ENS - Carta Mensal 347 - Agosto/1999

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°347 • Agoslo/1999

EDITORIAL ... ......... .... ......... ......... O1 Pródigo Foi o Pai! ...... .. ........ .. .. .. .. 01 Carta do Con se lhei ro da ECIR ..... 02

SOLIDARIEDADE .. ..... .. ... .... .. ....... 27 Reg ião de Mãos Dadas ...... .. .... .. .... .. .. .... .. .. . 2 7

ECIR .. ......................................... 03 A ECIR Conve rsa com o Pa i ......... 03 Encontro do Col egiado ............... 04 Casais em marcha para o Te rcei ro M ilênio ........ .. ..... 06 "Não levem nad a para o ca minh o ... " ...................... 08 Notícias Internacionais ................ 1 O

MARIA .. ............ .. ................... ..... 28 A Morte de Ma ria de Nazaré ....... 28

VIDA NO MOVIMENTO ...... .... .. .. 12 Projeto Rumo ao Novo M ilênio .. .................. .. ... 1 2 Saídas .... ............................ .. .... .. 13 TESTEMUNHO ............. .. ............. 14 A Experiência de Ser Casal Regional ................ .. .... 14 La ra e a Presença do Espírito Sa nto ...... .. ........ .... ..... 1 6 PCE'S .... .......... .. .................. .. ...... 18 Pobre e Desprezado Dever de Senta r-se ..................... 18 Hoje, somos testemunha s! ........ .. . 19 NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ....... 20 FINANÇAS ....................... .. ........ . 23 Demonstrações Financeiras de 1998 ........ .. ........ . 23

Carta M en sal é WIUl publicaçãn mem al das Equipes de Nossa Senhora

Wilma e Orlando S. Mendes Pe. Flávio Cavalca de Castro, CSsR (c o/IS. espiritual)

Edição: Equipe da Carta Mensal

Jomalista Responsável: Calherine E. Nadas (mtb 19835)

Sil via e Chico Pontes (responsáveis)

Editoração Eletrônica e Ilustrações: Nova Bandeira P roduções Editoria is R. Venâncio Ayres, 931 - SP Fone: (011 ) 3873.1 956

Rita e Gilberto Canto M a ria Cecília e José Carlos Sales

DIA DO PADRE ...... .... .... .......... ... 30 A Mi sericórdia Divina na Ação Sacerdotal .................... . 30 Um Pescado r de Homens .. ...... .... 31 DIA DOS PAIS .................... .. ....... 33 Recado aos Pais .............. .... ........ 33 Pai ........................... .. ...... .. ......... 34 PASTORAL FAMILIAR .. .... .. ........ ... 35 Reca sados .. .. ......... .. ...... .. .. .. ...... . 35 Envolva-se com os Filhos .......... .. . 37 FORMAÇÃO ................ .... ........... 38 Falta de Educação .... .... .... .. .. .. .. .. 38 ORAÇÃO .. .... .. ...... .. .................... 41 As Bem-Aventura nça s da América Latina ........ .. ........ .. ... 41 Oração pela Famíl ia .. .. ............... 42 REFLEXÃO .............. .. .. .. .... ...... .... 43 O Tijolo .............. .. .. .. .... .......... .... 43 A Mala .... .......................... .... .. ... 44 NOSSA BIBLIOTECA .. .. ...... .... .. .. . 46 PALAVRA DO LEITOR .... ...... .. .. ..... 47

Diagramação: Alessandra Ca rignani Capa : "A volta do fillw p ródigo " (detalh e)- Rembnmd t Fotolitos e Impressão: Edições Loyola R. 1822,347 Fone: (011 ) 6914.1922 Tiragem desta edição: 13.000 exempla res

Canas, colaborações, noticias. testenumlws e imagens devem ser envitulas para: Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5" andar · conj. 53 01309-000 • São Paulo - SP Fone: (011 ) 256. 1212 FtLr: (O 11 ) 257.3599 ca rtamensa l @ens.org. br NC Silvia e Ch ico


Pródigo Foi o Pai! a pintura do grande pintor Rembrandt, cuja tela original se encontra no museu Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia, ora parcialmente reproduzida na capa desta nossa edição, deparamonos com a volta do filho pródigo. Nos dicionários encontramos que pródigo significa aquele que gasta de forma desmedida, que esbanja seus bens, que dissipa seu patrimônio. É, porém, na acolhida do Pai, no abraço afetuoso e compassivo, que o artista deixou situar toda a sua inspiração. O Pai, realmente, deve ser o centro de todas as atenções. O seu abraço é a manifestação do mais exuberante amor. Sua acolhida é a prova da mais irrestrita misericórdia O Pai é que gastou e esbanjou em generosidade. O Pai é que esbanjou confiança no filho perdido. O Pai é que se perdeu em amores pelo filho que retomava. O Pai é que não mediu esforços, não economizou anel, roupa nova, festa para celebrar o reencontro. Portanto, pródigo foi o Pai. Por mais que o filho tivesse gastado, em longos anos, não conseguiu superar o esbanjar de amor do Pai contido num único abraço, dado num só momento. Festejando o Dia dos Pais, rogamos a Deus que cada pai procure aprender com o Pai, mergulhe nas águas da generosidade, do perdão paterno, para compreender e acolher sem quaisquer medidas como verdadeiros pródigos do amor. Mas pais não são apenas aqueles que geram a vida humana. Por isso nos lembramos nesta edição, de for-

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ma especial, de nossos pais espirituais, os queridos sacerdotes conselheiros espirituais, que nos geram para a vida na fé, nos guiam e nos conduzem nos desafios da construção do Reino. Chegam à nossa redação inúmeros testemunhos de equipistas enaltecendo em suas equipes a atuação dos sacerdotes, cuja data celebramos em 4 de agosto - Dia do Padre. Eles também têm sido pródigos em trabalho, em doação em prol do Movimento e é justo prestarmos a eles a nossa homenagem. Nesse contexto de "gastar positivamente os bens, os valores, os dons", gastar sem limites, quando se busca o bem do outro, é que poderemos perceber que a seiva que corre nas linhas da Carta Mensal são também manifestações generosas da graça de Deus, que se revela através dos articulistas, daqueles que expõem seu coração em testemunhos, ou simplesmente se fazem presentes para celebrar a vida no nosso Movimento. No fim da parábola evocada na pintura da capa aconteceu uma grande festa para celebrar a vida recuperada, o encontro do que estava perdido. Alguém, parece, não quis participar! Você aí, equipista, que anda meio desligado, meio arredio, meio desconfiado, venha participar da alegria desta edição, que quer trazer às nossas vidas um pouco mais de encontro, esbanjando afeto, amizade e otirnismo. Com todo nosso carinho,

Silvia e Chico, CR da CM


Carta do Conselheiro da ECIR Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! Quero iniciar este nosso encontro mensal citando um pouco do comentário da Bíblia, edição Pastoral, sobre a Carta aos Colossenses: "Os cristãos de Colossos estavam ameaçados por uma heresia que misturava elementos pagãos, judaicos e cristãos. Seus seguidores davam muita importância aos poderes angélicas, às faças cósmicas e a outros seres intermediários entre Deus e o homem, que teriam papel importante no destino de cada pessoa... Cultuavam-se os anjos, festas anuais, mensais e sábados, leis alimentares e ascéticas, forças cósmicas etc. Tudo isso comprometia seriamente a pureza da fé cristã'. (cf. Bíblia Sagrada Edição Pastoral, Paulus pág.1259, ano 1990) Refletindo sobre esse contexto, quero transpô-lo aos dias de hoje. Quanta coisa tem aparecido para nos desviar do verdadeiro caminho? Quantas formas de se buscar a relação com a transcendência, que, efetivamente, não leva a lugar nenhum? Neste mês de agosto, temos a oportunidade de refletir especificamente sobre as nossas vocações e como estamos realizando o "seguimento de Jesus Cristo". Temos, tam-

bém, excelentes oportunidades para participar das "Semanas da Farrulia" em nossas paróquias/dioceses. Tudo isso para que possamos responder com mais clareza ao chamado que Deus nos fez para sermos felizes. Recordo aqui as palavras que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Colossos, enquanto estava preso em Éfeso, entre os anos 55 e 57: " .. . rezamos continuamente por vocês . Pedimos que Deus lhes conceda pleno conhecimento de sua vontade, com toda a sabedoria e discernimento que vêm do Espírito. Desse modo, vocês viverão uma vida digna do Senhor, fazendo tudo o que Ele aprova: darão fruto em toda atividade boa e crescerão no conhecimento de Deus, fortalecidos em todos os sentidos pelo poder de sua glória. Assim vocês terão perseverança e paciência a toda prova ..." (Coll, 9-11) É após isto que sugiro a vocês realizarem um dever de sentar-se com uma única questão: "COMO ESTAMOS CRESCENDO NO CONHECIMENTO DE DEUS?" Façam a experiência e alcançarão as graças do Pai. Abraços e orações,

Pe. Mário José Filho, css ECIR 2


A ECIR Conversa

com o Pai , nesse mês que é dedicado todos os pais, quero converar contigo em nome da ECIR, em nome de todos os casais do nosso Movimento e de outros, que aceitaram o teu convite e querem seguir os teus caminhos. Por isso mudei um pouco o título desse artigo. Tu nos conheces, Pai. Tu nos conheces desde o ventre que nos gerou. Tu uniste as nossas vidas, deste-nos a graça de um Sacramento e de um carisma que se diferencia de todos os outros carismas porque é a dois que devemos levar até o fim as promessas de nosso batismo. Obrigada por essa espiritualidade conjugal que nos une num só corpo, num só coração, numa só alma. Obrigada, Pai, porque, como filhos da tua Igreja, com ela podemos dizer-te "não olhes para os nossos pecados, mas para a fé que nos anima". Porque Tu sabes que nós também somos santos e pecadores e teu coração misericordioso nos acolhe como somos, a partir do ponto em que estamos, enquanto esperas que com a força da tua graça possamos melhorar um pouquinho a cada dia. Obrigada pelos filhos que nos deste e que, no dia de seu batismo, colocamos em tuas mãos. Livra-os do Maligno, Pai, para que eles também te sirvam com fidelidade e amor. Obrigada, Pai, porque nos ajudas a vencer o nosso egoísmo e a procurarmos ser solidários com o nosso próximo.

Pai, queremos dizer-te hoje, que estamos aqui a teu serviço. Como nos aconselham as regras das Equipes, queremos estar à tua disposição no serviço da tua Igreja e no serviço de nossos irmãos. Aceita a nossa oferta de filhos e dá-nos a tua bênção para que sejamos capazes de levar a outros a tua mensagem de amor, de paz e de perdão.

Nancy Cajado Moncau Equipe JD São Paulo, ECIR 3


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i mais uma vez o Convento de taici, dos padres jesuítas, que acolheu os Casais Responsáveis Regionais (e respectivos Conselheiros Espirituais) de todo oBrasil e a Equipe de Coordenação InterRegional- ECIR para o Encontro do Colegiada Nacional das Equipes de Nossa Senhora. Conforme tem sido observado nos últimos anos, o encontro do primeiro semestre é sempre voltado para a formação dos casais participantes, com uma temática mais favorável a capacitá-los ao exercício de suas funções em prol do Movimento. Assim, nos dias 21, 22 e 23 de maio p.p. era gostoso ver o entusiasmo misturando numa só alma os diferentes sotaques daqueles casais vindo do sul ou do norte, do leste e do oeste, num encontro fraterno e amigo. Mas como ali se vai para trabalhar, às 20,00 horas da sexta-feira já estavam todos reunidos na sala de palestra ouvindo o Casal Responsável da Ecir dando uma panorâmica das Equipes no Brasil com o seu crescimento espantoso à taxa de 7% ao

ano e sua caminhada. Maria Regina e Carlos Eduardo chamaram a atenção de todos para a grande oportunidade que este encontro propiciava em termos de formação, de oração e também para o aperfeiçoamento da nossa unidade, e apresentaram os temas a serem abordados neste encontro, com destaque para a Exortação PósSinodal A Igreja na América e o documento emanado da última assembléia da CNBB sobre Missão e Ministério dos Leigos e Leigas. Encerram-se as atividades deste primeiro dia com uma celebração litúrgica enfocando: "Festa de Pentecostes- Espírito Santo na Igreja é Dom do Pai". No sábado cedo, após o justo repouso da noite aos viajantes que vieram de rincões tão distantes, nada melhor que nos reunirmos em assembléia para celebrar a Eucaristia, durante a qual tomaram posse seis novos casais responsáveis regionais: Adair e Wilson, Alcina e Terra, Evani e Marco Antonio, Junko e Terno, Lenice e Luiz, Maria Helena e Orivaldo. Os trabalhos deste dia iniciaram-

