ENS - Carta Mensal 341 - Novembro 1998

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EQUIPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°341 • Novembro/1998

EDITORIAL ............ .............. ... .. .. . O1

FINADOS .. ..... ... .. .. .. .. .... ............. 24

Alçar Vôo .................................... 01

Contagem Regressiva .... ............. 24

Conselhei ro da ECIR ................ ... 02

BALANÇO .................................. 25

ECIR ...... ...................... .. ...... ....... 03

É Hora de Balanço ...................... 25

A ECIR Conversa com Vocês ........ 03

PASTORAL FAMILIAR .................... 27

VIDA NO MOVIMENTO .............. 04 O Tesouro .......... .. ....................... 04

Depois dos Qua renta .................. 2 7 Experiência do Amo r de Deus ..... 30

Casal Piloto ................................ 05

MARIA ....................... ... ... ...... ..... 32

Retiro:

Maria, Modelo de Esperança .. .... . 32

o Desafio da Comunicação ......... 06

ORAÇÃO ...... .. .............. .. .... ........ 35

40 Anos de vida ................ .......... 08

Oração do Dia Nacional

Gestos Concretos ........................ 09

dos Leigos e Leigas .. .. .. ............... 35

FORMAÇÃO .... .... ........ .... ........... 1 O

Obrigado! Perdão! .... .... .............. 36

Somos Chamados

NOSSA BIBLIOTECA ................... 37

a Ser Santos ............................... 1 O Conversão e Conjugalidade .. ...... 1 2

PCE'S .. .... ......................... ... ........ 38 Retiro .. .. .. ............ ...... .. ............ .... 38

Santos Casados ........ .................. 1 4 PALAVRA DO LEITOR .......... .... ..... 40 NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES ....... 16

REFLEXÃO .................................. 43

ATUALIDADE .. ............... ..... .. .... ... 20

O Leite Azedo ............................. 43

A Moralidade Coletiva ............ .... 20

Liturgia do Chimarrão ........ .. .. ..... 46

Você Sabia?!. ...... .. ............ ...... .... 23

Vinte e Cinco Anos .......... .... .. ...... 48

Carta Mensal é wllll publicação mensal da.s Equipes de Nossa Senhora

Wilma e Orlando S. Mendes Pe. Flávio Cava/ca de C<mro, CSsR (coJJS. espiritual)

Capa: Ta/ma Serra

Edição: Equipe da Carta Mensal

Jomalista Responsável: Catherine E. Nadas (MTb 19835)

Fotolitos e Impressão: Edições L.oyola R. 1822, 347 Fone: (O li ) 6914.1922

Silvia e Chico Pontes (responsáveis) Rita e Gilberto Canto Maria Cecília e José Carlos Sales

Editoração Eletrônica e Ilustrações : F & V Edito ra Lida. R. Venâncio Ayres, 931 - SP Fone: (0 11 ) 3873.1956

Tiragem desta edição: 12.300 exemplares

Cartas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens tlevem ser enviatlas para:

Carta Me11sa/ R. Luis Coelho, 308 5u andar · conj. 53 cep O1309-000 Stio Paulo - SP Fone: (011) 256.1212 Fax: (OI/) 257.3599 A/C Silvia e Chico


Al~arVôo Olá, queridos irmãos, Dentro do ano equipista, novembro é tempo do nosso balanço. Balanço é tempo de rever e de sonhar e, quem sabe, tempo de alçar vôo. A vida de todo cristão é voltada para o desafio do infinito, é olhar para o alto, para os valores perenes que não encontraremos enquanto permanecermos ciscando o terreiro das nossas próprias limitações. É preciso ousar no amor a Deus, é preciso inovar em nossa esperança, é preciso correr os riscos da nossa fé. Sem isso talvez nos acomodemos com o comum da vida, com a rotina que corrói. Prendemos o espírito que nos devia libertar e nos impulsionar Mas, sem dúvida, fomos feitos para voar! Voar como o fizeram os santos de nossa Igreja, cuja festa estamos a comemorar, homens e mulheres que entenderam o sentido da liberdade em Deus. Voar como o projeto de Deus para o casal cristão, que eleva o amor humano para as alturas, projetando nas nuvens, onde todos podem enxergar os sinais de felicidade, de realização e de vida. Não podemos nos contentar em ser apenas bons equipistas, participar da reunião mensal, responder ao tema por escrito, esforçar-nos para vivenciar os Pontos Concretos de Esforço. Será que está mesmo tudo bom, tudo bem? É preciso alçar vôo, ir mais adiante, voar mais alto. É isto que desejamos que os balanços possam produzir em nos-

sas equipes: despertá-las, desafiálas, convocá-las a serem mais. Há, nesta edição, várias pistas para ajudar o nosso Balanço. Há tanta coisa a ser feita em nós e para os outros. Dêem uma espiadinha nos artigos da Seção Atualidade que ali estão a nos questionar. Não esqueçamos que, em Novembro, comemora-se o Dia do Leigo. Lembremo-nos do Encontro Nacional, que se realizará de 20 a 22 deste mês. Este é um evento de capital importância para a vida do nosso Movimento, e todos, sem exceção, temos de participar dele, de alguma forma que seja. E essa forma é rezar para que esse Encontro também projete o Movimento para o alto, para que o Espirito Santo, cujo ano estamos vivenciando dentro do Projeto Rumo ao Novo Milênio, coloque-nos na rota certa pararesponder aos anseios e às necessidades do nosso tempo. A partir da seiva que circula entre todos nós, da entreajuda, da Vida no Movimento, dos temas de Formação, da presença sempre protetora da nossa Mãe Maria, enfim, que tudo o que compõe esta edição da Carta Mensal seja incentivo, instrumento e dom de Deus para que, como os pássaros livres da nossa capa, tenhamos sempre como barreira apenas o infinito de Deus. Abraçando-os com renovada ternura, entregamos em suas mãos mais esta nossa Carta Mensal.

Silvia e Chico, CR da CM


Conselheiro da ECIR Rever Queridos Casais e Conselheiros Espirituais! Paz e Bem! Queridos irmãs e irmãos, estamos em tempo de balanço, tempo propício para rever nossas vidas, nossas propostas, nossos ideais e projetar nossa caminhada rumo ao Novo Milênio. Quando nos propomos a rever nossas vidas, logo pensamos no que precisa ser mudado, transformado. Gostaria de, nestas poucas linhas, inverter essa prática. O que nos possibilitou crescer em "Espírito e Verdade" durante este ano? Quais momentos felizes tivemos em casal, em equipe, no Movimento, que merecem ser recordados e revistos? O que nos trouxe alegria em nossas vidas? Como recebemos a "Graça de Deus" em nosso dia a dia? Certamente, temos inúmeras vivências que gostaríamos de reviver e, com saudades, partilhar, mas o que quero aqui ressaltar é a importância de buscar os momentos positivos de nossa caminhada e redimensioná-los para um bem maior. Todas as graças que temos recebido devem ser comunicadas, devem ser testemunhadas. Balanço significa REVER. Não, necessariamente, acusar, reconhecer erros, limitações ou imperfeições, mas, principalmente, aprofundar a opção que fizemos em seguir Jesus Cristo, em ser testemunhas vivas de seu Evangelho, em ser sinais do amor transformador de Deus por todos nós. No mundo da "qualidade total", qual a qualidade de vida cristã que estamos tendo? Sempre é bom lembrar as palavras de Jesus em Jo 10, 10: "Eu vim para que todos tenham vida". Ter vida é contar sempre com a graça de Deus. Bom balanço a todos e que Deus nos abençoe.

Abraços e orações,

Pe. Mário José Filho, css ECIR


AECIRConve com Vocês itas vezes, quando pensamos que nossa missão vangelizadora exige-nos realizar o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo, assalta-nos uma sensação de ansiedade e insegurança. Como realizar tal tarefa? O que falar? A quem nos dirigir? Como fazer se não somos oradores experientes? Anunciar não é um falar bonito e teórico, mas a comunicação, a partilha de nossa experiência de Deus. Disso dá-nos prova o Evangelho. Quando João Batista envia seus discípulos, questionando sobre se Ele era o Messias, Jesus responde: "ide contar a João o que vocês viram" (Mt 11, 2-6). Madalena encontrou o sepulcro vazio e, fora dele, o Mestre e correu a contar aos discípulos (Mt 28, 1-8). Os dois discípulos voltaram de Emaús para contar da experiência vivida do Ressuscitado (Lc 24, 13-35). Somente se for expressão da vida e do encontro profundo com Deus, o anúncio terá sentido. Se não for assim, é palavra morta, não é anúncio do Deus que vive. É possível que a vida nos leve a realizar o anúncio extraordinário de Jesus Cristo (e precisamos estar disponíveis a isso ... ), mas nos parece que as mais freqüentes oportunidades de anunciá-lo são mais simples, mais cotidianas. Residem no nosso encontro com nosso cônjuge, nossos filhos, nossos amigos, as pessoas que trabalham e convivem conosco.

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Pensemos, então, nas oportunidades incríveis que dispomos na vida de equipe: nossas reuniões mensais, as informais, a vivência dos Pontos Concretos de Esforço. Aqui gostaríamos de destacar um deles, que nos parece o mais particularmente talhado para realizar o anúncio de Jesus Cristo: a Oração Conjugal. E o que é a Oração Conjugal se não o partilhar de nossa experiência de Deus? Ao orarmos juntos, dirigimonos a Deus como somos, como O percebemos, como experimentamos sua presença nos acontecimentos, o que cremos e esperamos. Anunciamos o que vimos, encontramos e vivemos em Jesus Cristo. Acolhemos a Boa Nova anunciada pelo outro. Neste encontro de experiências diversas, realizamos nossa mútua evangelização, a ajuda mútua na caminhada para Deus. Sim, pois a vida em Deus anunciada acaba por motivar, animar e educar (por que não?!) a caminhada do outro. Busquemos, então, ser para nosso cônjuge este anunciador do Cristo Ressuscitado que vive em nós. "Anunciai o Evangelho a toda criatura" (Me 16, 16), inclusive, e especialmente, àquele ou àquela que Deus colocou ao nosso lado, companheiro(a) de nossa caminhada.

