ENS - Carta Mensal 349 - Outubro/1999

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°349 • Outubro/1999

EDITORIAL .. ......... ... ........... ... .... .. 01 Colocarei Meus Olhos no Teu Co ração ... .. ... ........ O1 Carta do Conselheiro da ECIR ..... 02

Último M ês M ission ário do M ilênio ................ 27 M issionário ....... ...................... .. .. 29 MÊS DA CRIANÇA ....... ................ 31

ECIR ...................... ..... .. ....... ..... .. 03 A ECIR Conve rsa com o Pai ......... 03

Pastoral da Cri an ça ..................... 31 O Qu e É Uma Cri an ça .. ... ..... .. ... 33

Encontro do Colegiada Nacional ... ... ..... .... ... .. 05

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ....... 34

Testemunho .. .... .. ... ... .. ... .. .. .... .. ... 09

FORMAÇÃO ............... ................ 37

Os Filhos Que Não Geramos ...... 09

Educação : Mudança

Por uma Inspiração Divina .......... 1 1

de Paradigma s ..... .. ......... ... ... ...... 37

CORREIO DA ERI ... .. .... ... ... ...... .. . 13

MARIA ... ......... ................. ..... ... .. . 41

Avançar para a Perfeição ............ 1 3

Nossa Senhora

Carta do Conselhei ro da ERI ....... 15

na Vida da Famíl ia .. ... ..... .. .......... 41

Notícias Internaciona is ...... .......... 1 7

Outubro - Mês do Rosá rio .. .. ...... 42

SOLIDARIEDADE ............... .......... 20

Graça s Alcan çada s .......... .......... . 43

Um Gesto Concreto ....... .... ... ...... 20

REFLEXÃO .. ...... .... ... ................... 44

PARTILHA E PCE ... .. ........ ............. 2 1

Não se Esqu eça do Principal ... .... 44

O Magnificat e o

E Deus Disse Não .. .... ... .... ....... ... 45

Compromisso dos Equipistas ....... 21

A Cerca ....... ................ .. ....... ...... 45

MISSÃO ... .......... ... .. .. .. ... .. .. ...... .. . 23 Reverência, Atenção, Resposta .... 23 A Missão do Le igo .............. .. ....... 2 5

Carta Men sal é uma publicação mei!Sal das Equipes de Nossa Senhora

Wilma e-Orlaudo S. Mendes Pe. FMvio éavalca de Castro. CSsR (con s. espiriJual)

Edição: Equipe da Ca rta Mensal

J omalista R espon sá vel: Catherine E. Nadas (mrb t9835)

S ilvia e Chico Po riles (responsáveis)

EdiJoração Eletrônica, F oto/iJo s e flustrações: Nova Bandeira Produções Edito ria is Ltda. R. Venâncio Ayres, 93 1 · SP Fone: (Oxx ll ) 3873.1956

Rita e Gilberto Canto Maria Cecília e José Ca rlos Safes

Que Espécie de Equ ipista É Você? .... .... ..... .. ... ...... 46 PALAVRA DO LEITOR ......... ... ....... 47

Diagram ação: Ales.sandra Carignani Capa: Ta /ma Serra Impressão: Edições Loyola R. 1822. 347 Fone: (OJJ ) 6914.1 922 Tiragem desta edifão: 13.300 exemplares

Clma.s, colaborações. notícias. testemunhos e imagens devem ser enviatftu· para:

Carta Mensal R. Luis Coelh o, 308 5o andar · c:onj. 53 01309-000 • Stio Paulo - SP Fone: (Oxx/1) 256.12 12 Fax: (Oxxll) 257.3599 cartamensal@ens.o rg.br A/C Silvia e Chico


Colocarei Meus Olhos no Teu Cora~ão / Olá, gente amiga! Não perguntem quem é a velhinha da capa, ou o que ela faz ali. Nós não sabemos seu nome, o que faz, nem onde ou como vive. Nada sabemos de seus sonhos, se tem planos ou desejos. O que pode nos dizer, então, uma capa de revista? O que podemos nela enxergar, justo quando estamos a comemorar o "Dia das Crianças"? Num escrito do Pe. Caffarel (Reunidos em Nome de Cristo n° 3, pág. 21), há uma palavra intrigante, de uma graça prometida por Ezequiel em nome de Deus: "Colocarei meus olhos no teu coração". Bastará ter olhos como os que o Senhor prometeu pelo profeta! Será a oportunidade para sentir diferente, para ver coisas que só o coração iluminado pelo olhar de Deus pode perceber. Então, a anônima velhinha, com seu viço de alegria, poderá derramar sobre nós a experiência de tantos anos já vividos e que ensina a só dar valor àquilo que realmente importa e que, por certo, não é a beleza física, nem o prestígio, nem o dinheiro. Nesse olhar brejeiro, sem receio de extravazar o que vai no coração, pode-se ver a criança que misteriosamente retoma, quase por milagre, para rir com a espontaneidade de quem já passou pelas ilusões da vida e sabe, de conta própria, que o importante mesmo jamais passou. Jesus insiste para voltarmos a

ser como crianças: o Reino dos Céus é para quem se faz como elas. Pode-se ver na nossa personagem desconhecida essa criança que vem lá de dentro e que torna o velho sempre novo. O desafio de descobrir o novo nas coisas que o tempo vai fazendo velhas, incendiar o entusiasmo: eis a grande missão dos nossos futuros Casais Responsáveis de Equipe. A vocês que, neste mês, serão eleitos: "Reverência, Atenção, Resposta", no gostoso artigo, que contém pistas importantes sobre o sentido deste serviço. Outubro aponta para a nossa missão como casal cristão. Que tal se pudéssemos ter, na nossa missão, a mesma vitalidade com que as crianças se põem a brincar, a mesma facilidade para descomplicar, para sonhar, inventar, criar e servir? Que tal se Deus colocasse seus olhos no nosso coração e pudéssemos voltar a ver e celebrar a alegria do estar juntos como casal e como equipe; perceber como faz bem estender as mãos, estar simplesmente disponíveis? Que esse olhar de Deus em nós, oportunidade para um novo tempo, conceda que as páginas desta Carta Mensal sejam para todos os leitores um despertar na alegria, um olhar de esperança, um sorriso fácil da velha ... criança que há em nós! Com nosso caloroso abraço,

Silvia e Chico, CR da CM


Carta do Conselheiro da ECIR/ Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! Neste mês temos como ponto alto, dentro da Igreja, as missões. Outubro se liga ao mês missionário. E o que é ser missionário hoje? Sem dúvida, a idéia de que missionário é aquele que parte para terras longínquas para anunciar o Evangelho é a que logo vem em nossa mente. Ora, se ser missionário é anunciar o Evangelho, também podemos fazê-lo aqui, não é? Mas aqui vem a questão: quantos de vocês ainda não estão desenvolvendo essa missão em seus matrimônios? Ou por receio, medo, insegurança, respeito humano etc ... têm dificuldade em viver o que Jesus quer de cada um em seu lar, em cada equipe e na sociedade? Ser missionário é também anunciar as maravilhas do Senhor Jesus em nossas vidas; é ser SINAL, é ser TESTEMUNHA, é buscar sempre ser um "JESUS" para o outro ou para o próximo. É bem propício este tempo da Igreja, que combina com a escolha do Casal Responsável de Equipe, que é, e deve ser um casal missionário. A missão do Casal Responsável de Equipe é ser evangelizador dos casais de sua equipe, é estar em sintonia com os Setores, é buscar, sempre e cada vez mais, encontrar a verdade de Deus para si, sua família, para sua equipe e para a sociedade. Se você for escolhido para ser casal responsável não tenha medo, pois Jesus nos assegura: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo" (Mt 28, 20). Sugiro a você, casal, antes de sua reunião mensal, refletir, rezar e, principalmente, pedir as bênçãos de Deus para que seja uma "ESCOLHA DE DEUS". E se você for o escolhido, Deus o abençoe. Abraços e orações,

Pe. Mário José Filho, css ECIR 2


A ECIR Conversa com Vocês A Rã na Chaleira Caros equipistas, Outubro é tempo de missão. É uma oportunidade de refletir sobre a missão do nosso carisma - espiritualidade conjugal. Estivemos relendo as Cartas Verdes, um material que serviu à pilotagem de muitos casais, inclusive a nossa. Constatamos que nas regiões por onde passamos, encontramos o mesmo espírito que esteve presente naqueles primeiros casais e o Pe Caffarel - vivência do amor humano como reflexo do amor divino. Ao mesmo tempo surgiu uma inquietação: Como fazer as nossas equipes irradiarem a espiritualidade conjugal para os casais de hoje? As reações diante do casamento mudaram muito nos últimos tempos. Um estudo interessante 1 mostra que a velocidade com que as coisas acontecem hoje, interfere no casamento de tal maneira, que as mulheres e os homens não querem mais assumir a responsabilidade de um casamento para toda a vida. A emancipação econôrnica da mulher e a liberdade sexual, levaram muitos casais às uniões informais e às experiências temporárias de vida em comum. Este estudo mostra que estas

modernidades, no entanto, não satisfazem plenamente os casais porque aumenta o medo de não corresponderem as exigências do outro; o risco de ser abandonado, traído, abala a confiança quando o outro não quer compromisso. A mentalidade consumista que domina a sociedade, forma uma personalidade baseada no valor da troca. Desde criança, o ser humano é estimulado a trocar constantemente os objetos de seus desejos, não ser fiel àquilo que adquiriu . Esta mentalidade cria uma atitude anticasamento, porque este comportamento é transportado para os relacionamentos, principalmente o amoroso. A troca constante, valor supremo do consumismo, é impossível no casamento. O homem e a mulher precisam de tempo para construir um relacionamento alicerçado no amor: e na fidelidade. Temos experiência de que o espaço íntimo de um casamento pode oferecer ao ser humano tudo o que

1. O Matrimônio no séc. 21 -Falência ou Realização? Christiane E. Blank, 1996, Ed. Paulinas

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a sociedade lhe nega: amor, carinho, ·compreensão, estabilidade, auto-estima, e relacionamento profundo e único com uma outra pessoa. Quando um casamento realmente funciona, pode ser o espaço de regeneração tão necessário nos dias de hoje. A Orientação de Vida "Convidados às Bodas de Caná" diz que a nossa missão é levar o vinho que falta aos casamentos. Como dialogar com as mulheres e homens que pensam, agem e sentem, influenciados por esta sociedade consumista? Também sofremos as influências desta sociedade, muitas vezes hostil e indiferente ao nosso projeto de vida. São as convicções da fé cristã que sustentam a nossa caminhada. Nosso casamento inclui crises, brigas, dúvidas, progressos e decepções. É uma caminhada da qual Deus participa. É um sacramento. Chegamos ao título acima. É emprestado de um livro escrito por um cristão batista norte-americano, preocupado com a atuação da sua Igreja no próximo milénio. "Coloque uma rã na chaleira com água fervente e ela rapidamente pulará fora, reagindo ao ambiente hostil. Coloque uma rã na chaleira cheia de água à temperatura ambiente e vagarosamente vá esquentando a temperatura da água até que ela ferva. A rã permanecerá na água até morrer cozida. Como a comunidade cristã se comportará: reagirá à influencia hostil ao casamento? Ou permanecerá indiferente, acostumando-se aos fatos?

Como nos alerta o querido conselheiro do Movimento, Pe Mario: tudo isso está ficando comum, mas não é normal. A missão das ENS é transformar a cultura do casamento. Nossa compromisso é com o bem a ser realizado em favor do casamento, começando da criança até o adulto. Não é hora de discursos das dificuldades nos relacionamentos conjugais. É o momento de sermos solidários para que os enfraquecidos desenvolvam uma relação pessoal estável; reflitam sobre as influências que recebem da sociedade. Podemos oferecer-lhes a hospitalidade fraterna dos nossos lares, o espírito do Dever de Sentar-se. Assim, poderão reagir, em vez de sofrer passivamente seus efeitos. É mostrar ao casal que ele mesmo é capaz de transformar a sua convivência. Todos nós, casais equipistas, somos responsáveis pela missão do carisma das ENS. Acreditamos que a maior preocupação não deva ser com os desvios e manipulações. Precisamos nos unir para criar as condições favoráveis para que mais casais se abram ao verdadeiro significado do casamento cristão, e possam sentir a força e a presença de um Deus que age na vida humana. O Espírito Santo, as mulheres e os homens de hoje esperam que façamos a nossa parte. Que Maria nos ajude a fazer tudo o que Ele nos disser! Mãos à obra! Fraternalmente,

Vera e Renato ECIR 4


Encontro do Colegiado Nacional omentos preciosos para sentir a presença de Deus Pai no nosso meio foram vi vi dos nos dias 20, 21 e 22 de agosto no Encontro do Colegiada Nacional. O local escolhido foi o Centro de Pastoral Santa Fé, antiga Faculdade Anchieta, localizado na via Anhanguera, Km 25,5 -Perus São Paulo. Quanta alegria e entusiasmo sentimos no reencontro dos casais Regionais, casais da ECIR e dos dois Sacerdotes Conselheiros Espirituais, vindos de todos os cantos

do nosso Brasil, superando muitas dificuldades, mas sempre com um objetivo em mente: viver o amor, a partilha e a comunhão. A abertura foi feita pelo padre Mário, Sacerdote Conselheiro Espiritual da ECIR e por Maria Regina e Carlos Eduardo, Casal Responsável da ECIR, que teceram comentários sobre este Encontro, muito privilegiado, pois juntos terminaremos um milênio e iniciaremos outro desejando sempre uma só coisa: beber da água da fonte Jesus Cristo - que sacia o nosso coração.