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se com a exposição dos documentos 61 e 62 da CNBB, oportunidade em que o Pe. Mário, da ECIR, caminhou enfocando a idéia de Igreja a partir do Concílio Vaticano II, passando por Santo Domingo e o Projeto Rumo ao Novo Milénio, para interligar tudo com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 1999-2002 (Documento. 61- CNBB) e a Missão e Ministério dos Leigos e Leigas (Documento 62- CNBB). Na parte da tarde, dedicou-se o tempo aos grupos de reflexão, para estudo e aprofundamento desses dois temas, além de uma palestra sobre a Responsabilidade do Casal Responsável de Região, culminando com a apresentação feita por Márcia e Luiz Carlos, do Manual do Casal Ligação, documento este inteiramente revisto, que é posto à disposição de todos os equipistas, e que seguramente trará uma grande revitalização para esta que é uma fundamental ati vidade no nosso Movimento, isto é, o trabalho de ligação. Já no fim da tarde, Vera e José Renato, que respondem pela Tesouraria do Movimento, apresentaram uma reflexão sobre a expansão sustentada, mostrando em gráficos que apesar do nosso grande crescimento, com aumento de despesas, o valor das contribuições vem diminuindo, o que exige melhor planejamento das atividades de expansão e de sessões de formação, lembrando sobretudo que é importante recordar aos equipistas que façam a sua contribuição dentro dos critérios de justiça e de verdade. Aqueles que puderem dar mais, sejam generosos e solidários com aque-

les que não podem, para que o Movimento possa continuar se implantando em locais menos favorecidos economicamente. À noite vieram as comunicações envolvendo a Carta Mensal, os preparativos e sugestões para o Jubileu de Ouro do Movimento no ano que vem, o Encontro Internacional de Santiago de Compostela e os desafios para que, a grande maioria que para lá não vai, possa também participar desse fundamental evento. Encerrando o dia, realizou-se a oração da noite numa Vigl1ia de Pentecostes, preparando-se para a grande festa do dia seguinte. O domingo não poderia ser melhor: Festa de Pentecostes. E foi sob o influxo desse grande dom da Igreja que os trabalhos se reiniciaram. Vieram então novos grupos de reflexão sobre o planejamento nos trabalhos do nosso Movimento e finalmente grupos por ligação da ECIR para os trabalhos específicos de cada realidade regional. Foi nesse clima de muito trabalho, muita troca de idéias, de amorização e fraternidade que na grande celebração de Envio, na tarde de domingo, participamos da Missa de Pentecostes, onde cada casal recebeu um círio para levar à sua região como compromisso de irradiar essa luz junto aos equipistas de cada localidade, e todos construirmos o Reino de Deus, marcando também o início aos preparativos da festa dos 50 anos das Equipes de Nossa Senhora no Brasil que acontecerá no ano que vem.

wurdes e Sobral, Ecir 5


Casais em marcha para o Terceiro Milên•o três anos estamos no caminho para o jubileu do ano 000. Rezamos ao Filho, recebemos os dons do Espírito Santo e escutamos hoje o Pai, antes de sermos mergulhados no mistério da Santíssima Trindade. O papa João Paulo II, na bula de proclamação do grande jubileu do ano 2000, também chamada "A carta solene", que decreta que o ano santo se iniciará na noite de Natal de 1999, nos chama a fixar nossos olhos no mistério da encarnação do Filho de Deus. De que maneira nós, casais das Equipes de Nossa Senhora, fixamos nossos olhos no mistério da encarnação de Jesus? De que maneira Cristo está presente no centro de nosso amor de casal, no centro do matrimônio que nos une? Como Ele vem, pela sua presença viva, investir nossa família? Como ele nos ajuda a nos convertermos para que o olhemos sempre como aquele que dá vida aos nossos engajamentos? A encarnação do Cristo nos lembra que o nascimento de Jesus em Belém não é um fato que se pode relegar ao passado e que, diante dele toda a história humana se concentra: nosso presente e o futuro do mundo são iluminados por sua presença. Ele está vivo "aquele que é, que era e que vem". A bula de proclamação (ou de convocação) do ano santo dá oportunidade ao Papa

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de nos esclarecer sobre o sentido do Jubileu e sobre a significação dos sinais que atestam a fé e que aumentam a piedade do povo cristão. Durante o ano santo, os fiéis são chamados a tomar o caminho sobre os passos do Redentor. Esse caminho é aquele de uma preparação interior de transformação de nosso coração. É, portanto, para um ato de conversão total que somos chamados e esse é o sentido da peregrinação. Estamos nos preparando para passar pela Porta Santa. Passar a Porta é uma decisão que supõe a liberdade de escolha e, ao mesmo tempo, a coragem de nos despojarmos de alguma coisa sabendo que através desse despojamento, vamos adquirir a vida divina. O ano do jubileu é o ano de aber6


tura de nossos corações à misericórdia de Deus, que dá uma dimensão comunitária para a ação salvadora da indulgência. Pela ação jubilar, João Paulo II se engaja com todos nós, para banir a indiferença por um ato de purificação de nossa memória. Esse ato particular deve nos conduzir a implorar o perdão de Deus por nossos pecados passados e presentes. Como casais unidos pelo sacramento do matrimónio, nossa oração deve se dirigir especialmente àqueles que atentam contra o amor e o casamento. Evocando a pobreza e a marginalidade, o Papa insiste na urgência de nosso engajamento numa ação de caridade: "Não deve, mais uma vez, ser prorrogado o tempo em que o pobre Lázaro possa, ele também, sentar-se ao lado do rico para partilhar do mesmo banquete". É também, para nós, uma oportunidade de nos voltarmos para aqueles que têm necessidade de crer que o amor e o casamento continuam possíveis hoje, e que a fidelidade não é uma palavra vazia. Dirijamos nosso olhar para as pessoas que não conhecem mais ou que nunca conheceram as alegrias do amor. Da mesma maneira, somos solicitados, como cristãos, a rememorar os testemunhos que marcaram, num passado longínquo ou mais próximo, a comunidade eclesial. A memória dos mártires é a prova mais eloqüente da verdade da nossa fé. Ela nos permite dar um rosto corajosamente humano aos atos mais

sombrios de nossa história pessoal ou coletiva. Como casal, temos que seguir o exemplo dos testemunhos mais fortes, para que nos tornemos, também nós, homens e mulheres dos quais o mundo de hoje espera o testemunho vivo. Enfim, é no engajamento missionário da Igreja (e a Igreja somos nós todos) que poderemos encontrar os frutos de um jubileu como este. Para nós, cristãos unidos pelo casamento, no alvorecer desse terceiro milénio, qual é a ressonância particular que esse apelo de nosso Santo Padre provoca? É a essa pergunta que devemos responder em dez pontos que são, ao mesmo tempo, fontes de insistência contidas na carta de João Paulo II. Descobrir, comprometer-se, caminhar, desapegar-se, perdoar, purificar, amar, rememorar, são também meios que somos convidados a utilizar para percorrer nosso caminho de vida e a aventura do nosso casamento, a fim de que, um dia, possamos ver o Cristo face a face. Essa é a grande jogada deste jubileu do ano 2000 e do nosso encontro de Santiago de Compostela. Mais do que nunca, as Equipes de Nossa Senhora "querem que o amor dos casais, santificado pelo sacramento do matrimónio, seja um louvor a Deus e um testemunho aos homens." (Carta das ENS)

Gérard e Marie Christine de Roberty 7


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Não levem nada para o caminho •••'' (Lc 9, 3) ossa caminhada para Santiago é um símbolo de nossa caminhada de vida. Não se trata de fazer peregrinação para um lugar onde se encontram elementos de tradições religiosas populares muito antigas, de se preparar para fazer o caminho sem muitos aborrecimentos e de voltar para casa com uma profunda experiência de amizade e de fé e, talvez, de conversão pessoal. Isso seria, certamente, um resultado conveniente, um resultado bom para quem, durante um ano, se preparou "para ir a Compostela". Devo confessar, porém, que, nesse caso, isso seria, na minha opinião, uma oportunidade perdida. Seria, de certa forma, "aquela medíocre satisfação pessoal" de que fala Santo Inácio, que nos faz parar qualquer atividade que possa nos comprometer na realização de nossa identificação com o Evangelho. Quase sempre nós vivemos de ações esporádicas e esquecemos que a verdadeira vida, como o verdadeiro amor, faz-se na continuidade, sem paradas. Ir para Compostela para se encontrar com os outros casais das Equipes de Nossa Senhora do mundo inteiro deveria ser um sinal de nossa permanente adesão ao Evangelho, "estatuto de nossa família". E é preciso empreender esse caminho como um momento privilegiado para continuar a viver, mais intensamente, "nosso cotidiano de fé". E

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nosso cotidiano de fé, como casais, é tecido de pequenas e grandes virtudes, que fazem da vida de um casal um dom ao outro, vivido na dinâmica de um reabastecimento constante de generosidade, que, ouso dizer, é uma forma alegre de abnegação. "Não levar nada ... ", viver sem ser sobrecarregado ou retido pelos fardos de nossa passividade, de nossa incapacidade de partilha, da "conta corrente" de nossas reservas pessoais incomunicáveis. Se vivemos, em casal, o 8


despojamento de nosso egoísmo e nosso olhar se dirige profundamente para o outro, estamos no verdadeiro caminho da felicidade construída, consciente, adulta. Vocês têm, certamente, a experiência das viagens, com as dificuldades que elas trazem, às vezes, e nas quais deve-se suportar - e sofrer -as exigências das pessoas que pensam somente nelas mesmas e que são incapazes de aceitar as limitações das dificuldades de toda espécie, que tomam difícil a coabitação, mesmo que seja por um tempo bem curto. E, talvez, vocês já experimentaram a dura realidade de uma vida na qual o egoísmo impera: estar em companhia de pessoas que rompem a harmonia, com sua aspereza, falta de compreensão, vontade de impor em tudo seus critérios ou seus pontos de vista ... são carrascos da vida do casal, da família e da equipe. Se, antes de partir para o nosso Encontro Internacional, que queremos viver como um momento forte de conversão, examinarmos nossa vida, e fizermos um esforço para rever o nível de despojamento pessoal de nosso "ego" na nossa vida de casal, os dias passados juntos em Compostela servirão, provavelmente, como confirmação de nosso engajamento adulto e consciente como cristãos, membros das Equipes de Nossa Senhora. Para fazer o caminho do verdadeiro peregrino, não se leva uma grande mala. Vocês tiveram essa experiência no começo de sua vida de casal. Já sabiam antes que a vida

nova que os esperava e que queriam fazer juntos, supunha um certo número de renúncias. Isso, não somente para evitar as brigas e gozar da paz de um casal, como vocês, na certa, tinham sonhado. Santo Agostinho dizia que o amor suprimia as dificuldades, e que, se elas surgissem, seriam amadas de uma maneira especial. Pois então, fazer o caminho para Compostela, como símbolo do caminho que vocês fazem na vida, supõe não levar nada, nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, isto é, viver em estado de generosidade, recuperando os primeiros momentos de seu amor talvez adolescente, para transformá-lo em amor adulto, iluminado pelo Cristo. Saber reconhecer que no longo caminho dos peregrinos do Absoluto, como cristãos casados, vocês estão comprometidos um com o outro pelo amor, e o Cristo aí está para tudo e em tudo. Ele é o Alfa e Ómega de sua vocação de amor e de dom mútuo, e a verdadeira conversão de todos os dias os chama a segui-lo, abertos à sua Palavra: "Não levem nada para o caminho ... " Compostela é somente um sinal importante, talvez transcedental, para os casais e para as Equipes de Nossa Senhora, mas que nos compromete a tomar presente no mundo do egoísmo criminoso e dos espantosos desequilíbrios sociais, o poder transformador do Evangelho de Cristo, vivido com austeridade, fidelidade e perseverança.

Cristobal Sàrrias, s.j. 9


Notícias Internacionais Extratos da "Carta Pastoral para o ano Jubilar de Compostela"

A peregrina~ão, encontro com o Senhor

A existência cristã como peregrina~ão emdir~ãoao

Deus invisível "Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou caminhar com eles" (Lc 24,15)

Jesus, o filho peregrino, nos trouxe o testemunho do homem novo, imagem da nova criatura que Deus havia modelado com o sopro de seu Espírito, e que redimiu ao preço de seu sangue. Foi-nos enviado para que caminhemos com Ele em direção ao Pai. Dessa maneira, a peregrinação é a mais completa expressão da existência humana, que caminha para o Deus invisível. Esse êxodo se realiza com a Igreja peregrina para aqueles que, ansiosos por "vencer o pecado e crer na santidade", seguem o Senhor. O cristão, na sua condição de peregrino, é chamado a se desfazer da sua condição de homem velho, com a graça da conversão, para se revestir do homem novo em Cristo, contemplando Maria, "modelo de todas as virtudes", na qual "a Igreja chega à perfeição sem rugas ou manchas" (LG 65).

A tradição de Santiago está intimamente ligada à peregrinação, através de um caminho de fé e de esperança. Uma peregrinação que se pode fazer de diversas maneiras, apesar de que a tradição dá uma importância especial àquela que se faz a pé, devido aos valores que ela implica. A austeridade, o espírito de fratern idade e de

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O peregrino, imagem do h omem religioso

conversão, a oração e a ação de graças, a interiorização na sua própria vida são o conjunto de realidades que emergem ao longo do Caminho pelas atitudes de fé, e encontradas na manifestação do monte do Gozo, como "Portal da Glória", no fim da peregrinação. As intenções que animam os passos dos peregrinos são de chegar ao túmulo do apóstolo São Tiago para declarar sua fé apostólica, referência para o encontro com o Senhor "Jesus Cristo que é o mesmo, ontem e hoje, e para sempre" (Hb 13, 8). Ele nos leva à relação com o Deus Pai: "Se alguém me ama, guarda a minha palavra e meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).

