Uma história de amor e inclusão

LÉO GERCHMANN

Uma história gremista de

amor e inclusão

LÉO GERCHMANN

Uma história gremista de amor e inclusão

EXPEDIENTE | STAFF

Criação, Direção de Arte e Produção Gráfica

Creation, Art Direction and Graphic Production:

Entrelinhas

Conteúdo & Forma

Autor | Author:: Léo Gerchmann

Edição e Coordenação Editorial | Editorial Coordination & Editing: Milene Leal

Projeto Gráfico e diagramação | Graphic Design and Layout: Carolina Fillmann

Revisão | Review: Flávio Dotti Cesa

CAPA COVER

Foto | Photo: Luciano Amoretti

Produção | Production: Fabiana Correa

Direção | Director: Airton Beluda

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

5 Prefácio

17

Capítulo 2 O braço social

9

35

51

Capítulo 6 Ações pela saúde

67

Capítulo 4 O começo

Capítulo 1 Vida fora do campo

25

Capítulo 3 A pluralidade tricolor

45

Capítulo 5 Tarciso, o “Flecha Negra”

57

Capítulo 7 Transição no novo estádio

Capítulo 10 Família cidadã

Capítulo 8 Um delicado desafio social

73

Capítulo 9 Remando para o futuro

83

Capítulo 11 A sublimação pela arte

93 A history of love and inclusion by Grêmio supporters

Prefácio 1

Instituto Geração Tricolor: há 10 anos projetando um futuro melhor

O tamanho de um clube pode ser aferido por diversas formas. Pelo peso de suas conquistas, número de títulos, pela tenacidade de suas batalhas, muitas vezes de contornos épicos, mas que imprimem de maneira equânime a grandeza que uma instituição é capaz de alcançar ao longo do seu tempo.

Quando se soma a esse arrazoado de requisitos um propósito humanitário, cumprindo-se assim o papel social que está na essência de um clube de futebol, disposto a auxiliar no desenvolvimento das comunidades onde está inserido, se dá a comprovação de que fora de campo também é possível lograr êxitos importantes, dignos de reconhecimento e que ampliam ainda mais o conceito de grandiosidade.

É nesse contexto que uma entidade como o Instituto Geração Tricolor merece ser reconhecida e celebrada, sendo ela essencial na vida de um clube do tamanho do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

A perspectiva vocacional que se pode provocar

em pessoas impactadas pelo trabalho dentro do IGT, capaz de repercutir na vida e no estado anímico de centenas de famílias que vivem nos arredores da Arena em situação de vulnerabilidade socioeconômica, estimulando a convivência e fazendo com que o amanhã possa ser muito mais digno e promissor, nos recompensa a cada novo ano.

O Grêmio, que projeta em seus jovens atletas um futuro promissor, de incontáveis glórias para além da linha do tempo, formando, orientando, auxiliando no desenvolvimento, é o mesmo que acolhe essas crianças e adolescentes para dar a eles a expectativa de um futuro repleto de oportunidades.

É com essa convicção e cientes do nosso compromisso, da capacidade que temos em promover mudanças e sabedores do quão imponentes em valores podemos ser, que nos juntamos ao Instituto Geração Tricolor, acreditando todos os dias ser possível, sim, redefinir o futuro de quem precisa, o que depende apenas da nossa vontade e da garra de todos nós, gremistas.

Romildo Bolzan

Prefácio 2

O desafio de um projeto social no futebol

O IGT se criou a partir de um encontro de forças. Era 2009, o Duda havia sido eleito Presidente do Grêmio e eu havia participado intensamente do processo eleitoral, o que me rendeu uma convivência com o ambiente do Grêmio e a possibilidade de me relacionar com muitas pessoas. Dentro de mim havia uma disposição de fazer parte, de contribuir, não tinha clareza com o quê, nem como. Essa vontade se unia a uma percepção de que eu me encontrava num tempo, num lugar especial, em que a vida raramente é capaz de nos oportunizar.

Uma inquietação constante dentro de mim está ligada às crianças e aos adolescentes, enquanto seres humanos em desenvolvimento e com a necessidade de serem protegidos e cuidados nesta fase da vida para poderem, quando adultos, atuar como protagonistas éticos, devolvendo para a sociedade aquilo que receberam.

A desigualdade social no nosso país incrementa e potencializa a minha inquietação. Costumo dizer que responsabilidade social é algo individual que deve se transformar em coletivo, mas vem de dentro de cada um de nós. Nas cidades onde vivemos, infelizmente, não faltam situações para que a

gente reflita sobre a desigualdade e perceba que os excluídos precisam ser olhados.

O futebol é o esporte mais popular do nosso país e os grandes Clubes de futebol são somente uma pequena amostra da quantidade de pessoas apaixonadas pela bola. Aliás, aqui no Brasil, a popularidade deste esporte é tamanha que faz a galera falar que vai jogar bola, quando vai jogar futebol. O Grêmio é objeto de desejo de muitos meninos e meninas. Sendo um Clube grande, vitorioso e de muitas conquistas, o Grêmio recebe muitos atletas que vivem em vulnerabilidade social e, quando conseguem se destacar, passam a ocupar um outro lugar na sociedade. E o Grêmio sabe que não basta ser um bom jogador ou jogadora, é preciso ser um cidadão. O Clube faz um trabalho de destaque neste sentido, na escola e na Base. O número de jovens que conseguem virar atletas é pequeno, mas o Grêmio é grande, tem uma torcida de apaixonados desmedida e nutre uma vontade reprimida de fazer mais por aqueles que são invisíveis, que têm fome e não têm as mesmas condições básicas de sobrevivência.

Foi assim que a minha alma de psicanalista interpretou o desejo recalcado que se revelava em

conversas nos corredores, nas cadeiras durante o intervalo dos jogos e, até, no vestiário do Olímpico, enquanto aguardava o término da coletiva de imprensa. Fazer parte do Grêmio gera um sentimento de coletividade e força. Uma força que é capaz de embalar sonhos.

Ao longo das minhas peregrinações pelo Clube, fui encontrando gente que, como eu, também é inconformada com a desigualdade social, com as crianças que crescem sem terem as mesmas oportunidades de outras e com a vontade de fazer algo a respeito desse mal-estar.

Então, percebi que não tinha opção, tinha a responsabilidade de juntar parceiros para criar um projeto social. Foi o que fizemos. Não tinha clareza de aonde chegaríamos, do quanto de fôlego possuíamos.

Era um jogo desconhecido, não tinha regras e, muito menos, jogada ensaiada. Tínhamos essa ânsia de fazer algo e aquele foi o momento em que a vida se encarregou de nos oportunizar. Fomos lá e fizemos.

Ao longo das páginas deste livro, você vai perceber quantos gremistas se uniram nesta empreitada e como é possível e fundamental que outros

Clubes possam se empenhar em construir projetos que contribuam para a construção de cidadãos, minimizando a imensa desigualdade social do nosso país. Observem o sorriso das crianças que revelam aquele sentimento que descrevi acima, quando são reconhecidas e fazem parte do Grêmio. Afinal, o Grêmio é puro sentimento!

Sou grata a todas e a todos que acreditaram e participaram do nosso sonho e, principalmente, àqueles que fizeram e fazem o trabalho diário de potencializar a vida das crianças e dos adolescentes, de fazer com que eles acreditem num futuro.

Este livro existe porque o Léo, outro apaixonado pelo Grêmio e inconformado com as injustiças sociais, se encantou pelo IGT e quis contribuir, escrevendo a nossa história. Ele, um profundo conhecedor do Clube, escreveu uma história linda que revela, mais uma vez, a alma gremista. Nesta trajetória, ganhei um amigo. Obrigada, Léo, por sonhar junto.

Luciana Kroeff Vice-presidente do IGT

Vida fora

do campo

Capítulo 1

Quais são as palavras que nunca são ditas?

Como perguntava o gênio Renato Russo e todos cantávamos nos míticos anos 1980, década de democratização e de inéditas conquistas futebolísticas mundiais, “quais são as palavras que nunca são ditas?”.

Pois é. Às vezes, uma máxima se torna clichê justamente por nos trazer algo limpidamente certeiro. E há uma máxima repetida que é pra lá de verdadeira, a ponto de ser clichê gasto de tanto uso: futebol é muito mais que um jogo.

E é! Como é!

Mais: deve ser. Precisa ser!

Vida fora do campo

Com o IGT (Instituto Geração Tricolor), o Grêmio radicaliza essa máxima do futebol, que não por acaso é o esporte (e o jogo) mais popular e emocionante do Planeta, cativando aficionados a partir de uma bola de meia qualquer e estabelecendo vínculos afetivos. Radicaliza mesmo, no sentido literal de ir à raiz e se aprofundar no tema proposto! Já faz 12 anos que um grupo abnegado de pessoas trata de levar a marca Grêmio, de apelo mundial e afeto sem fronteiras, à população vulnerável que necessita de uma mão estendida e que passa a se sentir parte disso.

Neste 2022, quando a cidade vive mudanças expressivas na orla e no cais, resta evidente o esquecimento de regiões como a Vila Farrapos e o Humaitá. O IGT trata naturalmente de suas populações, porque estão nas franjas da casa gremista. Grêmio e IGT fazem o que deveria fazer o Estado: as enxergam e acolhem. Autoridades e mídia também deveriam incluí-las em pautas, projetos e sonhos. Fala-se que a cidade mudará com a sofisticação da orla e do cais. Mas mudança radical, mesmo, ocorrerá quando Porto

Alegre estender seus braços físicos e afetivos a essas pessoas que vivem em situação subumana, em meio ao lodo e aos excrementos. No momento em que forem agregadas à geografia, deixarão de ser invisíveis

Outro clichê que se repete por ser verdadeiro: o futebol é uma representação da vida. E é! Dentro de campo, nos 90 minutos de um enredo com drama, suspense, risos e choros, há a solidariedade da equipe e a individualidade do talento; a equipe e o indivíduo; há superações pessoais e coletivas; há perseverança e por vezes também a resiliência de quem cai e se levanta; há duelos também coletivos e individuais; há suspense e há o êxtase da bola entrando no gol e estufando a rede. O grito eufórico, a tristeza, a catarse. Há a história, a memória afetiva, o pertencimento e o fortalecimento dos laços entre pais e filhos pela paixão. Gerações. Gerações tricolores!

E fora de campo?

Há tudo isso junto, só que na vida como ela é.

E o Grêmio é historicamente sensível à realidade crua representada pelo futebol em seus por vezes belíssimos enredos dramáticos de 90 minutos. Clube de vocação popular desde sempre, o Tricolor calibra os pés dentro de campo e arregaça as mangas fora dele, para expandir o sentimento único e inexplicavelmente mágico de ser gremista.

O Instituto Geração Tricolor é o braço social do Grêmio, uma associação sem fins lucrativos que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social (inicialmente, o público era formado por jovens entre 6 e 14 anos, mas esse contingente se ampliou aos mais velhos).

Nascido na Azenha (bairro onde ficava o Estádio Olímpico) a partir do sonho de vários gremistas, o IGT acompanhou o Tricolor em seu novo momento na Arena e, atualmente, direciona suas atividades de responsabilidade social para o seu entorno. E o que é a Arena? A Arena é uma oportunidade.

Arena, uma oportunidade

fora do campo

Se você reparar bem, a Arena é uma verdadeira volta às origens, a intensificação de uma essência sempre presente no clube. Por quê?

Porque o Grêmio deu seus primeiros passos, em 1903, onde hoje está o Parque Moinhos de Vento, que na época era puro mato, o Mato Mostardeiro. Gado pastava bovinamente em terras cercadas de banhados, a vegetação era nativa. A família Mostardeiro, cujo patriarca era Antônio Mostardeiro e a matriarca era Dona Laura (a afetuosa Dona Laura, que organizava saraus libertários para ex-escravos da antiga colônia africana onde hoje fica o bairro Rio Branco), recém começava a prosperar, e foram eles que venderam o terreno para a edificação do Fortim da Baixada. E lá estavam os jovens Mostardeiro como jogadores nos primórdios do clube. Mas o que a Arena tem a ver com isso? A Arena fica no que hoje é o extremo norte de Porto Alegre, na entrada da cidade. Tem, geograficamente, o determinismo da inclusão, da receptividade, do acolhimento. Assim como eram os quixotescos Moinhos de Vento no início do século 20. Ali onde hoje fica a Rua Mostardeiro, circundando o “Parcão”, era a saída de Porto Alegre, quando terminava a Avenida Independência com seus casarões. As ruas 24 de Outubro e Plínio Brasil Milano eram o que na época se chamava de Caminho dos Anjos, que levava até a cidade de Gravataí. Ou seja, era uma estrada. E o bairro Auxiliadora? Estava sendo loteado naquele momento e ainda não era nada parecido com o atual, totalmente urbanizado, com seus comércios, serviços, lazer e até certa sofisticação.

Vida

Jefferson Bernardes/Ag. Preview/Beluda.Pro

E assim voltou a ser o Grêmio, desbravador por natureza, perseverante, como seu próprio hino, como um personagem de Júlio Verne dando a volta e indo ao centro da Terra. Enfrentando os maiores obstáculos como um Michel Strogoff ao proteger o rosto com uma lágrima de puro amor diante da adaga incandescente que o cegaria. A paixão como força e caráter! O mosqueteiro guerreiro que remete à ideia dos personagens de Alexandre Dumas, um por todos e todos por um. Da Azenha, depois de uma lindíssima história que durou mais de meio século no saudoso Estádio Olímpico, o clube voltou a desbravar, voltou à sua vocação, à sua essência de promover a expansão da cidade e a inclusão. Perceba o nome Grêmio. Seis letras, uma diferente da outra. Grêmio, de agregar. Significa sindicato em espanhol; é usado como organização de política estudantil no idioma português. O gentílico “gremista” também remete a uma ideia de firmeza, pluralidade e acolhimento. É de gênero inflexível. Pode haver a gremista ou o gremista.

O clube abraça todos, é de todos.

E, nesse contexto, nessa brava alma tricolor, o IGT desempenha papel altamente estratégico. É, enfim, o braço social!

Falar sobre o IGT é uma das grandes alegrias (e saudades) da minha vida. Ter feito parte dessa história foi algo transformador em minha vida. Eu posso afirmar que certamente aprendi muito mais do que ensinei. E assim foi até o último dia. Eles me ensinando tanto sobre tudo, e eu esperando conseguir deixar pelo menos alguma coisinha boa com eles. Nesses 12 anos de IGT, tenho certeza de que muitas vidas foram transformadas: das crianças e adolescentes, das famílias, da comunidade e de cada pessoa que teve a sorte de compor a equipe da instituição. IGT, para mim, é sinônimo de ser feliz, de ser abraçado, de ensinar e aprender, de crescer, de apoiar e ter apoio, de lutar, de mudar histórias de vida, de esperança! Meu desejo nesta data é que o IGT tenha vida longa, para que ainda mais famílias possam ser alcançadas por esse projeto que é só luz na vida de quem passa por ele.

Keyla Malaquia – Educadora

Lucas Uebel

Luciano Amoretti

O braço

Luciano Amoretti

De acordo com material fornecido pela própria entidade, entenda como funciona: o IGT oferece o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), de segunda a sexta-feira, no turno inverso ao da escola, com no mínimo quatro horas diárias de atividades, com duas refeições nesse período. As crianças estão organizadas em grupos etários com atendimento realizado por Educadores Referência, estudantes de nível superior de Psicologia, Pedagogia, Serviço Social ou Educação Física, além de voluntários e oficineiros. São desenvolvidas atividades esportivas como futebol e vôlei; atividades socioeducativas, oficina de box, remo e de alfabetização. O objetivo é garantir os direitos fundamentais da criança e do adolescente em situação de vulnerabilidade social, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários por meio do atendimento integral e especializado, para torná-los plenos no exercício da cidadania.

O futebol está no DNA da gurizada. Entre uma atividade e outra, sempre dá tempo de um chute ao gol

Luciano Amoretti

O

Braço Social

reconhecimento, conscientização

respeito às diferenças e exercício da cidadania.

12 anos. Nossa!, lembro como se fosse hoje a primeira reunião, a primeira atividade com as crianças, os passeios. Melhor ensinamento profissional que poderia ter, e um diferencial para minha vida pessoal. Sinto um grande orgulho de ter feito parte da equipe de educadores do início do projeto. Muita saudade.

Daniel Savaris – Educador

Os valores são: reconhecimento, conscientização e exercício da cidadania, como práticas de deveres e direitos; respeito às diferenças, entre elas, de gênero, racial, de credo, étnicas, socioeconômicas, de potencialidades e faixas etárias. Procura-se fomentar a empatia, a solidariedade, o pertencimento. Ensinar a viver com a adversidade e valorizar a infância.

A cena é real: a mãe solo chega a sua casa, no bairro Farrapos, gira a maçaneta redonda ainda sob a leve sensação de que encontrará o filhinho adolescente com o olhar vazio, ouvindo música e falando sobre a falta de sentido da existência. Claro, leitor, essa poderia ser a visão do menino. Este autor abre parênteses para introduzir aqui a sabedoria de Viktor Frankl, o psiquiatra que sobreviveu aos campos de concentração nazistas e fundou a logoterapia, escola segundo a qual a vida SEMPRE tem sentido, mesmo que seja para honrar e homenagear quem ficou no caminho ou por algum sonho. Pois bem, é de sonho que tratamos aqui. O IGT possibilita que pais e filhos em situação de vulnerabilidade sonhem. Voltemos, então, à mãe solo do menino: ela encontra o jovem estudando, radiante, cheio de assuntos e, claro, invariavelmente usando a camiseta tricolor.

Acervo IGT

A palavra “respeito” é corriqueira

Os funcionários do IGT falam da comunidade local com carinho e cuidado, para que sejam respeitados seus códigos e não impostos padrões comportamentais externos. Não se trata da busca de uma família padrão. A figura paterna por vezes está ausente, mas a própria comunidade tem suas alternativas para a educação das crianças. A palavra “respeito” é corriqueira.

