ENS - Carta Mensal 371 - Abril/2002

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°371 • Abril!

2002

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES . ...... ....... . 24

EDITORIAL

Da Carta Mensal .. .. .... ........ ...... .... ..... 01 MARIA

Maria, Mulher de Fé ..... ..... .. ...... .. ..... 27

SUPER-REGIÃO

Padre Flavio SCE ............ ... .. .. ........ .. .. Apenas um Presente ............ .. ........... Normas Admin istrativas ................... Ser Casal ............................ ...............

02 03 OS 07

CORREIO DA ERI

Cristãos Hoje .. ...... .. .. ... ................... .. . 09 Felizes, no Espírito do Evangelho .... 11 Notícias Internacionais .. ... ... ............. 12 VIDA NO MOVIMENTO

EACRE 2002 ... ................................... 14 Folhas Vivas .... .. ... ........................ ..... 1 9

PARTILHA E PCE

Oração Conjugal : Pensa r Grande!!! ..... .. .... ......... .......... 28 ATUALIDADE

Ore com o Coração Aberto ....... .. .... . 30 Primeiro de Abril ......... ......... .. ....... ... 31 Sexua lidade ou Clonagem ...... ... ....... 32 REFLEXÃO

O Último Lugar ........... .. .... .. ...... ........ 34 Bom Dia .. . Sorria .... .. ............ ............ 36

TEMA DE ESTUDO 2002

As Bem-aventuranças do Casal ........ 20

Especial: Encarte O CASAL

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2002

Desafios e Propostas para o Di álog o 21

Carta Mensal é ti11UI publicaçiio mensal das Equipes de Nossa Senhora

Janet e e Nélio Pe. Ernani J. Angelin i ( cons. espiritual)

Edição: Equipe da Carta Mensal

Jornalista R esponsável: Catherine E. Nadas (mtb 19835)

Cecília e José Carlos

Editoração Eletrônica, Fotolitos e Ilustrações: Nova Bandeira Produ ções Editoriais Lula. R. Ve11âncio Ayres, 931 - SP Fone: (Oxxll) 3873.1956

(responsáveis)

Wilma e Orlando Soe/v e Lu i~ Augusto Lucinda e Marco

Projeto Gráfico: Alessandra Carignani Foto de Capa: José Carlos Safes Nova Friburgo, RS

Impressão: Grfifica Benfica

Ca11as, colaborações, notícias, testemunhos e imagens de1•em ser enviadas para:

Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° andar . conj. 53 OI 309-000 • São Paulo - SP Fone: (Ox.x /1 ) 3256. 12 12 Fax: (Oxx /1 ) 3257.3599 carra mensal@ens.org.b r

Tiragem desta edição: 15.500 exemplares

A/C Cecília e José Ca rlos


Queridos irmãos equipistas! Outono, tempo de beleza tranqüila, tempo do mais puro céu azul, tempo de Páscoa e de Ressurreição. Tempo de agradecer a Deus por tudo o que Ele nos tem proporcionado, bom tempo para amar melhor. Tempo propício para agradecer a vocês pela atenção e o carinho com que nos recebem em suas casas, pelas críticas que nos constróem, pelas palavras boas que nos incentivam e nos ajudam nesse trabalho fascinante da Carta Mensal. Gostaríamos também de aproveitar este momento para pedir a vocês, que são leitores fiéis da Carta, que divulguem entre os equipistas as coisas boas que ela contém, a oportunidade de formação que representa, a força de comunicação que ela possui, os testemunhos que relata e que nos encorajam na caminhada. Pedimos isso porque, infelizmente, uma grande parte dos equipistas não lê a Carta Mensal. Perdem a oportunidade de aprender, de fazer descobertas preciosas e de ter uma idéia atualizada dos rumos de nosso Movimento. Acreditamos que eles não saibam que a ausência deles como leitores e colaboradores impede que a seiva percorra o corpo do Movimento levando a vida para todos. Voltamos a nos encontrar, neste período de reflexão que a Quaresma nos suscita, especialmente naquilo que a Igreja do Brasil nos propõe através da Campanha da Fraternidade, um repensar da cultura indígena e sua relação com os preceitos evangélicos. Nossa Carta traz, também um encarte muito especial, que vai nos permitir um aprofundamento do tema de estudo deste ano equipista "SER CASAL" através da transcrição de palestra proferida pelo Pe. Flávio Cavalca, Sacerdote Conselheiro Espiritual da Super-Região Brasil, denominada "CASAL- IDEAL, LIMITES, ESPERANÇA", um verdadeiro poema. Será uma oportunidade de refletirmos sobre a nossa condição de casal cristão, que poderá servir de subsídio não só para nós, pertencentes às Equipes, como a todos os cônjuges que objetivam viver em busca da santidade conjugal. Publicamos as notícias dos primeiros EACREs que chegaram até nós, e sentimos o entusiasmo dos participantes e a disposição dos Casais Responsáveis de Equipe para trabalhar com mais intensidade nas suas equipes de base. Uma palavra de incentivo aos CRE também é dada por Silvia e. Chico, responsáveis pelo Movimento no Brasil. Rogamos a Deus que o Espírito Santo nos tenha iluminado na elaboração dessa Carta e que a sua leitura seja motivo de uma amorização e união maior de todos nós. Um abraço fraterno da

Equipe da Carta Mensal


Prezados casais equipistas e conselheiros espirituais. Terminamos o mês de março celebrando o Domingo de Páscoa. Há tempo li que, em algumas igrejas orientais, no tempo pascal, a saudação entre os cristãos é: "Cristo ressuscitou, aleluia!" E a resposta, cheia de alegria: "De fato ressuscitou, aleluia!" O verbo ressuscitar, através do latim, traduz o verbo grego dos textos originais: Cristo ergueu-se , reergueu-se, levantou-se da queda, do sono, da morte. Traz, pois, consigo a idéia de vitória (até certo ponto inesperada), de recomeço quando tudo parecia acabado, de vida que se manifesta inegável depois de morte pública e horrível. Dessa experiência vivida pelos discípulos e dessa certeza que abraçamos pela fé, nascem perspectivas básicas para a espiritualidade cristã. Aprendemos que a vida nova que recebemos não é vivida numa terra de fadas, mas numa terra de gente, onde há morte e sofrimento, limitação, injustiça e opressão. Mas também aprendemos que morte, limitação, sofrimento, opressão e injustiça não terão vitória definitiva, porque Deus pode no final levantar-nos, erguer-nos para a vitória da vida definitiva. E esse poder de Deus está em Jesus Cristo, que se reergueu , que se levantou de novo depois de condenado, morto e sepultado, e que está sempre entre nós. Não vivemos apenas de uma salvação acontecida no passado ou de uma 2

esperança jogada para o futuro. Vivemos de um Salvador vivo e presente. Partilhamos de sua vida, somos com ele uma pessoa, um corpo, um organismo. Somos guiados por seu Sopro de vida, todo o bem que fazemos nós o fazemos impulsionados por ele. Amamos porque ele nos dá a força amar, cremos porque ele nos seduz, não desesperamos porque o temos sempre no barco. Podemos ser bênção e salvação para o mundo porque somos seus enviados, para sermos suas mãos que tocam e curam, seus lábios que anunciam a paz, seus pés que percorrem o mundo, seus ombros que carregam a humanidade. No Domingo da Ressurreição e em todos os domingos celebramos esse reerguer-se de Jesus, fonte de nosso próprio reerguimento. Celebrar não é apenas f estejar ou comemorar. Na celebração litúrgica, Cristo e sua Igreja vivem morte-derrota-sepultura e ressurreiçãoreerguimento-despertar: anunciamos presente sua-nossa morte e proclamamos presente sua-nossa ressurreição. E o vivenciamos. Porque isso é verdade, vivamos como ressuscitados unidos em torno do Ressuscitado. Voltados sempre para mais vida, mais amor, mais justiça, mais verdade e mais perdão. Felicidades! Cristo está vi vo, aleluia.

Pe. Flávio Cavalca de Castro, cssr CM 371


APENAS UM PRESENTE Olá, gente amiga! Somos forçados a lhes pedir permissão, porque nossa fala vai especialmente aos Casais Responsáveis de Equipe. Aliás não é pouca gente, pois, segundo nossas estatísticas, iniciamos este ano com 2203 equipes. Mas não se sintam de fora, não. Afinal de contas, muita gente que nos estará lendo já exerceu anteriormente essa função, ou logo chegará sua vez. E, de uma maneira ou de outra, todos somos responsáveis pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Lembramos aqui as palavras do nosso GUIA DAS ENS, pág. 42 "As ENS, como um presente do Espírito Santo, são confiadas aos bons cuidados de todos os seus membros. A responsabilidade do seu desenvolvimento, de forma a permitir que outros ·casais vivam esse dom de Deus, é de cada equipista, sem exceção". De qualquer maneira, a importância do papel e da missão do Casal Responsável de Equipe é algo fundamental. Os documentos do nosso Movimento propõem que a escolha do Casal Responsável se faça em clima de oração, buscando a inspiração do Espírito Santo, e que a escolha recaia no casal que, naquele momento da história da caminhada, seja o que melhor possa responder aos apelos de Deus. Não é, pois, uma escolha por criCM 371

Toda a organização, toda a estrutura do Movimento está voltada para auxmar e

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serVJr a eqwpe de base, pois é justamente aqui, nesta sua equipe, que o Movimento realmente se realiza e acontece.

tério de inteligência, de capacidade, de liderança ou qualquer outro destaque humano. O que Deus pede a você, Casal Responsável de Equipe, é simplesmente amar mais. E isso todos podem fazer, independentemente do conhecimento, do saber, da competência etc. O Casal Responsável de Equipe, numa síntese clara, é o responsável pelo amor fraterno, pelo amor que ele dará de si mesmo e pelo 3


amor que ele fará emergir em cada irmão de equipe, para que todos encontrem na vida daquela comunidade o auxílio de que necessitam, para que cada um se sinta respeitado, acolhido e amado. Toda a organização, toda a estrutura do Movimento está voltada para auxiliar e servir a equipe de base, pois é justamente aqui, nesta sua equipe, que o Movimento realmente se realiza e acontece. Se uma equipe não vibra, se uma equipe se fecha, se uma equipe se acomoda, se uma equipe não é comunidade, se uma equipe se desvia, o Movimento no seu todo sofre e fica comprometido diante do seu ideal e de sua yroposta. E por isso que você, querido Casal Responsável de Equipe, é importante demais. Você tem nas mãos a possibilidade de oferecer a seus irmãos de equipe as chaves para serem felizes no casamento, na família, para fazerem a experiência do encontro com o Deus de amor. Já pensou se, ao final deste ano, você pudesse medir o crescimento espiritual e humano da sua equipe, e concluir que ela evoluiu? Já pensou se aquele casal irmão que estava meio confuso no seu relacionamento conjugal descobriu uma maneira de reagir, graças ao seu entusiasmo; se alguém que estava contente com a própria mediocridade despertou, diante do seu comprometimento sério; se alguém que se sentia sozinho abriu-se para a confiança na ajuda do irmão e foi você, com seu testemunho, que botou fogo na fornalha do auxílio-mútuo fraterno? 4

Imaginou se, pela sua oração, você levou sua equipe a chegar mais pertinho de Deus e deixou-se apaixonar por esse mistério insondável de Deus que insiste em participar de nossa vida? Quem sabe não poderá ter sido o seu amor exigente que mexeu nos brios de sua equipe enclausurada e a fez despertar para as necessidades da Igreja, ou das carências e injustiças do mundo, e ali plantou um sinal de alegre esperança ou de solidariedade concreta? Não sei se precisamos dizer muita coisa mais. Apenas que uma missão somente cumprirá seu objetivo se realizada em clima de amor e de oração. Já um antigo sacerdote conselheiro espiritual da Equipe Responsável Internacional, Pe. Tandonnet, dizia: "Uma responsabilidade espiritual só pode ser recebida do Senhor e ninguém pode se apropriar dela. Isto quer dizer que é preciso manter-se em união com Aquele que nos confiou essa responsabilidade " . Neste ano, Deus confiou às suas mãos toda a riqueza de sua equipe, de seus casais e conselheiro, das propostas do nosso Movimento. Não é um peso ou uma carga insuportável. É apenas um presente. Para recebê-lo bem sua resposta é só amar, e disso você é capaz! Obrigado desde já por esse lindo amor que florescerá em sua equipe! Com nosso carinhoso e fraternal abraço,

Silvia e Chico CR Super-Região Brasil CM 371


NORMAS ADM1N1STRATIVAS Caro Equipista, Dia após dia, a cada manhã, as criaturas louvam o Criador que lhes envia o seu sopro, renovando a face da terra. No ano de 2002 não será diferente. A cada manhã, você é nova criatura, o seu cônjuge, seus filhos , o casal responsável pela sua equipe (mesmo que já o tenha sido anteriormente). Os interesses são novos, como o tema de estudo "Ser Casal" que aprofunda a essência de sua escolha de vida, os preparativos para o I Encontro Nacional das ENS do Brasil, em Brasília em 2003 ... O Secretariado Nacional tem suas novidades também: as Normas Administrativas para 2002, que contêm um Plano de Trabalho para o ano e a padronização do Cadastro e do Reembolso de Despesas. Assim, nos Encontros Provinciais que acon-

A partir de 2002, o Setor é responsável pelas alterações de endereço dos seus equipistas no Secretariado Nacional.

teceram no final de 2001, cada Casal Responsável de Setor, Região e Província, recebeu um exemplar para trabalhar com seu colegiado e divulgar aos demais equipistas. Entre as novidades, uma informação é de interesse de todos os equipistas: o código da sua equipe no Cadastro Geral das ENS. Este código já existe há algum tempo. Será mais usado a partir de agora. Vejamos como é formado.

