ENS - Equipes Novas 1965-8

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Ed itorial

Nossa Senhora As Equipes e a Virgem Maria As Férias A Oração Conjugal Diálogo

A propósito do Dever de Sentar-se O silêncio inimigo do amor O "Assumir o E ncargo" Oração para a próxima reunião


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Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das Equipes de Nossà Senhora no Brasil- Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 Tel.: 804850 - São Paulo (Cap.)


EDITORIAL

NOSSA SENHORA

Sá procuraram saber aliUID dia, quando e porque as equipes se colocaram sob o patrocínio de Nossa Senhora?

DOIIS&S

A primeira equlpe, antes da guerra, não tinha pensado em escolher uma denominação. MBs um dia lhe foi pedido que juntasse o seu testemunho ao de outros grupos de casais. Foi preciso então adotar um nome que, aliás, confesso ter esquecido. As equipes cria.clas loro depois do annistício não se preocuparam também eom seu estado. civil O que bDportava., antes de tudo, era encontrar a própria fisionomia, e viver. Além disso, digamo_lo com fra~queza, tinham receio do espírito de capelinha. Eram casai~ cristãos IQ.ue se reuniam p.:ua precurar Cristo: porque se preoc1lp1U" oom outras codaas? Na realidade, deu máu resultado. Deveríamos tê-lo previsto. Tudo o que existe precisa ter um nome para ser designado; wa., como as equipes não escolhiam um nome, deram-lhe um ... e qual não foi a minha surpresa, quando ouvi falar .. . nos rrupos Caffarel. Não me comovi: aohei graça. M.:w foi pre_ ciso convencer-me da realidade: o nome se la generaUzando. Era preciso, a todo custo, pôr um paradeiro ao fato. E, p.:lta. isto,tomava-se necessário dar às equipes, como padroeiro, um santo um pouco mais .. . clássico ... e autêntico. Foi então que repeti o resto de Peguy que, tomando os seus filhos, entrcgou_os nos braços da Virgem:


"tranqulbmente, nos braços daquela a quem estão confiadas as dores da terra inteira. Desde essa altura tudo correu bem. Naturalmente. Como poderia ser de outra maneira se era ·:1 Virgem Santa que lá estava, qüe dêles se encarregava .. . Enquanto êle, que os tinha entregue, ta com o pensamento livre e os olhos puros .. . Como um homem que fez um bom negócio . . . Como um homem que escapou a ·um gTande risco ... E eis porque as nossas equipes são as "Equipes de NOSSA SENHORA". F icaria desolado se não dessem a êste patrocínio maior atenção do que aos letreiros que se vêm um pouco por tôda a parte : " Livraria Nossa Senhora", " Hotel Nossa Senhora", "Ga ~ rage Nossa Senhora" e nos quais não há a menor intenção mística. Agrupamo-n;)S para procurar Cristo, imitá.lo, servi-lo. Não o conseguiremos sem um guia e não há outro melhor do que a Virgem. Gostaria que, nas nossas equipes, os casais se exercitassem naquela fé confiante na ternura tôda poderosa da Virgem; que cada casal sentisse em sí, aquela confiança, aquela segurança que se adivinha no coração dos pequeninos, quando sentem sua mãe a seu lado. Quizera que fosse esta uma de nossas notas características. Teria então grande con. fiança no futuro. ·~E

ela tomou-os sob a sua proteção e encargo. Como penhor para.:& eteroldade" (Peguy)

Assim as equipes estarão sempre protegidas contra o intelectualismo e o espírito crítico - é êste um dos primeiros benefícios da intimidade do cristão com a Virgem. Os corações peamanecerão na humildade: quem ousaria fazer-se de espírito 2


junto de Nossa Senhora? Reinará ó amor tratemo, pois é sempre assim, quando a mãe está no meio dos filhos ... Então a fonte da alegria iião se estancará, porque estará conosco a "Causa da nossa alegria". H:~.verá talvez, dentre os que me lêem, quem me acompanhe com algum constrangimento, quem tenha dificuldade em compreender o lugar tão excepdonal dado à Virgem · no cato_ Ucismo (não se reza um Padre-Nosso a Deus, sem que se dirija imedbtamente a essa menina maravilhosa uma Ave Maria). Receiam que esta devoção seja mais sentimentalismo do qne razão Não tenho a pretensão de os convell(ler neste simple;; bilhete. Permitam êles, entretanto, que lhes fale do melhor sermio que ouvi sôbre a Virgem. 1 Tinha conhecido um homem de negócios que f,u.A pesqui-

zas petrolíferas no Marrocos, na Arábia, etc . .. , que tinha fábricas por tôda a parte. Profundamente cristão, acabava êle de me dizer o grande lugar que Nossa Senhora tinha em sua vida. Quis compreender o porque desta atitude de alma e perguntei:"Mas, o que significa para si a Virgem?" Qual ni\l foi a minha surprêsa - e o meu embaraço - .ao ver êstehomem tão viril, perguntar _se e ficar com os olhos cheios de lá&rlmas, ao dizer: "Minha Mãe". Desviei logo a conversa, tio envergonhado como quem descobriu, sem querer, um se-' gredo de .l.Dlor, tão feUz como quem descobriu o significado da grande veneração que os nossos vigorosos antepassados tinham por Maria. Oxalá que êste curto bilhete lhes seja um convite Insistente para que queiram conheoer Maria. Oxalá que o conjunto cba nossas Eqnlpes seja uma catedral erguida à glória de Nosso Senhor. Possamos nós trab:~.lhar nela, com o sadio entusiasmo dos construtQres da Idade Média! BENRI

CAFFAREL


As Equipes e a Virgem Maria

"As equipes colocam-se sob o patrocfnto de Nossa Senhora. Com isto acentuam o daejo de servi-la e afirmam que não há melhor guia, para levar a Deus, do que a própria Mãe . de Deus" <nos Estatutos das Equipes, pág. 2).

CONSAGRAÇÃO DO MOVDdENTO · O Padre Ca.ffa.rel colocou a.s Equi.Pes de Nossa. 'Senhora. sob o patrocínio de Nossa Senhora em 1947. Em !964, sete anos depois - 7 anos, a idade da razão -:- 850 membros das Equipes ratificaram a sua iniciativa, em Laurdes, na festa de Pentecostes. Duran~e uma reunião presidida por Mons. Théas, bispo de Lourdes e consagrada à vida do Movimento, depois ·de um apontamento histórico apresentado pelo Padre Caffreel, Constantin Sipsom chamou tôdas as equipes exlstentas. Depois, em nome de todos os presentes - e daqueles que eram representados - leu a fórmula da consagração das Equipes, cujo texto daremos abaixo.