Lourdes e Sobral EC/R

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O Tesouro

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inda nos lembramos. Foi em 1992. Tínhamos lido o livro "Dever de Sentar-se" e procurávamos saber se havia em Salvador o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, citado no livro. Mons. Carlos Gaeschlin, nosso vigário, não o conhecia, mas sugeriu que perguntássemos ao Mons. Luna, vigário-geral da arquidiocese. Este mandou que procurássemos o Pe. Rubens. Foi aí que Santa e Roque nos convidaram para uma reunião de Informação na casa de Teima e Webster. Jesus disse: "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo ... " (Mt 13, 44a). Sentimos que, depois de tanta busca, tínhamos encontrado o tesouro. Teima e Webster, com muita simpatia e generosidade, conduziram a pilotagem de nossa equipe 5. Depois aprendemos a admirar a amizade, a educação refinada, o entusiasmo dócil de Ana Luíza e Edilson, na condução da Coordenação, que virou Setor. Elisa e Hélio assumiram e nos passaram um exemplo de doação comunitária, certamente inspirada no seu próprio casamento. Eles foram dedicados ao extremo ao Setor, na saúde e na doença, no emprego e no desemprego e, com certeza, na alegria e na tristeza. Agora eles se dedicam a uma faJll11ia maior, como Casal Responsável da Região. Dia 1O de agosto realizamos a primeira reunião do Colegiado sob nossa responsabilidade. Sentimo-nos estimulados pela presença participa-

tiva dos casais da equipe do Setor e dos Casais Responsáveis de Equipe. Antes da reunião, estávamos a nos questionar sobre como poderíamos atender às aulas, às auditorias, ao transporte escolar, à família numerosa, aos deveres do lar, à pastoral dos excluídos, ao ministério da comunhão e, agora ao Setor das ENS. Caiu-nos, então, nas mãos, a folhinha do Sagrado Coração de Jesus do dia 7, em que Frei Orlando escreve: "Segundo o esquema de Jesus, a vida pode ser construída apenas para si mesmo, entesourando, ou em função de um projeto maior em que os irmãos também encontram um lugar privilegiado". Então dissemos como o menino da propaganda: "Entendemos!" A leitura bíblica do dia 10 também foi rica de mensagem para nós neste momento. Jesus diz: " ... se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, mas quem deixa de se apegar a ela neste mundo, conservála-á, yara a vida eterna". E a lição do serviço e do seguir a Jesus. Do tesouro encontrado que deve ser partilhado, repartido. Do Reino que deve ser perseguido. Equipistas, peçamos ao Senhor da messe que saibamos florescer onde fomos plantados. E, se for preciso, que sejamos capazes de nos consumir, ILUMINANDO.

Lúcia e Francisco CR do Setor - Salvador, BA 4


Casal Piloto sta é a missão do Batista, esta também é a função do Casal Piloto: preparar os casais da Nova Equipe, nivelando o terreno de seus corações para Jesus passar e lançar as sementes do Reino a fim de que, no futuro, se possa fazer uma colheita abundante (Lc 8, 4-15).

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Como Ele, o piloto deve clamar bem alto para que os casais vejam a luz de Cristo (Lc 8, 16), deve deixar bem claro as regras e o modo de ser do Movimento, para que não haja dúvidas no futuro, quando estiverem caminhando com suas próprias pernas. O casal piloto é, por excelência, a exemplo de João, um desbravador que abre caminhos, retira obstáculos, cria canais por onde a graça de Deus chegará ao coração da nova equipe; cuidando, exortando, animando, consolando, treinando os ouvidos para atenderem à voz do Mestre. O piloto deve certificar-se que o Jesus a quem ele envia os casais é o verdadeiro: "És Tu o que há de vir, ou devemos esperar outro?" (Lc 7, 20). Estando já a nova equipe bem doutrinada nas regras do Movimento e unida na amizade, na caridade e na ajuda mútua, o casal piloto, imitando o Batista, aponta para Jesus e sai de cena, pois sua missão está cumprida: "Importa que Ele cresça e eu diminua" (Jo 3, 30). A graça da Pilotagem está em doar um pouco da própria vida a cada dia e, como João, regozijar-se ao ver o Reino de Deus crescer.

Léa e Esmeraldino Casal Formação Barbacena, MG 5


Retiro: O Desafio da Comunica~ão uando nos propusemos a lançar a Equipe Nossa Senhora do Silêncio, formada por c urdas, sabíamos que teríamos pela frente um grande desafio, mas confiamos na ajuda do Espírito Santo para nos dar o suporte que precisaríamos para vencer as diferenças da comunicação e tantas outras de um grupos especial como esse. E assim vem acontecendo. A cada dificuldade surgida, mais orações e a ajuda providencial de pessoas que acabam

sendo envolvidas e que somam conosco na difícil tarefa de acompanhar o grupo, levando a palavra de Deus aos nossos irmãos que vivem no mundo do silêncio. Com a coragem que só o Espírito Santo dá aos que confiam e se entregam a Ele, programamos o nosso primeiro Retiro realizado no dia 26 de julho, na Paróquia de N.S. Aparecida, cedida pelos padres Redentoristas, que tanto têm apoiado o trabalho de pastoral com esses nossos irmãos.

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(Alencar e Stella), auxiliados por transparências que ajudaram na compreensão de cada um dos meios que o Movimento coloca como proposta para a vivência de uma espiritualidade conjugal. Foi também fundamental a participação de Yara e Silvio, traduzindo as palestras e a liturgia, seguidas com muita atenção pelos casais. Tudo o que se falava era absorvido com bastante interesse e não faltaram perguntas, buscando esclarecer as dúvidas que iam surgindo ao longo das palestras e nos momentos de compartilhar em grupo. Na liturgia de Penitência houve um momento muito forte, quando, ao final da celebração, cada um pediu desculpas ao(s) outro(s) por alguma ofensa e deu o seu abraço de perdão. O Retiro encerrou-se com a Celebração Eucarística, onde partilhamos o Pão da Palavra e o Pão da Vida. Após o encerramento, tivemos um pequeno lanche com a presença dos filhos. Cansados, mas muito felizes, fizemos uma avaliação para verificar as falhas, os pontos positivos (graças a Deus foram muitos) e já estamos pensando no próximo Retiro que, com certeza, será bem melhor.

As dificuldades foram surgindo: o Movimento nos pede um Retiro de 48 horas, mas a experiência nos mostrava que seria muito tempo para eles e extremamente cansativo. Iluminados pelo sopro divino, optamos por um encontro de um dia para iniciarmos aos poucos essa prática tão importante para os casais que buscam viver o seu matrimônio na fé e na espiritualidade cristã. Resolvida essa questão, surgiu outro problema: quem seria o pregador, uma vez que o nosso Sacerdote Conselheiro Espiritual encontrava-se de férias e não temos quem o substitua. Mais uma vez o Espírito Santo agiu, colocando em nosso caminho o padre Pascoal, sacerdote redentorista e grande comunicador. Explicamos a ele que o grupo era formado por casais surdos e que ele devia usar uma linguagem bem simples para que a intérprete (Yara) pudesse traduzir a mensagem com fidelidade. Suas colocações foram claras, objetivas e bem assimiladas pelos casais, numa comunicação que só podia vir de "Alguém" que é o "Comunicador" por excelência. Gilmar e Graça falaram sobre a "Conjugalidade" e deram conta do recado, sendo artistas perfeitos numa pequena dramatização sobre o "Dever de Sentar-se", que ajudou bastante os casais na compreensão desse Ponto Concreto de Esforço. Os Pontos Concretos de Esforço foram apresentados por nós

Stella e Alencar Casal Piloto Eq. N. Senhora do Silêncio Manaus, AM 7


40 Anos de Vida

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o dia 05 de abril de 1.958, na casa de Therezinha e Nelson Manoel do Rego, nossa Equipe Nossa Senhora do Monte Serrat dava o seu primeiro passo, ao encontrar-se pela primeira vez, e agora chega à marca existencial dos 40 anos de vida equipista. Não tínhamos a menor idéia da magnificência da graça que estávamos recebendo naquele dia, pois nós todos, recém-casados, iniciávamos a nossa vida conjugal e familiar sob a proteção de Nossa Senhora. Tivemos a sabedoria de observar bem os Estatutos e os princípios do Movimento das ENS . Observamos as normas, fomos obedientes às suas determinações. Estimulávamo-nos uns aos outros nos exemplos de vida cristã, nas experiências ao nos defrontar com obstáculos e angústias, e na felicidade dos êxitos alcançados. As nossas reuniões tornaram-se momentos altos e importantes nas nossas vidas, verdadeiro apoio para as nossas expectativas espirituais e materiais. Na equipe realizamos nossa vocação religiosa, pela formação católica de nossos lares, pela influência nos meios profissionais e sociais que freqüentávamos , pelo apostolado na expansão das ENS. Multiplicaram-se as Equipes, realizaram-se retiros, cursos de preparação ao casamento, dias de formação, sessões de formação. Progressivamente a cidade de Santos passou à Coordenação, depois Setor, e mais adiante, juntos com o ABC, tornou-se uma Região. No final do ano 70 já tínhamos 21 Equipes com cerca de 150 casais. Hoje agradecemos ao Senhor por esses 40 anos que fizeram de nossas vidas um serviço à causa da Igreja Católica, realizando a obra de Jesus, sob as bênçãos de Nossa Senhora. Reverenciamos os nossos irmãos que já estão na Casa do Pai, todos cristãos de verdade, guiados pelo Espírito Santo e saudamos os nossos queridos Sacerdotes Conselheiros Espirituais, que sempre nos trouxeram a palavra certa e inspirada em todos os momentos. Após 40 anos de vida em comum, esperamos que a nossa Equipe continue a ser aquilo que sempre almejou: crescer espiritualmente, promover a realização do amor e da amizade, estar disponível para servir. Obrigado, Senhor! Cidinha e Vitali Eq. N. Senhora Monte Serrat Santos, SP 8


Gestos Concretos

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ob a luz do Espírito Santo, a Equipe Nossa Senhora do Rosário vive momentos de fraternidade, caridade e amor. O gesto concreto a que o grupo se propôs na primeira reunião mensal do ano, consiste numa visita mensal ao Lar Santo Antônio dos Excepcionais, onde a equipe já fez duas campanhas: a campanha das frutas e a campanha de pomadas. Assim, os casais dão seu teste-

munho dizendo como Jesus: "Amaivos uns aos outros, assim como eu vos amo". Foi o amor que nos moveu a fazer estes atos concretos. Nós levamos, além das coisas materiais, o carinho, o sorriso e o amor e recebemos em nosso coração a paz e a alegria de servir. Amém.

Eq. Nossa Senhora do Rosário Setor E - Porto Alegre, RS


Somos Chamados a Ser Santos

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primeiros dias do mês de ovembro constituem para o povo cristão um momento intenso de fé e de oração, que põe em particular relevo a orientação "escatológica", reevocada com vigor pelo Concílio Vaticano II (Lumen Gentium, cap.VII). De fato, ao celebrar Todos os Santos e comemorar Todos os fiéis defuntos, a Igreja peregrina na terra vive e exprime na Liturgia o vínculo espiritual que a une à Igreja celeste. Hoje damos graças aos Santos de todos os tempos, enquanto já di-


de Cristo, de maneira nenhuma se interrompe; pelo contrário, segundo a fé constante da Igreja, reforça-se pela comunicação dos bens espirituais ... Na verdade, a solicitude fraterna dos bem-aventurados ajuda imenso a nossa fraqueza" (Lumen Gentium, 49). Esta admirável comunhão atuase do modo mais excelso e intenso na divina Liturgia e, sobretudo, na celebração do Sacrifício Eucarístico: nele, "mais unidos estamos ao culto da Igreja celeste, numa só comunhão com ela e venerando em primeiro lugar a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, de São José, dos Apóstolos e Mártires e de todos os Santos" (Lumen Gentium, 50). Na gloriosa assembléia dos Santos, Deus houve por bem reservar o primeiro lugar à Mãe do Verbo encarnado. Maria permanece nos séculos e na eternidade no ápice da comunhão dos santos, como singular guardiã do vínculo da Igreja universal com Cristo, seu Senhor. Para quem deseja seguir Jesus no caminho do Evangelho, a Virgem é guia segura e mestra, Mãe cuidadosa e atenta, à qual confiar todos os desejos e dificuldades. Peçamos juntos à Rainha de todos os Santos que nos ajude aresponder com generosa fidelidade a Deus, que nos chama a ser santos como Ele é Santo.