Código da Equipe Cada equipe é representada por um código no Cadastro Geral das ENS, fornecido pelo Secretariado Nacional, obedecendo a critérios definidos pela Super-Região Brasil. O código da equipe são 06 (seis) números arábicos. Ex.: Código da equipe no Cadastro Geral das ENS- 050210 Esta equipe pertence à Região São Paulo Sul II (05), é do Setor de Itu, SP (02), é a décima (10) equipe daquele Setor cadastrada pelo Secretariado Nacional.

Observação

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O número da equipe no código do Cadastro Geral das ENS não é necessariamente o mesmo número desta equipe no Setor, devido aos critérios utilizados nas multiplicações dos setores.

Observação

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As equipes novas recebem seu código do Secretariado Nacional CM 371

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quando o Casal Responsável de Setor envia o cadastro, comunicando o início da pilotagem, conforme o modelo padronizado pelas Normas Administrativas. É muito importante que todo equipista saiba o código da sua equipe. Você sabe? Para conferir, procure-o na etiqueta de endereço na capa desta Carta Mensal (é o primeiro número que aparece na etiqueta) ou no boleto bancário da contribuição mensal da sua equipe. Por exemplo, o código da sua equipe será utilizado quando você alterar o seu endereço. A partir de 2002, o Setor é responsável pelas alterações de endereço dos seus equipistas no Secretariado Nacional. Cada Setor tem um controle para manter atualizado o endereço dos seus equipistas. Então, informe prontamente ao seu Setor, as mudanças do seu endereço , que este repassará ao Secretariado Nacional, conforme o modelo padronizado pelas Normas Administrativas 2002. Agindo assim, você estará garantindo o recebimento da correspondência do Setor e especialmente a Carta Mensal. O código da sua equipe no Cadastro Geral das ENS é importante também para a inscrição no I Encontro Nacional das ENS do Brasil, de 17 a 20 de julho de 2003, em Brasília. Será utilizado para cadastrar sua equipe, reservar o hotel e até confeccionar o crachá que você usará em Brasília em 2003! Caro equipista, com a graça de Deus somos muitos. Em 01 de dezembro de 200 l registramos 2.179 6

Para garantir que a seiva da esphitualidade conjugal chegue a cada pequeno broto, precisamos do auxilio do Plano de Trabalho, de algumas normas padronizadas e da compreensão e colaboração de todos.

equipes com 13.107 casais e 1.509 conselheiros espirituais. Para garantir que a seiva da espiritualidade conjugal chegue a cada pequeno broto, precisamos do auxilio do Plano de Trabalho, de algumas normas padronizadas e da compreensão e colaboração de todos. Rogamos a Maria, corno em Caná, que interceda junto ao seu Filho, pelas nossas necessidades. Amém! Fraternalmente,

Vera e José Renato Casal Secretaria e Tesouraria CM 371


Palavra do Provincial

SER CASAL Celebramos em janeiro, trinta anos de vida conjugal e a preparação deste artigo foi excelente oportunidade para uma revisão profunda da nossa vida. Foi como um filme que vai se desenrolando, exibindo ora cenas divertidas, ora momentos tranqüilos, ora tempos difíceis, e, por que não dizer, bastante difíceis para quem estava começando uma vida a dois. Agradecemos a Deus por nos ter chamado para as Equipes de Nossa Senhora quando tínhamos quatro anos de casados e já com três filhinhas, pois foi no Movimento que aprendemos a caminhar como casal cristão ansioso por escrever sua história conjugal original e inédita. Quantos ensinamentos, quantos momentos ricos de troca de vivências aconteceram durante todo este tempo! Aprendemos que uma história de amor é, acima de tudo, ativamente construída e que toda construção demanda tempo e paciência; ou nos dedicamos ao cultivo desse amor, ou ele certamente está condenado a morrer, como qualquer outra experiência humana. Ele não sobrevive como por encanto, mas precisa do nosso zelo e do nosso carinho. Já no Génesis, podemos constatar que o amor humano conjugal é um presente de Deus. Aparece com o próprio nascimento do homem e da mulher, faz parte da nossa natureza humana: eu e tu somos chamados a criar um "nós". E é aqui que reside toda a riqueza da conjugalidade: quanto mais me dou, me abro ao outro, entrego a CM 371

ele toda a minha afeição, mais me sinto livre, mais me liberto de mim mesmo, de minhas próprias prisões. Aprendemos a não enxergar as transformações que vão acontecendo ao longo da vida a dois como rupturas ou perdas, mas como passos decisivos em direção à formação de uma consciência do casal ou, como afirma o Papa João Paulo II, em direção à "harmonia de mentalidade e comportamento" (Farniliaris Consortio·no 34). Importante nos parece aqui ressaltar que harmonia não deve ser entendida como igualdade, mas, pelo contrário, compreender que· o amor amadurecido é, segundo Eric Fromm, "união sob a con-

dição de preservar a própria individualidade", pois "no amor ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um, contudo, permaneçam dois" (A arte de amar). O amor ao outro me leva a sair de mim, a despojar-me de meu egoísmo e a ex7


perimentar como um bem a não-independência, a reciprocidade verdadeira onde não há lugar para atitudes utilitárias, o genuíno relacionamento interpessoal que supere, dentre outros, os perigos de tratar o outro como um objeto, mesmo que seja o de estimação. O cônjuge é alguém com quem me comprometi voluntariamente para viver, segundo as palavras do Papa Paulo VI, um amor conjugal autêntico porque "humano, total, fiel e fecundo" (Humanae Vitae no 9). Aprendemos também que não há vida conjugal perfeita, não há história de casamento sem crises e quantos casais já desistiram prematuramente de uma vida a dois porque se miravam em algum modelo que julgavam inatingível e não tiveram a paciência e perseverança de "dar o primeiro passo necessário para caminhar um quilômetro". Todos somos limitados, chamados a viver no dia a dia uma espiritualidade encarnada com sucessos e dificuldades e a crise não representa o fim, ao contrário, pode ser oportunidade real e decisiva na construção de uma relação verdadeira. Mais grave do que a crise é certamente a indiferença ou o silêncio em que vivem certos casais. Esse, na nossa opinião, é o maior inimigo, que habita nas relações onde a rotina e os momentos de tédio são predominantes. Aprendemos ainda que a convivência diária com o cônjuge nos ensina a virtude da humildade, onde o bem do outro e sua felicidade tomam-se minha preocupação maior. Eu o preferi a todos os outros, reconheço-o como único, preciso fazê-lo feliz: essa deve ser a minha maior alegria. 8

Aprendemos que o amor é uma força que produz amor; daí o casal cristão não poder ignorar sua responsabilidade em relação à missão, mostrando a outros casais a possibilidade concreta da felicidade no casamento. Aprendemos que no casamento, à medida que o tempo passa, o

amor que une o casal vai adquirindo um sabor cada vez melhor. O tempo é aliado importante do amor de tal forma que muitos cônjuges, quando ficam viúvos, não sobrevivem à saudade tal foi a unidade construída pelos dois. Aprendemos nestes quase vinte e seis anos de pertença às Equipes de Nossa Senhora, que elas nos oferecem possibilidades reais para vivermos o casamento como caminho para a santidade. Todos os recursos estão à nossa disposição e, dentre eles, ressaltamos os Pontos Concretos de Esforço; tudo só depende de nossa adesão e de nossa perseverança. Tudo isso e muito mais aprendemos, mas, sobretudo, aprendemos a nos colocar perante o Senhor na intimidade de nossa oração conjugal, reconhecendo, de um lado, nossa vontade de acertar apesar de tantas falhas e, de outro, seu amor de Pai, sua misericórdia infinita. Louvamos e agradecemos a Ele porque um dia permitiu o nosso encontro oferecendo-nos assim a possibilidade de escrever a nossa história, o nosso ser casal.

Regina Lúcia e Cleber CR - Província Leste CM 371


CRlSTÃOS HOJE / Para Viver e Fazer Viver as Bem-aventuranças Não é, a felicidade, a busca permanente do homem? Responder, na nossa vida, a essa questão que atravessa o tempo e o espaço, leva-nos, a todos, ao mais profundo de nós mesmos e nos ultrapassa. A Palavra de Deus nos dá uma primeira resposta: ''Amarás o Senhor; teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!' (...) e "amarás teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37-39). As Bem-aventuranças são uma segunda resposta do Cristo: "Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!" (Mt 5, 3-10) Como resposta a essa grande busca da felicidade e da santidade pelo homem, as Bem-aventurança nos convidam a nos descentralizarmos de nós mesmos, de nossa vida de casal, da sociedade em que viCM 371

vemos, para acolher a felicidade como ela realmente é. Mas o homem tem grande dificuldade em esvaziar-se de si mesmo e de se voltar para aquele que é a verdadeira felicidade e a verdadeira alegria. Pelas bem-aventuranças, Cristo nos mostra o caminho que podemos tomar para chegar à felicidade. Mas, quando lemos as Bemaventuranças, um perigo nos ameaça: aquele de não reter nem a primeira frase, nem a promessa contida na segunda. A palavra "felizes", a primeira de cada uma das bem-aventuranças, não pode dar a impressão de uma provocação quando contemplamos o pessimismo, a indiferença e a angústia do mundo de hoje? Ela se toma difícil de aceitar, mesmo para os cristãos. Tomar consciência dessa realidade de nossa vida, é também nos interrogarmos sobre nosso ideal cristão vivido em casal. É nos interrogarmos sobre o ca amento como vocação, e colocar a questão da felicidade, não como a busca de respostas às ilusões que alimentamos, mas 9


como realidades a serem vividas. O homem que busca uma realização total, uma plenitude, encontra no amor do casal e no casamento um caminho humano para viver a verdadeira felicidade. Mas, viver no espírito das Bem-aventuranças permite passar da ilusão da felicidade a uma realidade santa, pois tudo o que vivemos encontra-se no seu cerne. As Bem-aventuranças são achave da lei do Cristo! Há Bem-aventuranças para os puros, para os pobres, para os misericordiosos, para aqueles que sofrem, às vezes, a perseguição e o sofrimento, para aqueles que têm sede de justiça. Bem-aventurados os que choram, porque as coisas não vão bem. São todos esses valores, frutos do Espírito Santo, que somos levados a viver na realidade de nossa união conjugal: o amor, a paciência, a bondade, a paz, a doçura, o controle de nós mesmos. São frutos do Espírito Santo, são frutos do amor humano. Viver segundo as Bem-aventoranças é exaltar suas virtudes, porque elas são fortes e necessárias para manter a direção de nossa vida no Senhor. Resta, entretanto, para quem ouve as Bem-aventuranças, uma hesitação permanente e pecadora que nos impede de dar o passo decisivo: "Se queres ser peifeito, vai, vende teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me". (Mt 19, 21) Para cada um de nós, as Bemaventuranças são, ao mesmo tempo, o que somos, o que vivemos, nossa felicidade... e um programa, 10

um convite à conversão, a mudar de direção, a fazer a escolha certa para ser feliz de verdade. As Bem-aventuranças são a expressão de uma felicidade que passa da ilusão à realidade, do "ter" ou do "saber", para "o ser". Quando damos o nosso "Sim", estamos dizendo ao mesmo tempo: Felizes, se somos pobres no nosso amor a construir. Felizes, se somos mansos e ternos na nossa maneira de agir. Felizes, porque choramos nosso egoísmo e nossa vaidade. Felizes, porque temos fome e sede de aceitar, além das diferenças, tudo o que nos complementa. Felizes, se estamos sempre prontos para o perdão, para a reconciliação, para acolher os defeitos do outro e para nos ajudarmos mutuamente no crescimento da unidade profunda de nossos corações. Felizes, quando nosso coração é puro nesse ideal de felicidade que desejamos para nós mesmos, para o outro, para aqueles que nascerão do nosso encontro. Felizes, se somos promotores da paz no lar que construímos no dia a dia, seja qual for a nossa idade. Felizes, quando nosso coração se abre à conversão para se abrir à paz. Felizes, porque tomamos uma posição e porque somos fortes na nossa fé, vivendo na esperança e plenamente realizados através de nosso amor.

Gérard e Marie Christine de Roberty CR Equipe Internacional (ERI) CM 371


Carta do Conselheiro Espjritual

FEllZES, NO ESPlRlTO DO EVANGELHO É extraordinária a fascinação que as Bem-aventuranças exercem nas circunstâncias mais diversas! Alguns escolhem essa passagem do Evangelho para a liturgia da Palavra num batismo; outros, para o matrimônio, outros para a missa de uma pessoa falecida. Não se trata de dizer e repetir felizes, querendo esquecer tudo o que impediria alguém de ser feliz . Não se trata de glorificar a pobreza por ela mesma, nem as lágrimas, nem a perseguição. Não se trata, menos ainda, de dizer que o Reino dos Céus é uma promessa de compensação aos sofrimentos do mundo. Será que nós temos, mesmo confusamente, a intuição de que as Bem-aventuranças da alma pobre, da mansidão, da compaixão, da misericórdia, da pureza do coração, da busca da justiça e da paz e, também, da fidelidade que resiste mesmo quando somos ridicularizados ou perseguidos, de que tudo isso descreve, no fundo o próprio Cristo, de que tudo isso nos convida a nos revestirmos do Cristo, como diz São Paulo, a viver a comunhão já consagrada com Cristo e em Cristo por ocasião do nosso Batismo? E essa espiritualidade da comunhão com Jesus que as Bemaventuranças esboçam, não é, ela também, uma chave da felicidade do casal? Os esposos sabem que CM 371

são felizes por poder contar com o dom de Deus na pureza de seu amor mútuo, na doçura das relações entre eles, na pobreza aceitada pela generosidade comum com relação aos filhos, no acolhimento da misericórdia divina se lhes acontece de se ferir um ao outro, ou no seu sustento mútuo nos momentos de dificuldade. Estou enviando a vocês esta mensagem muito simples, num tempo em que a guerra destrói e mata, incessantemente, povos inteiros, e o Papa acaba de pedir a todos os homens e as mulheres do mundo que têm uma religião para rezar pela paz. Ousemos dizer: feli zes os que promovem a paz, tanto na vida do casal, como na vida pública! Ousemos buscar juntos a justiça e a paz! Ousemos destruir o que resta de dureza nos 11


nossos corações, para lançar sobre nossos contemporâneos, ou sobre todos , o mesmo olhar de misericórdia de Jesus. Nessas condições, abre-se para nós o caminho da Bem-aventurança no Reino dos Céus, o caminho pelo qual Cristo nos conduz

a ver o Pai, a entrever, agora, a grandeza de sua vida e de seu amor e, mais tarde, a entrar plenamente na comunhão infinita do Filho com seu Pai, no Espírito de verdade e de santidade.

