ENS - Carta Mensal 423 - Dezembro/2007

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Carta Mensal é uma publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora Registro “Lei de Imprensa” no 219.336 livro B de 09.10.2002

Edição: Equipe da Carta Mensal Graciete e Gambim (responsáveis)

Avani e Carlos Clélia e Domingos Luciane e Marcelo Sola e Sergio Pe. Geraldo Luiz B. Hackmann

Jornalista Responsável: Catherine E. Nadas (mtb 19835)

Projeto Gráfico: Alessandra Carignani

Editoração Eletrônica e Produção Gráfica: Nova Bandeira Prod. Ed. R. Turiassu, 390 - 11º andar, cj. 115 - Perdizes - São Paulo Fone: (0xx11) 3473.1282

Fotomontagem da capa: Roberta S. Gambim Impressão: Cly Tiragem desta edição: 19.800 exemplares

Cartas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para: Carta Mensal

R. Luis Coelho, 308 5º andar • conj. 53 01309-902 • São Paulo - SP Fone: (0xx11) 3256.1212 Fax: (0xx11) 3257.3599 cartamensal@ens.org.br A/C Graciete e Gambim

Queridos Irmãos e Irmãs:

Chegamos a mais um final de ano. Em novembro, tivemos a oportunidade de fazer um balanço, em casal e em equipe, do nosso caminhar em busca da santidade. Honestos conosco mesmos e com a comunidade equipe, percebemos com certeza que fizemos progressos neste ano de 2007 e também constatamos que poderíamos ter sido melhores, que houve falhas. É preciso, porém, olhar para a frente, pois o “coração misericordioso do nosso Deus” (Lc 1,78) não cansa de nos amar e de nos chamar a sermos semelhantes a Ele. Nesta perspectiva se apresenta o tempo litúrgico do Advento do Natal do Senhor. Tempo de encher o coração de esperança e nos prepararmos para receber o Salvador.

O mistério do Verbo Encarnado, o Filho de Deus feito Homem, Redentor e Salvador da humanidade, só é conhecido pelos que têm o coração aberto a tudo o que é por Deus revelado, nos diz Frei Avelino. Somente a fé abre o coração para celebrar o Natal do Senhor como um acontecimento atual e que diz respeito a toda a humanidade. Deus, porque ama a cada pessoa humana, veio até nós, para nos dar vida. Natal é vida. E se a vida humana é tão importante que Deus mesmo vem vivê-la entre nós, como não defender a vida em todas circunstâncias, em especial a dos nascituros inocentes?

Muito relacionadas ao Natal, celebramos as solenidades da Imacu-

lada Conceição de Nossa Senhora e de Santa Maria, Mãe de Deus. Mais do que todos, esta mulher está inserida no mistério da nossa salvação, pois nela a graça de Deus agiu maravilhosamente.

Graça e Roberto nos conclamam a comemorar os 60 anos dos Estatutos fundadores das Equipes de Nossa Senhora. Não se trata de um simples lembrar, mas de celebrar a história do Movimento e dar graças a Deus pela adesão de tantos casais ao seu carisma, os quais testemunham a “fecundidade do amor vivido na busca incessante da presença de Cristo que, no matrimônio, vem ao encontro dos casais sequiosos de enriquecer o seu amor conjugal com a Sua presença”.

Para marcar os 60 anos da Carta fundacional, esta edição apresenta um encarte, contendo ricos comentários sobre o significado dos nossos Estatutos e sua atualidade hoje. Ao ler esses comentários, será muito proveitoso ler paralelamente o próprio documento.

Esta Carta nos proporciona, ainda, ler artigos sobre os PCE, vida de equipe, testemunhos de vida equipista, reflexões e outros.

Parabéns aos sacerdotes, casais e equipes jubilares!

Os Casais e o Sacerdote da Equipe da Carta Mensal desejam um abençoado Natal a todos.

Graciete e Gambim CR Eq. Carta Mensal

Caríssimos casais e conselheiros:

Feliz Natal! O significado do Natal só será avaliado plenamente na eternidade. Quem já experimentou o desespero de sentir-se fechado num quarto escuro, sem nenhuma saída a não ser a porta da qual quebrou a chave, poderá entender o significado do Natal. O pecado fechou a porta e quebrou a chave. Agora, só Jesus pode abrir, só Ele é a chave. A nós resta-nos crer em Jesus Cristo, o único que pode abrir a porta da salvação.

A Encarnação do Filho de Deus ocupa o centro dos principais mistérios da fé: Santíssima Trindade e Redenção. O Magistério da Igreja coloca Jesus Cristo no centro: Entre o Pai e o Espírito Santo, no mistério da família trinitária; entre Maria e José, na família em que foi inserido no mistério da sua natureza humana. É o Filho de Deus encarnado que se fez chave para abrir a porta da salvação. Sem Jesus Cristo, o homem ainda estaria na escuridão e sem chance de ver a Luz que é Deus. Natal é lembrar e viver este mistério. “Anuncio-vos uma grande alegria: Hoje nasceu o vosso Salvador!”

A Igreja tem uma forma para mostrar a alegria deste anúncio do Céu. O Natal é celebrado pela Igreja com 3 celebrações eucarísticas diferentes, onde a palavra de Deus sublinha os momentos marcantes deste fato totalmente impensado pelo homem: Na Missa da noite celebra-se

o nascimento de Jesus em Belém (Lc 2,1-14); Na Missa da aurora celebra-se a manifestação de Jesus aos pastores (Lc 2, 15-20); Na Missa do dia celebra-se a divindade de Jesus (Jo 1,1-18).

O evangelho da Missa da noite lembra a escuridão em que vive o homem e da Luz que é Jesus.

O nascimento de Jesus abre a porta e a Luz brilha para o mundo. Com o Natal o homem se encontra com Jesus, Luz e Caminho da salvação. O evangelista nos leva a Belém, onde encontramos Maria, que lá se encontra por fidelidade à lei. Mas, para Aquela que trazia a Luz em seu seio não havia lugar.

Na Missa da aurora, encontramos Jesus revelando-se aos simples, aos que têm o coração acolhedor. Os grandes mistérios de Jesus são refletidos pelos sábios, mas conhecidos pelos que têm o coração aberto a tudo o que é por Deus revelado.

A Missa do dia celebra a divindade de Jesus. João apresenta a origem divina do Menino que se apresenta na fragilidade humana.

Um tríduo, refletindo o mistério de cada uma das três Missas, não poderia ser o que faz um Natal diferente? Queridos casais, façam a diferença neste ano: Um tríduo natalino conjugal.

A todas as Equipes do Brasil: Bom Natal!

SCE SR

Amados irmãos equipistas:

Na Festa da Imaculada Conceição deste ano, celebraremos os 60 anos dos Estatutos das ENS, definidos pelo Padre Caffarel e pelos responsáveis do Movimento em 1947.

Este ato singelo, distante no tempo e tão profundamente enraizado na vida dos equipistas, marcou a nossa história, definindo a intuição original que baliza a caminhada do Movimento na fidelidade aos carismas fundadores.

Mais do que lembrar o aniversário de publicação de um documento oficial, desejamos celebrar a adesão equipista aos fundamentos do Movimento. Queremos dar graças a Deus pela fecundidade do amor vivido na busca incessante da presença de Cristo que, no matrimônio, vem ao encontro dos casais sequiosos de enriquecer o seu amor conjugal com a Sua presença.

Há um caminho de santidade que os casais são chamados a percorrer. Há uma espiritualidade própria que os ajuda a se amarem sem medidas. Há também uma vida comunitária orientada pelas razões de ser do Movimento, pelo seu carisma e mística e pelos pontos concretos de esforço, destinada a criar uma sociedade de amor mútuo. O aprendizado desse amor se realiza no seio de uma equipe que está a serviço dos casais.

As dezenas de equipes existentes

na França e arredores, em 1947, tornaram-se hoje 10.000 equipes, em cerca de 70 países do mundo.

A primeira Equipe brasileira nascida em 1950, em São Paulo, multiplicou-se, a partir de uma formação perseverante, séria, balizada pelas firmes orientações dos Estatutos. A semente tornou-se uma árvore, frondosa, com 2.900 equipes distribuídas em 24 unidades da federação.

Eis os frutos do mistério da aliança, dom e estado de vida nova em Cristo e na Igreja: casais desejosos de viver plenamente sua vida matrimonial que, na busca de santificação, reúnem-se numa comunidade de amor mútuo. Eis os frutos que nascem da morte do grão de trigo, que se tornam visíveis e se desenvolvem quando há doação da própria vida.

“Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto.” (Jo 12, 24)

Senhor, vos pedimos, por intercessão de vossa Santa Mãe, Maria, que não faltem casais dispostos as serem grãos de trigo na difusão generosa da espiritualidade conjugal, para que a obra do amor mútuo desejada por Vós alcance a humanidade inteira!

Natal, o nascimento do Filho de Deus. O amor de Deus foi a origem de tudo.

Imerso numa nuvem fascinante de amor, Ele transbordou e fez surgir a criação. Os seres humanos foram criados a partir do transbordamento do amor de Deus.

É o amor que gera, que cria. Homens e mulheres são frutos do amor divino. Por isso, homens e mulheres, ao gerar, o fazem por projeto e obra do amor do Criador.

O amor está no princípio da criação, cujo fim se orienta para o amor. Deus é uno e indivisível, mas é comunidade. São três pessoas num só Deus. É uma família. Quando o Gênesis afirma que “Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança”, quer dizer uma família: pai, mãe e filhos. Deus projeta para fora de si a comunidade que existe Nele. Os seres humanos foram criados para formar comunidade de amor, à semelhança de Deus Trindade que os criou. Homens e mulheres, porém, pela liberdade com a qual foram dotados, têm o livre arbítrio para dar continuidade ao projeto de Deus ou para rejeitá-lo.

O anúncio do Anjo a Maria da sua vocação a ser a Mãe do Filho de Deus, por obra do Espírito Santo, é um apelo atual a cada casal a dar

continuidade à obra da Criação, pois a tristeza do pecado humano se desfaz a partir do Natal de Jesus Cristo e a vida humana recebe um alegre sentido no Homem Novo, o Verbo Encarnado.

O Nascimento de Jesus, filho de Maria e de José, é um fato histórico. O Natal, porém, não é aniversário de nascimento ou de uma data histórica, mas “memória”, isto é, o fazer presente liturgicamente o ato do “coração misericordioso do nosso Deus” (Lc 1,78) que, “na plenitude do tempo, envia o seu Filho ao mundo” para que, por ele, recebamos a sua “adoção filial” (cf. Gl 4,45). Na celebração do Natal, os anjos continuam dizendo para nós: “Não tenhais medo...: hoje, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc. 2,11).

Quando pensamos em Natal, lembramos daquele acontecimento do casal Maria e José, da tribo de

Davi, que se dirigiu a Belém, sua cidade, para o recenseamento ordenado pelo imperador romano. Maria “deu à luz um menino e envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2,7).

O nosso coração muitas vezes é como aquela estalagem. O “Menino” Jesus chega, bate à nossa porta para adentrar, crescer e tornar-se Cristo adulto em nós e nem sempre estamos atentos para abrirmos a porta da estalagem do nosso interior.

O Natal é um chamado a cada casal, a cada lar a transformar-se em presépio, na acolhida alegre e generosa a mais um “rebento”, manifestação do sopro criador de Deus.

Por isso não podemos aceitar nenhuma lei humana que, ao invés de preservar a vida, deixa a cargo das consciências a decisão de interromper a existência. A vida é dom de Deus em quaisquer circunstâncias. A mensagem do Natal é um sim à vida e ao mesmo tempo uma denúncia aos mecanismos de morte que imperam em nossos dias.

Eis porque a Igreja recebeu de Cristo a missão de evangelizar.

A trajetória traçada por Deus para a vida humana é perfeita, implantada na própria natureza humana. Maridos e mulheres jamais encontrarão a felicidade se não for um no outro. Doação de corpos e mentes. Felicidade a dois. Um realiza-se no outro. Um não existe sem o outro. Quer dizer, podem existir, mas não completos, nem felizes. A felicidade completa só pode ser alcançada a dois. A riqueza e o poder não

sustentam a felicidade do casal. A verdadeira felicidade vem do sobrenatural presente no mistério que envolve um homem e uma mulher unidos por Deus para que, amando-se, abram-se à transmissão da vida.

O viver cristão deve ser Advento e ininterrupto Natal, um contínuo preparar-se e realizar-se, deixandose moldar continuamente pelo amor criador de Deus.

Nós casais fomos premiados com uma pérola preciosa, as ENS. O Movimento nos possibilita, com sua pedagogia e métodos, viver uma vida mais próxima e íntima com Deus. Os PCE são meios que nos ajudam a estar sempre em Natal. Através deles nos é pedido para, diariamente, ler e meditar a Palavra de Deus, orarmos juntos e, mensalmente, realizarmos um Dever de Sentar-se e propormo-nos uma Regra de Vida que nos leve a tornar nossas atitudes mais cristãs e a melhorar o relacionamento conjugal. Ainda nos é pedido a cada ano que nos retiremos para uma reflexão sobre a nossa caminhada espiritual.

O Natal é festa, é paz e alegria. Infelizmente, hoje, em muitos lares falta mais amor do que pão, muito mais paz do que emprego, há muito mais falta de Deus do que de dinheiro e poder.

Que o “Menino” esteja presente todos os dias em todos os nossos lares e nos corações equipistas do mundo inteiro.

Feliz Natal!

Nazira e João Paulo

CR Provincial Norte

A Equipe da Super-Região abraça cada equipista, cada leitor, como colégio e pessoalmente.

A escolha de Florianópolis para sediar, em julho de 2009, o 2º Encontro Nacional das Equipes de Nossa Senhora reveste-se de graça preciosa, que derramará seus frutos em, pelo menos, duas grandes direções: Uma graça aos casais equipistas e conselheiros espirituais catarinenses, pois, durante o período do Encontro celebraremos a Eucaristia com os irmãos equipistas, anunciando a presença do Senhor entre nós; juntos cresceremos no conhecimento da Igreja e do Movimento, reforçando o sentido de unidade; e juntos confraternizaremos, partilhando a alegria de sermos todos filhos do mesmo Pai.

Em segundo lugar, uma graça a todos os habitantes de Santa Catarina, cujo solo abençoado por sua padroeira receberá milhares de casais e conselheiros espirituais de todo o Brasil, dando-nos a oportunidade de exercitar o dom da hospitalidade, uma característica do generoso povo catarinense. “Vinde e Vede” (Jo 1,39).

Os sentimentos de que estamos todos tomados se originam, igualmente, de duas grandes vertentes. O primeiro, que brota do coração e que envolve todas as nossas ações, é o sentimento da gratidão pela bondade que o Senhor nos concede a todos de servi-lo na preparação do 2º Encontro. Como poderíamos imaginar tamanho apreço pelos equipistas de nosso Estado? Sim, porque as graças derramadas sobre os que ser-

vem são sempre abundantes. Por isso, as pessoas que servem são sempre mais felizes!

O segundo, que brota da razão, é o sentimento da responsabilidade, diante do desafio de um trabalho dessa magnitude, principalmente depois das bênçãos recebidas em Brasília, durante o 1º Encontro, em 2003 (recordamos, com saudades, a acolhida carinhosa dos irmãos brasilienses e os momentos especiais que lá vivemos). Mas, como “nenhum peso se torna insuportável quando o amor é verdadeiro” (Frei Avelino, SCE/ SR, Carta Mensal agosto/07), sabemos que o amor ao Movimento nos torna fortes (pela força que vem de Deus – 1Pe 4,11) e capazes de trabalhar com ardor pela boa realização desse que pode ser chamado de encontro da esperança.

Os braços dos equipistas de Florianópolis e de Santa Catarina já estão abertos, aguardando ansiosamente o momento de receber os equipistas de todo o Brasil. O 2º Encontro Nacional já começou, através das inscrições que estão chegando. Mas, para que esse Encontro seja do agrado do Senhor, precisamos orar muito, para que Deus ocupe sempre o primeiro lugar nos trabalhos de sua preparação e que Ele seja o primeiro a ser servido.

Que Jesus e sua mãe, Maria, caminhem conosco!

Sílvia e Glauco Casal Organizador do Encontro

A vida comunitária é uma aventura que pode ser maravilhosa ou pode ser um descompasso. Muita gente confunde comunidade e grupo. Muitos pensam que basta colocar algumas pessoas juntas, que se entendam mais ou menos, engajadas num mesmo ideal para que haja comunidade. O resultado, às vezes é um desastre.

A vida comunitária não é feita só de afinidades, de espontaneidade, nem só de cumprimento de leis. A vida comunitária necessita de fé e da presença do Espírito Santo, isto também nas Equipes de Nossa Senhora. Um dos grandes desafios do cotidiano de uma equipe de Nossa Senhora é caminhar como comunidade, nos limites de se confundir com equipe de trabalho ou de estudo ou de amigos, de cunho profissional, intelectual ou social apenas.

Sem comunidade não há vida cristã. Somente vivendo o espírito de comunidade é possível ser fiel à missão que Jesus confia a cada um: transformar-se e transformar o mundo, testemunhando a todos tudo o que Ele ensinou.

“Uma equipe de Nossa Senhora é uma comunidade cristã de casais”, no seio da qual, vários casais, unidos pelo sacramento do Matrimônio, se entreajudam para viverem como cristãos, buscando a santidade.

O documento O que é uma Equipe de Nossa Senhora expõe claramente que os casais que decidem ser equipistas é porque, querendo seguir Jesus Cristo como casados, estão conscientes das suas fraquezas e, por isso, buscam ajuda de uma comunidade. Eles se reúnem em nome de Cristo, que se une a eles: “Se dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles”.

A vida em comunidade cristã, quer seja a comunidade conjugal ou a equipe, tem suas leis, suas próprias exigências, como meios que lhes permitam progredir no amor conjugal e na santidade.

Um desafio nosso é construir realmente uma equipe e ser equipe. Busquemos, então, o fundamento bíblico de ser e formar uma equipe, como a que Jesus construiu com os primeiros cristãos. Encontramos nos Atos dos Apóstolos a definição do que é ser equipe (comunidade cristã):

•Os cristãos tinham tudo em comum; •Dividiam seus bens com alegria; •Tinham todos, um só coração e uma só alma;

•Todos se sentiam responsáveis uns pelos outros, ajudando-se material e espiritualmente.

A vontade de Deus e a orientação de vida para a comunidade equipista caminham nessa consciência: dar testemunho de unidade, de participação, de zelo pela santidade do matrimônio, com autenticidade de fé e vida, na fraterna correção mútua quanto ao caminho a seguir.

E podemos nos perguntar: A vida de nossa equipe é um estímulo para que outros casais sintam-se atraídos a viver em equipe? A viver em busca da santidade do matrimônio? A vida de equipe tem sido instrumento de ajuda a outros casais a descobrirem as necessidades do Movimento, da Igreja, do mundo, ou cada um está voltado para os próprios problemas, achando que o que basta é cumprir os requisitos da reunião formal? Qual é a prioridade dos membros de nossa equipe?

Ser equipe e viver a vida de equipe vai muito além. Aceitar o “vem e segue-me” de Jesus, fazer parte de sua equipe, é cultivar o ser, mais que o ter. Cultivar o ser mais casal, o ser mais família, o ser mais Igreja, o ser mais sacramento do amor, da fidelidade e santidade. Para um equipista, verdadeiramente comprometido, o fato de estar na equipe não garante o sucesso no esforço para a santidade. Ele sabe que é preciso cumprir os meios, com paixão, com inquietação, com obstinação, observar e assimilar as aspirações de Deus para o êxito da espiritualidade conjugal. É preciso exercer a hospitalidade no interior da equipe, ver em primeiro lugar Cristo que espera ansiosamente a nossa abertura de coração.

