ENS - Carta Mensal 308 - Abril 1995

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c; Carta Mensal Equipes de Nossa Senhora

Ano XXXV

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Nยบ 308

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Abr il/ 95


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EQUIPES DE NossA SENHORA CARTA MENSAL

Nº 308

ABRIL/1995

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INDICE -Editorial Pensar nos Excluídos .... ............ .. .... .. 01 A ECI R Conversa com Vocês ..... ........ 02 Páscoa .... ........ .... ...................... .. ....... 04 Formação .... ... ............... .............. ....... 09 Prioridades .......................... .............. 24 Projeto Conjugal ......................... ...... 29 Atualidade ......................................... 32 Pastoral Famil iar ........ ....... .............. ... 37 Testemunho ............. ......................... 38 Vida do Movimento .......... .............. .. . 39 Reportagem ........ .. .. ....... .. ................. . 44 Notícias e tnformações ..... ..... .... ...... . 46 Nossa

B~btioteca

Carta Mensal é uma publicação mensal das Equipes de Nossa Senhora. Jornalista Responsável: Catherine Elisabeth Nadas (MTb 19835). Edição: Equipe de Casais da Carta Mensal. Fone: (011) 604-8833. Composição, Diagramação e Fotolitos: Newswork. Rua Venâncio Ayres, 931 . São Paulo. Fon e: (011 )263-6433. Impressão e Acabamento: Edições Loyola. Rua 1822, 347. Fone: (011) 914- 1922.

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_Oração ............ ...... .................. ... ....... 47 Última Página ........ ................ ..... ..... . 48

Tiragem desta edição: 8.000 exemplares.


Editorial PENSAR NOS EXCLUÍDOS Queridos casais equipistas! Paz e bem! tamos vivendo a Quaresma, tempo forte da Igreja que nos convida à conversão que é sempre necessária para nova sanificação. Certamente todos já tiveram a oportunidade de refletir sobre o tema que a Campanha da Fraternidade nos propôs este ano. Pensar nos excluídos é pensar nas pessoas que Jesus acolheu, curou, reabilitou, enfim, de quem recuperou a dignidade de pessoa humana. E para nós, o que significa acolher, curar, reabilitar, recuperar a dignidade da pessoa humana? Significa compreender que toda pessoa é criada à imagem e semelhança de Deus; é aceitar que cada um é livre e tem sua vontade própria; é entender que mesmo na condição de pecador a pessoa humana conta com a Graça e a Misericórdia do Pai; é acreditar em seu potencial humano, dotado de inteligência, vontade, liberdade e responsabilidade. Não podemos nos excluir da ação da Igreja, que nos convoca a assumir projetos concretos. É importante que saiamos da reflexão e sejamos capazes de promover uma ação mais intensa. Inúmeras são as propostas que nos são apresentadas no texto base da Campanha da Fraternidade (3• parte) Como continuar o sonho de Deus. Sugiro que vocês, Casal Responsável de Equipe, e o Conselheiro Espiritual, motivem seus casais equipistas a assumirem o que é possível, e agindo assim, estaremos, preparando, sempre, a nossa Páscoa e não nos espantaremos perguntando: Eras Tu, Senhor? Em nossos EACRE's fomos convocados para o Protagonismo das Equipes. Sejamos corajosos , pois temos a certeza que o Senhor está conosco.

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Mãos à obra e Deus os abençoe!

Pe. Mário José EC/R

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A EC/R conversa com vocês SOLIDARIEDADE HuMANA IMPLICA EM TRAJETÓRIA DE CONVERSÃO

Queridos irmãos e irmãs equipistas!

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sempre com grande alegria que conversamos com vocês. É sempre uma felicidade imensa pensar em todos esses casais unidos, alegres , corajosos e competentes que, tanto nas grandes e atribuladas metrópoles, como nas tranqüilas cidadezinhas brasileiras, são sinais de amor, luz de acolhimento. Que Deus os abençoe! Mais uma vez nos reunimos em Ribeirão Preto, no belo prédio do seminário do Padre Mário, para rezar e refletir sobre os caminhos do Movimento, procurando, com o auxílio doEspírito, vencer nossas limitações, buscar a vontade de Deus e planejar a parte que nos compete na construção do Reino. Tivemos um momento de formação, quando nos aprofundamos no tema da dignida2-

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Devemos estar preparados e preparar nossos filhos para a realidade que v1vemos: uma rea Iidade de crise/ de mudança/ mas também de avanços positivos

de do homem, que realiza a sua vocação, seu desejo de felicidade, através das bem-a venturanças, dentro da liberdade com responsabilidade. Partindo dessa dignidade, que nos é conferida por Deus, refletimos sobre o absurdo que representa a existência de tantos excluídos e da necessidade de sermos realmente solidários. Mas concluí mos que só se pode pensar numa solidariedade humana se todos nós fizermos a trajetória da conversão. E, por falar em excluídos, insistiu-se na nossa participação ativa, na presença forte dos ÁBRIL-95


equipistas nesses tempos fecundos da Campanha da Fraternidade que deve, como sempre, durar o ano todo. Escolhemos então os projetos a serem desenvolvidos no nosso Movimento nos próximos meses. São os seguintes:

Não percamos tempo. Vamos //vestir a camisa// das Equipes de Nossa Senhora e corramos para não perder bonde da História//. Deus nos deu uma missão e espera uma resposta entusiasmada de cada um de nós. //o

Nova Imagem do Casal Projeto Conjugal Experiência Comunitária SacerdoteConselheiro Espiritual Logo mais, através de seus regionais, os casais serão convidados a colaborar com seus dons, sua vivência, sua caminhada de fé, para que esses projetos sejam realmente uma resposta aos apelos que chegam até nós a todo o momento. Devemos estar preparados c preparar nossos filhos para a realidade que vivemos - uma realidade de crise, de mudança, mas também de avanços positivos conservando-nos freqüentes na busca da verdade, da vontade de Deus e de um verdadeiro encontro e comunhão. ABRIL-95

Foram também objeto de discussão as Sessões de Formação que serão realizadas, este ano, nas diversas regiões. Com o tempo, todos nós, equipistas, independentemente de nossa idade ou do nosso tempo de equipe, deveremos participar dessas sessões, nos seus três níveis. Cuidadosamente pensadas e postas em prática com o carinho e a dedicação que caracterizam as realizações do Movimento, elas deverão contribuir grandemente para a formação de muitos apóstolos do terceiro milênio . Uma parte do nosso tempo foi dedicada também para pensar sobre a comemoração dos quarenta e cinco anos das Equipes de Nossa Senhora, no Brasil, no próximo dia 13 de maio.

Não podemos deixar passar essa oportunidade de agradecer a Deus pelo privilégio de fazer parte das Equipes e por todos os momentos de oração, de encontro c de auxílio mútuo que elas nos proporcionaram até hoje. Pois é, irmãos tão queridos, o ano de 1995 já vai correndo rapidamente. Não percamos tempo. Vamos vestir a camisa das Equipes de Nossa Senhora e corramos para não perder o bonde da História. Deus nos deu uma missão e espera uma resposta entusiasmada de cada um de nós. Com nosso renovado carinho e nosso mais sincero abraço,

Wilma e Orlando EC/R CARTA

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Páscoa

UMA ALIANÇA DE AMOR

O Cristo realiza com sua Páscoa a união perfeita coma humanidade/ ou seja/ celebra o matrimônio espiritual com o gênero humano.

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stamos próximos de revi venci ar os mistérios pascais. Celebramos a oblação radical de Jesus por nossa causa: "achado em figura de homem, humilhouse e foi obediente até a morte, e morte de cruz!" (Fil. 2,7-8). Jesus abre, com a sua morte e ressurreição, as portas do Céu para nós, pecadores, dando-nos a graça de vivermos na sua Graça, formando a sua Igreja : "Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef. 5,25).Foi pelo Amor que Jesus " reconciliou com Deus Pai todos os seres, os da terra e os dos Céus" (Co!. 1,20) . O Cristo realiza com sua Páscoa a união perfeita com a humanidade, ou seja, celebra o matrimônio espiritual com o gênero humano. Matrimônio este, já manifestado no seu primeiro milagre: as bodas de Caná. Neste episódio, Jesus, o noivo, transforma a relação do homem para com Deus: Deus não se satisfaz mais com uma religião baseada em ritos externos, Ele quer uma ação interna, quer o coração que não deixa faltar o vinho do amor, que está solidificado no serviço aos irmãos. Nas bodas de Caná Jesus aponta, assim, que a transformação da nossa vida interior está no ato de servir, de doação: "Ninguém tem maior amor do 4-

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que aquele que dá a vida por seus amigos" (J o. 15,13). É pois na prática da doação amorosa que o matrimônio conserva o vinho bom da fidelidade até o fim. A fidelidade conjugal representa a própria fé, que é permanente, que é dom e também uma abertura pessoal: "o justo viverá da fé" (Rom. I, 17). As ENS procuram não somente dar sentido e perseverança, sempre atual ao matrimônio, como também elevá-lo, comunitariamente, a ser o lugar onde resplandeça o amor de Deus por seus filhos e filhas. As ENS, através do seu testemunho, repetem a profunda palavra da Sagrada Escritura, como forma de oração a Jesus: "Grava-me, como um selo em teu coração, como um selo em teu braço, pois o amor (por ti) é forte" (Cân. 8,6) e proclamam para o mundo, como apelo à conversão: "As águas da torrente jamais poderão apagar o amor; nem os rios afogá-lo" (Cân. 8,7). Como Paulo as Equipes de Nossa Senhora afirmam: "O amor jamais passará" (I Cor. 13,8). Imitando MARIA, as ENS informam a Jesus as necessidades dos lares cristãos e dizem com fé: "Fazei Tudo O Que Ele Vos Disser" (Jo. 2, 5). Frei Rômulo Equipe 09 Recife-PE ABRIL-95


BILHETE ESPIRITUAL Não Sob Pompidou ... Mas Sob Pondo Pilatos Traduzido da Carta Francesa de Janeiro- Fevereiro de 1995, escrito pelo Pe. Pierre Descouvemont

Querida Catherine, querido Jean-Paul Vocês me disseram estar um pouco confusos a respeito do tema Ressurreição que estão começando a estudar. Nós não vemos claramenteescreveram-me vocês "o que devemos crer a respeito das aparições de Cristo ressuscitado. Em que lugar da nossa fé precisa estar o que se passou em Jerusalém e na Galiléia, quando Jesus se apresentou, vivo, aos seus apóstolos nos dias que se seguiram à sua morte e ressurgimento do sepulcro?" Responder-lhes-ei referindo-me, notadamente, às páginas bastante claras que o Catecismo da Igreja Católica consagra a estaquestão (638 - 647) e onde vocês acharão muitos extratos à página. 30-3 de seu livreto. Em primeiro lugar reconheçamos a impossibilidade de considerar a ressurreição de Cristo como um evento histórico. Isso por duas razões: ABRIL-95

1o O caráter extremamente misterioso da ressurreição de Cristo, de sua entrada definitiva na glória de Deus.

lhoso fenômeno de um homem reanimado, pela intervenção pessoal do Profeta nazareno. Não foi isso que aconteceu quan-

Quando Jesus tirou Lázaro do túmulo, onde havia sido depositado há alguns dias antes, Ele o fez voltar a uma vida normal. O irmão de Marta e Maria viveu, de novo, em Betânia e centenas de judeus, entre os quais muitos notáveis de Jerusalém, constataram com se us próprios olhos, o maravi-

do Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. O crucificado da Sexta Feira Santa, não veio continuar sua existência na terra. Ele entrou, para sempre, numa vida toda nova. O Pai, enfim, lhe deu a glória de que Ele deveria usufruir desde o começo de sua existência, mas à qual Ele renunciou por CARTA

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amor a todos nós. Misterioso «Kénose» (esvaziamento) exaltado por Paulo na célebre passagem de sua Epístola aos Filipenses (2 ,6ll) que a Igreja repete , i ncansavelmente, durante toda a Semana Santa. É evidente que a entrada definitiva de Jesus na glória ao Pai não foi constatada objetivamente por seus discípulos, como os outros acontecimentos de sua vida pública. Eles creram nesse Mistério, a partir de manifestações às quais foram beneficiados, depois de trinta e seis horas após a espantosa morte de seu Mestre na cruz e seu sepultamento numa tumba do Calvário. O caráter extremamente secreto das manifestações do Cristo ressuscitado a seus discípulos. No primeiro dia da semana, Cristo ressuscitado começou a se manifestar aos seus discípulos (a Maria Madalena e a outras mulheres, aos apóstolos, aos discípulos de Emaús). Ele concedeu esse privilégio às mulheres e homens que já o haviam reconhecido como o Messias.

