ENS - Carta Mensal 537 - Edição especial 70 anos

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Ano LX - edição especial 70 anos - 2020 - 537

CARTA EQ U I P E S D E N O S S A S E N H O R A

MENSAL

Em 1950 foi lançada a rede e hoje 70 Anos depois somos mais de 57.000 equipistas no Brasil

70anos EQUIPES DE NOSSA SENHORA

1950-2020

BRASIL

L IA C E SPOS 0 E O N 2 ÇÂ70 A / 20 I ED 950 1


Índice ACESSE CARTA

EDITORIAL

MENSAL SONORA:

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MENSAGEM DA SRB ................................................................................ 2

MENSAGEM DA ERI ................................................................................4

EX-CR PELA ECIR ................................................................................ 5

EX-CR SRB CR - PROVÍNCIAS .............................................................................. 23

CASAIS APOIO DA SRB .............................................................................. 30

CASAMENTO E EXPECTATIVAS .............................................................................. 35

no 537 edição especial 2020

Carta Mensal é uma publicação periódica das Equipes de Nossa Senhora, com Registro “Lei de Imprensa” Nº 219.336 livro B de 09/10/2002. Responsabilidade: Super-Região Brasil - Lu e Nelson - Equipe Editorial: Responsáveis: Débora e Marcos - Cons. Espiritual: Pe. Franciel Lopes - Membros: Lázara e Edison - Jornalista Responsável: Vanderlei Testa (Mtb. 17622), para distribuição interna aos seus membros. Edição e Produção: Nova Bandeira Produções Editoriais - R. Turiassu, 390, Cj. 144, Perdizes - 05005-000 São Paulo SP - Fone: 11 98201-8282 - Fax: 11 3473-1284 - email: novabandeira@novabandeira.com - Responsável: Ivahy Barcellos - Revisão: Jussara Lopes - Diagramação, preparação e tratamento de imagem: Douglas D. ­Rejowski - Imagens: (Capa: Depositphotos); Tiragem desta edição: 26.000 exs. Cartas, colaborações, notícias, testemunhos, ilustrações/imagens devem ser enviados para ENS - Carta Mensal, Av. Paulista, 352, 3o Conj. 36 - 01310-905 - São Paulo-SP, ou através de email: cartamensal@ens.org.br A/C de Débora e Marcos. Importante: consultar instruções, antes do envio de material para a Carta Mensal no site ENS (www.ens.org.br) acesso Carta Mensal.

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EDITORIAL

Amigos equipistas! Enfim 70 anos de muita história, por isso a comemoração com uma edição especialmente preparada para vocês! Realmente uma preciosidade. Trouxemos aqui histórias e mensagem de alguns casais responsáveis pela ECIR, de todos os casais responsáveis pela SRB e todos os SCE de cada período.A motivação inicial para esta edição, foi trazer recortes do nosso Brasil equipista de ECIR a SRB, através dos relatos de cada casal e os SCEs que protagonizaram esses momentos! Logo de início apresentamos a carta escrita por Lu e Nelson, que foi lida durante a celebração eucarística do dia 15/05/20, em que estávamos isolados em nossas casas, porém unidos pelo desejo de levar adiante o sonho do Pe. Caffarel, de multiplicar os casais que desejam levar à frente o seu compromisso com a santidade. Muito bom, contarmos com as ENS que através do seu carisma nos anima a continuar nossa história, tendo como exemplo D. Nancy e Pedro Moncau. Naquela noite, também recebemos com muita alegria o reconhecimento da ERI através de Clarita e Edgardo, que mencionaram a importância CM 537

da SRB como inspiração para outros, através da nossa alegria e empenho. Muito bom saber que com nosso “jeito” de ser equipistas, fazemos história e contribuímos também com os irmãos além das nossas fronteiras territoriais. Neste momento, achamos também relevante que cada casal provincial pudesse brevemente falar sobre a missão e sua província, a fim de que pudéssemos deixar registrado a situação atual das ENS no nosso imenso Brasil. Adicionalmente, temos a fala dos casais apoio da SRB, do SCE e do responsável pela edição da carta mensal, para que compreendam um pouco mais sobre estes serviços. Concluindo, disponibilizamos aqui, o belíssimo texto “Casamento e Expectativas”, como última contribuição de Peter Nadas, que ao labo de sua Helène, foram responsáveis pela carta mensal durante 8 anos, dando a ela, soluções mais tecnológicas e mais ilustrações, conforme as palavras de D. Nancy em seu livro. Pa r a b é n s a todos e uma excelente leitura! Débora e Marquinho CR Carta Mensal

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MENSAGEM DA SRB

Celebração Eucarística “virtual” nas comemorações dos 70 Anos das ENS Quinze de maio é uma data muito especial para nós, pois celebramos 70 anos do Movimento no Brasil. Damos graças a Deus pela inspiração dos primeiros casais e do Pe. Caffarel na França, mas também pela inspiração e empenho de nosso Dr. Pedro Moncau quando, em novembro de 1949, escreveu ao Pe. Caffarel. Aqui, em terras brasileiras, se manifestou o mesmo impulso do Espírito Santo que motivou o desejo de Madeleine quando, na França de 1938, procurou Padre Caffarel. Tínhamos ali a concretização do desejo de casais em buscarem juntos um caminho que os aproximasse mais de Deus, através da vida conjugal. O mesmo Espírito Santo que motivou os casais também abriu o coração do sacerdote que, após 40 anos, observou no seu discurso em Chantilly: “É só hoje, após 40 anos, diante do desenvolvimento das ENS,que eu penso: em 1939, com os quatro primeiros casais, houve alguma coisa que não era apenas uma boa ideia; alguma coisa mais do que o simples entusiasmo; aquele encontro não foi um encontro fortuito; a Providência e o Espírito Santo ali estavam por alguma razão”. Recordamos também a carta de Dr. Pedro ao Padre Caffarel em 24/6/1950 em que relata: “Esta primeira reunião

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autoriza-me a ser otimista. Esperamos que nas reuniões que se seguirem o ideal e a mística das equipes sejam gradualmente compreendidos e assimilados e que possamos um dia constituir uma verdadeira Equipe de Nossa Senhora”. E quando contam ao Pe. Caffarel que foram escolhidos responsáveis da equipe, dele recebem a seguinte palavra: “Eu lhes prometo rezar e fazer rezar para que o Senhor os ajude na sua tarefa de responsáveis. Ela é importante e não é só de uma equipe que se tornaram responsáveis, mas do desenvolvimento em seu país da fórmula das Equipes de Nossa Senhora”. Hoje olhamos para trás agradecidos e reconhecemos as dificuldades presentes nos primeiros anos, bem como vemos os obstáculos surgidos e superados ao longo do caminho. Recorda-nos a parábola do semeador em seus três elementos fundamentais:

A Palavra de Deus como a boa semente. Cristo Senhor, como o bom e fiel semeador espalhando o Evangelho. Os corações dos homens e mulheres de todos os tempos, como o solo, com o qual acolhem a mensagem de Cristo. Diante daquilo que a Palavra apresenta concluímos que se estamos aqui, CM 537


MENSAGEM DA SRB

celebrando 70 anos de Movimento, de muitos frutos do passado e perspectivas de boas colheitas no presente e no futuro, é porque os corações que acolheram o anúncio do carisma, da mística, da pedagogia das Equipes de Nossa Senhora, que traduzem o Evangelho de Cristo, superaram as pedras, os espinhos, a superficialidade e os pássaros, deixando as sementes crescerem e produzirem frutos. São casais e conselheiros que viveram com amor a vocação de ser equipistas e serviram com vigor na missão, formando novos casais, conquistando novos conselheiros e acompanhantes, expandindo o Movimento, hoje presente em 25 dos 27 estados deste nosso amado Brasil e formando a maior Super-Região do mundo. Sabemos hoje o que recebemos agradecidos e o que desejamos trabalhar empenhados para que mais casais interessados na busca da santidade, pela espiritualidade conjugal, possam ser acolhidos, amados, servidos e enviados em missão a partir do CM 537

Movimento para suas famílias, suas paróquias e dioceses. É missão da Super Região Brasil, e de cada equipista a quem ela serve, esforçar-se para que nosso Movimento continue fiel às suas raízes “... desenvolvendo nos casais uma espiritualidade conjugal e uma consciência cada vez maior do seu papel de cristãos casados na Igreja e no mundo” (ENS, Ensaios, p. 86). Que sejamos, diante dos desafios que a sociedade atual nos apresenta, sal e luz para ela como verdadeira resposta às famílias. Continuemos, caminhemos, prossigamos a colheita e a realização de nova semeadura da Palavra de Deus nos corações dos jovens que precisam descobrir a beleza e a riqueza da vida matrimonial cristã. O Senhor fez e, com certeza, fará ainda maravilhas em nós. Deus seja louvado pelos 70 anos das ENS no Brasil.

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MENSAGEM DA ERI

Nancy e Pedro Moncau: Instrumentos nas mãos de Deus Estamos muito gratos aos nossos amigos Lu e Nelson pela gentileza em convidar-nos para essa festa em que temos muitas razões para celebrar, apesar de estarmos vivendo um momento difícil para toda a humanidade, que, embora seja apenas temporário, irá mudar em grande medida a nossa percepção da vida, tornando-nos mais conscientes da nossa fragilidade e talvez mais sensíveis,mais solidários e mais transcendentes, fazendo que, despojados da nossa falsa segurança, entreguemos nosso coração apenas àquele que é O Caminho, A Verdade e A Vida. Tal foi o propósito que o Espírito inspirou o Padre Caffarel e aqueles quatro casais dóceis à intuição do Espírito Santo, de buscar juntos o maravilhoso e até então quase desconhecido terreno da espiritualidade conjugal, um caminho de crescimento para a santidade. Essa mesma docilidade capturou o coração de Dona Nancy e Pedro Moncau há 70 anos que, como instrumentos nas mãos de Deus, trouxeram a semente do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, lançada por eles no solo fértil desSa terra maravilhosa e abençoada do Brasil, semente esta que deu muitos frutos, frutos em abundância. Nós próprios nos sentimos parte destes frutos, pois nossa vida como equipistas foi sem dúvida influenciada pelo entusiasmo e convicção dos vários apóstolos missionários desta grande Super-Região, assim como foi por Marcelo e Esther Moreira de Azevedo, os quais, transcendendo as fronteiras, foram promotores do Movimento na Colômbia como Casal Ligação, anos após a sua chegada, por meios indiretos, da França. Além desse relacionamento filial e de gratidão do Movimento das Equipes de Nossa Senhora entre a Colômbia e o Brasil, laços afetivos muito fortes nos unem de forma pessoal, porque, ao longo dos anos de pertença ao Movimento, Deus nos deu a graça de consentir com nossa vida, dando-nos, professores, amigos próximos, pais e irmãos

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das Equipes de Nossa Senhora da Super-Região Brasil, que são uma parte inseparável do nosso coração e da nossa vida. Por tudo isso, obrigado! Queridos amigos, neste tempo em que tanto falamos de contágio, queremos dizer-lhes que vocês têm sido um grande foco de contágio para o mundo no Movimento das Equipes de Nossa Senhora. O testemunho de alegria e empenho de todos vocês têm sido uma fonte de contágio e inspiração para manter vivo e multiplicar este tesouro maravilhoso do qual hoje somos depositários e corresponsáveis. Com todo o nosso coração,com todo o nosso amor,os parabenizamos por esta data significativa da celebração dos 70 anos de vida dessa “boa notícia”,deste evangelho que,com o testemunho, com a ação e com o ardor no coração de cada um de vocês,a Super-Região do Brasil tem escrito ao longo destes anos. Essa celebração, nos momentos de medo e incerteza que estamos vivendo, onde cada um de nós deve ser semeador de fé e esperança, adquire um significado ainda mais especial, pois é a reiteração de onde está o tesouro e onde está o Coração da SR Brasil, que encarna as palavras de Jesus que o evangelista relata em Mt 6, 19-21. “Não ajunteis tesouros na terra,onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões furtam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu,onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não furtam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. Feliz aniversário, nós os amamos! Clarita e Edgardo Bernal Casal Responsável ERI Bogotá/CO CM 537


ECIR - D. NANCY MONCAU

Agradecimento de D. Nancy Moncau (in memoriam) aos casais da ECIR na passagem dos 50 Anos das ENS em 2000 Pediram-me que agradecesse a todos a colaboração dada, o amor com que se doaram, o amor com que trabalham ainda e que constroem essa pequena parcela do reino de Deus, que são as Equipes de Nossa Senhora. Mas o meu coração pede outra coisa e eu resolvi seguir os impulsos do meu coração, porque não é só a eles e a vocês que eu devo agradecer. Há um agradecimento muito maior, há um agradecimento muito grande, um agradecimento que enche a nossa alma e que nos impele a dizer, hoje, ao nos dirigirmos ao Pai. É ao Pai que nós temos que agradecer. É ao Cristo que nós temos que agradecer. Todos nós temos que agradecer porque um dia, quando estávamos sentados na praça,como aqueles homens da parábola, cuidando das coisas do mundo, das nossas preocupações, o Cristo passou pela nossa vida. Ele olhou nos nossos olhos e nos chamou pelo nome e disse: “Vão trabalhar na minha vinha”. Ele nos convidou para trabalhar na sua vinha e nos deu a graça de dizermos SIM. E é por isso que estamos hoje todos aqui reunidos. O tempo passou, o nosso coração bate mais fraco, os nossos cabelos embranqueceram, mas isso não diminuiu o valor de nossa oferta, porque assim como Cristo convidou na praça aquelas pessoas que ali estavam nas mais variadas horas do dia, Ele continua a convidar os seus amigos, os seus filhos para trabalharem na sua vinha. Então nosso coração mais fraco, os nossos cabelos brancos de hoje vão sendo, aos poucos, substituídos por CM 537

essa geração que vem vindo para continuar o trabalho na vinha do Senhor. E se nós temos alguma palavra para dizer, se nós temos algum obrigado para dizer, não é para agradecer o trabalho de vocês, é para agradecer a Deus Pai, é para agradecer ao Cristo por, um dia, ter-nos chamado para ter a alegria, a felicidade, a força, a coragem, o entusiasmo de trabalhar na sua vinha. Então esse agradecimento hoje é muito maior do que aquele que eu poderia fazer a vocês porque todos nós somos os trabalhadores da primeira hora e da última hora também. Todos nós viemos e tivemos a graça de dizer a Deus “sim, eu vou!”, e todos nós viemos com a nossa bagagem, aquela bagagem da qual fomos nos libertando com o decorrer do tempo, mas que ainda