Na prática, significa que, como busco a minha santificação, também ajudarei o outro a caminhar para o Pai. Daí o respeito, a compreensão, a ajuda, a unidade no amor e no compromisso. Tudo isso se realiza em gestos, com liberdade, no respeito aos horários, fidelidade na partilha, no “pôr em comum”. Só poderá pôr em comum aquele que tiver abertura e disponibilidade para o outro. Caso contrário, haverá apenas o relato noticioso do que acontece em nossa vida, fatos sem coração, sem base na oração, de onde brota a força para mudanças de comportamento e para a prática de ações concretas.

Ser Equipe de Nossa Senhora é testemunhar a verdadeira espiritualidade pessoal e do casal, é transformarse em dom para a vida dos outros. E este é o dom que o Movimento tem para oferecer à Igreja e ao mundo: em nós, uma nova imagem de casal.

Na sensibilidade de Maria (“Eles não têm mais vinho”), aprendemos a ter pressa, urgência para agir e ajudar os casais a reencontrar o vinho da graça matrimonial nas bodas da terra, “vinho” tão desconhecido e não valorizado pelos casais.

Em suma, as ENS têm um objetivo específico próprio: ajudar os casais a viver plenamente o seu sacramento do Matrimônio. Esta é nossa missão de equipistas, a razão de estarmos no barco de Jesus, cada um com seu remo para caminharmos por águas mais profundas, sem medo.

Vera e Messias Eq. N. S. do Amor Varginha/MG

Estamos casados há 48 anos e há 43 nas Equipes. Destes, 35 com uma participação ativa, como quadros, no Movimento. Sempre em casal.

Nestes últimos anos nossa participação foi, aos poucos, reduzindose à nossa equipe de base e, mais recentemente, estou numa caminhada quase que “solitária”, devido aos problemas de saúde da Cidinha. Não há mais condições de fazer o Dever de Sentar-se, vou sozinho às reuniões e assim também faço a reflexão sobre o Tema de Estudo.

Para a reunião em que trocaríamos idéias sobre o primeiro capítulo do tema “Espiritualidade Conjugal”, a partir da Reunião Preparatória, foi-nos proposta, para a reflexão, a seguinte pista: “Procuremos ler e refletir o tema, acrescentando os aspectos vivenciais que foram e os que são importantes para nós”.

Em minha reflexão solitária tive a idéia de buscar “a participação da Cidinha” no nosso livro “Falando sobre espiritualidade conjugal”. Está em nosso nome, pois resulta de nossa vivência conjugal, mas foi ela quem pôs as idéias no papel.

Conforme a pista proposta à Equipe, anotei do livro do tema alguns dos muitos aspectos que mais me tocaram e procurei extrair textualmente do nosso livro os comentários pertinentes.

E assim a Cidinha participou não só da reflexão do tema em casal, como também da própria reunião da equipe! Terminada a reunião, a equipe su-

geriu que essa forma de “participação” da Cidinha fosse partilhada com as demais equipes. Daí esta publicação.

Que consciência temos da espiritualidade conjugal em nossa vida de casados?

Espiritualidade é o modo pelo qual buscamos conhecer, interpretar, discernir a Vontade de Deus em nossa vida e a nossa resposta no caminho da santificação. É a orientação que damos à nossa vida, a partir dos valores revelados por Jesus Cristo.

A Espiritualidade Conjugal orienta a vida a partir do fato de se viver a dois. A vida de cada membro do casal no dia-a-dia, na relação com o outro e, principalmente, na relação com Deus, leva a marca do Matrimônio. Mesmo aquilo que pode parecer totalmente desvinculado do fato de alguém ser casado, como, por exemplo, a busca da realização profissional, leva essa marca.

Viver a Espiritualidade Conjugal é, em última instância, realizar a Vontade de Deus para o casal, buscando fazer do casamento um lugar de amor, um lugar de felicidade e um caminho de santidade e buscando realizar a própria missão, como casal cristão, na família, na Igreja e no mundo. Isso exige conhecer a vontade de Deus para o casal.

De que modo as diversas expressões e a prática de nossa espiritualidade pessoal enriquecem ambos os cônjuges no casamento?

Criando-nos homem e mulher, Deus infundiu em nossos corações o anseio de convivência, de comunicação, de relacionamento com Ele mesmo e com o outro. A esse anseio de conviver com Deus, Ele responde vindo habitar entre nós. O Deus vivo não apenas realiza de forma plena a comunicação da criatura com seu Criador, mas ainda lhe possibilita a comunicação perfeita com o seu semelhante.

É na entreajuda, no diálogo com o outro, particularmente nesse núcleo social, o casal, que cada um se constrói plenamente como ser humano. E é em Deus e com seu Filho Jesus que essa exigência de interação e diálogo alcança a sua mais plena realização.

Viver a espiritualidade conjugal não significa um aniquilamento de si mesmo, do próprio “eu”. Ao contrário. Aquele cônjuge que está disposto a renúncias em nome do casal alcançará a plenitude, como o grão de trigo que morre e depois produz fruto. Quanto mais se aprende a morrer aos próprios egoísmos, mais se é pessoa humana.

Pe.Caffarel, em Roma, em 1970, disse: O casal dará testemunho de Deus de maneira mais explícita se ele for a união de dois “buscadores de Deus”.

O amor que dá sentido à vida é o que dá sentido ao casamento. E esse amor pode acabar se não for cotidianamente cultivado, através de um conhecimento mútuo cada vez mais profundo, através do respeito, de renúncias pelo outro, de atenções, de carinhos...

Mas a maior garantia para que o amor dos cônjuges não somente não desapareça, mas ainda se torne mais profundo, mais verdadeiro através dos anos, é estar o casal constantemente em busca da sintonia entre seu projeto fundamental de vida e o projeto de Deus, fonte de vida para todos nós. Isso se realiza através de uma busca contínua, que deve perdurar o tempo de nossa vida.

Na Segunda Inspiração vemos: Os cristãos casados são chamados à santidade, um caminho a percorrer juntos, em casal.

Viver a própria história como Deus quer é santificar-se. Para os cristãos casados, o caminho da santidade passa pela vida conjugal e familiar.

Mas não é fácil integrar o dia-adia da vida conjugal e familiar e descobrir aí o lugar privilegiado para desenvolver a vida em Deus. São incontáveis as situações que devem ser integradas na vida espiritual do cristão: a doença própria ou dos que lhe são mais próximos, a morte que

rompe laços profundos, a solidão forçada, o desvio de um filho, as desavenças familiares, o desemprego, a perda de uma cômoda situação econômica, uma calamidade pública...

O cristão deve ter as disposições necessárias para que tudo seja integrado na sua vida para Deus. “Para os que amam a Deus tudo concorre para o bem” (Rm 8,28).

Para responder ao chamado para viver a santidade precisamos aprender a sofrer, a aceitar a fraqueza, devemos aprender a nos perdoar e a nos curar mutuamente. Jamais nos esqueçamos de que o Senhor nos confiou um ao outro, no dia do nosso casamento, e nos fez um dom inesgotável que nos acompanha por toda a nossa vida. Cada um deve se ver e ver o outro como um dom providencial de Deus. Deve aceitar o outro tal como é e esforçar-se por mudar a si próprio para ser para o outro um dom ainda melhor. Cada um de nós aprende a se colocar a serviço um do outro. Ao longo desses anos todos treinamos um ao outro, mútua e pacientemente.

O homem e a mulher foram criados um para o outro, para formarem uma unidade e viverem a comunhão de amor que acontece em Deus. A construção dessa unidade, a busca da vivência de um tão grande amor, é uma tarefa que supera as nossas forças. Mas, por corresponder à vontade de Deus, ela se torna possível pela Graça. Mas exige uma constante colaboração de nossa parte. Como colaborar com a Graça no Matrimônio? Pela decisão de amar até o fim. O que significa isso? Significa um esforço

contínuo por viver para o outro, por dar-se sem reservas, sem interrupções. Um dom gratuito que se faz de si mesmo para o outro, sem nenhuma outra razão que o motive a não ser o amor pelo outro. Um dom total, de corpo e de espírito.

Significa um esforço contínuo por conhecer realmente o outro, uma renúncia ao viver em função de si mesmo, um estar sempre atento à realidade do outro, às suas necessidades e aspirações; um acompanhar sua evolução, seu crescimento.

Significa também um esforço contínuo por acolher a pessoa do outro, em cada momento de sua vida. Acolhê-lo em suas virtudes e fraquezas. Significa acreditar no outro. Significa saber perdoar e pedir perdão.

Significa ainda um esforço de ambos por superar tudo o que possa dificultar o crescimento no amor.

Quando fomos convidados a fazer parte das Equipes de Nossa Senhora, nos propuseram uma forma de viver a espiritualidade conjugal. A partir desse chamado, começamos a nos empenhar, de uma forma cada vez mais consciente, na busca de uma maior coerência entre nossa vida e a vontade de Deus para nós. Essa busca tem sido fundamental para a nossa vida, em todos os sentidos.

Igar da Cidinha Equipe N. S. Aparecida Jundiaí/SP Extraído do boletim “Mensageiro”, de Jundiaí. (Igar e Cidinha foram CR da ERI de 1994 a 2000)

Chegamos ao final do tema. Nada mais natural que a vontade de fazer uma avaliação, de rever os pontos principais, de descobrir os objetivos e verificar onde ele nos tocou mais.

Os objetivos podem ser vários, mas um deles sem dúvida é a preocupação com a unidade do Movimento, por isso o tema deste ano faz um retorno às origens, retoma o carisma, relembra a mística e nos convoca a uma revisão dos compromissos nas ENS. A espiritualidade conjugal, título do livro tema, é simplesmente o carisma do Movimento.

O tema nos convoca a uma revisão dos nossos compromissos de equipistas e nos dá a oportunidade de perceber possíveis desvios e fazer as devidas correções de rumo e de atitudes.

Na introdução do oitavo e último capítulo, vemos que “o objetivo essencial das Equipes de Nossa Senhora é ajudar os casais a buscar a santidade – nem mais, nem menos”. Mais à frente, vemos que santidade consiste em viver segundo o espírito de Jesus e que essa opção de vida nada tem de extraordinário. Para crescer em santidade, entretanto, precisamos antes conhecer Jesus Cristo e deixar-nos modelar por Ele, esforçarmo-nos por imitá-Lo e segui-Lo. Aqui os PCE entram como ferramentas valiosas e imprescindíveis, oferecidas pelo Movimento, para vivermos a espiritualidade con-

jugal, produzir em nós mudanças de atitudes e nos colocar no caminho da santidade.

Os PCE interagem uns com os outros, a prática assídua de um favorece a realização de outros. Porém, o ponto de partida, é a Escuta da Palavra; se Jesus é o modelo, precisamos conhecer a sua pregação. Na prática deste PCE temos nos surpreendido muitas vezes com a riqueza dos valores que somos chamados a praticar, temos tido a oportunidade de rever nossa vida em função desses valores cristãos e isto já é Meditação. Para nos tornarmos constantes na vivência desses meios, fazemos uso da Regra de Vida que, por sua vez, é acionada após um Dever de Sentar-se, em cujo diálogo temos procurado exercitar a misericórdia, a compaixão; nos propusemos a curar as feridas um do outro, a acolher a penúria e a nos fazer mais próximos um do outro. Para isso estamos nos esforçando para aprender com o Samaritano a amar, servir e curar feridas.

Nossa Oração Conjugal é guiada pela Escuta da Palavra, pela Meditação e pela oração pessoal: é um momento onde fazemos uma revisão do nosso dia, agradecemos a Deus pela sua generosidade, falamos das nossas preocupações e pedimos a Deus sua proteção em nossas necessidades. Isso nos aproxima e nos une cada dia mais. O Retiro é, por excelência, o PCE para onde convergem todos os outros:

nele os PCE se tornam um, nele paramos, desaceleramos para sentir o pulsar de Deus e redimensionar a nossa relação com as pessoas.

A vivência cristã é viver a mística do mistério de Deus, aqui e agora, fazendo acontecer o Seu Reino. A combinação dos PCE e

o esforço para não nos acomodarmos, certamente, serão o suporte para vivermos a espiritualidade conjugal.

Auxiliadora e Carlos CR Setor N. S. Aparecida Juiz de Fora/MG

O amor conjugal pode ser testemunhado através de pequenos gestos, no dia a dia; Marido e mulher que se amam são um exemplo muito importante para os filhos; e esse amor necessita de ser testemunhado na sociedade, nas “rodinhas de amigos”, sem qualquer vergonha ou omissão, mas com correção e fidelidade.

A nossa caridade conjugal é de fundamental importância para que Deus se manifeste, através de nós casais cristãos, ao mundo hodierno tão cheio de erros. Para isso precisamos nos apoiar em muita oração...

A mídia, hoje, tem contribuído muitíssimo para a diminuição dos valores cristãos, mas nós não podemos ser teleguiados. Precisamos estar atentos à questão dos valores morais, principalmente dentro de nossa família, entre familiares e amigos.

Hoje, em sociedade, respira-se relativismo moral, decorrente da falta de fé. Em relação a sexo e casa-

mento, o mundo considera tudo “normal”. Dentro desta cultura os jovens insistem na teoria do “ficar”, e não se interessam em conhecer o valor do sacramento do Matrimônio. Então, em qualquer ambiente, também nos profissionais, precisamos ser a “gota d’água” no meio do oceano, nadar contra a corrente, sem nos omitirmos, assumindo a postura de verdadeiros cristãos.

Nosso movimento, com a sua metodologia, nos anima e direciona para o trabalho pastoral, onde há muito a fazer, principalmente entre os jovens casais. Com a formação que recebemos nas Equipes de Nossa Senhora, estimulados pelos depoimentos de tantos casais sobre crescimento conjugal, não podemos deixar de testemunhar e proclamar a santidade do amor conjugal para os casais na Igreja e no mundo.

Maria de Fátima e Luis Antônio Eq. N. S. das Graças – Setor A –Região Rio III

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Conforme relata o Evangelho de São Lucas (2,1-2), José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, até a Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida, na cidade de Belém, sendo ele da casa e da linhagem de Davi.

Aproximando-se o tempo de nascimento do filho, os santos esposos preocuparam-se em pedir hospitalidade numa estalagem da cidade. A procura foi em vão. A resposta, reta e rápida: “Não há vaga.” Provavelmente, por sua pobreza e nenhuma projeção, Maria e José foram rejeitados e tiveram que se refugiar em uma gruta reservada ao abrigo de animais. Ali Jesus nasceu.

Analisando essa narrativa do santo evangelista, constatamos a falta de consideração com o estado de Maria e a completa ausência de fraternidade, de caridade e de humanidade daqueles que rejeitaram o pobre casal, que buscava um lugar, apenas por alguns dias ou talvez algumas horas, onde o filho pudesse nascer com um pouco mais de assistência.

Provavelmente, se o casal tivesse muita posse ou grande projeção política, intelectual ou social, a resposta seria outra e o acolhimento, imediato, porque dar-se-ia um jeitinho em função dos benefícios que poderiam advir da gentil hospitalidade.

Passados dois milênios daquele fato histórico, estamos agora celebrando novamente o Natal. E Jesus continua procurando um espaço para nascer na vida de milhões de pessoas e de comu-

nidades inteiras que ainda não descobriram a perfeição do Plano Divino.

Por que será que as portas continuam fechadas? Será que não há um pequenino espaço para que Jesus possa nascer e demonstrar que Ele é realmente o Caminho, a Verdade e a Vida?

Afinal, não se trata mais de rejeitar um casal pobre, desconhecido e sem projeção. Trata-se do nascimento do Filho de Deus, do Divino Mestre, nosso Irmão que, por um ato de amor supremo, deu a sua vida para a redenção de todas as gerações.

Infelizmente, apesar do tempo decorrido, dos ensinamentos registrados, dos milagres realizados e dos exemplos que Jesus nos deixou, temos de reconhecer que um grande número de pessoas e muitos povos continuam com suas estalagens fechadas, porque estão repletas de outras prioridades que impossibilitam o acolhimento de Jesus. O projeto deles visa à conquista do ter, do poder e do prazer a qualquer custo, não importando se, para tanto, o egoísmo sufoque a fraternidade; a exploração gere a miséria; a mentira esconda a verdade; a prepotência impeça a liberdade; o fechamento impossibilite a abertura e a guerra prevaleça sobre a paz.

Nesses ambientes não há espaço, não há clima, não há disponibilidade para Jesus nascer e demonstrar o seu Projeto Salvífico, o qual não se limita à miragem de uma prosperidade enganosa e efêmera, mas demonstra a certeza de uma felicidade plena e eterna.

O Projeto de Deus apresenta objetivos diferentes: propõe que o ter seja partilhado; que o poder identifique-se com o servir e o prazer seja fruto da solidariedade. Demonstra que o amor vence o egoísmo; a verdade prevalece sobre a mentira; a misericórdia elimina o ressentimento e gera o perdão; a justiça promove a paz.

O Projeto de Deus não fecha as portas, ele amplia os espaços, favorece o acolhimento, promove a hospitalidade, incentiva a solidariedade e anuncia a grandeza e a infinita dimensão da Casa do Pai, sempre aberta para receber todos os que desejarem entrar, conhecer e vivenciar a palavra do Divino Mestre, nosso misericordioso Redentor.

Neste Natal de tantas celebrações festivas, de abraços fraternos, de encontros afetuosos, de manifestações solidárias, principalmente as direcionadas aos irmãos mais necessitados, vamos também oferecer a Jesus o nosso mais valioso presente – o compromisso de uma reflexão profunda sobre a nossa caminhada e o mais autêntico empenho para que, com uma coerente vivência cristã, possamos conquistar mais espaço para que Ele realmente possa nascer na vida dos que ainda não o conhecem, nem o valioso tesouro de seus ensinamentos e a grandeza de sua inesgotável fonte de graças.

Maria e Carlos Eq. N. S. do Carmo - Setor A São Carlos/SP

A celebração do Natal de Jesus inaugura um novo tempo de esperança e paz. Pois um filho nos foi dado e Ele é verdadeiramente o príncipe da paz, a promessa de novo céu e nova terra, onde reinariam novos valores e o sentido profundo da vida seria revelado, teve sua emergência na história com a encarnação e nascimento do Filho de Deus.

Na liturgia e na vida, o Natal de Jesus se atualiza todas as vezes que o acolhemos e o adoramos, como fizeram os pastores, os magos e tantos cristãos ao longo da história.

O não reconhecimento da divindade escondida na humanidade de Jesus, outrora um desafio, hoje é uma realidade presente no compor-

tamento e pensamento de muitos.

O materialismo, expresso na corrida pelos presentes, a centralidade de Cristo substituída pelo “bom velhinho”, por fadas e duendes, as grandes confraternizações e amigos-ocultos, sem uma autêntica espiritualidade natalina, tem levado uma imensa multidão de pessoas a celebrar um natal que não é o Natal de Cristo.

Num ambiente cultural onde os valores cristãos estão à margem da vida, faz-se necessário que cada um, neste tempo, reconheça Aquele que fez de sua vida um dom para a humanidade.

Lucia e Rubson Equipe B2- Ribeirão Preto/SP

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Dom Osvaldo Giuntini, Bispo da Diocese de Marília/SP, no dia 12 de setembro de 2007, comemorou seu jubileu de prata de ordenação episcopal. Foi muita alegria para nós participarmos da missa por ele celebrada em ação de graças, na Catedral de São Bento.