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povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois que ressuscitou" (At. 10,40-41) Certamente a fé dos apóstolos não foi imediata . Começaram pela dúvida, depois se perguntaram se Dirigindo-se ao cen- . não estavam sendo vítiturião Cornélio e à sua fa- mas de uma alucinação e, mília, Pedro disse: "Deus pouco a pouco, foram se O ressuscitou ao terceiro dando conta da evidêndia e permitiu que apa- cia: era Jesus mesmo que recesse, não a todo o estava ali diante deles, não mais como antes, mas belo e bem vivo, Ressuscitado, perdoando-lhes a crucificado conduta lamentável que eles assumiram depois de da Sexta sua prisão no Jardim de Feira Santa/ Ghetsémani, perdoandolhes a lentidão em acrenão veio ditar nas primeiras testecontinuar munhas da Sua ressurreição - Maria Madalena e sua as outras mulheres que tiexistência nham ido de manhãzinha na terra. Ele à tumba para concluir os do sepultamento. entrou/ para ritos As observações feisempre/ tas não nos impedem, absolutamente, de afirmar numa vida que as manifestações do toda nova. Cristo a seus apóstolos após a ressurreição den-

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tre os mortos foram qualquer coisa de objetivo. E, freqüentemente , tem se chamado a atenção a que ponto a descrição das narrações evangélicas sobre o assunto, era um bom si-

os apóstolos não foram senão os prime i r os na História/ a fazer a experiência da qual/ se beneficiam há vinte séculos todos aqueles e aquelas que/ um dia/ descobrem Jesus Cristo em sua vida nal da sinceridade das testemunhas (I). Alguns exegetas perguntam a si próprios, se as aparições do Cristo ressuscitado das quais falam os evangelhos não foram simples procedimentos literários destinados a nos apresenABRIL-95

tar uma experiência puramente espiritual, puramente interior, que os apóstolos teriam feito, da presença de Jesus em suas vidas, algum tempo após Sua morte ignominiosa. O Cristo não se teria apresentado objetivamente diante de seus olhos, mas Ele lhes fez sentir- graças à efusão do Espírito Santo em seu coração - que Ele estava ali, bem junto deles, numa presença invisível, porém muito real. Dizendo de outra forma - os apóstolos não foram senão os primeiros na História, a fazer a experiênc ia da qual, se beneficiam há vinte séculos todos aqueles e aquelas que, um dia, descobrem Jesus Cristo em sua vida, como uma Pessoa viva, como um Amigo extraordinariamente amoroso e que, repentinamente, dá sentido à sua existência. Por conseguinte, os cristãos não teriam necessidade de se interessar • para a sua vida de fé pelas experiências pascais dos apóstolos. Eles, simplesmente, teriam tido uma grande premiére, um simples prelúdio de todas as experiências que todos os homens e mulheres de todos os tempos podem fazer, na Igreja onde eles estão, da

presença do Cristo em suas vidas. Uma leitura atenta dos textos não permite este interpretação reduzida das passagens evangélicas que relatam as aparições do Ressuscitado. Os autores do Novo Testamento sabem, perfeitamente, distinguir: • um êxtase: aquele de que foram beneficiados os apóstolos na noite em que viram Jesus transfigurado (Lc. 9,32) • uma efusão do Espírito Santo: aquela de que foram beneficiados os apóstolos no dia de Pentecostes (At. 2,4) e aquela de Comélio e seus farniliares no dia em que creram no Boa Nova do Cristo Ressuscitado (At. 10,44) • as aparições do Cristo Ressuscitado: as que nada tem de êxtase! Em Parayle-Monial, de 1673 a 1675, Santa Margarida Maria entrou em êxtase, várias vezes, diante de Cristo que lhe mostrava Seu coração ardente de amor. Na gruta de Massabielle, em 1858, Santa Bernadette, muitas vezes, entrou em êxtase diante da Virgem que lhe manifestava um pouco da sua beleza e da sua eterna juventude. Ao contrário, não houve nenhum êxtase no Cenáculo e às margens do CARTA

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lago. Foi Jesus que, repentinamente, se fez presente no meio dos apóstolos. Ele se colocou no meio deles, se deixou ver e tocar, para que todos cressem na realidade do seu corpo ressuscitado . Quando a convicção estava bem instalada no espírito dos apóstolos , Jesus os privou de sua presença sensível e, como nós, eles viveram na fé, deixando impregnar seus corações com a promessa de Cristo: "Eu estarei convosco

até o fim dos tempos!" Catherine e JeanPaul, possam estas reflexões fazê-los entrar mais no paradoxo da fé cristã: ela não é somente o fruto de uma experiência interior, de uma afinidade com o Senhor, por mais importante que seja oreencontro com Ele . A autêntica fé cristã apoia-se, igualmente, sobre a experiência privilegiada feita, há vinte séculos, por um punhado de homens e mulheres que O viram ressuscitar. Experiência que nos é relatada pelo Evangelho. Experiência única no mundo . Experiência que não devemos menosprezar. Experiência que, sozinha, nos permite dar o nome de Jesus. Àquele cuja presença experimentamos em nossas vidas, quando

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Jesus os privou de sua presença sensível e/ como nós/ eles viveram na fé/ deixando 1mpregnar seus corações coma promessa de Cristo: "Eu estarei convosco até o fim dos

tempos r/

a graça nos foi dada. CatherineeJean-Paul, procurem estudar um pouco de história e de geografia, para acender a uma fé sólida e cheia de vida. Em contraposição a todos os gurús da Idade Moderna que prometem a seus adeptos uma experiência espiritual que cada um pode fazer sozinho na sala ou no jardim, os cristãos têm razões para pensar que o Filho de Deus realmente se manifestou de uma maneira única a algumas testemunhas privilegiadas, num certo momento da história, num certo lugar do planeta. Não na França de

Pompidou, mas em Judá da Galiléia, sob o Poncio Pilatos . É o grande mistério da encarnação, da incursão do Eterno no tempo: O Emanuel na nossa história! Não se admirem de ser obrigados a interrogar essas testemunhas privilegiadas para poder afirmar hoje com uma tranqüila segurança: Jesus Cristo realmente ressuscitou dentre os mortos Aleluia! 1) Desenvolvi esse argumento no Capítulo IX do meu Guia de dificuldades da Fé Católica. Se vocês quiserem saber mais, leiam o best-seller religioso escrito por Vittorio Messori: Hipóteses sobre Jesus (traduzido em 23 idiomas). Criado num anticlericalismo virulento, esse jornalista italiano foi desconcertado pela leitura dos Evangelhos. "É prodigioso"- diz ele- mas é a verdade. Depois de doze anos de pesquisas ele chegou à conclusão de que se os evangelistas tivessem querido nos enganar, eles teriam feito isso de outro modo. Vittorio Messori é o escritor que fez as perguntas ao Papa João Paulo li das quais resultou o livro Cruzando o limiar da esperança. ÁBRIL-95


Formação

SER DISCÍPULO DE JESUS "Ninguém pode captar o sentido do Evangelho de João se não reclina a cabeça sobre o peito de Jesus e não recebe de Jesus, Maria por Mãe." (Orígenes, 254)

1. Introdução

sob o signo do sexto dia, indicando o desígnio que a preside: dar remate à obra criadora, completando o homem com o espírito de Deus. Há uma insistência de São João no número seis: sexto dia, sexta hora, seis dias antes da Páscoa, seis festas, seis talhas. Este número, no Evangelho, indica o incompleto, o preparatório, o período da atividade que visa a um resultado.

Os estudiosos do Evangelho de São João costumam ressaltar que não se trata de uma biografia de Jesus, nem de um resumo de sua vida, mas uma interpre- 2. O Início da tação de sua pessoa e obra, feita por uma Atividade de Jesus comunidade no seio da sua experiência de fé. Por isto, o plano que estrutura este O chamado sexto dia encerra dois quarto Evangelho é teológico, apresen- períodos: o da atividade de Jesus, ou o tando duas linhas-chave: o tema da cri- Dia do Messias (Jo 2,1-11, 54), c a ação c o da Páscoa-aliança. Hora final, que consuma e coincide O tema da criação é, por exemplo, com o período da última Páscoa, entrea chave de interpretação da obra de Je- laçando assim os dois temas principais. sus, incluindo as Bodas de Caná. O tema O esquema cronológico da prida Páscoa-aliança está intimamente re- meira série de seis dias assim pode ser lacionado com o Messias, que, como ou- dividido: tro Moisés, tinha de realizar o êxodo de- • Primeiro dia (testemunho de João finitivo. Batista sobre o Verbo encarnado, em Estes ternas - criação e aliança - Jo 1, 19-28); entrelaçam-se desde o início da atividade de Jesus, que acontece nas Há uma insistência de São Bodas de Caná (J o 2, 1João no número seis: sexto 11 ), particularmente na figura do esposo, que é dia, sexta hora, seis dias ao mesmo ti!mpo o Mesantes da Páscoa, seis festas, sias que inaugurará as noseis talhas. Este número, no vas bodas-aliança e o primeiro homem da criação Evangelho, indica o nova, que encontra a esincompleto, o preparatório, posa, a comunidade, no horto-jardim. o período da atividade que Toda atividade de Jevisa a um resultado. sus, até sua morte, fica ABRIL-95

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"O Movimento apela para a missionariedade dos casais equipistas, pois do seu testemunho de vida é que será possível construir uma nova imagem do casal e da família."

• Segundo dia (profissão de fé em Jesus , Cordeiro de Deus, que tira o pecado do Mundo, em Jo I, 29-34); • Terceiro dia (adesão dos primeiros discípulos a Jesus, em Jo I, 35-42); • Quarto dia (Jesus decidido a ir para a Galiléia, chama Felipe e verifica-se o encontro com Natanael, em Jo 1, 43-51 ). A datação seguinte é a que encabeça o episódio de Caná: no terceiro dia, a partir do quarto. Segundo o modo de falar daquele tempo, no terceiro dia significa dois dias depois. O dia em que ocorrem as Bodas de Caná é, portanto, na sucessão criada pelo Evangelista, o sexto dia. Ora, o sexto dia foi o da criação do homem (Gn 1, 26-31 ). São João apresenta assim um simbolismo temporal, a fim de indicar que tanto a atividade como a morte de Jesus são a continuação da obra criadora de Deus . O sexto dia significa, ao mesmo tempo, o dia da aliança nova, da criação terminada e da ressun·eição. Precisamente a nova aliança, na qual o Espírito substituirá a Lei, consistirá na constituição da nova comunidade humana, a dos homens acabados pelo Espírito, e que por isso gozarão da vida definitiva (ressurreição).

3. As Bodas de Caná Anunciam a Nova Aliança O episódio das Bodas de Caná, que para nós equipistas tem um sentido muito especial como orientação de vida para os próximos anos, inaugura a atividade pública de Jesus. Depois de chamar seus primeiros discípulos, que na interpretação do Evangelista João viverão ao redor de Jesus não somente para aprender ou para seguir o Mestre, mas, antes de tudo, para residir no âmbito de Deus, que é o da vida, comparece a um casamento. Assim, em Caná antecipa-se a substituição da antiga aliança, fundada na Lei Mosaica e simbolizada pela falta do vinho, pela nova aliança, fundada no amor leal e na qual haverá o vinho do Espírito, o vinho dado por Jesus a quem o seguir. Jesus é o novo esposo, presente nas antigas núpcias, anunciando nelas a mudança da aliança, que terá lugar na sua hora .

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Estas núpcias são anônimas, pois nem o esposo nem a esposa tem rosto ou voz. Como discípulos de Jesus, na condição de casados, fazemos parte da nova aliança. Somos convidados às Bodas de

Maria, a Mãe de Jesus, presente e atuante nas Bodas de Caná, irá nos ajudar como filhos muito amados, se realmente seguirmos a seu Filho como discípulos dedicados e conscientes do papel que temos que desempenhar como

sal e luz do mundo.

Jesus é o novo esposo/ presente nas antigas núpcias/ anunciando nelas a mudança da aliança/ que terá lugar na //sua hora//. Caná no tempo presente, mas não podemos ser casais anônimos, que apenas vêem o milagre do casamento e da família na sociedade atual, que não conseguem viver coerentemente sua fé no dia-a-dia da vida. Com esta orientação pós-Fátima, o Movimento apela para a missionariedade dos casais equipistas, pois do seu testemunho de vida é que será possível construir uma nova imagem do casal e da família, fundamentada em valores cristãos e humanos. O desafio é ser sinal de amor transformador na Igreja e no mundo, pois daí vem a capacidade e a força para restabelecer uma cultura em condições de privilegiar os verdadeiros valores do casamento e da família.

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Mariola e Elizeu Calsing Ecir

Bibliografia Utilizada 1) Mateos , J . e Barreto, J. ( 1989) - O Evangelho de São João : análise lingüística e comentário exegético. São Paulo, Editora Paulinas ; 2) Blank, J. ( 1988 1991) - O Evangelho Segundo João. ( 4 Volum es), Petrópolis ( RJ ), Edito ra Vo ze s; 3) Santos , B. S. ( 1994) - Teologia do Evangelho de São João . Aparecida (SP), Editora Santuário .

Nota do Editor Com esta reflexão inicia-se a publicação de uma série de textos sobre as Bodas de Canâ.

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VINHO

ESTÁ NOS FALTANDO? ós equipi~tas estamos mutto acomodados, longe de ter Maria como modelo. Maria nunca foi uma mulher passiva. Sempre foi muito presente, muito atenta às necessidades. Questionou a proposta do Anjo (Lc 1,34). Quando o filho se perdeu procurou-o incansavelmente durante três dias (Lc 2,46). Nas bodas de Caná, enquanto todo mundo se divertia, só ela estava atenta . Percebeu que estava faltando vinho. Uma mulher de uma personalidade forte, corajosa, disponível, servidora. No movimento verificamos reuniões de equipes realizadas sem preparo adequado, tornando-se enfadonhas e sem proveito. Retiro é outra dificuldade, alguns casais sempre encontram uma desculpa para não fazer e outros estão convictos que não necessitam. Os eventos como: Noite de Espiritualidade, Formação, Multirão, são poucos prestigiados, esquecidos e damos sempre prioridade a outras coisas. O que será que está nos faltando para seguir-

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mos o exemplo de Maria? Porque estamos tão acomodados? Que vinho está nos faltando? Maria apesar de trazer no próprio seio o filho de Deus, não se instala comodamente; o amor de Deus transborda do coração, e ela vai visitar ou melhor servir sua prima Isabel. Maria quanto mais recebia de Deus mais dava. Temos muito que refletir. A nossa missão significa sobretudo não cruzarmos os braços, não sermos omissos. Como Cristãos e equipistas devemos ter a coragem e a disponibilidade de irmos à luta. Sermos infatigáveis, saltar barreiras. Ação, minha gente, disto é que nós precisamos. Vamos sair deste marasmo. O tempo não espera, um dia temos que responder por tudo aquilo. E o que deixarmos de fazer ninguém pode fazer por nós, porque no plano de Deus nós somos únicos.