A união dos que estão na terra com os irmãos que adormecem na paz de Cristo, de maneira nenhuma se interrompe; pelo contrário, segundo a fé constante da Igreja, reforça-se pela comunicação dos bens espirituais ... rigimos orações em sufrágio pelos nossos queridos defuntos, visitando os cemitérios. É tão consolador pensar que os nossos amados defuntos estão em companhia de Maria, dos apóstolos, dos mártires, dos confessores da fé, das virgens e de todos os santos e santas no Paraíso! Deste modo, a solenidade de hoje ajuda-nos a aprofundar uma verdade fundamental da fé cristã, que professamos no "Credo": a "comunhão dos santos". A respeito disto o Concílio Vaticano II exprimese do seguinte modo: "todos os que são de Cristo, tendo o Seu Espírito, formam uma só Igreja e nEle estão unidos entre si (Ef 4, 16). Por isso, a união dos que estão na terra com os irmãos que adormecem na paz

João Paulo li Alocução mariana JO de Novembro L'Osservatore Romano nov/97 11


Conversão e Coniugalidade 1a Parte: Conversão para uma autêntica vida cristã l.l.Texto de Provocação "A Igreja participa da construção do Reino e com ela se compromete; o papa, os bispos e os padres buscam assim cumprir a vontade de Deus, para que a verdade brilhe, aconteça o encontro, cresça a comunhão e se viva efetivamente em comunidade. A evangelização é missão fundamental da Igreja, como continuadora de Cristo; por isso, o Papa, os bispos e os padres deveriam preocuparse menos com a desordem social e dedicar-se mais ao aprofundamento das verdades da fé, à correta administração da doutrina, ao apoio às crenças e devoções populares e aos princípios morais que norteiam o comportamento cristão, para que os fiéis possam chegar à coerência entre fé e a vida. Já faz algum tempo que é notória, na Igrej a, a baixa acentuada da vida sacramental, seja pela falta de dedicação dos seus ministros, seja pelo reduzido interesse dos cristãos, especialmente em relação aos Sacramentos do Matrimônio e da Penitência. Quanto a este último, é pouco procurado e, quando procurado, ainda se ouve que é para não ser preciso assu-

mir a responsabilidade pela vida, ou que é utilizado como um mataborrão espiritual, ou como um recurso de conversão pela mágica, sem consciência suficiente para distinguir entre pecado e desequilíbrio emocional. Não estaria na hora de Jesus fundar uma nova Igreja?" (C .S.F.Martini).

Proposta de Aprofundamento Analisar o texto e apontar seus defeitos e virtudes; em seguida, encontrar nele seus atos positivos ou suas omissões de equipista. 1.2.Uma Definição de Conversão "Uma reordenação radical, permanente e em forma de serviço de toda a vida pessoal na direção de Deus, do Outro e da Comunidade ou Mundo". Proposta de Aprofundamento Ver se cabem aí os gestos de reconciliação, o cuidado das faltas para com os irmãos, a correção fraterna, a revisão de vida, a direção espiritual, a aceitação dos sofrimentos e a firmeza no ser perseguido pela justiça que aconteceram em sua vida de equipista. 12


2a Parte: Conversão para uma a utêntica vida a dois

A Igreja participa da

Texto de Provocação "A vida a dois consiste em fazer tudo: oração a dois, diálogo a dois, animação recíproca para a Meditação, a Escuta da Palavra, o Retiro e a Regra de Vida- 'como arte e ciência' tais, que haja crescimento humano e espiritual dos parceiros, gerando uma situação de bem-estar conjugal que coincide com o aperfeiçoamento mútuo, com a solidez dos vínculos matrimoniais e com a mútua santificação" (Pe. Mário José Filho). Proposta de Aprofundamento: Dar sua impressão geral sobre a definição; ver o que é que cabe melhor nela: se seus atos positivos ou suas omissões de equipista; em seguida, apontar aquilo que é feito "com arte e ciência", o que é feito com garra e que está contribuindo mais para o seu "bem-estar conjugal" (com base na alocução doPe. Mário José Filho, ECIR, no Encontro Nacional das Equipes de Nossa Senhora).

construção do Reino e com ela se compromete; o papa, os bispos e os padres buscam assim cumprir a vontade de Deus.

Frei Martinho Cortez, O. Carm. Sacerdote CE Mogi das Cruzes, SP 13


Santos Casados guém, percorrendo o catáogo dos Santos, colheu a imressão de que nele só existem padres e freiras e que a santidade não é possível senão nos conventos ou nas fileiras clericais. Enganar-se-ia quem assim pensasse. Antes do mais, convém citar o Catecismo da Igreja Católica, que em seu n. 0 2360, diz o seguinte: "No casamento, a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal e um penhor da comunhão espiritual. Entre os batizados os vín-

culos do matrimônio são santificados pelo sacramento". Donde se vê que o matrimônio abençoado por Deus é um estado de vida que santifica os cônjuges. Deus concede aos esposos a graça necessária para que, atendendo aos afazeres e compromissos respectivos, mais e mais se unam ao Senhor e cheguem à perfeição cristã. A própria história atesta que houve Santos e Santas, de grande vulto, também entre as pessoas casadas. Um exame atento do catálo-

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radar da Alemanha ('Íl' go dos Santos dissipa 1024) e Cunegundes; a impressão contrária. A própria Isidoro ('Íl' 1130) e MaEis alguns nomes denria Toribia; Lucchese tre os vários que podehistória (século XIII) e Buonariam ser citados: atesta que donna; os genitores de Maridos Santos: Teresa de Lisieux (ainGregório de Nissa houve Santos da não canonizados) ('Íl' 394), Paulino de O Concílio do VaNola ('il'431), Estevão, e Santas, de ticano II, ainda uma rei da Hungria ('il'1038), grande vulto, vez, há poucos decênios Omobono de Cremona (1965), lembrava avo('il'1197), Luís IX, rei da também entre cação de todos os crisFrança ('Íl' 1272), Nicotãos à santidade, remolau de Flüe, patrono da as pessoas vendo a impressão de Suíça ('Íl'1487), Tomás casadas. que somente em alguns Moro, Ministro do rei estados de vida se Henrique Vill da Inglapode chegar à perfeiterra ('il'1535). Isto sem contar os Apóstolos, dos quais alguns ção cristã: "É evidente que todos os fiéis devem ter sido casados, como foi São Pedro, cuja sogra é mencionada no cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da Evangelho (Me 1, 29s). Viúvos Santos: Raimundo vida cristã e à perfeição da caridaZanfogni ('Íl' 1200), Henrique de de" (Lumen Gentium n. 0 40). "Todos os fiéis cristãos, nas Bolzano ('Íl' 1315), o Bem-aventuracondições, tarefas ou circunstâncias do Bartolo Longo ('il'1926). Esposas Santas: Perpétua de de sua vida, e através disso tudo, Cartago ('il'202), Margarida da Es- dia a dia mais se santificarão, se cócia ('il'1093), Gentil Giusti (1530), com fé tudo aceitarem da mão do Pai celeste e cooperarem com a Anna Maria Taigi ('il'1837). Viúvas Santas: Mônica, mãe de vontade divina, manifestando a toSanto Agostinho ('il'387), Elisabete, dos, no próprio serviço temporal, a rainha da Hungria ('il'1231), Edviges caridade com que Deus amou o da Silésia ('Íl' 1234), Ângela de mundo" (ib. n. 0 41). Foligno ('Íl' 1309), Elisabete, rainha "Todos os fiéis cristãos são conde Portugal ('Íl' 1336), Brígida da vidados e obrigados a procurar a Suécia ('il'1373), Francisca Roma- santidade e a perfeição do próprio na ('il'1440), Rita de Cascia ('il'1456), estado" (ib. n. 0 42). Catarina Fieschi Adorno ('il'1510), Joana Francisca Frémyot de Chantal Dom Estêvão Bittencourt ('il'1641), Luísa de Marillac ('il'1660), O.S.B. Elisabete Bayley Seton ('Íl' 1821). Pergunte e Responderemos, 423 Casais Santos: Henrique Impe15


Ordem Diaconal No dia 12 de setembro últi em Valença RJ nosso t·rmmo, _na Catedral de N. S. da Glória · · ' . ' ' ao e semmari ta da Stlva, recebeu a Orde o· s equtptsta, José Antônio m taconal que Ih f · Bispo Diocesano Do El" M . e 01 conferida pelo R evmo. J , A A. m tas anmng . ose ntomo atualmente e , Paulo VI em Nova Iguaçu RJ sta cursando Teologia no Seminário pastoral na Paróquia N S da Gl~ ~e~ desenvol~endo o seu estágio trabalho, muita garra ~ r~mita ~na, JUnto ao Vt~ário Geral. Muito semana, assiste às ExperieAnc· Coa von~a?~ e a.mda, nos finais de tas omumta.nas. Dulce e Cármine C.R.Setor Valença, RJ

Ordena~ão Presbiterial "0 Espírito do Senhor repousa sobre mim". Uma grande alegria: o nosso Conselheiro Espiritual, ADRIANO SÃO JOÃO, foi ordenado sacerdote no dia 15 de agosto de 1998, na sua cidade natal, Jacutinga, MG, Paróquia de Santo Antonio, pelo Exmo. Sr. Arcebispo da Arquidiocese de Pouso Alegre, Dom Ricardo Pedro. O padre Adriano já era nosso Conselheiro Espiritual quando diácono. A ele, nossos votos de perseverança e muita alegria em sua missão. Nossas orações para que o Espírito Santo, inspirador de seu lema, o ilumine e o fortaleça.

Rita de Cássia e Carlos Henrique Equipe Nossa Senhora das Graças - Pouso Alegre, MG 16


Sagra~ão Episcopal No dia 26 de julho, tomou posse como bispo diocesano de Registro, no Vale da Ribeira, SP, o até então padre JOSÉ LUIZ BERTANHA. Missionário do Verbo Divino, com 55 anos de idade, natural da região rural de Cordeirópolis (distrito de Cascalho), SP. Nos seus 26 anos de sacerdócio, Dom Bertanha foi sempre um missionário voltado para as diversas comunidades por onde passou. Em 1995, assumiu como Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe 10, do Setor E da Região São Paulo- Capital, e em 1996, como Conselheiro do Setor E. Já havia sido SCE em Araraquara, SP. Nesse período que Caminhamos juntos, Dom Bertanba deu-nos inúmeros exemplos de humildade e fé. Esteve sempre a serviço dos casais, procurando cada vez mais valorizar o Sacramento do Matrimônio e ajudá-los na vivência da conjugalidade. Sentiremos muita saudade do seu carinho e da sua simplicidade, mas estaremos sempre unidos através da oração. Desejamos que ele continue a serum sempre missionário da esperança na construção mundoum melhor. de

Rosemari e José Luiz CR Setor E - São Paulo, SP

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Falecimentos Expansão do Movimento Novas Equipes

Ag~adeçamos a Deus pelo dom da VIda destes nossos irmãos que foram chamados à Casa do Pai:

• Irmã Celeste Pacheco

• Equipe 1O Nossa Senhora do Belo Ramo Divinópolis, MG

ocorrido em 31 de agosto C~ da equipe 12, N.S. de Fátima Rio Claro, SP

• Equipe 29 Nossa Senhora da Esperança Recife, PE

• Alcides Oliboni, da Seide ocorrido em 20 de maio Eq. N. Senhora Medianeira_ Jaú, SP

• Equipe 34 N. Sra. do Perpétuo Socorro Setor B Fortaleza, CE

• .~rmando Napoleão de Araújo, vmvo da Norma ocorrido em 23 de agosto Eq. N. Sra. da Paz - Sorocaba, SP

• Ma~ia de Fátima do Nascimento Ferrelra, do Jorge ocorrido em 18 de setembro Eq . N. Sra. da Paz - Setor B, Rio I

Bodas de Prata Em agosto último, nossa Equipe 2- Nossa Senhora das Vitórias, da cidade Niterói, RJ comemorou seu Jubileu de Prata, mantendo os mesmos casais que, há 25 anos, passaram pela Pilotagem. A comemoração dessa data iniciou-se com um Retiro fechado, na cidade de Campos do Jordão, pregado pelo nosso próprio Sacerdote Conselheiro Espiritual da Equipe, Pe. Antonio Lemos. Depois, na volta, celebramos a festa numa Missa de Ação de Graças, junto de nossa comunidade, e para finalizar, um gostoso churrasco na companhia de filhos e netos. Nossos agradecimentos a Cristo e a Maria que nos reuniram em seu Amor.