Fazer a peregrinação implica encontrar-se e encontrar os outros, purificar-se interiormente com um espírito de penitência e viver a comunhão com Cristo em resposta à nossa exigência espiritual essencial. O peregrino interioriza a sua caminhada para dar um sentido às marcas de seus passos no espaço e no tempo: sua necessidade de ser salvo e encontrado por Deus. Dessa maneira, sua atitude é a imagem do homem religioso que compreende a importância de seu engajamento no mundo e reflete sobre a passagem dos bens desse mundo e sua relatividade, face ao último e verdadeiro sentido da aventura humana. Além da devoção subjetiva, afetiva e voluntária, a peregrinação se converte em uma celebração dotada de força objetiva e sacramental, cuja mais importante realidade, expressão de nossa esperança, permanece invisível aos olhos de nosso corpo, mas não aos olhos de nossa fé. O cristão se põe a caminho com o coração humilde e o espírito sem preconceito para acolher o amor e a verdade de Deus, respondendo ao seu chamado na Igreja que é o caminho da casa do repouso eterno.

A Equipe delegada pela ERI para a organização do Encontro 11


Proieto Rumo ao Novo Milênio olidárias ao PRNM, as ENS do Setor G da llha do Governador do Rio de Janeiro concretizaram o esforço que vêm desenvolvendo para a construção de relações novas, baseadas na caridade a fim de que possamos viver o projeto de amor, felicidade e santidade. No dia 1o de maio do corrente ano, que tem como tema central Deus Pai e a Caridade, inauguramos um Núcleo do Instituto Pró-Farru1ia da Arquidiocese do Rio de Janeiro na igrejinha de São Pedro da Praia da Rosa. A solenidade contou com a presença maravilhosa de D. Nancy Moncau. ... O Sr. Bispo D. Rafael Llano Cifuentes, após a inauguração, benzeu a placa afixada sobre a porta de entrada da sala, onde já está funcionando o núcleo, que tem o nome de D. Nancy Cajado Moncau. O núcleo é um prolongamento do Instituto Pró-Farru1ia ligado à Pastoral Familiar que tem como objetivos gerais: promover e apoiar as pro-

dico variado, inclusive com doação de medicamentos. D. Nancy encantou a todos, não somente pela disponibilidade por vir de São Paulo ao Rio de Janeiro e ainda na mesma noite voar para Salvador, mas sobretudo pelo testemunho de coerência entre fé e vida e principalmente por ser missionária da caridade de Deus. Na ocasião disse à comunidade presente que confiem nas ENS, confiem nos equipistas. Lembrou que há 52 anos, na França, a promulgação dos Estatutos nos dizia: "Os equipistas querem ser em toda parte os missionários de Cristo, querem estar prontos a atender os apelos de seu bispo e de seus sucessores ... " Após a leitura de sua biografia, D. Nancy agradeceu os elogios mas respondeu com o carinho e a sabedoria própria dos santos, citando Santa Catarina de Sena: "Não nos regozijemos com o que foi feito porque há ainda muita coisa por fazer em benefício dos homens". Momento único na história desta comunidade tão carente. Presenças transformadoras e enriquecedoras de casais que assumiram ou assumem responsabilidades no Movimento. Bispo, sacerdotes, seminaristas, comunidade, equipistas, Cristo e um anjo em vida participaram desta graça de Deus. Obrigado D. Nancy!

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priedades e finalidades do matrimônio; a união conjugal e procriação e a educação dos filhos. Como objetivos específicos visa fundamentar, na doutrina da Igreja, a paternidade e maternidade responsáveis; ensinar os métodos naturais de planejamento farniliar; acompanhar os seus usuários; promover cursos e palestras neste sentido, etc .. Além destas atividades, nesta mesma sala haverá atendimento mé-

Marlene e Derik - CRS-G Rio III Rio de Janeiro 12


Saídas

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emos férias aos nossos carros e apanhamos um ônibus que nos levaria a um belo recanto, que passarei a descrever a toques de inspiração. É. Somente inspiração para escrever sobre o Nordeste nesse período tão cativo de sua vida, pois mais uma seca lhe consome e faz com que seu povo não esqueça que vida de nordestino é um eterno esperar. O destino era o sertão central, e para quem não conhece nossa rica geografia, a conclusão direta é que a terra é ruim, seca e ingrata. Mas para quem nela nasceu, criou-se, cultivou a própria vida, sabe que é bem diferente, pois conhece a fundo cada um de seus gemidos. O ônibus vencia distâncias, e a curiosidade das crianças temperava o ambiente. Era uma população heterogénea; de bisavô a bisnetos, mesclavam-se gerações. A bagagem também diversificada, mas bem apropriada para o momento. Como era um final de semana com equipistas, a mesma variava desde a mamadeira da pequena Júlia, ao tema de estudo de nossa reunião, mo ti vo dessa investida singular. Avista-se de longe a terra prometida. Era a Serra do Estevão, localizada a poucos quilómetros da cidade de Quixadá, aqui no Ceará. Uma região de monólitos, onde a topografia fez desenhos, e o homem inspirado por Deus criou duas grandes obras: O Convento das Freiras e o Santuário

de Nossa Senhora do Sertão. Foi lá, palco de um grande encontro de duas equipes de Fortaleza a no 6 e a n° 32, onde nos conhecemos melhor, fizemos uma reunião leve e proveitosa e nos sentimos mais próximos do Criador, pela beleza que o lugar nos transportou. Foi também motivo de aprendizado, conviver com os filhos, ainda crianças e outros já adolescentes, num contexto diferente de nossa realidade. Desapegar-se do conforto de nossas casas, das quais somos escravos; renunciar ao banco reclinável dos automóveis, fazer a cabeça (é esse o termo; antes, dava-se ordens) dos nossos jovens. Convencê-los a esquecer o Fortal, o Shopping e abrir mão das calorias excessivas contidas nas batatinhas e nas demais tentações da gula etc .. Dar férias aos nossos carros, mesmo por um só final de semana e viver uma equipe coletiva, tem um grande sentido nos dias de hoje. É uma forma de se ouvir de perto a quem muito nos tem a dizer. Como o silêncio do Convento e os gritos do Sertão. São chamadas contemplativas: momentos para o corpo e purificação para o espírito. E que o nosso espúito de citadinos vive tão atormentado com as coisas do mundo; é que nossos jovens andam tão desfalcados de valores, que às vezes prostram-se em pleno vigor dos anos. Como se fossem um exército de aflitos!

Edglê (da Ivanda) - Eq. 6 Fortaleza, CE

Nota: Fortal é uma palavra não oficial da nossa língua, mas designa uma festa da nossa cidade.

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A Experiência de Ser Casal Regional esde que assumimos a res- ramente, a nossa adesão e disponibiponsabilidade como Casal lidade e uma motivação que nos foi Responsável da antiga Re- proporcionada pelo próprio Evangegião São Paulo Centro II, no come- lho: "Não vim para ser servido, mas ço de 1995, pensamos muitas vezes para servir". Foi sempre esse penem escrever sobre a experiência samento que nos orientou até hoje, e maravilhosa que Cristo nos ofere- se conseguimos fazer alguma coisa, ceu para que pudéssemos ter o pri- caminhar e nos esforçar na tentativa vilégio de servir ao nosso Movimen- da construção do Reino entre nós, tudo foi obra de Deus to e à sua Igreja. e do seu Espírito. E, agora, cheÉ preciso crer que gou a hora, pois deiTerminamos o nosso mandato, com xando o serviço, esses 'dons', e aproveitamos este a firme convicção do dever cumprido, espaço para tamcada casal tem os pois, com a graça de bém nos despedirDeus, conseguimos mos de todos nossos seus, serão irmãos da ECIR, do realizar quase tudo aqueles que nos aquilo que tínhamos nosso querido padre planejado. Mário, do nosso serão necessários Como CRR parquerido casal ligaticipamos do nosso ção da ECIR e resno momento certo ponsável por ela, primeiro Colegiada Nacional, em maio Maria Regina e para o nível de de 1995, e nossa exCarlos Eduardo, de responsabilidade periência no início do nossos irmãos e coencontro não foi nada legas regionais, e de que será o nosso". agradável diante das todos os casais resresponsabilidades ponsáveis de setores, tanto aqueles que trabalharam que o nosso casal ligação com a conosco na nossa antiga região, bem ECIR, na época, Silvia e Chico, nos passou. Eu (Leonor), fiquei apavocomo aos atuais. Não podemos também nos esque- rada, pois achava que não daria concer de nossa equipe Regional, com- ta do recado. Comecei a perguntar posta pelos queridos SCER Pe. José como se fazia isso, aquilo, coloquei Carlos Frederice, e pelos casais Olga/ vários obstáculos em tudo o que eles diziam, enfim, atrapalhei muito a reuToninha e Íride/João Tognolli. É evidente que, para que isto nião. Mas com a graça de Deus, acontecesse, foi necessário, primei- conseguimos, e hoje estamos aqui

D

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para agradecer-lhes pelos conhecimentos e entusiasmo que nos transmitiram e que foram valiosos para o cumprimento da nossa missão. Sabíamos que o nosso trabalho como CRR era muito importante, mas como está escrito no Manual de Responsabilidade das Equipes de Nossa Senhora: "Não estamos jamais preparados para uma responsabilidade, nem para o serviço que dela decorre. Mas é preciso crer que com esse olhar de amor, que é o chamado, e com nossa cooperação perseverante, o Senhor manifesta e faz crescer em nós 'os dons' que nos confiou para que os partilhássemos. É preciso crer que esses 'dons', e cada casal tem os seus, serão aqueles que nos serão necessários no momento certo para o nível deresponsabilidade que será o nosso". Não temos dúvidas em afirmar que estes dons foram alimentados também pela nossa participação nos principais eventos programados: foram 04 Encontros Nacionais, 08 Colegiados Nacionais, 08 Encontros Regionais, 08 Sessões de Formação, 07 EACREs, etc, pois nestes tivemos a oportunidade de estar em comunhão com equipistas e Conselheiros de todo o Brasil ou da nossa região e desta forma renovar nossas forças e crescer em espiritualidade. Que oportunidade que Jesus nos oferecia para ficarmos juntinhas, durante dias inteiros, curtindo um ao outro, sem nada a nos atrapalhar, sem pensar nos nossos compromissos do dia a dia, de casa, de trabalho, de filhos, netos, enfim, só cuidando das coisas de Deus e do nos-

so Movimento. Temos que agradecer sempre estes presentes de Deus onde colhíamos frutos para uma renovada vivência cristã. Como descrevemos nossa titubiante primeira experiência como CRR, citaremos a última que tivemos, ao programar o primeiro Encontro de Coordenadores de Experiências Comunitárias e de Casais Pilotos, organizado pelos setores de São Carlos, em abril, que era uma das nossas prioridades e que não tinha sido ainda concretizada. Os palestrantes foram Maria Regina e Carlos Eduardo e podemos afirmar que foi um encontro muito rico em troca de idéias e conhecimentos sobre os assuntos programados. Fica aqui um lembrete para que todos os CRRs organizem encontros semelhantes com a certeza de darem uma contribuição eficaz para o fortalecimento, expansão e unidade do Movimento. Para finalizar, queremos louvar e agradecer a Deus e a sua querida mãe, a oportunidade de servir ao Movimento das ENS, testemunhando que nós, como casal, fomos os maiores beneficiados pelas graças recebidas nestes últimos anos. E confiando nesse olhar de Deus para conosco, enviamos a todos os nossos irmãos equipistas, nosso abraço, nosso carinho, e o nosso mais sincero "muito obrigado". E a você Cristo, nosso irmão e amigo, aquele abraço.