Pe. François Fleischmann

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NOlÍClAS 1NTERNAC10NA1S Um grito: "Ajude-nos a levar o Evangelho aos quatro cantos do mun do "

Muitas vezes, em vários lugares do mundo, ouvimos dizer: "Por que temos que dar uma contribuição para as Equipes ...? O movimento das Equipes de Nossa Senhora não tem necessidade de ajuda financeira ... Seria melhor dar esse dinheiro para obras de caridade". Vocês sabem que, hoje, nosso Movimento, implantado em 62 países do mundo, recebe o apelo insistente e urgente de numerosos casais que nos pedem para lhes levar a Boa Nova sobre o casamento e sobre a farru1ia? Nem sempre podemos atender às suas expectativas, pois precisamos nos deslocar para encontrá-los, para pilotar suas equipes novas, para lhes levar essa formação da qual eles têm sed.e e fome, essa formação da qual, às vezes, têm mais necessida12

de do que de comida. A esperança desses casais passa pela ajuda mútua que lhes levam aqueles que estão bem longe, e para quem nem sempre aparecem claramente a urgência da missão de implantar em regiões tão longínquas esse Movimento que eles vivem no calor de suas equipes. Vocês sabem que uma pequena parte da sua oferta para seu setor, sua super-região é entregue à Equipe Internacional, que pode, assim, ajudar os países mais pobres, as regiões mais carentes a organizar a expansão do Movimento, organizar sessões de formação, retiros e também a solidariedade, a ajuda mútua espiritual e material? Como não pensar em nossos irmãos equipistas, naqueles que querem se juntar a nós e 9ue estão mergulhaCM 371


dos em países contrários à fé cristã? Países da África, do Oriente Médio da Ásia, do Extremo Oriente... Como não pensar naqueles casais cristãos, que procuram reconstruir sua igreja em países recentemente liberados das opressões políticas ou que redescobrem a fé cristã, as graças do matrimônio e da farm1ia? Países do leste europeu, países submetidos às ditaduras ... Como não pensar naqueles que são minoria em países de forte tradição cristã: Holanda, países do norte da Europa? Como não pensar nas necessidades de nossos irmãos da América Latina, a quem as condições econômicas impedem, às vezes, de chegar a uma vida de equipe que lhes permita viver melhor sua vida de casal e de família? Se nós acreditamos que Cristo se encarna em nossas vidas, em nossas partilhas e que a esperança dos casais de hoje, para existir, tem necessidade de tudo aquilo que as Equipes de Nossa Senhora levam aos casais, então devemos abrir, generosamente, nosso coração para que tenhamos os meios de levar a Palavra de Deus e o nosso Movimento aos quatro cantos do mundo. Na carta "Novo Millenio Ineunte" que conclui o Jubileu e se abre para o novo rnilênio, o Papa João Paulo II nos lembra qual é a aposta de caridade para nossa época; procuremos ler de novo essas passagens e comecemos a agir. As necessidades são muitas e devem questionar nossa sensibilidade cristã. Não devemos permanecer afasCM 371

Como não pensar em nossos irmãos equipistas, naqueles que querem se juntar a nós e que estão mer91.4lhados em pafses contrários à fé cristã? tados e insensíveis às necessidades de nossos irmãos, não somente às necessidades materiais, mas também - e esta é nossa missão - às necessidades espirituais. Para nós, casais das Equipes de Nossa Senhora, a caridade é a ajuda levada àqueles que querem viver o sacramento do matrirnônio e que buscam, desesperadamente, urna mão estendida para lhes levar o que nós já encontramos no carisma de nosso Movimento. Gritamos bem forte para acordar nossas consciências e lhes fazemos um apelo para que vivam a ajuda mútua fraterna pelo seu engajamento pessoal e financeiro para sustentar a obra de evangelização das Equipes de Nossa Senhora no mundo todo. Façamos uma releitura do Evangelho da viúva: doemos, não o necessário, mas um pouco de nosso supérfluo! Muito obrigado.

Gerard e Marie-Christine de Roberty 13


EACRE 2002 Reqião Norte 11 Provinda Norte Nos dias 26 e 27 de janeiro de 2002, realizou-se no Centro Social de Nazaré, o XIV EACRE daRegião Norte II. O Encontro contou com a presença do C.R. da Província Norte, Graça e Encarnação, do C.R. da Região Lili e Constantino, do Mons. Marcelino, SCE da Região, bem como dos Casais Ligação, Responsáveis de Setor e os Casais Responsáveis de Equipe. Foram desenvolvidos vários temas relacionados com o casal, tra-

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zendo muita contribuição para a caminhada dos presentes. Outro assunto que veio ajudar a esclarecer os participantes deste EACRE, foi sobre o "Mutirão", que proporcionou para alguns participantes muitos esclarecimentos, no sentido de se encontrar uma melhor e mais ativa participação dos equipistas. Graça e Encarnação falaram sobre "O Casal - Ideal, Limites, Esperança", e também motivou-nos a participar do Encontro Nacional, em Brasília, no próximo ano. Mons. Marcelino falou com muita propriedade sobre "Natureza e

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Histórico da Campanha da Fraternidade" e o bispo auxiliar Dom Carlos Verzeletti focalizou com certa preocupação as "Questões da Igreja local, chamando a atenção de todos sobre a necessidade que tem a Igreja da nossa cooperação como cristãos comprometidos que somos e que tanto recebemos do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. O casal Lili e Constantino apresentou o documento lançado recentemente "Guia das Equipes de Nossa Senhora". Temos a certeza de que a cada ano, os momentos vividos durante o EACRE tornam-se mais marcantes, e acreditamos que a missão de cada casal responsável de equipe será exercida com muita dignidade e compromisso, levando-nos a refletir com maior interesse sobre a missão ora confiada. Dirce e Mourão Eq. JSA - N. Sra. da Glória Belém, PA

... Região São Paulo Centro J O EACRE 2002 da Região São Paulo Centro I, realizado nos dias 2 e 3 de fevereiro, em Bragança Paulista, foi um testemunho de organização, amizade, solidariedade, fraternidade, oração e de afirmação com o objetivo proposto pela ERI: "Ser Casal Cristão hoje na Igreja e CM 371

no Mundo", como agente de transformação. O acolhimento dos equipistas de Bragança Paulista, foi marcante. Nas ruas, e nas esquinas faixas, dando as boas vindas e indicando o caminho para os participantes de Valinhos, Vinhedo, Morungaba, Indaiatuba, Campinas, Americana, Limeira e Araras. A Celebração Eucarística inicial do encontro, foi presidida por Dom Bruno, bispo da Diocese de Bragança Paulista e conselheiro das equipes, que também proferiu a palestra: "O Casal - Ideal, Limites, Esperança". O casal Heloisa e José Augusto (CRS Limeira/Araras), apresentou aspectos reais vividos nas Equipes, onde devemos estar sempre vigilantes, para corrigir desvios, motivar os casais na sua vocação cristã, entender os valores dos PCEs, manter o bom relacionamento, e muitos outros pontos. E motivou a todos os equipistas, em cada Setor, a fazer um grande Mutirão em 2002, com a finalidade da unidade do Movimento . Sheila e Francisco (CRR São Paulo Centro I), convocaram todos os equipistas a lutar contra a violência crescente, a falta de amor, a falta de paz, a falta de perdão. Também pediram aos equipistas que dêem apoio incondicional ao 1o Encontro Nacional dos equipistas em julho de 2003, em Brasília. Altimira e Paulo, Casal Provincial Sul I, presenteou a todos com uma reflexão profunda, porém, suave, sobre espiritualidade conjugal. 15


No sábado à noite, após o jantar, os casais tiveram uma reflexão sobre a nossa Contribuição Mensal. Fechando a noite, um momento forte da vida de casal, com a renovação das promessas matrimoniais. A homilia do Frei Caetano, na celebração eucarística de domingo, enfatizou como uma das bemaventuranças do casal, a força da oração conjugal, para que o casal, seja um agente transformador na vida cotidiana. Também foi motivado todos os casais a participarem com a Igreja, ativamente, na Campanha da Fraternidade 2002. E por fim, no 16

envio, Frei Luis, encerrou o EACRE, com um momento de grande sensibilidade entre os casais, e nos lembrando que "Deus nos chama a ser sinal de seu amor, onde há falta de amor". Sheila e Francisco CRR São Paulo Centro I

••• Regido Sdo Paulo Centro lV Realizou-se nos dias 2 e 3 de fevereiro, na cidade de Araraquara, CM 371


nosso EACRE, reunindo casais de São Carlos e os da casa. A Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Mário Cavaretti, SCE do Setor de Araraquara, abriu o encontro, levando todos à reflexão do "Ser Casal" a partir do tema "Homem e Mulher Ele os criou". As pessoas convidadas para dirigir as reflexões, esmeraram-se na preparação. O que foi apresentado fez com que todos discutissem muito, nos grupos e chegassem a algumas conclusões sobre as orientações a serem levadas para as suas equipes , animados com sua responsabilidade e motivados para ampliar o significado amplo do acolhimento, do ser comunidade, do ser equipe. A primeira colocação "Ser casal" (Isabel e Cássio) mostrou que somos seres capazes de amar, essência humana mantida dinâmica e com objetivo de aperfeiçoamento para sermos um só nesse amor, semelhantes à Santíssima Trindade. Mostrou também a importância da Oração Conjugal . A Íride e o João apresentaram o Tema de Estudo do ano, enfatizando o modo como se propõe o e tudo e a necessidade de que ele seja feito com antecedência, ao longo do mês e abordado com profundidade nas reuniões de estudo e mensal, acrescentando à vivência, algo que nos leve à nossa conversão. O casal deu um destaque especial ao Dever de Sentar-se. A partir da motivação de um vídeo, fizemos o estudo dos "Dez Pontos de Unidade do Movimento". CM 371

O Mutirão foi apresentado pelo CRS de São Carlos, Sílvia e Marcel. A dinâmica empregada pelo casal, foi ótima e motivadora. O casal Sílvia e Marcel fez um levantamento das prioridades elencadas pelos casais, a serem trabalhadas nos mutirões que deverão acontecer neste ano e ofereceu a síntese dessas prioridades aos demais CRS da Região. Teresinha e Agostinho, Casal Provincial, abordaram o tema do Encontro Nacional e fizeram com que já se tomassem providências para a nossa ida a Brasília em 2003 e também apresentaram o "Guia". Conseqüência: a venda dos exemplares do documento. Os que tínhamos foram insuficientes para atender a demanda. No domingo, após a liturgia do "Casal Remido" pelas Bodas de Caná, nós mesmos abordamos "A mística da Partilha", conforme decisão do Colegiado Provincial. Enfocamos a vivência das atitudes incorporadas a partir da vivência dos PCEs. Também demos aos responsáveis eleitos para o ano de 2002, a síntese do balanço, abordando item por item, a fim de orientar para o planejamento do ano. Dom Joviano, Bispo Diocesano, auxiliado pelo diácono João Tognolli, encerrou o encontro com o tema "O casal e as bem-aventuranças" . Na cerimônia do envio houve um momento dedicado a paz.

Lenice e Luiz CR Região S. Paulo Centro IV 17


FOLHAS VIVAS Você sabia que um vegetal faz seu próprio alimento, graças ao estímulo da luz? E sabe onde isto acontece? Nas folhas! Sim, nas muitas folhas de diferentes formas, tamanhos e cores! A integração entre as folhas garante a sobrevivência da planta, a liberação do oxigênio para todos os seres vi vos do planeta e auxilia o vegetal a concluir sua função de crescer, produzir flores, frutos e sementes por gerações e gerações ... Jesus Cristo, em várias parábolas, utiliza-se das plantas: figueira, mostarda, vinha, trigo, lírios do campo ...

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Na árvore da vida é o próprio Deus que nos dá a seiva da eternidade, do amor, da fé ; Ele nos fortalece comunicando-nos sua graça e bênçãos! Deus Pai é o agricultor que cuida da planta. Jesus o tronco que leva todo o amor que recebeu do Pai até o menor broto, até o mais alto galho. O Espírito Santo é o calor do sol que nos dá energia, luz e estimula o crescimento. Olhe-se, agora, como uma pequena folha da grande árvore da vida! Você pertence à árvore da Humanidade, da Igreja, do nosso Movimento, de sua Equipe, de sua farm1ia.

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Equipes de Nossa Senhora

Temas de Formação

O CASAl ldea1, limites, Esperança

I Pe. Flávio Cavalca de Castro

Antes de começar, três observações: Primeira: estou plenamente convencido que quem deveria estar aqui falando deveria ser um casal para falar de experiência própria, dos seus ideais, das suas dificuldades, das suas esperanças. Segunda observação: falando de casamento não vou levar em conta novas concepções de casamento, novas idéias. Vou tentar falar do casamento a partir do senso comum. Terceira observação: falando do amor entre homem e mulher não estou levando em conta os que se deixam levar por outros impulsos. Estou falando de amor, ponto e basta.