Graça e Brady CR de Equipe


Sagra~ão Episcopal de Dom Célio de Oliveira Goulart, ofm Sagrado em Pirapora/MG, em 28/ 08/98, para Bispo da diocese de Leopoldina!MG, D. Célio havia sido pároco do Santuário de Santo Antonio e Conselheiro Espiritual da Equipe 1 de Divinópolis até dezembro de 97. Destacou-se na diocese de Divinópolis como um verdadeiro "Apóstolo da família", organizando e apoiando a Pastoral Familiar e todos os Movimentos e obras relacionados à família. Com sua simpatia e espiritualidade, D. Célio conquistou todo o povo de nossa diocese.

Aparecida e Saléh Equipe 1 N.S. Aparecida Divinópolis, MG

Encontro Nacional: Participando em Ora~ão Nos próximos dias 20/21/22 de novembro, estará sendo realizado o Encontro Nacional das ENS, em Itaici. reunindo todos os Casais da ECIR, Casais Regionais e Casais Responsáveis de Setor e respectivos Sacerdotes Conselheiros Espirituais, vindos de todas as partes do Brasil. Pela importância deste evento em relação à vida do nosso Movimento, e para que os frutos sejam abundantes, pede-se a todos os casais, a todas as equipes, a todos os sacerdotes e conselheiros espirituais que se unam em orações e preces, ajudando a preparar este Encontro, e desde já, participando espiritualmente do mesmo. 19


A Moralidade Coletiva

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laremos hoje de um proble- família, de ética política que são, ma relacionado com o horizon- de certa forma, interpretações sob te do próximo século, que é o uma determinada ótica, favorável ou da moralidade coletiva. O homem desfavorável conforme os casos e, vive em sociedade, muitas vezes, apresenpossui uma vida indivitam-se como normais, dual articulada com a porque são freqüentes. É muito vida coletiva e, por conEssa identificação seqüência, a vida moparece-me muito periperigoso ral está condicionada gosa: considerar o que considerar naturalmente pela situé freqüente como noração social em que vimal, o que é normal o que é vemos, pelo conjunto como lícito, e o que é de usos, de vigências, lícito como se fosse freqüente de pressões sociais, de moral. Não! Trata-se como modelos, de exemplos: de identificações inatudo isso influi granceitáveis. normal, Pode haver coisas demente. Deve ficar claro freqüentes que não são o que é que, por se tratar de um normais, pode haver normal assunto pessoal, o facoisas normais, mas que, apesar de serem tor decisivo é a libercomo lícito, normais, nem por isso dade, ou seja, o homem é responsável, o hosão lícitas, e pode hae o que é mem escolhe a sua ver coisas lícitas sob o lícito como vida, realiza-a na meponto de vista legal dida em que as cirmas que não o são "Se fosse moralmente. cunstâncias o permiA palavra moral tem; mas o projeto é moral. deriva do substantivo próprio. latino "mos, moris" que A liberdade é sempre fundamental e decisiva, faz tam- significa costume. Ou seja, os cosbém com que o homem seja respon- tumes têm um caráter moral, vivemsável: eu sou responsável pelo que se como algo que tem condiçãd eu escolho, pelo que eu prefiro, pelo moral e, evidentemente, a moral é que decido dentro das possibilidades. afetada pelos costumes. Fala-se de O homem da nossa época re- bons costumes ou de costumes rucebe uma série de interpretações da ins, diante dos quais, insisto, o horealidade que, muitas vezes, tem um mem é sempre livre. Ele pode aceicaráter moral. Aparecem formas de tar as vigências sociais ou resistir a vida, de relacionamento humano, de elas, mas deve tê-las em conta.

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Se considerarmos, porém, a vida atual, concluiremos que o que aparece como modelo ou como exemplo nos meios de comunicação, é sempre minoritário. Este é um problema curioso. Pensem no exemplo da televisão. Nela se vêem certas pessoas ou grupos de pessoas que falam , emitem suas opiniões, a sua forma de ver as coisas etc. Essas pessoas são muito poucas. Parece que isso não tem importância, mas não é assim; tem, e muita, porque é o que se vê o que conta. E, poderíamos dizer, o ponto de referência do homem e da mulher indi vi duais. Não se compreende nada da nossa época sem levar em conta essa pressão coletiva, minoritária, mas com efeitos sobre todas as classes e níveis sociais. Esses influxos que afetam todo mundo, têm o efeito de uma inundação. Produz-se então um estreitamento de horizontes ou uma manipulação que poderíamos chamar de manipulação consentida. E isto tem um caráter moral preocupante: é muito grave. Há pessoas que não se deixam manipular e vivem a partir delas próprias, exercendo a sua própria liberdade. Mas a maioria das pessoas

está num estado de passividade, que aceita o que se divulga como se fosse a própria realidade, que não faz questão, de modo que permite que sua vida seja orientada por esses influxos produzidos pela minoria. As pessoas que controlam os meios de comunicação são muito poucas, mas representam um setor que exerce uma influência enorme e não consciente, e a maior parte das pessoas recebe isso com uma espécie de passividade. Não acredito que a nossa época seja especialmente imoral. Já houve épocas muito mais imorais do que a nossa. Mas a nossa é uma época de muita desorientação. As pessoas não sabem a que se apegar, não sabem pensar, aceitam as coisas sem fazer juízo crítico. Acontece, então, uma espécie de indefinição: acredita-se que tudo é aceitável, e daí deriva uma sensação geral de incerteza. Atualmente as pessoas acreditam que não se pode julgar acerca de nada e que tudo dá na mesma: e chama-se a isso liberdade. Liberdade não é dizer o que me passa pela cabeça. Liberdade é o que eu posso querer. 21


todos, e não apenas alguns em nome dos demais, porque isso é manipulação. Dessa forma, ao falar em moralidade coletiva voltamos ao ponto de partida, ao lugar em que propriamente dita reside a moralidade: a vida pessoal, a vida de cada um de nós. O remédio para os perigos que nos ameaçam não deve ser procurado primariamente nas técnicas ou nos recursos da vida coletiva, mas apelando para a moral individual, em suma, para a personalidade, porque muitos declinam da sua condição pessoal e se deixam manipular. Este é um dos grandes perigos da nossa época, e acredito que deve ser levado em consideração para procurar a solução, se a houver, na vida pessoal.

O único remédio para esta situação está no exercício da liberdade. O problema está em que muitas pessoas não atuam livremente, não agem do fundo de si mesmas, não decidem, não escolhem o que livremente querem, o que realmente consideram correto. Daqui a pouco estaremos numa situação em que muita gente se deixa levar. E assim, haverá uma desmoralização maior do que a atual. Em última análise, a recuperação da saúde geral da vida moral depende do exercício da liberdade. Após insistir na influência do coletivo, acredito que o fator decisivo, um pouco paradoxalmente, é colocar o ponto de apoio na vida individual. Trata-se, portanto, de evitar que uns poucos aproveitem as possibilidades técnicas do mundo atual para manipular os indivíduos e despojálos da sua realidade propriamente pessoal. A liberdade deve aprimorar-se: não suprimindo-a, mas com mais liberdade ainda. Devem exercitá-las

Resumo de uma conferência do filósofo ]ulián Marías Interprensa - agosto 98 A versão integral pode ser consultada no site www.hottopos.com

Na reflexão deste tema relevante para os nossos dias, não devemos nos esquecer que, quaisquer que sejam os costumes que nos conduzam a uma moral coletiva, nada deve nos afastar dos ensinamentos de Jesus e que a liberdade nos permita escolher com fé e alegria os caminhos do Evangelho. A nossa vida deve ser parte do projeto de Deus, onde o amor ao próximo, a solidariedade, a vida comunitária, a caridade e a paz devem imperar. Em períodos de desorientação, como apontado pelo autor, devemos procurar apoio no encontro com Deus através da oração e encontros com a comunidade cristã. Equipe da Carta Mensal

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Se se pudesse neste momento encolher a população mundial a um total exato de 100 pessoas, e pudéssemos manter as proporções existentes na sociedade humana atual, o resultado seria o seguinte: Haveria 57 asiáticos, 21 europeus, 14 americanos e 8 africanos. 1. 30 pessoas seriam brancas e 70 não. 2. 30 pessoas seriam cristãs e 70 não. 3. 50% da riqueza de todo o planeta estaria nas mãos de 6 pessoas. As seis seriam dos EUA. 4. 70 pessoas seriam analfabetas. 5. 50 pessoas sofreriam de má nutrição. 6. 80 pessoas habitariam moradias de construção precária. 7. Somente uma pessoa teria educação universitária. Não é certo crermos que a humanidade tenha alcançado um maior nível de desenvolvimento. Chegamos à Lua, mas aqui na Terra: • 70% não sabe ler • 50% está mal alimentada • 80% vive em condições de pobreza Se alguém pensa, depois de ler isto, que não se tem nada a fazer...

Ensaio extraído de fonte da UNESCO, coletado por Jorge Satio Nogushi 23


contagem regressiva da nossa vida neste mundo começa no dia de nossa concepção. Cada dia vivido é um dia mais próximo da morte, morte esta necessária para iniciarmos a vida plena com Deus. Mas dificilmente encaramos esta realidade. Para muitos, viver bastante é morrer com noventa ou cem anos, desfrutar de todos os prazeres e bens deste mundo. Para estes a morte é um verdadeiro pesadelo. Não compreenderam ainda o autêntico significado da vida. Buscam a qualquer preço a liberdade e a felicidade, mas esquecem que só o Amor de Deus preenche o coração, dá sentido à vida. No momento em que perdem os bens materiais, o ter e o prazer, abre-se um vazio, porque colocaram a sua segurança em falsos deuses. Para o cristão, a morte deve ser esperada como a coroação desta vida, como a Festa da Páscoa, porque é a nossa libertação total, é passagem, é o encontro definitivo com o Pai. Para Deus não importa a quantidade de anos que tenhamos vivi-

do; para Ele importa a qualidade de vida que levamos enquanto estamos neste mundo. Só Ele conhece o coração de cada um de nós. Como não fez ninguém igual, também não julgará com os mesmos critérios. Por outro lado, não podemos esquecer que o amor de Deus é um amor exigente. Um exemplo de sua exigência encontramos no Apocalipse, onde Ele diz: "Porque és momo, não és frio, nem quente, eu te vomitarei". Ele nos fala desta forma porque o frio pode ainda se converter. O morno é aquele que fecha o coração à graça de Deus e sua vida não pode ser transformada porque Deus respeita a liberdade de cada um. É morrendo a cada dia para o nosso egoísmo que percebemos a beleza, o encanto da vida, o amor de Deus manifestado em cada criatura e, assim, começaremos a tomar consciência de que Jesus venceu a morte para nos conquistar a vida eterna.

