ENS - Carta Mensal 495 - Dezembro 2015

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Ano LV • dez • 2015 • nº 495

c a r ta Equipes de Nossa Senhora

Mensal

Um Natal de Paz, Alegria e muita Esperança SUPER-REGIÃO O Mistério do Natal p. 04

CORREIO DA ERI Anunciar, testemunhar e comunicar p. 08

VIDA NO MOVIMENTO 3o Encontro Internacional de CRR e CRP p. 16


CARTA MENSAL n0 495 • dez 2015

Editorial............................................. 01 Super-região Adeus ano velho, feliz ano novo........... 02 Lavar a alma ......................................... 03 Mistério do natal................................... 04 “Ele mostrou a força de ser braço”....... 05 CORREIO DA ERI “Duras são estas palavras, que as pode escutar?”............................................... 07 Anunciar, testemunhar e comunicar...... 08 IGREJA CATÓLICA XVII Congresso Eucarístico Nacional Belem 2016........................................... 11 Advento................................................ 12 Misericordiosos como o Pai................... 13 vida no movimento 3o Encontro Internacional de CRR e CRP .... 16 Encontro Mundias das Famílias............. 25 RAÍZES DO MOVIMENTO Cristãos decapitados............................. 27 Ler mais rápido e memorizar os trechos bíblicos................................. 29

acervo literário do padre caffarel A máquina de pensar............................ 30 TESTEMUNHO Mutirão 2015 uma chuva de bençãos... 32 Testemunho de um SCE......................... 33 Enfrentando as dificuldades.................. 34 A espiritualidade conjugal na ascese da vida.................... 34 partilha e pontos concretos de esforço O casamento é uma loteria? ................ 36 Mudando de atitudes através dos PCE..... 37 REFLEXÃO Fim de ano, tempo de balanço.............. 38 Natal nas ENS! ...................................... 39 Não servos, mas amigos........................ 40 FORMAÇÃO o ponto mais alto da vida de equipe..... 41 Partilha entre dois seres........................ 42 Férias: tempo forte ou tempo fraco?..... 05 notícias............................................... 43

Carta Mensal é uma publicação periódica das Equipes de Nossa Senhora, com Registro “Lei de Imprensa” Nº 219.336 livro B de 09/10/2002. Responsabilidade: Super-Região Brasil - Hermelinda e Arturo - Equipe Editorial: Responsáveis: Fernanda e Martini - Cons. Espiritual: Padre Flávio Cavalca - Membros: Regina e Sérgio - Salma e Paulo - Patrícia e Célio - Jornalista Responsável: Vanderlei Testa (mtb 17622) Edição e Produção: Nova Bandeira Produções Editoriais - R. Turiaçu, 390 Cj. 115 Perdizes - 05005-000 - São Paulo SP - Fone: 11 3473-1286 Fax: 11 3473-1285 - email: novabandeira@novabandeira.com - Responsável: Ivahy Barcellos - Imagem de capa: Gerard Van Honthorst - “Adoração dos pastores” - 1922 - Wallraf-Richartz-Museum - Diagramação, tratamento e preparação digital: Samuel Lincon Silvério - Tiragem desta Edição: 25.000 exs. Cartas, colaborações, notícias, testemunhos, ilustrações/ imagens, devem ser enviadas para ENS - Carta Mensal, Av. Paulista, 352 3o Conj. 36 - 01310-905 - São Paulo - SP, ou através de email: cartamensal@ens.org.br A/C de Fernanda e Martini. Importante: consultar, antes de enviar, as instruções para envio de material para a Carta Mensal no site ENS (www.ens.org.br) acesso Carta Mensal.


Editorial

Queridos irmãos equipistas, Chegamos ao final de mais um ano da Carta Mensal. 2016 se aproxima e traz o frescor das reflexões acerca do que realizamos para que, com a energia recarregada e o espirito leve, estejamos prontos para os sonhos e desafios que estão por vir. Com esta áurea alegre a Carta traz notícias do Encontro Internacional de Casais Responsáveis Regionais que ocorreu em Roma, no mês de Setembro, e do Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia, Estados Unidos, com a presença do casal responsável pela comunicação da SRB, Cristiane e Brito, ambos prestigiados pelo Papa Francisco. Como em dezembro inicia se o Ano Santo da Misericórdia, Dom José Roberto Palau, bispo auxiliar de São Paulo, nos brinda com um artigo esclarecedor para que possamos aplicar em nossas vidas a virtude da misericórdia. A equipe da Carta Mensal agradece a todos que de alguma forma ajudaram para que o trabalho fosse possível. Citar nomes seria uma missão ingrata em uma caminhada em que tantas pessoas ajudaram das formas mais generosas sempre que foi preciso. Esperamos continuar relatando momentos de testemunho, reflexão e formação providos pelos equipistas. Que isso contribua para o crescimento deste amado Movimento e promova nossa integração e unidade. Encerramos este editorial desejando a todos os irmãos um FELIZ NATAL e uma passagem de ano plena de felicidade e esperança para um ano novo ainda melhor! 

Equipe Carta Mensal Tema: “Ousar o Evangelho - Discernir os sinais dos tempos” CM 495

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Super-Região

Adeus ano velho, feliz ano novo... Fim de Ano!!! Particularmente gosto muito desta época. É certo que o motivo maior é o Natal, nossa grande festa cristã; contudo, todo o clima que envolve os últimos dias do ano também é especial. Clima este que arrisco definir com duas palavras: alegria e esperança. A alegria é porque parece que estamos fechando uma etapa da vida, deixando o “velho” para trás, aliviados com as coisas negativas que passaram e celebrando as grandes conquistas alcançadas. Já a esperança é porque estamos iniciando um novo tempo. Ela aparece justamente quando nos colocamos diante deste novo e, assim, acaba fomentando projetos e sonhos que queremos realizar nesta etapa futura de nossas vidas. Caros amigos e amigas, é justo nos alegrarmos e necessário ter esperança. Nós, cristãos, somos por natureza espiritual seres de alegria e esperança. Porém, é importante também considerar que, na verdade, só estamos mudando uma data. A responsabilidade por mudar as demais dimensões da nossa vida é nossa. Adianta muito pouco – porque também dura muito pouco – a alegria de deixar experiências negativas para trás se elas não foram resolvidas adequadamente, porque voltarão a nos assombrar logo no dia 1o de janeiro, quando você perceber que a festa acabou. Alegria que dura pouco também quando você perceber que as conquistas alcançadas de2

vem agora ser mantidas através do empenho e esforço. Comemorar é bom, mas com a consciência de quem sabe que o último dia do ano velho termina dando início justamente ao primeiro dia do novo ano. Aqui entra nossa esperança! Essa é a chave de tudo! Somos chamados a uma esperança ativa. A esperança de quem sabe que a realização dos planos e projetos depende de muito esforço e comprometimento. Quem de nós que já não passou pela experiência de dizer quantos quilos iria emagrecer no próximo ano, quanto iria rezar mais, brigar menos, ser mais paciente em casa, tratar melhor as pessoas... Tudo isso é positivo, mas deve ser também planejado com muito “pé no chão”. Que 2016 seja um ano de alegria, esperança e muito comp ro m i s s o c om D e us , c onos c o mesmos e com o próximo. Parafraseando o Papa Francisco, não tenhamos medo de nos machucarmos pelos caminhos de 2016, tenhamos medo da inércia que pode fazer com que 2016 fique só nos planos e nas boas intenções. Feliz, esperançoso e comprometido 2016!  Pe. Paulo Renato F. G. Campos SCE Super-Região CM 495


Lavar a alma Aproveitemos estes próximos meses para dedicar um olhar atento à nossa vida espiritual. Como lavamos nosso corpo, tirando-lhe as impurezas e até perfumando-o, também devemos “lavar nossa alma”, purificando-a para que o perfume exalado seja “cheiro de amor”. Será sempre este odor que exalamos? Então vamos propor um exercício espiritual: 1o passo: o encontro com Jesus: - Convidamos todos hoje mesmo a esta ação. “Não há motivos para alguém pensar que este convite não lhe diz respeito, pois da alegria do encontro com o Senhor ninguém é excluído” (Gaudete in Domino Paulo VI). E Bento XVI só reforça quando diz: “Ao início de ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá vida a um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus caritas est, 217). Portanto este encontro, além de despertar a fé, renova-a sempre. Somos privilegiados, pois temos a nosso dispor recursos como a Escuta da Palavra, a Meditação, a Oração Conjugal, o Dever de Sentar-se, a Regra de Vida e o Retiro, que podem nos levar a este encontro. Vamos hoje escolher apenas um, mas que seja benfeito. 2o passo: o autoconhecimento: CM 495

- Que surge naturalmente após o encontro. Aqui nos deparamos com nossas qualidades, mas também com defeitos que não gostaríamos de ter, e guardamos no coração sombras e amarguras que nos impedem de nos reconciliar conosco mesmos, e também com os outros, pois transferimos para os outros o que trazemos dentro de nós. O encontro com Jesus é um bálsamo que cura as feridas, e nos ensina a nos perdoar e a nos valorizar. 3o passo: não julgar: - Não criticar as pessoas é uma consequência do 2º passo, pois percebemos que não somos os detentores da verdade: a única Verdade é a de Jesus, não é a minha nem a do outro. Também, ninguém é inteiramente ruim, vamos descobrir a bondade nas pessoas. Vamos é parar de queixas e lamúrias, pois a alegria deve brotar até nas dificuldades e angústias. 4o passo: abrir o coração aos outros: 3


- Buscando as periferias existenciais, imitando Jesus: consolando, curando, servindo com misericórdia e alegria. Que todos possam receber a Boa Nova de pessoas tranquilas, pacientes e alegres, pois são as que primeiro receberam em si a alegria de Cristo (Ev. Nut., 75 Paulo VI).

Que este exercício espiritual nos devolva a pureza da alma, para bem celebrarmos o Natal que também nos renova, purifica e perfuma! Desejamos a todos um Ano Novo bem “limpinho” e mais feliz!  Hermelinda e Arturo CR Super-Região

O MISTÉRIO DO NATAL

Mais uma vez nos preparamos para viver o Natal. Que mistério é esse que nos envolve e toma conta de nós a cada ano ao aproximar-se esta data? Por mais que tentemos pensar que é um tempo comum, um tempo como outro qualquer, alguma coisa acontece no mundo e nas pessoas. Após o anunciar dos anjos para a humanidade: “Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,1011), o mundo não foi mais o mesmo. Um presente nos foi dado: o encontro do ser humano em Deus e de Deus no ser humano. Segundo o Papa São Leão Magno (no Nono Sermão sobre o Natal): a união de duas naturezas numa só pessoa (em Jesus Cristo), eis o que a pala4

vra não pode explicar, se a fé não o crer, e assim nunca falta motivo para o louvor... Alegremo-nos portanto de nossa incapacidade para falar de tão grande mistério de misericórdia, e, não podendo expressar o que há de sublime em nossa salvação, reconheçamos que é bom para nós ser assim vencidos...” A terra e o céu se encontraram num grande louvor. Aconteceu uma celebração com uma sintonia nunca imaginada: os anjos cantaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens que Ele ama”(Lc 2,14); uma estrela moveu-se a guiar os Magos na direção do Menino (Mt 2,9); Os Magos do Oriente deram-lhe de presente “ouro, incenso e mirra” (Mt 2,11), presentes para um rei; os animais cedem sua manjedoura (Lc 2,7); os pastores em sua simplicidade correm a adorar o menino (Lc 2,16) e Maria, representando toda a humanidade, o acolheu, primeiro em seu coração, depois no seu ventre e finalmente em seus braços! As trevas se fizeram luz! A noite tornou-se dia! É isso o Natal: festa de luz, de vida e do amor de Deus pelos homens, que enviou seu FiCM 495


lho para nos ensinar a amar. Agora podemos ver tudo: Deus como Pai, os outros, nossos irmãos, tudo isso por causa do mistério dessa noite santa: a noite de Natal! O Natal é amor, porque Deus é amor (1 Jo 4, 8). É paz, porque Jesus é o Príncipe da Paz (Is 6, 9). É consolo e alegria, porque o Espírito Santo é o Consolador e alegria (Jo 14, 16; Gl 5, 22). É a magistral comunhão trinitária que faz do Natal a verdadeira festa comunitária, é isso que nós queríamos dizer para vocês, meus irmãos equipistas:

preparem-se neste Natal para uma festa sobrenatural, para as alegrias vividas na fé, no conhecimento das realidades misteriosas e fantásticas que Deus nos reserva lá no céu e das quais Ele vai nos falando aqui na terra, em cada festa litúrgica, em cada Natal. Queridos Irmãos, desejamos a todos um Santo e abençoado Natal em Cristo e um Ano Novo cheio das Graças de Deus.  Conceição e Macedo CRP - Nordeste