Nessa linda história de vida, é claro que o clube está por trás e dá suporte decisivo ao seu braço social. Como mantenedor do IGT, o Grêmio coloca a sua disposição parte de seus funcionários e colaboradores, a alimentação de algo como 50 crianças com duas refeições diárias, serviços de segurança, motorista e manutenção da sede. Claro que tudo isso é determinante para os trabalhos terem seguimento, é um empenho do clube para que seu braço social funcione. E ainda há as colaborações mensais aportadas pelo próprio IGT, usualmente de sócios do próprio clube e do IGT, que têm sido fundamentais para o aperfeiçoamento permanente do projeto durante esses 12 anos de existência.

Josiely Álvares - Grêmio FBPA

A pluralidade

3 tricolor

Capítulo

A pluralidade tricolor

Na foto de 1926, o time do Grêmio com Adão Lima (o primeiro negro a jogar nos clubes grandes do RS, no Grêmio, entre 1925 e 1935), ao centro, de touca escura. À direita, o pardo Adroaldo (que jogava no clube desde 1924). O ícone Eurico Lara está deitado, à frente

trata-se de uma alma generosa e plural

O Grêmio tem uma alma linda, muito bem representada pelo IGT.

Trata-se de uma alma generosa e plural.

Digamos que um extraterrestre veio à Terra e, ao estacionar sua espaçonave na zona norte de Porto Alegre, na entrada da cidade, conheceu a história de uma instituição, fato por fato.

Essa instituição, fundada por pessoas de diferentes origens étnicas sob a liderança do jovem Cândido Dias da Silva, criou uma agremiação com o único desejo de jogar bola. Até o símbolo dessa agremiação era o de uma bola de futebol. Num estatuto ousado para o início do século passado, todas as nacionalidades e crenças eram explicitamente aceitas. Ninguém era rejeitado.

Acervo Museu do Grêmio

Acervo Grêmio

Num Estado e num país marcados pela escravidão longeva, o time dessa instituição teve seu primeiro jogador pardo já em 1913 e seu primeiro jogador preto em 1925. Foram os primeiros da cidade! Nos anos 1930, o negro chamado Bombardão divertia os estádios como torcedor-símbolo do clube, provocando os adversários com frases criativas e um vozeirão próprio do instrumento de sopro que lhe dava o apelido. Nos anos 1940, quem assumiu essa condição foi o judeu

Salim Nigri, que em 1946 estendeu uma faixa de apoio ao time (“Com o Grêmio onde estiver o Grêmio”), faixa cujos dizeres de pertencimento e perseverança, sete anos depois, inspiraram outro negro, o gênio

Lupicínio Rodrigues, o maior nome popular da nossa música, a fazer o hino do clube que tanto amava, o hino que diz que ele iria até a pé onde fosse necessário para acompanhar seu Tricolor.

Nessa mesma instituição, houve o jogador preto que, por defender a seleção do país numa façanha histórica em 1970, foi eternizado na bandeira oficial do clube com uma estrela dourada. É a única estrela na bandeira, e não é em referência a um título, mas a um homem negro.

Nesse clube jogaram negros ilustres como o próprio Everaldo de quem se fala aqui, Juarez, Ortunho, Alcindo, Lumumba, Tarciso, Roger Machado e tantos outros que poderiam ser enumerados às centenas.

2017: “Oficina de Trapos”, uma ação do IGT com a torcida da geral

Acervo Grêmio

No Estado desse clube, houve, certa vez, um governador negro, Alceu Collares, que também havia sido prefeito da Capital. Foi o equivalente local ao que representou o presidente Barack Obama nos EUA. Conselheiro de que clube? Ora, nem preciso dizer. Nesse clube, aliás, uma torcida organizada LGBT foi aceita e acolhida oficialmente, tendo espaço físico no estádio para guardar suas faixas, bandeiras e instrumentos. Sim, a Coligay marcou época entre 1977 e 1983, justamente no período em que o país vivia o triste hiato de uma ditadura militar (1964-1985), em que transgredir, na política ou nos costumes, era motivo de feroz e institucionalizada repressão. Não há registro de caso semelhante em todo o Planeta Terra! Perceba o quanto isso é acolhedor e desbravador. O quanto é imenso.

Momento festivo na sede do IGT: quando uma cama elástica faz a festa da gurizada!

O que falar do IGT?! A palavra que resume o nosso sentimento é gratidão por tudo que fazem, nesta época complicada que estamos passando. Em todos esses meses nunca deixaram de atender as famílias, sempre dispostos a ajudar no possível. Eu sou suspeita em falar, pois o aprendizado que o Adam teve e, sei que muita coisa tem acrescentar na vida dele e no seu caráter, como tratar as pessoas, não ficar quieto em situações de preconceito. Isso para mim é primordial! No mundo em que vivemos, é importante ter aquele olhar de empatia! Minha gratidão por fazer parte da família IGT. Que essa instituição cresça, cada vez mais, e possa amparar outras famílias. Parabéns pelos 12 anos.

Suéllen Araújo – Mãe do Adam

Há 12 anos era fundado o Instituto Geração

Tricolor…

Lugar de aprendizado, cultura. Regado de diversão e amor…

O IGT durante dois anos foi minha segunda casa…

Lembro como se fosse hoje de todos os momentos que passei com essa gurizada…

Sorri, brinquei, chorei e até me emocionei…

E com certeza, muitas amizades eu conquistei…

Cauê, Vini, Bubu, Ketlen, Paola e Kerolin…

Todos serão sempre muito importantes para mim…

Também tinha o Ronald, Geovana, Kauãzinho e Camila Vitória…

Turma A, turma de VIDA LOKA, será sempre a primeira turma da minha história…

E é com muita felicidade, IGT, que te escrevo este versinho.

Pois são 12 anos de história, transbordando paz, amor e carinho.

Samuel Sotilli – Educador

Tal história nos credencia a fazer da nossa instituição

uma plataforma de amor

“Ufa! Que história incrível”, diz o ET, emocionado diante de tamanha trajetória generosa, inclusiva e plural. Depois, ele conclui: “Dificilmente algum clube, no mundo todo, tenha história com tantos fatos edificantes para apresentar. Certamente esse clube faz jus à sua memória”.

E agora cabe a nós pensarmos a partir da provocação do ET, curiosamente como fez a icônica cantora Elis Regina, torcedora desse mesmo clube, ao cantar “alô, alô, marciano...”.

Sim, tal história nos credencia a fazer do futebol e da nossa instituição uma plataforma de generosidade, amor, diversidade e respeito às diferenças. E que façamos isso seguindo o lema de perseverança da faixa de Salim Nigri e dos versos de Lupicínio Rodrigues. O judeu e o negro em uma linda conexão tricolor.

Porque somos o Clube de Todos!

Siga, nesta linha do tempo, como foi a história linda do IGT, que se tornou parte desse processo todo de inclusão. Entre 2009 e 2010, o projeto se tornou uma belíssima realidade.

O começo

Capítulo 4

Luciano Amoretti

O presidente do Grêmio era Duda Kroeff, e foi ele quem deu vazão ao desejo, comentado nos bastidores do Estádio Olímpico, de realizar algum trabalho forte de responsabilidade social. Duda se sentiu sensibilizado pelo projeto, que se sustentava em dois pilares extremamente básicos: o clube de futebol vai muito além do jogo e as necessidades, escancaradas a cada semáforo das ruas brasileiras, nas periferias das cidades e no público apaixonado dos estádios e de seu entorno, gente extremamente necessitada, em uma situação de desigualdade social avassaladora. Esse é o público majoritário do Grêmio! É o guardador de carro com sua camiseta puída, o menininho que se inspira nos ídolos, a mãe que espera o dia do jogo para acompanhar e torcer apaixonadamente pelo time. Muito além dos sócios em dia, a alma do clube está nessa gente simples. Chegara a hora de o clube ter o braço estendido especificamente para essas pessoas carentes de atenção, afeto e sustento.

Muito além dos sócios em dia, a alma do clube está nessa gente simples.

Primeiro grupo de crianças e educadores do IGT

A oportunidade de tirar o projeto do papel surgiu em um jantar de aniversário do clube. As primeiras-damas do Grêmio e da cidade de Porto

Alegre, Luciana Kroeff e Isabela Fogaça, uma psicanalista e a outra cantora, ambas especialistas em lidar com a alma, conversaram empolgadas sobre a ideia. Uma empolgação que foi além do diálogo entre as duas e contagiou os demais. Posteriormente, o então vice-presidente César Pacheco, o diretor Luiz Moreira e a ouvidora Suzana Foernges se uniram para dar o pontapé inicial do grupo que originaria o IGT.

Em 2010, o time estava formado e bem entrosado: o presidente do clube, Duda Kroeff, e a presidente do IGT, Luciana Kroeff, psicanalista de formação e vocação, contaram com as participações de Suzana Foernges, César Pacheco, Isabela Fogaça, Kevin Krieger, Luís Moreira, Marcos Hermann e Bia Aroldi. O assunto tomou conta do grupo, ideias foram surgindo. Ficou claro que aquele projeto era viável e, também, poderia ser enorme.

Parabéns pelos 12 anos e que venham muito mais. Primeiramente, eu gostaria de agradecer por tudo, tudo mesmo que vocês têm feito pelas nossas crianças. Meu filho Hanry, depois que entrou no IGT, se tornou uma criança bem melhor e ele adora o IGT, sem falar nas oportunidades que ele tem de entrar com os jogadores, passeios e vários outros... Muito obrigada IGT, por tudo...e, pela ajuda que vocês dão para nós também!

Parabéns, IGT... gratidão por tudo.

O IGT foi muito importante para o desenvolvimento, aprendizagem e formação educativa e moral do meu filho Leonardo. Ele passou pouco tempo no projeto mas foi de suma importância para todos nós. Espero que meu outro filho, Samuel, também possa ter essa experiência maravilhosa.

É de 30 de agosto daquele ano a Ata de Assembleia de Fundação do IGT. Dia de profunda emoção. Participaram do evento, além da entusiasmada presidente Luciana, Mauro Knijnik, Luiz Roberto Marczyk, Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior, Carlos Biedermann, Francisco José Moesch, Roberto Sommer, Jaime Souza de Marco, Jeferson Thomas, Luis Gustavo Schmitz, Carlos Renato da Silva Martini e Alisson Giscard Terra Lucas. “Era como o filho nascendo naquele dia”, emociona-se ainda hoje Luciana, uma mulher com formação familiar fomentada na visão solidária de mundo. A primeira diretoria foi integrada por Luciana, pelo vice Luiz Roberto Marczyk; pelo primeiro-secretário Mauro Knijnik; pelo segundo secretário Francisco José Moesch; pelo primeiro tesoureiro Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior; e o segundo tesoureiro Carlos Biedermann. O Conselho Fiscal tinha, como titulares, Roberto Sommer, Jaime Souza de Marco, Jeferson Thomas; como suplentes, Luis Gustavo Schmitz, Carlos Renato da Silva Martini e Alisson Giscard Terra Lucas.

– Tivemos a coragem de caminhar sem saber aonde iríamos chegar – lembra Luciana, uma década depois, sorrindo de evidente regozijo pelos resultados alcançados e dizendo que o IGT é, para ela, no momento em que este livro está sendo publicado, equiparável a um lindíssimo filho de 12 anos que só dá orgulho.

Tatiele Chaves – Mãe do Hanry

Cléia Acosta – Mãe do Leonardo

Inauguração da sede do IGT no ginásio

David Gusmão

Diz a cartilha lançada pelo IGT, sob o título “Laços de solidariedade”: “Grandes projetos nascem dos sonhos de pessoas que pensam na mesma dimensão solidária. Com o IGT não foi diferente. Muitos foram aqueles que se integraram à ideia. Kevin Krieger trouxe seu conhecimento em assistência social e um convênio com a FASC, da qual era presidente. Marcos Hermann reformou o Ginásio David Gusmão, localizado no Estádio Olímpico, e o arquiteto Cesar Fontanaro fez o ambicioso projeto tornar-se realidade com salas de atendimento, reunião, informática, copa, biblioteca, ludoteca, vestiários, refeitórios e o ginásio propriamente dito. Bia Aroldi, pedagoga com larga experiência em comunidades sob situação de risco social, abraçou o desafio de trabalhar voluntariamente durante um ano, sendo contratada posteriormente. A linha pedagógica criada por ela foi de importância fundamental para o trabalho do IGT. Além disso, pessoas dos mais diversos setores do clube contribuíram para a construção desse projeto social”.

Em 11 de novembro de 2010, o IGT foi oficialmente inaugurado na sua sede. Outra emoção forte para todos os envolvidos! Nove dias depois, em 20 de novembro, iniciou-se o atendimento a 80 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. E é nessa data emblemática que o IGT comemora seu aniversário.

Todo o trabalho que eu consegui desenvolver durante meus dois anos de estágio me preparou para atuar na minha profissão, mas, além disso, me transformou em um ser humano melhor, mais empático, com uma visão de mundo totalmente diferente. O IGT é um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e nesse período construímos vínculos tão fortes que a despedida deu aquela pontinha de tristeza e saudade. Espero que o serviço siga oferecendo um espaço seguro e saudável para essas crianças conviverem em um ambiente positivo e cuidadoso. Vou sempre lembrar das crianças do IGT pelos olhares carinhosos, pelas brincadeiras e pelo carinho que eu recebia todos os dias. Nada era mais motivador que chegar no serviço e ser recebido com um abraço afetivo e o famoso: “Oi, Sor Márcio”. Minha experiência no IGT foi muito importante para o meu desenvolvimento integral e gostaria que existissem muitos espaços como esse à disposição da comunidade.

Márcio Piacheski – Educador

O IGT faz parte da minha vida desde 2010. São muitas lembranças desde o Estádio Olímpico até hoje. Muitas crianças de várias idades me ensinaram a amá-las e valorizar as pequenas coisas que podem mudar o curso de uma vida.

Celita – Primeira voluntária do IGT

Capítulo

No ano seguinte, o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, foi oficialmente instituído em âmbito nacional. Era a marca da negritude, da pluralidade e da vocação popular que se estabeleciam a cada naco de estrada dessa linda trajetória. Luciana costuma evocar essa proximidade cronológica ao pensar na quantidade de crianças negras envolvidas no projeto, todas elas ainda carregando a herança trágica e absurdamente injusta da escravidão nunca resolvida, todas elas vítimas do persistente racismo estrutural brasileiro. O IGT lhes dá dignidade.

Os primeiros passos contaram com o apoio de muitas mãos e corações solidários. Para oferecer o café e o lanche, campanhas de arrecadação de leite, achocolatado e bolacha eram realizadas dentro do próprio Grêmio. As dedicadas Mel e Gabi, funcionárias do clube, foram incansáveis nesse esforço, e Marcos Trevisan fazia os almoços para as crianças, por valores acessíveis. O trabalho era envolvente. As pessoas que se dedicavam a ele viam sua exata dimensão. Gabi, filha do ídolo Tarciso, tinha especial apreço por tudo o que era feito ali naquela janela solidária.

– O IGT é a cara do meu pai, uma pessoa que brilhou nos campos e depois sempre levou o Grêmio na alma – comenta Gabi.

Nessa época, nasceu também o formato de atendimento do IGT, a partir de 80 crianças selecionadas pelo CRAS: turno inverso ao da escola, almoço e lanche, com atividades planejadas por profissionais de pedagogia e executadas por estagiários de áreas afins. A Oficina de Alfabetização teve início com a professora Celita Cabral, a mais antiga voluntária, que até os dias de hoje se dedica às crianças e aos adolescentes do IGT.

Suzana recebendo o autógrafo daquele que sempre foi nosso parceiro silencioso: Sr. Verardi

Para o transporte até a sede, a Prefeitura de Porto Alegre forneceu um vale-transporte. Na época, o IGT recebia um valor por criança atendida a partir de convênio com a FASC.

A primeira equipe de trabalho contou com seis estágios-referência. Coordenadora pedagógica: Bia Aroldi. Coordenadora administrativa: Suzana Foernges. Segurança: Claudiomiro.

E as parcerias eram de peso. Do ídolo, ex-jogador e treinador Renato Portaluppi a atletas (líderes do grupo profissional) que representavam o time, passando pelo icônico superintendente Antônio Carlos Verardi (o homem que atuou por mais de meio século nos bastidores do futebol gremista, espécie de guardião do clube, parceiro de toda hora).

Atividade

Lucas Uebel

Tarciso, o “Flecha Negra”

Capítulo 5

Capítulo 5

Tarciso, o “Flecha Negra”

São diversos os signos eloquentes na vida do já citado acima José Tarciso de Souza. Nascido em 15 de setembro de 1951 (o Grêmio nasceu em 15 de setembro, mas de 1903), Tarciso chegou a Porto Alegre em 1973, quando o clube celebrava seus 70 anos (mesma idade que Tarciso completaria no ano de 2021 em que este texto está sendo escrito) para ajudar a romper a hegemonia daquele que provavelmente foi o maior time do Internacional, o clube rival do Tricolor em Porto Alegre. A própria contratação dele já traz peculiaridades épicas: jogando pelo América-RJ, Tarciso venceu o zagueiro colorado Pontes na corrida, algo muito difícil de fazer. O Grêmio foi lá e o contratou por isso. De 1973 a 1977, Tarciso trazia a marca da derrota e da impotência. Mas ele depois estava ali, na ponta-direita do time de Telê Santana, quando tudo mudou na sua vida e na vida do Grêmio. O time de 1977 é uma esquina que o Grêmio dobrou, algo de efeito comparável ao que a melodia inigualável dos Beatles representou e provocou para a Humanidade uma década antes. A partir dali, vieram as maiores glórias do clube. No título mundial de 1983, Tarciso era o único remanescente do time que tanto sofria nos anos 1970 (foi ele quem encostou de cabeça a bola para Renato fazer o gol decisivo do Mundial em Tóquio). Ou seja, era predestinado o homem que nasceu no mesmo dia da fundação do clube que aprendeu a amar. Mas são vários os outros símbolos de Tarciso, o veloz “Flecha Negra”. Seu temperamento era humilde, generoso e perseverante. Uma das histórias que ele próprio contou para este autor foi a da sua resistência em se assumir como ponta-direita, porque não queria desbancar o grande amigo Zequinha. Quando isso ocorreu, foi por uma imposição de Telê Santana.