Leonor e Danillo - Ex-CRR São Paulo - Centro IV 15


resen do Espírito Santo utro dia, fomos a um batizado na Igreja de Santo Antonio, onde, entre outras crianças, estava uma que nos trouxe lembranças muito boas. O que faz a Lara especial é que, para nós, ela testemunha a presença viva do Espírito Santo atuando nas ENS. Quando Lara nasceu, há uns meses, a primeira coisa que ela vestiu, ainda no berçário, foi uma camisa pagão com o símbolo das ENS, sonho acalentado por Luciani e Arnaldo, desde quando souberam que estavam esperando um bebê. Na verdade, tudo isto é sinal da profunda conversão ocorrida nos corações de Lu e Arnaldo, através das ENS, que vamos contar em poucas palavras, com a autorização deles, visto que é um belo testemunho para todos os equipistas, para que amem mais o carisma que o Senhor nos concedeu. Quando conhecemos Lu e Arnaldo, eles viviam juntos há uns dez anos . Não eram casados, e não achavam que isso fosse importante; não tinham filhos e não pretendiam tê-los, pois que vivemos num

O

mundo cheio de incertezas e apreensões. Embora batizados, não freqüentavam nenhuma Igreja, e até tinham algumas restrições à fé católica, muito comum em tantas pessoas. Mas eles têm um coração grande e o Espírito já suscitara neles um forte desejo de descobrir Deus e o sentido mais profundo de suas existências. Estávamos montando o nosso primeiro grupo de Experiência Comunitária, nascido de 4 casais que participavam de um "círculo" do ECC e que queriam manter-se unidos e buscar novos caminhos para o seu crescimento espiritual. Esses 4 primeiros casais começaram então a pensar em convidar outros casais amigos para formar um grupo maior para a "Experiência" e aí surgiram entre outros os nomes de Lu e Arnaldo. Entre os 4, todos concordaram em convidá-los, mas havia uma grande dúvida. Será que eles aceitariam? A Lu com certeza, mas ... e o Arnaldo? Ele era um cara legal mas parecia meio arredio a participar de grupos, principalmente em se tratando de religião. 16


Depois de um bom papo, eles aceitaram. Mas será que eles viriam mesmo à primeira reunião? E depois da primeira será que eles gostariam e se animariam a continuar? Vieram à primeira ... e vieram a todas! A Lu, de coração escancarado, querendo tudo já, querendo mergulhar de cabeça. O Arnaldo mais reservado, mais comedido, cada vez mais interessado e a cada reunião um brilho novo no olhar. No grupo, todos se preocupavam com todos, mas a preocupação com Lu e Arnaldo dominava aqueles que conheciam a sua situação. Será que eles se converteriam realmente? Decidiriam se casar? O tempo passava e eles não tocavam nesse assunto. Será que eles estavam conscientes que o casamento era essencial para que eles viessem a participar de uma Equipe? Um dia decidimos ir à sua casa para, numa conversa particular, falar desse ponto tão delicado. Eles tomaram o maior susto, mas aceitaram numa boa aprofundar sua reflexão sobre o assunto. Fizeram perguntas, procuraram se informar melhor sobre a doutrina católica, leram mais ... O tempo continuava passando, e nada. Vez por outra, flagrávamos a Lu com os olhos cheios de lágrimas e o Arnaldo assim meio desconcertado ... O que estaria se passando com eles? Certo dia, já chegando o fim do período da nossa "caminhada" retribuíram a nossa visita e apareceram em casa. Com a felicidade es-

tampada em seus rostos nos contaram que haviam decidido casar-se. Foi uma festa em todos os nossos quatro corações. Combinamos entretanto que os demais teriam essa surpresa guardada para o último dia, quando se decidiria o futuro do grupo, quando se decidiria formar ou não uma Equipe de Nossa Senhora e os casais optariam por participar ou não. Nessa reunião, Lu e Arnaldo foram os últimos a falar. Ninguém agüentava mais a ansiedade, ninguém agüentava a idéia de perder esses amigos agora tão queridos de todos. Finalmente eles disseram: "é claro que queremos ficar na Equipe e nós queremos nos casar... " Foi uma festa! Como diz a música, anjos voavam naquele lugar! Lu e Arnaldo casaram-se numa cerimônia simples, mas profunda, unicamente pela fé no Sacramento. Além do sacerdote apenas a desejada presença da Equipe e seus pais. Empolgados pelo Movimento, eles logo se destacaram. Foram o primeiro Casal Responsável da Equipe 7 - Nossa Senhora da Paz, de Teresópolis e pouco tempo depois vieram a assumir a função de Casal Ligação. Passado mais algum tempo, o Espírito Santo os fez compreender a graça de ter filhos e eles desejaram tê-los. E veio ao mundo aLara, alegria para todos e sinal de esperança, a mostrar que o Senhor está no meio das ENS e opera em nós maravilhas.

Fátima e ]erson CRR Região - Rio II 17


Pobre e Desprezado Dever de Sentar-se r que será que o Dever de entar-se é tão temido, tão crilcado e tão pouco exercido nas ENS, conforme se constatou em recente pesquisa do Movimento, e se constata mensalmente, nos relatórios das reuniões? Será que ele é um encargo inútil, ou um desnecessário dever de casa das ENS? Será porque ele incomoda, perturba ou desune o casal? Ou será porque falta tempo, oportunidade ou vontade de um ou de outro, ou de ambos? Na verdade, parece que há sempre um bom motivo para não se viver o Dever de Sentar-se. Por que será? Se o Dever de Sentar-se é assim, tão desprezado, tão criticado e tão pouco exercido com fidelidade, por que é, então, que o nosso Movimento o mantém há meio século, fazendo sempre a sua apologia e recomendando a sua vivência, como importante PCE, e agora ainda o coloca como destaque no projeto das ENS Rumo ao Novo Milênio? Lógico, que o Dever de Sentar-se é muito importante, como meio de aperfeiçoamento da vida conjugal, com reflexos positivos e santificadores na família, na Igreja e na sociedade. O Dever de Sentar-se não é oportunidade para reivindicações pessoais, imposição de idéias, vanglória, dominação de pessoas, cobranças e desentendimentos conjugais. O Dever de Sentar-se é, isto sim, uma sublime ocasião em que o

casal se reúne para, na presença de Cristo, mensalmente, em clima de respeito mútuo, compreensão e partilha, conversar sobre determinados assuntos que julguem importantes, necessários e oportunos, que possam melhorar o relacionamento conjugal e o relacionamento do casal com filhos, netos, noras, genros, outros parentes, amigos, empregados etc e, também, reverem como anda seu relacionamento com Deus, com a Igreja e com as ENS. Devemos considerar como prérequisito do Dever de Sentar-se, a clara conscientização de marido e mulher, que cada um é uma pessoa e, como tal, tem as suas características comportamentais, suas idéias, seus pontos de vista, seus sonhos, suas alegrias, dores, doenças ... fatores estes que precisam e devem ser bem conhecidos, compreendidos e respeitados mutuamente. Não havendo essa interação, é claro que não haverá ambiente para um bom Dever de Sentar-se e sim: discussões desagradáveis, incompreensões, caras-fechadas, ausência de diálogo ... enfim, uma convivência caminhando para o insuportável e, às vezes até, infelizmente, chegando lá, com a separação do casal. Aí está, explicitamente o motivo da evasão do Dever de Sentar-se: a falta de conhecimento, compreensão e respeito mútuos. O Dever de Sentar-se visa a felicidade conjugal, o aquecimento 18


do amor, muitas vezes esfriado pelas vicissitudes da vida; revive os saudosos e felizes momentos dos tempos de namoro e noivado; e revitaliza as promessas um dia feitas no altar de Cristo, na sublimação do Sacramento do matrimônio. O casal deve caminhar para o Dever de Sentar-se de mãos dadas, alegres, descontraídos e desarmados ... e saírem de lá, abraça-

dinhos, na mais íntima benquerença, certos de terem realizado, na presença de Cristo, uma maravilhosa reunião de replanejamento de vida, resgatando o pobre e desprezado Dever de Sentar-se.

Expedicto (da Nice) Equipe 12F Nossa Senhora de Nazaré Brasília, DF

Hoie, somos testemunhas! novo", já compreendeu a importância dos Pontos Concretos de Esforço. Trabalhamos todos os dias para receber o salário no final do mês, certo? Se vivermos os PCEs, perceberemos que também somos recompensados dia a dia. Neste caso, o salário é ainda mais rico, pois o recebemos através do amor, do respeito vivido em casa e das alegrias que Deus nos dá. Busquemos o valor dos PCEs e já conscientes, vocês verão que vale a pena deixar a preguiça de lado. Agradecemos a Deus por ter-nos dado a oportunidade de participar do Movimento das ENS e aos irmãos de Equipe pelo amor, apoio e principalmente pela cumplicidade. Muito obrigado, de coração! Abraços!

A matéria "Meu 1o EACRE" (C. Mensal- maio/99), foi o que nos inspirou a enviar nossa mensagem. Somos casados há 2 anos e meio, equipistas há um ano e 8 meses e neste ano de 1999 já somos o Casal Responsável de Equipe, um chamado e tanto para quem é tão inexperiente. Apesar de casados há pouco,já passamos por sérias dificuldades e as ENS foram a porta que se abriu naquele corredor longo e escuro que estávamos atravessando. Abraçamos as ENS, pois trouxe para nossas vidas a maior força que poderíamos encontrar: DEUS. Com Ele, vencemos nossos problemas e fomos contemplados com a Sua graça. Agora somos testemunhos para os que ainda buscam um caminho para viver melhor. Já com 8 anos de experiência, a Equipe de que participamos costuma dizer que somos "sangue novo" para eles. Nosso "sangue

Crise Misso Eq. N. Sra. do Desterro Dois Córregos, SP 19


Jubileu de Ouro Sacerdotal po forte nas opiniões, exigente nas condutas cristãs e grande intérprete do Evangelho. Está sempre presente e jamais nos diz um não. Foi com alegria que nossa Equipe participou das homenagens aos seus 50 anos de vida sacerdotal. Parabéns, Pe. Orlando, e nosso muito obrigado pela sua dedicação e por tudo o que temos recebido e aprendido com o senhor!

Pe. Orlando Nogueira de Andrade, missionário claretiano, sacerdote conselheiro espiritual da Equipe Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Setor de Santos, comemorou seus 50 anos de vida sacerdotal. Quanta alegria, quantos ensinamentos, quantas palavras de conforto, quantas atitudes de louvor Pe. Orlando já dispensou aos que o procuram! Embora residindo em São Pedro, vem mensalmente a Santos para participar das reuniões, com seu jeito humilde e ao mesmo tem-

Eliane e Cid Eq. N. Sra. do Perp. Socorro Santos,SP

Jubileu de Prata piritual do Setor de São Carlos. Agradecemos a Deus pela disponibilidade dos sacerdotes conselheiros espirituais que nos acompanharam nestes anos todos. Agradecemos a Jesus, através de Maria Santíssima, nossa mãe, por nossas famílias, filhos, netos, pela graça de permanecermos (os mesmos casais do início da Equipe) unidos na amizade e no amor de Jesus, por esses 25 anos, compartilhando nossas vitórias, alegrias e também decepções, sofrimentos e dificuldades. Obrigado, Jesus, por sua presença entre nós. Sem ela nada seria possível. Nossa Senhora Aparecida continue sempre nos acompanhando, guiando nossos passos, sustentando-nos quando às vezes somos tentados a acomodar-nos.

A nossa Equipe Nossa Senhora Aparecida, n° 1, do Setor B de São Carlos, comemorou seus 25 anos de fundação, com uma celebração eucarística com as presenças especiais de seu Conselheiro Espiritual Dom Bruno Gamberini, Bispo de Bragança Paulista, de Dom José Antonio Tosi, Arcebispo de Fortaleza, ex-conselheiro espiritual e que nela permaneceu por 10 anos e do Padre José Carlos Frederice, Sacerdote Conselheiro Es-

Rosângela e Dirceu C. Secr. - Setor B - São Carlos, SP 20


Expansão do Movimento

• • • • • • •

Falecimentos

~g~adeçamos pela vida destes nossos Irmaos e louvemos a Deus pela graça de sua ressurreição. Roberto Wagner- da Maria C 1. E . . o~ I qUipe ~8- N. Sra. Medianeira, Setor C, RIO I, RJ - ocorrido em 13 de dezembro de 1998. Padre !osé Pires de Almeida, SCE EqUipe.25B- Rio de Janeiro, ocorrido no dia 11/05/99 Marg_arida .Maria Fernandes - do Joao Pauhno, Equipe 06- N. Sra. das Graças •. Setor B, Natal, RN- ocorrido no dia 25 de fevereiro de 1999

Oriundas das Experiências Comunitárias: Eq. 37 - N. Sra. Mãe Rainha - Fortaleza, CE Equipe 38- N. Sra. da Rosa Mística - Fortaleza, CE Eq. 04- N. Sra. AparecidaPindoretama, CE Eq. 11 - N. Sra. da Rosa Mística- Valinhos, SP Eq. 09- N. Sra. Mãe Peregrina - Setor B - Natal - RN Eq. 10- N. Sra. de Lourdes - Setor B -Natal- RN Eq. 11 - N. Sra. dos Impossíveis- Setor B -Natal- RN

11 Encontro Regional de Sacerdotes CE e Conselheiros Espirituais Aconteceu em Campinas, em abril deste ano, o II Encontro Regional de Conselheiros da Região São Paulo Centro I, para aprofundamento do estudo dos temas "Solidariedade e Caridade" e "Sacramento da Reconciliação" lançados no EACRFJ99. Numa manhã de quinta-feira, compareceram dezessete conselheiros espirituais, entre eles uma irmã e um irmão religioso, além dos casais dos Setores, todos demonstrando grande disposição e vontade de rever os temas acima referidos. Pe. João Bosco Dubot, Conselheiro Espiritual da Região deu início

ao encontro com cantos, leitura e reflexão do Evangelho. Coube ao Pe. José Antonio Dal Bó, resumir o tema Solidariedade e Caridade, e depois, o Sacramento da Reconciliação ligando-o com o Dever de Sentar-se. Foi uma grande oportunidade de enriquecimento espiritual, de testemunhos, de troca de experiências que satisfez a todos os presentes. Agradecemos a Deus por mais esta oportunidade.