“ELE MOSTROU A FORÇA DE SEU BRAÇO” (Lc 1,51) Todos os homens, de hoje e de ontem, encontraram-se envolvidos no Mistério do Transcendente e tentaram articular esta experiência, “pois nele vivemos, nos movemos e existimos...” (At 17,28). Para nossos pais, judeus escravos no Egito, o encontro tomou forma bem concreta na libertação da escravidão egípcia. Isto foi real e protótipo para o futuro. Este Deus envolvente tem como projeto pessoal convidar todos os homens a ultrapassar todas as crises pessoais, sociais, econômicas, políticas e religiosas. Nesta luta, Ele estará sempre conosco, em especial com os excluídos, os impossibilitados de qualquer saída. Ao longo da História as “classes dirigentes” apoderam-se deste Envolvente e impõem aos homens irmãos normas e princípios com os quais terão acesso ao Transcendente. Assim, normatizam o encontro e não CM 495

favorecem a dimensão libertadora que todo encontro implica, principalmente com o Senhor da Libertação. O povo tem dificuldade em assimilar esse contexto e ao seu modo tenta responder com pequenas atitudes, às vezes chegando à violência. Esse processo se deu na História da salvação, aconteceu no início da Era Cristã e será retomado em todas as épocas: “Como poderia eu abandonar-te, Efraim? (Os 11,8s). Nesse momento de negação da pessoa humana e das saídas possíveis vislumbradas pelos excluídos, a ação de Deus vai se 5


fazendo presente e coordenando o caos social e religioso envolvente. Só os pequenos sabem onde as propostas novas acontecem. Assim, no início da Era Cristã, lá na Palestina, em especial na região da Galileia, espaço intercultural de povos e nações, borbulham movimentos de libertação. Na Galileia, no meio dos negados pelas lideranças reinantes, surgem pequenos movimentos que tentam dinamizar a história em favor dos excluídos. Esses pequenos movimentos assumem as propostas já experimentadas no contínuo encontro do Deus da Aliança com “os restos da sociedade”. O Transcendente começa a dar ordem às situações degradantes em que se encontram os homens. Sacerdotes no Templo emudecem (cf. Lc 1,20); anjos anunciam gestações impossíveis (cf. Lc 1,13ss. 34s); primas se visitam (cf. Lc 1,39ss); anjos acordam pastores em plena noite para anunciar-lhes uma grande alegria (cf. Lc 2,10); chegam, equivocados, a Jerusalém magos do Oriente falando de uma estrela que virá brilhar no Oriente (Mt 2,2); profetas lançam propostas novas e falam da iminência do Reino de Deus (cf. Mt 3,1ss). Nesse contexto que a Carta aos Gálatas chama de “plenitude dos tempos” (cf. Gl 4,4), todos os desejos humanos começam a tomar forma, a Palavra se faz carne (cf. Jo 1,14). Um mundo novo e a favor dos pequenos vai tomando formas nas opções dos “homens de boa vontade” (cf. Lc 2,14). As multidões identificam-se com a Proposta de Jesus e O buscam libertando-se de todo aparato quer religioso ou social. O brado foi forte e capaz de dar perspectiva a todos os desgraçados da sorte, e a certeza é 6

que “Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes” (At 2,36). As novas chances nascem das lutas de todos os excluídos e não se tem plano bem “bolado”, mas precisa-se diante da realidade da negação humana estar consciente de que não temos mais o que esperar, “completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15). A situação requer conversão, não podemos ficar de braços cruzados esperando a “morte chegar”, temos de fazer alguma coisa. Que cada homem se sinta qualificado ao novo agir, que o Espírito do Senhor vai determinando nas opções cotidianas. Esta compreensão deu objetivo às pequenas comunidades em volta do Mediterrâneo no início da era cristã e tem força para refazer as crises da atualidade. Nós, brasileiros, fomos nesse ano de 2015 bombardeados de prognósticos catastróficos assustadores que, segundo o Papa Francisco, não podemos minimizar, mas a partir dessa situação somos chamados a refazer a fé que nos estimula a nos sentir maiores do que todas as crises, pois o Senhor estará sempre conosco. Nosso Deus continua de pé, em especial ao lado dos negados da sorte que buscam acertar. Nossa realidade, apesar de suas múltiplas crises, tem possibilidade de gestar algo novo: “a virgem concebera e dará à luz um filho”, grita a tradição da Igreja, e cantaremos em uníssono com Maria: “Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os que têm planos orgulhosos no coração” (Lc 1,51). Nesta perspectiva de fé: FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.  Pe. Neto SCEP - Nordeste CM 495


Correio da ERI

“Duras são estas palavras, quem as pode escutar?” (Jo 6,60) Foi a reação de muitos discípulos quando Jesus, depois da multiplicação dos pães, disse que Ele é o verdadeiro pão que alimenta para a vida eterna. Numa clara alusão à Eucaristia, Jesus diz que a sua carne é verdadeira comida, e o seu sangue verdadeira bebida. Na lógica do Evangelho de S. João, esse discurso de Jesus sobre o pão da vida percebe-se melhor se nos recordarmos que Jesus é a Palavra de Deus encarnada (Jo 1,14), a única e definitiva Palavra que Deus diz à humanidade. A reação dos discípulos é porque não conseguem entender que a Palavra de Deus – a Lei e os Profetas – agora se configura na pessoa de Jesus que fala na comunidade dos seus discípulos. Ele mesmo é e dá a Palavra de Deus da qual o homem deve viver mais do que do alimento que perece: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Os CM 495

judeus sabiam disto; eles levavam o primeiro mandamento – ‘escuta, Israel’ (Dt 6,4) – diante dos olhos, como luz, e como manípulo no braço. Mas quando Jesus diz que a Palavra que alimenta já não é nem a Lei nem os Profetas, mas Ele mesmo em pessoa; que o lugar da escuta é a comunidade dos discípulos, tais palavras são “duras” de entender porque exigem uma conversão completa: “agora” amar a Deus sobre todas as coisas significa seguir Jesus que nos conduz a Deus. Ele é em pessoa o rosto visível de Deus. Mesmo sendo possível adorar a Deus em espírito e verdade em toda parte, é na comunidade dos seus discípulos, a Igreja, que encontramos o lugar onde Ele está presente, mesmo se dorme durante as grandes tempestades da história e da vida pessoal de cada um. Tudo isto soava de um modo demasiado estranho aos ouvidos de muitos dos 7


discípulos e por isso se afastaram e já não estavam com Ele. Foi então que Jesus perguntou aos restantes, os Doze: “E vós, também quereis ir-vos embora? Mas Pedro, em nome de todos, disse: Para onde havemos de ir, Senhor? Vós tendes palavras de vida eterna!” (Jo 6, 67-68). Estas palavras são duras também hoje. Para Jesus, mesmo na hora da sua paixão: “Abba, tudo Te é possível: afasta de mim este cálice! No entanto, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres!” (Mc 14,36). Duras são as palavras de Jesus repetidas por S. Paulo: “E os dois formarão uma só carne” (Mc 10,8) – em referência ao casamento entre os discípulos de Cristo, texto que é a base da Escritura para a afirmação da indissolubilidade do matrimônio sacramental (Ef 5,31-32). Segundo o apóstolo e iluminado pelo mistério de Cristo e da Igreja, pelo casamento o corpo do marido é a esposa e a cabeça da esposa é o marido. A mulher é o coração do marido, vivendo em recíproca submissão, porque a obediência recíproca, que é a essência da relação entre os cristãos (cf. Ef 5,21), somente é possível entre pes-

soas que se amam. Amar é ser capaz de se dar na perfeição do amor que é o perdão. Amar e sofrer são idênticos. O amor humano, mesmo transfigurado pela graça, é um amor crucificado. Estas palavras são verdadeiramente duras, mas elas têm a doçura do amor. Na medida do possível e com o auxílio da graça do Senhor, façamos nossas as palavras de Pedro: “Para onde havemos de ir, Senhor? Vós tendes palavras de vida eterna!”. Não vos esqueçais disto na vossa oração conjugal e sobretudo no vosso “Dever de Sentar-se”. Saúdo-vos a todos muito cordialmente no Senhor. Não vos esqueçais de rezar por mim; eu faço o mesmo por vós. 

Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Conselheiro Espiritual da ERI

ANUNCIAR, TESTEMUNHAR E COMUNICAR Decorreu em Roma o terceiro Encontro Internacional de Regionais sob o tema “Eis-me aqui, Senhor; envia-me!” (Is 4,6), concluindo a primeira etapa percorrida desde o Encontro Internacional 2012 de Brasília até Roma. Ao começar uma nova época 8

que terminará no próximo Encontro Internacional em 2018, gostaríamos de partilhar convosco a riqueza que vivemos ao sermos recebidos pelo Santo Padre, Papa Francisco, cujo discurso dá fortes orientações para o nosso Movimento. CM 495


Esse Encontro, que precedeu a última Assembleia do Sínodo dos Bispos, vai ter reflexos nos desafios lançados aos casais das ENS no atual contexto em que vivemos, com constantes ameaças dirigidas ao sacramento do matrimônio e à família. O Santo Padre exortou-nos a “anunciar, testemunhar e comunicar” a nossa vocação de casais e famílias, encorajando-nos ainda a colocar em prática a espiritualidade conjugal, carisma do nosso Movimento. Destacou também a importância dos pontos concretos de esforço, que nos fazem progredir com confiança na vida conjugal no caminho do Evangelho, realçando a oração e o dever de sentar-se como tempos preciosos vividos em casal, de agradecimento, de perdão, de respeito CM 495

mútuo e de atenção pelo outro. Lembrou-nos que, sendo os membros das equipes já missionários pela “irradiação da própria vida”, temos de acolher, formar e acompanhar na fé, particularmente, os jovens casais antes e após o Matrimônio. O Papa Francisco encorajou ainda os casais das ENS a “serem instrumento da misericórdia de Cristo e da Igreja em relação às pessoas cujo matrimônio fracassou”. O Santo Padre concluiu seu discurso renovando a sua confiança e encorajamento às ENS, afirmando que desde o momento em que a causa de beatificação do nosso fundador, padre Henri Caffarel, chegou a Roma, “reza para que o Espírito Santo ilumine a Igreja no juízo que a seu tempo deverá pronunciar a seu respeito”. 9


Vivamos então um ano em que as expectativas que trazemos de Roma possam ser assumidas e realizadas com alegria, respondendo assim aos desafios que o mundo e a Igreja nos fazem. O Papa Francisco ao dizer que “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” convida-nos a fixar o nosso olhar Nele para conseguirmos lutar contra a indiferença e atingirmos este amor ablativo a que Jesus se refere. Este ano jubilar será então “fulcral” para a caminhada do Movimento. Que ele seja tempo de conversão e de renovação, dando enfoque às duas atitudes sugeridas pelo Papa Francisco na Bula da Misericórdia e que estão ligadas à vida do casal e da família: Escuta e Peregrinação. Dizer co mo o fi ze m o s e m Roma “Eis-me aqui, Senhor! Envia-me!” leva-nos a ter de escutar 10

para aceitar e experimentar o Seu Amor, força e luz que nos guiará nesta peregrinação que nos levará até o Pai. Que o Espírito Santo conduza os nossos passos e nos faça sair de nós mesmos e, com alegria e coragem, nos faça mostrar ao mundo que a nossa vocação tem uma missão: a de cooperarmos para a obra de salvação realizada por Cristo. Que o Senhor Jesus seja o guia e o apoio das ENS a fim de as ajudar a contemplar o rosto da misericórdia do Pai, para sermos misericordiosos como Ele o é. 

Tó e Zé Moura Soares Casal Responsável da ERI CM 495


Igreja Católica

XVII Congresso Eucarístico Nacional Belém 2016 A Arquidiocese de Belém está se preparando para realizar o XVII Congresso Eucarístico Nacional que acontecerá de 15 a 21 de agosto de 2016 na cidade de Belém, momento em que também celebramos o Quarto Centenário do início da evangelização na capital paraense. O Congresso Eucarístico é o convite para que todos que professam a fé na Santíssima Eucaristia deem seu testemunho público da crença na presença real do Senhor Jesus Cristo. O tema do congresso é: “Eucaristia e Partilha na Amazônia Missionária”, que nos convida a ver a realidade da Igreja da Amazônia, onde temos grandes desafios e onde nosso clero e nosso povo realizam sua missão sustentados na Eucaristia. Como lema temos: “Eles o reconheceram no partir do pão” (Lc 24,35), que nos faz refletir sobre o belo texto dos discípulos de Emaús. Estamos trabalhando com muito carinho para que este Congresso Eucarístico seja um momento muito forte para todos, já estamos com as comissões formadas e em atividade. Teremos uma programação bem intensa, dia 15 de agosto teremos a Abertura do Congresso Eucarístico com a acolhida do Legado Pontifício no Estádio Olímpico do Mangueirão. Em seguida teremos a Santa Missa. Dia 16 serão realizadas as jornadas pastorais nas seis regiões episcopais de nossa arquidiocese; dia 17 teremos a chegada da procissão fluvial Eucarística que virá de Manaus; dia 18 e 19 acontecerão os simpósios teológicos, onde teremos também a Primeira Comunhão das Crianças e Missa com a juventude no Estádio Olímpico, dia 20 pela manhã Jornada do Ano Santo da Misericórdia e à noite a Santa Missa e procissão Eucarística para as paróquias onde acontecerão vigílias; dia 21 pela manhã teremos Missas presididas pelos bispos nas diversas paróquias e pela tarde Missa e Solene Procissão Eucarística, saindo da Basílica-Santuário de Nossa Senhora de Nazaré até a Catedral Metropolitana de Belém, encerrando com a Bênção Solene no Forte do Presépio, local onde foi fundada a Cidade de Belém. Maiores informações pelo site www.cen2016.com.br. Aguardamos todos em Belém para esta grande festa da Eucaristia.  Pe. Roberto Emilio Cavalli Junior Secretário Executivo do XVII CEN SCE Região Norte II CM 495

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ADVENTO Na antiguidade romana, “adventus” era a etapa de preparação para a chegada de alguém muito importante a uma cidade ou aldeia, mas é somente a partir do século IV que começamos a ouvir falar em celebração do Advento como tempo que prepara a festa do Natal. Hoje o Advento compreende as quatro semanas de preparação para a vinda do Salvador. Não é apenas tempo de preparar o aniversário de Jesus, é tempo de nos prepararmos para a chegada d’Aquele que “virá julgar os vivos e os mortos”. Parece algo assustador, mas se praticamos a justiça, a verdade e o amor, não temos nada a temer. Afinal seremos julgados pelo amor misericordioso de Deus. O Advento é tempo de alegre espera, mas hoje em dia ninguém tem paciência para esperar nada, e antes mesmo que o tempo do Advento comece, o Natal já está nas vitrines das lojas, nos anúncios da TV e a maioria dos católicos nem presta atenção nas liturgias que desejam levar a uma mudança pessoal, para que possamos nos preparar para o Natal da forma mais verdadeira que pudermos. Uma proposta de preparação para o Natal é promover a Oração e a Escuta da Palavra. Podemos focar nos profetas do Advento, especialmente Isaías e João Batista, e assim preparar os caminhos do Senhor. Assim poderemos dizer: tempo do Advento, 12

tempo de preparar o coração para celebrar o Natal! Estamos acostumados com “Novena de Natal” mas poderíamos chamá-la de “Novena de Advento”! Convocamos familiares, vizinhos e amigos para rezar e meditar a Palavra de Deus durante o advento, enquanto nos preparamos para o Natal. Sabemos que o Advento tem como centro a pessoa de Jesus Cristo, mas sem o Sim de Nossa Senhora não haveria Natal. Maria, mulher do silêncio e do sim, que nos ensina a ter paciência e fé na espera. Sua gravidez é também nossa, um novo mundo está se gestando. Desejamos que a Novena de Natal (ou melhor, de Advento) nos ajude a perceber a necessidade de acolher em família, com ternura, o Senhor que vem.  Colaboração