É preciso que nós equipistas vivamos em oração, em clima de muita união, com uma única direção. Vivermos em sin-tonia com Nossa Senhora pedindo a ela sua coragem, disponibilidade, perseverança. Sim, muita perseverança para que possamos sempre seguir lutando, não obstante os obstáculos. As pedras no caminho que muitas vezes são representadas por: ctíticas, acomodações, não participação nos eventos, retiros vazios, etc ... , nós teremos que afastar com muita garra, dedicação, empenho, entusiasmo e otimismo. As coisas de Deus são assim mesmo difíceis. Um dia vai valer a pena todo esse nosso trabalho, quando chegar o dia do nosso encontro com o Senhor. Eneida e Álvaro Setor B- Belém-PA ABRIL-95


Os CRISTÃos NO MuNDO (Epístola a Diogneto, n.5-6)

s cristãos não se diferenciam dos outros homens, nem pelo país, nem pela língua, nem pelas instituições. De fato, não moram em cidades pró-

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prias, nem empregam linguagem estranha nem levam uma vida diferente . Não foi por imaginação ou complicadas elaborações que vieram ao conhecimento desta

doutrina, nem se apoiam em dogmas humanos, como tantos outros. Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme o acaso os colocou; seguem os costumes do povo local em matéria de roupas e de alimentos e, quanto ao mais, manifestam seu admirável modo de viver e propõem ao consenso de todos o incrível estado de sua vida. Habitam em suas pátrias, mas como inquilinos; têm tudo em comum com os outros como cidadãos e tudo suportam como peregrinos. Todo país estrangeiro é pátria para eles e toda pátria é terra estrangeira. Casam-se como todo o mundo e procriam, mas não rejeitam os fetos. Têm em comum a mesa, não o leito. Estão na carne, porém, não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas têm no céu sua cidade . Obedecem às leis promulgadas e com seu gênero de vida ultrapassam as leis. Amam a todos e por todos são perseguidos. São ignorados e, no entanto, condenados; entregues à CARTA

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morte, dão a vida . Mendigos , enriquecem a muitos; tudo lhes falta e vivem na abundância. Vilipendiados c no meio dos opróbrios enchemse de glória; cobertos de ignomínia, cresce sua reputação; por isto mesmo obtêm a glória. Destruída sua fama, a justiça dá-lhes testemunho . Repreendidos, bendizem. Tratados com desprezo, prestam honra. Ao fazerem o bem, são castigados como maus; punidos, alegram-se como se revivessem. Os judeus fazem-lhes guerras como a estrangeiros e os gentios os perseguem: e aqueles que os odeiam não podem dizer qual a causa da inimizade. Numa palavra, o que é a alma para o corpo, assim são no mundo os cristãos. A alma está em todas as partes do corpo; e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma está no corpo, mas não vem do corpo; os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo . A alma invisível é guardada pelo corpo visível; todos vêem os cristãos, pois habitam no mundo, contudo, sua piedade é in visível. Com ódio e hostilidade a carne persegue a alma sem motivo, por14 -

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Numa palavra, o que é a alma para o corpo, assim são no mundo os cristãos. A alma está em todas as partes do corpo; e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma está no corpo, mas não vem do corpo; os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo. que lhe impede de entregar-se aos prazeres; o mundo odeia os cristãos sem motivo algum, só porque rejeitam seus atrativos. A alma ama a carne e seus membros mas por ela é odiada; também os cristãos amam os que os odeiam. Na verdade a alma está fechada no corpo, mas é ela que contém o corpo; estão encerrados os cristãos no mundo como em prisão, mas são eles que abraçam o mundo . Imortal, a alma habita em tabernáculo mortal; os cristãos peregrinam em meio às coisas corruptíveis, na expectativa da celeste incorruptibilidade. A alma, maltratada no comer e no

beber, torna-se melhor; os cristãos, entregues aos suplícios, vêem seu número crescer dia a dia. Deus os colocou em posição tão elevada que lhes é impossível ceder.

Texto de autor desconhecido do 2° (ou 3°) século. Responde às perguntas que Diogneto, algum personagem importante, fazia sobre o cristianismo. ÁBRIL-95


DEIXEI A MISSA - "Procurei sempre mente e não forçado; só cumprir meus deveres fa- assim adquire méritos A grandeza miliares, profissionais, para a vida eterna. No de quem religiosos e sociais, tra- entanto, a faculdade de tar com justiça meus em- escolha o faz mui ta vez teme a Deus pregados, praticar a ca- preferir o mal sem escrúnão é ser ridade em favor dos ne- pulos, prejudicando a si e cessitados. Contudo, as aos outros. Não vamos à isento de coisas para mim não dão missa para que Deus tire contrariedades/ certo, vão para trás. Pa- a liberdade de quem pree s1m ser rece até um castigo, a tende molestar-nos, mas ponto de um amigo me para que nós nunca a emjusto. dizer: 'nunca vi uma pes- preguemos mal; para tersoa direita como você mos o discernimento nepassar tantos contratem- cessário de sabermos co- sem. Orou porque amava pos assim'. Então, que mo reagir nos contratem- o Pai. Vamos à missa poradianta ir à missa? " pos; para nunca perder- que Cristo é digno do -O Salmo 33 (34), mos a dignidade de filhos nosso amor e reconheci20 nos diz: "São inúme- de Deus em nosso com- mento. Quanto maiores ras as tribulações do jus- portamento. Se deixo a os contratempos, mais me to, mas de todas o livra o missa, abandono a fonte apego à missa, à oração, fonte de luzes e forSenhor". A grandeças. Vamos porque za de quem teme a Deus não é ser isenNão vamos à missa necessitamos ouvir e falar-lhe. Vato de contrariedapara que Deus nos Deus mos porque, dos sete des, e sim ser JUSlivre das dias da semana, um TO, porque ele soespecialmente de é frerá como todos os contrariedades Deus, que nos espefilhos de Adão, mas ra para uma hora de Deus lhe dará a sabedoria e fortaleza neces- da graça que me equilibra maior intimidade espirisárias para lutar como con- as faculdades interiores, tual. Não vamos por tervém até superar e libertar- distancio-me do posto de mos algo a pedir, mas por se dos contratempos. reabastecimento que termos tanto a agradecer Não vamos à missa permite ao carro conti- e porque Cristo enche nossa mente e o coração: para que Deus nos livre nuar sua viagem. das contrariedades, que Jesus orou mais do não dá mais para viver dependem da perversão que nós, mas não se re- longe dele e sem amá-lo . dos homens e não de voltou pelo fato de o Pai Deus. O homem foi dota- não ter impedido que os Pe. Mário Zuchetto css do de liberdade para pra- inimigos o prendessem, Equipe 4- Campinas!SP ticar o bem espontanea- açoitassem, crucificasABRIL-95

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ORAÇÃO DE CoNTEMPLAÇÃO Pe. Bernard 0 /ivier, op

Sobre a oração e a "oração ao quadrado". I. Três definições da oração. 1. "Toda elevação da alma para Deus". É a definição do meu Primeiro Catecismo, da diocese de Tournai. Uma definição simples mas exata. Diz o essencial: é uma relação com Deus. Não se trata de um qualquer pensamento piedoso, mas de um contato com Deus, através do que temos de mais profundo, de mais pessoal em nós, que nós chamamos: alma. (Pode-se orar em qualquer lugar, a qualquer momento: " Orai sem cessar ...") 2. Uma definição médica, segundo o Dr. Alexis Carrel: é a respiração da alma. A oração tem a mesma função que a respiração na vida física. a) existem modalidades, escolas diversas na educação física: no tempo da minha juventude havia a ginástica sueca, hoje existe a aeróbica, o jogging, o body-building, etc ... Mas a respiração continua sendo uma função essencial. Da mesma forma, há modalidades e escolas diversas de espiritualidade (pensem nas escolas de oração, nos grupos carismáticos ... ).Mas a função de oração permanece essencial. Fisicamente, sufocamos .. . depois de quanto tempo sem respirar? Mais ou menos três minutos. 16-

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Pode-se orar em qualquer fuga~ a qualquer momento //Orai sem cessar. .. // Espiritualmente sufocamos ... depois de quanto tempo sem rezar? Quando se tem o sentimento de que as coisas vão mal, que se patina, é preciso perguntar-se: há quanto tempo que não rezo de verdade? Por experiência pessoal, diria que nossa vida vale o que vale nossa oração. E tenho constatado que os padres e os religiosos que abandonaram a sua vocação, haviam, na verdade, deixado de rezar há algum tempo. b) Esta função da oração não pode ser substituída por nenhuma outra. Mesmo quando se tem um excelente estômago, capaz de digerir tijolos, não se pode deixar de respirar. Da mesma forma, um trabalho intenso no plano religioso, apostólico, não substitui a oração. Mesmo que se diga às vezes que o trabalho pode ser uma oração .. . Nada pode substituir a oração. ABRIL-95


c) Além do que, aqueles que vivem mais intensamente, que gastam mais energia, devem também respirar mais, como os atletas. Penso muitas vezes no Cura d' Ars, que passava horas no confessionário (e se há um trabalho estafante que se faz pelo Senhor, é este) e que nem por isso se achava dispensado da oração. Bem ao contrário, começava sua jornada por uma hora de adoração. 3. A melhor definição, para mim, é a do Livro do Êxodo (Ex 33,11):"Javé falava com Moisés face a face, como um homem fala com o seu amigo" Notemos os três elementos indicados: a) É um encontro, um diálogo, um face a face. Certamente, acontece pela fé; ainda não temos a visão ... mas a fé é uma virtude teologal, que tem Deus como seu objeto direto. b) É Deus que fala por primeiro. É Ele que tem coisas interessantes a dizer. Quanto a nós, devemos sobretudo calar e escutar. Depois, poderemos falar, responder. «Nas vossas orações, não useis de vãs repetições, como fazem os gentios ..» (Mt 6,7). Somos por demais tagarelas. Aprendamos a calar-nos para escutar a Deus. c) É uma relação de amizade. Entre dois seres que se amam, não há necessidade de muitas palavras, meias palavras bastam. É verdade. Mas ainda é preciso dizer-se que se ama. E a palavra deve acrescentar algo ao silêncio. Deve nos ajudar a ir adiante. Há um belo provérbio chinês que diz: "antes de falar, assegura-te que o que tens a dizer é mais belo que o silêncio". Para viver esta forma de oração, penso que há duas condições indispensáveis. 1. Estabelecer o contato, garantir a comunicação. ÁBRIL-95

A oração tem a mesma função que a respiração na vida física. Tomemos a imagem do telefone. Quero telefonar para a minha irmã, na Bélgica. O que faço? Vou até a cabina telefônica, sento e começo a pensar: o que vou dizer à minha irmã, o que vou perguntar? Notícias de seus filhos, seus netos ... Penso em tudo isso durante uns dez minutos e depois me levanto e vou embora, dizendo: tive uma boa conversa com a minha irmã. Idiota! Nem sequer tirei o fone do gancho, nem estabeleci a comunicação ... Que estupidez! Mas é o que fazemos com freqüência quando pretendemos rezar. É preciso tirar do gancho o telefone interior e dizer: «Alô, Senhor, estás aí? Sou eu, teu filho que fala ... » Se não, só há monólogo, não há verdadeira oração. 2. Falar com Deus na segunda pessoa. Dirigir-se a ele de forma direta, não simplesmente remexer idéias piedosas a respeito de Deus. Gosto muito do exemplo que nos dá Catarina de Siena. Conta-se que muitas vezes, enquanto ela recitava seu ofício litúrgico das horas, Jesus ficava perto dela e alternavam a recitação dos salmos. No final de cada salmo, diz-se, habitualmente, adoxologia: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. É o que nós teríamos feito. Mas Catarina dizia: Glória ao Pai e a ti ... Eis o que quero dizer com falar na segunda pessoa. Seria agora preciso examinar as grandes formas da oração. Vamos conCARTA

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tentar-nos com duas: a meditação e a disposição do corpo é importante e muioração de contemplação. tas escolas de oração insistem sobre este Nas ENS, fala-se muito de medita- ponto (lembrem-se de Troussures, esção. Mas o que se quer dizer? Usa-se cola de oração doPe. Caffarel). Dispor muitas vezes a palavra no sentido de o espírito, colocando-se verdadeiramenoração, até de forma vocal (cantos, re- te na presença de Deus. No começo, pode ser difícil fazer silêncio incitação de salmos com tempos de silêncio) . Pesterior, mas com um pouco soalmente, gostaria de reEspiritualmente de exercício, consegue-se servar esta palavra medicom facilidade. sufocamos ... tação para a meditação Lembro-me com freno sentido forte: a conqüência do exemplo do depois de templação. pianista Stefan Askenase, quanto No início, o Pe. Caque tive a oportunidade tempo sem ffarel tinha pedido aos de ouvir muitas vezes duresponsáveis (e só a esrante a guerra. Era um jurezar? tes), dez minutos de medeu polonês que abrigáditação por dia. Isto, devamos em nosso convenpois, foi estendido a todos os equipis- to, no noviciado. Um dos melhores intas. E um dia ele disse: «Pedi a todos térpretes de Chopin. Sentava-se diante dez minutos de oração por dia. Errei. do piano, recolhia-se longamente, silenDeveria ter pedido meia hora!». cioso e imóvel. Sentia-se que estava se colocando em estado de graça musical. E depois, atacava ... Assim devemos 11. A meditação Há vários métodos, segundo os vá- nós também nos colocarmos em estado rios mestres espirituais: Santo Inácio de oração. 2. Escolher um assunto. Ou melhor, ou Teresa de Avi la, Francisco de Sales, Catarina de Siena, Caffarel... São mé- já o ter escolhido antes de começar. Se todos preciosíssimos e para todos os não, corre-se o risco de passar a maior gostos. Quero propor-lhes um muito sim- parte de nosso tempo de oração à deriva, ples e acessível para todos : o meu! Eis em busca de um assunto que nos seduza. Portanto, fixar o espírito no assunos diversos momentos que proponho: to escolhido: um trecho de Evangelho, O. O ponto zero. Antes de mais nada, escolher o lugar c o momento . uma parábola, uma simples palavra, ou Não se pode rezar direito, com a neces- uma idéia (a misericórdia, a pobreza sária concentração, em qualquer lugar evangélica... ). Observe-se que o mesmo e a qualquer tempo. Escolher um lugar assunto pode servir por dias ou mesmo de silêncio, de paz. Às vezes, quando semanas. 3. O ato central: refletir sobre o se pode, é melhor na presença do Sanassunto. tíssimo Sacramento. Por outro lado, há O que significa esta palavra, esta a gente da manhã e a gente da noite: parábola? O que significa para mim? é preciso conhecer-se bem. 1. Colocar-se em estado de oração, Como pode ajudar-me a mudar minha em posição de oração, tanto física como vida? Explora-se a idéia, esmiuça-se, espiritualmente. A posição do corpo, a expreme-se seu suco ... A meditação é

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Disparo espírito, colocando-se verdeiramente na presença de Deus.

uma oração do tipo discursivo, passa-se de uma idéia à outra, para compreender melhor. E pode-se recorrer a notas técnicas, a comentários. Mas não se trata de um estudo técnico, nem de uma leitura bíblica: é uma oração. 4. Conclusão, em dois atos. • Primeiro, colher uma flor do jardim, para em seguida sentir seu perfume, como diz São Francisco de Sales. Levar uma idéia para conservá-la no espírito, para repensá-la, para dela viver. • Depois, adotar uma resolução prática, algo que vai mudar um pouco nossa vida.