Como ponta-direita, então, Tarciso chegou à seleção brasileira. Era comum gremistas se acomodarem em frente à TV vendo a seleção de Cláudio Coutinho jogar e sentindo em Tarciso algo como a extensão da própria identidade. Ele era o Grêmio! E há mais: Tarciso se afeiçoou tanto ao Grêmio que se radicou em Porto Alegre depois de ter jogado incríveis 721 partidas pelo clube e feito 222 gols. Tornou-se vereador de Porto Alegre e, nessa condição de vereador, continuou fazendo gols até seu derradeiro suspiro, em 5 de dezembro de 2018. Um dos seus golaços foi a elaboração do projeto para a criação do Museu do Negro em Porto Alegre. Outro foi uma ajuda decisiva para pavimentar o caminho do IGT. Foi Tarciso quem conseguiu para o IGT a certificação de utilidade pública, que o caracterizou como entidade sem fins lucrativos. Na apresentação dos novos uniformes do clube em 2011, crianças do IGT entraram fardadas no Olímpico acompanhadas do eterno “Flecha Negra”. Também foi ele quem indicou o professor da escolinha de futebol.

Enfim, um incentivador.

Não bastasse tudo isso, ora, sempre é bom lembrar que a Gabi, a Gabriela, filha de Tarciso e mãe do Tarcisinho Neto, é funcionária do Grêmio e atua intensamente como colaboradora do IGT.

Vale a pena recordar uma declaração de Tarciso para este autor sobre o time de 1977 que ganhou o título regional responsável por tudo o que veio depois. Houve um pênalti, e o traumatizado Tarciso foi bater. Claro, o pé pesou, e ele errou. Mas depois, no mesmo Gre-Nal, André Catimba faria o gol icônico que daria o campeonato ao clube e redimiria aqueles heroicos jogadores dos anos 1970 – Tarciso, Iúra e Ancheta, a quem se uniram Corbo, Eurico, Oberdan, Ladinho, Vitor Hugo, Tadeu, André e Éder.

Lucas Uebel

Passar pela experiência de ser educadora no IGT é muito mais sobre aprender do que ensinar; aprender com cada olhar, cada sorriso e cada história ali compartilhada.

É viver no dia a dia uma troca verdadeira e intensa que faz com que você nunca mais seja o mesmo. Poucas coisas são tão transformadoras quanto trabalhar com uma equipe tão dedicada a garantir um espaço seguro, de esperança e resistência, mas, acima de tudo, de muito amor para todas as crianças e adolescentes ali atendidos. Fazer parte da equipe do IGT engrandeceu não apenas minha formação enquanto psicóloga, mas também enquanto ser humano.

E por isso eu vou ser eternamente grata.

Jordana Grosz – Educadora

Mas o que disse Tarciso a este autor?

– Fui bater o pênalti. Aquilo era muito importante para todos, mas era importante demais para mim. Era a vida para o Grêmio e para nós, um time que parecia uma família, de tão unido. Mas eu, o Ancheta, o Iúra, vínhamos de anos tristes de derrotas. Quando eu estava ali parado, antes de correr para a bola, vi que o Cláudio Duarte (treinador do Internacional que viria a ser importante treinador campeão gremista) conversava com o Benítez (o goleiro colorado). O estádio estava num silêncio impressionante. Eu podia ouvir o zumbido de uma mosca. Era uma solidão muito grande a que eu sentia. Parecia que aquela goleira tinha diminuído. Decidi bater o pênalti para o outro lado em relação ao que eu estava acostumado, do jeito que eu nunca treinava. E errei, claro! Chutei pra fora. Não sabia o que pensar. O mundo desabou. Aprendi muito naqueles poucos segundos de um drama muito forte para mim. Aí, o Tadeu Ricci me garantiu que ganharíamos, e o André (Catimba) disse que ganharíamos com gol dele. No fim, foi exatamente o que aconteceu.

Que ótimo esse desfecho.

Tarciso envergou a camiseta 7 do Grêmio no time icônico de Telê Santana em 1977. Antes dele, o amigo, o driblador endiabrado Zequinha, usou o mesmo número. Depois, os também multicampeões Renato, Paulo Nunes e Luan. Uma marca gremista esse número 7, o “7” que é o nosso “10”.

O 7 do Sétimo Céu.

Do candelabro que simboliza a sarça ardente.

Mais de três décadas depois, esse mesmo Tarciso, tão lindamente humano, acertou um certeiro pênalti, estufando as redes em nome da gurizada do IGT.

Tudo inesquecível.

Capítulo

Tarciso, o “Flecha Negra”

6

Ações pela

saúde

Capítulo

Luciano Amoretti

pela saúde

Participação do IGT na Corrida para Vencer o Diabetes. Na foto à direita, presença do Prefeito José Fortunati no aniversário de um ano do IGT

Em 2011, sob a presidência de Paulo Odone Ribeiro, o IGT continuou se fortalecendo, sob a presidência da idealizadora Luciana Kroeff, que manteve, permanentemente, o entusiasmo inicial. Na ocasião, a integração a outras iniciativas foi uma forma encontrada pelo IGT para dar novos passos em direção ao crescimento, como a Corrida para Vencer o Diabetes, Corrida pela Vida e o Gol pela Vida. Os envolvimentos e as doações recebidas contribuíram para esse avanço resoluto e permanente. Houve a renda do leilão da Vaca do Grêmio na Cow Parade em Porto Alegre e a doação de quimonos pelo conselheiro Zelio Hocsman, o incansável, generoso e gremista extremamente zeloso “Zelinho”, em gesto que deu início às aulas de judô. Perceba que grande foi a sacada de Zelinho: o judô é uma arte marcial, fundada em 1882, cujos principais objetivos são, além de desenvolver técnicas de defesa pessoal, fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integrada. Tudo a ver!

Além disso, crianças desfilaram no evento de lançamento de novos uniformes do time. Percebam como esse evento simples reverbera na alma dos jovens, em termos de autoestima e pertencimento. A partir deste ano, jogadores começaram a ter presença mais intensa nos eventos do IGT, com a ida de crianças e famílias atendidas aos jogos do Grêmio. Algo enorme!

A comemoração do primeiro ano do IGT contou com a presença do então prefeito José Fortunati. Estabelecia-se o crescente apelo público da iniciativa, com braços amplos na área social.

O ano de 2012 foi marcante. Era a despedida do Olímpico.

Lucas Uebel

Festa de Natal do IGT no Ovelhão, no Estádio Olímpico Monumental

Com o encerramento do serviço no Olímpico, crianças foram encaminhadas a outros serviços de convivência da região. A festa de Natal realizada no Ovelhão foi emocionante também por esse motivo, com a presença de vários funcionários do Grêmio. Nesse momento histórico do IGT, também ocorreram o ingresso da atual psicopedagoga Laura Rossi Grenivel, a primeira edição do Brechó Solidário, o aniversário do IGT com o presidente Paulo Odone Ribeiro, Banda da Geral, jogadores e o inesquecível evento do abraço no Olímpico – a linda despedida do “Velho Casarão” repleto de glórias e de afetos.

Nessa época, não havia perspectiva de nova sede, mas a esperança era grande, porque, como todos nós sabemos e como reza o próprio hino composto por Lupicínio Rodrigues, gremistas nunca desistem dos seus sonhos. A perseverança é o motor da “imortalidade”. Se for o caso, vão até a pé, porque, como dizia Salim Nigri, estaremos com o Grêmio onde ele estiver.

IGT. Meu amado IGT! Que eu acompanhei ser idealizado, ajudei a ser projetado e me orgulhei de vê-lo inaugurado.

As primeiras crianças, as ações em jogos, as visitas de atletas, os eventos e campanhas e mais tantas e tantas lembranças e memórias afetivas de um lugar tão repleto de afeto e amor que meu vínculo continua presente agora como Sócia do IGT.

Ah! IGT. Meu amado IGT! Que lindo te ver completando 12 anos. Que maravilha saber que és cuidado por tanta gente que te ama e honra tua missão.

Lembra da tua festa de 1 ano? Lembra quando meus filhos iam te visitar?

Lembra da última vez no Olímpico e da primeira vez na Arena? Nunca foi só futebol, né?

Ah! IGT. Meu amado IGT! Feliz 12 anos! Longa vida a ti, meu amado IGT!

Melissa Paiva Motta - Ex-Relações-Públicas do Grêmio

Fico muito feliz e honrada em fazer parte da história desta Instituição. Tive a honra de poder contribuir, de alguma forma, para este trabalho incrível que é feito até hoje pelo IGT. São 12 anos de trajetória e centenas de crianças e adolescentes contemplados. Saber que fui e sou parte disso tudo me deixa extremamente feliz. Eu tive o grande exemplo do meu pai, que por muito tempo ajudou o IGT e eu não poderia fazer diferente.

Gabriela de Andrade Souza - Marketing Grêmio

Transição estádio no

novo

Capítulo 7

Capítulo

Em 2013, o presidente do clube era o icônico Fábio André Koff, e os tempos eram de transição rumo a novas glórias, mudança de estádio, rearranjos jurídicos em relação ao contrato da nova casa. Ainda que o futebol e a Arena exigissem muita atenção, o apoio de Koff e de seu assessor Paulo Samuel foi essencial para o desenvolvimento do IGT. Talvez até seja relevante lembrar que Koff, juiz aposentado, teve como marca da sua carreira profissional a compreensão solidária em relação ao fundo social inúmeras vezes contido na tristeza da marginalidade. Nos anos 1960 e 1970, época difícil, de democracia escassa, repressão nas ruas e institucionalidade precária, Koff era famoso pelo destemor e pelo olhar empático, recorrentemente contrariando o poder constituído em outras e mais rarefeitas esferas.

O atendimento passou a ser feito no CRAS Glória, enquanto a parte administrativa continuava no espaço Rudy Armin Petry (outro gigante da generosidade), do Estádio Olímpico. No aniversário de três anos do IGT, Koff parabenizou Luciana Kroeff e disse, enchendo os olhos de lágrimas, como muitas vezes ocorria quando falamos de uma pessoa altamente emotiva: “Só temos de reconhecer a sua capacidade de recuperação, assistência social e encaminhamento de crianças”.

Houve nesse ano a inauguração do laboratório de informática montado pelo IGT/Grêmio no CRAS, o ingresso no programa Nota Fiscal Gaúcha e a parceria com a empresa de bobinas de papel Regispel. Eram avanços substanciais. O laboratório de informática, muito em especial nesta vertiginosa “modernidade líquida” (conceito do sociólogo Zygmunt Bauman) da era digital, é um essencial salto rumo ao futuro desses jovens.

Discurso do presidente

Fábio Koff na inauguração da nova sede do IGT.

Transição no novo estádio

Em momento emocionante, crianças e adolescentes do IGT e as do CRAS foram assistir a um jogo no camarote da Arena no Dia das Crianças. Alguns deles nunca haviam entrado num estádio de futebol, e a ocasião ocorreu evidentemente em jogo envolvendo o Grêmio, com todo o simbolismo de pertencimento cativado nos corações desses jovens. Os inocentes olhos da garotada brilhavam, os sorrisos eram largos, de notável deslumbramento. Algumas pessoas que os acompanhavam choraram com eles. A Souza Cruz doou um carro popular usado, vendido para obtenção de uniformes para as crianças e os adolescentes.

Avanços sob Fábio Koff

Em 2014, o presidente Fábio Koff reforçou ainda mais a sintonia do clube com o IGT, abraçou a necessidade da busca de uma nova sede para o instituto social e iniciou uma reforma no antigo Parque Náutico do Departamento de Remo do Grêmio, fazendo vários movimentos para buscar parcerias. Koff trabalhou com seu tradicional denodo. Foi lindamente incansável, enxergou a dimensão que o IGT poderia alcançar.

Era a generosidade do antigo juiz fazendo aquilo que, em hebraico, chama-se “tsedaká” (justiça social), com o objetivo de atingir outro conceito do hebraico: o “tikun olam” (conserto do mundo). Para ocupar essa área, fazia-se necessário que ali fosse desenvolvida uma atividade náutica, tendo em vista que o terreno na beira do Guaíba é uma concessão do Estado para o Grêmio, e a finalidade deveria ser exercida.

O resultado de tamanho esforço foi a transformação de um galpão vazio em uma área de quase mil metros quadrados com todas as características de uma impressionante entidade educativa autônoma, de lazer, esportes e, sobretudo, convivência e crescimento. Livros, computadores, brinquedos e barcos para a prática do remo adornam um ambiente em que as crianças aprendem e resistem em frente ao rio. Os muros e as paredes bem cuidados dão espaço também para a transgressão de grafites com frases do tipo “mulheres negras, resistência”.

Homenagem ao professor Roberto Schulz, que implantou a prática do remo no IGT. Nesta ocasião a oficina de remo do IGT foi batizada com o seu nome.

Presidente Fábio Koff e Luciana Kroeff com o construtor Paulo Appel na antiga sede de remo do Grêmio, futura sede do IGT

Acervo Gremio/IGT

Uma

enorme conquista

para

o clube e para a sua gente, a sua alma.

Enquanto as obras da nova sede se desenvolviam no bairro Navegantes, o grupo técnico do IGT, ainda no “Antigo Casarão”, montava um programa especial para captação de recursos destinado ao projeto náutico (FUNCRIANÇA), com apoio voluntário do professor e ex-remador do Grêmio Roberto Schulz. Ao mesmo tempo, a equipe do IGT começou a se aproximar da sua futura comunidade por meio de encontros no orçamento participativo, visitas na região para busca ativa de crianças e plantões para as inscrições dos novos usuários.

Foram momentos especialmente intensos, para o clube, para o IGT e para a comunidade, com suas vulnerabilidades e riscos sociais.

Esse encontro foi a essência do que viria depois.

A inauguração oficial do novo espaço, com 50 crianças e adolescentes participando do ato solene e nitidamente se sentindo chamados a pertencer, ocorreu em 9 de dezembro de 2014. Eram fatos diários que configuravam uma enorme conquista para o clube e para a sua gente, a sua alma.

O Presidente do Grêmio, Fábio Koff, a presidente do IGT, Luciana Kroeff, e o vice-presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, na inauguração da nova sede do IGT

Transição no novo estádio

Em 2010, a convite da Luciana Kroeff, tive o prazer de participar do grupo que pensou, sonhou e concretizou a construção do IGT.

Tive o prazer e o orgulho de mostrar e aplicar, neste projeto, meus conhecimentos pedagógicos. Segundo Freire, ‘ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo’, e foi nesta linha pedagógica que coordenei os trabalhos no IGT dos meus sonhos!

Fui Educadora do IGT no início, lá na abertura em 2010, ainda no Olímpico. Trabalhei por dois anos, até 2012. Queria deixar um recado, um beijo, para todos que passaram por nós e que eu tive a oportunidade de conhecer nesses anos, tanto de educandos como de educadores, que eu sigo e, pelas redes sociais, a gente consegue manter uma proximidade. E quem ainda está presente no IGT, espero que esteja aproveitando muito, porque é um espaço de relações que vocês constroem, que certamente vão levar para a vida de vocês.

Encerrava-se ali, naquele momento, a impressionante trajetória de Fábio Koff na presidência do Clube, com a conquista da primeira Libertadores e do Mundial Interclubes em 1983 e depois, em um retorno triunfal, com títulos nacionais e o bi da Libertadores em 1995. Só que, claro, tratava-se de Fábio André Koff, e os legados deixados para o clube eram mais amplos.

Como símbolo prático dessa gestão solidária, as atividades de remo tiveram início em 2015 com o professor Roberto Schulz. Já falamos aqui sobre o judô. Agora pense no remo e nos seus simbolismos quanto ao esforço de seguir em frente com tenacidade, de muitas vezes até seguir contra a maré.

Foi de Koff também a indicação do novo presidente, Romildo Bolzan Júnior, em 2015. Homem de profunda identidade com as causas sociais em sua atuação pessoal e profissional, Romildo, também de forte formação jurídica, era uma aposta, cujos atributos para dirigente de futebol foram divisados de forma certeira por Koff (os anos e os títulos posteriores comprovaram o acerto). Pois Romildo venceu a eleição do clube naquele ano e, além de tomar conta habilmente do futebol e das finanças, tornou-se parceiro de primeira hora da abnegada Luciana.

– O IGT é um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos –diz o presidente Romildo, que enfatizou o apoio ao projeto. – O IGT é braço social do Grêmio, filantropo e benemerente. O Grêmio não é apenas futebol, o Grêmio transmite valores para todos que estão dentro do clube e que torcem por ele. O clube é responsável por realizar bons gestos e inspirar, fazer a compreensão de uma sociedade mais justa. Eram novos tempos, novos desafios.

Débora Silva – Educadora

Beatriz Maria Aroldi – Coordenadora Pedagógica

Um delicado desafiosocial

Capítulo 8

Os vices do Grêmio, Marcos Hermann e Duda Kroeff, juntamente com a presidente do IGT, Luciana Kroeff, recebendo da Ouro e Prata um ônibus para o transporte das crianças

Superando a enchente

Pois bem. A nova sede, no entorno da Arena, já se iniciou com o atendimento de 50 crianças. Mas veio o percalço a ser superado com a têmpera que dá ao clube o carinhoso apelido de “imortal tricolor”.

Em outubro, a nova sede foi invadida pelas águas da enchente que atingiu a cidade, impossibilitando, mais uma vez, a continuidade das atividades. As crianças prosseguiram sendo atendidas na própria Arena pelo período de cinco meses, entre outubro de 2015 e janeiro de 2016.