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Como iniciar a nossa caminhada rumo ao novo milênio? Com atitude de louvor e agradecimento pelo nascimento de Jesus há 2000 anos, pelos 500 anos de Evangelização do Brasil e pelos 50 anos de vida das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Vamos nos empolgar com a pessoa de Jesus Cristo, pois quem encontra Cristo encontra o mistério da própria vida. Lembrando-se de que o objetivo do Colegiada Nacional é "consolidar e promover a assimilação por parte dos equipistas dos pontos já desenvolvidos nos últimos anos para a concretização dos objetivos do Movimento" foi dado a conhecer o que se esperava dos trabalhos a serem desenvolvidos nesses dias: • Transmitir muito estímulo aos equipistas. • Proporcionar momentos fortes de oração, unidade, planejamento e balanço. • Planejar os trabalhos para o ano 2000- um ano muito especial. • Discutir a formação do Casal Responsável de Setor. • Fidelidade ao carisma- crescimento de números de Equipes . • Unidade na diversidade. Terminamos a sexta-feira com a Adoração ao Santíssimo, numa celebração emocionante, onde cada casal e o padre Mário colocaram nas mãos de Jesus as dificuldades, as alegrias, as famílias, o nosso Movimento. Começamos o sábado com a "Celebração do Amor Conjugal".

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O encantamento, as sombras no amor e as renovações das promessas matrimoniais. Nessa oportunidade foi feita a apresentação do padre Flávio Cavalca de Castro, futuro Sacerdote Conselheiro Espiritual da ECIR e do futuro Casal Responsável da Carta Mensal, Cecília e Zé Carlos. Após a Oração da Manhã, padre Mário fez algumas reflexões sobre o Balanço anual feito pelas equipes. Destacou-se que o Balanço se divide em quatro grandes momentos: 1. É um momento privilegiado para fazermos uma análise do trabalho que vem sendo desenvolvido pela ECIR, pelos Casais Regionais, pelos Casais Responsáveis de Setor e pelos Casais Responsáveis de Equipe. Lembrou-se que a missão dos casais responsáveis no Movimento é ANIMAR - LIGAR FORMAR - DIFUNDIR. 2. Momento de grande exame de consciência: corrigir - encontrar rumos, caminhos para atingir os objetivos do Movimento. Procurar consolidar tudo o que o Movimento já apresentou nesses últimos anos . 3. Momento especial para VER, JULGAR, AGIR e CELEBRAR a nossa conversão em seguimento a Jesus Cristo. Vamos encontrar Jesus Cristo na Sagrada Escritura (através da Escuta da Palavra e Meditação) e na Sagrada Liturgia (desenvolvendo nossa Oração Conjugal,


Dever de Sentar-se, Regra de Vida, Retiro, Reunião de Equipe como Celebração). 4. Tempo propício para fazer uma séria reflexão sobre os desafios para a família cristã hoje. Do documento no 62 - "Missão e Ministérios dos cristãos leigos e leigas" foram destacado os n° 176, 177, 179 a 181 que falam da Espiritualidade do Cristão como proposta de seguimento como casal. Viver a dois os desígnios de Deus .

lebração. O objetivo especifico do Encontro de Santiago está na linha da renovação do amor e do entusiasmo, da conversão, e da evangelização. A escolha de Santiago de Compostela para receber o 9° Encontro Internacional do Movimento das ENS é por ser ali um centro cristão de reconhecida importância e de caráter universal e também a nossa vida de casal é uma caminhada. Para que todos os equipistas estejam participando deste Encontro, indo ou não a Santiago, foi preparado um documento para ser estudado por todos os equipistas. Este documento, elaborado na sua parte teológica , pelo frei Sigrist, de Piracicaba Uá falecido), será utilizado no mundo inteiro. Será usado para vivenciarmos momentos de reflexão e oração, preparando-nos para o Jubileu do Ano 2000 e para o Encontro Internacional de Santiago.

Santiago de Co111postela

For111a~ão

de Setores Deu-se um destaque também para um trabalho voltado à formação do Casal Responsável de Setor e sua equipe, que necessitam de um grande preparo espiritual, de conhecimento dos documentos do Movimento e da Igreja e de muito entusiasmo. No período da tarde os trabalhos se desenvolveram através de dois grupos de aprofundamento e troca de experiências O sábado terminou com uma

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Silvia e Chico teceram alguns comentários sobre o Encontro Internacional de Santiago de Compostela . Todo Encontro Internacional tem como objetivos gerais: a Unidade- a ComunhãoEncontro de encorajamento e ce7


Posse dos novos Cosais Regionais Celebração Eucarística, onde foi destacado o "Dom da Eucaristia e o Amor Conjugal", e durante a celebração foi dada posse aos novos casais regionais Angela e Luiz (Paraná Sul) e Janete e Jorge (Rio III). No domingo, a oração da manhã foi sobre "trabalhar o Pão". Logo após, na sala de palestras, o casal Vera e Zé Renato falou sobre o Conselho Nacional de Leigos (CNL) e sobre a inserção dos casais equipistas que levam uma grande riqueza ao CNL, pois participamos como casal. Somos diferentes, somos leigos casados. Foram marcantes também as sugestões para o próximo balanço e para o Encontro Nacional. O Colegiada participou da escolha do logotipo para a comemoração dos 50 anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

Leigas e leigos casados Após o almoço participamos da Santa Missa de Envio, celebrando o Dia do Leigo. "Para termos bem presente esta nossa identidade de discípulos e discípulas de Cristo, fomos chamados a crescer na vida matrimonial com o apoio de uma comunidade, e nos propusemos conhecer as exigências da vida cristã para bem vivê-las no estado de casados" . Depois de três dias ricos em graças e comunhão, cada casal regional se despediu levando consigo uma bagagem cheia de idéias, planos, entusiasmo e muito amor pelo Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Maria Cecília e José Carlos Equipe da Carta Mensal 8


Os Filhos Que Não Geramos

S

omos casados há 17 anos e sempre pensamos e admiramos uma família numerosa, pois entendemos os filhos como graças de Deus ... A plenitude de nosso matrimônio foi concretizada com a chegada de nossa primeira filha. Nascia Flávia uma menina linda, saudável, inteligente, que a cada dia crescia em "graça e sabedoria" . Atualmente está com 14 anos. Passados alguns anos, planejamos um outro filho que jamais chegaria, mesmo após alguns exames

e consultas médicas. Nesta época, minha única irmã, grávida de 7 meses acabara de perder seu primeiro filho, e inconsolável buscava entender "o porquê", sentindo-se ressentida com Deus diante de "tamanha" provação. Iniciouse assim, para ela, um período exaustivo de exames e tratamentos médicos e psicológico. Solidarizando-me com a sua dor, coloquei-me diante de Deus, e ofereci a Ele minha maternidade, pedindo que lhe concedesse o tão desejado filho, dando-me por satisfei-

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ta, por já ter experimentado a realização e a felicidade de ser mãe. O Senhor, que sempre nos escuta, presenteou-a com uma nova gravidez, desta vez de gêmeos. Nasciam assim Lucas e Felipe, redobrando as graças e o amor do Senhor sobre aquele casal, e sobre toda a nossa família. Mas o Deus providente e amoroso que não nos esquece nunca, e nos dá muito mais do que necessitamos, merecemos ou pedimos, sem que imaginássemos ou buscássemos, colocou em nossa vida duas crianças lindas e maravilhosas. Primeiro Fernanda, adotada aos três anos, desnutrida, vinda de uma família muito carente e sem condi·ções de criá-la, hoje com 13 anos. Uma filha meiga, carinhosa, amorosa e inteligente. Alguns anos depois deu-nos Moisés, nascido de seis meses com 900 gramas, perdeu a mãe horas após seu nascimento e foi abandonado pelo pai. O bebê, muito doente, foi desenganado pelos médicos. Hoje, com cinco anos, é uma criança saudável, inteligente e muito levada. Todos os dias agradecemos a Deus pelos filhos que não geramos e sentimos através deles o quanto Ele nos ama e está presente em nossas vidas. Não imaginamos nossa rotina diária sem suas presenças. Temos a certeza de que desde sempre eles estavam em nosso caminho, como parte do plano de Deus para nós. Os filhos que não geramos têm sido para nós uma "escola" no 10

Os filhos que não geramos têm sido para nós uma "escola" no exercício do mandamento maior: o amor. exercício do mandamento maior: o amor. Amar o diferente, amar a incerteza do amanhã pelo desconhecido de ontem, amar o que não planejamos e jamais imaginamos, transforma-se num aprendizado diário de partilha, de renúncia, de celebração da vida. Sentimo-nos com o coração dilatado por Deus para preenchê-lo com tanto amor que a cada dia cresce, se renova e se confirma. Por eles louvamos e agradecemos a este Deus tão vivo e presente no meio de nós, entendendo que "tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus". Queremos sempre dizer SIM e, como Maria, colocarmo-nos disponíveis a Sua vontade, inclusive para outros filhos que não geramos, mas que, com certeza, aprenderemos a amar.

Dília e Flávio Equipe 2 - N. Sra. Imaculada Rainha do Sertão Quixadá, CE


Por uma lnspira~ão Divina

S

empre pensei em escrever, ou mesmo dar testemunho, mas nunca tive coragem, pois sou a maior "chorona", apesar de não parecer. Estava lendo a Carta Mensal de ago/99, e, por uma inspiração divina, comecei a escrever. Fomos convidados a entrar nas ENS direto para a Pilotagem. Aceitamos o convite, mas já em mente: "Se a gente não gostar, a gente sai ... " O dia marcado para conhecermos os outros equipistas e sermos apresentados ao Movimento, juntamente com mais 3 Equipes para a Pilotagem, foi 02110/93, exatamente no dia em que estávamos completando um ano de casados, e aí pensamos: "Que coincidência! ... " Mais tarde tivemos a total certeza de que não foi coincidência, e sim um CHAMADO DE DEUS. Passamos a ser a Equipe 12Nossa Senhora Auxiliadora e quanto ela nos auxilia até hoje! Na época, apesar de batizados, não éramos freqüentadores de nenhuma Igreja, e nem participávamos de nada que o Movimento propunha. Apenas participávamos da reunião de Equipe que, ao nosso ver, já era suficiente. Com o tempo, fomos tomando consciência da Espiritualidade Conjugal e, num Dever de Sentar-se, resolvemos fazer uma Regra de Vida: "Ir à missa todos os domingos" para tentar descobrir a neces-

O dia marcado para conhecermos os outros equipistas e sermos apresentados ao Movimento juntamente com mais 3 Equipes para a Pilotagem foi exatamente no dia em que estávamos completando um ano de casados.

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sidade da mesma, como se isso fosse um sacrifício. A partir daí começou realmente a nossa espiritualidade. Então percebemos que a missa não era nenhum sacrifício para nós, e sim uma necessidade, e ela passou a fazer parte de nossos finais de semana. Sentimos a necessidade da Oração Conjugal e, na seqüência, os outros PCEs. Depois de dois anos de Equipe, tivemos uma grande mudança na nossa vida. Meu marido teve um tumor no intestino. A princípio não entendemos muito o que estava acontecendo. Vinha aquela pergunta: "Por que eu?" Mas depois, com muita oração, ajuda de nossos irmãos equipistas e de todo o Movimento, conseguimos superar esta primeira fase. Fomos convidados a ser Casal Responsável de Equipe para o próximo ano (1996), mas como? O Laércio, meu marido, iria fazer a cirurgia em dezembro de 1995. Aí rezamos muito e entregamos nas mãos de Deus. A cirurgia foi feita, não com grande sucesso, pois apareceu uma infecção, e após 24 dias no hospital e com 20 quilos a menos, voltamos para casa com todos os afazeres de uma recuperação e ainda com tratamento de quimioterapia, que foi feito durante um ano. Sempre fomos muito amparados por nossos irmãos equipistas e pelo Conselheiro Espiritual do nosso Setor e sentindo sempre que Deus nos carregava. Como não foi possível ir ao EACRE, um casal de nossa Equipe

prontamente nos representou . Durante este ano, com a recuperação muito lenta e desgastante, conseguimos, na medida do possível, ser CRE. Passamos a freqüentar tudo o que o Movimento propunha: Noites de Oração, Missa Mensal, Retiro ... com certas limitações, às vezes tendo de participar sozinha. Fomos percebendo como Deus nos preparou para poder passar por tudo isso . No ano de 1998 tivemos a notícia de um novo tumor e a necessidade de uma nova cirurgia, mas desta vez estávamos um pouco mais fortes espiritualmente. Conseguimos passar por mais esse desafio, com muita oração nossa e de todos que estavam ao nosso redor, percebendo sempre a presença de Deus em nossa vida conjugal. Hoje estamos muito bem (inclusive a saúde do Laércio), graças a Deus e voltando as nossas atividades normais. No momento somos Casal Ligação do nosso Setor. Agradecemos muito a Deus e a Nossa Senhora Auxiliadora por nos ter colocado nas ENS, pois Ele fez maravilhas em nossa vida. Somos muito gratos a todos que durante esses anos nos têm colocado em suas orações, o que nos tem ajudado muito, com a certeza de que tudo se resolve a seu tempo , conforme a vontade de nosso Pai.

