ENS - Carta Mensal 312 - Setembro 1995

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lll Carta Mensal Equipes de Nossa Senhora

Diretrizes da CNBB

Mês da Bíhlia O Prin1eiro Ano Santo de 1300

NatiYidadc de Maria

Ano XXXV - No 312 - Setembro/95


~)EQUIPES

DE NossA SENHORA

CARTA MENSAL Nº 31 2

SETEMBRO/ll 995

/

INDICE Editorial A Espiritua lidade e o Amor ................... 01 A ECI R Conversa com Vocês ........... .. ... 02 Internacional Deus Precisa dos Homens .......... ... ....... 04 Mensagem da ERI ........ ................. .... .... 06 Orientação de Vida .............................. 08 Prioridades ........ ........... ... ........ ............. 1 O Igreja ... ..... .. .......................................... 13 Maria ... ....... .. ............... ..... ...... ..... ... .... .. 17 Mês da Bíblia .... ... ..... .. ..... ........ ...... .... .. . 19 Formação .. .... ... .... .. ......... ..................... 22 Vida do Movimento .. ...... ......... ............. 29 Entrevista .................. ......... .. ................. 34 Atualidade .......................... ...... .......... .. 37 45 Anos das ENS no Brasi l .. .... ........... ... 38 Notícias e In formações ..... .. ... .... ........ ... 41 Nossa Biblioteca ..... ... .. .. .. ..... ... .... ....... .. 43 Oração .... ... .. ... ........... .... ............. ...... ... 44 Reflexão ............................................... 46 Ú ltima Página ......... ..................... ..... .... 47

Carta Mensal é uma publicação das Equipes de Nossa Senhora Edição: Equipe da CG/ta Mensal Fone:(Oll) (f)4-8833 M. Thereza e Carlos Heitor Seabra (responsáveis) Maria Célia e João de Laurentys Nilza e Maurício Oliveira Blanche e Lauro F. Mendonça Maria do Carmo e José Maria Whitaker Neto Rita e Gilberto Can to Pe. Flávio Cavalca de Castro, CSsR (Cons . Espiritual) J ornalista Responsável: Catherine Elisabeth Nadas (MTb 19835) Diagramação e Ilustrações Maria Alice e lvahy Barcellos Capa: Eros Lagrotta/ lgar Fehr Composição e Fotolitos: Newswork R. Venâncio Ayres,931 São Paulo Fone:(01 1 )263-6433 Impressão e Acabamento: Edições Loyola Rua 1822, 347 Fone: (011) 914-1922 Tiragem desta edição: 8.800 exemplares


Editorial

A

ESPIRITUALIDADE E O AMOR Queridos equipistas

Paz e Bem! Lendo um artigo numa revista que tinha como título A espiritualidade pode dar mais espaço para o amor, comecei a refletir sobre isso em minha vida e na vida de vocês, casais do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. De fato, isso acontece, pois, entende-se a espiritualidade como um sentimento de busca de transcendência, de valor e sentido para a vida e a mesma faz parte da vida humana. Esse sentimento estimula o crescimento de outros, aumenta nossa afetividade e sentimentos de tolerância, generosidade e compreensão brotam em nossos corações. Ao percebermos que quanto mais nos empenharmos em abrir-nos aos outros, mais poderemos entender a proposta que Deus tem para cada um de nós, é que vamos alargando e aprofundando nossa dimensão espiritual. Perceber as delicadezas que Deus faz a cada um de nós, sentirmo-nos amados por esse Deus que caminha conosco e vê-lo no rosto do nosso próximo, em seus apelo, sentimentos e necessidades é estar aberto a uma espiritualidade encarnada. Façamos um teste: "Neste Mês, como Você Percebeu a Presença de Deus em sua Vida?" Reveja-se e faça uma retrospectiva de em quantos momentos fortes Deus se fez presença. E a dois: "No que e Como você Percebeu a Presença de Deus no seu Cônjuge?" Certamente, algumas coisas lhe passaram desapercebidas. Vale a pena agradecer a Deus! Queridos casais, invistam sempre em vocês, e sei que agindo assim sempre serão felizes. Abraços e orações

Pe. Mário José Filho C.E. -ECIR


A Ecir Conversa com Vocês

Prezados Irmãos Equipistas!

A

Paz?eCristo

esteja com vocês!

Que alegria poder conversar com tantos casais, aqueles que conhecemos por todas essas regiões do Brasil e com aqueles que não conhecemos, mas, com certeza, estamos unidos pelo mesmo desejo de um dia chegarmos a Jesus Cristo. Mês de setembro, mês de balanço anual da ECIR, precisamos parar para analisarmos nossa caminhada. Durante este ano, o Senhor foi mostrando caminhos que deveríamos tomar, procurando iluminar a realidade que vivemos . O objetivo geral e objetivos específicos foram reformulados e apresentados para melhor serem trabalhados, numa proposta de caminharmos com qualidade . Assim como a vivência dos P.C.E., na busca das três atitudes. Como diz o Pe. Mário no editorial da Carta Mensal de junho-julho de 1995 : "São os PC. E. que traduzem um compromisso, não para os outros mas, e principalmente, para si próprio e após isto, nos rem'etem à santificação do nosso cônjuge". A vivência dos P.C.E. na busca das três Atitudes é o quanto caminhamos em eficiência e qualidade. 2

Qual tem sido nossa atenção quanto às prioridades? •Vida em Equipe •Formação •Comunicação •Presença no Mundo •Pastoral Familiar •Experiência Comunitária Como vão as Experiências Comunitárias? Um destaque entre as prioridades. Elas são a contribuição das ENS à Igreja através do trabalho de casais equipistas, que se dispõem a levar a outros uma maior vivência espiritual, conjugal e familiar. É uma experiência de vida em comunidade que oferecemos aos casais a partir de nossa própria vivência, despertando-os para a importância e necessidade de uma vida comunitária, meio de entre-ajuda e crescimento. É uma forma de engajá-los na Igreja, tomandcros participantes, ativos e conscientes.


Consta do planejamento da EC/R uma pesquisa dirigida a todos os casais equipistas/ que tem por objetivo identificar o estágio atual da caminhada do Movimento das Equipes de Nossa Senhora no Bras i I.

Ainda neste balanço anual, precisamos parar e analisar. Qual tem sido nossa vivência quanto ao Carisma nas suas três dimensões?

13 dimensão: Espiritualidade Conjugal •busca da unidade na plenitude

2a dimensão: Comunidade Cristã de Casais •auxílio mútuo •sentido de pertença à Igreja

3a dimensão: Sinal de Amor Transformador •leigos protagonistas Escolhemos quatro projetos para serem desenvolvidos. São os seguintes: •Nova Imagem do Casal •Projeto Conjugal •Experiência Comunitária •Sacerdote - Conselho Espiritual Estão em andamento.

São os P.C.E. que traduzem um compromisso/ não para os outros mas/ e principalmente/ para si próprio e após isto/ nos remetem à santificação do nosso cônjuge. Consta do planejamento da ECIR uma pesquisa dirigida a todos os casais equipistas, que tem por objetivo

identificar o estágio atual da caminhada do Movimento das Equipes de Nossa Senhora no Brasil. Por isso, ela faz parte, neste ano de 1995, do Balanço Nacional, que estará sendo feito no mês de novembro. Esta iniciativa é de âmbito nacional, sendo ao mesmo tempo instrumento de balanço da vivência do casal na equipe e no Movimento, para uma melhor preparação na virada do século que se aproxima. Como equipe e como casal temos vivido as Orientações? (Bodas de Caná) Que esforços temos feito para que as orientações sejam bem assimiladas? Temos alguns exemplos significativos de engajamentos dentro do sentido da orientação? Que o Senhor possa transformar em vinho a água que trazemos: disponibilidade, vontade de ser instrumento na construção do Reino e que tenhamos a força e as Luzes do Espírito Santo, que assim conduzirá o balanço anual. Enviamos o nosso carinhoso abraço a todos os irmãos equipistas.

Maria Cecaia e Gaspar EC/R 3


Internacional DEUS PRECISA DOS HOMENS m velho romance de Henri Queffelec conta a história da ilha de Sein e seu pobre sacristão, Thomas Gouvernec, convertido em vigário, malgrado sua ignorância. Afastados do mundo, algumas famílias de pescadores, rudes, sofridos, saqueadores, desamparados, supersticiosos e violentos, habitando a ilha desesperadamente selvagem, viviam esquecidos do resto do mundo, num lugar miserável onde nenhum sacerdote se sentia capaz de exercer seu ministério.

U

Todo cristão é um predestinado/ um escolhido para uma missão de testemunho. Pelo batismo ele se torna um enviado para fazer presente a salvação no meio dos homens. Mas os homens, apesar de suas atitudes grosseiras, de seu comportamento miserável, tinham necessidade de alguém que lhes falasse em nome de Deus e que O tornasse presente além do repicar dos sinos e das velas acesas na pequenina igreja da vila. Thomas Gouvernec, depois de penosas aventuras, terminou ordenado padre pelo bispo, para servir o 4

povo da ilha. Eles tinham nece•.sidade de Deus; e Deus precisou de um homem para estar presente no meio dos homens. A escolha de Deus é bem misteriosa. Ele se manifesta freqüentemente de modo a nos deixar atônitos, mas nos tranqüiliza porque sabemos bem: é Deus que se encontra no final da nossa história de mulheres e homens engajados na aventura da vida. Estamos como sobre uma ilha perdida no oceano da história. Mas nosso papel de seres vivos é apaixonante. Como Thomas Gouvernec, todos os dias descobrimos os sonhos de Deus sobre nossas vidas, porque, como Thomas, nós sabemos que somos consagrados a uma missão que nos ultrapassa. Trazemos ao mundo a prova do amor pessoal e universal de Deus, somos os testemunhos d' Ele na nossa realidade histórica, num mundo que procura Deus noite e dia- talvez sem sabê-lo- ou fazendo de conta que O Ignora. Malgrado nossa pobreza e nossa passividade, Deus nos escolheu e nos colocou entre os homens para ser a presença viva do seu amor. Todo cristão é um predestinado, um escolhido para uma missão de testemunho. Pelo batismo ele se torna um enviado para fazer presente a salvação no meio dos homens. Pelo sacramento do matrimônio os casais cristãos penetram mais profundamente no tecido da existência. Eles são sementes de transformação, ponto de referência do encontro do homem com o Absoluto, porque Deus os escolheu para ser sua imagem sobre o longo caminho da busca de respostas para as suas nostalgias. Sentir-se escolhido por Deus é sa-


Sentir-se escolhido por Deus é saber ·que Ele nos acompanha na nossa trôpega marcha/ nos dias de deserto e nos de alegria; é estar consciente de que o dedo de Deus nos aponta o itinerário/

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ber que Ele nos acompanha na nossa trôpega marcha, nos dias de deserto e nos de alegria; é estar consciente de que o dedo de Deus nos aponta o itinerário, aplaina a rota, clareia as trevas. Deus nos quer presenças ativas para realizar seus sonhos a respeito dos homens. Eis a essência da nossa vocação de casais cristãos e o grande desafio da nossa fé viva num mundo sedento de eternidade. Mas, contrariando isso, como dizia o poeta: Nada vale, tudo é possível e tudo é tristemente vão se o espírito, flecha sem alvo, no tempo irreversível extravia um sonho divino. Sentir-se objeto da escolha de Deus para torná-Lo presente na obra misteriosa da transformação do mundo a cada dia, na paz ou na discórdia, na plenitude ou na miséria, no desânimo ou na esperança ... Sentir-se escolhido por Deus para uma missão que nos ultrapassa, mas que encontra n'Ele seu sentido, sua força e sua plenitude. Se existe um carisma dentro das Equipes de Nossa Senhora certamente será este.