Em 2016, ano em que o clube se tornou pentacampeão da Copa do Brasil, enfim foi possível se instalar na nova sede. E o ritmo das ações do IGT se acelerou. Por meio de permutas publicitárias com a Ouro e Prata, o instituto recebeu um ônibus para transporte das crianças ao IGT. O Projeto Náutico 1, junto ao Funcriança, possibilitou a ampliação da prática do remo e a participação em competições.

Na mesma época, Roberto Schulz foi contratado para ser o coordenador do remo. Os eventos do IGT passaram a contar com a participação dos jogadores novamente, crianças e famílias puderam assistir partidas na Arena e foi estabelecida a parceria IGT/Escola de Futebol do Grêmio.

Eram saltos enormes rumo ao futuro.

Foi nesse ano, também, que se iniciou a campanha Seja sócio do IGT, com contribuições mensais. Também houve a construção da quadra poliesportiva do IGT, uma importante conquista.

Um delicado desafio social

No entorno da Arena, o IGT, como braço social do Grêmio, procurou conviver de forma participativa com as comunidades ali existentes há décadas. Os funcionários do instituto tratam do assunto com a delicadeza exigida pelo contexto local. Procuram atuar em conjunto com as pessoas, não sendo invasivas, e sim acolhedoras, em uma relação de respeito recíproco.

Se é verdade que o clube age para resgatar pessoas em situação de risco, também é certo que essas pessoas têm seus métodos de enfrentamento das vicissitudes, seus hábitos e culturas.

O advento da Arena, ao mesmo tempo que representa oportunidades, também pode ser visto como intrusivo. E o IGT, nos anos em que trabalha na comunidade, procura enfatizar o acolhimento e o respeito à dignidade dos moradores locais.

Há um processo cuidadoso de trocas e uma visão comum e radical contra o machismo, o racismo, a homofobia e outros tipos de preconceitos, incluindo também o de classe. A comunidade já viveu repetidas situações de variados abusos e desrespeitos. A construção da Arena, no início do ano 2010, levou alguma intranquilidade, com a presença de homens estranhos que trabalhavam na obra. Sempre foi importante a aproximação do IGT sem paternalismos e com respeito.

Capítulo

Um delicado desafio social

2019: visita das atletas do Futebol Feminino do Grêmio

Fotos: Jefferson Bernardes/Ag. Preview/Beluda.Pro

Remando para o futuro

Capítulo 9

Em 2017, ano em que o clube conquistava pela terceira vez a Libertadores da América, o IGT dava, literalmente, novas braçadas. Foram colhidos os primeiros frutos da atividade no remo. Os jovens do IGT passaram a participar de provas competitivas, tais como Copa RS de Remo, Regatas da Remosul e Regata Gaúcha Indoor nas categorias Projeto Social, Infantil e Juvenil, com premiações em todas as provas. Era o remo! Era a força de seguir adiante, a favor ou contra a corrente. Dois adolescentes do IGT se destacaram, sendo convidados a fazer parte do grupo de atletas do GPA (clube de regatas Guaíba Porto Alegre), participando de provas nacionais nas quais conquistaram ouro, prata e bronze. É ocioso descrever o regozijo que isso provocou entre as pessoas que ergueram o braço social tricolor.

Além disso, nesse mesmo período, foram realizadas visitações à Feira do Livro de Porto Alegre e passeios anuais para parques aquáticos e de diversão. Na Feira do Livro, foi estabelecido um valor, e cada criança podia adquirir uma obra que despertasse seu livro e interesse.

A aposta na cultura e a certeza de que a leitura abre caminhos são uma convicção de Luciana e dos demais integrantes do IGT. E houve ainda a garantia de participação presencial das crianças no McDia Feliz.

– As crianças vão ao teatro, vão à Feira do Livro. Têm convívio social, têm acesso à cultura. Isso é construção de cidadania, e a construção da cidadania propicia opções para o sujeito ter uma vida digna –orgulha-se Luciana Kroeff.

A psicopedagoga Laura Rossi Grevinel enfatiza o fato de o instituto acolher muitos jovens e adolescentes com “defasagem escolar”, conseguindo encaminhá-los na vida.

Com o fortalecimento do vínculo entre o clube e o novo estádio, a partir da adaptação dos torcedores e da conquista de títulos, intensificou-se cada vez mais a presença do instituto na comunidade dos bairros carentes do entorno da Arena.

Professor Roberto Schulz ensinando a arte do remo para a gurizada do IGT

Crianças visitam Feira do Livro

Família cidadã

Capítulo 10

Eduardo Muniz

A empatia é um exercício permanente

Em 2018, ocorreu um momento de grande alegria para todos do IGT e principalmente, claro, para a garotada: o ex-craque, herói do mundial e treinador Renato Portaluppi possibilitou a primeira ida das crianças ao CT Luiz Carvalho para assistir ao treino e conhecer os jogadores. Todos entraram em campo após o treino e puderam tirar fotos com seus ídolos, alguns até batendo uma bolinha para tornar o momento ainda mais inesquecível. Basta ter uma mínima vivência com a magia do futebol para saber da intensidade que teve esse momento em cada uma daquelas alminhas tão desejosas de acolhimento e carinho.

A empatia é um exercício permanente.

Renato Portaluppi recebeu as crianças e adolescentes do IGT no gramado do Centro de Treinamentos Luiz Carvalho. Que festa!

Nessa mesma época, a propósito, nasceu o Grupo Família Cidadã, no qual temas relevantes da comunidade e das famílias são discutidos uma vez por mês, com a entrega de uma cesta básica para cada núcleo familiar. São momentos de afeto intenso.

E para levar ainda mais qualidade de vida aos garotos, houve o início das aulas de Yoga, com a voluntária Luciana Tomasi, e a Oficina de Dança. Outra atividade altamente simbólica: a Yoga é filosofia, espiritualidade e equilíbrio, algo tão essencial para aquela garotada. A dança é entender o compasso da vida.

Foram ainda criadas tradições, como a de festejar o Dia da Criança e o Natal (com funcionários do clube apadrinhando crianças), a esperada “festa do pijama” nas férias de inverno, a Festa da Família e o passeio ao Parque Tupã (com ingressos doados para a garotada do instituto).

Em 2019, houve novas conquistas e, sobretudo, novas emoções.

As crianças e adolescentes do IGT nunca tinham recebido visitantes tão ilustres ao mesmo tempo. Em comemoração ao aniversário do Grêmio, o presidente Romildo Bolzan, Carlos Biedermann, presidente do Conselho Deliberativo, e integrantes do Conselho Fiscal e Deliberativo do IGT participaram de um almoço coletivo no refeitório do instituto.

Foi um dos momentos mais alegres e marcantes da vida do IGT.

Apresentação de dança das crianças do IGT na festa de final de ano

O complemento da Oficina de Alfabetização começou e, ao mesmo tempo, uma resolução interna estabeleceu importantíssimo princípio “pétreo”: nenhuma criança poderia encerrar sua participação no IGT sem estar alfabetizada.

Cléia Solete Dias da Costa, mãe do menino Leonardo, conta:

– O Leonardo melhorou muito quando veio para cá. Com o convívio de outras pessoas, com as orientações dos professores e dos orientadores educacionais, ele se tornou mais prestativo, mais atencioso. Vindo para cá se importa mais agora.

Como dizia o slogan adotado pelo clube quando foi campeão do mundo em 1983, “nada pode ser maior”. Quanto orgulho!

Outros pais e mães repetem muito que o IGT “abre portas”. Ao serem abordados a respeito do significado que o IGT teve em suas vidas, são usuais os olhos marejados de reconhecimento. Uma mãe tranca o choro e precisa suspender o relato. Alguns contam que os filhos estouraram a idade e pedem para voltar, tal o afeto e o respeito encontrados no programa.

Nesse ano também ocorreram a primeira visita das crianças à Ilha do Grêmio e a homenagem ao professor Roberto Schutz, que passou a dar nome à Oficina de Remo do IGT.

E o IGT continua dando suas braçadas humanistas.

Lucas Uebel Grêmio FBPA

Lucas Uebel Grêmio FBPA

Capítulo 11

A sublimação pela arte

Luciano Amoretti

A sublimação pela

O ano de 2020, com o clube ainda sob a presidência de Romildo Bolzan

Júnior e com o IGT agora sendo presidido pela também abnegada Rosa Foresti, foi um dos momentos mais atípicos e desafiadores para toda a Humanidade. Diante da pandemia da Covid-19, já em março daquele ano o atendimento presencial foi suspenso. O atendimento prosseguiu através do WhatsApp. A entrega de alimentos foi garantida, sendo realizada de forma quinzenal com apoio de Grupos Políticos do Grêmio.

Evidentemente, foram respeitados todos os protocolos de segurança e as medidas sanitárias cabíveis. E as atividades pedagógicas seguiram de forma remota, mensalmente, seguindo-se a essência de que a vida é o que importa.

Rosa, a nova presidente, define o IGT com a palavra “amor”, e Luciana com a palavra “inclusão”. Sintonia quase que musical. Duas palavras complementares e duas mulheres que também se completam no mesmo sonho e nos mesmos ideais.

– É um projeto apaixonante. Se tu vens aqui conhecer as crianças, tu ficas com o coração grande, sais daqui com a alma lavada. O IGT é motivo de muito orgulho para o Grêmio – derrete-se a nova presidente, enfatizando a “formação de caráter” que o instituto possibilita para os jovens.

No momento em que este texto estava sendo elaborado, entre o final de 2020 e o início de 2021, a pandemia do Covid-19 continua assombrando a humanidade. Chegamos a quase meio milhão de mortes apenas no Brasil. Da Arena para o mundo, fica a lição de generosidade, empatia e solidariedade, uma ação muito tricolor e de todas as cores do Clube de Todos.

Emoção no retorno gradativo das crianças ao IGT e ao Grêmio

Terminada essa primeira década desafiadora, de inequívocas conquistas, mudanças e até pandemia, o número total de crianças e adolescentes atendidos pelo IGT gira em torno de 200, com uma baixíssima porcentagem de evasão, o que deixa claro que os próprios jovens se sentem integrados e felizes. Sempre há fila de espera para ingresso no projeto. O objetivo é ir muito além, robustecendo-se e multiplicando o número de jovens.

São 12 anos que se multiplicarão.

Porque isso vai muito além do campo de jogo.

E, como diz o surrado clichê, é muito mais que futebol!

Luciano Amoretti

Rosa Foresti, presidente do IGT

Acervo IGT

Todos esses que aí estão

Eles passarão.... Eu passarinho Atravancando meu

caminho

Vale lembrar a reluzente sensibilidade que está em tantos personagens apaixonados pelo Tricolor e, também, na decorrente ação social do próprio IGT. A generosidade e o humanismo estão na índole gremista, no DNA claríssimo desde o primeiro (e plural) estatuto. Todos os clubes de futebol nasceram na classe média e com alguma dose de elitismo numa sociedade brasileira marcada pela desigualdade e pelo preconceito estrutural da escravidão longeva... mas... também, paradoxalmente, com a vocação popular despertada naturalmente no transcorrer do efervescente século 20. Quem frequentou os bastidores do Grêmio desde cedo (como este autor) sabe da beleza de figuras icônicas, algumas delas já citadas, entre dirigentes humildes e abnegados e torcedores de amor incondicional. E os artistas, os porta-vozes da paixão?! Além de Lupi, Quintana, Elis e Josué, temos o gauchismo de Teixeirinha, Borghetti, Borges, Shana, Biriva, Marenco, Jaime Braum e Almeida Neto, o poema de Celso Gutfreind, a prosa de Erico, Tajes, Laub, David Coimbra e Moscovich, com ênfase especial pra linguagem das comunidades marginalizadas na pena do Falero, as letras didáticas dos Gonzaga, a doce literatura infantil do Urbim, os tangos trágicos de Nico e Hique, o punk do entorpecido replicante Wander tomando vinho, o rock de Gessinger, Lucas, Tonho Crocco, Tico Santa Cruz e Vera Loca, a milonga de Vitor Ramil e do seu mano Kleiton, a suavidade da Calcanhoto cantando o hino de smoking no palco, o solo da guitarra do Leo Henkin, o instrumental erudito de Geraldo Flach e Yamandu Costa, a explosão rockabilly e psicodélica de Charles Master, o sol de Vitor Kley, o cinema replicante e humanista de Gerbase e Luciana, também o de Zé Pedro, Flávia Seligman, Beto Turquenitch, Jorge Furtado e Werner Schünemann, a narrativa irreverente do Peninha, o sertanejo do Teló, a elegância cênica de Fernanda Lima, Gisele, Cazarré, Sheron Menezes e Ana Hickmann, a “asa morena” do Caradipia, a Isabela com “Porto Alegre Capítulo

A superação da pandemia

Na primeira quinzena de 2021, o Grêmio e o IGT davam vazão especial aos versos de um dos mais notáveis aficionados pelo clube. O poeta

Mario Quintana, gremista fervoroso, descrito pelo também gremista

Josué Guimarães como daqueles que evitavam ver jogos decisivos tal era seu sofrimento, pespegou para a posteridade o seguinte e conhecidíssimo poema: “Todos esses que aí estão / Atravancando meu caminho / Eles passarão... / Eu passarinho!” Por que a lembrança logo desse verso? Porque o Grêmio e o IGT, depois de muitos cuidados para atenuarem o perigo da peste que assombrou o mundo, retomaram seus lindos e sensíveis trabalhos sociais. Enfrentaram o monstro e voltaram com todos os protocolos sanitários necessários.

Aqui, parênteses: percebam que o verso escrito por Quintana e o hino cantado por Lupicínio têm o mesmo fundamento, um fundamento tão gremista quanto eles, o maior poeta e o maior compositor destas bandas. É a perseverança, seja no ar pelas asas do passarinho ousado ou em terra pelos pés do torcedor que não desiste. E assim é o Grêmio, assim é o seu IGT. Perseverantes sempre e resilientes quando o lance é levantar do tombo e se reaprumar, enfrentar a peste e voltar. Pode ser no chão aveludado da Arena ou no rio, no remo do IGT que já forjou jovens atletas singrando contra a corrente da injustiça social.

é demais”, o Bebeto das “pegadas” e de “mais uma canção”. E ainda o Gilberto Gil com “o céu azul, a pele preta e a paz branca”; a Elza

Soares e o Jamelão convertidos pelo Lupi; o Ivan Lins convencido pela insistente Elis; o chileno Skármeta do carteiro e do poeta; o mexicano Carlos Villagran divertindo o mundo na pele do Kiko... vai longe a lista de gente apaixonada pela magia gremista, pela emoção de uma alma tricolor perseverante até no próprio hino, pela mescla singular do tango com o samba que faz uma melodia especial no Pampa brasileiro.

Perdão a quem ficou de fora, talvez isso seja infinito. Ufa! A sensibilidade transborda.

Só isso? Não! Pense nos jogadores de futebol que vieram de fora e jamais saíram daqui, a começar pelo Lumumba com sua bela sabedoria afro. Do uruguaio Ancheta ao sergipano Dinho, passando pelos mineiros Mazaropi e Tarciso. É gente que veio, amou e ficou. E tem aqueles que saíram sem nunca sair.

Todo esse caldo de paixões é misturado aqui para lembrar que, sim, o IGT não existe por acaso. O braço social do Clube de Todos tem suas raízes emocionais. A conversa de duas mulheres, uma psicanalista e uma artista (cantora), resultou nessa primeira década generosa de muitas outras que virão pela frente.

Veio a pandemia. Vacinou-se. O retorno foi gradativo e responsável.

Cada decisão foi tomada com as famílias das crianças e dos adolescentes. Foram entregues cestas básicas e produtos de higiene e cobertores. A reunião da volta, em 22 de junho, ocorreu em um belo e frio dia de inverno.

Laura (em pé) e Andréa (agachada) com as crianças do IGT no retorno às atividades presenciais

Fique com as palavras da Laura Rossi, psicopedagoga do IGT:

“O medo ele é constante. Porém, junto com esse medo, caminha um sentimento muito forte de gratidão. Estou viva, nossa equipe está toda viva, nossas crianças vivas, nossas famílias vivas. Digo viva, porque neste momento tão difícil (e para nossas famílias não é só a questão do vírus), o se manter com vida é quase um privilégio... um tanto de sorte e muita força e resistência. Acompanhar esse retorno das crianças tem sido lindo e tem reforçado esse sentimento de ESTAMOS VIVOS! O IGT ESTÁ VIVO! Este espaço é belíssimo, mas ganha vida de verdade quando está ocupado. O retorno ainda destaca o quanto nosso trabalho é importante. É com eles e por eles que seguiremos firmes e fortes, tentando ofertar sempre o melhor!”

Fique, também, com as palavras da Andréa Pagliarini, supervisora educacional do IGT:

“A alegria do retorno vem acompanhada de muitos cuidados. Cuidados que vamos adaptando e melhorando a cada dia. Sabemos o quanto foi importante trazer os adolescentes nesta primeira etapa e o quanto está sendo importante manter ativo o vínculo com a turminha que ainda está em casa. A sensação que tive é de esperança. Esperança pelo nosso IGT e a esperança que levamos para os atendidos através dele. Antes, como educadora, sempre acompanhei de perto o atendimento das crianças e dos adolescentes, me encanta saber do quanto o IGT faz parte do desenvolvimento na vida de cada um que por ele passa. Mas sabemos que esse atendimento vai além… O quanto o IGT é um espaço de segurança para as famílias atendidas. O quanto fazer parte do IGT acalenta um pouco este momento tão difícil. Acompanhamos de perto cada dificuldade encontrada (pelas crianças e pelos adolescentes), e saber que eles poderiam contar conosco para garantir a refeição do dia já era algo para acreditar que não estavam sozinhos.”