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ECIR - D. NANCY MONCAU

deixa no coração de cada um marcas, porque ela é ligada à fragilidade humana. Nós trouxemos na nossa bagagem os nossos defeitos, o nosso orgulho, a nossa vaidade, a nossa vontade própria, que muitas vezes se chocou com a vontade do Cristo que o Movimento nos manifestava. Nós trouxemos a nossa bagagem, mas o Cristo, com seu amor misericordioso de Pai e de irmão, transformou isso, como na multiplicação dos pães, em sementes que foram sendo espalhadas, pouco a pouco, pelo Brasil inteiro. Semente que Ele confiou a cada um, e que cada um plantou e que cada um cultivou. E ela foi nascendo e hoje é uma árvore que cobre quase todo o território nacional. Então eu tenho que estar aqui de joelhos diante do Senhor para dizer: Obrigado, Pai, porque um dia nos chamastes. Tanta gente à deriva por aí, mas Vós nos chamastes, nos destes a força de vir, a coragem de abandonar algumas coisas, a coragem de renunciar, talvez, a alguma alegria, a algum resultado, a algum sucesso, para tudo isso colocar aos vossos pés, para que se transformasse numa graça que pudesse atingir o coração de muitos e que continuasse a levar pelo Brasil afora essa espiritualidade conjugal, que é a riqueza, que é o tesouro que Ele nos deixou em nossas mãos para guardar, para distribuir, para semear. Todos vocês são os semeadores. Eu sei que nem sempre a semente cai em terreno favorável, mas Deus faz com que ela germine onde Ele quer e hoje, Pai, colocamos aos vossos pés o nosso trabalho, a nossa vida, aquilo tudo que pudemos fazer com alegria e vos pedimos perdão de tudo aquilo que a nossa fragilidade humana não permitiu que fosse como deveria ter sido. E hoje, Pai, olhando aqueles que estão por

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aí com seus cabelos brancos, com seus filhos moços, com os netos crescidos, nós vos pedimos, Pai, olha para nossa família, aquela família que nós criamos para ser vossa e que o mundo, muitas vezes, afastou do vosso caminho. Nós vos oferecemos os frutos do nosso amor conjugal para que eles um dia sejam, também, os semeadores do vosso reino. Fazei com aqueles que se desgarraram como fizestes com a ovelhinha do Evangelho: ponde-a nos vossos ombros e trazei-a para o vosso redil. Aqui estamos, Pai, juntos, todos juntos, os da primeira hora e os da hora presente para vos dizer que agora e sempre nós somos os vossos servos, enquanto a nossa condição humana nos permitir de trabalhar na vossa vinha. E não são só os casais, eu reúno nisso também todos os sacerdotes e assistentes espirituais porque também eles deixaram a sua casa, eles também deixaram as suas famílias, eles também vieram trabalhar na vinha do Senhor, nos orientando, nos ajudando, nos perdoando para que o nosso trabalho calasse mais fundo, fosse mais bem-sucedido. Obrigado, Pai, por nos terdes chamado, obrigado por terdes paciência com as nossas falhas, obrigado porque nem sempre fomos aqueles filhos dóceis que deveríamos ter sido. Mas por tudo isso, Pai, em nome de todos os que estão aqui, em nome de todos aqueles que vão nos substituir um dia, nós vos pedimos perdão de nossas falhas e vos pedimos que acrediteis no nosso amor, porque nós queremos depositar aos vossos pés o nosso esforço, o nosso trabalho, a nossa vida para a vossa glória e a salvação de muitos. Obrigada! * (CM 352, mar. 2000). CM 537


ECIR 1983-1989 / CR CIDINHA E IGAR FEHR

Despedida do casal Cidinha e Igar (Igar - in memorian) por ocasião da passagem de responsabilidade da ECIR em 1989* Completamos o nosso tempo. Com muito amor, estamos passando a responsabilidade da ECIR ao casal Beth e Romolo. Olhando para trás, tentamos reviver os acontecimentos que marcaram e que direcionaram nossa vida conjugal, nossa vida de fé e nossa vida como cristãos: nosso casamento (em 59), o nascimento de nossos quatro filhos, nossa entrada para as Equipes de Nossa Senhora (em 64), nossa primeira responsabilidade no Movimento (CRE em 65), as responsabilidades do Setor (69 a 72) e de Região (72 a 76), nossa participação como membros da ECIR (76 a 83), e como CR (até 89), nossa vida familiar de cada dia, nossa participação em trabalhos pastorais, no Conselho Nacional de Leigos, no Pontifício Conselho para a Família, tudo isso que não constitui nenhum currículo. Sentimo-nos sempre muito fracos diante de cada chamado. Se o aceitamos foi porque sempre soubemos que não estávamos sozinhos na realização do serviço, pois, além dos irmãos que estavam ao nosso lado, reconhecíamos que o motor de tudo seria sempre a graça de Deus. A nós cabia unicamente a atitude, que sempre procuramos ter, de entrega total ao serviço e de confiança em Deus. Uma tarefa a nós reservada era buscar uma maior aproximação com a hierarquia e uma maior inserção dos casais na Igreja. A ela nos dedicamos, juntamente com toda a ECIR, com muito empenho e esperança, sem nos descuidarmos da fidelidade aos carismas das equipes. Como consequência dessas participações, o Igar foi eleito para a executiva do referido Conselho [Nacional de Leigos] e nós fomos um dos casais indicados ao Papa para participar do Pontifício Conselho para a Família. Toda busca realizada no sentido de uma redescoberta da vocação das Equipes de CM 537

Nossa Senhora e da sua missão na Igreja e no mundo, na atualidade e na fidelidade às origens, preparou as equipes do Brasil para a “Segunda lnspiração”. Essa busca começou com o empenho por uma maior inserção na Igreja, inserção entendida principalmente como o assumir a missão, que devemos realizar, como Igreja, no mundo. Missão que foi sendo clarificada a partir do que é específico das equipes, da família e especialmente do casal, e levando em conta a realidade de hoje. A esse anseio, que não era só dos equipistas do Brasil, o movimento respondeu em Lourdes com o mesmo espírito com que Pe. Caffarel respondeu ao primeiro casal, que o procurou, numa realidade diferente da nossa, mas com um anseio semelhante: “Vamos procurar juntos”. Este foi o convite que o Movimento fez a todos os casais do mundo. Pe. Caffarel e aqueles quatro primeiros casais partiram do zero. Nós hoje somos perto de 6 mil equipes e estamos apoiados numa caminhada de mais de 40 anos. Busquemos todos com empenho e com amor. Finalmente queremos, nós mesmos, participar-lhes que o Senhor nos chamou para uma nova missão, e mais uma vez trememos nas bases diante da responsabilidade. Fomos chamados para trabalhar para o Reino de Deus, também como membros da Equipe Responsável Internacional. Queremos pedir-lhes que continuem rezando por nós, pelo nosso trabalho e garantir-lhes que vocês estarão sempre presentes em nossa oração e em nosso coração. *(íntegra na CM 260, nov.1989).

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ECIR 1989-1994 / CR BETH E ROMOLO

Ele sempre nos conduziu Hoje, olhando para trás, para os anos em que eu e o Romolo fomos responsáveis pela ECIR, me vem a certeza e a paz de que fomos conduzidos pelo Espírito Santo, que fez seu trabalho, apesar de nós... através de nós. Ah, a Dona ECIR!!! Assim, brincando, chamávamos essa instância de serviço que reunia casais de vários lugares para trabalharem pela manutenção da unidade, pela fidelidade ao carisma, para manter vivo o entusiasmo, para que em cada canto desse imenso país a espiritualidade conjugal fosse experimentada e escolhida como uma

forma de viver o cristianismo. E éramos felizes... Cada encontro nos fortalecia para que viajássemos de Norte a Sul, cada um daqueles casais procurando levar ânimo, alma, a todo setor, a toda equipe, onde a Igreja se faz real, concreta. Vivíamos então a “Segunda Inspiração”, momento em que se buscou ouvir mais e melhor o que o Espírito Santo propunha para que o Movimento respondesse aos apelos do mundo de então. Era preciso influir na “cultura do casamento”, “evangelizar a sexualidade”, oferecer aos casais a chance de viverem a alegria da espiritualidade conjugal, conhecendo as “Experiências Comunitárias”. Enfim, peço licença para registrar aqui meu agradecimento a cada um daqueles casais que, com seu trabalho, ajudaram as ENS a cumprir seu papel na Igreja e no mundo durante os anos de 1989 a 1994, e assim chegarem a completar 70 anos. Therezinha e Thiago Ribas,Wilma e Orlando Mendes, Yeda e Darcy Luchetti, Olga e Antonio de Collo, Dina e Francisco Franchi, Vânia e Walter Denari, Maria Regina e Carlos Eduardo Heise, Mariola e Eliseu Calsing, Maria Cecília e Gaspar Novelli, Silvia e Francisco de Assis Pontes, Junia e Mauro Lopes, Maria Thereza e Carlos Heitor Seabra. E a muito amada Dona Nancy Moncau. Elizabeth Del Guerra Prota Beth (do Romolo - in memoriam) Ribeirão Preto-SP

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ECIR 1994-1999 / CR MARIA REGINA E CARLOS EDUARDO HEISE

Adaptando às novas exigências Estávamos no final de 1998, e tínhamos realizado mais um Encontro Nacional, em Itaici (SP). Ao fazermos uma avaliação preliminar do evento, Pe. Mário e nós verificamos que alguma coisa precisaria ser feita a fim de manter a unidade e animação do Movimento em razão do crescente número de equipes e equipistas. Nesse encontro, por exemplo, que reunia casais de Setores, Regiões, seus respectivos conselheiros espirituais, e a própria ECIR (antiga denominação da Equipe de Super-Região), tivemos que apelar para uma ajuda externa para acomodar os participantes, pois as acomodações do Mosteiro de Itaici não foram suficientes. Por verdadeira providência, no Encontro do Colégio Internacional daquele ano de 1998, tivemos a oportunidade de conversar longamente com o Casal Responsável pela Super-Região França-Luxemburgo-Suíça sobre a estrutura existente em sua Super-Região. Lá tomamos conhecimento da existência das Províncias. Durante o ano de 1999 tivemos a oportunidade de refletir bastante sobre isso. Inicialmente trocamos ideias com nosso Conselheiro, Padre Mário. Em seguida conversamos com nosso Casal Ligação da ERI, Tereza e Duarte da Cunha (portugueses), e também com Cidinha e Igar Fehr (de Jundiaí-SP), na ocasião Casal Responsável da ERI. Sempre procuramos ouvir os mais experientes nos assuntos de maior responsabilidade. Após termos amadurecido nossas ideias, levamos o assunto à nossa equipe da ECIR. Apresentamos inicialmente três hipóteses, para que ficassem mais livres CM 537

para nos ajudarem em nossas reflexões. Em resumo, chegamos aos finalmente na hipótese de número VII. A propósito, o que nos deixou muito contentes foi que a hipótese aprovada pela maioria não foi a nossa. Fomos voto vencido, o que, para nós, foi uma demonstração de uma decisão verdadeiramente colegiada. No Encontro do Colégio Nacional, em setembro de 1999, em Itaici, apresentamos a proposta da ECIR para os casais regionais e conselheiros. Para nossa satisfação, a proposição da nova estrutura para o Movimento foi aprovada por unanimidade. No Encontro Nacional de 1999, apresentamos ao Movimento a configuração da nova estrutura, com a incorporação de sete Províncias. Com isso, dávamos por encerradas igualmente as atividades da antiga ECIR. Marcante foi o fato de que Dona Nancy, que participou da implantação da ECIR entre nós, também participou como membro efetivo do seu encerramento. Começamos o novo século, no ano 2000, com nova estrutura das ENS do Brasil. Nota: Mais detalhes poderão ser conhecidos consultando o nosso livro ­Memórias & Histórias... Para Aqueles que Têm as Equipes no Coração, capítulo III, p. 47 (ENS), ou na Carta Mensal de dezembro de 1999, número 351, encarte central.

Ma. Regina e Carlos Eduardo Piracicaba-SP

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ECIR 1994-1999 / SCE PE. MARIO JOSÉ FILHO (IN MEMORIAM)

Viver o compromisso Trechos das reflexões* do Pe. Mario (in memoriam) na passagem dos 20 anos de sua ordenação” Passado o tempo forte da nossa conversão (Quaresma), celebrado o memorial de Jesus Cristo, é importante que continuemos cada vez mais a aprofundar o nosso papel de cristãos no mundo de hoje. Todos nós devemos buscar aquilo que nos identifica, anima e estimula. Nesse sentido, partilho com todos vocês a preocupação que vem se manifestando nas reflexões das reuniões da ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional), ou seja, como anda a vivência dos nossos Pontos Concretos de Esforço? Têm eles contribuído para formar atitudes? Como vivemos a verdade? A vontade de Deus? Como nos colocamos na perspectiva de encontro e comunhão? Certamente todos já estão “cansados” de ouvir falar desse assunto e talvez, por isso, não damos a devida importância. São os Pontos Concretos de Esforço que se traduzem em “Compromisso”, não para o outro, mas, e principalmente, para si próprio e, após isso, nos remetem à santificação do(a) nosso(a) cônjuge. Procuremos, sempre, em todos os momentos de nossa vida, lembrarmos da grandeza, beleza e leveza que os Pontos Concretos de Esforço nos proporcionam.