Atenção! Lembrar sempre estas três regras práticas: • Começar por estabelecer a comunicação (telefone); • Refletir e passar de uma idéia à outra, mas sempre sob o olhar de Deus, falando-lhe na segunda pessoa; • Finalmente, não desanimar no começo. Quero insistir sobre este ponto, pois há gente demais que desiste, por causa das dificuldades do começo. Conto-lhes a minha própria experiência. Antes que eu entrasse no noviciado dos dominicanos, meu diretor de consciência me aconselhara que eu aprendesse a meditar. Emprestou-me um livro de meditação chamado Manual das Almas Interiores. Nunca leiam este livro! Ele me havia aconselhado o seguinte método: «Leia primeiro duas páginas, depois tente refletir durante dez minutos». Segui escrupulosamente o conselho. Lia duas páginas: uma tortura, de tão maçante que era ... Depois, na frente do relógio, fechava os olhos para refletir... Abria os olhos depois de muiABRIL-95

to tempo ... Dois minutos! E assim sucessivamente. Pensei comigo: nunca conseguirei! Quando entrei no noviciado um mês mais tarde, fiquei sabendo que havia três meditações de meia hora por dia, no programa. Fiquei apavorado. Mas o retiro de início de ano (o ano litúrgico começa em 14 de setembro) foi pregado por um verdadeiro místico, um dominicano flamengo com um sotaque terrível, que falou da Trindade ("nossos queridos três"). Um retiro riquíssimo, que alimentou a minha meditação diária por várias semanas. Ela se fazia quase sozinha ... Logo, não desanimem!

111. A oração de contemplação A que eu chamo de oração ao quadrado. Ao contrário da meditação, a oração de contemplação não é um trabalho discursivo do espírito e do coração, não é uma reflexão bem elaborada. Nela, é Deus que faz tudo. Estamos além de todo trabalho de reflexão, além de todo discurso mesmo interior, além de toda palavra ... Em latim, define-se como simplex intuitos: um olhar simples. Olha-se para Deus, contempla-se Deus. Assim como se fica impressionado pela beleza de uma pintura e que não mais se pensa em examinar seus aspectos técnicos ou seus detalhes, fica-se simplesmente subjugado, arrebatado; assim também diante de Deus ... Como se trata de coisa muito simples, é muito difícil explicar. Proponho três imagens. I) A primeira é da jovem camponesa, citada pelo Pe. H. Bremond em História do sentimento religioso na CARTA

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Levar uma idéia para conservá-la no espírito/ para repensá-la/ para dela

te. Têm fé, uma fé verFrança. Ela se queixava dadeira. Mas contencom o seu vigário, por não saber rezar. O padre tam-se em acampar na lhe disse: «Mas é tão simante-sala. Conten tam-se com o bê-á-bá da fé. ples! Quando você está Não têm a meno r idéia com teus carneiros nesta bela natureza do bom da vertigem de que seDeus, apanhe o seu terço VIVer. riam tomados se entrase comece a dizer: Pai sem de verdade no misnosso» ... «Pois é, disse a tério de Deus. Não temos tempo suficiente em camponesa, é o que eu faço. Mas logo começo a pensar como eu, uma campo- nossa vida para admirar as maravilhas nesa ignorante, posso dizer a Deus: nos- do Reino de Deus, para penetrar os seso Pai, então fico perdida c não consi- gredos da Palavra. Seria preciso não go continuar.» E ela achava que não sa- perder um só instante, um só olhar, bia rezar! uma só batida do coração. Em vez dis2) Segundo exemplo: a parábola so, em vez de avançar passo a passo que propus num dos meus primeiros na descoberta, colocando simpleseditoriais e que in titulei Entrar no pa- mente mas com perseverança pé ante lácio do rei. pé, sentamo-nos na soleira da porta. Era uma vez, num país distante, um Nem entramos. Cremos que vivemos ancião que sonhava entrar no palácio do a nossa fé, que praticamos a vida direi. Todos os dias, ficava durante horas vina ... Ficamos plantados diante da diante das grades do parque, olhando entrada do Reino! de longe a fachada do palácio. 3) Por fim, uma última imagem. Um dia, os soldados da guarda, Nossa oração parecesse com as ondas vencidos por sua obstinação e comovi- do mar que sobem cada vez mais alto dos por sua perseverança, abriram para na praia e que, no fim de seu curso, ele as grades e o deixaram entrar na casa chegam ao pé do grande muro que cerda guarda. E deste dia em diante, cada ca o Jardim de Deus: o Jardim secredia ele voltava para sentar-se num can- to onde ele mora. Por nossas próprias to da sala dos guardas, contemplando o forças, não conseguimos ir mais adianvaivém dos soldados. te, não conseguimos transpor o muro. E um dia ele morreu. Morreu con- É necessário que o próprio Deus vetente. Morreu convencido de ter pas- nha nos tomar em seus braços para insado seus últimos anos no palácio do troduzir-nos em sua presença. A conrei. Sequer imaginava que atrás dos templação é isto. É um dom, uma gramuros, a alguns passos do seu banqui- ça. Deus no-la dá como quer. Mas é nho, abria-se uma série de salões ma- preciso estar ali, ao pé do muro para ravilhosos, cheios de tesouros incrí- que ele nos tome ... Precisamos estar veis que lhe teriam dado vertigem ... no encontro marcado . Sequer tinha entrado, sequer tinha passado a porta! Muitos cristãos parecem-se com Palestra na Sessão Internacional este ancião. São crentes, sinceramen- de Formação Fátima, julho de 1994

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CARISMA E COLEGIALIDADE Carisma é uma força divina conferida a uma pessoa, grupo de pessoas um movimento em vista da necessidade ou utilidade da comunidade. O Carisma confiado às ENS há 45 anos implica em aprofundar, viver e fazer viver a espiritual idade conjugal, fazendo do casamento um lugar de amor, de feo licidade, um caminho de santidade. Ao percorrer, estudar e aprofundar o texto da 2• Inspiração, ao tentar viver essa proposta, sentimos que seu primeiro apelo é para sermos: • Discípulos • Profetas • Apóstolos, convocando e desafiando todos os homens para viver na busca da santidade através do casamento. O que isto significa? Significa que os casais devem se empenhar na realização de um discernimento evangélico do casamento, discernindo antes o próprio dom das ENS, pois é a equipe que nos embasa para sermos discípulos, profetas, apóstolos . É um fato notório a importância que o Concílio Vaticano li deu ao Carisma. E hoje, é de maravilhar-se, o revelar de todas as conseqüências que decorrem no que diz respeito a:

• Autonomia dos Movimentos • Sua identidade • Seus métodos apostólicos • Sua inserção na vida da Igreja, sobretudo no campo de sua ação. E o nosso campo de ação é a família. Somos qualificados e temos de ser especialistas nesta área e é na Pastoral Familiar que temos de dar uma resposta, embora cada um possa individualmente responder ainda de acordo com seus dons, seu carisma pessoal. O Movimento precisa ter clara a sua é especificidade, embora não possamos deixar de atender às tarefas urgentes para o Povo de Deus e que estejam ao nosso alcance. Para sermos fiéis ao nosso Carisma é preciso é saber que cada um é responsável pelo Movimento, na sua porção, no seu lugar, sabendo que a ECIR é o princípio da unidade, a consciência do Movimento. Ela é a guardiã do espírito, do carisma do Movimento c seu órgão catalizador. Para que essa Hierarquia funcione existem os quadros do Movimento que entrelaçados formam toda a engren agem que se coloca em ação. A Ecir é executiva quando se trata de salvaguardar a unidade de preservar a fidelidade ao espírito. Tem também a função animadora e deve:

E nosso campo de ação a família. Somos qualif;cados e temos de ser especialistas nesta área e na Pastoral Familiar que temos de dar uma resposta

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• Zelar pela espiritual idade conjugal • Zelar pela fidelidade ao carisma • Fazer que se cumpra a sua missão Missão do Movimento: Anunciar à Igreja e ao mundo a espiritualidade conjugal. Essa missão se realiza não simplesmente com fazer coisas. É preciso assumir as tarefas necessárias e acima de tudo ser presença de um modo de ser, vivendo de fato o Carisma. A ECIR tem também a função animadora, sem votar ou julgar, mas exercendo o discernimento . O que vem a ser Discernimento? É reconhecer, distinguir, ponderar, estabelecer diferenças e optar pelo melhor, o mais convincente, o mais justo. O discernimento que se deve fazer ante uma missão, uma decisão, uma opção é a busca da verdade, da vontade de Deus.

Princípios do Discernimento a) Oração= rezar o problema b) Aconselhamento= consultar alguém que tenha conhecimento, mais autoridade. c) Oração= rezar novamente d) Consenso = cada um se recolhe para chegar a um veredicto pessoal que leva então ao grupo para se chegar ao consenso. O consenso do grupo é a decisão. Consenso não é votação. Cada um amadurece a idéia. É mais que democracia, porque não vence a maioria, mas aquele argumento que convence, que é capaz de levar os outros a mudarem seu ponto de vista. Em proporções menores os Setores/Coordenações também são: • A consciência do Movimento (em nívellocal) • Executivo para salvaguardar a unidade c preservar a fidelidade ao espírito. • Animador para que se viva o carisma e se cumpra a missão. 22 - CARTA MENSAL

Para sermos fiéis ao nosso Carisma é preciso saber que cada um é responsável pelo Movimento/ na sua porção/ no seu lugar, sabendo que a EC/R é o princípio da unidade/ a consciência do Movimento. Que meios o Movimento, o Setor/ Coordenação de modo especial tem para exercer a sua função de consciência, executiva e animadora? • Pela Colegial idade (junto com os Casais Ligação) • Pela Corresponsabilidade de Comunhão (Equipe de base). Todos devem ser corresponsáveis mas no mesmo e único Movimento. Que não inventemos, cada um o nosso Movimento. Colegialidade é a corresponsabilidade do Governo comum. "O Senhor Jesus depois de ter orado ao Pai, chamando a si os que Ele quis, elegeu doze para estarem com Ele e para os enviar e pregar o Reino de Deus e a estes constituiu em colégio ou grupo estável e deulhes como chefe a Pedro, escolhido de entre eles". Assim deve acontecer na vida de um Setor: O Casal Responsável de Setor, depois de orar ao Pai, chama a si os que ele quer e os elege para esABRIL-95


tarem com ele, os enviar a serviço e de associar-se a um Movimento mas, os constituir em colégio para juntos não tem o direito de formar uma Igreexercerem a sua missão de serviço, ja dentro da Igreja. Os Movimentos, atento aos dons de cada um. inclusive as ENS, querem estar dentro Para se chegar à execução em do discurso da Igreja, do seu discurso colegiado, há toda uma caminhada global, antes de tudo em nível de doutride trabalho a ser feita, aprendendo na, sem pretensão de arvorar-se em a agir em Colegiado numa profun- magistério, mas apenas refletindo, da Corrcsponsabilidade, que vai buscando métodos e fórmulas, adapexigir das Equipes de base partici- tando-as à realidade, e oferecendo supação e comunhão. gestões aos pastores. Para se viver a Colegialidade o Precisamos estar atentos ao que Movimento das ENS precisa colocar- a Igreja pede, dentro do carisma do se nos passos da Igreja, no avanço de nosso Movimento. É atualíssimo o todas as descodiscurso de eclcbertas (o que já sialidade, de parvem acontecenticipação c comuTodos devem ser do) revigorando nhão. A Igreja soo modo de comumos nós. O Movicorresponsáveis mas nicar-se, de chemento somos nós, no mesmo e único gar às bases, conatentos a que neforme a sabedoMovimento. Que não nhum Movimento ria do Pe. Caffamelhor do que o inventemos/ cada um éoutro; rel, que deve ser sê-lo-á se o nosso Movimento. eu for o melhor. a nossa meta: Não apresentar O Movimenfórmulas pronto é para vivifitas, mas pensar juntos. Essa é uma res- car, fortalecer a vida da Igreja c não ponsabilidade dos quadros do movi- se contrapor a ela, assumindo a nosmento: Atender às bases, aos seus an- sa missão eclesial de serviço que nos seios, necessidades e prioridades a é dada pelo Batismo. partir do discernimento em todos os É momento de revitalização campos do nosso trabalho. do Movimento sem perder o ferAo se aderir ao ovimento nos vor ou diminuir a criatividade, obrigamos às regras do jogo, às obri- mas toda mudança que não for em gações e aos direitos. Não somos mais nível de conversão nada mudará. livres de dizer Sim ou Não . Todas as Não pode ser mudança exterior, decisões devem ser Colegiadas. mas interior. O Movimento surgiu na época da No novo modelo de Igreja ela Igreja clerical, onde os leigos eram só se declara servidora da humanidaassistentes, mas isso mudou com o de no mundo e para o mundo. Esse Vaticano 11 que deu aos leigos a opor- deve ser também o nosso princípio tunidade de participar ativamente da de re vitalização. A nossa primeira vida da Igreja. e grande preocupação deve ser a O leigo tem direito de participar, Igreja-serviço e não fixar-nos nas ÀBRIL-95

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Prioridades normas e leis somente. É isso que os homens de hoje esperam de nós como Movimento de família. Às vezes nós sacra! izamos, tornamos eterno o que é provisório e deixamos passar o que é definitivo. Precisamos fazer com que haja um tipo mais humano de sociedade onde predomine a liberdade-solidariedade, a participação-comunhão e a autoridadc-colegialidade, vivendo como Igreja a dimensão comunitária, saindo do individualismo. Nessa busca de revitalização surgiu a Segunda Inspiração que nos apresenta a nova imagem docasal na busca da sua unidade conjugal que se realiza sob vários pontos de vista, que juntos formam o todo da nossa vida, interferindo positiva ou negativamente na nossa busca de perfeição. Portanto, o que devemos buscar hoje e agora é a unidade do casal em seu aspecto social, familiar, psicológico, sexual e espiritual. É preciso usar o Discernimento para aprofundar cada um desses aspectos para entender, viver e propagar a unidade do casal numa profunda ação colegiada. Cada um de nós, na sua dimensão, no seu serviço, é responsável pela revitalização do Movimento, para que ele se faça presente no mundo de hoje sabendo o que somos, qual a nossa missão para podermos agir descobrindo os apelos que a Igreja nos faz como casal e como Movimento de Igreja.