Silvana (do Laércio) Equipe 12 Nossa Senhora Auxiliadora ]undiaí, SP 12


Avan~ar para

a Perfe1~ão

"Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu."

pre mais do ideal como equipista e como Movimento. Avançar supõe determinação; para avançar precisamos, em primeiro lugar, tomar a decisão de "partir" com o que somos e com o que temos; temos que reconhecer os nossos talentos e as nossas fraquezas, mas precisamos sobretudo ter esperança e uma grande confiança na Graça de Deus. Sob a forte pressão exercida pelos egípcios, o povo hebreu partiu abruptamente; carregando sobre os ombros as amassadeiras com farinha amassada antes de levedar, envoltas nos seus mantos de lã (Ex '---""1 12,33-34).

(Mt5,48)

"Sejam santos, porque, Eu sou santo." (Lv 11,45 e 19,2) Todos nós somos chamados por Jesus Cristo a caminhar para a perfeição. Somos, portanto, chamados, quer individualmente, quer em casal, a avançar sempre, a progredir, a aproximarmo-nos, pouco a pouco, da santidade. Também somos chamados a avançar, a nos aproximarmos sem-

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O povo hebreu saiu do Egito para se instalar na terra de Canaã. O nosso Movimento também nos chama a partir em direção ao Encontro Internacional de Santiago de Compostela. Partir, deixar tudo, saber renunciar ao conforto do nosso lar, aos nossos hábitos quotidianos, a nos separar dos filhos ... Estar prontos a renunciar a tudo o que possa ser obstáculo a nossa caminhada. Estar prontos a aceitar bem as dificuldades que, eventualmente, possamos encontrar.

"Quem põe a mão no arado e olha para trás não serve para o reino de Deus. " (Lc 9, 62)

Avançar também supõe ter uma finalidade concreta; deixar tudo, lar, farru1ia, país ... para partilhar, para nos juntarmos aos nossos irmãos, equipistas e padres, vindos de vários países do mundo; os nossos irmãos que têm as mesmas aspirações, que perseguem os mesmos objetivos e que seguem o mesmo caminho que nós; os nossos irmãos que enfrentam dificuldades semelhantes às nossas, que estão unidos a nós pela oração quotidiana, que, como nós, se entregam às graças do Sacramento do Matrimônio e do Sacerdócio, que, como nós, viveram experiências que enriquecem a nossa própria caminhada. Deixar tudo para, juntos, darmos graças a Deus, sobretudo nas celebrações eucarísticas que comemoram e perpetuam o sacrifício de seu 14

Filho Jesus Cristo, celebrações que todos nós deveremos oferecer ao Pai em agradecimento pela promulgação da Carta Fundadora do nosso Movimento há 52 anos e pelas riquezas relativas à vida conjugal e também à vida familiar, que a nossa pertença ao Movimento nos trouxe. Mas também precisamos reconhecer que, para avançar espiritualmente, dependemos sobretudo da graça de Deus, como o junco depende da água (Jó 8,11-13a).

"Por acaso, brota o papiro fora do pântano? Ou pode o junco crescer sem água? Ainda verde, para ser colhido, Ele seca antes de todas as ervas. Tal é o destino de quem se esquece de Deus E assim desaparece a esperança do injusto. " Avançar supõe, sobretudo, uma boa preparação espiritual pessoal, em casal, e, também, em equipe, mesmo com aqueles que não podem ir a Santiago, para estarmos prontos a escutar o Senhor que nos falará no decorrer das conferências, das encruzilhadas e, sobretudo, durante as celebrações eucarísticas. O Senhor fa1ar-nos-á ao longo de todo o Encontro Internacional, para que possamos nos tornar, a cada dia, mais fiéis ao Seu Evangelho.

Cidinha e Igar Fehr Equipe Responsável Internacional


Carta do Conselheiro da ERI Em companhia•••

C

aminhamos como peregrinos em direção a Santiago ... o caminho que vamos fazer, foi, durante séculos, um caminho de graças ... as pessoas que, de toda a parte, avançavam guiadas pelo caminho das estrelas, tinham como ponto de encontro um local sagrado pela tradição ... Queriam, sobretudo, satisfazer esse desejo de renovação que todo o homem e toda a mulher sempre têm no seu espírito. "Aspirai aos dons superiores" dizia São Paulo aos Coríntios (1 a Cor.12,31) e, durante séculos, caminhava-se em direção a Santiago, obcecado por essa vontade de se encontrar face-a-face com o ho-

mem novo e a mulher nova, que finalmente, sempre sonhamos ser. A nossa espiritualidade conjugal está em plena harmonia com este espírito de peregrinação, pois o casal das Equipes de Nossa Senhora procura, dia após dia, viver este esforço de transformação. A identificação com Cristo, nas nossas tentativas espirituais, faz-se, antes de tudo, com a escuta da Palavra. Abertos à Graça, avançamos com os pontos concretos de esforço, que nos ensinam a discernir os nossos caminhos, através da Oração individual, conjugal e familiar; que mantêm o nosso itinerário através da Regra de Vida; que vencem os peri-

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gos da solidão, através da vida e das reuniões de equipe; que nos incitam a saber parar, através dos nossos retiros ... elementos importantes em toda caminhada importante. É com grande espírito de comunhão que caminhamos em direção a Santiago 2000! Caminhamos na companhia dos nossos irmãos equipistas e encontraremos os nossos irmãos e irmãs do mundo inteiro. Não seremos uma multidão anônima sem possibilidade de comunicação, ainda que sejamos talvez mais de cinco mil, aparentemente divididos por diferentes idiomas; mas todos temos a mesma linguagem, os mesmos ideais, uma idêntica sede de perfeição cristã, como leigos e como casais. Peregrinos de um Absoluto que nos atrai, encontraremos almas gêmeas que, decerto, quererão conhecer as nossas experiências, os nossos projetas, as nossas formas de viver como casal cristão no mundo de que gostamos, do qual fazemos parte e que queremos melhor. Este Encontro Internacional será uma oportunidade de partilhas enriquecedoras, não apenas para nós, mas para as nossas famílias, o nosso próximo e a nossa sociedade. Por tudo isto, Santiago far-nosá sentir mais próximos uns dos outros, apesar das longas distâncias que nos separam e, decerto, desencadeará uma autêntica renovação para as EQUIPES . Viver na companhia dos nossos irmãos e irmãs, caminhar juntos, rezar juntos, procurar juntos os projetos de Deus, olhar e discernir juntos o futuro, sentir a alegria de nos sabermos juntos

Seremos peregrinos de um Absoluto que nos atrai, encontraremos almas gêmeas que, decerto, quererão conhecer as nossas experiências. na procura de uma vida mais cristã, é uma experiência de comunidade cristã que não podemos perder. A companhia dos nossos irmãos equipistas de tantos países ajudar-nos-á a descobrir novos horizontes ou a conhecer a realidade a que pertencemos como cidadãos de um mundo que queremos melhorar. Assim, ajudados uns pelos outros, escutaremos Jesus que nos convida a segurar o leme para avançarmos em águas mais profundas (Lc 5,4). Bem que precisamos disso! Acreditem nos benefícios dos Encontros Internacionais, vividos com austeridade e esperança. O Mestre está lá e nos chama. Ele nos chama ... (Jo 11,28). Santiago 2000 supõe a abertura a uma vida renovada para as Equipes de Nossa Senhora. Façam um esforço para estar lá! Procurem os meios de ir, ainda que isso exija sacrifícios de vocês! Apelem à entreajuda, não encarem o Encontro como um desperdício inútil!

Cristóbal Sàrrias, s.j. 16


Notícias lnternacion 1. Santiago 2 000 Caros amigos das Equipes de Nossa Senhora do mundo inteiro. O nosso Encontro Internacional em Santiago de Compostela aproxima-se a passos largos, os meses passam sem que de tal nos apercebamos e estamos praticamente a um ano da Celebração. O que lhes podemos assegurar é que o tempo corre demasiado depressa para os responsáveis pela Organização, que há muitos preparativos, ainda que tenhamos já trabalhado num bom ritmo durante este ano ... Os Casais Ligação das SuperRegiões cumprem os seus trabalhos com energia e entusiasmo. Muitos deles contataram-nos e já lhes fornecemos todas as informações da agência de viagens espanhola para o Encontro e sobre os meios de transporte desde os seus lugares de origem até Santiago. As fichas de inscrição estão sendo traduzidas nas diversas línguas e esperamos poder enviá-las a cada Super-Região brevemente. Por favor, escrevam nas fichas as informações que lhes pedimos, bem como as línguas que sabem falar ou se são médicos, enfermeiros, jornalistas ou outros que possam colaborar com os organizadores durante o Encontro. Há uma página WEB para os que têm acesso à Internet, cujo endereço é "ens2000.org", onde po-

derão encontrar informações sobre o Encontro, e que gradualmente irá sendo atualizada. Para promover a solidariedade, preparamos cofres muito funcionais que podem ser utilizados nas reuniões de equipe, para recolher dinheiro que ajude aqueles que gostariam de vir a Santiago. Logo que os cofres estejam prontos, serão distribuídos a todas as equipes do mundo. A idéia é que todos sejam solidários com aqueles que virão e que, se possível, as dificuldades econômicas não deixem sem ajuda pessoas que desejariam vir a Santiago. Como sabem, cada Super-Região tem um "casal ligação" com a organização do Encontro; poderão enviar-lhes as suas dúvidas e eles as esclarecerão. Por hoje é tudo. Pedimo-lhes que rezem ao Senhor que nos ajude para que saibamos conduzir este Encontro Internacional rumo à maior glória de Deus.

A Equipe delegada pela ERI para a Organização do Encontro Internacional Equipe de difusão 17


nós••• iá come~amos a percorrer o caminho

2 .••• E

Desde há alguns meses que começamos a preparar o caminho para Santiago e para entrar naquele que nos levará ao ano 2000, onde nos será recordado que o nosso Amor Conjugal é Imagem de Deus Trinitário. É um caminho longo, laborioso, por vezes até tortuoso, com locais de paragens: Madri, Léon, Ávila, Santiago onde outros, que já fazem o Caminho, nos dão força, com fontes refrescantes, algumas vezes com o correio eletrônico, outras vezes, com pequenas pedras que nos podem machucar... Mas a nossa missão não é cair, é, antes, avançar, mesmo que lentamente .. . Estamos no caminho e não voltaremos atrás. Mesmo que quiséssemos recuar, verificaríamos que não poderíamos, pois o recuo não tem sentido. Este caminho é um caminho de conversão que só termina com a vitória sobre os nossos egoísmos e que, graças a Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida (caminho, verdade, vida: CRISTO!) nos conduz à ressurreição e a uma nova vida mais pura e melhor. Assim como nascemos, um dia, pela água do Batismo, também renasceremos, agora, como que numa imersão batismal repetida. Amém! Aleluia! É por tudo isto que, nesta peregrinação que iniciamos, tudo é como na vida. Como diz a canção, a vida é um mistério, uma intriga permanente e é preciso toda uma vida para aprender a viver. Num certo

sentido, somos inventores de nós próprios e inventores deste caminho. Quando tivermos aprendido a fazer o caminho, chegaremos a Santiago. Até lá, o melhor símbolo deste caminho é o caminho pessoal de que hoje falamos e que, a cada dia, iremos aprofundando um dos símbolos que aparecem e que nos conduzem a morrer para nós mesmos, para permitir que Deus, como oleiro, nos modele a sua imagem com toda a argila que nós tivermos armazenado sobre o caminho. Normalmente o objetivo de um caminhante é regressar à casa . Mas, neste caso, a nossa casa é Santiago. Santiago representa a Casa de Deus, do Pai que nos acolhe sem levar em conta as nossas faltas e que prepara uma festa à nossa chegada. Neste sentido, este caminho é diferente, pois o regresso não faz parte da peregrinação. Sobre o caminho de regresso, tudo é inverso, os objetivos, a direção, os sinais. Nada tem sentido, não podemos recuar! Poderemos, então, interrogarnos: será que vamos ficar aqui? De uma certa forma sim, porque só é possível mudar se morrermos nós próprios, renascendo para o Amor e encontrando o paraíso perdido. O mesmo se passa quando se fala da melancolia da Galícia, pois quem já esteve lá, deixou uma parte do seu coração e portanto está nostálgico. Quando, em 2000, o nosso En18


contro Internacional terminar, teremos feito morrer o nosso egoísmo, a nossa preguiça, o nosso desespero, a tristeza e a falta de comunicação ... e teremos feito nascer, com o nosso abandono nas mãos de Deus, a alegria do reencontro, a satisfação do dever cumprido, o amor em definitivo! A corrente de água, fonte do nosso renascimento, terá atraído muitos daqueles que não viam, talvez, muito claro ocaminho, que estavam desorientados, que não sabiam como avançar. A ERI, sob a inspiração do Espírito Santo que sopra sobre todos, revelar-nos-á novas orientações, que, como um vento violento, guiarão as velas do nosso barco rumo ao Terceiro Milênio. Será como um novo Pentecostes em que o fogo purificará os nossos corações. O fogo simboliza a concentração da força espiritual, o ardor da alma; este é o elemento que diferencia o homem do animal e que chamou o homem a uma altura quase divina, fazendo-nos filhos de Deus . Mas tudo isto é uma maratona, um autêntico esforço, próprio dos atletas nos Jogos Olímpicos. Como nestes, a emoção religiosa está ligada à emoção do Encontro. O fogo representa "a crista" de que nos falavam os gregos: a perfeição com a qual vamos lutar. É um dom de Deus que o partilha como quer e que resplandece numa vida que tende à perfeição e se obscurece numa vida vazia. Ninguém sabe a quantidade que possui; assim, como os atletas dos «Jogos Olímpicos», devemos estender, ao máximo, as

nossas possibilidades. Os gregos diziam-nos que o homem deve atingir o limite da «crista», da perfeição, antes da morte. Nos Jogos Olímpicos, participa uma multidão imensa como espectadora; uma minoria participa da competição e chega aos limites das suas forças para atingir o cume ... Poderemos apenas assistir como espectadores, sentados no nosso lugar, nada tendo preparado e passaremos assim como se não tivéssemos nascido. Ou então, poderemos, ao contrário, lutar pela maior das vitórias: a procura da perfeição e a satisfação de sabermos que o nosso esforço não foi em vão. Só assim sentiremos que chegamos àquele paraíso, que desta vez poderemos saborear, porque a TERRA que utilizamos para «fazer caminho» tomar-se-á fértil, será preparada para que nela frutifique a semente do amor. A recompensa para todos: uma coroa de louros, ou o fruto que nasce desta terra, no passado estéril e seca e agora fecunda. Nem o ouro nem a prata seriam um troféu suficiente para recompensar este esforço. Queridos amigos, estamos certos que em Setembro do Ano 2000, Deus nos sorrirá e nós poderemos repousar felizes sob o olhar de Maria, nossa Mãe, Nossa Senhora da Alegria. Amém!