Abril :z.oo2


O CASAL

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lntroàução Prezados casais equipistas. Dificilmente haverá alguma coisa mais melancólica do que um passarinho de asas partidas, que nasceu para voar e tem diante de si o céu aberto, mas não pode voar. O homem e a mulher estão diante de um céu aberto, de uma proposta de vida no amor. Mas por si, são incapazes de realizar esse sonho, e podem apenas sofrer como o passarinho de asas partidas. Pelo poder de Deus, ao casal cristão ou não-cristão, é oferecida a possibilidade de reconquistar asas e conquistar o céu, pela graça, pelo sacramento. E reconquistando a capacidade de voar, o casal humano, mas principalmente o casal cristão, tem diante de si um plano de vôo grandioso, as bem-aventuranças anunciadas pelo Cristo. São, basicamente, esses os pontos que iremos percorrer nesta nossa reflexão. Queremos trabalhar mais com sugestõe , mais apontando do que explicando, sem longas considerações.

O casal humano criado para voar

1.

O que leva alguém a se casar? Muito simples, a busca da felicidade. Por isso, homem e mulher se casam, para terem certeza um do amor do outro, para ter certeza que, ainda que o mundo desmorone, ela e ele continuarão amando sempre e apesar de tudo. Ninguém em bu ca de felicidade se contentaria com um amor menor.

Buscam a felicidade pela convivência, não por uma convivência qualquer, mas pela convivência de homem e mulher, e não apenas pela convivência de qualquer homem ou qualquer mulher, mas pela convivência com este homem com esta mulher. Procuram a felicidade na estabilidade de um lar, para ter sempre um ponto aonde voltar, para ter a sua própria fanu1ia, aquele âmbito garantido de amor e de confiança, apesar de tudo e em todas as circunstâncias. É esse o sonho de felicidade que leva um homem e uma mulher a unir suas vidas. Buscam a felicidade, os que se casam, procurando sua própria realização. Entre as várias realizações possíveis, esse homem acha que encontrará sua felicidade realizando-se como homem, como êsposo e como pai; acha, ela, que irá conseguir sua felicidade realizando-se como mulher, como esposa, como mãe. Imaginam e esperam que, unindo suas vidas, cada um possa atingir a plenitude do desenvolvimento que estão esperando. Temos uma passagem do Cântico dos Cânticos, quando a esposa se lembra do tempo em que era menina, e seus irmãos se preocupavam se algum dia ela ainda chegaria a ser mulher. Mas agora depois que encontrou o seu amado, agora pode dizer como mulher realizada: "Agora já sou uma muralha, e meus seios são como torres. E assim tornei-me a seus olhos a mulher que encontra a paz" (Ct 8,10). Eles se casam procurando a feli-

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cidade, levados pela sede de um amor que não passa e, portanto, de um amor que venha de Deus. Procuram a felicidade arrastados pelo amor que é dom de Deus, em todos os sentidos. Enquanto a capacidade de amar é a capacidade mais alta do ser humano, mas também enquanto a capacidade de amar é princípio da redenção nascida da misericordiosa bondade do Senhor. Esse homem e essa mulher unem suas vidas porque querem ser felizes levados pelo amor. pelo amor que vem de Deus, pelo amor que vem da came, pelo amor que vem da alma. Procuram a felicidade no casamento, porque ele e ela querem encontrar afinal alguém com quem se possam unir, e assim vencer a solidão. Para esse homem e para essa mulher, unir suas vidas no matrimônio é a possibilidade de nunca mais estarem sós. Nem mesmo quando tiver soado a hora para um deles. Procuram o casamento como possibilidade de realização, enquanto esperam. unindo suas vidas e vivendo o amor, encontrar paz, harmonia, compreensão e tranqüilidade, mesmo quando tudo fora for uma tormenta só.

Uma proposta da cultura O casamento, além de ser um caminho para quem procura a felicidade, é um dos grandes ideais propostos pela cultura humana. Se percorrermos rapidamente a história das culturas, iremos perceber como ocasamento ocupa sempre um lugar privilegiado. Bastaria até fazer rapidamente uma revisão dos diversos ritos usados nas mais diversas culturas, desde os confins da Oceania até

a Europa, e encontraríamos ritos que insistem sempre em torno de algumas idéias e valores. Em primeiro lugar, a cultura humana vê no casamento a procura de um amor total, a procura de uma fidelidade a toda prova no casamento, uma possibilidade, como já disse, de paz e de harmonia. As culturas humanas sempre viram no casamento algo sagrado, que vem diretamente de Deus, principalmente pela paternidade e pela maternidade que florescem nessa vida a dois. A cultura humana de todos os povos, sempre apresenta o casamento, essa união estável de um homem e uma mulher na partilha total de toda vida por toda vida, como um dos grandes fatores da continuidade da própria história humana. Cada casal. que se forma, é um elo a mais que se cria nessa longa corrente, nessa longa cadeia da história humana, com seus esforços, suas lutas, <;eus sonhos, suas conquistas e também suas tristezas e suas lágrimas. Na maior parte das culturas, é pelo casamento que o homem e a mulher assumem seu papel definitivo na sociedade.

A proposta bíblico-cristã Mas. no casamento, encontramos ainda uma outra realidade. Podemos ver no casamento uma proposta de ideal de vida bíblico-cristã. A Sagrada Escritura, a tradição judaica e a tradição cristã traçam-nos um perfil da vida matrimonial. Vou fazer apenas alguns acenos ao livro do Gênesis e ao Cantar dos Cantares. Se abrirmos o Gênesis, nos primeiros capítulos. vamos encontrar que o casamento de um homem e de


uma mulher é, em primeiro lugar, resposta a um profundo anseio. Anseio do coração, anseio da alma, anseio do corpo. E o poeta que escreveu o texto do Gênesis apresenta isso de uma forma bastante interessante: "Não é bom que o homem esteja só, vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda". Auxiliar, palavra, parece-me, mal traduzida. Lendo o texto, podemos traduzir de maneira diferente: "Vendo a solidão de Adão, Deus decide: preciso lhe arranjar aquela que lhe está faltando", para que ele encontre seu caminho, não como única possibilidade de realização, mas para que assim ele e ela possam ser uma realização do plano de Deus. Nessa passagem da Escritura, encontramos outro elemento característico. Adão cai em profundo sono, não sono da anestesia em vista da cirurgia narrada, mas sono pelo qual o homem se entrega a uma força misteriosa e, por isso mesmo, se torna mais abetto às revelações de Deus. Adão dorme, cai no sono, para que possa sonhar e para que, sonhando, tenha a revelação de Deus, e, na revelação de Deus, encontre resposta para os seus anseios. Bem poderíamos dizer, relendo de maneira diferente essa passagem do Gênesis, que Deus toma o sonho de Adão, revelação divina, e o transforma em Eva, sua mulher. Nessa passagem da Escritura, aparece muito bem a vida de casamento como uma possibilidade, uma grande possibilidade, para o homem e a mulher se encontrarem como numa revelação de Deus. A mulheresposa e o homem-esposo são reve-

lação de Deus um para o outro. E mais: um acaba sendo, para o outro, revelação divina para que se compreenda a si mesmo. Do sono nasce o sonho, a revelação, que possibilita compreender a realidade da vida, de tal maneira que o homem saiba que ele é algo mais do que macho, e ela compreenda que é algo mais do que fêmea, exatamente porque são homem e mulher. Nessa narrativa do Gênesis, aparece uma outra faceta do ideal bíblico do casamento: a igualdade. A igualdade entre homem e mulher, a mulher tomada do lado, da metade do homem, não como submissa ou secundária, mas como alguém que é metade. A tradução da palavra costela poderia ser lado, ou até mesmo coração. Nascida do coração, a mulher é igual ao homem. Igual e diferente, porque é preciso que sejam diversos para que possam criar harmonia sem confusão e harmonia sem repetição, sem fazer da vida melodia absurda de uma nota só. Igualdade que possibilita compreensão, mas, ao mesmo tempo, deixa aberto sempre um espaço imenso para a pesquisa e para a procura de compreensão. Vivam lado a lado homem e mulher cinqüenta ou sessenta anos, um continuará sendo sempre para o outro um grande mistério, que se revelará totalmente apenas na revelação final da outra vida. Igualdade entre homem e mulher que possibilita a eles complementação, satisfação, ou seja, plena realização de anseios, de maneira que possam dizer que, da vida, tiveram e têm o bastante. Isso é estar satisfeito, e essa satisfação nasce dessa

IV


do encantamento: "Como és formosa minha amada, como és formosa com teus olhos de pomba, na transparência do véu ... és toda formosa minha amada e em ti não se encontra defeito algum ... Arrebataste meu coração, minha irmã, minha noiva, arrebataste meu coração com um só dos teus olhares". Não dá para explicar. em palavras frias, o que isso significa. Imagino que cada um de vocês experimentou na vida uma transformação, no momento em que, na sua vida, surgiu esse homem e essa mulher e. sem razão nenhuma, objetiva ou científica, conquistou seu coração, e apresentou-se diante de você como o homem ou a mulher mais importante na vida, aquele-aquela que lhe conquistou o coração "com apenas um só dos seus olhares". E, por isso mesmo. se alguém perguntasse: "Mas o que jaz esse lwmem e essa mulher diferente?", ou como está no Cantar dos Cantares (5,9-1 0) "Que distingue dos outros o teu amado?", ela responde: "Meu amado é branco e corado, inconfundível entre milhares". Todos podem ser brancos e todos podem ser rosados. mas esse-essa é diferente. No ideal cristão e bíblico do casamento encontramos ainda outra característica para a vida do casal. É a doação. Doação que é ao mesmo tempo posse. Não posse no sentido de possessão e dominação, mas no sentido de encontro, de mútuo relacionamento, de mútua doação. "O meu amado é todo meu e eu sou dele'' (Ct 2. 16), ''põe-me como um selo sobre teu coração'' (Ct 8,6). Sela. lacra a porta do teu coração, para que

igualdade grande e profunda, na diversidade. São iguais e diversos para que um seja para o outro contínuo desafio, que encontrará solução apenas numa outra dimensão de vida. Conforme a Bíblia, o amor que une o homem e a mulher e os faz casal é um amor que está acima de todos os outros. Com poucas palavras o Gênesis deixa-nos claro: "Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher". Por causa do amor de uma mulher. por causa do amor de um homem, é que uma e outro são capazes de abandonar planos de vida, deixar o lar paterno. deixar a pátria e tudo. E se o amor que leva homem e mulher a se unirem não for assim. não paga a pena. jamais os poderá levar à realização. É amor acima de tudo, colocando esse homem e essa mulher imediatamente abaixo de Deus, antes de tudo e de todos os outros. E, nesse ponto, podemos olhar um pouco para o Cantar dos Cantares e dizer que o casamento é, na proposta do Senhor. uma vida de encantamento, não enquanto vida de ilusão, mas vida de encantamento enquanto descoberta de uma nova significação para a vida, para o trabalho, para o sofrimento e até mesmo para a morte. Encantamento trazido para a vida de uma pessoa não por uma idéia, mas por alguém, por uma mulher. por um homem. Porque essa mulher entrou na vida desse homem, porque esse homem na vida dessa mulher, mudou completamente a vida, para sempre. No Cantar dos Cantares (4,1.7.9) encontramos, digamos assim, plasticamente colocada essa realidade

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ninguém possa entrar, diríamos nós. Coloca-me como marca sobre teu braço, de tal maneira que todos saibam imediatamente que estás comprometido, comprometida. Que eu seja tatuagem profundamente, indelevelmente gravada no teu braço. É a procura da posse, é a tranqüilidade da posse, principalmente porque é a posse, mais do que de um bem, de uma grande promessa. É a posse de uma garantia, de um penhor, de uma felicidade maior ainda, no futuro. O ideal bíblico do casamento fala da união, da união plena entre um homem e uma mulher, união plena de corpo e de alma, união de dois iguais, diferentes e complementares. Basta lembrar as palavras do Adão: "Agora sim, aqui está alguém que é osso de meus ossos, carne de minha carne". E o autor do Gênesis põe na boca de Adão essa frase concisa e prenhe de significado: "seu nome será mulher (ishsha, em hebraico) porque foi tirada do homem (ish). Entre eles, é possível união plena porque são diferentes, mas iguais. E, unindo-se, podem agora, pela sua união, começar tudo de novo. Recomeçar a história, superando todos os laços anteriores. É ruptura com o passado, é início de vida nova, é opção fundamental na vida: "por isso deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher". O ish deixará tudo para se unir à sua ishsha. Unindo-se, procuram uma unidade nova e mais plena, e assim eles se tornarão uma só carne, uma só pessoa, uma só realidade, unificada pelo amor que nada pode disso! ver. E talvez a nota mais caracterís-

tica desse ideal de casamento proposto pelo Gênesis esteja numa pequena frase, ou melhor, na metade de uma frase " ... e ambos estavam nus". Marido e mulher devem estar um diante do outro sem reservas, sem coberturas, sem disfarces nem máscaras, numa plena e total revelação de um para o outro de tudo que o constitui e a constitui pessoalmente. "Eles estavam nus". Eram transparentes um para o outro, e por isso podiam formar o par, o começo da humanidade, começo de uma nova humanidade. Na proposta bíblica, encontramos ainda o casamento como apagamento dos anseios humanos de sexualidade. Isso fica bastante claro se percorrermos as estrofes do Cantar dos Cantares: apagamento da sexualidade pela convivência conjugal, na sua plenitude, com todos os eus valores, com todas as suas riquezas e não apenas pela satisfação e apagamento dos anseios da sexualidade pelo exercício da genitalidade. Esse amor, que nos é apresentado pela Escritura e pela tradição cristã, é um amo r dotado de fecundidade (Gn 1,27-28). E aí temos um privilégio, mais do que uma obrigação; o privilégio de poderestar no início da vida de outro ser humano, o privilégio de poder estar no início de uma aventura nova que será totalmente diferente da de todas as outras pessoas. O privilégio de poder oferecer a mais alguém a possibilidade de existir, de viver. de ser homem ou mulher. No ideal cristão e bíblico do casamento, encontramos ainda um último aspecto. O matrimônio é uma VI


união que se projeta, que se lança para a eternidade. A vida, necessariamente, passa, beleza se vai, força se esvai, mas não há razão nenhuma para que o amor se vá. "O amor é forte como a morte'', lembra-nos o Cantar dos Cantares (8,6), e nem as muitas águas o poderão apagar. Por ser amor, é lançado para sempre, para a eternidade. 2. O casa1 de asas partidas

