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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE S. MARTINHO Escola Básica de S. Martinho do Campo

Auto da Atualidade

GIL VICENTE: À maneira de …

Trabalho desenvolvido na disciplina de Português

Ano letivo 2014/2015

9º ano turma E



Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

Nota introdutória:

Este trabalho foi desenvolvido com os alunos do 9º ano de escolaridade da turma E da Escola Básica de S. Martinho do Campo. Inspirados pelo estudo de «O Auto da Barca do Inferno» de Gil Vicente, os alunos aceitaram o desafio e deram asas à sua imaginação. Pretendeu-se recriar um julgamento à maneira de Gil Vicente. Que destino dar às personagens que se cruzam no nosso caminho?

A máxima latina “ridendo castigat mores” continua a desempenhar um papel determinante na nossa capacidade de lidar com o humor.

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

Tanto que muitos se embarcaram, vem o Canibal carregado de crimes, assassinatos e imoralidade inimaginável, com o seu fato ensanguentado, uma faca e um bloco de notas com ementas para os dias que pensava que lhe restavam… Dia.

Oulá! Quem vem i?

Can.

Não me diga que nunca ninguém lhe

recomendou os meus serviços como psicólogo? Dia.

Pois, entrai! Como tardastes vós tanto?

Can.

Dirige-se ao inferno este batel?

Dia.

Porque lhe chamais assi? Terra de mui

bons danados e deliciosos tolos para si já assados! Can.

Insultuosa insinuação faz…

Dia.

Merecedor de tal bem sois.

Can.

Vou ao outro batel que este não me

serve! Dia.

Can.

Todos os meus pacientes adoraram as

minhas

ementas.

Diz

isso

porque

nunca

experimentou! Dia.

Pé assado com salada de fígado, pulmão

cozido com rins fritos,… Hou, me parece apetitoso! Anjo

Deixaras cair aquilo das mãos…

Can.

Ai! As minhas notas sobre os problemas

psicológicos dos renegados…! Anjo

Escrito estás no caderno das ementas

infernais e não há outro caminho! Dia.

Que te pês, Satanás te ajudou, entra e

remarás! Can.

Ó triste, quem vos enganou contra mim?!

Dia.

Cal-te, filho da gula!

Torna o Canibal ao batel infernal: É esta a naviarra nossa, meu parente…

Chega o Canibal ao batel do paraíso e diz: Can.

Deixai-me entrar!

Anjo

Esse facão tomará todo o navio…

Can.

E as pessoas que aliviei com as minhas

consultas? Anjo

Algumas neste batel, por servir à justiça!

Can.

Elas vieram cá por incompetência! Se

Can.

Para algum sítio tenho de ir, alma perdida

não serei. Dia.

Aqui há o que comer.

Can.

Tornar ao mundo não posso, então que

entre aqui. Dia.

Não cures de mais linguagem, que cá

chorarás!

descobrissem o suspeito e o prendessem não teriam morrido! Anjo

Aliviar? Então e comer vidas – não é

Ana Pimenta

caminho per’aqui!

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

Führer Alemão Adolf Hitler Entra o Führer Alemão Adolf Hitler com uma mão cheia de doces e algumas medalhas penduradas no casaco. Diabo: Quem vem aí? Hitler: Sou eu, o Famoso Führer Alemão. Diabo: Ai és tu? Estou à tua espera há muito tempo! Hitler: Pois claro que estavas, toda a gente me quer conhecer. Diabo: Hahaha só tu para me fazeres rir. Mas já agora, o que tens aí na mão? Hitler: Estou mesmo a ver que não sabes nada acerca de mim. Não sabes que sou fanático por doces? Sendo assim, aposto que também não sabes que sou vegetariano, não bebo álcool e além disso odeio cigarros. Diabo: Sinceramente eu não sabia nada disso. Hitler: E que história era aquela de tu estares à minha espera? Eu fiz tudo de bom. O que é que eu fiz de mal para ter que ir para o Inferno? Diabo: Ai tu não sabes o que fizeste em vida, seu miserável? Não sabes a quantidade de judeus, homossexuais, ciganos etc., que tu mataste, seu idiota? Hitler: Eu só matei os judeus porque aquele médico judeu envenenou a minha mãe e eu desde aí comecei a matar todos os judeus para vingar a morte dela. Os ciganos e os homossexuais foram mortos porque na Alemanha só pode viver o povo Alemão e para mim eles não são gente. Diabo: Com que então os homossexuais e os ciganos não são gente, não é? Hitler: Nem mais, vez como tu sabes? Eles nunca irão chegar aos calcanhares dos Alemães, nem eles nem tu, seu estúpido. Diabo: Posso-te pedir um favor? Antes de criticares os outros olha por ti abaixo, já viste esse teu bigode e esse teu cabelo todo lambidinho pareces mesmo um palhaço, meu caro amigo. Hitler: Critica-me àvontade, não me interessa. Agora se me permites vou para a Barca da Glória, que é nela que vou embarcar…Olá está aí alguém?