Maria Lúcia e Pedro C.R. Regional São Paulo, Centro I

Errata Na matéria "Jubileu de Prata das ENS em Valença", edição n° 346, junho/julho/ 99, pág. 18, por uma falha na digitação, foi omitido o nome do casal Zélia e Américo, da primeira Equipe e que se encontra até hoje no Movimento. Com nosso pedido de desculpas, fica reparado o equívoco. - Equipe da Carta Mensal

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Aviso aos Navegantes "Linkamos" 0 "site" da Equipe de Coordenação de Santiago de Compostela à nossa página da Internet. Q~em desejar notícias recentes da peregrmação é só acessar o referido "site", que está em língua espanhola. . A página das ENS tem o segmnte endereço: www.ens.org.br

ENSnaRede

Vida No dia 11 de maio, oCasal Responsável pela ECIR, Maria Regina e Carlos Eduardo, estiveram na Rede Vida, participando do programa Tribuna Independente, para falar a respeito do nosso Movimento. Por razões de ordem técnica da televisão, somente pôde figurar como entrevistado o Carlos Eduardo, e não o casal, como era de sua intenção que acontecesse. Além das perguntas feitas durante o programa, enviadas de muitas localidades brasileiras, foram entregues ao casal cerca de 160 questões enviadas por fax ou telefone e cerca de 65 e-mails. A Equipe da Carta Mensal cumprimenta o entrevistado pelo brilhante desempenho perante as câmeras qu_e em muito enalteceu o Movimento das Equipes de Nossa Senhora diante do público. Como repercussão imediata do programa, o Secretariado Nacional das ENS em São Paulo recebeu nos dias seguintes 40 ligações/fax _de pessoas interessadas pedmdo informações sobre o nosso Movimento.

"

-

--

Sessão de Forma~ão Nível li Foi gratificante, após uma semana de trabalho, quando pensávamos que o cansaço ia bater firme, o fato de nos sentirmos co-participantes e co-responsáveis na caminhada da Igreja, com desafios a ser vencidos por todos. Família, leigo, missão e Igreja formam uma espiral (e não um círculo fechado em si mesmo) com possibilidade c~ntinuidade e abertura. Uma IgreJa (nos todos) que exercita e anuncia a experiência da fé, aceita e cuida das diferenças e leva a esperança a todos, amparada no modelo trinitário: Pai - o amante, Filho - o amado e Espírito Santo -o amor. A Sessão de Formação nível ll com casais de Juiz de Fora e Barbacena guiados por padre João Justino, deixo~ um gosto de "quero mais", pois, mais uma vez, percebemos que Ele conta conosco.

?e

Maria do Carmo e Ziquinha Equipe 14B Juiz de Fora, MG

Equipe da Carta Mensal

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Demonstra~ões

Financeiras de 1998 presentamos aos nossos irmãos de equipe, o Baiano Patrimonial e a Demonstração de Resultado do no de 1998. É motivo de dupla alegria: pela oportunidade de partilha da função que nos foi confiada, e poder noticiar um resultado favorável, quando o povo brasileiro viveu um ano economicamente difícil. É também com certa preocupação que fizemos nosso planejamento financeiro para 1999. Apesar das dificuldades enfrentadas por muitos de nossos casais, contamos com a providência do Senhor, com a solidariedade de muitos outros, e mantivemos as programações planejadas, conforme quadro de provisões apresentado ao final. Gostaríamos de informá-los que entregamos a cada casal ligação da ECIR uma cópia das nossas Demonstrações Financeiras, constante do Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e Mutação do Patrimônio Líquido, devidamente assinadas pelo escritório de contabilidade credenciado. Tais peças contábeis encontram-se assim à disposição de qualquer interessado, devendo procurálas junto ao seu casal ligação da ECIR. Outrossim, encontram-se à disposição dos interessados, no Secretariado, nossos livros contábeis, podendo ter acesso a eles para consultas, qualquer membro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, quando terão então acesso aos detalhes de cada conta. Agradecemos ao Senhor pelo carinho para conosco e para com nosso Movimento, sempre orientando-nos na função que exercemos e iluminando os trabalhos de toda a Equipe de Coordenação Inter-Regional (ECIR). Colocamonos à disposição de todos os equipistas para qualquer esclarecimento. Fiquem com Deus! !!

Vera e Renato Tesouraria, ECIR 23


Balan~o

Financeiro do Movimento BALANÇO PATRIMONIAL (em R$)

ATIVO

31.12.96

31.12.97

31.12.98

401.635

441.375

502.094

11.783

12.703

14.581

413.418

454.078

5 16.675

1.107

16

1.332

Património Líquido

412.311

454.062

5 I 5.344

TOTAL PASSIVO

413.418

454.078

516.675

Circulante Permanente TOTALATIVO PASSIVO Circulante

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (em R$)

31.12.96

s/Rec.

31.12.97 s/Rec.

31.12.98 s/Rec.

Contribuições

585.591

83,3%

635 .642 90,6%

758.625 86,9%

Receitas Diversas

117.028

16,7%

66.258

9,4%

114.861

13,1%

TOTAL DAS RECEITAS

702.619

100%

701.900

100%

873.486

100%

2 15.535

38,9%

310.631 46,8%

375.188 46,2%

Desp. c/ Adm. Equipes

92.089

16,6%

85.822 12,9%

I 11.345 13,7%

Desp. c/ Pessoal

94.149

17,0%

71 .877 10,8%

Desp. Gerais

I 52.827

27,6%

195 .018 29,4%

247. 187 30,4%

TOTAL DAS DESPESAS

554.601

78,9%

663 .348 94,5%

811.894 92,9%

RECEITAS

DESPESAS Desp. c/ Encontros

78.174

9,6%

RESULTADO Resultado do Exercício

148.018

38.55 I

61 .592

Fundo Patrimonial

264.293

412.311

454.062

Resultado Acumulado

412.311

450.862 64,2%

5 I 5.654 59,0%

58,7%

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Gráfico 1 - ENS receitas X despesas 12,1%

1993

663,3 701,Q

1997

702,8

1996

14,5%

71,1%

1995

27Q,2

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

eoo.o

700,0

eoo.o

QOO,O

Tem por objetivo demonstrar a evolução da participação das Despesas em relação às Receitas, chamando a atenção para os anos de 96, 97 e 98 cuja participação foi de 78.9%, 94.5% e 92.9% respectivamente. Essa evolução das Despesas, se deu por vários motivos, destacando: o crescimento do Movimento em todo o Brasil (aproximadamente 8% em relação ao ano anterior); o incentivo para as sessões de formação; a contribuição mensal (dízimo) do Movimento para com os seminários (Projeto Vocacional) e o aumento de participantes (em decorrência da multiplicação de regiões e setores) nos encontros colegiados nacional e principalmente no encontro nacional. *Previsão para 1999: as projeções sinalizam· que as Despesas poderão ficar aproximadamente 5% acima das Receitas. Vocações 7%

Encontros 18%

Gráfico2 Distribui~o

das despesas

Carta Mensal 17%

1998 Apresentamos a distribuição de nossas despesas, nas di versas ati vidades do Movimento.

E.Nacional 28%

Pessoal 10%

25

Administração

4%


Gráfico 3- Receitas Totais X Despesas Totais

1996

1997

1997

1998

1998

Relaciona as Receitas Totais com as Despesas totais, abrindo as Receitas em Contribuições e Diversas. Tem por objetivo comparar as Contribuições com as Despesas, ou seja: • em 1996 nossas contribuições superaram as nossas despesas, • em 1997 praticamente se equipararam e • em 1998 houve um inversão, as contribuições foram menores do que as despesas em 6,5%, gerando uma dependência das Receitas Diversas, com as quais nem sempre podemos contar. *Previsão para 1999: as projeções indicam que as contribuições poderão ser aproximadamente 13% menores que as despesas.

Provisões Apresentamos, por último, nossas Provisões ou projeções de despesas a serem efetuadas no decorrer deste ano de 1999. PROVISÕES PARA 1999

Carta Mensal ................................................................................................................ 140.000 Encontro Colegiado+R.ECIR ..................................................................................... 80.000 Encontro Nacional ..................................................................................................... 180.000 Projeto Vocacional ....................................................................................................... 60.000 Sessão de Formação .................................................................................................... 70.000 Contribuição para ERI ................................................................................................ 40.000 Encontro Santiago 2000 .............................................................................................. 50.000

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Região de Mãos Dadas o EACRE/ 99, o Casal ponsável Regional Rita e ando pediu que relacionássemos os equipistas desempregados e/ou que estivessem passando por alguma necessidade e enviássemos a relação o mais rápido possível, para que pudessem analisar os casos apresentados na Região São Paulo Leste. Dentre eles, o que mais chamou a atenção do CRR, foi a situação de um dos casais do setor de Guará que, devido às despesas que tiveram com tratamento de saúde, não puderam efetuar o pagamento da prestação da casa onde moram, visto que a aposentadoria dele não cobre as despesas cotidianas, acrescidas às com médico, remédios, exames etc. Esta situação alongou-se por 8 meses até que o casal co-participou na reunião de equipe que estava correndo o risco de perder a sua casa por causa do atraso das prestações. Com a permissão do casal, o Casal Responsável de equipe enviou ao Casal Responsável de Setor uma carta contando em detalhes toda a situação e este enviou para o Casal Regional, que imediatamente se aconselhou com um dos Setores.

E a luz do Espírito Santo iluminou. Nesta ocasião esta Região era composta por 8 setores. Cada um assumiu o pagamento de uma prestação, ficando para o nosso Setor, além de uma delas, a correção dos juros. Como diz o nosso CRR, a cada telefonema a solidariedade se alastrava como fogo colocado em substância altamente inflamável. V árias pessoas fizeram parte deste gesto de amor fraterno. Queremos, nesta oportunidade, pedir que Deus conserve em cada coração o espírito de caridade e a disponibilidade de autênticos cristãos e que a Virgem Maria derrame sobre cada um copiosas bênçãos de uma Mãe que intercede porque ama verdadeiramente.

Cidinha e Eurico - CRS de Guaratinguetá, SP.

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AMortede Maria de Nazaré término da vida terrena de Maria, às vezes, aparece em forma de dúvida ou curiosidade no coração do povo, que tem pela Mãe de Jesus uma profunda devoção e sentimento filial. Em 1950, o papa Pio XII decretou solenemente o dogma da Assunção de Maria. Este dogma confirmou uma fé já presente em toda a Igreja que desde a antigüidade acreditou na assunção em corpo e alma de Maria à glória celeste. A Constituição Pontifícia Munificentissimus Deus, que decreta o dogma da Assunção da Virgem Maria, não afirma nada sobre a morte de Nossa Senhora. O documento papal fala que "uma vez terminado o curso da vida terrena de Maria" ela foi elevada ao céu. Deste modo o texto evita a palavra "morte", sublinhando outros aspectos, sem negar que a Virgem Mãe tenha experimentado a comum sorte de todo ser humano. O documento do Concílio Vaticano II- Lumen Gentium- também evita usar o vocábulo "morte" afirmando que "A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha de culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma" (LG 59). O papa João Paulo II, em 1997 disse numa alocução: "Refletindo sobre o destino de Maria e sobre a

sua relação com o Filho divino, parece legítimo afirmar que ela experimentou o drama da morte. Se Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que concerne à Mãe" (L'Osservatore Romano, no 26 - 28/05/97, pg 12). São João Damasceno (+704) certa vez perguntou: "Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todos os limites da natureza, agora se submeta às leis desta e o seu corpo imaculado se sujeite à morte?" Ele mesmo respondeu: "Certamente era necessário que a parte mortal fosse deposta para se revestir de imortalidade, por que nem o Senhor da natureza rejeitou a experiência da morte" (Sobre a dormida da Mãe de Deus, SC 80, 107). Na Sagrada Escritura a morte aparece como castigo do pecado o qual Maria jamais conheceu. Mas o fato da Igreja proclamar Maria como liberta de toda culpa por singular graça divina, não permite concluir que ela recebeu a imortalidade corporal. A Mãe não é superior ao Filho que assumiu a morte transformando-a em fonte de salvação. Considera-se ainda que para Maria participar da ressurreição de Cristo, teve antes que compartilhar a sua morte na cruz. A Igreja nunca se preocupou muito com o fato físico que provocou o final do curso da vida terrena da Virgem de Nazaré.

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A experiência da morte enriqueceu a pessoa de Maria, que no final de sua vida terrena, como o apóstolo Paulo desejou se libertar do corpo para estar com Cristo para sempre na glória celeste (FI 1, 23). No caso da Mãe de Deus, a morte

pode ser compreendida como uma "dormida" no amor para participar da glória do Filho.