Diante desse ideal humano e cristão do casamento, fazemos uma melancólica constatação. Essa é uma proposta sedutora. Mas o casal é sempre um casal ameaçado, é sempre um casal de asas partidas. O céu aberto para o vôo do casal é imenso, é sedutor, mas de nada adianta essa amplidão quando o casal tem, partidas, as asas. Na atual situação, em nossa realidade, o homem e a mulher por si mesmos são fracos, atraídos pelo mal. O ideal proposto ao casal humano e cristão vai além de todas as nossas capacidades, e qualquer tentativa de o realizar estará infalivelmente fadada ao fracasso, se ele e ela contarem apenas consigo mesmos. O homem e a mulher são carentes e fracos. Penso que não será necessário fazer agora um inventário de todas essas carências e de todas essas fraquezas individuais. Cada um de nós é suficientemente sincero para se conhecer. Vamos destacar apenas o peso do egoísmo no coração do homem e da mulher, o quanto isso os prende, o quanto isso os limita, o quanto esse egoísmo lhes corta as asas. Como é difícil

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abrir-se de fato para o outro, aceitando ser feliz, sendo felicidade do outro. Egoísmo; o que será pior: o egoísmo ou a inconstância? É fácil dizer que "la donna e mobile", mas e o homem? Talvez não seja "mobile qual piuma al vento", mas certamente é móvel e inconstante como essas pedras arrastadas pelos ribeirões que descem as serras. E lá vai ele, aos trambolhões. Como podemos ouvir quando sopra a tempestade na serra, no estrondo do barulho das águas, aquelas batidas roucas das pedras que se chocam. É difícil manter fidelidade, é difícil ser fiel a si mesmo, é mais difícil ainda ser fiel a alguém que também é fraco, e que tão facilmente nos oferece sua fraqueza como desculpa para a nossa volubilidade. O casal humano, por si mesmo, é uma soma de carências e fraquezas. Além das dificuldades e limitações individuais, há limitações que são do próprio casal enquanto casal. Nem aqui vamos tentar um inventário completo, mas vamos destacar apenas dois desses percalços: a procura da dominação, do servir-se do outro, a tentação de querer usar o outro em vez de se doar, e a tentação da infidelidade, muitas vezes, melancolicamente, apenas pela vontade de mudar e descobrir algo diferente. Ou o casal encontra uma saída fora de si, que lhe venha do alto ou, apesar de todo o amor romântico possível, inevitavelmente será casal infiel. O casal está cercado por condicionamentos culturais, e até mesmo religiosos. Idéias e propostas que fazem parte de nossa "tradição cristã'', mas não do cristianismo como tal,


podem ser obstáculos para a plena realização do casal. Há dificuldades que lhe vêm da sociedade, da luta para conseguir a estabilidade econômica. Há dificuldades familiares: desencontros e incompreensões. Há dificuldades que vêm de opções morais assumidas anteriormente, de marcas e limitações psicológicas, que todos carregamos, e até mesmo dificuldades de ordem física que podem impedir o casal de chegar à plenitude de seu amor. De qualquer maneira, o casal humano, entregue a si mesmo, está sempre limitado pela sua pequena capacidade de amar. Por si, o homem e a mulher são capazes de amor muito fraco e muito limitado, insuficiente para uma união que dure uma vida. E talvez fosse bom lembrar que o casal humano, na sua fraqueza, é mais assediado pelo amor do pecado do que pelo pecado do amor.

3· O casal de asas remidas Mas o casal que, por si mesmo, é fraco, limitado, incapaz de se realizar, esse casal recebe do Senhor uma transformação. Como nas Bodas de Caná, sua vida poderá ser água transformada em vinho, a partir de duas manifestações da grande misericórdia de Deus: a graça universal, necessária para a vida e a felicidade, oferecida a todos os homens e a todas as mulheres de todos os tempos, de todas as raças, de todas as religiões, e a graça sacramental oferecida aos que aderem ao Cristo. Pela sua graça universal, Deus está sempre presente no mistério do

amor entre um homem e uma mulher, e com seu poder oferece-lhes a possibilidade de realizarem plenamente seu sonho de amor. Para nós cristãos, de maneira especial, católicos, essa graça de Deus manifesta-se através do poder sacramental do Cristo presente na sua Igreja. Em primeiro lugar, através do Sacramento do Matrimônio e depois nos sacramentos todos, de modo especial na Eucaristia. Não vamos nos delongar aqui, porque esses temas já foram anteriormente tratados muitas vezes. Mas de qualquer maneira, nesse ponto temos uma conclusão bastante clara: se, por si, homem e mulher são incapazes de realizar seu ideal matrimonial, eles o podem fazer ajudados, transformados, transfigurados pelo poder da graça de Deus. E, exatamente porque foi transformado pelo poder da graça de Deus, o casal teve suas asas partidas remidas, e afinal pode voar. E para o casal, que agora com as asas da graça e do amor de Deus pode voar, é oferecido um plano de vôo. É exatamente esse o último ponto de reflexão no texto sobre o "Casal Cristão na Igreja e no Mundo Hoje".

4· Plano de vôo para o casal de asas remidas Falando das bem-aventuranças, poderíamos tomar duas linhas de reflexão. Quando o Cristo diz "feliz o pobre", "feliz o manso'' etc., ele está de fato dizendo: "Eu me congratulo com vocês, porque apesar de toda a sua pobreza, tristeza, egoísmo, apesar da opressão e da perseguição que sofrem, apesar disso tudo a paz e a

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são felizes, vocês têm sorte, porque aqui está quem pode mudar sua vida e transformá-la em vinho. Aqui está alguém que pode ajudar vocês a mudar o que pode ser mudado pela renúncia ao pecado. Alguém que pode ajudar vocês a suportar o que é inevitável, a aceitar que a plena e total felicidade seja possível somente no céu; alguém que vai ajudar vocês a olhar sua vida de casal como uma festa, mesmo sabendo que ainda não é a festa final. que ainda estão apenas nos aperitivos.

justiça são possíveis a vocês, porque eu estou aqui e sou o poder de Deus para reger a sua vida". Uma segunda linha de interpretação das bem-aventuranças levanos a nelas ver uma proposta, um ideal de vida que o Cristo apresenta, a partir da relativização de todas as realidades humanas. Nessa linha de idéias, o casamento pode ser visto como vida de amor e de felicidade, se o casal souber reservar para Deus o primeiro lugar, se assumir os novos valores anunciados por Cristo. O casamento poderá ser caminho de felicidade, de paz e de realização se o casal viver, como casal, à procura da perfeição apresentada pelo Cristo.

As bem-aventuranças como desafio para o vôo Partindo para a segunda maneira de considerar as bem-aventuranças, podemos dizer que, para o casal realizar-se e executar o plano de vôo apresentado por Cristo, é preciso que deixe o relativo para assumir o absoluto; é preciso que deixe a sede e a fome do ter, para aceitar as estreitezas e as larguezas do ser e do amar. Uma primeira observação: todas as bem-aventuranças começam proclamando "bem-aventurados", ou melhor, "felizes" os pobres, os pacíficos , os mansos. O Evangelho, nessa perspectiva, não é peso nem obrigação; é felicidade e libertação. Logo depois dessa abertura entusiasmante- felizes vocês, porque afinal eu cheguei, felizes vocês, porque têm possibilidade de uma solução Jesus começa a apresentar balizas que vão marcando os pontos mais importantes para a caminhada do casal. E, de novo, não estamos diante de obrigações, mas diante de possibilidades novas oferecidas pelo poder de Cristo.

As bem-aventuranças como esperança Vamos percorrer rapidamente a primeira linha de reflexão. Porque Deus está presente em nós, porque o reino de Deus está entre nós, temos remédio para as nossas misérias. A água poderá ser transformada em vinho. A água do casamento, porque nem o melhor dos casamentos é sempre um leito de rosas. Há sempre incompreensões. tristezas, pobrezas de vários tipos, distância entre o real e o ideal, pequenas ou grandes traições, impurezas várias que ainda restam na vida dos dois, os resultados da fraqueza e do pecado de ambos, ou de um deles, ou de alguém fora do casal. Reconhecendo essas suas limitações, o casal pode abrir-se para a bem-aventurança oferecida pelo Cristo. Também para o casal vale essa congratulação do Senhor. Vocês

IX


Felizes os que têm alma pobre. Feliz o casal que se coloca em total e completa dependência diante de Deus, que se entrega e não quer assumir o leme da vida, que sabe e aceita que sua vida é dirigida por um amor maior do que pode imaginar. Feliz o casal que não transforma a procura e a posse de bens em objetivo central de sua vida; nem a posse de bens materiais, nem a posse de bens culturais; que procura alegremente as condições econômicas e culturais que o Senhor colocou à sua disposição, mas sabendo que tudo isso é apenas caminho, algo colocado ao nosso serviço, e que não nos deve escravizar. Feliz o casal que procura a posse dos bens, respeitando uma justa e reta escala de valores. Feliz o casal que, por ter aprendido a sabedoria humana e cristã, é capaz de abrir mão do supérfluo para ajudar aqueles que nem o necessário têm.

gir: revolta ou aceitação. Revolta que levará à infelicidade, ou aceitação que levará à superação da tristeza e do sofrimento, descobrindo sempre, na promessa de Deus, a certeza de uma felicidade maior. · Felizes os mansos. Feliz o casal onde ninguém manda, manda apenas o amor. Felizes os mansos, aqueles que na vida de casal não procuram dominar pela prepotência, mas recusam todas as formas de violência, e não apenas não exercendo violência, mas também sabendo reagir à violência, para levar ao outro a também descoberta da paz e da humildade. O casal, sendo manso, estará procurando no seu relacionamento, na sua vida familiar, em toda sua maneira de ser, a doçura, a ternura, o respeito. O mundo é violento, possivelmente porque os casais sejam violentos. É preciso que o casal aceite essa felicidade da mansidão, do abrir mão da força e da imposição, de tal maneira que no casal e na família predominem a tolerância, a capacidade de carregar sem rigidez, sabendo que o importante não são as regras, o importante são as pessoas, o importante é o amor.

Felizes os que choram. Não que o choro e o sofrimento sejam felicidade. O choro é desgraça, a tristeza é infelicidade, o sofrimento é condenação. Felizes os que choram, se sabem reconhecer que, nesta vida, sofrimento, lágrima, tristeza são inevitáveis, mas mesmo assim sabem levar a vida, e sabem superar essa situação. Felizes os que sabem sofrer, reconhecendo suas limitações, e colocando essa miséria do sofrimento dentro de um projeto mais pleno de vida e de salvação. Afinal, diante da lágrima, diante do sofrimento, o casal pode sempre escolher como rea-

Felizes os que têm fome e sede de justiça. Não essa pobre justiça que, de vez em quando, vai sendo perseguida e esconaçada pelos corredores dos palácios dos poderosos e dos parlamentares; não. É a justiça que é plenitude da bondade moral. Ter sede, ter fome de justiça é, em primeiro lugar, querer ser plenamente

X


Felizes os que constróem a paz. Não apenas quem é tranqüilo e pacífico, mas quem faz acontecer a paz. A paz que tem suas exigências, a paz que nasce da justiça, que nasce da verdade, da tolerância, do perdão, também no casamento. Felizes os que constróem a paz, essa paz que traz vantagens imensas, entre outras a tranqüilidade. a partilha, a cooperação.

bom. Essa é a principal idéia de justiça. É uma qualidade divina. Deus é justo não porque castiga; Deus é justo, em primeiro lugar, porque ele é aquele que é capaz de amar, e porque não traz nenhum traço de maldade no seu coração. Felizes os que têm fome de justiça, que procuram ser bons. Mas também os que procuram justiça. Feliz o casal que procura ser justo, respeitando e defendendo os direitos do casal e da família diante dos poderosos, com todas as armas lícitas. Felizes os que têm fome de justiça e respeitam o direito alheio e, por isso mesmo, também exigem que seus direitos sejam respeitados. Esse é o caminho, ainda que para exigir respeito aos direitos seja preciso sacrificar bens inferiores.

Felizes os perseguidos por causa de Deus. Ser perseguido não é felicidade, não é alegria. Felicidade é aceitar até mesmo a perseguição como conseqüência da adesão dada ao Cristo. Feliz o casal que, para manter sua fidelidade a Cristo, está disposto a ser considerado antiquado. e ser objeto de zombarias e de incompreensão.

Feli:;.es os misericordiosos. Os capazes de se compadecer, que estão sempre prontos a ajudar. Principalmente feliz o casal capaz de perdoar sempre, tudo, apesar de tudo, acima de tudo e para sempre, sem viver cobrando os juros do perdão concedido.

Proposta feita ao casal Essa é a proposta de Cristo, e essa é uma proposta feita ao casal para ser vivida enquanto casaL no aprofundamento contínuo, no crescimento constante. É proposta feita para o casal viver, vivendo o seu Sacramento do Matrimônio, vivendo na sua família, vivendo seu casamento como foco de expansão e felicidade, paz e salvação para o mundo e para a Igreja. É claro que já perceberam: é preciso fazer uma leitura das bemaventuranças, e até do Evangelho, a partir da conjugalidade. Essa é dívida que vocês têm com Deus, com a Igreja e com o mundo. Nós, clérigos, não podemos pagar essa dívida no lugar de vocês.