Margarida e Agostinho Juiz de Fora/MG

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VI DA DE EQUIPE

"Como resposta às situações de secularismo, ateísmo e indiferença religiosa e como fruto da aspiração e necessidade do religioso, o Espírito Santo tem impulsionado o nascimento de movimentos e associações de leigos que têm produzido muitos frutos em nossas Igrejas. Os movimentos dão importância fundamental à palavra de Deus, à oração e à ação do Espírito ... A Igreja espera muito de todos os leigos que, com entusiasmo e eficácia evangélica, agem através dos novos movimentos apostólicos, que hão de estar coordenados na pastoral de conjunto e que respondem à necessidade de uma maior presença da fé na vida social" (Santo Domingo, na 102). Conscientes de sua responsabilidade na evangelização das famílias e atendendo às propostas de seu carisma fundador, os casais das Equipes de Nossa Senhora querem transformar o mundo, vivendo em comunidade c sendo sinais de amor conjugal e familiar. Com esse objetivo, estabeleceram-se as prioridades de vida e ação e, entre elas, para vivência a partir de 1995, o Colegiado formado pela ECIR e pelos Casais Regionais escolheu a Vida de Equipe que aprimorou a antiABRIL-95


Realmente, só se tem o que celega prioridade Reunião de Equipe, danbrar na reunião, quando, durante todo do-lhe maior abrangência. Definido que a Reunião de Equipe o mês , existiu vida em comum. Por deve ser encarada como celebração, em outro lado, só se fortalece a comunique se remem oram os bons e maus acon- dade quando se estreitam os laços de tecimentos do mês e se fazem as propos- am izade e quando existe o convívio, tas do que se pretende vivenciar daí em a confiança, a caridade fraterna, a aceitação mútua, diante, fica claro a humildade e o que a reunião não perdão. termina quando os Priorizar a Vida de A Vida de casais se despeEquipe é, pois, a dem, ao fim de Equipe significa, concretização das uma tarde ou noienfim, prolongar a duas primeiras dite, mas continua mensões do carisdurante todo mês, Reunião durante das Equipes de pro 1on gando-se todo o mês, de for- ma Nossa Senhora- o numa ininterrupta ma que cada casal, crescimento da esvida da equipe. piritualidade conA vida da deixando-se jugal que é obtido equipe é profícua impregnar pelo e alcançado denquando acarreta a tro da comunidade conversão e a espírito de cujos membros se transformação de comunhão e de ajudam mutuaseus membros , amor, faz com que mente - visando a tornando-os atingir a terceira agentes de evancada Reun ião da dimensão, que é a gelização das faEquipe seja transformação do mílias e instruverdadeira celebra- mundo pelo amor mentos da missão entre os cônjuges no mundo. Os sução da união e do e as famílias. cessos e as difiencontro dos Priorizar a Viculdades de cada da de Equipe sigum são partilhaseguidores de nifica, enfim, prodos, em equipe, Cristo. longar a Reunião pelos casais que, durante todo o utilizando os mês, de forma que pontos concretos de esforço, buscam viver uma vida ab- cada casal, deixando-se impregnar pelo solutamente coerente com a fé cristã espírito de comunhão e de amor, faz com que cada Reunião da Equipe seja que professam. Essa vida, em equipe, se enrique- verdadeira celebração da união e do ence com o fortalecimento dos laços co- contro dos seguidores de Cristo. munitários e, por isso, a Reunião-ce]unia e Mauro lebração constitui o ponto alto da viEC/R vência da Equipe-comunidade. ABRIL-95

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QUE É PARTICIPAÇÃO ~

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notório que o ser humano vem par participando. As microparticipações firmando uma tendência crescen- podem ainda ganhar um significado todo e de se associar e participar de uma especial se não se esgotarem em si mesforma geral. A participação é inerente à mas, mas estiverem em sintonia com a natureza das pessoas, uma vez que, por macroparticipação isto é, ligação direta meio dela, consegue-se resolver problemas com os processos dinâmicos que constituque ao indivíduo, parecem insolúveis se em e transformam a história da sociedade. contar somente com suas próprias forças. A dificuldade da participação de cada Podemos concluir que a participação um de nós, muitas vezes, consiste no fato tem uma base afede que participar tiva- sentimos pratem a ver com o dezer em fazer coisas senvolvimento da A participação é com outros (senticonsciência crítica, inerente à natureza do de pertença) com desinstalação. e uma base instrudas pessoas/ uma vez Consiste ainda na mental - fazer coidescoberta que ela que/ por meio dela/ sas com outros é não traz ncccssariconsegue-se resolver mais eficaz. mcnte a paz e a auQuando defisência de conflitos problemas que ao nimos participamas sim uma maindivíduo/ parecem ção, pensamos neira mais evoluída insolúveis se contar logo em fazer e civilizada de parte de, tomar somente com suas resolvê-los. parte em. De fato, Nós das ENS próprias forças. somos donos de participação é isto, um tesouro incalembora cada uma dessas expressões culável: os laços represente níveis diferentes de participa- fortes de amizade que nos unem e os obção: "Ele faz parte do grupo mas rara- jetivos cristãos que comungamos e que mente toma pmte nas reuniões", "Faze- nos impulsionam. Como cristãos no munmos parte da população do Brasil mas do devemos estar prontos a nos expor, não tomamos parte das decisões impor- prontos a assumir sem medos nossa restantes"; "Ele faz parte da empresa mas ponsabilidade, prontos a abrir um canal não tem parte alguma no negócio". É que una nossa participação de cquipistas visível aí a diferença entre uma participa- com a participação ativa na construção do ção ativa c uma participação passiva que Reino que já começa aqui. é também a diferença entre o cidadão iner- (Condensado e adaptado do livro O que te c o cidadão engajado. é Participação, de Juan D. Bordenave) Pequenos grupos podem propiciar o exercício da participação pela própria viColaboração da Equipe 48-B vência coletiva- só se aprende a particiRio I- Rio de Janeiro/R]

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SoMos CASAIS SIN AIS DE A MOR N O MuN DO Comunhão. Vêde como eles se amam. e nada adianta fazer belas reuniões, gostosos e ricos pratos, estudar e pu blicar belas teorias, informar, quando se vive na crítica, no ciúme, no ego ísmo, na tensão, na desconfiança ... em vez de viver a verdade em comunhão com os seus, sua equipe e sua comunidade. A ausência da Paz, da serenidade é um indício de que a vida não vai bem. Perdoar e compreender são caminhos que nos levam ao Pai. Procure um Deus desinstalador na sua vida que transforme o homem velho que somos em homem novo. Deus nunca nos deixa em paz, ainda que sempre deixe a paz.

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Bom Pastor É aquele que apascenta as ovelhas, isto é, cuida, trata, reconduz, busca. Vejam o que fala o evangelho de Lucas 10,34 sobre o Bom Samaritano, que apascentou o próximo. "Aproximando-se, atou- lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele". Depois deu recursos para que o hospedeiro cuidasse bem dele. Para definir o que faz um bom pastor vamos usar o verbo animar, que significa dar a vida. Nossa vocação como casais é de sermos fecundos, de dar a vida. Só podemos dar aquilo que temos suficiente e adquirimos a suficiência através da oração, da vivência e da busca da vontade do Senhor. Para dar-nos temos que desprendernos c todo despreendimento, além de doloroso envolve um sentido de morte.

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C A R TA

M

E N SA L -

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Amar oblativamente é morrer um pouco, dar um pouco de si, é o que muitos fazem com relação a seus filhos e poucos fazem em relação aos filhos dos outros. Assim como Jesus deu sua vida por nós, nós devemos morrer um pouco para dar vida ao nosso Movimento, nossa família e aos nossos irmãos mais necessitados. Alguns poderão julgar utopia, mas esta é uma meta que precisamos alcançar se quisermos chegar ao Reino prometido.

Somos Casais Missionários Procuramos construir o Reino Ja, aqui e agora, buscando sempre a vontade do Pai, de que Jesus nos fala nos Santos Evangelhos; Lucas 9,35: "Este é o meu filho muito amado; ouvi-o" Ma teus 25,35-40: "Porque tive fome e me deste de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estavas na prisão e viestes a mim. Em verdade eu vos declaro: Todas as vezes que fizestes isto a um. destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que ofizestes". Jesus é o nosso modelo. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". A meta que se nos avizinha como casal cristão além das tradicionais preconizadas pelas ENS, agora nos coloca no alvorecer de novos tempos. Tempos de missão, cada qual com seus dons, seus carismas, mas dentro da caminhada histórica da nossa Igreja para o Terceiro Milênio, onde devemos pontificar com: 28 -

CARTA

MENSAL

a- Infatigável pregação da Palavra b- Testemunho da própria vida c - Ação eficaz, atitudes de amor oh/ativo e servtços. Em síntese, vamos gastar (doar) a nossa vida no amor aos irmãos. Quanto mais gastarmos mais Ele nos dará neste reino e no Reino eterno. João 12,25. "Quem ama a sua vida, perdê-la-á. Mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quiser servir, siga-me e onde Eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará". Por isso o Movimento nos apresenta como sentido de orientação para todos lugares em que vivemos o tema

Convidados para bodas de Caná, onde devemos:

• Discernir sobre a realidade: "Eles não tem mais vinho" • Escuta da palavra: Fazei tudo o que Ele vos disser// • Nossa missão, agir com a água que nós temos: Enchei de água as talhaS 11

11

11

Djanira e Cezar Equipe 14- Florianópolis/SC ABRIL-95


Projeto Conjugal

Eu

TE

AMo ...

QUE MARAVILHA!

O Matrimônio Cristão é, ao mesmo tempo ... • • • •

Uma maravilha de Deus, Um projeto de vida, Uma construção permanente, Um sacramento.

Uma Maravilha de Deus O matrimônio cristão é o amor humano transfigurado pela graça. Os que se amam querem viver seu amor de forma completa, incorporando todos os aspectos de sua existência, na duração, na fidelidade e na preocupação de um constante progresso. O amor de um homem e de uma mulher já é, em si, uma maravilha. Mas o amor é frágil, precisa de proteção contra as agressões externas (infidelidade) e internas (desgaste). É isso que, no plano estritamente humano, a instituição do casamento (civil) procura atingir. Construído sobre a rocha, o casamento cristão acrescenta um algo mais em três campos: • A duração . O compromisso do sacramento do matrimônio sendo indissolúvel, confere à duração todas as chances de sucesso. Da mesma forma que os exploradores de épocas antigas queimavam seus barcos para impossibilitar qualquer retorno, nós, os casados, nos comprometemos pelo 'sim' sacramental, a fazer de nossa vida comum um êxito, custe o que custar. • O caráter global. O casamento diz respeito ao homem integral e à ABRIL-95

mulher integral: corpo, alma e espírito. Nesta visão global, o matrimônio cristão revela seu aspecto divino propria-mente dito: ele une dois filhos de Deus. • A felicidade. O casamento quer dar ao amor pelo menos as melhores condições de sucesso, ou seja, a felicidade. O matrimônio cristão assegura para esta felicidade a sua base mais sólida: a busca, a dois, da santidade, ou seja, da relação de amor com Deus. Por Ele, nosso casal , nosso lar se transforma em célula da Igreja, sinal do amor de Deus para o mundo. É por estas razões todas que o matrimônio cristão é uma verdadeira maravilha de Deus. As Equipes de Nossa Senhora nos ajudam a identificá-lo como tal.

Um Projeto de Vida Enquanto um grande número de homens e mulheres atravessam a existência sem bem saber para que vivem, nós, os batizados, temos a sorte de sabê-lo: estamos sobre a terra, mas o nosso destino é a vida eterna, numa relação de amor com Deus. Que já começa aqui. Casados, recebemos a boa nova do amor vivido em plenitude no Cristo, que nos une para realizarmos plenamente nosso ideal de vida, no desabrochar de todo o nosso ser. Nosso projeto de vida é ... • Antes e acima de tudo, amarnos sem limites; • Depois, ajudar-nos mutuamenCARTA

MENSAL -

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te a viver, assumindo o encargo um do outro, O casamento diz respeito no corpo e na alma, na ao homem integral e à carne e no espírito; • Crescer e desamulher integral: corpo, brochar, cada um procualma e espírito. Nesta visão rando fazer a felicidade do outro e buscando global, o matrimônio encaminhá~lo para a cristão revela seu aspecto santidade, construindo divino propriamente dito: juntos uma comunidade de vida e de amor. ele une dois filhos de Deus. • E termos fecundos e prolongarmo-nos tanto através de nossos filhos como e construtivas, reafirmando-as ao londe nossos empreendimentos humanos; go dos anos, com a preocupação de • Envelhecermos juntos, na se- progredirmos continuamente em todos renidade, para prepararmo-nos a con- os planos. templar juntos a este Deus que nos O diálogo é a base dessas atituuniu e que continua a nos unir. des. As disposições para tanto pertenEste é o projeto de vida global cem primeiramente ao campo da psique o matrimônio cristão nos ofere- cologia afetiva e sexual. Mas dizem ce. As Equipes de Nossa Senhora am- respeito também aos aspectos matebicionam ajudar-nos a realizá-lo. riais da vida a dois, quer se trate de auxílio mútuo material ou da gestão dos bens do casal. Os aspectos espiriUma Construção tuais e culturais também têm a ver com Permanente tais disposições. A dimensão espiritual do matriMesmo santificado desde o início mônio cristão não elimina o risco de pelo sacramento, o matrimônio deve crises, nem tampouco as tentações ou ser construído a cada dia. Essa noção as provações. de permanente construção faz falta, A vida espiritual a dois nos ajuda hoje, a muitos homens e mulheres, que a procurarmos enxergar juntos, sob o pensam que a paixão inicial é uma ga- olhar de Deus, de forma a não nos deirantia contra os desgastes da vida. xarmos esmorecer ou desanimar peAssim como é preciso colocar le- los momentos difíceis. nha na fogueira para alimentar a Ao partilharmos a oração c ao chama, é também preciso construir o praticarmos o auxílio mútuo espiritucasamento cada dia, ou, antes de mais al, nosso olhar sobre os demais aspecnada, querer construí-lo cada dia. tos da vida conjugal recebe uma luz Supõe-se para tanto que evitemos diferente, criando novos pontos de rede nos deixar lc·, ar por certas tendên- ferência para os nossos problemas. Por sua pedagogia, pela molducias (sobretud -:- o egoísmo) e adotemos, ao contrário, atitudes positivo ra que oferecem para nossa vida e 30 ·

CARTA

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pelo estímulo espiritual que representam, as Equipes de Nossa Senhora nos levam a fazer de nosso matrimônio uma contínua construção e a buscar atingir, ao mesmo tempo, a felicidade humana e a santidade.

Um Sacramento

A dimensão espiritual do matrimônio cristão não elimina o risco de crises, nem tampouco as tentações ou as provações. A vida espiritual a dois nos ajuda a procurarmos enxergar juntos, sob o olhar de Deus, de forma a não nos deixarmos esmorecer ou desanimar pelos momentos difíceis.