Cristobal Sàrrias S.J. C.E.ERI

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MENSAGEM DA

E.R.I.

a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 6, 38) Seguir Jesus Cristo exige pois uma busca assídua da vontade de Deus, uma Caros amigos do mundo inteiro: aceitação dessa vontade que aos poucos vai se tornando explícita ao longo Pertencemos às Equipes de Nossa de nossa vida. Senhora porque, certamente, queremos ser É preciso estarmos atentos às manifiéis à promessa de amor feita um ao oufestações de Deus na nossa vida; é pretro, porque queremos realizar a aspiração ciso sabermos escutar o que Ele nos diz de felicidade existente em nosso coração através delas. Saber escutar é saber cae também porque queremos responder ao lar, é fazer silêncio interior, reconhecer apelo à santidade que Deus nos dirige. a precariedade de nossa condição humaO livro do Gêneses coloca o casal na, é sermos receptivos à Vontade de Deus no centro da criação: Deus criou o homem que se revela sobretudo na sua Palavra. à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, É preciso aprender a escu tar, a discriou o homem e a mulher (Gn 1, 27). cernir a vontade de Deus. Esse aprendiQue Deus tenha conferido ao casal tal zado se faz com o tempo e exige persedignidade significa certamente que seu proverança; requer reservar regularmente jeto para o casal é algo de extraordinário e um tempo para a escuta da Palavra, para que Ele lhe reservou coisas maravilhosas. a ora~ão, para o recolhimento. Este projeto precisa ser conhecido, deve E preciso estarmos preparados para ser vivido da forma mais completa possírenunciar à nossa vontade própria para vel. Esse projeto que implica amor, feliciacolher a vontade de Deus. dade e santidade, constitui um mistério que se revela pouco a pouco, ao passo e à Procurar a Verdade "Não peço que os tires do mundo, medida em que o casal caminha. As Equipes de Nossa Senhora se mas sim que os preserves do mal. Eles propõem a ajudar os casais a viver de não são do mundo, como também eu pleno acordo com este projeto, engajando- não sou do mundo." (Jo 17, 15-17) A Palavra de Deus é Verdade. Vise num caminho de conversão pessoal que conduz a uma verdadeira vida de ver na verdade é se deixar transformar casal e de família e uma abertura para os por esta Palavra, é transformar nosso modo de ser, nosso modo de viver. Mas outros, à comunidade e para Deus. A conversão é um processo que se para alcançarmos essa transf01mação, é desenvolve ao longo de toda a vida, as- necessário que tomemos consciência de similando progressivamente uma nova nós mesmos, é preciso assumir nossa maneira de ser, um novo modo de vi- realidade e nos construir a partir dela e ver, que se inspira na vida de Jesus Cris- não a partir de uma falsa imagem de nós mesmos. É sobretudo pela confrontação to e nas suas atitudes interiores. da nossa vida com a Palavra de Deus, Busca assídua da vontade do Pai "Pois, desci do céu, não para fazer durante os tempos da oração que nós nos

Atitudes de vida e Pontos Concretos de esforço

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A conversão é um

processo que se desenvolve ao longo de toda a vida.

conhecemos verdadeiramente, com nossas forças e fraquezas, mas os outros e principalmente nosso cônjuge podem nos dar uma ajuda importante nesse sentido. Deus nos fala, nos interpela também através do nosso cônjuge, dos outros, das pessoas que conhecemos pessoalmente e mesmo através das que não conhecemos, dos acontecimentos de cada dia, na realidade que nos circunda...

Viver o encontro e a comunhão "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Deilhes a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim." (Jo 17, 21-22) O desejo de viver em comunhão com Deus esteve sempre presente no coração do ser humano. Em Jesus Cristo esta comunhão torna-se realidade. A participação no corpo eucarístico de Cristo realiza, ao mesmo tempo, a comunhão com o Filho e a união dos membros do corpo. (Segundo 1 Co 10, 16-17). A união fraterna dos primeiros cristãos foi resultado da fé comum em Jesus, do desejo de, juntos, segui-Lo, e o Amor que Lhe devotavam ocasionou, entre eles, o amor mútuo. "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. " (Atos 4, 32) Em Jesus Cristo a comunhão serealiza plenamente. Em compensação, viver o encontro e a comunhão exige todo um aprendizado. É preciso se conhecer, se aceitar, amar a si mesmo, mas ao mesmo tempo saber se descentralizar para voltar-se para o outro, ser-lhe atencioso, doar-se a ele, aceitá-lo como ele é, acolher na alegria o que ele pode dar...

Os pontos concretos de esforço nos ajudam a viver o encontro com o Senhor e com o outro. Encontro com o Senhor na Escuta da Palavra e na oração. Encontro com o cônjuge e os dois com o Senhor, na prece conjugal e no dever de sentar-se. Mas o encontro com o Senhor se dá também no acolhimento do outro, nos acontecimentos, na história da vida de cada um ... Nós, casais, estamos engajados num caminho de amor: o amor conjugal, esse amor único, exclusivo, imagem do amor entre o Pai e o Filho; nele está o ponto de partida e a chegada. Não existe senão um só amor, e Deus é o manancial dele. O amor é um dom de Deus. O dom de Deus nos faz capazes de nos amarmos mutuamente, como Ele nos ama. Crescemos nesse amor procurando amar nosso cônjuge, amando-o sempre mais. Nossa vida conjugal é a oportunidade que nos é oferecida para aprender a amar, para crescer no amor, para o dom de nós mesmos e para o acolhimento do amor do nosso cônjuge. A dinâmica desse amor que vem de Deus nos torna mais abertos ao amor dos outros. A pedagogia das Equipes de Nossa Senhora e especialmente os pontos concretos de esforço nos ajudam a viver esta comunhão de amor com Tlosso cônjuge, que nos prepara à comunhão de amor com nossos filhos, e com nossos irmãos à comunhão de amor com Deus. Que o Espírito de Deus nos anime com seu sopro para que todos nós, casais das Equipes de Nossa Senhora, consigamos viver essa comunhão de amor para nós mesmos e para todos os que nossa maneira de viver e agir possam sustentar.

Cidinha e Igar Fehr 7


BODAS DE CANÁ (5ª Maria Orienta para a Verdade de Jesus amos iniciar nossa con versa apro veitando-nos de uma frase que Elizeu e Mariola colocaram no primeiro artigo desta série. Está na Carta Mensal de Abril/ 95, pag. 9, logo no início: "Ninguém pode captar o sentido do Evangelho de João se não reclina a cabeça sobre o peito de Jesus e não recebe de Jesus Maria por Mãe" (Orígenes, 254)

V

PARTE)

O Movimento coloca para nós o Evangelho das Bodas de Caná como a grande orientação de vida para os próximos anos. Já aconteceram grandes eventos Pós-Fátima: Encontro Nacional, Encontros do Colegiado, Eacres, mini-Eacres, tardes de estudos, noites de reflexão, enfim, uma série de reuniões, com centenas ou até milhares de casais envolvidos, para tentar entender, apreender e aprender o que significa para nós, neste momento, Convidados para as Bodas. Mas será que j á despertamos para esse convite? Se a resposta for negativa, podemos responder que é porque ainda não debruçamos a cabeça sobre o peito de Jesus, e não recebemos dele , Maria por Mãe. Repousar a cabeça sobre o peito de Jesus é buscar ouvir aquilo

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Repousar a cabeça sobre o peito de .Jesus é buscar ouvir aquilo que o ouvido não ouve/ mas que o coração sente e reconhece. não ouve, mas que o coração sente e reconhece. Só o amor co preende o sentido de todas as coisas . Maria ouvia e guardava as coisas em seu coração! Pode parecer uma coisa meio parada, sem vida, sem repercussão. No entanto, Maria é a grande evangelizadora. Ela é a primeira a revelar a verdade sobre Jesus, a primeira a anunciar que seu Filho é Deus. E não o faz em discursos , em palestras bonitas, em trabalhos pastorais . Ela o faz na simplicidade da vida das pessoas, prestando atenção às suas necessidades, percebendo suas carências, participando de seus prob l emas, e


simplesmente anunciando com sua convicção de mãe, a verdade da pessoa de seu Filho. Maria é como o luar em noite clara de lua cheia. Nela tudo rebrilha, mas não é o seu próprio brilho, é a luz do Sol Jesus. Maria é bela porque em cada gesto, em cada olhar só quer revelar Jesus. Continuamente está a dizer: "Fazei tudo o que ele vos disser". É por isso que não tem sentido vermos cristãos com medo de receber Maria como Mãe, pois queimaginam que ao amar Maria, deixam o amor de Jesus em segundo plano. Não, isso não é verdade. O verdadeiro amor a Maria é absolutamente Cristocêntrico. Tudo em Maria converge para Jesus. Ela não aspira nada para si. Continua sendo a mulher recolhida que vemos pouco citada nos Evangelhos, mas que está presente em cada entrelinha da missão de Jesus. Quando a rotina se instala no relacionamento conjugal, quando o desentendimento quer destruir a harmonia, quando o egoísmo supera o amor, quando pais e filhos perdem suas razões, quando definha a esperança e a alegria de viver, recorra a Maria.

Só o amor explica o que não tem explicação. É sempre a Mãe que percebe a falta de tantos vinhos e nos alerta para acolhermos seu Filho: "Faze i tudo o que Ele vos disser". Na escuta da Palavra e na Meditação podemos fazer a mesma experiência de guardar e conservar as coisas de Deus no coração, descobrir o que Jesus nos quer dizer para superarmos os desafios do dia-a-dia, para conseguirmos nos manter fiéis contra toda a corrente que impulsiona em sentido contrário, e sobretudo para nos tornarmos interessados e solidários como Maria sempre foi, gratuitamente, diante das necessidades de sua gente. Se repousarmos nossa cabeça para ouvir o pulsar do coração de Jesus, em nosso diálogo conjugal, seguramente os deveres de sentar-se se revestirão de alegria e louvor a Deus, que abençoa o amor humano na unidade do casal. Reze a Maria e ela ajudará a encontrar a verdade. É a presença suave da Mãe que nos mostra que é preciso deixar-se depender do Filho, ser indigente do seu amor, na certeza de 9

que, se Ele está presente, nada poderá faltar. Enfim é Maria quem ensina: Repousar a cabeça sobre o peito de Jesus é sentir aquilo que os sentidos não sentem, mas que o coração acolhe e multiplica. Só o amor explica o que não tem explicação. Repousar a cabeça sobre o peito de Jesus é abraçar as coisas que os braços não abarcam, mas que o coração realiza e distribui como dom. Só o amor constrói o impossível. Maria, muito mais que os arroubos do amor materno debruçou sua cabeça sobre o peito de Jesus, e por isso o sentiu antes do que ninguém, ouviu sem que lhe tivesse sido dito, disse sim apesar de se saber incapaz. Nas bodas de nossas vidas, de todos os dias, o exemplo de Maria nos leve a perceber nossa missão, ouvindo o que Jesus deseja nos dizer e, assim, possamos também participar, como protagonistas, de novos milagres das transformações das fraquezas e misérias que assolam as famílias, na virada deste 3° milênio.

Silvia e Chico EC/R


Prioridades PRESENÇA NO MuNDO "Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe, do mesmo modo, a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5, 15-16) Equipes de Nossa Senhoa, desde os seus primórdi s no Brasil, sempre estiveram conscientes de sua dimensão missionária. Lembra-nos, muito a propósito, D. Nancy Moncau que já nas décadas de 50 e 60, existia no Movimento, um Departamento de Ação Apostólica, conduzido, durante muito tempo por Tida e Ernesto Lima Gonçalves que, entre outras atividades, dedicavase aos Cursos de Preparação para o Casamento (aliás lançados em São Paulo e no Brasil pelas ENS) e aos Círculos Familiares (assemelhados à atual Experiência Comunitária) e dos quais originaram-se muitas equipes novas naquela época. Em dada ocasião, não se sabe bem por que, surgiu uma certa discussão, a nosso ver um tanto estéril, sobre se as Equipes deveriam ou não ser um Movimento de Apostolado, em cuja primeira hipótese haveria uma certa imposição a todos os equipistas de uma uniformidade de engajamento apostólico Felizmente, o documento O que é uma 10

Equipe de Nossa Senhora, editado no Brasil em 1976 veio, definitivamente, pôr um fim a essa celeuma quando diz textualmente: "As ENS são um movimento de espiritualidade conjugal. Propõem aos seus membros uma vida de equipe e meios concretos para ajudálos a progredir como casal e em família, no amor de Deus e do próximo. Preparam-nos, assim, para dar testemunho, cabendo a cada qual escolher sua forma . De modo que embora as Equipes não sejam um Movimento de Ação, desejam ser um Movimento de gente ativa". É possível que, isto tenha sido mal interpretado por alguns e até servi o de pretexto para que equipistas já acomodados, por natureza, t .nham se acomodado ainda mais. Felizmente, tratou-se sempre de uma minoria. Pesquisas conduzidas ao longo do tempo, no Brasil (lembramonos bem de duas realizadas em São Paulo - Capital) bem como, as famosas fichas verdes que antigamente eram preenchidas nos EACRE's, demo stravam,


Todos/ sem exceção/ somos chamados à tarefa missionária e a ninguém é lícito omitir-se. cabalmente, que a quase totalidade dos equipistas exercia uma ou mais atividades apostólicas. Embora sem contarmos com pesquisas recentes, temos a convicção de que esta é a realidade que perdura atualmente. . . Hoje, a partir da Segunda Inspiração e, sobretudo, após Fátima (3• Dimensão do Carisma) qualquer resquício de dúvida que pudesse ainda persistir está, definitivamente, eliminado. Ao se falar do Protagonismo das ENS, conforme amplamente refletido nos EACRE's/95 fica muito claro que amissionariedade do Movimento (e por conseguinte dos seus membros) decorre da sua própria pertença à Igreja Universal que é missionária em sua essência e sem isso perderia sua razão de existir. Para sermos sinal transformador da cultura do matrimônio e da famz1ia temos que estar presentes no mundo, e esta presença se dá através do Testemunho (coerência entre Fé e Vida), do Anúncio/Diálogo (comunicação/ir ao encontro da realidade) e da Ação ( "Enchei

de preparação para o casamento, encontros de noivos e de namorados, acompanhamento de Equipes de Jovens de Nossa Senhora e de equipinhas; pastorais do Batismo, da Primeira Eucaristia e outras (ex. Idoso, Saúde, etc); apoio e acompanhamento a casais e farru1ias em dificuldade (S.O.S. Família) e a casais em situação matrimonial não sacramental (casos difíceis); animação de grupos de Experiência Comunitária, pilotagem e ligação de novas equipes, outras missões dentro do próprio Movimento. No campo da comunicação, podemos lembrar a própria Carta Mensal, os jornais e boletins das Regiões e Setores, equipistas que escrevem, regularmente, artigos e colunas na imprensa leiga e religiosa (publicações da CNBB, dioceses, paróquias); participação em programas radiofônicos e televisivos e muitas outras ações. Uma iniciativa recente é o lançamento da revista Família e Vid~, que necessita do apoio de todos os eqmpistas para se consolidar. Outro exemplo, muito marcante, de presença no mundo_ foi a intensa

Temos que estar presentes no mundo e o Movimento procura/ por todos os meios ao seu alcance incentivar e ajudar os seus membros na consecução dessa tarefa.

de água as talhas "). No que se refere à Ação, preferimos elencar, sem a pretenção de sermos completos, exemplos concretos de atividades apostólicas de muitíssimos equipistas e que, esperamos, possam motivar o engajamento de outros: participação nos conselhos de Leigos e Comissões de Pastorais, no nível da CNBB e de suas Regionais, Dioceses, Regiões Episcopais e Paróquias; cursos 11


participação das equipes de todo o Brasil nas comemorações do Ano Internacional da Farru1ia, celebrado em 1994, por meio de inúmeras iniciativas e ações como, ahás, tem sido forte a participação das ENS na Campanha da Fraternidade, ano após ano .Todos, sem exceção, somos chamados à tarefa missionária e a ninguém é lícito omitir-se. Para tanto, temos que estar presentes no mundo e o Movimento procura, por todos os meios ao seu alcance (Carta Mensal, Prioridades, Orientação de Vida) incentivar e ajudar os seus membros na consecução dessa tarefa.