D. Osvaldo nasceu no dia 24 de outubro de 1936, em São Paulo, e sua ordenação presbiteral ocorreu em 8 de dezembro de 1963. Ordenado bispo em 12 de setembro de 1982, assumiu como Bispo Auxiliar de Marília no dia 18 desse mesmo mês, e, em dezembro de 1992, como Titular.

D. Osvaldo é SCE da Equipe N. S. Auxiliadora, do Setor A de Marília/SP, desde outubro de 2003 e tem sempre mostrado interesse em conhecer melhor o Movimento e demonstrado carinho a cada um de nós, membros de sua equipe. Com simplicidade e firmeza paternal nos tem incentivado a nos engajarmos como cristãos. Somos testemunhas de sua fidelidade à missão que Deus lhe confiou. Louvamos e agradecemos a Deus pela sua presença entre nós. Equipe N. S. Auxiliadora do Setor A de Marília/SP

Padre Antônio Domingos Lorenzatto comemorou 60 anos de sacerdócio no dia 30 de novembro de 2007.

Oitavo filho entre oito irmãos, nasceu aos 13 de junho de 1920, em Vila Maria –Guaporé/RS. Foi ordenado presbítero na capela do Seminário São José, em Gravataí/RS, por Dom Vicente Scherer, o então arcebispo de Porto Alegre, com quem atuou como secretário particular até outubro de 1948. Após passar por duas paróquias, lecionou no Seminário de Gravataí até 1956. Entre seus alunos, consta o atual arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings. Após ter trabalhado em várias paróquias e construído dois santuários (N. S. Aparecida e Santa Rita de

Cássia), foi designado reitor do Santuário da Gruta N. S. de Lourdes, em Porto Alegre, onde está até hoje, sendo também capelão do Hospital Divina Providência.

Em 2006, recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre. É Sacerdote Conselheiro Espiritual há 43 anos. O seu fácil acesso a Dom Vicente Scherer foi decisivo para que este permitisse a expansão das ENS na arquidiocese (por 10 anos, a primeira equipe tinha permissão para existir, mas não para expandir-se). Com sua experiência, serviu o Movimento como SCE da Região RS I. Atualmente é SCE do Setor C de Porto Alegre e de quatro equipes. É uma graça poder contar com o testemunho do seu amor a Deus, sua

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disponibilidade ao Movimento e sua experiência aos 87 anos cheios de energia. Sempre testemunha que as Equipes lhe ensinaram a necessidade de rezar e meditar, pois, quando padre novo, diz, por excesso de atividade pastoral, descuidava-se da oração. Na sua humildade, afirma: “As Equipes fizeram a mim muito mais bem do que eu às Equipes”, revelando seu grande amor ao Movimento. Élia e Pompeu, CRS/C e suas equipes de Porto Alegre/RS •••

Padre Meirelles, salesiano, comemorará jubileu de ouro de vida sacerdotal em 8 de dezembro de 2007. Ele é Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe 07 do Setor Niterói C – Região Rio IV. Um sacerdote alegre, disponível e sempre pronto a ajudar a quem precisa. Grande comunicador entre os casais, noivos, pais e padrinhos. Antes de ser padre, foi operário em indústrias e depois, já sacerdote, foi professor em escolas profissionais mantidas pela sua congregação.

Ao Pe. Meirelles, grande amigo e companheiro, nossos votos de felicidades e saúde. Que o Espírito Santo sempre o ilumine e que Dom Bosco, fundador de sua congregação, interceda pela sua vida. Que Nossa Senhora Auxiliadora o ajude a ajudar ainda muitos cristãos.

Stella e Paulo CRS Niterói C - Rio IV •••

A Paróquia de Santo Antônio, em

Divinópolis (MG), comemorou com muita alegria o Jubileu de Ouro Sacerdotal de Frei Patrício de Moura Fonseca, que completou 50 anos de ordenação sacerdotal em 4 de agosto de 2007. A comemoração foi preparada com um tríduo.

A ordenação presbiteral acontecera na mesma cidade, na data de 4.8.1957.

Frei Patrício, batizado como Cândido Geraldo Moura Fonseca, nasceu em Pirapora/MG, aos 09.10.1931. Estudou até o segundo grau no seminário franciscano de Santos Dumont, em Minas Gerais. Fez o noviciado e cursou Filosofia em Daltro Filho/RS e a Teologia em Divinópolis, com profissão solene na Ordem em 2 de fevereiro de 1955.

Ordenado presbítero em Divinópolis, depois de exercer várias atividades, foi professor no Seminário de Santos Dumont de 1959 a 1969. Ali exerceu diversas funções, inclusive a de diretor do Seminário. Depois foi pároco em diversos locais, sendo eleito provincial em 1980, serviço que exerceu por oito anos. Depois, trabalhou sucessivamente em diversas paróquias, como pároco e como vigário paroquial. Está em Divinópolis desde 2005, exercendo seu ministério sacerdotal. É Sacerdote Conselheiro Espiritual das Equipes Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora da Paz e Nossa Senhora da Saúde.

Que o Senhor conceda a Frei Patrício muitas bênçãos por toda uma vida de dedicação total à construção do Reino de Deus.

Eq. N. S. Auxiliadora Divinópolis/MG

Haydée e Jorginho, numa cerimônia muito bonita, comemoraram 50 anos de casados no dia 28 de setembro de 2007. Estavam presentes seus filhos, genro, nora, neto e todos os seus irmãos da Equipe Nossa Senhora do Caravaggio, do Setor A de Porto Alegre/RS. Equipistas há mais de trinta anos, eles são testemunhas de vida matrimonial e estão sempre prontos a servir o Movimento. Sempre estiveram engajados na sua paróquia, como catequista e como vicentino, entre outras atividades e missões. Parabéns ao casal! •••

Dalva e Sebastião, no dia 28 de setembro de 2007, comemoraram 50 anos de conjugalidade feliz, dos quais 40 de Movimento, na Equipe Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, do Setor A de Florianópolis/SC. Os filhos, netos, genros e noras receberam os amigos e familiares para uma Celebração Eucarística na capelinha do Colégio Catarinense, presidida pelo Padre Nildo Dubiella, Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe. A sua equipe de base parabeniza o casal, desejando-lhe saúde e felicidades e que continue sendo um exemplo cristão para os seus pares, com as bênçãos de Deus e a proteção de Maria Santíssima. “Amar, às vezes, é apenas ouvir com atenção, partilhando sonhos e realidades, tristezas e alegrias. Amor é Comunhão”.

Ivonilson e José Francisco foram ordenados Diáconos Permanentes no dia 10 de agosto de 2007, pela imposição das mãos do Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Matias Patrício de Macedo, em cerimônia realizada na Catedral Metropolitana dessa cidade. O Ivonilson, da Mary, pertence à Equipe 11, N. S. Rainha da Paz, e José Francisco, da Maria José, é membro da Equipe N. S. do Perpétuo Socorro. Ambas as equipes são do Setor C de Natal/RN. O Setor C se alegra com a ordenação desses dois irmãos equipistas e pede ao Senhor que os abençoe em sua nova missão.

Dom Filipe de AlmeidaOSB foi ordenado presbítero no dia 22 de julho de 2007, pela imposição das mãos de Dom Bruno Gamberini, Arcebispo de Campinas/SP. Dom Filipe, é Conselheiro Espiritual do Setor Vinhedo/SP, bem como das Equipes 1 e 4. Entrou no Mosteiro de São Bento em 3 de maio de 1997 e fez profissão religiosa em 8 de dezembro de 2000. É formado em Fi losofia pelo Instituto de Teologia Pastoral do Ceará e pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e em Teologia pela mesma PUC de Campinas.

A presença de Dom Filipe como conselheiro tem sido grande bênção para as equipes do Setor, pelo seu vigor, juventude, disciplina e amor aos casais, destacando-se ainda no auxílio às equipes de jovens.

Nós do Setor Vinhedo muito nos alegramos com sua ordenação e desejamos-lhe muitas bênçãos. Que Nossa Senhora o guie em seus passos, protegendo-o sempre.

Irma e Élcio

CR do Setor Vinhedo/SP •••

Pe. Eduardo dos Reis, no dia 25 de agosto de 2007, na Catedral de São José de Ituiutaba/MG, foi ordenado Presbítero pela imposição das mãos

de Dom Aloísio Roque Oppermamn, SCJ Arcebispo Metropolitano de Uberaba-MG.

Pe. Eduardo é SCE da Equipe Nossa Senhora de Lourdes do Setor Ituiutaba – Região Goiás Sul. Ao Pe. Eduardo desejamos que Maria o abençoe nesta missão a que foi chamado.

Cleide e Teotônio CRS Ituiutaba/MG •••

Padre Fábio da Silveira Siqueira, pela imposição das mãos do Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid, foi ordenado presbítero na Igreja Nossa Senhora da Candelária, no dia 8 de setembro de 2007.

Padre Fábio é SCE da Equipe 95 – Setor E, da Região Rio V. Muito nos alegramos com sua ordenação e com ele rendemos graças ao Senhor, que o chamou para o seu ministério, ao serviço do povo de Deus. Que Deus o ilumine e que nós possamos retribuir-lhe sua grande disponibilidade em nos servir.

Lúcia e Célio CR do Setor E – Região Rio V.

Pe. Julio César Rastoldo da Silva, no dia 22 de setembro de 2007, recebeu pela imposição das mãos e oração consecratória de Dom Frei Alano Maria Pena, OP, nosso

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querido Arcebispo Metropolitano de Niterói, o sacramento da Ordem no grau de presbítero.

Nós da Equipe N. S. das Neves, Setor São Gonçalo A da Região Rio IV, estamos muito felizes por partilhar da felicidade de sua ordenação, de modo todo especial por ser ele nosso SCE. Desejamos-lhe as bênçãos de Deus e que Nossa Senhora continue a guiá-lo na missão a que foi chamado. Fátima e Ricardo CRE- Eq. 06 - N. S. das Neves Niterói/RJ •••

Frei Rogério Chiodi e Frei Joacir Chiodi, no dia 28 de julho de 2007, foram ordenados presbíteros pela imposição das mãos de Dom José Antônio Peruzzo, Bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão/PR, na cidade de Pranchita/PR. No dia seguinte, celebraram missa solene com a comunidade Nossa Senhora da Salete, na localidade de Vista Gaúcha. Ambos fazem parte da comunidade dos Freis Agostinianos Descalços.

Frei Rogério é SCE da Equipe 38 do Setor D da Região Rio V. Lavinia e Jader Melo Eq. 38 do Setor D – Rio V

•Neuza Barreto, do Carlos Mário, no dia 25 de agosto de 2007. Ela integrava a Equipe 1, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Setor A de Salvador/BA.

•Francisco Márcio C. Soares, da Neuza, no dia 26 de junho de 2007. Era membro da Equipe Nossa Senhora da Rosa Mística do Setor B de Petrópolis/RJ.

•Daisy Caldeira Martins Fontes, do Antonio, no dia 31 de agosto de 2007. Pertencia à Equipe 3 do Setor C de Niterói/RJ.

•José Antônio Budó Bueno, da Regina Bueno, no dia 09 de outubro de 2007, em Salvador/BA. Fazia parte da Equipe 830082 de Itabuna/BA.

•Paulo Affonso Pinto Saraiva, da Altimira (foram CR da Província Sul I), no dia 14 de outubro de 2007. Participava da Equipe 3, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Brasil, do Setor B – Região SP Capital I.

•José Carlos de Oliveira (Zé), da Celoir (Ia), no dia 22 de outubro de 2007. Integrava a Equipe Nossa Senhora do Carmo, do Setor D de Porto Alegre/RS.

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•A Região Pernambuco II, nos dias 6 e 7 de outubro, realizou uma Sessão de Formação específica para Casais Responsáveis de Setor. Os participantes sentiram-se melhor preparados para amar mais e servir mais como CRS.

•Nos dias 31 de agosto a 2 de setembro, em Florianópolis, realizou-se uma Sessão de Formação Nível II para casais equipistas da Região SC I. Além dos trabalhos específicos da formação, o encontro foi marcado por muita oração e interiorização.

•A Região Rio IV realizou uma Sessão de Formação Nível I, nos dia 6 e 7 de outubro, em Araruama/RJ, reunindo casais dos Setores de Niterói, São Gonçalo e Cabo Frio. Seu pregador foi Frei Ivo.

•Nos dias 22 e 23 de outubro de 2007, a Região Mato Grosso do Sul realizou uma Sessão de Formação Nível I, com grande aproveitamento para todos os participantes.

•Lembrando um ano do Encontro de Lourdes, os Setores A e B de Olinda/ PE promoveram uma manhã de estudo e reflexão, tendo como tema central a Carta de Lourdes, a qual foi exaustivamente estudada, debatida e sintetizada.

•A equipe de Nossa de Senhora de Lourdes, Setor Campina Grande, realizou em 09/09/2007, um dia de recolhimento. Foram momentos de oração, partilha, testemunhos, reflexão e estudo. Além de proporcionar uma maior integração dos equipistas, serviu para animar à prática dos PCE.

•Graças à união de esforços dos Setores A e B de São Carlos/SP e participação do SCE Pe. Jairo Dall’Alba, no dia 23 de abril de 2007, foi fundada uma equipe das Comunidades Nossa Senhora da Esperança, tornando realidade o sonho de Dona Nancy também nessa cidade.

•O casal Célia e Fernando, CR do Setor A de Marília/SP, está pilotando nessa cidade uma equipe especial. Os novos equipistas são surdos-mudos. Célia, para melhor fazer a pilotagem, aprendeu a linguagem dos sinais. A equipe está muito entusiasmada.

•Em Manaus, os casais da Equipe 5, Nossa Senhora da Conceição do Setor C, realizam campanha anti-aborto, atuando nas paróquias e também nos meios políticos.

•O Setor Lagos realizou seu mutirão durante um domingo inteiro. Os temas apresentados proporcionaram a todos os participantes avaliar o que precisam melhorar como cristãos equipistas. Todos estiveram irma-

nados num espírito de ajuda mútua e de serviço um ao outro, como uma verdadeira comunidade.

•No dia 25 de Agosto de 2007, foi realizado o 2º Encontro de Conselheiros Espirituais, da Região Minas IV, em Varginha/MG, com rica troca de experiências e conhecimentos sobre o Movimento.

•No dia 31 de outubro, a Região RS I reuniu 28 Sacerdotes Conselheiros Espirituais. Houve palestras sobre a função do SCE na equipe, trabalho em grupo, troca de experiências e testemunhos de SCE.

A Equipe N. S. de Guadalupe comemora, no dia 16 de dezembro de 2007, 25 anos de existência. Fundada em 16/12/82,em Alvorada/ RS, seus membros buscam nos ensinamentos de Cristo a luz para viverem suas vidas e continuar corajosamente a caminhada em busca da santidade. Muitos casais passaram pela nossa equipe, pelas nossas vidas, com suas histórias e deixaram saudades.Três são os casais que ainda permanecem na equipe desde a sua fundação (Madalena/ Claireu, Iraci/Benetti e Vanda/Romeu). Outros se uniram a nós e hoje dividimos e misturamos nossas vidas com eles, com muito amor (Rosa/ Alceu, Beth/Júlio e Vanilda/Lair). Somos gratos ao nosso SCE, Pe. Cirineu Furlanetto, que nos ajuda a crescer a cada encontro com seus ensinamentos. Que nossa Mãe continue intercedendo por nós nessa caminhada de irmãos no amor e na amizade.

Equipe Nossa Senhora de Lourdes, no Setor A de Natal/RN

A mariologia se insere na história da salvação, pois aí ela encontra seu sentido específico. A História da salvação constitui o desenvolvimento da ação salvadora de Deus através do tempo. É uma série de fatos bem unidos e concatenados entre si que formam uma linha ininterrupta. O que dá coesão é o projeto de Deus. Cada fato se une ao outro. Nada fica separado.

A salvação dá-se na história humana. Por isso, a história da salvação abrange todos os acontecimentos humanos nos quais Deus quer realizar seu projeto de amor. No “plano de Deus não há duas histórias paralelas, isto é, uma história humana e uma história de salvação. A história humana seria, pois, como um marco, uma ‘ocasião’ onde cada homem individualmente vai sendo fiel ou infiel à lei de Deus, no caminho da salvação ultraterrena” (Segundo Galilea, teólogo latinoamericano).

Para que possamos compreender a figura e a missão de Nossa Senhora, é necessário inseri-la no marco da história da salvação. Ela não é uma personagem isolada, independente dos eventos salvíficos de Deus na história humana. Pelo

contrário, pertence ao conjunto da ação salvadora. Na história da salvação Maria adquire sentido pleno.

Em sua missão, Nossa Senhora é parte integrante e essencial da história da salvação. Em 24 de abril de 1970, o Papa Paulo VI afirmava que ela “não é uma circunstância ocasional, secundária, insignificante: ela é parte essencial do mistério da salvação. Cristo, para nós, veio de Maria. Dela o recebemos. É dela que o recebemos, em sua primeiríssima relação conosco. Ele é Homem como nós, é nosso irmão pelo mistério maternal de Maria. Se almejamos ser cristãos, devemos ser marianos, isto é, devemos reconhecer a relação essencial, vital e providencial que une a Virgem com Jesus, abrindo-nos o caminho que a ele conduz”.

Maria está intimamente ligada a Jesus Cristo, nosso salvador. No mesmo discurso, Paulo VI perguntava: “Quem é Cristo, como veio entre nós, qual sua missão, sua doutrina, seu ser divino e sua influência nos destinos da humanidade? Como veio Cristo entre nós, veio de si mesmo, veio sem nenhuma relação, sem nenhuma cooperação por parte dos homens? Pôde ser conhecido, compreendido, considerado, prescindindo das relações reais, históricas, existenciais, que necessariamente implicam sua aparição no mundo? Claro que não. O mistério de Cristo está extremado, por desígnio divino, da participação humana. Veio entre nós palmilhando a senda da geração humana. Quis ter uma Mãe, encarnar-se mediante o ministério vital de uma Senhora, da Senhora bendita entre todas”.

A salvação humana não é uma conjectura, uma hipótese, mas uma realidade histórica e verdadeira. Nela nós deparamos com Nossa Senhora e sua missão junto ao Cristo. A presença de Maria não é uma suposição ou algo que poderia dispensar. Ao contrário, é um fato real, que marca a história da salvação. Para a teologia cristã séria, não interessa o que Deus poderia ter feito no passado, mas o que fez e como fez. Jesus Cristo não veio ao mundo por si mesmo, sem participação humana. Ele se encarnou, tornou-se pessoa humana real no seio puríssimo de Maria, por ação do Espírito Santo.

Jesus Cristo é o centro da história da salvação, pois é a supre-

ma, decisiva e perfeita intervenção salvadora de Deus. Em sua bondade e sabedoria, Deus realiza nossa salvação através de uma longa história que ainda não acabou. Na Bíblia, o Antigo Testamento descreve a criação e a história do povo de Deus, marcado pela promessa e espera do Reino de Deus. No Novo Testamento Deus realiza tudo o que o povo esperava: manifesta inteiramente seu projeto de salvação através da ação e palavra de Jesus Cristo. Ele próprio é a chegada e concretização do Reino de Deus.