A

Delônia (do Oli ) Equipe 1 Tramandaí, RS 24


É Hora de Balan~o •••

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s um ano vai terminando sas situações que se nos apreseno Movimento das Equi- tam? Somos aquele casal que ajues de Nossa Senhora nos da a aliviar o peso e enxuga a láconvida ao Balanço. É o momento grima do irmão? Quando aparecem de pararmos, marido e mulher, e re- os desvios nesse caminho, coisas fletirmos , sob a luz do Espírito San- novas, qual é a nossa reação? to sobre a nossa caminhada equi- Acreditamos e aceitamos que o pista. É o momento de rever os ob- nosso Movimento está vivo e que jetivos do Movimento, seu carisma precisa ser sempre atual, em e sua pedagogia e, com muita sin- sintonia com as orientações da ceridade, fazer uma Igreja, porque está inavaliação quanto à nosserido no mundo? sa pertença, se estaO Movimento das mos em sintonia com as Equipes de Nossa SeSer equipista orientações e os pronhora elegeu seis priopósitos das Equipes de ridades que todos conão é a única Nossa Senhora. O nosnhecemos, porque são so balanço vai ser muisempre reforçadas em maneira para to proveitoso à medida todos os eventos. Como estamos, em em que formos verdao casal viver casal, vivendo esta esdeiros e sinceros nestas reflexões. colha? Priorizamos o cristãmente Primeiramente, trabalho da Pastoral gostaríamos de lemFamiliar em nossa pao seu róquia/diocese? Já nos brar que ser equipista não é a única maneira dispusemos a coordeMatrimônio. para o casal viver crisnar uma Experiência tãmente o seu MatrimôComunitária? nio. Se não, como era Meus irmãos, há antes, na era pré Cônego Caffarel? um outro aspecto de fundamental O Movimento das Equipes de Nos- importância a ser destacado: Deus sa Senhora é um caminho e, como nos chama como casal. Não podetal, deve ser assumido com trechos mos nos esquecer de que as Equimais difíceis de serem percorridos, pes de Nossa Senhora são um Mocom lombadas, com desvios, com vimento de casais, cujo carisma é a cruzes, conforme o documento da espiritualidade conjugal. Há um leCNBB estudado em 1997. Dessa que de opções de engajamento denforma, poderíamos nos perguntar: tro da Igreja; há outros Movimenaté que ponto ou de que maneira tos com carismas diferentes que não vivemos estes momentos na nossa podem ser ignorados, pois seriam, equipe? Como reagimos diante des- talvez, a escolha certa para muitos.

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E a vivência da Partilha e das três atitudes? Como é isso visto por nós? Como nos preparamos durante o mês para partilhar na reunião? Encaramos a partilha dos Pontos Concretos de Esforço como relato de nosso "itinerário de conversão"? Ou é para nós muito complicada e dolorosa essa abertura? Não nos sentimos à vontade e nem com vontade de falar de nós mesmos? Quando fomos convidados para ingressar nas Equipes de Nossa Senhora informaram-nos (ou deveriam tê-lo feito) que o nosso objetivo, como casal cristão equipista, é caminhar para a santidade. Os Pontos Concretos de Esforço são meios que podem ajudar, e muito, na nossa conversão, na vivência das três atitudes propostas. Vamos para a reunião para, junto com os irmãos, dividir nossos sucessos e insucessos e dali sair revigorados com a certeza de que, a partir do momento que saímos de nós para partilhar nossas dificuldades, as graças de Deus são abundantes. Se tudo isto é tão bom, se a misericórdia de Deus é tão sensível, se os Pontos Concretos estão à nossa disposição para servir de alavanca para o nosso crescimento e, conseqüentemente, para a consecução do nosso objetivo, é de se estranhar que haja casais com dificuldade eterna na vivência deles e que vivem esse momento sublime da Reunião de Equipe como alguma coisa contra eles. Mais uma vez perguntamos: será que é este o caminho para o qual foram chamados? Até aqui refletimos sobre o chamado de Deus; agora vamos pen-

sar um pouco na nossa resposta, em que temos servido na expansão e formação das Equipes de Nossa Senhora. Se somos hoje um casal equipista, foi devido à disponibilidade de um ou mais casais que aceitaram a missão de pilotagem, coordenação de Experiência Comunitária, entre outros. Certa vez, dissemos a uma equipe que estávamos pilotando que só acreditaríamos na eficácia de nossa missão como Casal Piloto no dia em que víssemos cada casal ali pilotando uma equipe ou coordenando uma Experiência Comunitária. E é verdade, irmãos, sem expansão o Movimento não sobrevive. Mais uma reflexão: como reagimos diante de um convite para uma responsabilidade no Movimento? Se não fomos ainda convidados, outra pergunta: em nossa oração conjugal nos colocamos disponíveis a esse convite? O Senhor sabe que estamos prontos a dizer SIM? Em nosso dever de sentar-se sempre conversamos sobre nossa responsabilidade como batizados e avaliamos que tudo o que recebemos até agora não é para ser enterrado? Temos consciência de que todo dom é um dom de serviço e que só o serviço aos irmãos é que pode realizar o ser humano? Vivamos intensamente esse Balanço e que possamos daí sair renovados em nossas esperanças de casal cristão. Que Deus nos abençoe sempre.

Regina Lucia e Cleber Equipe 60 Região Rio III 26


Depois dos Quarento/ ~

1

Costuma-se chamar atenção ~ para algumas características e de- ,lM safios vividos pelos casais em torno das bodas de prata ou um pouco I~ mais, ou entre os quarenta e cin- ~ qüenta e poucos anos de um ou de ~ outro. Os filhos deixam o lar. A ~ mulher vive o momento da me no- ~ pausa e o homem se preocupa com 111 a perda da virilidade. Por vezes o período coincide com a aposentadoria de um, de outro e, eventualmente, dos dois. Quando o casal não foi se constituindo com bases sólidas nas fases precedentes de sua história podem aparecer dificuldades que, por vezes, parecem intransponíveis. O casal, com efeito, se constrói ; desde os primeiros anos. Cria-se um L-- -41 projeto conjugal, familiar e espiritual. Esse tríplice projeto vai sendo realizado lentamente. Pode acontecer que um casal se oriente basicamente na direção dos filhos e tenha esquecido de criar um companheirismo entre marido e mulher. Ao longo da vida, um e outro, se deram conta de que o parceiro nunca iria mudar. As coisas foram sendo toleradas e os problemas sendo varridos para debaixo do tapete. Aceitou-se a convivência por causa dos filhos. As coisas ficam mais delicadas ainda se houve infidelidade e outras feridas mal cicatrizadas. Casais que viveram sempre vidas paralelas poderão sentir insuportável a continuação de sua união no momento da partida dos filhos. Os dois nada têm a se dizer. Não existe realmente comunhão de vida. O rela-

casal é uma realidade dinâmica. Há os primeiros anos de convivência marcados por descobertas e surpresas e a chegada dos primeiros filhos. Há uma segunda fase da vida a dois no tempo em que as crianças vão crescendo, ingressam na adolescência e chegam à juventude. Uma outra etapa do casamenta e da vida familiar se verifica depois dos quarenta anos de vida de um e de outro, por volta da comemoração das bodas de prata e no momenta em que a casa vai ficando vazia. Segue-se, então, um tempo que poderia ser caracterizado pelas tintas do outono da vida, antes que a velhice venha marcar a história de dois que começaram a se querer bem talvez há mais de cinqüenta anos.

O

l!s

Estão na plenitude de seus dias e carregam forte bagagem de experiências. Tais casais são os melhores agentes de pastoral de acompanhamento dos noivos e de outros casais. 27


cionamento sexual foi medíocre, sem vivência de delicada e terna harmonia. Talvez ele sempre tenha se interessado demasiadamente por sua profissão e se tenha dedicado quase que exclusivamente a seus planos pessoais. Ela se ocupou ou foi levada a se ocupar dos filhos e somente deles. E entre os dois foi se criando uma distância que, no momento da fase dos quarenta, se torna intransponível. Pode ser que, mesmo sem brilho, o casamento continue de fachada. A mulher começa a se interessar pelos netos, volta a estudar, enche o vazio de sua vida com jogos de carta e chás com amigas nem sempre muito profundas. O marido tem suas ausências ou, quando volta à casa, permanece mais ou menos silencioso. Há aqueles que se separam. Pode se dar que o homem (também a mulher), nesse período da vida, principalmente porque seu casamento nunca tivera viço, encontre uma mulher bem mais nova e passe a viver com ela. E então aparecem feridas e mágoas difíceis de serem superadas e esquecidas. O amor não foi alimentado e deixou de existir. O casal, depois dos quarenta, começa uma nova etapa de sua história conjugal e familiar. Há muitos que falam de um recasamento. Retoma-se o projeto inicial e os dois traçam as linhas de um estilo de vida diferente. A vida do casal passa menos através dos filhos. Os dois precisam reaprender a habitar a sua casa. Haverá, talvez, tempo para conversas mais demoradas, saídas, estudos que um e outro gostariam

É preciso

aprender a reabitar a casa depois dos quarenta.

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de ter feito, sobretudo quando já estejam aposentados. A vivência íntima se revestirá de nova ternura. Os dois poderão, quem sabe, dar mais atenção a seus pais doentes e idosos, o que parecia difícil quando as preocupações com os filhos ocupavam o primeiro plano. Há pessoas que, nesta época, se ocupam daquilo que foi sendo sempre deixado de lado. O casal que vive nesta quadra de sua vida poderia intensificar sua vida espiritual. Os dois poderiam fazer cursos de aprofundamento cristão, participar de retiros, rezar em casa mais demorada e substanciosamente. Quem sabe poderiam adquirir o hábito da missa diária. Cuidarão os dois de não interferirem na vida de seus filhos casados e, discretamente se colocarão a serviço deles, quando necessário. O casal deverá, no entanto, dar a entender que tem sua vida, seus programas e seus compromissos. Acrescente-se ainda que o casal, neste período da vida, com sua experiência humana e cristã, poderá assumir maiores responsabilidades em sua comunidade paroquial. Estão na plenitude de seus dias e carregam forte bagagem de experiências. Tais casais são os melhores agentes de pastoral de acompanhamento dos noivos e de outros casais. Trata-se, efetivamente, de um novo casamento. Não existe um momento preciso e bem determinado de começo dessa nova quadra da vida. Nossos tempos tornam difícil a superação da crise do meiodia da vida. Vivemos numa sacie-

Trata-se, efetivamente, de um novo casamento. Não existe um momento preciso e bem determinado de começo dessa nova quadra da vida. dade erotizada e sexualizada ao extremo. A perda da virilidade e a chegada da menopausa constituem problema para alguns. Outros, ao contrário, encaram as coisas com grande tranqüilidade. Quando o casal não soube cultivar um companheirismo nas etapas precedentes tem enormes dificuldades de vencer a solidão a dois. Quando o casal não viveu uma espiritualidade conjugal sólida, neste momento de suas vidas, continuam com uma vivência cristã individual. Em todo caso, marido e mulher se escolhem novamente e se prometem amor, carinho e fidelidade de uma maneira bela e nova. O que não pode e não deve acontecer é que o casamento seja, sem mais, tolerado e empurrado para frente.

