ENS - Carta Mensal 305 - Novembro 1994

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•Advento •Fátima/94 •Comunhão dos Santos • Pastoral Familiar • Ano Internacional da Família


ÍNDICE EDITORIAL: ADVENTO! TEMPO DE PAZ!

.... . . ... 1

CARTA DA EQU IPE RESPONSÁVEL INTERNAC IONAL

. 2

A EC IR CONVERSA COM VOC~S : .

. 7

ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA:

10

PASTORAL FAMILIAR

14

ATUALIDADE .

17

FÁTIMA/94 . .

20

VIDA DO MOVIMENTO

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NOTÍCIAS E INFORMAÇÓES

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INTERCÂMBIO . . . . . . . .

31

NOSSA BIBLI OTECA . . . . .

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ADVENTO : MARIA DO SIM E DO NÃO

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REFLEXÃO .. . .. . . . . . . . . .

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TESTEMUN HO: A PAZ DO SENHOR

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ORAÇÃO: ORAÇÃO DA FRATERN IDADE

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ÚLTIMA PÁGINA: É DIA DE BODAS, ALELUIA !

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Ca rta M e nsal é uma p ub licação mensa l da s Equip es d e Nossa Se nho ra . Resp o nsá v el: Ca therine Elisabeth Na d as (M1b 19835). Ed iç ã o : Equip e de Casais d a Ca rta M ensa I. Fone: (0 1I ) 604-8833. C o mposição/Diagrama ç ão/Foto litos: Newsw orl< . R. Venâ nc io Ayres. 931. São Pa ulo. Fo ne : (0 1I ) 263-6433. Impressão e A caba m ento : Ed içõe s Loyola . R. 1822, 347 . Fo ne : (OI 1) 914- 1922. Tira gem d esta e d ição: 8.500 exemplares.

Jorna li~ta


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EDITORI.A!i ADVENTO! TEMPO DE ESPERA!

Queridos Equipistas ! Paz e Bem ! A nossa Igreja inicia um tempo privilegiado , acompanhado por fortes momentos litúrgicos. "ADVENTO", tempo de espera , tempo de preparação , tempo de renovação , tempo de conversão . Se lançarmos um rápido olhar para o ano de 1.994 , temos a certeza que está sendo um ano de inúmeras realizações . Nosso Movimento se põe em " Mov i mento ", nossas "Equipes" se lançam em "M issão" ; cabe-nos então aguardar a vinda do Senhor, vigilantemente. Já fizemos muito , ainda temos muito a fazer, a esperança move nossos corações , a alegria do serviço nossas mãos e a Palavra de Deus nossas razões. Por isso cabe a cada um a tarefa de neste período que antecede ao Natal , fazer um "BALANÇO" de como nos posicionamos frente aos inúmeros

acontecimentos deste ano, e com entusiasmo continuarmos nossa caminhada . Segundo o Diretório Litúrgico - 1.994 - CNBB o Advento , já não se considera somente como tempo penitenciai , mas como tempo de devota e jubilosa espera . Que possamos nos revestir desse espírito de expectativa , de preocupação com o que virá , que tenhamos a certeza do Cristo que nos disse "Não temais , pois , eu venci o mundo". Nesta atitude de espera e p r incipalmente de "ESPERANÇA" preparemos nossos corações , mãos e mentes para receber o Cristo que vem . Com Ele, Nêle e Por Ele é que seremos sinais de amor transformador da cultura do casamento . Deus os abençoe Abraços e orações Pe Mário José - EC/R

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Carta da Equipe Besponsável Internacional ORIENTAÇÕES DE VIDA I. Carisma fundador Gostaríamos de iniciar esta palestra lembrando algumas palavras de Pe. Caffarel , fundador das Equipes de Nossa Senhora , aos RR da Europa , em 1987: "Ao princípio das ENS, não se suspeitava o que seria o futuro . Somente hoje , após quarenta anos, perante o seu desenvolvimento , penso que em 1939, naquele encontro com os primeiros casais , houve outra coisa além de uma boa idéia , outra coisa que me entusiasma, penso que aquele não foi um encontro fortuito , que a Providência e o Espírito Santo contribuíram de algum modo para ele. Pois bem, atrevo-me a crer, hoje, após quarenta anos, que na origem das ENS houve um carisma fundador." E o que se deve entender por carisma fundador? É ainda o próprio Pe. Caffarel que nos diz: "Carisma fundador é algo muito diferente de uma boa idéia, de uma idéia edificante; é uma inspiração do Espírito Santo, que será como um dinamismo que há de conduzir a instituição durante todo o seu desenvolvimento e lhe permitirá cumprir sua missão." 1. Vocação Carisma fundador é, pois, uma inspiração do Espírito Santo. Isto significa que as ENS surgiram por uma intervenção do Espírito, significa que na origem das ENS há um chamado de Deus, 2 - CM Novembro/94

uma vocação . Deus vocaciona, Deus chama os casais e lhes concede um dom , lhes confia um carisma para a santificação própria. Carisma, um dom conced ido pelo Espírito a nós casais das ENS para levar-nos à compreensão de que: - O casamento é um lugar para exercitarmos o amor, para crescermos no amor. É o amor que dá sentido á vida , que dá sentido ao casamento. - Só existe um amor. O amor com que amamos nosso conjuge é o mesmo amor com que amamos a Cristo. Esse amor é imagem do amor que existe entre o Pai e o Filho. -As exigências do amor de Cristo são as mesmas do amor dos esposos. A vida conjugal comporta pois grandes riquezas , mas também grandes exigências. - Somos chamados à santidade no e pelo nosso casamento. O sacramento do matrimônio se constitui numa fonte de Graça que faz do casamento um lugar de santificação . Para isso, devemos estar constantemente buscando aprofundar o pensamento de Deus sobre o casal e sobre todas as suas realidades e buscando sintonizar nosso projeto fundamental de vida com o projeto de Deus. Correspondendo ao dom do Espírito, as ENS apresentam aos casais uma proposta de vida , orientada no sentido desses elementos que constituem o fundamento da espíritualidade conjugal.


Assim , cada parte da reunião e os pontos concretos de esforço visam levar os casais a crescerem no amor, no amor a Deus por primeiro, no amor ao conjuge e aos filhos , no amor aos irmãos e a se santificarem através de seu casamento. 2. Missão Mas, carisma é um "favor" concedido pelo Espírito Santo a membros da comunidade cristã , para o bem de toda a comunidade. Deus vocaciona , Deus chama pois os casais e lhes concede um dom que os impulsiona a se santificarem e a contribuírem para a santificação de outros casais, a realizarem uma missão. A toda vocação corresponde uma missão e assumir a vocação significa aceitar a missão nela implícita. Deus nos chama , antes de mais nada, ao amor e esse chamamento envolve dois aspectos: . Somos chamados a "ser"

Somos chamados a uma "missão" - Somos chamados a ser: . casais fundados no amor, casais que buscam incessantemente crescer no amor; . casais que permanecem, casais fiéis , apesar de fracos ; . casais felizes, embora tropeçando muitas vezes; . casais que se santificam através de ~ma busca persistente no casamento, na vida familiar e na vida comunitária. Somos chamados a viver uma espiritual idade conjugal. Somos chamados a ser um sinal para esse mundo tão carente de amor e tão adverso à gratuidade, à generosidade. - Somos chamados a uma missão Somos chamados a irradiar o amor, somos chamados a um compromisso com a construção do Reino de Deus. CM Novembro/94- 3


O amor implica em compromisso , em missão e o amor é condição para a missão. " 'Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros? ' Pedro respondeu : 'Sim Senhor, tu sabes que eu te amo. ' Jesus disse: 'Cuida de meus corde iros ."' (Jo 21 '15) E Jesus repetiu mais duas vezes a mesma pergunta e por mais duas vezes Pedro deu a mesma resposta . Sim , ele amava verdadeiramente . E Jesus lhe confiou a grande missão. Somos chamados a uma missão! A mensagem central do Encontro de Fátima foi voltada para a missão. O pós-Fátima também se volta para a nossa missão no Povo de Deus. As ENS constituem um cam inho que escolhemos para melhor realizarmos o projeto de Deus em nossa vida e para participarmos da construção do Reino de Deus. Não podemos , pois , dissociar a vida de equipe da construção do Reino. Somos chamados a participar dessa construção do Reino a partir da vivência do sacramento do matrimônio, a partir da vida em comunidade proposta pelas equipes e em comunhão com a Igreja . Em nossa missão , muita coisa ainda não está clara. (Antes do Encontro Internacional , estivemos reu nidos com os CR das SR e RI das várias partes do mundo. Refletimos e trabalhamos bastante, buscando melhor aclarar nossa missão e definir algumas pistas no sentido de sua realização.) Mas estamos conscientes de que cumprir nossa missão não significa apenas realizar tarefas , assumir compromissos . Também isso, mas nossa missão vai muito além . Pela 4 - CM Novembro/94

vocação à qual fomos chamados , somos convocados a penetrar na vontade de Deus para o casal e para a famíl ia, a aprofundá-la cada vez mais e a dar nossa contribuição para que a realidade presente seja cada vez mais conforme a essa vontade de Deus. 11. Orientações de vida . Viver uma espiritu alidade conjugal , isto é, adequarmos nossa vida pessoal , conjugal e fa miliar ao projeto de Deus . Realizarmos nossa missão São as duas direções em que, segundo nossa vocação , somos todos chamados a progredir continuamente. E isto implica em mudança de atitudes , em conversão , o que requer muito esforço, persistência e uma busca contínua . Para nos apoiar nessa busca , nesses esforços, o Movimento nos propõe , de tempos em tempos , orientações de vida . As orientações nos indicam certos aspectos e atitudes inerentes á nossa vocação cristã que devemos aprofundar e encarnar gradualmente em nossa vida de casal ; nos indicam um passo a mais que devemos dar em nosso caminho de conversão , o esforço que deve impregnar, mais fortemente durante alguns anos , toda a nossa vida pessoal , de casal e de equipe. E nós nos sentimos animados nesses esforços porque eles são partilhados , sustentados, iluminados,.. . pelos outros casais que caminham conosco . É por isso que se propõe utilizar todos os meios pedagógicos das equipes (partes da reunião, p.c.e. , reuniões mistas , retiros , ... ) na busca de melhor compreender e melhor viver a orientação .


111. Lourdes e Fátima Após um profundo discernimento a respeito das aspirações das equipes, o movimento decidiu não propor uma orientação no Encontro Internacional de Lourdes, em 88, mas sim encetar, com o documento "Segunda Inspiração" , uma reflexão de fundo em todos os níveis. No elã da Segunda Inspiração, o movimento exortou a todos e a cada casal a viver em comunhão para responder a uma vocação e realizar uma missão. . Para ajudar a viver a comunhão em casal, um grande passo foi dado pelo movimento com o projeto Evangelizar a Sexualidade. . Para ajudar a viver a comunhão com Deus, a comunhão em casal e na equipe, o passo foi dado com o esforço pela vivência dos p.c.e. como meios para se incorporar as atitudes: busca assídua da vontade de Deus, busca da verdade e experiência de encontro e comunhão . Isto, a partir da reflexão sobre o documento "Os Pontos Concretos de Esforço e a Partilha" . Para ajudar a viver a comunhão em equipe, o esforço foi orientado para a revitalização da reunião de equipe, especialmente da partilha , colocando sempre em destaque a vivência dos p.c.e's relacionada com as três atitudes. Muitas outras iniciativas criativas surgiram nos diferentes países, ou foram propostas pela ERI, no sentido de melhor compreender e melhor responder à nossa vocação. Mas, dentro desse espírito de renovação da Segunda Inspiração , no que se refere à nossa missão , não evoluímos o necessário, embora o documento dedicasse uma parte a ela. Tivemos maior consciência dessa

falta de evolução, principalmente quando iniciávamos o processo de preparação do Encontro de Fátima. Antevimos então uma nova etapa para o Movimento, dentro do espírito da Segunda Inspiração, em que a vivência da espiritualidade conjugal se abriria para a missão. Evocamos o nome de Maria como aquela que assumiu verdadeiramente sua missão como mãe do Salvador e como mãe da Igreja nascente . Evocamos também sua intervenção nas bodas de Caná da Galiléia, intervenção que levou Jesus a antecipar "sua hora" e que preparou os servos para fazer o que Jesus lhes mandasse . E pensamos na realidade atual, com tanta falta de vinhÓ vivida pela maioria dos casais . Diante dessa realidade, nós somos os convidados porque , embora vivendo essa mesma realidade, fomos chamados a uma vocação especial. Mas somos também os servos porque fomos chamados a uma missão. Devemos pois fazer o que Jesus nos mandar . Para orientar nossos esforços concernentes à nossa missão, propõe-se pois, para o pós-Fátima, uma orientação, precisa e ao mesmo tempo ampla , resumida na frase : "Convidados às bodas de Caná" Esta orientação é explicitada pelas três frases extraídas do Evangelho de João: . "Eles não têm mais vinho" . "Fazei tudo o que Ele vos disser" . "Enchei de água as talhas" Diversos vinhos faltam a muitos casais de hoje. -Temos alguma coisa a fazer em relação a essa realidade vivida por tantos casais? CM Novembro/94 - 5


- Não nos foi confiado um carisma que nos confere a missão de colaborar para que essa realidade seja mais conforme à vontade de Deus? O que Jesus está nos dizendo para fazer? "Fazei tudo o que Ele vos disser" Para dar o impulso inicial aos nossos esforços no sentido de vivenciarmos a orientação, foi elaborado o documento: Convidados às bodas de Caná Orientação de vida proposta aos casais do Movimento Esse documento consta de quatro partes e pode ser utilizado para quatro reuniões de equipe. A primeira parte é uma introdução e cada uma das outras três partes é relativa a uma das três frases do Evangelho de João.

