ENS - Carta Mensal 389 - Abril/2004

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n ° 389 •Abril

2004

EDITORIAL Da Carta Mensal ....... ..... ..... ....... .... 01

MARIA Convite a Jesus e a Maria ........ ...... 20

SUPER-REGIÃO O Amor Conjugal,

PARTILHA E PCE O Dever de Senta r-se .. ... ..... .... .... .. . 21

Caminho de Santidade .... ....... ... .... 02 O Amor Conjugal é

ATUALIDADE Confiança .................... ......... .... ..... . 25

Caminho e Dom Para Você .. ....... .. . 04

Sejamos Miserico rdiosos .... ..... .... .. 26

CORREIO DA ERI Mistério de Aliança

TESTEMUNHO 50 Anos, uma Vida ......... .. ..... ...... .. 28

e de Comunhão ............ .... .... ...... ... 06 Viver a Eucaristia ........... .. ....... .. ..... 07 A Conquista de Bogotá .. ........... .... 09

Uma Experiênci a Comunitária ....... 29 Um Exemplo de Hospitalidade .... . 30 Providência Divina por

VIDA NO MOVIMENTO Confratern iza ção:

Casal Missi onário na prática! ........ 32 Missão: Espiritualidade Conjugal ..... 34

Contribuição/ Cotiza çã o ... .. ....... ..... 03

Int ercessão de Maria ..................... 31

Fonte de Amizade e Unidade ........ 1 O Nosso Pequeno Deserto Mensal. ... 11 Sessão de Formação Nível I .... ... .... 12

REFLEXÃO O Deus que me criou só, não quer me salvar sozinho .......... 35

TEMPOS DA IGREJA Campanha da Fraternidade: "Água, Fonte da Vida" .......... ........ 13

Encarte:

Ressurreição ... ..... ......... ...... .......... .. 14 Via Sacra .................... ..... ... ...... ...... 1 6

ENSAIO SOBRE A ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

Pe. Flávio NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES . .... .. 1 8 Carta Mensal é 1una publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora

Wilma e Orlando Lucinda e Marco Janete e Nélio

Registro '' Lei de Imprensa" Pe. Emani J. Angelini n• 2 19.336 li vro B de (Conselheiro Espiritual) 09. 10.2002

Edição: Equipe da Carta, Mensal Cecília e José Carlos ( resp011sáveis)

Jornalista Responsá.el: Catherine E. Nadas lnub t983SJ Proj eto Gráfico: Alessandra Ca rignani Editoração E letrônica,

Fotolitos e lluslrafôes: Nova Bandeira Prod. Ed. R. Turiassu, 390 - 1J" andar, cj. Jl 5 - Perdizes - São Paulo Fone: (Oxx ll ) 3873. 1956 Capa: "Caminho para o Calvário': Aleijadinho-foto de JC Sales Impressão: Gráfica Roma Tiragem desta edição: 16. 700 exemplares

Cartas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadns para: Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° andar · conj. 53 01309-000 • São Paulo- SP Fone: (Oxx /1) 3256. 1212 Fax: (Oxx /1 ) 3257.3599 cartam ensal@ens.org.br A/C Cecflia e José Carlos


Oi, amigos! Aqui estamos nós, vivendo com alegria esse tempo pascal de fé, ressurreição e vida nova. Outono suave, cores lindas e tranqüilas, coração leve e agradecido ao Deus que nos sustenta na nossa caminhada por este mundo tão bonito em que Ele nos colocou. A nossa Carta Mensal está chegando com saudades de vocês. Talvez não tenhamos idéia de como ela é importante. Além de acolher todas as províncias num livrinho simpático, ela traz testemunhos, depoimentos, reflexões, descobertas que podem nos ajudar na preparação dos diversos momentos da nossa reunião mensal. Vocês já pensaram nisso? Cerca de 50 EACREs foram realizados no nosso país este ano. Muita gente deu o que tinha de melhor no preparo desses encontros, o que é admirável. Mas, pensando nisso, uma outra idéia surge pa nossa cabeça e vai tomando conta do nosso coração. Os EACREs foram apenas o começo de um grande trabalho de renovação e planejamento. Esses casais apaixonados, esses Conselheiros Espirituais iluminados, que organizaram ou participaram desses eventos e que, normalmente, dão testemunho de fé, agora, abastecidos por esses dois dias de convivência, de oração e aprendizado devem estar fazendo muita coisa boa pelo Brasil todo - e isto é muito mais do que admirável... Acredito que, se prestarmos bem atenção, poderemos sentir no ar uma suave e quase imperceptível onda de renovação. Na edição do mês de maio publicaremos as notícias desse evento tão importante para o nosso Movimento. Vocês não podem perder o encarte deste mês. É o Pe. Flávio que continua dividindo conosco sua sabedoria e sua visão sempre atual da problemática da união entre um homem e uma mulher. De tal maneira ele fala sobre a espiritualidade conjugal, que começamos a sentir nascer no nosso coração a leve esperança de chegarmos aonde o nosso Movimento nos propõe - o que achamos impossível - a santidade. Uma última observação: em plena Campanha da Fraternidade, que nos alerta para "Fraternidade e Água", é interessante ler o artigo de Dom Luciano Mendes de Almeida, pois ele nos traz informações valiosas. Que vocês tenham uma Páscoa de paz e harmonia e de verdadeira alegria cristã. Com todo o nosso carinho,

Equipe da Carta Mensal


O AMOR CONJUGAL, CAMlNHO DE SANTIDADE Quem fala de procura da santidade e da perfeição cristã poucas vezes pensa no matrimônio, ainda que talvez chegue a dizer que também os casados devem procurar a santidade. E, quando em nossas reuniões de ENS refletimos sobre a santificação do casal através do Sacramento do Matrimônio, imediatamente lembramos os pontos concretos de esforço, damos destaque à oração em suas diversas formas, insistimos na participação na Eucaristia e na procura da Reconciliação, nem esquecemos de dizer quanto o casal pode ser ajudado pela graça sacramental do Matrimônio. Mas p;;..;.;....;........, geralmente deixamos de mencionar o que, a meu ver, é o elemento mais importante para a santificação do casal: o amor conjugal. Crescemos em santidade na medida em que, amados por Deus, crescemos em seu amor e, crescendo em seu amor, crescemos no amor fraterno. Na vivência do amor a Deus e da caridade fraterna é que temos de concentrar nossos esforços. Crescemos no amor amando, e a medida de nosso amor é a medida de nossa participação na vida divina, o critério para saber como estamos na procura da perfeição cristã. Quem foi chamado para viver a caridade conjugal, .como sua forma característica de vida cristã, tem no próprio amor conjugal o primeiro e o mais direto caminho para a perfeição. Quanto mais o casal se ama, 2

tanto mais está sendo amado por Deus; quanto mais o casal se ama, tanto mais se abre para o amor a Deus; quanto mais o casal se ama, tanto mais cresce no amor fraterno, tanto mais se expande para a Igreja e o Mundo. O amor conjugal, a caridade conjugal, é o eixo da espiritualidade do casal, a sua característica, o seu caminho. O casal é chamado à perfeição enquanto casal e através do matrimônio: é chamado a crescer sempre mais no amor conjugal. A crescer nesse amor em toda a sua plenitude e amplitude: amor que vem de Deus e da carne, que é afeto, emoção, acolhida e doação, escolha gratuita e fidelidade total; amor que repercute na pele, aflora nos olho , nas palavras e nas juras, é generosidade, capacidade de perdão sem limites; amor que é cama, mesa e altar, que leva quase ao paraíso e sempre à cruz. Todo o amor conjugal é presente de Deus e o faz presente. O amor conjugal batizado é sacramento, realidade ao mesmo tempo divina e humana, que manifesta a presença do amor de Deus e ao mesmo tempo o oculta sob os véus dos sentidos e dos afetos de um homem e de uma mulher. Por isso mesmo o amor conjugal é o caminho do crescimento, da perfeição e da santidade para o casal cristão.

Pe. Flávio Cavalca de Castro, cssr SCE da Super-Região CM 389


CONTR1BU1ÇÃO/COTIZAÇÃO Será Recolhida no Banco do Brasil Em 2004, a contribuição/cotização será recolhida através de um carnê de pagamento do Banco do Brasil (pagamento de título). A mudança é para proporcionar melhor atendimento aos equipistas de toda parte do Brasil. A sua contribuição/cotização é muito importante para o Movimento, porque toma possível, entre outras coisas: • Expansão sustentada, permitindo que mais casais conheçam e vivam o carisma da espiritualidade conjugal; • Impressão mensal de 16.700 exemplares da Carta Mensal, mais as despesas de correio para remessa a todos os casais equipistas, CE e todos os bispos do Brasil; • Sustento das despesas do Movimento, como numa empresa: pagamento de impostos, encargos sociais, salários, aluguel, encontros etc. Novo sistema de remessa e baixa automática- O recolhimento da contribuição/cotização através do boleto bancário faz parte de uma renovação dos trabalhos do Secretariado. Estamos implantando um novo sistema de controle: remessa e baixa de pagamento via on line. Isto é, no mesmo dia do seu pagamento, o Secretariado recebe a informação e, automaticamente, o seu pagamento é registrado no controle de contribuição/ cotização da sua equipe. Carnê -O carnê contém 08(oito) boletos bancários e conforme os vencimentos, referem-se aos meses de CM 389

março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro, novembro. (ver Carta Mensal n° 359, pág. 12 a 14). Vencimento- No dia 30 de cada mês, podendo ser pago em qualquer banco até o vencimento. Também está autorizado o pagamento com cheques de terceiros. Pagamento de título- Observar para que a contribuição seja feita como Pagamento de Título, para não trazer dificuldades no registro da contribuição/cotização da sua equipe. Não fazer depósito em conta corrente -Com a mudança do sistema de controle, os depósitos em conta corrente não mais identificam a equipe que está fazendo o pagamento. No Secretariado, o controle de contribuição/cotização de uma equipe que fez depósito em conta corrente permanece em branco, como se estivessem devedores. Recebimento do carnê- O Banco do Brasil enviou diretamente aos Casais Responsáveis de Setor/Região, o carnê de pagamento de cada equipe sob a sua responsabilidade, identificados pela invocação e código de cada equipe. Este procedimento será repetido sempre que uma nova equipe for cadastrada. Rogando a Maria pelas necessidades de todos, agradecemos a Deus tê-los como companheiros em nossa caminhada. Fraternalmente,

Vera Lúcia e José Renato Casal Secretario Tesoureiro 3


Palavra do Provincial

O AMOR CONJUGAl É CAMINHO E DOM PARA VOCÊ "Eu te recebo como meu esposo/ a e te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias da minha vida". Essa fórmula foi pronunciada na Catedral Metropolitana de Manaus, cujo celebrante foi D. João de Souza Lima, Arcebispo de Manaus, no dia 26 de dezembro de 1970, ano do nosso matrimônio e nos indicou um caminho para a acolhida, a doação, a hospitalidade para formar uma comunidade de vida e de amor, de acordo com o projeto criativo originário sobre o matrirnônio: um amor de pessoa para pessoa, na sua realidade mais profunda, um amor que supõe tudo e para sempre, sem limites ou condições. Tudo isso nasce de um ato de manifestação pública, na celebração eclesial, em vista da realização de uma comunidade conjugal não abandonada ao capricho. Isso significa que as circunstâncias podem mudar, mas isso não colocará em discussão aquela palavra pronunciada naquele 26 de dezembro 1970. A novidade do matrirnônio entre dois batizados está no fato que aquela "palavra" assume um significado sacramental: a palavra se torna um ato sagrado, um ato de Deus, que é "o Amor". Este amor conjugal nos levou a assumir a vida do outro, com despojamento completo, com muita responsabilidade, com muita partilha. 4

"Eu estou na tua vida" assim podemos dizer um ao outro, com solicitude e atenção, assumindo as qualidades e as fragilidades do outro. "Não

há maior amor do que dar a vida pelos amigos", disse Jesus. Ele deu o exemplo. No amor conjugal um sabe sofrer pelo outro: saber sofrer é saber amar. O famoso escritor francês do livro "O Pequeno Príncipe", SaintExupéry, falando de amor, assím se expressou:. "Amar não é olhar um

nos olhos do outro, mas olhar juntos na mesma direção ". Nesse sentido o amor conjugal é um caminho rumo a um ideal comum: a santidade. Esta santidade, apontada por João Paulo II a todos os cristãos no documento "No início do Novo Milênio", no casal tem o seu fundamento na fidelidade dinâmica: "Eu prometo ser fiel" este é o comprornisCM 389


so assumido naquele dia por nós dois e se dirige a todos os casais casados no sacramento do matrirnônio, com essa pessoa que todo dia esta ao nosso lado. A fidelidade dinâmica nos leva a renovar o compromisso de amor várias vezes: nos momentos de fadiga, de queda, de tristeza, de alegria, de entusiasmo e nas diversas etapas da vida, como nascimento dos filhos, nascimento dos netos, problemas de trabalho, solidão da velhice. É fácil parar diante do rosto radiante do outro, mas é menos fácil parar diante do rosto inquieto e sofredor. Jesus pede para enfrentar os conflitos e pede para não fugir; Ele, que nos chamou para o matrimônio, continua chamando no matrirnônio, como afirma a Familiaris Consortio: "Dentro e através dos fatos, dos problemas, das dificuldades, dos acontecimentos da existência de todos os dias, Deus vai-lhes revelando e propondo as exigências concretas da sua participação no amor de Cristo pela Igreja, em relação com sua situação particular -familiar, social e eclesial - na qual se encontram". É o caminho da santidade. O amor conjugal é um grande dom de Deus, é um presente ímpar, singular, sem igual que deve, portanto, ser cultivado com o máximo cuidado, para sempre. Nós que pertencemos às Equipes de Nossa Senhora, estamos descobrindo a cada dia o longo caminho do amor conjugal através da nossa vocação e missão que nos exige o seguimento permanente a CM 389

Jesus Cristo. E essa escalada interior, essa proximidade e essa intimidade nos permite ter uma visão da fé, esperança e caridade. Um certo casal imaginou uma Carta de Deus aos noivos: "A criatura que você tem ao lado é minha. Eu a criei: tome-a das minhas mãos e seja responsável. Ela precisa de serenidade e de alegria, de afeto e ternura, de prazer e de divertimento, de acolhida e de diálogo, de relações humanas, de satisfação no trabalho e de tantas outras coisas. Lembre-se que ela precisa principalmente de Mim. Ajude-a a encontrar-me na oração, na Palavra, no perdão, na esperança. Tenha confiança em Mim: nós a amaremos junto. Eu coloquei no seu coração o amor por ela. É o meu dom de casamento: a graça do sacramento do matrirnônio. Eu estarei sempre ao lado de vocês e farei de vocês instrumentos do meu amor. Continuarei a amar vocês através dos seus gestos de amor". Que possamos cada vez mais viver profundamente a nossa vocação e a missão do nosso amor conjugal. Assim seja!