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM- SCE da Equipe 5Guaratinguetá, SP (Extraído do Jornal das ENS Sorocaba, SP) 29


Experiência do Amor de Deus

N

em sempre nós, como Igreja, temos agido como o Bom Pastor, para que todos se sintam filhos acolhidos e amados de Deus. Quantas vezes julgamos, sem mesmo conhecer as razões de atos por outros cometidos e esquecemos que a pedagogia de Deus é diferente da dos homens: Ele usa de muito Amor e Misericórdia. Sabemos que a Igreja é um agrupamento de pessoas, com suas individualidades, imperfeições e qualidades, que procuram viver a experiência de Deus. Então por que não compreendemos esta diversidade? As falhas, quando houver, devem servir de meios para o aperfeiçoamento e crescimento individual, conjugal e comunitário. Somos Igreja verdadeira na medida em que valorizamos as opções para que todos possam seguir e viver mais santamente. O respeito a estas diferenças pessoais faz com que todos enriqueçam, partilhando aquilo que somos e queremos ser. Esta é a Igreja Comunhão. Todos devemos ser testemunhas de Deus, presença de fé orante e atuante ("Uma fé sem obras, é fé morta"), para que cada vez mais a Igreja se torne mais viva e alegre. O serviço não pára por aqui, o campo está apenas se entreabrindo ... Com estas palavras, o nosso Pastor, Pe. João Sclhorst, S.C.E. 30

Setor, acolheu os casais em segunda união, no Encontro do dia 23 de agosto de 1998, que a Pastoral Familiar e alguns casais das Equipes de Nossa Senhora, promoveram na nossa Paróquia (Paróquia do Divi-


no Espírito Santo). Prosseguindo o encontro, tivemos uma palestra proferida por Valéria e Cesário Furtado, da Equipe 4. Visando a Construção da Conjugalidade destes casais, eles procuraram plantar as sementes indispensáveis para a solidificação da vida conjugal: a semente do auxílio

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mútuo, a da maturidade de sentimentos (busca da felicidade do outro, correção de falhas na própria personalidade), a do perdão, a da fidelidade (conjugal, com os filhos, a Deus e à Igreja), a da harmonia (paz de espírito : certeza da mão de Deus e de Maria a conduzi-los). Para que estas sementes possam desabrochar, é preciso regar com o Sangue de Cristo, vinho especial de primeira qualidade, transformado no Vinho do Diálogo Conjugal, da Esperança, do Amor mútuo. Para que o Amor conjugal cresça e frutifique, é preciso: Escutar e Meditar a Palavra de Deus, participar da Santa Missa, vivenciar o Amor fraterno e solidário (colocar nossos dons gratuitamente para a comunidade), esforçar-se na busca do crescimento espiritual, abrirse ao diálogo (ao novo, à mudança, discernindo o correto do falso e do duvidoso), exercitar o auxílio mútuo através da coparticipação das nossas vidas. Que possamos, todos, distribuir o Vinho das Bodas de Caná a estes e a outros casais que se encontram nesta mesma situação: o Vinho da Oração, o Vinho da Esperança, o Vinho do Amor.

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Vera e Messias Equipe 1-CRSetor, Região Minas li Varginha, MG Lúcia e Rogério Equipe 4 Coord. Pastoral Familiar Paroquial 31


Maria, Modelo de Esperan~a

storicamente, pouco se sabe obre a mulher maravilhosa ue foi Maria. Foi uma mulher comum, igual às outras de seu tempo. Mas, para conhecê-la melhor, é preciso olhar mais de perto o contexto em que ela viveu, inserida num tempo e num espaço, nas estruturas familiares, sociais, econômicas, políticas e religiosas, e dentro deste contexto, saber qual era o lugar e o papel da mulher. A mulher, analisada sob ponto de vista jurídico, assim nos revela o Antigo Testamento, era considerada como sendo mais uma "coisa" do que uma pessoa. Antes de se • ---' casar a mulher era submetida à autoridade do pai, e quando se casava passava a ser propriedade do homem que o pai havia escolhido para marido, e este era obrigado a pagar por ela uma quantia, um dote. O homem então, antes de esposo ou pai da mulher, era seu dono e patrão sob todos os aspectos. A mulher, pelo fato de seu ciclo biológico mensal, era considerada impura, e durante o período de suas regras não podia preparar comida, e qualquer lugar, pessoa ou objeto que ela tocasse, pisasse ou sentasse, automaticamente se tomava também impuro. Pesa ainda sobre a mulher o fato de ela ser vista como portadora e causadora da entrada do pecadono mundo. Outro fato que também maculava a imagem da mulher era a sua

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virgindade. Aos nossos olhos, nos dias de hoje, o termo virgem pode significar sinal de prestígio, de valor, até de dignidade, mas na Bíblia o termo assume conotação depre-

ciativa, indicando que a mulher virgem não foi capaz de atrair sobre si os olhares de um homem. A virgem é vista como sendo uma árvore seca, incapaz de produzir frutos. Mesmo diante dessa inferioridade a que a mulher era submetida, Deus escolhe uma mulher, uma virgem, a fim de que, através dela, fosse iniciada a redenção da humanidade. A lógica de Deus mostra-nos, assim, que as suas escolhas são para os últimos da terra, os pobres, os oprimidos, os excluídos. Meditamos este ano, dentro do PROJETO RUMO AO NOVO MILÊNIO, sobre a virtude teologal da esperança, Em toda a história da nossa salvação, ninguém viveu mais intensamente essa virtude do que Maria, e isso fica bem claro no seu canto de louvor, o MAGNIFICAT. Como é belo este canto. Através dele, Maria mostra-nos que entendeu toda a lógica de Deus, diametralmente oposta à lógica do homem. Ela própria constata sua pobreza, sua simplicidade, sua virgindade, enaltecendo ao Deus TodoPoderoso, porque realizou nela grandes coisas.

Mas,.•. o que é esperan~a? Embora possa parecer, o termo não é derivativo do verbo "esperar", que quer dizer, manter-se parado, inerte, imaginando que algo possa vir a acontecer em nosso auxílio. Quem olhar o significado da palavra, sob a luz deste prisma, irá se cansar, e aquele dito popular que diz: "quem espera sempre alcança", 33


pode muito bem significar: "quem espera ... sempre cansa". A virtude teologal da esperança não é nada disso. Esperança a gente não alcança, vive. Esperança é, antes de tudo, viver o momento presente de forma tal a estarmos projetando algo de melhor para nós e para os outros no futuro. Esperança está intimamente ligada à fé. Quem vive com esperança é confiante, e crê em algo de melhor para si e para os outros. O evangelho de Lucas (1, 2638) que narra a anunciação do Anjo, mostra-nos Maria vivendo em plenitude essa esperança. As primeiras palavras do anjo: "Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você"! Lucas não inventa essa frase para colocá-la na boca do anjo anunciador, ele a busca no Antigo Testamento, no livro profético de Sofonias. Este, numa época de grande decadência moral de Jerusalém, depois de ter ameaçado com os castigos de Deus, dirige à cidade este convite, no mínimo surpreendente: "Alegre-se, Israel! Fique alegre e exulte de todo o coração, ó Filha de Jerusalém!" Na Bíblia, quando Deus dirige uma mensagem a alguém, geralmente o chama pelo nome. Aqui, nós O vemos chamar Maria de "cheia de graça", "amada por Deus", e quando Deus muda o nome de uma pessoa, quer dizer que a ela Ele confere uma missão especial, a missão de permitir a realização plena do seu amor. A Deus, Maria só pode oferecer sua pobreza, sua virgindade,

e Deus a engrandeceu por isso. E quando Maria faz uma objeção, indagando como ia ser possível o nascimento de Jesus, o anjo responde-lhe: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com tua sombra". Lucas quer mostrar-nos com isso que Maria é o imaculado sacrário de Deus. As derradeiras palavras do Anjo: "Nada é impossível para Deus". Por isso não podemos desanimar, pensando que para nós não possa haver salvação, por causa de nossos pecados. Lembremo-nos sempre disso: Nada é impossível para Deus! As palavras finais de Maria: "Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade". Maria aceita com docilidade a missão que Deus lhe confiou, não se contrapõe ao projeto de Deus, coloca Nele toda a sua esperança, toda sua confiança. Maria deixa-se levar pelo Espírito Santo de Deus, fazendo operar nela uma segunda criação, permitindo assim a realização da obra redentora da humanidade. Por isso, para nós, católicos, e em especial, para nós, casais equipistas, MARIA É MODELO DE ESPERANÇA, em quem nós, pela ação do Espírito Santo de Deus, devemos espelhar-nos e deixar-nos conduzir por Ele, a fim de que Deus possa realizar também em nós grandes coisas.

Leda e José Eugênio Equipe N.S. Aparecida Torrinha, SP 34


Ora~ão

do Dia Nacional dos Leigos e Leigas

Senhor Jesus Cristo, Tu, que caminhaste no chão deste mundo, testemunhando o projeto de Deus para a humanidade, ensinando os homens e mulheres a viverem a radicalidade dos valores do Reino de Deus, chamando todos para a decisão do seguimento e para assumir as exigências da missão, Faze com que nós, cristãos leigos e leigas, respondamos com a vida ao Teu chamado, na nossa vida pessoal, na família, na comunidade, no trabalho, na ação política e na sociedade. Que hoje se revigorem em nós as motivações e a graça dos sacramentos do Batismo e da Crisma, doados pelo amor da Trindade Santa, tornando-nos "protagonistas da evangelização", testemunhando presença na construção de uma sociedade justa e solidária. Que nossa disposição de conversão nos leve a amar os excluídos e a superar a exclusão - dos menores abandonados, dos doentes, da mulher, do negro, dos povos indígenas, dos alcoólatras, dos encarcerados, dos drogados, dos idosos e dos moradores de ruapara assumir com responsabilidade e discernimento a exigência de novos ministérios, respondendo criativamente aos desafios de nosso tempo, Rumo ao Novo Milênio. Amém.

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Obrigado! Perdão! Obrigado Senhor! Porque posso a comida escolher; enquanto milhões não têm o que comer; porque posso a bebida variar; enquanto milhões não têm o que tomar. Porque tenho um trabalho a me suprir, enquanto milhões não têm como produzir; porque tenho o conforto de um lar, enquanto milhões não têm onde se abrigar; porque tenho a Ti, indicando o meu caminho, enquanto milhões perambulam pela vida, sozinhos. Perdão Senhor! Por todos aqueles que, alimentando seus vícios, provocam tantos e tão grandes desperdícios; por todos aqueles que, tomados pela sede de poder, se afogam na ganância, e vivem a corromper; por todos aqueles que, tendo a chance de trabalhar, tomados pela indolência, levam a vida a parasitar; por todos aqueles que, abandonando seus lares, provocam tantas dores, a milhares; por todos aqueles que, sem ter a Ti por estrela-guia, se perdem pela vida, dia após dia.