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Cada parte contém um desenvolvimento do tema , questões para o diálogo conjugal , orientações e questões para a coparticipação e orientações para a parte de orações na reunião. Vocês irão certamente receber esse documento, em suas línguas, tão logo cheguem em seus países. Não deixem de participar dessa reflexão conjunta , de todo o Movimento, a partir desse documento, que se apresenta tão necessária, para que as ENS correspondam à vocação à qual foram chamadas há ci nqüenta anos atrás. Cidinha e lgar Fehr Fátima, 24 de julho de 1994 (Palestra na Sessão Internacional de Formação)


A ECIR CONVERSA COM VOCÍiS "FAZEI TUDO O QUE ELE VOS DISSER" (Jo 2,5) Na reflexão anterior, a partir da frase "Eles não têm mais vinho", pudemos concluir que o contato pessoal com as pessoas necessitadas, ou com as necessidades das pessoas, permite-nos perceber o que é preciso fazer para transformar uma determinada situação de carência , de aflição, de desespero. Hoje em dia são inúmeras as pessoas, casais e famílias que não têm mais vinho , cuja vida não tem mais sabor, vitalidade , alegria, esperança, paz e amor. São tantas as pessoas, casais e famílias desorientadas, sem nenhum projeto de vida, vazias de Deus, como que fazendo simplesmente passar o tempo de vida que ainda lhes resta . Maria, sempre presente no meio das necessidades das pessoas, casais e famílias , então proclama as seguintes palavras: "Fazei tudo o que ele vos disser". UMA PROFUNDA LIGAÇÃO ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTOS

Esta revelação de Maria, ocorrida em Caná da Galiléia, foi escrita à luz da "teofania do Sinal" (cf. Ex 19,1-9), como observam alguns exegetas. Moisés sobe à montanha e lahweh mostra todo o seu amor para com o povo, desde que guarde sua aliança , sua palavra. Se isto acontecer, diz lahweh , prometo transformá-lo numa propriedade toda peculiar dentre todos os povos, isto é, uma nação santa. Moisés relata estas palavras ao povo, que então responde: "Tudo o que lahweh disse,

nós o faremos" . (Ex 19,8) Há uma afinidade muito grande destas frases do Antigo e Novo Testamentos com o que Jesus diz aos seus discípulos depois de ressuscitado , quando lhes aparece na Galiléia, e os envia em missão, para batizar, fazer novos discípulos e ensinar a todas as nações a observar tudo quanto ordenou . (Mt 28, 19-20) MOISÉS, MARIA, A IGREJA E O MOVIMENTO DAS ENS

Moisés, Maria, a Igreja e o Movimento das ENS se encontram na mesma função de conduzir os homens à obediência do Evangelho de Cristo. Moisés, Maria, a Igreja e o Movimento das ENS remetem-nos à única Lei que salva: a palavra de Deus. Moisés e o povo do Antigo Testamento experimentaram em muitas ocasiões o poder eficaz da palavra de lahweh, salvando-o de tantas situações de aflição, necessidade e desespero. Maria, a partir do SIM , também experimenta o amor de Deus Pai, que irá transformar toda a sua vida. A Igreja, ao longo de sua história, vem experimentando a importância da palavra de Deus, um dos fundamentos da evangelização e do ser comunidade. O Movimento das ENS, ligado profundamente ao caminhar da Igreja, tem na palavra de Deus um compromisso de vida e o fundamento de sua vocação e mística no meio da comunidade eclesial, das famílias, dos casais. CM Novembro/94- 7


AS TRÊS ATITUDES DO CRISTÃO "Fazei tudo o que ele vos disser" é uma frase de Maria totalmente centrada em Jesus. É ele a palavra de Deus que se fez carne no meio de nós. É ele o próprio Deus que veio habitar no meio de nós. É ele a vida divina que veio humanizar o mundo. Esta frase de Maria nos estimula a viver, conseqüentemente , as três atitudes fundamentais de qualquer cristão : - a de cultivar a assiduidade em nos abrir à vontade e ao amor de Deus a partir da escuta de sua palavra ; - a de desenvolver nossa capacidade para a verdade inspirados na palavra de Deus; - a de aumentar nossa capacidade de viver o encontro e a comunhão com os irmãos iluminados pela palavra de Deus. Nós, casais das ENS, talvez mais do que qualquer outro cristão , precisamos cultivar a escuta e a meditação diária da palavra de Deus, para assim tornar o Evangelho de Jesus Cristo uma história viva , um acontecimento sempre presente na vida , de forma a poder santificar o mundo através da famíl ia e transformar todos os povos numa nação santa , predileta do Senhor Deus . O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA Como nos diz o Catecismo da Igreja Católica , é na Sagrada Escritura que "a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força , pois nela não acolhe somente uma palavra humana , mas o que ela é realmente: a palavra de Deus" . (N° 104) E continua: "O cristianismo é a religião da Palavra de Deus", encar8 - CM Novembro/94

nado e vivo no meio de nós. (N° 108) O Catecismo exorta para que o acesso à Sagrada Escritura seja amplamente aberto a todos os fiéis (N° 131 ), como também exorta para sua leitura e meditação freqüentes, única forma de conhecer "a ciência de Jesus Cristo" , "porque ignorar as Escrituras, como diz São Jerônimo, é ignorar o Cristo" . (N° 133) JULGAR A REALIDADE A PARTIR DA PALAVRA DE DEUS Ninguém como Maria conhecia o seu Filho Jesus e, por isto mesmo, tinha total confiança nos seus atos, na sua atuação divina num momento em que a alegria de uma festa de casamento poderia estar terminando pela falta de vinho , pela falta de energia, pela falta de vida que tudo isto proporciona. "Fazei tudo o que ele vos disser" quer-nos lembrar, precisamente , que todos devemos conhecer profundamente a vida e as palavras de Jesus Cristo, nelas inspirar todos os nossos atos e atitudes, procurando assim viver a própria vida de Jesus Cristo. Ser cristão é ser outro Cristo, é ser o próprio Cristo . Ser cristão é fazer o que Jesus fez , é viver como o próprio Cristo viveu . Tiago, em sua Epístola , nos diz: "Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganandovos a vós mesmos ! Com efeito , aquele que ouve a Palavra e não a pratica assemelha-se a um homem que, observando o seu rosto no espelho, se limita a observar e vai embora , esquecendo-se logo da sua aparência. Mas aquele que considera atentamente a Lei perfeita da liberdade e nela persevera, não sendo um ouvinte esquecido , antes, praticando o que ela ordena , esse é


bem-aventurado naquilo que faz". (Tg 1,22-25) É isto que Maria nos ensina . É isto que a Igreja espera de nós. É isto que o Movimento deseja a partir deste momento, quando estamos vivendo o período pós-Fátima , que nos envia em missão a partir das próprias palavras do Cristo Ressuscitado ("Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai , do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto

vos ordenei") . É isto que precisamos viver em nossa equipe de base, em nossa comunidade eclesial de famílias. Tiago completa sua admoestação com palavras tão amorosas quanto as de Maria nas Bodas de Caná. Diz ele: Recebei com docilidade a Palavra que foi plantada em vossos corações, pois só ela é capaz de salvar as vossas vidas. (Tg 1,21) Mariola e Elizeu Calsing Pela EC/R

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I~

ANO INTERNA(IONAl DA FAMÍliA

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OS DESAFIOS À FAMÍLIA PROVINDOS DA COMUNICAÇÃO Não queríamos, minha mulher Isabel e eu , começar esta breve intervenção sem manifestar a nossa gratidão à Equipe organizadora deste encontro, pela ocasião que nos foi oferecida de refletir sobre alguns temas importantes para a vida dos casais de hoje. É evidente que não podemos pretender esgotar o assunto, mas somente sublinhar os alguns grandes desafios que não podem deixar indiferentes nenhum casal atual. Trata-se de analisar o contexto dos desafios e ameaças dizendo respeito ao impacto, sobre a vida de relação conjugal e familiar, dos condicionamentos culturais , educativos e eclesiais da comunicação, sendo estes condicionamentos vindos quer do exterior, quer do interior. Limitar-nos-emas a seis problemáticas, para as quais proporemos um ensaio de resposta , o qual pouco mais poderá ultrapassar do que um nível teórico de resposta . 1. - O primeiro desafio que apuramos quanto às condições da comunicação que afetam a vida dos casais é a mutação da percepção do tempo. Temos hoje um outro modo de viver o tempo , já não como os nossos Paiasou Avós , um tempo contínuo, mas um tempo fragmentado, descontínuo , dilacerado entre vivências de tipo muito diferente; já não um tempo marcado pela idéia quase expontânea de progresso, mas um tempo em que a degradação quase supera os avanços (conforme a dificuldade de manter os benefícios sociais, ou a tranqüilida1O - CM Novembro/94

de das cidades , sem falar no urbanismo); já não um tempo em que a continuidade da duração é um convite expontâneo para a fidelidade , mas um tempo em que o que nos aparece como infidelidade é vivido como mudança totalmente normal de ligações afetivas sucessivas. A multiplicidade dos modos de viver o tempo introduz em nós uma espécie de cacofonia : o que há de comum entre o tempo vivido nas sociedades africanas, o tempo no Japão, ou mesmo entre o <stress> português e a aparente calma na Dinamarca?! Esta observação não traz nada de novo, dir-se-á ; o que há de novo, contudo , é o fato de a tomada de consciência desta multiplicidade de tempos vividos ter destruído a nossa capacidade de unificar a nossa maneira de viver o tempo. 2. - Esta dificuldade é tão fundamental que passa desapercebida , ainda que esteja subjacente a todas as outras. Um segundo ponto que está fortemente ligado ao primeiro é a própria comunicação: será que se comun ica algo ou será que as pessoas se comunicam? Nunca se conheceu uma sociedade em que a comunicação tenha sido tão valorizada ; chegou-se a inventar a profissão de comun icador nas empresas; por outro lado, vivemos numa sociedade de máscaras, na qual cada um se cria uma máscara social que lhe serve de defesa ou de pseudo-proteção; e esta máscara , arriscamos introduzi-la mesmo no seio do nosso lar. O desafio é aqui o de que a


comunicação seja inversamente proporcional ao encontro; a comunicação tende para a informação e, em nome da informação "soi-disant" objetiva, esquecemo-nos das subjetividades pessoais; no limite, todos estão em comunicação com todos e ninguém encontra ninguém . Voltamos a uma sociedade de papéis, na qual as pessoas são ameaçadas de se tornarem máscaras. 3. - Quando nos interrogamos sobre a repercussão , sobre a vida familiar, desta dupla situação (descrita nos dois primeiros pontos acima) , notamos que os Pais já não ousam influenciar os seus filhos comunicando-lhes as suas convicções; o risco é aqui uma certa capitulação dos Pais, devido à impossibilidade de dominar a evolução dos tempos; a isso corresponde a idéia , nos jovens de hoje, de que eles começam um mundo absolutamente novo , para o qual os Pais não podem ser bons conselheiros: vêm-se assim os filhos deixarem-se influenciar mais por outros jovens que pelos seus próprios Pais ou por pessoas de maior idade; com certeza, o conflito de gerações não começou hoje em dia, mas atualmente os jovens julgam que outros jovens - em nosso entender, igualmente desprovidos de experiência - são mais aptos que os Pais para os ajudar a resolverem os seus problemas . O resultado é muitas vezes - e verificamos este fato durante os primeiros anos de universidade - um nível prolongado de infantilismo. Tudo se passa como se os jovens fossem tratados como adultos mais cedo que antigamente e como se, ao mesmo tempo , ficassem muito mais tempo que outrora verdadeiras crianças . Capitulação dos Pais, infantilismo prolongado dos filhos, temos aí duas facetas do mesmo problema .