Fica aqui o nosso convite para aqueles (com certeza muito poucos) ainda não engajados, para que o façam e, para tanto, com certeza, poderão contar com o auxílio de sua equipe, de seu Conselheiro Espiritual, de seu Casal Ligação, de seu Casal Responsável de Setor e de Região e, acima de tudo, com a proteção e intercessão de Maria Santíssima, nossa mãe e inspiradora.

Um abraço em Cristo M. Thereza e Carlos Heitor O. Seabra CR Equipe da Carta Mensal

Apresentamos o resultado de uma pesquisa sobre apostolado, efetuada entre os equipistas brasileiros e enviada pelo casal Moncau ao Pe. Caffarel em 1 2 de abri I de 1964: Eis aqui dois aspectos dos resultados obtidos a partir da análise das 420 respostas recebidas:

•Casais que só exercem função apostólica dentro do próprio Movimento (quadros) •Casais que exercem atividade apostólica dentro e fora do Movimento

• ~

64 87

•Casais que exercem atividade apostólica fora do Movimento

~

115

•Casais que não exercem atividade apostólica

~

154

Conclusão: Casais que exercem atividades apostólicas ~

266 (63%)

Dos 154 casais que não exercem nenhuma atividade apostólica : • Casais que têm menos de um ano de vida de equipe •Casais que têm um ano de vida de equipe •Casais que têm 2 anos de vida de equipe •Casais que têm 5 anos de vida de equipe •Casais que têm mais de 5 anos de vida de equipe Conclusão: •Casais que têm 2 anos ou menos de vida de equipe •Casais que têm mais de 2 anos de vida de equipe

~

17

~

62

~

50

~

12

~

13

~

(83%)

~

(17%)

129 25 j

12


Igreja

o

PRIMEIRO ANO SANTO DE

Em

sua carta apostólica Tertio milennio adveniente, de 10 de novembro de 1994, João Paulo li anuncia o Ano Santo, ou Jubileu, do ano dois mil. Boa oportunidade para perguntar quando e por que começaram os Anos Santos na Igreja. Basta uma pequena pesquisa histórica para termos uma surpresa in teressante. Quando começou o primeiro Ano Santo, parece que ninguém estava sabendo muito bem o por que de toda aquela movimentação. Mas não se espante, vamos devagar.

Primeiro de janeiro de 1300 Na velha Roma, que já não era a Roma esplenderosa dos césares, de ruelas enlameadas, havia uma grande agitação. Gente e mais gente, atravessando a única ponte que havia sobre o Tibre, a Ponte de Sant' Angelo, tomava conta da praça diante da antiga Basílica de S. Pedro e invadia o templo. Logo já não havia lugar para todos. O espanto tomou conta até mesmo do papa Bonifácio VIII, porque nenhum

de seus camareiros ou cardeais sabia explicar o que estava acontecendo. Está bem, era 1o de janeiro do ano do Senhor de mil e trezentos, mas e daí? Não havia nenhuma solenidade especial, não estava prevista nenhuma daquelas cerimônias suntuosas de que muito gostava Bonifácio, que tanto sabia reinar. Parece que as pessoas simples do povo que lotavam a basílica também ficaram espantadas quando lhes perguntaram por que estavam ali. Mas então os padres não sabiam? Estavam ali para canseguir a indulgência, para o perdão dos pecados e das penas que sempre sobravam a pagar. Na sua Crônica, Ventura diz que, quando o papa apareceu na praça, ouviu de todos os lados gritos que diziam todos mais ou menos a mesma coisa: "Santo Padre, abençoai-nos antes que morramos!". E quando o papa quis saber que razão especial havia para tanto alvoroço, outros gritos informaram: "De nossos avós ficamos sabendo que um cristão fica liv re de culpa e de pena se, no ano centenário, visitar os corpos dos santos apóstolos Pedro e Paulo".

13

1300

Voz do povo, voz de Deus Pronto estava tudo claro. Só que Bonifácio VIII nunca tinha ouvido falar disso. Imagino que disfarçando um pouco sua ignorância, consultou seus teólogos, juristas e canselheiros. Ficou aliviado. Eles também nunca tinham ouvido falar disso. Mas chegou a noite, e a basílica não se esvaziou, e no dia seguinte, e na semana seguinte também não. E alguns dias depois chegou lá de longe, da Sabóia no sudeste da França atual, um respeitável peregrino com o peso de seus 107 anos. Foi levado aos cardeais e ao papa e garantiu que, em 1200, seu pai tinha ido a Roma para ganhar a indu!gência e o perdão total de todos os pecados e penas. E que, antes de morrer muito velho, tinha insistido dizendo que, se o filho vivesse o suficiente, não deixasse de ir a Roma no ano de 1300 para também se descarregar de pecados e penas. E a França não deixou por menos: mandou outros dois peregrinos de Beauvais, igualmente centenários, que garantiam ter ouvido o mesmo de seus pais.


É verdade que nos arquivos nada se encontrou apesar de muito procurar. Não havia testemunhos nas crônicas, nem nos bulários (as velhas coleções de documentos papais), nem nos livros dos teólogos. Mas, que fazer se o povo cristão tinha outra opinião, e continuava chegando à procura de perdão e reconciliação? Bonifácio não resistiu por muito tempo . No dia 22 de fevereiro mandou ler na basílica de S. Pedro uma bula, solenemente em latim, é claro, que essa era a língua de gente que valia. A bula Antiquorum habet depois foi até gravada numa placa de mármore, que ainda hoje ali está no adro. Outra bula foi publicada no dia 1o de março. O papa concedia o favor que todos suplicavam: indulgência geral, perdão dos pecados e das penas da outra vida. Essa graça era concedida a todos os romanos que durante trinta dias visitassem a basílica de S. Pedro no Vaticano e a de S. Paulo fora das muralhas. Dos que vinham de fora exigiase menos: apenas quinze dias de piedosas romarias. Mas, Bonifácio não era

De nossos avós ficamos sabendo que um cristé"io fica livre de culpa e de pena se/ no ano centenéirio/ visitar os corpos dos santos apóstolos Pedro e Paulo apenas papa; era também rei e príncipe, e como tal tinha seus adversários . As bulas de indulgência excluíam dos favores espirituais a família dos dois cardeais Colona inimigos do papa, os fornecedores de armas para os sarracenos, bem como todos os sicilianos, cujo rei também se tinha revoltado contra o papa...

Nunca se tinha visto tanta gente Com os Colona ou sem os Colona, porém, o certo é que, de toda a parte continuaram ocorrendo os peregrinos, arrastando consigo velhos e doentes, para que não perdessem a grande oportunidade. Os romanos e os piedosos peregrinos desde a madrugada já estavam começando a ronda de orações e penitências. Até cardeais havia entre eles, e gente importante como os pintores Cimabue e Giotto, e o poeta Dante, que ainda hoje faz bater de orgulho o coração italiano. Os cronistas contam que as moças, que então não podiam sair de casa durante o dia, à noite é que iam peregrinas, devidam~te vigiadas.

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Não sei se é exagero, mas o cardeal Steffaneschi escreveu que havia tanta, mas tanta gente mesmo chegando a Roma para o Ano Santo, que foi preciso abrir uma brecha nas muralhas da cidade ... Dante quando foi escrever sua Divina Comédia ainda se lembrava que na ponte de Sant' Angelo foi preciso fazer uma cerca para dividir, com mão e contramão, a multidão dos que iam ou vinham de S. Pedro. Aliás, dizem que foi preciso construir mais uma ponte. Ventura fala turbam magnam de quam dinumerare nemo poterat (tamanha multidão que ningué podia contar!) e contin adie ac nocte duo clerici stabant ad altare S. Pauli Tenentes in eorum manibus rastellos, ratellantes pecuniam infinitam. Mas o mesmo cardeal Steffaneschi, contemporâneo dos fatos, diz que eram só moedas miúdas, umas 80 mil, que serviram para ajudar os peregrinos pobres e restaurar basílicas romanas. Villani, q e parece ter sido testemunha ocular,


Havia tanta, mas tanta gente mesmo chegando a Roma para o Ano Santo, que foi preciso abrir uma brecha nas muralhas da cidade. dizqueem Roma havia continuamente umas duzentas mil pessoas; durante o ano os peregrinos teriam sido mais de dois milhões. E não vamosesquecerque,naép<r ca, toda a Europa tinha apenas uns cinqüenta milhões de habitantes! E o interessante é que esse movimento de peregrinos vinha até de muito longe, de toda a Europa. Até parecia a movimentação que tinha havido por ocasião das antigas cruzadas. Talvez nisso tudo tenha havido certa influência dos movimentos penitenciais que, no século anterior, tinham surgido por toda a parte, principalmente na Itália.

Cada 100, 50, 33, 25 anos Na sua bula, de 1300, Bonifácio VIII tinha determinado que de cem em cem anos seria concedido Ano Santo semelhante, com as mesmas indulgências. Mas cem anos começou parecer muito tempo para a maioria das pessoas. Por isso, no segundo semestre de 1342, uma delegação de romanos viajou até Avinhão, na França, onde estava morando na

época o papa Clemente VI. Queriam que o Ano Santo fosse de cinqüenta em cinqüenta anos. Parece que não estavam interessados apenas nas indulgências, mas também esperavam que o papa não deixaria de voltar a Roma para tão grandes solenidades. Clemente VI concedeu o que pediam, marcou o Ano Santo para 1350 mas, mas não voltou para Roma, nem por lá apareceu de passagem. Em 1377 o papa Gregório XI tinha voltado definitivamente para Roma. Em abril de 1378 foi eleito em Roma o novo papa, Urbano VI. Em setembro do mesmo ano foi eleito um antipapa Clemente VII que voltou para Avinhão. Durante mais de 40 anos reinou a confusão na cristandade, chegando a haver ao mesmo tempo um papa legítimo e dois anti-papas. Em 1389, com a esperança de reunificar a Igreja, Urbano VI proclamou o ano Santo de 1390 e, em seu decreto, reduz o prazo para trinta e três anos, em memória dos anos vividos por Jesus. Às obrigações dos peregrinos acrescentou a visita às 15

basílicas de Latrão e de Sta. Maria Maior. O papa morreu em outubro de 1389 e o Ano Santo foi presidido por seu sucessor Bonifácio IX. Só que, em 1400, quando deveria haver um Ano Santo conforme as antigas determinações de Clemente VI, o povo não quis perder a oportunidade. Insistiu e o papa, ainda Bonifácio IX, cedeu. Em 1470, Paulo li determina que os Anos Santos sejam celebrados cada vinte e cinco anos. É o que em princípio ainda vigora hoje em dia, tendo havido porém alguns Anos Santos extraordinários. Desde o século quinze, terminado o Ano Santo em Roma, havia a possibilidade de se ganharem as indulgências também em outros lugares, sob diversas limitações e condições. Seria bom lembrar que quase todo o cerimonial ainda usado nasceu em 1500, no tempo de Alexandre VI, que introduziu também a abertura de portas santas nas quatro grandes basílicas.