Pe. Gilson Luiz Maia - SCE Eq. 63 - Setor Centro-Oeste II A Brasília, DF 29


A Misericórdia Divina na A~ão Sacerdotal este ano dedicado à Pessoa do Pai do Céu, o Sacramento da Penitência, destaque na vida do padre, sobressai no Projeto Rumo ao Terceiro Milénio. O Pai se inclina misericordiosamente no ministério do padre de maneira palpável e amorosa. Nos meus vinte e cinco anos de sacerdócio pude ver, sentir e palpar o tamanho desta misericórdia, conforme alguns fatos que passo a relatar. • Estava com dois meses de ordenado. No interior de Minas atendia a um grande número de pessoas, em confissão, quando se aproximou um senhor querendo narrarme fatos ligados a mim e à minha família. Não podia ouvir. A noite chegava. Ele, apenas resumindo, disse: "esperei sua 'formatura' para fazer minha confissão" . No dia seguinte, aquele senhor era o primeiro da fila, de branco parareceber Jesus pela primeira vez. Quatro meses depois, perguntei para minha mãe, que chegava de Minas, como estava aquele senhor. Silenciosamente ela entregou-me um bilhete, mal escrito, encontrado na mão daquele senhor que morrera depois de ser picado por uma cobra venenosa dizendo: "Obrigado, pai do céu por dar-nos o padre. Ele me leva para o céu". • Nas sextas-feiras viajava a uma cidade vizinha para ajudar o pároco nos finais de semana e se-

guia logo para visitar os doentes no hospital. Certa vez, antes que eu chegasse, o telefone da casa paroquial já havia tocado chamando-me para atender a uma senhora que estava bastante doente. Fui logo. Numa cama estava uma senhora que sorriu ao ver-me. Tratei logo de atendê-la em confissão e darlhe a Unção dos Enfermos. No PaiNosso segurei-lhe a mão. Percebi que ela não largava a minha mão. Chamei a enfermeira. Aquela senhora estava morta e parecia agradecer-me. • Numa grande estrada houve uma triste batida de automóveis. Vários feridos. Alguém gritava: há um senhor pedindo um padre. Padre por aqui? -perguntava alguém. Aproximei-me e disse: "sou um sacerdote" . Na margem da estrada ouvi aquele senhor sofrendo mas, ao ver o padre, esboçou um pequeno sorriso e repetia: "graças a Deus, graças a Deus". Ao retirarme, depois de atendê-lo, dos seus lábios saíam as palavras de São Paulo, "completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo" . Escolhido, ordenado e enviado pelo Senhor, a bondade do Pai do céu se realiza e se perpetua nas ações do sacerdote, ungido pela caridade de Cristo, sua perene mise-· ricórdia.

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Monsenhor João Alves GuedesSCE Setor B - Niterói, RJ 30


Um Pescador de Homens esde que fomos responsáveis regionais na Região Rio Grande do Sul, desfrutamos da grata amizade do Padre Silvino Arnhold, antigo Conselheiro Espiritual de equipes, Setor e Região em Londrina. Muitos o devem conhecer, pois é vezeiro participante dos Encontros Nacionais, onde invariavelmente aparece tomando o seu chimarrão: é gaúcho de berço. Há alguns anos esta extraordinária figura humana nos brinda com sua agradável companhia, passando dias conosco, durante as férias de verão, na praia de São Simão, interior do município litorâneo de Mostardas-RS. É uma praiazinha agreste, localizada entre a Lagoa dos Patos e o mar, de poucas habitações, reduzido número de vera-

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nistas, um lugar de difícil acesso. A estrada para lá é um precário trilho entre as areias das dunas. Em compensação, temos uma rica fauna nativa, de habitat litorâneo, que circunda a beira-mar, enquanto nos dedicamos à pesca. Foi muito em razão da pesca que o Pe. Silvino aceitou o primeiro convite que lhe fizemos para nos acompanhar. Ele ama pescaria. Embora seja um escalado pescador, veterano de inúmeras aventuras, não parece ter muita sorte nesta atividade, ao menos lá entre nós (desculpe-nos a franca revelação). Janio, da Anelise, igualmente amigo e admirador do Pe. Silvino, sempre brinca que, quando ele chega na praia, parece que os peixes é que saem de férias e nos abando-

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nam. Por mais que se tente, que mudem os locais e as circunstâncias de tempo, não adianta: não sai uma boa pescaria, enquanto o Pe.Silvino está por lá. Basta ele partir, para os balaios se encherem de peixes ... Entretanto, ele sempre granjeia muitos frutos quando deixa suas linhas na praia e "busca outro mar". Entre aquele povo carente ele passeia, participa de todas as rodas de chimarrão, proseia, brinca, ouve e conta piadas, faz orações, celebra a reconciliação, preside as Missas, explica as escrituras com seu estilo aberto, renovador e simples, abençoa as casas, visita as fazendas, palpita em todos os assuntos, dá conselhos, ouve com humildade a todos que lhe querem falar e os escuta com toda a paciência e consideração. Nunca recusa um aperitivo, e aceita os convites que lhe fazem para a partilha da mesa e do vinho, ou da cerveja. É um companheirão. Não aparenta a idade que tem, e já festejou seus cinqüenta anos de vida sacerdotal. Este "gurizão" de oitenta anos, pratica a mais autêntica solidariedade surgida na Igreja pós-conciliar: a solidariedade do "estar com", que acentua a doação de si, a presença que faz comunhão, que escuta, que considera o outro importante o bastante para aprender, antes de ensinar, que partilha, que mantém o diálogo, que tece relações, que valoriza e sabe receber. Em razão disso, tem feito com que muitas pessoas, já afastadas da Igreja e esfriadas na fé, voltem ao convívio co-

munitário eclesial e sintam-se acolhidas e busquem novamente os sacramentos. Assim aconteceu, por exemplo, com o André, noivo da Andréa, há muito tempo longe da prática religiosa, que conheceu o Pe. Silvino em uma dessas pescarias (fracassadas, diga-se) e passou a acompanhá-lo em caminhadas matutinas pela beira do mar, em busca de um melhor "buraco" para jogar as linhas, e acabou sendo fisgado pelos ouvidos de negaça e pela palavra farpada do "atento vigário". O resultado é que, ao final do veraneio, André nos procurou para saber como entrar em contato com Pe. Silvino, em Londrina, pois resolvera casar "no religioso", em cerimônia que fosse oficiada pelo "padre pescador". E mais: fazia questão de cursar uma boa preparação para o matrirnônio. É, Padre Silvino, bom amigo, na verdade o senhor é "pescador de outros lagos". Que Deus o abençoe, nesta sua pescaria de homens e mulheres do seu tempo ... e, de lambuja, conceda-lhe também um pouco mais de sorte nas outras.

Maria da Graça e Eduardo Eq. N.Sra. do Bom Conselho Porto Alegre, RS Na pessoa do querido Pe. Silvino, homenageamos a todos os sacerdotes conselheiros espirituais das Equipes de Nossa Senhora em todo o Brasil pelo Dia do Padre. Equipe da Carta Mensal 32


Recado aos Pais m menino, com voz tímida e os olhos de admiração, pergunta ao pai quando este retorna do trabalho: -Papai, quanto o senhor ganha por hora? O pai, num gesto severo, responde: ___:_ Escuta aqui, meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Não amole estou cansado. Mas o filho insiste: - Mas papai, por favor, quanto o senhor ganha por hora? A reação do pai foi menos severa e respondeu: - Três reais por hora. -Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real? O pai cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu: -Então essa a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não amole mais, menino aproveitador. Já era noite quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado. Talvez quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo descarregar sua consciência, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou: -Filho, está dormindo? -Não, papai (respondeu o menino sonolento). -Olha, aqui está o dinheiro que me pediu. Um real. -Muito obrigado, papai (disse o filho levantando-se e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama). -Agora já completei, papai. Tenho três reais. Poderia me vender uma hora de seu tempo?

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Pais, guardem os adultos no armário, soltem a criança que ainda têm dentro de si e DIVIRTAM-SE com seus filhos, eles não esquecerão jamais. Será que estamos dedicando tempo suficiente aos nossos filhos? Nunca é tarde para mudar.

Texto de autor desconhecido Colaboração de Lenice e Gerson - Equipe 12 São Caetano do Sul, SP 33


Pai "Quem honra o próprio pai alcança o perdão dos pecados, e quem respeita sua mãe é como quem ajunta um. tesouro". (Eco 3, 3-4)

Pai, perdoa-me pelas vezes que sentei ao teu lado, mas não ouvi o que dizias ... Pai, perdoa-me pela visita rápida de fim de tarde, antes do jantar de domingo ... Pai, perdoa-me pela pouca paciência, quando querias aconselhar-me nos negócios ... Pai, perdoa-me por achar que tuas idéias já estavam ultrapassadas ... Pai, perdoa-me por ignorar tua experiência de vida ... Pai, perdoa-me pela minha falta de tempo para passar contigo. Pai, perdoa-me pelo convite que recusei porque ia sair com meus amigos. Pai, perdoa-me pela minha insensibilidade na hora da tua dor. Pai, perdoa-me pelas vezes em que meus filhos não o trataram com o respeito que merecias. Pai, perdoa-me pelo abraço que não te dei, pelo carinho que não fiz. Pai, perdoa-me por não ter reconhecido em ti o próprio Cristo! Pai, abençoa-me!

do Jornal "Magnificat" - jul/ago/97 Mara (do João) Equipe 4 - N. Sra. dos Prazeres Lages,SC 34


Recasados u nunca tinha estudado um assunto desses. Uns dois anos depois de chegar da Itália, fui procurado por um casal que queria batizar seu filho, mas me informaram que eram divorciados e "recasados". Eram de minha paróquia. Fiquei em dúvida e sugeri a eles que conversássemos mais. Perguntei-lhes se queriam apenas batizar seu filho ou se queriam algo mais do sacerdote. Perguntei-lhes se iam à missa. Disseram que sim, mas que se sentiam sem jeito, meio deslocados, sentavam-se no fundo da igreja, e sentiam uma certa vergonha. Notei que era um casal em busca de Deus, mas angustiado pela sua situação matrimonial. Por coincidência, era o ano em que a Campanha da Fraternidade tratou da questão dos excluídos. Senti uma dor muito grande por eles. Verifiquei que ali estava o dedo de Deus e pergunteime o que Ele queria me dizer. No sábado seguinte, na missa, eu disse que se houvesse ali alguém em situação matrimonial irregular, poderia me procurar depois. Apareceram dois casais e mais tarde foram surgindo outros. Assim nasceu um grupinho e nos reunimos sem saber o que fazer. A primeira reunião foi terrível. Fazer o quê? Não sei. Nunca mexi com isso. Só uma coisa era clara: estes são filhos de Deus e como tal precisam ser amados com amor de misericórdia. A coisa foi indo e eu descobri uma meditação que foi uma luz fortíssima. Chama-se "As Fontes de

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Deus". Coloca seis fontes de Deus: A primeira fonte de Deus, claro que é a Eucaristia, talvez a mais alta. Mas o irmão também é fonte de Deus: "Onde dois ou mais estiverem reunidos, eu estou no meio deles" (Mt 18,20), e assim nasce Jesus. O pobre é o rosto de Deus e assim por diante. A hierarquia "quem vos ouve a Mim ouve" - é fonte de Deus. Então ficamos pensando que, praticamente, só faltava a eles a Eucaristia. A Igreja é clara quanto a isso. Mas quem ama o irmão tem Deus. Você pode ouvir a Palavra e meditar. Você pode servir ao irmão. Você pode ser comunidade. Ninguém lhe proíbe isso. O Evangelho diz "onde dois ou mais ...", não diz "onde dois ou mais casados na Igreja ... ". Então fomos em frente. E assim começamos. Foi impressionante. Depois de uns 7 ou 8 meses, a experiência se espalhou. Muita gente ficou sabendo. D. Paulo Roxo, de Mogi das Cruzes (SP), levou-nos ao SP 2 da CNBB. Levei comigo uns cinco casais para contarem a sua experiência. Um deles disse diante de uma audiência de 150 a 200 pessoas: "Eu comungo sim! Começamos um trabalho com menores de rua que vai indo muito bem e hoje é até reconhecido pelo Estado. A coisa está crescendo muito em Caraguatatuba (SP) nesse sentido. Cada criança, diante do supermercado, com aquela camisetinha que a gente fez, é Jesus para mim. Eu comungo com a dor delas, 35


eu me sinto plenificado, é a minha comunhão diária!" Este casal tem quatro filhos. Dois são coroinhas, uma filha quer ser freira. Os pais não podem comungar, mas são firmes na Igreja. Dizem aos filhos: "aproveitem e comunguem. É o Dom que nós não temos porque erramos no passado. Comunguem por nós também. A famHia comunga. Temos Jesus na nossa farru1ia. Falamos da possibilidade de anular o casamento, e estamos também trabalhando nesse caminho. Mas se isto não acontecer, estamos fazendo a nossa parte. Eu sou comunidade e vi verei a minha vida na comunidade. Esta é uma questão jurídica. Se a Igreja achar que o meu primeiro casamento foi nulo e eu posso casar de novo, tudo bem. Mas se isto não acontecer, eu sou Igreja sim!" Outro fato que refletiu na nossa experiência foi a questão de poder ou não comungar. Estamos aqui engajados na Igreja, onde está a misericórdia de Deus? Veio então a estorinha do jovem de 19 anos que gostava de vida agitada, de "bagunçar o coreto". Teve um acidente de moto e quase morreu. Salvou-se por milagre, mas teve que amputar uma perna. Botou a cabeça no lugar, voltou a viver de verdade. Até consegue dirigir automóvel com uma perna só. Casou-se, trabalha, é um rapaz ótimo. Só que a perna não volta mais e a vida continua. Eu dizia para eles: "tem gente com uma perna só que faz muito mais do que alguém com duas pernas. É claro que o sacramento é o sacramento. As ENS,

por exemplo, nasceram do sacramento. O tema da última reunião da minha Equipe de Nossa Senhora era sobre a Instituição Conjugal. Eu disse aos meus equipistas: Cuidado! Vocês têm um prato de ouro e podem morrer de fome. Aproveitem o sacramento. Tem gente com prato de plástico que come muito bem e se alimenta melhor do que vocês. Aproveitem o Dom do sacramento, pois tem gente que não tem o sacramento e está passando a perna em vocês no Dom do serviço de amor aos outros". Concluindo, em novembro, tive a assembléia paroquial, com 115 pessoas, presentes os líderes das comunidades, dos movimentos e das pastorais. Qual não foi a minha surpresa quando um dos "recasados" teve 90 votos para coordenador da pastoral paroquial? Eu disse a D. Davi: é inacreditável! O Sr. conhece este rapaz. Foi votado. É proibido que ele assuma esta missão? D. Davi respondeu que não. Serviço pastoral não é sacramento. E assim, na minha paróquia, o coordenador da pastoral paroquial é um "recasado". Esta é a realidade. O espaço está aí. Deus constrói caminhos que a gente nem imaginava. O segredo é este: quando você olha uma pessoa com olhar de misericórdia, você ama e Deus o ilumina. É para cada um ter o seu lugar na Igreja. Então é isso. A história ainda está acontecendo e vamos ver o que Deus quer.