O homem e a mulher cristãos reconhecem que o amor, este apelo para entregar-se um ao outro, para preferí-lo, é um dom de Deus, uma participação no próprio Ser de Deus, que é Amor. Por este amor que vivemos e nele, consagramo-nos a Deus, oferecendo-lhe sem retorno todo o nosso ser. A nossa vida comum transforma-se em sinal de que o amor existe, de que não só ele é possível, mas que nós dois, homem e mulher, fomos dados um ao outro para dele viver, para nele descobrirmos a felicidade c o desabrochar de nossas personalidades em todas as suas dimensões, dentro do respeito pelas nossas diferenças. E entramos assim, progressivamente, na vocação de todo cristão: a santidade. (Mínimo vital para o cristão, como dizia a filósofa Simone Weil) . ABRIL-95

Eis porque queremos consagrar ao Cristo o nosso amor, que nos pertencerá mais na medida em que reconhecermos que foi de Deus que o recebemos.

r

• Esta é a parte de um Tema de Estudos traduzido do francês (Jet'aime ... quelle merveille!)

Caro leitor, Se você gostou do assunto, poderá encontrá-lo na sua Carta Mensal de outubro/1991, à pg.8 - As outras partes estão nas Cartas Mensais seguintes e o tema se completa com a Carta de Agosto/1992 à página 8.

CARTA

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I

Atualidade

As ENS

E

os

CASAIS EM

DIFICULDADE OU IRREGULARES

N

o faltam palavras oficiais da Igreja sobre os cuidados pastorais que se devem prestar aos casais separados, divorciados, recasados ou vivendo maritalmente sem nenhum vínculo jurídico.

Ainda não se faz o suficiente É simples realismo reconhecer que na Igreja, de fato, ainda se faz muito pouco para ajudar esses casais e essas pessoas. Aliás, pensando bem, talvez seja realismo reconhecer que também pelo casais em ordem e pelas famílias regulares se faz muito pouco na Igreja. Porque, quando se faz alguma coisa é para trazer essas famílias e esses casais para a igreja, em vez de a igreja ir para os casais e as familias.

-

-

Apesar de os textos oficiais, pelo rneno:.; aparentemente, insinuarem o contrário, parece que a ajuda mais eficaz aos casais, regulares ou não, só pode vir mesmo é de casais cristãos. Entre os quais estão os casais das Equipes de Nossa Senhora, que não podem de modo algum deixar de assumir essa responsabilidade. Mais do que oferecer receitas para a ação, talvez seja mais o caso de iniciar uma reflexão, de maneira que as Equipes por si mesmas encontrem caminhos. Basicamente as Equipes devem procurar caminhos para ajudar: a) os casais em crise; b) os separados ou divorciados que querem manter fidelidade ao matrimônio assumido; c) os civilmente recasados

... -

ou que assumiram qualquer tipo de vida marital; d) os católicos casados apenas civilmente; e) os que assumiram algum tipo de vida marital (união livre, casamento por experiência etc.).

Condição indispensável Como condição prévia, precisa que sejamos capazes de olhar para separados, divorciados, recasados, arnigados, ajuntados e semelhantes com uma imensa misericórdia. Que não olhemos para eles como o irmão mais velho do fllho pródigo. Sempre achei que esse irmão não estava tão indignado com a misericórdia do pai; estava mais é com inveja das aventuras do caçula. De fato não acreditava na felicidade de estar na casa paterna. Mais ou menos corno a galinha que, atra-

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CARTA

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vés da tela, morre de inveja das que vivem soltas do outro lado. As referências magoadas, que fazemos aos que passam de casamento em casamento, parecem não refletir interesse pela felicidade deles, mas sim um legalismo amargo e uma quase revolta: "se eu

agüento firme, por que eles não agüentam também?". Se você descobriu no amor e no casamento um valor - e não apenas uma canga - então achará que eles são pobres coitados e não grandes espertos! Temos de deixar de imaginar que as pessoas vivem se divorciando e separando de coração leve. Nenhum divórcio é feliz; nenhuma separação é boa: quando muito

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Que não olhemos para eles como o innãomais velho do filho pródigo. Sempre achei que esse innão não estava tão indignado com a misericórdia do pai/ estava mais é com invejadas aventuras do caçula.

Partindo para a ação A primeira ajuda que um casal cristão pode dar a essas pessoas e a esses casais é a partilha de sua própria vida, a acolhida no lar, o apoio para que possa haver recuperação. Não é preciso estar de acordo e

pode ser o mal menor. Se queremos ajudar, comecemos tendo misericórdia e compreensão.

CARTA

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ou pelo menos encarrtinhar o assunto a quem possa ajudar. De qualquer maneira, o primeiro passo será sempre uma aproximação que

Não é preciso estar de acordo e aprovar para amar. Nossa misericórdia, nosso amor será mais eficaz ainda se nos prepararmos devidamente para esse serv1ço.

menos o possível para nós. Para começar, alguns textos que poderão ajudar: • Casamento e Família no Mundo permita ganhar - - - - - - - - - - - - - - - - - de Hoje - Textos confiança e amiSeletos do Magissos bastará o casal, ou zade dessas pessoas. Caso apenas ele ou ela, para tério Eclesial, Setor Famícontrário nossa ajuda, em que se preste um grande lia- CNBB, Vozes, 1994. questões tão pessoais, será e caridoso auxílio. • Introdução à Pastoral mais uma intromissão. Sempre que pensamos Familiar, Com. EpiscoRepetindo: somente em fazer alguma coisa pe- pal Regional Sul l, Sanpoderemos ajudar se com- los outros, a primeira ten- tuário, 1990. preendermos a situação tação é a tentação da conti- • A Família e os Excluídessas pessoas mais como nuidade. Queremos que as dos, Frei Alrrtir R. Guimasofrimento do que como iniciativas durem para sem- rães, Paulinas, 1994. pecado. Se soubermos pre, somos mais ou menos • Quando o sol desapareapresentar ou relembrar a como a Igreja (ou certas ce ... pastoral para os que se visão cristã do casamenpessoas da Igreja) que só separam, Frei Almir R. to, as exigências do amor gostam de estabelecer coi- Guimarães, Vozes, 1994. e da fidelidade, mas ressas por toda a eternidade. As propostas da peitando a consciência e Com medo de amanhã não a caminhada de cada pesIgreja soa, sabendo que muitas poder ou não querer contiA Comissão Episconuar, nem começamos. As vezes é preciso bastante pal Regional Sul 1, da tempo para amadurecer pessoas e os casais são rea- CNBB, diz em 1990: "As lidades concretas, individuuma decisão. se ajudamos uma ou famílias que se encontram Organizadamente? ais: duas pessoas, um ou dois em circunstâncias particuPara alguns tipos de casais, pelo menos isso fi- lares e irregulares anseiajuda, como a montagem zemos. É muito melhor do am, por parte da Igreja, de um Pronto Socorro que não ajudar nenhuma por uma ação pastoral Conjugal ou SOS Famícaridosa, corajosa e incipessoa e nenhum casal. lia evidentemente se exisiva que as ajude e anime Para dizer a verdade, ge uma organização mais na difícil estrada que pertalvez seja bom nem planeou menos complexa. Já correm". No mesmo texpara a organização de jar muito. É começar e ir to, entre os objetivos espeuma série de encontros de vendo como a coisa anda, cíficos da Pastoral Familipessoas separadas, reca- quais as providências que ar está o item e): "auxiliar sadas ou casais em difi- precisam ser tomadas. Se as famílias em situações culdades será suficiente a não for possível fazer o difíceis, críticas ou irregucolaboração de dois ou ótimo, paciência, vamos lares". Em o no 57: "Hão três casais. Em outros c a- ficar com o possível, pelo de criar-se Centros de 34 • CARTA MENSAL ABRIL-95


Aconselhamento para atender especialmente aos casais em crise". O n°6l, citandoloão Paulo li, lembra que: "As famílias em situação irregular devem merecer especial " empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor. "Acon-selhamento e atendimento aos casais com processos de separação judicial. Criar e instruir um grupo de cristãos para este trabalho". "Infelizmente em nossa atuação pastoral encontraremos muitos casais em situações irregulares, por vezes lamentáveis, que apelam para a nossa compreensão, caridade e misericórdia evangélica. A Pastoral Familiar há de fazer o maior esforço possível para buscar formas de fazer com que ninguém neste mundo se sinta órfão, nem mesmo as multidões dos que vivem em famílias irregulares. Só assim a Pastoral Familiar irá transformar-se em Boa Nova para todos... ". 1 - Introdução à Pastoral Familiar, Comissão Episcopal Regional Sull, Santuário, 1990 2 - Introdução à Pastoral Familiar, pg. 18, no 20. 3 - ibidem, pg. 27 4 - ibidem, pg. 38 5 - ibidem, pg. 40 ABRIL-95

Se não for possível fazer o ótimo, paciência, vamos ficar como possível, pelo menos o possível para nós. 6 - ibidem, pg. 40 7 - ibidem, pg. 41 8 - Sobre a Função da Família Cristã no Mundo de Hoje, João Paulo 11, pg. 68, no 65, Loyola, 1982, 3" ed. 9- N° 224; Loyola, 1993. Este último texto levanos para a Exortação Apostólica Familiaris Consortio de João Paulo 11, de 1981, onde o mesmo tema volta mais de uma vez. "A solicitude pastoral da lg reja não se limitará somente às famílias cristãs mais próximas, mas alargando os próprios horizontes à medida do coração de Cristo, mostrar-se-á ainda mais viva para o conjunto das famílias em geral e para aquelas, em particular; que se encontram em situações difíceis ou irregulares. Para todas a Igreja terá uma palavra de verdade, de bondade, de compreensão, de esperança, de participação viva nas suas dificuldades por ve-

zes dramáticas; a todas oferecerá ajuda desinteressada a fim de que possam aproximar-se do modelo de família que o Criador quis desde o princípio e que o Cristo renovou com a graça redentora". A partir do no 79 até o no 84 a Familiaris Consortio examina as exigências pastorais de casais colocados em "algumas situações irregulares tais como: casais que vivem um casamento para experiência"; uniões livres, sem nenhum vínculo civil ou religioso; católicos casados apenas civilmente; separados e divorciados; separados e divorciados que partiram para uma nova união. João Paulo 11 insiste que com todos esses casais a Igreja tenha uma grande atenção pastoral. Finalmente, as Conclusões de Santo Domingo insistem ao indicar as linhas da pastoral em favor da família: "Buscar; seguindo o exemplo do Bom Pastor, caminhos e formas para conquistar uma pastoral orientada a casais em situações irregulares, especialmente os divorciados e pessoas que de novo se casaram civilmente".

Pe. Flávio Cavalca de CastroCSsR Equipe da Carta Mensal CARTA

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DESENVOLVIMENTO SOCIAL ~

E

sintomático que depois da cação humana», como diz o Catecismo Eco-92, no Rio de Janeiro, da Igreja Católica, num parágrafo funque tratou da preservação do damental (nn. 1878-1885), de tal sorte meio ambiente e tornou imperativa a que seria falacioso pensar num desenidéia de desenvolvimento sustentável, volvimento puramente pessoal, ou puvoltem-se agora as Nações Unidas a se ramente econômico. encontrar em Copenhague, para tratar Desenvolvimento puramente pesdo Desenvolvimento Social. soal significaria admitir que os humaAssiste-se, nesse fim de milênio, nos, seres puramente espirituais, viveverdadeira arregiríamos forçados mentação de tonessa terra, obridos os recursos gados a aceitar as De tudo o que culturais da humacondições sociais nidade para supeacontece/ o cristão como limitativas rar o individualisdeve saber tirar lição da liberdade pesmo, que tem casoal. Reproduzirde otimismo e de racterizado o se-ia assim avemundo moderno, lha idéia de que esperança/ e encontrar camia alma está endescobrindo a nhos novos para a carcerada no corhumanidade. No significação que tem po e vive como Rio, acentuou-se para o Reino de Deus. que exilada na a condição de história. criatura do ser Desenvolvihumano, depenmento puramente dente do mundo em que vive. Em Co- econômico, como é inclinada a penpenhague, vem à baila a importância sar a maioria dos teóricos contempoda sociedade em que estamos inseri- râneos, levaria a tratar os seres humados, sem a qual também jamais sere- nos como peças da grande engrenamos plenamente humanos. gem que é a Economia, submetendoQue pensarmos, como cristãos, os inexoravelmente às leis do mercadesses «sinais dos tempos »? do ou às determinações de um Estado Há 33 anos atrás, quando inaugu- todo-poderoso. rava o Concílio Vaticano II, João Entre o espiritualismo e o materiaXXIII lembrou solenemente que a his- lismo, o liberalismo e o estatismo, oretória é mestra da vida . De tudo o que conhecimento do caráter comunitário da acontece, o cristão deve saber tirar li- vocação humana, para o qual o Cateção de otimismo e de esperança, des- cismo chama atenção, nos leva ao concobrindo a significação que te:n para ceito atual de desenvolvimento social, o Reino de Deus. o qual comporta, como o expressa o doCopenhague nos leva a tomar cons- cumento da União Internacional dos ciência do «caráter comunitário da vo- Empresários Cristãos (Uniapac), prepa-

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Pastoral Familiar ratório de Copenhague, os seguintes três objetivos interrelacionados: superação da pobreza, intensificação da atividade produtiva e combate a toda forma de exclusão social. É importante observar que a sociedade secular começa a se dar conta de que o mundo só se tornará humano, na medida em que os seres humanos se empenharem como humanos a se promover como comunidade humana e puserem, acima de seus interesses materiais e de suas pretendidas necessidades espirituais , a preocupação de se tratarem efetivamente como solidários, embarcados num mesmo destino histórico, como irmãos. Os cristãos sabemos que é esse o caminho pelo qual somos chamados a realizar nossa vocação humana, que é também divina. «Amai-vos uns aos outros», é um preceito espiritual, mas também uma exigência de humanidade, a única direção certa para o pleno de envolvimento do ser humano, que aponta para a eternidade. Num país como o nosso, pecaminosamente estigmatizado pelo subdesenvolvimento social -que se deveria envergonhar de ter uma das distribuições de renda mais perversas do mundo - a superação das desigualdades, responsabilidade recíproca dos que participam do poder público, social e econômico, é o imperativo maior do Desenvolvimento Social , a que ninguém se pode legitimamente furtar, muito menos os cristãos.