Graça e Encarnação Casal Responsável Província Norte 5


MlSTÉRlO DE Allf\NÇA E DE COMUNHAO Queridos amigos: Hoje vivemos o tempo da Aliança nova e eterna! Sitn, há quase 2000 anos, renovamos, a cada dia, a aliança que Deus selou com seu povo no sangue de seu filho único. Cada vez que celebramos a eucaristia, comemoramos essa aliança nova e eterna. Desde esse tempo, e contrariamente às alianças do Antigo Testamento, Deus não propôs nenhuma outra aliança ao seu povo escolhido. E Jesus nos 1--.......1 diz, quando fala da oferta viva que Ele se propõe fazer de seu corpo e de seu sangue, que se trata, agora, de uma aliança eterna. Isso nos toca muito no momento em que escrevemos esta carta. Uma aliança eterna! Uma aliança perfeita! Então, podemos nos perguntar: Qual a nossa resposta a tudo isso, uma vez que vivemos, hoje, nessa aliança? Nós a temos presente em nosso coração? Ou somos "Ho-

mens e mulheres de cabeça dura, e ouvidos que não querem conhecer a aliança? Sempre resistimos ao Espírito Santo, tanto nós como nossos pais?" (At 7, 51). Como casal cristão, nós nos inscrevemos no quadro da Aliança. Nós fizemos uma aliança com o Senhor no momento em que demos nosso con6

sentimento, um ao outro. A aliança que temos no nosso dedo é um sinal disso. Em janeiro de 2003, quando se dirigiu aos responsáveis do Movimento, o Papa exortou os casais das Equipes "a buscar sua força na Eucaristia, raiz do matrimónio cristão e modelo para seu amor". Com efeito, quando, na celebração eucarística, o padre diz: "Fazei isto em memória de mim", nós não podemos deixar de entrar no mistério da comunhão entre Deus e a humanidade, entre o Senhor e nós, como casal. Fazei isso em memória de mim significa que precisamos nos dar um ao outro como o Cristo se deu, corpo e sangue. Pelo amor, Ele se oferece todo inteiro, selando assim uma ligação indestrutível. É nesse dom total que a aliança "existe"; que ela permanece eternamente. E, enquanto que, para o resto do mundo, a morte triunfa, para nós, cristãos, é a vida que Jesus nos dá, pela sua ressurreição. Todas as alianças CM 389


de Deus com seu povo são portadoras de amor, de vida e de esperança, e a nova aliança nos abre para a vida eterna, até que Ele volte. Podemos dizer como São Paulo: "Nossa capacidade vem de Deus que nos tornou capazes de exercer o ministério da aliança nova, não da letra, mas do Espírito. A letra mata, o Espírito dá a vida". (2 Cor 3,6) Desta forma, caros amigos, nós os exortamos, retomando a palavra

do Papa, a encontrar na celebração regular da eucaristia "a audácia necessária para o acolhimento, para o perdão, para o diálogo e para a comunhão dos corações". (Audiência pontifícia aos Responsáveis do Movimento, Roma, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003) Recebam nosso caloroso abraço e contem sempre com as nossas orações. Priscilla e Jean-Louis Simonis

VlVER A EUCARlSTIA No seu discurso às Equipes, em janeiro de 2003, o Papa liga fortemente a vida e o engajamento dos casais à participação na Eucaristia : "Mistério de aliança e de comunhão, o engajamento dos esposos os convida a buscar sua força na Eucaristia, 'raiz do casamento cristão' (Familiares Consortio, n. 57) e modelo para o seu amor. Com efeito, as diferentes fases da liturgia eucarística convidam os cônjuges a viver sua vida conjugal e familiar a exemplo da vida de Cristo, que se dá aos homens por amor. Eles encontrarão nesse sacramento a audácia necessária para o acolhimento, para o perdão, para o diálogo e para a comunhão dos corações" (n.4). Essas reflexões de João Paulo II nos fazem pensar na insistência do CM 389

Pe. Caffarel sobre a ligação entre a vida do casal unido pelo sacramento do matrimônio e a Eucaristia. Em contraponto, da exortação do Papa, eu proponho a vocês que releiam algumas passagens destacadas no número especial da revista "Anel de Ouro", intitulado "O Casamento, esse grande sacramento" (de 1963), em que nosso fundador fazia um convite para uma reflexão sobre o sentido da prática eucarística na vida dos casais. "A união entre duas pessoas, vocês sabem muito bem, vale por tudo aquilo que elas põem em comum. Ora, vocês encontram na Eucaristia a própria vida de Cristo, e é essa vida de Cristo, que vocês têm que pôr em comum em primeiro lugar. Essa vida em vocês é o conhecimento alegre do Pai, que brota de amor filial. Mas ela 7


os convoca para participar dela, é porque Ele quer que seu sacrifício penetre até as profundezas carnais e espirituais do casal a fim de criar em vocês também um estado de alma de permanente oferta ao Pai" (p.261).

é também amor pelas criaturas, por todas as criaturas: a admiração, a compaixão, a ternura do Senhor os habita. E como a vontade de Deus é que vocês se amem, um ao outro, com um amor especial, o seu amor pelo seu cônjuge é o primeiro a ser transformado pela graça da Eucaristia. Ela lhe traz purificação, refinamento, uma vida nova. Ela leva você a desejar, para aquele que você ama, infinitamente mais do que ambicionam, um para o outro, os esposos mais amorosos, mas que não conhecem a promessa de Cristo, isto é, o amor e a alegria de Deus, a santidade" (p. 254). Mais adiante, o Pe. Caffarel fala do que é essencial no sentido da comunhão com Cristo: "O ato pelo

qual Cristo se ofereceu de uma vez por todas no Calvário exprimia profundamente seu estado de alma, a essência de sua vida interior, seu dom ao Pai, alegre e permanente, sempre atual. Se Cristo renova esse ato na missa, se Ele 8

Quando o Papa evoca "as diferentes fases da liturgia eucarística" ele nos lembra que a mesa da Palavra é inseparável da mesa do Pão da Vida. E isso nos lembra também do Pe. Caffarel, quando ele exortava os casais a experimentar a Palavra de Deus como verdadeiro alimento: "Cristo disse: 'Quem

come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna' (Jo 6, 54). Mas Ele disse também, com palavras quase idênticas: "Se alguém guarda minha palavra (isto é, se a lê e medita sobre ela), ele não morrerá" (Jo 8,52). Por que será que os casais cristãos não manifestam a mesma veneração pelo Evangelho como pela Eucaristia e o mesmo ardor em recorrer a ele? São João Crisóstomo, dirigindo-se aos fiéis, pedia-lhes que tivessem em sua casa duas mesas sempre servidas: "Quando voltarem para suas casas, preparem duas mesas: uma, com alimentos do corpo; a outra, com alimentos da Sagrada Escritura "(p. 235). Acho que não é necessário acrescentar qualquer coisa, após a leitura desses textos.

Monsenhor François Fleischmann Sacerdote Conselheiro Espiritual da ERI CM 389


Noticias lnternacionais

A CONQUlSTA DE BOGOTÁ No começo do ano de 2003, surgiu uma idéia nas nossas equipes de Bogotá, Colômbia; uma idéia que, no começo, se propunha a fazer a expansão do Movimento em cada paróquia em que houvesse equipistas. Entretanto, depois de uma profunda reflexão, foi tomada a decisão de não dar prioridade à formação de novas equipes, mas de oferecer um testemunho cristão do que representou, na nossa vida de casal, o fato de pertencer ao Movimento. Ao mesmo tempo, nós procuramos nos empenhar em ajudar os casais a tomar consciência de sua pertença às Equipes de Nossa Senhora, da força do trabalho em equipe e da necessidade de ir além da nossa equipe de base. Desse modo, a formação de novas equipes foi considerada simplesmente como um resultado eventual. Com essa finalidade, foram criadas escolas de formação para Casais Pilotos, grupos de casais encarregados da Informação, equipes de promoção e informação de Sacerdotes Conselheiros Espirituais etc. Foram também convocadas reuniões para a realização da expansão. Esse foi o começo de um trabalho intitulado "A CONQUISTA DE BOGOTÁ". Ao mesmo tempo, grupos de dois casais se faziam presentes em todas as missas dominicais das paróquias às quais os equipistas de Bogotá pertenciam. Nessas missas, depois da apresentação do celebrante, esses casais CM 389

davam um breve testemunho do que é a vida nas Equipes de Nossa Senhora. Hoje, após oito meses da já histórica "CONQUISTA DE BOGOTÁ", eis os resultados, em números, que dão uma idéia da importância do trabalho realizado: • Equipes participantes de Bogotá: 45 • Casais participantes: 200 • Paróquias visitadas: 68 (20% das paróquias da cidade) • Casais que se inscreveram para a Informação: 380 • Novas equipes formadas até hoje: 20 (6 casais, em média, por equipe) • Casais integrados em equipes já formadas:36 • Novos Conselheiros Espirituais: 14 Todos os casais inscritos (380) tiveram a reunião de Informação na casa de equipistas. Entre aqueles que manifestaram interesse de entrar no Movimento, temos ainda 45 para os quais precisamos encontrar um lugar. Queremos dar infmitas graças ao Senhor e à Virgem Maria pelos frutos que essa iniciativa nos trouxe. Nosso trabalho foi tomado como modelo para ser realizado em outros Setores da região, com as adaptações necessárias a cada realidade.

Edgardo e Clarita Berna/ Fandino Casal Responsável da Região Centro da Colômbia 9


CONFRATERNIZAÇÃO: FONTE DE AMIZADE E UNIDADE "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma" (At.4,32).

t -- - - '

A unidade fraterna do Movimen- outro, é estar em comunhão e sinto tem que ser preservada. Lutar tonia com a vida. A reunião inforpor uma vida em comum de frater- mal é um momento de aprender com nidade e serviço, em busca do Rei- o outro, de partilhar não somente cono de Deus, deve ser o lema per- mida e bebida, mas principalmente manente do Movimento das Equi- de cultivar a amizade e a convivênpes de Nossa Senhora. cia fraterna junto a equipistas e faSabemos que em qualquer ativi- miliares, uma vez que temos a opordade humana o fator tunidade de trocar experiências e de nos coessencial de sucesso é a unidade. Todo reino nhecer melhor. A reunião Ninguém faz festa dividido perde sua força, diz o Senhor. Precisozinho. O nosso encontro informal é um mosamos de divertimento, informal é não apenas como higimento de crescimento ene mental, mas para em comunhão. Como é um momento gratificante ficar rodeanos alegrarmos, para nos aproximarmos e do de amigos sinceros, de aprender de gente alegre, animapara nos unirmos como da e motivada. equipistas e irmãos. com o outro, A confraternização Por tudo isso, vafaz parte da vida de um mos participar das reude partHhar. povo, de uma comuniniões e encontros informais, vamos nos dade. O Antigo Testamento fala de várias confraternizar; vivafestas: Festa das Tendas, Páscoa, mos a nossa amizade de uma maPentecostes e outros. No Novo Tes- neira harmoniosa. Lembremo-nos tamento, também percebemos vári- que o outro existe e essa é a nossa os momentos de festa e alegria razão de festejar; não esquecer que como: o casamento em Caná, a últi- as ENS têm como meta o mesmo ma Ceia, o banquete de Mateus, etc. ideal: viver em equipe, em ajuda múÉ importante que valorizemos a tua, buscando a santificação dentro confraternização nos encontros in- da espiritualidade conjugal. formais. Para nós, equipistas, e parLídia e Dehon tindo de um princípio meramente huEq. JB - João Pessoa, PB mano, festejar é ir ao encontro do 10

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NOSSO PEQUENO \ ( DESERTO MENSAl I

Todos os meses, os casais das ENS são convidados a um pequeno deserto: deixam seus lares por algumas horas e se reúnem em casa de um casal-irmão para viverem seu deserto mensal a que chamamos de Reunião de Equipe. Este distanciamento se faz necessário para que o foco se fixe no que se escuta, no que se reflete... para, no final, tudo desabrochar em orações e atos concretos. Mas não se vai a um deserto sem as devidas precauções. E os casais equipistas previnem-se, abastecendo-se do necessário usual para quando se vai a um deserto. Para abrandar a sede de aprender (porque não existe apenas sede de água, não é?), levam ouvidos muito atentos e coração muito aberto, pronto para o aprendizado e o acolhimento. E a água vital para a sobrevivência, jorra, farta, procedente da Rocha, em forma de fé, esperança e misericórdia. Levam também o alimento adquirido durante todo o mês com as Orações Conjugais e Familiares, Meditações, o esforço para a vivência da Regra de Vida, a riqueza do crescimento obtido no Dever de Sentar-se, os frutos do Retiro. Uma vez no peCM 389

queno deserto, estes alimentos levados pelos casais se repartem por todos e todos se saciam. E o agasalho? Pois todos sabem que as noites em lugares desérticos enregelam... Aí mesmo é que não há problemas: a acolhida dos irmãos, a palavra calorosa do Conselheiro Espiritual, o aconchego da Mãe, a presença segura do Cristo, são suficientes para aquecer e espantar qualquer frieza, tais como: indiferença, mágoa, desencontros, desânimo, desatenção etc .. E assim, voltamos depois para nossas casas serenos, fortalecidos e, sobretudo, muito felizes, sabendo que é o Senhor quem pastoreia seu rebanho, que é a sua voz que obedecemos. E que só Ele "tem palavras de vida eterna". Quando nos preparamos para nossa Reunião Mensal, lembremonos de que nossos casais irmãos precisam de nós para viverem seu pequeno deserto mensal, assim como nós também precisamos da ajuda indispensável de todos eles.