Consagração é uma palavra muito usada, muito gasta, e contudo é um dos termos mais ricos de sentido no vocabulário cristão. Consagrar é transferir um objeto, um monumento, dO uso profano para o serviço de Deus. l!: despojar-se de qualquer col5a, de si próprio, em favor de Deus. Através desta consagração das Equi:Pes de Nossa Eenhora

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afirmamos solenemente que o Movimento foi entregue a Maria. e, por ela, a. Deus. Pedimos à Virgem para. o tomar a seu cargo, para o aconselhar e para o conduzir por mandato do Senhor e para dispor dêle para a gl6ria do Seu Pilho.

li I~

1: preciso que saibam e compreendam bem. neste tempo da vida da equipe que precede o compromisso, que a.s :Equipes estão consagradas a Maria. Com efeito, o compromisso é a adesão de cada equipe e de cada um, ao que o Movimento pede, ao que dá., ao seu espírito e aos seus métodos. Adesão. portanto ao patrocínio de Maria e à consagração do Movimento: "Santa Maria, Mãe de Deus, viemos a Lourdes proclamar, em união com todos os nossos irmãos crist4ol, a grande alegria e OTf!Ulho que temos pelo 17UUa.t1ilhoro privilégfo c!a Vossa lmaC'Jlat!a Conceição, proclamado '114 cem anos. Queremos, também, vir manifestar-vos o ~­ mento da nossa oer~tío. a que fOi dac!a a gra.oa im.en.~ de tomar comciéncia da grandeza do matrim6nio crUtifo. Sabemcs aue t6da., e,qsn.s graças nos tJêm ntrar>n de Cristo, morto e ressuscitado por nós. Por isso é a ~~ oue c!irimmos. em primetro lugar, a exçressão do nosso ri'Conhooimento. Mas sabemos também que est.át>ris ,-esente no Calvário, a.s.wciada ao Seu sacriffcio. oferecendo o vosso Filho por nós e pelos nossos filhos; é ;usto pai$ aU.e, na nossa gratidA.o, ?Ufo vos seJ)arent.o6 rl' Aqa!'fe de Quem nunca estiveste$ se!)àrarla. A nossa viagem · tem também outro fim, que si.cmi.fica multo para nós. O Padre Calfarel, há 7 anos, co7ocounos sob o vosso patrocínio, oomo fazem os pais cristãos que dep6em os ft1hos no vosso altar, Mpois do Batismo. Desejávamos ansiosamente ratificar esta consagrtu;áo. Chegou a hora. Todos os presentes, em ~ nome e em

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nome de todos os membros das Equipes de Nossa Senhora Q'U6 n4o puderam juntar-se a nós, entregamo-vos, sem reseroas nem condições, o 1WSSO Movimento e todos os CaMlis que o compõmn, como homenagem ãe confiança e de amor. Pertence-vos. Podei3 dtsfJOT' cUle para a glória do vósso Filho. Estamos ãesele 1á ele acôrdo com tudo o que nos perdircles e ttzereles. E Joilo, tendo ouvido as palavras de Jesus. ((Eis a tua Mãe", recebeu-vos em sua casa. Mostrai-nos o vosso Filho. Ensinai-nos a amá-lo. Velat pelos nossos filho~ e fazet nascer ntles numerosas voc~es sacerdotais e relit1iosas. Que a vossa oracllo obtenhq para as nossaS' tamatas. tal como obteve Mra os A1>1'i.,tolos reun'idns no Cenáculo, a plenitude dos dons do Éspírito Santo. E que para o futuro seja impossfvel nlio irmos, como 011 Apóstolos. anunciar. aos que as ignoram. as umagnalia Det", as maravilhas de Deus e, ele maneira es-pecial, as maravilhas do l!(lCramento do matrimônio". A ORAÇA.O DAS EQUIPES: ANTfFONA DA VIRGEM

A oração das Equipes é a grande reunião quotidiana do Movimento, cujos membros estão dispersos por todo o mundo. Ninguém discute o significado da oração familiar. embora seja, a.lgumas vezes, dlficll ·de realizar: a familia, enquanto tal, deve prestar culto a Deus. Acontece o mesmo com quaisouer movimento ou coletividade. A oração ooletlva, global, tão Impressionante nas nossas reuniões regionais ou noo Dias de Estudo dos Ca.sais responsáveis, deve ser continuada todo o ano, mesmo quando é lmposivel encontrarmo-nos ombro a ombro. Será preciso provarmos que a reunlio dos corações e das a.lmas à volta de N06So Senhor e de Sua Mãe não depende Unicamente de estarmos reunidos na mesma capela ·ou na


tneSn1a sala~ A oração do Movimento seria de bem pouca importância, se não pudesse, por vezes, dispensar o amparo visível das presenças amiga. Pelo contrário, como é magn1fico pensar que, por intermédio da oração das Equipes, se estab ~ ­ lece uma unan1m1da.de de casais à volta da. Virgem. Pede-se que o Reinado de Maria, solenemente proclar:oado pelo Papa Pio XII, se estenda. de um extremo ao outro do universo e, especialmente, entre os casais de que o Movimento assumiu a responsabilidade de forma ;particular. Porque se escolheu a Antífona. da. Virgem Santa como oração das Equipes? Porque decidimos rezar todos os dias, unidos uns aoo outros, a Maria, já que as Equipes lhe estio consa.gradas,decidimos fazê-lo em união com a Igreja. Todos os padres, rellgJosos e religiosas de todo o mundo. terminam todos os dias o oficio co:n a recitação da Antífona à Santa Virgem. 1!: uma graça e uma alegria para nós recitarmos a Antlfona com êles. Pediremoo tOdas as noites, em união uns com os outros, todas as graças que 06 nossos casais e todos os outros necessitam, pensando que cada. dia traz a uma ou outra das nossas tamtlias um luto, uma tentação, uma preoct.Jil)ação séria, assim como a alegria dum nacsimento, dum acontecimento, o beneficio de um retiro ou de uma oração de equipe. . TUdo isao é posto em comum de maneira invis!vel e depositado aos pés daquela a quem nos confiamos. MuitO& casais recitam a Atifona. cantando-a, durante a oração familiar, e dizem que 06 filhos a aprendem com facilidade. TEMA DE ESTUDO: O MISftRIO DE MARIA