Acervo IGT

Ficou com as palavras das duas? Pois, como dizia o Gonzaguinha, melhor ainda é ficar com “a pureza da resposta das crianças”, porque “é a vida, é bonita e é bonita”. Afinal, deve-se “viver e não ter vergonha de ser feliz”, e “a vida deveria ser bem melhor e será”. Mas ele repetia que “é bonita, é bonita e é bonita”.

Enfim.

Neste inverno de 2021 em que ponho o emocionado ponto final neste livro, penso no IGT, no suporte do Grêmio e na importância disso para cada criança resgatada. E reflito sobre aquela máxima que todos os gremistas gostam de repetir: “Ser gremista é puro sentimento.” Ora, fica claro que o IGT é exatamente isto: puro sentimento de amor ao próximo.

Porque, de novo: não é só futebol! É muito mais.

Vai muito além.

Até porque a vida deveria ser bem melhor e será.

É bonita e é bonita!

Luciano Amoretti

A history of love and inclusion by Grêmio

supporters

Preface

Instituto Geração Tricolor: 10 years designing a better future

The size of a club can be assessed in many ways. Some of them include the weight of its successes, the number of titles, the tenacity of its battles, often epic in outline, but which equally imprint the greatness that an institution can achieve over time. When a humanitarian purpose is added to these requirements, thus fulfilling the social role that is in the essence of a soccer club, willing to assist in the development of the communities where it operates, it is proven that off the field we can achieve important successes, worthy of recognition and which further expand the concept of greatness.

It is in this context that an entity such as Instituto Geração Tricolor deserves to be recognized and celebrated, and it is essential in the life of a club the size of Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. The vocational perspective that can be brought about in people impacted by work within the IGT, capable of affecting the lives and mood of hundreds of families living in the surroundings of the Arena in a socioeconomic vulnerability situation, stimulating coexistence and making tomorrow much more dignified and promising, rewards us every new year.

Grêmio, which projects in its young athletes a promising future with countless glories beyond the time, and forming, guiding, helping in the development, is the same group that welcomes these children and teenagers to give them the expectation of a future full of opportunities.

With this conviction and aware of our commitment, and the capacity we have to promote changes and of how imposing in values we can be, that we joined Instituto Geração Tricolor, believing every day that we can redefine the future of those in need, which only depends on our will and the determination of all of us Grêmio supporters.

Romildo Bolzan

The challenge of a social soccer project

IGT was created from a meeting of forces. It was 2009, Duda was elected President of Grêmio and participated intensely in the election process, which allowed me to live with the Grêmio environment and the possibility of working with many people. Inside me there was a willingness to be a part, to contribute, but it was not clear with what or how. This desire was combined with a realization that was in a special time and place, one that life is rarely able to give us.

A constant restlessness within me is linked to children and teenagers as human beings in development and their need to be protected and cared for at this stage of life, to be able, as adults, to act as ethical protagonists, giving back to society what they have received.

I am increasingly concerned about social inequality in our country. I usually say that social responsibility is an individual behavior that must become collective, and it comes from within each one of us. Unfortunately, in the cities where we live, there are plenty of situations for us to think about inequality and realize that the excluded ones that need care.

Soccer is the most popular sport in our country and the big soccer Clubs are just a small sample of the number of people who are passionate about it. In fact, in Brazil, soccer’s popularity is such that it makes people say they are going to play ball when they are going to play soccer. Grêmio is the team that many boys and girls desire to play for. As a big and successful Club, Grêmio welcomes many athletes who live in social vulnerability and, when they manage to stand out, they start to be in another place in society. And Grêmio knows that it is not just about being a good player, you have to be a citizen. Grêmio does an outstanding job in this regard, at the school and at the youth academy. The number of young people who manage to become athletes is small, but Grêmio is big, has a huge

fan base and a repressed desire to do more for those who are invisible, who are hungry and who do not have the same basic conditions for survival.

That was how my psychoanalyst’s soul construed the repressed desire that was revealed in conversations backstage, in the chairs during match breaks, and even in the Olímpico Stadium locker room, while awaited the end of the press conference. Being part of the Grêmio generates a feeling of collectivity and strength. A strength that can make dreams comes true.

During my journey through the Club, I met people who, like me, are also uncomfortable with social inequality, with children who grow up without having the same opportunities as others and with the desire to do something about this discomfort.

So, I realized that had no option. I had the responsibility to bring partners together to create a social project. That was what we’ve done. It was not clear where we were going or how far we would go. It was an unknown game. It had no rules and, even a rehearsed play. We were eager to do something and that was the moment when life gave us the opportunity. We’ve made it happen.

Throughout the pages of this book, you will see how many Grêmio supporters have joined in this endeavor and how we can and the other Clubs also can be committed to creating projects that contribute to developing citizens, minimizing the huge social inequality in our country. See the smiles of children revealing that feeling I described above when they are seen and are part of the Grêmio. After all, Grêmio is pure feeling!

am grateful to everyone who believed in and participated in our dream, especially to those who’ve done and do the daily work of enhancing the lives of children and teenagers, making them believe in a better future.

This book exists because Leo, another passionate about Grêmio who can’t stand social injustices, loved the idea of the IGT and wanted to contribute by writing our story. As a deep expert about Grêmio, he wrote a beautiful story that reveals, once again, the Grêmio soul. In this path, I’ve made a friend. Thank you, Leo, for dreaming with me.

Luciana

Kroeff Vice-presidente do IGT

Life outside the field

As the genius Renato Russo asked and we all sang in the mythical ‘80s, a decade of democratization and unprecedented world soccer achievements, “what are the words that are never spoken?” Well, sometimes, a motto becomes a cliché precisely because it brings us something absolutely right. And there is a repeated motto that is amazingly true, to the point of being a cliché used many times: soccer is much more than a game. And it is! Hell, it is!

More: it must be. It has to be!

With the IGT (Instituto Geração Tricolor), Grêmio radicalizes this soccer motto, which is not by chance the most popular and exciting sport (and game) on the planet, captivating fans from a ball of socks and establishing affective bonds. It really radicalizes, in the literal sense of going to the root and deeper into the proposed theme! For 10 years now, a selfless group of people tries to bring the Grêmio brand, with worldwide appeal and affection without borders, to the vulnerable population that needs a helping hand and that starts to feel part of it.

In 2022, while the city is undergoing significant changes on the waterfront and the pier, areas as Vila Farrapos and Humaitá are clearly forgotten. IGT naturally takes care of their population, located close to the Grêmio house. Grêmio and IGT do what the government should do: they see and welcome them. Authorities and the media should also include them in agendas, projects and dreams. It is said that the city will change upon modernization of the waterfront and pier. But the radical change will actually occur when Porto Alegre opens its physical and affective arms to these people, who live in a subhuman situation, amidst mud and dirt. The moment they are added to geography they will no longer be invisible.

Another cliché that repeats itself for being true: soccer is a representation of life. And it is! On the field, in the 90 minutes of a plot with drama, suspense, laughs and cries, there is the solidarity of the team and the individuality of the talent; the team and the individual; there are personal and collective achievements; there is perseverance and sometimes also the resilience of those who fall and get up; there are also collective and individual duels; there is suspense and there is the ecstasy of the ball entering the goal. The euphoric scream, the sadness, the catharsis. There is history, affective memory, belonging and the strengthening of bonds between parents and children through passion. Generations. Tricolor generations!

And off the field?

There is all of this together, but in life as it is.

And Grêmio is historically sensitive to the raw reality represented by soccer in its sometimes beautiful 90-minute drama plots. A club with a popular vocation all along, Tricolor (three-colors) calibrates its feet on the field and rolls up sleeves outside it to expand the unique and inexplicably magical feeling of being a Grêmio supporter.

The Instituto Geração Tricolor is the social arm of Grêmio, a non-profit association that serves children and teenagers in situations of social vulnerability (initially, the audience was made up of young people between six and 14 years old, but this contingent has expanded to older young.)

Founded in Azenha (the neighborhood where the Olímpico Stadium was located) from the dream of several Grêmio supporters, the IGT accompanied Tricolor in its new moment at the Arena and, currently, directs its social responsibility activities to its surroundings. And what is the Arena? Arena is an opportunity.

Arena, an opportunity

If you look closely, the Arena is a true return to origins, the intensification of an essence that is always in the club. Why? Because Grêmio took its first steps in 1903, where Parque Moinhos de Vento is today, which at the time had only bushes, the Mato Mostardeiro. Cattle grazed on bovine lands surrounded by marshes, the vegetation was native. The Mostardeiro family, whose patriarch was Antônio Mostardeiro and the matriarch was Dona Laura (the affectionate Dona Laura, who organized libertarian soirees for former slaves from the old African colony where the Rio Branco neighborhood is now located), had just begun to prosper, and it was they who sold the land to build the Fortim da Baixada. And there were the young Mostardeiros as players in the early days of the club. But what does Arena have to do with it? The Arena is located in what is now the far north of Porto Alegre,

at the entrance to the city. Geographically, it has the determinism of inclusion, receptivity, and acceptance.

Just as the quixotic Moinhos de Vento (Windmills) were in the early 20th century. Where today is Rua Mostardeiro, circling the “Parcão”, it was the exit from Porto Alegre, when Avenida Independência ended with its big houses. 24 de Outubro and Plínio Brasil Milano streets were what were then called Caminho dos Anjos, which led to the city of Gravataí. In other words, it was a road. And the Auxiliadora district? It was being divided up at that time, and it still was not anything like today, totally urbanized, with its stores, services, leisure and even certain sophistication.

And so it became Grêmio again, pioneer by nature, persevering, like its own Anthem, like a Jules Verne’s character going around and to the center of the Earth.

Facing the greatest obstacles like Michel Strogoff, shielding his face with a tear of pure love in front of the blazing dagger that would blind it. Passion as strength and character! The warrior musketeer refers to the idea of Alexandre Dumas’ characters, one for all, all for one. From Azenha, after a beautiful history that lasted more than half a century in the late Olímpico Stadium, the club once again scouted, returned to its vocation, to its essence of promoting the city’s expansion and inclusion. Note the name Grêmio. Six letters, one different from the other. Grêmio comes from aggregating. Means union in Spanish; it is used as a student policy organization in Portuguese –and in Portuguese, it still has that caret that gives an idea of a roof, house and belonging. The demonym “Gremista” also refers to an idea of firmness, plurality and acceptance. It is of an inflexible gender. It is “the gremista” for men and women. The club embraces everyone, it belongs to everyone.

And, in this context, in this brave tricolor soul, the IGT plays a highly strategic role. It is, finally, the social arm!

The social

arm

According to material provided by the entity, see how it works: IGT offers the Service of Coexistence and Strengthening of Bonds (SCFV), from Monday to Friday, in the opposite shift to school, with at least four hours of daily activities, and two meals during this period. The children are organized into age groups, with assistance provided by Reference Educators, higher education students in Psychology, Pedagogy, Social Service or Physical Education, besides volunteers and workshop instructors. Sports activities such as soccer and volleyball are developed; as well as recreational activities and computer workshops, judo, music, foreign language, rowing, among others. The objective is to guarantee the fundamental rights of children and adolescents in situations of social vulnerability, strengthening family and community ties, through comprehensive and specialized care, to make them full in the exercise of citizenship.

The values are: recognition, awareness and exercise of citizenship, as practices of duties and rights; respect for differences, among them, gender, racial, creed, ethnic,

Soccer is in the kids’ DNA. From one activity to another, there is always time to score a goal

socioeconomic, potential and age groups. It seeks to foster empathy, solidarity, and belonging. It teaches how to live with adversity and value childhood.

The scene is real: the single mother arrives at her house, in Farrapos district, turns the round doorknob still under the slight feeling that she will find her little teenage son with empty eyes, listening to music and talking about the meaninglessness of existence. Of course, reader, that could be the boy’s vision. This author opens parentheses to introduce the wisdom of Viktor Frankl, the psychiatrist who survived the Nazi concentration camps and founded logotherapy, a school where life ALWAYS makes sense, even if it is to honor those who got in the way or some dream. Well, it is a dream that we are dealing with here.

The IGT makes it possible for parents and children in vulnerable situations to dreaming. So let us go back to the boy’s single mother: she finds the young man studying, happy, full of subjects and, of course, invariably wearing the three-color jersey.

The IGT staff speaks of the local community with love and care; so that its codes are respected and external behavioral standards are not imposed. This is not about finding a standard family. Sometimes, the father figure is absent, but the community has its alternatives for the education of children. The word “respect” is frequently used.

The social arm

Talking about IGT is one of the great joys (and longings) of my life. To have been part of that history was life-changing. I can say that I certainly learned much more than I taught. And it was like that until the last day. They taught me a lot about everything, and I hoped I could leave at least something good for them too. In these 10 years of IGT, I am sure that many lives have been transformed: lives of children and teenagers, their families, lives of the community and of each person who was lucky enough to be part of the institution’s team. To me, IGT is synonymous with being happy, of being embraced, of teaching and learning, of growing, of supporting and having support, of fighting, of changing life stories and mostly, of hope! My wish on this date is that IGT has a long life, so that even more families can be reached by this project that brightens the lives of those who pass through it.

Keyla Malaquia Educator

2015: IGT’s first Mother’s Day at the new headquarters

In this beautiful life story, it is clear that the club is backing and giving decisive support to its social arm. As an IGT sponsor, Grêmio makes available part of its employees and collaborators, feeding approximately 50 children with two meals a day, providing security, driver, and maintenance services at the headquarters. Of course, all of this is crucial for the work to continue, the club commits to this social arm to work. And there are also the monthly contributions provided by the IGT itself, usually from members of the club itself and of the IGT, which have been important for the ongoing improvement of the project during these 10 years of existence.

10 years. Wow, I remember as if it were the first meeting today, the first activity with the children, the tours. It was the best professional teaching I could have, and a differential for my personal life. I am very proud to have been part of the team of educators since the beginning of the project. I miss you all very much.

Chapter 3

The tricolor plurality

In a 1926 photo, the Grêmio team with Adão Lima (the first black person to play in a major soccer club of RS, in Grêmio, between 1925 and 1935), in the center, with a dark cap. On the right, Adroaldo (who played for the club since 1924). Lying down, in front, the legend Eurico Lara

Grêmio has a beautiful soul, very well represented by the IGT.

It is a generous and plural soul.

Let us say that an extraterrestrial came to Earth and, when parking its spaceship in the north of Porto Alegre, at the entrance to the city, it got to know the history of an institution, fact by fact.

This institution, founded by people of different ethnic origins under the leadership of the young Cândido Dias da Silva, created a club with the sole desire to play soccer. Even the symbol of this club was that of a soccer ball. A bold statute for the beginning of the last century, all nationalities and beliefs were explicitly accepted. Nobody was rejected.

In a State and country marked by long-term slavery, the team from that institution had its first brown player in 1913 and its first black player in 1925. They were the first in town! In the ’30s, the black man called Bombardão entertained the stadiums as a symbol of the club’s supporter, provoking opponents with creative phrases and a loud voice typical of the wind instrument that gave him his nickname. In the 1940s, who took this condition was the Jew Salim Nigri, who in 1946 extended a banner to support the team (“Com o Grêmio onde estiver o Grêmio” (With Grêmio wherever Grêmio is)). A banner whose words of belonging and perseverance, seven years later, inspired

Daniel Savaris Educator

What could I possibly say about IGT?! The word that sums up our feeling is “gratitude”. Gratitude for everything they do, in this complicated time we are going through. In all these months they never stopped taking care of the families, always willing to help as much as possible. I may be biased, as I see daily the learning that Adam has had, and I know you have a lot to add to his life and his character. For example, how to treat people, how not to be quiet in prejudiced situations. For me this is paramount! In the world we live in, it is important to have an empathetic perspective! I am grateful to be part of the IGT family. May this institution grow more and more and may it support other families too.

Congratulations on the 10 years of the institution.

another black, the genius Lupicínio Rodrigues, the greatest popular name in our music, to make the anthem of the club he loved so much. The anthem says he would walk wherever necessary to follow his Tricolor.

In that same institution, there was the black player who, for defending the national team in a historic feat in 1970, was immortalized in the club’s official flag with a gold star. It is the only star on the flag, and it is not about a cup, but to a black man. Illustrious black people such as Everaldo himself, who is mentioned here, Juarez, Ortunho, Alcindo, Lumumba, Tarciso, Roger Machado and so many others could be numbered in the hundreds played in this club.

In the state of that club, there was once a black governor, Alceu Collares, who had also been mayor of the capital. It was the local equivalent of what President Barack Obama represented in the US. Advisor to which club? Well, needless to say. By the way, in this club, organized LGBT supporters were officially accepted and welcomed, having physical space in the stadium to store their banners, flags and instruments. Yes, Coligay marked an epoch between 1977 and 1983, precisely in the time when the country was experiencing the sad hiatus of a military dictatorship (1964-1985), in which transgression, in politics or customs, was a reason for fierce and institutionalized repression. There is no record of such a case on the entire Planet Earth! Can you see how welcoming and pioneer this is? How immense is it?

“Wow! What an incredible story,” says the ET, moved by such a generous, inclusive and plural history. Then it concludes: “Hardly any club in the world has a history with so many uplifting facts to show. Certainly, this club lives up to its memory.”

And now it is up to us to think from ET’s provocation, curiously as did the iconic singer Elis Regina, a supporter of that same club, when she sang “alô, alô, marciano...” (Hello! Hello, Martian...).

Yes, such a story entitles us to make soccer and our institution a platform for generosity, love, diversity and respect for differences. And that we do this following the motto of perseverance in the Salim Nigri track and in the verses of Lupicínio Rodrigues. The Jew and the Black in a beautiful tricolor connection.

Because we are Everyone’s Club!

Follow, in this timeline, the beautiful story of the IGT, which became part of this whole process of inclusion. Between 2009 and 2010, the project became a beautiful reality.

2017: “Oficina deTrapos”, an IGT action with the general crowd

Ten years ago the Instituto Geração Tricolor was founded...