Ruth e Mário Eq. 16 - N. Sra. da Ajuda Ribeirão Preto, SP 11


SESSÃO DF FORMAÇÃO

NlVEll

Três Corações, MG Foi com grande alegria que no dia 25 de outubro de 2003, 30 casais das Equipes de Nossa Senhora, que compõem o setor de Três Corações, participaram da 1a Sessão de Formação - Nível I. A coordenação e a pregação ficaram a cargo do SCE Padre Antônio Cordeiro, que proporcionou a todos nós, equipistas, uma experiência original de ouvir os ensinamentos de Deus. Ele iniciou a Sessão de Formação abordando o mistério da Santíssima Trindade; em seguida a criação do mundo, a origem do pecado, a redenção, os patriarcas, a origem do povo eleito, a famHia de Nazaré e a plenitude dos tempos. Através dos pontos abordados, pudemos aprender sobre a história de Deus que caminha com o seu povo. Pe. Cordeiro falou também so12

bre os Sacramentos da Igreja Católica, com um enfoque especial sobre o Sacramento do Matrimónio na sua totalidade, abrindo espaço para sanar as dúvidas dos participantes, principalmente no tocante à conversão e santificação do casal. Para coroar ainda mais o nosso encontro, Pe. Cordeiro celebrou uma missa especial para todos os participantes, explicando todo o ritual da celebração. Temos certeza de que saímos ainda mais fortalecidos na fé e alegres por pertencermos à grande família de Deus e ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Vanice e Erani Eq. 5 - N. Sra. da Divina Providência Três Corações, MG CM 389


CAMPANHA DA FRATERNlDADE: "ÁGUA, FONTE DA VlDA" Realiza-se pela 40" vez a Campanha da Fraternidade, que tem por tema, neste ano de 2004, "Fraternidade e Água". O lema "Água, Fonte da Vida" coloca em evidência a necessidade da água para a sobrevivência da humanidade. Não existe vida onde não há água. A água compõe 70% do nosso corpo. O ser humano não pode ficar mais de quatro dias sem ingerir água. A Organização Mundial da Saúde ensina que precisamos de 40 litros de água por dia para manter a saúde. As estatísticas divulgadas pela CF indicam que 1,2 bilhão de pessoas não dispõe de água potável. No Brasil, 31 milhões carecem de água de qualidade. Infelizmente, nos países mais pobres, uma, entre cinco crianças, morre antes dos cinco anos por causa de doenças relacionadas com o uso da água. Assim, o objetivo da Campanha da Fraternidade é mostrar que precisamos respeitar a natureza e preservá-la como dom de Deus para o uso nosso e das gerações futuras. A ONU alerta-nos, afirmando que em 2050- talvez antes- 40% da humanidade terá de enfrentar graves problemas devido à poluição das águas. Vem aumentando a escassez de água doce devido à devastação das matas e à contaminação dos mananciais por resíduos industriais e agrotóxicos e por dejetos urbanos. Segue-se daí outro objetivo da Campanha da Fraternidade, que é a CM 389

urgência de mudança de atitudes e a educação para o bom gerenciamento das águas, incluindo o controle pessoal, a ação contra o desperdício e a elaboração de política pública que assegure a preservação da água e o seu reto uso. A problemática das águas é vasta e envolve a legislação brasileira em relação à gestão dos recursos hídricos, à geração de energia elétrica e ao complexo desafio da construção de barragens, que tem implicações económicas e sociais além de outras exigências. A Campanha da Fraternidade encontra a motivação mais profunda no mandamento evangélico do amor fraterno, que deve despertar em todos o dever de garantir esse bem indispensável à vida.

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Para os discípulos de Jesus Cristo, a água adquire valor especial à luz do sacramento do batismo. Além de ser um rito de purificação, incorpora-nos em Cristo e na Igreja, levando-nos a viver a filiação divina e a fraternidade sob a forma de serviço ao próximo. Isso significa, em primeiro lugar, o cuidado da vida para todos e a necessidade de salvaguardar o ecossistema, as águas, o solo e os ares, que são dádivas divinas e património comum. Inclui ainda a solidariedade fraterna e a co-responsabilidade em assegurar, como direito universal, água suficiente e de qualidade para todos os filhos de Deus. Entre os muitos gestos concretos que a Campanha da Fraternidade há de suscitar, alguns são urgentes. Assim, nas áreas do semi-árido, é preciso intensificar a captação da água

da chuva. Mais de 800 entidades estão unidas para realizar a construção de 1 milhão de cisternas de água potável. Nas periferias e nas favelas, temos de conseguir água tratada para todos. É necessário, ainda, cooperar para a preservação dos rios, mananciais e mangues. Um dos maiores tormentos é a sede. Há algumas semanas, por castigo, foi cortada a água dos presos na delegacia de uma cidade vizinha. Esse procedimento é desumano. Água não se nega a ninguém. Que a vontade sincera de garantir água para todos seja expressão diante de Deus do compromisso cristão de promover a vida plena para os innãos e innãs!

Dom Luciano Mendes de Almeida (do jornal "Folha de S. Paulo)

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RESSURRElÇAO Os últimos raios de sol desfaziam-se no céu avermelhado. Rasgos amarelos anunciavam o fim de um longo dia de pesadelo. Maior que todos os sentimentos, porém, era a dúvida que atormentava o interior daqueles dois viajantes. Caminhavam desnorteados. Calados, cada um remoía os últimos acontecimentos, tentando entender o inexplicável. Não ousavam quebrar o silêncio que se fizera cúmplice de uma fuga acovardada. Cabisbaixos e decepcionados, eram o retrato da desilusão. Haviam 14

se entusiasmado tanto com a forma de viver daquele pregador, que tinham apostado tudo nele. Deixaram para trás família e comodidades, para que um sonho se tornasse realidade e, de repente, tudo ruiu. Estavam tão amargurados, que não perceberam alguém se aproximar e colocar-se ao lado deles. Sentiram sua presença quando Ele lhes falou : -Posso acompanhá-los? - Sim, mesmo porque esta estrada é muito perigosa. O estranho despertou-os da inércia. Puseram-se a discorrer sobre CM 389


os últimos acontecimentos. O jovem escutou, mas a certa altura não resistiu. Entrou na conversa. À medida que o ouviam, o gelo interior parecia derreter. Estranho poder emanava daquele desconhecido. O coração ardia, mas os olhos permaneciam fechados. Foram se reanirilando. Quando estavam para lhe dizer alguma coisa, o jovem os deixou. Não foi preciso grandes discursos. O calor da presença e o gesto maior da solidariedade- a partilha do pão - foram suficientes para fazê-los entender que aquele peregrino era o Mestre, a quem tinham seguido e em quem haviam acreditado. Ficaram tão entusiasmados, que até mesmo a vergonha da fuga, depois da morte do crucificado, não os impediu de voltar, para dizer aos demais discípulos que Jesus, realmente, havia ressuscitado. Tiveram a coragem de voltar. Reconheceram que, sozinhos, nada podiam. O desejo de recomeçar deulhes forças para vencer a distância que os separava dos outros seguidores do Messias. Muitos deles estavam ainda em Jerusalém, à espera do cumprimento da promessa de Jesus: a construção de um novo Reino. Quantas lições tem a Páscoa! Fé, confiança, partilha, solidariedade, mudança. Poderíamos elencar infinitamente os sentimentos que esta festa produz em nós. No entanto, a CM 389

força do convite de Jesus fala mais alto: vida nova. Quem não tem algo dentro de si para mudar? Quem não precisa perdoar, relevar, acolher, assumir, repartir, doar e se solidarizar? Não é outra a lição do Mestre. Da mesma forma que mexeu com o coração dos dois discípulos, que fugiam de si próprios, ele quer tocar, com seu amor, o interior de cada um de nós. A proposta de vida nova que Jesus veio trazer brota de duas atitudes: morrer para si e ressuscitar para Deus presente nos irmãos. Este é o amor maior. Esta é a graça da ressurreição. Recebê-la de mãos ecoração abertos depende de cada um ...

Maria Rogéria Bottasso, FSP (da revista "Famaia Cristã") 15


VIA SACRA É o caminho que Jesus percorreu. É a via dolorosa ou o caminho da cruz. É o caminho mais sagrado de toda a cristandade. É o trajeto feito por Jesus da corte do julgamento até o Gólgota, o lugar da crucificação, carregando sua cruz às costas. Todas as sexta-feiras, às 15:00 horas, peregrinos cristãos oriundos de todas as partes do mundo se juntam à procissão dos franciscanos, em Jerusalém, para rememorar esses passos e recordar a agonia de Jesus. Lá, apesar do movimento e alvoroço do caminho, é uma emocionante experiência espiritual, passar pelo caminho onde Jesus sofreu, em seu último dia na terra, há 2000 anos. Existem duas via-sacras: • A que Jesus percorreu, há quase 2000 anos, Calvário acima, cruz às costas, ensangüentado, exausto, humilhado, sofrido.

Carregava todos nós! • A nossa via-sacra de cada dia, pelos caminhos da vida! Jesus continua carregando o áspero lenho da cruz. A cruz de ontem, a cruz de hoje. O calvário presente. A história de agonias e sofrimentos se repete. E o madeiro ensangüentado braceja ainda pelos séculos na trajetória da humanidade. Vejo o Cristo sofrido e sofredor no rosto de tantas pessoas, nas lágrimas e nos andrajos de tantos irmãos que sobem o calvário, que trabalham nas ruas e nos campos. Vejo o Cristo sofrido e sofredor no rosto dos irmãos que alongam seus braços, suplicando conforto, suplicando esperança, terra, um pouco de paz e de luz em meio às suas noites. Vejo o Cristo sofrido e sofredor na angústia e na tristeza de quem perde um filho, de quem sofre com o desemprego, com as injustiças. Vejo o Cristo sofrido e sofredor em cada um de nós que suplica por mais paz, por mais crescimento. É no caminho do calvário que a misericórdia, a bondade e o amor de Cristo, extensão do Pai, brilham mais forte. E a gente se ajoelha, se emociona e pede perdão. Mesmo à distância dos 2000 anos, participamos de alguma maneira da crucificação do Mestre. Fazemos parte da humanidade pecadora, necessitada de redenção. Rezar a via-sacra é mergulhar fundo na paixão de Cristo, nos mistérios da Cruz, no mistério do sofriCM 389


mento humano de Cristo e de sua ressurreição. O significado da via-sacra para nós deve ser o mesmo também que teve para Jesus. Jesus morreu na cruz e por isso se tomou rei. A realeza de Jesus se dá na cruz. É um rei diferente. Um rei que se apresenta com a dignidade da verdade, do serviço e do amor, tanto que Pilatos, impressionado, manda escrever na cruz: "O rei dos Judeus!" Nosso rei é diferente; diante dele todos os reis vão fechar a boca, pois verão uma coisa que nunca viram contar (Is 52, 15). Nosso rei veio morrer para dar a vida por nós, e para nós. Ele é rei de um reino diferente. O reino de Deus tem um rei crucificado. Um rei que solicita também de nós: "Se alguém quiser servir a mim, que me siga". Carregue sua cruz (seu fardo) e ajude o seu irmão a carregar a dele. Cristo, pela morte e ressurreição, fez de nós pessoas capazes de caminharmos em uma vida parecida com a dele, caminharmos como instrumento de redenção para a realização do projeto de Deus. Cristo nos fez capazes de caminharmos a via dolorosa como Ele. E de sermos ressuscitados com Ele. O nosso sofrimento unido à paixão de Cristo, toma-se instrumertto de redenção para os meus pecados e os do mundo todo! Cada vez que eu sofro, se eu olhar para a Cruz e oferecer esse sofrimento para o perdão de meus pecados, para a conversão de meus irmãos, estou seguindo o Cristo, fazendo o que Ele fez. Cada vez que CM 389

eu faço uma peregrinação, que percorro um caminho de dor, de dificuldade; repito o gesto de Jesus, eu estou me salvando e ajudando a salvaro mundo. Cada vez que minha vida é uma vida de sofrimento, cada vez que eu tenho dores, espinhos, problemas, dificuldades, se eu souber oferecê-los a Jesus, se eu souber enfrentar com coragem, com fé, com força, com amor, estou vivendo o caminho da cruz e repetindo o gesto de Jesus. Estou salvando minha vida e de meus irmãos. Na caminhada de nossas vidas, buscamos imitar Jesus, procurando não só carregar nossa cruz, mas, também auxiliamos nossos irmãos a levar os seus fardos. Precisamos aprender a correr o risco de Jesus, a assumir, com Ele, na vida; a partilhar o mesmo caminho do Mestre. Assumir a via-sacra de Jesus significa: "Não ter lugar para reclinar a cabeça". Ser odiado e perseguido, carregar a cruz diariamente, beber do cálice, partilhar o sofrimento e também sua glória, converter o coração. A via-sacra deve significar para nós uma experiência do reino, uma transformação interior, uma mudança de atitude, de vida e de obras. A via-sacra de Jesus deve significar para nós um caminho de sofrimento, mas, um caminho dinâmico da vida, de superação, de luta, em vista da vitória final. A glória da ressurreição!