Noel (da Daisy) Equipe 21A Nossa Senhora da Glória Fortaleza, CE

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O que Constrói e o que Destrói o Casamento

Por Causa de um Colchão - ou A Linda História de José Nilman

William Rabio e Jack Leipert Editora Santuário

Mafalda Pereira BõingFlorianópolis -se

Os autores combinam aproximadamente trinta anos de experiência em aconselhamento matrimonial para oferecer estes conselhos e considerações práticas. A primeira parte alerta para o que destrói o casamento. Usando exemplos os autores oferecem sugestões para ajudar os casais a trabalharem juntos e minimizarem as ameaças, como a raiva guardada, a comunicação falha e a falta de valores espirituais compartilhados. Na segunda parte, eles oferecem boas estratégias que poderão enriquecer o casamento.

José Nilman é um menino cego, adotado e que morreu de câncer com apenas 12 anos de idade. Sua vida mostra ao mundo que Deus está presente na vida dos .___ _....,...,._ seus filhos e que usa instrumentos os mais inesperados para tocar corações desiludidos. José Nilman nos ensina que vale a pena apostar no amor ao próximo. A autora, Mafalda, e seu marido Álbio, pertencem ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora em -~~· Florianópolis/Se. Informações: Caixa Postal640 • 88010-970 Florianópolis-Se • Fone (048) 244.0076

Dia nacional dos Leigos e Leigas- Festa de Cristo-Rei "Espírito Santo, força criadora de vida e esperança" Conselho N acionai de Leigos e Leigas - CNL Ao oferecer um subsídio para motivar e preparar a celebração do Dia Nacional dos Leigos e Leigas, na Festa de Cristo Rei, o CNL responde à convocação da Igreja no Brasil, contribuindo para a realização do Projeto de Evangelização em preparação ao Grande Jubileu do ano 2000, o Projeto Rumo ao Novo Milênio. Confiamos que este subsídio será um valioso instru_,..-...... "' mento para ao aprofundamento de nossa consciência c,.- .-o de co-responsabilidade na Missão e de nosso compromisso e testemunho de fé para a transformação da sociedade. Informações: Rua Pouso Alegre, 259/404 • 31110-010 Belo Horizonte-MG • Fone/Fax (031) 444.3406

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Retiro

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osso objetivo é partilhar com

Aprendemos que o objetivo principal do retiro não é adquirir conhecimentos de teologia nem ouvir longas exposições teóricas sobre espiritualidade ou questões ligadas à prática religiosa. O motivo central do retiro é fazer a experiência de Deus, a experiência de amá-Lo e de ser amado por Ele. Mas para vivenciar com profundidade essa experiência, algumas condições são absolutamente necessárias. Uma delas é o silêncio. Precisamos dele para ouvir a voz de Deus. E fazer silêncio não é apenas ficar calado, mas, principalmente, educar o ouvido para escutar o que o Senhor nos fala e para ouvir o que há de mais profundo em nós mesmos. "O homem moderno padece de uma crise de superficialidade", disse Anthony de Mello. SJ. Por isso o silêncio o incomoda tanto. A aprendiza$em do silêncio é árdua e difícil. E preciso muito esforço e treinamento. Devemos começar dedicando longas horas à oração, direcionando nosso esforço maior a essa comunicação com Deus. Certamente, assim aprenderemos a ouvir sua voz que é delicada e sutil e com ela ouviremos também a voz da nossa consciência. Aqui

os queridos irmãos e irmãs equipistas, uma experiência oportuna, profícua e necessária, vivida por nossa equipe na reunião formal do mês de agosto. Estando a cerca de um mês do Retiro, que será conduzido pelo nosso Sacerdote Conselheiro Espiritual- do qual toda a equipe deverá participar - nossa partilha versou sobre esse Ponto Concreto de Esforço tão importante na busca da espiritualidade e do conhecimento de si próprio. Já no roteiro da reunião fomos convocados à releitura do material de retiros anteriores e a responder se conseguimos levar à prática as propostas e compromissos feitos naquelas ocasiões. Junto com o roteiro vieram ainda textos de apoio excelentes, que nos instruíram sobre as motivações que devemos ter ao decidirmos participar de um retiro espiritual e forneceram orientações sobre atitudes e disposições de espírito indispensáveis ao êxito do retiro. Essas atividades realizadas antes da reunião ensinaram-nos, entre outras coisas, que participamos de muitos retiros com expectativas que fugiam ao propósito do evento.

I~

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O motivo central do retiro éfazer a experiência de Deus, a experiência de amá-Lo e de ser amado por Ele. Mas para vivenciar com profundidade essa

devemos estar atentos: vamos precisar desenvolver algumas virtudes ou pendores que são fundamentais. Uma delas é o anseio por Deus. Temos de desejá-Lo intensamente. "Deus não resiste ao homem que O deseja com ardor" (Anthony de Mello, SJ). Vamos precisar também de generosidade e coragem, muita coragem. É que nessa viagem ao mais fundo de nossa alma, poderemos encontrar verdades que vão nos incomodar e, para fugir ao desprazer, geralmente acionamos defesas inconscientes. Conhecer nossas verdades despidas de racionalizações, de justificativas apressadas, é geralmente doloroso. Mas é preciso ter coragem para escutar aquilo que preferiríamos desconhecer. Desnecessário é dizer que foi uma partilha proveitosa e com muita participação. Não há garantias, mas certamente estamos mais preparados para o próximo Retiro. Resta-nos agora pedir a Deus que nos mande o seu Espírito Santo para, com sua luz, iluminar-nos e trazernos os seus dons para sairmos desse retiro realmente transformados.

experiência,

Auxiliadora e Carlos Equipe 4 N. Sra da Piedade - Setor C Juiz de Fora, MG

algumas condições são absolutamente necessárias.

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I ="lo não na hora certa

quando a verdade o exigir. Para realizar tal intento, não podemos nos esquecer de que isso só será possível à medida em que nos imbuirmos de uma verdadeira espiritualidade. É através do nosso relacionamento profundo com Jesus, educador por excelência, tendo em nossa vida os exemplos marcantes de sua Mãe, que faremos de nossos filhos cidadãos cônscios de seus deveres, amantes do bem e da verdade. B Regina e José Rodrigues Equipe 5 N. S. Aparecida Borda da Mata, MG

Lendo o artigo "O não na hora certa", publicado na Carta Mensal do mês de agosto/98, sentimo-nos impelidos a nos dirigir à Equipe Responsável pela publicação, em especial à Vânia C. M. Castro, autora do referido artigo. Ungidos pelo Senhor, sentimos que em boa hora a autora do mesmo veio nos alertar sobre o difícil processo que enfrentamos alusivo à formação e educação dos nossos filhos, processo esse que não se constrói do dia para a noite, mas sim no dia a dia da convivência familiar. Numa época em que os Meios de Comunicação Social, a técnica da computação e outros recursos hodiernos desvalorizam os recursos familiares , faz-se mister que nós, pais, assumamos para valer o diálogo com nossos filhos, adotando a justa medida, que nos levará a elogiar, corrigir, aprovar suas atitudes, denunciando também, se for o caso, as atitudes filiais que estiverem em desacordo com o Evangelho. Necessário se torna abrirmos nosso coração aos nossos filhos, sabendo "perder tempo" para ouvir os seus anseios, questionar com eles seus pontos de vista, dizendolhes sim quando necessário e não

I ="I Os

recém-casados

Dentro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, precisava haver uma atenção especial para com os recém-casados. Seria de vital importância que os casais se engajassem na Pastoral Família, para melhor poder ajudar. É muito comum nos recém-

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casados, as necessidades de ajustes e adaptações ao modo de ser de cada um. Os noivos, oriundos de famílias diferentes, costumes diferentes, às vezes até de religiões e culturas diferentes, precisam de tempo, um grande amor e uma forte dose de compreensão, pois muitas dificuldades precisam ser superadas. No início da vida de casados, se faltar o diálogo, o casal pode passar por crises e turbulências muito sérias. É necessário uma ajuda constante, um acompanhamento, para que não aconteça a derrocada final do casamento, a separação. Nem sempre o tempo de namoro e noivado é suficiente para detectar todas as diferenças existentes, dificultando o conhecimento e um relacionamento mais sólido. Dentro do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, talvez fosse possível a criação de grupos de casais dispostos a ajudar, para que a travessia destes períodos turbulentos da vida a dois, fosse mais suave e os problemas dos primeiros anos de casados, pudessem ser superados. Também há necessidade de conscientizar muitos pais de que os

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filhos não nos pertencem, que, uma vez casados, precisam de autonomia e independência para viverem sua vida a dois, que o zelo exagerado só pode dificultar o relacionamento do novo casal, que a intromissão da família só pode prejudicar a vida dos dois. A melhor ajuda que podem dar é permitir que lutem sozinhos e resolvam os seus problemas. A CNBB tem orientado para este problema, tem alertado a Pastoral Familiar e os Movimentos relacionados à Família, para a necessidade deste trabalho. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora não deve ficar alheio, pois o terreno é bastante fértil, certamente a colheita será promissora. Nós, como equipistas, precisamos tomar consciência do tamanho do problema. Não basta pregar contra o divórcio, lutar contra o aborto, criticar leis paliativas aos problemas de separação, precisamos trabalhar e lutar para que estas coisas não aconteçam. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora é o único detentor dos Pontos Concretos de Esforço, a valorização do Amor Conjugal. Na medida em que estes pontos são vi venciados, certamente se transformarão em exemplos a se-


rem seguidos. Não podemos viver como ilhas dentro deste imenso oceano de problemas conjugais e familiares, Se não, certamente, seremos julgados pela história triste, da grande quantidade de separações que viveremos no início do Terceiro Milênio. Precisamos ficar atentos ao chamado de Deus: "VEM, EU PRECISO DE VOCÊ PARA SACRAMENTAR O AMOR" B Glória e Agostinho Equipe 70 Nossa Senhora da Penha Setor D Região Rio III

I ="!comentando a CM/agosto " .. .Começo também me juntando aos que dão os parabéns ao querido Pe. Mário, pela tese que parece ser tão linda e que espero ver em breve publicada e estudada nas equipes. Pe. Mário, eu só o conheço através das páginas da Carta Mensal; muitas vezes temos

usado suas sugestões para as partilhas, orações conjugais e meditação nas reuniões. Queridos Rosinha e Anésio, da ECIR, vocês são simples, alegres e simpáticos. Fiquei encantada com as palavras de Maria Regina e Carlos Eduardo que definiram tão bem a mística das ENS e as características do serviço nas equipes. Muito lindo. Só abrandaria no texto as palavras "sempre, fatal, nunca" porque são excessivas e indicam perfeição demais. O texto histórico do Peter Nadas merece um elogio, está excelente, uma beleza. Li o texto "O não na hora certa", para minha nora, que falava exatamente sobre esta questão dos limites e da permissividade. Ela adorou ... E a Lucila do Eduardo (São Paulo) já passou a fazer parte do rol de meus pedidos de oração, diariamente .. . Fiquei feliz de ver o nome dos queridos Beth e Romolo no artigo sobre a tese do Padre Mário. Estava com saudades ... [8J Carmen Sylvia (do José Carlos) Equipe N. S. de Lourdes Niterói - RJ