1!: através do conhecimento que se alcança b amor. Assim, para amarem melhor Maria, as equi,pes existentes em 1954 estudaram todas o mesmo tema: "O Mistério de Maria". Era um

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ano mariano, ano da, Peregrinação das Equipes a Lourdes ... ~te tema foi descoberto para muitos e a equipe dirigente decidiu que tôdas as equipes consagrassem um ano, durante os seus seis primeiros anos de existência, ao estudo do mistério de Maria. (Os três primeiros .são consagrados a: "Amor e Casamento", "Fecundidade", "Os caminhos da união com Dens") . ~ste tema sôbre a Virgem faz-nos meditar sôbre: I> a Ima culada Conceição; li) a Anunciação; III) A Visitação; IV) A Purificação; V> Maria e a Cruz; VI Maria, mãe da Igreja nascente; VII) Morte, assunção e coroação de Maria.

Mas não devem esperar quatro ou cinco anos para se interessarem mais ainda pela santa VirgeJil ... Eis alguns dos beneficios que traz, de maneira geral, a meditação dos seus mistérios: - Deve livrar-nos de um certo ativismo, digamos até de um certo moralismo.

A força de querer "fazer passar para a vida" , nós temoS uma tendência inevitável para considerar a vida espiritual, mais como série de receitas destinadas a melhorar-nos, do que como uma vida de amor e de união a Deus; a ver em Deus Aquele a quem se pede ajuda mais do que Aquele que se olhp. e que se contempla. Esta. atitude é, no fim de contas, pouco cristã, se refletirmos bem nisso, e a maneira mais eficp.z de nos afastarmoo dela é fixarmos a nossa atenção na Santa Virgem, que sem.pre lhe fugiu. Ela ajudar-nos-á a olhar Deus d P. maneira desinteressada, como ela própria. o flloZia. - Deve ajudar-nos, também, a adquirir uma visão de conjunto do CriSttnism.O.

A vocação do matrimôp.io é uma vocação entre outras.

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espirituailidade conjugal e familiar é uma maneira especial de realizar a vida cristã. Nem uma nem outra esgotam o cristianismo, nem o que Deus espera de nós. Em outras palavras, para que uma e outra tenham o seu :Pleno significado, é preciso situá.-las no seu enquadramento geral :a:ste enquadramento é o designio de amor de rieus por tôda a humanidade, que 1!:le criou, salvou e cumulou de graças. A Santa VIrgem, porque está, juntamente com Cristo, no centro da história. no ponto de encontro de Deus com a humanidade. é o gula mais seguro, neste mistério geral do cristianismos. -

Deve, finalmente, jazer amadurecer a nossa fé

Ela pede grande disponibilidade interior, atitude de receptividade. inteligência do coração mais do que espírito cartesiano. Uma bela obra de arte não transmite o !Seu segredo a quem a olha de pa.ssageem, é preciso em silêncio am•.Iisá-la, contemplá-la. olhá-la de novo, apreciá-la, comprazer-se nela ... Quanto mais nos prendemos e pentramos no seu segredo. no seu mistério. mais ela nos modela à sua Imagem. nos faz participar dos sentimentos que o artista viveu quando a criou. Se Isto é verdade para uma estátua, um quadro. um trec'l-to de música, o que se há-de dizer quando se trata da mais bela criatura que saiu das mãos de Deus. d'aquela que foi o mais longe possivel no Amor à Santíssima Trinidade! Saber conseguir uma alma silenciosa e contemplativa para a admirar é Já adquirir de aiguma maneira a atitude que ela própria assumia em face de D<:!us. QUE DEVEMOS OFERECER AUM DISSO A MARIA?

Não falamos aqui da nossa devoção individual nem da nossa família; estamos no plano das Equipes. O Movimento consagrou-se a ela, a oração das Equipes a ela se dirige, um 9


tema de estudo nos deve abrir a Ela, que pode haver além di.s.so?

Pode haver a iniciativa de cada equipe, de cada setor. Desde que as Equipes existem, nli.o se passa um ano sem que o setor de Genebra organize uma peregrinação a u:n santuário mariano. Não se passa um ano sem que uma centena de membros das equipes de Paris se dirija a pé de noite, a Notre-Dame de Longpont no dia 2 de f evereiro, festa da Purificação. Desde que as Equipes se reunem em Encontros Regionais·, desde que existem Dias de Estudos dos Responsáveis. procura-se dar um lugar de honra a Nossa S enhora das famílias; em todo "compromisso" de equipe pede-se que se concretize num gesto ou numa oração esta entrada :Para um movimeqto que lhe pertence e em muitas equipes são-lhe especialmente confiadas as intenções da oração de cada um. Cada equipe, cada setor se encarregará de exprimir de maneira original a sua adesão a Maria .

• Procuremos ver como a devocão a Cristo postula o culto da Virgem. Ser cristão é es<;enclalmente estar unido a Cristo. E isto a partir do Batismo, que nos incorpora nf~le. "A minha vida é Cristo", esi:revla São Paulo. Or.~ quem diz união diz comunidade de sentimentos. Estar unidos a Cristo é, assim, desposar os seus amores, amar aqueles que ~le ama e comi) tle os ama. A bem dizer é multo m~is pela ação do Espírito Santo do que pelos nosso próprios esforços que nasceram em nós os amores de Cristo. Entre êstes amores de Oristo, a VIrgem tinha um luga.r privilegiado. Cristo .amava-a - ou melhor, am.:~.-a - entre

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tôdas as criaturas, cllm amor de predileção, primeira a seguir ao Pai. t ste amor à Virgem pode deb.:.n de existir em mim se eu estiver unido a Cristo? Não tem de crescer com cada. uma das minhas comunhões eucarísticas? Mas atençã:>. tste amor a Nossa Senhor.:~. não é apenas sentimento terno: é zêlo da sua glória. Zêlo que há vinte séculos inspira pintores, poetas, construtores de catedr.:J.is, missionários. é reconhecimento filial à melhor Mãe de tôdas as mães: é vontade ativa de lhe agradar, de ajudar na sua missão, que é justamente de m:~.temidade junto de todos os homens; é impaciência de comunicar a admiração e a confiança nela; JL CAFFAREL

AS FÉRIAS · Na Carta Mensal n.0 5 respondemos em breves palavras a um de vocês, que perguntava o que devia fazer-se nas férias, quanto á vida de equipe e às obrigações dos Estatutos. Hoje voltamos a êste assunto para o tratar mais fUndo.