Irmã Norma Maria Ravazzi Conselheira Espiritual da Eq. 7 - N. Sra. do Carmo Assis, SP 17


lu bileu de Ouro

Ordenação Diaconal

Presbiteral a) No mês de dezembro de 2003, Pe. Armando Celestino Bredice, celebrou seu Jubileu de Ouro Presbiteral. Quanta dedicação ao Reino de Deus nesta caminhada! Pe. Armando foi SCE em São Paulo e Brasília, e atualmente é SCE da Eq. N. Sra. do Bom Conselho, em Água Boa, MT, onde exerce seu ministério na Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Houve vários momentos fortes de celebração do Jubileu: na Itália (terra natal), onde recebeu a bênção Apostólica do Papa João Paulo TI, em São Paulo; em Brasília e em Água Boa. Receba nossos cumprimentos, padre, e que o senhor possa continuar o seu trabalho na Igreja de Cristo, sempre conduzido pelas mãos de Nos' sa Senhora. Eq. N. Sra. do Bom Conselho Água Boa, MT b) No dia 8 de dezembro de 2003, comemorou seu Jubileu de Ouro Presbiteral, Mons. Benedito Gil Claro, SCE da Eq. 4 - N. Sra. do Rosário - Pindamonhangaba, SP. Durante as solenidades de seu jubileu recebeu o título de Monsenhor Camareiro Secreto da Santa Sé, pelas mãos de Dom Carmo, Bispo Diocesano de Taubaté. 18

a) Com alegria queremos noticiar a Ordenação Diaconal de 3 Conselheiros Espirituais do Setor de São José dos Campos, ocorrida no dia 13 de setembro de 2003 na Catedral de São Dimas. Pela imposição das mãos do Bispo D. Nelson Westrupp, foram ordenados diáconos transitórios os seguintes Conselheiros Espirituais: • Celso José Machado - Eq. 6A - N. Sra. da Caridade • Lindomar Francisco Ferreira - Eq. 3B - N. Sra. da Glória • Paulo Renato F. G. de Campos- Eq. 13B É importante salientar o testemunho que esses seminaristas têm dado sobre o quanto esse papel de Conselheiro os tem ajudado em sua formação pastoral e no conhecimento do valor da família. Sonia e Neri - Eq. 6A São José dos Campos, SP

b) Frei Severino Pinheiro OFM Cap. foi ordenado Diácono no dia 15 de dezembro de 2003, na Igreja Matriz de N. Sra. do Rosário, Recife, PE, pela imposição das mãos de Dom Antônio Fernando, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife. Frei Severino é Conselheiro Espiritual da Eq. 29CN. Sra. da Esperança, em Recife. CM 389


Equipes de Nossa Senhora

Temas àe Formação

ENSAlO SOBRE A ESPlRlTUAllDADE CONJUGAL Pe. Aávio Cavalca àe Castro, cssr

Abril

2004


'f\ vida conjugal comporta grandes riquezas e também grandes exigências. É necessário e indispensável elaborar uma espiritualidade do casal. Não pode ser a espiritualidade do celibatário ou do monge. A outra idéia, pois, que tivemos desde o princípio foi descobrir o pensamento de Deus sobre o casal e sobre todas as suas realidades. E penso que apreendemos com isso um dos elementos fundamentais do carisma fundador. Tanto que fizemos uma lista de todos os elementos que compõem a vida do casal e a vida da família, e resolvemos procurar sucessivamente a vontade de Deus sobre cada um deles." Pe. Caffarel, Discurso de Chantilly


ESP1R1TUAL1DADE CONJUGAL

lntrodução Podemos dar vários sentidos para a palavra espiritualidade. Num sentido geral, espiritualidade é o cultivo do espírito, dos valores humanos que não se prendem à matéria. Podem ser valores religiosos, ou também outros valores que constituem, digamos assim, essa parte superior da existência humana. Espiritualidade é também a idéia inspiradora de uma pessoa ou de um movimento. Até certo ponto se confunde com a idéia de ideal, proposta, objetivo, inspiração. Espiritualidade é também a característica de uma religião, de uma pessoa ou de uma situação. Podemos falar em espiritualidade budista, muçulmana, cristã, espiritualidade do presbítero, do leigo, do casado. Espiritualidade pode ser também uma apresentação doutrinal e sistemática sobre a procura da perfeição espiritual. É uma par-

te da teologia, onde se examinam quais as condições para o crescimento da pessoa na graça que vem de Deus. Vamos tentar aqui a síntese de uma idéia inspiradora do matrimônio, enquanto caminho de santidade. E vamos tentar, ao mesmo tempo, dar umas indicações que ajudem a pôr um pouco de ordem e método na procura do crescimento espiritual no casamento e através do casamento. A primeira consideração que temos a fazer é que existe uma espiritualidade cristã geral. A espiritualidade cristã geral consiste fundamentalmente na vida de caridade fraterna, na fé e na esperança. Esse é o começo, esse é o caminho, essa é a finalidade de toda a vida cristã: viver na caridade, crescer na caridade e chegar à plena e completa caridade, à plena e completa união com Deus e com os irmãos. Podemos dizer que, no conjunto dessa espiritualidade geral cris-


tã, a espiritualidade conjugal há de caracterizar-se também pela vivência da caridade, porque fora da caridade não existe sentido para a vida cristã. Também a espiritualidade conjugal está baseada na caridade, mas numa caridade especial, na caridade conjugal. Uma caridade que é assumida, vivida, desenvolvida nas situações concretas da vida conjugal. É sobre isso que vamos tentar refletir um pouco.

A espiritualidade conjugal é vivência do amor conjugal

1.

A espiritualidade conjugal é vivência do amor, da caridade conjugal. Só relembrando: a vida sobrenatural, que recebemos de Deus, traz-nos uma capacidade nova de viver acima da nossa vida puramente humana, dessa que temos pelo fato de sermos seres humanos. Essa vida nova, essa regeneração que acontece em nós pelo poder de Deus, faz-nos participantes da natureza divina e conferenos uma nova capacidade de amar. Passamos a poder amar com o amor do próprio Deus, participando do amor da Trindade, do amor interno da Trindade e também do amor da Trindade enquanto se

volta para fora, para a criação geral e para os seres humanos de maneira especial. Por essa vida nova, somos inseridos nessa circulação nova de amor que, do ponto de vista cristão, recebe o nome característico de caridade: amor que vem de Deus e leva para Deus. Crescemos na vida sobrenatural ao crescer na caridade. Só que na caridade não crescemos na medida de nosso esforço. Fundamental, básica para o crescimento na caridade e, portanto, na vida sobrenatural, é a ação divina. Na medida em que Deus mais profundamente vai assumindo-nos, vai mergulhando-nos em si mesmo, nessa medida crescemos na vida sobrenatural. O começo da vida sobrenatural, o crescimento na vida sobrenatural, a plena realização da vida sobrenatural na eternidade, tudo isso é sempre dom de Deus. E mesmo quando chegarmos à plena realização, toda essa nossa vida de união com Deus por toda a eternidade será um contínuo dom sempre renovado. Dependemos continuamente desse nexo vital, dessa nossa união vital com a Trindade. Crescemos na vida sobrenatural quando somos elevados por Deus, ou quando somos mais mergulhados por Deus na participação da vida da


Trindade. E crescemos ao mesmo tempo, mas, de maneira secundária, na medida em que vamos abrindo-nos cada vez mais a esse amor. Nossa colaboração para o crescimento é mais uma colaboração negati va, enquanto não atrapalhamos, enquanto deixamos Deus agir em nós. Com isso podemos dizer que estamos cultivando o amor de Deus, estamos afastando os empecilhos para esse amor, e estamos também afastando as limitações que sempre criamos à posse de Deus em nossa vida. A vida de todas as pessoas na Igreja é caracterizada por essa caridade fraterna. Todos estamos na Igreja e somos Igreja para viver a unidade, a união fraterna. Esse é o caminho de salvação universal. E inclusive a ação santificadora de todos os sacramentos existe enquanto é a ação de Cristo aprofundando em nós a vivência da caridade fraterna. É o que acontece em seis sacramentos, porque o sétimo vai trazer para a pessoa a possibilidade de viver uma forma nova e característica da caridade, que é a caridade conjugal. Para quem assume o casamento, a caridade conjugal passa a ser a característica principal da sua vida. É a partir da caridade fraterna que pode viver a caridade conjugal, mas é também

a partir da caridade conjugal que passa a viver a caridade fraterna, que recebe um colorido especial. O amor conjugal dá um colorido especial à caridade fraterna pela qual o casal, sempre como casal, se volta para os mais próximos e para os mais longínquos, para todos esses que formam a comunidade dos que estão unidos a Cristo pela vida nova da graça. Os casados vivem essa forma especial de caridade enquanto vivem e procuram viver uma comunhão total de toda a vida, por toda a vida. A caridade fraterna exige a partilha dos bens espirituais; dos bens materiais exige uma partilha condicionada pelas circunstâncias. A caridade conjugal exige completa partilha dos bens espirituais, mas também exige partilha e comunhão completa de todos os bens humanos e naturais. Por essa comunhão de vida ambos abrem mão de se reservar qualquer coisa. Todos os outros bens entram nessa comunhão total de toda vida, por toda vida, numa aliança exclusiva com uma outra pessoa, com esse homem, com essa mulher. Essa vivência de comunhão plena e total de toda vida e por toda vida, essa forma nova de caridade, impulsionada pelo poder de Cristo e vivida no relacionamento com essa pessoa,


isso é que vai constituir o característico da caridade ou da espiritualidade conjugal. É a vivência da caridade conjugal que marca a espiritualidade conjugal; essa é a linha mestra que deve orientar toda a vida do casal. É claro que essa caminhada na caridade conjugal, enquanto plena comunhão de toda vida por toda a vida, vai supor algumas atitudes que também balizam o crescimento da vida do casal. Em primeiro lugar entre essas atitudes eu colocaria a renúncia. Quem se casa renuncia, abre mão de tudo quanto se opõe a essa plena comunhão de vida. Na linguagem bíblica, "deixará pai e mãe". Deixará pai e mãe e muito mais: deixará, colocará em segundo plano amigos e amigas, negócios e carreira, prazeres, liberdades, manias e deixará tudo que se opõe à plena comunhão de vida. Sem essa renúncia, sem esse abrir mão de tudo quanto possa diminuir a comunhão, sem isso não há crescimento na vida espiritual do casal. A vida conjugal exige uma procura firme e continuada da união que Cristo toma possível para o casal, e que ao mesmo tempo lhe apresenta como exigência básica. A oração final de Cristo é que todos sejam um. Essa mesma oração pede que o casal viva uma união

ainda mais plena e muito mais estreita. Viver em unidade com esse homem e com essa mulher é uma exigência fundamental da vida matrimonial. Se não atingir essa união com o outro, fracassou quem se casou. Se chegar a essa união plena em Cristo, tudo mais na vida conjugal será sucesso, ainda que por critérios humanos possa parecer uma vida bastante fracassada, ou bastante limitada, ou bastante infeliz. Desde que se atinja essa união plena de caridade com ele, com ela, você estará chegando à santidade oferecida e esperada por Deus. Esse caminho de renúncia, esse caminho de união passa por algumas etapas. Passa em primeiro lugar pela vivência da fidelidade. Fidelidade plena, total, absoluta. Passa pelo caminho da reconciliação e do perdão contínuo e sempre renovado, de tal maneira que um seja para o outro sacramento de reconciliação, e seu perdão seja sinal, garantia do perdão do próprio Deus. Que no seu perdão, na sua capacidade ilimitada de perdoar, o outro possa ter uma idéia, uma amostra da misericórdia de Deus, capaz do perdão infinito. O caminho de renúncia, o caminho da procura de união passa também pela vivência da sexualidade conjugal. É somente a partir


da renúncia, que você pode tomarse transparente, palavra clara de afeto e de carinho. Somente se colocando disponível para essa outra pessoa como um bem, um presente de Deus, é que você poderá fazer que ela encontre na vivência da sexualidade conjugal um antegozo dos benefícios, dos favores do próprio Deus. Sem renúncia não há vivência perfeita da sexualidade conjugal, como também sem a procura de união na caridade, no amor pleno, perde sentido, qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer atitude na vida conjugal. O caminho do crescimento na renúncia e na união passa pela vivência da paternidade e da maternidade. Se você, que é pai ou mãe, quer chegar à perfeição cristã, necessariamente terá de ser plenamente pai, plenamente mãe, dando vida, dando possibilidade de felicidade, de realização para essas criaturas. Sendo ao mesmo tempo para elas, além de mediação de vida, também mediação de graça, de bênção, de promessa de felicidade. Você poderá percorrer esse caminho de renúncia e de procura de união, se souber viver tudo isso na abnegação inseparável do amor. Somente se você não se procurar, se não procurar salvar sua própria vida,

se não procurar apenas seus interesses, somente assim, com essa abnegação plena, total, pronto a perder a vida toda por amor é que poderá, como marido ou como mulher, realizar em sua vida esse projeto de crescimento imaginado por Deus.

A espiritualidade conjugal é caminhada gradual na vivência do amor 2.