A encarnação de Jesus Cristo dá-se através de Maria. “Chegada a ‘plenitude dos tempos’ (Gl 4,4), Deus Pai envia ao mundo seu Filho Jesus Cristo, Senhor nosso, Deus verdadeiro ‘nascido do Pai antes de todos os séculos’, e homem verdadeiro nascido da Virgem Maria por obra do Espírito Santo. O Filho de Deus assume o humano e, no humano, o universo todo, que desde a criação é orientado para o homem, restabelece a comunhão entre o Pai e nós” (CNBB. Catequese Renovada, n. 187). Feito filho da mulher Maria de Nazaré, Jesus assume nossa natureza humana para que pudéssemos receber a filiação adotiva (cf. Gl 4,4). Junto de Jesus, Maria cooperou e continua a cooperar em seu projeto de salvação na história.

Pe. Eugênio Bisinoto Extraído do livro “Para Conhecer e Amar Nossa Senhora”, Edit. Santuário

A definição solene do dogma da Imaculada Conceição teve um longo percurso histórico. Inicialmente, a ausência de pecado em toda a sua vida não foi vista, a princípio, como um fruto necessário da sua maternidade. Só mais tarde, a partir de Ambrósio e do debate pelagiano sobre o pecado original, é que se reconheceu a necessidade dessa conclusão. No Ocidente, por motivo da festa litúrgica da Conceição de Maria (surgida no Oriente e, depois, na Inglaterra, desde o século XI), começa o debate teológico em torno do seu conteúdo. Então, pela primeira vez, Eadmero OSB (1055-1124), discípulo de Anselmo, na obra Tractatus de Conceptione S. Mariae, ensina claramente que Maria foi concebida isenta de pecado. A partir daí, as opiniões se dividem. Por causa disso, em 1439, o Concílio de Basiléia declara que todos deviam aceitar a doutrina da Imaculada Conceição como sendo conforme a fé e a Sagrada Escritura, não se permitindo mais pregar ou ensinar o contrário. O Papa Sixto IV, em 1483, proibiu que se apresentasse uma ou outra posição como herética ou pecaminosa (DS 1425s). Trento renova as prescrições desse Papa (DS 1516). O Papa Alexandre VII, em 1661, fixa o sentido ou objeto da festa litúrgica, enquanto o Papa Clemente XI, em 1708, dá alcance universal à festa. Finalmente, o Papa Pio IX, em 08 de dezembro de 1854, define o dogma da Imaculada Conceição com a bula Ineffabilis Deus (DS 2800-2804).

O dogma da Imaculada Conceição significa que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original. Essa preservação aconteceu não por méritos pessoais dela, mas por graça exclusiva de Deus. A Igreja pode declarar que ela foi concebida sem pecado, porque, em virtude de sua participação maternal na humanidade de Jesus Cristo, ela é cheia de graça por excelência. Todavia, ela recebeu sua participação materna na humanidade de Jesus Cristo como primeiro membro de uma humanidade que Cristo viera incorporar a si e cuja circunstância decisiva, nessa incorporação, era a necessidade de redenção. Assim, a maternidade divina significava para Maria uma graça redentora. Ela não deixa de

ser, pois, uma redimida, precisamente pelo fato de ser, como mãe, a primeira escolhida da humanidade. Desse modo, ela foi preservada do pecado original pelos méritos da obra redentora de seu Filho.

Nesse sentido, o dogma da Imaculada Conceição procede da maternidade divina de Maria, que significa a graça concedida em grau máximo a ela por Deus. Essa graça é, como desígnio misericordioso de Deus, eterna, mas sua realização em Maria é temporal, isto é, a plenitude de graça foi produzindo cada vez mais os efeitos temporais correspondentes. O primeiro efeito dessa plenitude de graça e da redenção foi a preservação de Maria do pecado original. É como afirma o texto da Bula papal: “A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por graça singular e privilégio de Deus onipotente e em atenção aos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, foi revelada por Deus e, por isso, deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis” (DS 2803).

Por conseguinte, absoluta e poten-

cialmente falando, Maria estava nas mesmas condições do que o resto da humanidade depois da queda original e, por conseqüência, sua graça deve ser entendida unicamente como efeito da morte redentora de Cristo. Por isso, pode-se, validamente, afirmar: Maria teria nascido também com o pecado original, se os méritos redentores de Cristo não a tivessem preservado. É a essa preservação do pecado original que a bula chama de “modo mais sublime de redenção”.

Esse dogma não a torna um ente divino, mas reafirma a sua humanidade integral, porque ela foi uma criatura igual a qualquer outro ser humano. Todavia, nela se operou uma graça especial. Por isso, ela é venerada de modo particular na Igreja, que a vê como modelo para todo o cristão e intercessora junto de Deus. Sem dúvida, que a melhor forma de celebrar esta solenidade, a cada 8 de dezembro, é seguir seu exemplo e cumprir a vontade de seu Filho, que ela mesmo aponta: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).

O Evangelho segundo João inicia dizendo: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Afirma o mistério do Deus eterno, a sua existência anterior à criação cósmica. João parte da eternidade de Deus

para anunciar Jesus Cristo. Já o evangelista Lucas situa-se no tempo. A humanidade, através de Israel, ansiosamente espera um messias libertador. Nesse tempo, o anjo aparece a uma virgem, chamada Maria, e a cumprimenta: “Ave,

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cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 2,28) e lhe diz: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo... O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho de Deus”... “E Maria então disse:... faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.30-32.35.38).

Com o sim de Maria, acontece o mistério da Encarnação do Filho de Deus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

O Filho eterno do Pai se faz hu-

mano como nós. É verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e disso João dá testemunho, porque viu a sua glória, na transfiguração, e o viu ressuscitado: “e nós vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e verdade” (Jo 1,14).

No mistério da Encarnação, mistério do Filho de Deus que se faz homem, acontece o mistério da maternidade divina: Maria é Mãe de Deus, porque Jesus Cristo é o Filho de Deus, é Deus.

Nas Escrituras do Novo Testamento, Maria é mais citada como a “mãe de Jesus”. Paulo se refere a ela como “mulher” (cf Gl 4,4), para ressaltar a natureza humana daquele que existia desde toda a eternidade e que o Pai enviou para salvar a humanidade.

Quanto a Jesus Cristo, o Evangelho de Lucas refere-se a ele como “o Senhor”, expressão que nas Escrituras significa Deus: “Nasceuvos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor” (Lc 2,11).

Entre o povo crente no Senhor Ressuscitado, muito cedo Maria começou a ser cultuada como a Mãe de Deus, repetindo a fé de Isabel, a mãe de João Batista, que exclamara: “Donde me vem que mãe do meu Senhor me visite?” (Lc 1,43).

O mistério de alguém ser homem-Deus, e junto com ele o mistério de uma mulher ser mãe de Deus, não foi fácil de ser assimilado pelos estudiosos dos primeiros séculos do cristianismo. Discussões teológico-filosóficas se prolongaram por muito tempo na Igreja. A

questão não se situava em dizer se Maria era Mãe de Deus, mas como conciliar a humanidade e a divindade em Jesus Cristo. Para uns, em Jesus Cristo coexistiam duas naturezas e duas pessoas, as divinas e as humanas. Outros defendiam que em Jesus Cristo há uma só pessoa – a segunda pessoa da Santíssima Trindade – e duas naturezas, a divina e a humana. Esta segunda explicação, contra toda a pressão do então Imperador do Império Romano, foi proclamada pelo Concílio de Éfeso (ano 431) como verdadeira.

“O Concílio de Éfeso definiu explicitamente que Maria é ‘Mãe de Deus’ (Theotókos – DS 113).... Reconhecer Maria Mãe de Deus significa, de fato, professar que Cristo, filho de Maria segundo a geração humana, é Filho de Deus e Deus ele mesmo. ‘Deus’, na expressão ‘Mãe de Deus’, designa unicamente a pessoa do Filho. A expressão justifica-se pelo fato de que cada mulher é mãe não só do corpo, mas da pessoa do filho. Theotókos, teologicamente não signfica genitora da divindade, mas geradora do Verbo encarnado”. (D. MURILO S. R. KRIEGER, SCJ – com Maria, a Mãe de Jesus, 2002, p. 115) Isto afirma que desde o primeiro instante da concepção de Jesus estavam presentes e unidas numa só pessoa a natureza divina do Verbo e a natureza humana do Redentor. Isto é obra do Poder do Altíssimo, o Espírito Santo (cf. Lc 1,35): o Filho de Deus, o Verbo eterno, se encarnou do Espírito Santo e de Maria Virgem ( Incarnatus est de Spiritu

Sancto et Maria Virgine – Símbolo Niceno-Constantinopolitano). A maternidade divina de Maria foi o primeiro dos quatro dogmas marianos a ser proclamado. É o título mais importante de Maria, fundamento para todos os demais dogmas. Nele está inserido de alguma maneira a afirmação da virgindade de Maria, nele se funda a sua Imaculada Conceição e a sua Assunção.

Maria Mãe de Deus hoje é mais amplamente admitida e compreendida, especialmente a partir do Concílio Vaticano II, que a relaciona com todo mistério e missão de Cristo e da Igreja. Desta ela é mãe e modelo. Para o Concílio, a Mãe de Deus é, no contexto do mistério de Cristo, a serva do Senhor, aquela que entendeu que sua dignidade está no serviço, como o Filho que veio para servir. O ser Mãe de Deus não se restringe à relação entre Maria e Jesus Cristo, mas abrange toda a história da salvação, se estende para toda a Igreja e sua missão. A Mãe de Deus continua agindo, junto do seu Filho de Deus, intercedendo, como mãe nossa, seus filhos e irmãos adotivos em Cristo.

Que a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro) nos leve a meditar sobre o mistério da Encarnação do Filho de Deus, o mistério da nossa salvação, como fez ela, que “conservava todos estes fatos e meditava sobre eles no seu coração” (Lc 2,19).

Graciete e Avelino Gambim Carta Mensal

Estamos participando do Movimento das Equipes de Nossa Senhora há pouco tempo. Terminamos a Pilotagem recentemente. Mas já descobrimos o tesouro do Dever de Sentar-se em nossas vidas.

Desde pequeno, eu (Flávio) ouvia meus pais comentarem: “precisamos fazer nosso Dever de Sentarse”, “hoje vamos fazer o Dever de Sentar-se” etc. E eu ficava imaginando o que seria isso. A expressão era, portanto, muito familiar, mas o significado era totalmente ignorado até então.

Quando fomos apresentados ao Dever de Sentar-se, durante a Pilotagem, finalmente entendemos seu significado e sua importância. Após o vivenciarmos algumas vezes, percebemos a relevância desse Ponto Concreto de Esforço para o crescimento do casal.

Todos os PCE são importantes, mas parece-nos que o Dever de Sentar-se é diferenciado. Um Dever de Sentar-se bem realizado, preparado com todo carinho e cuidado, engloba praticamente todos os outros PCE. Retirando-se por algum tempo para vivenciá-lo adequadamente, dando início com uma leitura da Palavra, precedido de uma Meditação e finalizado com uma Oração Conjugal e com o propósito de uma melhora (Regra de Vida), o Dever de Sentar-se acaba englobando todos os outros PCE.

Na verdade, até o Retiro acaba

sendo feito, de um modo bastante abreviado, evidentemente. É que, para um Dever de Sentar-se bem feito, faz-se necessário um desligamento dos afazeres, um agendamento de horário, ou seja, um momento especial precisa ser reservado para essa conversa tão especial a três!

Desconhecemos muitos movimentos da Igreja, mas com certeza outros movimentos também propõem (talvez com outras denominações) a Escuta da Palavra, a Meditação, a Oração Conjugal, a Regra de Vida, o Retiro e até o Dever de Sentar-se. O grande diferencial das Equipes de Nossa Senhora é que os seis PCE formam um conjunto de esforços, unidos numa coerência interior e marcados por uma mística que nos orienta na direção da con-

versão. E o Dever de Sentar-se é, realmente, o legado das Equipes que faz o casal parar a cada mês e, dialogando, ver como podem os dois, e a dois, melhor fazer o caminho de santificação.

E é interessante como em praticamente todos os eventos das Equipes o Dever de Sentar-se é incluído

no programa. Não estivemos em Lourdes, mas pudemos acompanhar através da internet cada etapa do Encontro. Nele foi reservado um momento para o Dever de Sentar-se. No Encontro Nacional de Brasília, realizado no ano de 2003, também foi feito um Dever de Sentarse em plena Esplanada dos Ministérios. Na época ainda não fazíamos parte do Movimento, mas pudemos observar as lindas fotos daquele momento tão especial.

Enfim, o Dever de Sentar-se é um tesouro colocado pelo Movimento à disposição dos casais. Que cada casal usufrua ao máximo este presente e enriqueça seu casamento com os frutos colhidos após cada conversa a três.

Patrícia e Flávio Pontes Equipe 15B – N. Sra. de Nazaré Sorocaba/SP

Na oração conjugal marido e mulher falam com DEUS.

Desde a criação já era assim: Deus falando ao seu povo, orientando, indicando os caminhos, os rumos, a direção a seguir. São tantas as situações que só indo à Fonte inesgotável poderemos rever e viver o que sua palavra nos revela. Lá podemos ver as derrotas dos que fugiam de Deus e as vitórias daqueles que souberam escutar, obedecer, confiar sem vacilar e manter-se em sua presença.

Só para relembrarmos: Deus se comunica com Moisés: Deus o chama e ele responde “eis-me aqui” (cf. Ex 3,4-5). Salomão quando acordou de um sonho compreendeu que Deus havia falado com ele (cf. 1Rs 3,15). Jó (42,1-2) disse para o Senhor: eu reconheço que para Ti nada é impossível e que nenhum dos teus planos pode ser impedido. E Jonas? Que beleza de história! Curtinha, porém grandiosa. Deus fala com ele, dá-lhe uma missão, ele a princípio tenta fugir, sai da presença do Senhor,...

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lançado ao mar, engolido pelo peixe, é vomitado na praia, e, então, novamente na presença de Deus, realiza o inesperado diante dos olhos daquele povo.

Finalmente, neste curto relembrar entre muitos outros exemplos, temos a história maravilhosa de Tobit, pai de Tobias. Homem de muita fé, soube manter-se com sua família em todas as situações, na presença do Senhor. É lá que encontramos um modelo de oração conjugal : “ Depois que os outros saíram do quarto e a porta foi fechada, Tobias se levanta da cama e diz a Sara sua mulher: Sara, levanta-te e vamos orar, pedindo a Deus, o Senhor, que tenha misericórdia de nós e nos proteja. Ela se levantou, e os dois começaram a orar, pedindo a Deus que os protegesse. Tobias orou assim: Louvado sejas, ó Deus dos nossos antepassados; que teu nome seja louvado para sempre. Que os céus e tudo o que criaste te louvem para sempre” (Tb 8,4-5).

Ainda hoje, Deus continua a nos falar, e nós precisamos escutá-lo.

Temos também os profetas dos nossos tempos: Pe. Caffarel, um deles, soube escutar Deus, soube manter-se em sua presença.

Foi por inspiração que ele percebeu que homem e mulher casados devem viver uma espiritualidade própria de casados e, como meios para melhor viver a espiritualidade conjugal, nos deixou os Pontos Concretos de Esforço, entre eles a Oração Conjugal, que leva marido e mulher, obedientes e disciplinados na fé, ao colóquio com Deus.

Que nada nem ninguém nos impeça de estarmos todos os dias na presença do Senhor. Nele temos a garantia de uma vida plena, como Ele prometeu. A Bíblia não cita, mas sugere: com certeza Maria e José oravam juntos, oravam em família. Não temos exemplo maior de vida familiar do que a própria família de Nazaré.

Como é importante que tenhamos, todos os dias, nosso momento de oração conjugal, em que, como casal, podemos escutar Deus e responder a Ele, expondo a Ele a nossa vida de casados, as alegrias e os problemas que nos afligem. Com certeza, Ele nos dará força para a caminhada como casal e como família que busca a santidade.

Quando, em outubro de 2006, fomos escolhidos como o primeiro casal responsável de nossa equipe, ficamos apreensivos e temerosos... Mas, confiando na conhecida afirmação de que Deus não escolhe os capacitados e sim capacita os escolhidos, aceitamos o chamado de Deus, pedimos ajuda a Nossa Senhora e as luzes do Espírito Santo, para que tivéssemos discernimento, sabedoria e disposição.

Reunimos, no início do ano, em janeiro, com o nosso conselheiro espiritual e o casal que havia pilotado nossa equipe no ano de 2006 e fizemos uma proposta de calendário que depois apresentamos à nossa equipe para ser aprovado. Marcamos as datas de nossas reuniões, das reuniões preparatórias e até a data de nossa confraternização de final de ano. Fizemos tudo de acordo com o calendário do nosso Setor.

Então começamos a nos preparar para um bom relacionamento com o nosso pessoal da Equipe. Compramos uma agenda bíblica, nela anotamos os endereços, os telefones, as datas de aniversário natalício e de casamento de cada integrante da equipe e familiares. Ah! uma coisa importante: anotamos todas as reuniões preparatórias, as reuniões formais, as datas de entrega da folha de partilha, as datas das missas mensais das Equipes de Nossa Senhora, enfim todas as datas ou eventos

em que nossa equipe teria que trabalhar ou participar. Passamos todos esses dados aos nossos irmãos de equipe bem como o canto do Magnificat.

Aproximava-se a primeira reunião formal de 2007. Quanta preocupação! Não tínhamos um rumo certo ou caminho que nos indicasse como deveríamos proceder. É lógico que tínhamos o roteiro que nos foi passado pelo Setor, no PréEACRE, o que nos ajudou muito. Também nos valemos das cópias das reuniões formais do período de pilotagem e também contamos com a ajuda de diversos casais mais experientes, que com muita boa vontade colaboraram e colaboram com nossas reuniões, em especial o casal ligação. O nosso conselheiro espiritual também não mede esforços para nos ajudar.

Depois de tudo montado e de algumas noites até sem dormir direito pela preocupação, realizamos a nossa primeira reunião. À medida que a reunião ia se desenrolando, os assuntos iam fluindo, tudo correu muito bem e, graças a Deus, a reunião foi ótima.

Pedimos a Deus que também ilumine o nosso próximo CRE e que Nossa Senhora o ajude como nos tem acompanhado. E nós estaremos prontos para ajudá-lo, a qualquer hora, se preciso.

Ser CRE é muito gratificante. Aprendemos muito, fizemos muitas pesquisas nos sites católicos, usa-

mos muitas coisas contidas na Carta Mensal, descobrimos muitas dinâmicas, lemos muito, com o que muito aprendemos. Podem tem certeza todos aqueles que serão CRE no ano de 2008: Vale a pena a dedi-

cação aos irmãos como casal responsável de equipe.

Ecedir e Jurema Eq. N. S. de Fátima – Setor A Luziânia/GO

Caríssimos irmãos em Cristo: Estamos nas Equipes há dezesseis anos e já assumimos diversas responsabilidades durante a nossa caminhada. Apesar disso, não tínhamos descoberto alguns detalhes importantes que nos levariam a um bom aproveitamento das delicadezas propostas pelo Movimento, que com certeza, foram inspiradas pelo Espírito Santo.

O amor e o entusiasmo que temos pela Equipe e pelo Movimento como um todo é muito grande, mas sentimos que há espaço para um amor ainda maior.

Para amarmos a comunidade em que estamos inseridos, torna-se necessário aprofundar a nossa fé cristã e buscar com entusiasmo as propostas oferecidas pelo Movimento. É aos poucos que vamos descobrindo e assimilando as riquezas que temos diante de nós.