GRAÇAS A DEUS, CADA ANO TRAZ NOVAS FERIAS Graças a Deus, todos os anos há um tempo na nossa vida

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por qúe esperamos todos, com mais ou menos impaciência: as férias. Um mês antes já, os filhos pensam no dia em que hão-de fechar os livros e cadernos e guardá-los no fundo de um armário donde nunca é tarde para os fazer sair. Sonham com o campo, a montanha e o mar, os jogos ao ar livre, os passeios vagabundeando através dos bosques e campos, com a. possibilidade de dar largas à sua exuberância. Os pais - essas crianças grandes - têm sonhos menos impetuosoo. Contudo, também esperam "descarregar", depor durante algumas semanas o fardo da vida cotidiana., das preocupações diárta:s. Depois de onze meses de trabalho, são benvindos o repouso e a. d·espreocupa.ção. ll: bom poder respirar, "entregar-se" livremente a ocupações que nos agradam, ter algum recreio, quer dizer recrear-se - ou melhor, "re-criar-se". Isto, no entanto, não implica. que se faça das férias um tempo "entre parêntesis", um' momento de capricho, um instante de puro deixar-correr. Será juizo temerário dizer que muitas vezes é isso que acontece? Mesmo entre os casais das Equipes de Nossa Senhora! ll: claro que não esquecem a missa dominical. ·As grandes festas são celebradas com tôda a solenidade que merecem, mas quanto ao resto. . . nem sempre e muito brilhante. A Regra de vida, o Dever de sentar-se, a. Oração familiar ... fica tudo pouco ou muito esquecido. E para alguns, durante algumas seman~ , até a equipe é velha. recordação, que se voltará a encontrar, segundo pensam, com tanto mais entusiasmo quanto se esqueceu durante as férias. Por conseguinte, talvez seja bom examinarmos êste assunto. Nele, tal como noutros pontos, as Equipes têm de descobrir um estilo de vida que seja 100% cristão e que não ceda fàcllmente ao ambiente geral. Para sermos mais claros salientemos algumas idéias que devem servir de fios condutores, nesta crio.çáo de estilo da vida do casal em fériaS. NAO HA FÉ!RIAS NA VIDA ESPIRITUAL

O primeiro principio poder-se-ia formular assim: Não há 12


· férial na vida. Upjritual. Deus nlo deixa de existir três sema-

nas por ano. Espera o testemunho da. nossa. atenção e do nosso amor durante os 365 dia.s do ano. Neste a.speeto, é tudo ou nada.. Alás já sabem por experiência. Um pai ou uma. mãe não esquece os filhOs porque êles mudam de ocupação, quando sa.bem que os filhos estão em pleno período de euforia. Ora vocês conhecem as palavras do Evangelho: "Se vós, pois, que sois máus, sabeis dar coisas boa.s a vossos filhos ( . . . e não lhes da.is uma pedra quando vos pedem um pão .•. ) quanto mais nosso Pai que está nos céus . .. " - o que quer dizer, aplic-ando-as a nós: se a.s felicitações por um aniversário, uma carta, uma. de:nostração de afeto dos nossos filhos nos comovem mais do que o normal, quando parece haver razões para nos esquecerem e não nos falarem da. sua gratidão e do seu amor, a fortiori Deus, nosso Pai, 'ficará comovido e enternecido com a nossa fidelidade durante a.s féria.s. Imaginamos que, ao lerem estas linhas, alguns vão ficar tristes e dizer para si próprios : já estamos vendo onde querem chegar. Adeus féri!ll3. Três vezes adeus ... Não há possibilidade de romper a teia da.s nossas obrigações - não dizemos soltar a.a algemas ... seria um pouco forte ...

Vamos sem demora ao segundo princípio que temos de salvaguardar: Féria, são Féria. O Eclesiastes, êsse livro da. Biblla tão estranho em certos a.spetos, tem pelo menas uma pa.ssa.gem que é perfeitamente compreensível. Que diz êle?

"Para tudo há um tempo . .Para cada coisa, um momento debaixo dos céus. H6. tempo para nascer e tempo para morrer.

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Tempo para chorar e tempo para rir. Tempo para gemer e tempo para dançar. Tempo para

os

abr4ÇOs

Tempo para calar

e

e

tempo para

se

afastar dêles.

tempo para falar . .. "

AAB férias etão no plano de Deus a nosso respeito. Sãonos úteis. São necessárias. Então, por favor, não sejamoo essas criaturas tristes e tremendamente maçadoras que nunca sabem descontrair-se e alegrar...se, que têm sempre ar grave e moralista, que afugentam todos os <lUe os rodeiam. Nada ganharíamos em plano nenhum, nem mesmo no plano da virtude. Há já muito tempo que S. Francisco de Sales disse que "um santo triste é .u m triste santo". Não há férias para a vida espiritual. Férias são férias . . . Como resolver o dilema? AS FÉRIAS ENSINAM A ADAPTARMO-NOS Uma das grandes vantagens das férias deve ser, entre outras, ensinarem a adaptarmo-nos.

Se as circunstâncias não são as mesmas, a maneira de servir Deus não se deve exprimir do mesmo modo.

Por consequência, é, em prim~iro 1ugar, uma ótkna ocasião para prever: muitas vezes as férias levam-nos para o pé dos pais, dos avós, dos primos . . . ; prever as alegrias que isso ocasionará . . . mas também os possíveis choques, a melhor maneira de harmonizar o ambiente de férias ; - os pais e os filhos abandonam tôdas as preocupações, mas não acontece o mesmo com aa mães, cujo trabalho continua. às vezes tão fatigante como de costume; prever uma organização da vida. em que elas tenham também momentos de descanso - o marido e a mulher 14


lêm dificUldades de se encontrar calmamente durante o ano, prever como uma necessidade, se for possível <e muitas vezes é s~ nos esforçarmos por resolver o problema. algum tempo antes) três ou quatro dias em que possam ficar juntos, sõzinhos; - a vida espiritual, as obrigações dos Estatutos, dão a impressão no fim do ano, de estarem estereotipadas e convencionais, prever oportunamente uma peregrinação a uin santuário vizinho, como fonna de oração familiar, um dever de sentar-se feito no bosque ou à beira-mar, uma meditação durante uma bela viagem, etc ... Não será única oportunidade de ler dois ou três livros bons, dessas obras que im,pregnem o nosso intimo porque as lemos calmamente? (mas também é necessário prever C'Om tempo, sem o que acabaremos por ler o primeiro romance policial que aparece, comprado num quiosque -0u numa livraria de estação balneária) . ll: também ótima ocasião para adaptar a regra de vida (e não sobrecarregá-la) conforme o melo para onde vamos. Uma regra de vida não é um mounmento solene que se ergue de uma vez para se:npre, mas determinado número de resoluções práticas que nos orientam em determinadas circunstâncias. Um dos beneficios das férias deve ser ensinar-nos a adaptar essa regra de vida.