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É escutando a Palavra de Deus atentamente e meditando-a com profundidade que vamos conhecendo a VONTADE de Deus que nos quer santos e felizes. É realizando a nossa oração conjugal e também a oração familiar bem como o dever de sentar-se que se vai vivendo a VERDADE e conhecendo mais um ao outro e os outros. É fazendo o nosso Retiro anual e sendo protagonistas da missão, assistidos pelo Espírito Santo, que vivemos o ENCONTRO e a COMUNHÃO. Com isso, sendo vida e compromisso, estamos contribuindo cada vez mais para que a PARTILHA de nossas reuniões se torne mais rica, profunda e reveladora de nosso progresso cristão. Que Deus os ajude sempre nessa vivência. *Livro Padre Mario - Reflexões de um Conselheiro Espiritual, Nova Bandeira - ed. 2009 CM 537


SRB 1999-2004 / CR SÍLVIA E FRANCISCO PONTES

A semente do processo de Canonização do Pe. Caffarel brotou no I Encontro Nacional das ENS Olá, gente amiga! Um ponto a destacar na gestão da Super-Região foi o de perceber o dedo de Deus conduzindo o Movimento. Outro foi o de termos constituído uma equipe de trabalho com casais e Conselheiro Espiritual comprometidos com a causa das ENS. Resumir estes cinco anos não é fácil. Tomamos apenas um ponto que nos pareceu abrir um caminho novo: o 1º Encontro Nacional das ENS em 2003. Ele teve uma inspiração a partir do Jubileu de Ouro das ENS no Brasil quando organizamos uma Peregrinação a Aparecida. Sabíamos de antemão que só viriam os equipistas do Estado de São Paulo, Rio e talvez de Minas e Paraná. Mas uma comitiva de Belém-Pará, viajando quase três dias de ônibus, ali se fez presente. Foi um testemunho vibrante, que apontou para a ideia de criarmos um grande encontro para todos os equipistas do Brasil. Nossa Equipe de Super-Região aceitou o desafio. Pensamos grande: um evento para 5 mil pessoas. Mas onde fazê-lo? Quanto custaria? Como realizá-lo? Não havia experiência anterior e tínhamos de começar do zero. Brasília surgiu como um ponto equidistante. Bom parque hoteleiro, e no mês de julho as tarifas eram, geralmente, reduzidas. Os equipistas de Brasília foram fundamentais para essa realização. Montou-se ali uma equipe executiva, coordenada por Mariola e Elizeu, e junto de nós um coordenador-geral, Wilma e Orlando, de Jundiaí. A Super-Região debruçou-se sobre a programação, temas, liturgia, convites etc. Convidamos o casal da ERI, Marie Christine e Gérard de Roberty, e seu SCE Monsenhor Fleischman e também o Casal Responsável pela vizinha Super-Região Hispano-América, Silvia e Andrés Merizalde. Eis o dedo de Deus: a programação estava pronta. Chega-nos uma carta de um casal CM 537

das primeiras equipes de São Paulo: Monique e Gerard Duchêne. Eles diziam: “Parabéns pela iniciativa. Certamente estão lembrando que o encontro coincidirá com o centenário do nascimento do Pe. Caffarel e devem ter colocado alguma coisa para essa celebração”. Com sinceridade respondemos: “Não nos lembramos disso!”. Pusemo-nos, então, a pensar na publicação de um livro do Pe. Caffarel, confeccionar pôsteres alusivos,cartões-postais com suas frases célebres, e pedimos a Dona Nancy que desse um testemunho de sua vivência junto ao Pe. Caffarel. Deu-se uma guinada na programação. Chegado o encontro, entre 17 e 20 de julho, as coisas correram de forma abençoada. Tudo se realizou em paz. Vieram 4.027 equipistas e 181 SCE. Então a ação de Deus se completou. O casal da ERI e seu Conselheiro Espiritual ficaram impressionados de ver quanto a figura do Pe. Caffarel estava viva na memória dos equipistas do Brasil. Voltando a Paris, o Monsenhor Fleischmann, na primeira reunião da ERI, pediu a palavra e disse: “Precisamos dar início ao processo de canonização do Pe. Caffarel, pois ele é uma presença viva entre os equipistas brasileiros”. Assim a semente do processo de sua canonização brotou neste 1º Encontro Nacional, de uma forma impressionante. Hoje o processo está avançado. Aguarda-se apenas um milagre, que esperamos possa acontecer em nossa pátria. Este foi o marco inaugural dos demais encontros que vêm acontecendo no Brasil, a cada seis anos. Silvia e Chico Sorocaba/SP

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SRB 1999-2004 / SCE PE. FLAVIO CAVALCA DE CASTRO

As ENS, um Movimento de vanguarda Dos 70 anos de presença das ENS no Brasil pude acompanhar metade, desde 1984. Olhando para esse tempo, lembro-me que minha primeira informação sobre o Movimento foi em 1957, quando o professor de Teologia Pastoral colocou à nossa disposição material informativo sobre os vários movimentos então presentes na vida da Igreja.A vida encaminhou-me para outras direções: ensino de Teologia, atividade em rádio e no campo editorial. Só muitos anos depois um convite do Setor de Guaratinguetá-SP levou-me a participar da formação de uma equipe, a de N. Sra. da Guia. Algum tempo depois, aceitei também o convite da Equipe N. Sra. da Esperança, em Aparecida. Sem esquecer outras várias equipes de cuja vida participei ocasionalmente.Algumas continuam vivas, outras cessaram por vários motivos. Num e noutro caso, aprendi muito com elas. Quase sem perceber, acabei enredado. Primeiro,durante seis anos,como SCE da equipe da Carta Mensal; depois,cinco anos na Equipe da Super-Região Brasil; por cinco anos SCE substituto da Província Sul I; mais vezes SCE do Regional e outras muitas de Setor. Outra atividade que me ocupou bastante foi a pregação de retiros por toda parte do país. Olhando para esses anos, vejo principalmente a experiência vivida com minhas duas equipes de base. Percorremos um longo caminho, com muitas surpresas, algumas separações, e um avanço lento mas contínuo na descoberta da espiritualidade conjugal. Quanto a isso, mais aprendi do que ensinei. Mesmo tendo sido continuamente obrigado a enfrentar esse tema à luz da teologia. E houve também os inúmeros contatos com equipes de grande parte do Brasil, com a pregação de retiros e a participação de inúmeros encontros. Nessa caminhada cheguei pessoalmente à conclusão que o cerne e a característica fundamental da proposta das ENS é levar os casais à vida numa pequena comunidade fraterna de casais, e assim viver plenamente o sacramento do Matrimônio. Por isso, se posso fazer um reparo, penso que esse aspecto ainda não seja suficientemente

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trabalhado na formação dos equipistas. Vi que as ENS são para tantos casais um caminho para Deus, que os atrai, ajuda e orienta para uma vivência conjugal em busca de perfeição e santidade. Perfeição conjugal ao mesmo tempo natural e sobrenatural. O contato com esses casais ajudou-me a viver mais seriamente como presbítero e missionário redentorista. Eles me desafiaram, motivaram e ajudaram, pelo menos tanto quanto pude fazer por eles. Conheci e ganhei irmãs e irmãos mais numerosos do que poderia contar. O contato com as equipes, a sede, o interesse, os questionamentos dos casais obrigaram-me a estudar e refletir um pouco mais. Tive de rever a teologia do sacramento do Matrimônio, a teologia espiritual, e de modo especial as propostas da espiritualidade conjugal e as realidades da vida do casal. Percebi também que se os casais ainda não procuram ocupar na igreja todo o espaço que lhes cabe, por outro lado a Igreja ainda não lhes abre esse espaço. Muitas intuições do Pe. Henri Caffarel ainda continuam sendo sonhos e esperanças. Não posso deixar de mencionar o grande esforço do Movimento durante esses anos para ampliar e aprofundar a formação dos casais. Palestras, encontros, livros, portal na rede e a Carta Mensal provocaram e provaram que as equipes são e procuram continuar sendo um Movimento de vanguarda. Pensei em falar sobre algumas pessoas que pude conhecer durante esses anos de contato com as equipes. Desisti. São tantas as pessoas e casais que me marcaram, que admirei, que me ajudaram na caminhada. Acho melhor colocar diante do Senhor meu agradecimento por tanto idealismo, tanto esforço, tanta bondade, e pedir que as guarde agora e as faça felizes para sempre. Pe. Flávio Cavalca Aparecida / SP

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SRB 2004-2009 / CR GRAÇA E ROBERTO ROCHA

A busca da unidade no Movimento É grande a nossa alegria em participar da Carta Mensal comemorativa dos 70 anos das ENS no Brasil e dos 20 anos da criação da SR. A retrospectiva do Colegiado Nacional de 2009 coroou a experiência que Deus nos concedera realizar, como CR pela SR Brasil, de 2004 a 2009. As anotações a seguir são experiências vividas nesta missão. Os temas são recorrentes à formação, unidade e expansão, aos quais agregamos Lourdes 2006 e Florianópolis 2009. O espírito que orienta a formação nas ENS exige dos quadros um esforço permanente para mantê-los a serviço da santidade dos casais. Dele nasceu a nossa primeira decisão como Equipe da SR: um lema que levasse à busca da “unidade do Movimento”, a partir da “unidade vivida na própria ‘equipe’”. “Dei-lhes a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade.” (Jo 17, 22-23) Unidade aqui é a que Jesus desejou para os seus; obra do amor mútuo, conteúdo do seu mandamento de amor. Colhemos abundantes frutos nessa formação. Recebemos, na posse, como herança à numerosa família equipista, fiel, acolhedora, em contínua expansão pelo país inteiro. Com ela, veio o desafio da expansão, que ano a ano agregava ao Movimento 800 novos casais que, na busca de Cristo, aqui vinham desejosos de enriquecer o seu amor conjugal com a Sua presença. Cinco anos depois, a seiva do amor tornou a família 29% maior e a expansão chegou a 880 casais/ano. Tal fecundidade fez-nos crer que éramos um ramo vivo não só das ENS, mas da Igreja, pois um ramo só produz fruto quando, ligado à videira, corresponde à vida que lhe foi comunicada. A marca brasileira no X Encontro Internacional de Lourdes vai da alegria contagiante dos “amarelinhos”, dando visibilidade à nossa internacionalidade, à expressão da fé CM 537

presente em 1.714 rostos sorridentes de casais crentes na beleza do amor que lhes é dado por Cristo. Lourdes 2006 também marcou o futuro das ENS com a “Abertura da Causa de Canonização do Pe. Caffarel”, a “Oração pela sua Canonização” e a “criação do Logo Internacional das ENS”. O II Encontro Nacional de Florianópolis 2009 reuniu mais de 5.044 equipistas, trazendo a riqueza dos diferentes matizes culturais característicos das suas unidades da federação. Esta foi uma grande oportunidade para espalharmos a semente do amor “derramada em abundância nos corações dos equipistas”. A inspiração do tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15) foi a “casa”, ou seja, a “família” que deve ser o berço do amor. Por isso, numa das celebrações realizamos uma coleta para a construção de uma casa destinada a uma família necessitada. A partir de Florianópolis 2009, o anúncio de M. Carla e Carlo Volpini, CR pela ERI, marcou para sempre o futuro das ENS no país: “o Brasil seria a sede do XI Encontro Internacional em 2012, o primeiro a ser realizado fora da Europa”. Por fim, agradecemos a Deus pela fiel e comprometida Equipe da SR colocada junto a nós para nos ajudar a caminhar e pela oportunidade que nos concedeu de servir oferecendo os nossos melhores frutos aos irmãos das ENS, que buscam a sinergia do amor de Cristo e do amor mútuo no caminho para a santidade.

Graça e Roberto Porto Alegre/RS

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SRB 2004-2009 / SCE FREI AVELINO PÉRTILE

A vida das primeiras Equipes prenunciava a esperança de grande colheita Saúdo as equipes do Brasil e agradeço por participar desta Carta Mensal comemorativa. Que bela história foi escrita, onde cada equipe deste Brasil é um capítulo. As ENS são um dom de Deus e o que vem de Deus dura sempre; não assim o que não vem de Deus. (At. 5, 34-42) Há 70 anos, brotava nesta terra a semente deste maravilhoso dom. Os dons de Deus sempre são pequenas sementes que carregam em seu seio a força para crescer e frutificar. Porém, precisam ser semeadas em terreno preparado e acompanhadas com os cuidados do bom agricultor. Deus não criou o mundo com campos semeados e plantas com frutos maduros. Com o suor do teu rosto comerás o teu pão (Gen. 3,19). A semente deste dom chegou ao Brasil após cuidadosos preparativos do casal Moncau e sua equipe, nascida em 13/5/1950. O terreno foi carinhosamente preparado porque Nancy e Pedro tinham certeza de terem achado o tesouro. Porém eram conscientes da responsabilidade que pesava sobre eles, e não queriam frustrar nem seus sonhos nem as esperanças do Pe. Caffarel. Quanto cuidado dispensado! Afinal seriam eles a sementeira e fermento do que haveria de vir. Informados da existência das ENS, com o acento na espiritualidade conjugal como carisma próprio e caminho para a santidade a dois, fizeram de tudo para conhecer e trazer para o Brasil. Houve empenho corajoso e perseverante para o mais importante: preparar o terreno. Semente boa não se joga às escuras. Era um sonho e uma esperança do Caffarel e dos Moncau. E por que não dizer, um sonho e uma esperança de Deus. Houve, por parte do casal, seriedade e humildade.

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Seriedade em conhecer o espírito das ENS e humildade em buscar luz no SCE desde os primeiros passos. Houve muito empenho, e fidelidade. Nada se constrói de duradouro sem essas virtudes. A semente, dom de Deus, cresceu, floresceu e frutificou. Começa a expansão com a cautela de quem não quer comprometer a qualidade.A vida das primeiras equipes preanunciava a esperança de uma grande colheita. A expansão numérica não é a meta do casal Moncau; mas não deixa de ser uma prova da qualidade. A corrida em buscar as ENS fala por si. Concordamos que a qualidade é o que conta.Mas,quando não há crescimento, algo preocupante existe. Se uma criança não cresce, poderiam os pais ficar indiferentes? Se o crescimento numérico não é preocupação, a vida do Movimento torna-se preocupação.A vida é a força criativa da expansão. O Brasil hoje é um jardim florido. Mas fica o apelo: sejamos sementes, flores e frutos no jardim do Movimento, para que o amor conjugal seja descoberto por quem ainda vive no escuro. Sejamos um rio com afluentes em todas as regiões brasileiras, porque às margens do rio tudo cresce e floresce. Vamos semear com o trabalho e regar com a água da vida. Olhemos as ENS com os olhos da Nancy e do Pedro Moncau e com os olhos do Caffarel.

Frei Avelino Pértile Nazaré/IL CM 537


SRB 2009 - 2014 - CASAL RESPONSÁVEL

Tempo de graça e de compromisso Em dezembro de 2008, recebemos uma ligação de Graça e Roberto, então CR da SRB, com uma provocante mensagem: “Quando tu nos envias” (Pe. Zezinho), para assumir a liderança das equipes. E aí!? Responder “sim”, sabíamos quão difícil seria o caminho; responder “não”, onde estariam nosso compromisso e lealdade às equipes? Eis a resposta: “Por isso eu digo que sim. Sim, eu irei, eu irei...” Então, de 2009 a 2014, estivemos à frente da SRB, juntamente com Pe. Miguel (s.c.j.) e dez anjos: três Casais de Apoio e sete Casais Provinciais. Foi um tempo muito feliz; um verdadeiro presente dos céus! Tempo de crescimento humano, vivido no calor da amizade, ajuda mútua, coparticipação, descontração; e espiritual, recebido das ricas Celebrações Eucarísticas e Formações conduzidas por Pe. Miguel, dos estudos e debates de temas, das avaliações das províncias... “Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho” (Sl 89,17) foi o lema de nosso serviço. Aos poucos, fomos testemunhando isso. O Senhor nos impulsionava... Algumas ações foram realizadas. Dentre elas, com vistas à salvaguarda da Estrutura e Unidade do Movimento, destacamos: 1. A instalação do Sistema Magnificat, criado especialmente para atender as demandas das ENS, que atualizou o cadastro dos equipistas, disponibilizando aos CRS, CRR e CRP o acesso às informações cadastrais, bem como a emissão dos carnês CM 537

das contribuições e o controle dos pagamentos, e das finanças. 2. Visando a continuidade da formação dos CRS, a SRB pensou na realização de um encontro, onde cada casal, imbuído de forte sentimento de pertença, absorvesse as orientações das ENS, não por obrigação, mas por entender seu espírito... onde todos pudessem se comunicar pelo olhar, abraços, troca de experiências. Assim, em 16-18/5/2014, acontecia o I Encontro Nacional de CRS, repleto de momentos fortes e emocionantes de acolhimento, abertura de coração e de formação. 3. Desejando conhecer de perto os CRR, já que não havia essa oportunidade no Colegiado Nacional, de acordo com o CRP, iniciamos uma maratona de presença nos Colegiados Provinciais. Que riqueza se fazer perto e sentir as alegrias, mas também as dificuldades das Regiões! Foi uma excelente maneira de conhecer o Movimento mais perto da base; além, é claro, de, na ida aos EACREs, ficar em casa dos Regionais. A todos os equipistas a proteção e a bênção da Virgem Maria!