Felizes os que têm coraçc7o puro. Puro é o não manchado. E o que é que mancha o coração do homem? "É o que sai do coração" (Mt 15, 19). Maus pensamentos, homicídios, adultério, prostituição, roubos, falsos testemunhos e blasfémias. Felizes os que têm o coração puro; feliz o casal que se deixa guiar pelo bem, pela verdade, pela justiça, pelo amor, e resiste a todas as maldades que, elas sim, podem manchar o homem e a mulher, podem manchar o casamento e destruir o amor.

XI


Qual a felicidade prometida Qual a felicidade prometida para o casal que vive as bem-aventuranças? A felicidade pessoal, conjugal e familiar. Caso contrário, as bem-aventuranças não teriam sentido para o casal. E essa felicidade é possível nesta vida, apesar de tudo; uma felicidade plena e tranqüila, que nasce da alma, que não pode ser roubada por nada que vem de fora. É a felicidade mencionada por Paulo: "O Reino de Deus não é

questão de comida ou de bebida. É justiça, paz, alegria no Espírito Santo" (Rm 5,1ss; 14,17). "O fruto do Espírito é o amor, a alegria, a paz, a paciência, a delicadeza, a bondade, a confiança nos outros, a mansidão, o domínio de si. Contra essas coisas não existe lei" (Gl 5,22-23). Essa felicidade é garantida a todo casal que segue as bemaventuranças, independentemente dos outros e das situações inumanas. É a felicidade que ninguém fora de Deus pode dar, mas que também ninguém pode tirar. Mas não é apenas essa felicidade interior espiritual que Cristo promete. Deus nos ama, ele que nos deu esse mundo, céus abertos, luz, flores e cores e tudo o mais; ele nos criou para a felicidade e sabe que não podemos viver apenas em função de uma felicidade futura, que mal conseguimos imaginar. Deus quer para nós também a felicidade aqui, agora, nesse nosso tempo, nesta nossa terra. É claro, será sempre uma felicidade inicial, limitada, sujeita às fraquezas pessoais, uma felicidade que pode tornar-se

muito rela ti v a pela doença, pelas dificuldades econômicas e até mesmo por essa desproporção entre a nossa vontade de amar e a nossa capacidade de amar, entre a nossa sede de amor e o amor que são capazes de nos dar. É sempre felicidade limitada, mas é felicidade. É felicidade que devemos aceitar de coração aberto, de mãos estendidas. É felicidade limitada, mas que está presente no amor que o casal vive, na realização e no apagamento de sua sexualidade, na sua realização enquanto homem-esposo-pai, mulher-esposa-mãe. Essa a felicidade, pequena sim, mas verdadeira, que podemos ir experimentando em nossas realizações temporais. Essa é a felicidade prometida, que não deve ser desprezada por nós. Se não somos capazes de aceitar a felicidade limitada que nos é oferecida nesta terra e nas coisas humanas, não somos capazes, também, nem de começar a imaginar o que sej a a felicidade plena que o Senhor nos oferece.

Conclusão Que vocês casais possam ouvir depois, quando tiverem passado todas as brumas e névoas dessa vida, quando vocês novamente estiverem reunidos, que vocês possam ouvir: "felizes, bem-aventurados vocês que souberam viver o amor que lhes dei". Deus ajude!

Pe. Flávio Cava/ca de Castro SCE da Super-Região Brasil


Uma planta sem folhas está condenada: não dará flores, nem frutos, mas secará e morrerá! Percebe, então, a sua importância? Percebe quanta seiva chega até você? O quanto lhe é oferecido como equipista nas Reuniões Mensais, no Estudo do Tema, nas Noites de Oração, nos Retiros, na leitura da Carta Mensal, nas Sessões de Formação etc? Você se compara a uma folha murcha, só querendo ficar à sombra, sugando a sei va, ou tão frágil que um vento mais forte a carregaria, comprometendo assim a vida de toda a planta, a sua Equipe? Não, não e não! Você é uma folha saudável, viva, que aproveita toda seiva; fiel à sua natureza e função; ciente de que todos são fundamentais. Nós, criaturas amadas e muito preciosas para Deus, embora imperfeitos e cheios de falhas, temos muito valor. Somos o futuro já iniciado, a potencialidade do que virá. A nossa missão é inCM 371

substituível. Se estamos aqui é porque o Senhor aqui nos quer e conta conosco! Olhando para os lados percebemos que somos irmãos de todos e de tudo. Olhando para cima, sentimos que somos filhos de um Pai criador e salvador; para baixo, vemos que temos raízes, que arrancam do solo profundo da terra e da história a seiva de nossa existência e da nossa eternidade; portanto não podemos nos fechar no individualismo e no comodismo. Através da Palavra, da Eucaristia e dos irmãos, temos toda a graça e força para que o ciclo da vida e do amor se realize. Junto às demais folhas, nossos irmãos, vamos caminhar, crescer e construir o reino do Pai! A humanidade, a Igreja, as Equipes, as famílias estão precisando de muitas flores e de muitos frutos!

Marineusa e Tonico Eq. 7 - N. Sra. da Rosa Mística Dois Córregos, SP 19


AS BEM-AVENTURANÇAS/ DO CASAl Bem-aventurado és tu, meu marido, que és terno e sorris para mim, porque verás a ternura e o sorriso de Deus. Bem-aventurada és tu, minha mulher, que tens um olhar de compaixão pelas minhas fraquezas: tu serás acolhida pela misericórdia de Deus. Bem-aventurado és tu, meu marido, que não guardas para ti as palavras boas, mas com elas ajudas a construir a minha vida. Que o bondoso Senhor diga-as também para ti: "Vem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu Senhor'' (MT 25, 23). Bem-aventurada és tu, minha mulher, que me serves no dia-a-dia de nossas vidas, porque te assemelhas àquele que veio para servir. Bem-aventurado és tu, meu marido, que me perdoas, porque assim me permites contemplar em ti o rosto de Cristo. Bem-aventurada és tu, minha mulher, que és "paciente e bondosa, tudo suporta, tudo crê, tudo desculpa" (lCor 13, 4.7), porque em ti o amor fez morada e em ti eu encontro meu refúgio. Bem-aventurado és tu, meu marido, que na tua humildade me permites ser modeladora do homem que quero entregar a Deus "sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santo e irrepreensível" (Ef 5,27). Bem-aventurada és tu, minha mulher, que sabes calar quando o silêncio é de ouro e sabes falar quando a palavra é de prata. Bem-aventurado és tu, meu marido, que descobres em mim o segredo que Deus guardou desde toda a eternidade para entregar a ti, e que te esforças para levar-me à morada eterna com quem nos criou. Bem-aventurada és tu, minha mulher, que me amas com o amor do Senhor, porque um grande prêmio está reservado para ti no céu. Bem-aventurados somos nós, um casal que vive no amor de Cristo, amparado pela proteção de Nossa Senhora, porque somos "sal da terra e luz do mundo" (MT 5, 13) ajudando a construir a "civilização do amor". Se assim vivo, bem aventurado(a) sou; se ainda não sou este marido ou esta mulher, não desanimarei: Aquele que tudo pode me dará forças!

Carlos Martendal (viúvo da Cida) Eq. 5 - N. Sra. Auxiliadora Florianópolis, SC 20

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DESAAOS E PROPOSTAS PARA O DlÁlOGO O Conselho lndigenista Missio- fato católica porque não é indígena. nário (CIMI) realizou em Luziania . Com medo de rachaduras ameaçan(GO), de 11 a 16 de novembro de do a unidade, defende a uniformi2001, uma oficina com o objetivo de dade. A proposta da teologia índia é ajudar os seus membros a aprimo- um catolicismo que afirme a unidarar a metodologia para comunicar e de no pluralismo. Esta proposta resistematizar a teologia índia. Foi o jeita o proselitismo que é a negação terceiro encontro sobre teologia ín- da alteridade pelo fato de ter como dia, dirigido a missionárias e missio- objetivo reduzir o outro à nossa pronários com a assessoria de índios/ posta de projeto de vida e religião e, teólogos mexicanos. Neste encon- ao mesmo tempo, recusa olhar a tro, o padre Clodomiro Siller, teólo- cultura como volta ao passado, rego do Centro Nacional de Ajuda a jeitando a experiência cristã presente Missões Indígenas (CENAMI), ori- nas culturas indígenas com a pretensão de "purificá-las e resgatáentou a discussão do tema. A reflexão teológica na Améri- las". Objetivos: O objetivo mais proca Latina diz mais respeito à Teologia Índia-Cristã e tem como objeti- fundo da teologia índia é bem exvo: "A elaboração de uma nova presso pelas palavras do padre expressão autóctone da fé cristã, Eleazar Lópes Hernandes, índio baseada no redescobrimento, na Zapoteca por nascimento e sacerapropriação e valorização das ex- dote católico por vocação, na properiências e expressões religiosas cura sofrida de um caminho diferene culturais dos Povos Originári- te. Eleazar assessorou o encontro os da América Latina" (Mons. Flo- de Teologia Índia no ano passado, e, no seu pensamento, somos dividires, 1996). Protagonistas deste processo são dos interiormente por dois amores: os próprios índios nas pessoas de amamos o nosso povo e acreditaseus sábios e sábias, e também teó- mos em seu projeto de vida e amalogos e teólogas , missionários e mos a Igreja e cremos no projeto de missionárias, das várias igrejas cris- salvação. Temos consciência de que tãs. A partir daí, podemos afirmar podemos reconciliar estes dois amoque a Igreja Católica está longe de res porque não há contradição enresgatar a dívida histórica que tem tre eles. O que os nossos povos socom os povos indígenas em relação nham e o que Jesus sonhou é amesàs culturas e religiões: é a dívida da ma coisa. alteridade negada. Aliás, na situação atual, Eleazar Ainda hoje temos que reconhe- acredita que os povos indígenas excer que a Igreja Católica não é de pressam até melhor a proposta de CM 371

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Jesus, por terem o coração puro dos pobres a quem Deus se manifestou. Neste sentido, o diálogo da Igreja com os povos indígenas será enriquecedor para a Igreja que, através da visão indígena da vida, irá recuperar o sentido mais verdadeiro da mensagem do evangelho. A teologia índia calça chinelos e anda por um caminho a dois sentidos: pressupõe a humildade e propõe o diálogo inter-religioso. Deus é grande demais para ser entendido e expresso por uma só religião, por um só povo. Somos demais pobres para recebê-lo, entendê-lo e comunicá-lo em sua totalidade. Cada cultura interpreta, reduz, limita a Deus mas, ao mesmo tempo, interpreta e expressa de maneira única algum aspecto de Deus. O diálogo entre as culturas e religiões permite descobrir melhor a riqueza e a beleza de Deus. É como uma bela obra de arte feita em mutirão, em que cada um contribui com um elemento específico: uma cor, um som, uma forma, uma dimensão ... O diálogo supõe e exige a capacidade de mudanças e de enriquecimento a partir do cantata com os outros.

Vida e Deus Falando de teologia índia queremos caracterizar o específico dela. A palavra teologia vem do grego Théos (Deus) e lógos (tratado ou ciência). A própria palavra "teologia" quer expressar um conjunto de conceitos. E o estilo ocidental de entender e praticar teologia. Na América Latina, é um pouco dife22

rente. Na língua náhuatl, a palavra correspondente à teologia é Nuehue-teu-tlatólli, que quer dizer "Antiga Palavra de Deus". A Teologia, antes de ser comunicação de conceitos, é experiência de Deus em sua própria experiência. A teologia índia tem seu próprio campo, objeto e metodologia. São dois os pontos básicos: a Vida e Deus. Deus é encontrado na vida, no cotidiano, atuante, presente e libertador. A teologia índia é radicalmente Vida. Palavras, orações, rituais, objetos, próprios da teologia índia, somente têm sentido se partem da experiência teologal. O método da teologia índia nos pede essencialmente a participação e a vivência e exige, também, partilhar esta experiência de Deus. Para comunicá-la, é necessário refleti-la e sistematizá-la. Às vezes, examinando textos de teologia índia vemos que são mais textos antropológicos, sociológicos, históricos. De fato, a história e a vida das pessoas e dos povos são feitas de processos complexos onde intervêm fatores sociais (trabalho, família, organização social, poder político etc), culturais (o sentido que o povo dá à sua vida) e religiosos (experiência de Deus que o povo realiza na sua própria vida). Estes aspectos se mesclam na vivência. Mas, a experiência religiosa, refletida e sistematizada, constitui o campo da teologia, e os caminhos paradigmáticos que dela resultam são as religiões. A teologia é sempre relacionada à ação de Deus, à sua vontade, ao CM 371


seu projeto; é a comunicação de como um povo ou alguém experimenta a ação de Deus em sua vida. Vamos analisar o tema do mutirão, o tema da partilha tão caro e comum entre os povos indígenas. O mutirão do trabalho, a partilha dos bens, do ponto de vista social, são formas de um povo organizar a sua economia, formas de se relacionar; do ponto de vista cultural, podemos concluir que aquele povo acha que a vida é boa quando cada um retribui, que a retribuição é que dá valor à vida; tudo isto se toma teologia se o povo, no mutirão e na partilha, tem experiência de Deus, sente que é pela força de Deus que se dá a partilha, percebe que partilhando faz a vontade de Deus, que é como Ele.

Teologia e Comunicação Qualquer experiência teologal, para ser comunicada, precisa ser traduzida na cultura do destinatário. Se queremos compartilhar as teologias, as diferentes experiências de Deus, precisamos entender e usar o código do outro. Para que haja comunicação entre o transmissor e o receptor é necessário sintonizar-se, é imprescindível que os códigos se tornem compreensíveis, legíveis. Ao mesmo tempo, para que o diálogo produza enriquecimento recíproco é essencial que a mensagem traduzida conserve a sua originalidade, que não mude sentido, que não perca o que tem de específico.