Pe. Flávio C. de Castro Redentorista C.E. da Carta Mensal


DIRETRIZES GERAIS DA AçÃO EvANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL s Bispos do Brasil aprovaram, durante a 33• Assembléia Geral do Episcopado, por unanimidade, as Diretrizes Gerais, que agora vem com novo título: da Ação Evangelizadora. Conforme consta na apresentação, baseando-se na

O

Redemptoris Missio, "a ação evangelizadora refere-se aos grupos de batizados que perderam o sentido vivo da fé, conduzindo a vida distante de Cristo e do seu Evangelho. A ação pastoral é a que se destina às comunidades cristãs que possuem sólidas e adequadas estruturas eclesiais, são fermento de fé e de vida, com testemunho do Evangelho e compromisso com a missão universal". O objetivo Geral é o mesmo, precedido de uma breve introdução que o situa no horizonte do 3° milênio cristão e da celebração do grande Jubileu do Ano 2000. Sua explicitação constitui a primeira parte: Horizontes da Evangelização. A segunda parte, Caminhos da Evangelização, está organizada da seguinte maneira: o capítulo I é uma síntese histórica para ajudar a compreender como se chegou às atuais Diretrizes. Começa situando o início da renovação que deu origem, no Brasil, mesmo antes do Concílio, ao planejamento pastoral. Os dados históricos mostram como se chegou à elaboração, a cada quadriênio, das Diretrizes Gerais. Isto torna mais clara a interação entre o contexto histórico, a caminhada da Igreja como Povo de Deus e a formulação das Diretrizes Pastorais 16

por parte do Episcopado. O l:apítulo 11 contém uma teologia da evangelização, à luz do Magistério eclesiástico recente, particularmente as Conclusões de Santo Domingo, não disponíveis quando da elaboração das Diretrizes para 1991-1994. O capítulo Ill, como o mesmo capítulo de 1991-1994, apresenta uma análise da sociedade brasileira. O cap1ítulo IV organiza as orientações práticas a partir de um esquema teológico que quer ser uma expressão da própria natureza da evangelização e de suas exigências. Ele tem cinco itens: o primeiro, a inculturação, é um critério geral, uma orientação válida para todos os aspectos da evangelização. São chamados exigências intrínsecas da evangelização, sem as quais não há evangelização em sentido pleno: serviço, diálogo, anúncio, testemunho de comunhão. A escolha dessas quatro exigências foi feita a partir da terminologia do Novo Testamento. O capítulo V procura explicitar as conseqüências das novas Diretrizes para os agentes da evangelização e da pastoral. Quer ajudar os sujeitos da ação evangelizadora -leigo(as), religiosos( as), ministros ordenados - a fazer frutificar a formação recebida, a tornar as comunidades eclesiais dinâmicas e acolhedoras, a rever as prioridades do próprio trabalho em função dos desafios da hora presente.

N. da R.: Ver seção Nossa Biblioteca nesta edição da C.M.


Maria NossA SENHORA DA NATIVIDADE

A;

contrário dos santos, de quem se festeja o dia da morte, a Igreja comemora o nascimento da Vircrem Maria, cuja festa é celebrada no dia 8 de setembro de cada ano. Isto porque, Maria já nasceu santa e imaculada e sua vinda ao mundo foi o prenúncio da chegada de Jesus Cristo. A natividade da Virgem Santíssima sempre foi muito venerada, pois Ela é a luz que nos ilumina, guia e conduz a Deus. Por este motivo, talvez, na mesma data, costuma- se comemorar a festa litúrgica de Nossa Senhora da Luz. A natividade de Maria sempre foi representada em pinturas e esculturas. Geralmente a representação mostra Sant' Ana deitada e uma mulher segurando a Virgem recém nascida. Muitas vezes ela é apresentada como a Mãe de Jesus, aparecendo no presépio junto a São José e adorando o Menino Jesus reclinado numa manjedoura. Algumas imagens são a de uma senhora de pé, com as mãos juntas acima da cintura, vestindo uma túnica azul claro e manto igual na cabeça. Curioso detalhe são as mãos e os pés descalços dourados.

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NossA SENHORA DAS DoRES sta invocação deNossa Se nhora nos faz meditar na par tícular união e participação de Maria no Sacrifício de seu Filho, no Calvário. Ela nos ajuda a lembrar e compreender o valor corredentor que podem ter as nossas dores e sofrimentos. Na festividade de Nossa Senhora das Dores, que é celebrada no dia 15 de setembro de cada ano, são lembrados os sofrimentos de Maria, especialmente as sete dores que a Virgem teve durante a vida paixão e morte de Jesus. 1. A espada a trespassar a alma, conforme a profecia de Sirneào.(Lc 11,

E

34-35). 2. A fuga e permani:ncia no Egito. 3. A perda de Jesus por três dias. 4. O encontro com Jesus todo flagelado e carregando a cruz. 5. A crucificação, agoma e morte de Jesus. 6. O recebimento nos braços do Cristo morto e trespassado pela lança. 7. A participação no sepultamento do corpo Santíssimo e Jesus . A imagem de Nossa Senhora das Dores aparece, muitas vezes, com o coração trespassado por uma espada, outr por sete punhais, e, em todas, a sua fisionomia exprime agonia e resignação.

Maria do Carmo e José Maria Whitaker Neto Equipe da Carta Mensal.


Mês da Bíblia

Q ue Livro é Este? •que reúne reis, imperadores a servos, carpinteiros e pescadores. •que junta templos e palácios a aldeias e manjedouras. •que une rios de águas vivas a desertos e terras secas. •que iguala a sabedoria e exuberância de Saiomão à simplicidade de Maria. •que mostra a inveja de Caim em opos ição ao amor de José no Egito pelos irmãos. •que compara a longevidade de Abraão e a pouca vida de João Batista.

Que Livro é Este? •cheio de narrações e parábolas, mas que leva a uma mensagem única: o Poder de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. •que incomoda a mui tos por tanto tempo, mas que é a pura verdade da salvação. •que mostra o sofrimento e a agonia da morte, mas apresenta a Glória da Ressurreição dos justos. •que para alguns serve de amuleto, esqueci do nos cantos das casas; mas para outros é como o oxigênio diário. Que Livro é Este? - É a Bíblia! Este Livro cheio de mistérios que verá o tempo passar, e não perecerá jamais.

"As minhas palavras não passarão". Jussar e Danie C.R. Co rdenaçã Sa tarém!P.. 19


LER E MEDITAR

o

EVANGELHO Francisco Fernandez Carvajal (*)

esus Cristo é, para cada ho mem, Caminho, Verdade e Vida. Quem o conhece sabe da razão de sua vida e de todas as coisas; a nossa existência é um constante caminhar para Ele. E é no Evangelho que devemos aprender a ciência suprema de Jesus Cristo, o modo de imitá-lo e de seguir seus passos. Para aprender d' Ele, é necessário conhecer a sua vida: ler o Santo Evangelho, meditar no sentido divino do caminhar terreno de Jesus, conhecendo Cristo à força de ler a Sagrada Escritura e de a meditar( ... ) Quando amamos uma pessoa, desejamos conhecer até os menores detalhes da sua existência,

J

Devemos OUVIr O

Evangelho como se o Senhor estivesse presente e nos falasse.

do seu caráter, para assim nos identificarmos com ela. É por isso que temos que meditar na história de Cristo, desde o seu nascimento num presépio até à sua morte e ressurreição. Devemos esforçarnos por ler o Evangelho com um grande desejo de conhecer para amar. Não podemos folhear as páginas da Escritura Santa como se fosse um livro qualquer. Nos livros sagrados, o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro dos seus filhos para conversar com eles. A nossa leitura deve ser acompanhada de oração, pois sabemos que Deus é o autor principal desses escritos santos. Neles, e de modo especial no Evangelho está o alimento da alma, a pura e perene fonte da vida espiritual. "Nós - escreve Santo Agostinho - devemos ouvir o Evangelho como se o Senhor estivesse presente e nos falasse. Não devemos dizer: Felizes aqueles que puderam vêlo. Por que muitos dos que o viram, crucificaram-no; e muitos dos que não o viram, creram n'Ele. As palavras que saíam da

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boca do Senhor foram escritas, guardadas e conservadas para nós".

o Evangelho permite--nos penetrarem cheio no mistério de Jesus.

Para ler e meditar o Evangelho com fruto, devemos fazê-lo com fé, sabendo que c ntem a verdade salvadora, sem erro algum, e também com piedade e santidade de vida. A Igreja, com a assistência do Espírito Santo, guardou íntegra e imune de todo o erro o tesouro sem preço da vida e da doutrina do Senhor para que nós, ao meditálas, nos aproxi ássemos d'Ele com facilidade e lutássemos por ser santos. É só na medida em que quisermos ser santos é que penetraremos na verdade íntima contida nesses livros santos, só


então é que saborearemos o fruto divino que encerram. Damos valor a esse imenso tesouro que, com tanta facilidade podemos ter nas nossas mãos? Procuramos nele o conhecimento e o amor cada dia maiores pela Santa Humanidade do Senhor? Pedimos a ajuda do Espírito Santo a cada vez que lemos o Santo Evangelho?( ... ) O Evangelho revela-nos o que é e o que vale a nossa vida e traça-nos o caminho que devemos seguir. O Verbo - a Palavra - é a luz que ilumina todo o homem. Não há homens a quem essa Palavra não se dirija( ... ) Se o meditarmos, encontraremos a paz. "Saía dele uma for-

ça que os curvava a todos", comenta, a certa altura, o evangelista. E

As palavras que saíam da boca do Senhor foram escritas/ guardadas e conservadas para nós//.

essa força, que nos pacifica, continua a sair de Jesus sempre que entramos em contato com Ele e com as suas palavras, que permanecem eternamente. O Evangelho permite-nos penetrar em cheio no mistério de Jesus, especialmente nos nossos dias, em que circulam tantas idéias e tão confusas sobre o tema mais transcendente da humanidade desde há vinte séculos: Jesus Cristo,

Filho de Deus, pedra angular, fundamento de todo homem. "Não

O Evangelho revela-nos o queéeo que vale a nossa vida e traça-nos o caminho que devemos seguir. e simples que nos ajude a viver na presença de Deus durante o dia ou a imitar o Mestre em algum aspecto do nosso comportamento: estar mais serenos, tratar melhor os outros, estar mais atentos às pessoas que sofrem, oferecer a Deus o cansaço( ... ) Assim, quase sem o percebermos, poderá cumprir-se em nós este grande desejo: Oxalá fos-

sem tais o teu porte e a tua conversaçõa, que todos pudessem dizer quando te vissem ou te ouvissem falar: Este lê a vida de Jesus Cristo.

vos extravieis no meio do nevoeiro, antes escutai a voz do pastor. Retirai-vos para os montes das Santas Escrituras; ali encontrareis as delícias do vosso coração e não achareis nada que vos possa envenenar ou fazer mal, pois ricas são as pastagens que ali se encontram".

E isto, far-nos-á um grande bem não só a nós, mas também aos que vivem, trabalham ou passam ao nosso lado.

Muitas vezes, será conveniente dedicarmos à leitura cotidiana do Evangelho os primeiros momentos do dia, procurando tirar dessa leitura um ensinamento concreto

(*) Transcrito de "Falar com Deus", Vol.2, Quadrante Sociedade de Publicações Culturais

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Formação REABASTECER NA FoNTE ••• guir a orientação de Maria: "Fazei tudo o que Ele mandar". É cumprir os Pontos Concretos de Esforço proBrasil precisa de santos de muitos postos pelo Movimento, corno meio santos." Esta virtude exige mudança de aperfeiçoamento e crescimento esde atitudes, conversão, o que requer piritual. Viver a verdade e a, comumuito esforço, persistência e busca nhão. Não nos afastemos de Deus nem constante de Deus. Devemos falar desperdicemos as oportunidades de com Ele, agradecer o bem que Ele buscá-Lo, enquanto o Senhor nos deiquer; louvá-Lo por todas as coisas ma- xa encontrá-Lo. "Sem mim nada poravilhosas que fez, pedir que nos dê deis fazer". Não percamos estas riquezas, não percasaúde, que nos mos estas oportuajude a sermos fenidades. Peçalizes. Peçamos A oração é mos forças para que Ele perdoe perseverarmos os nossos pecao alimento na Igreja, na fredos e que um dia da alma/ por isso quente ComuEle nos dê o Céu. nhão Eucarística, o cristão para Se fizermos isto participando das estaremos falancrescer e progredir celebrações litúrdo com Deus. na fé precisa orar gicas dos dominEstaremos busgos e festas. A cando a Fonte. com insistência. Eucaris t ia nos Peçamos a Ele ajuda a viver a que nos ajude a justiça e o Amor. sermos perseverantes na fé, que sejamos apóstolos Eucaristia significa Ação de Graças, a serviço da Igreja, através de nos- pois toda a Missa é Ação de Graças, é so engajamen to nas pastorais, con- festa do Povo de Deus: "Eu sou o pão tribuindo assim para transformação vivo que desci do céu. Quem come deste pão viverá eternamente". Irdo mundo em que vivemos. Lembremo-nos, irmãos e irmãs mãos e irmãs, que nós possamos semequipistas, que nós somos Igreja, e que pre alimentar-nos do pão da vida para nós somos Movimento das Equipes de nos saciarmos da fonte da vida. "Orai sem cessar". A oração é o Nossa Senhora. Por isso, somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor, alimento da alma, por isso o cristão sendo membros vivos da videira que para crescer e progredir na fé precisa é Cristo, colocando-nos a serviço dos orar com insistência. É preciso reabasirmãos, transmitindo-lhes a Boa Nova tecer-nos constantemente na Fonte do Reino que é o Amor. Ser Movimen- que é Deus. Ele é fonte de todo bem. to das Equipes de Nossa Senhora é se- O cristão deve viver e testemunhar a dos nós somos chamados à antidade, chamados a creser na fé. Diz o Papa: "O

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fé e gritar para o mundo que Cristo Senhor... Se deixamos de confessar... Se ressuscitou e está vivo entre nós. A deixamos de participar dos eventos do oração ajuda-nos a viver em comu- Movimento ... Se deixamos de cumprir nhão com Deus e com nossos irmãos. os Pontos Concretos de Esforço ... Se A oração eleva, deixamos de ir à edifica e santifiMissa, abandoca. Orar é colonamos a Fonte. O Brasil car-se na presenIrmãos e irça de Deus, em mãs, assim como prectsa atitude de escuta. o alimento é nede santos Vamos à Missa cessário para o para escutá-Lo e de muitos santos. corpo a oração é reconhecê-Lo necessária para a como criador. Só alma. Que MaEle é digno do nosso amor. Sem ora- ria, exemplo e modelo de oração, nos ção e muita oração, não aprendemos a ajude a crescer e a perseverar na fé. perdoar, não aprendemos a louvar e agradecer. Se deixamos de orar. .. Se Mariná e Nelson deixamos de escutar a Deus ... Se deiEq. 44 - Setor F xamos de alimentar-nos do Corpo do Brast1ia!DF 23


JEsus E o RESPEITO PELOS OuTROS amais um ho respeitou mais os outros do que este homem . Para ele, o outro é sempre mais e melhor que aquilo que dizem dele, procurando diminuí-lo, mesmo no caso dos Sábios e Doutores da Lei. Jesus vê sempre naquele ou naquela que encontra um lugar de esperança, uma promessa viva, um extraordinário que pode vir a acontecer, um ser chamado para um futuro todo novo, além e apesar de seus limites, seus pecados e, às vezes, seus crimes. Acontecelhe mesmo de distinguir aí algo maravilhoso e secreto que o faz mergulharse em ação de graças.