Uma leitura rápida nos documentos do Movimento nem sempre é suficiente para entendermos a mensagem ali expressa. Precisamos ler com o coração, com a alma e, então, vamos percebendo pequenos grandes detalhes que fazem a diferença.

Uma das propostas que nos faz mais compromissados com o Movimento está no Guia das ENS, páginas 31-32, onde se lê: d) “De tempos em tempos, os equipistas são convidados a renovar o seu compromisso de seguir lealmente o espírito e os métodos do Movimento. Isso pode ser feito em uma cerimônia simples, na própria reunião de equipe, ou num evento do setor ou da região”.

Ser equipista entusiasmado é atender ao chamado que o próprio Cristo nos faz: “vem e segue-me”, sem qualquer questionamento ou exigência de nossa parte.

Precisamos observar se o nosso procedimento está dentro do carisma e da mística para mantermos a nossa Unidade.

O entusiasmo crescente deve ser contagiante. Levaremos para a equipe incentivo, garra, motivação, a fim de que, com a nossa participação, principalmente a reunião mensal seja uma verdadeira celebração.

Marilda e Gerson Eq. 4, N. S. do Desterro Casa Branca/SP

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Foi em janeiro de 1987. Início de ano, mês de férias, de trabalho para mim, meu marido, e escolares para nossas filhas, Karina, com nove anos e Priscilla, com quatro anos. Estávamos realizando uma viagem para São Paulo, há tempo programada.

Iniciamos os preparativos: compramos duas malas enormes, para as meninas e para nós, pois iríamos passar um mês visitando meus irmãos. Na véspera da viagem, comecei a separar as coisas que iríamos levar; o que primeiro separei foi a Bíblia. Pois achava indispensável levá-la já que a lia sempre. Comecei a arrumar as malas. Fui colocando sapatos, roupas, enfim, tudo o que precisávamos para a viagem. Na proporção que arrumava, olhava a Bíblia lá no meio das coisas separadas e pensava; vou colocá-la por último, para que fique logo em cima; o fato é que enchi as malas e não coloquei a Bíblia. Achei que não cabia. Fiquei um pouco chateada, mas, logo passou. Estava tão eufórica para viajar que não falei nada para Antonio. Apesar de preocupada, vi que era bobagem minha. Afinal, eu lia sempre a Bíblia em casa. Viajamos e nos divertimos a valer com as crianças. No retorno, passamos três dias no Rio de Janeiro. Não lembrava mais do episódio da Bíblia que ficara em casa porque não coubera na bagagem, ou achava que

não lembrava. Até que, na rodoviária do Rio de Janeiro, aguardando o ônibus para Pernambuco, vi na minha frente um homem em pé, de aparência muito humilde, com uma criança, em meio a tanta gente que também esperava para viajar. Ele tinha um saco que parecia sujo e quase vazio; de repente, algo me chamou atenção: o homem abriu o saco e, todo feliz, tirou de dentro uma Bíblia. Foi ai que entendi tudo: aquele saco que achei sem jeito, era a sua bagagem que, apesar de pequena e muito pobre, levava a Bíblia. Fiquei tão envergonhada que discretamente, chorei. Minha cons-

ciência doeu. Olhei para a minha grande bagagem e pensei: levei coisa que não precisei usar! Entendi a mensagem. Fiquei com mais vergonha ainda. Deus, através daquele homem, me dava uma lição, uma grande lição de vida, pois na pobre

bagagem, feia e sem jeito, ele levava todo o valor do mundo. Ela continha a Palavra de Deus. Foi uma lição para nunca esquecer.

Lourdes e Antonio Eq. N. S. do Perpétuo Socorro Setor A, Olinda/PE I

Nós estamos casados há 21 anos, mas vivenciamos o sacramento do Matrimônio há somente seis, pois esse é o tempo que temos nas Equipes de Nossa Senhora.

Agradecemos a Deus todos os dias por termos sido convidados a conhecer as Equipes e agradecemos com o coração cheio de alegria por termos experimentado dizer o sim.

Engajados nas Equipes, aprendemos a agradecer por todos os momentos, os alegres e os menos alegres, principalmente os menos alegres, pois foram esses que mais nos trouxeram crescimento pessoal, conjugal, familiar.

Os Pontos Concretos de Esforço foram e são fundamentais em nossa caminhada. Com a Escuta da Palavra, aprendemos a escutar o Senhor com o coração. Com a Meditação, refletimos o que o Senhor tem a nos revelar. Na Oração Conjugal unimos nossos corações para agradecer, pedir, ofertar. Com o Dever de Sentarse, nos sentamos na presença do Se-

nhor e olhamos um para dentro do outro, desarmados, para juntos vivermos em harmonia nossas diferenças. A Regra de Vida nos faz mudar de atitudes para vivermos melhor, em prol do bem comum.

O Retiro nos leva a um tempo maior de reflexão e sintonia com Deus. Em nosso retiro do ano passado, cujo tema foi “o casal chamado a ser sol e luz”, o nosso Setor propôs que até o retiro deste ano buscássemos ser sal e luz na vida do nosso cônjuge e que partilhássemos essa alegria todos os meses em nossa reunião de equipe, mantendo, assim, o retiro como um ponto concreto diário. O resultado foi maravilhoso e transformador em nossas vidas.

O casal equipista que busca vivenciar o sacramento do Matrimônio necessita de ser sal e luz em seu casamento, na Igreja e no mundo.

Kátia e João Carlos Eq. N. S. da Paz – Setor Arujá/SP

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Tínhamos dificuldades de realizar os Pontos Concretos de Esforço. Mas desejávamos praticá-los, verdadeiramente, com assiduidade, responsabilidade e principalmente com muito amor; sem que houvesse aquela cobrança de um dos cônjuges.

Tudo começou num retiro, após um dever de sentar-se, onde revisávamos a nossa caminhada nas ENS, quando firmamos uma regra de vida. A perseverança foi fundamental, pois buscamos com empenho o nosso objetivo que era melhorar o PCE para cuja realização tínhamos mais dificuldades: a Oração Conjugal. Tentamos fazê-la à noite, antes de deitar, ou na hora do almoço, e outras vezes pela manhã. Não era como desejávamos, pois caíamos na tentação do esquecimento, outras vezes no comodismo. Não estávamos satisfeitos, sentíamos falta de algo que nos ajudasse a lembrar do nosso compromisso diário, pois falhávamos muito. Depois de algum tempo, com a ajuda dos nossos anjos tudo aconteceu: Nossos filhos, Mateus e Larissa, tiveram a iniciativa de arrumar uma mesa no quarto, com imagem, vela, flores e crucifixo e nos atraíram para a surpresa: Após um fim de dia cansativo e conturbado para nós, eles nos chamaram para rezar. Deu-nos vontade de dizer não, que estávamos cansados, mas fomos. E esta ação nos tocou. Desde então, fomos motivados a criar um espaço sagrado em nosso quarto, que fosse móvel e adequado, com espaço tam-

bém para a Bíblia, que nos lembrasse da Escuta diária da Palavra de Deus. Enfim, encomendamos um oratório, um lugar que nos auxiliará no crescimento na fé. Combinamos fazer nossas orações pela manhã, e quem mas cedo levantar acende a vela, que será para nós um sinal, pois permanecerá acesa até que façamos as nossas orações. Dessa forma conseguimos nos disciplinar, fazendo todos os dias a Oração Conjugal, em seguida a Escuta da Palavra e, depois de partilhar o nosso entendimento do evangelho do dia, a Meditação. Graças a Deus fomos firmes em nossa Regra de Vida. Foi algo muito importante que aconteceu conosco.

Solinelma e Rosivaldo Eq.11, N. S. Rainha da Paz Setor A – Santarém/PA

Como é lindo perceber a vivência dos nossos irmãos equipistas que testemunham para o mundo que é possível a família viver em santidade, viver os desígnios de Deus. Esse chamado é para todos e precisa começar em nós! Como?

Primeiro é preciso perguntar a si mesmo: o que eu tenho feito para que minha família (meu esposo, minha esposa, meus filhos, meus parentes) vivam em Deus? Tenho testemunhado para eles o que Deus tem feito em mim? Se eles não aceitam, tenho orado pela conversão de cada um? Lembremo-nos de que “tudo é possível ao que crê”, é a Palavra de Deus que nos garante. Ah se tivéssemos fé do tamanho do grão de mostarda...

Devemos sempre esperar no Senhor, pois Ele não é indiferente ao que vivemos. Para tudo há um momento certo. É hora, sim, de fazer a experiência de abandono em Deus, humildemente reconhecer que há situações que superam nossa capacidade de resolver, mas para Ele todas as coisas são possíveis, porque Ele é Deus e nos ama desde toda a eternidade, tem para nós um plano de amor, de felicidade. Não a felicidade que o mundo oferece, mas a verdadeira, que brotou do coração aberto de Jesus lá na cruz.

Por isso, muita oração, joelhos no chão e veremos muitas pedras duras restauradas pela nossa fidelidade e perseverança. Se também em nossa família houver alguém que não viva segundo Deus ou não tenha fé, nossa atitude cristã é de amálo, compreendê-lo, incluí-lo em nossas insistentes orações.

Na verdade, nossa luta não é contra homens de carne e osso, mas contra o inimigo de Deus que está sempre à procura de brechas para agir nos membros mais fracos da nossa casa, às vezes nós mesmos, e destruir o que estamos edificando (cf. Ef 6,12), porque ele sabe que a família que vive o sacramento do Matrimônio, que persevera e faz a vontade de Deus é por ele abençoada. Exato por isso Jesus Cristo nos ensinou a construir nossa família sobre a rocha firme, para não ser destruída pelos vendavais que vez ou outra sopram sobre nós.

É preciso permanecer firmes e inabaláveis na fé, fiéis aos mandamentos do Senhor, porque o próprio Jesus prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos.

Patricia e Roberto Eq. N. S. do Sorriso Setor A Varginha/MG

Com o passar do tempo, a população terá de se posicionar diante do aborto, pois existe um Projeto de Lei no Congresso (PL 1135/91), visando à descriminalização dessa prática.

Geralmente, a mulher procura uma clínica de aborto (clandestina) para tentar desfazer um “erro” cometido com outra pessoa: uma relação sexual sem compromisso afetivo que levou esta mulher à gravidez.

O governo federal já autorizou o Sistema Único de Saúde a realizar cirurgias abortivas nos casos previstos no artigo 128 do Código Penal Brasileiro: “Não se pune o aborto praticado por médico; I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.”

Sei que o assunto é delicadíssimo, mas é preciso um posicionamento. Na mesma medida em que se se apega à lei para o consentimento do aborto, nos apeguemos também à lei para levantar o questionamento.

O Código Civil Brasileiro, no artigo 2º, garante que “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento

com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, o direito do nascituro.”

Ou seja, essa criatura em formação é digna de direitos econômicos e não mais será digna do sagrado direito à vida que é o bem maior.

No caso de estupro (crime previsto no artigo 213 do Código Penal), vejo a autorização do aborto como a punição do inocente na prática do crime. Com isso são infringidas garantias constitucionais, como o caput do artigo 5º, que garante a inviolabilidade do direito à vida; os incisos XLV, o qual garante que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, e XLVII alínea “a”, que assegura que não haverá pena de morte.

O nascituro é uma vida em formação dentro do corpo da mulher e não parte desse corpo, por isso, não se pode argumentar que essa mulher tenha direito de fazer o que quiser com seu corpo para realizar o aborto e admitir que o filho ou a filha daquele que comete o crime de estupro seja punido com a perda da vida, em razão do crime cometido pelo pai.

e planejar as atividades da tarde. O telefone tocou. Levantei-me da cadeira, fui para a sala e atendi: Alô!

Passava do meio-dia. Eu acabara de almoçar: momento de descanso, de pensar nas coisas boas da vida •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

— Por favor, eu queria falar com o padre.

— O que você deseja? É o padre quem a está atendendo.

— Sabe, padre, eu queria confessar-lhe os meus pecados. O senhor pode me atender?

— Posso. Venha à minha casa e eu a tenderei.

A jovem do outro lado da linha disse:

— Não quero incomodá-lo, padre. Não posso fazer a confissão por telefone mesmo? Eu contaria os meus pecados daqui e o senhor me daria a absolvição daí. Pode ser?

Fiquei surpreso com a proposta. Não a esperava.

— Nenhum padre ministra sacramentos por telefone. Veja um horário que você possa vir. Estou à disposição.

A sociedade de nosso tempo está cada vez mais acostumada com as facilidades que o deus Mercado nos oferece: rápido atendimento, pronta entrega, satisfação do cliente etc. Basta pegar a lista telefônica e procurar a palavra “disk”. Você vai se surpreender. É disk para tudo: pizza, remédio, chaveiro, gás, água, lanche, supermercado... Se por um lado esses serviços facilitam a vida das pessoas, por outro, acomoda-as. Já pensou se a moda pega na Igreja? Disk confissão, eucaristia, padre...

Jesus não quer que seus discípulos sejam acomodados, preguiçosos, desanimados. Ele deseja que seus seguidores sejam ardorosos, alegres, dispostos a tudo para viver a Graça. Certa vez, Jesus caminhava para

Jerusalém. Aconteceu que ele passava entre a Samaria e a Galiléia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos foram ao encontro dele. Pararam de longe e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Ao vê-los, Jesus disse: “Vão apresentar-se aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados (Lc 17,11-14).

Os leprosos ficaram curados no caminho. Foram curados porque saíram de si mesmos e foram ao encontro dos sacerdotes. Não receberam tudo facilmente, sem esforço ou sacrifício.

A vida é assim! Nada se consegue sem renúncia e sofrimentos. Aquilo que Jesus nos dá é gratuito, é “de graça”. Mas sem abertura de coração, acolhimento da vontade de Deus e perseverança, a bênção vai passar perto da pessoa e não vai transformar sua vida. As coisas espirituais são diferentes das materiais. O Pai e o Filho e o Espírito Santo não usam celular. Não existe “disk Santíssima Trindade”.

Mergulhe, sem medo, na Graça de Deus. Se quiser fazer uma boa confissão, deixe o telefone no gancho, procure o sacerdote de sua comunidade e conte seus pecados. Você experimentará o amor de Deus, que tem poder de derrubar qualquer barreira.

Pe. Agnaldo José dos Santos Paróquia Nossa Senhora das Dores – Casa Branca/SP Enviado por Marilda e Gerson Eq. N. S. do Desterro Casa Branca/SP

Só existem dois modos de estar no mundo. Ou se vive no amor, ou seja, na busca permanente da comunhão com os outros ou se vive no egoísmo, fazendo das pessoas instrumentos, meios para a satisfação dos próprios interesses. Os que professam a fé no Deus Uno e Trino estão convencidos de que as pessoas só são pessoas de verdade quando fazem sempre intensa comunhão com os outros. Deus é Três em Um só ou Um só em Três. Três pessoas, realmente distintas, na infinita comunhão de uma só natureza. Pessoa em Deus, ensina-nos a tradição cristã, é relação amorosa, de modo que as pessoas subsistem voltadas umas para as outras com a totalidade do próprio ser. Nada é de uma pessoa que não seja ao mesmo tempo da outra. A essa compreensão a tradição teológica chamou, em grego, de pericorese e, em latim, circuminsessão. A doação recíproca das pessoas faz com que cada pessoa esteja inteira na outra e se desfrutem uma da outra em eterna alegria. É próprio de todas as religiões ter um referencial transcendente e intocável, fonte e modelo de toda a realidade. O Deus Trindade é, no cristianismo, a origem de todas as coisas e o modelo, a causa exemplar, de todo o criado. Jesus afirmou: “Eu e o Pai somos Um”. E orou e deu a vida para que a humanidade pudesse espelhar em sua convivência o mistério de sua comunhão com o Pai no Espírito Santo: “Pai, que eles sejam Um

como eu e tu somos Um e assim o mundo creia que me enviaste.” A experiência de Deus, no cristianismo, inspira um tipo de sociedade onde a realização do indivíduo-pessoa consiste precisamente nisto: viver um permanente processo de interação amorosa com os outros. A pessoa não é solidão, uma mônada isolada, mas é dinamismo de comunhão. Na relação reside a experiência da identidade, a alegria de ser alguém. “É dando que se recebe”. Ou a pessoa se volta para o outro em atitude de oferecimento ou ela está fadada irremediavelmente ao fracasso. A verdade de Deus, Uno e Trino, revela-nos nossa própria verdade. Ou vivemos em comunidade, em clima de participação amorosa e serviçal, ou seremos infelizes. Mesmo que muitos não o desejem, aqueles que experimentaram de verdade o Deus de Jesus Cristo estarão sempre buscando a comunhão com os outros até a morte, como Jesus mesmo o fez, como o testemunham suas palavras: “Pai, perdoailhes porque não sabem o que fazem”. O testemunho de comunhão é sinal distintivo do discípulo de Jesus. Por isso nos ensinou João Paulo II: “fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milênio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo”.( n. 43). Ora, nosso mundo oscilou, no século passado, entre um individualismo exacerbado e um coletivismo su-

focante. O individualismo egoísta se consolidou de forma cruel no capitalismo “selvagem”. A reação ao capitalismo foi a tentativa de impor, à força, um sistema de igualdade, como se as estruturas pudessem dar a vida. Hoje prevalece o individualismo cego que produz uma imensa e impiedosa exclusão. O cristianismo não propõe uma terceira via, ele propõe a via do amor, da solidariedade, assumida na convivência social, único jeito de dar vida às leis justas. Aqui e acolá ouço, quando me refiro a essa via, pessoas dizerem ser ingenuidade. O ponto de partida, entretanto, da construção social não pode ser o adágio “hobbiano”: “o homem é lobo para outro homem”. Os cristãos apostam na via do amor porque crêem que Deus não abandonou a humanidade, pelo contrário, veio a seu encontro em Cristo e pelo Espírito a conduz pelas vias do amor. Jesus nos enviou como cordeiros para o meio de lobos. Ele mesmo, o Cordeiro de Deus, ofereceu sua vida para que todos se tornassem cordeiros, amigos uns dos outros. Esta verdade obriga-nos – ó feliz dever! – a nós cristãos, a apostar no diálogo e na cooperação como método e como realização dos ideais de justiça e de paz social. O bem não se impõe, propõe-se, em contexto de testemunho. Bento XVI ensinou-nos que não se evangeliza por proselitismo, mas por atração.

A persistência no caminho do diálogo e do serviço desinteressado é que convence e multiplica os obreiros da justiça e da paz. Traem sua fé os cristãos que dizem acreditar na proposta do evangelho e se recusam a vivê-lo no terreno da política e no interior das instituições sociais. O que todos nós esperamos, e devemos agir em conseqüência, é que todas as instituições sociais, sobretudo as explicitamente educacionais, não só se estruturem para a comunhão, mas funcionem, pela adesão convicta das pessoas, em clima de diálogo e participação, motivadas pela sincera busca do bem de todos. Esse caminho exige conversão permanente. As tendências egoísticas e a volúpia do poder constituem para todos nós uma tentação permanente. É preciso acreditar no outro. O outro pode mudar. Mas para acreditar que o outro pode mudar, é preciso que eu mesmo tenha feito a experiência da mudança, pois o outro, eu o vejo com os meus olhos. Esse caminho não é tão rápido como o caminho das decisões não participadas, por ele o processo é mais lento, mas é o único caminho que, de fato, leva à construção da comunidade humana.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues Arcebispo de Sorocaba/SP Extraído do site www.cnbb.org.br

O amor revelado por Cristo não é sentimento indefinido: é a essência da vida, a essência do cristianismo. Mais ainda, é a essência do próprio Deus. Quando proclamamos que o amor deveria ser posto como base da convivência humana, podendo substituir e dispensar todas as leis, não estamos descambando no ridículo. Apenas estamos afirmando que Deus deveria ser posto como base da convivência humana.