O Sujeito das Teologias Índias Neste encontro, tivemos uma CM 371

presença indígena muito reduzida, apesar da tentativa de trazer mais. Em cada encontro, volta o refrão: de que sujeito das teologias índias são os próprios índios, que eles são os protagonistas do processo de fazer teologia. Portanto, sua presença é essencial nas nossas reflexões. Ao mesmo tempo, é indispensável devolver e partilhar as nossas reflexões nas aldeias. Principalmente as lideranças espirituais, os sábios e as sábias precisam apropriar-se dos instrumentais de reflexão e comunicação em vista de um diálogo inter-religioso direto. Hoje nenhuma aldeia é uma ilha e a teologia pode e deve ser uma força, uma resposta às investidas da globalização. De nossa parte, o missionário precisa se inteirar sobre como o povo reflete e vive teologicamente fatos e elementos sociais e culturais. Se em nossa missão isolamos o social, o económico, o cultural, deixamos vazio o espaço religioso, um aspecto que para o povo é integrado aos demais. As conseqüências são que o povo ficará vulnerável a qualquer influência externa como o consumismo ou o fundamentalismo que irão preencher os espaços que ficaram vazios. Os ídolos tomarão o lugar do Deus da vida. A teologia índia não é arqueologia religiosa mas, o espaço e a dimensão onde o povo encontra a luz e a força para enfrentar os problemas de hoje.

Nello Rufalddi (do Jornal "Porantim"- dezembro/2001) 23


Coral de Equipistas A idéia de um Coral só de equipistas em nosso Setor de Dois Córregos, SP surgiu há pouco mais de três anos, em virtude de, mensalmente, nas missas das famílias nós termos dificuldades em conseguir um grupo de canto que animasse nossas liturgias. Assim, com muita fé, coragem, perseverança e disposição para enfrentar todas as dificuldades e provações, começamos a ensaiar. Hoje, contamos com mais de 30 integrantes, sendo equipistas de dez das doze equipes que compõem o nosso Setor e contando também com nossos filhos que nos ajudam principalmente com os instrumentos. Nossos ensaios semanais são marcados pelo espírito de alegria e entusiasmo de um encontro de irmãos, e o cansaço de um longo dia logo se transforma em energia e satisfação, sem jamais esquecermos Daquele que nos une, pois, sempre iniciamos com a oração ao Espírito Santo e terminamos com o Magnificat. Com muita força de vontade e os cuidados de nossa irmã equipista Cristina, ficamos afinados e prontos para animarmos as liturgias das Equipes de Nossa Senhora, retiros, EACRE e muitos outros eventos. É com muita alegria e amor que vestimos a camiseta do Coral das Equipes de Nossa Senhora, de Dois Córregos, para servir e louvar a Deus por todas as maravilhas que realiza em nossas vidas, procurando com união e dedicação sermos sal e luz em nossas comunidades. Hoje, somos carinhosamente conhecidos como Coral das ENS. e damos glórias a Deus pelo espírito de união, de determinação e de musicalidade que impera entre nós. A todo momento, somos presenteados com fortes emoções, boas gargalhadas e agora, ainda mais, com a gravação do nosso primeiro CD. Nosso coração é só alegria, pois realizamos um grande sonho! Contatos pelos telefones: (14) 652 1476 I (14) 652 2863

Marineusa e Tonico Eq. 7 - N. Sra. da Rosa Mística, Dois Córregos, SP

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Jubileu de

Prata Episcopal No dia 17 de abril de 2002, dom

Oneres

Equipes Jovens de Nossa Senhora: um Balanço Diferente

Mar-

chiori celebrará 25 anos de sagração episcopal. Em maio de 1987 engajou-se na fanu1ia das Equipes de Nossa Senhora, sendo Conselheiro Espiritual desde o início da nossa equipe. Sentimo-nos privilegiados pelo bispo tão sereno, tão alegre, cuja sabedoria e simplicidade deixa todos à vontade, sentindo as alegrias e tristezas, os tropeços e vitórias nesta nossa caminhada. Mesmo com os muitos compromissos na condução do seu rebanho, dom Oneres está sempre presente nas reuniões mensais, eventos e confraternizações do Movimento. Deus o abençoe e Maria e seu Divino Filho o acompanhem sempre em sua jornada. Eq. 10 - N. Sra. Auxiliadora Lages, SC

A Equipe do Setor Recife, das EJNS. promoveu no Clube das Águias. um balanço diferente, abetto a todos os equipistas. que aconteceu num clima ele muita alegria, descontração e sinceridade. A motivação foi um ·'café da manhã'', com muitas fruta._, sucos, guloseimas e um delicioso café. Apôs a acolhida feita pelos membros ela Equipe do Setor, reunimonos ao redor ela mesa para a nossa oração. Depois de saborearmos os qui lutes, dirigimo-nos ao auditório elo clube com cantos de louvor. Aclamamos a Palavra e em seguida foi feita a leitura do texto. Foi dada a palavra aos presentes para avaliarmos o ano ele 200 I. Os Casais Acompanhadores também participaram de todos os momentos. Valeu a experiência. Lúcia e A/cindo, Casal Acompanhador EJNS . Setor Recife. PE CM 371

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Ordenação Presbiteral Falecimentos / Lúcia de Fátima S. Santos (do Acácio), ocorrido no dia 27 de março de 2001- Eq. 39A - N. Sra. da Penha- Juiz de Fora, MG Osiris Tessitore Fiorentino (da Ruth), ocorrido no dia 5 de outubro de 2001 - Eq. 3 N. Sra. do Carmo- Jacareí, SP Erta Villani Moschetta (viúva do Wilmores), ocorrido no dia 1O de janeiro de 2002 Eq. 7 - N. Sra. Mãe da Esperança- São José do Rio Preto, SP Manoel Ferreira de Lira (da Dolores), ocorrido no dia 17 de janeiro de 2002- Eq. 23D - N. Sra. do Bom Conselho -Brasília, DF Manoel Ferreira de Lira (da Maria Dolores), ocorrido no dia 17 de janeiro de 2002 Equipe 23D - Brasília, DF Jorge Leão (da Luzinete), ocorrido no dia 21 de janeiro de 2002 - Equipe 139E Rio de Janeiro. Padre Marcelo Pernambuco, ocorrido no dia 3 de fevereiro de 2002 - SCE da Eq. 9F N. Sra. da Paz - São Paulo

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I

No dia 22 de dezembro de 2001, o diácono André Luis Lona Granja foi ordenado padre, pela imposição das mãos de Dom Alberto J. Forst, na Catedral Imaculada Conceição, em Dourados, MS Em Taubaté, SP, onde era seminarista da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, frater André assumiu, como Conselheiro Espiritual, a Equipe 9A- N. Sra. de Akita. Que Deus o abençoe pela disponibilidade ao nosso Movimento e que nossa Mãe Maria o acompanhe em sua nova missão, na Penha, Rio de Janeiro.

Novas Equipes Setor A de Sorocaba, SP • Eq. 33A- N. Sra. Medjugore - Votorantim • Eq. 35A- N. Sra. Aparecida - Porto Feliz

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MARlA, MULHER DE FÉ Poderíamos meditar sobre Maria, mulher sempre em pé, ou Maria, humilde serva do Senhor, ou Maria, mulher forte; mas, hoje meditemos sobre Maria, a mulher de fé. Na Bíblia, nenhum livro a ela foi dedicado como aconteceu com Rute ou Ester, citadas pela sua ação em prol de outros. Porém, nas poucas linhas em que Maria é citada, quanta fé! Maria transcende o pequeno espaço que lhe coube nas escrituras por sua fé. Fé inabalável que não se apequenou nem mesmo diante do maior dos sofrimentos, a tão grande injustiça praticada contra seu único filho. O Evangelho nos ensina que, se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda, podemos mover montanhas. E Maria não teria clamado por seu filho? Não teria orado para que seu filho fosse sal vo da cruz? Suas orações não teriam sido atendidas? Que sentido tem sua fé? Como podemos compreender a dimensão de sua dor, de seu olhar diante de seu filho Jesus, condenado por homens, a quem dedicou todo seu amor e sua própria vida? Quanta dor!. .. Quanto sofrimento!. .. Porém, nem um nem outro foram maiores que sua fé. A fé em Deus cria caminhos onde não existe caminho ... A crença nesse Deus Pai, que não nos abandona, abranda nossos corações e nos permite amar sem medidas. A CM 371

fé em Deus nos faz capazes de amar mesmo aqueles que nos ferem. E Maria amou intensamente, não se revoltando contra aqueles que provocaram a dor em seu filho amado, dor que dilacerou o seu coração de mãe. Sua tão grande fé a preparou para seus infortúnios. E ela tornou-se mulher presente, constant~, observadora, atenta ... acompanhou os passos do filho amado. E nem mesmo diante do sofrimento maior, mesmo diante de toda a humilhação que Ele sofreu, mesmo diante da cruz ela não perdeu a esperança ... sua fé a salvou. E é nessa fé que transcende a compreensão humana que eu quero me deter. Em nossas vidas, todos encontramos barreiras, dificuldades, mas, quando nos propomos a seguir Jesus, o Cristo, quando nos deixamos invadir pela fé, passamos a ter um novo olhar, a esperança invade nossos corações e essa esperança nascida da fé nos faz capazes de amar sem medida, mesmo aqueles que nos ferem. Nossa Senhora, mãe de Jesus, mãe da Igreja, alimenta-nos com a fé, fortalece-nos com a esperança de sermos homens e mulheres capazes de amar e termos como horizonte uma vida em Deus!

Lilian (do Gurgel) Eq. 6 - N. Sra. Mãe da Igreja Sorocaba, SP 27


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ORAÇAO CONJUGAL:/ PENSAR GRANDE!!! Dia desses, meu marido, chegou do serviço dizendo que havia preparado uma surpresa para nós. Reuniu a criançada comigo em nossa cama e pediu que tentássemos adivinhar o que era. Cada um de nós deu seus palpites vacilantes. E Valdison disse : "Vocês estão pensando pequeno demais ... Pensem grande!" Confesso que fiquei receosa de dizer algo muito especial pensando logo nos custos, nas dificuldades ... Só meu filho chegou perto do que era realmente. Por fim, quando ele contou o que aprontara para nós, foi um espanto geral! Ele de fato havia prepa-

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rado algo muito acima das nossas expectativas! Lembrei-me desse episódio durante o nosso EACRE, na Missa em que refletimos especialmente sobre a Oração Conjugal. Pensei que muitas vezes acontece de "pensarmos pequeno" também ... Deus tem sempre presentes maravilhosos e surpreendentes para nós! Nós nos reunimos em sua presença, como casal, para recebermos esses presentes na Oração Conjugal, mas muitas vezes colocamos nós mesmos muitos limites para aquilo que Deus quer

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nos oferecer! Pensei nas vezes em que somos "condescendentes" dizendo que nos basta rezar o Magnificat juntos, que isso é suficiente ... Pensei nas vezes em que a correria do dia a dia, ou numa fase de maior dificuldade, achamos que isso é empecilho para encontrarmos nosso tempo de oração com o cônjuge ... Pensei que por vezes receamos dar um " empurrãozinho" nos nossos irmãos de Equipe que estejam passando por alguma dificuldade em viver esse PCE, temendo "forçar a barra" .. . E pensei como acontece de "pensarmos pequeno"! Nosso Deus é amor! Não há nada de pequeno no amor! Exceto, talvez, nossa abertura a Ele ... Por isso somente vamos receber, experimentar esse amor, na medida em que nos abrirmos de verdade! E me lembrei então que quando o Valdison pediu nossos palpites, foi meu filho quem chegou mais perto ... Há que se ter coração filial, confiante, simples, que conhece a gratuidade do coração do Pai para se lançar com disponibilidade a esse Amor! É preciso que pensemos grande, em nossa Oras:ão Conjugal! E preciso que não nos acomodemos com uma oração - quando

É preciso que, de verdade, nos apropriemos de todas as graças que Deus tem preparado para nossa vida conjugal e familiar.

podemos orar ainda mais e melhor, se nos dispusermos a isso com coração confiante, centralizado no Amor, disponível para as surpresas amorosas do Pai! É preciso que, de verdade, nos apropriemos de todas as graças que Deus tem preparado para nossa vida conjugal e familiar, e que nos são dadas através da ação do Espírito Santo que nos ensina a orar como convém! É preciso que pensemos grande, porque é grande Aquele que nos quer "casal na Igreja e no mundo"!

M. Teresa (do Valdison) Eq llB - Campinas, SP

"Uma oração profunda, recolhida, onde cada um dá um pouco de si é a maior riqueza que a equipe pode oferecer a seus membros". Gerard d'Heilly- 31.08. 1950

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ORE COMO CORAÇÃO ABERTO./ 1. Ore onde você estiver. Deus está presente em todos os lugares e sempre pronto para ouvi-lo. 2. Ore, quando possível, em lugar sossegado, onde você possa estar a sós. É bom fixar a mente em Deus, evitando toda e qualquer distração. 3. Ore a Deus, simples e naturalmente, como se estivesse conversando com um amigo. Diga-lhe o que está sentindo no seu coração. 4. Ore lembrando as bênçãos que Deus lhe tem concedido. Some estas bênçãos, de tempos em tempos e dê graças por todas elas. 5. Ore pelo perdão de Deus pelas coisas indignas que você tem feito. Ele está sempre perto dos corações humildes e contritos. 6. Ore pelas coisas que você precisa, especialmente por aquelas que farão a sua vida mais pura e digna do nome cristão. 7. Ore pelos outros, lembrando as situações difíceis que os afligem e o auxílio de que necessitam. 8. Ore pelo mundo e suas necessidades, pedindo a Deus que ajude os homens a solucionar os problemas de nosso país. 9. Ore, acima de tudo, para que a vontade de Deus seja feita através de sua vida e do mundo em que você vive. lO.Ore, e comece a responder à sua oração! Os propósitos de Deus são insondáveis; precisamos, pois de sua orientação.