4 . - Um outrQ desafio perfila-se no horizonte da ética e da moral. Em vez e no lugar das convicções morais , assistimos hoje ao brotar de uma <moral de consenso>: é pelo diálogo que se definem as orientações políticas bem como as escolhas sociais fundamentais. Do mesmo modo, para as novas questões éticas, tais como as que se levantam no quadro da bioética , para a ética social , para a ecologia , etc., um debate pluridisciplinar é exigido, pois as decisões, mesmo morais , devem implicar um grande número de pessoas. Segue daí que a decisão seja tomada por consenso ou com a procura dele . Ora a moral não pode ser uma moral de consenso, mas uma moral de compromisso pessoal. O desafio que nasce deste encontro entre o debate e o enraizamento pessoal. das atitudes morais introduz muitas vezes um desequilíbrio em nós e nos jovens; a tendência seria então esta: <tal modo de agir é "bom" , dado que toda a gente age assim! Porque motivo iríamos agir de modo diferente dos outros?> À ética de convicção substitui-se de modo subrepticio uma moral de consenso, ou ainda um sociologismo moral , o qual arrisca ser um álibi que dispensa de pensar. 5. - Este quinto desafio não será percebido do mesmo modo por todos; ele diz respeito à dificuldade de comunicação no próprio seio das Instituições Eclesiais. Vivemos uma época em que , depois do Concílio e da abertura dos anos 60, depois igualmente dos excessos a que estes anos derem origem, uma certa severidade na imposição das normas morais e eclesiais é dificilmente aceita e é mesmo percebida como uma falta de diálogo dentro da Igreja . Para uns, esta via é considerada como a melhor forma de preservar a CM Novembro/94- 11


ortodoxia católica ; para outros, ela gera uma perda de credibilidade da Igreja, como se esta tivesse medo de abrir grandes debates respeitantes à cultura , à sexualidade, ao papel da mulher, à relação entre as várias formas de poder. Mesmo se não nos atinge pessoalmente , este desafio introduz-se no seio do diálogo Pais-Filhos como um autêntico desafio de comunicação . No fim de contas, de qual <modelo> de Igreja estaremos a falar? 6. - A comunicação dentro do casal assim como na Família encontra um outro desafio que reteremos aqui como o último; trata-se de saber como vivemos os conflitos . Os conflitos existem sempre e surgem , cedo ou tarde e com mais ou menos violência . Querer suscitar facilmente os conflitos é sem duvida um erro; mas impedir que eles rebentem pode constitu ir um erro tão grande como o primeiro . Como fazer para gerir os conflitos sem que eles quebrem definitivamente a unidade familiar ou a ligação fundamental entre as pessoas? Tal é o desafio que se coloca talvez mais hoje que antigamente. Cada conflito leva tempo , e o tempo da sua resolução pode ser longo. Julgar porém que a vida de relação e de comunicação pode decorrer sem conflito pode ser o fruto de uma ilusão mais mortífera que o próprio conflito. A título de conclusão , indicaremos seis tarefas , que mereceriam ser longamente comentadas: A primeira , é uma reflexão sobre o nosso modo de compreender o tempo; de propôr um novo modo de viver o tempo , de compreender que há , na cultura bem como em cada vida , movimentos de fluxo e de refluxo . A paciência perante o tempo pode abrir de novo as portas da 12 - CM Novembro/94

esperança . No fim de contas , não será que pedimos a Deus para ter paciência conosco? E esta mesma paciência, não será que deveríamos enraizá-la mais em nós também? Unificar a nossa maneira de viver o tempo exige tempo e paciência. A segunda tarefa é a de termos a força de não escondermos as nossas fraquezas no seio das relações pessoais; se as máscaras são às vezes profissionalmente necessárias , trata-se de tomarmos consciência delas e de não nos tornarmos vítimas deste jogo de máscaras ou de papéis ! Sem este esforço, a comunicação não será senão informação (verdadeira ou truncada) e nunca um autêntico encontro. A terceira tarefa , é a coragem e a autenticidade das convicções por parte dos adultos, Pais e Educadores. O importante , ousaríamos dizer, não é que os jovens estejam em desacordo conosco , mas que não encontrem em nós um vazio de convicções ou de referência. O seu desacordo conosco será mesmo útil para eles crescerem e poderá mostrar que , pior que o desacordo sobre tal ou tal ponto (da moral , por exemplo) , é o fato de já não ter nenhuma convicção ou nenhum outro valor que não seja o do mero dinheiro. A quarta tarefa consiste em não confundir hábitos sociais ou morais do nosso ambiente humano com a convicção pessoal sobre o bem ou o mal. Mesmo quando é indispensável , o debate não significa necessariamente que os valores e o melhor bem se encontram do lado da maioria . A questão dos valores morais não se decide por um voto democrático ; entre a intolerância face aos comportamentos dos outros e a aceitação simplista daquilo que todos fazem , há o espaço para um discernimento pessoal.


A quinta tarefa seria a de favorecer o mais possível na Igreja as condições de um verdadeiro diálogo: Se a Igreja é por excelência o lugar da Graça, ela ainda não é suficientemente o lugar do Diálogo; é preciso reagir tanto contra uma infantilização dos leigos quanto contra um certo infantilismo eclesiástico no modo de conceber o exercício da autoridade. Enfim , a sexta tarefa , talvez a mais rude , diz respeito ao modo de

gerir os conflitos : aqui , a tarefa consistiria em viver os conflitos de modo tal que não fossem o princípio de uma ruptura definitiva , mas o ponto de partida para uma maior libertação. Para este efeito, não se deve recusar o conflito, nem o deixar assumir proporções que o tornem insuperável. Isabel e Michel Renaud (8° Encontro lntemacional, Fátima Mesa Redonda em 20.07.94)

CM Novembro/94 - 13


I~

PASTORAL FAMILIAR A CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

A celebração do matrimônio cristão é a expressão, realizada na liturgia, do amor entre um homem e uma mulher, tendo em vista a formação de uma comunidade conjugal: a família. Este a111or conjugal , bênção e dom de Deus, vivido à luz da fé , é sacramento : manifestação visível da união invisível do Cristo com a Igreja (Ef. 5,21-33) . Por isto, o Apóstolo nos diz que os fiéis se casam no Senhor (1 Cor 7,39). Este maravilhoso dom tem como frutos concretos os filhos que deverão ser criados e educados responsavelmente na fé. Antes de mais nada, o matrimônio cristão é belo e fecundo por esta realidade interna. Sua celebração só será verdadeira e igualmente bela, quando expressão desta realidade . Contudo, por força de uma mentalidade consumista , muitos elementos estranhos foram sendo introduzidos nas nossas Igrejas por ocasião da celebração do matrimônio. Tais elementos tornaram-se tão abusivos que estão criando vários tipos de constrangimento: às fam ílias que muitas vezes , são compelidas, por modismo, a gastar muito além de suas reais possibilidades; à Igreja que se vê como palco de exposição da disparidade, injusta e humilhante, entre pobres e ricos da nossa estrutura social ; aos padres, muitas vezes, impossibilitados de exercer bem o seu ministério litúrgico , por causa do tumulto que tomou conta das celebrações e do ambiente paganizado que se foi criando. 14 - CM Novembro/94

Some-se a tudo isso a crescente exploração comercial das festas do casamento religioso (...). Para que este trabalho pastoral possa ser facilitado desde já, após consultar os padres e alguns leigos, resolvi por bem , determinar as seguintes normas para a celebração do matrimônio em toda a Arquidio· cese. (de Belo Horizonte) 01 . "A celebração do Casamento Religioso deve ser uma verdadeira festa , seja para os noivos, seja para as suas famílias e convidados" . Uma festa celebrada no Ministério pascal de Cristo, onde seja ressaltada a riqueza da Palavra de Deus, da oração comunitária , dos gestos próprios ao Sacramento. Por isto a celebração deverá ser preparada de acordo com o novo Ritual e em conjunto com os noivos( ... ). 02. Todos os que participam da celebração do casamento , são testemunhas , diante da Igreja e da sociedade , do caráter público do compromisso matrimonial. Esta participação compromete a comunidade na oração e no apoio ao lar que se inicia. Contudo é necessário escolher algumas pessoas , não muitas, para representar os presentes , como testemunhas qualificadas, mediante a assinatura, no ato do casamento. 03. Os profissionais ou amadores, da área de fotografia e filmagem, não poderão atrapalhar o andamento da celebração e desviar a atenção da assembléia. É bom tomar cons-


ciência de que um Sacramento da Igreja é primeiramente um "Acontecimento de Salvação", e não um evento a ser registrado em fotos ou filmes . Durante toda a liturgia da Palavra, incluindo a homilia, não se exerça nenhuma atividade de fotografias e filmagem. Nos outros momentos, haja discrição e respeito. 04. "A ornamentação é sempre uma expressão da alegria da festa que se celebra . Haja, nobreza , bom gosto e simplicidade na decoração da Igreja. O espírito cristão da celebração pede sobriedade na ornamentação, sem gastos supérfluos e sem ostentação". Seja permitida a ornamentação somente do presbitério, sem velas , luminárias, fitas nos bancos. 05. "A música ajuda a criar o ambiente religioso para a celebração litúrgica do matrimônio. Quando os noivos escolhem o repertório a ser executado no dia do casamento , devem ter em vista esta finalidade. Compete ao Pároco vigiar para que não sejam executadas as músicas que levem a uma dispersão ou evo-

quem fatos muitas vezes negativos" . Não se permitam, de forma alguma , cantos ou músicas que fogem do espírito religioso . (06 .. .) 07 . As paróquias ou capelas , onde se realizam casamentos, não poderão cobrar nenhuma taxa extra, nem manter qualquer forma de convênio ou exclusividade com quem quer que seja. O órgão poderá ter seu operador próprio. (08 ... 09 ... ) 1O. "Quanto ao casamento em oratório privado, a autorização só pode ser dada pelo bispo. Quanto aos casamentos em clubes, sítios, ou outros lugares não destinados usualmente ao culto , são expressamente proibidos em qualquer caso. (11 .. . 12 .. . 13 ... ) Dom Serafim Fernandes de Araújo Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte Texto completo em: Conjuntura Social e Documentação Ec/esial Encarte do Boletim da CNBB -