Cida e Raimundo João Pessoa/PB

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SRB 2009-2014 / SCE PE. MIGUEL BATISTA

Comunhão e unidade: os desafios na expansão “Que todos sejam um.” (Jo 17,21) Queridos irmãos, nesse tempo jubilar temos inúmeras partilhas maravilhosas que vivenciamos no nosso Movimento que cresceu muito e cresce cada vez mais, com a graça de Deus. Um dos grandes desafios numa expansão é a comunhão e a unidade, para manter viva a obra de Deus. Durante o tempo em que passamos na animação da Super-Região Brasil foi isso o que muito nos preocupou. O Movimento, por obra e graça de Deus, a cada dia mais crescia e, por sua vez, carecia da necessidade de um acompanhamento a fim de que a unidade e a comunhão se mantivessem, sem perder todo o dom precioso que o Espírito suscitou na Igreja. Entre muitas iniciativas, organizamos o Encontro Nacional dos CRS, tendo em vista que a vida do Movimento praticamente “acontece no âmbito de Setor”. Um outro momento valioso foi o Encontro Nacional de Sacerdotes Conselheiros Espirituais. Muitos SCEs e AEs não tinham formação adequada para entender a estrutura das equipes e não foram poucas as vezes em que nos deparamos, em vários lugares, com SCEs e AEs que queriam mudar a estrutura das reuniões, orientação de retiros, etc. Outro desafio também foi elaborar um documento que orientasse a participação e a condução de um Retiro Anual. Havia muitas concepções distorcidas concernentes ao Retiro Anual. Por conseguinte, era preciso tomar consciência da necessidade de encontrar pregadores que pudessem trabalhar a transversalidade da espiritualidade do Movimento dentro do tema desenvolvido no Retiro. Em muitos lugares o tempo do Retiro era insuficiente, o que não favorecia uma vivência mais aprofundada do seu objetivo, não suprindo o compromisso anual com a espiritualidade conjugal do casal; o Retiro com tempo integral conforme a exigência da Carta Mensal desde a primeira hora deveria ser de pelo menos 48 horas, mas havia em muitos lugares um Retiro fracionado em partes de manhãs e tardes. Equipistas

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consideravam um Retiro de Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, de catequistas, entres outras pastorais e movimentos como sendo o seu Retiro Anual. Outrossim, se faz necessário determinar um número adequado de casais para cada Retiro, de modo que pudesse favorecer as condições necessárias para o momento. Ademais, tomar consciência de que o Retiro deve ser prioridade e, portanto, assumido na agenda do casal, dada a sua importância; deve ser desejado e aguardado com esmero, pois tem grande valor para a vida conjugal. Geralmente ouvimos: “O pregador quase nos matou de rir nas suas colocações”. Pode ser agradável, mas quando confundimos a finalidade, o meio e o ambiente, há um prejuízo espiritual sem comparação para o equipista. Nesse sentido, um dos prejuízos é a ausência do silêncio. Muitos pregadores, às vezes, dizem que não se importam quando há conversas nos retiros,pois é um momento de encontro, de confraternizar. Aí é onde mora o equívoco e muitos até gostam! Infelizmente não tomam consciência do valor e necessidade do silêncio. O barulho pode fazer-nos não reconhecer o Senhor que vem ao nosso encontro e o Retiro é um tempo privilegiado desse encontro com Deus. Hoje percebemos que houve um grande avanço no planejamento, condução e vivência do Retiro Anual. Pe. Caffrel nos diz: “É no Retiro que se torna possível abrirmo-nos, nós mesmos ao sopro da palavra de Deus”. Muitos documentos foram lançados, muitos foram reeditados, etc. Mantenhamo-nos unidos e fiéis para que muitos casais, SCEs e AEs continuem bebendo desse tesouro espiritual que Deus concedeu à Igreja. Louvado seja Deus por esse ano jubilar. Abraço com carinho a todos, queridos equipistas. Pe. Miguel Batista Limoeiro do Norte/CE

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SRB 2014-2018 - CASAL RESPONSÁVEL

Equipes de base, disseminação do conhecimento e formação Casados há 47 anos e no Movimento há 26. Através de amigos comuns, “nossos cupidos”, nos conhecemos e foi “amor à primeira vista”. Hoje percebemos que o verdadeiro cupido foi DEUS, que nos escolheu e nos deu o Seu Amor. Como fruto deste amor tivemos três filhos, e hoje mais dois, um genro e uma nora, e “a cereja do bolo”, nossa netinha Olívia. Mas como sua generosidade é sem fim, após 20 anos de matrimônio nos apresentou o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, então demos um grande passo em direção ao Senhor, quando experimentamos o prazer de ser um manancial que transborda e refresca os outros, ao mesmo tempo encontramos a fonte da felicidade, porque “a felicidade está em mais dar que receber” (Atos 20,35). É para isso que estamos no mundo: iluminar, abençoar, curar, libertar, semear o amor de DEUS. Se conseguirmos ajudar uma só pessoa a viver melhor, isto já justifica o dom de nossa vida. Já assumimos várias funções no Movimento, e desde a missão de CRE até a de CL da Zona América, buscamos ser o nosso melhor, inspirados no lema que nos norteia até hoje: “Eis que venho fazer, com prazer, a Vossa vontade, Senhor!” (Salmo 39, 8-9). Logo no início da nossa missão como CR SRB fomos convidados pela Nunciatura Apostólica no Brasil, para participar, no Vaticano, do Sínodo dos Bispos para as Famílias, convocado pelo Papa Francisco. Fomos os únicos leigos do Brasil CM 537

junto com quatro cardeais brasileiros. Momentos que jamais esqueceremos, porque durante 15 dias estivemos em contato direto com o Papa Francisco, que nos acolhia, abraçava e conversava conosco. Participamos dos debates e trabalhos sinodais e ficamos impressionados com a seriedade do Sínodo, considerando as diferentes culturas, buscando sempre o consenso entre todos e o melhor para a Igreja. O nosso trabalho está resumido no item 82 da Exortação Apostólica Amoris Laeticia. Os caminhos de DEUS não são por acaso, pois após o Sínodo refletimos que nossa maior missão é Evangelizar Com este objetivo, norteamos nossa missão através de dois vetores: 1º) Estar junto dos equipistas de base, participando de EACREs e aplicando Formações em todos os locais do Brasil, principalmente os mais longínquos. Em alguns lugares que fomos, após andar 2 horas de carro, tomar dois aviões e navegar de barco durante 16 horas, fomos recebidos com fogos e banda de música, que até duvidamos que seria para nós... Frequentamos casas de chão batido e luxuosas, mas percebemos que desde no casal mais simples até no mais abastado, o sentimento era o mesmo: nos acolhiam com o coração e com a alma! Chegamos a viajar 39 finais de semana em um ano! Nada nos desanimou, nem quando, a caminho do aeroporto, fomos assaltados no meio da estrada. Aquele dia ficou perdido, mas no dia seguinte retornamos felizes ao compromisso. Motivamos nosso colegiado para que

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SRB 2014-2018 - CASAL RESPONSÁVEL

incentivassem os responsáveis, cada qual na sua instância, a fazer o mesmo. A evangelização se dá principalmente com a presença, sentindo o “cheiro das ovelhas”, como nos diz o Papa Francisco. Precisamos estar juntos, para entender o que muitas vezes não aparece em relatórios, por mais minuciosos e precisos que sejam. 2º) Disseminação do conhecimento, pois evangelizamos através da Palavra de DEUS, presente também nos livros e documentos do Movimento. Publicamos 17 livros e 6 documentos. E seguindo esta linha, implementamos as Formações, tanto as Formações Permanentes como também a revitalização de Formações já existentes, pois vimos que o crescimento e o vigor de Setores, Regiões e Províncias se davam na mesma proporção em que aconteciam as Formações. Para facilitar o acesso aos livros e documentos, os disponibilizamos em modo digital, assim como também as Cartas Mensais, digitalizadas desde 1952, e criou-se um aplicativo para que a Carta Mensal e o Tema do Ano pudessem também ser audíveis. Aprendemos ao longo desta jornada que os caminhos têm flores e pedras, luzes e sombras, alegrias e sofrimentos, enfim, cada coisa tem seu propósito, mas tudo passa... só permanece o amor que o Senhor nos presenteia a cada dia, e aprendemos a ver os sinais deste Amor em todos os momentos, nos bons e nos ruins. Em novembro de 2018, o Arturo apresentou um câncer cerebral, e nossa vida deu uma reviravolta. Fora o choque inicial, quando tivemos a probabilidade de sua vida estar limitada a no máximo um ano, sentimos a mão de DEUS nos

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amparar e sustentar, sentimos a força e o poder das Eucaristias e das orações, que nos fortaleceram e nos deram esperanças. Apesar da seriedade da doença, começaram a despertar, mesmo no meio da angústia vivida, a tranquilidade, a determinação, a alegria da fé e a convicção interior que DEUS atua em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos. Em função disso (a única vez que deixamos a missão), nos afastamos da ERI para poder realizar com tranquilidade o tratamento médico indicado, e DEUS nos concedeu mais um grande presente: a cura do Arturo. Porque Ele mesmo nos diz: “Eu te escolhi e não te deixei” (Isaías 41, 9). Em meio a esta pandemia, que paralisou muitos, estamos mais unidos tanto em equipe como em casal. Até podemos dizer: se quisermos buscar a santidade é até desejável passarmos pelas trevas, pois DEUS lá está, no sofrimento, no desconhecido... Não tenhamos medo, pois Ele nos espera... É algo tão profundo, e talvez difícil explicar, mas mesmo nos momentos mais difíceis nada destrói a alegria sobrenatural que nasce da certeza pessoal de sermos infinitamente cuidados e amados. Sentimos falta sim dos abraços, dos “cheiros”, dos beijos, do apertar das mãos, com os olhos postos nos vossos olhos e dizer: “Eis que vamos juntos fazer, com prazer, a vossa vontade do Senhor!” Hermelinda e Arturo São José dos Campos/SP CM 537


SRB 2014-2019 / SCE PE. PAULO RENATO CAMPOS

Isso é sério? Sério e para gente séria! Caros casais equipistas, sacerdotes e conselheiros espirituais das Equipes de Nossa Senhora – ENS. É com enorme satisfação e bastante saudades que novamente tenho a oportunidade de fazer chegar algumas linhas, através da Carta Mensal, até os lares de vocês. Recebi com muita alegria o convite para escrever algo por ocasião das celebrações dos 70 anos das ENS no Brasil, ocasião para relembrar quando tudo começou. Pensando nisso fiz um exercício de refletir como o Movimento entrou na minha vida. Me lembro com muita clareza de uma cena! Na ocasião, 2002, Dom Nelson Westrupp, então bispo diocesano de São José dos Campos, minha diocese, me chamou, na época ainda seminarista, durante um evento pastoral diocesano e me apresentou um casal. Ele foi logo dizendo que o casal pertencia a um “movimento” que buscava um conselheiro para uma “equipe” que estava começando. Sem saber qual era o movimento e muito menos o que era uma equipe, o primeiro pensamento que me veio foi: “isso é sério?”. Na verdade, a resposta positiva que dei ao convite que me foi feito, hoje posso confessar, foi mais por respeito ao meu bispo, por quem tinha e tenho além de obediência uma consideração muito grande, do que qualquer outra razão. Somente hoje, depois de 18 anos de pertença, posso responder a pergunta que eu mesmo me fiz quando recebi a interpelação do meu bispo. A resposta é sem dúvida essa: “o Movimento das Equipes de Nossa Senhora é sério e CM 537

para gente séria”. Faço essa afirmação destacando dois dos muitos aspectos que poderia elencar. Um diretamente relacionado aos casais, a espiritualidade conjugal, e outro mais aos conselheiros, a eclesialidade do Movimento. Sobre o primeiro,posso afirmar que nenhum casal consegue permanecer plenamente no Movimento se não levar a sério a espiritualidade conjugal e todas as suas exigências. O casal Gomez-Ferrer, muito importante para o Movimento no mundo, explica o que isso signfica: “Conhecer a Vontade de Deus para o casal e encarná-la na nossa vida concreta.Esta Espiritualidade retira a sua força da graça do sacramento do Matrimônio. Trata-se da nossa identidade”1. Não dá para assumir isso sem seriedade. Sobre o segundo, falo de experiência própria. Nenhum conselheiro permanecerá no Movimento com uma mentalidade personalista. As ENS são um movimento eclesial, sendo assim seu rosto não é o de um padre, diácono, religiosa, religioso, casal... mas sim o de Jesus Cristo que se manifesta, particularmente, na eclesialidade de nossas reuniões. Compreender e viver assim exige seriedade. Termino então dando parabéns pelos 70 anos das ENS, Movimento sério e de gente séria! Pe. Paulo Renato Brasilia/DF

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SRB – RESPONSÁVEL ATUAL / LUCILENE E NELSON PEREIRA

Tudo tem seu tempo, e muitas vezes o nosso tempo não é o tempo de Deus “Eis me aqui, Senhor, envia-me.” Somos muito gratos pela oportunidade de fazer parte desta história das ENS há quase 30 anos...Iniciamos nossa viagem rumo à santidade no barco das ENS ainda recém-casados, claro que não tínhamos o entendimento de qual seria nosso trajeto e muito menos dos percalços que encontraríamos ao longo do percurso. Mas nos colocamos a caminho, perseveramos com as graças de Deus, mesmo diante de tantas dificuldades nos primeiros anos de casados. Sempre nos colocamos a serviço da igreja e consequentemente do Movimento, pois entendemos que estar a serviço sempre foi uma oportunidade de nos tornarmos um casal melhor, pais melhores, enfim, pessoas melhores. Nos recordamos de um trecho da mensagem que recebemos de nosso querido casal amigo Olga e Nei quando assumimos a responsabilidade de animar a Província Centro-Oeste os sucedendo no ano de 2015: “O Sim de vocês é uma resposta de amor e de gratidão a Ele, porque já descobriram que nosso bondoso Deus é quem tudo nos dá e nos alcança, é quem nos dá vida e nela nos dá um tempo devido, e que darmos um pouco desse tempo a Ele significa antes de tudo ser um privilégio, pelo qual perceberemos que somos ungidos à missão e que Ele estará sempre à frente de tudo.” E quando recebemos o chamado para assumir a responsabilidade de animar a SRB em 2018, primeiramente ficamos