Colaboração de Beth e Scalzo Eq. 3 - N. Sra. da Glória Belo Horizonte, MG

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PRlMElRO DE ABRll E de novo chegou o primeiro de abril, o dia da mentira. Assim como é costume festejar o Dia das Mães e o Dia dos Pais, para muita gente também é costume brincar com mentiras no dia primeiro de abril. Refletindo um pouco, pode-se perceber que mãe é mãe todos os dias e que pai é pai todos os dias, mas tem um dia especial para celebrá-los. Do mesmo modo, há um dia especial para a mentira, mas mentira é mentira todos os dias. Mas o que isto tem a ver com os casais equipistas? Será que tem algo a ver? Claro que tem. Afinal, nós das ENS estamos no meio do mundo, convivendo com verdades e mentiras no nosso dia a dia. Engana-se quem pensa que, por ser equipista, está livre das mentirinhas. No dia a dia, nas pequenas coisas, lá estão as pequenas mentiras. Às vezes, as reconhecemos nas palavras que ouvimos. Às vezes, estão nas palavras que proferimos, nem sempre coerentes com a fé que professamos. Não importa o lugar ou com quem estamos. Pequenas mentiras podem estar no trabalho, em casa, na conversa com os amigos ou no convívio da família. Muitas vezes a consciência não nos acusa, e só chegamos a reconhecer quando nos permitimos refletir sobre nossa caminhada de cristãos equipistas rumo à santidade. O Dever de Sentar e a MediCM 371

tação diária podem nos ajudar a ver quando a verdade foi substituída pela mentira. Uma das atitudes que o equipista deve tomar para sua vida é a de buscar viver a verdade e a comunhão. Mas como viver a verdade, se a mentira nos cerca e até faz parte de nosso dia a dia ? Em primeiro lugar, devemos reconhecer-nos humanos. Não somos anjos, mas apenas homens e mulheres que, conscientes de seus pecados, buscam ser santos. Em segundo lugar, devemos nos propor a fazer pequenas correções de rumo na forma como pensamos, como falamos e como vivemos, através de Regras de Vida. Por fim, viver a verdade requer maturidade e determinação. A maturidade a que me refiro é fruto da reflexão constante e não tem nada a ver com mais ou menos idade. A determinação é pessoal, mas pode e deve ser alimentada em casal e pela equipe, através de atitudes de correção fraterna e de entre-ajuda. Eis, portanto, um grande fruto da reflexão sobre o dia da mentira: Somos livres para viver a verdade e, principalmente, somos convidados pelas Equipes de Nossa Senhora a vivê-la em comunhão com Deus nosso Pai. Sobral, da Lourdes Eq. 37A- Brasí7ia, DF 31


SEXUALIDADE OU CLONAGEM O surgimento da sexualidade no processo de transmissão da vida foi um marco de excepcional importância. Proporcionou à vida um extraordinário impulso inovador. A vida, depois de milhões de anos, não abriu mão desta descoberta, pois, ainda não encontrou caminho melhor para a sua evolução, diversificação e aperfeiçoamento. Os seres mais simples, como os vírus, os fungos e as bactérias não precisam de sexualidade para se multiplicar. Multiplicam-se por divisão: uma bactéria divide-se em duas e estas, por sua vez, reproduzem-se dividindo-se, chegando, em pouco tempo, a produzir bilhões de bactérias todas iguais entre si, com raríssimas exceções. Um autêntico processo de clonagem, isto é, de repetição quase sem fim de uma mesma vida. Esta reprodução monótona, que só raramente introduz mudanças na nova vida, retarda o surgimento de vidas diferentes, com possibilidade de aperfeiçoamento. Nos seres que se reproduzem via sexualidade, desaparece a monotonia repetitiva. Numa ninhada de cães, embora descendentes da mesma fêmea e do mesmo macho, nenhum deles é igual ao outro, pois, todos provêm da contribuição da mãe e do pai e não apenas de um só, como acontece com a bactéria. Nas bactérias, por mais que se multipliquem, quase não existe evolução. Os seres que se reproduzem 32

via sexualidade nunca se repetem, sempre se modificam. Nem os gêmeos legítimos fazem exceção, pois o embrião comum do qual resultaram por divisão era originalmente único, distinto de qualquer outro ser humano que tenha existido ou venha a existir. Os seres que se reproduzem via sexualidade são fruto da contribui.ção de dois e o novo ser que resulta não é igual a nenhum dos dois que o geraram. É um terceiro ser, com probabilidade de ser mais perfeito que seus genitores. Sem a descoberta da sexualida-

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de para a sua reprodução e sua força inovadora, a vida estaria longe da diversidade e da perfeição em que se encontra e nós, seres humanos, último elo da evolução, certamente ainda não existiríamos. Para conseguir a complexidade e as funções do cérebro humano, que é o que a distingue biologicamente de todos os demais seres vivos, foi necessário tempo, mas sobretudo poder evolutivo, que é a grande característica da vida. Os seres sem vida não se reproduzem, não mudam. Só a vida tem o poder de se mudar e de mudar o que não tem vida. O homem, disse alguém, descende do sexo. Cada geração começa com uma história de sexo e não termina com a morte, mas com uma nova história de sexo, a história da geração seguinte. No ser humano, a sexualidade até hoje foi indispensável para a procriação. Este fato, quando analisado num contexto de indivíduo, apresenta-se um tanto fora de lógica. O indivíduo goza de extraordinária autonomia vital. Cresce individualmente, vive, se alimenta, dorme e até, morre, sem precisar de um outro. Mas, quando se trata de deixar descendência, que é indispensável para garantir a continuidade da vida, o ser humano precisa necessariamente de outro ser humano e que não seja do seu sexo. E só quando os dois colo-

cam em comum as suas igualdades e as suas diferença biológicas, conseguem deixar descendência, fruto dos dois, mas sem ser igual a nenhum dos dois. A vida não é feita para se repetir. Precisa se diversificar e é na diversidade que encontra a força para sobreviver. Mas, é a sexualidade que produz e impulsiona a variabilidade. A fusão dos dois gametas, masculino e feminino, produz a novidade. O intercâmbio dos milhares de genes do pais e da mãe cria a possibilidade de mudanças totalmente inesperadas na lógica da reprodução via clonagem. A fabulosa diversidade que resultou da sexualização dos seres vivos garantiu às espécies vivas um maravilhoso sucesso. Não só acelerou a sua evolução, mas lhe abriu a porta para mudanças que não sabemos até onde poderão chegar. Quem imaginaria que das formas elementares da vida primitiva teria surgido o ser humano e que este teria chegado ao estágio em que se encontra? A clonagem, sonho científico e técnico do momento, não estaria querendo neutralizar a mais criativa invenção da vida, a sexualidade?

Padre Júlio Munaro (do jornal "0 São Paulo 23 de janeiro de 2002)

Tudo o que é dado pelos pais a um filho age como uma semente. Não devemos ter medo de semear contanto que seja a boa semente. Pe. Forcet - Conferência sobre a transmissão da fé

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O ÚLTIMO LUGAR Tanto os místicos como os filósofos concordam que a soberba é o pior defeito do ser humano. O vício mais danoso, o maior destruidor da dignidade humana é o orgulho. A história da humanidade, como também a história da salvação, estão repletas de acontecimentos que comprovam esta verdade. A crônica do mundo está cheia de exemplos que confirmam o estrago que a arrogância de umas poucas pessoas é capaz de provocar. A maioria das guerras tem, em sua origem, a presunção e a arrogância de algum paranóico. O mesmo pode ser dito dos conflitos familiares. Mesmo entre parentes, poucos admitem errar, ou se dispõem a rebaixar-se ou mesmo a perder algum pequeno privilégio, o que é suficiente para criar intrigas, muitas vezes por motivos banais. O livro Sagrado corrobora com esta visão apontando a presunção como a raiz do primeiro pecado e, consequentemente, de todo o sofrimento da humanidade. Recorrendo à linguagem figurada o autor sagrado narra como os primeiros pais ambicionavam ser iguais a Deus. Receberam tudo de graça, mas acharam mais apetitosa a árvore da vida e quiseram dela provar. Desobedeceram ao mandamento divino e imediatamente seus olhos se abriram e viram que estavam nus, perceberam a sua tola presunção. A soberba, este perverso defeito, vem destruindo 34

alegrias e esperanças. Desde as origens, o orgulho gera confusão, causa divisões e dissemina sofrimento e dor. Com a sabedoria e a coerência que lhe são peculiares, Deus fez da obra da redenção uma seqüência de gestos e de lições de humildade e de renúncia. Se o pecado era de orgulho, a redenção só podia vir por intermédio de um redentor humilde. Por

Contudo, o despojamento continua a ser o caminho mais seguro para uma liberdade

plena e permanente. "Quem quer ser o primeiro, põe-se em último lugar, e seja o servo de todos".

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meio de um homem, Adão, entrou no mundo a ambição. Por intermédio de um outro homem, Jesus Cristo, prevaleceu o despojamento. O homem se exaltou! O Filho de Deus se rebaixou! Jesus Cristo, mesmo sendo igual a Deus, rebaixou-se, aniquilou-se e tomou a condição de escravo. Manso e humilde de

coração, escolheu nascer de uma mulher desconhecida, que morava em uma cidade de onde pouca coisa boa se esperava. Nasceu mirando as estrelas e envolto em panos, porque não havia lugar para Ele na hospedaria! Viveu pregando uma nova e estranha postura: quem se julga mais importante deve ocu-

par o último lugar e tornar-se o servo de todos. E para demonstrar a seriedade da sua proposta, ajoelhou-se diante de suas criaturas, seus subordinados, e lavou-lhes os pés. Bem se diz, é difícil alguém conseguir tirar o último lugar de Jesus! Coincidentemente, foi rejeitado e condenado à morte pela arrogância e a soberba das autoridades de seu tempo. Morreu humilhado, o criador do mundo, confundido com malfeitores, xingado e caçoado. Foi assim que Jesus se mostrou Senhor da história! O orgulho continua atazanando a vida de cada ser humano. Difícil é alguém admitir ser soberbo. Normalmente, julgamos os outros sobranceiros e presunçosos. Até porque o orgulho sabe manifestar-se de uma forma sutil e, não raramente, justificada. Mais difícil ainda é alguém aceitar rebaixar-se. Contudo, o despojamento continua a ser o caminho mais seguro para uma liberdade plena e permanente. "Quem quer ser o primeiro, põese em último lugar, e seja o servo de todos".

Pe. Charles SCE 3 equipes Araçatuba, SP

Sobre a animação das Equipes : ':A este 'corpo' que cresce, é necessário insu flar constantemente uma alma". Padre Henri Caffarel

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BOM OlA ... SORRlA Acorde para vencer. Quando o relógio despertar, agradeça a Deus pela oportunidade de acordar mais um dia. O bom humor é contagiante. Espalhe-o. Fale de coisas boas, de sonhos, de amor... Não se lamente. Comece a sorrir mais cedo. Não viva emoções mornas e vazias. Cultive o seu interior. Extraia o máximo das pequenas coisas. Seja transparente e deixe que as pessoas saibam que você gosta e precisa delas. Repense os seus valores. Tudo o que tem que ser feito merece ser bem feito. Tome suas obrigações atraentes, tenha garra e determinação. Não trabalhe só pela obrigação, mas pela satisfação da missão cumprida. Transforme os seus movimentos em oportunidades. Não inveje! Admire! Sinta entusiasmo com o sucesso alheio, como se fosse o seu. Ocupe seu tempo crescendo, desenvolvendo habilidades. Só assim não terá tempo de criticar os outros. Tenha fé, acredite. Você pode ter tudo o que quiser! Finalmente, ria da vida, ria das coisas à sua volta, de seus problemas, de seus erros, e ame também a você mesmo. A gente é capaz de ser feliz quando é capaz de rir da gente mesmo!

Maiza e Ernando Equipe 16A- Fortaleza, CE 36

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Meditando em Equipe Celebramos a Páscoa de Jesus, marca eterna da fidelidade do Pai, ao assumir uma Aliança conosco . "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rom . 5, 5) . Pelo casamento, o homem e a mulher tornam-se juntos, imagem e semelhança do Deus Trinitário. Quanto mais os esposos se unem em um dom total, mais eles refletem essa Aliança de amor da Trindade.

Meditemos, após a leitura atenta de João

14, 16-21

Sugestões para a meditação: Em silêncio, toda a equipe, contemple a Trindade Santa que se manifesta em nós: "O Espírito permanece junto de nós e está em nós" (v. 17). Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele" (v. 21). Conversando, partilhemos a nossa experiência sobre esta verdade do livro "Ser Casal": dando-se um ao outro no amor, revelamos, um ao outro o amor de Deus". Padre Ernani

Oração em Comum "Luzes das luzes" (Liturgia oriental) Luz é o Pai! Luz de Luz é o Filho! Luz é o Espírito Santo, fogo nos nossos corações! Trindade Santa, nós te adoramos. Amor é o Pai! Graça é o Filho! Comunhão é o Espírito Santo! Trindade Santa, nós te adoramos. Fonte é o Pai! Dom é o Filho! Efusão é o Espírito Santo! Trindade Santa, nós te adoramos. Poder é o Pai! Sabedoria é o Filho! Bondade é o Espírito Santo! Trindade Santa, nós te adoramos. Pensamento é o Pai! Palavra é o Filho! Gemido é o Espírito Santo! Trindade Santa, nós te adoramos.



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