascia Virgínia França. Natural de São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, Virgínia cresceu numa terra de minas de carvão. A sua infância foi risonha e feliz, vivida entre o carinho e o apoio dos pais e os constantes desafios dos amigos para “roubar” a fruta do tio, que vivia na casa ao lado. Lembra-se de tudo, afirmando que a consequência era apenas um ou outro raspanete dos pais, que a repreendiam pelo comportamento. Mas as recordações não ficam por aqui! Também se lembra de quando a bisavó a chamava para comer meloa, pois era a única pessoa com quem ela conseguia comer fruta. Na sua vida académica, concluiu o liceu e completou duas licenciaturas: uma em Ciência de Computadores, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, porque queria algo que lhe garantisse emprego e essa licenciatura era a melhor opção, outra em Psicologia Social, na Universidade Aberta, pois esta licenciatura seria uma ferramenta que a iria ajudar a trabalhar com as equipas que liderava. Porém, para suportar as despesas da faculdade, começou a trabalhar com 17 anos de idade na loja Morgan de Toi. Quem a conhece sabe que é uma pessoa muito extrovertida, porque se ri muito. Por essa razão, nem sempre a levam a sério, mas quando conhecem o seu lado profissional e dedicado, veem que se trata de uma pessoa em quem podem confiar e com quem podem contar. Porém, o facto de ser uma pessoa extremamente sincera e genuína reservou-lhe algumas inimizades. Na sua opinião, deve um pedido de desculpas aos seus pais, porque foi uma adolescente irreverente e obstinada na sua convicção de que estava sempre certa e era “dona” da razão. Agora, vê-se a repetir com o filho as mesmas discussões que tinha com os pais. Destaca como momento mais importante o nascimento do seu filho, responsável pela mudança radical que ocorreu na sua vida. Os médicos tinham-na alertado para o facto de não poder ser mãe, mas, mesmo assim, engravidou três meses antes de lhe retirarem o útero. Passou oito meses da gravidez na cama e, para ela, o nascimento do seu filho foi um sonho tornado realidade. Felizmente, algumas pessoas já a fizeram sentir-se especial: a irmã, por exemplo, é uma das que mais orgulho tem nela, repetindo-lhe incessantemente que gostaria de ter a sua força, determinação e garra. Gosta muito de cantar! Por essa razão, o seu marido e a sua irmã inscreveram-na no programa de talentos “Ídolos”, tendo respondido a este desafio com um “porque não?”. Foi uma boa experiência, mesmo nos momentos em que não acreditava no seu talento, ou naqueles em que bloqueava sempre que as câmaras estavam por perto. Algumas pessoas não gostaram de a ouvir, mas havia muitas outras que adoraram! Vê, na música, o seu refúgio, a forma mais genuína de mostrar ao seu filho o quanto o adora. Ajuda-a não só nos momentos tristes, mas também nos mais felizes. Através da música acede, descreve e compreende os seus sentimentos mais profundos. Para além do “Ídolos”, marcou presença na tropa, no exército, porque considera que as experiências não devem ficar para amanhã.

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