Francisco Catão (Teólogo e escritor) (Especial para a Carta Mensal) ABRIL-95

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IMPORTÂNCIA DO

PERDÃO NA FAMÍLIA

recisamos aprender com Jesus Cristo a ligar nossa fé à nossa vida humana. Nós acreditamos que os nossos sofrimentos e dificuldades são aliados aos sofrimentos do Senhor Jesus e que por meio do seu sacrifício redentor, Ele nos libertou dos nossos próprios pecados e nos garantiu a vida plena, uma vida de amor, graça, justiça, felicidade. Com simplicidade e reconhecimento experimentamos a Graça de encontrarmos esta Verdadeira Vida, através do nosso matrimônio cristão, que, sendo sinal de Deus, nos santifica no dia-a-dia. Para isso se faz necessário repensarmos com toda a humildade os nossos erros, as nossas falhas, para alcançarmos o início de nossa conversão, numa transfonnação verdadeira e real. Juntos, homens e mulheres, reconheçamos as palavras de Jesu~, ao afirmar: ... "Sem mim, nada podets fazer", e peçamos a graça do perdão: a graça do pedir e dar o perdão ... Sem o perdão não se gera o amor. Todos somos perdoados por Deus, que nos perdoou primeiro, porque Jesus Cristo já pagou por todas as nossas ofensas, mas todos necessitamos do perdão Dele e o do nosso próximo ... Perdoar - significa permanecer sempre aberto ao outro em atitude de doação. É insistir na doação de si mesmo, na doa: ção do amor, do serviço ao próximo. E

P

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Testemunho doar até não poder mais. Sem perdão não existe vida fraterna, vida conjugal, vida familiar, vida social ou vida comunitária. O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar c querer bem ao outro assim como ele é. É agir como Jesus agiria se estivesse no nosso lugar, agindo sempre de acordo com o exemplo de Jesus. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos, conforme Rom 14,7-10: "... Pois ninguém de nós vive e ninguém morre para si mesmo, porque se vivermos é para o Senhor que vivemos, e se morremos é para o Senhor que morremos. Portanto, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor" ... Na escola do grande mestre Jesus, amor e perdão são inseparáveis porque quem não sabe perdoar, não sabe amar e precisamos criar uma família e uma sociedade menos agressiva, menos selvagem, menos implacável, menos competitiva, onde a bondade, a ternura, o carinho, a acolhida, sejam arealidade de cada dia . Por isso, o perdão é a terapia necessária e urgente para haver amor, fratemidade, diálogo, alegtia de viver, onde só o amor é perfeito, porque somente quem ama, perdoa. Só Deus transfonna os corações ... e o poder de sua graça opera mudanças profundas ... Sem oração, e muita oração, não se aprende a perdoar e não se descobrirão os frutos do perdão: a harmonia interior, a concórdia fraterna, a serenidade de espírito, a mansidão, a alegria, a paz ... e as mágoas e os ressentimentos são superados, os lares desmoronados serão reconstruídos pois a discussão, intrigas, dominações, ciúme, inveja, desconfianças, infidelidades, agressões, desaparecerão.

Lenyr e Ronaldo Equipe 98 B - Rio I- Rio de Janeiro/R]

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INTENÇÃO enhor, estamos completando nosso primeiro ano de par ticipação na equipe. Foi um início difícil, de indecisões, ansiedade, expectativa ... desde o momento da reunião de informação até a decisão de participar ou não do Movimento. Aproveitei até os últimos instantes que me foram dados para decidir, enfim, optei por participar do mesmo . Confesso que foi o menor percentual de tendência de decisão que venceu pela primeira vez, pelo menos no meu caso. Tal vez, o menor percentual desta tendência na visão do homem tenha sido a parte na qual se encontrava a vontade de Deus, e ela venceu. Hoje, seguramente, teria me arrependido se não tivesse tomado esta decisão, claro, orientado por Deus. Após este período de participação no grupo, obtive alguns ganhos em termos de crescimento espiritual, que era o que mais me faltava. Através de nossas reuniões, nossas meditações, nossos pontos concretos de esforço, pude identificar minhas faltas, e que são muitas, tanto na sociedade quanto no ambiente familiar. E, aos poucos, com sacrifício, perseverança, dedicação, tenho tentado corrigi-los. Consegui? Ainda não totalmente, falta bastante coisa, mas vou conseguir, pois estou determinado a isto e sei que posso contar com a ajuda de Deus e dos que me cercam. Hoje, pelo menos me disponho a ouvir e aceitar as críticas construtivas e busco a cada momento, lutar para corrigir algumas distorções. E tudo isto eu devo a Deus, suas palavras , seus ensinamentos e a este

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Vida do Movimento grupo que a cada reunião tem me ensinado muito e me alertado para coisas que para mim, anteriormente, eram insignificantes. Mas, entre Deus e este grupo, há o apoio e compreensão irrestritos que recebo de minha esposa e filhas, as quais têm enumerado e me ajudado a vencer minhas fraquezas. Como tenho aprendido com elas! A mudança é lenta c gradativa e um dia, se Deus quiser, terei conseguido alcançar meus objetivos. Minhas intenções de hoje estão voltadas para este grupo maravilhoso do qual faço parte, para que Deus dê a todos os casais da Equipe 4, das demais equipes, aos conselheiros espirituais, casais pilotos, especialmente à minha família, força para que consigamos levar adiante este Movimento tão importante para o nosso crescimento individual e em grupo. Amém!

Antônio Carlos Equipe 4 N. S. Fátima Divinópolis/MG ABRIL-95

Novo CoNSELHEIRO ESPIRITUAL DA ERI Para: Casais Responsáveis de Super Regiões, Isoladas e Coordenações. De: Ciclinha e Igar Fehr Data: Terça feira, 2 de fevereiro de 1995

Caros amigos

É com grande alegria que anunciamos que o novo Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacional é o Padre Cristobal Sàrrias. Pe. Sàrrias, um jesuíta espanhol, foi Conselheiro Espiritual de Equipes de Nossa Senhora na Espanha, por mais de trinta anos. Além disso foi, por várias vezes, Conselheiro Espiritual de Setor e de Região. Nós estamos convencidos de que, conhecendo sua formação anterior, sua experiência internacional, seu conhecimento das Equipes e o interesse que ele sempre demonstrou pelos casais, o Padre Sàrrias servirá o nosso Movimento com grande devotamento. Hoje nós informamos à Santa Sé que a indicação do Padre Sàrrias foi confirmada, de acordo com os Estatutos Canônicos do nosso Movimento. Unidos a vocês em pensamento e oração, enviamos nossos mais calorosos cumprimentos.

Cidinha e Igar F ehr P.S.: •Complementando esta informação vocês receberão, brevemente, os seguintes textos para inclusão em suas "Cartas das ENS" • Um anúncio nas "Notícias Internacionais" (incluindo o curriculum do Padre Sàrrias) • Uma carta do Padre Sàrrias CARTA

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UMA M1ssÃo EM PoRTUGAL convite do Centro de Estudos zenove horas de formação, a casais, reliPastorais do Patriarcado de Lis- giosos e sacerdotes portadores de sabida oa, formulado pelo seu respon- bagagem cultural, no currículo de um trasável, o Padre Antônio .---------------------=--~ Janela, estivemos em Portugal, entre os dias 16 e 28 de janeiro último, em missão que partilhamos com o casal Ana Maria c Silvio Piza, da Região São Paulo Capital. Pediam-nos que levássemos , para um seminário de formação de leigos, alguns trabalhos que temos desenvolvido aqui no Brasil, relativos à Pastoral Familiar, mais dicional curso de aprofundamento reliprecisamente as Experiências Comuni- gioso. Uma impropriedade ou um insutárias, os Encontros de Noivos na pers- cesso de nossa parte não se limitaria em pectiva da Nova Evangelização e as Di- atingir-nos, mas comprometeria o próprio CEP, arrastando as pessoas doPe. Janela nâmicas de Grupos. O convite originou-se das co-parti- e do Senhor Patriarca, além de depor concipações e testemunhos, que trocamos na tra as ENS do Brasil, como um todo, pois, Sessão de Formação Internacional em antes de fechar a proposta, o Padre busFátima, na seqüência do grande Encontro cou o aval de casais de maior projeção mundial das Equipes de Nossa Senhora, nas Equipes do Brasil. E foi justamente em julho, naquele Santuário. Como esti- este empenho de confiança de casais da véssemos no mesmo grupo de reflexão ECIR e a fé na Providência Divina, por com o Pe. Janela, entusiasmado com as sabermos que a fraqueza dos homens é atividades da pastoral matrimonial brasi- suprida pela fortaleza de Deus (lCor leira, ele obteve de nós a concordância de 12, I O) que aceitamos. Combinamos que Ana Maria e Silparticiparmos da form:~ção de leigos do CEP, com o propósito de apresentarmos vio exporiam a estrutura da Pastoral Faaos cursistas opções concretas de engaja- miliar no Brasil e trabalhariam as Dinâmicas de Grupo (trabalho que já vêm demento missionário. Desde o princípio, encaramos este senvolvendo com tão bons resultados em inusitado convite como um delicado de- sua Região), enquanto que nós apresensafio. Uma coisa é preparar uma palestra taríamos as Experiências Comunitárias para um grupo de casais da Paróquia ou e os Encontros de Noivos. Nada mais do Movimento, falar para os irmãos equi- pudemos acertar, pois não tivemos mais pistas no EACRE ... ; outra, é programar e oportunidade de nos reunir, a não ser no apresentar conteúdos c dinâmicas para de- saguão de embarque para Portugal no dia

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Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos ... para que a manhã desde uma teia tênue se vá tecendo, entre todos os galos." Uoão Cabral de Melo Neto) 11

15 de janeiro. Cada um fez a sua parte e o Espírito Santo conduziu tudo. Esperavam -nos, no aeroporto de Lisboa, o Pe. Janela e um casal que lhe presta uma ajuda preciosa, Maria Isabel e João 1 Luiz Ferreira, equipistas daquela Região. Em seguida, puse1 mo-nos em ação, ansiosos por juntarmos nossos trabalhos e montarmos toda a estrutura do Encontro . Nesta altura, tomamos conhecimento da extensa programação arquitetada pelo dinâmico Pe. Janela. Começando por aquela noite, teríamos, todos os dias, uma atividade de maior ou menor amplitude, mas todas relevantes para que os objetivos de nossa viagem de trabalho fossem bem sucedidos, como elos de uma mesma corrente. Estaríamos sempre nos entrevistando com grupos de casais e sacerdotes ligados à Pastoral Familiar. Mas o cume de toda a jornada seriam o seminário de formação de leigos e o encontro com o clero. Sumariamente, a agenda que Pe. Janela tinha reservada para nós cumpri u-se da seguinte forma : dia 17, terça-feira, encontro com os casais responsáveis dos CPMs (Cursos Pré-Matrimoniais), da Vigararia 5 de Lisboa, tendo por anfitrião o seu coordenador, Pe. Carlos Paz, Prior da Paróquia São João de Deus ; dia 18, almoço com o Senhor Vice-Reitor do Seminário dos Olivais e, após, encontro com os seminaristas de estudos conclusivos; no mesmo dia, à noite, jantar com o Prior de Caldas da Rainha e, em seguida, palestra para os casais engajados na pastoral familiar ABRIL-95

daquela cidade; dias 20, 21 e 22, o grande seminário Leigo em Missão, etapa de formação de leigos do CEP, que contou com a presença muito digna dos Senhores Patriarca de Lisboa, Car-deal Antônio Ribeiro, e Bispo Auxiliar Dom Horácio, encarregado da Pastoral Familiar local; abrilhantando a noite de abertura; dia 23, pela manhã, o importante encontro com o clero: mais de quarenta Sacerdotes do Patriarcado de Lisboa, nas dependências da Casa Sacerdotal, com presença dos Senhores Bispos Auxiliares Dom Januário e Dom Albino, ocasião em que lhes mostramos uma síntese do Seminário e estivemos à disposição dos interessados, durante o almoço, prestando-lhes informes mais detalhados sobre os assuntos enfocados; dia 24, à noite, encontro com os casais das ENS da Região de Lisboa, com a presença do último Casal Responsável Supra-Regional, Graça e Bernardo, oportunizando-lhes um resumo das temáticas do Seminário; dia 25, na cidade do Porto, encontro com as ENS daquela Região e do norte de Portugal, para quem falamos sobre as três atitudes de vida a que nos devem levar os PCEs e contamos com a especial parti cipação, muito amiga, do novo Casal Responsável Supra-Regional, Rosa Maria e Francisco Campo, que assumira no domingo anterior. Estes foram os principais eventos, entremeados de outras participações em reuniões sociais e culturais. A acolhida portuguesa foi invariavelmente carinhosa, estimulante. Os SeCARTA

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"... é preciso sair de casa e seguir caminho/ caminhar., caminhar sempre. Partir., Senhor., é aventura apaixonante. //

nhores Bispos c Sacerdotes deram todo o apoio e prestigiaram cada encontro, mostrando vivo interesse e boa vontade para com os trabalhos de casais e famílias . Foi motivo de muita alegria para nós constatar que o espírito comunitário, próprio dos equipistas e responsável por sua unidade e pronto entrosamento, concorreu decisivamente para o nosso entendimento com o casal paulista, levando ao bom êxito a missão. A forte atração desta intensa programação foi a Nova Evangelização latino-americana, baseada no Primeiro Anúncio (Querigma) , associada às dinâmicas de grupo, que (como evangelização fundamental) faz parte dos Encontros de Noivos- nos moldes idealizados pela Arquidiocese de Porto Alegre. Estes temas querigmáticos, que levam as pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus (pedra fundamental de toda a construção de espiritualidade), renovou-lhes a fé e preparou seu coração para conhecerem as Experiências Comunitárias, dentro do prisma da evangelização de casais. Sem suspeitarmos, atingimos o objetivo do incansável Pe. Janela, que queria, mais que tudo, incendiar com novo ardor e esperança o traba lho pastoral daqueles casais e religiosos, como, depois, admitiu . Precisamente esta é a meta do Primeiro Anúncio: anunciar a salvação, realizada por Jesus, alcançada pela fé, concretizada pelo Espírito Santo, para ser vivida na comunidade. Encerramos com uma Missa, enriquecida em sua liturgia, com a cumplicidade doPe. Antônio Janela, para espanto e alegria dos cursistas

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- habituados com ri tos fechados às participações dos leigos. Ao final, não queriam que nos despedíssemos. Foi o despertar para um trabalho novo, de horizontes alargados e promissores. Demos o primeiro anúncio, de muitos outros que se seguirão, naquelas terras , para acordar um mundo que jaz na letargia dos desvalores. "Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outms galos... para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. " (João Cabral de Melo Neto) Começamos a tecer uma nova evangelização de casais em terras portuguesas. Quase cinco séculos depois de nossa Terra ter recebido a primeira evangelização, foi a vez dos descobridores serem reevangelizados, colhendo os frutos das sementes do Evangelho que aqui plantaram. Tudo foi obra do Espírito Santo, em resposta às incessantes orações da grande família das ENS brasileiras, fazendo-nos instrumentos dóceis da vontade do Senhor. Nesta troca fraterna, recolhemos, também, muitas experiências positivas, no convívio com os portugueses, que nos serão úteis nos trabalhos da pastoral matrimonial e familiar: "porque, para colher os frutos, é preciso sair de casa e seguir caminho, caminhar, caminhar sempre. Partir, Senhor, é aventura apaixonante. " (Michel Quoist) Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Maria da Graça e Eduardo Barbosa,