Regina e Sérgio Eq. N. S. da Anunciação São José dos Campos-SP CM 495


Misericordiosos como o Pai O Ano Santo abrir-se-á no dia 8 de dezembro de 2015, Solenidade da Imaculada Conceição. Eis as palavras do Papa Francisco, na Bula Misericordiae Vultus (MV): “Na Solenidade da Imaculada Conceição, terei a alegria de abrir a Porta Santa. Será então uma Porta de Misericórdia, onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança (…). No domingo seguinte, o Terceiro do Advento (13 de dezembro), abrir-se-á a Porta Santa na Catedral de Roma, Basílica de São João de Latrão. E em seguida será aberta a Porta Santa nas outras Basílicas Papais. Estabeleço que no mesmo domingo, em cada Igreja particular - na Catedral, que é a Igreja-Mãe para todos os fiéis (…) se abra igualmente, durante o Ano Santo, uma Porta da Misericórdia” (MV 03). “O Ano Jubilar terminará na Solenidade Litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, 20 de novembro de 2016” (MV, 05). “Ser misericordioso é próprio de Deus e é pela misericórdia que ele principalmente manifesta sua onipotência” (São Tomás de Aquino, Summa theologiae, II-II, q.30, a.4). A missa do vigésimo sexto do tempo comum, ano B, na oração da coleta afirma: “Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia (…)”. A história da salvação é repleta de episódios que manifestam a misericórdia divina. Deus é poderoCM 495

so porque perdoa, porque ama! Os salmos, em particular, fazem sobressair o agir misericordioso de Deus: “É ele quem perdoa todas as tuas culpas, que cura todas as tuas doenças; é ele quem salva tua vida do fosso e te coroa com sua bondade e misericórdia” [Sl 103 (102), 3-4]. E outro salmo confirma, de forma ainda mais explícita, os sinais concretos da misericórdia divina: “O Senhor livra os prisioneiros, o Senhor devolve a vista aos cegos, o Senhor levanta quem caiu, o Senhor ama os justos, o Senhor protege os estrangeiros, ampara o órfão e a viúva, mas transtorna o caminho dos ímpios” [Sl 147 (146), 3.6]. A própria redenção é a prova indiscutível de que a onipotência divina atinge seu ponto culminante ao perdoar o ser humano. Vejamos: ao criar o mundo e o ser humano, Deus parte do “não ser” para criar a vida e a natureza. Ao tornar-se pecador, o ser humano destrói e mata: é o “anti-ser”. Com o Mistério Pascal de Cristo, Deus liberta o ser humano da condição de “anti-ser”! É o ápice do amor divino manifestado na história humana! Portanto, como reza o salmista: “Eterna é a sua misericórdia” (Sl 136). É como se dissesse que o ser humano, não só na história, mas também pela eternidade, estará sempre sob o olhar misericordioso do Pai. Antes da Paixão, Jesus rezou ao Pai com este salmo da misericórdia. Assim relata o evangelista 13


Mateus quando afirma que “depois de cantarem o salmo” (Sl 26, 30), Jesus e os discípulos saíram para o Monte das Oliveiras. O fato de saber que o próprio Jesus rezou com este salmo torna-o, para nós cristãos, ainda mais importante e compromete-nos a assumir o refrão na nossa oração de louvor diária: “Eterna é a sua misericórdia”. Mostrar ao mundo o rosto misericordioso de Deus é o grande objetivo do Jubileu da Misericórdia. Enfrentar com coragem a crise de fé de um mundo que corre o risco de “perder”, no sentido de extraviar, deturpar, o verdadeiro rosto de Deus; pois, para o mundo de hoje, o rosto divino aparece muito distante, frio, e, por vezes, bastante desfigurado. É missão da Igreja revelar ao mundo o verdadeiro rosto de Deus. Isso é evangelizar! E mostrar ao mundo o verdadeiro rosto divino implica, de modo muito concreto, levar a cada pessoa o Evangelho da misericórdia. “Ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus; todos conhecem o caminho para aceder a ela e a Igreja é a casa que acolhe todos e não rejeita ninguém. As suas portas permanecem abertas, para que todos aqueles que são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão” (Homilia do Papa Francisco, 13 março 2015). Este é o ponto central, o coração da mensagem do Jubileu: “Igreja, sacramento da misericórdia divina”! E para que a Igreja, de fato, seja sacramento da misericórdia divina, o Papa Francisco destaca a importância do sacramento da reconcilia14

ção e faz o seguinte apelo aos sacerdotes: “Não me cansarei jamais de insistir com os confessores para que sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai. Ser confessor não se improvisa. Tornamo-nos tal quando começamos, nós mesmos, por nos fazer penitentes em busca do perdão. Nunca nos esqueçamos que ser confessor significa participar da mesma missão de Jesus e ser sinal concreto da continuidade de um amor divino que perdoa e salva. Cada um de nós recebeu o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados; disto somos responsáveis. Nenhum de nós é senhor do sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus (…). Na Quaresma deste Ano Santo, é minha intenção enviar os Missionários da Misericórdia. Serão um sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério fundamental para a fé. Serão sacerdotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato” (MV, 17,18). Além do sacramento da reconciliação, o Papa Francisco pede que se destaquem, durante o Ano Jubilar, as obras de misericórdia: “É meu desejo sincero de que o povo cristão reflita durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais (…). Redescubramos as obras de misericórdia corporais: dar comida aos famintos, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, acolher o estrangeiro, assistir os doentes, visitar os CM 495


presos, sepultar os mortos. E não nos esqueçamos das obras de misericórdia espirituais: aconselhar os duvidosos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as injustiças, rezar a Deus pelos vivos e pelos mortos (…). Não esqueçamos as palavras de São João da Cruz: ‘No entardecer desta vida, seremos julgados pelo amor’” (MV, 15). O caminho da Igreja é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. O caminho da Igreja é não condenar, mas, sim, derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas, que a pedem com coração sincero; o caminho da Igreja é precisamente sair do próprio recinto para ir à procura dos afastados nas “periferias essenciais da existência”; adotar integralmente a lógica de Deus; seguir o Mestre, que disse: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores” (Lc 5, 31-32). Revelar e anunciar o verdadeiro rosto de Deus. Por isso mesmo, a organização deste Jubileu foi confiada pelo Papa Francisco ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para que possa animá-lo. E isto confirma o fato de que o desafio é grande, sobretudo para o Ocidente secularizado: não apenas uma reflexão sobre métodos pastorais, mas o empenho para reabrir em termos não apenas abstratos, mas existenciais, a questão de Deus, sobre quem é Deus, CM 495

sobre seu rosto, num mundo que no momento presente age como se Deus não existisse. Mundo que prescinde da existência de Deus, não reconhece seu rosto, tampouco sua relevância. Porque, como disse Francisco várias vezes (cf. Homilia do Papa Francisco, Praça de São Pedro, 16 junho 2013), não reconhece mais o Misericordioso. Neste Ano Santo Extraordinário somos convidados a invocar a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, Mãe da misericórdia, que sofreu pessoalmente a marginalização por causa das calúnias (cf. Jo 8, 41) e do exílio (cf. Mt 2, 13-23), para que nos alcance a graça de perdoar, como Ela perdoou. O Papa Francisco confia à intercessão da Virgem Maria o Ano Santo da Misericórdia: “Ao pé da cruz, Maria, juntamente com João, é testemunha das palavras de perdão que saem dos lábios de Jesus. O perdão oferecido a quem o crucificou mostra-nos até onde pode chegar a misericórdia de Deus. Maria atesta que a misericórdia do Filho de Deus não conhece limites e alcança a todos, sem excluir ninguém. Dirijamos-lhe a oração, antiga e sempre nova, Salve Rainha, pedindo-lhe que nunca se canse de volver para nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, seu Filho Jesus” (MV, 24). Que o Ano Santo da Misericórdia leve-nos a experimentar como Deus é bom, é misericordioso, feliz de quem nele encontra o seu refúgio, o seu abrigo (cf. Sl 34, 9)!  Dom José Roberto Fortes Palau Bispo Auxiliar de São Paulo 15


Vida no Movimento

3o Encontro Internacional de Casais regionais e Casais provinciais

De 6 a 11 de setembro, aconteceu o 3º Encontro Internacional de CRR e CRP, organizado pela ERI a cada seis anos, na casa Il Carmine, na cidade de Sassone, próximo a Roma. Éramos ao todo 320 pessoas entre casais e SCEs, sendo a maior delegação a brasileira, composta de 57 pessoas. Vínhamos de 81 países onde as ENS já estão presentes, graças à inspiração do Padre Caffarel. A princípio nos identificávamos pelas quatro Zonas através de lenços coloridos com a cor de cada uma: América (azul), Eurásia (vermelho), Euráfrica (verde) e Centro-Europa (amarelo). Depois fomos percebendo que apesar das línguas e culturas diferentes, éramos um só corpo a celebrar a unidade do Movimento. O objetivo do Encontro foi a preparação para o próximo Encontro Internacional, que acontecerá em 2018, e discutir e discernir sobre “O Sacramento do matrimônio, desafios e respostas”, 16

através de inúmeras conferências, testemunhos e grupos de reflexão, para buscarmos juntos, meios para fazer frente a esta difícil realidade pela qual a família passa hoje. O tema do Encontro foi: “Eis-me aqui Senhor; Envia-me!” (Is 6,8), para que cada casal redescobrisse em si os dons que o Senhor lhes concedeu, e que serviram para as linhas de reflexão, uma para cada dia do encontro: a Fidelidade, (na figura de Sara e Abraão), com reflexão apresentada pela Zona Euráfrica; a Espiritualidade (de Sara e Tobias), refletida pela Zona Centro-Europa; a Redenção (de Maria e José), com discernimento apresentado pela Zona América, a Fecundidade (de Jacó e Raquel), apresentada pela Zona Eurásia; e a Missão (de Priscila e Áquila), refletida pelas Equipes Satélites. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora se lança para estes desafios como protagonista, com a grande responsabilidade de guardião do Sacramento do Matrimônio, através do testemunho da vivência da espiritualidade conjugal em nossos lares, e com a missão de ir ao encontro das famílias feridas, machucadas, e ajudá-las do modo que tão bem sabemos, pois é o cerne da nossa vocação. Afinal, desde o Documento de Aparecida, e mais recentemente com a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, todos nós devemos ser “discípulos misCM 495


sionários numa Igreja em saída”. Na audiência que tivemos com o Papa Francisco, que precedeu o Sínodo das Famílias, ele nos disse: “Não há caminho, nem soluções fáceis, mas após o encontro com Cristo, no qual fazemos uma revolução profunda a partir de nós mesmos, precisamos responder a estes desafios atuais.”

Então relembramos fortemente o tema do Encontro (Is 6,8), proclamado nas cinco línguas: “Eis-me aqui, Senhor, Envia-me!” Me voici Seigneur, Envoi-moi! Aqui estoy Señor, Enviame! Here I am Lord, Send me! Eccomi Signore, Manda me! Hermelinda e Arturo CR Super-Região

1o DIA – 6/9/2015 A ansiedade tomava conta de todos à medida que se aproximavam do destino... A delegação brasileira foi no mesmo voo para Roma. Os casais Graça e Roberto, CL da Zona América, e Hermelinda e Arturo, CR SRB, juntamente com o SCE SRB Pe. Paulo Renato, já estavam lá a nos esperar, pois uma semana antes ocorreu o Colégio da ERI, do qual participaram.

Missa de abertura

Fomos carinhosamente acolhidos por eles, e sentimentos de orgulho e emoção foram tomando conta de nós, quando encontramos casais representantes de 81 países. CM 495

Cada qual com sua cultura, sua língua, seu modo de ser. Porém, todos reunidos com um único desejo: viver essa pluralidade sob a luz do Espírito Santo e celebrar a unidade do Movimento. Iniciamos o encontro com uma procissão espantosamente silenciosa, na qual os casais provenientes das quatro Zonas, identificados com lenços coloridos nos ombros, se posicionaram, e os SCE liderados pelo SCE ERI Padre Jacinto, também entraram para darmos início a uma Celebração Eucarística campal. Foi uma celebração impressionante, com celebrantes e leitores de várias línguas, e todos se fizeram entender. Era a mensagem de Deus traduzida simultaneamente para o coração de cada um ali presente. O presidente da celebração foi Monsenhor Russoto, italiano, com uma homilia de arrepiar! Após aquela celebração, pensávamos que nada mais poderia nos surpreender naquele dia, e então aconteceu o 1o grupo de reflexão: como foi bom perceber que estávamos celebrando a harmonia festiva 17


de Pentecostes, quando todos se uniram na graça do Espírito Santo apesar de serem de tantas nações diferentes, e cada qual escutava em sua própria língua. Ficamos embevecidos com o colorido e a alegria dos casais da África, a fé dos casais do Oriente, a

maturidade dos casais da Europa, o engajamento e o vigor dos casais da América, cada casal falando de suas alegrias e preocupações, de acordo com a realidade que vivem dentro de sua vocação e missão. Fantástico! Sandra e Valdir CRP Sul I