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Anjo: Que me queres? Queres embarcar aqui meu amigo? Hitler: Sim, quero, é o que eu mais desejo. Anjo: Pois olha que isso nunca vai acontecer! Hitler: Mas eu sempre pratiquei o bem já tinha dito isso ao Diabo, não ouviste? Anjo: Sim, eu ouvi, mas isso não justifica teres matado todas aquelas pessoas inocentes. Agora, senão te importas, vai para a outra barca pois é nela que deves de ir. Esta aqui está reservada para as pessoas que praticaram o bem, pessoas muito diferentes de ti! Hitler: Tudo bem, eu sei o que mereço por isso irei encarar as consequências, seja o que Deus quiser. Diabo: Entra, entra seu assassino! Hitler: Posso ser um assassino, mas pelo menos tive uma mulher que me amou, já tu não posso dizer a mesma coisa. Diabo: Entra, entra seu miserável que vais arder no fogo do Inferno hihihi. Diabo:. A Eva vai ter contigo daqui a pouco. Hitler: Mas ela morreu? Diabo: Sim, morreu depois de tu te matares, ela matou-se também, por isso irá também para o Inferno. Hitler: Mas ela não tem culpa de nada. Por favor não a mandes para o Inferno. Diabo: Desculpa mas eu não tenho culpa o nome dela já tá aqui na lista, para além disso quem se suicida vai para o Inferno. Hitler: Só te peço uma coisa não a mandes para o Inferno por favor, manda-me só a mim ela não tem culpa de nada por favor não faças isso. Diabo: Eu vou fazer os possíveis porque realmente ela não fez nada de mal. Agora deixa-te de conversas e toca a entrar que nós iremos embarcar para o Inferno. Hitler: Ai isto aqui é quente muito quente. Diabo: Deixa-te de conversas. Hitler: Espera, espera… Diabo: Nada de esperas embarca já! Hitler: Nããããããooooo!

André Martins

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

Beata Chega a Beata ao cais, muito admirada por ter morrido Beata:

Ai Deus me ajude! Onde estou eu?! Diabo: Houlá! Nova cara, pra novas notícias… Beata: Mas que cousa é esta?! Palhaço vermelho? Diabo: Eu sou a excelentíssima forma do mal… Três irras para Satanás. Beata: Ai credo! Eu estou a falar com um cornudo… Sai-te daqui Satanás Esta barca não é a que eu procuro. Diabo: Mas em tudo o que viveste Sempre me deste sinal… Esqueceste daquelas pessoas, De quem tanto disseste mal? Beata: Mas em todos os meus dizeres, Nunca a mentira falei… Juro por Deus que é santo, Que nenhum inocente acusei. Diabo: E aquela grávida trabalhadora, Que por emprego desejava? Quando foste dizer ao patrão O estado em que ela estava… Beata: Zelei pelos interesses do povo… Onde já se viu uma empregada fazer do patrão tolo?! E ainda bem que o disse… Diabo: Então todos os teus males assumes… Beata: Mas e as missas que rezei?

Os salmos que cantei? E todas as angariações Que para a igreja eu arranjei? Desculpa, mas já não estou a gostar, À outra barca me vou… Beata: Minha santidade, Meu anjo da guarda, Prancha a mim, santa Beata! Anjo: Nesta barca não entrarás. Todas as tuas coscuvilhices encheriam este Batel de falsidade, mentiras e intrigas. Beata: Como?! Não estou a perceber. E os funerais que assisti? De nada me vão valer?!

Beata dirige-se ao batel infernal Beata: Ai Deus Misericordioso! Daqui me vou… Cornudo, a prancha. Diabo: Claro que sim beata inocente. Entrai e seremos bons amigos. Creio que de tudo ficarei ocorrente…

Ângela Jesus

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O ladrão Vem um ladrão com um saco cheio de dinheiro, e chegando ao batel infernal, diz:

Lad. Dia. Lad. Dia.

Eiiii! Que se passa aqui amigo? Quem vem aí? Homem de família honrado! Muito carregado vens tu…

Lad. Faço tudo por eles, nada lhes pode acontecer, uma unha não precisam de mexer.

Anjo - Para o paraíso não vais tu, uma volta podes dar e voltar para a tua barca ideal! Lad. Tanto de bom fiz na minha vida, e é este o meu destino?

Dia. Ai, não precisam não, tudo fazes, até matar! Lad. Nada que fiz foi por mal, se não os gamasse, a minha família não sobrevivia! Dia. E as pessoas a quem fizeste isso, também não precisavam do que lhes tiraste? Lad. A minha família merece! Os outros não, mas vou embora que esta barca não me pertence.

Dirigindo-se para a barca infernal Ladrão - Cá estou eu de volta, com muito para chorar e suplicar para que os meus amores lá em terra, aguentarem a dor de me perder… Dia. - Muito vão chorar por ti! Agora entra lá que há mais gente para julgar!

Dirigindo-se para a barca do Anjo Lad.

Ei! Olá! Posso entrar?

Anjo

Para onde queres ir tu?

Lad.

Para o paraíso, com certeza! Bruna Rocha

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Bêbedo… Chega um bêbedo, ao cais, com uma garrafa na mão sem por olho há 3 dias, dirige-se a barca do diabo mal vestido e a cheirar a tabaco: Beb.: Oh homem…desta cousa velha?! Dia.:Quem vem lá? Beb.:Um homem bem composto e sério! Dia.:Mas que cheiro…Isto é que é bem composto? Está pior que um morto! Beb.: Não estou nada! Estou tão bem que pareço uma fada! O diabo dá varias gargalhadas… Dia.: Para! Já não aguento! Vai ali para aquele assento…! Beb.: Assento??? Qual ali dentro? Já te foste! Dia.: Apanha estes remos e começa a trabalhar… Beb.: Trabalhar? mas eu não sei nadar… Para onde vai esta barquinha? Dia.: No inferno vos poeremos! Beb.: Como? A terra dos demos Há de ir um bebedor? Dia.: Santo bêbedo, Embarcai e remaremos! Beb.: Não…vou a barca do anjolas… De certeza que ele me vai aceitar! (confiante) Dia.: Vai, és capaz de ter sorte!!! Beb.: Oh senhor da barca?! Anj.: Quem és, e o que desejas? Beb.: Desejaria embarcar… Manda daí a prancha… Anj.: Como? Beb.: Pronto…se faz favor! Anj.: Embarcar aqui nem pensar Depois de os pecados que cometeste… Beb.: Pecados? quais?