A Equipe delegada pela ERI para a' Organização do Encontro Internacional A Equipe da Liturgia 19


Um Gesto Concreto

N

este ano, dedicado a DEUS PAI, entendemos que um encontro profundo com Deus não escapa à sua conseqüência natural, que é a caridade. Por isso gostaríamos de relatar um trabalho que é feito há alguns anos. Mais ou menos há dezoito anos, durante uma novena de Natal, em uma rua, participava uma equipista (Marli). A partir da novena, o grupo resolveu encontrar-se uma vez por semana, para junto rezar o terço. Começou aí o Grupo do Rosário, e então começaram a arrecadar comida, formando ranchos (cesta básica) para as pessoas necessitadas. Com o tempo, a Equipe 5 - Nossa Senhora Aparecida, à qual a Marli pertencia, assumiu este trabalho de coleta e entrega de ranchos. Foram feitas muitas visitas às casas, e também um cadastramento das pessoas que precisavam de aux11io. Outras equipes resolveram ajudar neste trabalho, e até hoje contribuem com doações. Atualmente, distribuímos, na última sexta-feira de cada mês, 70 ranchos, sendo 12 entregues nas casas e 58 em local determinado. Ajudamos ainda com roupas, cobertores, colchõe , món:ütteJ:ial escolar, uniformes,

remédios, pagamentos de luz, água, gás, enfim, tudo o que nos é possível fazer. Para tanto, no começo, fazíamos um trabalho arrecadando e vendendo roupas usadas, através de feiras em bairros. Como o rendimento começou a cair, começamos a vender panos de prato. Atualmente, graças a Deus, contamos com a doação de alimentos de muitas pessoas. No decorrer destes anos, conseguimos construir seis casas bem simples, sendo cinco de madeira e uma de material. Hoje, devido à crise, não mais podemos fazê-las. Com a misericórdia e ajuda de Deus, este trabalho continua e é muito gratificante. Antes de receberem os ranchos, as pessoas rezam e agradecem. Quando pensamos que vamos parar porque não temos mais dinheiro, as doações chegam em dobro. Aqui vai o nosso agradecimento a Marli e Lindomar da Equipe 5, que são os cabeças deste trabalho, e um agradecimento a todos os equipistas e pessoas anônimas que nos ajudam.

Cylésia Equipe 5 - N. Sra Aparecida Criciúma, SC


O Magnificai e o Compromisso dos Equipistas Rezar o MAGNIFICAT diariamente é um compromisso dos equipistas. Isso nada significa se ele não é vivido e testemunhado para o mundo.

Assim não tem o direito de dizer: A MINH' ALMA ENGRANDECE O SENHOR, EXULTA MEU ESPÍRITO EM DEUS, MEU SALVADOR, quem não se abre para OUVIR A PALAVRA DE DEUS que fala através da Bíblia, dos pequenos acontecimentos e da história e não se esforça para transformar-se em pessoa melhor, sempre disposta a servir seu semelhante. Assim não tem o direito de dizer: PORQUE OLHOU PARA A HUMILDADE DE SUA SERVA, DORAVANTEASGERAÇÕESHÃODECHAMAR-MEDEBENDITA, quem não sente o olhar amigo do Senhor e não canta as alegrias dessa amizade numa MEDITAÇÃO que é verdadeiro encontro com Ele, esforçando-se para colocar tudo o que tem ao Seu serviço. Assim não tem o direito de dizer: O PODEROSO FEZEMMIMMARAVILHAS E SANlD ÉO SEU NOME. SEU AMOR PARA SEMPRE SE ESTENDE, SOBRE AQUELES QUE O TEMEM, quem não procura encontrar-se diariamente para uma ORAÇÃO CONJUGAL e familiar, se possível, de reconhecimento e agradecimento pelas maravilhas que Ele faz a todo instante.

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Assim não tem o direito de dizer: MANIFESTA O PODER DE SEU BRAÇO, DISPERSA OS SOBERBOS. DERRUBA OS PODEROSOS DE SEUS TRONOS E ELEVA OS HUMILDES, quem não faz do DEVER DE SENTAR-SE um esforço para avaliar a autenticidade de suas vidas que nem sempre é de acordo com aquilo que dizem crer. Muitas vezes a soberba e o egoísmo torna-os autoritários, agindo como fariseus: cristãos de nome que não respeitam todos como filhos de Deus. Ou, então, somente o fazem quando necessitam dos outros ou, pior ainda, somente para os mais importantes, esquecendo que os humildes são os preferidos de Deus. Assim não tem o direito de dizer: SACIA DE BENS OS FAMINTOS, DESPEDE OS RICOS SEM NADA, quem não faz da justiça sua principal REGRA DE VIDA, nunca esquecendo de revê-la com freqüência em busca da perfeição. Assim não tem o direito de dizer: ACOLHE ISRAEL, SEU SERVIDOR, FIEL AO SEU AMOR, COMO HAVIA PROMETIDO A NOSSOS PAIS, EMFAVORDEABRAÃOEDESEUSFILHOSPARASEMPRE, quem, anualmente, num RETIRO ESPIRITUAL, não se coloca como servidor diante de Deus, para rever sua fidelidade a Ele e planificar suas vidas dentro dos seus critérios, dando uma resposta de fé Àquele que é o amigo fiel e pai amoroso. Assim não tem o direito de dizer: GLÓRIA AO PAI E AO FILHO E AO ESPÍRITO SANTO, COMO ERA NO PRINCÍPIO, AGORA E SEMPRE. AMÉM. Finalmente, não pode glorificar a Deus quem, escolhendo participar livremente do Movimento das ENS não vive em sua própria Equipe, momentos fortes de ORAÇÃO, de sincera CO-PARTICIPAÇÃO e de valiosa AJUDA MÚTUA.

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Reverência, Aten~ão,

Resposta (Eiei~ão

do Casal Responsável de Equipe) bia o caminho do Paraíso, lembrouse das vezes em que ajudou alguém na Terra, do número de vezes que foi à Igreja, das reuniões de sua equipe de base e julgou que tudo isso estava de bom tamanho para entrar no Céu. Quando chegou aos imponentes portões do Céu, viu que estavam trancados. Ouviu, então, a voz de São Pedro que dizia: Vigie atentamente. Os portões só se abrem uma vez a cada dez mil anos Com os olhos arregalados, ficou ,___ trêmulo com a expectativa. Decidiu ficar atento. Esperou, esperou ... porém, desacostumado de praticar a virtude da atenção, ficou pensando em outras coisas, foi ficando sonolento, cochilou. Neste mesmo instante, os poderosos portões do Céu se abriram e, antes que ele retornasse de seu cochilo, fecharam-se estrondosamente, com um trovão que derrubou todos os desatentos para fora do Paraíso".

'E

a alguém que, como a maioria de nós, tinha conhecimeno, no mais íntimo do seu ser, qual o caminho para o Céu. Lia a Bíblia, ia todos os domingos à missa, sabia que devia amar o próximo, honrar os pais, ser honesto e que, em decorrência do seu batismo, devia ser missionário, colaborando com o plano de Deus na construção da civilização do Amor. De quando em vez, com sinceridade de coração, dava alguma esmola, ajudava algum amigo e, quando julgava conveniente, fazia alguma oração. Mas a maior parte do tempo se ocupava mesmo era com os seus próprios negócios ou afazeres domésticos rotineiros. Era equipista há muitos anos, mas nunca tinha tido tempo para coordenar Experiência Comunitária, pilotar uma nova equipe, exercer alguma função de responsabilidade no âmbito do Movimento. Seus hábitos impregnaram-se na alma e acabou desenvolvendo o defeito da desatenção. As oportunidades para assumir um comportamento mais cristão vinham e iam; em certas ocasiões até percebia essas oportunidades, mas ... não tinha tempo. Era, deveras, muito desatento aos convites que Deus lhe fazia. Um dia morreu. Enquanto su-

Se de fato acreditamos que o Movimento das Equipes de Nossa Senhora é fruto da inspiração do Espírito Santo, igualmente devemos acreditar que sua pedagogia, seus métodos fazem parte desta mesma inspiração. São dons do Amor de Deus. Como tais merecem REVERÊNCIA, ATENÇÃO, RESPOS-

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ce metas e meios, dispõe-se a testemunhar a vivência das riquezas (Pontos Concretos de Esforço, Reunião de Equipe, auxílio mútuo, correção fraterna etc) das ENS, motivando, com seu exemplo, a mesma vivência por parte dos demais. A fisionomia de uma equipe de Nossa Senhora é o somatório das fisionomias de todos os seus membros. Mas é a você, Casal Responsável, que cabe dar a sua característica mais marcante. É a você que cabe ser o maestro, que executa a música que irá embalá-la e a quem cabe reger o ritmo de sua caminhada, sintonizando-o com o ritmo das batidas do coração amoroso de Jesus. Ao saber-se escolhido para novo casal responsável, pense: "Fui privilegiado. Obrigado, Senhor". E que sua resposta de gratidão seja a mesma de Maria de Nazaré, nossa guia: "Faça-se!" num abandono incondicional nas mãos do Pai. A eleição do casal responsável é um dom de Deus para nós, equipistas. Exige REVERÊNCIA, ATENÇÃO, RESPOSTA. Temos a certeza de que nenhum de nós, por desatenção, vai perder a oportunidade de entrar no Céu, quando os seus portões se abrirem.

TA de nossa parte. A eleição do Casal Responsável de Equipe é dom de Deus, merece REVERÊNCIA, ATENÇÃO, RESPOSTA da parte de quem elege e de quem, porventura, for eleito. Da parte de quem elege o que se espera é que, em clima de oração, dócil ao sopro do Espírito, vote com discernimento, escolhendo aquele casal com melhores condições de exercer esse serviço no momento, procurando o melhor para a sua equipe e não motivado por amizade ou influenciado por alguma pequena desavença. E aqui, a participação do Conselheiro Espiritual é fundamental. Pelo caráter próprio de sua função, é a ele que cabe assegurar clima propício, despertando consciências. A ele cabe a apuração dos votos e, quando necessário, o voto de minerva, anunciando, por fim o casal escolhido. Da parte de quem é eleito, o que se espera é a certeza de que toda oportunidade de se colocar a serviço, no âmbito do Movimento, é, no fundo, um chamado de Deus. Ao ouvir a escolha, pronunciada pelo Conselheiro, sinta-se como se o próprio Jesus, a sorrir, estivesse olhando nos seus olhos, pronunciando seu nome, convidando-o a colaborar com a construyão do seu Reino. QUE PRIVILEGIO! Um privilégio que exige uma única condição: "Que você procure amar mais". Amar mais sua equipe e o seu Movimento. E quem ama, anima, encoraja, preserva a unidade, planeja objetivos, estabele-

Uma boa e santa eleição!