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INSTRUMENTOS DE PAZ A notícia de que em Bauru existe um plantão para atender famílias que estão com problemas de relacionamento não é novidade maior e cabe bem nas menos de quatro colunas que lhe dedicou a CARTA MENSAL de abril. Mas o autor, José O mar Abdo , não sabe o bem que me fez essa notícia, a reação que ela veio despertar em mim. Tantas vezes li e ouvi coisas do gênero mas

só agora, quando me detenho sobre Os Pobres de Javé e o SOS Família, me toco mais. A leitura dessa notícia teve, para mim , o efeito de verdadeira chibatada . As poucas palavras , poucas mas fortes, com que José Ornar pinta o drama dessas famílias chegam a doer mas fazem bem. Elas me sacudiram começando por me fazer valorizar mais os laços que me prenCM Novembro/94 - 15


dem a quem mais amo. É preciso ser menos egoísta e mais sensível ao sofrimento dos outros, a começar pelos meus. Não, eu não tenho como me ligar, formalmente, a uma obra tipo SOS Família de Bauru . Mas posso, devo, fazer alguma coisa para ajudar a salvar famílias. Talvez começando pela minha - aquela família de que eu sou a parte mais responsável. Depois, quando José Ornar sugere que "Deus separou , dentro das ENS , um punhado de equipitas com a missão de( ... ) reconstruir famílias destruídas" , não sou capaz de passar à frente sem ler uma segunda vez e me pergunto se não podia, também eu , fazer parte desse punhado de obreiros. Impossível ficar indiferente quando me passa pela cabeça o filme de uma meia-dúzia de casais amigos meus que um dia fizeram juras de amor eterno, foram felizes , tiveram filhos mas, depois, viram quebrar tudo. Me pergunto se não haveria nada ao meu alcance para prevenir esse quebra-quebra . Não podia, eu também - anônimo "pobre de Javé"- dar um pouquinho do meu tempo, do meu conforto, de mim mesmo, para , com a graça do Senhor, ajudar a refazer, senão a Cidade e o Templo do Senhor, ao menos a cidade em que vivo , o templo de amor que homens e mulheres iguais a mim ergueram com toda a dedicação e lealdade mas que não estão mais conseguindo manter de pé? Além de rezar, não podia eu fazer uma visita, escrever um cartão, dar um telefonema, fazer-me presente junto ao meu vizinho, à minha colega de trabalho, quem sabe, junto àquele que vai à missa comigo? Não poderá, às vezes , uma palavra, uma flor, um jantar qual-

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quer coisa que testem unhe solidariedade, levar o lenitivo, uma luzinha , talvez o corretivo de que precisa um homem , uma mulher, um jovem , para que sua casa não desabe? Num mundo tão complexo e perplexo como é este em que vivemos , são mais numerosas e complicadas as situações do que as combinações que o velho Mendel obteve com as suas ervilhas , sei , mas não valerá a pena tentar identificar o gene pern icioso e fazer algo para eliminá-lo? Com muito carinho e sabedoria - a sabedoria do Espírito . Cada caso é um caso , ele merece todo cuidado e muita delicadeza . Mas o caso mais importante e que me diz respeito é aquele de que, se sou fiel ao movimento que surgiu para ajudar os casais a serem felizes e santos, não posso ficar indiferente à sorte das famíli as açoitadas pelo vento da discórdia , do ódio, do erro. Às vezes aparecem pessoas querendo salvar, melhorar o mundo todo, mas se esquecem de melhorar, primeiro, a si mesmas. Também eu vou começar por mim , pela minha família, Depois , e/ou ao mesmo tempo , se puder, irei , com São Francisco , levar ajuda à família do mais próximo meu. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver discórdia , que eu leve a união; onde ouver erro, que eu leve a verdade. Senhor, fazei-me , a mim também , instrumento da vossa paz. Para que as resoluções sãs e fecundas brotadas deste Ano da Família produzam frutos por muitos e bons anos no meio de muitas e boas famílias . Amém . Equipista presente/Rio


MULHER E DISCRIMINAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO "O trabalho humano é fator fundamental da sociedade. Na organização social, a divisão do trabalho inclui a produção da riqueza e sua distribuição. Neste contexto, a organização do trabalho Uornada de trabalho, condições de trabalho , direitos trabalhistas , organização sindical , remuneração , previdência social , política salarial , destinação dos excedentes) determina as condições de vida e de cultura da maioria da população. Através dessa realidade se mede a real situação da justiça , da democracia e da liberdade. Na encíclica "Laborem Exercens" , João Paulo 11 considera o trabalho humano " uma chave , provavelmente a chave essencial , de toda a questão social". Estas considerações foram feitas por nós, Bispos do Brasil, no documento "Igreja: comunhão e missão na evangelização dos povos , no mundo do trabalho , da política e da cultura". Um dos felizes sinais de nosso tempo reside na presença marcante da MULHER que, a duras penas, conquista as universidades e o mundo do trabalho. Desafortunadamente, a atual organização de nossa sociedade faz com que, no TRABALHO, haja enraizadas complexas formas de injustiças, exploração e opressão que se manifestam , de for-

ma especial, a respeito da mulher. Muito embora iguais perante a Lei , na realidade a mulher é aviltada, desrespeitada, com freqüência , no mundo do trabalho. Machismo, culturalmente enraizado, aliado ao farisaísmo, proclamam o contrário , sobretudo em discursos demagógicos. . A prática diária nos revela porém , que, em geral, a mulher é discriminada no trabalho e no salário, pelo único fato de ser mulher. Se for mulher negra , a situação ainda é pior. Acrescentem-se a isto as injustiças, vexames que exigem não se engravidem ; certas "revistas" que ferem sua intimidade corporal e, ainda, abusos no campo sexual. Para efetivar humanizada mudança no mercado de trabalho, a mulher brasileira tem dado excelente colaboração e marcado heróica posição. Urge nova mentalidade, de maneira especial , na maior parte de nossos empresários. Injustiças na distribuição de renda, ridículas discriminações que ferem frontalmente a Constituição e outras calamidades presentes no mundo do trabalho precisam cessarse, de fato, pretendemos um Brasil novo porque justo e solidário. O. Angélico Sândalo Bernardino Região Episcopal de Brasilândia São Paulo/SP

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A participação da Igreja Católica Apostólica Romana, na Conferência do Cairo Finda a Conferência Internacional do Cairo sobre População e Desenvolvimento , a Secretária-Geral Exma . Sra . Náfis Sadik considerou o evento um sucesso. Os 182 países participantes assinaram o documento final , tendo inclusive o Vaticano aceitado o consenso. Isto não significa que todo o documento (principalmente os Cap. 7 e 8 que tratam de saúde reprodutiva , direitos reprodutivos e aborto) tenha sido plenamente aceito pela Santa Sé. O aborto continua inaceitável e apenas os métodos naturais de contracepção são referendados pela Igreja . Não apenas o Vaticano , mas outros países católicos mantiveram esta posição: Malta , República Dominicana , El Salvador, Honduras, Guatemala , Nicarágua , Argentina , Equador e Paraguai. Alguns países islâmicos posicionaram-se condizentes à sua lei, permitindo sexo apenas dentro do casamento. O Brasil exigiu fosse retirada do documento final a concepção de que a população era uma "ameaça" ao planeta. A Austrá lia externou sua decepção ao constatar que o documento reconhece os direitos dos indivíduos indígenas mas não os dos povos indígenas. As Filipinas pediram uma conferência internacional sobre migração , tema este que deveria ter sido melhor discutido na Conferência e que não resultou satisfatório, uma vez que sob pressão dos USA, Suí18 - CM Novembro/94

ça , Austria e Canadá, não se resguardou o direito de reunificação familiar de imigrantes. Enfim , nem tudo resu ltou como deveria , malgrado os esforços da Igreja na fase preparatória, no sentido de alertar os responsáveis pelo evento a fim de que a complexidade dos problemas a serem equacionados fosse observada com seriedade numa perspectiva ética coerente com a dig nidade da pessoa humana . Diversas foram as contribuições: em março/94 o Santo Padre entregou à Exma. Sra . Nafis Sadik e aos Chefes de Estado mensagens que enfocavam todos os aspectos mais importantes a serem abordados na Conferência . Inúmeras vozes ergueram-se na Igreja , em todo o mundo, sempre com o objetivo de propor seriedade e profundidade aos participantes do evento. Como dissemos, não atingiu plenamente o que se pretendia. Todavia , pode-se afirmar que não fossem os esforços da Igreja (entre outros) os resu ltados teriam sido bem piores. Pelo interesse que tal assunto traz para os casais das ENS , recordemos os pronunciamentos da Igreja na fase preparatória da Conferência , bem como acompanhemos com atenção o desenrolar dos acontecimentos suscitados durante a implantação do programa proposto. Em março/94 João Paulo 11 entregou à Exma. Sra. Nafis Sadik, Secretária-Geral da C.I.P.D. mensagem que refletia sobre o fato de que


o tema do referido encontro adquiriria um grande significado, nas perspectivas de que o distanciamento entre ricos e pobres venha a aumentar, pois essa ocorrência significará uma ameaça à paz mundial. Salientou o Santo Padre a participação da Santa Sé em todos os encontros regionais preparatórios à conferência , numa manifestação de sumo interesse no assunto, já que afeta profundamente a dignidade e os direitos da pessoa humana. Referiu-se a estudos da ONU segundo os quais, nesta década , reduziu-se rapidamente a taxa de crescimento de nações desenvolvidas. João Paulo 11 afirmou , na ocasião, que qualquer desenvolvimento pretendido teria que ser integral , promovendo o homem na totalidade de seu ser e não restritivo apenas à acumulação de riquezas , a um desenvolvimentismo que possa interessar apenas a uma minoria Chamou a atenção sobre a necessidade de se respeitar a herança cultural dos povos. Destacou o fato de que nenhuma pretensão desenvolvimentista justificaria danos ao bem da família (fundada sobre a natureza mesma da pessoa humana) instituição hoje tão combatida por tantas e poderosas forças , como interesses de grupos que se valem dos meios de comunicação, o individualismo, o hedonismo, etc. Salientou o fato de que nenhum governo ou instituição tem o direito de decidir pelos cônjuges sobre sua prole, mas tem o dever de criar con-

dições para que os casais decidam apropriadamente a este respeito . Por isso mesmo, a Igreja recusa a esterilização e o aborto, aquela porque atenta profundamente contra a dignidade e a liberdade humana , este porque, é um mal hediondo como já fora reconhecido pela própria ONU (México/84) ; e propõe em contrapartida sejam dadas às crianças e mães uma proteção especial , oferecendo-lhes cuidados pré e perinatais concernentes às suas necessidades . Sua Santidade chamou ainda atenção para a importância da preservação e bom uso do meio ambiente natural , para o problema das enfermidades e mortalidade , para a segurança dos idosos e para os fenômenos migratórios, expondo assim toda a complexidade dos problemas a serem debatidos no Cairo. Pediu que questões fundamentais como a transmissão da vida , a família , o desenvolvimento da sociedade fossem seriamente enfocados , não apenas com vistas ao presente , mas na perspectiva do futuro . João Paulo 11 , terminou sua mensagem com um apelo à Sra. Secretária-Geral para que , numa perspectiva ética , considere que somente um esforço da humanidade em conformar e respeitar o desígnio providencial de Deus, poderá levá-la a um mundo de igualdade, unidade e paz.

RUTH e MÁRIO- EQ 16 (Rib . Preto) Pe . MÁRIO JOSÉ (EC/R)

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FÁTIMA/94 O CASAL CRISTÃO E A VOCAÇÃO PARA A SANTIDADE Pe . Bernard 0/ivier, op.