Pe. Nino Carta - SCE Caraguatatuba, SP 36


Envolva-se com os Filhos

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epois da nossa relação com servir de proteção para eles. ConheDeus, nossos filhos estão ça os professores de seus filhos, mosentre as coisas mais valio- tre que se preocupa com eles e que sas que temos. Devemos conversar se interessa na sua educação. com eles, ouvi-los, abraçá-los e asNossos filhos precisam das messegurar-lhes que são muito impor- mas coisas que nós precisamos: Amor, Bondade, Afeto ... Precisamos tantes para nós. É preciso ensinar-lhes coisas abraçá-los, dizer que os amamos, e boas, ensinar-lhes a serem hones- fazer de tudo para que eles levem tos e prestimosos, enuma vida moralmente sinar-lhes a levar uma correta, como os ensiPrecisamos vida feliz e satisfanamos. Eles são precitória, e também serem osos demais para agirabraçá-los, bondosos. mos de outro modo. Se queremos que O mais importandizer que os nossos filhos vivam de te não são as coisas amamos, e determinada maneira, materiais que damos a precisamos nós meseles, o que realmente fazer de tudo mos dar o exemplo, conta é que os ajudedeixando que eles vemos a se tornarem para que eles jam a satisfação que adultos amorosos, que resulta disso. Se não se importem com os levem uma vida ensinamos valores outros, e que tenham moralmente corretos, como podebons princípios. Nossos filhos devem ver mos esperar que eles correta. que damos o exemplo, os sigam? Precisamos que vivemos do modo conhecer bem os nossos filhos, saber o que eles pensam que falamos para eles viverem. e o que fazem. Não teremos neOs filhos devem orgulhar-se de nhuma chance se não nos interes- sua fanu1ia, não pelas coisas que ela sarmos pela vida deles. Precisamos possui, mas pelas coisas que ela faz; dar bastante amor aos nossos fi- e devem ser ajudados de tal forma lhos. A desgraça deles será a nos- que se sintam bem com seu próprio sa própria desgraça. comportamento moral. Conhecemos os amigos de nossos filhos, aonde eles vão após as aulas e Colaboração de aonde estão depois que escurece? Maria Dalva e Paulo Algo tão simples como o interesEquipe 17 - N. Sra. da Luz se sincero nos estudos dos filhos pode Santo André, SP

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Falta de Educa~ão ducar? O que é isso? Por que e para que educar? Qual a finalidade da educação? Educo meu filho para quê? O que espero? Quando coloco meu filho na escola, o que espero? Quais são minhas expectativas? Elas são correspondidas? Ou ainda ... elas correspondem à realidade escolar? É preciso saber o porquê? A necessidade de saber o significado das ações e das coisas é tão inerente ao ser humano que a grande marca das crianças é querer saber o porquê de cada coisa o tempo todo. Chegam a "cansar" os adultos com tantas perguntas. Depois que entram na escola, geralmente cessam as perguntas. Por que será? ... Será que o sistema educacional preencheu e satisfez toda a curiosidade humana ou o direito ao questionamento foi castrado? Quando se questiona o indivíduo a respeito do significado de suas ações, é muito comum ouvir as seguintes respostas: "Não sei! Me mandaram fazer... ", "Me disseram que é assim ... " Ah ! Eu fiz assim porque assim é certo" ... , "sempre foi assim ..." "Todo o mundo faz ... ", "é obrigação .. .", "está nos estatutos ou regimentos". "Tem que fazer, né? Porque senão, fica chato. O que os outros vão dizer?" "Levei o filho para a escola (igreja) porque chegou a hora", etc. O conformismo com a "coisa estabelecida", sem questionamento,

é assustador, porque fere uma das principais características: a consciência do agir. Esse conformismo pode ser observado em todos os campos e níveis de atuação humana. O homem, sendo o único ser com capacidade de saber o que, o porquê e para que está agindo desta ou daquela forma, necessita dessa consciência porque isso lhe é próprio, lhe é de direito, e é o que o caracteriza. Consciente ou inconscientemente, com boas intenções

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Quando se questiona o indivíduo a respeito do signifu:ado de suas ações,

é muito comum ouvir as seguintes respostas: "Não sei! Me mandaram

fiazer... ", "Me disseram que é assim ... " 38


ou não, omitir, subtrair, dificultar ou impedir que alguém tenha consciência de seus atos é uma profunda agressão à dignidade da pessoa humana. Ora, se é característica do humano ter essa consciência, deduzse que algo não está certo. O que está errado? O que está errado é a educação, ou melhor, a falta de EDUCAÇÃO. Mas como, falta de educação? Quase todos nós dizemos que fomos "bem educados"!. .. Não é a esse tipo de educação que estou me referindo. De uma forma ou de outra, bem ou mal, recebemos "educação" em casa e na escola. Mas que tipo de "educação" é essa? Geralmente as famílias educam, transferindo aos filhos os conceitos e valores que receberam. Cada qual dá o que tem. Como a maioria de nossas famílias procede de uma educação dogmática e autoritária, a educação que recebemos foi calcada na transmissão de conceitos e preceitos comportamentais: "Não desobedeça, respeite os mais velhos, não responda ... porque senão ... faça isto desse jeito etc" . O estabelecimento de regras e de limites é sempre saudável, não porém a obediência cega e inquestionável praticada pela pedagogia do medo. A autoridade é que definia o que devia ou não , o que podia ou não, o certo e o errado, enfim, era ela quem "sabia" discernir entre o "bem e o mal". Esse procedimento dogmático da autoridade era considerado normal e certamente era praticado na

maioria das escolas e na Igreja. A individualidade geralmente não era respeitada. O que prevalecia era o institucional. Todos deviam pensar, agir e reagir de acordo com o padrão. Para cada situação, uma receita. A autoridade nunca precisava dar "satisfações" aos seus subordinados. Os indivíduos não precisavam pensar, questionar e decidir, só obedecer e cumprir com suas obrigações. Prevalecia a pedagogia do medo. Será que hoje é muito diferente disso? O desrespeito e desconsideração às individualidades revelam a ausência da EDUCAÇÃO. Face a esse quadro, é compreensível que a maioria das pessoas não sejam dialógicas, decididas, questionadoras, participativas, criativas etc. Continuam infantis, precisando que alguém lhes diga o que e o como fazer, resolva suas dificuldades e problemas. Satisfazemse com o simples cumprimento das regras, sem se importar muito com suas significações. Buscam soluções mágicas para as suas necessidades, porém sem seu envolvimento pessoal. No campo religioso, isso é muito comum. Pratica-se o rito sem a consciência do que ele é expressão. Essa prática pode proporcionar uma paz psicológica, mas não liberta a pessoa, muito pelo contrário. Essa é uma das razões que fazem as pessoas apegarem-se às leis e regras e as diversas seitas prosperarem. O homem não nasce pronto. É um ser realizável e não realizado. Sua vida é potencialmente dinâmi39


cano sentido da assimilação darealidade como elemento essencial a sua realização. Para que suas potencialidades possam desenvolver-se é que o homem precisa de educação.

mem todo: como ele "funciona", quais são e o que são suas faculdades ou potencialidades, qual a finalidade de cada uma delas e como elas se integram entre si. Além de suas estruturas e potencialidades enquanto ser singular, há que considerar suas dimensões enquanto ser de relação ou social. Essa EDUCAÇÃO que busca a promoção e o respeito à dignidade humana não dispensa uma consciência clara a respeito do homem que se quer formar, analisando-o tanto à luz de uma concepção científica, quanto de uma concepção filosófico-religiosa. É nessa EDUCAÇÃO que eu acredito! Para que se tenha uma EDUCAÇÃO que desenvolva integralmente o homem, que o torne o que deve ser, é preciso mais do que boa intenção, mais do que boas estratégias, mais do que entusiasmo. É preciso não ignorar a ciência e principalmente a visão ontológica. O cristianismo possui respostas verdadeiramente libertadoras para o homem . Só nos falta colocar em prática. Para o cristão, o processo educativo significa o processo de realização humana, tendo como referência a dignidade do homem como nos revela Jesus Cristo. Face a esta última assertiva, e ao exposto acima, somos compelidos a questionar: há EDUCAÇÃO em nosso meio?

O que é EDUCAÇÃO? Qualquer compêndio ou publicação sobre educação a define mais ou menos assim: "é um processo que visa o desenvolvimento integral do homem", ou, às vezes, redigido de outra forma: "o desenvolvimento das faculdades ou potencialidades do homem ... " É óbvio que há várias outras formulações, mas essencialmente repetem o enunciado acima. A EDUCAÇÃO é isso mesmo! Supõe o conhecimento do ho-

Educação:

é um processo que visa o desenvolvimento integral do homem, ou o desenvolvimento das faculdades ou potencialidades do homem...

Breda (da Odete) Equipe 6 ]undiaí, SP 40


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s Bem-Aventuran~as da América Latina em-aventurados os países injustiçados pelos países ricos que só vêm para explorar ou se aproveitar de suas riquezas, pois receberão a justiça de Deus que é maior e verdadeira. Bem-aventurados os que sofrem com os males das diferenças sociais, pois encontrarão consolo em Deus, que considera todos iguais.

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Bem-aventurados os famintos por causa da ganância e falta de solidariedade dos poderosos, porque terão a Deus, o pão da vida. Bem-aventurados os que perderam o emprego por causa da globalização e da avidez das multinacionais, porque Deus não os desamparará. Bem-aventurados os que padecem nos hospitais, sem atendimento, sem medicamentos e sem "dignidade" por causa das fraudes e falcatruas dos políticos e laboratórios, porque Deus é o verdadeiro médico de homens e almas. Bem-aventurados os que repartem até o pouco que têm, porque receberão o muito que Deus tem reservado para nós. Bem-aventurados os analfabetos que interessam aos governos corruptos e exploradores, porque Deus lhes mostrará que a real lição que devemos aprender é: "Amai-vos uns aos outros como a vós mesmos e a Deus sobre todas as coisas". Bem-aventurados os "sem-teta" e os "sem-esperança", porque verão que Deus é o verdadeiro abrigo e o "caminho, a verdade e a vida". Bem-aventuradas todas as crianças que sofrem com a falta da farm1ia, dos pais, porque Deus, o grande PAI, dará a todos estes pequeninos o "Reino dos céus".

Bela e Ronaldo Equipe 32A - Guará II Brasília, DF 41


Ora~ão

pela Família

aria, Mãe de Deus. A vós pedimos, estes filhos vossos Que derrame vossas bênçãos sobre todas as famílias. Ensinai-nos a fé, a coragem e a partilha. Para educar nossos filhos, ensinai-nos a sabedoria. Que sejam sinal de luz, vivam por Jesus, com verdadeira alegria.