Escola Básica de S. Martinho

Anj.: Apanhares muitas bebedeiras Deixares a mulher sozinha em casa Ir a carteira dela pegar em dinheiro sem a Avisar para ires beber… O Anjo é interrompido Beb.: Mas isso é porque eu não tinha dinheiro Na minha carteira e não a ia acordar… Anj.: E andares de bar em bar de stripper e trair a tua mulher? Beb.: Isso é porque eu já conheço a minha mulher E quero experimentar novos horizontes! Você nem é assim tão má! Anj.: Atenção aos esticanços… Beb.: Porque é que acha que eu quero embarcar aqui? Anj.: Então olhe pode levar o cavalinho para aquela barca porque aqui não vai embarcar! Beb.: Oh chefe! Venha daí a prancha Porque daquele lado o povo é difícil! Dia.: Aleluia! alguém que deu por ela dos seus pecados. Embarca que serás bem recebido!

Dando-lhe um pontapé o diabo assim meteu o bêbedo na sua barca.

Gil Gonçalves

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Bombeiro

Chega um Bombeiro ao cais quando ouve uma voz dizendo:

Dia.: Que cheiro a queimado! Quem chegou? Bomb.: Cordial Bombeiro, cuja vida acabou! Dia.: Então, queres contar-me o que se passou? Bomb.: Não gosto muito de ti, Mas posso apresentar o meu álibi! Chamaram-me para um incêndio, Para prestar auxílio à população,

O Bombeiro dirige-se à barca do Anjo e diz: Bomb. : Oh da Barca! Anjo: Quem me chama? Bomb.: Cordial Bombeiro cuja vida acabou! Anjo: O que queres de mim? Bomb.: Autorização para nesse batel embarcar! Anjo: Neste batel poderás embarcar,

Mas quando lá cheguei,

Pois na tua vida,

Tu puseste fim à minha vocação!

Não houve nada,

Dia.: Não fui eu que acabei com a tua vocação!

Que te fizesse errar!

Bomb.: Então quem foi que parou o meu coração? Dia.: Bem sabes que eu gosto das pessoas, mas quando elas erram, têm de ser castigadas!

O Bombeiro volta-se para o Diabo, com cara de alegre e vingativo, dizendo: Bomb.:

Meu caro amigo Diabo,

Bomb.: Pois, só arranjas desculpas! Nesta barca vou embarcar, Dia.: Não te estou a achar piada, E tu vais ficar aí a resmungar! Por isso, entra e mais nada! Bomb. : Aí eu não ponho o pé, Porque tu tens cara de chimpanzé!

Hélder Filipe Matos

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O político Entre o politico com uma mala e dirigese ao batel infernal Político: Oh da barca! Oh da barca! Diabo: Quem está aí?

Com o povo queixoso e o desprezo pelos

Político: O vosso estimado político…

pequenos.

Diabo: Uh! Entre! Político: Para onde é a viagem?

O politico dirige-se aos presentes

Diabo: Para o lago do inferno.

dizendo:

Político: Não irei entrar aí, trabalhei e protegi o povo, não serei mal pago. Não irei para o inferno. Diabo: Tu não trabalhaste por nada só

Político: Trabalhei tanto e ajudei o povo e agora recebo isto Não há respeito pelos políticos.

roubaste e ganhaste dinheiro a conta do povo.

Dirige-se novamente ao batel infernal:

Entra, não temas! Político: Oh da barca! Político dirige-se ao batel do Anjo e

Diabo: Entre, entre com tanta maldade e roubo que fez ao povo, agora sim,

diz:

está na hora de o pagar. Político: Oh da barca!

Político: Maldade, maldade aqui não

Anjo: Que me quereis.

Há maldade nem roubo eu

Político: Que me acolheis, sou o

cuidei de tudo

estimado politico que trabalhou, e ajudou o povo. Anjo: Não entres de maneira alguma. Vai

Não roubei nada nem ninguém. Diabo: Entre, entre e desfrute, pois vira ainda mais gente.

à outra que vazia está, pois lá caberá a sua mala e o seu belo fatinho. Lá irá com mais espaço.

Escola Básica de S. Martinho

Inês Neto

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

Uma Desempregada Muito contente e alegre vem uma desempregada e chega à barca do Diabo e grita: Desemp: barca?

Olá, ó da barca, olá, ó da

Diabo: Que me quereis vós, minha senhora tão vaidosa e alegre? Desemp:

Obrigada! À quero boleia.

Diabo: Já que quereis tanto vir quem sou eu para impedir! Desemp: Mas espera lá, para onde vai esta barca? Diabo:

Vai para o teu destino.

Desemp:

Queres tu dizer, para o céu!