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em choque, e nos perguntamos por várias vezes, o que quer de nós, Senhor? Aí nos veio essa mensagem de Olga e Nei, novamente. Tudo tem seu tempo, e muitas vezes o nosso tempo não é o tempo de Deus. Ele tudo sabe, ele está à frente de tudo, com o amor misericordioso e nos unge para a missão que nos confiou. E assim seguimos em frente sem nos esquivar. Ele não disse que seria fácil todas as missões que assumimos, e muito menos a responsabilidade pela SRB, pois nunca, em tempo algum, achamos que íamos nos deparar com uma pandemia que nos afastasse uns dos outros, que nos privasse daquilo que para nós é mais valioso, o contato pessoal, o afago, o abraço fraterno e o aconchego nas casas dos irmãos de equipe. O encontro que o Movimento proporciona a todos os equipistas. Nunca imaginávamos que em 2020, o ano em que nosso Movimento comemora seus 70 anos, realizaríamos um Colégio Nacional Virtual e remoto, e ainda lives, missas on-line, momentos de espiritualidade virtual e reuniões por vídeo conferência... Bom, uma coisa inédita e intempestiva. Iniciamos nossos serviços frente à SRB em 2018, e não fizemos muitos planos de trabalho porque acreditamos que é Deus que conduz. Fizemos, sim, vários propósitos... primeiramente, dar continuidade ao trabalho já realizado ou que estava programado para serem realizados nos anos seguintes. CM 537


SRB – RESPONSÁVEL ATUAL / LUCILENE E NELSON PEREIRA

Ele tudo sabe, Ele está a frente de tudo com amor misericordioso nos unge para a missão Formamos uma equipe de apoio que nos dão total respaldo em tudo que pensamos ou planejamos, temos os Casais Provinciais, que são verdadeiros guardiões do Movimento em cada canto deste país continente chamado Brasil e o nosso SCE, homem de Deus, sábio na hora exata, amigo, humilde, mas exigente como precisa ser e como a missão exige. Esperamos que nos anos que ainda temos pela frente, a serviço da SRB, possamos ser para o Movimento o que realmente ele necessite em cada momento. Procuramos acompanhar e discernir os sinais dos tempos, nos adequando e reinventando conforme somos interpelados. Temos procurado estar presentes em locais onde a SRB nunca esteve, conhecendo a realidade de cada local, suas necessidades, suas carências, seu povo, nossos irmãos de equipe. Tivemos a graça de estar no primeiro ano de trabalho em 14 dos 25 estados onde o Movimento está presente e em muitos deles por mais de três vezes. Logo de início, recebemos da ERI a incumbência de elaborar o Tema de Estudo para o ano de 2020, o que nos fez perder muitas noites de sono, mas com a graça de Deus, a ajuda de casais e conselheiros maravilhosos, conseguimos realizar esse projeto. Estamos procurando melhorar o sistema de gestão do Movimento, revitalizando através do Conselho Editorial os documentos do Movimento. Estamos CM 537

priorizando a formação dos CRR e CRS através do Encontro Nacional de Novos Responsáveis (ENNR), que passou a ser anual. Realizamos em 2019 o III Encontro Nacional de SCEs e abrimos para os AEs também participarem, demonstrando que foi uma experiência espetacular. Estamos desenvolvendo com o Conselho Editorial uma Plataforma de Formação para SCEs e AEs on-line, que, acreditamos, vai ajudar muito na formação e entendimento deles sobre o Movimento e seu papel como membros. Juntamente com a equipe de trabalho estamos organizando o Encontro Nacional das ENS em Fortaleza/2022. Como podem perceber, nunca trabalhamos sozinhos, pois temos certeza que Deus age através das pessoas que coloca em nosso caminho, e age também, através de nós para os outros, como seus instrumentos. Só temos a agradecer a tantas oportunidades que tivemos no exercício da missão a nós confiada, principalmente pela oportunidade de conhecer pessoas incríveis e maravilhosas que nos ensinam a cada dia. O Senhor fez e faz em nós maravilhas.

Lu e Nelson CR Super-Região

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SRB – SCE ATUAL / DOM MOACIR SILVA ARANTES

Um olhar a partir de um ponto do caminho Ao comemoramos os 70 anos das ENS no Brasil,percebo que cada equipista (sacerdote,religioso e religiosa,leigo e leiga) olha para esta história como uma fotografia, e deseja reconhecer o seu rosto e o lugar que nela ocupa,com um olhar de gratidão a Deus que o chamou e ao Movimento que o acolheu. Desde 2019 estou a serviço, como SCE-SRB, e este tem sido um tempo de “caminhar juntos” na convivência fraterna, no ensino e aprendizado mútuos, vividos numa verdadeira partilha daquilo que Deus realiza em nós pelo Movimento e, através de nós, no Movimento. Gostaria aqui de recordar três momentos fundamentais: as reuniões da SRB, o Colégio Nacional e as visitas e participação em atividades das Províncias e Regiões. Nas reuniões da Equipe da SR experimento o contato com o Movimento na sua extensão geográfica e na sua riqueza cultural e espiritual, decorrentes de cada Província com suas características próprias. Aprendo com o empenho dos casais em missão como responsáveis pelas Províncias ou na equipe de apoio. Quanta coisa aprendemos observando o jeito, a atitude, a disponibilidade e o amor que eles colocam em tudo que fazem. Com o amor que vemos naqueles que amam o Movimento e a missão aprendemos a amar mais e servir melhor. No Colégio Nacional que cheguei tentando pisar com cuidado esta terra santa, que outros trilharam antes de mim e nela depositaram sementes fecundas de tantas realidades bonitas (que agora colho os frutos), vivi uma alegria de sentir-me em casa, entre os meus, sendo acolhido e compreendido em minhas limitações, escutado com respeito e atenção por todos. Experimentei os dons do Espírito Santo distribuídos neste grande Brasil e trazidos, como em amostras, em cada casal, conselheiro e acompanhantes comprometidos que participaram. Estar

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com eles, escutá-los e tentar atendê-los naquilo que me expuseram fizeram crescer ainda mais meu entusiasmo e desejo de viver o “ser equipista” e de me dedicar à missão que o Movimento me confiou. Nas visitas que participei, neste período, pude ver como somos uma família grande e diversificada, com irmãos e irmãs que ainda não conhecemos pessoalmente. Foram poucos encontros e participações, mas preciosos para o meu entendimento do Movimento e enriquecimento sacerdotal e equipista. Na pandemia, para quem iniciava um caminho e deseja o conhecimento e o contato próximo, surgiu um novo desafio. Mas, com a graça de Deus, à inspiração e aos esforços dos casais, conseguimos, através dos meios de comunicação, construir pontes virtuais que serviram ao trânsito de aprendizado e afeto concretos, em reais e verdadeiros encontros de formação e partilha. Sinto-me, neste lugar da caminhada que estou, com um percurso feito e ainda “longo caminho a percorrer”, profundamente agradecido a Deus por este tempo de serviço na missão que me foi, temporariamente, confiada de SCSR, e peço ao Senhor que me conceda, no percurso restante, colaborar com o Movimento no aprofundamento ainda maior de seu carisma, e a firmá-lo de forma ainda mais segura sobre os alicerces inabaláveis que dão a sua identidade, bem como descobrindo maneiras criativas de realizar a missão para bem dos equipistas, da Igreja e do mundo. Obrigado, Senhor! Obrigado, equipistas de todo Brasil, amados e amadas de Deus! Deus os abençoe! D. Moacir Arantes SCE Super-Região CM 537


PROVÍCIAS PROVÍNCIA NORTE

Espiritualidade Conjugal na Amazônia Há 48 anos as ENS realizam na Província Norte um dos sonhos do Papa Francisco na Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, dando à Igreja “rostos novos com traços amazônicos” (QA, 7). Em 1972, o Espírito Santo conduziu um casal do Rio de Janeiro para Manaus/ AM, levando pra lá a semente das ENS. E no ano seguinte transferiu um casal de Santa Catarina para Belém-PA, com a mesma semente. Hoje as ENS cobrem quase toda a Amazônia: três Regiões, 18 Setores, 235 equipes, 1.449 casais, 45 viúvos/as, 151 SCEs/AEs, sendo 3.094 membros – um exército de cristãos equipistas vivendo e difundindo a espiritualidade conjugal, com “traços amazônicos”.A semente encontrou “boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita” (Mc 4,8). No final de 2019, o Movimento chegou a Porto Velho-RO, com as primeiras três equipes no estado. Pouco depois, Tucuruí-PA recebeu suas primeiras três equipes. E os Setores da Região Norte II estão sendo multiplicados, com o lançamento de mais dois.

Conscientes da responsabilidade que é dizer sim a uma missão no Movimento, recorremos ao Espírito Santo, pedindo que nos guiasse. O ponto de partida da caminhada foi a reunião da Equipe da SRB, onde sentimos um acolhimento carinhoso e fraterno. Após o Encontro Provincial, vieram os EACRES, oportunidade de conhecer de perto as realidades dos Setores e, para chegarmos em alguns deles, tivemos que usar transporte aéreo, terrestre e fluvial, com duração de até 17 horas de viagem. Comum a todos foi o encontro com Cristo, que lá estava presente em cada casal e SCE, que carinhosamente nos acolheram em suas casas, permitindo-nos fazer família com eles, testemunhando o amor pelo Movimento. Mesmo com as dificuldades da quarentena,realizamos missas,Formações,reuniões, etc.,com recursos tecnológicos. O Movimento floresce na Província Norte! Edna e Sebastião CRP Norte

PROVÍNCIA NORDESTE I

A melhor forma de conhecer e descobrir esse tesouro era partindo para a missão Este ano de 2020 fizemos 27 anos de Movimento. Entrar nas ENS para nós foi um grande presente de Deus. Um verdadeiro tesouro. E com o passar dos anos, vimos que a melhor forma de conhecer CM 537

e descobrir esse grande tesouro era partindo para a missão. Cada SIM dado era uma nova descoberta e sempre tínhamos mais a aprender do que a ensinar.Através dos nossos irmãos,

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PROVÍCIAS

Deus nos convida à missão, não porque somos melhores ou merecedores dessa grande graça que é estar a serviço do movimento, mas por saber que somos fracos, frágeis e imperfeitos, por isso Ele nos quer ao seu lado, para que possamos sempre nos fortalecer através dos PCEs. E quando achamos que já demos tudo e é hora de descansar, Ele nos surpreende e mais uma vez nos convida a nos desinstalarmos. Foi assim três anos atrás, quando fomos convidados a “Amar Mais” a nossa Província NE I que estava nascendo. O desafio era grande. Esse tesouro era maior, ia além do nosso setor, da nossa região, que já conhecíamos. Sabíamos de nossa incapacidade humana, mas confiantes no chamado de Deus, partimos para descobrir e conhecer um pouco mais deste tesouro chamado Província NE I. A cada reunião, encontro, formação que participamos,somos abastecidos da graça de Deus.Nestes três anos já passamos por momentos difíceis em que estar na missão foi o nosso único conforto e consolo,

pois sentimos a Mão de Deus a nos proteger através dos irmãos de caminhada. O ano de 2020 nos trouxe muitos desafios e descobertas. Aprendemos que, mesmo distantes, podemos nos reinventar e continuar a nossa caminhada. O Movimento completa 70 anos e somos muito agradecidos a Deus de fazer parte dessa linda história. As sementes foram plantadas e os frutos cresceram por todo o mundo. Nossa Província NE I atualmente conta com: 8 Regiões – 47 Setores – 666 equipes – 3.992 casais – 43 viúvos(as) – 341 AEs/ SCEs, totalizando 8.368 membros. Ainda temos muito a fazer, somos Servos inúteis, mas Eis-nos aqui, Senhor, fazei de nós o que quiseres... Vanessa e Rômulo CRP NE I

PROVÍNCIA NORDESTE II

Um convite sempre vem acompanhado da proposta de “amar mais” Em dezembro de 2016, na Colônia Salesiana em Jaboatão dos Guararapes, houve discernimento para os novos responsáveis das províncias NE I e II, por ocasião da multiplicação da Província NE. Nós havíamos caminhado quatro anos como CRR Pernambuco I. Alguns dias depois do discernimento, recebemos o convite do então CRSRB, Hermelinda e Arturo, para animar a Província Nordeste II. Quando nos falaram, perguntamos: “têm certeza que

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ligou para o casal certo?”. E responderam: “são vocês mesmos que queremos convidar”. Passamos uns dois dias para dar o retorno. Após um Dever de Sentar-se, nossa resposta foi sim,porém com muito medo da responsabilidade.Mas,como o convite vem sempre acompanhado daquela proposta de amar mais,aceitamos a missão de animar e cuidar desta Província com muito zelo,e amar mais estes casais,SCE e AE dos quatro estados que compõe nossa Província. CM 537


PROVÍCIAS

Nossa posse e do Frei Paulo Sérgio ocorreu em 25 de agosto de 2017, durante o Encontro Nacional. Nesses três anos de missão,visitamos todos os estados da nossa Província. Participamos de EACREs, Formações Permanentes, EEN, Ser Movimento e outros eventos.A PNE II cresceu, e hoje temos 6 Regiões,47 Setores,545 equipes,3.439 casais, 53 viúvos (as) 257 SCE e 122 AE, um total de 7.310 membros. Por nossa missão, agradecemos a Deus

porque estamos dando a nossa pequena colaboração a este Movimento que tanto amamos. Agradecemos por fazer parte dele, que há 70 anos, aqui no Brasil, vem levando amor a tantos lares,a tantos casais, a tantas famílias. Parabéns a todos os casais que, com amor, zelam pela Super-Região Brasil. Maria e Amâncio CRP Nordeste II