2o DIA – 7/9/2015 (ZONA EUROÁFRICA) FIDELIDADE Iniciamos o dia com a Oração da manhã, preparada pela SR Espanha, com uma profunda reflexão sobre as ameaças que rondam a família: a dor da separação, dificuldades econômicas, doença e perseguição. Na sequência, Tó e Zé, CR ERI, fizeram a apresentação do Encontro. Padre Jacinto, SCE ERI, fez uma reflexão a respeito da Fidelidade dizendo: “A fidelidade é um elemento essencial do matrimônio, e é a base sobre a qual ele se assenta. A infidelidade na amizade é perigosa e causa dor, no matrimônio mata, é terrível”. E finalizou dizendo que as ENS são um sinal de contradição no mundo, de acordo com a mentalidade mundana e infiel. Sobre o mesmo tema, o CL daquela Zona, Amaya e José Antônio, disse uma frase que marcou: “Qual a fonte do amor? – Aquela em que o nosso amado lavou as nossas culpas”. Tivemos uma conferência surpreendente sobre “Comunicação”, na qual vimos que a maioria dos problemas de relacionamento a nível mundial é a comunicação, e isto nos nossos dias que temos a tecnologia 18

a nos ajudar. É porque nos comunicamos sempre, quer falemos ou não, mas não é uma comunicação aberta e franca. Para refletirmos em casal: - Sabemos escutar os outros? - Comunicamos com amor? Após tivemos uma mesa redonda sobre o sacramento do matrimônio, refletindo seus desafios, e o papel do casal e da família na Nova Evangelização. Muito atual! Ao entardecer, enquanto os sacerdotes faziam sua reunião, cada casal foi convidado a realizar um Dever de Sentar-se, momento muito valioso para todos. “Não há mais nada a dizer? Permanecei juntos em silêncio, não será seguramente o momento menos proveitoso.” (Padre Caffarel). Em seguida, para selar esse momento tivemos a Celebração Eucarística conduzida pela SR África, com muita espiritualidade, simplicidade e fé fazendo um Ofertório especial com cantos e dança típica. CM 495


E à noite, o grupo de reflexão com casais que parecia que conhecíamos de longa data, devido à simplicidade e carinho para com todos. Vimos também a alegria com

que tantos casais se entregam à missão, tendo a firme determinação de que o Movimento cresça sem perder sua essência. Adriana e Hudson CRP Sul III

3o DIA – 8/9/2015 (ZONA CENTRO-EUROPA) ESPIRITUALIDADE Iniciamos o dia com a oração apresentada pela SR Germanófona. Em seguida, Padre Jacinto, falando sobre Espiritualidade, disse: é uma experiência que nos convida a sair de nós mesmos; do ponto de vista cristão, é o Espírito Santo que nos move. Os esposos que se amam no Senhor são um sinal sensível e eficaz do mistério de Cristo e da Igreja. Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi o testemunho do casal libanês Mahassem e Georges, CL da Zona Centro-Europa, que relatou as dificuldades, a insegurança e o medo em que vivem. As tentativas de diálogo entre o cristianismo e o Islã, a nível teológico e dogmático, não têm sido satisfatórias; porém no Líbano vive-se uma experiência única, onde cristãos e muçulmanos partilham o poder, garantindo os direitos dos cidadãos de ambas as religiões. Ficamos perplexos quando disseram que casais muçulmanos fazem a Oração Conjugal lendo o Corão, e ainda um Dever de Sentar-se. O Monsenhor Maroum, do Líbano, disse que a perseguição aos cristãos na Síria e no Iraque é uma perturbação que desfigura o Islã e causa graves danos aos muçulCM 495

manos; e na realidade é uma reação contra o Ocidente dito “cristão”, que apoia a opressão, a injustiça e o roubo organizado de recursos do Oriente Médio. Providencialmente, em seguida tivemos a fala dos Intercessores através do casal Marie Christine e Gérard, que falou da urgência de aumentar o número de intercessores. Precisamos rezar mais pelo Oriente! A seguir tivemos testemunhos de jovens: 1o) a jovem internacional, da EJNS, Brean, que nos falou do sonho de contrair um matrimônio fiel e fecundo, seguindo os passos das Equipes de Nossa Senhora; 2o) um casal jovem, responsável de Setor, que falou das expectativas dos casais jovens hoje, e como trabalham com eles. Foi muito bom escutá-los, ajudará nossa missão. Françoise e Remi (Casal Responsável da Comunicação da ERI) 19


encerraram esse bloco dando as linhas gerais de um trabalho que está sendo desenvolvido pela ERI para se comunicarem melhor com os que representam o futuro do Movimento: os casais jovens. Após, o Casal Responsável pelas Equipes Satélites, Clarita e Edgardo, nos apresentou o trabalho das quatro Equipes Satélites em curso: 1) Reflexão e Pesquisa; 2) Pedagogia; 3) Formação Cristã; 4) Teologia da Sexualidade.

Interessante perceber que muitos casais desconheciam estas frentes de trabalho, reflexão e pesquisa que estão a serviço das ENS. Em seguida, fomos para os grupos. Após, tivemos a Celebração Eucarística, conduzida pela SR Síria e, para finalizar este dia, o 1º Fórum, com as sínteses dos trabalhos em grupo. Nosso coração ainda pulsa forte quando recordamos esta rica experiência! Jamais esqueceremos... Lu e Nelson CRP Centro-Oeste

4o DIA – 9/9/2015 (ZONA AMÉRICA) REDENÇÃO E FECUNDIDADE

Padres Marcovits, Paleri e Jean Allemand

Iniciamos com a oração da manhã, conduzida pela SR Hispanoamérica. Após a reflexão do Padre Jacinto sobre Redenção, que etmologicamente quer dizer recomprar, ou seja, comprar o que já é nosso, Graça e Roberto, CL da Zona América, disseram da impressionante transição cultural que estamos vivendo, ao mesmo tempo que a providência de Deus responde a esses desafios, com uma inundação de carismas, inclusive o nosso. Dando prosseguimento, tivemos a palestra de Tó e Zé: “O mundo em 20

transformação interpela as ENS”, partindo do Discurso Chantilly – voltar à fonte. Tendo em conta as necessidades do tempo, indagamo-nos: em que direção o Movimento deve avançar, mantendo-se fiel ao seu carisma, e fazendo com que a santidade se enraíze em pleno mundo moderno? Foi uma conferência maravilhosa, bem atual, que nos colocou frente a nós mesmos, ao mundo que nos cerca, e o que realmente como cristãos e equipistas nos cabe como missão. A seguir tivemos um painel histórico digno de registro sobre o Padre Caffarel, com a presença de dois postuladores: Padre Marcovits, Padre Paleri, e por último Jean Allemand, onde escutamos embevecidos os relatos da convivência dele com Padre Caffarel. Após, ouvimos os testemunhos de Mariola e Eliseu, casal brasileiro, que nos relataram suas experiências de “saída” da “igrejinha” particular para as periferias da vida, e não foram poucas... nos deixaram envaidecidos por serem brasileiros. CM 495


O Padre Jacinto nos adiantou a reflexão sobre Fecundidade, pois no dia seguinte estaríamos no Vaticano. Ele disse: “A fecundidade está inscrita na natureza do homem e da mulher, e se manifesta pelos filhos. A vida deve ser acolhida e transmitida como um bem maior.” Esta fala está em sintonia com o que o CL Helena e Paul nos falou sobre a “Internacionalidade nas ENS”, ou seja, casais de outras nacionalidades e línguas em nossos países. Precisamos ser criativos, acolhê-los e cuidar deles, como se fossem nossos filhos, nossa família. Tivemos outro grupo, e mais tarde um Fórum, apresentando as reflexões do grupo. Os testemunhos nos fizeram entender que as dificuldades não se limitam ao momento vivido, mas

ao que aprendemos delas, e fazer deste saber um novo ponto de partida. Tó e Zé nos pediram para decidir onde será o próximo Encontro Internacional de 2018, partindo do Km 0, aqui em Roma. A Celebração Eucarística, presidida pelo SCE SR Brasil, Padre Paulo Renato, foi uma missa “à brasileira”, com muitos cantos. Após, participamos de uma Vigília, na qual fizemos uma adoração ao Santíssimo. Momento silencioso e sublime! As liturgias nos marcaram profundamente, não somente pela preparação, mas pela sabedoria espalhada em cada uma das orações. Bete e Carlos CRP Leste

5o DIA – 10/9/2015 Visita ao Santo Padre

Este foi um dia muito especial, fomos agraciados com uma audiência privada com o Santo Padre o Papa Francisco. Saímos bem cedo, e fomos todos para o Vaticano. Chegando lá, nos dirigimos à sala Clementina. Após alguns minutos, abriu-se a porta lateral, e surge o Papa Francisco, acenanCM 495

do e irradiando sua energia e sorriso para todos. Em seguida, Tó e Zé apresentaram o nosso Movimento a ele: “Querido Santo Padre, Papa Francisco, aqui estamos cheios de felicidade e alegria, chegamos de todas as partes do mundo para reafirmarmos a nossa fidelidade e amor à Igreja...”. 21


Após a fala de Tó e Zé, ele dirigiu-se a nós, e vamos destacar algumas citações do seu discurso: encorajou-nos a viver em profundidade a espiritualidade do Movimento, e destacou a importância dos PCEs, que rep resen tam u m a a j u d a eficaz aos casais para progredirem com confiança na vida conjugal e no caminho do Evangelho. “Penso em particular na oração dos casais e em família, bonita e necessária tradição que tem sustentado a fé e a esperança dos cristãos. Penso também no tempo de diálogo mensal proposto entre esposos – o famoso e empenhativo “dever de sentar-se”, que vai contra a corrente em relação aos hábitos do mundo frenético e agitado, cheio de individualismo, e que é um momento de troca vivido na verdade sob o olhar do Senhor. É um tempo precioso de agradecimento e perdão, de respeito recíproco e de atenção pelo outro.” “Agradeço às ENS por serem um apoio e um encorajamento no ministério de vossos sacerdotes, que encontram sempre no contato com as vossas equipes e as vossas famílias a alegria sacerdotal, a presença fraterna, o equilíbrio afetivo e a paternidade espiritual.” Mesmo reconhecendo que os membros das ENS já são missionários pela irradiação da própria vida, o Papa convidou para que também se empenhem em: “acolher, formar e acompanhar na fé, particularmente os jovens 22

casais, antes e após o matrimônio”. “Exorto-vos também a continuarem a fazer-se próximos às famílias feridas que são hoje tão numerosas, por motivos de falta de trabalho, de pobreza, de saúde, de violência. Entrem em contato com estas famílias de maneira discreta, mas generosa, seja materialmente, humanamente ou espiritualmente, onde se encontrarem vulneráveis.” Ainda, afirmou que, desde que a causa da Beatificação do Padre Caffarel chegou a Roma, ele reza para que “o Espírito Santo ilumine a Igreja no juízo, que a seu tempo, deverá pronunciar a respeito.” Encerrada a audiência, o Papa deu-nos a bênção, e sentou-se no nosso meio para a foto oficial. Em seguida, fizemos uma visita à Basílica e à Praça São Pedro. De lá, dirigimo-nos a um local para almoço, e após continuamos a visita aos pontos importantes que marcaram a história do Cristianismo. Ao final da tarde fomos acolhidos por casais italianos, muito hospitaleiros e solícitos que nos presentearam com um jantar de convivência. Encerramos o dia cansados, porém com um sorriso na alma, agradecidos a Deus por tantas delicadezas! Conceição e Macedo CRP Nordeste (Obs.: O texto completo do discurso do Papa está no site das ENS) CM 495


6o DIA 11/9/2015 (EQUIPES SATÉLITES) MISSÃO Após a oração da manhã, a apresentação do dia ficou a cargo de Clarita e Edgardo, os responsáveis pelas Equipes Satélites. Sobre Missão, o Padre Jacinto nos interpelou para testemunharmos como viver a santidade em casal na Igreja e no mundo.

Tó e Zé e Monsenhor Paglia

Tivemos um Fórum final, com a síntese dos dois últimos grupos, e com as seguintes propostas: - preparação pré-matrimonial para casais que coabitam, e jovens; - escuta e acolhimento para recasados na Pastoral Familiar. Tó e Zé nos deram as Orientações para 2016, e com muita alegria nos comunicaram que Fátima/Portugal sediará o próximo Encontro Internacional em 2018. Ficamos muito satisfeitos!! Monsenhor Paglia nos brindou com a seguinte conferência, da qual destacaremos alguns trechos: - “A afirmação do EU prevalece sobre o NÓS, o indivíduo sobre a sociedade. Então torna-se normal a coabitação ao casamento, a inCM 495

dependência individual à dependência recíproca. É preocupante observar o aumento de realidades unipessoais que se fazem passar por famílias. No entanto, no mais profundo do coração está inscrita a aspiração a laços afetivos duradouros e capazes de ajudar nas circunstâncias difíceis da vida. Torna-se urgente dar testemunho da boa notícia do amor “para sempre”. Também importante viver o amor entre o homem e a mulher como um dom fecundo e aberto à vida, ultrapassando os limites do pecado do egoísmo. Monsenhor Paglia chamou-nos à missão de acolher e cuidar das famílias feridas e doentes, dizendo serem nossas periferias, com as quais o papa nos incita a envolver-nos, tornando-as capazes de sair com alegria de tudo o que as pode fechar sobre si mesmas. Após esta firme e entusiasta conferência, nos sentimos com vontade de sair correndo para contar as novidades e alegrias aos nossos irmãos, motivados para nos colocar a serviço, e dizer bem alto: -“Senhor, envie-nos para onde o Senhor precisar!!! Estamos à sua disposição”. Para tornar sagrado este nosso sentimento e selar nossa convicção, partimos em silêncio profundo para celebrar a Eucaristia, na qual ao final Tó e Zé nos enviaram. Inês e Natal CRP Sul II 23