J

me~

Ele não diz: "Essa mulher é volúvel, leviana, tola, marcada pelo atavismo moral e religioso de seu meio, não passa de uma mulher qualquer". Ele lhe pede um copo de água e inicia uma conversa. Ele não diz: "Eis uma pecadora pública, uma prostituta mergulhada

para sempre no seu vício". Ele diz: "Ela tem maior probabilidade de entrar no Reino de Deus que aqueles que estão presos às suas riquezas ou se vestem com suas virtudes e seus saberes". Ele não diz: "Aquela não passa de uma adúltera".

Nenhum homem . . ;ama1s respeitou os outros como este homem. Ele diz: "Eu não te condeno. Vai e não peques mais". Ele não diz: "A quela que toca o meu manto é apenas uma histérica". Ele a ouve, lhe fala e a cura. Ele não diz: "Essa velha que deposita seu óbolo na urna para as 24

obras do templo é uma supersticiosa". Ele diz que ela é extraordinária e que faríamos bem em imitar seu desapego. Ele não diz "Essas crianças não são mais que moleques". Ele diz: "Deixai vir a mim estes pequeninos e procurai assemelharvos a eles". Ele não di z: "Este homem não pas. a de um funcionário corrupto que se enriquece bajulando os que detém o poder e tirando o sangue dos pobres". Ele se faz convidar à sua mesa e afirma que sua casa recebeu a salvação.


Ele não diz como a multidão que o acompanha: "Este cego paga

por suas faltas ou a de seus antepassados". Ele diz que os homens estão redondamente enganados arespeito deste assunto e assombra à todos; seus apóstolos, os escribas e fariseus, mostrando com clareza quanto este homem goza do favor de Deus: "É preciso

que a ação de Deus se manifeste nele". Ele não diz: "Este centurião é apenas um oficial da ocupação". Ele diz: "Jamais vi uma fé igual em Israel". Ele não diz: "Esse doutor não é mais que um intelectual". Ele lhe abre um caminho para um renascimento espiritual. Ele não diz: "Esse indivíduo não é mais que um fora da lei". Ele lhe diz: "Hoje mesmo estará comigo no Paraíso". Ele não diz: "Esse

Judas não passa de um traidor". Ele o abraça e lhe diz: "Meu amigo".

Ele não diz: "Esse bazofeiro é um renegado". Ele lhe diz: "Pedro, tu me amas?"

Jesus vê sempre naquele ou naquela que encontra um lugar de esperança/ uma promessa v1va/ um extraordinário que pode v1r a acontecer, um ser chamado para um futuro todo novo.

Ele não diz: "Esses sacerdotes não passam de juizes iníquos, este rei não é mais que um boneco, este procurador romano, um medroso,

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esta multidão que escarnece de mim não é mais que uma ralé, estes soldados que me maltratam não passam de carrascos". Ele diz: "Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que Jazem ... " Jesus jamais disse:

"Não há nada de bom nesta pessoa, naquela, neste meio, naquele". Nos dias de hoje nunca teria dito: "Este não é

mais que um integrista, que um modernista, que um esquerdista, que um fascista, que um descrente, carola". Para ele, os outros, quem quer que sejam, quaisquer atos que pratiquem, seus status, reputação, são sempre seres amados por Deus. Nenhum homem jamais respeitou os outros como este homem. Ele é único. Ele é o Filho Único daquele que faz brilhar seu sol sobre os bons e sobre os maus.

Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus,Tem Piedade de nós, Pecadores!

Colaboração de Peter Nadas Eq. 03/D São Paulo, SP


Os ExcLuíDos E As BoDAS DE CAI'~Á

P

ediram-me apresentar a Campanha da Fraternidade de 1995 à luz da orientação de vida proposta aos casais das ENS no Encontro Internacional de Fátima. O esquema desta partilha é o seguinte: 1. Os que não têm mais vinho- os excluídos -são muitos 2. O sonho (Vontade) de Deus 3. Como continuar o "sonho" de Deus : enchendo de água as talhas. 1. Os que não têm mais vinho - os excluídos - são muitos. O Evangelho de São João (Jo 2, 112) nos apresenta uma situação de dificuldade vivida por um casal no decorrer da festa de bodas: veio a faltar o vinho. Para entender melhor este fato e suas possíveis conseqüências é bom nos lembrarmos que os judeus costumavam celebrar seu casamento ao longo de sete dias e o vinho era elemento fundamental na festa. Assim pois, imaginem a penosa situação daquele casal: nomelhordafestafaltou o vinho. O que eles iriam dizer para os convidados? Talvez sentir-se-iam

rejeitados e até excluídos pelo fato de não ter previsto a quantidade suficiente de vinho ...

Sensibilizar-se coma realidade familiar e social atual/ prestar socorro imediato/ assum1r as lutas comunitárias já existentes e desencadear as que são ainda necessánas. Ao nosso lado existem milhões de pessoas que não têm mais vinho ou que "nunca tiveram", pessoas em situação de miséria absoluta e consideradas descartáveis pela sociedade. Elas sobrevivem numa situação que não é digna de uma criatura de Deus, de um ser

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humano e nem sequer de um animal. Já em 1947, Manoel Bandeira descrevia tal situação no seu poema O bicho:

"Vi ontem um bicho na imundície do pátio, catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, n;'io examinava nem cheirava: engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era UM HOMEM". A CF 95 relaciona os seguintes rostos de excluídos que temos na nossa sociedade: os mora ores de rua, os idosos, os encarcerados, os prostituídos, os doentes, os portadores do vírus mv, os portadores de doenças físicas e mentais, os alcoolizados, o:; drogados, os desempregados e as massas sobrantes. A estes podemos acrescentar as famílias que não podem viver materialmente com dignidade e aquelas que não conseguem ser formadas com maturidade e responsabilidade, o:; filhos excluídos antes do nascimento, os filhos não desejados e aqueles ue não podem contar com uma educação para sua fé no


lar, os excluídos da felicidade conjugal e familiar e os separados e recasados. Todos eles têm sido privados do vinho da caridade, da fraternidade, da solidariedade, da fidelidade, da busca do bem comum, do respeito, da valoração do outro, da justiça, da acolhida ... O que nós estamos fazendo para lhes prover esse vinho? ... Quem não têm caridade, não é nada (cf. 1 Cor 13, 1-13). A exclusão, que nega ao outro o ser da pessoa, é destrutiva tanto para o excluído como para o excludente. O primeiro, sente-se classificado, rotulado de forma permanente, como uma pessoa que não conta, que não vale para nada, que está sobrando. O segundo, deixa de perceber seus próprios limites e de se enriquecer com a convivência do irmão; ele se defende e se separa do outro, se encastela na sua insegurança. Tem medo daqueles que ele próprio excluiu, cria cercas, muros, alarmes, onde ele mesmo se aprisiona. Autocentrado, de forma estéril, cria um estilo neurotizante de vida.

2. O sonho (Vontade) de Deus Como age Deus diante do sofrimento daqueles que "não têm mais vinho", dos excluídos da

Algumas das situações de exclusão apresentadas são vividas pelas famílias, talvez pela nossa própria família. nossa sociedade? Como Ele quer que nós atuemos? O que Deus nos diz diante desta realidade? Para viver a orientação de vida extraída de Jo 2,5: ''fazei tudo o que ele vos disser'', precisamos conhecer o que Deus Pai tem a nos dizer através de seu Filho. A CF deste ano convida a refletir sobre a atuação de Deus a partir da ótica da misericórdia e da justiça que expressam o jeito de agir de Deus. Este foi revelado em Jesus Cristo (cf Jo 14, 7.9) quem nos convida a ser misericordiosos como o Pai é misericordioso (cf Lc 6,36). Jesus Cristo sempre se mos-

trou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados" (cfLc 15,1). (Oração Eucarística VI D). Ele nos convida a ser

misericordiosos como o Pai do céu é miseri27

cordioso,a nos tornarmos próximos do outro e, tendo compaixão diante do seu sofrimento, auxiliá-lo e nos comprometermos com o seu futuro a exemplo do bom samaritano (cf Lc 10,30-37). A CF 95, partindo do texto de Mt 25, 31-46, nos convida a amar Jesus nos pobres e a praticar as obras de misericórdia como expressão do amor aos necessitados, como ações

caritativas pelas quais socorremos o próximo nas suas necessidades corporais e espirituais (cf. Cat. Igr. Católica, 2447). A grande pergunta que, mais dia menos dia, todos nós faremos ao comparecer perante Jesus é esta: "Eras Tu, Senhor?" Eras Tu, Senhor, aquele faminto arrastando-se pelas ruas da nossa cidade? Eras Tu, Senhor, aquela pobre adolescente prostituída para satisfazer os baixos instintos de um ser que se diz humano, mas perdeu toda dignidade, e veio fazer turismo em nosso Estado? Turismo sexual... Turismo depravado ... Eras Tu, Senhor, aquele alcoólatra que eu vi se arrastar pelas sargetas e nada fiz senão dar-lhe o meu desprezo? Eras Tu, Senhor, aquele deficiente


físico, aquele idoso, aquele aidético, aquele jovem drogado ... , e eu nem me incomodei. Achei que era problema dele. Eu nada tinha que ver com ele. Eras Tu, Senhor? Sim, era Eu. Tudo o que deixaste de fazer a um dos meus menores foi a mim que não o fizeste (Mt 25,45). E agora, o que vou fazer? Tu excluíste um mundo de pequenos do teu mundo, e eu vou agora excluir-te do meu mundo: "E irão estes para o fogo eterno ... " (Mt 25,46) (Aloísio Card. Lorscheider, Arcebispo de Fortaleza).

3. Como continuar o sonho de Deus?: enchendo de água as talhas Voltemos a Caná da Galiléia, o lugar da primeira

Precisamos mudar as condições sociais que são a causa da exclusão. manifestação da glória de Jesus e da afirmação da fé dos discípulos (cf. Jo 2, 11). O que Jesus ordena? "Encheias talhas de água" (Jo 2,7), isto é, viveio encontro e a comunhão. Mas, como podemos fazer para encher de água as talhas dos milhões de excluídos de nosso país? Algumas sugestões, que devem se desdobrar em ações e projetos concretos nas famílias, nas ENS, na nossa sociedade, são as seguintes: sensibilizar-se com a realidade familiar e social atual;

prestar socorro imediato; assumir as lutas comunitárias já existentes e desencadear as que são ainda necessárias; viver a solidariedade; assumir a dor do outro; transformar o gesto num processo contínuo; beneficiar aquele que mais precisa; comprometer-se com os excluídos. À medida que estiver ao nosso alcance, precisamos mudar as condições sociais que são a causa da exclusão. Algumas das situações exigem transformações estruturais radicais; outras, porém, exigem nossa atenção, nosso carinho e nossa solicitude misericordiosa. Algumas das situações de exclusão apresentadas são vividas pelas famílias, talvez pela nossa própria família ... Somos con idados a colocar azeite nas feridas de tantos excluídos, a fazê-los partici.pan tes d'o vinho do amor, principalmente dentro do universo do casal e da família.