PROVÍNCIA CENTRO OESTE

Servindo ao Movimento aprendemos a nos conhecer melhor e a Deus As Equipes de Nossa Senhora no Centro-Oeste começaram por Brasília, no dia 15/10/1972, e com o amor e a perseverança de tantos casais e conselheiros nasceu, cresceu, deu muitos frutos, rompeu fronteiras e hoje estão presentes no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, além de expansões em Minas Gerais, e de forma extraordinária no Paraguai (Pedro Juan Caballero),onde existem duas equipes. Nesses quase 50 anos, a Província está com 8.200 membros distribuídos por 9 Regiões, 52 Setores, presentes em 56 cidades. Como disse o Pe. Caffarel: “É indispensável crescer na convicção de que cada casal faz parte de uma história humana maior, a história de todos os homens de todas as regiões da terra, sua história passada, a presente e a futura”. Que orgulho fazer parte da história desta grande família chamada Equipes de Nossa Senhora.Nossa caminhada equipista,que iniciou bem cedo,quando recém-casados, CM 537

nos deu oportunidades que nunca imaginávamos experimentar. E servindo o Movimento, aprendemos a nos conhecer melhor, conhecer melhor a Deus, em especial pelo serviço aos irmãos. E como crescemos em nossa espiritualidade conjugal! Certamente não como recompensa pelos nossos esforços humanos, mas por pura graça de Deus, que é bom sempre. Que as Equipes de Nossa Senhora no Brasil, que este ano completaram 70 anos,sejam um celeiro onde o senhor irá encontrar homens e mulheres que levarão o testemunho de Cristo junto de todos os seus irmãos,conforme o Pe.Caffarel escreveu um dia, em carta logo após ter visitado o Brasil.Que Nossa Senhora ilumine nossos caminhos a seguir os passos de Jesus. Meire e Gilson CRP Centro-Oeste

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PROVÍCIAS PROVÍNCIA LESTE I

Cuidamos das coisas do Senhor e Ele cuida das nossas Iniciamos nossa caminhada como CRP Leste em 2017,em continuidade à missão do querido casal Bete e Carlos Alberto. Ao assumirmos, a Leste contava com 11 Regiões, 61 Setores e 695 equipes, com um total de 8.960 equipistas. E, após três anos, estando com 12 Regiões, 66 Setores, 777 equipes e 9.950 equipistas, vimos chegada a hora de multiplicá-la, através de um estudo acompanhado desde 2015 e que tivemos a alegria de vê-lo concretizado no Colégio Nacional ocorrido em setembro de 2020. Neste caminhar à frente da Província entramos para uma pequena parte da história do Movimento com a criação da Região Rio VI e de cinco novos Setores, quase 1.000 novos membros e a multiplicação da Província Leste – um presente aos 70 anos das ENS no Brasil. Nossa vida sempre foi um caminhar dentro da Igreja. Nos conhecemos ainda garotos no grupo Jovem da Igreja São Francisco Xavier no RJ e, desde então, tivemos muitas oportunidades de participar de pastorais e movimentos de evangelização para jovens e adultos. Com o passar

dos anos, fomos descobrindo novos caminhos até conhecermos as ENS. Sua pedagogia, a convivência com outros casais e sacerdotes, a ajuda mútua e o crescimento espiritual nos motivavam e aos poucos fomos nos apaixonando pelo Movimento. Em 2010,fomos chamados para a missão de CRS, de início a dúvida, por que nós? E mais uma vez, o Senhor se fez presente em nossas vidas, precisávamos Dele e Ele contava conosco – “eis-nos aqui, Senhor” –, trilhamos novos caminhos e só graças recebemos desde então. Veio o convite para CRR – Ele nos preparava e indicava a uma nova missão, a de CRP. Tem sido um caminho engrandecedor, cuidamos “das coisas do Senhor” e Ele cuida das nossas, em Suas mãos nos entregamos e estamos sempre a ouvi-Lo: “Sem mim nada podeis fazer”. Leila e Fernando CRP Leste I

PROVÍNCIA LESTE II

Abertura dos corações mineiros à vontade e ao amor de Deus devem ser o fermento Ao rendermos graças ao Senhor pelos 70 anos das ENS no Brasil, vivenciamos também a alegria do fortalecimento do

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nosso Movimento com a multiplicação da Província Leste. A Província Leste II, circunscrita ao estado CM 537


PROVÍCIAS

de Minas Gerais, é fruto de um lindo e abençoado trabalho realizado pelos Casais Provinciais e seus colegiados, que nos antecederam, possibilitando um crescimento acentuado no número de equipes e, principalmente, oferecendo um profundo caminho de conversão cristã, pessoal e em casal a todos os equipistas. Formada atualmente por 5 Regiões, 30 Setores, nos quais estão distribuídos em torno de 4.950 equipistas, a Província Leste II se estende por pelo menos 30 municípios mineiros. Com a graça de Deus, e sob a intercessão de Maria, nossa Mãezinha, muito já foi feito, e ainda há muito a fazer para que cultivemos e levemos aos casais dos quatro cantos das Minas Gerais um modo mais cristão de ser e viver a beleza do sacramento do Matrimônio. A abertura dos corações mineiros à vontade e ao amor de Deus, a vivência da Verdade e o Encontro e Comunhão pessoal e em casal, atitudes cristãs a

serem assumidas, devem ser o fermento para que tenhamos equipes fortes se aprimorando espiritualmente em direção à santidade. Inspirados pela fé, palavras e ações de Pe. Caffarel, a Oração deve ser a fonte santa e inesgotável da presença de Deus em nossas vidas, e a formação a base para aprofundarmos na Palavra e no Movimento, fortalecendo na missão de evangelizar todos que desejarem viver em casal o projeto de Cristo. Que o Senhor nos conceda a graça de realizar a Sua vontade a cada dia, sob a unção do Seu Santo Espírito e sob a fiel e constante intercessão de nossa Mãe! Lu e Marcello CRP Leste II

PROVÍNCIA SUL I

Sob o impulso da oração A Província Sul I, berço do Movimento das ENS no Brasil, em 1950 inicia com Nancy e Pedro Moncau sua caminhada sob a ação do Espírito Santo. Eles ouvem o chamado de Deus, o mesmo feito ao Padre Caffarel e aos quatro casais na França. Inicia-se uma jornada com a primeira reunião em São Paulo em 13 de maio de 1950 e com o empenho de muitos equipistas. Nesses 70 anos a Província Sul I reúne hoje em torno de 10.000 equipistas, 12 Regiões, 63 Setores presentes em 67 cidades, unidos pelo amor sem fronteiras de parte do estado CM 537

de São Paulo. Muitos foram os desafios em levar a seiva do Movimento, plantar as sementes, regar e florir onde Deus desejasse, e pelos testemunhos que nos impulsionam a cada dia, as graças recebidas são verdadeiros bálsamos. Cientes de zelar por esse tesouro,assumimos a missão de animar a Província Sul I em 2019 sob o impulso da oração e agraciados pudemos participar dos 12 EACREs, sentir de perto a acolhida e unidade,marcas registradas dos equipistas. Na condição de aprendiz e ouvinte

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PROVÍCIAS

já sentíamos a responsabilidade de cuidar das Formações, manter a unidade e sobretudo as equipes como verdadeiras comunidades missionárias e de oração. Em março de 2020, surge o imprevisto, a Covid-19, trazendo uma realidade não experimentada antes. Novas condições foram impostas para a segurança de todos, o planejado precisou de discernimento, exigindo adaptações, e a iniciativa e criatividade dos equipistas foram brilhantes. Mais uma vez nossas ferramentas (PCEs) foram decisivas em manter nosso carisma.

Desejamos que o elo divino entre o passado e o presente fortaleça o futuro,sob o sopro do Espírito Santo e a proteção de Nossa Senhora, na busca da santidade, desejo único de Deus para todos nós Seus filhos amados. Vivamos o sacramento do Matrimônio à luz da fé, unidos a Deus e em comunidade. Rose e Rubens Rose e Rubens CRP Sul I

PROVÍNCIA SUL II

A multiplicação de Regiões e Setores e a expansão sempre muito promissores A Província Sul II reúne grande parte dos municípios do interior do estado de São Paulo. Sua história foi marcada pela dedicação dos equipistas em levar o carisma e a mística do Movimento para outras famílias. O início do que corresponde hoje ao território da Província Sul II remonta a 1957, período marcado pela primeira visita do Padre Caffarel ao Brasil. As ENS chegaram a várias cidades do interior, entre as quais Ribeirão Preto e Jaú. Por ocasião da cerimônia de instalação dos Setores estiveram presentes Dona Nancy e Pedro Moncau Jr., acompanhados por Monique e Gérard Duchêne e equipistas de outras cidades para celebrarem esse momento histórico.

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As perspectivas eram encorajadoras, para que as ENS chegassem cada vez mais longe. A expansão continuava com entusiasmo, persistência e determinação dos casais. Uma reformulação na organização do Movimento era preciso para tornar eficiente o trabalho de expansão. Em 1999, com a extinção da ECIR, foi constituída a Super-Região Brasil e suas Províncias. O primeiro CRP foi Rosinha e Anésio Polles, da Equipe 1, Setor A, de São José do Rio Preto-SP. Atualmente a Província é composta por 7 Regiões (SP-Leste, SP-Nordeste SP-Norte I, SP-Norte-II, SP-Oeste-I, SP-Oeste-II e SP-Oeste-III), 45 Setores, 566 equipes, 3.127 casais, 51 CM 537


PROVÍCIAS

viúvas/os e 317 SCE/AE, totalizando 6.642 membros. No período que em estamos na missão de CRP (2016 a 2020) ocorreram multiplicações de Região, Setores e expansão em várias cidades circunvizinhas, sendo muito promissora. Nossa eterna gratidão ao Pe. Caffarel, Dona Nancy e Dr. Pedro Moncau e a todos que contribuíram e contribuem

para que possamos vivenciar a grandeza do nosso Movimento, não só na Província Sul II como em todo nosso Brasil! Lenice e José Carlos CRP Sul-II

PROVÍNCIA SUL III

A Província em constante crescimento As ENS surgiram no Sul do Brasil em 1954, semente lançada por Dona Nancy e Pedro Moncau, através do Padre Bianchini, que encontrou “terreno fértil”. Hoje é a Província Sul III, com oito Regiões nos estados do Parané, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Paraná temos três Regiões, das quais a mais recente é a PR-Oeste, que multiplicou, em razão do serviço de muitos casais da Região PR Norte que, vivendo o Movimento, viram o seu crescimento até a sua multiplicação. Em Santa Catarina, são duas Regiões: SC-I e SC-II. Iniciou em Florianópolis, com casais que já vinham de uma religiosidade familiar, permitindo a sua expansão não só em número como também na consciência de assumir o esforço para com os compromissos do Movimento. Importante ressaltar que em 1972 Padre Caffarel, quando visitou o Brasil, esteve pessoalmente em Florianópolis. O Rio Grande do Sul possui três CM 537

Regiões, sendo que a RS-III surgiu da recente multiplicação da RS-I, que era nossa maior Região. Ao longo dos anos a Região Rio Grande do Sul experimentou grandes dificuldades. Histórias que cruzaram o país, como foi a “Equipe das Catacumbas”, por causa das muitas dificuldades que, com a graça de Deus, foram impulso para o crescimento. Nossa Província está em constante crescimento, comprovando nesses meses de “pandemia”, através da presença e orientação atenciosa dos CRR e SCER juntamente com suas Equipes de Região. Com criatividade e esperança por dias melhores, vêm atendendo com muito zelo e cuidado as dificuldades, animando, confortando e orientando os casais. Flor e Celso / Frei Levi CRP Sul III

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SRB CASAIS APOIO

Carta Mensal, e sua trajetória Nesta data especial, vejamos a trajetória desse maravilhoso instrumento de comunicação cujo objetivo desde 1969 é promover o intercâmbio entre os equipistas, ser um meio de formação e informação caminhando com a igreja, conforme descrito no livro Ensaio Sobre seu Histórico, de Dona Nancy. Neste mesmo livro,algumas curiosidades sobre o começo: em 1950, a Carta Mensal era exclusivamente uma tradução da Carta francesa e totalmente feita por Dr. Pedro Moncau, em sua própria residência. Ele traduzia as Cartas francesas que recebia, mimeografava e distribuía aos equipistas brasileiros. Em 1953, além das traduções, passou a ter um anexo com as notícias daqui. Em 1957, após a visita do Pe. Caffarel ao Brasil, seu conteúdo foi ampliado com notícias da igreja, resenha de livros e relato das iniciativas dos equipistas comunicados pelos CL. Em 1961, passou a ser impressa como “livro de bolso” e entregue para os equipistas pelos correios. Entendemos que só poderemos seguir adiante conhecendo e reconhecendo a linda história desse serviço construído a tantas mãos. Por isso, nestes 70 anos, agradecemos a todos que passaram pela

CM como responsáveis, colaboradores e SCEs. Com certeza, sempre contamos com o “dedo de Deus” a nos direcionar, parafraseando os queridos Silvia e Chico. Cada um dos nossos antecessores incrementou e alimentou as propostas iniciais. Assim, hoje a CM pode ser lida, ouvida e acessada quando quisermos, sendo minimizadas algumas dificuldades de outrora. Além do mais, num único “clik”, encontramos todas as edições para consulta em nosso site. Como somos um “Movimento”, todos os serviços são dinâmicos e nunca estarão concluídos! Cada um que chega caminha e avança para onde Deus quer. E assim nos sentimos felizes por estarmos colaborando com este serviço que nos encanta, mas que só é possível pela misericórdia de Deus. Parabéns a todos os envolvidos nesta história e aos equipistas que assumem a leitura da Carta Mensal como forma de crescimento e construção da vida equipista. Débora e Marquinho CR Carta Mensal

Carta Mensal, como instrumento de Unidade do Movimento Deus seja louvado pela vida do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Chegamos aos 70 anos

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de presença equipista em ter ras brasileiras. Um pedido brota de nossos corações: “Completai CM 537


SRB CASAIS APOIO

em nós, Senhor, a obra começada” (Sl137,8). Esta obra é de Deus, não é humana. É certo que Deus usou de instrumentos humanos para tal empreendimento, como é o caso do Pe. Caffarel e de tantos casais, mas o impulso veio do alto, veio do Espírito. À medida que os anos vão passando, esta certeza se torna ainda mais evidente: Deus suscitou as Equipes de Nossa Senhora para serem pequenas barcas, tendo Cristo no centro, para conduzirem as famílias para o Céu.