Márcia e Luiz Carlos Equipe 4 Recife, PE 24


A Missão do Leigo*

Ai!

e mim se não evangelizar" dizia São Paulo, e pode os repeti-lo, nós também. Lembremo-nos de que também o Papa, por ocasião da vinda do Terceiro Milênio, nos convoca a uma Nova Evangelização - a mesma evangelização a que nos envia Jesus e nos conclama Paulo -, mas numa linguagem atualizada, adaptada à realidade do mundo de hoje. Quando os bispos dizem que a responsabilidade dessa evangelização não é de alguns, mas de todos, eles querem nos lembrar que devemos afastar a desculpa que sempre nos ocorre: "isto é tarefa dos padres". Não, isto não é tarefa só dos padres, sacerdotes e religiosos, é tarefa de todos nós, e em particular dos leigos. "O leigo", diz em artigo recente o arcebispo de Maceió, D. Edvaldo Gonçalves Amaral, citando a Lumen Gentium, "tem na Igreja o seu papel teologicamente definido pelo Sacramento do Batismo, que o incorpora a Cristo, Cabeça da Igreja, e o faz participante do sacerdócio de Cristo, de uma forma que lhe é peculiar e diversa do sacerdócio ministerial dos cristãos ordenados", ou seja, dos padres. "O sacerdócio comum dos fiéis diverge do sacerdócio ministerial, não em grau - não se trata de saber qual é o mais digno, o mais elevado-, mas em natureza. Ele participa da função de Cristo, Cabeça do Corpo Místico, na tríplice missão de profeta, sacerdote e servidor. Como profeta, anuncia

* Extrafdo

Jesus em seu meio específico, que é o mundo. Como sacerdote, santifica as realidades temporais, que é a sua área peculiar. Como servidor, a exemplo de Cristo, serve a comunhão eclesial, na promoção da justiça, da igualdade e da fraternidade entre os homens, seus irmãos". "Pelo Sacramento da Confirmação", diz ainda D. Edvaldo, "o crismado assume de maneira pessoal, consciente e responsável seu compromisso batismal. Toma-se militante da Igreja, comprometido com Cristo Jesus, Igreja viva, atuante no mundo, testemunha de Jesus. O crismado é configurado ao Cristo Sacerdote, é um Ungido, é um Cristo". O leigo, portanto, assume a sua vocação, responde ao chamado que recebeu, desempenhando no mundo, ou seja, fora da igreja-templo, essa missão de profeta, de sacerdote e de servidor. Muitos pensam que a missão eclesial dos leigos limita-se a participar da liturgia ou de atividades paroquiais. Essas funções são sem dúvida necessárias, mas a missão do leigo é muito mais vasta. É lá fora, em sua casa em primeiro lugar, em sua família, em seu bairro, em seu local de trabalho, nas associações de que faz parte, nos centros de lazer que freqüenta, na sociedade em geral, que ele deve atuar, que ele deve evangelizar. Esse vasto mundo em que vivemos está descristianizado, poderíamos dizer "desdivinizado", já que

da palestra feita para o Setor Perdizes da Região Sé, em São Paulo.

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perdeu a referência a Deus, atraído pelas noções fortemente mediatizadas de dinheiro, de sucesso, de beleza, de posse, de consumo, de poder. A Nova Evangelização a que nos chama o Papa deve ser "inculturada", isto é, penetrar e utilizar as riquezas culturais dos povos, das etnias, dos grupos que constituem as nações e, para desempenhar com eficácia o nosso papel nessa evangelização, a Igreja do Brasil, em suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, ofereceu-nos quatro ferramentas: o anúncio, o diálogo, o serviço e o testemunho. Anunciar a boa nova, a vinda do Reino de justiça, de fraternidade e de paz, o reino da vida que derrota o reino da morte. Proclamar que Deus é bom, que Ele nos ama, que Ele nos perdoa, que Ele quer sempre o nosso bem. Dialogar com todos os nossos irmãos, mesmo separados, mesmo pertencentes a outras religiões, ou adeptos de teorias ou crenças diferentes das nossas, dialogar sempre, mostrando com clareza o que nos parece ser verdade, ser bom, ser justo, respeitando o próximo, mostrando que o amamos, mesmo se discordamos dele. Procurar servir o próximo, ajudando-o a vencer as dificuldades de sua vida, sejam elas materiais, profissionais, físicas , psicológicas ou espirituais . E quem é o nosso próximo? Lembremo-nos da parábola do Bom Samaritano, sem esquecer, contudo, que temos uma responsabilidade especial para com os nossos próximos mais próximos, nosso

cônjuge, nossos filhos, nossos pais. Quanto ao testemunho, ele é essencial, pois influenciamos muito mais pelo que fazemos do que pelo que dizemos, e vã é a palavra que não se traduz na vida. "Os discípulos de Jesus", diz o documento da CNBB Missão e Ministérios dos Leigos e Leigas Cristãos, "hoje são como os discípulos de Emaús, pessoas a caminho, desalentadas, mas que encontram um desconhecido que as acompanha e faz arder seus corações enquanto lhes fala das Escrituras . Quando solicitam que permaneça com eles, finalmente o reconhecem no gesto de partir o pão. Depois deste reconhecimento, voltam para anunciar aos demais: Aquele que morreu está vivo!". Concluindo, a nossa vocação, o nosso chamado, é participar da missão da Igreja e essa missão é antes de mais nada uma missão de vida, uma missão de amor. E lembremonos de que nós, leigos, em grande maioria casados, temos uma vocação muito especial, a vocação matrimonial. Essa vocação que é uma vocação de amor e uma vocação de vida, pois ela gera a vida, recebeu da Igreja um sacramento específico, o Sacramento do Matrimônio, que os cônjuges se dão um ao outro e lhes permite vi ver e alimentar sempre o seu amor, sendo para o mundo exemplo e testemunhas do amor de Cristo que, como leigos cristãos, queremos proclamar.

Gerard (da Monique) Equipe A-01- São Paulo, SP 26


Último Mês Missionário do Milênio 24 de outubro- Dia das Missões esus, após sua vida, paixão, mor te e ressurreição, tendo sopra do sobre os discípulos, transmitiu-lhes sua missão. A missão de Jesus Cristo e do Espírito Santo tornou-se a missão da Igreja: "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós" (Jo 20, 21). A Igreja reserva o mês de outubro para, anualmente, reavivar a consciência missionária em seus batizados. Mt 28, 18-20: "Jesus aproximou-se deles e lhes falou: Eu tenho toda autoridade no céu e na terra. Dirijam-se, pois, a todas as terras e façam discípulos meus todos os povos, batizandoos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E ensinem a

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todos a praticar tudo o que eu ordenei a vocês. E lembrem-se que eu estarei com vocês, todos os dias, até o fim do mundo" Durante o último ano do século, que nos encaminha ao Grande Jubileu do ano 2000, volvemos o olhar e o coração para o Pai. Eis a missão do mês de outubro de 1999: "conhecer o Pai assim como o Filho nô-lo revelou e, através do exemplo e da palavra, revelá-lo a cada irmão nosso!" Deus é Pai e quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Sendo Deus nosso Pai e, sendo nós, através de Jesus, nosso irmão maior, seus filhos, toma-se o Pai muito pró-

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ximo de cada um de nós e nos faz capazes de conhecê-lo e amá-lo sempre mais. Através da Igreja, o Corpo Místico de Cristo, somos, outrossim inseridos no desígnio do Pai: "Sede perfeitos como Vosso Pai Celeste é perfeito e sede santos como vosso Pai Celeste é santo!" A vinda do Reino do Pai aos nossos corações é obra do Espírito Santo para aperfeiçoar o projeto do Pai no mundo e levá-lo à plena maturação em nossa vida. O progresso humano autêntico lançará suas raízes mais profundas numa evangelização cada vez mais encarnada e, em nossa atividade missionária, ressaltaremos o jubiloso anúncio da bondade misericordiosa do Pai. O Pai é realmente bondoso e perdoa o pecador compungido, esquecendo-lhe a culpa e restituindo-lhe a serenidade e a paz. O Pai dar-nos-á forças para vencermos o mal com o bem. A paternidade di vi na refletir-se-á e resplandecerá na santidade dos missionários e da comunidade cristã. Somente quem em sua vida já experimentou o amor de Deus-Pai será capaz de amar aos demais de maneira generosa e transparente. Portanto, conscientes de nossa missão de missionários, voltemo-nos para Deus, impetrando-lhe a vitória sobre o príncipe do mal. O amor do Pai e a força do Evangelho serão nossa armadura para vencer o ódio e a violência, o egoísmo e a indiferença religiosa. Lembremo-nos que a missão da salvação é universal, é para todos; é compromisso de todo o povo san-

A missão da salvação é universal, é para todos; é compromisso

de todo o povo santo de Deus e será a paixão de cada cristão.

to de Deus e será a paixão de cada cristão. A oração alimentará o desejo do anúncio e do testemunho de Cristo a todos os povos. Os sofrimentos e os dissabores converterse-ão em poderosos arrimos à ação evangelizadora da Igreja. Preparemos a primavera cristã cujo rosicler purpurino já assoma ao horizonte da esperança num milénio mais fraterno e irmão. Maria, a Estrela da Manhã, ajude-nos a concretizar nosso "sim" generoso e dinâmico à missão de seu filho já incorporada em nosso Batismo.

Pe. Otto Seidel SCJ Eq. 70 - Rio de Janeiro, RJ 28


Missionário Medita~ões sobre o ardor Missionário em prol das Santas Missões Populares

esus nos convida a nos alegrar mos com Deus na volta dos pecadores ao convívio em sua casa. Jesus quer deixar claro que a ação de Deus está acima de qualquer interesse pessoal; não podemos alegar direito ou preferência, nem tomar posse do Senhor. Retomar o caminho de Deus é reconhecer os próprios erros e desejar fazer o bem como ~------... oferta agradável. Deus não olha as aparências, mas sim o coração. Na sua escolha não prevalecem critérios humanos, mas sim a ação do Espírito Santo. O último ensinamento de Jesus é o do serviço. Não há humilhação em servir pois o verdadeiro serviço está intimamente relacionado ao amor. O missionário testemunha e anuncia sua profunda experiência de Deus. Evangelizar é oferecer ao homem condições de se tornar íntegro, crítico e produtivo. Nascer do Espírito é predisporse ao processo da conversão, pelo qual abandonamos tudo o que não auxilia a realização da pessoa humana para assumir os valores e as ações que possibilitam a formação integral da pessoa engajada. As necessidades de todos são supridas porque a comunicação e a partilha entre os cristãos são orientadas pelo Espírito à Luz de sua Fé. As obras cristãs devem ter continuidade, mesmo perante a incom-

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preensão de alguns. Jesus sempre sacia as necessidades de seu povo. Para satisfazer as necessidades de nosso povo é preciso estarmos bem preparados e assumirmos com ele tendo senso crítico apurado. A igreja é uma comunidade de "Olhos Abertos e Janelas Escanca-


radas", que vê as necessidades do povo e se organiza para supri-las. Apesar das instabilidades e incompreensões, devemos nos manter firmes na nossa confiança no Senhor. Deus, em todos os tempos, nunca deixou de enviar missionários para elucidar seu povo, mas cabe a nós, verificar os verdadeiros. Todos os sinais que os apóstolos operaram, em nome de Jesus, tinham como meta a expansão, unidade e fortificação da comunidade cristã. A dureza que os discípulos de Jesus sentiam era a manifestação do confronto interior entre os próprios interesses e os interesses que beneficiam toda a comunidade; esses devem ser os interesses dos cristãos. As diferenças não devem ser dificuldades, mas riquezas na Missão e na Criatividade. A dúvida é fruto de nosso comodismo, pois, ao nos engajarmos na busca da sabedoria, nossas dúvidas serão gradativamente sanadas. O serviço exige preparação dos escolhidos e de toda a comunidade para que os resultados sejam favoráveis. O cristão deve ser Luz no Mundo, em outras palavras, deve ser o educador da humanidade. A missão não é impor ensinamentos de modo autoritário, mas de mostrar a luta, as alegnas, as tristezas, as vitórias do Povo de Deus, ter consciência e senso crítico. Muito mais que promessas, Deus assumiu compromissos com

O missionário testemunha e anuncia sua profunda experiência de Deus. Evangelizar é oferecer ao homem

condições de se tornar íntegro, crítico e produtivo. seu povo, e cumpriu todos, apesar dos desvios da consciência humana. Não basta ao cristão engajado uma fé ingênua, é preciso fé esclarecida e atuante. A razão de nossa estadia neste mundo é o amor gratuito de Deus. Por isso, todas as nossas ações devem estar em comunhão com seus desígnios. Mantenhamos nossa confiança em Deus, e sigamos avante. "Vai, vai Missionário do Senhor; vai trabalhar na messe com ardor. Cristo também chegou pra anunciar. Não tenhas medo de Evangelizar."