Evidente que esse crescimento na espiritualidade conjugal não acontece de uma vez apenas. Não é um pacote recebido pronto. A espiritualidade conjugal é caminhada gradual, como é gradual a vivência do amor. Cresce a vida espiritual do casal na medida em que cresce o amor. E essa vida, como toda a vida, começa de forma imperceptível. Começa no namoro, no primeiro encontro mais ou menos inconsciente e espontâneo, de tal modo que mal se percebe que ali está havendo uma intervenção da graça de Deus. Graça que continua presente e atuante, tornando possível o aprofundamento desse processo de conhecimento. No namoro, já começa a vivência de uma espiritualidade conjugal, ele e ela passando da espiritualidade cristã geral para


uma nova caminhada. Por isso mesmo é que o noivado é tão importante como preparação para o compromisso de comunhão plena e total de vida. Também no casamento poderíamos falar de várias etapas no caminho de crescimento do casal: antes dos filhos, depois, com os filhos e finalmente sem os filhos. O aparecimento de novas criaturas cria com eles um triângulo, depois um polígono, que muda completamente o relacionamento anterior. É claro, ambos têm de continuar colocando um ao outro em primeiro lugar; mas, de certa maneira, agora passam a girar na órbita de um novo ser que lhes foi confiado, que não é propriedade deles, mas antes objetivo colocado por Deus em sua vida. Desse momento em diante sua vida tem de ser cada vez mais baseada na união, exatamente para poderem ser cada vez mais fonte de crescimento, de felicidade para esses novos seres. E quando os filhos batem asas, e quando os dois estão novamente sós, ambos têm de retomar a caminhada sob nova perspectiva. Agora, estão mais livres um para o outro, podem aprofundar mais ainda a procura de Deus, tanto mais que nessa altura a relatividade de todas as coisas já se tomou

evidente. A relatividade da juventude, a relatividade da beleza, a relatividade da saúde, a relatividade da carreira, tudo isso agora, de maneira muito mais tranqüila, pode ser colocado na presença de Deus. O casal poderá olhar para o passado, recolher tudo que viveu para colocar diante de Deus, assumindo nova espiritualidade, marcada por duas idéias básicas: do agradecimento e do louvor pela vida vivida, da expectativa de um amanhã que se aproxima. Depois dessa espiritualidade do casal antes, durante e depois dos filhos, vem a espiritualidade conjugal da viuvez. Pode parecer até contraditório falar de espiritualidade conjugal da viuvez. Mas, acontece que, no coração de quem sobra, permanece sempre esse relacionamento vivido, e a viuvez terá de ser vivida também como caminho. Como caminho de crescimento para Deus, mas também como caminho para restabelecer depois, na sua forma plena e total, a comunhão de vida que foi vivida de forma inicial durante mais ou menos anos no matrimônio.

~ VIII

3· A espiritualidade conjugal é metódica A espiritualidade conjugal é


metódica, tem suas regras, tem seus caminhos, tem suas etapas e seus degraus. Por isso mesmo é possível traçar várias propostas de espiritualidade. Poderíamos inspirar-nos na espiritualidade beneditina, ou franciscana, ou qualquer outra. Mas para vocês a espiritualidade conjugal será metódica na linha traçada pelas Equipes de Nossa Senhora. E essa espiritualidade tem seus trilhos bem delineados. Não será difícil relembrar em poucas palavras o essencial do caminho proposto:

• Leitura, escuta da palavra de Deus, para descobrir sua vontade. Escuta da palavra de Deus principalmente através desse homem, dessa mulher que Deus colocou na sua vida, como seu próximo mais próximo, como revelação divina para você.

• Estudo e cultivo dos conhecimentos religiosos. Ou seja: não basta viver intuitivamente a vida cristã. É preciso ter clareza quanto à doutrina, quanto à prática, de tal maneira que vocês possam fazer da sua vida cristã uma vida transparente, clara, convicta, não apenas baseada na intuição e no afeto. Estudo e cultivo dos conhecimentos religiosos: Conheça o Evangelho, conheça a proposta de Deus de uma maneira que

rlx

satisfaça às suas exigências intelectuais. Oração pessoal (interior, exterior), oração conjugal, familiar, comunitária, na paróquia e na equipe). • Exame de consciência: saiba continuamente em que situação você está, e tenha continuamente uma regra de vida, para ir corrigindo os rumos e estabelecendo um escalonamento nessa procura da perfeição.

• Viva a espiritualidade conjugal marcada pelo diálogo. Em primeiro lugar com esse homem, com essa mulher ao seu lado. "Dever de Sentar-se", mas também diálogo e abertura para com os filhos, para com os parentes, para com a Igreja, para com a sociedade. Não espere que Deus lhe fale diretamente; através dos outros é que normalmente lhe falará.

4· A espiritualidade conjugal é vivida

no serviço A espiritualidade conjugal, aliás, como toda a espiritualidade cristã, é fundamentalmente uma espiritualidade vivida no serviço. Quem se casa, se casa para ser feliz e para fazer feliz; para fazer a felicidade não apenas desse ho-


mem ou dessa mulher, mas de muita gente, de toda a Igreja, de toda a

humanidade. E o casal viverá sua espiritualidade na medida em que prestar para a Igreja, para o mundo o serviço caracteristicamente conjugal: o serviço da vida, o serviço do crescimento, o serviço do amor, vivendo e praticando sempre aquilo que poderíamos englobar numa só palavra: hospitalidade. O casal, para crescer, deve ser sempre casal aberto para todas as necessidades, para todas as angústias, para todas as esperanças da humanidade e da Igreja. O lar cristão tem de ser lar de portas e janelas abertas, para descobrir o bem e para espalhar o bem. Vejo isso na figura de uma janela iluminada à noite, que acaba sendo estrela para quem, no escuro, procura o rumo. O casal cristão crescerá na santidade, se for casal preocupado em fazer o bem, em ajudar, em consolar, em orientar, em acolher. Casal que se fecha, acaba sendo casal que murcha e fenece, que se apaga e acaba.

5. A espiritualidade

conjugal na ascese da vida matrimonial A espiritualidade conjugal exige uma ascese, ou melhor, a espiritualidade conjugal é vivida na

ascese da vida matrimonial. Ascese é uma palavra grega que significa exercício, ginástica. Espiritualmente significa um esforço pessoal para o crescimento, esforço que consiste em aparar arestas, em desenvolver qualidades e virtudes. O casal, ao cultivar a sua espiritualidade, não precisa recorrer às propostas da vida monacal, da vida dos frades e das freiras. A vida matrimonial, por si mesma, já oferece as ocasiões e os meios suficientes para a ascese, para a purificação, para o crescimento, para o desenvolvimento da caridade cristã. Essa ascese, esse esforço, consistirá, por exemplo, e sem pretensão de ser completo, na procura e na vivência da pobreza. As dificuldades da vida do casal necessariamente irão ensinar que as coisas mais importantes não são as que se manejam, mas sim as coisas do coração, do pensamento, as coisas de Deus. O matrimônio necessariamente impõe renúncias na posse dos bens. O casal nunca poderá ter tudo quanto quer. Poderá fazer disso amargura, ou caminho para crescer, para perceber que o único necessário é Deus, o amor entre ambos e os filhos. É preciso que o casal percorra os caminhos da temperança, ou


seja, que o casal, através da vida matrimonial, com suas dificuldades e suas alegrias, aprenda a ter medida nas coisas. Saiba ter medida no trabalho, na diversão, nos sacrifícios, na oração, na leitura espiritual, na procura da satisfação e do prazer. É preciso que o casal cultive sua espiritualidade através de uma ascese ampla, que o leve à procura do crescimento em todas as virtudes morais. Muito rapidamente: na paciência, na lealdade, na bondade, na doçura, na ternura, na lhaneza de trato, na justiça, na fortaleza, na perseverança, na firmeza ... Essa tem de ser a preocupação do casal, e esses têm de ser itens de uma caminhada planejada e seguida passo a passo.

6. A espiritualidade conjugal é escatológica Finalmente a espiritualidade conjugal é uma espiritualidade escatológica (escatologia é oconhecimento, a revelação das realidades últimas da vida e da salvação): para que existimos? para onde vamos? qual o nosso destino? qual o sentido de todas as coisas? Numa palavra só: nosso destino é Deus, nosso destino e nossa esperança é uma

vida que não tem fim. Quando digo que a espiritualidade conjugal é escatológica, isso significa que a espiritualidade conjugal deverá ser vivida na valorização e na relativização. Primeiro, na valorização de todos os bens: valorização dos bens culturais, dos bens econôrnicos, da beleza, do prazer, da alegria, da convivência, da ternura, do afeto, do trabalho e tudo o mais. Esse conjunto tem de ser valorizado. Tudo isso é dom de Deus, tudo isso é caminho para aproximar-nos de Deus, tudo isso é caminho de felicidade dado por Deus. São Paulo diz: "comendo ou bebendo, louvem a Deus" (lCor 10,31). Valorizar escatologicamente esses bens significa transformar tudo em louvor de Deus e em felicidade nossa. Felicidade na qual temos que incluir também a doença, a fraqueza, a velhice, a diminuição das forças e tudo o mais. Em segundo lugar, a espiritualidade conjugal é escatológica enquanto o casal tem de viver relativizando todas as coisas, todos esses bens que nós lembramos antes. Todos são bens, mas não são bens absolutos. Não são a plena realização. Essa relativização não diminui o valor desses bens; pelo contrário, essa relativização, reconhecendo que


somente Deus é a felicidade perfeita e a plena realização do casal, é que ensina o casal a usufruir alegremente, confiadamente, pacificamente de todos esses bens colocados por Deus no seu caminho. É através dessa relativização que o casal dará a todos esses bens um valor definitivo. Seu trabalho, sua instrução, sua carreira, seu afeto, sua vivência conjugal e sexual, isso não é coisa que tenha sentido apenas aqui. Tudo isso tem sentido também em vista da vida futura de plena união com Deus que espera a todos nós. Relativizar tudo para dar valor a tudo, sabendo que a vida definitiva virá depois. São Paulo diz isso quando aconselha os

casais a viverem como se não fossem casados (1 Cor 7,29-31).

Condu são Esta palestra não pretende ser mais que um ensaio sobre a espiritualidade conjugal que, em grande, parte está por ser criada, ou pelo menos explicitada. Não tenho dúvida que essa tarefa caiba em primeiro lugar aos próprios casais. E, entre todos os temas dessa espiritualidade, é a vivência da sexualidade conjugal que está a exigir um esforço mais urgente. Não compete a nós, Sacerdotes Conselheiros Espirituais, tentar substituílos na tarefa.

Para quem assume o casamento, a caridade conjugal passa a ser a característica principal da sua vida. É a partir da caridade fraterna que pode viver a caridade conjugal, mas é também a partir da caridade conjugal que passa a viver a caridade fraterna, que recebe um colorido especial. O amor conjugal dá um colorido especial à caridade fraterna pela qual o casal, sempre como casal, se volta para os mais próximos e para os mais longínquos, para todos esses que formam a comunidade dos que estão unidos a Cristo pela vida nova da graça. Pe. Fláv10


Reunião da Super-Região Brasil Provinda Sul H1 Continuando com o projeto de manter um contato direto com os equipistas do Brasil, a próxima reunião da Equipe ela Super-Região Brasil. acontecerá na cidade de P01to Alegre. Província Sul III, nos dias 16, 17 c 18 de abril de 2004. No dia 17 acontecení o Encontro com os equipistas da Província. Pedimos as orações de todos, pelo êxito desses eventos. Na edi~ão da Carta Mensal 9e junl1o, daremos infonnaçõcs dess17s acontecimentos . .~::;,,_.:

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falecimentos José Acúrcio Goulart (da Maria Lúcia), ocorrido no dia 12 de agosto de 2003 - Equipe 4 - Lages, SC Adalberto Guedes Pereira (da Dalka), ocorrido no dia 8 de setembro de 2003 - Eq. 5A - N. Sra. Imaculada Conceição, São PauloCapital Cheila Tavares Batista Alvim (do Ramiro), ocorrido no dia 25 de outubro de 2003- Eq. lB- N. Sra. Auxiliadora- Divinópolis, MG Juceli Dantas de Araújo (da Catarina Luiza), ocorrido no dia 30 de novembro de 2003- Eq. N. Sra. do Imaculado Coração de MariaCampo Grande, MS João Bosco de Arruda Furtado (da Vanda), ocorrido no dia 1° de dezembro de 2003- Eq. lB- N. Sra. Auxiliadora- Fortaleza, CE. Frei Paulo Tellegen, ocorrido no dia 21 de dezembro de 2003. Frei Paulo foi SCE das equipes 9A, 26A, 34B e 48B, da Região Rio IRio de Janeiro. João de Laurentys (da Maria Célia), ocorrido no dia 31 de janeiro de 2004- Eq. 4B- N. Sra. Rainha de Todos os Povos- São PauloCapital I Helena Sutter (do Luiz Carlos), ocorrido no dia 10 de fevereiro de 2004- Eq. l3A- Rio de Janeiro Pe. Elísio de Oliveira ocorrido no dia 22 de fevereiro de 2004. Pe. Elísio foi SCE da Província Sul I e da Eq. N. Sra. de Fátima- São Paulo, Capital. Joseph Lee (casado com Emanuela), falecido no dia 24 de fevereiro de 2004- em Turim, Itália. O casal vinha atuando como Responsável pela Super-Região Itália. Vilma Anunciata de Moraes (do Nilson), ocorrido no dia 3 de março de 2004- Eq. lB- N. Sra. de Lourdes- Sorocaba, SP. CM 389