Finalmene é uma ótima ocasião para despertar a ettriosiA caracterlstica essencial do cristianismo, é tornar novas tôdas as coisas, levar-nos a vê-las no brilho e na frescura de tudo aquilo que nelas é único e original, de nos lar vigor. . . ( ... e renovarás a face da terra, dizemos nós no Vem Sanct;e Spiritus). Então não passemos ao lado dos ipês ou das qua.resmeiras em flor sem reparar neles, não ouçamos o canto de um pássaro sem o escutar, e que a nossa primeira reação perante uma paisagem não seja de que é tão linda como um postal (autêntico) . Se a partir das coisas mais hunlildes procuramos alma nova, realizar-se-á uma re-criação de nós dade e a habilid4de.

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próprios que hA-de ter repercull6âo na própria. vida espiritual. A EQUIPE NAO MORRE NO FIM DO ANO Um mês, dois meses três meses sem reunião, conforme o país, o meio, os hábitos ... mas não um, dois, três meses sem vida. a equipe, sem obrigações, sem partilha., sem ajud"-, A equipe não nwrre no fim do ano para renascer no mês de março, quantos os que se . sentem felizes quando finalmente a.

reunião mensal lhes marca uma data para os obrigar a ver em que ponto estão. Antes de se separarem será conveniente combinarem a maneira como vão fazer a partilha todos os meses. Carta circular, carta ao casal re;nxmsável, parcial?

ou reunião

Para certas equipes dão resultado as carta circulares: acabam a volta antes de todos terem regressado de férias e por vezes dão mesmo duas voltas. Para outras equipes isto parece milagre: todos os anos a tentativa fracassa, a carta pára à beira-mar, não consegue subir à montanha, às vezes chega a perder-se na areia ... Não adotem esta fórmula se não estiverem decididos a grande pontualidade. Outras equipes escolhem outra fórmula: cada casal escreve ao casal responsável em data marcada dando as noticias do mês, incluindo as que dizem respeito às obrigàções. Por vezes nas costas de um IIJOOtal com vista das praias ou das ser-

ras, o carteiro, espantado, poderá ler (se for indiscreto): DS:; sim; RV: meio por meio; OF: cumprido; etc. Quando o resdonsável é corajoso, resume as noticias e envia saudades e conselhos a cada um. E as reuniões parciais? Recebemos êste testemunho de uma equipe: "Fixamos na reunião de novembro, três datas (janeiro, fevereiro e março). Esta última é a da n06Sa reunião depois de férias, porque já estamos de volta a partir de

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quinze de fevereiro. Quanto a janeiro e fevereiro, eis o que querem dizer estas datas, de que todOs tomam nota: 25 de janeiro: reunião em casa dos X, de todos os membros da equipe que estejam presentes na nossa cidade, mesmo que só sejam dois ... tõda a gente envia a06 X para esta reunião a "partilha.", notícias e intenções para a oração. oo X fazem breve resumo desta reunião de amizade - jantaram juntos, rezaram juntos, deram potfcias, ouviram um disco, e envia relato aos ausentes ·e ao csal de ligação. 25 de fevereiro : a mesma coisa em casa dos Y porque, por sua vez, os X foram para férias. Nestes dois dlas,cada um, onde quer que esteja, vai à missa, a menos que seja impossível, como aliás fazemos todo o ano no dia da nossa reunião de equipe". O mínimo da vida de equipe durante as férias será:

Continuar com as obrigações e.xcetuando o tema; Fazer a "partüha" mensal; Rezar uns pelos outros .

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A Oração Conjugal

A oração conjugal só é obrigação dos Estatutos, em sentido estrito, para os casais que não têm filhos, que já não têm os filhos em casa, ou que não conseguem que os filhos maiores participem na oração familiar. Mas está dentro do espírito das Equipes. Um casal que deixa de a fazer voluntAriamente ao longo do ano, a pretexto de que faz a oração familiar, falha em certa medida no seu casamento. É por êsse motivo que nQS sentimos satisfeitos de lhes poder dar longo llxcerto da coferência feita pelo Rev. P. Caffarel nos Dias de ~tudos dos Responsáveis de 1958 e publicada no n.0 98 de L'Annau d!Or. RAZÃO DE SER DA ORAÇÃO CONJUGAL

Quando c-asais jovens fazem a oração conjugal é, muitas vezes, por uma espécie de exigência do seu amor, exigência aliáo!l pouco r efletida e analisada. Talvez seja na esperança de que faclitará mais perfeita intimidade ·e ntre êles, em todos os planos. Motivo legítimo, evidentemente, mas insuficiente e é por isso que depressa se sentem decepcionados. Uma das nossas correspondentes dá uma explicação disso: "Fiquei logo decepcionada com a nossa oração conjugal : esperava sentir mais intimidade c'Om o meu marido,.achava que era um meio de me dar a conhecer, de lhe revelar a minha vida interior; estava ai o meu erro. Tinha idéia errada da oração conjugal. Minha decepção provinha da nossa oração ser para nós e não para Deus. Ora trata-se sobretudo de louvar a Deus juntos, de procurar juntQS a Sua vontade acerca da família e não aprofundar a nossa intimidade conjugal, de nos conhcermos 18