Diabo: Ah! ah! ah! ah! ah! ah, para o INFERNO! Desemp: Mas porque é que hei de ir para o Inferno? Diabo: ah! ah, porque trabalhaste muito durante a tua vida na terra, quiseste aprender tudo mas ninguém te ensinava, ah e nunca te divertiste na vida! Desemp: e sábados.

Eu apenas ia sair às sextas

Desemp: Eu vou à outra barca porque esta não me vai levar onde eu quero. Diabo: Pode ser que tenhas sorte! ah! ah! ah! ah!

E dirige-se à barca do Anjo e diz:

Desemp: eu entrar?

Ó da barca, há espaço para

Anjo: embarcar.

Há sim, mas aqui não vais

Desemp: Mas eu fiz o que estava ao meu alcance na terra. Anjo: Por fazeres tudo é que não te deixo entrar. Desemp: Eu rezei, procurei trabalho e ainda dei um saco de arroz à minha vizinha. Anjo: Até podias oferecer 1000 sacos de arroz à tua vizinha.

Aborrecida dirige-se à barca do Inferno Desemp:

Ó tu, posso embarcar?

Diabo: ah! ah, entra e despacha-te, não tenho o dia todo para te aturar!

Diabo: Mas ias sair porque o salário que o patrão te pagava chegava, não é? Desemp: Eu não trabalhava porque os trabalhos que me apareciam, eu não os sabia fazer. Diabo: Mas o dinheiro do estado chegava-te, não era preciso trabalhar.

Escola Básica de S. Martinho

Joel Pereira

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Cientista Dia. – Olhai quem vem aí, o cientista louco! Cie. – Louco, aqui, sois vós!

Por todas as mortes que causaste àqueles

Dia. – Aí é que discordo

Animais, e aquela doença que puseste

chegais com essa bata branca

Naquela criança para o resto da sua

a pensar que mandais aqui!?

vida

Entrai já p’ra minha barca

Tudo isso só p’ra ganhar prémios e fama?

para despachar tudo isto. Cie. – Nessa barca aí não entro,

Cie. – OH, vou ver aquela barca deve ser muito melhor que esta.

todos estes anos a esforçar-me para descobrirmos soluções novas tudo para a humanidade. Agora acho que devo ser recompensado por tudo isso! Dia. – Ahahahahaha… Achas mesmo que irás ser recompensado

Dirige-se agora para a barca do Anjo. Anjo – O que quereis vós? Cie. – Entrar nessa barca. Anjo – Nesta barca não o vou deixar entrar. Cie. – Se é assim nem vou insistir Na outra barca entrarei.

O diabo dirige-se para o cientista.

Dia. – Entrai aqui que ides ser bem servido!

José Pedro Costa Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Futebolista Chega um futebolista ao cais a dar toques e a fazer malabarismos com a bola com inúmeras medalhas ao pescoço. Dia. - Quem vem i? Fut. - Encantador de mulheres. Dia. - Encantador já dei conta! Fut. - Que queres dizer com isso? Dia. - Aos envolvimentos que tiveste. Fut. - Quais envolvimentos? Dia. – As vezes que saíste para a noite deixando a tua mulher em casa sozinha com o teu filho pequeno. Embarcai, havemos de partir logo. Fut. - Para onde ides? Dia. - Para o Mundo Infernal. Fut. - Para aí não que não posso jogar futebol! Jamais! Dia. - Porque não?! Cada medalha que trouxer representa cada pessoa que tu passaste por cima para te tornares num dos melhores jogadores do mundo. Fut. - Todas as medalhas foram ganhas com dignidade!

Para de falar com o Diabo e dirige-se ao batel do Anjo.

Fut. - Olá! Está aí alguém? Anj. - Que me quereis? Fut. - Que para o paraíso me leveis! Terra das estrelas do futebol. Anj. - Em boa hora viestes, pois estávamos partindo. Sempre foste convencido e arrogante entre outras coisas mas era só a ganância de ser melhor e melhor. Sempre estiveste lá para os adeptos, e nunca viraste as costas a uma associação de caridade. Caso pretendas aqui estarei à tua espera. Embarcai. Fut. - Obrigado, senhor (entrando no batel). Anj . - Vai com Deus.

Luís Filipe, 9º E

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

HOMOSSEXUAL Vem um homossexual com um rapaz agarrado pela mão: Dia: Quem vem lá? Homo: Barbie gozada. É esta a minha barca? Dia: Sim pois, tua e desse que te acompanha! Homo: Não me parece muito estimada. Dia: Pois entra! Põe aqui o pé! Diz de que morreste, gabiru? Homo: Morri? Andar na outra vida já era morte. Dia: Desse que te acompanha Só a morte te esperava! A sociedade infernizada por vocês, pederastas! Homo: Já fui tão zuado que já estou habituado. Ser vítima, morrer, e continuar a ser zuado Depois de morto? Nunca, nossa! Dirige-se à Barca da Glória, e diz: Homo: Ó da Barca! Anjo: Que me quereis? Homo: Se me permitis, Achas que ser gozado pela sociedade SeR excluído, ser uma vítima Não poder formar um casal E gerar filhos São motivos para me levardes nesta barca ilustre? Anjo: De todo o mal que fizeste, De toda a mudança que provocaste na sociedade Tens os teus direitos pelo que és E o respeito digno! Podes entrar nesta barca Já que não desejaste ser assim E foste rejeitado por toda a gente.