Shirley e Gerson Equipe 2 N. Sra. do Perpétuo Socorro Campo Grande, MS 30


Pastoral da Crian~a mortalidade infantil está esabilizada no Brasil. O dado preocupante, pois está havendo uma interrupção na tendência de queda da mortalidade entre crianças menores de um ano de idade, que vinha ocorrendo nos últimos anos no país. Esta e outras informações foram divulgadas pela Pastoral da Criança, descrevendo a situação de saúde, nutrição e educação de 1.387.270 crianças e 67.042 gestantes pobres que vivem em

28.913 comunidades acompanhadas pela entidade. O relatório é baseado em um sistema de informações que recebe as anotações mensais dos 112.375 líderes comunitários atuantes em 3.105 municípios brasileiros. A Pastoral está presente em todas as dioceses e em 4.649 paróquias do Brasil. Acompanhando 8,3% da população brasileira com idade entre Oe 6 anos, a Pastoral da Criança registrou, no primeiro trimestre deste ano,

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uma média de 13,7 mortes para cada mil crianças menores de um ano acompanhadas nas comunidades atendidas. No mesmo período em 1998, a média estava em 14 mortes por mil. Isto indica uma tendência de rompimento na queda dos números no Brasil como um todo. Embora preocupante, esses números indicam o grande sucesso da Pastoral da Criança, que atua exclusivamente em bolsões de pobreza e miséria, acompanhando uma média mensal de 960.709 famílias carentes, indistintamente de cor, raça, credo religioso ou político. Nesses lugares, a mortalidade alcança índices maiores do que o dobro da média nacional. O número oficial mais recente registra a taxa nacional, envolvendo crianças pobres e ricas, de 37 mortes para cada mil nascimentos (IBGE/97). Isto prova que o trabalho comunitário, envolvendo as próprias famílias na solução de seus problemas, dá excelentes resultados. Como se vê, a mortalidade infantil foi reduzida a mais da metade entre as crianças acompanhadas pela entidade. O mesmo acontece com a desnutri-

ção, que entre as crianças da Pastoral é de 8%, enquanto a média nacional é de 16%. Outras a~ões

Além de lutar pela vida das crianças atendidas, a Pastoral da Criança desenvolve uma série de outras ações, visando a melhoria da qualidade de vida das famílias acompanhadas. Entre essas atividades complementares, a entidade conta com um programa de Alfabetização de Jovens e Adultos que tem, atualmente, 35.461 alunos em todo o Brasil. Os Projetas Alternativos Comunitários de Geração de Renda somam 1.366 em todo o país. Através deles, pessoas aprendem alguma profissão e famílias se unem em pequenas cooperativas, o que tem garantido a sustentação de vários lares. Desta forma, vários outros projetas vão nascendo e se desenvolvendo, a partir das necessidades e da criati v idade de coordenadores, líderes e famílias participantes desse grande mutirão em defesa da vida em abundância, conforme os valores do Evangelho (Jo 10, 10).

Comunicação Social da Pastoral da Criança 32


O Que É Uma Crian~a (Adapta~ão

de texto de Alan Beck)

tre a inocência da infância e compostura da maturidade, á uma deliciosa criatura chamada criança. Embora se apresentem tamanhos, cores e pesos sortidos, todas as crianças têm o mesmo credo: aproveitar cada segundo de cada minuto de todas as horas de todos os dias e protestar ruidosamente (o barulho é sua única arma) quando seu último minuto é decretado e os adultos os empacotam e os metem na cama. Crianças são encontradas em todas as partes: em cima de, embaixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para. As mães adoram, irmãos e irmãs mais velhos as suportam, adultos as ignoram, o céu as protege. Uma criança é a Verdade com rosto sujo, a Beleza com um corte no dedo, a Sabedoria com um chiclete no cabelo, a Esperança do futuro com uma rã no bolso. Quando você está ocupado, uma criança é uma conversa-fiada intrometida e amolante. Quando você deseja que ela cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ela se transforma em uma criatura sádica e selvagem, empenhada em desmontar o mundo ao seu redor. Uma criança é um híbrido: o apetite de um cavalo, a disposição de um engole-espadas, a energia de uma bomba atómica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de

um ditador, a imaginação de um Júlio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro - e quando se mete a fazer alguma coisa é como se tivesse cinco polegares em cada mão. Gosta de sorvete, pedaços de pau, água (no seu "habitat" natural), bichos grandes, Papai, sábados, domingos e feriados, mangueiras de água. Não é partidária de catequese, escolas, livros sem figuras, lições de música, agasalhos, adultos e "Hora de dormir" . Ninguém se levanta tão cedo nem chega tão tarde para o jantar. Uma criança é uma mágica: você pode mantê-la fora do seu escritório, mas não pode expulsá-la de seu coração. Pode pô-la fora da sala de visitas, mas não pode tirá-la de sua mente. Queira ou não, ela é sua captora, sua carcereira, sua dona, sua patroa - uma cara sarapintada, uma nanica, uma mata-gatos, um pacote de encrencas. Mas quando à noite você chega em casa com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ela possui a magia de soldá-los num segundo, pronunciando duas palavras somente: "Alô, papai!" ou "Alô, mamãe!" ... Que neste dia tão lindo, nossas crianças recebam com todo o carinho os votos de uma feliz infância.

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Elaine e Marcos Eq. 9- N.S. Medianeira de Todas as Graças Varginha, MG 33


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.Jubileu de Prata de Equipe Em março de 1999, no dia 13, na missa mensal das Equipes, celebrada na Igreja de São Judas e São Dimas, no momento solene da comunhão, o celebrante, padre Carlos Enrique, convidou os casais da Equipe 11 para participar da comunhão sob as duas espécies. Em 20 de março, na residência do casal Terezinha e Nero, o padre Jacques Vervier, SCE da Equipe, também comemorou o seu "Jubileu de Prata" como equipista da "11 ", pois, por mercê de Deus, é o SCE desde a sua formação, e ceiebrou a Missa de Ação de Graças pela data. Após a celebração houve uma alegre confraternização, em que compareceram os casais Eva/Benedito, (o casal Piloto); Olimpia/Pedro, (casal do Setor A de Bauru) e Therezinha/ Agostinho, (casal Regional). Os casais da Equipe 11 Nossa Senhora do Desterro, nestes 25 anos, vêm, desde a sua formação, rezando juntos, estudando juntos, rindo juntos e chorando juntos. Maria, a Mãe das Equipes, proteja sempre o Movimento de casais e, de modo especial, pedimos pela nossa querida Equipe 11. Só podemos dizer, e acrescentar que nesses 25 anos: VALEU!

Jacy e Rubens - Eq. liA - N. Sra. do Desterro - Bauru, SP

Novas Equipes Oriundas das Ex . Na cidade de Itu Comunztárias: Eq 16 N ' . Eq.· 17 ~ N. ~;:·de Lourdes Eq. 18- N .S . d~ Guadalupe · ra. Mae R ·nh A Admirável Sch" éll a Tres Vezes Eq. 19 _ N oenstatt . Sra. das Graças No Setor A na ·d Eq. 12- N 'Sr Cl ade de Recife, PE: Eq. 30 _ N · a. das ~andeias Eq. 31 - N. ~ra. do S~lêncio . ra. da AJuda E 32 E q. - N. Sra. Esposa do E q. 33 - N. Sra d G sp. Santo Na .d · e uadalupe Cl ade de TA C Eq. N S d res orações, MG: E . ra. as Graças q. N. Sra. Aparecida Eq. N. Sra. de Fátima Eq. N. Sra. Imaculada c ._ once1çao

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Falecime ntos Agradeçamos pela vida destes nossos irmãos e louvemos a Deus pela graça de sua ressurreição:

José Henrique Simões (Simão), da Loadir, ocorrido no dia 06/07/99 - Equipe 3 N. Senhora da Esperança- Brotas, SP Padre Amarildo Carreta, ocorrido no dia 09/06/99 -Sacerdote Conselheiro Espiritual das equipes: N. Senhora da Padência, N. Senhora das Graças, N. Senhora do Perpétuo Socorro e N. Senhora Aparecida- José Bonifácio, SP Júlio Marangone Filho , da Márcia, ocorrido no dia 13/08/99- eq. 11- N. Sra. Aparecida- Salto, SP Irmã Isaura Berthan Raphael, ocorrido no dia 08/08/99- Conselheira Espirituai da eq. N. Sra. da Candelária - lndaiatuba, SP 34 I


Ordena~ão Episcopal: m a i s uma ••• gra~as a Deus

No dia 15 de agosto de 1999, festa da Assunção de Nossa Senhora e do encerramento do III Congresso Regional da Pastoral Familiar Norte I, na cidade de Manaus, ocorreu mais uma ordenação episcopal, graças a Deus, de um Sacerdote Conselheiro Espiritual das ENS. Naquela tarde-noite o Pe. Mário Pasqualotto, foi ordenado no episcopado sob a benção de DeusPai, pela imposição das mãos de Dom Luiz Soares Vieira (Arcebispo de Manaus), de outros Bispos do Regional Norte I da CNBB e de Dom Paulo Magnani, Bispo da Diocese de origem do novo pastor, gesto este de grandeza por parte de Dom Mário Pasqualotto, pois fez questão de receber tal investidura de seu co-irmão D. Luiz, a fim de formar uma só comunidade, porque irão trabalhar juntos em favor dos pobres e dos necessitados. Dom Mário Pasqualotto é equipista; ele coordenava as Equipes de Nossa Senhora na cidade de Maués. Graças a seu amor pelas ENS levou as Experiências Comunitárias àquela cidade. Três grupos aceitaram o convite do então Pe. Mário, e, depois de um ano de caminhada duas se transformaram em Equipes. A outra Experiência não podia se transformar em Equipe, por impedimentos; no entanto, Dom Mário não deixou o grupo abandonado, acompanhando-os até deixar Maués. O lema escolhido pelo novo Bispo Auxiliar de Manaus é: "Que todos sejam um ... " (Jo 17,21), um sinal dos tempos atuais, se observarmos que este é o pedido do nosso Papa João Paulo II, e aspiração de todos nós cristãos: que todos sejamos um, para que o mundo creia. A cidade de Manaus, recebe D. Mário de braços abertos, principalmente as Equipes de Nossa Senhora. Parabéns, D. Mário! Que sua missão seja abençoada por Deus!

Graça e Encarnação - CRR Norte I

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Uma Vida de Profetismo Quase ao encerramento desta edição da Carta Mensal, recebemos a notícia de falecimento de Dom Hélder Câmara, Arcebispo Emérito de Olinda e Recife. Nascido em Fortaleza, em 1.909, Dom Hélder Pessoa Câmara dedicou toda sua existência à causa do Reino de Deus, que ele especialmente soube construir. Viveu por 90 longos e profícuos anos, apesar de sua constituição franzina e da sua saúde frágil, e foi um dos grandes protagonistas da Igreja Católica no Brasil, neste milênio. Ordenado sacerdote, como religioso da Ordem dos Dominicanos, iniciou seus trabalhos na Diocese de Fortaleza, transferindo-se após algum tempo para o Rio de Janeiro, onde trabalhou decisivamente em vários campos da pastoral. Já como Bispo, pode ser considerado o idealizador e fundador da CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, primeira entidade do mundo a reunir bispos de um país. Da CNBB foi Secretário Geral durante vários anos, e sem dúvida, um dos seus membros mais notáveis por seu amor e dedicação. Foi o Bispo brasileiro que mais influenciou o Concílio Vaticano II por suas idéias claras, articulando sua fé com o clamor de justiça. Além da iniciativa de organizar os bispos em conferências episcopais, nasceu de sua atuação profética os planos de pastorais e o exercício

da colegialidade entre os prelados. Influenciou o resgate, pela Igreja, das origens evangélicas no compromisso de justiça com os setores mais pobres da população. Como Arcebispo de Olinda e Recife, a partir de 1.964, em plena época da ditatura militar, assumiu um papel fundamental, cujas características principais se destacaram: o amor pelos pobres, o trabalho incansável pela sua promoção, o sentido de justiça e a luta pelos direitos humanos. Em busca dessa utopia da justiça social mobilizou multidões e correu o mundo pregando seus ideais, merecendo reconhecimento público e internacional. Segundo relato do Padre José Edwaldo Gomes, pouco antes de morrer, as últimas palavras de Dom Hélder foram : "Estou voltando à casa do Pai". Descansa em paz, Dom Hélder, pois o prêmio dos profetas é justamente a acolhida e o repouso nos braços de Deus!