Pe. ]aimt• Rojas, eudista CEda Eq. 03/A Fortaleza, CE Resumo da palestra noEACRE/95

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Vida do Movimento RETIROS, MISSAS MENSAIS E NOITES DE ESPIRITUALIDADE

O

movimento das ENS propõe Como equipistas responsáveis e coma cada ano aos casais equi prometidos com o movimento e os seus capistas, retiros, missas mensais rismas, não podemos deixar de prestigiar e noites de espiritualidade. esses eventos com a nossa presença alegre Como sabemos, o Retiro é o sexto e participativa, não somente por tudo aquiPonto Concreto de Esforço que aceita- lo que de bom nos proporciona como tammos em nos esforçar no sentido de vivê- bém é nosso dever e obrigação apoiá-los lo como aos demais quando aceitamos para seu fortalecimento e maior expressão fazer parte do movimento, não no sentido como um movimento realmente formador de uma obrigação ou imposição, mas sim de pequenas comunidades eclesiais que se como um privilégio que pode levar a um amam na vivência do verdadeiro Amor. bom relacionamento entre os cônjuges e Também é sempre bom lembrar o Senhor Jesus e como aprofundamento do que, para que esses eventos sejam reanosso amor conjugal e cristão. O Retiro é o lizados, existe o trabalho abnegado e momento em que nós damos uma parada disponível de uma equipe responsável para fazer uma avaliação, uma reflexão mais que não mede sacrifícios nem esforços profunda daquilo que estamos fazendo, que para sua preparação e realização, na estamos vivendo, como pessoa, como casal procura de Sacerdotes disponíveis, ore como cristãos comprometidos com a cons- ganização das equipes responsáveis, cantrução do Reino, ao mesmo tempo em que tos, conjunto de som, roteiros e liturgia, vamos buscar mais forças e mais luzes para tudo isso representando tempo e custos nossa Formação e vivência comunitária atra- para o movimento. Também é preciso vés das pregações do Sacerdote e no en- lembrar que os Sacerdotes responsáveis contro com os irmãos. Portanto, é um Pon- por todos esses eventos, apesar do seu to Concreto de Esforço muito importante tempo tomado por suas obrigações nas que não devemos deixar de cumprir, pelo paróquias e na Igreja, não medem esformenos uma vez a cada ano. ços no cuidadoso preparo de suas pregaAs missas mensais e as noites de es- ções, como prova de amor pelo nosso piritualidade são para nós equipistas o movimento e por todos nós equipistas. Encontro e a Comunhão dos casais de Por tudo isso, não é justo que nós todas as equipes que na Celebração Euca- equipistas, por comodismo ou outros farística vão também buscar novas forças e tores, deixemos de prestigiar com nosabastecimento para sua Formação, ao mes- sas presenças a todos os eventos promo tempo em que, com toda a alegria e o gramados pelo movimento. Não é justo carinho próprio do cristão engajado vão se ver que depois de tanto trabalho e tanto confraternizar com seus innãos do movi- empenho de poucos para sua organizamento em tomo de uma pequena mesa com ção e realização, haja o desinteresse e a doces, biscoitos e refrigerantes após a ce- falta de estímulo de nós equipistas. lebração, onde naturalmente vão se estreitar os laços de amizade, irmandade e uniArlete e Lahire dade entre os membros da comunidade Equipe 14- Setor A- N.S. da Glória maior que é o movimento como um todo. Belém/PA

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LIÇÕES DA SESSÃO DE FORMAÇÃO NíVEL

I

Dias 9/10/11 junho/1995 Sexta Feira: Chegada/ Capela: Terço Meditado Cristo se entregou por nós e, com sua morte, nos resgatou para a vida plena. Não mendigue consolação em certas horas duras da vida. Há um certo pudor na Cruz. Só o silêncio lhe sabe fazer digna companhia. Silencie suas agonias. Agonize tendo apenas o Pai-Deus como assistente, justo como o Cristo no Monte das Oliveiras, abandonado pelos seus. Se quiser busque companhia, como fez o Senhor em sua desolação do Getsêmani. Mas sabendo das fraquezas de nossos semelhantes, precisamos agir com cautela, e usar de caridade ... Afinal, o cansaço, o sono, o interesse, os mesmos pecados, chamam os homens para si, não há tempo para os outros, notadamente para os que sofrem. Seremos nós diferentes?

Sábado e Domingo: O mundo de hoje descrente de tudo e meio desesperado de todos, não aceita nada e nem ninguém senão uma dedicação diuturna, sempre do seu lado, no heroismo diário, no quieto silêncio de quem se dá e se doa, lhe demonstre a tese desesperante com o contato vivo de quem tem Amor no coração.

A fé não é um modo de pensar do qual se extraiu a realidade/ mas é uma maneira de pensar à qual se acrescentou a existencialidade do pensador. 30

Quem de nós não é um pouco o filho pródigo na renovada alegria do retorno à casa Paterna? Quem de nós através da vida, através dos anos já não sentiu o valor humano, criativo e transformador das pequenas e das grandes conversões, sabido que viver é mudar na seqüência útil da renovação? A vida é um constante caminhar, sempre redescobrindo o compromisso do casal diante da fé que professa. A fé, em s a essência mais profunda, é um constante aderir a Jesus Cristo que é arazão de ser e que dá sentido a todas as realidades . A fé n ã o é um modo de pensar do qual se extraiu a realidade, mas é uma maneira de pensar à qual se acrescentou a existencialidade do pensador. Nada, nem ninguém pode obstacular a realização da vocação para a qual nascemos, em particular aos


casais na concretização um de nós, na medida do Amor assumido em que se cria alguma quando do Sacramento obra ou se vi vencia aldo matrimônio. Reze- guma coisa ou alguma mos por àqueles afasta- pessoa. E vivenciádos da Fé, do Amor e las, significa amá-las; da Vida. Só há vida, se captar uma pessoa em antes houver alguma sua unicidade e irrepemorte. Semente e Flor. tibilidade é o mesmo Seara que depende que amá-la. do enterramento. Morrendo ao que é mortal, ---------viveremos mais, matando nossos pontos morA vida é um tos. Nunca será doce constante morrer. Mas é possível consentir por cima do caminhar; que se sente. sempre A Sessão de Forma- redes cobrindo ção- Nível I, fez-nos reafirmar tudo isso, numa O comprOmiSSO mais profunda compredo casal ensão do Plano de Deus diante da fé na história da salvação contida na Sagrada Esque professa. critura e na vida de cada - - - - - - - - - 31

Em suma: na Sagrada Escritura, Antigo e Novo Testamentos, e na vida de Amor de cada qual, somando decisão com decisão todos os dias da existência, é encontrada a revelação do Deus Único e Verdadeiro; do Deus que nunca abandonou seu povo; do Deus de Abraão, Isaac e de Jacó, de José e de Maria; do Deus Pai que nos foi revelado por Jesus Cristo de modo pleno; numa visão mais profunda dos Sacramentos e da espiritualidade Cristã, Conjugal e Familiar.

Maria Ines e Renato Laercio Talli Eq. 5 Setor C São Paulo/SP


As

BoDAS DE CANÁ DA GALILÉIA ...

UMA FESTA QUE NÃO TEM MAIS FI/V\ uem abre o Evangelho de S. João e lê o episódio das Bodas de Caná no capítuulos de 1 a 12, pode asselo 2 e melhar-se ao homem que chega na praia do mar e olhando o horizonte acredita que no fim do mesmo acaba o mar, ou acaba o mundo, como pensavam os antigos. A narração é de uma singeleza que encanta pelos detalhes que parecem terminar com uma festa que começa, cresce e depois termina, mas que parece não terminar. Na realidade não é bem assim, pois ela nunca termina, é a festa sem fim. Evidentemente, a narração chega ao fim e dá a impressão de que todos vão embora, ao terminar o segundo vinho, pois o primeiro havia chegado ao fim. Mas o segundo jamais irá terminar, pois ele jorrará para a eternidade. Eis o relato: "No terceiro dia,

Q

houve um casamento em Caná da Galiléia, e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus foi convidado para o casamento e os seus discípulos também. Ora, não havia mais vinho, pois o vinho docasamento tinha-se acabado" . Então a Mãe de Jesus lhe disse: "Eles não tem mais vinho." Respondeu-lhe Jesus:

"Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou." Sua Mãe disse aos serventes: "Fazei tudo o que ele vos disser." Havia ali seis talhas de pedra para a purificação dos judeus, cada qual uma contendo duas ou três medidas. Jesus lhes disse: "Enchei as talhas de água." Eles as encheram até a borda. Então lhes disse:

"Tirai agora e levai ao mestre-sala". 32

Eles levaram. Quando o mestre-sala provou a água transformada em vinho, ele não sabia de onde vinha, mas o sabiam os serventes que haviam retirado a água, chamou o noivo e lhe disse: "Todo homem serve primeiro o bom vinho e quando os convidados já

estão embriagados, serve o inferior. Tu guardaste o bom vinho até agora!" Esse princípio dos sinais, Jesus o fez em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Depois disso, desceram a Cafarnaum, ele, sua Mãe, seus irmãos e seus discípulos e ali ficaram apenas alguns dias.

A narração chega ao fim e dá a impressão de que todos vão embora/ ao terminar o segundo vinho/ pois o primeiro havia chegado ao firn.

-------------------------Na narração anterior, Natanael perguntava: "De Nazaré pode sair

algo de bom?" E o capítulo precedente termina com a menção de G n 28, 12 "Ve-

reis o céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem."


Assim o texto anterior se fecha com o anúncio próximo da manifestação do Filho do Homem, no qual o céu e a terra se encontram. Agora ternos uma descrição admirável. A cena se dá em Caná da Galiléia, pequena localidade onde nascera Natanael. O lugar mencionado por Flavio Josefo está hoje localizado em Hibert Caná, a uns quatorze quilômetros de Nazaré.

Mas o segundo jamais irá terminar, pois ele jorrará para a eternidade. Há Pontos que Parecem Evidentes A narração centraliza-se em um prodígio, pela ocasião de um casamento, quando, segundo o costume reuniam-se parentes, amigos e se confraternizavam . A introdução evidencia que além da Mãe de Jesus , que estava lá, Jesus e seus discípulos foram convidados. O vinho acabou . A Mãe de Jesus

intervém diante de Jesus, que lhe dá uma resposta surpreendente. Apesar de tudo, imediatamente, ela diz aos servos para executarem tudo o que ele lhes ordenasse. De fato Jesus manda encher de água os recipientes destinados às purificações rituais. Ora, eis que provada pelo mestre da festa, a água tem sabor de vinho, e acima de tudo, do melhor vinho, do que fora servido antes. E os discípulos creram em Jesus. Parece uma evidência simples, que a Mãe de Jesus lhe pedisse para fazer o prodígio, como fizera antes Marta, chamando Jesus "Senhor aquele que tu amas está enfermo ." (Jo 11,3) Maria teria sugerido a seu filho para remediar a situação difícil, providenciando o vinho. O estilo indireto da intervenção, pode, na verdade, deixar aberta a eventualidade de um pedido. Entretanto, Marta se dirigiu a Jesus como Senhor, pressionando-o psicologicamente em nome da amizade que tinha por Lázaro. A Mãe de Jesus, conforme João, não tinha visto seu filho fazer milagre algum. Se ela tivesse a evidência dopoder taumatúrgico de Jesus, não precisaria de nenhum servo para ajudá-lo, pois ele resolveria tudo sozinho.

Pe. Vicente Pinto Ribeiro CE- Eq. 9A - São Paulo/SP (Palestra na Seção de Formação)

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CoNSELHEIRO (AMIGo) EsPIRIT AL: UM EQUIPISTA ESPECIAL entro da vida das Equipes de Nossa Senhora, o con sdheiro espiritual tem uma participação especial. Além de orientador e guia dos casais ele é também um participante da equipe, à qual se integra na caminhada em busca da santificação. Procurando saber como pensa um conselheiro espiritual sobre o Movimento e a vida nas equipes, a CARTA MENSAL, fez uma rápida entrevista, com o Pe. Domingos Geraldo Barbosa de Almeida, de uma equipe do Setor B, de São Paulo.

D

CM - Qual a sua contribuição, para a vida da equipe? CM- Quando e como se tornou conPe. Domingos - Procuro atuar selheiro espiritual de uma equipe? como sacerdote, Pe. Domingos a quem cabe es- Há seis anos. Fui tar a serviço da convidado para Palavra de Deus, substituir um conA atenção dada que deve ilumiselheiro que estava nar as mais dipelo Movimento à de mudança para a versas situações orientação da Itália. Aceitei imeda vida. Devo diatamente, pois teHierarquia está ser também nho a convicção de portador da Paprecisando de que nada se compalavra da Igreja, ra à família, como maior adesão por que atualiza e ambiente próprio aplica os ensiparte de muitos ao nascimento e ao namentos reticasais equipistas. crescimento da fé. rados da ReveA evangelização do lação contida mundo se fará, sona Sagrada Esbretudo, pelo testemunho de farru1ias ver- critura e na Sagrada Tradição. dadeiramente cristãs. CM - Como deve agir o conselheiCM · Como é o seu relacionamen- ro espiritual? to com a equipe e com os casais? Pe. Domingos - Deve ser antes de Pe. Domingos - É acima de tudo um tudo o amigo, o companheiro, o irmão relacionamento de fraterna amizade. e, ao mesmo tempo, como sacerdote, o 34


Noto, também, com alegria, a crescente atenção à orientação pastoral dos bispos brasileiros e a contribuição à Pastoral Familiar, sobretudo na promoção e no enriquecimento da espiritualidade conjugal.

ministro da Palavra e dos Sacramentos. CM - Como é o seu convívio com os casais? A equipe lhe oferece alguma compensação afetiva, social, intelectual, espiritual... ? Pe. Domingos- O convívio com os casais é muito agradável. A vida da equipe traz inúmeras compensações ao conselheiro. Afetiva e socialmente constitui-se em espaço próprio ao estabelecimento de relações de amizade e abertura para o outro e, portanto, gerador de comunhão. Contribui para o exercício do aprimoramento da vivência intelectual, porque as reuniões são sempre oportunidades de questionamento, debate, troca e aprendizado. Também porque, a atuação como conselheiro, exige preparação, estudo e atualização. A espiritualidade, ou seja, a experiência da presença e da ação de Deus na vida pessoal e comunitária, é o cume de toda a caminhada da equipe. CM - Nas reuniões, costuma fazer a co-participação junto com os casais? Pe. Domingos- Participo da coparticipação, que, na nossa equipe, costuma ser feita de maneira espontânea e informal. CM - Que acha de bom nas Equipes de Na. Senhora? Pe. Domingos - O primeiro aspecto que deve ser apontado como primoroso nas ENS é a sua organização. A estrutura do movimento e os instrumentos utilizados são de grande eficácia. Aponto também, o fato de que o Movimento promove verdadeira comunhão entre as pessoas, uma das exigências

fundamentais do Evangelho. Noto, também, com alegria, a crescente atenção à orientação pastoral dos bispos brasileiros e a contribuição à Pastoral Familiar, sobretudo na promoção e no enriquecimento da espiritualidade conjugal. CM -Que pode ser aprimorado? Pe. Domingos - Parece-me que, ao lado da grande ênfase dada aos pontos concretos de esforço, é importante não esquecer o principal. O Centro da vida cristã é a Eucaristia (com tudo aquilo que nela está implicado, como o compromisso com a caridade e a comunhão eclesial). Tenho a impressão de que seria necessário explicitar isto para um grande número de participantes das ENS. Parece-me, também, que a atenção dada pelo Movimento à orientação da Hierarquia está precisando de maior adesão por parte de muitos casaís equipistas, através de um maior comprometimento com as promoções da Igreja e um mais efetivo engajamento na sua ação pastoral.