O amor cristão não encobre as injustiças e a violência dos poderosos, mas as revela aos olhos de todos, a fim de serem desmascaradas.

Não resolve as lutas entre as classes sociais com um simples aperto de mão, mas arranca pela raiz as causas que geram as lutas.

Não exige apenas o perdão das ofensas, como também postula a conversão do agressor.

Não está aí só para apresentar a face direita a quem bater na esquerda, mas sabe também pedir contas ao violento: “Por que me bates?” (Jo 18,23).

Quanto a nós, não pretendemos derramar o sangue dos violentos. Se preciso, ofereceremos o nosso, para que possa nascer uma sociedade fraterna e civilizada. Só que ainda precisaríamos conhecer com exatidão as medidas do amor cristão. A lei antiga mandava amar o próximo como a si mesmo, o que era medida generosa, porém não perfeita. De fato, quem nos garante que sabemos amar a nós mesmos de maneira perfeita?

As medidas perfeitas do amor cristão foi o próprio Cristo quem as estabeleceu: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. E até que ponto Ele nos amou, bem o sabemos: entregando-nos sua própria vida. Nossos antepassados da Antiga Aliança não tinham o Cristo como modelo de amor. Nós o temos. E está na hora de entrarmos em sintonia com Ele para, finalmente, acertarmos as medidas do nosso amor.

Autor desconhecido Colaboração da Lúcia e Rubson Equipe B 2 – Ribeirão Preto/SP

Estes dias estava meditando e pensando em quanta coisa bonita ocorre durante o nosso dia e nós não percebemos. Talvez pela correria tão intensa, deixamos de lado coisas importantes, simples toques, toques que damos e que recebemos a toda hora, e que na maioria das vezes passa despercebido ou sem ser valorizado, porque nos acostumamos a ver tudo como rotina, ou como algo pequeno e insignificante, e não como graças que recebemos a todo instante. Somos tocados por Deus em todos os momentos de nossa vida. Até mesmo quando dormimos, o amor de Deus está a nos tocar... Somos tocados também por quem encontramos em nosso caminho, seja por aqueles com quem convivemos, ou por pessoas que vemos apenas uma vez na vida, mas sempre ficamos com alguma marca. São toques que às vezes nos trazem alegria e que às vezes nos causam tristeza. Estas marcas, estes toques, são os tijolinhos de nossa

construção como pessoa, e cada um escolhe como irá edificar sua construção, com tijolos de alegrias ou com tijolos de tristezas. Das opções que fazemos resultará quem somos. É preciso, também, ter cuidado com o tipo de toque que damos a quem cruza nosso caminho, se são toques de alegria ou toques de tristeza. Dar o toque certo é ter delicadeza com o outro, saber elogiar, ser gentil, ser grato(a), ter sensibilidade ao fazer aquela correção, ou ao mostrar ao outro o quanto ele é importante para mim, ao minimizar os seus defeitos e valorizar o que ele(a) tem de melhor, ser carinhoso(a), ser amigo(a), ser atencioso(a), saber perdoar, e dar bons exemplos. Estes são alguns toques que podemos dar na construção do nosso irmão(a). Somos responsáveis e construtores uns dos outros, construtores a serviço de Deus.

No teu amor por mim, vejo o amor de Deus que vem ao meu encontro; no meu amor por ti, uno-me ao amor de Deus, que pede meu coração emprestado para amar”. (Henri Caffarel – A Missão do Casal Cristão)

O livro do Gênesis nos conta a mais bela história de amor que alguém já escreveu: a história da criação. Do vazio total e escuro em que o mundo estava mergulhado, Deus fez surgir todas as criaturas e no centro delas a sua obra mais perfeita, mais querida, mais desejada: o casal humano, o homem e a mulher. No casal humano o Criador projetou a sua imagem e desejou que este lhe fosse semelhante pela vivência do amor; depositou nele a sua esperança e em suas mãos colocou a missão de com Ele construir um mundo que fosse bom e justo, que tivesse lugar para todos. Mas o casal esqueceu que o homem e a mulher só refletem a imagem de Deus juntos (cf. Gn 2,21-24); que foi aos dois que o Pai confiou a tarefa comum. Então, dia após dia, foram surgindo grandes muros, geradores de solidão, separações, autosuficiências, vícios, medos… A criatura manchou a imagem do Criador, esqueceu a própria essência, baniu Deus da sua vida e agora assustada, preocupada, interroga-se a respeito da violência, dos filhos perdidos, das famílias desfeitas…

Será que há saída? Se há esperança, por onde e quando começar?

Que caminho tomar? Sozinhos vamos conseguir?

Claro que podemos interferir no rumo das coisas. Deus é misericórdia infinita e a resposta para tudo está nele, que desde o princípio nos criou para sermos comunidade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade, é Deus comunidade, e a nossa família deve refletir a imagem dessa família divina, pela sua vocação missionária de tornar presente – aqui e agora – o verdadeiro sentido do amor. E é somente através do nosso testemunho familiar que podemos resgatar e restaurar a nossa semelhança com Deus e apresentar ao mundo a nossa razão de esperar.

Na realidade presente nada é fá-

cil, mas, se no centro da família está um casal que valoriza o seu matrimônio, que prima pela justiça, a partir das pequenas coisas, e trabalha por um amor exigente que redime e perdoa e coloca Deus como fonte de tudo, com certeza arrastará muitas famílias para a Verdade, para Aquele que, com os braços abertos, nos

aguarda a cada dia: na Palavra, na Eucaristia, no encontro com o irmão, na luta do dia a dia… na vida afora, Jesus Cristo. Agora é a hora. Vamos começar… continuar, caminhar!

Socorrinha e Marcélio Eq N. S. do Perpétuo Socorro Quixadá/CE

Conversando com uma cliente que atendo desde criança, ela perguntoume se eu tinha um pé de graviola na minha chácara. Eu respondi que não só não tinha, como não conhecia essa fruta. Ela então, muito simpática, levou-me uma fruta madura, aliás, muito saborosa e disse: - só que eu queria que o senhor plantasse todas as suas sementes; elas germinam muito facilmente. Como eu dissesse que só poderia plantar um pé, pois tenho pouco espaço, ela disse: - o senhor pode fazer como eu faço: eu guardo todas as sementes, tanto desta fruta, como de todas as outras que chupo e quando saio de automóvel, vou jogando pela estrada em todos os lugares que eu acho que elas terão a chance de germinar. Eu nunca vi nenhuma árvore dessas sementes, mas eu sei que algumas já devem estar dando frutos e alguém dever estar aproveitando.

Eu fiquei pensando em nossas Equipes de Nossa Senhora. Se nós conseguíssemos plantar todas as

“sementes da espiritualidade conjugal” por esse Brasil afora, todas as que estão nas frutas que temos em mãos, não importando se fossem germinar ou não, e continuássemos a jogá-las pelas estradas da vida, como o nosso Brasil estaria melhor! Como os nossos lares estariam mais humanos, mais honestos e com mais paz! Como os frutos desses lares estariam plantando também um futuro melhor para todos. Acabariam os desgovernos, as corrupções, as desonestidades, o egoísmo, o orgulho...

Mas, vamos plantar pelo menos uma, no espaço que temos. Vamos, cada equipista, formar e cultivar pelo menos uma equipe. Ela certamente dará frutos e alguém irá aproveitar.

As ENS são uma bênção de Deus e todos podemos provar os frutos abençoados das sementes lançadas.

Leda e Hamilton

Eq 04 – Setor A - Catanduva/SP

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Sabemos que o futuro está em nossas mãos! O futuro de nossas famílias, do Movimento das Equipes de Nossa Senhora... passa pelas nossas mãos. Minhas mãos, sozinhas, pouco fazem. As suas mãos sozinhas, também. Mas se unirmos nossas mãos às de nossos cônjuges, de nossos filhos, de nossas famílias e de todos os equipistas às mãos de Jesus Cristo, com certeza, poderemos fazer algo por nós casais, por nossas famílias, pelo nosso Movimento, pela nossa comunidade, nossa cidade, nosso Brasil e também pelo mundo.

Podemos fazer mais do que imaginamos! É Jesus Cristo quem nos orienta, nos conduz e nos inspira todos os projetos que ele deseja que juntos realizemos. Por isso nos sentimos tão unidos! Foi o amor de Cristo que nos uniu. Foi Ele, cabeça deste Movimento, que nos chamou para sermos equipistas neste momento da história. E todos os membros deste movimento são chamados a colocar mãos à obra na Igreja de Jesus Cristo. Mãos à obra em favor dos casais que buscam a santidade no Movi-

mento, dom de Deus para nossas vidas. A partir do momento em que nos tornamos equipistas, todos nos unimos a Jesus, sob a proteção da Virgem Maria, para caminhar, trabalhar, semear, plantar e colher, para sorrir e, às vezes, chorar com Ele.

As mãos de Jesus vêm em nosso auxílio, são elas que dão força à fraqueza de nossas mãos e nos capacitam para o trabalho. Por essa razão, com muito entusiasmo, podemos dizer que cada um de nós é um canal da graça e da bênção de Deus para a sua casa, para a sua cidade, para seu estado, para o Brasil e também para o mundo.

Mãos à obra, à obra do Movimento, a esta obra de Jesus!... A nossa participação na reunião mensal, respeitando as regras do Movimento, nos direciona ao cumprimento da vontade de Deus e nos dá ânimo e coragem para continuar evangelizando, de acordo com os nossos dons pessoais e do casal.

Leni e Alfeu Eq. N. S. do Amparo – Setor A –Catanduva/SP

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A Carta Mensal, por decisão da Super-Região, comemorando os 60 anos da Carta fundacional das Equipes de Nossa Senhora – que foi escrita pelo Padre Henry Caffarel, assessorado por alguns casais pioneiros – apresenta à leitura dos irmãos alguns comentários sobre os nossos Estatutos. A “Regra”, como a chamava Caffarel, foi instituída e estatuída após a experiência vivencial de quase dez anos dos “Grupos de Casais” que se reuniam sob a direção do nosso fundador, para estudar e viver o sacramento do Matrimônio. Observamos que os comentários a seguir, escritos por casais e sacerdotes com longa vivência nas Equipes e profundo conhecimento do Movimento, serão mais bem compreendidos se, ao lê-los, os confrontarmos com os próprios Estatutos. Estes tiveram edição especial recente, juntando num mesmo caderno a Carta de 8 de dezembro de 1947 e os Estatutos Canônicos, aprovados definitivamente pela Santa Sé, confirmando o reconhecimento das Equipes de Nossa Senhora como associação privada internacional de fiéis, de direito pontifício, aos 26 de julho de 2002. É importante que todos possamos manusear com freqüência estes dois documentos, pois ali encontramos o que é fundamental para ser casal equipista e para entender o Movimento.

Equipe da Carta Mensal

O nascimento das Equipes de Nossa Senhora não aconteceu de uma hora para outra, não houve nenhum “big bang” nas origens. Em determinadas épocas da história da humanidade, Deus suscita fatos, pessoas, movimentos que, na sua infinita sabedoria, ele sabe serem necessários para aquele exato momento. Mas o conceito de momento e a forma de suscitar são bem características da maneira de agir de Deus na nossa história. O momento, para Deus, pode durar anos e até mesmo séculos. Diz o salmista que “para Deus, um dia é como mil anos e mil anos são como um dia”. Ele é o dono do tempo.

E quando Deus suscita algo novo, diferente, é sempre através das pessoas, daqueles que ele escolhe para a tarefa a ser cumprida. É interessante analisar, hoje, com algum recuo, qual era essa tarefa, qual era o desafio do matrimônio que se apresentava – e ainda se apresenta – ao mundo ocidental cristão ao longo do século passado e em nossos dias. E como o plano de Deus, através de seus escolhidos, funcionou em todo este período.

Durante os primeiros quarenta anos do século XX, algumas pessoas começaram a perceber que o casamento estava mudando de natureza. Durante a maior parte da história da humanidade, o casamento não era um relacionamento baseado no amor mútuo de um homem provedor de alimentos e de uma mulher dona de casa, mas uma instituição voltada à

aquisição de riquezas, poder e prosperidade. A escolha de um cônjuge com base em algo irracional como o amor seria simplesmente considerada absurda. Sabemos, por exemplo, que na França, até o início do século XIX, o consentimento dos pais era mais importante do que o próprio consentimento dos noivos. Uma visão mais romântica do casamento só surge a partir de 1850 e, no começo do século XX, uma certa reviravolta começa a se tornar aparente: a instituição baseada na obediência e no patrimônio está se transformando no fruto de uma relação de amor. Diante desta nova realidade, surgem alguns precursores do que mais tarde viria a ser chamado de “espiritualidade conjugal” e que, através de seus escritos, de suas conferências, de retiros pregados começam timidamente a defender a idéia de que o amor humano é um reflexo do amor de Deus.

Em seu livro “Henri Caffarel – Um homem arrebatado por Deus”, Jean

Allemand fala desses precursores, que colocaram as primeiras balizas de um verdadeiro matrimônio cristão1.

É neste contexto que, em fins de 1938, em Paris, os recém-casados Gérard e Madeleine d’Heilly, vêm procurar um jovem padre, Henri Caffarel, que se tornara conhecido por suas pregações em retiros e recolhimentos para jovens. Eles e alguns amigos deles, na maior parte oriundos do escotismo, estão preocupados em descobrir como podem viver ao mesmo tempo seu amor humano e seu amor a Deus. Será que o apelo à santidade se dirige também a eles, casados?

E na primeira reunião da qual participam quatro casais, em 25 de fevereiro de 1939, em Paris, no apartamento de um deles, Pierre e Rozenn de Monjamont, o Padre Caffarel lhes responde: “Vocês têm um sacramento, que é só seu, mas que, convenhamos, é muito mal conhecido”.2

Na sua conferência sobre “Vocação e itinerário das Equipes de Nossa Senhora” (Roma, 1959), o próprio Padre Caffarel assim descreve este início: “Subindo o rio até a sua fonte, vocês encontrarão quatro jovens casais, ricos de um amor novo em folha. Por serem cristãos convictos, entendem que não devem viver seu amor à margem de sua fé. Por falta de idéias muito precisas sobre a doutrina do matrimônio cristão, uma viva intuição

os enche de esperança e os leva ao padre: “Este amor humano, que é a nossa riqueza e a nossa alegria, é impossível que não seja algo de belo e de grande no pensamento de Deus; queremos conhecer este pensamento, queremos que o senhor no-lo revele”.

Eu não era muito mais esclarecido do que os meus interlocutores. Mas pelo menos tinha a convicção de que, o amor vindo de Deus e o matrimônio sendo de instituição divina, a idéia divina de amor e casamento devia ser infinitamente mais exaltante do que tudo o que aqueles jovens poderiam imaginar. Minha resposta foi: “Procuremos juntos, unamos nossos esforços e partamos para a descoberta”.3

Da intuição desses jovens casais e do Padre Caffarel nascem os primeiros “Grupos de Casais”, ainda sem uma estrutura definida. A Segunda Guerra Mundial, que estourou em setembro de 1939, apesar de aparentemente retardar o desenvolvimento desses grupos, na verdade deu-lhes uma feição mais solidamente cristã, por levar seus membros a enfrentar as dificuldades na oração e na solidariedade.

O após-guerra vê, na França, o desabrochar dos Grupos de Casais. Mas o seu sucesso leva o Padre Caffarel a se interrogar: “Esse sucesso é perigoso: os casais vêm ao movimento realmente para aprofundar sua vivência cris-

1.ALLEMAND, Jean. Henri Caffarel – um homem arrebatado por Deus , tradução de Gérard e Monique Duchêne: edição das Equipes de Nossa Senhora, 1999, p. 33 a 37.

2.Ibidem – página 38.

3. A Missão do Casal Cristão – Surgimento e caminhada das Equipes de Nossa Senhora: Edições Loyola, 1990, p. 48-49.

tã? Isto não é tão evidente. Às vezes parece ser curiosidade, procura de amizades humanas, esnobismo. A isto devemos acrescentar que os casais mais antigos, aqueles da fase heróica, são tentados pelo relaxamento na euforia da paz reencontrada e das velhas amizades confortáveis. Estaria esgotado o impulso que tinha animado os primeiros grupos? Espera-se tanto deste desabrochar de grupos de casais; seria preciso renunciar?”4

E ele se pergunta: “O que seria necessário fazer para que a crise de nossos grupos pudesse favorecer uma superação, o acesso a uma maturidade maior? Qual poderia ser a vontade de Deus?”

Ao estudar a história da Igreja, Padre Caffarel percebe que, apesar das crises de toda sorte, o que sempre sustentou a solidez e a vitalidade das Ordens Religiosas foi a existência de uma Regra. “Por que – pergunta-se então – não propor uma Regra aos cristãos casados desejosos de progresso espiritual? Não uma Regra de monges, mas uma Regra para cristãos casados”.

Desta nova intuição e das reflexões da pequena equipe que na época acompanhava o Padre Caffarel surge então, em dezembro de 1947, a Carta Fundacional das Equipes de Nossa Senhora, cuja análise mais detalhada segue nos artigos subseqüentes. O que nos parece importante dizer é que, uma vez mais, Deus havia suscitado, através de um homem, um fato que deu consistência a Seu plano.

A todos nós, equipistas, impõe-se

aqui uma meditação um pouco mais profunda sobre as maravilhas deste plano de Deus. Todos sabemos que a reviravolta da natureza do matrimônio, iniciada com o século XX, após passar pelo que poderíamos chamar de “Idade de Ouro” do casamento na década de 1950, sofreu uma profunda metamorfose a partir dos anos 70 e transformou-se em crise. Nos últimos 30 anos, podemos dizer que o casamento mudou mais do que nos cinco mil anos precedentes. O surgimento de um mundo do “descartável”; as tecnologias mal utilizadas para os fins mais imediatos; a redução do amor à sua única expressão sexual; a competição desenfreada exigida pelos sistemas econômicos; o crescimento de uma necessidade de satisfação individual acima das exigências do bem comum; tudo isso e muitos outros fatos tiveram profundos impactos sobre o matrimônio em geral. E, de repente, nós nos encontramos diante de enormes contingentes de adolescentes grávidas, de descasados e descasadas, de recasados e recasadas, de permanentes atentados contra a vida dos indefesos não nascidos ou dos idosos... e só temos as intuições do Servo de Deus Henri Caffarel, “Profeta do Século XX”, das Equipes de Nossa Senhora e de sua Carta Fundacional para recorrermos e para procurarmos descobrir a vontade de Deus sobre o matrimônio, hoje.

O que será que Deus espera hoje de nós? O que, no Seu plano, representam as Equipes de Nossa Senhora? Heléne e Peter

4.Ibidem – p. 55

Por que estamos reunidos em equipe?

A resposta a essa pergunta está no preâmbulo dos Estatutos. Ele descreve magnificamente “A razão de ser das Equipes de Nossa Senhora”, o objetivo a que o nosso movimento se propõe: conduzir os casais à santidade.

Sobretudo esta primeira parte contém intuições bastante lúcidas e penetrantes e goza de uma perfeita vitalidade e ainda hoje, após 60 anos, continua vigente e atual.

Os Estatutos formam um documento feito numa linguagem condensada, onde cada palavra, cada sentença tem um peso, um significado.

Palavras, podemos dizer, proféticas, pois formuladas antes mesmo do Concílio Vaticano II; colocadas face aos seus documentos, constatou-se não haver necessidade de um “aggiornamento”.