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Equipe da Carta Mensal


Educa~ão: Mudan~a

de Paradigmas

E

1997 alguns jovens coloca- crianças da era vitoriana. Muitos, am fogo em um índio e este senão todos os problemas neurótieio a falecer. Talvez tenha cos, podiam ser explicados por esse sido melhor para ele, visto seus tipo de educação. Após 30 anos e genitais terem sido quase totalmen- mais de 24 milhões de exemplares te destruídos. Mas, certamente, vendidos, os bebês de Spock eram para sua família, não. adultos com estilo de vida e paterniA mídia relatou esse fato que dade liberais. A classe média ameindignou todo o Brasil e serviu para ricana estava permissiva. Como o denegrir ainda mais nossa imagem que é bom para os americanos é bom no exterior. "O Brasil passa por para nós , acabamos absorvendo uma crise ética e deesse estilo de vida e vemos repensar a eduformação de nossos ficação de nossas crianlhos. Nossas faculdaAs pessoas ças e adolescentes", des, principalmente as noticiou um jornal. de Psicologia e Pedaconfundem Uma especialista em gogia, passaram a enconsultaria a famílias sinar a seus alunos, deu seu diagnóstico ao nas décadas de 60,70 autoridade com ocorrido, alegando que e 80, os ensinamentos as crianças estão cresde Spock e seus seguiautoritário, cendo sem ouvir a padores, como sendo verlavra NÃO. Infelizdades incontestes, e termos com mente, são poucas as hoje nossa sociedade é pessoas neste país com também permissiva. significados a visão dessa psicóloMas existe uma granga. A miopia tomou de diferença: as leis completamellte conta de governantes, americanas são cum"educadores", psicólopridas e as brasileiras, diferelltes. gos e pedagogos. não. Vivemos, então, O problema é tamnum estado de permisbém americano, e alsividade e impunidade guns psicólogos atribuem sua ori- cujo ciclo vicioso alimenta ainda gem, com a publicação, em 1945, do mais a permissividade. Lá, o grau livro de Benjamin Spock, "Baby and de permissividade é bem menor. Child Care", baseando seus conseEssas idéias liberais foram relhos na popular teoria de Freud, o forçadas, aqui no Brasil, pelo fato qual reagiu às práticas restritivas, dos militares terem tomado posse do repressoras e rígidas da criação de governo em 1964, permanecendo no 37


poder por 20 anos. Pela própria naridade; 4. Altivo, impos~ tivo, dotureza humana, quando acabou o minador, arrogante; 5. Impetuoperíodo autoritário, não era de esso, violento, impulsivo. tranhar-se que entrássemos num 3. DISCIPLINA: Observância de período de permissivismo. E entranormas e preceitos. mos. Mas, com incrível rapidez e força, devido àquelas idéias ameriDevido ao período do governo canas e lemas brasileiros, tais como militar, as pessoas confundem au"É proibido proibir". A Constituição toridade com autoritário, termos de 1988 é permissiva, com significados comsegundo o jornal "O pletamente diferentes. Globo", pois apareÉ impossível educar A palavra cem 120 vezes as pauma pessoa, um povo, lavras direito e regalise não houver autoridisciplina é as e apenas 4 vezes a dade. Estudo após espalavra dever (30 tudo revela que pais quase que para 1). com autoridade possuDaí, a crise ética em o estilo que mais maldita. pela qual passamos e provavelmente criará a necessidade de refilhos autoconfiantes, É sempre vermos a educação independentes, imagide nossas crianças e nativos, adaptáveis e adolescentes. Tereligada a benquistos. Pais permos de rever certos missivos e pais autoriconceitos e adquirirtários criam filhos que autoritarismo mos novos conhecitendem a ser infelizes, mentos para que nosretraídos, egoístas, pela maioria so entendimento de imaturos, sem iniciatieducação seja outro. va, de difícil relacionadas pessoas. É necessário que mumento e com dificuldemos . É difícil, pois dade de resolver proestamos falando em mudanças de blemas. paradigmas. A palavra disciplina é quase Na revisão de alguns conceitos, que maldita, pelo mesmo motivo das deveremos, por exemplo, resgatar duas primeiras. É sempre ligada a os significados das palavras (segun- autoritarismo pela maioria das pesdo Dicionário Aurélio): soas. No entanto, está presente em 1. AUTORIDADE: 4. Aquele que todos os minutos de nossa vida: tem por encargo fazer respeitar acordar, dormir, parar num semáas leis; 6. Influência, prestígio, foro vermelho, deixar de comer crédito. doces quando se está acima do 2. AUTORITÁRIO: 3. Aquele peso etc. A disciplina é fundamenque procura impor-se pela auto- tal ao educando.

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Outra palavra cujo significado também deve ser relembrado é educar. Esta tem origem em dois vocábulos latinos: educare (instruir) e educere (formar). A instrução é basicamente desenvolvida pela escola e complementada em casa. A formação é trabalhada pela família e complementada pela escola. Por formação, entende-se principalmente o trabalho com o temperamento e caráter como os grandes componentes da personalidade. Dos novos conhecimentos a adquirir, um muito valioso é o de Inteligência Emocional, pois ele coloca a formação de nossas crianças e adolescentes exatamente no meio termo, entre autoritarismo e permissivismo, isto é, a autoridade. Termo criado por Peter Salovey e John Mayer e difundido por Daniel Goleman num livro, cujo título é o próprio tema, pode revolucionar a educação se for bem entendido e aplicado. Inteligência Emocional é um conjunto de competências ou habilidades que o indivíduo deve desenvolver no sentido de conhecer-se melhor e aos outros, promovendo sua felicidade e relacionando-se melhor com terceiros. Como exemplo dessas competências, podemos 39

citar o autocontrole (autodisciplina), zelo e persistência, auto-estima, automotivação, adiamento da satisfação, autoconsciência, conhecimentos dos sentimentos dos outros, imposição de limites, empatia etc. Se fizermos uma análise dessas habilidades, perceberemos que, ao desenvolvê-las, estaremos trabalhando o temperamento e o caráter, que são os grandes componentes da personalidade. Logo, inteligência emocional é o próprio "educere". É a velha e boa educação propriamente dita, com roupagem nova. A Bíblia, com toda sua antigüidade, já ensinava que as pessoas deveriam desenvolver essas competências. Reinventaram a educação. Mas a grande importância está no fato de respeitar os sentimentos do educando. Ela não é imposta (autoritarismo), mas explica-se para o educando a necessidade de desenvolver determinadas habilidades para uma vida melhor, mais feliz, mais produtiva. O educando deve seguir regras (disciplina) em respeito a si mesmo e aos outros, afinal de contas esse é o princípio de qualquer democracia: os direitos de uns terminam quando começam os direitos de outros. Se todas as pessoas desenvolvessem apenas uma dessas competências,


como a empatia (colocar-se no lugar do outro), o mundo j á seria muito, muito melhor. Esse é um dos maiores ensinamentos de Jesus: "Não faças aos outros o que não queres para ti". Outro conhecimento que precisamos ter é que, para desenvolvermos a inteligência emocional, precisamos também desenvolver a mente racional, o pensamento lógico, o raciocínio, lembrando-se da seguinte seqüência: informação > conhecimento> entendimento. A passagem do conhecimento para o entendimento só é possível através do raciocínio. Por isso, quando os pais querem que seus filhos tenham uma determinada atitude ou mesmo que não tenham outras, deve-se explicar a eles o porquê de tal pedido. É assim que se desenvolve a autoridade, o respeito dos filhos pelos pais. John Gottman, psicólogo, conta que estava com sua filha de dois anos em um avião e, após o jantar, quando as luzes do avião se apagaram, ela perguntou-lhe onde estava o Zebra, seu ursinho de pelúcia, com o qual dormia, toda a noite, abraçada. O pai gelou, pois ele lembrou que havia despachado o mesmo junto com a bagagem e relatou-lhe o fato. A menininha pôsse a chorar, começando a incomodar os outros passageiros que lhe lançavam olhares de reprovação do tipo: "Você não vai fazer nada para essa menina se calar?". Nesse momento, teve um estalo e falou-lhe "Eu sei o que você está sentindo, você está triste por não estar com o Zebra. Mas eu já lhe

expliquei que não é possível ir pegá-lo. Será que só por hoje você não poderia dormir abraçada ao papai?" A menina pensou um pouco, abraçou-se ao pai e dormiu. John Gottman descreve o fato em seu livro "Inteligência Emocional e a Arte de Educar Nossos Filhos". Chama-nos a atenção sob,re o fato de ele ter sido empático (eu sei que você está triste), respeitando assim os sentimentos da filha e também saber relacionar-se com ela. Vale destacar também o fato: a garotinha de dois anos usou seu pensamento lógico. Esse é outro conhecimento que devemos ter. Estudos mostram que a melhor época para desenvolverse o pensamento lógico de uma criança é a partir do primeiro ano de vida. É por isso que a garotinha (2 anos) aceitou o argumento do pai. Esse mesmo estudo mostra que o controle emocional e habilidades sociais devem começar a ser trabalhadas a partir do nascimento. A esse período, em que determinadas habilidades são desenvolvidas com mais facilidade, deu-se o nome de "janelas de oportunidades". Está aí, pois, um diagn6stico das causas que levaram a essa "crise ética" e a receita para restaurarmos o "educere" com um excelente prognóstico.

Luiz Samuel Tabacow M édico/Educador/Palestrante Colaboração de Neise e Clóvis Equipe 06 Nossa Senhora Mãe da Igreja Sorocaba, SP 40


Nossa Senhora na Vida da Família que significa Nossa Senhora para a família? Nossas considerações não pretendem esgotar o assunto. O papel que Nossa Senhora desempenhou é muito mais vasto do que aquilo que conhecemos e do que foi dito a respeito dela. Aliás, os títulos que freqüentemente e tradicionalmente nós, católicos, atribuímos a Nossa Senhora, na verdade, podem até obscurecer um pouco o papel desempenhado por ela. A sensação é a de que a colocamos longe demais de nossa existência e da existência que efetivamente ela viveu. Quantas vezes nós a chamamos de Rainha, por exemplo. Que sentido tem chamá-la de Rainha? Não quer dizer que Nossa Senhora não seja Rainha, ela é. Mas, não é verdade que esse título pode nos levar a considerá-la como uma criatura que não conheceu a dor, o medo, a impaciência, a dúvida? Não é verdade que somos levados a imaginar Nossa

Senhora caminhando pelas ruas de Nazaré, pelas estradas da região, com uma visão lúcida e clara de todas as coisas, enquanto ao redor de si centenas de mulheres viviam, como hoje, na dúvida, na doença, na pobreza, carregadas e carregando filhos? Mulheres, vítimas dos homens ou da sociedade machista, engravidadas e abandonadas, rejeitadas dentro da própria casa, consideradas como objeto, sofrendo falta de apoio, de compreensão, de amor e de perspectiva de vida? A exaltação de Nossa Senhora, colocando-a fora da realidade por ela vivida e, portanto, distante da realidade que nós vivemos, é esvaziar o conteúdo teológico autêntico da devoção àquela que é tudo porque é Mãe de Jesus . A Encarnação de Jesus deu valor à nossa matéria, deu sentido à nossa vida. Com a Encarnação de Jesus, a realidade humana como que divinizou-se porque Jesus entrou nela e nós, ao tocarmos a realidade, tocamos o instrumento da manifestação da divindade, tocamos o mistério. "Se o Verbo se fez carne, toda a carne se fez Verbo, isto quer dizer que todo o universo se tornou Palavra de Deus". A família de Nossa Senhora não era rica, mas também não era pobre, pois José tinha uma profissão, era carpinteiro, portanto tinha uma fonte de renda. Do ponto de vista material, Nossa Senhora não fugia

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à normalidade de vida das mulheres da sociedade em que viveu no seu tempo: trabalhava, visitava parentes . e amigas, rezava em casa e no templo, freqüentava as festas religiosas etc .. O que realmente distinguiu Maria, em relação às outras mulheres e aos homens do seu e do nosso tempo, foi o seu relacionamento com Deus. Nisso ela se distinguiu. Dizem que orar é "estar com Deus". Maria foi alguém que "esteve com Deus" o tempo todo. O Evangelho de Lucas (2, 51) diz que Maria "guardava no seu coração" o que acontecia com Jesus, e as coisas que ele fazia. Nossa Senhora estava sempre com Deus. Estando com Deus, o seu trabalho era sagrado e o seu esforço tomava-se

oração. Deus estava sempre presente no coração de Maria; portanto sua casa era verdadeira Igreja doméstica, lugar onde se cultivava o amor, a oração e a escuta da palavra. Nesse contexto, os acontecimentos tornavam-se manifestação do Verbo, e a vida assumia um sentido plenificador, de esperança e fé. Este é o exemplo de Maria para a farru1ia: uma mulher que viveu um profundo relacionamento com Deus, como mulher, como esposa, como mãe e como membro de uma sociedade que tinha problemas e expectativas. Maria lutou e superou tudo porque tinha fé e esperança inabaláveis.

Boletim CNBB - Setor Família

Outubro - Mês do Rosário Senhor fez em mim maravilhas" pelo · deslumbramento da Ressurreição gloriosa do Cristo, que cumpriu a sua promessa. Logo após, é Jesus sentado à direita do Pai para, em seguida, enviar aos Apóstolos o Espírito Santo, junto com eles estava Maria. E nós, que continuamos a desfiar as contas do Terço, vemos Maria Assunta aos céus sendo coroada pelos Anjos. Mês do Rosário: momentos de fé, de reflexão, de paz interior, onde Nossa Senhora se faz presente, rezemos juntos: Ave-Maria ...