Não tenho a intenção de fazer para vocês uma erudita exposição sobre a vocação para a santidade, mas sim , de propor algumas idéiasforça a respeito . Vou examinar três delas. 1. Não tenham medo ... Esta primeira idéia, vou expressála com as próprias palavras do Papa , no grande encontro de Compostela , em 1990: <Não tenham medo de serem santos>. Tenho repetido , em todo lugar, que as Equipes de Nossa Senhora se alicerçam , de fato , sobre dois princípios: -Todos os cristãos são chamados à santidade - Para os cristãos casados , é a vida de casal e de família que é o caminho da santidade . Ora , o que eu pude constatar, é que a própria palavra "santidade" já assusta. Um dia, num grupo de jovens , segundo um antigo costume , fizemos um sorteio das intenções de oração para o ano, no dia da Epifania . Uma jovem tirou a seguinte intenção : "Orações para que Deus suscite santos entre nós" . Espontaneamente , ela exclamou , apavorada : "Oxalá não seja eul ". Nas equipes, há duas palavras que metem medo: santidade e sexualidade . A tal ponto que há quem gostaria que não fossem pronunciadas e que fossem substituídas por palavras mais "aceitáveis". Como 20 - CM Novembro/94

se , em se trocando as palavras, se pudesse mudar as realidades ... Observem, no entanto, que é exatamente o que está se tentando fazer. Assim, por exemplo, em francês , não se fala mais de aborto. Inventou-se a sigla IVG (interrupção voluntária de gravidez) e, com isso, a coisa passa a parecer sem importância . Não sei o que poderia substituir a palavra "santidade" , se se quisesse suprimi-la . É uma palavra bíblica , que tem um sentido profundo. E é a Palavra de Deus que diz: <Sede santos, porque eu , Javé , sou santo> (Lv 19,2) <A vontade de Deus é que vos torneis santos> (1Tg 4,3) Por que nos assusta a santidade? Creio que é, sobretudo, porque temos em mente idéias falsas sobre a santidade, idéias que vêm sendo , muitas vezes , alimentadas por certas literaturas piedosas. Por ser difícil bem compreender e mostrar a santidade de uma pessoa , os livros se limitam aos sinais exteriores e sublinham os fatos excepcionais. Fabrica-se, assim , uma imagem da santidade que não é verdadeira e que não é nada animadora . Assim é que a santidade nos parece estar ligada a milagres, êxtases, visões : coisas claramente fora do nosso alcance ! Ou então, falamnos da prática de extraordinárias penitências : jejuns, flagelações , priva-


ção de sono, sem contar as doenças e as perseguições ... Um mundo estranho , no qual não temos vontade de entrar. E no entanto, a Igreja nos diz, retomando a Palavra de Deus , que esta é a nossa vocação : <Na Igreja , todos , membros da hierarquia ou simples fiéis, são chamados à santidade , conforme a palavra do Apóstolo : a vontade de Deus é a vossa santificação> (Lumen Gentium, n° 39) . Não tenhamos medo, portanto, de olhar de frente para a santidade. Não tenham medo de serem santos ! 2. A santidade não é um empreendimento humano: só Deus é santo. A segunda idéia que quero desenvolver permitirá que vocês compreendam melhor por que não precisamos ter medo . É que a santidade não é um empreendimento humano , não está em nosso poder. Pois só Deus é santo. E é o próprio Deus que nos comun ica a sua santidade. a) Só Deus é santo . Sanctus, sanctus , sanctus, repetimos na missa . Tu solus sanctus: só Vós sois santo! É uma das afirmações mais fortes do Antigo Testamento. A palavra hebraica que significa santidade , "qodesh", vem provavelmente de uma raiz que exprime a idéia de cortar, separar. Santo é o que é separado do profano, o que está à parte de todo o resto , por sua pureza , sua perfeição. É o "Totalmente Outro" . A Bíblia quer enriquecer esta noção e mostrar que a santidade é bem mais que um simples "predicado" de Deus, entre muitos outros . Que a santidade é a natureza mesma de Deus, pela qual ele é designado: ele é "o Santo". Eis porque se diz, comumente "o Santo de Israel " ou "Santo é seu Nome"

(como se sabe , o nome designa a própria pessoa). Desde os primórdios do povo de . Deus, esta santidade é colocada em evidência , de uma forma bastante externa e material. Deus sendo o "Totalmente Outro" , é o inacessível , o intocável. Para aproximar-se dele, são necessárias toda sorte de precauções , de ritos de purificação, como bem o mostram as diversas teofanias (manifestações divinas) . A mais impressionante destas é , sem dúvida, a do Sinai , que marcará para sempre o relacionamento de Javé com seu povo. Javé disse a Moisés: <Vai ao povo e faze-o santificar-se hoje e amanhã; lavem as suas vestes , estejam prontos depois de amanhã , porque depois de amanhã Javé descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do Sinai. E tu fixarás os limites da montanha e lhes dirás: "Guardai-vos de subir à montanha e não toqueis nos seus limites. Todo aquele que tocar na montanha será morto. Ninguém porá a mão sobre ela; será apedrejado ou flechado: quer seja homem , quer seja animal , não viverá". Quando soar o chifre de carneiro , então subirão à montanha> . Moisés desceu da montanha e foi encontrar-se com o povo; ele os fez santificar-se e lavaram as suas vestes . Depois disse ao povo: <Estai preparados para depois de amanhã e não vos chegueis a mulher> . Ao amanhecer do terceiro dia , houve trovões, relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha e um clamor muito forte de trombeta e o povo que estava no acampamento pôs-se a tremer. Moisés fez o povo sair do acampamento ao encontro de Deus e puseram-se ao pé da montanha . Toda a montanha do CM Novembro/94- 21


Sinai fumegava , porque Javé desceu sobre ela no fogo ; a sua fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha e toda a montanha tremia violentamente. O som da trombeta ia aumentando pouco a pouco: Moisés falava e Deus lhe respondia no trovão. (Ex 19, 10-19) Outro exemplo de teofania , menos pública, uma aparição particular a Isaías, que vai determinar sua vocação de profeta , enfatiza também esta santidade inacessível. "No ano em que faleceu o rei Ozias, vi o Senhor sentado sobre um trono alto e elevado. A cauda de sua veste enchia o santuário.

ros , e os meus olhos viram o Rei , Javé dos Exércitos.> Nisto, um dos serafins voou para junto de mim , trazendo na mão uma brasa que havia tirado , com uma tenaz , do altar. Com ela tocou-me os lábios e disse: <Vê, isto tocou os teus lábios, a tua iniqüidade está removida , e teu pecado está perdoado.> Em seguida ouvi a voz do Senhor que dizia: <Quem hei de enviar? Quem irá por nós?> , ao que respondi: <Eisme aqui , envia-me a mim .>" (ls 6, 1-9) Deus é de uma tal santidade, de uma tal pureza, de uma tal perfeição , em uma palavra , de uma tal

Acima dele, em pé, estavam serafins , cada um com seis asas: com duas cobriam a face , com duas cobriam os pés e com duas voavam. Estes clamavam um para os outros e diziam : <Santo, santo, santo é Javé dos Exércitos, a sua glória enche toda a terra.> À voz dos seus clamores os gonzos das portas oscilavam enquanto o Templo se enchia de fumaça. Então disse eu : <Ai de mim, estou perdido! Com efei to, sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impu-

"glória" (que é a palavra mais freqüentemente usada), que não se pode olhar para ele, vê-lo face a face . Até os serafins têm asas para esconder a vista diante dele ... A lei geral do Antigo Testamento é que "não se pode ver a Deus sem morrer" . É o que Moisés deverá descobrir, mesmo ele com quem "Javé falava como um homem fala com seu amigo" , quando pede o favor de ver a Deus: Ele disse: <Rogo-te que me mostres a tua glória .> Ele replicou: <Farei passar diante

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de ti toda a minha beleza , e diante de ti pronunciarei o nome de Javé. Farei graça a quem eu quiser agraciar e terei misericórdia de quem eu quiser.> E acrescentou: <Não poderás ver a minha face , porque o homem não pode ver-me e continuar vivendo .> E Javé disse ainda : <Eis aqui um lugar junto a mim ; põe-te sobre a rocha . Quando passar a minha glória , colocar-te-ás na fenda da rocha e cobrir-te-ei com a palma da mão até que eu tenha passado. Depois tirarei a palma da mão e me verás pelas costas . Minha face , porém , não se pode ver.> (Ex 33 , 18-23) Mas este Javé tão santo, tão intocável , não é um ídolo que se isola no seu Olimpo para se deixar adorar. É ele que escolheu para si um povo entre os homens e ele está no meio de seu povo. Em outras palavras , este Santo, inacessível , está também , paradoxalmente, presente e muito próximo: "Eu sou Deus, e não um homem , em teu meio, eu sou santo" lhe faz dizer Oséias (11,9). E sabemos que este é um título de glória do qual Israel se orgulha : "Não há um só povo no mundo que tenha um Deus tão próximo de si quanto nosso Deus é próximo de nós". É por esta razão que seu povo também deve ser santo: "Sejais santos , porque eu , Javé, sou santo" (Lv 19,2). Entretanto, será necessário muito tempo para compreender o verdadeiro rosto da santidade de Deus . A ação dos profetas visa desenvolver uma religião mais interior, que não se manifeste mais por sangrentos sacrifícios de touros e carneiros , mas pela pureza de coração e pela retidão.

Em verdade , é Jesus que vai levar

à descoberta do verdadeiro rosto de Deus. A este respeito , pode-se dizer que Jesus vai revelar principalmente duas coisas . Primeiro, que há uma vida relaciona! em Deus. Este Javé único, transcendente, tem um Filho ! É difícil , para nós, compreender a blasfêmia que isto devia representar aos olhos dos Judeus. O Deus único tinha um Filho semelhante a ele! Aos poucos, ficar-se-a sabendo que Deus é um, sim , mas em três pessoas. E não é de surpreender que Jesus insista tanto , em sua oração final , sobre esta unidade de Deus: "como tu , Pai , estás em mim e eu em ti ... como nós somos um ..." A segunda coisa que Jesus revela , é São João que o traduz numa fórmula marcante·: "Deus é amor". O Pai ama o Filho, o Filho ama o Pai , e este amor infinito e eterno é o Espírito . Eis o verdadeiro rosto de Deus e de sua santidade. Deus é a própri a santidade porque Deus é puro Amor! A própria vida de Deus é o amor, o ágape. Só Deus é santo porque só Deus é o Amor. b) Mas eis que Deus quer nos comunicar esta vida divina . Esta vida que é amor, Deus quer passá-la em nós. Para mim , o que melhor resume toda a revelação de Jesus, são estes três fragmentos de frase , que exprimem os três tempos do mistério em ação: Como meu Pai me amou (é a vida íntima de Deus que é amor) eu vos amei (a vida-amor de Deus estendese até nós) , como eu vos amei , assim amai-vos uns aos outros (esta vida-amor nos é dada para que a pratiquemos entre nós). Há portanto duas coisas que devem ser bem compreendidas. 1) Pela fé e pelo batismo, o cristão participa da própria vida de Deus. É CM Novembro/94 - 23


o que habitualmente se chama , em teologia , a graça santificante. A própria expressão é bem reveladora: - graça: é um dom gratuito de Deus, que não depende de nossos méritos; é um dom de amor. - santificante: é este dom de Deus que nos torna santos, porque nos torna semelhantes a Deus, em sua natureza e em sua ação. 2) Esta graça santificante ou vida divina em nós é a própria vida de Deus, ou seja , o amor, o ágape. É o amor que está em Deus, e que faz a vida da Trindade; é o amor com o qual Cristo nos amou até dar sua vida por nós; é o amor que é "difundido em nossos corações pelo Espírito Santo", como diz São Paulo , para que dele vivamos entre nós. Assim , a santidade à qual somos chamados aparece como uma coisa bem simples. É a santidade de Deus que nos é comunicada com a sua vida ; só nos resta deixá-la agir em nós e desenvolver-se. É evidente que isto não acontece automaticamente. A ascese e o desapego têm o seu papel, pois existem em nós obstáculos à ação de Deus que devemos reduzir. Mas nisto também é a graça que é a grande obreira . 3. Tornar-nos aquilo que somos. Esta é a terceira idéia-força . Para sermos santos, basta passarmos a ser, tornarmo-nos aquilo que somos em germe desde o nosso batismo. A palavra foi aplicada , no Novo Testamento, inicialmente aos primeiros membros da Igreja de Jerusalém, o "grupo de Pentecostes" . Assim, Ananias , falando de Saulo de Tarso, diz: <Ouvi falar de todo o mal que este homem fez aos santos de Jerusalém> (At 9, 13). Depois, a palavra foi aplicada aos irmãos da Judéia (v. At9,31-41) e logo a todos 24 - CM Novembro/94

os cristãos. São Paulo dirige-se freqüentemente a eles, chamando-os de santos. Aos Romanos, por exemplo: "A todos os amados de Deus, chamados santos, que estais em Roma ... " (Rm 1,7) . Como nota de pé de página a respeito deste trecho, a Tradução Ecumênica da Bíblia diz: "Para os autores do Novo Testamento , o homem é chamado santo não em razão de sua perfeição moral ou religiosa , mas em virtude de uma vocação , pela qual Deus o chama , como membro de seu povo consagrado, e confia-lhe uma missão. Mas é óbvio que esta vocação implica e exige a santidade da vida". Vê-se , por aí, que a vocação à santidade coincide com a vocação para ser cristão simplesmente. Tornar-nos aquilo que somos: é este o ensinamento retomado pelo Concílio Vaticano 11 , naquilo que é talvez o documento mais fundamen tal para a Igreja de hoje, a Lumen Gentium : O Senhor Jesus, Mestre e Modelo divino de toda perfeição, a todos e a cada um dos discípulos de qualquer condição pregou a santidade de vida da qual ele mesmo é o autor e o consumador , dizendo: <Sede, portanto , perfeitos , assim como também vosso Pai celeste é perfeito> (Mt 5,48) . Pois sobre todos enviou o Espírito Santo para interiormente os mover a amarem a Deus com todo o coração , toda a alma, toda a mente e toda a sua força (cf. Me 12,30) e para que se amassem mutuamente como Cristo os amou (cf. Jo 13,34; 15,12). Os seguidores de Cristo são chamados por Deus não por suas obras, mas segundo Seu desígnio e Sua graça. Eles são justificados no Senhor Jesus porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de