Márcia Pimenta

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O ladrão Chega o ladrão ao batel infernal com um saco de moedas acabadas de roubar e um maço de tabaco dizendo: Ladrão - Oulá da barca, oulá! Diabo - quem me chama? Ladrão - Honesto e humilde trabalhador. Diabo - Honesto? Humilde? Deixa-me rir, em toda a tua vida nunca o foste, sempre roubaste e foste desonesto para com os outros , mas entrai que este é o destino que vos pertence.

Ladrão - Porquê? Anjo – Quem rouba e mente não tem lugar nesta caravela . Ladrão - Tudo o que fiz foi para manter a minha família e conseguir sobreviver da melhor forma, deverias já saber.

Ladrão - Ai não hei de entrar.

Anjo - Roubar? Não há desculpa para este ato horrível, poderias bem ter arranjado um emprego, mas a preguiça falou sempre mais alto, então e esse maço que transportas? Também serve de mantimento à tua família?

Diabo - Não cures de mais linguagem! Entra pois esta e a tua barca.

Ladrão - Não, simplesmente também tenho direito de gozar a minha vida.

Ladrão - E para onde é a viagem? Diabo - Vai pera ilha Perdida.

Vai à barca do Anjo e diz:

Anjo - Com o que tiras dos outros? Vai para aquela barca que lá está e ela te levará para onde mereces ir!

Ladrão - Oh da santa caravela? Anjo - Que quereis? Ladrão - Poderei eu embarcar nesta bela caravela? Anjo - Não embarcam ladrões neste batel divinal.

De volta à barca do inferno. Ladrão - Oh da barca? Diabo - Voltaste, caro amigo? Ladrão - Põe lá essa prancha para eu embarcar. Vamos! Não nos detenhamos mais .

Matilde Silva

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Desastrado Entra o Desastrado em direção à barca do Anjo, mas o Diabo vai ter com ele e diz:) Diabo: Chegou o João desastrado.

Evitando um combate.

Desastrado: Não tenho culpa de ser azarado.

E com isto o Desastrado ia entrar, mas o Diabo impediu-o dizendo:

Diabo: Entra na minha barca! Desastrado: Não entro não! Estás a dar-me muito palavreado. E não quero nada entrar na barca do Diabo.

Diabo: Qual combate qual quê? Não vais entrar aí Que o teu lugar é ali.

Dirigindo-se ao Anjo Desastrado: Óh da barca!

Disse isso apontando para a sua Barca

Anjo: Que me quereis?

Desastrado: Não vou entar

Desastrado: Que me leves para a tua barca!

Que com o teu falar

Anjo: Só querias o bem de um grande número de pessoas

Não me vais dizer para onde vou eu

Mas elas mereciam ouvir poucas e boas Pois roubaram-te meloas. Desastrado: E eu pensava que eram os de Lisboa. Anjo: Entra na minha Barca Que quando o sol é mais escarlate Partimos logo para Marte

embarcar Diabo: A minha Barca vai para o paraíso Onde nunca antes viste isso Um lugar quente e com brasido! Desastrado: Deixa-me entrar na Barca que quiser Pois não acredito no que me estás a dizer

Natália Ribeiro

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Farmacêutico Após a morte do farmacêutico, este aproxima-se da barca do Inferno, cheio de sacos de remédios e uma saca cheia de dinheiro. Far. Está aí alguém nesta barca?

Ele já todo irritado foi para a outra barca, e começou a chamar. Far.Olá! Está aí alguém?

Passado algum tempo, já o farmacêutico irritado volta a chamar.

Anj.Quem é o senhor?

Far.Está alguém aí?

Desta vez, mais humilde o farmacêutico respondeu.

Após o segundo chamamento do farmacêutico, aparece o Diabo. Dia.Quem é que está aí aos gritos? Far.O melhor dos melhores farmacêuticos de Portugal. Veja lá como fala comigo? Dia.O melhor?! Omelhor dos piores!

Far. Sou um humilde homem, com posses que ganhei, com o suor do meu trabalho. Anj.O que veio cá fazer? Far.Venho pedir se posso entrar nessa barca?

Far.Mas que lata, você tem! Eu sou dos homens mais ricos que já conheceu!

Anj. Temo não poder aceitá-lo, devido a todos os pecados que constam, e à falta de ajuda ao próximo.

Dia.Lá isso sei eu, AHAHAHAH!

Far. Isso não é verdade!

A roubar como roubou,

Anj.Lamento mas terá de se dirigir à outra barca, pois é o seu destino.

mau era se não ficava rico. Far.Eu nunca roubei! Dia.Roubou, roubou! Você multiplicava os remédios aos mais idosos, impingia medicamentos que não eram necessários, para os mais pequenos.

Desgostoso o farmacêutico volta a dirigir-se à barca do Diabo. Dia. Voltastes, meu servo, estou a ver que levastes uma vida digna, de entrares na minha barca! O Farmacêutico cheio de medo entra na barca do Diabo pé ante pé.

Entre outras coisas! Paulo Machado

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Aluno Vem um aluno, com a sua mochila às costas,

Esta é a vossa barca!

e chegando ao batel infernal, diz: O Aluno começa a correr para fugir do Alu.

Hou da barca!

Diabo e vai ate à barca do Anjo, e chegando lá diz:

Dia.

Quem vai i?

Alu.

Grande aluno educado.

Dia.

Que me quereis?

Alu.

Alu.

P’ra onde vai esta barca?