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Hoje, tantas farru1ias perderam seus valores: filhos abandonados, lares destruídos, falsos amores. Neste momento, quando tantos desconhecem as escrituras e o casamento ... que sacramento? É jogo, é aventura. Pedimos a graça do seu envolvimento para que o nosso "sim" se renove a cada momento. Que saibamos reconhecer no outro a mão que nos conduz, respeitando e amando, nos caminhos do nosso Jesus . Mãe, ensinai-nos a perdoar a cada dia, que em nosso lar reine a paz e a alegria. E nos momentos de dificuldade e aflição possamos sentir a força do Evangelho e da oração. Que os votos de fidelidade jamais sejam quebrados. Caminhemos sempre juntos, tendo-vos ao nosso lado. Maria, os nossos passos ... as nossas vidas ... conduz para mostrar ao mundo que vale a pena ser "um" em Jesus! Eunice (do Gilberto) Equipe 12 Itu, SP


O Tiiolo

sua missão, mas, para isso, precisamos ficar unidos uns aos outros. É na união das forças que conseguimos levantar uma construção rígida e forte. Não importa o lugar que ocupamos, não importa se estamos na cumeeira ou no alicerce, o que importa é ser fiel a Deus, ao Movimento e a cada irmão de caminhada. Cada equipista precisa ser um "tijolo" na edificação da Igreja e no fortalecimento dos laços familiares. Precisa ficar firme, nunca abandonar sua posição, desempenhar seu papel na construção do mundo. O bom equipista deve ser um "tijolo", escondido, ofuscado, mas atuante, firme e fiel ao seu ideal. O Carisma e a Mística devem ser a "massa de cimento", que vai unir a todos nós.

utro dia, fiquei olhando um pedreiro levantando as paredes de uma casa. Manejava com destreza a colher, colocava cada tijolo envolto em massa de cimento, um ao lado do outro, uma fiada em cima da outra, as paredes iam subindo e a casa, pouco a pouco, tomava sua forma. Vendo aquele pedreiro trabalhar, me fez pensar nas Equipes de Nossa Senhora, em que nós devemos ser iguais aos tijolos, frágeis, mas, se unidos pelo cimento, mergulhados no interior da parede, formamos a sustentação do nosso Movimento, transformando-o em uma construção sólida, unida pelo amor. Ninguém vê e ninguém valoriza o nosso trabalho, mas cada um de nós deve ter a consciência, de que desempenha um papel muito importante na construção do Reino de Deus. Cada "tijolo" deve cumprir a

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Glória e Agostinho Equipe 70 - N. Sra. da Penha Rio de Janeiro, RJ 43

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A Mala

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ra de tardezinha, entrante a noite, quando um dos compo nentes da equipe de liturgia me ligou, a saber se eu dispunha de uma velha mala de viagem, das bem antigas, mas que não fosse uma espelunca. Imaginei, a princípio, estivessem a quebrar o galho de algum irmão equipista em viagem fora de hora. Nada disso. Era para a montagem de um quadro entre os muitos que iriam ser mostrados durante o retiro anual do Movimento! Lá foi a mala, de parecença, segundo os participantes do retiro, com aquela de que nosso querido Mazzaropi não se desgrudava - só que a minha ainda dispõe de alça. Embora não figurasse no roteiro do evento, no começo do que chamamos de "terceiro momento", arroguei-me o direito de discorrer sobre como a dita cuja mala veio parar em São Paulo nos idos de março de 1958 e me acompanha até hoje. O prosear que se segue constitui a parte mais importante de tudo o que está ligado à longa e íntima convivência que se formou entre nós dois - eu e ela, a mala. Eu tinha cerca de vinte e cinco anos, caipira e ainda ingênuo de tudo, e não me envergonho de assim dizer. Criado naqueles confins das Gerais, ali rodeado de montanhas, mistérios e superstições, nunca havia saído do lugar para "conhecer o mundo"- ver o que havia para além das alterosas.

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Mas chegou a hora em que a asa cresceu, encorpou e o primeiro vôo iria ser como que um grande desafio para mim, ainda mais considerando o ponto final de minha parada: São Paulo- no ABC paulista, onde a instituição em que eu trabalhava estava para inaugurar uma nova unidade! Na despedida, ao abraçá-lo e pedir-lhe a bênção, balbuciando, os lábios como que a tremer- prenúncio de choro sentido e verdadeiro meu pai, parecia, ia me fazer um pedido. Mas a voz não saía. Ele, todo encabulado, volteando o mesmo assunto, sem coragem de ir a fundo, só apalpando as bordas. Imaginei, a princípio, fosse a premência de alguns cobres, que ele, família enorme do segundo casamento, labor insano a lavrar a terra, levava aquela vida dificultosa. -Ora, pai!- adiantei-me- se está precisando de algum suprimento, não me custa nada lhe dar um adjutoro! - Não, agora não careço disso, e o que vou lhe pedir é muito mais valioso do que imagina ... Está indo para longe daqui, terra estranha, povo de língua e costumes diferentes ... Um nó na garganta a lhe segurar a voz, achegou-se a mim num tímido mas sincero abraço, e a muito custo falou: - Meu filho, só lhe peço uma coisa: não mude de religião, seja lá qual for... Ao notar a expressão de meu


olhar ante o que eu diria ser quase uma súplica, aliviado, tentou nova postura, a recomendar-me cuidado no trato com as pessoas, retidão no proceder e tudo o mais que um pai zeloso diria a um filho que sai de casa pela primeira vez- coisas de então! -Meu filho- continuou- não repare a mala vazia de uma lembrança minha, mas ponho aí o pedido que lhe faço e a bênção do Senhor Jesus! A partir de então, aquela mala de humilde aspecto e pobre de presença passou a encerrar como que um sacramento para mim. No meu longo caminhar, morando em cidades tantas, tempo sem conta já corrido- agora eu já casado, família constituída, três filhos nascidos - eis meu pai se abala das Gerais e se anima a nos visitar. Era dia das Mães, e em meio a inúmeros amigos ali nas dependências dos fundos de nossa casa, estava em andamento o preparo de

uma suculenta feijoada. A certa altura do animado papo, e à pergunta de um dos meus amigos, desabafou: - Agora posso voltar para casa e morrer tranqüilo, que meu filho está rodeado de gente boa e não se desviou dos caminhos da nossa Santa Igreja! Ele tinha abalizadas razões para assim se expressar: todo aquele pessoal ali presente, proseio animado e descontraído, era do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, a equipe 18, a primeira a que pertencemos nos idos da década de 70, na longínqua e acolhedora Araçatuba! De regresso às Gerais, alguns meses veio a notícia. Morreu tranqüilo ... E a lembrança por ele colocada na mala não se extraviou. Mostrase intacta até hoje! Amém!

Gabriel (da Daisy) Equipe 7 Campinas, SP 45


PASTORAL FAMILIAR NA PARÓQUIA Guia de Implantação Setor Família da CNBB ~u~tas comunidades e paróquias sohc1taram ao Setor Família da CNBB um Guia Prático para implantar a Pastoral Familiar. Este Guia ~o fruto do trabalho conjunto e quahficad~ da Comissão de Formação da Eqmpe de Reflexão e Apoio do Setor Família. É oferecido a todos os ~gentes de pastoral, para que o apliquem e façam, posteriormente, sua apreciação para eventuais futuras reformulações.

ROTEIROS PARA ENCONTROS Namoro • Noivado Casamento • Família Paulus Trabalho pequeno e simples, mas elaborado com muito carinho e amor à Pastoral Familiar, tendo como autores casais equipistas de Florianópolis, com a assistência espiritual do Pe. Mário Sérgio da S. Baptistim e a colaboração da Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar.

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I ="IExiste aqui, no Rio de Janeiro, um programa radiofônico, veiculado pela Rádio Catedral FM, da Diocese do Rio, intitulado "Maria em Nossa Vida", que divulga depoimentos que retratam a participação de Maria, na vida dos depoentes. Para minha agradável surpresa, dois componentes da minha equipe, a Elza e o Emanuel, participaram do referido programa, falando da importância de Maria em suas vidas. Tanto a Elza, no seu dia, como o Emanuel falaram com muito amor das nossas ENS, sendo que o Emanuel leu o belo poema da autoria da Elenice (do Eduardo) da Equipe 2 de Valinhos, SP intitulado "Olhos de Maria" e que foi publicado na Carta Mensal de maio/99. Fiquei feliz em ouvir a divulgação tão carinhosa do nosso querido Movimento, como também da bela mensagem da Elenice. l2l Zélia (do Henrique) Equipe 15 Rio I- Setor "D "

sugestão que tem dado um bom resultado em nossa equipe. A Leninha e o Carlinhos, Casal Formação, percebendo essa ansiedade que não é só de vocês, tomou a seguinte iniciativa: a partir deste ano nossos filhos fariam a Noite de Oração, orientados por este casal, sem a participação dos pais na preparação das mesmas. Começando pelos mais velhos até os mais novos, que, com certeza, terão alguma ajuda dos pais. Temos sido surpreendidos pela criatividade e espiritualidade que nossos filhos têm demonstrado. É fantástico, vê-los sorrateiramente, preparando-se para a Noite de Oração, consultando-se e buscando aju- ...___...,.. da e participação entre eles. Até teatro já saiu. São mesmo integrados ao nosso Movimento sem que percebamos, alguns já participam de Equipinhas e Movimento de Emaús. Sentem-se membros da equipe e ao se dirigirem uns aos outros, fazem da seguinte forma: -Aqui é o (a) da Equipe ...

l2l Casais da Equipe 7A Nossa Senhora do Carmo Juiz de Fora, MG I ="I "Lendo a Carta Mensal de maio/99, Seção Palavra do Leitor, percebemos a preocupação do pessoal de Jundiaí, e mandamos nossa

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I ="I Uma

I ="IA felicidade

Boa Acolhida! Há mais ou menos um ano fomos surpreendidos por um problema sério de saúde. Meu esposo (Nonato) deveria submeter-se a uma cirurgia delicada na cabeça (glândula Hipófise), em virtude do crescimento exagerado desta, devido à uma alteração hormonal, fazendo com que perdesse a visão rapidamente. Ficamos muito apreensivos, porém confiantes em Deus e em nossa Mãe Maria. O médico em Manaus aconselhou-nos a ir para São Paulo, pois os recursos são maiores. Dois casais amigos, Margareth e Fernando e Regina e Ciro, acabavam de retornar de Manaus para São Paulo, sua cidade. Durante o período que estiveram em Manaus ingressaram no Movimento das ENS e nos tornamos amigos. Acolheram-nos em suas casas, testemunhando realmente o amor pelo próximo. Gostaríamos neste artigo de agradecerlhes por tudo que fizeram por nós e para que sirvam de exemplo para outros equipistas espalhados por este imenso Brasil. Os "paulistas", principalmente, que sempre recebem casais para tratamento de saúde em sua imensa cidade. Maria José (do Nonato) Equipe 15-B - N. Sra do Carmo Manaus, AM

de ser equipiata Ao receber a Carta Mensal a cada mês, nós ficamos felizes por fazer parte de um Movimento rico em espiritualidade como as equipes. Participamos deste Movimento há 16 anos. Já tivemos dificuldades por motivo de doença, mas Nossa Senhora sempre esteve do nosso lado. Nossa filha é casada e é equipista; nosso filho participa das Equipes Jovens. Por isso, falamos a todos vocês: coloquem seus filhos onde vocês querem estar. IEI Severina e Manoel Francisco Equipe 1- N. Sra. Aparecida, Piabetá, RJ

I ="lvia

dos Namorados Não poderíamos deixar de registrar a beleza do artigo "Dia dos Namorados" do nosso irmão em Cristo Gabriel (da Daisy), publicado na CM n° 346. É para ele nosso recado. A sutileza da sua narrativa, meu caro Gabriel, encheu-nos de deslumbramento, através do relato simples do seu dia a dia, numa associação perfeita do que é belo. Somos imensamente gratos pela alegria que nos proporcionou ao ler o seu escrito. Edson (da Lucy) Equipe 89 C - Rio, RJ

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MEDITANDO EM EQUIPE A salvação é oferecida a todos . Nem todos a aceitam . Mesmo entre os que a acolhem há diversidade muito grande na profundidade com que o fazem . A cada pessoa a graça é concedida na medida da gratuita doa<são divina, e recebida na medida da liberdade humana . Deus respeita a liberdade, aceita o crescimento gradual, acredita na possibilidade de conversão . Não sejamos mais apressados que Deus, nem mais rigorosos .

Leitura: Evangelho de Mateus 1 3, 24-30 • Tenho com os outros pelo menos a tolerância que tenho comigo? • Exijo que a Equipe seja uma comunidade de perfeitos? • Oue faço para ajudar meus irmãos e irmãs a crescer? •

Peça perdão, ajuda para mudar, paciência consigo e com os outros.

O ra~ão

litúr gica:

Como é bom viver o amor Orem com o Salmo 1 3 2 ( 1 3 3) ou com esta sua paráfrase: "Senhor, como é bom a gente viver a união do amor de irmãos e irmãs na sua casa de pai.

É como o

perfume da vida,

é como a bên<são do orvalho, é como o começo na terra do céu que esperamos no céu ."


As Três Atitudes • Cultivar a assiduidade em nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus. •

Desenvolver a capacidade para a verdade.

• Aumentar a capacidade de encontro e comunhão

EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de Casais por uma Espi ritualidade Conjuga l R. Luis Coelho, 308 • 5° anda r • cj 53 cep 01309-000 São Paulo - SP Fone : (011 ) 256 .1212 • Fax: (011 ) 257.3599 E-ma il: secreta ri ado@ens .org.b r • cartamensal @ens .org.br


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