Deus e participantes da natureza divina e portanto realmente santos. É, pois, necessário que eles, pela graça de Deus, guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam . São admoestados pelo Apóstolo a viverem "como convém a santos" (Ef 5,3) e, "como escolhidos de Deus, santos e amados , se revistam de sentimentos de carinhosa compaixão , bondade, humildade, mansidão , longanimidade" (Col 3,12) e dêem os frutos do Espírito para a santificação (cf. Gal 5,22 ; Rom 6,22) Revendo, em seguida , a vocação específica de cada categoria de cristão, o texto da Lumem Gentium precisa : Os esposos e pais cristãos , por sua vez, devem seguir o próprio caminho, em amor fiel. Ajudem-se mutuamente a conservar a graça no decurso de toda a vida. Impregnem a prole amorosamente recebida de Deus com as doutrinas cristãs e as virtudes evangélicas. Pois assim apresentam a todos um exemplo de incansável e generoso amor, edificam a fraternidade da caridade e tornam-se testemunhas e cooperadores da fecundidade da Mãe Igreja, em sinal e participação daquele amor com que Cristo amou Sua Esposa e por ela se entregou. (Lumen gentium, n° 40) Nunca, possivelmente, um texto do Magistério havia falado tanto de amor em poucas linhas .. .

Isto me leva a acrescentar mais uma idéia , mais "mística". Se somos chamados a sermos santos, é porque constituímos o povo de Deus santíssimo, o Corpo de Cristo, a Igreja-Esposa do Cristo . O que Deus quer é um povo santo, o que Cristo quer é um Corpo que seja santo, uma Igreja resplandecente , "sem mácula nem ruga , sem qualquer outro defeito, mas santa e irrepreensível" (Ef 5,27) . Poderíamos dizer, em suma , que devemos ser santos menos por nós mesmos do que pela Igreja: para que a Igreja seja santa e porque a Igreja somos nós. E se pensamos que o casal cristão é a imagem do casal Cristo-Igreja , há um apelo ainda mais insistente para a santidade, porque no povo de Deus, na Igreja, os esposos cristãos têm um lugar à parte, único, privilegiado, consagrado por um sacramento especial. A sua santidade deverá ser a imagem viva da união de Cristo e de sua Igreja. Quero concluir com uma recomendação muito concreta , muito prática. Vocês ouviram a palavra de São Paulo: "A vontade de Deus é que sejais santos". Portanto, cada dia , quando vocês dizem ao Pai Nosso, e que vocês pronunciam as palavras "que seja feita vossa vontade", pensem nisto. O que vocês estão pedindo é esta graça da santidade ... (Palestra na Sessão Internacional de Formação, Fátima, julho de 1994)

CM Novembro/94 - 25


I~

Vida do !ll(c;uimenlo

J

REUNIÃO DE BALANÇO BALANÇO : é uma atividade periodica em toda organização da sociedade. É a oportunidade de revisão de vida da empresa , hora de verificar as receitas, as despesas , o estoque, os impostos , ... e concluir: Houve lucro ou p'rejuízo? Valeu a pena o método , a estratégia, as condu tas encontradas? Que correções precisam ser feitas? Na equipe: O Balanço também é uma revisão de vida e por isso merece o destaque de uma reu nião especial , chamada "Reunião de Balanço", com o objetivo de não se perder de vista sua finalidade, para que não deixemos de aproveitar o que o Movimento pode nos oferecer com sua pedagogia , métodos, e mística, pois em cada um de nós há sempre um marinheiro que cochila, e em vez de conduzir o barco, ajudando a remar, deixa que as correntes o arrastem. Para evitar o naufrágio é necessário essa parada anual. Toda revisão de vida supõe re-

26 - CM Novembro/94

colhimentos, tempo de reflexão pessoal e conjugal na presença de Deus, preparando-nos assim para na reunião podermos nos rever como pessoa , como casal e como equipe. A Reunião de Balanço exige oração, seriedade, abertura de coração, fraternidade ao fazer e receber uma "correção" e acima de tudo muita caridade para se colocar em comum as dificuldades encontradas, os objetivos não alcançados, os sucessos para se propor poss íveis correções: mudanças de vida. Para a Reunião de Balanço cada equipe (orientada pe lo Setor) montará as questões inerentes à sua vida no ano que passou para serem respond idas como Tema de Estudo do Mês. Margarida e Agostinho Expansão - Setor A Juiz de Fora/MG (Manual de Pilotagem Paralela/repilotagem)


UM BALANÇO "PIZZAIOLO"? Inevitável que no fim do ano se faça o célebre balanço de vida: débitos ... créditos ... saldo. Lugar comum, que já virou rotina. Então a gente se enche de boas intenções: precisamos melhorar neste ou naquele aspecto; fomos omissos aqui e ali , etc, etc, etc.

É aqui que mora o perigo: a gente como que se sente aliviado, em dia com nossas consciências , como se o simples fato de detectar problemas já fosse, por si só, a solução deles. Certo, é um primeiro passo. Mas não se pode ficar aí . Seria o mesmo que ir ao médico, receber dele a receita, colocá-la no bolso e já nos supor curados. Se assim fizermos corremos o mesmo risco do Brasil das CPis

que hoje coloca a nu suas mazelas: corrupção, violência , fome ... , mas que depois, satisfeito com as denúncias pode jogar uma pá de cal sobre as descobertas e dar-se por satisfeito. Não seja assim conosco. Não nos baste o balanço de fim de ano. Se pretendermos transformar o mundo, comecemos por transformar-nos primeiro, de fato: na transparência da verdade, na força da vontade, na concretude da nossa realidade . Se não, nosso balanço de fim de ano vai "acabar em pizza ... "

Ruth e Mário Eq. 16 - Ribeirão Preto!SP

CM Novembro/94 - 27


EQUIPES DE NOSSA SENHORA DEMONSTRATIVO DE DESPESAS E RECEITAS 01.01.94 A 30.06.94 (em milhares de Cruzeiros Reais) DESPESAS ..

149.437

1. PESSOAL . . 1.1 Ordenados . 1.2 Encargos Sociais e Trabalhistas 1.3 Ajudas de custo .

19.164 12.953 . 5.979 . . 231

2. DESPESAS GERAIS . 2.1 Aluguéis e Condomínio 2.2 Telefone . 2.3 Condução . . . . . . . 2.4 Copa . . . .. . . . 2.5 Material de expediente 2.6 Água , Luz e Gáz . . . . 2.7 Impostos e Taxas .. 2.8 Despesas Financeiras . . 2.9 Conservação e Limpeza . 2.1O Contribuições e Donativos . 2.11 Outras Despesas .

20.517 3.444 3.313 1.491 . 443 2.072 . 138 1.760 3.616 . 562 3.543 . 131

3. CARTA MENSAL, IMPRESSOS, EXPEDIÇÃO 3.1 Carta Mensal . . . . 3.2 lmpr. Doutrinários e Livros 3.3 Correio . . 3.4 Fretes e carretos . ·. . . . 3.5 Outras despesas ..

20.842 3.424 8.451 7.622 . 715 . 628

4. DESPESAS COM ENCONTROS . 4.1 Diárias . . . . . . . . . . . . 4.2 Transportes . . . . . . . . 4.3 Materiais e Outras Despesas 4.4 Encontro do Colegiado . . .

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88.912 . 1.618 81 .542 2.326 . 3.425


..

229.190

5. Contribuições

114.228

6. Receitas Financeiras

106.747

RECEITAS

7.745

7. Recuperação de Despesas .

.. 468

8. Variação Monetária Ativa

NOTAS EXPLICATIVAS: RECEITAS 1°) RECEITAS DE INVESTIMENTOS: referem-se a juros e correção monetária s/ Aplicações no FIC e FAF. 2°) RECUPERAÇÃO DE DESPESAS : recebimento de impressos doutrinários, livros e material que é enviado aos setores e/ou equipes. DESPESAS 3°) IMPRESSOS DOUTRINÁRIOS : é toda despesa com impressão de livros e documentos (exceto Carta Mensal) . 4°) TRANSPORTE: neste item estão além do transporte para EACRES , Colegiado, etc. as despesas de passagens para Fátima (68 .338.894 ,50) nas quais compensamos os valores que eram devidos à ERI. *** •••

IJ!b Expansão - Novas Equipes • Eq. 107 N.S. de Guadalupe C.E. Pe. Mazine C.R. Fátima e Carlos Alberto • Eq . 111 N.S. da Glória C.E. Pe . Walter C.P. Edna e Helder Ambas são fruto da Exp. Com ., do Setor E, Rio 111 , que procura casais para pilotar novos grupos que já revelaram interesse . Exp. Com. - Região S. Paulo Leste Como fruto do trabalho do casal Heloisa e João Maurício, responsáveis pela Região S. Paulo-Leste , surgiram dois novos grupos em

Caraguatatuba, coordenados por casais de Jacareí , que serão pilotados, ao se transformarem em equipes, por casais de S. José dos Campos, sob a orientação do Pe. Nino. Equipe nova: Setor de Criciúma/SC (Oriunda da Exp. Com.) Equipe Nossa Senhora Do Rosário De Fátima CE: Diácono Cesar Budini (Ordenação em breve) C. P.: Maria e Adão Experiência Comunitária : Setor De Blumenau/SC Está em andamento um grupo de Exp. Comunitária Coordenada pelo Casal Reni e Pedro, em Blumenau . CM Novembro/94 - 29


EVENTOS • As ENS de Juiz de Fora/MG realizaram , nos dias 19 e 20 de agôsto, o terceiro retiro espiritual , orientado pelo Pe. Jesus Bustelo Vila , com o objetivo de levar os casais a um encontro pessoal com Deus, vivenciando a experiência do Amor de Deus Pai , Irmão e Companheiro do homem e provocando uma resposta comprometida com esse Amor. A organização desse evento coube ao Departamento de Formação do Setor C, sob a responsabilidade do casal Lourdinha e Agenor, da Equipe 4. • As ENS de S. José dos Campos/SP realizaram no mês de outubro , a reunião de Equipes Mistas , versando sobre o tema: "A BOA COMUNICAÇÃO: UM GESTO DE AMOR" . A preparação para a reunião constou de três partes que propõem dinâmicas específicas para as três semanas antecedentes à da reunião. A responsabilidade desse trabalho esteve a cargo da Eq . 5 de S. José dos Campos, S. Paulo. • Sob o título de MUTIRÃO DA BARRA DO CORDA/MA, realizou-se um Encontro de casais equipistas com participação da comunidade local e dos C.E. Frei Leonardo e Frei Deusivan . Em Barra do Corda existem três equipes, sendo duas em pilotagem, provenientes do trabalho de sementeira do casal Wanda e João Bosco.