Suplicamos a Deus que continue agindo em nós,completando a obra de santidade que Ele começou, somos barro nas mãos do Senhor. Louvo a Deus por todos aqueles que ao longo desses anos contribuíram com a Carta Mensal, obrigado pelo zelo e empenho.A Carta contribui com a unidade do Movimento,nos tornando mais próximos uns dos outros.Parabéns,equipistas, parabéns a você que fez esta Carta ser realidade evangelizadora no seio do Movimento. Pe. Franciel L. da Silva SCE da Equipe da CM

Secretaria e Tesouraria: apoiando o crescimento das ENS Quando comemoramos os 70 anos das ENS no Brasil, impossível não pensar nos dedicados casais que nos precederam na missão de Casal Secretário e Tesoureiro da SRB. Casais que nos legaram uma estrutura bem organizada e capaz de dar suporte às atividades das ENS por todo o Brasil. Temos um Secretariado bem montado, onde contamos com o apoio de quatro colaboradores. Um sistema de cadastro e de gestão administrativo-financeira, o Magnificat, apoia os quadros do Movimento na sua missão. Contamos com um processo eficiente para recebimento e contabilidade das contribuições financeiras, garantindo sua correta utilização em prol de todos os equipistas. Claro, tudo isso pode melhorar – o que é parte de nossa missão –, mas rendemos graças por todos que, antes de nós, deram sua contribuição para adequar a estrutura à realidade cambiante de um Movimento continuamente em expansão. Partindo das informações presentes no CM 537

livro de Dona Nancy Moncau, Ensaio Sobre seu Histórico, nos surpreendemos com o crescimento das ENS nos últimos 20 anos, a partir da criação da Super-Região Brasil. Neste período, nós mais que dobramos o número de casais, conselheiros, equipes e setores! Hoje, somos 27.286 casais, 2.809 conselheiros, 4.641 equipes e 375 Setores. Começamos o século XXI com 7 Províncias e 35 Regiões, mas hoje alcançamos o número de 9 Províncias e 65 Regiões. Cada um de nós, equipistas de todos os tempos, por nossa contribuição financeira ou doação de nosso trabalho, colabora para a linda realidade de equipes espalhadas em 25 das 27 unidades federativas do Brasil.De uma forma ou de outra,contribuímos para este contingente de quase 58.000 brasileiros buscando a santidade no caminho das ENS. Lourdes e Sobral CR Secretaria e Tesouraria

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SRB CASAIS APOIO

Os intercessores e os 70 anos das ENS no Brasil Em abril de 2018, na reunião da SRB, Goretti e Moacir expuseram o seguinte relato sobre os intercessores: “Os primeiros dados de registro que se encontram são por volta do ano de 1973, porém, desde a primeira visita do Pe. Caffarel ao Brasil, sabemos que ali já nasceram os primeiros intercessores. Concretamente podemos afirmar que em 2015 nossa família de intercessores contava com 968 inscritos, e graças ao apoio da equipe da SRB, em abril de 2018 estávamos com 1.893 (lembrando que muitas inscrições são de casais com uma única inscrição), ou seja, demoramos 42 anos para chegar a 968 e em três anos conseguimos dobrar este número, com a graça de Deus e o apoio dos irmãos”. Quando dissemos SIM ao Movimento em 2018, como Casal Responsável Nacional dos Intercessores, na verdade não sabíamos da grandeza desse serviço. No período que nos antecederam, o casal fazia uso da internet para envio de

pedidos de oração e receber os pedidos de adesão. As cartas trimestrais dos intercessores e os pedidos de oração individual impressos eram enviados via correio. Ao assumirmos o serviço, continuamos a enviar os pedidos de oração e receber as fichas de adesão por meio eletrônico. Em janeiro de 2019, por decisão do colegiado da SRB, devido aos altos custos da impressão e do envio pelo correio, os envios passaram a ser exclusivamente por meio eletrônico. Com a divulgação nos EACRES e também pelo trabalho dos irmãos, hoje a família dos intercessores conta com 2.480 inscrições (Magnificat, agosto de 2020). Contando com a oração de todos continuaremos servindo e esperando que as ENS sejam um Movimento de muita oração. Sonia e Eiyti CR Intercessores

Não há distância, não há barreira nem isolamento quando o assunto é comunicação Nestes 70 anos das ENS no Brasil, é preciso fazer memória de como a “comunicação” evoluiu. Tudo começou através da troca de cartas transoceânicas, em francês, entre o Dr. Pedro Moncau e o Pe. Caffarel. MUITO tempo passou, o Movimento cresceu MUITO, e as exigências de

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comunicação também... Embora a figura do Casal Comunicação já estivesse prevista em 1998, por ocasião da transformação da ECIR (Equipe de Coordenação Inter-Regional) em SRB (Super-Região Brasil), apenas na segunda formação da SRB ele iniciou de fato. CM 537


SRB CASAIS APOIO

O primeiro Casal Comunicação foi Rosa e Paulo, no período de 2004 a 2009, seguidos por Jussara e Daniel, até 2014, quando então assumiram Cris e Brito até 2018. A partir de agosto de 2018, nós assumimos o serviço. Se a ideia inicial era de um casal que representasse o Movimento em eventos e perante a Igreja, a dinâmica da comunicação mostrou que muito mais precisava ser feito. E como foi! Com muita criatividade, essa “pasta” tem (re)inventado e inovado nesses 16 anos, acompanhando a alucinante evolução da tecnologia da informação: site, redes sociais, manual, lives, canal de vídeo... e muito mais! A “rede” sobre todos os cantos do Brasil, da qual nos falava nosso fundador, também é virtual! Hoje, qualquer equipista,

independentemente de onde esteja, pode acessar o site, ler ou ouvir a Carta Mensal, comprar um livro ou documento, deixar seu comentário e curtida em nossas páginas, assistir a depoimentos históricos on-time ou gravados. Não há distância, não há barreira nem isolamento quando o assunto é comunicação! E como, desde o início, os impulsos transmitidos nessa longa rede de solidariedade são gerados por amor, aguardemos, ansiosos, pelo “novo” que em breve e sempre surgirá. Tatiana e Rubens CR Comunicação Externa

Padre Henri Caffarel: Legado e Causa Os anos que precederam os 70 anos das ENS no Brasil foram marcados pela perspectiva de conclusão da primeira etapa do Processo de Causa de Canonização do Padre Caffarel, o reconhecimento de suas virtudes. Por parte do Brasil, foram relatados alguns casos de cura, hoje ainda sendo analisados pelos peritos em Roma para um eventual reconhecimento de milagre, outro passo importante dentro deste processo. Continuam sendo cada vez mais de suma importância a leitura e a divulgação dos ricos escritos do Padre Caffarel, ao mesmo tempo em que cresce o reconhecimento da necessidade de ele ser conhecido também fora do Movimento. Estas metas receberam especial atenção nestes últimos anos. No ano de surgimento da Covid-19 (2020), as Equipes de Nossa Senhora CM 537

voltaram os seus olhos, de modo muito peculiar, com pedidos para que o Padre Caffarel pudesse interceder também para pôr fim à pandemia, convictos de sua força intercessora. Foi elaborado um terço para que todos pudessem pedir essa intercessão e para que a Igreja avançasse no reconhecimento de sua santidade. Aliás, a busca da santidade, tão claro e frequentemente levantada pelo Padre Caffarel como objetivo de vida, recebeu importantes reforços nas recentes exortações papais, algo verdadeiramente marcante! Afra e Beto CR Causa de Canonização do Padre Caffarel no Brasil

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EDIÇÃO E PRODUÇÃO DA CARTA MENSAL

O Serviço que acompanha a Super Região há 20 Anos O estar a serviço no Movimento em qualquer que seja a situação é sempre muito gratificante e compensador. Poder dar testemunho do quanto bem nos faz o estar disponível oferecendo nossas ideias, pensamentos e também nossos braços para colaborar na permanente construção e valorização do nosso Movimento; é tarefa que só quem dá esse passo consegue avaliar. E dentro desse conceito é possível afirmar que os que mais ganham são os que se colocam a serviço. Para nós, que em 2020 completamos 42 anos de Movimento e 20 anos de jornada prestando serviços às equipes no Brasil, tudo começou no ano 2000, quando fomos convidados pela coordenação geral do Movimento a realizar um trabalho na área editorial por força de nossa profissão (editores), e justamente quando as ENS no Brasil ampliavam e reafirmavam sua linha de atuação, com a criação da Super-Região Brasil, que, além da continuidade da edição da Carta Mensal, havia a preocupação em produzir e fazer circular amplo material editorial em formatos de documentos, livros e periódicos oferecendo assim suporte para maior conhecimento do casal equipista em sua formação conjugal e espiritual.

E agora, o Movimento completando 70 anos de existência, forçosamente damos um mergulho no passado e constatamos até com certo orgulho o quanto todos aqueles que estiveram a serviço já fizeram pelo Movimento, e fica sempre a sensação do dever cumprido. Mas, acima de tudo, tenham certeza, como dissemos acima, de que os que mais aproveitam são os que se colocaram a serviço de seus irmãos. É esse o milagre de nossa confiança em Deus, muitas vezes nos lançamos por caminhos até desconhecidos, mas à medida que nossa confiança vai crescendo, o Senhor vai nos suprindo de condições, coragem e discernimento para que o resultado seja sempre milagroso.

Este tempo, caminhando com as equipes, tem sido de grande riqueza para nós, pois, além das oportunidades de contribuir por meio de nosso trabalho na intensa produção de publicações, configura-se para nós como um grande exercício de convivência, não só produtiva, pois temos experimentado no trabalho com as diferentes gestões de Responsáveis por publicações do Movimento o exercício do entendimento, da criatividade, da transmissão de conhecimentos de uns para com os outros, e sobretudo da amizade que surge entre irmãos que comungam dos ideais de missão cristã.

Mas o nosso agradecimento maior é a Deus por nos ter permitido vivenciar momentos que já estão gravados em nossa história e também em nosso coração.

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Lembrar das pessoas com as quais pudemos trabalhar e criar laços não só pelos resultados, mas principalmente afetivos,é uma forma de agradecer e louvar o Senhor pelas oportunidades que nos foram dadas.Muito obrigado todos os responsáveis nas diferentes coordenações, mas especificamente amigos e coordenadores da Carta Mensal em seus respectivos períodos: Silvia e Chico, Cecília e José Carlos,Graciete e Gambim,Zezinha e Jailson, Fernanda e Martini e agora, mais recentemente, Débora e Marquinho.

Fiquem com o melhor de nossos sentimentos, feliz e abençoado 70 anos Maria Alice e Ivahy Barcellos Eq. N. S. de Todos os Dias São Paulo/SP novabandeira.com CM 537


CONTRIBUIÇÃO DE PETER NADAS

Recebemos há algum tempo este texto de autoria do saudoso Peter Nadas. Ele e sua Helene, equipistas dos primeiros tempos, muito envolvidos e sempre disponíveis na vida do Movimento. Uma homenagem ao Peter e um presente para nós.

Casamento & Expectativas Uma das razões mais fortes de fracasso no casamento é uma expectativa excessivamente alta que os noivos têm ao casar. A Exortação Apostólica Amoris Laetitia, elaborada pelo Papa Francisco a partir das conclusões dos dois Sínodos sobre a Família,realizados em 2014 e 2015, aponta pelo menos quatro fatores que influenciam a criação de tais expectativas:1

1. Influência da mídia

A Exortação cita a “a publicidade falaciosa e consumista” (nº 135) que apresenta uma imagem perfeita demais da família e que raramente corresponde à realidade. Criam-se ideais que alimentam imagens fantasiosas sem qualquer relação com a realidade, e que são apresentadas como paradigmas do casamento ou da família perfeita. Filmes de cinema ou shows de televisão, por exemplo, geralmente não levam em conta a complexidade das tarefas diárias que resultam em situações de estresse: cuidar da manutenção e da limpeza da casa, educar os filhos, exercer um trabalho profissional e manter um relacionamento intacto e amoroso com o esposo ou a esposa. Frequentemente, a mídia só focaliza uma ou outra dessas áreas e apresenta um final feliz para as tensões ou os conflitos fictícios. A comparação que a pessoa estabelece da própria vida conjugal ou familiar com essas imagens simplistas acaba levando,mais cedo ou mais tarde, a frustrações e decepções. 1

2. Influência da família

Em dois parágrafos da Amoris Laetitia (239 e 240), o Papa se detém para considerar a importância do que ele chama de “velhas feridas”. São experiências da família de origem que cada cônjuge traz consigo e que também podem afetar suas expectativas. Uma infância e uma adolescência mal vividas acabam por influenciar e prejudicar com frequência a vivência matrimonial. Diz Francisco: Às vezes ama-se com um amor egocêntrico próprio da criança, fixado numa etapa onde a realidade é distorcida e se vive o capricho de que tudo deva girar à volta do próprio eu. É um amor insaciável, que grita e chora quando não obtém aquilo que deseja. Outras vezes ama-se com um amor fixado na fase da adolescência, caracterizado pelo confronto,a crítica ácida,o hábito de culpar os outros, a lógica do sentimento e da fantasia, onde os outros devem preencher os nossos vazios ou

As reflexões aqui expostas decorrem, em sua maior parte, de um artigo escrito por Stephanie Höllinger, na coletânea de matérias sobre a Exortação Apostólica reunidas sob o título “A Point of no return?”, publicado pelo instituto INTAMS sob o número 2 de sua série “Estudos sobre Matrimônio e Família” em 2017.

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apoiar os nossos caprichos. (nº 239)2 No parágrafo seguinte, ele acrescenta que por vezes “uma relação mal vivida com os seus pais e irmãos, que nunca foi curada, reaparece e danifica a vida conjugal” por dar origem a noções errôneas sobre o amor, criando assim expectativas demasiadamente altas para a vida a dois.

3. Influências individualistas

Citando os relatórios finais dos dois Sínodos, o Papa escreve3: Há que considerar o crescente perigo representado por um individualismo exagerado que desvirtua os laços familiares e acaba por considerar cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer,em certos casos,a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos assumidos com carácter absoluto.4 As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada da posse e fruição geram no seio das famílias dinâmicas de impaciência e agressividade.5 Em outras palavras, as expectativas pessoais são vistas como ponto de referência fundamental e acabam exigindo que o parceiro ou a parceira se adapte a elas. As expectativas de cada um tornam-se as únicas diretrizes da vida conjugal, chocando-se com as do outro ou então dominando-as completamente. No nº 145 da Exortação, o Papa escreve: Há pessoas que se sentem capazes de um grande amor, só porque têm grande necessidade de afeto, mas não conseguem lutar pela felicidade dos outros e vivem confinadas nos próprios desejos. Neste caso, os 2 3 4 5 6

sentimentos desviam dos grandes valores e escondem um egocentrismo que torna impossível cultivar uma vida sadia e feliz em família. Um exacerbado egoísmo reforça a ilusão de que a pessoa tem relacionamentos perfeitos, ignorando suas limitações. Leva a acreditar que as próprias expectativas são condições reais que devem ser atingidas sem exceção. Essa mesma ignorância das limitações humanas conduz à “imperiosa necessidade de possuir” os outros. Na sociedade de consumo, tudo se destina a ser comprado, possuído ou consumido, incluindo as pessoas. Daí umas exigências excessivas feitas ao cônjuge em um contexto de necessidade incondicional e imediata de realização. Na medida em que, face a este egoísmo que não reconhece as limitações próprias ou do cônjuge,vai se descobrindo as fraquezas recíprocas, surgem as frustrações que levam, frequentemente, à separação.

4. Influências eclesiais

O Papa Francisco chama também a atenção para a imagem eclesial do casamento e da família que se distancia cada vez mais da vida real. Ele argumenta6 que a Igreja Católica tem apresentado um ideal teológico do matrimônio demasiado abstrato, construído quase artificialmente,distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são.Esta excessiva idealização, sobretudo quando não despertamos a confiança na graça, não fez com que o matrimônio fosse mais desejável e atraente; muito pelo contrário. Alguns teólogos definiram esse ideal

Para as citações da Exortação utilizou-se a tradução do site do Vaticano. AL (Amoris Laetitia) 33. Relatio Synodi 2014, nº 5. Relatio Finalis 2015, nº 8. AL 36.