Mês em que, desfiando as contas do terço, vemos passar diante dos olhos o mais belo dos filmes. V ma história real que une os homens, lava a alma tomando-a elevada e preparada para um encontro com Deus. Mistérios gozosos: Alegria da maternidade. Em Maria, o Espírito Santo realiza o desígnio benevolente do Pai. Esta alegria envolve os cristãos na certeza de que o Salvador já está no meio de nós. Mistérios dolorosos: Mistérios que fazem o cristão assumir a cruz de cada dia sem revoltas, consciente de que é pela Cruz que chegará ao caminho da Salvação. Mistérios gloriosos: No primeiro momento podemos exclamar: "O

Lúcia (do Frederico) - Eq. 22 Rio de Janeiro, R] (do Inf. ComunicAção B- out/98) 42


Gra~as Alcan~adas maio de 1997, houve uma eregrinação das Equipes de ossa Senhora, organizada pela Região São Paulo Leste II e o Casal Regional (na época, Lourdes e Raul), convidou a nossa Região para essa viagem a Aparecida. Infelizmente, não foi possível participar por ter passado por uma cirurgia no joelho direito havia poucos dias. A partir daí começou meu sofrimento. Foi quase um ano sem nenhum resultado positivo: tratamento, fisioterapia, tratamentos fortes ... No ano seguinte faltavam dois dias para a próxima peregrinação. Fui ao médico e sua notícia me deixou muito triste: teria de fazer outra cirurgia com grandes possibilidades de colocar uma prótese. Mesmo assim, mais uma receita para controlar as dores; não comprei o medicamento pois o que mais queria era chegar a Aparecida. No sábado, saímos de Valinhos numa madrugada fria para o Santuário de Aparecida. Logo na saída pediram-nos para que animássemos a viagem com terços meditados e cantos. Quando lá chegamos, junto com a nossa neta Carolina de nove anos, a alegria aumentou mas aumentou também a preocupação de subir as escadarias da Basílica. Minha fé era maior do que o medo e a caminhada foi acontecendo. Naturalmente, ao chegar ao último degrau das escadarias, senti-me fraca e transpirando frio mas senti que Nossa Senhora estava ao lado me protegendo como uma verdadeira mãe. Ao participar da missa conversei

com ela: "Mãe, como filha, venho aos vossos pés para humj}demente fazer dois pedidos. Eu sei que estou pedindo muito, mas peço porque estou precisando muito de vossa ajuda. Que a Senhora cure meu joelho, porque preciso caminhar, a messe é grande e peço-vos também pela minha neta Carolina que há cinco anos chora para entrar na sala de aula do colégio e sente-se mal. Isso já está nos preocupando e nos entristecendo, pois é uma situação horrível perante suas coleguinhas de escola". Terminada a missa, saímos com uma emoção muito forte por ter conseguido chegar aos pés de Nossa Senhora. Caminhando atrás da igreja, evitando descer as escadarias, pisei numa pedrinha e caí de joelhos. Minha neta segurava forte em minha mão e me disse: "Vovó, não aconteceu nada. Você não vai ter mais dores". Naquele momento senti, mais uma vez, a presença de Nossa Senhora em minha neta me segurando pelas mãos. Assim aconteceu o milagre que estou testemunhando, porque não precisei mais retornar ao médico por essa graça alcançada e minha neta não chorou mais para entrar na escola. Irmãs e Irmãos, peçam com fé que Jesus está sempre pronto para atender os pedidos de sua Mãe. Mãe, querida, eu vos louvo e agradeço todos os dias. Obrigada, Mãe!

E

Maria Lúcia (do Pedro) Equipe 2A - Valinhos, SP 43


Não se Esrtue~a do Princ1pal • (!) · •••

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ma lenda nos· ·0·~1).e~ conta que uma· ®_0 f)l® . mulherpobrecom . c.~. uma criança no colo, pas- @~·~I.{§~>~ sou diante de uma caverna e .o ·o escutou uma voz misteriosa que dizia: Entre e pegue tudo o que você desejar, mas não se es- · queça do principal. Lembre-se: você tem oito minutos. Depois disto a porta se fechará para sempre. Aproveite a sua oportunidade e não se esqueça do principal! A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelas jóias, pôs a criança no chão e começou ajuntar tudo o que podia no avental. A voz .® misteriosa sempre repetia: Você tem só oito minutos, e não se es~. queça do principal! . •ao't;")· . '~;;:). ' .~·() • . ~·, o• ~ Esgotados os oito minutos, a nos fascina, e o . Q. 0 ·~G~.· . . 1 f 1ca ' de 1ado. o . :... Q. mulher carregada de ouro, correu pnnc1pa o o• 0 para fora da caverna e a porta se Esgotamos nosso tempo · · G · fechou. Lembrou-se, então, que a com trabalhos, estudos, diversões, criança ficara e a porta se fechara lazeres, bens materiais ... e deixamos para sempre. A riqueza durou pou- de lado a vida da fé, da graça, a esco e o desespero ... sempre! piritualidade. A mulher só se preocupou com É bom lembrar que estamos as riquezas e esqueceu-se do prin- neste mundo uma única vez. Quancipal: a criança. do a porta se fechar, de nada nos Assim acontece conosco. Te- adiantará lamentar. Temos um temmos uns oitenta anos para viver e po para viver: mas não esqueçamos uma voz sempre nos diz: "NÃO SE do principal! ESQUEÇA DO PRINCIPAL: A VIDA ESPIRITUAL, A ORAColaboração de Ana Silvia e ÇÃO, OS SACRAMENTOS, A Norival - Equipe 2 - Nossa VIDA INTERIOR !" Mas a ganânSenhora Mãe Aparecida cia, a riqueza, a matéria ... tudo isto Guapiaçu, SP

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I

E Deus Disse Não

A Cerca •••

Eu pedi a Deus para remover o meu orgulho e Deus disse não, porque isto não é tarefa dele, mas sim, minha, que deveria despojar-me dele. Eu pedi a Deus para tomar meu irmão paraplégico em criança normal e Deus disse não, porque o espírito é imortal e o corpo é temporário. Eu pedi a Deus para me dar paciência e Deus disse não, porque a paciência é conseqüência da tribulação e deveria ser conquistada. Eu pedi a Deus para me dar felicidade e Deus disse não, Ele disse que me dá bênçãos; felici dade depende de mim. Eu pedi a Deus para dividir a minha dor com Ele e Deus disse não. Ele disse que o sofrimento nos afasta das coisas mundanas e nos deixa mais próximos Dele. Eu pedi a Deus para fazer o meu espírito crescer e Deus disse não. Ele disse que devo crescer por meus próprios esforços, mas que Ele aparará as arestas para que eu frutifique. Eu perguntei a Deus se Ele me amava. Ele disse "sim, agora e sempre". Eu pedi a Deus para me ajudar a amar os outros tanto quanto Ele me ama. E Deus disse: "Ah, finalmente você entendeu!"

O menino era muito bravo e mal-humorado: gritava com os outros, xingava, falava mal das pessoas. Seu pai deu-lhe então uma bolsa cheia de pregos e disse que cada vez que tivesse para perder o juízo, martelasse um prego na cerca. No primeiro dia, o menino cravou 37 pregos; no segundo, 30 e assim por diante, diminuindo o número a cada dia. Ele descobriu que era mais sensato controlar seu temperamento explosivo do que ir até o fundo do quintal para martelar a cerca. Até o dia em que ele não perdeu a razão nenhuma vez. Quando disse ao seu pai, este retrucou que, a cada dia que ele passasse sem perder o controle, tirasse um dos pregos cravados na cerca. Os dias se passaram até que o menino disse finalmente a seu pai que não havia mais pregos na cerca. Seu pai levou-o até lá e disse:- Muito bem, mas veja esses furinhos todos que ficaram aqui. A cerca nunca mais será a mesma. Quando magoamos as pessoas, dizemos palavras que deixam cicatrizes iguais a estes buraquinhos. Por mais desculpas que peçamos, a cicatriz continuará lá. Palavras podem magoar tanto quanto um prego. Não ofenda com palavras.

Colab. de Ednéa e Marotti Equipe 5 - Petrópolis, RJ

Colab. de Claudia e Jandir Eq. N. Sra. do Rosário Setor E - Porto Alegre, RS 45


Que Espé~ie de Equipista E Você? Alguns são como o carrinho de mão: precisam ser empurrados para trabalharem em Equipe .. Alguns são como canoa: só andam a remo ou rio abaixo. Alguns são como bateria descarregada: sem nenhuma energia nem força para funcionar no Reino de Deus. Alguns são como os "traillers": só avançam na vida cristã de equipistas quando puxados. Alguns são como bola de futebol: ninguém sabe que direção tomarão em sua vida de equipista. Alguns são como papagaio: precisam ter pé amarrado e asa cortada para manter-se na linha. Alguns são como balão de gás: cheios de ar e sempre prontos a explodir. Alguns são como anúncio de gás néon : vivem apagando e acendendo em seu testemunho cristão e equipista. Alguns são como o gatinho: só estão contentes e animados na Equipe quando mimados e elogiados em suas · vaidades. Alguns são como o clima: instáveis e inconstantes em sua conduta de equipistas. Alguns são como a criancinha: sem senso de responsabilidades e sem maturidade em seu vi ver. Alguns são como microscópio: sempre mostrando as falhas dos outros, descobrindo até as que não são evidentes. Alguns são como o telescópio: podem ver o trabalho do Senhor à distância. Alguns são como a rocha de Gibraltar: firmes, constantes, sempre abundantes na obra do Senhor.

Hilda e Oswaldo Equipe 4 - Nossa Senhora das Graças José Bonifácio, SP

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I ="IHerança religiosa - Enternecedora a história da mala que acompanha o Gabriel, da Daisy, de Campinas (CM de agosto). Felizes as pessoas que como ele tiveram um pai que sabia ter na maior conta a religião. Entre tantas coisas que o bom homem teria a dizer e a pedir ao filho na hora em que este deixava a casa paterna para ir em demanda de novas terras, outra de maior valor não houve: "Não mude de religião". A fidelidade à Igreja na qual o nosso irmão equipista foi batizado e assumiu compromisso com uma religião foi tudo o que de mais importante ocorreu a esse pai na .....___• hora da despedida. O nosso muito obrigado a homens como esse. Eles nos ensinaram a valorizar o que de mais precioso herdamos no dia do batismo. Felizes os filhos que tiveram ou têm um pai que em tão grande conta têm o património religioso. E mais felizes ainda se souberam ou sabem corresponder. Felizes pais e filhos que são fiéis à herança religiosa, que aprofundam e enriquecem mais essa herança, que fazem dela seu maior título de glória e recomendação.

@Ser firmes na fé - É com grande alegria e satisfação que criamos coragem para escrever e anunciar que todos nós equipistas somos conhecedores de coisas muito importantes do nosso Movimento, o qual nos permite nos encontrar para dividir nossos trabalhos, nossas dificuldades, fraquezas , alegrias, inseguranças e desânimos . É através disso que temos a possibilidade de nos levantar, crescer juntos e nos encher de fé e esperança para continuar nossa caminhada de cristãos . Porém, muitas vezes, não damos o retorno, e portanto precisamos nos comprometer mais, ter mais fé e pedir a ajuda ao Espírito Santo, para podermos ser semeadores de um futuro promissor. Que nesta chegada do Novo Milénio a luz de Deus chegue mais forte ao nosso coração para que tenhamos mais fé, entusiasmo e dedicação e que possamos transbordar evangelizando os nossos irmãos carentes da presença de Deus . 12l Vera e Gilberto Equipe Nossa Senhora de Fátima Imbé, RS

12l Dulce e Manuel - Equipe 9A Rio de Janeiro, RJ ~.~,;-<J[ · ~--<-:c · ;:-<~~

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J -=-"J Entendendo os caminhos de Deus- Tivemos a felicidade de receber Tereza e Mitsuo como nosso Casal Ligação para o ano de 99, o qual se mostrou muito interessado e disponível. Nossa alegria, porém, durou pouco, pois em janeiro vieram problemas de saúde e uma cirurgia cardíaca no Mitsuo que obrigou o casal a se afastar do nosso convívio. Um novo Casal Ligação, Cristina e Paulo, nos foi dado. Enquanto isso, vieram outros problemas a Tereza e Mituso: doenças com seu filho, e a necessidade de uma segunda cirurgia. Foram muitas as orações, muita a força de vontade, muita a união, e muitas tam-

bém as graças de Deus. A recuperação está em passos largos! Agora que o "susto" está passado, podemos entender que, se o Casal Ligação nos é dado por escolha do Espírito Santo, para ser um amigo da Equipe, acabamos ganhando quatro amigos em um só ano. Agradecemos estes dois Casais Ligação que atenderam prontamente o chamado de Deus para esta missão e esperamos poder festejar com ambos o encerramento do ano de 1999, em uma reunião de confraternização. G Luciana e Wanderlei Equipe Nossa Senhora Aparecida - Santo André/SP

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Meditando em Equipe No anúncio de vida nova apresentado por Jesus não podia faltar uma proposta sobre o casamento. União que nasce da aliança entre iguais, regida pelo amor que Deus mesmo lhes colocou no coração, amor gratuito e por isso sem volta. Proposta assim radical somente poderá ser compreendida com a luz que vem de Deus. Sem a fé, a única conclusão possível é a dos discípulos: "se é assim, não paga a pena se casar" .

. . ..... . . . . . . .. . . . .. . . .. . . . . . . .. .. .... . . .. . Leitura: Evangelho de Mateus 1 9, 3-1 O •

Por que foi que você se casou?

E agora, por que você se casaria?

• Ou e significado seu casamento tem para a eternidade? • Agradeça, louve, peça, alegre-se .

.... .. .. ... ... . .. . . . .... . . . . . ... .. . ........ Ora~ão

litúrgica:

Tu és bendito, ó Deus de nossos pais, bendito é teu no me pelos séculos e gerações! Oue os céus te bendigam, e todas as tuas criaturas por todos os séculos! Adão foste tu que criaste, e para ele Eva fizeste, a mulher, auxílio e apoio. De ambos teve início a geração dos homens. Foste tu mesmo que disseste: "Não é bom que o homem esteja só; façamos quem lh e está faltando, alguém à sua semelhança" ... Concede-nos, Senhor que possamos envelhecer lado a lado. Amém. Amém. (Veja Tobias 8,5-8)


Pontos Concretos de Esfor,o •

Escuta da Palavra

• Medita~ão

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Ora~ão Coniugal

Dever de Sentar-se

Regra de Vida

Retiro

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de Casais por uma Espiritualidade Conjuga l R. Lu is Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep 01309-000 São Paulo - SP Fone: (Oxx11) 256.1212 • Fax: (Oxx11) 257.3599 E-mail : secretariado@ens.org .br • cartamensal @ens .org.br

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