Encontro de Jovens: Realizado de 09 a 11 de setembro/94, um Encontro para 58 Jovens , promovido pelas Equipes de Nossa Senhora do Setor de 30 - CM Novembro/94

Blumenau/SC , tendo como pregador o Pe. Edgard de Oliveira , CE de Equipes em Floriar)ópolis, com o tema central : A descoberta de Deus.

Encontro para Recém-casados: O Setor de Blumenau/SC promoveu Encontro para recém casados, oriundos de Cursos de Noivos realizados pelas Equipes , durante o ano de 1.993 e meados do ano de 1994.

MUDANÇAS NOS QUADROS - Durante o Encontro do Colegiado (ECIR + CRR's) das ENS realizado em São Paulo, em setembro último, foram empossados os novos Casais Responsáveis de Região , a saber: Região Rio de Janeiro 11 : Ana Maria e Roberto que substituem Mirian e Galvão. Região Centro-Oeste: Licia e Artur que substituem Lourdes e Sobral. Região Nordeste:Com o seu desdobramento em duas regiões, Nordeste I e Nordeste 11 , Zélia e Justino foram substituídos por Márcia e Luiz Carlos e Wanda e Bosco . Na mesma ocasião foi prestada uma merecida homenagem aos Regionais que agora deixam essa missão, por seu serviço e dedicação ao Movimento.

VOLTA AO PAI - Fernando Antonio de Almeida (da Maria da Cruz) , Pitangueiras/PR, aos 84 anos de idade em 07.09.94. - Sérgio Gonçalves, Eq . 24/C de Petrópolis, RJ. - Pe. José Eduardo de Souza Campos F0 , CEda Eq. 08/D- N.S. das Famílias de São Paulo, SP em 15.08.94 .


INTERCÂMBIO Com base numa idéia surgida num dos Grupos de Trabalho na última Reunião do Colegiado ECIR + CRR's, a Carta Mensal põe mais um serviço à disposição de seus leitores. Assim , nesta seção "Intercâmbio" estaremos divulgando a existência de publicações , liturgias, roteiros, dinâmicas, programas de eventos (ex. Dias de Estudos ou de Formação, Mutirões, Encontros etc.) elaborados por setores e equipes dêste nosso Brasil e que poderão ser úteis a outros equipistas . Pedimos , portanto, a todos os que possuam este tipo de material que informem à Carta Mensal para divulgação. Não é necessário enviar o próprio material , mas apenas a sua existência e, muito importante , nome , endereço completo e telefone do casal para contato . Dessa forma será possível a comunicação direta dos interessados com aqueles que tem o material. Esperamos, desta forma , contribuir para uma maior entre-ajuda e comunicação horizontal dentro do Movimento.

Aqui vão os primeiros dos quais temos notícias: • DINÂMICAS E ROTEIROS PARA REUNIÓES DA EXP . COMUNITÁRIA Astrid e José Ribeiro (CRR Minas Gerais) Rua Santo Antônio 1.098, apto. 1.102 36016- Juiz de Fora/MG • PILOTAGEM PARALELA/REPILOTAGEM Objetivo: Auxiliar na "repilotagem" de equipes já existentes e pilotagem de casais novos que entram em equipes já existentes Margarida e Agostinho Casal expansão - Setor A- Juiz de Fora/MG- Tel (032) 232 .1334 • ROTEIRO PARA ENCONTRO DE NOIVOS Maria Inês e Antonio Augusto Castro Rua Minas Gerais 685 17400-000 Garça/SP • S.O.S. FAMÍLIA Carmen e Manoel Gonçalves Herrera Av . Alberto Vollet Sachs 599 , C2/14 - 13417-670 Piracicaba/SP

CM Novembro/94- 31


ASPIRAI AOS CARISMAS - Philippe Madre; Ed. Santuário; Aparecida do Norte; SP; 1994; 55 páginas. O autor, sem dúvida empolgado pelo "Novo Pentecostes de Amor'', que profetizou a estigmatizada Marthe Robin , estende-se sobre os efeitos dos carismas, como sinais perenes da atração do Espírito Santo , sem esconder a realidade dos riscos que comportam seu exercício.

ASPIRAI aos

CARISMAS

Pruden temente , ensina -nos a não temer os sinais e a aceitá-los sem sinal de orgulho , nem desejo do domín io, até mesmo a aspirálos, como herdeiros humi ldes e gratuitos do nosso abandono á providência , colocados diante de Deus, na oração.

NOSSA VIDA É UMA FESTA- Nadir José Brun; Ed. Santuário; Aparecida do Norte; SP ; 1993; 158 páginas. NADIR JOSÉ BRUN

NOSSA VIDA éUMAFESTA

A obra do Pe. Brun desenvolve como tema "pequena s", po rém envolventes "alocuções na liturgia pelos mortos". Nada mais oportuno para nosso dia-a-dia que perceber a Morte, sob o prisma cristão do renascimento na Vida Eterna e nada mais próprio para obtê-lo que caminhar pela senda por onde nos gu ia o tutor. Vivamos com ele a alegria , a festa , da passagem da nossa vida terrena a nossa vida junto "Àquele que é" .

32 - CM Novembro/94


ADVENTO MARIA DO SIM E DO NÃO Acostumados a ouvir falar e refletir sobre o sim de Maria , soa-nos estranho pensar que ela possa ter dito não. Mas disse ... Maria , ao dizer sim a Deus na Anunciação , disse sim a todo seu plano de salvação. Sua acolhida a Deus não foi parcial, restrita a um evento do Mistério de Jesus. Seu sim foi pleno, comprometido com a realização do divino plano de redenção. Seu "fiat'' na Encarnação permaneceu fiel nos cuidados ao Menino Jesus, na atuante presença em Caná, em pé junto à Cruz e no Cenáculo, como presença aglutinadora dos apóstolos. Permanece, ainda hoje, na solícita atenção à Igreja . Este mesmo sim jamais poderia omitir-se diante daquilo que se opusesse ao plano de Deus. É por isso que o Magnificat, ao lado do louvor ao amor de Deus que age em favor dos pequenos e sofredores, canta a presença forte do mesmo Deus que "abate os poderosos" e "despede os ricos sem nada" . Se Deus diz não ao pecado que fere o outro, que comete injustiças e que se omite diante do sofrimento , também Maria diz não . O não de Maria é, assim , conseqüencia natural de seu sim a Deus. Sua vida foi um não a todo pecado, a tudo aquilo que impede os homens de viverem a dignidade de filhos de Deus. As Equipes de Nossa Senhora escolheram Maria como sua padroeira . Mais do que Mãe protetora de nossas famílias e equipes , Maria é

nosso modelo. De Maria aprendemos a abertura e entrega a Deus. Aprendemos a escutar a Deus e a "guardar todas estas coisas no coração" , em profunda meditação e atualização da Palavra em nossa vida . Aprendemos de Maria a doação, o serviço e a atenção às necessidades do outro. Da mesma forma , devemos buscar em Maria o modelo do comprometimento com o plano de Deus , devemos aprender a não dar um sim pela metade. Assim como a de Maria , nossa vida não pode acomodarse e compactuar com aquilo que impede que o Reino de Deus se estabelaça entre nós. Não pensemos somente nos pecados e injustiças presentes nas relações de nossa sociedade, pois talvez nos contentemos em ter uma palavra de crítica. Lembremos também do pecado mais próximo de nós -em nossa família , em nosso trabalho - aquele pecado que espera o nosso não, a nossa conversão. Como em Maria , nosso sim a Deus parte de nosso interior, mas deve abranger toda a nossa vida , modificar nossas atitudes e transformar a sociedade. Maria , da plena fé que dá o sim incondicional e irrevogável a Deus, está a nos ensinar a dizer não, a dar uma coerente resposta a Deus em nossas vidas. Lourdes e Sobral- Eq.37 Brasilia - DF

CM Novembro/94 - 33


r••~·· SER SANTO Deus ao criar o homem e fê-lo à sua imagem e semelhança, e assim o qualificou para ser SANTO. Entretanto , o pecado impossibilita a concretização desta realidade. O ser imagem e semelhança de Deus possibilita ao ser humano a santidade, mas tolhe-a quando o homem ousa afastar-se do próprio Deus,fonte de toda santidade, esta que é a única e suprema herança da humanidade. Deus quer que o homem seja santo, e sua medida é o próprio Deus "sede Santos como Eu sou Santo". O homem se apodera da santidade pelo Batismo, a graça que o faz mergulhar no amor do Pai , do Filho e do Espírito Santo; a graça que o faz viver o amor e no amor, a perfeição da caridade . A vivência do amor se concretiza na relação homem e mulher e de um modo todo especial todos são convidados para o banquete do altar, onde o alimento apresentado é a doação do próprio corpo em sua totalidade. A santidade não se reduz a moralismos por mais vividos que sejam ; a santidade é graça e depende exclusivamente da misericórida de Deus. O homem é santo porque é "bonzinho"? Isto não! Ele é santo porque Deus misericordioso o arranca de seus nadas. E se o homem tem alguma virtude , dê graças a Deus e cuide para não cair. A Santidade é fruto de uma vida segundo o Espírito, e não segundo o moralismo, um rigorismo. Esta vida segun-

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do o Espírito, conforme a exortação Christifideles Laici-16, "suscita e exige de todos e de cada um dos batizados o seguimento e imitação de Jesus Cristo, no acolhimento das suas Bem-Aventuranças, na escuta e meditação da Palavra de Deus, a consciente e ativa participação na vida litúrgica e sacramental da Igreja, na oração individual , familiar e comunitária , na fome e sede de Justiça , na prática do mandamento do amor em todas as circunstâncias da vida e no serviço aos irmãos, sobretudo os pequeninos, os pobres e os doentes". João Paulo 11 , em 18 de outubro de 1991, definiu em Florianópolis que "ser santo significa opor-se ao pecado , à ruptura com Deus", E mais: "O Brasil precisa de santos, de muitos santos!". Diante de um Brasil que precisa urgentemente ser "passado a limpo", só um despertar para a santidade pode arrancar o brasileiro de seu nada. É necessário despertar para a santidade, tomar atitudes não moralizantes ou de repressão ao pecado ou ao pecador, mas de conversão às propostas de Deus, que falam do amor de Deus, que se concretizam no amor ao próximo e se fazem estruturas que dignificam o homem no seu todo. (Extraído do texto escrito por Pe. Manoel Pedro Neto CE da Coordenação Parelhas!RN)


"ALÉM DA VIDA" Outro dia fui a um enterro de uma velha senhora . Enterro simples de gente humilde. Recentemente, ela havia estado em meu sítio, visitando o filho , meu caseiro. A velhinha, nos seus oitenta e muitos anos, tinha uma feição serena e parecia de paz com a vida. Vida que talvez não tenha sido nada fácil, mas que foi vivida com a coragem e a aceitação de milhões de brasileiras iguais a ela. Seria alfabetizada? Como via o mundo a seu redor? Provavelmente, desconhecia os grandes problemas e o que se passa por aí. Seu mundo era seu cantinho e sua preocupação, alimentar os seus . Seu companheiro de toda a vida, um velhinho mais velhinho do que ela, sentindo o peso da idade e

também conformado com as suas limitações. Pois, agora, alí deitada e serena como sempre, já está na realidade longe de tudo que a cerca. Passou para um mundo onde todos são igualmente importantes. É o mundo dos justos e dos injustiçados; o mundo dos que souberam amar e desconheceram o ódio. Principalmente, o mundo da total clarividência. De pouca instrução, passou a pleno conhecimento das coisas; de pobre e humilde, para cortezã do império celeste. Ela vive agora num mundo onde não há pequenos nem esquecidos. Começou uma nova vida, "além da vida" . JOSÉ MARIA DUPRAT (da Zélia) Equipe 01/A - São Paulo, SP

O ASSUNTO É MORTE Recentemente, perdemos de nosso convívio o Euclides da Iara (equipe 4-A) . Foi uma grande perda , uma grande dor, porque ele era, assim como o meu Wagner, o Dragan, o Antônio da Lúcia , o Luciano da Célia, e tantos outros, um marido amoroso, um amigo verdadeiro, uma presença alegre, um equipista responsável , um cristão ativo. E a morte bate em nós como uma inesperada e indesejável visita, que nos impõe situações e exige de nós desapegos que não ousamos sequer imaginar...