melhor. Se :forem êsses os e:feitos da nossa oração, tanto n1eIhor, mas não é êsse o seu objetivo". Também não basta evocar, como. fazem alguns sem ir mais longe, o direito que Deus tem ao culto das Suas criaturas. 'lt verdade que o casal, como quaquer outra. comunidade, deve oferecer a Deus a homenagem da sua oração, mas êste argumento é também válido para os casais muçulmanos, judeus ou pagãos. Não é essa a razão de ser especifica da oração conjugal o casal cristão. Partamos da noção de matrimônio cristão Não é apenas o dom recíproco do homem ~ da mulher ; é também o dom, a consagração do casal a cristo. Daqui por diante, Cristo ~stá presente nesse casal que, entregando-se, se abiru a 'ltle; e é por ·isso que S . João Crisóstomo lhe chama "igreja em miniatura". 'lt verdade que esta presença já se verifica quando dois ou três se reunem em nome de Cristo <Mat. 18,20), mas tratandose do casal há mais e melhor: um pacto, uma aliança, no sentido bíblco da palavra, entre Cristo e o casal. O que já. o Pai dizia outrora : "Serei o Vosso Deus e vós sereis o meu povo" . repete-o Cristo ao casal. Assim, ligado e presente no casal, Cristo aspira a dar graças ao Pai, a interceder com e através dos esposos, pelo mundo inteiro. Aliás não é apenas no momento da oração conjugal, mas em todos os momentos que Cristo, presente na vida do casal, quer louvar o Pai : "Portanto, quer coroais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa., dizia São Paulo fazei tudo para glória de Deus! " <I Cor., 10,31) . Precisamente o "momento solene" dêste culto do casal é a oração conjugal. E à noite, quando êste homem e esta mulher rezam juntos do leito, é a oração do Seu Fiho bem-amado que o Pai dos céus ouve, porque ~ Espírito Santo inspira os sentimentos do seu coração. Enquanto não se atinge êste n.ível, não se pode compreender nem realizar bem a oração conjugal. A sua necessidade e 19


grlld'ldeza só se explicam na perspectiva do Sacr-amento do Matrimônio. Numa palavra, qll81Ildo Cristo une pelo seu sacramento um homem e uma mulher, é pe.ra fundar um santuário, êste sa.ntu4rio que é um casal cristão, onde :tle, Cristo, poderá celebrar com êste casal, através dêste casal, o grande culto filial de louvor, de adoração e de intercessão que veio instalar na terra. Antes de examinar qua.ndo e como o casal deve rezar, as dificuldades que encontra, os beneficios que tira, vejamos em primeiro lUgar que disposição de alma deve ter, para que a sua oração conjUgal seja. verdadeiramente culto de Cristo. DISPOSIÇOES NECESSARIAS ~ preciso, em primeiro lugar, como é evidente, que o casal seja um casal, quer dizer, um homem e uma. mulher unidos não só materialmente mas també:n espiritualmente. Que a sua união vislvel seja o sinal da sua união de alma. "Que sejam um!"

A hora da oração é preciso que acabem tOdas as discordâncias, que haja paz mais perfeita entre êles. NWlli casal que respondeu ao nOEISo inquérito, os esposos começam a oração conjugal dizendo três vezes, como o sacerdote no altar: "Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, dai-nos a paz'"'.• E como o Padre e o Diácono no missa solene, dão o beijo da paz. Segunda disposição: que marido e mulher renovem a sua fé nesse pacto que Cristo celebrou com êles., na. Sua. presença entre êles Que tomem consciência de que Cristo está impaciente por louvar o Pai através dêles, que se colocaram ao Seu serviço. Terceira dispooição: que juntos, escutem Cl"isto. Efetivamente, como será possível rezar como Cristo e em Wliáo com

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rue,

se não se procurou compreender primeiro os seus pensamentos, os Seus sentimentos, as Suas intenções, para os fazer seus e os exprimir a Deus?

Que quer dizer escutar Cristo? Em primeiro lugar, começarem a oração por uma leitura da Biblia, em seguida, calarem-se e meditarem juntos. Depois, procurarem o pensamento do Senhor .sôbre o dia que passou e sôbre o que virá. Então e só então, falarem a Deus, falarem espontâneamente, sem fórmulas já. feitas, para Lhe dizerem o que -pensam. Rezarem também aproveitando as orações litw·gicas da Igreja. Se tudo isto, teOricamente, parece fácil, porque então tantos casais descuidam a oração conjugal? Não deixará de ser útil examinar as suas objeções e dificuldades. DIFICULDADES

Mesmo nos casais cristãos, encontram-.se individualistas impenitentes. Escreve um marido : "Nunca senti necessidade de me associar à miiL"Ila mulher para orar ao Senhor, nem depois de me casar, nem quando estive prisioneiro durante a guerra, nem quando regressei, nem agora". Penso que é preciso explicar a êstes casais, o motivo profundo da oração conjugal, tal como acabamos de fazer. Muitos só se opõem a esta oração porque não .sabem o que significa. Contudo é verdade que certos temperamentos sentem mais dificuldades do que outros, em exprimirem os seus sentimentos religiosos. "Pudor de sentimentos, jardim secreto no marido receio inconfessado de perder o seu prestigio ma5 culino", explicam certas reticências. ll: evidente que isto não justificaria a falta da oração conjugal, mas acentua os obstáculos que por vezes é necessário ultrapassar. Alguns dos que se oPÕem, invocam divergência de espiritualldade entre os esposos. Ouçam um casal que esteve pres21


~

a deixar de fazer a oração conjugal por êsse motivo. "0 meu marido - escreve a esposa - tinha sido educado pelos jesulta.s e eu pelas dominicanas. Achávamos que, por consequêncla, não podíamos ter lllila autêntica união espiritual". Sabem o que lhes aconteceu? Filhoo! "Obrigaram-nos - escrevem êles - a voltar a descobrir Deus e, desta vez, não um Deus dominicano, ou um Deus jesuíta, mas apenas - Deus". Estas devergências espirituais, provenientes de formação diferente, têm de ser vencidas e ultrapassadas. Mas ultrapassar não significa tentar nivelar. Espiritual.idades diferentes que se associam, podem formar harmonia mais rica do que identidade absoluta de visão espiritual noo esposos. BENEFICIOS