TESTEMUNHO Como os jovens de hoje veem o casamento “Nasci numa família católica e me considerava feliz. Cresci frequentando a missa, desenvolvi uma relação especial com Nossa Senhora, me sentia próxima de Deus. “Pais divorciados” era estranho para mim, e achava que poderia acontecer em outras famílias, mas jamais com a minha. Entretanto, com 14 anos meus pais se separaram. Este foi um período difícil, quebrando meu exemplo de unidade familiar. Perdi os conceitos de casamento e família durante a maior parte de minha adolescência. Vi meus pais unirem-se com outras pessoas e ficava dividida entre estar feliz por cada um ter encontrado um novo companheiro, mas triste por vê-los cada vez mais afastados da fé e da Igreja. Aceitei isso como minha “cruz”, e até hoje, tenho dificuldade para compartilhar com eles meus sonhos de um casamento feliz. Então, fui convidada para ingressar nas EJNS, e através da equipe criei relações autênticas com os jovens, os Casais Acompanhadores e Conselheiros Espirituais, e as EJNS tornaram-se para mim uma nova família! Graças ao Casal Acompanhador, Noelia e Jorge, pude observar pela primeira vez a vocação ao Matrimônio. O exemplo deles resgatou a esperança para uma futura vocação a esse sacramento. Eles abriram seus corações para que fizéssemos parte de suas vidas, ao mesmo tempo que buscavam a santidade através de seu Sacramento. Este exemplo me aju24

dou a perceber que não preciso ter medo desta vocação. Somos constantemente bombardeados com coisas que vão contra tudo o que é bom, puro e santo, numa cultura relativista como relações fugazes, namoro casual (“ficar”), coabitação, “liberdade” do contraceptivo, união homoafetiva... Um dos desafios do jovem hoje: manter a fé em Deus, seguir os ensinamentos da Igreja, não se deixar influenciar pela mídia. Ao mesmo tempo, não sermos ingênuos em relação à realidade atual, para que, reconhecendo suas deficiências, proativamente possamos inspirar nossos amigos. A sociedade atual não busca mais celebrar compromissos duradouros, como o casamento. O que vemos e ouvimos é “romper”, “trocar”, “descartar”... Acho que uma das principais razões é que a sociedade tornou-se avessa ao conceito de sacrifício. No entanto, Deus nos mostra através da Sua vida, morte e ressurreição, que grandes alegrias são resultado de grandes sacrifícios. E isto é demonstrado pela vida matrimonial. Em nome das EJNS, quero expressar nossa gratidão aos casais equipistas, especialmente os que acompanham as equipes de jovens. Vocês são uma fonte de luz neste mundo que muitas vezes parece tão escuro. Nestes tempos difíceis é comum perder a esperança, ficar desanimados, mas vocês nos mostram que um casamento centrado em Cristo é viável, apesar das estatísticas que mostram que o número de divórcios e pais solteiros cresce cada vez mais. Vocês são casados e católicos? CM 495


Na sociedade atual, ser um dos dois já é “fora de moda”, quase uma anomalia. As EJNS nos dão esperança e foco em nossas vocações. Penso que haverá um ponto de ruptura e as pessoas vão, finalmente, se cansar do que não as pode satisfazer. Quando procurarem em seus corações pelo que é bom e verdadeiro, irão voltar-se para Deus. Nesta busca, o matrimônio, da forma como idealizado por Deus, irá brilhar como um farol. Como disse o Papa Francisco no twitter recentemente: “Querido jo-

vem, não tenha medo de se casar. Um casamento fiel e fecundo vai lhe trazer felicidade!” 

Testemunho de Bream Bittencourt EJNS Internacional

ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS 22 a 27 de setembro de 2015 Filadélfia – Estados Unidos Queremos dividir com vocês a alegria que vivemos ao participar do Encontro Mundial das Famílias de 22 a 27 de setembro, no Centro de Convenções da Pensilvânia, Filadélfia, como representantes da Super-Região Brasil. Neste período ficamos hospedados na casa de um casal equipista, Ariane e Caio, onde vivemos o verdadeiro sentido da acolhida e hospitalidade característica de nosso Movimento e agradecemos do fundo do nosso coração todo carinho, hospitalidade e atenção que nos dedicaram neste período. Nos Estados da Pensilvânia e Nova York há um Setor com 7 Equipes formadas apenas por brasileiros e tivemos a oportunidade de conhecer os integrantes de duas delas em um encontro na Paróquia do Sacerdote Conselheiro Espiritual, Padre Rodolfo VasconCM 495

celos que está em missão enviado pela CNBB. Encontramos também alguns casais brasileiros radicados nos Estados Unidos e ativos na Pastoral Familiar de suas dioceses. O Encontro Mundial das Famílias acontece a cada três anos, e neste ano teve como objetivo fortalecer os laços familiares e enfatizar o papel da família à luz dos ensinamentos de Cristo e da Igreja. Estiveram presentes cerca de 17.000 pessoas de 100 países diferentes, cerca de 400 Bispos, 2.000 Padres, centenas de religiosas, famílias, casais com 4, 5, 6 filhos. Conhecemos uma 25


família canadense com 8 filhos. Paralelamente houve a exposição dos movimentos católicos, com mais de 800 stands montados por ordens religiosas, editoras, escolas, universidades, movimentos em geral e os mais diversos serviços voltados para as famílias católicas. As Equipes de Nossa Senhora, representadas pela Super Região Estados Unidos, estiveram presentes na exposição junto com as Equipes de Jovens. A programação do Encontro iniciava pela manhã com a missa, sendo esta seguida pela Sessão Principal para todos os presentes. Após um pequeno intervalo aconteciam as sessões especiais, onde eram apresentados cerca de 20 temas diversos, simultaneamente. No período da tarde a programação se repetia, com exceção da missa. Ao todo aconteceram mais de 80 palestras ministradas por Cardeais, Arcebispos, Bispos, Professores, inclusive um Rabino e um Pastor. No Centro de Convenções estavam instalados três estúdios de televisão e dezenas de rádios que transmitiam ao vivo entrevistas e documentários com os palestrantes e participantes. Alguns assuntos foram destacados em várias palestras, e de diversas formas, como a importância da missa; a Igreja Católica não tira a liberdade de ninguém; a família deve conduzir o mundo e não ser conduzida por ele; dar testemunho, você pode ser o único Evangelho que alguém lerá em toda a vida; luz x trevas: a Igreja conduz à luz; os pais são os primeiros catequistas, rezar com os filhos, falar das maravilhas que Deus faz em suas vidas, o maior problema do mundo hoje não são as guerras nem as doenças, mas as famílias 26

Cristiane e Brito com Jane e Robert, CRR da Pensilvânia – Estados Unidos

destruídas. Nas próximas edições da Carta Mensal falaremos sobre esses temas com mais detalhes. As sessões sempre transmitiam muita emoção que podia ser vista na expressão dos que falavam e dos que escutavam. Nos dias 26 e 27 de setembro, o Papa Francisco esteve na Filadélfia. Entre outras programações houve o Festival das Famílias no dia 26 com a presença dos participantes do Encontro e o Papa e no dia 27 a missa campal. Papa Francisco deixou algumas mensagens para as famílias: Deixo-vos uma pergunta: Na minha casa grita-se ou fala-se com amor e ternura? É uma boa maneira para medir o nosso amor; Querer formar uma família e ter coragem de fazer parte do sonho de Deus; O amor se manifesta em pequenas coisas, na atenção mínima cotidiana faz-se que a vida sempre tenha sabor a dar. Para nós foi um privilégio poder participar desse momento tão importante da Igreja e das famílias de todo o mundo, sem dizer de poder estar próximo de uma pessoa que transmite tantos sinais de amor e paz como o Papa Francisco. Fiquem com Deus!!  Cristiane e Brito CR Comunicação Externa CM 495


O Editorial publicado na Carta Mensal (francesa) de janeiro de1968, com o título acima, provocou reação e reflexões de muitos casais. Publicamos a seguir a carta do casal que motivou a resposta do Pe. Caffarel.

Tanto eu como Jacques somos profundamente dedicados e somos muito reconhecidos ao Movimento por tudo aquilo que nos tem dado. Nos oitos anos de Equipe muito temos recebido e estamos convencidos de que sem este amparo, nossa vida espiritual andaria à deriva. Mas chega um certo momento que indagamos: “Que irão exigir agora de nós?” Com efeito, para seguirmos as instruções do Pe. Caffarel, nós devemos entregar a tudo, a todos, por toda a parte e a todo momento! O marido deve desempenhar suas atividades profissionais com o maior escrúpulo possível, e atualizarse continuamente para ser “competente em sua profissão”. A esposa, mãe de família, deve se dedicar inteiramente ao seu lar despertando seus filhos para a espiritualidade, tratando-os quando doentes, orientando o trabalho escolar, estar enfim sempre disponível. Por outro lado, dizem que temos obrigação de trabalhar nos diversos quadros do Movimento, bem como estaramos atentos para as solicitações do nosso pároco. Na equipe devemos manter contato com os equipistas. Estar atento para um diálogo com os nossos irmãos. Estar a par do que se passa no mundo econômico, social e a posição da Igreja, a fim de defendê-la.

Os equipistas devem aprofundar a sua fé, graças aos meios postos à sua disposição: temas de estudos, meditações, leitura da Palavra, textos conciliares, etc. Para que tudo isto tenha sentido e não passe a redundar em ativismo, deve o cristão manter uma vida de oração, missa semanal, etc. Por acaso não serão justos também uns momentos de distração que sejam apenas para corresponder aos desejos de nossos filhos? Diante desta avalanche de solicitações, os cristãos medíocres que somos nos sentimos confusos. Que fazer primeiro? A que momento? Na verdade muitos o fazem com presteza, e a Carta Mensal nos traz deslumbrantes testemunhos. Se alguns realizam tudo que lhes é solicitado, por que é que nós não conseguimos? Perante esta nossa incapacidade perguntamos: “O nosso lugar será realmente nas Equipes de Nossa Senhora?” É para nós muito penoso dizer “não” quando somos solicitados para uma tarefa, além de ficarmos com um problema de consciência de termos deixado de cumprir a nossa missão. Assim, a alegria e a paz que cada um de nós deveria irradiar vão aos poucos desaparecendo. E, assim, como será possível despertar nos

1 Editorial Pe. Henri Caffarel da Carta Mensal no 1 de março de 1968.

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Raízes do Movimento

Cristãos Decapitados1


outros o desejo de participar da nossa assembleia? Peço que julgue esta carta não como uma crítica, mas sim como um pedido de ajuda... Resposta do Pe. Caffarel: Teria gostado de poder fazer-vos uma visita e passar uma noite em vossa casa, não para vos “responder”, para “procurar” convosco mas, ai de mim, também estou sobrecarregado de tarefas imperiosas e urgentes... Fiquei profundamente “tocado”, não apenas comovido, mas no sentido de ter vindo ao encontro da minha preocupação principal. Com efeito, vi e vejo em tantos cristãos – e às vezes nos melhores – os resultados aflitivos do esgotamento: uns perdem a coragem, outros têm esgotamentos nervosos, outros ainda afastam-se de Cristo, cujas exigências lhes parecem desumanas... Sem dúvida alguns não sabem organizar a vida, mas muitos outros não sabem escolher, o que muitas vezes é difícil e até angustiante para aqueles que põem a questão da seguinte maneira: “Que devo abandonar?” Mas o erro exatamente é pôr o problema nesses termos. O modo conveniente de nos interrogarmos é este: “Qual é a vontade de Deus?” Oh! Eu sei que nem sempre é fácil discernir a vontade de Deus! Na vida, chega o dia em que se compreende que o mais duro – e o mais perfeito – não é dizer sim a uma nova solicitação, mas sim recusar o serviço que nos é pedido, porque já não se tem nem tempo nem forças. Voltemos a analisar o proble28

ma de procurar qual a vontade de Deus. Há uma escala de valores que se deve estabelecer; embaixo na escala é aquilo a que se deve renunciar quando não se pode fazer tudo. Como estabelecer esta hierarquia de valores? Ninguém a pode estabelecer para os outros. Há, pelo menos, um princípio que deve estar sempre presente no nosso espírito: na nossa vida as “atividades de dispêndio” devem estar equilibradas com as “atividades de aquisição”. Vou explicar: a mãe de família, por mais sobrecarregada que esteja, sabe bem que tem de reservar um tempo mínimo (ou antes ótimo) para comer e dormir, sob pena de advir uma catástrofe. Acontece-o mesmo no plano da vida intelectual e da vida espiritual. Quem continua a dispender sem ter o cuidado de adquirir acabará por ter, dentro em breve, uma ruptura do equilíbrio. Isto é tão verdade para nós padres, como para vós leigos. Foi isto o que eu quis dizer quando escrevi na Carta Mensal de janeiro: “É grave risco deixarmos enfraquecer alguma das nossas funções fundamentais, quer seja de ordem física, afetiva, intelectual ou espiritual. O nosso desleixo tem como resultado um desequilíbrio, uma perturbação da nossa personalidade. Com efeito, o desenvolvimento do ser humano requer o desenvolvimento simultâneo de todas as funções porque são solidárias e complementares.” Vejo seres que “resistem” numa vida sobrecarregada, graças à atividade do espírito, graças ao “banho do cérebro” quotidiano. Àqueles que já têm o hábito da CM 495


atividade do espírito podem bastar alguns minutos de leitura por dia, em período de sobrecarga, para manterem a inteligência alerta e viva. Conheço mães de famílias e homens muito ocupados pelos seus trabalhos que conseguem guardar alguns momentos para a cultura intelectual quotidiana: Reconheço que isto supõe uma vontade forte apoiando-se em convicções sólidas. É evidente que a leitura quotidiana deverá ser tanto mais substancial, rica em calorias, quanto mais reduzido for o tempo. Dez minutos de leitura quotidiana é muito pouco: mas se ao longo dia, quando o espírito não estiver absorvido pelo trabalho, se recordar o pensamento meditado de manhã,

este torna-se vida em nós, tal como um alimento bem assimilado. Mas isto supõe uma ascese da imaginação que se torna rapidamente indisciplinada quando se lhe deixa as rédeas soltas. Às vezes, quando numa rua de Paris aparece o sinal vermelho, abro o Novo Testamento que trago sempre na algibeira, leio um versículo que me enche a inteligência e o coração de alegria para o dia inteiro. Confesso que já algumas vezes aconteceu ouvir um toque de aviso atrás de mim...  Colaboração Maria Regina e Carlos Eduardo Eq. N.S. do Rosário Piracicaba-SP