Anjo. Que me quereis?

Dia.

Ó Inferno! Entra cá!

Alu.

Alu.

Ó Inferno! Eramá!

Anjo. Não há nada que te faça merecer isso.

Dia.

Entrai cá.

Alu.

Alu.

Hou da barca!

Queres-me passar além?

Mas nossa rainha encantada. Eu que

Vos levarei ao Inferno.

tudo fiz para merecer o melhor,

Pra bem era,

Você não me deixará embarcar?

Eu tão educado mereço algo melhor.

Anjo. Não senhor!

Dia.

Ahahah vós tão educado?

Cometeste muitos erros na escola,

Alu.

Sim, sim faço tudo que me é pedido,

Deixaste Deus desiludido contigo.

Dia.

Trato toda a gente bem,

Alu.

Professoras, alunos e funcionárias.

Anjo. É demasia do tarde para pedir desculpa.

Podes tratá-los muito bem, Mas não vós fazeis tudo que vos é

mandado. Alu.

Calou! Oh diabo mal tratado.

Dia.

Entrai nesta barca,

Alu.

Aguardai, aguardai, oulá!

Ela te levará onde mereces ir. Alu.

Dia.

Assi que determinais, Que vá ao Inferno?

Dia.

Escrito estás no caderno Das ementas Infernais.

Vou visitar a outra barca vizinha. Ela me tratará muito melhor,

Então onde embarcarei eu agora!

Anjo. Aquela é a tua barca,

Que se nos vai a maré! Alu.

Perdoai senhor.

Alu.

Oh barqueiro! Que aguardais?

E me levará para o paraíso.

Vamos, levantar vela logo

Não vos deixarei ir lá,

Para nos fazermos ao mar.

Paulo Rafael Portilha.

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

PAI Chegando um pai à barca do inferno e diz: Pai - pera onde ides? Diabo - para onde quereis ir?

Pai - então porque não?

Pai - para o paraíso, se me permitis.

Anjo - E os pecados cometidos na terra?

Diabo - esta barca vai para o inferno para os vales do Satanás.

Pai – pecados?

Pai - mas como me podes levar para o vale do Satanás. Eu que me comportei como gente digna e ensinei tudo aos meus filhos ia todos os santos domingos à missa e rezava pelos meus filhos.

Toda a gente erra na vida! Eu ensinei o bem aos meus filhos Eles agora são muito felizes E isso é tudo o que importa na minha vida

Diabo - como gente digna? Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... só se fosse em teus sonos.

Anjo - tens razão e mereces entrar no batel divino.

Tu não ensinaste os teus filhos a comportarem-se bem; a agradecer às pessoas.

Entretanto pode ser venha mais alguém para nos fazer companhia.

És muito mentiroso! Pai - cada um ensina como sabe. Vou-me mas é dirigir a esta outra barca de louvar. O pai vai até à outra barca e pergunta: Pai - pera onde ides vos? Anjo - vale encantado de Deus nosso senhor. Pai - E posso embarcar neste batel divinal?

Pedro Machado

Anjo – merece?

Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Polícia Vem um Polícia fardado, acompanhado pelo seu apito e distintivo policial. Traz também consigo um grande molho de notas, uma caneta gasta e multas rasgadas. Polícia: Hou da barca! Oulá! Priiiiiiiii (toca o apito). Alguém? Diabo: Quem vem í? Pol. Um honrado Polícia, fiel e honesto! Dia. Oh, há tanto que vos esperava, que de tanto esperar me cansei de onde estava e não dei pelo tempo passar. Cá preparado estava para vos receber na minha humilde barca vos acolher, senhor Agente, e uma bela passagem vos oferecer Pol. Não percebo porque me esperavas, na vida tão fiel ao trabalho fui, tão dedicado ao trabalho estava e nunca lhe faltava. Tanta segurança assegurava, um bom trabalho fazia e aqui venho parar para minha agonia. Dia. Quem não havia de gostar de um trabalho tão facilitado? Uma vida vivida a seu belo prazer com muito papel para escrever e muito dinheiro receber. Pol. Tal barbaridade não devia ser dita, principalmente a um bom trabalhador, que toda a sua vida se dedicou a assegurar o bem da comunidade. Dia. O bem da comunidade? Só se for pelas multas exageradas que exigia, e quando necessárias não as escrevia. Quantas multas passou e dos ricos e pobres as distinguiu?

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Quantos ricos salvou e quantos pobres enjaulou? E o dinheiro todo que ao bolso meteu que dos ricos recebeu! Pol. Não era … O Diabo interrompe-o e continua Dia. Quantos turnos noturnos lhe foram exigidos e em vez de os cumprir, aproveitou o mesmo tempo para dormir? Pol. Mas … Volta a ser interrompido pelo Diabo Dia. E aquelas queixas que eram feitas e V. Ex.ª não as passava só porque tinha muito que escrever. Ora embarcai, embarcai… Embarcai nesta barca sem demora. Pol. Pois nesta barca não me vou! E de tudo o que me acusam Não conseguem perceber que o único pecado que cometi foi ser pau mandado. O Policia vira costas ao Diabo e dirige-se à barca do Paraíso Pol.Oulá! Hou da barca? Anj.Que me quereis vós? Pol. Embarcar na barca que me é destinada. Anj. Na barca que vos é destinada? Estais vós de costas para ela. Pol.Naquela barca não embarcarei, pois de tudo o que em terra passei aquela barca não a merecerei. Anj.Não deste ouvidos a tudo o que o Diabo vos disse? Ainda vos achais merecedores desta barca? Não me façais perder tempo. Vós bem sabeis qual barca haveis de tomar.Embarcai, embarcai, a outra barca vos espera. O Polícia volta a dirigir-separa o batel Infernal Pol.Oh barqueiro de má-hora, que me haveis de levar daqui para fora e mau comigo não sereis.