Deixemos as düiculdades e consideremos os benefícios da oração conjugal apontados em numerosos testemunhoo. Dizíamos que seria erro justificar a oração conjugal pelos seus bons efeitos. Quando os cristãos rezam é, em primeiro lugar, para honrar Deus. Mas não impede que sejam muitos e preciosos os benefícios da oração conjugal. Benefícios que aliás, nem sempre se podem sentir e registrar, mas que existem apesar disso e que o iquérito enumera com facilidade. Não é de admirar. Não nos disse Cristo que se procurássemos o Reino de Deus, tudo o resto seria dado por acréscimo? E eis alguns dêsses "acréscimos". Um casal escreve: "Rezamos para honrar a Deus e Deus deu-nos um magn,fico presente: ao dizermos em voz alta. a. nossa. oração .Intima., comunicamos um ao outro o íntimo da. nossa alma. e o mais secreto impulso da. nossa. vida interior. Basta. ter feito a oração conjugal, mesmo poucas vezes, para poder dizer que se descobriu, mesmo depois de muitos anos de casados a alma do seu cônjuge, assim como os movimentos e as aspi~ações profundas da sua vida interior. Avalia-se esta

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descoberta quando se parte do princípio de que o conhecimento verdadeiro e profundo de um sêr é a primeira condição da estima e do verdadeiro amor". ReferindO-fie a êste conhect:Dento recíproco, um casal recorda a lenda segundo a qual, se dois namorados beberem da mema taça, ficam a conhecer os pensamentos um .do outro. E acrescenta : "A oração conjugal é ainda mais eficaz. Quando rezaram juntos, as duas almas deixam de parecer impenetráveis uma à outra". Outro beneficio, muito próximo do precedente: a oração conjugal parece ser um dos grar:des fatores da uni~ espiritual e mesmo da união entre os esposos. Um jovem casal escreve: "Foi a oração conjugal que criou a nossa alma comum". Muitos casados já há. bastante tempo, poderão dizer a mesma coisa e eu creio que há mesmo uma certa qualidade de união, de intimidade entre os espo.ssos, que só pode ser alcançada pelos que a praticam. Não se pode conseguir união sem aca'Qar com as discórdias : novo beneficio da oração conjugal. Mas é melhor ouvirmos : "Iamoo ficar . separados durante várias seemanas e tivemos um desentendimento pouco ~ntes da partida. A atmoofera era carregada e sentlaroos que esta hora iria ser irremediávelmente estragada pelo nosso orgulho, que nos impedia de dar o primeiro passo. Contudo um de nós propOs que ajoelhásemos. Então, diante de Deus, tivemos de afastar o orgulho e o desejo de ser o mais forte. Na Sua presença, pedimos perdão um ao outro e através da oração pessoal em voz alta, tivemos, nessa noite, uma comunicação de ve-rdade e de intensidade nunca esperada. Acrescentamos que a oração conjugal é o grande estimulo da vida cristã própria do casal. Sem dúvida por modéstia, os que nos mandaram os seus testemUnhos não falam noutro beneficio que, contudo, é fácil


de verificar. Refiro-me ao beneficio da fecundidade espiritual. Existem casais extra.ordináriamente irradiantes; a sua vida espfritual atinge os que rodeiam e às vezes sentem a alegria de ver um descrente ir-lhes confiar o seu desejo de conhecer melhor Cristo que descobriu em casa dêles. Estou convencido que a oração conjugal tem grande papel nessa fecundidade espiritual do casal. Aqueles que nos falam dos benefícios da oração conjugal, perguntam a si próprios como explicá-lo. Ouçamos a.s suas respostas, porque são excelentes: ·~

como se voltássemOs a casar". "A oração conjugal", um prolongamento do nosso sacramento do Matrimônio". "Uma das razões da oração conjugal é cultivar em nós a graça do Matrimônio" : E mais "l!: como se tOdas as noites voltássemos a dizer o sim sacramental".

d1z outro, "é

l!: verdade, a oração conjugal é o momento solene do sacramento do Matrimônio. Os cristãos casados perguntam, à.s vezes, como haurir as graças do sacra.."'lento. Quanto à Penitência e à Eucaristia sabem o que hão-de fazer para recorrer à graça ·própria, mas no Matrimônio? Não se pode hesitar em lhes dizer que a oração conjugal é o ·meio privilegiado para ir buscar ao sacramento do Matrimônio, as graças que guarda em reserva para os esposos. Se todos os casais cristãos estivessem convencidos .da importância da oração conjugal, se em todos êsses casais a. oração conjugal fosse viva., haveria. no mundo um prodigioso aumento de alegria, amor e graça.


,I

ÓIÁLAGO

A PROPóSITO DO "DEVER DE SENTAR-SE"

"Passados vários meses, decidimos todos tentar jazer o "dever de sentar-se, com excelente resultado. O nosso Assistente ficoo. imensamente sati8jeito. ~ste encontro a dois, que nQs causava tanta apreensão, fOi uma revelação para nós e esperamos nunca deixar de o jazer e levar outros casais a lazé-lo. Devo conjesar que, tanto nós como os outros, talvez não tenhamoo cumprido t!Jdas as condições requeridas: encontro fixado previamente, disciplina na ordem dos assuntos a tratar ... Mas vamos remediá-lo pouco a pouco".

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Não se podem confundir os meios com o fim: marcar antecipadamente, é wn meio de o fazer co:n mais regularidade e de o preparar. . . a ordem é wn melo de não deixar para trás as coisas importantes ... mas o fim é falarem os dais, abrirem-se um ao outro, ter wna co:nunlcação profunda, diante do Senhor. Foi isto que fizeram, é ótimo e, como o seu Assistente, também nos alegramos com vocês. O SU..tNCIO, INIMIGO DO AMOR ...

- "A vida do meu marido. obrigado pelo segredo profissional a não partilhc.r as suas preocupações e atividades, fOi Imediatamente obstáculo para o desenvolvimento da nossa vida a dois. Não me comunicava -nada da sua vida projissúnuJ.Z e chegamos assim a não comunicar nada dos nossos projetos, das no8S'as aspirações e das nossas dificuldades. As férias eram uma oportunick!de para tomamos conscihl.cia disso e par,a o lamentarmoo, mas não famos mais longe. O estudo dos temas levou-nos a aprofundar em conjunto a nossa vida conjugal, a

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Ms.sa vida espiritual e /oi o pooto de partida cUi nossa atual união; o dever de sentar-se dd-nos a oportunidade de nO$ abrirmos um ao outro e renova nosso conhecimento um do outro'' . - "Vim procurar nas Equipes, sobretudo e em pr"imeiro lugar, a possibilidade de uma união melhor e mais · c:orrz,pleta com o meu marido e a maneira de viver plenamente o nosso sacramento do matrimônio. Encontrei nelas o meio de ficar profundamente unida a êle, graças ao dever de sentar-se: éste realmente impede que capitulemos perante a tentação, tão fádiZ, do silêncio e da separação moral que, a pouco e pouco, provem déle. Além disso, a obrigação de trocarmos impressões sôbre os temas de enudo, permitiu que nos descobríssemos um ao outro. Mas, o que é fundamental no contributo das Equipes ao nosso casal, é, segundo me parece, a autenticidade de um perante o outro: com efeito, se jogamos jogo tranco, somos obrigados a des-pojar-nos de tôda a vaidade, para nos apresentarmos um diante do outro com naturalidade, que é, essencialmente, o estado de filhos de Deus. A8 Equipes /i:!.eram com que nos encontrássemos diante de Deus e fOi isso que nos aproximou".