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CONVITE A JESUS E A MARlA Irmãs e irmãos caríssimos, ao prepararem suas festas de casamento e ao escolherem seus convidados, não se esqueçam de convidar também o próprio Jesus. Mas com a recomendação de Ele vir acompanhado por sua mãe. Garanto que será uma festa inesquecível... Não porque Ele seja especialista em vinhos; e nem porque ela tenha olhos para tudo. Mas simplesmente para vocês saborearem a alegria de estar com eles. Sim, convidem o Cristo e sua Mãe, para consagrarem o amor que floresceu entre vocês. A fim de que eles os ajudem a tornar-se adultos, amadurecidos e fecundos de vida nova; e a defender-se dos muitos inimigos que os ameaçam ... Convidem Jesus e Maria ao seu lar, de maneira especial, na hora em que o amor entre vocês dois entrar em crise. A fim de que eles o façam reviver; removam as cinzas que andaram se acumulando entre vocês dois e transformem seu cansaço em força e coragem. Então, voltará a festa em Caná da Galiléia, isto é, na intimidade de seu lar. Pois lá, onde Maria e seu Filho entrarem, entra também o amor que ameaçava sumir. Hoje, seria bonito demais os esposos cristãos chegarem até Caná da Galiléia, bem no lugar onde a tradição relembra as famosas núpcias, registradas no Evangelho. Lá, os habitantes da cidadezinha continuam oferecendo aos visitantes um copo 20

de vinho local, para relembrar o primeiro milagre de Jesus. Em benefício dos visitantes alguém lê em voz alta o episódio narrado pelo Evangelho. Então, os dois mil anos que se passaram parecem um dia ... Mesmo porque Jesus ficou verdadeiramente entre nós, a fim de tomar parte em nossa alegria, em nossa história e em nossa vida. Pe. Virgz1io,ssp Colaboração de Viviane e Fábio Eq. 13A - Taubaté, SP CM 389


O DEVER DE SENTAR-SE 2" Parte

Como realizar o dever de sentar-se O Dever de Sentar-se é um exame de consciência feito em voz alta pelo casal. Não é uma co-participação no qual participam "coisas" mas é uma partilha da vivência do esforço pessoal para progredir na santidade conjugal. Três pessoas intervêm no Dever de Sentar-se, Deus e o casal. Para que Deus esteja presente, o casal deve estar em estado de graça. Por isso, se alguém tem consciência de um pecado grave, deve antes confessar-se. Iniciar o Dever de Sentar-se com uma oração invocando a assistência do Espírito Santo. Seria conveniente ler também um passo da Escritura, por exemplo, o hino da caridade em lCor 13, ou a primeira Carta de João cap. 3 ou cap. 4, 7-21, ou outra passagem qualquer da Escritura, previamente escolhida e preparada. Depois repassar, num exame de consciência a própria vida conjugal nas três dimensões em relação a Deus, ao seu cônjuge e em relação profunda consigo mesmo. Refletindo sobre as três dimensões do seu ser cristão. - Em relação a Deus Aqui se poderá tomar os seis Pontos Concretos de Esforço como roteiro: 1) Qual tem sido nossa freqüência na Escuta da Palavra de Deus? Além

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de ler, cada dia, o Evangelho, procuro também contemplar mais demoradamente a cena evangélica procurando assimilá-la? 2) Cada dia, reservei um tempo de oração para um encontro pessoal com o Senhor? Qual tem sido o nível de nossas relações com Deus durante o mês equipista nas nossas orações? Quais são as palavras que mais nos marcaram na Escuta da Palavra e qual tem sido a nossa resposta como casal? Como vivi, este mês, a procura da vontade de Deus? O que descobri? 3) Que espécie de oração conjugal e familiar vivenciamos este mês? Qual a oração que melhor podemos fazer juntos? Temos feito a oração conjugal, com as21


siduidade? Houve algum aspecto de nossa vida que se transformou por esta oração? Qual nossa maior dificuldade na oração conjugal? 4) Temos dedicado, cada mês, o tempo necessário para o Dever Sentar-se, num verdadeiro diálogo conjugal sob o olhar do Senhor? Tem sido difícil, para mim, encontrar-me e comunicar-me com meu cônjuge? Que dificuldade tivemos? Sou capaz de reconhecer minha parte de culpa nos pontos conflitantes? Que passo a frente temos dado? 5) A graça do sacramento do matriqlônio me tem feito progredir na busca da santidade? Que ponto de minha personalidade tenho trabalhado na Regra de Vida? Como e por que o escolhi? Que pistas me levaram a descobri-lo? Posso continuar este ponto? Meu cônjuge pode me ajudar a ver mais claro na minha vida? 6) Nosso retiro anual ajudou-nos a descobrir melhor a vontade de Deus na nossa vida conjugal e vida equipista? Que propósito para nossa vivência de casal cristão e equipista tomei nesse retiro? Que mais me impressionou? Em face de todas essas reflexões como anda nossa vida de oração?

O casal em relação à lgreja Temos participado de alguma pastoral paroquial ou diocesana? Nossa família, igreja doméstica, 22

tem se vinculado à Igreja como presença viva e atuante? Como casal cristão, estamos dispostos a uma generosa abertura para as outras farru1ias? Tomamos nossos trabalhos como autêntico apostolado? Contribuímos com o dízimo para o bem de nossa paróquia?

O cônjuge em relação ao outro 22

Tenho correspondido às graças sacramentais do matrimónio, vivendo unido ao outro em estabilidade e fidelidade? Minha fé no cônjuge é compromissada, isto é, tenho procurado valorizar seus dons? No meu relacionamento conjugal, sou dominado apenas pela sede de gozo ou posse, ou pelo desejo de agradar e fazer feliz? Quais são as qualidades positivas que mais agradam um ao outro? Quais são os defeitos que vemos no outro? Procuramos entender o outro e tentar ajudá-lo a livrar-se desses possíveis defeitos que atrapalham a vida conjugal? Procuramos compreender-nos de verdade, dialogando com freqüência? Comunicamos nossas alegrias, tristezas e problemas? Contribuímos para que haja um ambiente alegre em nossa casa? Procuramos sair sempre juntos? Procuramos encontrarnos, por vezes só os dois, longe dos familiares e amigos para recordar nossa vivência conjugal? Recordar que em nosso Dever de Sentar-se não estamos sozinhos, pela graça do sacramento do matrimónio Cristo participa de nossa partilha. Por isso, devemos estar em CM 389


estado de graça. Se alguém tiver consciência de um pecado mortal, deve antes fazer uma confissão. Nosso diálogo conjugal não é um confissão. Há um limite na comunicação mútua. E pode haver abismos em nossa vida no qual só Deus (e o confessor) podem penetrar. Por exemplo, se alguém cometeu adultério nunca deve dizê-lo a ninguém e muito menos ao próprio cônjuge. Esse é o pecado mais grave que um casal equipista pode cometer porque atinge diretamente a aliança matrimonial. O adultério é um sacrilégio porque viola um sacramento. É um pecado capital que separa o pecador da comunhão com a Igreja. Quem o cometeu deve ser reconciliado com a Igreja por meio do sacramento da reconciliação. O pecador só pode receber a absolvição se fizer o propósito de não mais cometê-lo. Na absolvição sacramental, Deus aniquila o pecado. Ele deixa de existir. Por isso, no Dever de Sentar-se o cônjuge já em estado de graça não pode falar desse pecado porque ele não mais existe e porque ninguém, que não Deus, tem direito de penetrar no abismo de miséria de nosso santuário interior reservado a Deus. O equipista que não está disposto a evitar o adultério deve abandonar a Equipe, porque está em contradição com a mística da Equipe de Nossa Senhora, que visa exatamente a santificação do matrimônio cristão. Temos alguns vícios (bebida, jogos, etc.) que atrapalham nosso relacionamento a dois? CM 389

- O casal em relação aos filhos

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Lembramo-nos que, em virtude do batismo, nossos filhos são também nossos irmãos, membros conosco do Corpo Místico de Cristo? Nossos filhos dialogam conosco como verdadeiros amigos? Amamos de maneira que nossos filhos sintam esse amor? Temos contribuído para o crescimento espiritual de nossos filhos? Temos sido motivo de escândalo para nossos filhos por causa de nossas brigas e desavenças diante deles? Temos falado com eles sobre a vocação e sobre a necessidade de se prepararem para uma opção em relação a ela? Temos sido um modelo de casal de fanu1ia cristã? 42

-

O casal em relação

a sua Equipe Temos nos preocupado com os casais equipistas? Quais são as qualidades positivas que mais nos agradam nos casais de nossa equipe? Como os outros casais nos vêem e como os vemos? O que temos feito em termos de caridade? Em nossa reunião mensal, temos co-participado nossos empenhos apostólicos para uma ajuda mútua? Como tem sido a partilha em nossa Equipe? Temos feito esforços para, através da Equipe, chegarmos aos familiares de nossos companheiros, ou, ao contrário, temo-nos afastado de nossos filhos e nossos familiares por causa da Equipe? - Relação do casal para consigo mesmo

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Temos nos lembrado da missão 23


recebida na confirmação e no Sacramento do Matrimônio? Temos nos preocupado com a promoção da justiça, da honestidade, dos bons costumes, da concórdia, da caridade e temos cumprido nossos deveres cívicos? Temos pagado os impostos? Temos nos preocupado com o bem e o progresso da comunidade em que vivemos, ou somente com nossas vantagens particulares? Temos obedecido e respeitado as autoridades constituídas? Temos remunerado os empregados com justo salário? Temos prejudicado a vida, a integridade física, fama, honra ou bens do próximo? Temos estado prontos para perdoar ou fazer as pazes por amor a Cristo? Ou temos guardado ódio e desejo de vingança? Qual tem sido a orientação fundamental, na vivência de cada dia, de nossa pessoa conjugal? Estamos animados da esperança de vida eterna? Temos sido presunçosos diante de Deus? Temos imposto aos demais nossa vontade, sem respeitar a liberdade e os direitos alheios? Temos procurado agir sempre na verdadeira liberdade dos filhos de Deus, segundo a lei do Espírito, ou temos sido escravos de nossas paixões?

Quando e onde fazer o Dever de Sentar-se O Dever de Sentar-se não pode ser deixado ao Deus dará. Devemos com antecedência marcar um dia e uma hora certa para ser realizado. De preferência deveria ser na metade do mês equipista. Devemos ser rigorosos em observar esse dia 24

e horário marcado. Isso é tão importante como a fidelidade ao dia da reunião formal. Devemos prever um dia livre de outros compromissos. Lugar: Para evitar que esse dia e horário sejam perturbados por algum imprevisto, por exemplo, visita de amigos e parentes é conveniente que o Dever de Sentar-se seja feito fora de casa, por exemplo, numa sala paroquial, no recanto de uma praça, etc. Evitar que esse encontro seja interrompido. Desligar o celular. Ficar a sós com Deus.

Como fazer a partilha conjugal no Dever de Sentar-se Começar com uma oração espontânea ou lendo uma oração escrita invocando o Espírito Santo. Colocar Jesus no centro da nossa partilha. Não é necessário percorrer todas perguntas do questionário proposto, mas, pelo menos, perpassar as várias dimensões do relacionamento do casal. Para isso, cada um deve, de antemão, ler o questionário e selecionar as questões que lhe parecem mais adequadas. Ao terminar, dar um abraço e um beijo da paz e rezar uma oração de ação de graças. Anotar aquilo que pareceu mais expressivo e programar um ternário mais urgente para o próximo encontro.

Dom João Evangelista Terra SCE Setor F - Brast1ia, DF (do Boletim Informativo "O Equipista" das Regiões Centro-Oeste I e II) CM 389


CONFIANÇA "Nunca desanimeis jamais, embora venham ventos contrários." Santa Madre Paulina

São inúmeras às vezes em que nos sentimos num deserto, e uma aridez enorme invade nossos corações. É como se ventos contrários soprassem e transformassem em pó tudo o que sonhamos, o que idealizamos, e aí nos invade o desânimo. E onde buscar de novo a vitalidade, o ânimo e o colorido original de tudo que almejamos como casal e como equipe? Sabemos que somos imperfeitos, falhos, queremos ser melhores, queremos encontrar respostas para uma vida mais feliz, mas os ventos dos aborrecimentos, angústias, tristezas, enfermidade, vão encobrindo todas as alegrias que são reservadas àqueles que acreditam. O que fazer com os sonhos empoeirados? Com os olhos ardendo? Com a alma sedenta? Olhemos a vida dos santos, que na sua grande maioria enfrentaram ventos e tempestades, mas mantiveram a fé. É isso que o casal equipista precisa buscar incessantemente para conseguir manter acesa a lâmpada da fé, que abre caminhos novos no desfiladeiro da vida, que reanima a alma trôpega e cansada. É a fé, por menor que seja, que nos faz suportar as feridas abertas, buscar, no sorriso amigo do irmão de equipe, a vontade de continuar avante. CM 389

É a fé que faz dissipar as nuvens escuras que nós mesmos vamos colocando sobre nossas cabeças, porque achamos que acreditamos, e, às vezes cedemos ao desânimo. Precisamos, como o viajante do deserto, de uma parada na fonte de água viva, mas, não uma parada só para saciar a sede do corpo, mas, a sede da alma. Essa fonte é Jesus; assim que entregamos parte de nossa carga a Ele, ela se torna mais leve, e à medida que nos saciamos nessa água viva é possível seguir em frente, - - -• pois, novos ventos virão. Mas, reabastecidos, seguiremos com mais alegria, mais confiança, mais perdão, enxergando, no outro, um irmão, que ama, que sofre, que também busca saciar-se nesta fonte de vida em abundância. E, que venham ventos contrários, pois, se estivermos alicerçados na fé, segurando um na mão do outro, isso servirá para afastar o desânimo e será incapaz de soterrar até mesmo os nossos sonhos empoeirados. Pois, a força da equipe, deve ser a força de Maria frente ao calvário.