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O Leite Azedo azia dias que Pedro Henrique, nosso filho mais velho, solteiro, achava-se hospedado em nossa casa na zona rural, na árdua e constante lida relacionada com aquela atividade. Logo à nossa chegada, minha esposa deu de escarafunchar tudo, e o alvo das primeiras providências foi a geladeira, onde havia uma vasilha com leite azedo. De imediato Pedro foi pegando aquele trem e se encaminhando para algum lugar do terreiro, para jogar fora o conteúdo. - Não, não, não jogue fora, não! -falei apressado. Vou fazer um doce com este trem. Acendi o fogão de lenha, dei uma boa limpeza no tacho e, daí a instantes, com uma colher de pau eu remexia, a intervalos, o leite azedo e mais uns quatro litros de outro bem fresquinho. Juntei uma pitadinha de sal e bicarbonato, e ficou faltando o açúcar, que eu não sabia a quantidade certa. Dei um grito e Daisy veio logo com a resposta: - Um copo de açúcar para cada litro de leite! E lá foi o açúcar encontrar-se com o leite azedo, o leite fresquinho, o sal e o bicarbonato. Só que a lenha não era lá muito boa. Umas tabuinhas de nada, queimavam depressa e o fogo logo acabava. Dava fogo, mas não por muito tempo. Não era fogo para o meu doce de leite azedo. O tempo, que estava bom, deu

para chover - uma bênção! Peguei um velho guarda-chuva por mim reformado- que fica sempre aberto, que as varetas improvisadas são maiores que as originais - e fui à cata de melhor lenha. Não é que o velho guarda-chuva estava sendo útil? Encontrei um pau que me pareceu ser bom de fogo. Apesar de já encharcado, ajeitei-o no ombro e retornei ao fogão, equilibrando o guarda-chuva para não me molhar. Pegava alguns pingos, mas não me incomodava, afinal eu encontrara a lenha que ia proporcionar-me um bom fogo, o fogo necessário para aprontar o doce do leite azedo. Não deu outra. A chama produzida não tinha igual! Nos intervalos das mexidas eu me sentava de frente para a mata, pegava a Carta Mensal e ficava a folhear as suas páginas. Li sobre o Ipê - de Silvia e Chico. Depois fui indo, passei por inúmeros bons artigos e esbarrei na página 35. Aquilo me animou! Não que eu estivesse aborrecido, nada disso. Logo em seguida, "Brilhar Sempre". Aí olhei para o fogão, a ver se o fogo continuava aceso, fervendo meu doce de leite azedo. Gostei muito também dos "Três Fios de Cabelo". Quanta persistência, perseverança, fé- e companheirismo acima de tudo!

F

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Companheiro Invisível". E o doce? Foi uma gostosura, sô! Quantas vezes, em nosso Movimento, deparamo-nos com o que chamam de casal-problema, que é uma batata podre ou um leite azedo!!! Eu mesmo já disse: "O camarada não quer nada, aquela coisa insossa. É melhor sair!" Ninguém é tão azedo que não possa dar um bom doce! Bendita a hora em que deparei com aquele leite azedo! Bendita a hora em que encasquetei de cuidar dele, transformando-o naquilo que deu! Não foi, contudo, apenas meu esforço que o demudou num agradável manjar. Daisy apontou a dose certa do açúcar e a natureza deu a lenha que proporcionou o calor para a fervura. Sem calor- calor humano - nada vai adiante. Retroage! É necessária também presença constante, senão a fervura se avoluma e o conteúdo se esparrama, consumindo-se na quentura excessiva do fogo que dá o ponto. Ou então o fogo se extingue e a mistura dá em nada. Se toparmos com algum "leite azedo", demos um jeito de misturálo ao que julgamos fresquinho, juntemos outros ingredientes e, importante, cheguemos a ele um bom "calor" para deixá-lo no ponto.

Quantas vezes, em nosso Movimento, deparamo-nos com o que chamam de casal-problema, que é uma batata podre ou um leite azedo!!! Ninguém é tão azedo que não possa dar um bom doce! Fiquei assuntando: além de sal, bicarbonato e açúcar, quanto ingrediente ainda falta na vida das pessoas!!! Fui até o tacho, dei umas mexidelas com a colher de pau, aticei o fogo e voltei à Carta Mensal. Aquelas duas últimas leituras deram-me muito o que pensar... O doce do leite azedo era apenas e tão somente mais um detalhe, porém muito importante. Pena que meus companheiros de equipe não estavam ali, para eu partilhar com eles aquele meu estado de espírito. Aliás, desde a hora em que peguei o desajeitado guarda-chuva e me vi com aquele pesado e escorregoso pau-de-lenha nos ombros, tudo por conta de um leite azedo, vieram-me à lembrança algumas meditações feitas na Equipe sobre quem se considera um peso para os irmãos. A página 41 foi como o ápice das leituras que fiz! De outra feita falarei de "O

Gabriel (da Daisy) Equipe 7 Campinas, SP 45


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Liturgia do Chimarrão

zer o ch"1marrao, - senhor, euma liturgia completa". Tomo emprestado este pensamento do Pe. Zeno (Paróquia São Sebastião do Porto Alegre) para refletir um pouco sobre o assunto, associando o ritual do chimarrão à mística e à espiritualidade próprias do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Estas pequenas comunidades de casais, que se reúnem periodicamente, para celebrar a presença do Senhor em seu meio, par-

tilhando o pão e a vida, no testemunho sincero do grande amor que os une, exercitam o serviço e a doação no maravilhoso evangelho do auxílio mútuo. Este mistério, patrocinado pela Virgem Maria, é um ato litúrgico, na vivência dosacramento do matrimônio, e o hábito do chimarrão - tão cultivado entre as famílias do sul- faz com ele um bom casamento. O verde da erva evoca a esperança, virtude infusa como o mate,

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e no calor da infusão adquire uma tonalidade mais marcada, mais madura. O calor do lume aquece a água e a sua chama simboliza a luz da fé, dando vida e vigor ao chimarrão. Não se toma mate frio, que é coisa de outras gentes, e o morno, pior que o frio, nem há moleque que agüente. A cuia, em formato de coração, é porongo de tez morena, que passa de mão em mão, acariciada com carinho e afeição. Lembra o poço de Jacó, do qual se sorve, até o fundo, o precioso líquido que mata a sede e clareia a razão. No compasso dela, se escuta e medita e a conversa se esparrama, e se aprendem lições, como com Jesus a samaritana, tirando do "amargo" um novo sabor de correção. Quantos casais fazem do bom "vício" um "dever desconhecido", ao passar a limpo o cotidiano, sentaditos lado a lado, na presença do Senhor, num diálogo sossegado, ao fim da faina, abrindo o "poncho" da alma para conhecer a alheia convicção. Não apetece matear sozinho. A roda de chimarrão favorece o encontro e a comunhão. É convite de irmão para irmãos. Não há estranhos neste convívio, onde todos sorvem a infusão pela mesma bomba, seja ela de simples metal, prata, ouro ou latão, lisa ou trabalhada ... não importa. Ela tece a comunidade e mostra que, na verdade, igualdade não se alardeia em discussão, mas se vive com decisão. A velha bomba marcada, passa de um para o outro, desman-

chando a separação entre o Pedro e o João, entre o peão e o patrão, entre gente de todo o padrão, sem excluir pessoa de má condição, desde o sério ao folgazão, pobres e ricos, mulheres e homens, do piá ao madurão, todos se acercam do fogo de chão, para participar do mate na sua vez e ocasião. Neste ritual do chimarrão, desaparecem as diferenças: é costume de galpão, todos matearem como irmãos. O exercício de servir fortalece o acolhimento, no obsequiar, no agregar, criando fraternidade na relação. Liturgia ... mas e a música? Não falta não. Há sempre um tal que pega do violão e, dedilhando uma canção, traz à roda um vaneirão, uma milonga, um chote e uma rancheira ... e quando vem o chamamé então ... Alas puxa! Ninguém resiste: se cantando se reza duas vezes, dançando se faz o triplo. Os olhos se procuram, fuzilam os recados de um jeito, mais velozes que pensamento. O peão junta a prenda num abraço cinchado, pra nunca mais se apartar, e vão floreando paixão, riscando o chão do salão, girando aos acordes das cordas, das cordas do coração. É o amor, é a liturgia da vida, preciosa celebração, que Deus criou há uma montão, e não se cansa de animar com seu Espírito desde o tempo de Adão.

Maria da Graça e Eduardo Eq. N. Sra. do Bom Conselho Setor B Porto Alegre, RS

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Vinte e Cinco Anos

Os vinte e cinco anos que passamos juntos ... Foram belos sonhos, que sonhamos juntos; Foram alegrias, as que sentimos juntos Foram nossas filhas, pois tivemos juntos Foram esperanças alimentadas juntos. Foram duras lutas, mas lutamos juntos Foram risos fáceis, mas sorrimos juntos E doce o pranto por chorarmos juntos. Já há vinte e cinco anos nós rezamos juntos. Hoje, entendemos o sentido da vida, É para nós encanto e longa caminhada, Temos a graça plena de dizer sorrindo: Obrigado Senhor por estarmos juntos!

Fátima e Rubens Equipe 7 - Setor E São Paulo, SP

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MEDITANDO EM EQUIPE Do capítulo 22 a 24 Lucas conta-nos a morte e a ressurreição de Jesus . A morte foi ara ele a conseqüência de suas atitudes . Ele amava a vida e temia a morte (22,42ss) . ~ceitou-a, porém, para se manter fiel a seu compromisso com o Pai e com a humanidae. Foi fiel até o fim .

Leitura: Evangelho de Lucas 22, 39-46 • • • • •

Tenho objetivos claros para a minha vida? Até que ponto estou disposto a chegar para atingi-los? Oual tem sido minha fidelidade em procurá-los? Oue pontos devo remediar mais urgentemente? Perdão, Senhori sou fracoi ajudai-me a ser fiel.

Ora~ão

litúrgica:

Salmo 85 (1-5 .11) enhor, presta atenção, responde-me, orque sou pobre e infeliz . ~ uarda-me, porque sou fiel, heu Deus salva o servo que em ti espera . iedade de mim, Senhor, ti eu clamo o dia todo . ~legra a vida de teu servo, ti, Senhor, elevo a minha alma.

Tu és bom, Senhor, e perdoas, és cheio de misericórdia com todos que te invocam ... Mostra-me, Senhor, o teu caminho, para eu caminhar na tua verdade, faze que meu coração tema apenas a ti, Senhor

Pistas para a ora~ão coniugal • Primeiro, desenvolva bem sua oração pessoal. • Segundo, queira bem seu marido ou sua mulher, a ponto de querer partilhar com ele ou com ela o que você tem de melhor. • Terceiro, reserve para essa oração o tempo que lhe parecer proporcional a seu amor a ela, ou a ele, e a Deus . • Ouarto, de vez em quando, os dois tenham a coragem de ficar em silêncio, apenas escutando a Deus e o coração do outro.


Orienta~ão

de Vida: Convidados às Bodas de Caná • ''Eles não têm mais vinho'' • ''Fazei tudo o que Ele vos disser'' • "Enchei de água as talhas"

EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de Casa is por uma Espiritualidade Conjugal R. Luis Coelho, 308 • 5° andar • cj 53 cep 01309 -000 São Paulo - SP Fone: (011) 256 .1212 • Fax: (01 1) 257.3599 E-mail : equipes@virtua l- net.com .br


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