Ricardo Gonçalves

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

PADRE Vem um padre e dirige-se à barca infernal. Diabo - Quem vem i? Padre- O padre mais sensato. Diabo - Entrai lá, e não percais tempo. Padre - Que dizeis? Não vou para o inferno. Diabo - E para onde irias? Mereces cá tu entrar. Muitas mulheres namoraste, não respeitando a tua religião,

O Padre dirige-se à barca do Paraíso e diz ao Anjo: Padre - Hou da barca!... Respondei-me! Oulá, hou! Anjo - Que quereis? Padre - Que me digais, se a barca do Paraíso é esta em que navegais. Anjo - É esta. Que procurais? Padre - Que me deixes embarcar, Sou Padre, mereço que me recolhais.

Crianças abusaste, por diversão.

Anjo - Não se embarca gente como tu neste batel divinal.

Padre - Elas é que vinham ao meu encontro, e mal nenhum fiz a crianças.

Padre - Que dizeis vós? Esta é a barca dos religiosos, mereço embarcar.

Diabo - Poucas vezes rezaste e muitos pecados cometeste.

Anjo - Não vindes vós de maneira nenhuma entrar neste navio.

Chega de mentiras, está na hora de embarcar.

Padre - Não sei porque haveis por mal que entre a Minha Senhoria.

Sem mais demoras que me estás a enervar.

Anjo - Pelos teus pecados, mui estreita é esta barca.

Padre - Não entro aí de jeito nenhum.

Essoutro vai mais vazio, caberás nele.

Diabo - Para onde queres tu ir? Aqui deves tu estar.

O Padre volta à barca do Inferno.

Padre - A barca do Paraíso. Lá mereço ficar.

Inferno há i pera mim?

Padre - Ao Inferno, todavia.

Diabo - Entra lá que o teu lugar é aqui! Diabo - Com tantos pecados que cometeste, lá queres entrar? Só podes estar a brincar. Catarina Brochado Escola Básica de S. Martinho

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Político Vem um político, com o seu fato, chega ao batel infernal e diz: Político: Oulá da barca, oulá Político: Hou da barca!

Anjo: Esta não é a barca dos que

Diabo: Quem vem i?

Roubam ao povo só para

Político: Sou o governador preferido.

Viverem melhor à custa dos outros!

Diabo: Ah sim, aquele que roubava o povo!?

Político: Se eu vou para lá, os outros também vão.

Cobrando mais impostos, subindo o preço e a taxa do IVA, que prometia mil e uma coisas para ganhar as eleições e

Torna-se político à barca do inferno, dizendo:

fazia falsificação de documentos. Político: Eles faziam outro tanto. Diabo: Quem cousa tão preciosa! Ponha aqui o pé! Político: Para onde é a ida?

Hou barqueiros da má-hora, Que é da prancha que eis me vou? Já estou aqui há muito tempo Parece mal aqui de fora!

Diabo: Para a ilha perdida Político: Essa não é a minha barca

Diabo: Entrai, se viveste santa vida, Vós o sentireis agora…

O político dirige-se à barca do Anjo

Sílvia Monteiro

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Médico Entra um médico de bata branca e também com uma caixa de primeiros socorros, dizendo: Méd.- Oh da barca! Dia.- Quem vem ai? Méd.- O salvador do mundo. Dia.- Ah muito bem, orgulhoso que vens aqui fazer? curar alguém, ou curar os teus pecados. Méd.- Pecados? não entendo! Dia.- Fizeste tudo? e as que deixaste que batessem as botas? Med.- Fiz tudo o que podia fazer pelas pessoas, e nunca deixei que isso acontecesse Dia.- Claro que não! entra para a barca e mostrar-te-ei o que lhes fazias. Méd.- Pela fé de Jesus Cristo, eu ai não quero entrar e aliás não posso ser condenado, por salvar pessoas Dia.- Entre na minha barca e contar-vos-ei dos idosos que outrora aqui passaram. Méd.- Mas juro que fiz tudo por eles. Dia.- Não tens, na tua caixinha reverenda, algo ou alguma drogazinha que te faça lembrar do que fizeste Méd.- Não aguento mais vou àquele lado ver se alguém me atenta Dia.- Mas aqui voltaras Méd.- Oh da barca! Anj.- que me queres? Méd.- Será que posso entrar aqui?

O Diabo ao escutar a conversa diz: Dia.- Ah! agora abandonar um ancião é sucesso, estais a remar para um bom lado estais. Anj.-andaste na vida mundana, portanto não te posso dar acesso a esta barca. Méd.- E não tenho esse direito? Anj.- Sim, mas também tens deveres sempre que uma pessoa necessitar da tua

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ajuda, tens de a dar, é para isso que desempenhas essa profissão Méd.- Estou a ver que não tenho outra hipótese a não ser dirigir-me para aquela barca. (apontando para a barca do diabo) Méd.- Mas afinal para onde é que vai? Dia.- Vai para um hospital ardente que nunca sonhaste em vida. Méd.- Mas o que é que vou para aí fazer? Dia.- As pessoas que fizeste sofrer foram para aquela barca deixar o seu sofrimento o teu começará agora! Méd.- Mas eu não compreendo uma coisa, eu só cometi esse erro e vou para essa barca e aquelas pessoas que cometem centenas de erros para onde é que vão, para o batel do anjo? Dia.- Não interessa se cometeste muitos erros ou não o que interessa é que os cometeste portanto podes começar a entrar na minha barca Méd.- Não tenho outra solução Dia.- Tinhas, se não fosses assim em vida, se calhar não entravas aqui Méd.- Mas acho injusto Dia.- A decisão já foi tomada antes de aqui entrares!