Eis o erro! Não fomos educados para vivenciar a experiência da morte seja nossa , seja dos outros. A família rotula o assunto como tabu, cheia de mistérios e segredos inacessíveis às crianças, incompreensíveis aos adultos. A sociedade cala-se. Os meios de comunicação exploram a violência , as tragédias , os dramas em todo o seu sensacionalismo e dor. E perdem uma excelente oportunidade de educar. CM Novembro/94 - 35


As próprias equipes não falam sobre a morte. Há equipes de viúvas , é certo , e equipes para casais na terceira idade. Mas o assunto é realmente discutido? Vejo as pessoas falando a meia-voz , pisando em ovos, como se tocar no assunto abertamente fosse corromper o andamento de uma relação . O fato é que incomoda pensar, ouvir e fa lar em morte. Fazemos projetos e planos para o futuro de nosso casamento , de nossos filhos, de nossas equipes, procurando levar em conta todas as circunstâncias ... Mas, curiosamente, excluímos esta. Como se fôssemos eternos , imortais , fora do alcance natural de uma matéria perecível. E quando ela inevitavelmente chega , pega-nos de surpresa , deixa-nos desnorteados , inconformados, desesperados. Pensar em morte deprime .. No entanto , e isso já se tornou lugar-comum , depois do nascimento é a morte o nosso momento mais certo . Enquanto um é a explosão da vida sensível , a outra é a explosão para a vida extra-sensível. A morte é a única certeza que temos na vida . Mas é algo desconhecido, inexplicável ; ninguém sabe COM CERTEZA o que nos espera do outro lado .. . Isso apavora . É verdade . Interessante notar que, quando nos casamos , também não sabemos ao certo o que nos espera , tudo é m isterioso, insondável. .. E, no entanto , não entramos em pânico por causa disso , pelo contrário : sentimo-nos desafiados, colo36 - CM Novembro/94

camas , todo nosso potencial em ação , compramos a briga para chegarmos lá realizados . O que nos move é o amor, a certeza do outro, a confiança mútua , porque não dizer, a fé dos dois num projeto de vida ... E o que tem o casamento a ver com a morte? Na minha opinião , tudo . Se no casamento nós temos o exemplo de outros casais e famílias a nos assegura r um bom cam inho, na morte nós temos as palavras d'Aquele que é o Caminho; se no casamento nós temos mais ou menos a perspectiva do que nos espera , na morte nós temos a certeza d'Aquele que é a Verdade; se no casamento nós podemos crescer na vida com os filhos e a relação conjugal , na morte nós explodimos para Aquele que é a Vida ; se no casamento nós não estamos sozinhos , porque temos um companheiro , filhos, amigos, na morte não pode estar ausente o amor que nos uniu de forma tão bonita , aquele sacramento que fizemos questão de reacender a cada dia , aquela "Terceira Presença" de nossos deveres-de-sentar ... Pelo contrário , traremos tudo isso como forças extras, alento, certeza e paz . Como cristãos e equ ipistas que somos , devemos nos sentir saudavelmente desafiados diante da morte . Como o próprio C risto que, sem perder de vista a manhã gloriosa da Páscoa , viveu até o último momento sua sextafeira da Paixão . Pensar e falar sobre a morte deve ser motivo para colocarmos


nosso potencial em ação , para comprarmos também esta briga e chegarmos lá realizados . Pensar na morte é questionar nossa qualidade de vida . É tentar entender, tentar praparar-se para ela , assim como estamos preocupados em preparar os jovens para o amor. É viver a vida na perspectiva de um momento único e decisivo. Assim como no casamento a boa convivência é assegurada através da observância de algumas pequenas regras , descobriremos que também os pontos concretos nos ajudarão a nos relacionar melhor com a morte; começaremos a valorizar coisas que antes passavam despercebidas, e deixaremos de lado outras que só nos atrapalham. Nosso amor conjugal tomará um novo rumo , e uma dimensão muito mais ampla e profunda - porque não dizer, transcendente. Descobriremos, sobretudo , que

a morte pode ser vivida com alegria , serenidade, paz , se também for movida a amor, fé, e conformidade com um Projeto muito maior que o nosso. Descobriremos que esse afastamento sensível que sofremos é passageiro, e que continuamos responsáveis pelo crescimento e pela felicidade do outro. Descobriremos também que nossa participação na vida e na morte dependem muito de nossa disposição em dizer um SIM definitivo, real , engajador, confiante, esperançoso, fiel. "Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a nossa fé . Se nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens."(1Cor 15,13-14.19) Brigitte Eq. 24-C Petrópolis - RJ

A PAZ DO SENHOR Agora que decorreram mais de 31 anos, já podemos falar e divulgar os acontecimentos que marcaram definitivamente as nossas vidas e que ocorreram entre 24 e 26 de novembro de 1962. No trágico dia 24 de novembro de 1962, o nosso filho Carlos Roberto , com 3 anos de idade foi atropelado em acidente de trânsito e removido para o hospital da San-

ta Casa. Na madrugada do dia 25 faleceu e foi sepultado no mesmo dia , no final da tarde. Dormimos à custa de tranquilizantes e no dia 26 acordamos no vazio. O mundo não existia , o belo perdera o encanto , era o nada , o abatimento total, a ausência de qualquer interesse, a angústia infinita . Nesse desolador estado d'alma, CM Novembro/94 - 37


entramos na biblioteca de nossa casa. Quedamos sentados no sofá olhando para os livros enfileirados na estante, um a um, passando pelos seus títu los. Até-Eftle o nosso olhar parou em um dos livros: Breviário da Confiança , de Monsenhor Ascân io Brandão. Era um livro com med itações para cada dia. Aparecia o dia e o mês , seguindo-se uma meditação para aquele dia. Pensamos: O que o Senhor tem para nos dizer neste dia? E apanhamos o livro e o folheamos com certa pressa para chegar no dia 26 de novembro. Eis o que o Senhor nos disse, ali impresso na página 353, da 3a edição, do Breviário da Confiança: "O mundo vê a cruz - diz São Bernardo - mas não vê a unção. Vejo meu filho no Céu feliz e imortal. É uma estrela a brilhar e esclarecer o caminho de minha vida. Vem do além-túmulo, sobre o meu coração, uma serenidade Celestial e Divina. Que milagres faz Deus por nós, que somos tão ingratos! Que misericórdia fazer-nos achar a paz numa tão grande dor! O sulco que se abriu em nosso coração se enche de uma semente de fé, de esperança e de amor! Não há morte; há separação. Houve uma ausência apenas, que amanhã pode terminar." Terminamos a leitura perplexos! A ferida aberta em nosso coração, a dor imensa que sentíamos começou a ter sentido! Agarramos aquela folha , a reproduzimos e a guardamos conosco. Não canse38 - CM Novembro/94

gu iamos falar sobre ela, a emoção nos embargava . Aos poucos o conteúdo daquela carta nos penetrou , nos enriqueceu, nos animou , nos reviveu . Com o passar dos anos voltamos à normal idade de nossas vidas, conscientes da presença eficaz de Jesus em todos os atos de nossa vida . Conscientização que a cada dia mais se fortalece ; afinal temos uma prova concreta, jurídica , de que o Senhor nos fala . Na verdade, em algum tempo, em algum lugar, alguém escreveu aquela carta para que a lessemos no dia em que mais precisávamos ler exatamente aquelas palavras . Que consolo ! Que misericórdia! Passados 31 anos, podemos atestar que o nosso filho está no Céu feliz e imortal e tem iluminado, qual brilhante estrela , os caminhos de nossa vida, livrando-nos de perigos e tentações, das armadilhas da caminhada e nos inspirando para trilhar as sendas do Bem e do Amor! Quizemos divulgar estes fatos para testemunhar a nossa fé e ajudar as pessoas a perseverarem na fé, na esperança e no amor, porque o Senhor está sempre ao nosso lado , orientando as nossas vidas para a eternidade fe liz e imortal! Cidinha e Affonso Vitali Equipe 01 - Santos/SP *A meditação no dia 26 de novembro do Breviário da Confiança reproduzia uma carta de Louis Veui/1/ot para Monsieur de Pontmartin.


I~ ORAÇÃO DA FRATERNIDADE SENHOR, eu te peço pela minha Fraternidade; Para que nos conheçamos melhor em nossas aspirações e nos compreendamos mais em nossas limitações. Para que cada um de nós sinta e viva as necessidades do outro. Para que ninguém fique alheio aos momentos de cansaço, tristeza, desânimo, decepção do outro. Para que nossas discussões não nos dividam, mas nos unam, na busca da verdade e do bem. Para que cada um de nós, ao construir a própria vida, não impeça ao outro de viver a sua. Para que nossas diferenças não excluam a ninguém da comunidade, mas, nos levem a buscar a riqueza da unidade.

Para que olhemos para cada um, SENHOR, com os teus olhos, e nos amemos com o teu coração. Para que nossa fraternidade não se feche , em si mesma, mas seja disponível , aberta , sensível aos desejos dos outros. Para que no fim de todos os caminhos, além de todas as buscas, e no final de cada discussão, e depois de cada encontro, não haja "vencidos" ou "vencedores". Mas haja somente "irmãos" . E estará começando o caminho que nos levará ao céu, onde participaremos do banquete Eterno. Da Fraternidade Universal Perfeita . Aurea e Nilton Equipe 105- F Rio de Janeiro - Rio 111

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illtima Página É DIA DE BODAS, ALELUIA! 1- Uma vez, na Galiléia, em CANÁ, Houve festa de casamento. Jesus e Maria estavam lá; Estava chegando o momento .. 2- Ali , Cristo oficialmente , Sua vida pública inicia . Maria, muito atentamente , Tudo observava , tudo via. 3- A festa alegre continuou E tudo era distribuído, Até que o vinho acabou , Ficando o noivo constrangido. 4- Maria presente , logo notou .. Foi se chegando de mansinho E de Cristo e aproximou , Dizendo: ELES NÃO TÊM MAIS VINHO . 5- O que Cristo lhe respondeu? Pense aquilo que quiser ... Aos criados, ordem Ela deu: FAZE! TUDO O QUE ELE VOS DISSER. 6- COM ÁGUA AS TALHAS ENCHE! , Foi a ordem de Cristo. Quem sou vos mostrarei E todos crerão nisto. 7- As águas das talhas enchidas, Em vinho se transformaram E aos presentes distribu ídas, Que com vinho novo se alegraram. João Flávio Vendrúscolo (da Leda)- Eq . 15-A, Florianópolis/Se

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MEDITANDO EM EQUIPE TEXTO DE MEDITAÇÃO: • "Mas alguém perguntará: Como é que os mortos ressuscitam? Com que corpo voltarão? Insensato! O que você semeia , não nasce antes de morrer. E o que você semeia não é o corpo da planta que vai nascer, mas um simples grão .. . é Deus que lhe dá um corpo .. . .. .Um é o brilho do sol, outro o da lua, outro o das estrelas. Até uma estrela difere em brilho de outra . Pois assim também acontece com a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita na força; semeia-se um corpo natural, ressuscita um corpo espiritual". (1 Cor 15,35-44) PISTAS PARA REFLEXÃO 1) Que esperança lhe traz a ressurreição? 2) Que exigências a ressurreição traz para a sua vida? 3) Que sentido tem seu casamento diante da vida futura? ORAÇÃO LITÚRGICA: - Em Cristo, "brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição. - E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. - Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. - E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível. - Enquanto esperamos a realização de vossas promessas", nós vos bendizemos, Senhor, nossa vida a alegria! (Missal, Prefácio dos Falecidos)



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