Vivemos uma época de contrastes.

É a primeira frase da Carta. Frase que hoje adquire muito mais significado que em 1947. Os contrastes não somente se multiplicaram, mas se radicalizaram enormemente. A secularização da sociedade alcança hoje seu mais alto grau com uma situação ainda mais grave.

Por um lado, o divórcio, o adultério, o neomaltusianismo triunfam.

Vivemos numa sociedade onde a complexidade de formas de vida, a diferença de critérios e a pluralidade de opções religiosas, éticas, morais e política é patente. Nossa sociedade,

ávida de liberações e facilidades, propõe “outras” formas de amor.

Mas essas diferenças não devem ser vistas só no lado negativo.

Por outro lado, multiplicam-se os casais que aspiram a uma vida integralmente cristã.

Estes sentiram necessidade de uma comunidade que os apoiasse.

Alguns desses últimos fundaram as Equipes de Nossa Senhora.

O começo de tudo ocorreu quando uma senhora procurou o Pe. Caffarel, pedindo conselhos para sua vida conjugal. Algum tempo após esse primeiro diálogo ocorrer, em 25 de fevereiro de 1939, em Paris, se reuniu o primeiro grupo composto de quatro casais em torno do Pe. Caffarel.

As aspirações daqueles casais, e nossas hoje, explicitam-se nestes pontos:

•Ambicionam levar até o fim o compromisso de seu batismo.

•Querem viver para Cristo, com Cristo, por Cristo.

•Entregam-se-Lhe sem condições.

•Resolvem segui-Lo sem discutir.

•Fazem do seu Evangelho o fundamento da própria família.

•Querem que o seu amor, santificado pelo Sacramento do Matrimônio, seja: -um louvor a Deus, -um testemunho aos homens – demonstrando-lhes, com toda a evidência, que Cristo salvou o amor, -uma reparação dos pecados contra o matrimônio.

Uma equipe de Nossa Senhora é uma comunidade que procura responder a essa necessidade, e quer ajudar seus membros a progredir no amor a Deus e ao próximo, a responder ao chamado de Cristo; não é uma simples comunidade humana, pois “reúne-se em nome de Cristo”. “Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Isto é o que fundamenta, que dá sentido à equipe.

Uma inspiração, um carisma é um dom de Deus. Esse carisma encerra sempre vários aspectos, que vão sendo aclarados pouco a pouco ao longo dos anos, como o desvelamento progressivo das ENS. E um aspecto marcante de nosso carisma é a espiritualidade conjugal.

Os casais têm sido chamados a aprofundar e viver a espiritualidade conjugal, ou seja, conhecer mais e melhor a vontade de Deus e ajudálos a transformar em vida, ou seja, sua santificação.

•Querem ser, por toda a parte, os missionários de Cristo.

•Devotados à Igreja, querem estar sempre prontos a responder aos apelos de seu bispo e de seus sacerdotes.

•Querem ser competentes na própria profissão.

•Querem fazer de todas as suas atividades, uma colaboração à obra de Deus e um serviço prestado aos homens.

As ENS têm uma vocação, que é a de ajudar os casais a se santificarem. Mas elas têm também uma missão. É missão da Igreja revelar a verdadeira fisionomia de Deus ao nosso tempo. É, igualmente, missão dos casais: “...testemunho que deveis dar por vossa vivência e por vossa palavra”. 5

Tais equipes não são abrigos para adultos bem intencionados, mas sim grupos de voluntários, generosos e ativos.

Ninguém é obrigado a ingressar nas equipes ou nelas permanecer. Quem delas fizer parte, porém, deve com lealdade fazê-lo francamente.

Por vezes, os casais que entram para as equipes não foram postos em face dos verdadeiros fins do Movimento, tais como os definem os Estatutos.

Outros motivos podem não ser maus, mas não correspondem à razão de ser no Movimento. Muitas vezes os membros de uma equipe não vêm à reunião mensal anima-

5.CAFFAREL, Pe. Henri. A missão do casal cristão : 1990, Ed.Loyola, p. 113

dos da mesma intenção. A única verdadeira intenção que corresponde à finalidade das equipes é a vontade de melhor conhecer a Deus, de melhor O amar e melhor servi-Lo. Vem-se às equipes por Deus, ficase nela por Deus.

A palavra EQUIPE, preferida a qualquer outra, implica a idéia de um fim preciso.

“Equipe” deriva de um velho vocábulo francês que significa “barco”. A “equipe” não é um transatlântico; não é também uma embarcação de recreio em que cada um escolhe o lugar para onde ir, da maneira como

entende. A equipe é um barco como aquele de Pedro, com equipagem pouco numerosa e unida.

As equipes colocam-se sob o patrocínio de Nossa Senhora. Com isso acentuam o desejo de servi-la e afirmam que não há melhor guia para levar a Deus do que a própria Mãe de Deus.

As ENS, em plena consciência da magnitude da sua missão e sentindo a limitação de suas forças, volta-se confiante para a Virgem Maria. Ela nos ensinará a crer e amar como ela mesmo o fez.

“ Procuremos juntos ”. Esta foi a resposta do Pe. Caffarel aos casais que haviam ido procurá-lo para que os aconselhasse sobre como poderiam viver seu amor de casados sem deixar de viver sua paixão pelas coisas de Deus. O sacramento do Matrimônio era, naqueles anos 40, um ilustre desconhecido e o Pe. Caffarel imediatamente percebeu que para orientar esses casais deveria procurar na Escritura e na doutrina da Igreja a resposta à sua preocupação. Daí ter feito a proposta de se reunirem numa procura conjunta, os casais e o sacerdote ao qual haviam recorrido.

É nessa palavra “juntos” que se pode retraçar a origem da mística

das Equipes de Nossa Senhora. Desde o início nascia o que viria a caracterizar indelevelmente o nosso movimento, equipe de equipes, juntas no esforço para procurar conhecer e realizar a vontade de Deus

sobre o casamento, a espiritualidade conjugal.

Se o “juntos” da primeira hora se referia mais à procura intelectual – o que com o tempo se tornou o estudo do tema – logo esses cristãos reunidos perceberam que sem oração não iriam muito longe na sua pesquisa. Se “onde dois ou mais estão reunidos em meu nome aí estou eu no meio deles”, era necessário, antes de qualquer coisa, dedicar uma atenção especial a essa presença de Cristo – e assim se foi estruturando o esquema que chegou até nós: ouvimos juntos a Palavra, a meditamos juntos , procuramos responder-lhe juntos ; em seguida suplicamos juntos pelas nossas intenções e, cientes de que somos uma pequena célula da Igreja, rezamos juntos de acordo com o tempo litúrgico em que nos encontramos. Havia nascido a mística do auxílio mútuo espiritual, que todos nós vivemos quando tentamos compartilhar a vibração dos nossos corações em contato com a Palavra de Deus e fazer nossos os anseios dos companheiros.

A partilha, evidentemente, não apareceu de maneira tão óbvia, mas segue a mesma orientação. É o momento em que, juntos, nos auxiliamos a usar as “ferramentas” de que o Movimento nos aconselha a servir-nos para progredirmos no amor a Deus e no nosso amor conjugal – exatamente os objetivos procurados pelos casais da primeira hora! Ao juntos “verificarmos a temperatura” dos nossos esforços mensais, individuais e conjugais,

estamos exercendo uma faceta essencial do auxilio mútuo espiritual em que o Pe. Caffarel baseou a própria existência da vida de equipe.

As circunstâncias da época – 2ª. Guerra mundial – permitiram que se descobrisse outra dimensão do “juntos”, o auxílio mútuo material, cada um empenhando-se em ajudar os outros naquilo de que necessitavam. Hoje, decorridos 60 anos de quando o Pe. Caffarel resolveu dar forma, pela Carta, a essa maneira de vivermos o nosso cristianismo no estado de casados, continuamos sabendo que não basta rezarmos uns pelos outros se não estivermos atentos às suas necessidades materiais e prontos a socorrê-los no que for do nosso alcance. Para verificar a importância que desde o início se atribuía ao auxílio mútuo material, basta lembrar que já as primeiras reuniões começavam com uma refeição que, embora o mais simples possível, era fruto da colaboração de todos.

Ao codificar o nosso Movimento, o Pe. Caffarel tinha em mira não mais apenas a descoberta do pensamento de Deus a respeito da união conjugal, mas a própria espiritualidade conjugal, ou seja, como dizia, a arte de os cônjuges viverem como cristãos, em pleno século XX, todas as realidades do seu cotidiano. Estava convencido de que a vida em equipe seria um poderoso auxílio para “melhor conhecer, melhor amar e melhor servir a Deus” e um trampolim para a santidade, à qual, segundo ficara patente desde o início, também os casados são chama-

dos. E que, para galgar os degraus que levam a ela, melhor escada não haveria do que o auxílio mútuo entre todos, idéia que lhe fora sugerida pela corda a unir os alpinistas que, amarrados uns aos outros para sustentar-se mutuamente, procuram alcançar o topo da montanha.

Ao assim “carregarem os fardos uns dos outros” os equipistas não estariam somente ajudando a si mesmos e uns aos outros, mas dando um testemunho do amor de Deus vivido entre os esposos e entre os casais, numa mensagem viva de que “Deus salvou o amor” (Carta). Dessa forma, a mística do auxilio mútuo desemboca naturalmente na do testemunho , sem o qual seríamos grupos fechados e nunca células vivas da Igreja. O Pe. Caffarel jamais

concebeu a vida em equipe sem essa abertura para fora: o que aí aprendemos é para ser levado aos outros, os talentos não são para serem enterrados, mas devem ser postos para frutificar. Na palestra “O leigo, portador da Palavra”, que pronunciou entre nós em 1962, já deixava clara a responsabilidade inalienável de levarmos ao mundo que nos cerca a boa nova de que Deus salvou o amor do homem e da mulher e confiou ao casal a missão sagrada de ser as testemunhas do seu próprio Amor. Pelo testemunho, pela vida e pela palavra, seríamos, para os outros casais, os noivos, os jovens, “por toda parte, os missionários de Cristo” de que fala o inspirado Preâmbulo da nossa Carta.

Não poderíamos começar nossa reflexão sem trazer um pensamento do próprio mentor dos nossos Estatutos. Fomos encontrá-lo no bojo de um artigo por ele escrito na Revista L´Anneau D´Or (Aliança de Ouro) de setembro/outubro de 1954, na qual tratava do tema “Entregar-se no diaa-dia”. Ele nos dizia: “Essa vida de entrega a Deus não se adquire da noite para o dia. É uma conquista. E, no plano espiritual, como

nos outros, não existe conquista sem esforços, quiçá lutas. Esforços de uma fé muitas vezes desconcertada por acontecimentos imprevisíveis, aparentemente incompatíveis com a vontade de

Deus. Esforços de um amor ao qual serão pedidos por vezes consentimentos e fidelidades que lhe parecerão acima de suas forças. E, provavelmente, não faltarão fracassos. Mas aquele que não desanima, que sem cessar retoma à luta, logo descobre que tem um aliado interior, a graça de Cristo”.

As palavras “disciplina”, “regra”, “obrigações” soam inicialmente pesadas na mentalidade comum das pessoas. A história das ENS conta que a partir da publicação dos Estatutos muita gente o recusou por entendê-lo como algo acima da capacidade de um mortal casal leigo. Esses dissidentes quiseram continuar seu caminho sem se aterem a regras e o mais interessante é que pediram o apoio do Pe. Caffarel para esta segunda opção e ele decidiu acompanhar, talvez apenas para constatar pessoalmente no que aquilo ia dar. E não foram necessários mais do que alguns anos para que o Movimento paralelo, sem regras, sem compromissos, sem fidelidade, simplesmente desaparecesse, enquanto os Estatutos levaram as ENS a desabrochar em quase 70 países diferentes, entremeando-se nas mais diferentes culturas e realidades dos povos.

Se um Estatuto consegue ser o responsável por esta façanha, se permanece atual, se completa seus 60 anos, merece não apenas ser comemorado, mas, principalmente, ser melhor conhecido e aprofundado. Manter-se atualizado após o decurso de 60 anos é mais uma prova de que as ENS não foram apenas uma original e grande idéia, mas que ali se faz presente um dom do Espírito de Deus.

Ajudará muito a compreensão dos objetivos pretendidos se procurarmos entender por disciplina simplesmente a oportunidade metodológica e sistemática para um aprendizado.

Ninguém entra ou permanece numa equipe obrigado. O regime de ordem proposto pelos Estatutos, portanto, é algo consentido, querido, aceito livremente. Que tal entendermos que as regras não formam uma prisão, mas uma janela que se abre para que possamos descortinar um horizonte muito mais amplo? Não foram concebidas normas para seres perfeitos. O pensamento do Pe. Caffarel que abriu este artigo nos lembra que “provavelmente não faltarão fracassos”.

Que tal se desvinculássemos a palavra “obrigação” do sentido de “dever”, de “encargo”, de “imposição” e outros tantos sinônimos parecidos, e pudéssemos descobrir que obrigação nada mais é do que um vínculo da vontade que me conduz a fazer algo mais apreciável em proveito de uma relação estabelecida com o outro?

A disciplina nas ENS tem por características essenciais e bem definidas: suavidade para não entravar a personalidade. Severidade para preservar da moleza.

E o que permite o equilíbrio destas notas aparentemente antagônicas é descobrir que a regra tem uma alma. Tal como a vida no corpo, a regra tem um espírito, um sopro do amor e da vontade de Deus, invisível aos olhos, mas absolutamente real.

Talvez a grande dificuldade seja que sem nos deixarmos tocar pelo espírito, pelo sopro divino, não nos deixaremos

convencer pela regra. Não é a regra em si que tem valor: o valor está naquilo que ela contém, naquilo que ela realiza como seu fruto.

Para poder penetrar no espírito que anima, que vivifica a regra, pensamos que duas coisas são necessárias: a)busca apaixonada pelo amor de Deus revelado ao casal pelo matrimônio. Há em francês uma expressão forte “chercheur de Dieu” (aquele que está à procura a Deus), ou seja, não se entende bem um equipista que não seja um “chercheur”. Como em português a palavra “procurador” pode levar a outro entendimento, iremos adiante pedir licença para traduzir “chercheur” por “aquele que está à procura”. b)ter consciência clara de nossa fraqueza e incapacidade; sozinhos, com nossas próprias forças não vamos muito longe.

Se perguntarmos a nós mesmos que tipo de equipista estamos sendo, não nos assustemos se descobrirmos que temos muito de um equipista-burocrata, que apenas entendeu a letra fria da lei, mas entendeu muito pouco do seu espírito.

Em face dos Estatutos, neste capítulo dedicado à sua disciplina, o equipista burocrata pode olhar para sua equipe que está só com quatro casais e dizer: “ainda dá para funcionar, estamos muito próximo do limite da regra”. Ao contrário “aquele que está à procura” é capaz de perceber que o número está a minguar a possibilidade da riqueza das trocas, que a ajuda mútua perde seu vigor, que o

espírito da comunidade definha.

O burocrata vai à reunião mensal talvez simplesmente porque seja obrigatória. “Aquele que está à procura” vai por sonhar com a oportunidade de experimentar o amor de Jesus que fala naquele grupo reunido em seu nome, numa sala de um lar cristão. Ele não vai a uma reunião, mas a um encontro pessoal para acolher e partilhar com seus irmãos o amor que vem de Deus.

O burocrata olha os PCE e até os cumpre (olhe a palavra “cumpre”), mas não assimila atitudes interiores que transformam o seu viver. “Aquele que está à procura” vive (olha a palavra “vive”!) o Dever de Sentar-se, a Regra de Vida, o Retiro etc, como uma necessidade vital sem a qual se sente desfalecer.

O burocrata vê nos convites para as missas mensais, noites de oração etc, para os convites para prestar serviços ao Movimento apenas compromissos que constam de sua agenda. “Aquele que está à procura” escuta em cada canto um chamado do Senhor, que o quer mais perto de si, para entrar no seu coração e aí fazer a refeição com Ele.

No Evangelho de Lucas 10,21, após receber o relato de seus discípulos, enviados dois a dois, curando doentes, expulsando demônios, Jesus volta-se para seu Pai no céu e diz:

“Eu vos louvo, ó Pai, por que escondestes estas coisas dos sábios e poderosos, e as revelastes aos pequenos e humildes”.

As riquezas do Estatuto, o espírito das regras, a segurança do caminho apontado, a potencialidade de

seus frutos só estão ao alcance dos pequenos e humildes, daqueles que estão à procura.

Para os sábios que julgam já ter descoberto sua própria outra lei, para os que se convenceram de que por si só já foram longe demais, dificilmente se revelarão os segredos de Deus.

Sem a atitude de Maria, no canto do Magnificat que proclamamos todos os dias, que se faz humilde serva na qual o Senhor opera maravilhas, não poderemos compreender a alma do nosso Estatuto que transforma as regras, pelo nosso querer livre e consciente, em pedras preciosas no ca-

minho da santificação do casal.

Passarão outros sessenta anos e perceberemos que o espírito não envelhece porque é obra de Deus e poderemos continuar sonhando, e sonhando alto, com os píncaros que os Estatutos nos apontam.

Terminamos, parodiando uma frase que escutamos, certa vez, de um Sacerdote Conselheiro Espiritual: “Não pensem pequeno, porque as pequenas chamas os pequenos ventos apagam. Pensem grande, porque as grandes chamas os grandes ventos propagam”.

Queridos amigos:

Nada melhor para iniciarmos esta nossa pequena e despretensiosa reflexão do que com estas palavras do Dr. Pedro Moncau, esposo de dona Nancy Moncau, casal iniciador do Movimento das Equipes de Nossa Senhora aqui no nosso querido Brasil.

Gostaríamos inicialmente de parabenizar nossa equipe responsável da Super Região Brasil por esta iniciativa tão a propósito, nes-

ta oportunidade em que estamos celebrando os 60 anos da promulgação e colocação em prática dos nossos Estatutos, ou A Carta, como a denominou o Padre Caffarel. Coube a nós, por um convite muito simpático e lisonjeiro da equipe da Carta Mensal, tecer algum comentário sobre a parte do Estatuto que trata da Estrutura do Movimento.

Não é nossa intenção fazer uma reflexão em profundidade sobre o tema, mas tentar realçar alguns pontos que nos parecem bastante importantes. Primeiramente verifica-se que, quando o Padre Caffarel sentiu a necessidade de se colocar algumas normas ao Movimento nascente e que rapidamente se expandia, ele imaginou que seria útil aos casais que tivessem uma “regra”, não como a dos religiosos, mas específica para casais. Mas a idéia estava ali, uma regra com certo rigor, de tal forma que não os desanimassem mas que os encorajassem para ir além. Ao falar sobre os Estatutos (A Carta), no livro “A Missão do Casal Cristão”, do Padre Henri Caffarel, lemos o seguinte: “Não esconderei a vocês que foi a história da Igreja e o estudo da Vida Religiosa que me inspiraram a solução. Procurei descobrir o que poderia explicar que a santidade nunca tinha deixado de florescer e florescer de novo nas

Ordens Religiosas no decorrer dos séculos, apesar das crises interiores e exteriores, e compreendi que um dos fatores essenciais da solidez e da vitalidade dessas Ordens era a sua Regra. Por que, perguntei-me então, não propor uma Regra aos cristãos casados desejosos de progresso espiritual? Não uma Regra de monges, mas uma Regra para leigos casados.” Para bem entendermos o “rigor” que inspirava o fundador do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, ele destacava no documento que estamos comentando que, “uma fórmula simples define o papel do Casal Responsável e assinala sua importância capital: é o responsável pelo amor fraterno. Porém, três parágrafos adiante ele colocava que “toda Equipe que não quer ou não pode observar as regras do jogo, é eliminada.” 6 Talvez isto nos explique o fato de terem decorrido dois anos para que dona Nancy e Dr. Pedro Moncau lançassem a segunda equipe no Brasil. Em carta dirigida pelo Dr. Pedro ao Padre Caffarel, em Julho de 1950, ele escrevia sobre sua vontade de levar a outros casais a proposta do Movimento, “mas, por outro lado, tememos não estar ainda suficientemente maduros para nos lançar e, assim, comprometer o Movimento.” 7 Não foi sem razão que o próprio Padre Caffarel confidenciou certa

6.CAFFAREL, H. A Missão do Casal Cristão: Loyola – 1990 – Os Estatutos – p. 55.