Ler mais rápido e memorizar os trechos bíblicos Com os dias agitados da atualidade queremos fazer tudo mais rápido, com maior agilidade e eficiência. E nos nossos estudos do livro sagrado não é diferente. Neste artigo compartilho dicas de como ler a Bíblia mais rápido e mesmo assim memorizar facilmente as passagens estudadas. Dica 1: Não releia trechos que você já leu Se você estiver lendo a Bíblia e em algum momento você se lembrar de um trecho anterior não volte a este trecho. Continue lendo normalmente. Assim você não vai gastar tempo desnecessário e também vai evitar de perder o raciocínio do que está lendo no momento. Dica 2: Leia a Bíblia escondendo o que já foi lido Uma técnica muito boa para não se distrair, perder o foco ou evitar a tentação CM 495

de reler um texto acima é ir escondendo com um pedaço de papel os trechos que já foram lidos. Assim você mantém seu olhos mais focados e aumenta a velocidade e a compreensão da leitura. Dica 3: Não fale, cochiche ou leia a Bíblia em voz alta A fala é mais lenta que a visão. Então ao falar enquanto lê você estará diminuindo desnecessariamente a sua velocidade de leitura. Dica 4: Leia blocos de palavras Algo que consome muito tempo é ler e focar uma palavra por vez. Ao invés disto deve-se ler grupos de três ou quatro palavras ao mesmo tempo. Assim você vai conseguir aumentar o seu campo de visão e ter uma leitura mais rápida e dinâmica do Livro Sagrado. (fonte: www.tinguiteen.com/ler-biblia-rapido)

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Acervo Literário do Padre Caffarel

A MÁQUINA DE PENSAR No Colóquio sobre a vida e a obra do Padre Caffarel, que foi realizado em Paris em dezembro de 2010,2 uma das conferências foi proferida pela professora de Literatura Claire Daudin sobre a influência dos escritores católicos de seu tempo sobre os escritos do padre. E na palestra, ela citou longamente um dos editoriais do Padre Caffarel que tem o título “Cristãos decapitados” e faz parte da coletânea “Nas Encruzilhadas do Amor”, também publicada no Brasil.3 O texto chamou a atenção da professora pelo vigor e pela virulência com que o padre Caffarel expõe suas ideias e sua posição. E a preocupação que expõe no editorial é extremamente atual. Ele começa dizendo que muitas pessoas, informadas “pela imprensa, pelo rádio, pela televisão, conhecem uma infinidade de coisas.” Hoje, poderíamos acrescentar a internet e todas as redes sociais. E ele continua: “No ramo de sua profissão, de sua especialidade, possuem conhecimentos aprofundados que sabem aplicar; as ‘reciclagens’ tão de moda cuidam, aliás, da ‘atualização dos conhecimentos’. Mas essa massa de informações ou de conhecimentos práticos, exatamente pela sua abundância, neutraliza a capacidade de reflexão. O conhecimento torna-se passivo, e já não é mais uma atividade do espírito, um esforço de assimilação e de criação.

Quando muito, fornece soluções-tipo para problemas-tipo. Com isso, vemos esses carneiros cevados e balidores a seguir as correntes de pensamento veiculadas pelos meios de comunicação e tantas vezes até contraditórias. Já não se pensa, ninguém se expressa, todos citam e repetem.” Em seguida, trazendo o assunto para o campo da religião, o padre diz: “Esta atrofia da inteligência encontra-se também no plano religioso. Os atingidos por este mal tentam muitas vezes justificar-se. Cheio de desdém, dizem, referindo-se a quem reflete: ‘É um intelectual, um cerebral, isso é intelectualismo…’ Como se a vida cristã fosse em primeiro lugar questão de sentimento ou de ação! Como se quem estuda ou medita fosse um traidor da causa da humanidade!“ E ajustando ainda mais o foco, acrescenta: “Não devemos ver um sinal dessa atrofia na falta de apreço de tantos cristãos pelo estudo da religião, na falta de leituras básicas, na ignorância quase total das Escrituras?” Mais adiante, ele cita algumas das consequências dessa falta de estudos para os casais: • “O enfado que lança as pessoas em múltiplos divertimentos para escapar, dizem elas, da intolerável impressão de solidão; • O declínio, o enfraquecimento do amor entre tantos cônjuges que se tornaram incapazes de diálogos no plano do pensamento;

2 Colóquio organizado pelas ENS com a contribuição e o testemunho de várias personalidades que tiveram contato com ele pessoalmente ou através de suas obras. 3 Editora Santuário, 2004 (2ª edição), tradução de Padre Flávio Cavalca de Castro. 4 Ver, a esse respeito, a Encíclica Evangelii Gaudium do Papa Francisco, de 24/11/2013.

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• A ausência de uma alegria espiritual, irradiante. Na presença desses cristãos, poderia alguém imaginar que o Cristo lhes deixou sua própria alegria?; 4 • A fragilidade da fé nos filhos educados em uma família na qual os valores da mente não merecem apreço, na qual a educação desconhece uma de suas primeiras tarefas: ensinar a refletir; • Uma vida de oração inexistente ou morna. As orações em família ou em grupo são tão frequentemente nutridas de estereótipos e, por isso mesmo, incapazes de chegar a atitudes pessoais de adoração, de louvor, de intercessão... • A incapacidade radical de tantos católicos para o diálogo religioso com os não crentes; incapacidade que se traduz, conforme os temperamentos, em fanatismo de direita ou de esquerda, ou em fuga.” Diante de possíveis objeções, o padre Caffarel reage: “Vão me dizer que é por falta de tempo. Mas quando se trata de uma função vital, esta objeção não tem cabimento: sempre há tempo para comer e dormir. É verdade que para a maioria de nossos contemporâneos seria preciso, em primeiro lugar, encontrar tempo para consertar a máquina de pensar. Mas, afinal, temos ou não orgulho de nossa vida de seres humanos?” Em sua palestra, a professora Daudin tirou algumas conclusões a respeito da aplicação desse texto à vida dos casais: “Parece, portanto, indispensável à vida cristã, inclusive quando vivida de forma conjugal, manter uma atividade intelectual e o padre Caffarel o relembra aqui em termos bastante vigorosos, CM 495

que falam muito das falhas que ele pôde constatar no seio de numerosas famílias.” E ela acrescentou essas observações que fazemos nossas: “Desde o início, as Equipes de Nossa Senhora foram concebidas pelo seu fundador como um movimento que deve se abrir às influências exteriores, em particular por meio da cultura, e não se fechar sobre o lar, por mais cristão que seja. A vida cristã não se nutre somente de devoção e o casal não se reduz a duas pessoas frente a frente. A oração e o compromisso, ou o serviço, devem se apoiar no exercício da inteligência, recorrendo a ‘leituras de conteúdo’.” Reforçando esta sua visão da necessidade de uma base intelectual mais bem formada, já em novembro de 1945 no no 5 da revista Aliança de Ouro (L’Anneau d’Or) ao falar pela primeira vez em “dever de sentar-se”, a recomendação feita pelo padre Caffarel, é começar abrindo um livro, algo cujo conteúdo leve à reflexão. A título de exemplo ele cita a Bíblia, mas também livros sobre a história da Igreja ou mesmo narrativas como Piloto de Guerra ou O Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry. Vamos fazer a experiência?  Hélène e Peter Eq.05A - N .S. da Santa Cruz São Paulo-SP Monique e Gérard Eq.01A - N. S. do Sim São Paulo-SP M. Regina e Carlos Eduardo Eq.01A N. S. do Rosário Piracicaba-SP Cidinha e Igar Eq.01B - N. S. Aparecida Jundiai-SP. 31


Testemunho

MUTIRÃO 2015 UMA CHUVA DE BÊNÇÃOS Ficamos muito contentes quando recebemos o e-mail, lembrando-nos do Mutirão das ENS. Gostaríamos muito de ir, mas havia uma dificuldade extra, pois havia sido programada uma celebração da catequese de uma de nossas filhas no mesmo dia. Como tudo em nossas vidas, colocamos a questão aos cuidados de Nossa Senhora e aguardamos a melhor solução. Na véspera do mutirão, ao chegar da catequese, nossa filha nos informou que a celebração foi adiada. Ficamos eufóricos, confirmamos nossa participação e com alegria fomos inscritos. Ufa! No dia seguinte, às 5h30min a família toda estava na estrada rumo a Curitiba. Chegamos adiantados e fomos afetuosamente recebidos pela equipe de animação e por todo o colegiado. Foi bonito de ver a animação dos equipistas de Rio Negro, com seus filhos, que fretaram um ônibus e chegaram junto conosco, numa alegria contagiante. 32

Começamos nossa manhã colocando-nos na presença do Senhor, com a celebração da Missa presidida pelo SCE Frei Angelo Vanassi, preparando nosso espírito para recebermos as bênçãos que estavam sendo derramadas sobre nós. Na sequência, o Daniel Godri da Terezinha nos levou a refletir sobre o que a vivência dos PCEs pode representar na vida do casal equipista! O Daniel é um comunicador fantástico, tem o dom maravilhoso de usar as palavras de forma simples, criativa e tocar no coração das pessoas. Se fosse esta a única atividade do dia, já teria valido o esforço em nos fazer presentes, mas o dia estava apenas começando. Após, relembramos um pouco do que vivenciamos no 3o Encontro Nacional das ENS em Aparecida, e foi emocionante quando os casais do colegiado cobriram a quadra do ginásio com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, aquele banner gigante que apareceu na CM 495


abertura, lembrando a todos que quando trabalhamos juntos podemos realizar coisas grandiosas. À tarde foram trabalhados os temas “casal animador”, “dever de sentar-se” e “reunião de equipe”, de forma criativa e lúdica, com direito até a representação teatral, levando-nos a refletir sobre nosso papel dentro da equipe, nosso compromisso de equipista e como nosso crescimento espiritual depende, principalmente, de nosso próprio esforço. No período da tarde chovia e fazia muito frio, mas nosso coração voltou para casa aquecido. E mais uma vez percebemos que, quando abrimos nosso cora-

ção e dispomos de um pouco de nosso tempo, o retorno é muito mais que uma chuva de bênçãos, pois ficamos “inundados” com as graças que recebemos. Agradecemos a Deus e a Nossa Senhora a graça de sermos equipistas, e ao mesmo tempo pedimos que cubram de bênçãos os casais que se doaram para organizar o evento, e, ainda, ao Espírito Santo que nos ajude a abrirmos nossos corações para todas as oportunidades que o Senhor nos dá diariamente, pois assim nosso caminho certamente será mais iluminado.  Josáurea e Osvaldo Katzenwadel Eq.02 - N. S. de Lourdes Ponta Grossa-PR

TESTEMUNHO DE UM SCE Falar das Equipes de Nossa Senhora é uma alegria muito grande para mim. Sou sacerdote há um ano e meio e desde a minha ordenação comecei a trabalhar numa cidade do interior de nossa diocese. Aqui, como em todos os lugares, urge a necessidade de ajudar os casais no caminho de santidade, de amor um para com o outro, de caridade fraterna e de inserção na vida da comunidade. Aqui em Rio Negro fui convidado a conhecer as Equipes de Nossa Senhora e, entre os casais equipistas, encontrei uma grande família na qual posso ouvir e falar, trocar experiências CM 495

e ajudar a crescer. Como é bom ter a oportunidade de sentar em torno à mesa e rezar juntos. Encontrei no Movimento das Equipes de Nossa Senhora casais que também me ajudam a ser um sacerdote mais atencioso, mais entendido das crises do mundo, mais orante e mais santo. Acredito que a minha presença, como a de qualquer outro conselheiro, também gere os mesmos bons frutos aos casais por ele acompanhados. Encorajo a todos os leitores a rezar mais pelas vocações, precisamos de sacerdotes atentos às necessidades do mundo e das famílias. Que possamos viver cada dia com mais intensidade, com a alegre experiência de ajudar-nos uns aos outros a orar e partilhar. 33


O meu testemunho é de alegria por estar com vocês, e com vocês formar essa grande família das Equipes de Nossa Senhora vivenciando o belo carisma, dado pelo Espírito Santo à Igreja, de ajudar os casais no caminho de santidade. Junto do Casal Responsável do Setor, Mariza e Airton, tenho procurado participar das atividades do Movimento. Uma ocasião especial foi poder também parti-

cipar do Jantar dos Conselheiros em Curitiba, foi um momento festivo e de encontro com outros sacerdotes dedicados a trabalhar juntos no Movimento. Que Deus abençoe a nossa caminhada e as nossas Equipes e ilumine a todos os Conselheiros Espirituais do Movimento.  Pe. Rafael Fuchs SCE do Setor Rio Negro/Mafra Região Paraná Sul

ENFRENTANDO AS DIFICULDADES Temos orgulho em dizer que somos parte integrante de uma segunda geração das Equipes de Nossa Senhora. Meus pais integram as equipes há mais de 30 anos e, como caçula de uma família de três meninas, estava sempre ao lado de meus pais em diversos eventos das equipes. Hoje tenho minha equipe, já com quatro anos completos de fundação, e as dificuldades que nunca foram pequenas têm nos tomado os pensamentos. Somos o CRE neste ano de 2015 e os compromissos só aumentaram. EACRE, Reuniões com o CL, com o CRS, preparatórias e outros. E como diversas famílias espalhadas pelo mundo afora, papai e mamãe saem para trabalhar todos os dias deixando para trás os nossos tesouros que são os nossos filhos. Temos um rapaz de 4 anos e uma moça de 1 ano e meio. Ainda estamos em meio a processos de mamadas e desmames, fraldas e desfraldes. E isso demanda tempo 34

e energia. Nossa equipe nos acompanha nas dificuldades pois somos sete casais com dezenove crianças no total. Lutamos com muito esforço para seguir os PCEs que foram sabiamente intitulados de Esforço. A nossa oração conjugal é feita muitas vezes dentro do carro com meu filho mais velho afivelado em sua cadeira enquanto a caçula está aos cuidados da babá. Rezamos a oração do Santo Anjo e, em seguida o Magnificat. Já parada na estação do metrô, onde um de nós segue para o trabalho, só nos resta tempo de olhar nos olhos e dizer: “Te amo, obrigada e tenha um ótimo dia”. Em algum momento do dia ligo o celular e leio o Evangelho do dia enviado pelo casal animador através de uma mensagem. Faço uma breve meditação e a tarde chega me lembrando que preciso correr para o trabalho. Existem momentos em que nos olhamos imaginando que não daremos conta de zelar pelo sucesso CM 495


da nossa equipe e de nossa família. Confessamos que o pensamento de deixar o Movimento já nos visitou em um ou outro Dever de Sentar-se. Precisamos superar dia a dia as nossas dificuldades e enfrentar as nossas lutas. Temos fé de que chegará o dia em que poderemos ser bem mais participativos no Movimento. Chegará a hora em que poderemos participar ativamente da Adoração Perpétua, noites de reflexão e outros sem ter que levar um colchonete e/ou um edre-

dom para o caso de um dos dois ficar com muito sono. Então, juntos chegamos à conclusão de que não adianta tanta cobrança em cima de nós mesmos. Não existe a necessidade de tantos questionamentos e dúvidas. Temos a certeza que Deus sabe e conhece as nossas dificuldades. Ele sabe do nosso esforço em fazer parte de um Movimento tão abençoado como as Equipes de Nossa Senhora.  Aline e Marcos Eq.44A - N. S. Imaculada Conceição Brasília-DF