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como uma “tríplice ideologia”7: • “ideologia da fertilidade”, ou seja, a reprodução sendo a legitimação primária da sexualidade; • “ideologia das células”, ou seja, o casamento e a família sendo a única base da sociedade e • “ideologia da fusão”, ou seja, o casamento e a família sendo a imagem ideal. A teóloga Marianne Heimbach-Steins escreve a este respeito: A visão tríplice do casamento e da família na representação cristã reflete uma parcial negação da realidade social.A preocupação em dar uma clara orientação e instruções normativas sem ambiguidade para oferecer um suporte às pessoas na maneira de viverem suas vidas não deve, de forma nenhuma,ser menosprezada.Mas ela irá certamente falhar se não consegue estabelecer uma ponte para as tensões entre o ideal e a realidade. Essas mesmas preocupações constam da Amoris Laetitia, quando o Papa Francisco escreve, com firme clareza, ao apresentar a abordagem intraeclesial como uma “fria moral burocrática”8,sem por isso negar nem diminuir a doutrina do matrimônio.Muito pelo contrário, enfatiza que “de modo algum,deve a Igreja renunciar a propor o ideal pleno do matrimônio,o projeto de Deus em toda a sua grandeza”9.Em outras palavras, a doutrina continua sendo um importante ponto de orientação, mas tendo em vista que a visão de imagens perfeitas sem uma análise crítica desvia a atenção dos desafios conjugais e familiares existentes, a Igreja precisa também permanecer aberta a experiências de vida diferentes.Eis o que diz a respeito o último parágrafo da Exortação:

Como recordamos várias vezes nesta Exortação, nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada de uma vez para sempre,mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (...) Mas contemplar a plenitude que ainda não alcançamos permite-nos também relativizar o percurso histórico que estamos fazendo como família, para deixar de pretender das relações interpessoais uma perfeição, uma pureza de intenções e uma coerência que só poderemos encontrar no Reino definitivo.Além disso,impede-nos de julgar com dureza aqueles que vivem em condições de grande fragilidade.Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites,e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! Aquilo que se nos promete é sempre mais.Não percamos a esperança por causa dos nossos limites,mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida.10 Em outras palavras, é necessário que a Igreja parta da realidade concreta das mulheres e dos homens e acompanhe a estrada cheia de obstáculos trilhada por aqueles que vivem situações complexas e muitas vezes traumáticas, sem por isso negar o ideal – elevado e nunca completamente atingido – proposto pelo sacramento do Matrimônio. Quando no decorrer do casamento descobre-se que as expectativas que se tinha não poderiam ser atingidas de imediato, será que a solução está em romper a união matrimonial, em separar,

Citados por Stephanie Höllinger: R. Ammicht Quinn e M. Heimbach-Steins. AL 312. 9 AL 307. 10 AL 325. 7 8

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em divorciar? Procurar outro parceiro ou parceira com quem seja mais provável encontrar a satisfação das expectativas? Quando se descobre a realidade mais limitada e problemática do que se sonhara,a solução não é pensar imediata e irresponsavelmente na separação, mas assumir o matrimônio como um caminho de amadurecimento, onde cada um dos cônjuges é um instrumento de Deus para fazer crescer o outro (AL 221). Ao participarmos de encontros de preparação para o casamento, costumávamos dizer aos noivos que, em vez de olhar para o casamento como o coroamento de seu amor, vissem o sacramento do Matrimônio como um caminho para construírem juntos o seu amor. Mas a questão, a grande dúvida que surge na mente dos jovens, é: como construir este amor? Que instrumentos temos para isso? O Catecismo da Igreja Católica, em seu número 1641, diz: “A graça própria do sacramento do Matrimônio se destina a aperfeiçoar o amor dos cônjuges”. E para ajudar os cônjuges a encontrar os meios para essa construção do amor, o Papa, na Amoris Laetitia (nos 90 a 119) faz uma profunda meditação sobre o hino à caridade escrito por São Paulo no capítulo 13 de sua primeira carta aos Coríntios, nos versículos de 4 a 7:

5. A caridade é paciente, a caridade é bondosa.

Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante.

6. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. 7. Não se alegra com a injustiça, 11 12

mas se rejubila com a verdade. 8. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Há quatro pontos básicos nessa meditação do Papa Francisco, que poderão ajudar o casal a caminhar na construção do amor: a. libertar-se do egoísmo; b. aceitar as diferenças; c. disposição para o perdão e d. a esperança.

Libertar-se do egoísmo

Ao iniciar o hino com uma referência à paciência, segundo a leitura que o Papa faz, Paulo não se refere basicamente ao que geralmente é associado com a ideia,ou seja,a resistência ao tempo,a perseverança etc.: Ter paciência não é deixar que nos maltratem permanentemente, nem tolerar agressões físicas, ou permitir que nos tratem como objetos. O problema surge quando exigimos que as relações sejam idílicas,ou que as pessoas sejam perfeitas, ou quando nos colocamos no centro esperando que se cumpra unicamente a nossa vontade.11 Ou seja, temos de ir aceitando que se o outro não corresponde às nossas expectativas, não é motivo para “reagirmos com agressividade”. Reconhecer que, apesar de não ser como esperávamos, o outro também tem o direito de viver conosco nesta terra. Não reagir com violência ou agressividade quando as coisas não acontecem como esperávamos. O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão,que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente daquilo que eu desejaria.12 É bom lembrar, todavia, que o Papa não diz que cada um deve simplesmente abandonar suas expectativas; pelo contrário, em capítulo posterior, ele escreve:

AL 92. Ibidem.

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O ideal do matrimônio não pode configurar-se apenas como uma doação generosa e sacrificada, onde cada um renuncia a qualquer necessidade pessoal e se preocupa apenas em fazer o bem ao outro,sem satisfação alguma. Lembremo-nos de que um amor verdadeiro também sabe receber do outro...13 Mas a Exortação não deixa de considerar as expectativas por demais altas, que são muitas vezes profundamente ligadas a características egoístas, como já foi visto acima. Mais precisamente, a tentativa de impor ao outro as próprias convicções e opiniões sem reconhecer as suas expectativas é um processo altamente egoísta, com consequências conflituosas ou então levando a uma cega dominação sobre o outro.

Aceitar as diferenças

Tratando-se de um ponto intimamente ligado ao libertar-se do egoísmo, o Papa Francisco chama atenção para a aceitação das diferenças.Assim,a paciência e o cuidadoso desapego só tomarão forma quando reconheço que o outro, assim como é, também tem direito a viver comigo nesta terra.Não importa se é um estorvo para mim, se altera os meus planos, se me molesta com seu modo de ser ou com as suas ideias,se não é em tudo como eu esperava.O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente daquilo que eu desejaria.14 Aceitar o cônjuge apesar de suas diferenças implica em uma abertura de espírito que vai bem além do próprio ego e liberta de uma visão centrada em si mesmo. Neste sentido, o amor “não é invejoso”,

mas,ao contrário,aprecia os pontos fortes e alegra-se com os méritos do parceiro: A inveja é uma tristeza pelo bem alheio, demonstrando que não nos interessa a felicidade dos outros, porque estamos concentrados exclusivamente no nosso bem-estar. Enquanto o amor nos faz sair de nós mesmos, a inveja leva a centrar-nos em nós próprios.O verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios,não os sente como uma ameaça, libertando-se do sabor amargo da inveja. Aceita que cada um tenha dons distintos e caminhos diferentes na vida; e, consequentemente, procura descobrir o seu próprio caminho para ser feliz, deixando que os outros encontrem o deles.15 Mas essa aceitação não visa a busca de uma harmonia forçada entre os cônjuges, porque respeita as limitações antropológicas de cada um. “A fim de se predispor para um verdadeiro encontro com o outro, requer-se um olhar amável pousado nele. Isto não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios”, alerta o Papa. E acrescenta: “Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, podendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projeto comum, apesar de sermos diferentes”. Assim,não devemos procurar na convivência conjugal uma uniformidade, mas uma unidade na diversidade ou uma “diversidade reconciliada”.16 As duas atitudes, do abandono do egoísmo e da aceitação das diferenças, vão permitir que nos afastemos de expectativas pessoais e que criemos uma imagem do outro que inclua tanto seus traços positivos quanto negativos.

AL 157. AL 92. 15 AL 95. 16 AL 100 e 139. 13 14

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Disposição para o perdão

Os conflitos no relacionamento nunca são totalmente eliminados, mesmo que consigamos minimizá-los com as duas atitudes anteriores.Com referência a este aspecto, Paulo nos diz que o verdadeiro amor “não guarda rancor”.Ao contrário, “[o amor] ...tudo desculpa”. Este perdão é fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar desculpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). 17 A atitude de perdoar não é um simples gesto externo. Vale a pena aqui citar o nº 113 da Exortação, pois expressa bem o que deve ser o perdão entre esposos (o grifo é nosso): Os esposos,que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo o caso,guardam silêncio para não danificar a sua imagem.Mas não é apenas um gesto externo, brota de uma atitude interior. Também não é a ingenuidade de quem pretende não ver as dificuldades e os pontos fracos do outro,mas a perspectiva ampla de quem coloca estas fraquezas e erros no seu contexto; lembra-se de que estes defeitos constituem apenas uma parte, não são a totalidade do ser do outro: um fato desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento. Assim é possível aceitar, com simplicidade, que todos somos uma complexa combinação de luzes e sombras.O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que isso. E, pela mesma razão, não exijo que seja perfeito o seu amor para 17 18

o apreciar: ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o fato de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. É real, mas limitado e terreno. (...) O amor convive com a imperfeição,desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado. Em outras palavras,o fundamento do perdão está na vivência das duas atitudes anteriores, ou seja, o abandono do egoísmo e a aceitação das diferenças. Mas o Papa acrescenta aqui uma terceira condição, inserida na noção do perdão: é preciso, antes de mais nada, conseguir perdoar-se a si próprio. Por vezes, a crítica que recebemos de pessoas que amamos nos leva a perder a autoestima. Passamos a ter receio do que os outros pensam de nós e começamos, em nossa defesa, a culpar os outros.Assim, enquanto não nos perdoarmos e nos aceitarmos a nós mesmos, torna-se difícil perdoar os outros.

Esperança

A perspectiva de esperança vem completar as três atitudes citadas anteriormente. Trata-se de acreditar que a mudança é possível. Quem realmente ama sempre espera que seja possível um amadurecimento [do outro],um inesperado surto de beleza, que as potencialidades mais recônditas do seu ser germinem algum dia. Não significa que, nesta vida, tudo vai mudar; implica aceitar que nem tudo aconteça como se deseja, mas talvez Deus escreva direito por linhas tortas.18 No contexto do matrimônio e da família, essa esperança significa que o relacionamento não é fixo, rígido, mas tem a possibilidade de ser mudado ou melhorado. Portanto, é uma atitude que se contrapõe à resignação e ao desespero, se bem

AL 105. AL 116.

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que requer compromisso e por vezes um grande esforço. Mais adiante na Exortação,quando fala da preparação para o casamento, o Papa enfatiza esse aspecto: No caso de se reconhecer com clareza os pontos fracos do outro, é preciso que exista uma efetiva confiança na possibilidade de ajudá-lo a desenvolver o melhor da sua personalidade para contrabalançar o peso das suas fragilidades,com um decidido interesse em promovê-lo como ser humano. Isto implica aceitar com vontade firme a possibilidade de enfrentar algumas renúncias, momentos difíceis e situações de conflito, e a sólida decisão de preparar-se para isso.19 Assim, para enfrentar e superar expectativas excessivas, a atitude de esperança leva o casal a crer em um futuro a dois e a trabalhar nessa direção, mesmo em tempos difíceis. Olhar para frente com uma atitude positiva, mesmo tendo consciência e aceitando as limitações próprias e as do parceiro ou da parceira, resulta, geralmente, em uma habilidade maior para resolver problemas e, ao contrário da estagnação ou da resignação, em uma maior capacidade para crescer. Em conclusão, podemos considerar que as expectativas colocadas em um nível excessivamente alto pelos noivos ao se casar, na medida em que colocam uma pressão muito alta sobre a vida conjugal por não poderem ser atingidas, são causa, em muitos casos, de separação e divórcio. E, pela primeira vez, um documento do magistério da Igreja trata desse assunto em profundidade. Mas não trata, como acontece costumeiramente, criando regras e conclusões doutrinais. Amoris Laetitia procura, em vez disso, explorar as causas e as possíveis origens 19 20

dessas expectativas e aconselhar os casais a escolher caminhos para superar o problema. Ao falar da preparação para o casamento, o Papa escreve: “Os noivos deveriam ser incentivados e ajudados a poderem expressar o que cada um espera de um eventual matrimônio, a sua maneira de entender o que é o amor e o compromisso, aquilo que se deseja do outro, o tipo de vida em comum que se quer construir”. Em toda a Exortação, a abordagem usada pelo Papa é de natureza pastoral, o que levou o Cardeal Kasper a dizer que é uma concepção “não caracterizada por um dedo em riste, mas por uma mão estendida para ajudar”. Especificamente neste caso, em vez de produzir um documento “em defesa da verdade”, o Papa Francisco leva a Igreja a um processo de “aprender para ensinar”. Tal processo contém em si a perspectiva positiva que conduz ao crescimento e ao desenvolvimento do casal e da família. Um desafio da pastoral familiar é ajudar a descobrir que o matrimônio não se pode entender como algo acabado. A união é real, é irrevogável e foi confirmada e consagrada pelo sacramento do matrimônio; mas, ao unir-se, os esposos tornam-se protagonistas, senhores da sua própria história e criadores de um projeto que deve ser levado para a frente conjuntamente. O olhar volta-se para o futuro, que é preciso construir dia a dia com a graça de Deus e, por isso mesmo, não se pretende do cônjuge que seja perfeito. É preciso pôr de lado as ilusões e aceitá-lo como é: inacabado, chamado a crescer, em caminho.20

AL 210. AL 218.

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O livro dos 70 Anos das Equipes no Brasil ficou pronto! Já vai começar a ser distribuído na 2ª Quinzena de Novembro É uma edição especial em formato e nº de páginas maior, afinal para contar 70 anos de história precisávamos de espaço... Um documento histórico de grande importância para que os equipistas possam conhecer com detalhes como ocorreu essa empolgante missão de Nancy e Pedro Moncau em trazer para o Brasil as Equipes de Nossa Senhora. Contamos também a história das Províncias e seus desdobramentos. Uma leitura importante, esclarecedora e obrigatória para todo equipista. Boa Leitura ...

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