7.MONCAU, Nancy C. – Equipes de Nossa Senhora no Brasil – ensaio sobre seu histórico : Nova Bandeira Produções Editoriais, 2000. A lenta evolução – p. 36.

vez ao casal Esther e Luiz Marcello Moreira de Azevedo, na ocasião responsáveis pelo Movimento no Brasil, quando lhe disseram que “aqui no Brasil quem conhece melhor a doutrina do Movimento é o Moncau.” Ao que ele respondeu-lhes de pronto : “não é só no Brasil, Pedro (Moncau) é um dos que melhor conhecem o Movimento no mundo .”

Verifica-se que não basta contar com casais de boa vontade (e temos certeza absoluta de que todos são) para participar e servir no Movimento, seja como Ligações, responsáveis de Setor, Região ou qualquer outra missão a que são chamados. É fundamental, a nosso ver, que conheçam as origens e as atualizações dos métodos e pedagogias do Movimento, para que entendam seu sentido, a razão de ser das propostas como nos são apresentadas pelo Movimento. Um testemunho que nos marcou bastante nos foi dado uma vez pelo Cônego Pedro Rodrigues Branco, de Jaú/SP, na ocasião decano dos Sacerdotes Conselheiros Espirituais do Brasil. Ele nos dizia que, durante muitos anos, no início do Movimento naquela cidade (a primeira no interior do Brasil), ele fazia com que suas equipes estudassem a cada ano os Estatutos do Movimento, para que fossem assimilando cada vez mais seu sentido, e não perdessem de vista o propósito do Movimento.

Hoje em dia é necessário, principalmente para nós aqui no Brasil, que os casais e conselheiros

procurem conhecer cada vez mais as origens, a proposta e o objetivo do nosso Movimento para melhor vivê-lo. Os Estatutos, após o afastamento do Padre Caffarel, em 1973, deixaram de ser atualizados. Entretanto, outros documentos se sucederam com o intuito de atualizar o Movimento aos novos tempos. Assim surgiram os documentos “O que é uma Equipe de Nossa Senhora” (em 1977), “A Segunda Inspiração” (em 1988), e mais recentemente o “Guia das Equipes de Nossa Senhora” (em 2001). Devemos ter sempre em mente que hoje temos uma responsabilidade ampliada, pois contamos com o maior número de equipes e equipistas no mundo. Isto significa que os olhos se voltam para nós, para procurar as razões do nosso crescimento. E é importante que mostremos a eles que nosso crescimento não é somente em quantidade ou numero de equipes, mas principalmente em qualidade, pela simples razão de estarmos “ligados” ao nosso passado, às nossas origens. Como dizíamos, não bastam pessoas de boa vontade, casais ou sacerdotes, mas precisamos de pessoas bem formadas especificamente no nosso Movimento. A formação cristã é importantíssima, assim como a formação teológica. Mas, quando se trata do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, não podemos descuidar de maneira alguma da nossa formação específica.

A publicação da “Carta das Equipes de Nossa Senhora” em 1947 foi um ato de coragem e ousadia.8 Exigiu uma tomada de posição, e muitos casais e conselheiros espirituais preferiram continuar por outras estradas na procura do mesmo objetivo. Dos que aceitaram a proposta, exigiu um comprometimento maior com objetivos e meios, com a organização e a disciplina do movimento. A “Carta” foi decisiva na história das Equipes ao recolher e codificar a experiência dos anos iniciais, e ao lançar bases para a evolução e o aprofundamento posterior. Quando ainda não havia, do ponto de vista jurídico, uma clareza maior quanto às associações de leigos, a publicação dessa, digamos assim, “carta constitucional” levou o Movimento a se caracterizar como associação supranacional de leigos, formada por casais e voltada para o cultivo da espiritualidade conjugal, una e unificada sob a direção de uma equipe internacional. Isso não deixou de levantar dificuldades, como se pode ver no episódio referente às equipes da Bélgica, no ano de 1960.9 A situação começou a clarear com a apro-

vação dada pelo cardeal Feltin, Arcebispo de Paris, que diz explicitamente: “Que todos sejam, portanto, fiéis, à inspiração original e às características do Movimento: espiritualidade, supra-nacionalidade, enquadramento leigo”. Mesmo assim, em julho do mesmo ano, os bispos belgas impõem condições ao Movimento, que Pe. Caffarel julga não poder aceitar sem mudança da natureza das ENS.10 Com o Vaticano II e o Código de Direito Canônico de 1983 iremos ter praticamente reconhecidos os princípios subjacentes à “Carta”.

Das inspirações aí contidas nasce também o aprofundamento da concepção da equipe como comunidade eclesial, célula da Igreja. Como comunidade eclesial de casais, sua primeira preocupação, antes de assumir qualquer tarefa, deve ser viver a comunhão fraterna, o auxílio mútuo, na busca da perfeição cristã pela espiritualidade conjugal. Ou seja, a “Carta” deixa fora de dúvida que as ENS são um movimento de espiritualidade, aberto para os principiantes mas também destinado para o casais já avançados na busca da perfeição. Sua missão, seu agir será decorrente de sua vida. Para a unidade do Movimento e

8.ALLEMAND, J. Henri Caffarel, Um homem arrebatado por Deus : ed. Equipes de Nossa Senhora, p. 67-73.

9.ALLEMAND, J. o.c. p. 114-118.

10.Ib. p. 116.

sua maturação, além da direção internacional, mostrou-se de extremo valor a codificação das normas para a estrutura, a vida das equipes e a reunião mensal, e a enumeração das “obrigações” dos casais. Com isso a “Carta” traçou rumos para o futuro e fortaleceu a unidade, mas sem impedir avanços e aprofundamentos do carisma recebido.

Num momento crítico para o futuro do Movimento, Pe. Caffarel e a Equipe Dirigente tiveram a ousadia de desafiar os grupos de casais então existentes a tomar posição, a fazer sua escolha: “Tomamos as nossas responsabilidades. Orem. Reflitam e tomem as suas.” E assinaram: Pe. H. Caffarel, Gérard e Madeleine d’Heilly, Charles Rendu, Pierre e Geneviève Poulenc.11 A partir dessa âncora lançada, pôde continuar a expansão do Movimento pelo mundo, sem que perdesse suas características ou abandonasse seu carisma.

Garantiu-se a unidade, e cada vez mais se cultivou a internacionalidade até se chegar à situação atual. O rosto do Movimento pode manifestar cada vez mais claramente tonalidades diversas, a partir das diversas culturas em que vivem os casais. Os mesmo temas fundamentais podem começar a ser desenvolvidos a partir de enfoques diversificados, num processo de mútuo enriquecimento. Porque houve a coragem de 1947, o movimento das ENS mantém sua unidade, mas veste as cores de todos os continentes, e fala uma infinidade de línguas como pudemos ver nos últimos encontros internacionais.

Pe. Caffarel e os que com ele assinaram a “Carta” não podiam prever o futuro, mas tiveram a coragem dos profetas. E é bom ver que foram bons profetas: falaram em nome do Senhor, e o que sonharam aconteceu.

Queridos Casais e Conselheiros Espirituais: Paz e Bem!

É com imensa alegria que escrevo estas linhas, comemorando os 60 anos das Equipes de Nossa Senhora. Não quero aqui apresentar um trabalho de

teologia e/ou filosofia, mas, partindo de minha vivência ao longo desses anos, partilhar com vocês a importante relação do Sacerdote Conselheiro Espiritual das ENS com os casais das Equipes de Nossa Senhora.

Pe. Flávio Cavalca de Castro, cssr 11.Ib. p. 68.

O Catecismo da Igreja Católica, na II Parte, que trata sobre “A Celebração do Ministério Cristão”, em seu capitulo III – “Os Sacramentos do serviço da Comunhão”, ressalta a importância do sacramento na salvação de outrem. “Dois outros sacramentos, a ordem e o matrimônio, estão ordenados à salvação de outrem. Se contribuírem também para a salvação pessoal, é através do serviço aos outros. Conferem uma missão particular na Igreja e servem para a edificação do povo de Deus”. (cf. 1534) Nesses sacramentos, os que já foram consagrados pelo Batismo e pela Confirmação para o sacerdócio comum de todos os fiéis, podem receber consagrações específicas. Os que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para ser, em nome de Cristo, “pela palavra e pela graça de Deus, os pastores da Igreja”. Por sua vez, “os esposos cristãos, para cumprir dignamente os deveres de seu estado, são fortalecidos e como que consagrados por um sacramento especial”. (cf.1535)

A santificação de todos nós se constrói no dia a dia, tornando-nos cada vez mais criaturas semelhantes a Deus. A vivência dos pontos concretos de esforço e a prática da partilha em nossas reuniões mensais, vão configurando nossas vidas para que possamos seguir Jesus Cristo de forma coerente e consistente e, com Ele, estarmos em paz.

Ao longo desses anos, na busca da santidade, inúmeras dificuldades se apresentam para todos nós, mas, com a graça de Deus, certamente estamos

melhores do que éramos.

Partilho aqui as alegrias e as tristezas neste construir a santidade. Digo alegrias e tristezas, pois muitas vezes conseguimos reconhecer a “a graça de Deus” em nossas vidas e, conseqüentemente, testemunhamos a felicidade de nos sentirmos amados por Deus.

Cada vez que partilhamos em nossas equipes os frutos da ação de Deus em nossas vidas, nos alegramos e nos entusiasmamos para continuar na caminhada. Quando isso acontece, aqui, posso afirmar que, como Sacerdote Conselheiro Espiritual, também eu renovo meu sacerdócio e aumenta em mim a vontade de ser “santo”. Ao contrário, quando a decepção, a tristeza e a dor aparecem, precisamos ainda mais da graça “santificante” para transpor esses obstáculos.

As Equipes de Nossa Senhora propõem, em seu objetivo essencial, a busca da santidade. A nossa santidade é construída na perspectiva pessoal e conjugal, como dizia nossa querida e amada Da Nancy, “a espiritualidade conjugal é a arte de viver a dois os desígnios de Deus”. Quando compreendemos esses desígnios, estamos trilhando o caminho da santidade.

É nossa missão configurarmos nossa condição de criaturas humanas em criaturas de Deus, vivendo plenamente segundo o espírito de Cristo.

Temos a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus constantemente e deixarmos que a “palavra” se torne vida. “E o Verbo Divino se fez carne”. Ser santo ou tender à santidade é deixar o Divino agir em nós, por nós e conosco.

Cada vez que nos encontramos,

principalmente em nossas reuniões mensais, e juntos meditamos os desígnios de Deus, estamos buscando a nossa santidade. Como dizia Santo Agostinho, “Ser santo é fazer extraordinariamente bem o ordinário”. Que possamos viver sempre esta dimensão.

Hoje tudo nos pede que sejamos melhores, na profissão, na sociedade e no mundo. Também somos convocados para sermos os melhores na Igreja, na vida espiritual, na vida familiar e na santidade.

Quando sinto o “esforço” de cada casal na busca árdua de sua santidade, dou graças ao Senhor Bom Deus pelos exemplos e testemunhos de conversão. Quanta luta que vocês, queridos casais, travam para se manterem no caminho de Deus. Quantas decepções, tristezas, perdas, tropeços... mas

também muita certeza, mansidão, misericórdia, paciência, perdão e, principalmente, esperança para serem melhores... por isso sabiamente as ENS contam com o fantástico instrumental dos Pontos Concretos de Esforço, para a construção da santidade.

Queridos casais, a santidade não é coisa para pessoas fracas, mas sim desafios para os fortes e através da vivência e testemunho fortalecer a todos.

Que Deus abençoe e proteja todos vocês na caminhada da construção da espritualidade pessoal e conjugal... Parabéns a todos nós pelo presente de Deus ao comemorarmos os 60 anos do Movimento das Equipes de Nossa Senhora...

Sejam felizes e contem sempre com meu carinho e orações...

Pe. Mário José Filho css

Os Estatutos das Equipes de Nossa Senhora, que apresentam o seu ideal e indicam as suas regras, só vieram a lume no ano de 1947, após 8 anos de experiências. Os primeiros grupos de casais que se tinham formado ao redor do Rev.mo Pe. Caffarel, durante a Segunda Guerra Mundial, começaram a viver antes de se definir; são as observações e experiências feitas então que explicam e justificam a pedagogia adotada. Deixemos o Pe. Caffarel, fundador e diretor das Equipes de Nossa Senhora, apresentar os Estatutos do Movimento.

O primeiro objetivo dos Estatutos é a apresentação do ideal cristão do casamento e determinar os meios que irão permitir aos casais a sua melhor compreensão. No decorrer dos primeiros anos, eu chegara à compreensão de que, para suscitar nos cristãos casados uma vida espiritual generosa, era preciso, antes de mais nada, levá-los a fazer a descoberta das grandezas de sua vocação.

De que modo os Estatutos favorecem esta descoberta?

Pelo tema mensal de estudo sobre um assunto de espiritualidade conjugal e familiar.12 São várias as

vantagens decorrentes da obrigação de estudar este tema no decorrer do mês, marido e mulher juntos, e a de consignar por escrito as reflexões feitas, a fim de enviá-las ao casal que orientará os debates no decurso da reunião mensal da equipe.

Em primeiro lugar, força a aprofundar o assunto e a precisar o pensamento; em seguida, leva marido e mulher a tomarem o hábito de se ajudarem mutuamente no estudo da fé e, por fim, permitirá, no decorrer da reunião mensal, uma troca de idéias tanto mais rica de frutos quanto mais tiver sido preparada pelo “animador”, graças às respostas recebidas.

O retiro fechado é outro meio privilegiado para entrar mais a fundo na compreensão da vida cristã. Eu o compreendi, no ano de 1939, data do primeiro retiro por mim pregado a casais. Certamente, há pregadores que são de parecer que o retiro não é feito para este aprofundamento das riquezas do dogma cristão, mas sim para a oração, a revisão de vida, as resoluções. Quanto a mim, penso que deve ter em vista estes dois objetivos, pelo menos quando se destina a casais cuja cultura religiosa tem necessidade de enriquecimento.

Mas os Estatutos não têm por única finalidade levar à descoberta das grandezas da fé cristã. Devem também oferecer aos casais os meios de vivê-la. Dai uma série de obrigações que têm como razão de ser, levar os casais a progredir na vida cristã, convidando-os a recorrerem a Deus, ao

sacerdote, ao auxílio fraterno, ao apoio de uma estrutura: -a Deus: oração conjugal, oração familiar, oração na reunião de equipe, recitação diária da Antífona de Nossa Senhora. É evidente que os retiros, apresentados há pouco como um meio de aprofundar os conhecimentos religiosos, devem também e antes de tudo ser considerados sob este aspecto do recurso a Deus.

-ao sacerdote: o papel do Assistente de equipe é fundamental no Movimento. Aos padres que me vêm interrogar sobre este papel, eu gosto de mostrar que o nosso Movimento, sua organização e seus diversos métodos, é essencialmente um instrumento posto à disposição dos padres para lhes permitir desempenhar, da melhor forma possível, a sua missão de educadores espirituais dos casais.

- aos outros: o auxilio mútuo entre cônjuges é, dizia Pio XI na Casti Connubii, um dos fins essenciais do casamento. Deve acontecer todos os dias. A obrigação de um diálogo mensal entre os cônjuges, que nós chamamos o “dever de sentar-se”, deve ser considerado sob este aspecto de auxilio mútuo espiritual. O auxilio mútuo entre casais. É de certo modo a razão de ser das Equipes. Quero citar aqui um trecho dos Estatutos: “Porque conhecem a própria fraqueza e a limitação das próprias forças, como também da boa von-

12.Os temas de espiritualidade conjugal e familiar fazem o objeto dos dois primeiros anos, depois do que, os casais das equipes estudam temas de espiritualidade mais geral.

tade que os anima; porque a experiência de todos os dias prova-lhes o quanto é difícil viver como cristãos num mundo pagão, e porque depositam uma fé indefectível no poder do auxílio mútuo fraternal, nossos casais decidiram unir-se em equipe”. Todos os momentos e todas as atividades da reunião mensal são orientados no sentido deste auxílio fraterno.

Finalmente, auxílio mútuo entre equipes. Nosso Movimento é uma equipe de equipes. É assim que as antigas equipes ajudam as que se fundam no outro extremo do mundo, levando-as a aproveitar a sua experiência. Por outro lado, o Movimento todo beneficia-se do exemplo de cada equipe, do dinamismo apostólico das do Brasil, da amizade fraterna que, na Ilha Maurício, levou os equipistas a triunfarem dos preconceitos raciais etc.

Nossos contemporâneos, facilmente individualistas e franco-atiradores, só vêem nos quadros de uma organização, constrangimento, entraves, prisão. As Equipes, longe de se esquivarem, propõem seu forte enquadramento e sua rigorosa disciplina como um socorro de grande valor. Para isto servem-se da regra, em primeiro lugar, e do compromisso de respeitá-la, que é pedido a cada equipe assumir dentro de um prazo de dois anos depois da filiação; do controle do cumprimento das obrigações dos Estatutos - controle, sim, o termo não me assusta - mas controle inspirado pela caridade e exercido com a finalidade de ajudar a crescer na caridade; finalmente, destes Responsáveis que, de alto abaixo, são os guardiões

da regra, de sua correta interpretação e de sua aplicação.

“Quanto foi para mim esclarecedor, verificar que, ao convidar maridos e mulheres a se amarem, cada vez mais no seio do lar, ao convidar os casais a se amarem no seio da equipe, eu não tinha favorecido um “isolacionismo”, como alguns o temiam. Longe disto. Quando coração humano comete a imprudência de se abrir à caridade do Cristo, esta caridade dilata-o às dimensões da Igreja e do mundo.

Ensinar os esposos a melhor se amarem, os casais a se entreajudarem, é iniciá-las ao amor de todos os homens, mesmo dos inimigos. Penso nesta viúva que me pedia para celebrar uma missa por intenção do aviador que lançara a bomba que matara seu marido... Lembro-me desta frase escrita por um de vós, egresso dos campos de concentração: “Não é apelar de meus encargos de família, mas, precisamente porque era esposo e pai, que eu me lancei no conflito”. Quantas vezes também pude ver em nossos grupos homens e mulheres que, descobrindo as necessidades e dificuldades dos membros da própria equipe, eram levados a tomar consciência das condições de vida inumanas nas quais viviam milhares de lares (condições que tornam, quando não impossíveis, pelo menos bem difícil o ideal cristão do casamento) e a compreender o dever imperioso para eles de se engajarem nas tarefas sociais”. Extraído de Carta Mensal Equipes Novas nº 0 (a publicação francesa data de1959). Enviado por Maria Regina e Carlos Eduardo

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