A place of learning and culture. A place of fun and love…

IGT was my second home for 2 years…

I remember as if it were today all the moments that I spent with these kids…

I smiled, played and even got emotional…

And of course, I made so many friendships…

Cauê, Vini, Bubu, Ketlen, Paola and Kerolin…

All of them will always be very important to me…

There was also Ronald, Geovana, Kauãzinho and Camila Vitória…

The A class, the VIDA LOKA class, you will always be the first class of my history…

And it is with great happiness, IGT that I write this.

For it is 10 years of history, overflowing peace, love and affection

Samuel Sotilli – Educator

Suéllen Araújo –Mãe do Adam

The beginning

The president of Grêmio was Duda Kroeff. He gave voice to the desire, mentioned behind the scenes at the Olímpico Stadium, to carry out some strong work of social responsibility. Duda felt touched by the project, which was supported by two extremely basic pillars: the soccer club goes far beyond the game, and the needs are wide open at every traffic light on the Brazilian streets, on the outskirts of cities and in the passionate audience of stadiums and their surroundings, people in extreme need, in a situation of overwhelming social inequality. This is Grêmio’s majority audience! It is the car keeper in his threadbare T-shirt, the little boy who takes his inspiration from idols, the mother who waits for the matchday to follow and passionately supports the team. Far beyond the current members, the soul of the club lies in these simple people. The time had come for the club to extend its arms specifically to these people in need of attention, affection and support.

The opportunity to get the project off the ground came at a club anniversary dinner. The first ladies of Grêmio and the city of Porto Alegre, Luciana Kroeff and Isabela Fogaça, the first, psychoanalyst and the latter, singer, both experts in dealing with the soul, talked excitedly about the idea. An excitement that went beyond the dialogue between the two and infected the others. Later, the then vice-president César Pacheco, the director Luiz Moreira and the ombudsman Suzana Foernges got together to kick-start the group that would create the IGT.

In 2010, the team was formed and well-integrated: the club president, Duda Kroeff, and the IGT president, Luciana Kroeff, a psychoanalyst by training and vocation,

had the participation of Suzana Foernges, César Pacheco, Isabela Fogaça, Kevin Krieger, Luís Moreira, Marcos Hermann and Bia Aroldi. The subject took hold of the group, ideas were emerging. It was clear that this project was viable and could also be huge.

The IGT Foundation Assembly Minutes are dated August 30 of that year. A day of deep emotion. Besides the enthusiastic president Luciana, Mauro Knijnik, Luiz Roberto Marczyk, Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior, Carlos Biedermann, Francisco José Moesch, Roberto Sommer, Jaime Souza de Marco, Jeferson Thomas, Luis Gustavo Schmitz, Carlos Renato da Silva Martini and Alisson Giscard Terra Lucas participated in the event. “It was like a child being born on that day,” Luciana, a woman with a family background fostered in the solidary view of the world, still gets moved today. The first board was made up of Luciana, vice Luiz Roberto Marczyk, first secretary Mauro Knijnik, second secretary Francisco José Moesch, first treasurer Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior and second treasurer Carlos Biedermann. The members of the Fiscal Council were Roberto Sommer, Jaime Souza de Marco, Jeferson Thomas; alternates were Luis Gustavo Schmitz, Carlos Renato da Silva Martini and Alisson Giscard Terra Lucas.

– We dared to walk without knowing where we were going to arrive – remembers Luciana, a decade later, smiling with evident delight at the results achieved and saying that the IGT is, for her, at the time this book is being written, on a par with a beautiful 10-year-old son who only makes her proud.

IGT was very important for my son’s development, learning, educational and moral training. He only spent a short time on the project but it was mission-critical for all of us. I hope my other son, Samuel, can also have this wonderful experience.

Congratulations on the 10 years and there’s much more to come. First of all, I would like to thank you for everything, really everything you have done for our children. My son Hanry has become a much better child since he the program and he loves it, not to mention the opportunities he has to get in with the players on the field, to go on tours, and many other things... Thank you IGT for everything...and for the help you give to us too! Congratulations, IGT! I’m thankful for everything

Tatiele Chaves – Hanry’s Mom

Cléia Acosta – Leonardo’s Mom

First group of IGT children and teachers

The booklet released by the IGT, under the title “Solidarity Ties” says: “Great projects are born from the dreams of people who think in the same dimension of solidarity. With the IGT, it was no different. Many joined the idea. Kevin Krieger brought his expertise in social work and an agreement with the FASC, of which he was president. Marcos Hermann renovated the David Gusmão Gymnasium, located in the Olímpico Stadium, and the architect Cesar Fontanaro made the ambitious project a reality with service rooms, meeting rooms, IT, pantry, library, playroom, dressing rooms, cafeterias and a gym. Bia Aroldi, a pedagogue with extensive experience in communities at social risk, embraced the challenge of working voluntarily for a year, and was hired later. The pedagogical line she created was really important for the work of the IGT. Additionally, people from the most diverse sectors of the club contributed to the construction of this social project.”

On November 11, 2010, the IGT was officially opened at its headquarters. Another strong emotion for everyone involved! Nine days later, on November 20th, assistance to 80 children and teenagers from six to 15 years of age began. And it is on this emblematic date that the IGT celebrates its anniversary.

The following year, the 20th of November, Black Awareness Day, was officially instituted nationwide. It was the mark of blackness, plurality and popular vocation that were established at every stretch of road in this beautiful history. Luciana usually evokes this chronological proximity when thinking about the number of black children involved in the project, all of them still carrying the tragic and absurdly unfair legacy of slavery that has never been resolved, all of them, victims of persistent Brazilian structural racism. The IGT gives them dignity.

The first steps had the support of many hands and hearts of solidarity. To offer breakfast and snacks, milk, chocolate and biscuit collection campaigns were carried out within Grêmio itself. The dedicated employees of the club, Mel and Gabi, were tireless in this effort, and Marcos Trevisan made lunches for the children, for affordable prices. The work was engaging. People who care for it could see how huge the project was. Gabi, daughter of the idol Tarciso, had a special appreciation for everything that was done there in that supportive time.

– The IGT is just like my father, a person who shone in the fields and then always carried Grêmio in his soul –comments Gabi.

All the work that I was able to develop during my two-year internship prepared me to work in my profession, but it also made me a better human being, more empathetic, with a totally different world perspective. The IGT is a Service of Coexistence and Strengthening of Bonds and during this period we built such strong bonds that the farewell left me sad and missing the program. I hope that the service will continue to provide a safe and healthy space for these children to live together in a positive and caring environment. I will always remember the children at the IGT for the affectionate looks, the fun, and the care that I received every day. Nothing was more motivating than arriving at work and being greeted with an affectionate hug and with: “Hi, Mr. Márcio.” My experience at IGT was very important for my integral development and I would like there to be other spaces like this available to the community.

Marcio Piacheski – Educator

At that time, the IGT service format was also born, from 80 children selected by CRAS: opposite shift to school, lunch and snack, with activities planned by education professionals and carried out by interns in related fields.

The Literacy Workshop began with the teacher Celita Cabral, the oldest volunteer, who until today dedicates her time to the children and teenagers of the IGT.

For transportation to the headquarters, the City of Porto Alegre provided a transportation voucher. At the time, the IGT received an amount per child assisted through an agreement with the FASC.

The first work team had six reference roles. Educational Coordinator: Bia Aroldi. Administrative Coordinator: Suzana Foernges. Security Guard: Claudiomiro.

And the partnerships were strong. From the idol, former player and coach Renato Portaluppi to athletes (professional group leaders) who represented the team, through the iconic superintendent Antônio Carlos Verardi (the man who played for more than half a century behind the scenes of Grêmio football, a ‘guardian’ of the club, partner at all times).

IGT has been a part of my life since 2010. There are many memories from the Olympic Stadium to nowadays. Many children of various ages have taught me to love them and value the little things that can change a life.

Celita – Volunteer

Opening of the IGT headquarters at Ginásio David Gusmão

Chapter 5

Tarciso, the

“Black

Arrow”

Tarciso and children from the IGT in the presentation of the club’s new uniforms, in 2011

There are several eloquent signs in the life of the aforementioned José Tarciso de Souza. Born on September 15, 1951 (Grêmio was born on September 15, but from 1903), Tarciso arrived in Porto Alegre in 1973, when the club was celebrating its 70th birthday (same age that Tarciso would be in the year 2021 in which this text is being written) to help break the hegemony of what was probably Internacional’s biggest team, Tricolor’s rival club in Porto Alegre. His own hiring already brings epic peculiarities: playing for América-RJ, Tarciso beat Colorado defender Pontes by running, something very hard to do. Grêmio hired him for it. From 1973 to 1977,

Tarciso bore the mark of defeat and impotence. But he was later there, at the right forward midfielder of Telê Santana’s squad when everything changed in his life and in Grêmio’s life. The ‘77 squad is a straight street that Grêmio turned into a corner, something with an effect comparable to what the unparalleled melody of the Beatles represented and provoked for humanity a decade earlier. From there came the greatest glories of the club. In the 1983 world championship, Tarciso was the only remnant of the team that suffered so much in the ‘70s (he headed the ball to Renato to score the decisive goal at the World Championship in Tokyo). In other words, the man who was born on the same day as the club he learned to love was found to be predestined. But there are several other symbols of Tarciso, the swift “Black Arrow”. He was humble, generous and persevering. One of the stories he told to me was his resistance to assuming himself as a right forward midfielder because he did not want to supersede his great friend Zequinha. This happened due to an imposition by Telê Santana. Then, as a right forward midfielder, Tarciso joined the Brazilian squad. It was common for Grêmio supporters to settle down in front of the TV watching Cláudio Coutinho’s squad and feeling in Tarciso something like the extension of their own identity. He was Grêmio! And there is more: Tarciso was so fond of Grêmio that he retired in Porto Alegre after having played an incredible 721 matches for the club and scored 222 goals. He became a councilor of Porto Alegre and continued to score goals until he passed away on December 5, 2018. One of his main goals was the elaboration of the project to create the Museu do Negro (Black’s Museum) in Porto Alegre. Another was a decisive help in paving the way for the IGT. Tarciso obtained the certification of public utility for the IGT, which characterized it as a non-profit entity. In the presentation of the club’s new uniforms in 2011, children from the IGT entered Olímpico Stadium with uniforms accompanied by the eternal “Black Arrow”. He was also the one who appointed the soccer school teacher.

Anyway, an encourager.

If all this was not enough, it is always good to remember that Gabi, Gabriela, daughter of Tarciso and mother of Tarcisinho Neto, is an employee of Grêmio and works intensely as a collaborator of the IGT.

It is worth recalling a statement by Tarciso to this author about the 1977 team that won the regional title responsible for everything that came after. There was a penalty kick, and a traumatized Tarciso went to shoot. Of course, the weight was huge and he missed it. But later, in the same Gre-Nal (Grêmio vs Internacional), André Catimba would score the iconic goal that would give the club the championship and redeem those heroic 1970s players – Tarciso, Iúra and Ancheta, who were joined by Corbo, Eurico, Oberdan, Ladinho, Vitor Hugo, Tadeu, André and Éder.

But what did Tarciso say to this author?

– I went to shoot the penalty kick. That was very important to everyone, but it was so much more important to me. It was life for Grêmio and for us, a team that felt like a family, so united we were. But me, Ancheta, Iúra were coming from sad years of defeats. When I was standing there, before running for the ball, saw that Cláudio Duarte (Internacional head coach who would become an important Grêmio champion head coach) was talking to Benítez (Internacional’s goalkeeper). The stadium was impressively silent. could hear the buzz of a fly. The loneliness felt was very great. It seemed like that goal had shrunk. I decided to shoot the penalty kick to the side was not used to, the way I’ve never trained. And miss it, of course! shoot it out. I did not know what to think. The world collapsed. I learned a lot in those few seconds of drama that were too strong for me. Then, Tadeu Ricci assured me that we would win, and André (Catimba) said that we would win with his goal. In the end, that was exactly what happened. What a great outcome.

Tarciso wore Grêmio’s number 7 jersey for the iconic ‘77 Telê Santana’s squad. Before him, his friend, the devilish dribbler Zequinha, used the same number. Then, the also multi-champions Renato, Paulo Nunes and Luan. A Grêmio mark the number 7, the “7” is our “10”.

The 7 of the Seventh Heaven.

Of the candelabra symbolizing the burning bush.

More than three decades later, Tarciso again, so beautifully human, shoot an accurate penalty kick, swelling the nets in the name of the IGT kids.

Everything is unforgettable.

The experience of being an educator at IGT is much more about learning than teaching; learning from every look, every smile, and every story shared. It is to live day by day a true and intense exchange that makes you never be the same again. Few things are as life-changing as working with a team so dedicated to guaranteeing a safe space, a space of hope and resistance, but above all, a space of much love for all the children and teenagers assisted there. Being part of the IGT team has enhanced not only my training as a psychologist, but also as a human being. For that, I will be eternally grateful.

Jordana Grosz Educator

Actions for health

In 2011, under the chairmanship of Paulo Odone Ribeiro, the IGT continued to grow stronger, managed by the chairmanship of the idealizer Luciana Kroeff, who permanently maintained the initial enthusiasm. At the time, integration with other initiatives was how I found by the IGT to take new steps towards growth, such as the Corrida para Vencer o Diabetes (Race to Beat Diabetes), Corrida pela Vida (The Race for Life) and Gol pela Vida (Goal for Life). The involvements and donations received contributed to this resolute and permanent progress. There was the income from the auction of the Grêmio’s Cow at the Cow Parade in Porto Alegre and the donation of kimonos by councilor Zelio Hocsman, the tireless, generous and extremely zealous Grêmio fan “Zelinho”, in a gesture that started the judo classes. Realize how great Zelinho’s insight was: judo is a soft art, founded in

1882, whose main objectives are, besides developing selfdefense techniques, to fully strengthen the physique, mind and spirit. It is all in the mix!

In addition, children paraded at the event to launch the team’s new uniforms. See how this simple event reverberates in the souls of young people, in terms of self-esteem and belonging. From that year onwards, players began to have a more intense presence at IGT events, with serviced children and families going to Grêmio matches. Something huge!

The celebration of the first year of the IGT was attended by the then-mayor José Fortunati. The growing public appeal of the initiative was established, with wide arms in the social area.

2012 was remarkable. It was the Olímpico Stadium’s farewell.

With the end of the service at Olímpico, children were referred to other social services in the region. The Christmas party held at Ovelhão Stadium was also exciting for this reason, with the presence of several Grêmio employees. In this historic moment of the IGT, the entry of the current psychopedagogue Laura Rossi Grenivel, the first edition of Brechó Solidário, the anniversary of the IGT with the president Paulo Odone Ribeiro, Banda da Geral, players and the unforgettable event of the hug at Olímpico Stadium also took place – the beautiful farewell of the “Velho Casarão” (Old Manor) full of glories and affections.

At that time, there was no prospect of a new headquarters, but the hope was great, because, as we all know and as the hymn composed by Lupicínio Rodrigues says, Grêmio supporters never give up on their dreams. Perseverance is the engine of “immortality”. If that is the case, they go on foot, because, as Salim Nigri said, we will be with Grêmio wherever it is.

IGT. My beloved IGT! I watched it being idealized, helped it be designed, and was proud to see it inaugurated.

The first children, the fun, the athletes’ visits, the events and campaigns, and so many more memories and affective remembrance of a place so full of affection and love that my bond is still present now as IGT’s partner. Oh! IGT. My beloved IGT! How beautiful it is to see you completing 10 years. How wonderful to know that so many people keep this program going, so many people love you and honor the mission.

Do you remember your first-anniversary party? Remember when my children came to visit you? Remember the last time at the Olímpico Stadium and the first time at the Arena Grêmio? It was never “just football”, right? Oh! IGT. My beloved IGT! Happy 10 years! Long live, my beloved IGT!

I am very happy and honored to be part of the history of this institution. I was honored to be able to contribute, in some way, to this incredible work that is done until today by IGT. It has been 10 years of history and hundreds of children and teenagers have been benefited. Knowing that I was and that I am part of all this makes me extremely satisfied. I had the great example of my father, who helped IGT for a long time, and I couldn’t do it in any other way.

Melissa Paiva Motta Former Grêmio’s Public Relations e Gabriela de Andrade Souza Grêmio Marketing

IGT Christmas party at Ovelhão, at the Monumental Olympic Stadium

IGT’s participation in “Corrida para Vencer o Diabetes” (Race to Beat Diabetes). In the photo on the right, participation of Mayor José Fortunati in the one-year anniversary of IGT

Transition in the

new stadium

Children and teenagers from IGT and CRAS went to watch a game in the Arena on Children’s Day. Some of them had never entered a football stadium

In 2013, the club’s president was the iconic Fábio André Koff, and it was a time of transition towards new glories, change of stadium, legal rearrangements regarding the contract for the new house. Although soccer and Arena demanded a lot of attention, the support of Koff and his advisor Paulo Samuel was essential for the development of the IGT. It might even be relevant to remember that Koff, a retired judge, had as a mark of his professional career the solidary understanding of the social background contained in the sadness of marginality. In the ‘60s and ‘70s, a difficult time, with scarce democracy, repression in the streets and precarious institutionality, Koff was famous for his fearlessness and empathetic gaze, recurrently opposing the power constituted in other and more rarefied spheres.

The service started to be done at CRAS Glória, while the administrative part continued at the Rudy Armin Petry space (another generosity giant), in the Olímpico Stadium. On the IGT’s third anniversary, Koff congratulated Luciana Kroeff and said, with tears in her eyes, as often happened when talking about a highly emotional person: “We just have to recognize their capacity for recovery, social assistance and referral of children.”

That year, there was the inauguration of the computer lab set up by the IGT/Grêmio at CRAS, the entry into the Nota Fiscal Gaúcha (Rio Grande do Sul Invoice) program and the partnership with the paper reel company Regispel. These were substantial advances. The computer lab, especially in this dizzying “liquid modernity” (concept by sociologist Zygmunt Bauman) of the digital age, is an essential leap towards the future of these young people.