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ORD ENAÇÃ O SACERDOTAL o dia 7 de maio passa do, festa do Bom Pastor, a Arquidiocese e o Movimento das ENS de Londrina estiveram em festa. Foi ordenado Sacerdote um dos mais jovens Conselheiros Espirituais da Região, Jaime Alonso Botero, pelo Arcebispo D. Albano Cavallin, em cerimônia realizada na Catedral de Londrina. Sueli e Nelson, da Equipe 3, foram padrinhos de ordenação deste jovem colombiano, que deixou seu país para atender ao apelo do Senhor: "Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". A comunidade e os equipistas de Londrina agradecem a Deus por ter escolhido e enviado Padre Jaime Alonso e esta cidade para que ele possa nela realizar o seu ministério.

N

ordenado Sacerdo- ~ te, Padre }aime Alonso recebe das mãos de O. Albano, o cajado, símbolo do Bom Pastor.

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Atualidade EDUCAÇÃO SEXUAL déia de que o sexo deve ser objeto de um processo edu ativo em si não é errada. Mas em tudo não se pode resumir a noção do certo e do errado apenas no enunciado daquilo que se pretende. Muitas vezes, o como, o onde e o quando são mais importantes do que o objetivo a alcançar. É a velha questão dos meios e dos fins. Um mau meio vicia um fim bom. Não é fácil, em muitas situações críticas, aceitar essa colocação e leva muitos a achar que os fins justificam os meios. E, em virtude dessa crença dá-se a qualquer um o direito de usar de todo e qualquer meio, segundo as suas conveniências, disfarçadas sempre como se fossem fins bons ou como reação justificável ao mal realizado por outrem. É um procedimento extremamente comum, que prolonga o mal inicial muitas vezes por séculos, conforme demonstra a história da humanidade. Na verdade, recusar-se a um mau meio, por melhor que pareça o fim pretendido, é quase sempre aceitar ser sacrificado, não só pelos adversários ou inimigos. Mas, muitas vezes, agir assim, negando-se a usar meios contrários ao bem, leva, a quem assim age, a ser crucificado por companheiros que querem os fins por qualquer que sejam os meios. É realmente difícil remar, nessa matéria, contra a maré, mas é a única forma de afirmar uma consciência livre, fundada nos valores de sempre e, portanto, naquilo que é a própria essência do homem. É, afinal, o que define o homem, perante a sua própria consciência e perante a sociedade. Não há, de

Ai

fato, nenhum ato humano que não repercuta socialmente, para o bem e para o mal. E muitas vezes, por longo tempo. É o caso da educação sexual. Sob esse pomposo título está se fazendo em muitos lugares - em muitas escolas uma verdadeira promoção sexual. É preciso conhecer a natureza humana. O fato de alguém ser professor ou professora não os torna inatingíveis às paixões humanas nem imunes à malícia, mormente quando o sexo é hoje apresentado como quase o único meio de obtenção da felicidade. Sob a desculpa de aulas práticas ou de afastar preconceitos, o que se faz é provocar o erotismo, e tirar disso certos dividendos de sensualidade para alguns adultos mais espertos. Os jovens e as crianças acabam sendo induzidos, pela falta de condições de defesa em relação aos estímulos aos seus instintos, a uma curiosidade que leva a uma deformação moral e até a uma incapacidade futura de assumir as responsabilidades que advêm do sexo, destruindo a instituição natural da família, primeiro elo da vida social. A campanha contra a Aids, por exemplo, atingindo níveis de idade quase infantil, terá como conseqüência a antecipação das relações sexuais e, portanto, um risco maior de contaminação, até porque ninguém poderá garantir que os meios preventivos serão sempre respeitados. É possível prever o caos que essa orientação virá causar.

José Carlos Graça Wagner Transcrito de Opinião no Ar Volume li 37


I

45 Anos das ENS no Brasil ExTRATO DA CoRRESPONDÊNCIA ·DC) PE. HENRI CAFFAREL COM PEDRO MONCAU JR. (1

C

omo é do co nhecimento de todos as ENS foram implantadas oficialmente no Brasil em 13 de maio de 1950, com o lançamento, em São Paulo, da primeira equipe, integrada por Nancy e Pedro Moncau Jr. O que, talvez nem todos saibam é que, em seus primórdios, o Movimento em nosso país, foi pilotado e posteriormente ligado pelo próprio Pe. Caffarel através de intensa troca de correspondência com o Dr. Moncau, iniciada em dezembro de 1949 e que foi enriquecida pelas visitas do Pe. Caffarel ao Brasil. Iniciamos, neste número da Carta Mensal a publicação de alguns extratos dessa correspondência, que foram cuidadosamente compilados por D. Nancy Moncau. 15.12.49 ( l • carta): ... "L'Anneau d'Or " e os grupos de casais que trabalham paral e lamente a ele têm o obje-

ªPARTE)

tivo essencial de ajudar os casais a_ tende rem para a santidade, nem mais nem menos .. . " 24.03.50: .. . "Eu tenho a dizer-lhes o quanto sua carta me interessou e me tocou ... Descobrir que do outro lado

Não procurem fora o que vocês devem fazer, mas . s1gam o impulso da vida. do mundo há casais que têm as mesmas ambições, as mesmas aspirações cristãs, que fazem um esforço análogo, é infinitamente reconfortante. Pensar que, talvez, nós pudéssemos dar uma modesta ajuda em

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seu esforço, é muito bom ... " 12.06.50: ... ''Eu lhes prometo rezar e fazer rezar para que o Senhor os ajude em sua tarefa de responsáveis. Ela é importante e não é só de uma equipe que vocês se tornaram responsáveis, mas do desenvolvimento, em seu país, da fórmula das Equipes de Nossa Senhora ... " 21.09.50: .. . "Respeitem bem as leis do crescimento. Não passem por cima do Espírito Santo, como diz São Francisco de Sales, mas ao contrário, estejam muito atentos às aspirações, às necessidades, aos progressos possíveis, de modo a favorecê-los ... Muitas vezes os responsáveis de equipe pedem-me sugestões, re c eitas, tanto para a troca de idéias, como para a o ração, como para as atividades da equipe. Eu lhes respondo, invariavelmente: Não procurem fora


o que vocês devem fazer, mas sigam o impulso da vida. Perguntem muitas vezes à equipe: Que fazer a mais para que a oração seja mais intensa? Que fazer para que a amizade seja mais fraterna? Para que o auxílio mútuo seja mais eficaz? Que fazer para que a vida de cada um dos casais seja mais conforme ao Evangelho?. É esta atenção, esta docilidade, que pode permitir os verdadeiros progressos, pois ao querer copiar as iniciativas dos outros, arrisca-se, muitas vezes a fazer um trabalho artificial... Digo-lhes, caros amigos, da grande esperança que deposito nesta primeira equipe do Brasil. Estou convencido que ela pode ser o ponto de partida de um movimento de santificação dos casais. E é de grande importância que a Igreja não cesse de se construir, pelo topo os sacerdotes e pela base os fiéis ... "

16.02.51: ... "Importa que, de uma reunião à outra, que de um ano ao outro, faça-se progresso. É evidente que uma equipe que não avança, recua ... "

13.03.51: ... "Quero dizer-lhes, para encorajálos, -se é que isto é preciso - e para sublinhar o que muitas vezes tenho verificado, a saber: que apesar das distâncias e dos oceanos é bem na mesma direção que o Espírito Santo orienta os casais de hoje que se agrupam para se aproximar de Deus... "

E é de grande importância que a Igreja não cesse de se construi~

pelo topo os sacerdotes e pela base os fiéis. 18.04.51: ... "Acabo de receber sua carta de 5 de abril. Eu a li com muita alegria. Vocês são, certamente, um dos casais responsáveis com que eu me sinto mais profundamente de acordo ... " 17.07.51: ... "É muito necessário que, de

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tempo em tempo, ao menos duas vezes por ano, os casais de uma equipe coloquem a si mesmos, as seguintes questões: • Onde nós estamos com relação à caridade fraterna? No que ela poderia ser aprofundada? • Onde nós estamos com relação à oração na equipe? Onde nós estamos com relação ao espírito de submissão? Ao espírito de disciplina que faz os corações mais abertos à graça de Deus? Onde nós estamos com relação à tradução, na prática de nossas vidas, das verdades que nós descobrimos no curso da troca de idéias? • Nas reuniões da equipe temos procurado, sobretudo, dar ou, sobretudo receber? • Nós fazemos tudo o que podemos para nos beneficiar da riqueza doutrinária e espiritual do nosso Conselheiro Espiritual? Eu penso que esse exame de consciência é infinitamente benéfico e mantém o elan e o vigor de uma equipe." ...

(continua na próxima edição)


UMA PROPOSTA

13 de maio de 1950, nascia no Brasil a primeia equipe de Nossa Senhora (E.N.S.), sob o coando do casal Nancy e Pedro Moncau. Criado na França ( 193 8) pelo padre Henri Caffarel, esse movimento tem como objetivo principal a Santificação do Sacramento do Matrimônio. Procura buscar a ascese de seus membros através da leitura e meditação da Palavra de Deus, oração conjugal, diálogo aberto e franco entre os cônjuges e família, aproximando assim o casal entre si e com Deus. Tenta desenvolver no lar um ambiente cristão e fraterno. Abre oportunidade para o trabalho comunitário, dependendo das aptidões de cada elemento. Nossos lares hoje são bombardeados constantemente pelo modernismo, pelo consumo exagerado dos bens materiais, pela desagregação dos bons costumes, da moral e do respeito mútuo, fazendo com que a família perca a visão sacra! do Universo. A revolução científica provocou a revolução industrial e a máquina aos poucos substituiu o Homem. Na cultura atual não adianta dar conselhos é preciso dar bons exemplos. Nossos jovens ao se casarem, hoje, na sua maioria, não estão devidamente preparados para enfrentar as dificuldades conjugais, se apoiam em valores que lhes proporcionam prazeres momentâneos e não procuram a alegria de viver, que é muito mais saudável e duradoura. É preciso que aprendamos equilibrar o valor dos bens materiais e espirituais. Vamos começar por nossos lares. Tudo isso nos propõe o movimento das E.N.S., e, felizes aqueles que foram escolhidos por vontade do Espírito Santo para fazer parte dele.

E

Laor (da Lourdes) Equipe 3 - Votuporanga/SP

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Notícias e Info rmações

Televisão

Sagração Episcopal

A REDEVIDA, emissora de televisão de orientação católica, iniciou em }unho último suas transmissões. Através de uma rede de retransmissoras espalhadas por 6 capitais e inúmeras cidades em vários Estados, propõe-se a levar a todo país uma programação atualizada e vibrante dentro dos princípios da fé cristã. Muitos equipistas já tem participado dos programas. Em 22 de junho passado, o programa Tribuna Independente: Plenário do Povo, sob o tema "A vida do casal cristão", contou com a participação de Pe. Mário Zuccheto (CEde equipes de Campinas/SP) e de Rosinha e Anésio, equipistas de São José do Rio Preto, SP.

Cônego Bruno Gamberini, conselheiro espiritual da Equipe nº 1 e do Setor de São Carlos SP - foi nomeado Bispo de Bragança Paulista/SP

Volta ao Pai Padre Joaquim SalvadorConselheiro Espiritual da Equipe nº 1 -Setor O- São Paulo - 17 de maio

Novas Equipes •Juiz de Fora- MG- Equipe nº 37Imaculada Esposa do Espírito Santo Setor C- 8 (oito) casais Casal Piloto - Maria Aparecida e José Carlos Schmitz Conselheiro Espiritual- Pe. Euler Alves Pereira SVD •Taubaté-SP Equipe n º 13 - Nossa Senhora Rosa Mística Casal Piloto- Ana Maria e João Roberto Conselheiro Espiritual - Pe. Mariano (S}C) Equipe nº 14- Nossa Senhora da Anunciação Casal Piloto- Myriam e Celso Conselheiro Espiritual - Pe. Moacyr (S}C) •Santarém - PA Equipe nº 07- Nossa Senhora das Graças

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Peregrinação

~ à Aparecida

jovens

º

O 7 Encontro de Congregações e Movimentos juvenis, acontecerá de 78 a 20.09.95 na Chácara Manacá, em Brasília, DF. O esquema do Encontro será o seguinte: 7) Partilha de Experiências concretas e significativas no trabalho com a juventude. 2) Conhecer a nova proposta de Ação, Formação e Espiritualidade da P} no Brasil. 3) Ver o que há de comum, de diferente e de novo nestas experiências e na Pj no Brasil. 4) Reflexão sobre o jovem hoje e os novos desafios da realidade. 5) Como continuar este diálogo e quais os aspectos onêle é possível caminhar juntos respeitando as diferenças específicas de cada Congregação e Movimento. As inscrições poderão ser feitas com Pe. Vilson Basso, assessor Nacional do P} do Brasil, CNBB, SE Sul- Quadra 801 - Conj. B- CEP:70407 -900, Brasília DF, C.P.02067 CEP70289970 Telef. (06 7) 225-2956 Fax (061) 225-4367.