CR Regional- Rio Grande do Sul. ABRIL-95


PASTORAL FAMILIAR EM LISBOA Dois casais brasileiros convidados a ajudar na formação de agentes

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távamos na Sessão de Formação ntcrnacional, em Fátima, em julho de 1994, quando pudemos relatar as diversas aplicações de técnicas de dinâmicas de grupo, no curso das reuniões mensais, bem como na facilitação dos Pontos Concretos de Esforço. Na mesma oportunidade, Maria da Graça c Eduardo Barbosa (casal responsável pelaRegião do Rio Grande do Sul), explicaram aNovaEvangelização na Diocese de Porto Alegre a partir do Primeiro Anúncio (Qucrigma), utilizada no encontro de noivos c a proposta das ENS para a Igreja para formação de casais jovens: Experiência Comunitária. Estes temas despertaram muito interesse do Pc.Antonio Janela, Conselheiro Espiritual da Região de Lisboa, e responsável pelo Centro de Estudos Pastorais da Diocese de Lisboa (lá chamada de Patriarcado de Lisboa). Ele já na época, mencionou o convite para desenvolvermos um seminário intensivo para formação de agentes de Pastoral Familiar, de ABRIL-95

modo a ensiná-los dinâmicas de grupo aplicadas à Pastoral, e explicar o funcionamento dos encontros de noivos c Experiência Comunitária no Brasil. Foram ao todo IOdias em Pmtugal. Chegamos dia 16 de janeiro, e usamos os 2 primeiros dias para planejamento detalhado das atividades e ajustamento das partes que cada casal iria apresentar. Como o Pc.Jancla já havia contatado diversos párocos para que escolhessem casais para o curso, encontramos bastante divulgação de nossa presença em Portugal. Fomos ainda convidados para dar p:1lestras curtas sobre o que seria o seminário intensivo em algumas paróquias tais como, Caldas da Rainha, São João de Deus, e para os 40 seminaristas do último ano de Seminário dos Olivais. Além destes tivemos dois encontros com casais equipistas (Lisboa e Porto), quando abordamos os PCEs versus as 3 Atitudes, e modos de dinamizar a Partilha e outros momentos da reunião mensal. Finalmente apresentamos ao Clero um re-

sumo do seminário intensivo, de modo a conscientizá-los da necessidade de continuação deste trabalho. Participaram do seminário 60 casais da grande Lisboa, que gostaram muito da criatividade e animação dos brasileiros. Eles reafirmaram sua necessidade de inovação c de motivação para os trabalhos em grupo, nas diversas atividades pastorais. Ficou evidente também a carência de evangelização para uma grande faixa da população que deseja caminhar na fé, mas tem baixa formação religiosa. Eles viram nos 6 temas do Primeiro Anúncio (Querigma) uma solução para esta realidade. Concluímos, agradecendo o carinho do povo Português, certos de seu interesse em realmente mudar e melhorar os di versos segmentos da Pastoral Familiar. Manifestamos nossa alegria em pertencer às ENS, que tanto contribuem para nosso crescimento conjugal c familiar. Ana Maria e Silvio Toledo Piza (Eq. 16-D/N.S. do Amor) São Paulo/SP CARTA

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Reportagem MENSAGEM DO

A COMUNICAÇÃO

C.R. ECIR

DENTRO DAS EQUIPES

Queridos irmãos Queremos dizer a vocês da nossa alegria e agradecer as manifestações que recebemos em resposta à nossa mensagem de final de ano. Nós mandamos a todos os equipistas, sem exceção, bem como a todos os Conselheiros Espirituais, uma pequena carta de fim de ano, com uma singela mensagem de Natal. Cremos que, infelizmente, nem todos a receberam e, imaginamos que isto se deva à greve dos correios. Sentimos imensamente não termos podido, assim , manifestarmo-nos a cada um de vocês, particularmente. Ficamos, entretanto, extremamente sensibilizados com as palavras de carinho recebidas de grande parte de vocês. E, neste particular, gostaríamos de salientar o grande número de cartas e cartões recebidos de nossos Conselheiros Espirituais, o que, para nós, foi motivo de uma alegria a mais. Recebam, novamente, nosso abraço fraterno e com muito carinho e votos de muita paz. Mais uma vez queremos dizer-lhes.

Muito obrigado

Maria Regina e Carlos Eduardo Heise C.R. ECIR 44 -

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oletins e órgãos de divulgação das regiões e setores. Excelente material de reflexão e prova da vitalidade do Movimento . Na tarefa de obter e divulgar informações sobre o que se passa no movimento das Equipes de Nossa Senhora em todo oBrasil, uma das mais gratas satisfações que tem a Equipe da Carta Mensal é receber e tomar conhecimento dos boletins e órgãos de divulgação das diversas regiões e setores.

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Grande Número de Boletins Regionais São inúmeros e cada qual com sua característica própria e uma apresentação peculiar. Em forma de jornal, revistinha, folheto, carta circular, cada um procura, ao seu modo, levar aos casais equipistas a grande mensagem do Movimento.

Excelente Qualidade das Publicações Mas afinal, que contém esses boletins? Como instrumentos de divulgação, todos eles dão notícia dos eventos e acontecimentos da vida diária das equipes e dos casais equipistas. Mas não é só. Além das notícias, quase todos, através de editoriais ou de artigos e colaborações oferecem aos seus leitores excelente material para reflexão e estudo, para o aprimoramento da ABRIL-95


vida conjugal e para um melhor entrosamento na vida e no ideal das Equipes de Nossa Senhora. Há, ainda, os testemunhos e os relatos de experiências e a agenda de datas comemorativas. Muitos deles, preocupam-se, também, com a participação de cada equipista na vida da Igreja e sua atividade apostólica, divulgando o pensamento e as diretrizes das respectivas dioceses.

NOSSO MENSAGEIRO

Vitalidade do Movimento Sempre que possível, temos procurado reproduzir na CARTA MENSAL as matérias contidas nas publicações recebidas , cujo interesse ultrapasse os limites da região ou setor. De qualquer forma, é preciso ficar registrado que, pelo número de publicações existentes, pela sua regularidade, pelo seu conteúdo e apresentação, todos esses periódicos constituem uma prova evidente da enorme vitalidade do Movimento .

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EQUIPES DE CASAIS SETOR - GARÇA Boletins das Equip Nossa Senhora

NS

~

TIM INFORMATIVO

==~ CoMUNICAçÃo B

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Notícias e Informações Mudança de Quadros Jaú - SP Assumiram a coordenação Carlota e José de O liveira. Brotas- SP O casal Nirze e Julio Lourenção Neto assumiu a coordenação das eq ui pes em Brotas- SP

Novas Equipes Brasília/DF - Equipe 66-B CE- D. Guilherme Pinto (O.S.B .) CP - lgncz e Kanashiro (composta por 07 casais jovens, que contraíram matrimônio entre 19 88 e 1993).

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Deus Chamou a Si Bonifácio Sobrinho, casado com Lourdes da Equipe 5 de fali- SP no dia 4 de novembro último.

Encontro Nacional 1994 Recebemos de Janete e Cornélio José Pilbon, de Sorocaba-SP, uma belíssima fita de vídeo gravando o nosso último Encontro Nacional e que, temos certeza, irá in teressar a muitos equipistas. Pedidos podem ser feitos ao Secretariado das ENS mediante reembo lso dos custos de reprodução e remessa postal, pelo telefone: (011) 6048833 ou fax: (011) 604-8969

Nossa Biblioteca Amor, Felicidade, Santidade- B. OI ivier Equi AMOR pes de Nossa Senhora, FELICIDADE 1993, I 04 pg. (*). SANTIDADE Os casais das ENS são convocados para a ,__ _...._.-.. missão de levar ao mundo uma mensagem que é contida em três palavras: o casamento é a melhor garantia para o Amor; o casamento é o lugar natural para a Felicidade; o casamento é um cam inho para a Santidade. Esta é a mensagem que este li vreto desenvolve para constituir um tema de estudo ao serviço das Equipes. Há, nele, duas partes bem distinta~: os Questionamentos e o Texto-base. O todo está dividido em 8 partes para 8 reuniões . Para cada uma destas etapas existem , por um lado, uma série de questionamentos a serem respondidos L __ _ _ _ _ ,

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em casal e em equipe e, na segunda parte, um texto para leitura e reflexão. (*) Exemplares podem ser adqui-

ridos mediante solicitação ao Secretariado das ENS. O Mistério da Páscoa Raniero Cantalamessa Editora Santuário , 2·' 1~~~~~ Edição revista e atua - 11 li zada, 1995. Trata-se de detalhado estudo da Páscoa , seja a litúrgica, seja a p:!ssoal. Segue-se à descrição dos aspectos litúrgicos, as considerações pertinentes ao mistério pascal da vida e suas profundas conseqüências na purificação e na renovação de cada um. Sua leitura, por ocasião desta Páscoa de 1995, é não só útil como salutar a cada cristão. ABRIL-95


Oração

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CRISTÃO E A ORAÇÃO

desejo de se comunicar com Deus foi sempre uma constante na vida das pessoas tementes e que por isso mesmo se sentem profundamente dependentes Dele. " Senhor, ensina-nos a orar". O pedido dos apóstolos ecoa ainda hoje em nossos corações e os Evangelhos estão cheios de passagens sobre a oração, que embora diferentes, se completam: - "Quando orares, entra em teu quarto e DEUS que tudo vê ... " (oração individual ou particular); - "Quando dois ou mais, estive rem reunidos em meu nome ... " (oração comunitária). Na maioria das vezes, nossa oração é de petição, dependentes que somos de Deus, mas pode ainda ser de louvação , de agradecimento, de intercessão, podendo também ser vocal, mental, etc. Mas um fato nos preocupa sobremaneira: Por que nem sempre somos atendidos? Quantas vezes recorremos a Deus com pedidos justos, pela saúde de algum ente querido, intercedendo por alguém

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que muito necessita, e, para nosso desapontamento, apesar do ardor de nossa oração, nada ocorre, como se Deus sequer nos tivesse ouvido. Mais de uma vez esse sentimento nos atingiu, e, nessa hora, parece que a fé vacila e a pergunta brota incontrolada de nossos lábios: "Por que, meu Deus?" Bem, Ele não nos irá responder diretamente. Já se disse que os desígnios de Deus são insondáveis e que Seus caminhos não são os nossos caminhos. Dizia um filósofo russo, comparando a infinita grandeza de Deus com a insignificância humana: "O que pode entenderaformiga que vive sob os trilhos da viaférrea dos desígnios do Maquinista ?" Mas recentemente ao folhear ainda indiscriminadamente o recémadquirido Catecismo da Igreja Católica, encontramos um trecho que talvez nos dê algumas pistas de renexão, e vale a pena transcrever: "Por que nos lamentar por não sermos atendidos ? Um fato deveria provocar admiração em nós. Quando lou-

vamos a Deus ou lhe damos graças pelos benefícios em geral, pouco nos preocupamos em saber se nossa oração lhe é agradável. Em compensação temos a pretensão de ver o resultado de nosso pedido. Qual é, pois, a imagem de Deus que nossa oração motiva: um meio a utilizar ou o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo?" E o trecho conclue, citando Evagro e Santo Agostinho: "Não te aflijas se não recebes imediatamente de Deus o que lhe pedes, pois Ele quer jazer-te um bem ainda maior pela tua perseverança em permanecer com Ele na oração. Ele quer que nosso desejo seja provado pela oração. Dessa forma Ele nos prepara para recebermos aquilo que Ele está disposto a nos dar". Tenhamos, pois, como São Paulo, uma "confiança audaciosa" e lembremo-nos que a transformação do coração que reza é a primeira resposta ao nosso pedido. Eunice e Piffer Equipe 02Santos!SP CARTA

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COMECE EM CASA O Pão da Vida, pão da Unidade, Faz-nos família, na Caridade

I

Comece, em casa, a cultivar o amor cristão, e a alegria invadirá seu coração!

11

Comece, em casa, a aceitar seu semelhante, comece a ser compreensivo e confiante!

I/I

Comece, em casa, a crer no outro, cada dia, e Deus será sua fonte de alegria!

IV

Comece, em casa, a ser bondoso e paciente, não arrogante, mas humilde e diligente!

V

Comece, em casa, a perdoar de coração, a ter coragem de, também, pedir perdão!

VI

Comece, em casa, a esquecer-se de você, só o amor, que é a de graça, faz nascer!

VI/

Comece, em casa, a se alegrar com a verdade, e desculpar, crer e esperar, na caridade!

Colaboração de Nancy C. Moncau.

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Meditando em Equipe

Meditação: João (13/ 1-15) Nem para mim, nem para você, nem para o Papa é difícil participar de uma cerimônia de lava-pés. Depois de derramar um pouco de água e passar a toalha sobre um pé que antes foi muito bem lavado, somos capazes até de encenar um beijo ritual. Jesus não fez uma cerimônia de lava-pés. Ele apenas lavou os pés de seus discípulos. Que o dia todo tinham andado pelas ruelas de Jerusalém. Lavou-lhes os pés como um servo fazia aos convidados, que de fato precisavam desse cuidado. • Quais são as necessidades dos que estão ao meu redor, para não ir mais longe, quais as necessidades de minha mulher, de meu marido, de meus filhos? • Como tenho socorrido a essas necessidades? • Que devo fazer para de fato lavar os pés dessas pessoas que comigo formam o menor núcleo de comunidade-de-salvação?

Oração Litúrgica: Salmo 25 • Senhor faze-me justiça, pois tenho caminhado na retidão. Confio no Senhor, não hei de vacilar. • Examina-me, Senhor, e põe-me à prova, purifica no fogo meu coração e minha mente. • Tua bondade está diante dos meus olhos e na tua bondade tenho caminhado... • Lavo na inocência minhas mãos e rodeio o teu altar, Senhor... • Senhor, gosto da casa- onde moras e do lugar onde reside a tua glória._ • Meu pé se apóia em terra plana, nas reuniões bendirei ao Senhor.


Prioridádes: - Vida de Equipe -Formação - Comunicação - Presença no Mundo - Pastoral Familiar - Experiência Comunitária

Equipes de Nossa Senhora Movimento de Casais por uma Espirituali dade Conjugal e Fami liar Rua João Adol fo, 118 9º and . cj 901 01049 -91 O São Paulo SI? · Tel (011) 604 -8833 Fax (01 1) 604-8969


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