Os vícios de Cícero

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Assim me ensinaram e assim eu fiz.

Comecei

tímido:

pregando

na

geladeira, na televisão, na porta do armário. De alguma maneira meu pai não notava nem dava a devida atenção. Comecei a colocar no bolso da calça, no verso do boletim da escola e acima das estrelinhas que ganhava da professora por ter feito a lição de casa. Nada! Meu pai não cedia a meus esforços.

Pensei! Vou falar com a mamãe,

ela sempre convence o papai a fazer as coisas que ele não quer. Mamãe não me ajudou, mas me deu uma dica valiosa:

- Filho, quando você crescer irá

entender que nós, mulheres, ganhamos os homens pela boca.

Foi quando entendi o porquê da

minha mãe passar tanto tempo cozinhando.

Voilá! Meu próximo bilhete será

especial. Quero ver se desta vez ele esquece minha Caloi.

Acordei mais cedo para preparar

o bilhetinho, desci as escadas correndo e sentei-me a mesa para tomar café. Era uma questão de tempo até minha mãe dar o famoso grito de guerra com um pote de margarina em mãos: Ok, pessoal, pode vir que está na mesa.

Papai sentou-se, pegou o pão que

minha mãe acabara de preparar com sua manteiga preferida e foi com toda vontade 9


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