In an emotional moment, children and teenagers from IGT and CRAS went to watch a match in the Arena box on Children’s Day. Some of them had never entered a soccer stadium, and the occasion evidently took place in a game involving Grêmio, with all the symbolism of belonging captivated in the hearts of these young people. The kids’ innocent eyes sparkled; their smiles were wide, with remarkable wonder. Some people who accompanied them wept with them. Souza Cruz donated a used popular car, sold to obtain uniforms for children and teenagers.

Advances under Fábio Koff management

In 2014, the president Fábio Koff further reinforced the club’s harmony with the IGT, embracing the need to search for a new headquarters for the social institute and began a renovation in the former Nautical Park of Grêmio’s Rowing Department, making several moves to seek partnerships. Koff worked with his traditional boldness. He was beautifully relentless; he saw where IGT could reach. It was the generosity of the ancient judge doing what, in Hebrew, is called “tzedakah” (social justice) to achieve another concept in Hebrew: the “tikun olam” (repair of the world). To occupy this area, a nautical activity should be developed there, considering that the land on the edge of the Guaíba is a concession of the State for Grêmio, and the purpose should be exercised.

The result of such an effort was the transformation of an empty warehouse into an area of almost one thousand square kilometers with all the characteristics of an impressive autonomous educational entity, for leisure, sports and, above all, coexistence and growth. Books, computers, toys, rowing boats adorn an environment where children learn and resist in front of the river. The well-kept walls also make room for the transgression of graffiti with phrases such as “black women”.

While the works for the new headquarters were being developed in the Navegantes neighborhood, the IGT’s technical group, still in the “Velho Casarão”, set up a special fundraising program for the nautical project (FUNCRIANÇA), with voluntary support from the professor and former Grêmio rower Roberto Schultz. At the same time, the IGT team began to get closer to its future community through meetings on participatory budgeting, visits to the region to actively search for children, and shifts for applications for new users. These were especially intense moments, for the club, for the IGT and for the community, with its vulnerabilities and social risks.

That meeting was the essence of what was to come.

The official opening of the new space, with 50 children and teenagers participating in the solemn act and clearly feeling called to belong, took place on December 9, 2014. These were daily facts that constituted an enormous achievement for the club and for its people, its soul.

At that time, Fábio Koff’s impressive trajectory as president of the club ended with the first victory of the Libertadores and the Mundial Interclubes in 1983 and then, in a triumphant return, with national titles and the Libertadores two-time champion title in 1995. But, of course, it was

Speech by President Fábio Koff at the opening of the new IGT headquarters

Tribute to Professor Roberto Schulz, who implemented the practice of rowing at IGT. On that occasion, the IGT rowing workshop was named after him

Fábio André Koff, and the legacies left to the club were broader.

As a practical symbol of this solidary management, the rowing activities began in 2015 with Professor Roberto Schulz. We have already talked about judo here. Now think about rowing and its symbolisms in terms of the effort to push ahead tenaciously to often even go against the tide.

Koff also appointed the new president, Romildo Bolzan Júnior, in 2015. A man of deep identity with social causes in his personal and professional performance, Romildo, also with a strong legal background, was a gambler, whose attributes as a football manager were accurately devised by Koff (the years and later titles proved the right). Because Romildo won the club’s election that year and, in addition to skillfully handling football and finances, he became a first-time partner with the selfless Luciana.

– The IGT is a service of coexistence and strengthening of bonds – says President Romildo, who emphasized support for the project. – The IGT is the social arm of the Grêmio, philanthropist and benefactor. Grêmio is not just soccer, Grêmio transmits values to everyone who is inside the club and who roots for it. The club is responsible for giving good gestures and inspiring, understanding a fairer society.

These were new times, new challenges.

Grêmio President Fábio Koff, IGT President Luciana Kroeff and Grêmio VicePresident Romildo Bolzan at the opening of the new IGT headquarters

In 2010, at Luciana Kroeff’s invitation, I had the pleasure to participate in the group that thought, dreamed, and materialized the IGT. I had the pleasure and the pride to show and apply, in this project, my pedagogical knowledge. According to Paulo Freire “Nobody educates anybody else, nobody educates himself, people educate among themselves mediated by the world”, and in this pedagogical line I coordinated the work at the IGT of my dreams!

Beatriz Maria Aroldi - Educational Facilitator

Chapter 8

A delicate

social challenge

Overcoming the flood

Well then. The new headquarters, in the surroundings of the Arena, has already started with the care of 50 children. But then the setback to be overcome came with the temper that gives the club the affectionate nickname of “immortal tricolor”. In October, the new headquarters was invaded by the floodwaters that hit the city, making it impossible, once again, to continue the activities. The children continued to be attended at the Arena itself for five months, between October 2015 and January 2016.

In 2016, the year in which the club became a five-time champion of the Copa do Brasil, it was finally possible to settle in the new headquarters. And the pace of the IGT actions accelerated. Through advertising exchanges with Ouro e Prata, the institute received a bus to transport the children to the IGT. The Nautical Project 1, together with Funcriança, made it possible to expand the practice of rowing and participation in competitions.

At the same time, Roberto Schulz was hired to be the rowing coordinator. The IGT events started to count on the participation of players again, children and families were able to watch matches in the Arena and the partnership IGT/Grêmio Soccer School was established.

These were huge leaps towards the future. It was also in that year that the Be a partner of the IGT campaign was started, with monthly contributions. There was also the construction of the IGT’s multi-sport court, an important achievement.

A delicate social challenge

In the surroundings of the Arena, the IGT, as the social arm of the Grêmio, sought to coexist in a participative manner with the communities that have existed there for decades. Institute employees handle the matter with the delicacy required by the local context. They seek to act together with people, not being invasive, but welcoming, in a relationship of mutual respect.

If it is true that the club acts to rescue people at risk, it is also true that these people have their own methods of coping with vicissitudes, habits and cultures.

The advent of the Arena, while representing opportunities, can also be seen as intrusive. And the IGT, in the years it works in the community, seeks to emphasize welcoming and respect for the dignity of local residents.

There is a careful process of exchanges and a shared and radical understanding against sexism, racism, homophobia, and other kinds of prejudices, including class discrimination. The community has experienced repeated situations of abuse and disrespect. At the beginning of the Arena do Grêmio construction project, there was some uneasiness with the presence of outsiders men working on the construction project. The IGT’s approach, without paternalism and with respect, has been always important.

I was an IGT Educator at the opening of the program in 2010, still at the Olímpico Stadium. I worked there for two years, until 2012. I would like to leave a message, a kiss, for everyone who has passed through us and whom I have had the opportunity to meet over the years, both students and educators, whom I follow and who, via social media, we still maintain close proximity. And for those who are still at the IGT, I hope you are enjoying it a lot. This is a space to build relationships that may keep to the rest of your lives.

Débora Silva – Educator

9

Rowing toward

the future

In 2017, when Grêmio won the CONMEBOL Libertadores for the third time, the IGT was literally propelling. The first fruits of the rowing activity were reaped. The IGT’s young people started to participate in competitions, such as the Rio Grande do Sul Rowing Cup (Copa RS de Remo), the Remosul Regattas (Regatas da Remosul), and the Indoor Regatta of citizens of Rio Grande do Sul (Regata Gaúcha Indoor) in the Social Project, Children’s, and Youth categories, with awards in all races. It was the oar! The strength to move forward, for or against the current. Two teenagers from IGT stood out and were invited to join the group of athletes from Guaíba Regatta Club (Clube de Regatas Guaíba-Porto Alegre), participating in Brazilian races in which they won gold, silver, and bronze medals. We don’t have to describe the delight this caused among the people who helped build the Tricolor social perspective.

Also, during this same period, visits were made to the Porto Alegre Book Fair and annual tours to water and fun parks. At the Book Fair, a value was established, and each child could purchase a book that aroused his or her interest. Luciana and other members of IGT are committed to culture because they are convinced that reading opens paths and possibilities. And children can also participate in the McHappy Day.

_ They can go to the theater, to the Book Fair. They have social interaction and access to culture. This is citizenship building that provides options for the individual to have a

dignified life _ Luciana Kroeff says this with pride.

Psychopedagogue Laura Rossi Grevinel emphasizes the fact that the institute welcomes many young people and teenagers with “school discrepancy” and succeeds in guiding them through life.

With the strengthening of the bond between Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense and the new multi-use stadium, from the adaptation of the crowd to Cup wins, the Institute’s presence in the disadvantaged communities around the Arena has been increasingly intensified.

Vice-Presidents of Grêmio, Marcos Hermann and Duda Kroeff, together with the President of IGT, Luciana Kroeff, receiving a bus from Ouro e Prata for children transport

Children visiting the Book Fair legenda

Mr. Roberto Schulz teaching the art of rowing to IGT kids

2019: visit of Gremio Female Soccer players

Citizen family

In 2018, a moment of great joy occurred for everyone at IGT and especially, of course, for the kids: the former star, World Cup hero, and coach Renato Portaluppi made it possible for the children to go to the Luiz Carvalho Training Ground to watch the training and meet the players for the first time. They all went onto the field after the training session and were able to take pictures with their idols, some even had the chance to boot the ball toward the goal, which made the moment even more unforgettable. You don’t need much to feel or imagine the intensity that this moment had on each one of those children, so needy of hospitality and affection. A minimal knowledge about the magic of soccer is enough to imagine it.

Empathy is a permanent exercise.

At this same time, by the way, the Família Cidadã group was born, in which relevant themes of the community and the families are discussed once a month, with the delivery of food staples to each family unit. These moments are of intense affection.

And, to bring even more quality of life to the kids, Yoga classes started with volunteer Luciana Tomasi, and the Dance Workshop too. Another highly symbolic activity: Yoga is philosophy, spirituality, and balance, something significant for those kids. Dancing is understanding the rhythm of life.

Traditions were also created, such as the celebration of Children’s Day and Christmas (with club employees sponsoring children), the long-awaited “pajama party” during the winter vacations, the Family Party, and the trip to Tupã Park (tickets donated to the IGT’s children).

In 2019 there were new achievements and, most importantly, new emotions. The children and teenagers of IGT had never received such distinguished guests at the same time. To celebrate Grêmio’s anniversary, the president Romildo Bolzan, Carlos Biedermann, the president of the Deliberative Council, and the members of the IGT’s Fiscal and Deliberative Council participated in a collective lunch in the institute’s cafeteria.

It was one of the most joyful and remarkable moments of IGT.

The Literacy Workshop began and, at the same time, an internal resolution established an important “stone” principle: no child could end their participation in the IGT without being literate.

Cléia Solete Dias da Costa, Leonardo’s mom, tells us: _ Leonardo improved a lot when he came here. Being here and having other people around, with the guidance of the teachers and the counselors, he became more helpful and kind. Now he cares more.

As the slogan adopted by Grêmio when we were World Champion, in 1983: “nothing can be greater than this”(nada pode ser maior!). There is so much pride!

Other parents repeat a lot that IGT “opens doors”. When approached about what the IGT has meant in their lives, teary eyes of recognition are usual. A mother holds back her tears and requires suspending the story. Some of them say that when their children are over the maximum age they ask to come back, such is the affection and respect found in the program.

The children’s first visit to Ilha do Grêmio also took place that year, as well as a tribute to Professor Roberto Schutz, who named the IGT’s Rowing Workshop.

And IGT continues to propel to a humanist path.

IGT children’s dance performance at the end-of-year party

Renato Portaluppi welcomed IGT children and adolescents on the lawn of the Luiz Carvalho Training Center. What a party!

Sublimation

through art

The 2020 year, with Grêmio still under the presidency of Romildo Bolzan Júnior and IGT now being chaired by the also selfless Rosa Foresti, was one of the most atypical and challenging times for all humanity. Faced with the Covid-19 pandemic, as early as March 2020 face-toface service was suspended. The service kept going via WhatsApp. The delivery of food was guaranteed and carried out biweekly with the support of Grêmio Political Groups.

All safety protocols and applicable health measures were applied. And the educational activities followed remotely, on a monthly basis, following the essence that life is what really matters.

Rosa, the new president, sums up IGT with the word “love” and Luciana with “inclusion”. It is almost a musical harmony. Two complimentary words and two women who also complete each other as they share the same dream and ideals.

_ It is an exciting project. If you come here to meet the children, you end up with a heart full of affection and leave the place with your soul cleansed. IGT is a source of great pride for Grêmio _ this is what the new president says and emotionally emphasizes the “character formation” made possible by the institute for the young people.

As this text is being drafted, between late 2020 and early 2021, the Covid-19 pandemic keeps terrifying humanity.

We reached almost half a million deaths only in Brazil. From the Arena to the world, the lesson of generosity, empathy, and solidarity remains as a tricolor and all colors action, since we are a “Club for all Kinds of People” (Clube de Todos).

After this first challenging decade of unquestionable achievements, changes, and even pandemics, the total number of children and teenagers attended by IGT is around 200, with a very low dropout rate, which makes it clear that the young people feel integrated and happy. There is always a waiting list to join the project. The goal is to go much further, strengthening and multiplying the number of young people in the program.

10 years will be multiplied.

This goes far beyond the football field.

Football is not just a sport. It is much more!

Overcoming the pandemic

In the first fortnight of 2021, Grêmio and IGT gave special expression to the verses of one of the most notable supporters of the club. The poet Mario Quintana, a fervent Grêmio’s fan, described by Josué Guimarães as one of those who avoided watching decisive matches such was his suffering, wrote for posterity the following well-known poem: “Todos esses que aí estão / Atravancando meu

caminho / Eles passarão... / Eu passarinho!” (Those who would / My path deny / Are bound to falter... And I to fly!)

But why recall this poem? Because after much care to mitigate the danger of the virus that scared the world, Grêmio and IGT were able to reestablish their beautiful and sensitive social actions. They faced the monster and came back with all the necessary health and sanitary protocols.

An observation: notice that the verse written by Quintana and the anthem sung by Lupicínio Rodrigues (Brazilian composer of the Grêmio anthem) have the same foundation, as both were Grêmio’s supporters. It is perseverance, whether in the air on the wings of the daring bird or on the ground, by the feet of the fan who does not give up on his/her club. This is Grêmio. This is IGT. They are always persevering and resilient when it

comes to getting up from a tumble and getting back on their feet, facing the plague and coming back. It can be on the Arena Grêmio’s floor or on the river, on the IGT’s rowing course, which has forged young athletes against the current of social injustice.

It is worth remembering the shining sensibility that is in so many characters who are passionate about the Tricolor and, also, in the resulting social action of the IGT itself. Generosity and humanism are part of Grêmio’s nature, in the very clear DNA since the first (and plural) statute. All soccer clubs were born in the middle class and with some dose of elitism in a Brazilian society marked by inequality and the structural prejudice of long-lasting slavery... but... also, paradoxically, with a popular vocation naturally awakened in the course of the effervescent 20th century.

Those who attended Grêmio’s backstage at an early age

Emotion in the gradual return of children to IGT and Grêmio

Rosa Foresti, IGT President

(like this author) know about the beauty of iconic figures, some of them already mentioned, between humble and selfless leaders and fans of unconditional love. How about the artists, the passion spokespersons?! Besides Lupi, Quintana, Elis and Josué, we have the gauchism (customs and habits of the citizens of Rio Grande do Sul) of Teixeirinha, Borghetti, Borges, Shana, Biriva, Marenco, Jaime Braum and Almeida Neto, the poems of Celso Gutfreind, the prose of Erico, Tajes, Laub, David Coimbra and Moscovich, with special emphasis on the language of marginalized communities in the Falero pen, the didactic lyrics of Gonzaga, the sweet children’s literature of Urbim, the tragic tangos of Nico and Hique, the punk of the numb replicant Wander drinking wine, the rock of Gessinger, Lucas, Tonho Crocco, Tico Santa Cruz and Vera Loca, the milonga of Vitor Ramil and his brother Kleiton, the softness of Calcanhoto singing the anthem in a black tie on stage, the guitar solo by Leo Henkin, the erudite instrumental by Geraldo Flach and Yamandu Costa, the rockabilly and psychedelic explosion by Charles Master, Victor Kley’s sun, the replicant and humanistic cinema by Gerbase and Luciana, and also that of Zé Pedro, Flávia Seligman, Beto Turquenitch, Jorge Furtado, and Werner Schünemann, the irreverent narrative of Peninha, the Brazilian country music of Teló, the stage elegance of Fernanda Lima, Gisele, Cazarré, Sheron Menezes, and Ana Hickmann, the asa morena of Caradipia, Isabela with Porto Alegre é demais Bebeto of pegadas and mais uma canção songs. And then there is Gilberto Gil, saying that “blue is for the sky, white for peace and Black for the black skin color” making a pun on Grêmio’s colors; Elza Soares and Jamelão converted by Lupi; Ivan Lins convinced by the insistent Elis; the Chilean Skármeta of the letter carrier and

the poet; the Mexican Carlos Villagran entertaining the world as Kiko...It is long the list of people passionate about the magic of Grêmio, about the emotion of a Tricolor soul that perseveres even in its own Anthem, about the unique blend of tango and samba that makes a special melody in the Brazilian Pampas. Forgive me if I forgot someone, maybe this list is endless. Phew! Sensitivity overflows.

Is that all? Of course not! Think about the football players who came from abroad and never left, starting with Lumumba with his beautiful Afro wisdom. From the Uruguayan Ancheta to Dinho from Sergipe, passing through Mazaropi and Tarciso, from Minas Gerais. These are people who came, loved in here and stayed. And some left without ever leaving.

All this mixture of passions exists to remind us that, yes, IGT is not here by chance. The social perspective of Grêmio has its emotional origins. The conversation of two women, a psychoanalyst and an artist (singer), resulted in this first generous decade of many more to come.