A espiritualidade conjugal na ascese da vida matrimonial A espiritualidade conjugal exige uma ascese, ou melhor, a espiritualidade conjugal é vivida na ascese da vida matrimonial. Ascese é uma palavra grega que significa exercício, ginástica. Espiritualmente significa um esforço pessoal para o crescimento, esforço que consiste em aparar arestas, em desenvolver qualidades e virtudes. O casal, ao cultivar a sua espiritualidade, não precisa recorrer às propostas da vida monacal, da vida dos frades e das freiras. A vida matrimonial, por si mesma, já oferece as ocasiões e os meios suficientes para a ascese, para a purificação, para o crescimento, para o desenvolvimento da caridade cristã. Essa ascese, esse esforço, consistirá, por exemplo, e sem pretensão de ser completo, na procura e na vivência da pobreza. As dificuldades da vida do casal necessariamente irão ensinar que as coisas mais importantes não são as que se manejam, mas sim as coisas do coração, do pensamento, as coisas de Deus. O matrimônio necessariamente impõe renúncias na posse dos bens. O casal nunca poderá ter tudo quanto quer. Poderá fazer disso amargura, ou caminho para crescer, para perceber que o único necessário é Deus, o amor entre ambos e os filhos. É preciso que o casal percorra os caminhos da temperança, ou seja, que o casal, através da vida matrimonial, com suas dificuldades e suas alegrias, aprenda a ter medida nas coisas. Saiba ter medida no trabalho, na diversão, nos sacrifícios, na oração, na leitura espiritual, na procura da satisfação e do prazer. É preciso que o casal cultive sua espiritualidade através de uma ascese ampla, que o leve à procura do crescimento em todas as virtudes morais. (Trecho extraído do livro Casamento, resposta de Deus, Pe. Flavio C. de Castro C.Ss.R., 2005 - pp. 185-186)

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Partilha e Pontos Concretos de Esforço

O CASAMENTO É UMA LOTERIA? Dicas para um Dever de Sentar-se

Cada vez mais temos notícias de casamentos desfeitos, e o que mais assusta são notícias de uniões de 20, 30 anos, ou mais, se desfazerem sem motivos aparentes. Só se escutam expressões como: “nossa, eles se davam tão bem”; ou ainda; “eles eram casais de Igreja, trabalhavam em movimentos, pastorais.” Sabemos que somos pessoas limitadas e que estamos constantemente nos descobrindo, e quantas vezes nos deparamos tomando atitudes que, até então, não havia passado pela nossa imaginação. Sabemos também que o casamento é a união de duas pessoas diferentes, com histórias e personalidades diferentes e que reagem a situações diferentemente. Quando essas duas pessoas resolvem se unir, não se aniquilam suas individualidades, então vejamos, quantas vezes nos deparamos discutindo, e até brigando, por coisas das mais corriqueiras. Por tudo isso, nós e o casal animador do mês propusemos à nossa Equipe um jogo, com objetivo de ajudar os casais a avaliarem a construção do relacionamento cujas regras passamos abaixo: • O “volante da loteria do casamento” constitui-se de uma coluna para os quesitos e três colunas de opções, como um volante de loteria esportiva; • Os quesitos tratam das aquisições, escolhas e decisões que marcaram a vida do casal em todos os aspectos da vida, se36

jam patrimoniais, financeiros, sociais, culturais, familiares etc. Exemplos: - compra, aluguel ou construção da casa; - escolha da escola dos filhos; - mudança de emprego; - aquisição de eletroeletrônicos; - ingresso no Movimento das ENS; - compra de vestuário; - decisões sobre o casamento; - escolha de padrinhos dos filhos; - decisões sobre férias e passeios. • Sobre cada quesito deve ser marcado em uma das colunas seguintes quem foi o responsável pela decisão. Se foi a esposa marca-se a primeira coluna, se foi o marido marca-se a terceira coluna e caso tenha sido de comum acordo marca-se a coluna do meio; • Os quesitos do volante da “loteria” devem ser escolhidos em conjunto. Preparam-se 03 volantes iguais: um para a esposa, outro para o marido e o outro para ser preenchido no Dever de Sentar-se. Os dois confrontam os volantes preenchidos separadamente e depois preenchem juntos o volante consolidado do casal (aquele que ficou para o DDS). Após ter preenchido o volante consolidado do casal, apuram-se os totais assinalados em cada coluna e comparam-se os resultados: • Se a maioria, acima de 50%, é de coluna do meio e as demais estão equilibradas entre as coluCM 495


nas 1 e 3: Parabéns ao casal; • Se a maioria é coluna do meio e há pequena predominância de uma das colunas, ainda assim o casal está bem; • Se a maioria não é coluna do meio, porém, as colunas 1 e 3 estão equilibradas, ainda assim não há grande motivo para preocupações; • Se a maioria não é coluna do meio e há uma ligeira predominância da coluna 1 ou 3,

cuidado! Está na hora de rever suas decisões e determinar uma Regra de Vida para buscar um equilíbrio maior; • Se a maioria não for coluna do meio e houver uma predominância expressiva de uma das colunas 1 ou 3, é sinal de alerta: urge uma ou mais Regras de Vidas.  Paulo Bondioli da Elizabethe Eq.05 - N. S. Auxiliadora Setor Pindamonhangaba / Região São Paulo Leste II / Província Sul I

Mudando de Atitudes através dos PCE Os PCE são atos a serem executados, mas que tendem a criar um espírito, um clima, um estado. São atos que levam a criar atitudes de vida mais exigentes que provocam um esforço de discernimento, de criatividade e constância que abrange todo o nosso ser e ao qual cada um de nós se obriga voluntariamente. Ao nos aprofundarmos na prática dos PCE, verificamos que todos estão

entrelaçados e coesos, não tendo sentido se vivenciados isoladamente. Na tentativa de melhor compreendê-los, a equipe do Setor desenvolveu o diagrama abaixo, cuja finalidade básica é mostrar visualmente a interligação entre todos. Texto extraído de um jornal de Setor (B) da Capital de São Paulo abril-1988 assinado por Maria Alice e Ivahy, então responsáveis pelo Setor na época.

REGRA DE VIDA Encaminha para novas atitudes

DIÁLOGO CONJUGAL Intimidade do casal entre si

MEDITAÇÃO

ESCUTA DA PALAVRA

Torna os olhos sensíveis às coisas do mundo

Oferece critérios para vida

RETIRO

ORAÇÃO CONJUGAL Intimidade do casal com Deus

Realimentar a vida

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Reflexão

FIM DE ANO, TEMPO DE BALANÇO Estamos chegando ao fim do ano, e muitos de nós em alguns momentos da caminhada fraquejamos, perdemos algumas pérolas preciosas, deixamos de fazer o bem a alguém, em algum dia nesse ano estivemos desanimados, algum casal deixou o Movimento por comodismo, ou por um problema qualquer. Alguns perderam a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus, porque tinham outro programa. Seria mais interessante? Não sei... Outros deixaram de avançar na vida cristã e com isso deixaram de crescer espiritualmente. Assim, desejamos nesta virada de ano refletir sobre alguns valores que devem ser restituídos em nossas vidas. Vamos esquecer as coisas que ficaram para trás e olhar com mais cuidado as que vêm pela frente. Se somos instruídos pelas equipes a “Ousar o Evangelho”, então vamos “OUSAR”. Precisamos seguir com mais determinação para continuarmos bem e como verdadeiros equipistas.

magoaram, as palavras que nos machucaram, as vezes que falhamos nas nossas equipes de base, as vezes que deixamos de praticar algum PCE, a nossa falta de participação na Eucaristia e também pelas vezes que por algum descuido deixamos de nos aprofundar no tema de estudo. Precisamos querer para o ano novo uma faxina, que se estenda à nossa vida espiritual. Vamos ousar mais, nos comprometendo com a equipe, com a comunidade, com a missão a nós confiada. Jamais haverá um ano novo e de mudanças positivas, se continuarmos nos erros passados, se continuarmos acomodados, fazendo somente o extremamente necessário. Assim, queridos irmãos, vamos iniciar 2016 com muito entusiasmo para vivermos com mais intensidade a busca constante de Deus. Procuremos restituir as pérolas preciosas perdidas no decorrer desse ano.

Vamos esquecer o que nos impediu de realizar algo este ano, tudo que nos atrapalhou, e partir para a ação.

É momento também de agradecer a Deus por tudo que vivenciamos neste ano e pedir que nos dê um norte para realizarmos tudo melhor, com mais carinho e dedicação. 

O mundo é tão convidativo que muitas vezes falhamos. Vamos, irmãos, esquecer um pouco as mágoas. Os sentimentos que nos entristeceram, as pessoas que por algum motivo nos

UM FELIZ ANO NOVO A TODOS CHEIO DE BÊNÇÃOS. Meiry e Raimundinho Eq.01 - N. S. das Graças Cruz-CE

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Natal nas ENS!

Existem dois natais: aquele em que celebramos o nascimento do Deus Menino e, o outro, do bom velhinho, das imposições mercadológicas. Quanto ao Natal do Menino Jesus, celebramos numa reunião festiva com a família equipista completa. Depositamos junto à manjedoura nossas incertezas, tribulações, falhas e omissões inclusive com relação aos PCEs durante o ano. Nesta noite alegre e santa, o presépio, com Maria e José acalentando o recém-nascido, os animais e seus pastores, brilha uma sinergia inimaginável entre o passado, o presente e o futuro, que somos nós, com nossas imperfeições, angústias e as promessas de sermos fraternos, solidários e perseverantes no amor ao próximo. Nada como o Natal, para nos aproximarmos cada vez mais dos nossos irmãos de equipe, para a conciliação das famílias, para a remissão de culpas recíprocas; graças à luz que o Menino Jesus irradia em nós, proporcionando esperança para um mundo melhor e mais humano, cheio de alegria e paz. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora, com seu carisma, com o profetismo do nosso fundador, Pe.Caffarel e o nosso compromisso conjugal e sacramental, nos insere de corpo e alma na vida da Igreja, com a mãe de Jesus à nossa frente, nos fazendo seguir os passos Dele. Um feliz e santo Natal a todas as equipes, às famílias e aos nossos bravos sacerdotes.  Sandra Regina/Aloisio Eq.02 - N. S. Auxiliadora Limeira-SP CM 495

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NÃO SERVOS, MAS AMIGOS “Não vos chamo servos (…) chamei-vos amigos” (Jo 15, 15). Estas poucas palavras de Nosso Senhor conseguem expressar de forma simples e significativa o modo como ele compreendia a sua relação com os doze e, por que não, com os discípulos e discípulas de todos os tempos e situações. Porém, não nos enganemos, esta amizade não era uma pretensão estratégica, muito menos uma ingênua interpretação de sua missão. Mas um modelo de vida e relações que Ele deseja incutir nos seus seguidores e, em particular, naqueles que na família de Deus terão responsabilidades de direção: “Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou (...) eu vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros” (Jo 13,13s) ou em outro lugar: “sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam (...) entre vós não deve ser assim: ao contrário, aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos” (Mc 10,43s). Nada mais estranho ao Evangelho de Jesus Cristo e ao seu exemplo do que a pretensão das primeiras posições (Mc 9,3337). Certa vez, em uma conversa bastante difícil com outro sacerdote ouvi algo realmente chocante, porém, infelizmente, não incomum: “Não admito ser 40

chamado pelos leigos senão de senhor”. Tomo esta afirmação como demonstração daquela vontade de poder que edificou em torno da Igreja muralhas, e que a transformou em uma “cidadela privilegiada” (Vultus Misericordiae, 10), distante da vida e das reais preocupações do mundo e, por isso, muitas vezes implacável em suas posições e incompreensível em suas declarações. Ao contrário desta postura, quero, se isso me é permitido, propor a reflexão sobre uma nova postura. Não acredito que os títulos e as externalidades nos garantem o respeito de qualquer pessoa. Ao contrário, o amor, a humildade e a dedicação que aplicamos à nossa vocação presbiteral ou matrimonial serão prontamente reconhecidos. Deste modo, o “senhor” que pretendemos ouvir da boca dos demais não precisará ser exigido, mas fluirá espontaneamente. Porém, certamente diremos aos nossos interlocutores: “por favor, senhor não, prefiro amigo”. 

Pe. Arthur Correa Silva SCE Região SP Leste III Mogi das Cruzes-SP CM 495


Impressiona-nos muito o começo do Movimento e o que o perpetua. Passados quarenta anos da sua origem, Padre Caffarel faz uma revelação surpreendente, por ocasião do Discurso de Chantilly: “Atrevo-me a crer hoje, que na origem das ENS houve um carisma fundador... No começo não se suspeitava qual seria o futuro. Não se dizia: ‘O Espírito Santo levou-me a fazer isto’. É só hoje, após quarenta anos, diante do desenvolvimento das Equipes, que eu penso: em 1939, com os quatro primeiros casais houve alguma coisa e não apenas uma ideia; alguma coisa a mais do que o simples entusiasmo; aquele encontro não foi um encontro fortuito; a Providência e o Espírito Santo ali estavam de algum modo. Agora dou graças ao Senhor”. O Guia das ENS diz assim: “A Reunião de Equipe é um momento privilegiado de partilha num ambiente de caridade e de amor fraternal”. Se refletirmos sobre estes dois textos, devemos contribuir de alguma forma para a perpetuação do Movimento, dispensando extremo respeito ao ponto mais alto da Vida de Equipe – a Reunião Mensal. Devemos traduzir

com a expectativa do encontro, levando todos a esperar para a festa da oração e da partilha. As salas, preparadas com carinho, são ocupadas e somos iluminados pelo Espírito Santo. Essa não é uma reunião qualquer: “reunimo-nos em nome de Cristo”! Daí necessitar de uma preparação para que ocorra num clima de alegria e seriedade e possa atingir seu objetivo. Com sua pedagogia, o Movimento instituiu duas Reuniões: a Preparatória, para programar a Formal, e a Formal, para celebrar a ajuda mútua. Na Preparatória invocamos a Trindade Santa para avaliarmos a reunião anterior e darmos vida à próxima; o CRE, o CA, e o SCE, em clima de oração e sob o olhar carinhoso da Mãe, atendem os anseios dos outros casais na construção de uma pauta composta pelos pontos imutáveis, porque ali está o Espírito Santo – Carisma Fundador. Assim como a Eucaristia, com seus assuntos imutáveis, perpetua a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, a Reunião Formal, embora não tenha uma ordem rígida, precisa contemplar 5 pontos essenciais e cada um deles, fundamentado na Palavra de Deus, perpetua o Movimento.