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As equipes da Região São Paulo - Leste, realizaram, como vem fazendo todos o s anos uma peregrinação ao Santuário de Aparecida . Participaram mais de trezentos equipistas e familiares de Taubaté, Caçapava,São }os é dos Campos, }acarei, Pindamonhangaba, Cuaratinguetá, Aparecida, que foram levar à Virgem Santíssima as orações pedindo forças para a c,lminhada durante o ano.


Nossa Biblioteca

Onde é que Mora Deus? (Perguntas e respostas para pais e filhos), Rabino Marc Gellman e Monsenhor Thomas Hartman (tradução Pe. Flávio Cavalca de Castro), Editora Santuário, 1995, 152 pg. Não é fácil falar de Deus com as crianças. Todos, já mais de uma vez ouvimos perguntas simples e desarmantes, feitas por crianças que procuram junto de nós a sabedoria sobre o grande mistério da vida. Onde é que Mora Deus quer ajudar os pais a responder às perguntas simples das crianças, sem ficar sem jeito à procura de respostas. Com quem Deus se parece?. Será que Deus sabe o que eu penso e o que eu faço?. As perguntas, nas cabeças das crianças são sempre assim: simples, profundas e muitas vezes inesperadas. Os autores enfrentam perguntas com sagacidade, profundidade e humor, carinho e muita fé.

Diretrizes Gerafi da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (1995 -1998)- CNBB -Documento no 54, Paulinas 1995 179 pg. Reunido em Itaicí, em maio/95 o Episcopado Brasileiro publicou esse documento. São diretrizes novas (289) como se declara explicitamente. O título do Documento não fala mais de Ação Pastoral, pois mais do que as anteriores, estas Diretrizes foram pensadas e formuladas fazendo da Evangelização a prioridade real e o eixo central da ação da Igreja (344). É um texto rico em ensinamentos doutrinários, mas muito diferente do que até agora se denominou Diretrizes de Ação da Igreja. Até aqui as Diretrizes eram um plano de ação, de acordo com os preceitos comuns da arte do planejamento. Visavam, diretamente, a ação organizada da Igreja, em vista de um objetivo bem definido, partindo da realidade, segundo o método do ver-julgar-agir e procurando articular todos os organismos da Igreja numa pastoral de conjunto, de acordo com as orientações concretas do Colégio dos Bispos, fundadas na doutrina da Igreja. Estas últimas Diretrizes partem da doutrina geral sobre a evangelização, que serve de fundamentação, como se vê no caso das quatro exigências práticas que corresponderiam às seis linhas de ação ou dimensões, adotadas desde 1966: serviço, diálogo, anúncio e testemunho da comunhão (177). À luz da doutrina aparecem as urgências que definem proximamente as orientações práticas (cf. os quatro termos: fundamentação, urgências e indicações práticas: 191, 195, 197; 205, 212,216; 222,227, 230; 250, 257,262)

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Oração

ORAÇÃO PELos EsPosos Jesus Amado, abençoai todos os casais unidos pelo sacramento do matrimônio, para que eles sejam tocados por Teu Amor, e sejam espelhos para o mundo de compreensão, perdão, paciência, dedicação, carinho, mansidão e doação. Que eles sejam almas gêmeas na cumplicidade do amor, que troquem olhares de ternuras, alegrias, como nos tempos de namoro e que o passar dos anos não enferruge o seu convívio, o seu dia a dia com palavras ásperas, incompreensão e desarmonia. Envia Jesus, sobre os os esposos o Teu Santo Espírito, para que n'eles haja uma verdadeira Conversão e possam cada dia descobrir, novos valores, qualidades e possam envelhecer juntos, respeitando-se mutuamente e sempre unidos na alegria, esperança e caridade. Mãezinha querida, intercede a Jesus por todos os casais do universo, independente de ideologia, religião, cor e raça, para que eles imitem a Paz e o Amor que predominou sempre no teu Lar em Nazaré. Que eles sejam não só companheiros de viagem, mas almas gêmeas no plano material e espiritual. Amém.

Oração de uma reunião da Eq-05 N.S. da Boa Vontade - Recife/PE Alcione e Grizzi

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NossA SENHORA Dos ExcLuíDos Nossa Senhora, Medianeira de Deus, mensagem de esperança para os desesperados, estrela suspensa nas noites insones dos meninos de rua, sem pão e sem lar; das meninas prostituídas nos bordéis, corrompidas pelos meios de comunicação, vendidas por trinta dinheiros nas páginas das revistas, e em filmes pornográficos. Dos viciados em drogas, explorados por traficantes. Intercede por eles Nossa Senhora protetora dos sem terra, do humilde homem do campo, curvado a um cabo de enxada, lavrando e fecundando a terra, com as suas lágrimas e o seu suor; dos que agonizam, subnutridos, à margem da vida, nas vias públicas, Proteje a nossa pátria Nossa Senhora dos encarceirados, em humilhante e promíscua ociosidade, sem ar, sem sol, sem amanhã. Dos presos enjaulados em penitenciárias, aos quais se nega o maior, o mais sagrado dos direitos humanos: o trabalho, como condição de sobrevivência, um preceito divino desde o início dos tempos, Salva a humanidade Nossa Senhora dos aflitos e angustiados, acolhe em teu altar as nossas súplicas, as nossas faltas, os nossos sofrimentos, pesados demais para os nossos ombros, e deposita-os aos pés de Cristo, Cordeiro de Deus que transporta os fardos do mundo e apaga os pecados dos homens. Miguel Tavares Eq. 02 Valença/RJ

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Reflexão UMA DoENÇA QUE AINDA TEM CuRA iante da vida, o ser humano nem sempre sabe tomar uma posição acertada em cada situação. Por isso perde oportunidades de sentirse feliz . O que ocupa a maior parte do nosso tempo é o fazer. Fazer o máximo, dizer a última palavra, trazer a melhor solução, correr através de resultados, interpretar a realidade antes mesmo de apreendê-la no seu todo. Já fomos domesticados a nos dizer gente pra frente, mas, com um pequeno detalhe, nem sempre sabemos aonde queremos chegar. A velocidade da máquina, no seu constante aperfeiçoamento, nos força a deglutir o futuro antes mesmo de ter o tempo para assimilar o presente. No nosso íntimo, angustiados pela dinâmica da vida, atropelamos o tempo ensaiando tentativas de fazer hoje o que nos está reservado para amanhã. Isto resulta em vivermos pela metade o tempo presente, que se completa em plenitude, no fazer e no contemplar. Crescemos em angústia e frustração . Estamos nos sentindo doentes por dentro . Se nos voltamos para a natureza física, aprendemos que a doença se manifesta pela falta de alguma substância equilibradora do corpo. A vida humana no seu todo se manifesta no físico, no psíquico, no mental e espiritual. Em síntese, no pensamento e na ação.

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Nos aspectos físicos a ação nos identifica aos demais seres vivos. Mas é a contemplação, uma atitude interior, a capacidade do estar aí, a mística, que plenifica e distingue as manifestações de vida humana das demais vidas. Talvez seja esta a grave causa da terrível doença da espécie humana: equivocadamente dispensamos a mística, renegamos a parte interior, a capacidade de contemplar. Estamos nos especializando num ser que se faz, que acontece, que aparece e desaparece. Na verdade, contemplar não nos traz dividendos, não aumenta nosso saldo bancário, mas é uma questão de escolha: ou ficamos no lado de fora de nós m .smos no fazer, no posssuir, no consumir, ou nos damos uma chance, voltados para o interior, buscamos desenvolver a capacidade de contemplar e descobrimos como é gratificante sobrepor-nos aos detalhes e voltar-n s para o essencial. Você quer experimentar? Uma lenda antiga diz que qu:mdo Deus estava criando o mundo, foi abordado por quatro anjos. Perguntou o primeiro: -Como estais criando? O segundo: -Por que o estais criando? O terceiro: Posso ajudar? O quarto: - Quanto vale? O primeiro era cientista; o segundo, filósofo; o terceiro, altruísta, e o quarto, corretor de imóveis. Um quinto anjo assistiu maravilhado e aplaudiu , encantado. Esse era o místico. E eu, qual sou?

Jô e Conrado Vasselai Equipe 1 - Bragança Paulista/SP


Última Página HINO DE AMAR E SERVIR "Quem não vive para servir, não serve para viver"

A vida é um eterno serviço. A natureza serve aos animais, vegetais e ao homem. A vida existe porque recebe constantemente do ambiente em que vive tudo que necessita para sua sobrevivência. Deus dá tudo e a todos gratuitamente o que necessitam. Se soubermos utilizar o que Dele recebemos com justiça e partilha também serviremos àqueles que nos cercam. O auge do servir está em dar àquele que nunca poderá retribuir. Ele nem sabe de onde partiu o serviço. A prioridade do servir passa primeiro pelo mais necessitado. Ninguém é suficientemente bom que não possa melhorar servindo um pouco mais aos seus irmãos, principalmente, aos mais excluídos. Tens dúvida se estás servindo bem ou não? Pergunta aos que convivem contigo: "se tu parasses de servir durante algum tempo eles sentiriam falta?" Caso a sentissem rapidamente é porque vives servindo aos teus irmãos. Se nada notarem é porque precisas servir melhor. O sábio não é o que tudo sabe e tem conhecimento. Também não é o que tem mais titulação. O verdadeiro sábio é aquele que vive o que fala, respeita e serve ao próximo e o pouco que sabe, transmite gratuitamente aos seus irmãos. A felicidade não está distante de ti. A felicidade está dentro de ti. Se quiseres ser feliz, faças a pessoa que tu amas feliz.

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Assim estarás construindo a tua felicidade e a dela. Faças feliz também todos aqueles que cruzarem contigo no teu dia-a-dia. Servindo com um sorriso, um cumprimento, um olhar, um escutar, sirvas sempre. Sê mais feliz fazendo os outros felizes. A felicidade não está em ter e sim em fazer. Faças alguém feliz distribuindo gratuitamente todos dons que Deus te dá. No amor precisamos sempre estar construindo.

Éum constante lapidar, tirar arestas, polir, isto deve ser feito minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, ano a ano. Esta construção dura toda a vida, é interminável, a cada momento fica mais bela, porque, quem ama é uma criatura abençoada por Deus. Amem-se enquanto é tempo de todas formas, a todo instante. Preenche de amor a vida do teu próximo que estarás preenchendo a tua própria vida. Ninguém é capaz de amar o que não conhece. Conhece e aceita a pessoa amada do jeito que ela é. Amar é respeitar Amar é perdoar Amar é servir Amar é recomeçar sempre de novo com humildade e disponibilidade até quando Deus quiser.

Djanira/Cézar Equipe 14 - Setor B Florianópolis/Se

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MEDITANDO EM EQUI PE Texto: 1 g de Samuel, 1,1-6.9-11.

Meditação 1. Você se considera dono ou dona de seus filhos? 2. Que margem de escolha você deixa para eles? 3. Você os ajuda a fazer uma escolha à luz do chamado de Deus? Oração: Peça luzes, sabedoria, coragem ...

Oração Litúrgica: Canto de Ana (1 Sm 2,1-1 O) Meu coração exulta no Senhor, e minha fonte se ergue para meu Deusi minha boca se ri dos meus rivais, porque me alegro em vossa salvação. Não há Santo como o Senhori não há rochedo como o nosso Deus! Nada há além de vós! Não multipliqueis palavras orgulhosas, cuidado com a insolência de vossa bocai O Senhor é o Deus do saber, o que ele fez é bem feito. O arco dos fortes se quebra, enquanto que os fracos são revigoradosi os saciados hão de se empregar por um pão, mas os famintos deixarão de labutari a que era estéril dará à luz sete vezes, definha, porém, a mãe de muitos filhos. O Senhor é quem dá a morte e a vida, faz descer aos infernos e de lá volta ri é o Senhor quem faz o pobre e o rico, é ele quem humilha e quem exalta. Do pó levanta o fraco e do monturo retira o indigentei e o faz sentar entre os príncipes, destinando-lhe um trono de glória. Pois ao Senhor pertencem as colunas da terra: sobre elas assentou o mundoi velará sobre os passos de seus amigos, mas os ímpios desaparecem nas trevasi ninguém triunfa pela própria força: os rivais do Senhor serão vencidos. O Altíssimo faz soar seu trovão nos céus, o Senhor julga os confins da ferrai ao seu rei ela dará poder, e erguerá a fronte de seu ungido.


Prioridades: - Vida de Equipe -Formação - Comunicação - Presença no Mundo - Pastoral Familiar - Experiência Comunitária

Equipes de Nossa Senhora Movimento de Casais por uma Espiritualidade Conjugal e Familiar Rua João Adolfo , 118 9 2 and. cj 901 CEP 01049-91 O São-Paulo SP Te i (011) 604-8833 Fax (011) 604-8969


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