Then, the pandemic arrived. Vaccines. The return was gradual and responsible. Each decision was made with the families of the children and teenagers. Food staples, hygiene products and blankets were delivered. The return meeting, on June 22, took place on a beautiful and cold winter day.

I present to you the words of Laura Rossi, the IGT psychopedagogue:

“Fear is constant. But within there is a very strong feeling of gratitude. I am alive, our team is all alive, our children are alive, and so are our families. I focused on “alive” feeling because, at this very difficult time (and for our families, it’s not only about the virus), life is almost a privilege... it’s luck, strength and endurance. Watching this children’s return has been beautiful and has reinforced that WE ARE ALIVE! IGT IS ALIVE! This space is beautiful, but it really comes alive when it’s occupied. The return also highlights how important our work is. It is with them and for them that we will remain going strong, always trying to offer the best!”

Now the words of Andréa Pagliarini, IGT educational supervisor:

“The joy of returning comes with a lot of care. Care that we adapt and improve every day. We know how important it was to bring teenagers in this first stage and how important it is to keep the bond active with the ones still at home. It’s a hopeful feeling. The hope that we bring to the people who are assisted by this program. Before, as an educator, I closely followed the care of children and teenagers and I was delighted to learn how active IGT is in the life of each of the participants. But now we know that this service goes even further. IGT is a space of security for the families assisted. Being part of IGT helps them through this difficult time. We closely followed every difficulty (faced by children and teenagers). Knowing that they can count on us to guarantee the day’s meal made them believe that they were not alone.”

The Pandemic Challanges

Have you kept the words of both of them? Well, as Gonzaguinha (Brazilian singer, songwriter and musician) used to say: it’s even better to stand by “the pureness of a children’s response” because “that’ life and life is beautiful, beautiful...” After all, one must “live and not be ashamed of being happy”, and “life should be much better and it will be”. Because “life is beautiful, beautiful and beautiful...” (free translation of the lyrics of O Que é, o Que é? 1982).

Anyway.

In this winter of 2021, when I finish writing this book, I keep thinking about IGT, Grêmio support and also about the importance of this for each rescued child. And I reflect on that saying that all Grêmio’s supporters like to repeat: “Being a Grêmio’s fan is pure emotion.” So it is clear that this is exactly what IGT means: pure love for other people.

Again: Football is much more than only a sport! Much more.

It goes far beyond.

Even because life should be much better, and it will be...

Life is beautiful, beautiful!

Testimonial

Usuários IGT Olímpico

IGT Olímpico Users

O IGT entrou na minha vida num momento bem complicado. Fazia pouco tempo que tinham matado meu pai. Minha mãe não tinha psicológico para cuidar de nós no turno inverso da escola. Então surgiu uma vaga pra gente fazer parte do IGT. No começo, nós não queríamos ir. Mas depois não queríamos mais voltar. Lá a gente se divertia, jogava futebol, dançava, fazia exercícios. Eu levei muita coisa comigo. Lembro da vez que teve um show do MC Jean Poul e fizeram uma surpresa para mim do meu apadrinhamento. Sim, vocês conseguiram alguém que acreditou em mim, e no meu sonho de ser jogadora de futebol. Infelizmente não deu certo, mas segui outros caminhos. Sempre pelo certo. Como vocês sempre me instruíram. Vocês nos faziam felizes, cuidavam, protegiam e davam carinho. Sempre com diálogo, paciência. Porque eu sei que a gente dava trabalho. Eu só tenho lembranças boas dessa instituição. E sim, com a maior certeza, vocês contribuíram para eu e meus irmãos seguirmos pelo caminho do bem.

Luísa Santos

IGT came into my life at a very complicated time. It had just been a short time since my father had been killed. My mother was not psychologically able to take care of us when we were not in school. Then an opening came up for us to join the IGT. At first, we didn’t want to go. But then we didn’t want to ever leave it. We had fun, played football, danced, and exercised. I learned a lot. I remember the time there was a concert by MC Jean Poul and that you guys surprised me with my sponsorship. You made someone believe in me and in my dream of becoming a football player. Unfortunately, it didn’t work out, I followed other paths. Always the right way. As you always instructed me. You made us happy, you took care of us, protected us, and gave us affection. Always with dialog and patience. Well, I know we were in a lot of trouble. I only have good memories of this institution. I can say with the greatest certainty that you contributed to my brothers and me following the path of good.

Participei do IGT em 2010 e 2011. Sinto muita, muita falta de cada um que fez parte daquela equipe. Pessoas que me influenciaram demais, que me tornaram quem eu sou hoje. E queria agradecer a cada um de vocês que fizeram parte dessa equipe. Uma história que eu me lembre e que eu nunca vou esquecer na minha vida... a homenagem que fizeram para mim dentro do IGT quando eu vim embora. E isso me fez me sentir muito importante. Queria agradecer a cada uma de minhas amigas, que hoje moram dentro do meu coração. Se Deus quiser e eu peço a Deus isso todos os dias... um dia ainda vou encontrar cada um de vocês e poder dar aquele forte abraço. Eu sinto muita saudade de cada um de vocês e obrigada por tudo. Ianca Moura

I participated in the IGT in 2010 and 2011. I really miss everyone who was part of that team. People who influenced me too much, who made me who I am today. I wanted to thank each and every one of you who was part of this. I will never forget the day you did the tribute for me inside the IGT, on the day I was to leave. It made me feel very important. I would like to thank each one of my friends, who now live in my heart. God willing, and I ask God for this every day... one day I will still meet each one of you and be able to give you that big hug. I miss each one of you very much and I am grateful for everything.

Foi entre 2011 e 2012 que entrei no IGT. Minha mãe queria que eu tivesse uma ocupação pelo período da manhã. Mal eu sabia que aqueles próximos anos ficariam marcados com carinho no meu coração.

Na minha primeira semana, fiquei arisca, pois não conhecia ninguém, mas, aos poucos, fui me adaptando com os colegas e professores que, mais tarde, chamaria de ‘segunda família’. Lembro que meu primeiro professor se chamava Maicon, uma pessoa muito querida e acolhedora. As aulas de inglês eram maravilhosas, aprendi muita coisa com a paciente professora; nas aulas de ciências descobri que, um dia, carros movidos a energia solar seriam possíveis; nas aulas de judô, percebi que era mais forte do que pensava e que paciência é uma virtude.

Nas festinhas, eu montava uma apresentação e assim podia exercitar e mostrar minha criatividade.

Todas as vezes que passo em frente do Olímpico e olho em direção à escadaria onde ficava o antigo IGT vêm lembranças maravilhosas, tantas que não cabem em um só depoimento.

Esse lugar me ensinou tantas coisas boas... e sou muito grata por tudo.

Kallane Maiara Pereira Corrêa

I joined IGT between 2011 and 2012. My mother wanted me to have an occupation in the morning hours. I didn’t imagine that those next few years would be marked in my heart. In my first week, I was suspicious, because I didn’t know anyone. But, gradually, I was adjusting myself to the classmates and teachers who later became my “second family”. I remember Maicon, my first teacher, he was very sweet and welcoming. The English classes were wonderful, I learned a lot from the teacher, who was very patient; in Science classes, I discovered that one day, solarpowered cars would be possible; in Judo classes I realized that I was stronger than I thought and that patience is a virtue. At parties, I used to put together a presentation, so I could exercise and show my creativity. Wonderful memories come up every time I cross the Olímpico Center and look towards the staircase where the IGT used to be. There are so many memories that cannot fit in a single testimony. This place taught me so many good things... and I am very grateful for everything.

Estava no YouTube olhando uns vídeos sobre o Grêmio e apareceram os vídeos do IGT (fui obrigada a olhar e relembrar um dos momentos mais lindos da minha vida). Sou uma ex-aluna da época de 2011 a 2013. Nossa, fico tão emocionada de ver que o trabalho que começou aqui na Zona Sul, na Azenha, se espalhou para outro lugar e que está ajudando muitas crianças, assim como ajudou a mim. Só sei sentir saudades e agradecer a cada uma dessas pessoas que fizeram esse sonho ser possível. Se sou uma pessoa melhor hoje em dia, foi graças ao IGT ! Obrigada, Luciana, Beatriz, Laura e Suzana por nos darem a oportunidade de conhecer o belo trabalho de vocês! Saaaaaaaaaaaudades. Um dos momentos mais lindos da minha vida. Fico emocionada de ver que o trabalho que começou aqui na zona sul se espalhou para outro lugar e que está ajudando muitas crianças assim como ajudou a mim. Se sou uma pessoa melhor hoje em dia, foi graças ao IGT! Verônica Silveira Nunes

I was on YouTube looking at some Grêmio videos and the IGT videos appeared (So I had to watch them remember one of the most beautiful moments of my life). I studied at IGT from 2011 to 2013. And wow... I am so excited to see that the work that started here in the South Zone, Azenha, has spread to another place and that it is helping so many children, just like it helped me. I can only thank each one of these people that made this dream possible and say that I miss you a lot. I am a better person today thanks to IGT! Thank you, Luciana, Beatriz, Laura and Suzana for allowing us to know your beautiful work! I miss you very much. One of the most beautiful moments of my life. I am thrilled to see that the work that started here in the South Zone, has spread elsewhere and is helping many children just as it helped me. I am a better person today thanks to IGT!

Usuários Parque Náutico IGT

IGT users of Parque Náutico

Eu vou falar as coisas mais importantes para mim que são as atividades, os professores, o remo, o futebol... tudo é importante para mim lá dentro do IGT. Agora eu vou falar o que tenho saudades de vocês. Eu tenho saudade dos professores, das atividades, de tudo! Até dos professores... até do remo... e o espaço do IGT. Só isso e tchau! Fiquem com Deus!

O projeto é importante para mim, porque foi aí que eu aprendi a ler, foi aí que eu me diverti muito com meus colegas e com meus professores. Por isso que eu gosto muito do IGT! E sempre eu vou querer estar aí com vocês e com os colegas. E eu sinto saudades do projeto porque ele é importante para mim ! Eu sinto muitas saudades de vocês e dos meus colegas. Beijinhos.

The project is important to me, because that’s where I learned to read, that’s where I had a lot of fun with my classmates and with my teachers. That’s why I love IGT! And I will always want to be there with you and my friends. I miss the project because it is important to me! I miss you and my colleagues very much. Bye.

Gostaria de expressar aqui toda a gratidão que eu e minha família temos com vocês do IGT, projeto que proporciona a nós, crianças, muitas atividades e também nos proporciona entrar na Arena do Grêmio! Mas o mais importante de tudo isso é que os professores são muito atenciosos com os alunos e com nossas famílias. Isso é muito gratificante... Desde quando entrei no IGT, aprendi muitas coisas boas, jogar bola, fazer remo, fazer trabalhos em equipe, conhecer lugares onde eu nunca tinha ido… Que continuem com este projeto maravilhoso, com professores legais e excelente equipe... Arthur Neto

I would like to express here all the gratitude that my family and I have for you at the IGT, a project that provides us children with many activities and also allows us to enter the Arena do Grêmio! But most important of all is that the teachers are very thoughtful to the students and to our families. This is very rewarding... Since I joined IGT, I have learned a lot of good things, playing football, rowing, doing team works, getting to know places I had never been to... I hope you keep this wonderful project with cool teachers and excellent staff...

I’m going to talk about the most important things for me which are the activities, the teachers, the rowing, the football...everything is important for me in IGT. Now I’ll tell you what I miss. I miss the teachers, the activities, everything! I even miss the teachers... rowing... and the IGT’s space. That’s it. Bye! Take care!

O IGT é muito importante pra mim por causa das atividades, da yoga, do remo, do futebol... do IGT... de tudo !!! Tô com saudade por causa dos professores... de tudo…. eu gosto muito de vocês. Tô com muita saudade.

IGT is very important to me because of the activities, yoga, rowing, football...IGT...everything! I miss the teachers...everything.... And I really like you. I miss you a lot.

Raíssa Esmeralda de Medeiros Leotte

Vinicius Silva dos Santos

Giovane Silva dos Santos

Faço parte da família IGT, que no caso é o IGT, mas que para mim é uma família, então é família! Primeiramente eu queria agradecer a Deus por ter colocado o projeto na minha vida e de todos nós... O IGT não é só um projeto, é também minha família, que nos ensina, nos acolhe, nos auxilia nos momentos mais difíceis... Estão sempre ali, nos ajudando e apoiando nos ensinamentos de tudo que vivemos e que levaremos para a vida toda, para podermos estar juntos. E queria agradecer a toda a família IGT, colaboradores, que estão ajudando não só a mim, assim como todos, com cestas básicas, pois se não fosse a colaboração de todos vocês, não seríamos nada. Vocês não imaginam como estão ajudando a todas as famílias que dependem desta solidariedade do IGT, o que é muito, muito forte para todos nós. Queria agradecer não só pela minha família, mas de todos os colegas, porque sei que eles pensam do mesmo jeito. Então por essa união de todos, que fazem parte da família IGT, não tenho nem explicação pra isso... nem palavras. E que também está proporcionando a cada família, a cada mãe e pai, porque eu sei que muitas crianças e adolescentes, famílias... dependem dessas cestas básicas. Tem crianças e adolescentes que estão se alimentando só dessas cestas básicas, e esta atuação de vocês é muito boa para todos nós e a gente agradece bastante por tudo. Estou muito nervosa... então é isso. Eu estava olhando para o lado porque estava um pouco nervosa... Estou com muita saudades de vocês! Muita saudade mesmo! Beijo e até nosso reencontro.

I am part of the IGT family, which in this case is the IGT itself, but for me, it is a family... so family it is! First of all, I would like to thank God for having put the project in my life and in the lives of all of us... The IGT is not only a project, it is also my family, which teaches, welcomes and helps us in the most difficult moments... They are always there, helping us and supporting us in everything that we have lived. We will take their teachings for life and we will always be together. And I would like to thank the whole IGT family, the employees who helped not only me, but everyone with food staples, for example. Without your effort, we wouldn’t be here. You have no idea how you are helping all the families that depend on the IGT. This is really very important for all of us. I would like to thank you not only for my family, but for all my colleagues. Because I know they feel the same way. So for this union of everyone who is part of the IGT family, I have no explanation for this... And no words. And that you are also providing each family, each mother and father, because I know that many children, teenagers and families depend on these food staples. Some children and teenagers are only able to eat because of the food staples you’re giving to us. This action of yours is very good for all of us and we thank you for everything... I’m very nervous...so that’s it. I was looking away because I was a little nervous... I miss you all a lot! Seriously, I miss you very much! I send you my regards and I hope to see you soon.

O que eu sinto mais saudade do IGT são as brincadeiras, e dos professores… O IGT… Com é que eu vou falar?! O IGT faz eu ler, aprender, escrever uma letra. Tipo assim, eu vou lá, escrevo e o professor vai lá e ajuda. E eu gosto!

What I miss most about IGT are the fun and the teachers... IGT... how can I put it in words... IGT made me read, learn and write a letter. I mean... I write and the teacher helps me. And I like it!

O que mais gosto no IGT é o remo. E o que mais sinto falta são os colegas e meus professores.

What I like most about IGT is the rowing. And what I miss most are my friends and teachers.

Eu queria falar para vocês que eu estou com muita saudade de vocês. E eu acho o IGT importante porque vocês ensinam os nossos colegas... meus colegas... a resolver. Educam. E eu não sei o que eu seria sem o IGT, entendeu? E eu acho o IGT muito legal. E o que eu sinto mais falta é de brincar no IGT…. eu tenho saudade de vocês professores, de tudo... de remar, das atividades... tudo!

Pedro Henrique Silva dos Santos

I wanted to tell you that I miss you a lot. And I think the IGT is important because you teach our colleagues... my friends... to solve problems. You educate. And I don’t know what I would be without IGT, you know? IGT is so cool. And what I miss most is playing.... I miss you teachers, everything...rowing, the activities...everything!

Márcia Vitória Bianchi de Melo

Luiz Eduardo

Mayara Carvalho Centeno

Este livro tem o apoio social e cultural

This book has social and cultural support

Nosso carinhoso agradecimento:

Our warm thanks to:

O IGT agradece a todos que, de alguma maneira, contribuíram para esta importante publicação que registra parte de nossa linda história. IGT thanks everyone who, in some way, contributed to this important publication that brings part of our beautiful history.

IGT Equipe 2022

Alberto Guerra Neto; Ana Luiza Koch; Airton Beluda; Carlos Alberto Carvalho Filho; Carlos Eduardo Santos; Carlos Biedermann; Claudio Oderich; Duda Kroeff; Fabiana Correa; Gerson Luis Müller;

Em pé:

Guto Peixoto; Luciana Rambo; Marcos Herrmann; Maria Julia Baron; Marineide Gonçalves Melo; Paulo Luz; Rosane Bordasch; Sofia Kroeff; Vitor Cunha.

Standing:

Andréa Pagliarini, Suzana Foernges, Juanita Oliveira, Laura Rossi, Claudiomiro Reis

• Setor de Transporte do Grêmio | Grêmio’s Transport Sector;

• Conselho Deliberativo do IGT | IGT Deliberative Council;

• Conselho Fiscal do IGT | Fiscal Council of IGT

• Marketing do IGTEquipe Beluda.Pro | Marketing - Beluda.Pro Team

Agachados:

Crouching:

João Guilherme Del Monego Moreira, Douglas Ramos, Werner Günther Höher, Lucas Dieferson Padilha

O autor Léo Gerchmann dedica este livro ao cãozinho Paul, que foi fonte de amor, afeto e força durante momentos lindos e outros muito difíceis, em especial nos anos recentes. Ao dedicar o livro a ele, toda a família, que o amou muito e que por ele foi amada intensamente, fica contemplada de forma ampla.

The author Léo Gerchmann dedicates this book to his puppy Paul, source of love, affection and strength during amazing moments and other very difficult ones, especially in recent years. By dedicating the book, the whole family, who loved him very much and who were loved by him intensely, is widely honored.