Tiago Nunes

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

ESTUDANTE Vem um estudante com os seus livros, e chega ao batel infernal, e diz: Estudante: Hou da Barca! Diabo: Quem vem i?

Estudante: Vou na mesma, pois tenho a certeza que vou ficar lá! Diabo: Tu é que sabes, mas vais-te arrepender!

Estudante: Estudante que faleceu sem contar

Vai-se à barca do Anjo, e diz:

Diabo: Porque vens tão cedo?!

Estudante: Hou da santa caravela

Estudante: Porque era um desastre na escola!

Poderes levar-me nela?

Gozava com a professora,

Anjo: A carrega te embaraça.

não fazia os trabalhos de casa,

Estudante: Não há mercê que me Deus faça?

batia nos meus colegas,

Anjo: Essa barca que lá está,

copiava nas fichas de avaliação.

Leva quem é incorreto.

Diabo: Porque fazias isso, se sabias que não era correto?

Estudante: Mas eu não roubei, só me comportei mal, esta barca é mais porreira do que a do inferno.

Estudante: Gozar com a professora porque era top, para não dizerem que era betinho, não fazia os trabalhos de casa, porque os meus colegas também faziam na escola e eu sendo assim, aproveitava e copiava, bater nos meus colegas porque eles também me chegavam e para me defender, siga bater neles também, copiar nas fichas de avaliação porque em casa em vez de estudar jogava bola e na escola fazia as cábulas.

Anjo: Mas sabes que não te devias ter comportado mal. Estudante: Eu sei, estou arrependido mas agora já que fiz a asneira, deixe me ficar aqui, Anjo! Anjo: Eu vou-te deixar ficar aqui, não porque a minha barca é mais “ porreira “ como tu dizes, mas porque és inocente das coisas que fizeste. Agora, senta-te aí, e fica calado!

Diabo: Sendo assim, tens de ficar no lago dos danados. Estudante: Mas eu quero ir para a barca do Anjo!

Vanessa Pinto

Diabo: Não vale a pena ires lá, pois ela vaite mandar para aqui!

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O Aluno Vem um aluno, que se diz o mais inteligente, e diz para a barca infernal: Aluno: Ó Satanás? Diabo: Quem é o ridículo que me chama de Satanás? Aluno: O melhor aluno que já por cá passou! Diabo: O melhor aluno por cá passou? Não me faças rir! Aluno: Nunca farei rir tal personagem como tu, chifrudo. Diabo: Deixemos de parte tais insultos e vamos ao que interessa. Que me queres, ó inteligente? Aluno: Mandaram-me vir para aqui … e não percebi o motivo para aqui por tamanha inocência! Diabo: Só te mandaram vir para o sítio certo! Já que a inocência é o que menos tens. Aluno: Tantas acusações para quê? Já que tu és menos inocente que eu, diabinho da barca... Diabo: Então dá-me argumentos para essas acusações a que te referes. Aluno: Ó triste quem é mais egoísta que tu? Diabo: Cala-te, até parece que sabes do que falas! Aluno: É por isso que não hei de entrar e embarcar na tua barca. Diabo: Então se contra mim falas, dirige-te para a barca do Anjo e estarei lá presente para ouvir tal inocente discurso. Já que dizes que na minha barca não hás de entrar!

O aluno dirigiu-se para a barca angélica, e disse: Aluno: Ó da santa caravela, não achais que vos pertenço? Anjo: Quem és tu, e porque me procuras? Aluno: Não achais que tal preciosidade embelezava a vossa barca? Anjo: E o egoísmo que praticaste na terra embeleza a minha barca? Aluno: Qual egoísmo a que se refere? Anjo: Sabes bem a que me refiro! Por isso não vale a pena argumentares a teu favor pois tu na minha barca não tens lugar …assim é a justiça divina! Aluno: Mas, Anjo … Anjo: Já te disse, não vale a pena continuares. Sabes qual é a minha decisão final …vai-te para a barca infernal!

Dirigiu-se novamente para o arrais do inferno, contrariado disse: Aluno: Não vale a pena dares-te por vencido porque isto agora ainda começou. Diabo: Esta é a tua barca! És muito bem-vindo neste meu batel infernal, meu amigo!

Zita Pereira

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Gil Vicente: À maneira de … no séc. XXI

O projeto apresentado resultou de uma proposta de trabalho feita aos alunos do 9º ano, da turma E, da Escola Básica de S. Martinho do Campo, no ano letivo de 2014/2015.

Os textos divulgados resultaram de uma proposta de escrita criativa, segundo um modelo, e do estudo de «O Auto da Barca do Inferno», do dramaturgo do século XVI, Gil Vicente, sob orientação da professora da disciplina de Português, Ermelinda Coroas da Silva.

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