Shirley (do César) Eq. 13B - N. Sra. da Divina Graça Sorocaba, SP 25


A violência do mundo moderno nos cerca. A prática voluntária do mal é constante e reiterada. Recentemente, a imprensa noticiou o assassinato de um jovem, cujos parentes e amigos exigiam justiça, valendo dizer, a punição dos criminosos. A mãe, irada e descrente da justiça dos homens, dizendo que nunca esqueceria aquela grave ofensa, manifestou sua confiança na justiça divina. Na fala de todos eles, nenhum sinal de misericórdia. Nenhum deles pensou na Paixão de Cristo, nem em suas impressionantes palavras, ditas na Cruz: "Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem". Jesus, mesmo sofrendo a execução de uma condenação injusta, quase que equivalente a um assassinato, concedeu a seus executores a benevolência de interceder por eles, reduzindo a dimensão de seu infamante ato: "Pai, eles não são maus, estão apenas errados". Jesus, ferido de morte in26

justa, facilitou o trabalho do Pai, pois o erro, como ato inconsciente, não exige propriamente a grandeza do perdão, mas contenta-se com uma simples desculpa. Sabemos, porém, que Jesus perdoaria seus ofensores, mesmo que eles tivessem plena ciência do mal que voluntariamente causaram. De fato, os maus, como os do crime inicialmente narrado, sabiam muito bem o que estavam fazendo e bem merecem a severa punição da lei dos homens que, por inúmeras razões, não deve deixar de ser buscada e aplicada. Jesus, porém, nos exortou: "Amai vossos inimigos e perdoai-os, não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete". A lição é perfeita. Se nosso amor fosse tão intenso quanto o de Jesus, não teríamos dificuldade alguma em perdoar. O amor faz às vezes do perdão . Como nossa capacidade de amar é mais restrita, temos dificuldade CM 389


em perdoar, principalmente, quan- ódio nos adiciona uma tristeza a do o sofrimento causado pela ofen- mais, talvez muito maior. Se não nos sa sofrida é de tal monta que não traz de volta a alegria, o perdão, pelo conseguimos apagá-la da memória. menos, nos diminui a tristeza. Não Precisamos entender, porém, que interessa nem mesmo saber se o apenas o perdão divino é capaz de ofensor pediu o perdão, se está arapagar totalmente as ofensas e suas rependido da falta ou, ainda, se meconseqüências. Trata-se de um pri- rece o favor. Misericórdia não é vilégio de Deus, o único que pode objeto de comércio - o meu perdão perdoar desta forma. O perdão hu- em troca do seu arrependimento. mano não elimina o mal causado, Jesus nos deu o exemplo da miserinem faz, sequer, esquecer a ofensa córdia incondicional e é esta que sofrida. De fato, se o convívio de devemos praticar, bastando, para um filho nos é privado, pelas mãos tanto, eliminar o ódio ou o rancor de de um assassino, ele não mais nos nossos corações 1 • será trazido de volta e nunca sereJúlio César, na antiga Roma, permos capazes de esquecer a perda, doou Marco Marcello, aliado de seu mas, mesmo assim, a virtude nos inimigo Pompeu, permitindo sua volexige a generosidade do perdão. ta do exílio, fato exaltado por CíceComte-Sponville, mestre da Uni- ro, num de seus mais belos discurversidade de Paris, assinala que per- sos ("Pro Marco Marcello"), em doar não é repor a perda, nem es- que mostrou haver louvor e glória, quecer a ofensa, mas é, em verda- tanto na concessão, como no recede, cessar de odiar e eliminar o ran- bimento do perdão, mais na concor, sem deixar de combater a falta cessão do que no recebimento. Nós, e, o quanto possível, de compreen- que seremos levados à glória ao der o ofensor, esclarecendo que "a recebermos o perdão de Deus, jusmisericórdia não anula a vonta- tificaremos nossa criação tornande má do ofensor, nem renuncia a do-nos, de fato, semelhantes a Ele combatê-la, mas ela se recusa a pelo perdão que concedermos a compartilhá-la, a somar ódio a quem nos ofende. Nossa misericórseu ódio, egoísmo a seu egoísmo, dia nos tornará dignos dos mesmos cólera a sua violência; a miseri- louvores. Renovemos sempre a córdia deixa o ódio ao odiento, a súplica que Jesus nos ensinou: Pai, maldade aos maus, o rancor aos ajude-nos a perdoar a.queles que ruins". nos ofendem, com a mesma miseCom base em Descartes, o pro- . ricórdia com que Tu nos perdoas, a fessor francês lembra que, no fun- nós, que tanto o ofendemos. do, o perdão passa a ser uma necessidade para o próprio ofendido, ]unia e Mauro pois, se a ofensa nos deixa tristes, o Eq. 28B - Rio de Janeiro I Pequeno Tratado das Grandes Virtudes", Ed. Martins Fontes, 2002.

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50 ANOS, UMA VlDA ... De repente, na caminhada diária, numa manhã cheia de sol, voltamos ao assunto: "Daqui a dois meses estaremos completando cinqüenta anos de casados." 50 anos! Que número grande, quase assustador. Não é à-toa que as pessoas se admiram, olhando para nós com olhos redondos de surpresa. Na certa, estão pensando: "Nossa, afinal, quantos anos eles têm?" Mas, logo em seguida, a expressão muda e todos se mostram encantados. "Coisa difícil, hoje em dia, não é mesmo?" Na verdade, podemos dizer que não parece que passou tanto tempo desde o dia em que dois jovens apaixonados, despreparados e sonhadores, deram um ao outro o seu "sim", diante de Deus e de uma grande família emocionada. Não parece que vivemos juntos tantos momentos, difíceis, alguns, maravilhosos, outros. Um tempo em que fizemos muitas descobertas, um tempo em que tivemos que lutar com grandes dificuldades de todo o tipo, um tempo em que brigamos, mas também rimos muito; um tempo em que partilhamos experiências inesquecíveis e em que fomos nos aproximando de Deus, de mãos dadas, sem medo de mostrar ao Pai nossas fraquezas, nossas dificuldades, nosso amor pela vida e a vontade de segui-lo, assim mesmo. O grande dia chegou depressa. Lá estávamos nós: os filhos, as noras, os netos, anossa equipe, alguns de nossos arnigds que não poderiam faltar 28

com seu carinho e o nosso padre Félix que nos deu sua benção com um sorriso reconfortante, um carinho especial, na nossa missa de sábado à noite, diante da comunidade da Paróquia. A noiva (sei que todos têm certeza disso) estava mais linda do que no dia do casamento e o noivo, como sempre, muito simpático e charmoso ... Minha gente, que momentos excepcionais a delicadeza de Deus nos proporcionou! Como foi bom ter tido a coragem de não desistir facilmente, ter lutado para que o coração continuasse leve e o amor suplantasse acontecimentos que poderiam afetar a qualidade de nossa vida de casal. Como foi bom "nos desco-

brirmos no mesmo barco. Consentir nisso. Experimentar como um bem a não-independência". Como foi bom confiar em Deus e como o nosso Movimento e todas as pessoas que passaram pela nossa vida, até hoje, nos ajudaram nisso! É interessante também ver que a comemoração trouxe em si oportunidades de crescimento e doce alegria para todos nós. Temos três noras geniais e, uma delas, mobilizou toda a família e fez com que, num clima de mistério, de quase suspense, cada um, voltando ao passado, escrevesse para nós aquilo que sentiram em determinada época, trazendo de volta, acontecimentos que chegaram até nós carregados de inocência e beleza, de uma saudade tema que aqueceu nosso coração. Lembrando de fatos passados, CM 389


cada um escreveu o que sentiu nessas ocasiões e que não teve coragem ou oportunidade de falar. Deu para perceber a importância dos pequenos gestos de amor, de atenção, de presença. Tínhamos até esquecido de alguns desses gestos, mas, para a nossa turminha, eram um tesouro que eles guardavam zelosamente: sair de madrugada com o pai para um trabalho; o café da manhã sempre alegre, apesar do sono dos mais dorminhocos; a beleza dos domingos calmos da infância; os passeios pelos morros e pelas praias; o tempo que os netos passavam com os avós quando os pais viajavam ... Toda uma vida num lar em que se sentiam amados e percebiam o amor que unia seus pais. Se eu fosse falar de toda a riqueza

que nos trouxe o fato de celebrar profundamente as nossas bodas de ouro, ocuparia tanto espaço, roubaria tanto tempo e não teria falado tudo. Mas, esperem um pouco, talvez valha a pena contar a vocês a resposta que demos a um filho que nos perguntou, com um sorriso: -50 anos! Depois de tudo o que viveram e construíram juntos, realmente, devemos comemorar essa conquista, não é mesmo? - Sem dúvida alguma. Mas, a coisa mais importante que queremos comemorar não são os 50 anos, e sim a graça de Deus que nos faz sentir, ainda, o nosso amor muito jovem, muito fresco no nosso coração.

Wilma (do Orlando) Equipe 2A - ]undiaí, SP

UrvtA EXPER1ÊNC1A COMUNlTÁRlA Acabamos de passar por nossa Experiência Comunitária e entramos numa nova etapa da integração com o Movimento. Como vocês sabem, pois já viveram estes momentos, um sem número de novos sentimentos e pensamentos ocupam nossas mentes e corações. Por vezes, nos sentimos tão longe ... e até incapazes de nos transformar no ideal de pessoa que traçamos em nossas mentes. Os grupos são muito heterogêneos e durante a Experiência Comunitária imagina-se impossível a convivência entre personalidades, vocaCM 389

ções e fervor tão diferentes. Debates acalorados são realizado , dúvidas profundas levantadas, desconforto de alguns, pregação de outros ... Aos poucos, entretanto, pontos de convergência vão surgindo; respeito, tolerância e admiração ocupam nossos corações .. Tudo sob o olhar paciente e amoroso de nossos coordenadores. Hoje, ao avaliarmos nossa trajetória, podemos perceber que uma força muito estranha nos manteve juntos. E já sabemos a diferença entre unidade (ou unanimidade) e 29


união. Vimos também o quanto uma referencia espiritual pode ajudar o ser humano a aceitar e desfrutar das diferenças, enriquecendo sua vida. Devemos imaginar que o amor de Deus fez o pequeno milagre. E Ele o fez através do casal que nos guiou até aqui. O breve testemunho deve dar lugar, portanto, a uma homenagem. Certamente, poucas vezes em nossas vidas encontramos almas tão cheias de bondade, paciência e confiança em Deus e nos homens. Com certeza também, além do brilhante trabalho de catequese e criação de um espírito comunitário, vocês são colecionadores de almas. Porque nós já estamos apaixonados ...

Amigos, neste momento, queremos que se sintam gratificados pelo bem que já fizeram. Seja qual for o rumo que cada um possa tomar, daqui para frente, nós, todos nós, oferecemos a vocês, para sempre, nossa gratidão e amizade.

Marilene e Tony Eq. 29A - N. Sra. Mãe dos Homens Petrópolis, Região Rio II Nota: depoimento de um casal recém saído da Experiência Comunitária em missa de apresentação das novas equipes dos Setores A e B de Petrópolis.

UM EXEMPLO DE HOSPlTAllDADE Há quase dois anos participo das ENS; o primeiro ano, na experiência comunitária, atualrnente, na pilotagem, e quando nosso casal piloto nos falava sobre hospitalidade e disponibilidade, ficava pensando: "será que existem casais realmente capazes de hospedar pessoas 'estranhas' com todo carinho e atenção de uma fanúlia?" Mas me surpreendi quando precisei viajar do Rio Grande do Sul para Curitiba, juntamente com uma colega, para participar do N Fórum Olúnpico Nacional que foi realizado em outubro de 2003. Eu e minha colega, que não é equipista, fomos recebidas de braços abertos por dois casais equipistas e por seus familiares como se fôssemos da fanúlia. 30

Agradeço a Jesus e gostaria de agradecer de coração a esses casais: Ângela e Luiz, Rosimari e Robério, que agora já posso chamar de irmãos equipistas, pela disponibilidade com que nos receberam, mesmo tendo seus compromissos e afazeres dessa vida tão agitada em que vivemos. E para completar minha felicidade, minha colega ficou tão admirada com esses quatro dias maravilhosos que passamos com essas fanu1ias que está pensando em fazer parte das ENS quando receber o sacramento do matrimônio.

Silvani da Silva Ramos Eq. 8 - N. Sra. das Graças Santo Antônio da Patrulha, RS CM 389


PROV1DÊNC1A DlVlNA POR lNTERCESSÃO DE MARlA A nossa vivência no Movimento das Equipes de Nossa Senhora nos faz considerar a assunção de responsabilidades como um chamado do Senhor, que exige uma resposta de abnegação para servir e amar mais. Entretanto, quando fomos convidados para assumirmos como Casal Regional da Região Minas I, ficamos um pouco temerosos por não nos julgarmos capazes e nem preparados, até mesmo pelas circunstâncias em que esse chamado estava ocorrendo. Faltava-nos aquela certeza, aquela confiança de que poderíamos aceitar, como sempre fizemos, quando convidados para assumirmos responsabilidades, que sempre com a graça de Deus, desempenhamos, normalmente, com certa tranqüilidade. O convite foi feito e a nossa resposta foi positiva. Não tínhamos como recusar, já que havia necessidade de uma resposta rápida e o momento não nos dava alternativas e nem oportunidade para argumentos, para fugir com evasivas, coisa tão comum nestas ocasiões. A partir do "sim", começamos nossas orações à nossa mãe Maria, nossa padroeira pedindo que nos mostrasse que aquele era o nosso momento e que poderíamos assumir o serviço com a certeza da sua ajuda. Com este pensamento nós nos diCM 389

rigimos para Belo Horizonte para tomarmos posse provisoriamente na reunião do Colegiada Provincial. Ao chegarmos ao local do encontro onde ficaríamos hospedados, a Casa Central das Irmãs Sacramentinas, no bairro Eucarístico, encontrarmos logo na entrada a imagem de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento a nos esperar dando-nos as boas vindas, acolhendo-nos como uma mãe querida faz com seus filhos. Este foi um momento de grande emoção, pois sentimo-nos protegidos pela padroeira da nossa equipe de base e também patrona das irmãs Sacramentinas que, com o menino Jesus nos braços, nos convidava para entrarmos em sua casa, acolhendo-nos. Com seus olhos serenos e puros dizia que não temêssemos, pois ali estava ela a nos apoiar e proteger nesta caminhada de amor e serviço, com a bondade de mãe que sempre ampara os seus filhos. Não tivemos mais dúvidas e ali mesmo oramos, agradecendo ao Pai 31


supremo e à nossa mãe Maria por terem revigorado nossa fé nos desígnios de Deus e que este nosso "sim" fortalecido por Maria fosse também a manifestação da vontade do Pai. Com serena tranqüilidade, vivemos aqueles dias em companhia dos nossos irmãos e irmãs, mas principalmente com a padroeira da nossa equipe de base que tanto nos ajudou na nossa formação equipista e que ali estava em todos os lugares, . na capela, no refeitório, nos corredores, e agora, para sempre, em nosso coração a nos transmitir a tranqüilidade no cumprimento da

missão, a nos infundir a confiança no seu apoio. Como recusar, esconder, fugir, diante desta maravilhosa confirmação? Louvamos e agradecemos a Deus e pedimos perdão pela nossa momentânea falta de confiança. Agora, revigorados, estamos nos dedicando inteiramente ao serviço com confiança na ajuda e proteção de Maria. Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós!