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Oxalá que o estudo do tema. e o dever de sentar-se, nos conduzam a todos a um amor cada vez maior! O "ASSUMIR O ENCARGO"

"Desde que entrei para as Equipes estou muito modificada pela idéia do "assumir o encargo" que propõem. Já não se trata apenas de testemunhar pelo exemplo mas de nós tornamos responsáveis pelo progresso uns dos outros. Já estava comprometida num movimento da Açcfo Católica, mas a minha maneira de ver as coisas mudou completamente; compreendí melhor o que nos pede a Ação Católica e isto graças à "erperiência" deste t01714r a cargo que fiZ na equipe; habituandome a éle, recordo-o agora em todos os meus contatos quotidiaft.OB".


:S: com certeza um dos maiores beneficios da vidà. de equipe, habituar-nos à caridade fraterna; muitos casais dizem, realmente, que as sua,s relações com a fanúlla, oom os amigos, com os vizinhos, tomaram urria feição diferente, depois de a vida da eqUipe os ter habituado à abertura, à ajuda mútua, à verdade. Quanto mais a equtpe for um "triunfo de caridade'', mais os casais irradiarão caridade.

ORAÇÃO PARA A PROXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

No terceiro dia, houve um casamento em Canã. da Galileia. e eStava ali a mãe de Jesus. Ora Jesus e os discil}ulos foram também convidados p.:ua o casamento. Como viesse a faltar o vinho, disse a mãe de Jesus a. êste: "Não têm mais vinho". Respondelbe Jesus: "Que Me desejas, Senhora? Ainda nál) chegou a Minha hora" . Disse Sua mãe aos servidores: "Fazei tudo o que tle vos disser". Havia ali seis talh.J.s. de pedra, dispostas para a purifica~ão dos Judeus, cada uma das quais levava duas ou três medidas. Disse-lhes Jesus: ,,Enchei essas talhas de água". E êles encheram-nas até em cim.J.. Depois disse.Jhes: "Tirai agora e levai ao chefe de mesa". E Hes levaram. O chefe de mesa, deJ)Ois de provar a água convertida em vinho - êle não sabia donde vinha, sabbm-no os servidores que tinham tirado a água - chamou o noivo e disse-lhes: Tôda a rente serve primeiro o vinho bom e quando tiverem 27


bebido bem, serve então o inferior. Tu guardaste o vinho bom até agora!" Foi .:1sslm que, em Caná da Gaille!a, .Jesus deu inído aos Seus milagres. Manifestou a SUa glória, e acreditaram n'J:le os discípulos. Depois disto, desceu a Cafarnaum com sua. Mãe e irmãos e os discípulos; e ali ficaram "'tguns dias. João, 2, t_J.Z

ORAÇÃO LITúRGICA Gostam das Ladainhas? Se não gostam certamente é porque: - as recitaram, ou ouviram sémpre recitar numa velocidade recorde, com grande prejuízo do sentido das invocações; - basta a palavra "Ladainha" para lhes · lembrar o balbuciar das beatas e o desafinar de crianças numa procissão; - pensam que a oração é tanto mais agradóvel a Deus quanto mais ativa e pessoal e avaliam a sua qualidade ,pelo esfôrço de atEnção e de reflexão que lhes custou. Mas hão-de gostar das Ladainhas: - Se se resolverem a recitá-las com "nobreza", . quer dizer lentamente, compreensivelmente, e com ritmo, dando tempo para ' saborear cada invocação. - se compreenderem que as ladainhas são uma oraç,o contemplativa : basta -nos que ao recitá-las, contemplemos Maria e lhe digamos que a amamos, o que amamos nela, o que ~ramos dela, - se descobrirem que Deus não nos pede qi.Je oremós pafa nos impor uma fadiga meritória mas para repousarmos n'tle. E as ladainhas, simples ao máximo pela sua forma, e ricas ao máximo pelo seu conteúdo, são mais propícias do que multas ouft"ás orações para nos fazer entrar na contemplação .. para permitir qlle o Espírito Santo more em nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo ,tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesas Cristo, ouvi-nos. Jesus Crlsto, a~del-11011.


(

Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós. Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós. Espirito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois um, só Deus, tende piedade de nós. Sant'<l Maria, rogai por nós. Santa Mãe de Deus, rogai por ... Santa Virgem das Virgens, Mãe de Cristo, Mãe da divina graça, Mãe puríssima, Mãe castíssima, Mãe imaculada, Mãe intacta, Mãe amável, Mãe admirável, Mãe do bom conselho, Mãe do Criad.or, ' • Mãe do l)alvador, Virgem prudentíssima, Virgem venerável, Virgem louvá:vel, Virgem poderosa, Virgem benigna, Virgem fiel, Espelho da justiça, Rainha Rainha Rainha Rainha Rainha Rainha Rainha

Sede da Sabedoria Causa da nossa alegria, Vaso espiritual, Vaso honorifico, Vaso insigne de devoção, Rosa mística, Torre de David, Torre de marfim, Casa de ouro, Arca, de aliança, Porta do céu, Estrêla da manhã, Refúgio deis pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxilio dos cristãos, Rainha dos Anjos Rainha dos Pat'l"iarcas, Rainha dos Pr.o fetas, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires. Saúde dos enfermos,

dos Confessores, das Virgens, de Todos os Santos, concebida sem pecado original, elevada ao Céu, do sacratíssimo Rosário, da paz, Rogai por nós.


1\\<Namef\fo de eM~

f""' \Jf\\A ~phttt~.d.de COOJ"9~l e fc\R\alwt

CENTRO DIRETOR: 49 Rue de la Glaciere PARIS XIII BRASIL: Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - ZP 5 - Tel. 80..4850 SÃO PAULO (Cap.)


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