1 Para uma melhor reflexão e aprofundamento, sugerimos a leitura e/ou releitura dos documentos: Reunião de Equipe, O CARISMA FUNDADOR – Discurso de Chantilly e Guia das Equipes de Nossa Senhora.

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Formação

O PONTO MAIS ALTO DA VIDA DE EQUIPE1


Já ouvimos inúmeros testemunhos de equipistas que se sentiram angustiados porque alguns irmãos, em nome da criatividade, desejaram excluir ou substituir alguns desses pontos: Refeição, Oração, Partilha sobre os Pontos Concretos de Esforço, Coparticipação e troca de ideias sobre o Tema de Estudo. Para esta correção fraterna, lembramos outra fala de Padre Caffarel no Discurso de Chantilly, quando ele refere a manutenção e o crescimento das ENS sob regras claras e exigentes: um terço dos casais abandonou-nos. Não aceitaram a lei da exigência.Ficamos abalados, perguntando-nos se não teríamos sido excessivamente ambiciosos. Mas afinal, nos anos seguintes, descobrimos que continuavam firmes justamente os grupos de casais

que tinham aceitado exigências. E houve a explosão, a expansão inesperada pelos quatro cantos do mundo. Houve as grandes concentrações, nomeadamente as nossas concentrações de Lourdes e de Roma. Meu papel é simplesmente testemunhar. E incitá-los à fidelidade aos carismas fundadores e à criatividade dentro dessa fidelidade. 

Zezinha e Jailson Eq.01B - N. S. da Conceição Jaboatão dos Guararapes-PE

partilha entre dois seres “A partilha total entre dois seres é impossível e, cada vez que se julgasse ter-se realizado tal partilha, estar-se-ia perante uma união que privaria um dos parceiros, ou até os dois, da possibilidade de se desenvolver plenamente. No entanto, quando se tiver tomado consciência da distância infinita que haverá sempre entre dois seres humanos, quaisquer sejam eles, torna-se possível uma vida maravilhosa "lado a lado": será necessário que os dois parceiros se tornem capazes de amar essa distância que os separa e graças à qual cada um deles descobre o outro por inteiro..." Rainer Maria Rilke (Escritor austríaco) Tema de Estudo 2005 - “Homem e mulher Ele os criou” - p. 105

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FÉRIAS: TEMPO FORTE OU TEMPO FRACO? “Outro aspecto da nossa vida a examinar é o dos tempos livres. Estará Deus aí presente?” Em primeiro lugar, o que é isso a que se chamam ‘férias’? Eu definiria assim: é o tempo de interrupção do trabalho habitual, escolar, profissional, doméstico. No regresso das férias, verifico muitas vezes nos pais aquilo que os professores verificam nos estudantes: uma baixa na qualidade espiritual. As energias estão enfraquecidas. Um aumento de vitalidade física terá como preço necessário uma diminuição de vitalidade espiritual? Isso seria uma grande decepção. Mas, nada está menos provado. De onde vem, então, essa diminuição? Será que se abandonam, por querer ou não, os exercícios religiosos habituais? Talvez não necessariamente. Não estaria aí, parece-me, a primeira razão do enfraquecimento. Ela é de ordem interior: em férias dão-se férias ao amor, toma-se como regra de vida: ‘o que é que me agrada’? Jogos, sono, passeios, leitura, tudo é comandado por essa lei soberana. Entendei-me bem: não é repousar, descontrair-se, praticar esportes, o que eu acho repreensível é a motivação: o ‘porquê me agrada’. Daí a perpétua atenção a si próprio, e, logo a desatenção aos outros; daí as suas próprias preferências em detrimento às preferências dos outros. Enquanto ao longo de todo o ano, em que não se pode fazer o que agrada, e as pessoas se esforçam por fazer a Vontade de Deus, CM 495

durante as ‘férias’ isso muda: dão-se férias ao amor e o egoísmo garante essa pausa. - Aí é que está o erro. Não há férias para o amor. Cessais de respirar durante as férias? Então, não cessais de amar; o amor é a respiração da alma. Que o amor se mantenha desperto, alerta, vigilante, solícito. Que o seja ainda mais do que é costume. Respirai a plenos pulmões, amai de todo o coração! A alma, como o corpo, tem necessidade de se refazer, de se renovar; ora, amar é que recria a alma. As férias deveriam ser tempo em que é mais fácil amar: amar Deus, amar os outros. Mais fácil amar os outros porque afastados da correria da vida e, sem pressa, juntos, pode-se descobrir, maravilhar-se, ler, falar longamente; exercitar-se a amar mais e melhor. Então as férias corresponderão à sua razão de ser: uma recriação. Recriam cada pessoa, os laços entre a alma e Deus, entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs. De regresso à casa, retoma-se a rotina do trabalho, a alma está mais forte, a vitalidade aumentou. As vossas férias serão um tempo forte de vosso ano, porque fareis dela “um tempo para amar”.  Pe. Henri Caffarel CM julho 1995 Colaboração Salma e Paulo Equipe Carta Mensal 43


Notícias

ANIVERSÁRIO DE EQUIPE 25 ANOS DE EQUIPE As Equipes Nossa Senhora de Fátima, de Blumenau-SC, e Nossa Senhora Aparecida, de Lages-SC, completaram 25 anos de caminhada no Movimento. 40 ANOS DE EQUIPE Equipe Nossa Senhora Aparecida - Setor A de Criciúma - Região Santa Catarina I - Província Sul III. Fundada em 23/11/75.

BODAS DE DIAMANTE Vilma e Eloysio Em 10/09/2015 Eq.01A - N. S. das Famílias Niterói-RJ

BODAS DE OURO Suely e Ricardo Em 11/09/2015 Eq.06A - N. S. da Conceição Niterói-RJ Alcinéia e Alair Em 18/09/2015 Eq.08E - N. S. do Rosário Rio de Janeiro-RJ Éssia e Mauro Em 07/02/2015 Eq.02 - N. S. de Fátima Sertãozinho-SP

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Lelena e Roque Em 05/09/2015 Eq.12 - N. S. da Paz Brasília-DF Marilza e Vicente Em 18/12/2015 Eq.02 - N. S. da Conceição Fortaleza-CE

BODAS DE prata Solange e Jonas Em 15/09/2015 Eq.09 - N. S. de Lourdes Capão da Canoa-RS Lucivalda e Ferrete Em 29/09/2015 Eq.07 - N. S. Aparecida Sobral-CE

Vanusa e Jabeny Em 07/09/2015 Eq.31 - N. S. de Fátima Quirinópolis-GO Sílvia e Mábio Em 08/09/2015 Eq.08 - N. S. da Abadia Itumbiara-GO Maria das Graças e Roberto Em 07/07/2015 Eq.02A - N. S. da Rosa Mística Itumbiara-GO CM 495

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Cleia e Moacir Em 26/05/2015 Eq.51 - N. S. Aparecida Itajá-GO Nelma e Cláudio Em 24/11/2015 Eq.06A - N. S. do Céu Belém-PA

JUBILEU DE PRATA SACERDOTAL Janaína e Rigonatto Em 13/10/2015 Eq.06A - N. S. Desatadora dos Nós Goiânia-GO Pe. José Ferreira Em 04/08/2015 SCE da Eq.12 - N. S. das Dores, de Aparecida-SP e da Eq.03 - N. S. das Graças, de Guaratinguetá-SP

JUBILEU DE PRATA DIACONAL Pe. Jalmir Carlos Herédia Em 04/08/2015 SCE da Eq.13 - N. S. Desatadora dos Nós Aparecida-SP Diácono Sandoval Lopes de Araújo Em 16/01/2015 AET Eq.06F - N. S. de Schoenstatt Rio de Janeiro-RJ

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volta ao pai Conselheiro Espiritual, Graça de Deus nas Equipes de Nossa Senhora No último dia 29 de agosto, o Pe. Emídio, nosso Conselheiro Espiritual, foi para a casa do Pai. Mas, antes disso, no mesmo dia, participou de nossa reunião formal, onde nos concedeu diversos presentes. O curioso é que naquele dia preparamos um almoço especial para celebrar o aniversário dele, mas fomos nós quem recebemos os presentes. Nós, casais equipistas, devemos agradecer todos os dias pela presença dos Conselheiros Espirituais em nossas equipes. Eles são fonte pura da Graça de Deus, que transborda sobre nós. Cabe a nós cuidar com muito carinho de nossos Conselheiros Espirituais. Eles pensam tanto nos outros, que costumam se esquecer de cuidar deles mesmos. Ainda que nossos Conselheiros Espirituais tenham familiares por perto, também nós devemos ser uma extensão de sua família. Não sabemos o dia de amanhã e nem devemos esperar por ele. O mandamento de Deus é que nos amemos hoje. Quanto a nós, da Equipe 43, ainda estamos passando por esse momento delicado, sentindo muita falta da presença física do Pe. Emídio. Mas sabemos que ele está muito feliz ao lado do Pai, porque viveu plenamente o amor e morreu cumprindo sua missão (Keilla e Wagner - Eq.43 - N. S. Mãe Educadora - Brasília-DF). Frei Antonio Desideri Em 19/03/2015 Era SCE da Eq.06F - N. S. das Graças Rio de Janeiro-RJ Yara (do Paulo Nathan) Em 25/10/2015 Integrava a Eq.01B - N. S. da Esperança São José dos Campos-SP

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Audineide Pereira (do José Edmilson) Em 15/08/2015 Integrava a Eq.09C - N. S. Auxiliadora Natal-RN Mauro Baeta Neves (viúvo da Dorinha) Em 10/09/2015 Integrava a Eq.01A - N. S. das Famílias Niterói-RJ Roberto (da Valcimar) Em 05/07/2015 Integrava a Eq. N. S. da Guia Goiatuba-GO Remi (da Vera) Em 27/07/2015 Integrava a Eq. N. S. de Fátima Quirinópolis-GO Aldo Benatti Neto (da Eliana Benatti) Em 13/09/2015 Integrava a Eq.03 - N. S. de Guadalupe Piracicaba-SP Eliana Benatti (do Aldo Benatti Neto) Em 19/09/2015 Integrava a Eq.03 - N. S. de Guadalupe Piracicaba-SP Elizete Mariz Medeiros Wolff (do Sebastião) Em 16/08/2015 Integrava a Eq.01B - N. S. de Guadalupe Curitiba-PR Paulo da Silva Reis (da Eva) Em 20/09/2015 Integrava a Eq.03 - N. S. das Graças Guaratinguetá-SP 48

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Meditando em Equipe ELE É NOSSA PAZ Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”. (Lc 2,6-14) Reflexão O Filho de Deus, acolhido apenas por Maria e José. Ao redor da manjedoura não havia anjos revoando. Os anjos estavam no campo, a chamar os pastores, pobres coitados que foram os primeiros a receber o grande anúncio: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor.” Esse anúncio chega até meu coração? Que significado tem para mim? Qual é minha resposta? Oração espontânea Fale com Deus sobre sua necessidade de salvação, repasse suas carências e seus desejos. Renove sua confiança, abra-se para a paz, alegre-se, porque o Filho veio para unir-se a nós.

Oração litúrgica − Celebremos dignamente o Verbo de Deus, que existe antes dos séculos e quis, por nosso

amor, nascer no tempo, e aclamemos jubilosos: − Alegre-se a terra porque viestes! − Cristo, Verbo Eterno, que descendo à terra, a enchestes de exultação, alegrai nosso coração com a graça de vossa visita: − Alegre-se a terra porque viestes! − Salvador do mundo, que pelo vosso natal nos revelastes a fidelidade de Deus a sua aliança, fazei-nos cumprir com fidelidade as promessas de nosso batismo: − Alegre-se a terra porque viestes! − Rei do céu e da terra, que enviastes os anjos para anunciar a paz aos homens, conservai em vossa paz os nossos dias: − Alegre-se a terra porque viestes! − Senhor, que viestes para ser a videira que nos dá os frutos da vida, fazei-nos permanecer unidos a vós, e dar frutos de santidade: − Alegre-se a terra porque viestes!

(Das Laudes de Natal) Pe. Flávio Cavalca de Castro, cssr SCE Carta Mensal


NESTE NATAL

Ajuda-me, Senhor, para que... Os meus olhos sejam misericordiosos, de modo que eu jamais suspeite nem julgue as pessoas pela aparência externa, mas perceba a beleza interior dos outros e possa ajudá-los; O meu ouvido seja misericordioso, de modo que eu esteja atento às necessidades do próximo e não me permitas permanecer indiferente diante de suas dores e lágrimas; A minha língua seja misericordiosa, de modo que eu nunca fale mal do próximo; que eu tenha para cada um deles uma palavra de conforto e de perdão; As minhas mãos sejam misericordiosas e transbordantes de boas obras; Os meus pés sejam misericordiosos, levem sem descanso ajuda aos meus irmãos, vencendo a fadiga e o cansaço; O meu coração seja misericordioso, para que eu seja sensível a todos os sofrimentos do próximo. Amém! Oração de Santa Faustina, apóstola da Misericórdia Divina

Equipes de Nossa Senhora Av. Paulista, 352 • 3o andar, cj. 36 • 01310-905 • São Paulo-SP Fone: (11) 3256.1212 • Fax: (011) 3257.3599 secretariado@ens.org.br • cartamensal@ens.org.br • www.ens.org.br


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