Carmen Lúcia e Antônio CR Região Minas I

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CASAl M1SS10NÁR10 NA PRÁTICA! No maravilhoso Encontro Nacional de Brasília, Monsenhor François Fleischmann falou aos casais equipistas que "temos a missão de comunicar a alegria da fé - a fé em Deus, a fé no compromisso do Sacramento do Matrimônio, a fé no mistério da união do Cristo com a humanidade, fé que refletimos através da nossa vida". Na Carta Mensal de outubro de 2003, Pe. Mário José Filho convoca todos os casais equipistas a "mostrar no deserto, no rebanho, no campo, na cidade, que somos felizes e alegres pelo estado de vida que escolhemos". 32

A maioria dos casais equipistas busca realmente viver e proclamar esta alegria, esta felicidade e este amor que os caracteriza como casal cristão. Observei um lindo exemplo disto no II Encontro Nacional e 3° Latino-Americano de Voluntários e Instituições de Apoio à Criança com Câncer, realizado no início de outubro de 2003, na minha querida cidade de Florianópolis. Já estávamos quase terminando o Encontro e nossos olhos e corações estavam cheios de emoção com tudo o que já víramos e ouvíramos nas inúmeras e ricas palestras, CM 389


painéis e grupos, tendo a criança doente e o trabalho voluntário como assunto central. Então, já no entardecer do último dia parecia que não haveria mais novidades nem capacidade de maiores emoções. Mas eis que chega um voluntário paulista para falar sobre "Liderança nossa de cada dia": era Paulo Dantas Cardoso de Castro, que tomou o assunto inesquecível! Falando sobre os mais de 60 atributos do líder, Paulo empolgou a platéia heterogênea e alegremente surpreendida quando, para falar que o líder deve gostar do que faz e estar a serviço da felicidade, deu como depoimento a própria vida: ele e Janda, católicos, das Equipes de Nossa Senhora, de Campinas, vivendo um grande e duradouro amor dentro do Matrimônio. E falou sobre a melhor coisa do mundo, o casamento (e foi muitíssimo aplaudido!) E fez bela e comovida declaração de amor à sua Janda, voluntária como ele, e a quem, no final, presenteou com generoso e belo buquê de rosas (com direito a abraço, beijo e muitos aplausos). Este relato é apenas um pequeno resumo de um profundo e frutuoso gesto de um casal missionário como sonhou Pe. Caffarel: mostrar em todas as circunstâncias e lugares, frente a qualquer tipo de platéia, que somos felizes e alegres por termos escolhido o casamento e é nele que, juntos, buscamos construir felicidade também ao nosso redor. Parabéns, Paulo e Janda! Senti um santo orgulho de vocês, ao desCM 389

Mostrar em todas

as circunstâncias e lugares,

frente a qualquer tipo de platéia, que somos felizes e alegres por termos escolhido o casamento e é nele que, juntos, buscamos construir felicidade também ao nosso redor.

cobrir que também são equipistas e que seguem o figurino do Pe. Caffarel!

Mafalda (do Álbio) Equipe N. Sra. do Carmo Florianóp olis, SC 33


MlSSAO: ESPlRlTUAllDADE CONJUGAl "A semente é a Palavra de Deus" (Lc 8, 11)

O Movimento das Equipes de Nossa Senhora foi convidado pela Pastoral Familiar da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, em Londrina para, falar aos seus membros sobre espiritualidade conjugal. O casal lida e Max (eq. 5B) foi quem representou o Movimento. Embora a data escolhida não fosse a ideal, pois, nessa noite até o clima conspirava para que não houvesse este evento, tivemos, em nossa cidade, uma chuva torrencial juntamente com o frio. Desde o início não havia uma previsão do número de casais que iriam participar. Com o clima propício para não sair de casa, nossas expectativas ficavam reduzidas. Certos de que deveríamos seguir o evangelho de Marcos, pois "Semeador semeia a Palavra" (Me 4, 14), fomos com o coração aberto rumo à nossa nlissão de jogar a semente, sem nos importarmos quantos terrenos (casais) iríamos encontrar ou em que tipo de solo a semente cairia (Mt 13, 3-8). Para nossa grata surpresa, havia 25 casais e um ambiente muito acolhedor. Iniciamos com um trabalho em grupo, a fim de sabermos o que os casais entendiam e como eles viviam a espiritualidade conjugal, tendo o Espírito Santo ilunlinado a partilha de experiências entre os casais. Nas nossas intervenções, exal34

tamos que, para alcançarmos uma espiritualidade em casal, é preciso que tenhamos o objetivo de ultra- • passar o projeto indivi• dual, renunciando a um pouco de nós mesmos, para construir um projeto comum e que o projeto do sacramento ' do matrimônio passa pela vontade de Deus. Ao final, constatamos que o terreno já estava preparado pelo agricultor (Jo 15, 1), apenas aguardando ser lançada a semente. Se a chuva fizer germinar o grão e desenvolver a planta, após aquela noite, temos a certeza que haverá fartura de graças. Podemos dizer que valeu a pena ter dado o nosso sim e ter ido naquela noite chuvosa, lançar sementes, pois elas já gemlinaram em nós mesmos: os nossos celeiros estão repletos e valorizamos ainda mais os tesouros que conquistamos através dos Pontos Concretos de Esforço, os quais realizam maravilhas em nossas vidas.

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Edna e Gilberto Equipe 3B N. Sra. de Lourdes Londrina, PR CM 389


"O DEUS QUE ME CRlOU SÓ, NÃO QUER ME SALVAR SOZlNHO" Santo Agostinho Muitas vezes queremos fugir daquilo que o Movimento nos oferece para aprofundamento e formação por mera comodidade, mas foi em um desses momentos que surgiu o pensamento acima que nos conduziu a uma reflexão que abaixo transcrevemos. Tudo tem seu princípio num passado tão longínquo onde o presente e o futuro se confundem, pois é nesse tempo inimaginável que o Criador nos mostra que a comunidade supera a individualidade. Aí, neste tempo, ocorre a manifestação da comunidade perfeita: a Santíssima Trindade, três pessoas distintas, mas um único Deus. Fiel ao espírito comunitário, a sabedoria do Criador ao dar vida ao homem não o quer isolado no paraíso. Por isso, embora o texto sagrado nos dê uma idéia de que um longo tempo se passa entre a criação do homem e da mulher, podemos perceber que tudo ocorre de imediato, pois o Criador em sua imensa sabedoria e misericórdia não iria deixar que sua criatura sofresse de tédio e angústia. Olhando para aquela vida, que acabara de surgir, exclamou: " Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda" (Gn. 2, 18). No curso da História, percebeCM 389

mos que homens e mulheres são criaturas únicas e exclusivas, porém, desde que deixaram o paraíso, Deus os dotou de forças e os capacitou para não se isolarem, mas para constituírem juntos uma verdadeira comunidade: a famHia, onde teriam condições de sobreviver e lutar contra todas as adversidades. Conforme caminhamos com a História Sagrada, mais forte fica em nós a preocupação do Criador em não deixar que suas criaturas se isolem. Isso ocorre com os patriarcas, com os juizes, com os reis, .____I com os profetas ... Na plenitude dos tempos, ao enviar seu próprio Filho, poderia o Pai Celestial tê-lo feito de uma maneira mágica, colocando-o já adulto, na idade certa, na época certa de iniciar sua missão no mundo. Entretanto, coerente com sua própria vida comunitária, o Pai enviou seu Jesus por meio de uma família, mostrando assim que a salvação não é individual. Esse sentido comunitário se faz presente da concepção até o calvário; da manhã da ressurreição à ascensão, tendo seu ápice em pentecostes. Partindo de pentecostes, somos levados a pensar que ocorreu uma dispersão ("Ide por todo mundo e pregai o Evangelho"), mas, pelo contrário, fortaleceu-se o espírito comu35


nitário por meio de uma forte unidade geradora de uma sólida comunhão material e espiritual, pois todos se empenhavam em desenvolver a missão que lhes fora confiada. Contudo, encontravam-se fortemente ligados à Igreja nascente. Essa sólida comunhão, podemos encontrar ao longo da História, quer nos testemunhos dos inúmeros santos e santas, quer nos momentos em que o Espírito suscita o surgimento de uma ordem ou congregação religiosa. De modo peculiar, em nossos tempos atuais o Espírito do Senhor coloca em nosso meio mais um caminho de vida comunitária, que são as Equipes de Nossa Senhora. Desde o momento da sua fundação até nossos dias de hoje, tudo se encaminha para a vivência de uma vida comunitária, pois o próprio carisma confirma essa vida: Espiritualidade Conjugal. Pelo sacramento do matrimônio, há uma consolidação muito forte da vida em comunidade que o Senhor Deus quis para o homem e a mulher, desde o Paraíso, quando os abençoou em suas individualidades, criando dessa maneira o ser casal. Ao iniciar as Equipes de Nossa Senhora, o Espírito Santo não quer que a individualidade do ser casal impere nas famílias, pois essa individualidade poderia causar desânimo e fazer com que as famílias se aniquilassem e sucumbissem diante das tribulações e apelos negativos do mundo atual; mas quis a sabedoria divina que 36

os casais se juntassem em equipes onde pudes sem caminhar apoiando-se uns nos outros, sustentando-se mutuamente, encorajando-se diante das dificuldades. Mais ainda: suscitou uma regra que, atualizada, conforme o momento presente, servisse de estímulo para a caminhada. Para que a busca constante da espiritualidade conjugal proposta na regra não caísse no esquecimento, são colocados à disposição de cada casal os Pontos Concretos de Esforço, como verdadeiras doses homeopáticas de espiritualidade para fortalecimento da vida individual, do casal e da equipe. Seguindo o pensamento evangélico: '!não se acende uma lâm-

pada para deixá-la escondida", também nós não podemos de forma alguma trancar em um cofre particular nossos sucessos ou nossas quedas na caminhada. É preciso que façamos uma Partilha da nossa vida individual e de casal com a nossa Equipe. Essa Partilha que deve estar centrada na busca da vontade de Deus, nos conduz a procurar a Verdade para que sejamos impelidos à missão onde realizamos o Encontro e a Comunhão, que gerarão um testemunho verdadeiro de que a salvação é comunitária e, assim, fique bem claro que o Pai Celestial "me criou só, mas não me quer sozinho no paraíso".

Adair e Wilson. Eq. 4 - N. Sra. Aparecida Santa Rosa de Vitérbo, SP CM 389


Meditando em Equipe Ressurreição é o acontecimento maior do cristianismo . "Se Cristo não tivesse ressuscitado, seria vazia a nossa pregação, e vazia também a vossa fé" (I Cor. 15, 14). Participemos com toda a Igreja, durante cinqüenta dias, este grande fato. É o tempo pascal. Leia com a mente e o coração o Evangelho de João 20, 19-31 . Sugerimos estas pistas para a meditação pessoal e partilhada com a equipe: A fé é um risco. Não se trata de tocar e ver, mas de acolher um anúncio que é proclamado. Reflita e partilhe. •

Tomé duvidou dos companheiros. Como equipista, nós respeitamos e confiamos no testemunho dos irmãos? Pe. Ernani

Oração Litúrqica Salmo 30 (29) Eu te exalto, Javé, porque me livraste, não deixaste que os inimigos se rissem de mim. Javé, meu Deus, eu gritei para ti, e tu me curaste. Javé, tiraste do túmulo a minha vida, fizeste-me reviver dentre os que baixam à cova. Toquem para Javé, fiéis seus, celebrem sua memória sagrada . Sua ira dura um momento, e seu favor pela vida inteira. Pela tarde vem o pranto, e pela manhã, gritos de alegria. Quanto a mim, eu dizia tranqüilo: "Nunca serei abalado!" Javé, o teu favor me assegurava honra e poder, mas escondeste a tua face, e eu fiquei abalado. Para t i, Javé, eu gritei ao meu Deus eu supliquei : " O que ganhas com minha morte, com minha descida à cova? Acaso te louva o pó, ou proclama tua fidelidade?"


Regiões Paraná Sul Paraná Norte Santa Catarina Santa Catarina 11 Rio Grande. do Sul I Rio Grande. do Sul 11 TOTAL

Setores

Equipes

Casais Equipistas

SCE

6 6 6 5 8 5

56 51 68 38 73 41

274 291 348 200 399 222

39 41 51 22 54 24

36

327

1.734

231


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