ENS - Carta Mensal 302 - Julho e Agosto 1994

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i CARTA i MENSAL >

§ ~ Equipes de Nossa Senhora o

Ser Igreja •Vocações • Pastoral Familiar • Ano Internacional da Família


ÍNDICE EDITORIAL: OS MAIS BELOS ANOS DE MINHA VIDA CARTA DE FÁTIMA . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . 3 O DOMÍNIO SECRETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 NOVA IMAGEM DO CASAL . . . . . . . . . . . . .. . . . 9 A LITURGIA, UM HINO DE LOUVOR . . . . . . . . . . . 1O JESUS A LUZ QUE ILUMINA A TODOS . . . . . . . . . 13 UM MODISMO OU UMA NECESSIDADE? . . . . . . . . 14 FAMÍLIA E CASAMENTO REALIDADE EM TRANSFORMAÇÃO . . . . . . . . . . 15 AMARÁS O TEU CONSELHEIRO . . . . . . . . . . . . 17 NUNCA ME IMAGINEI OUTRA COISA A NÃO SER PADRE . . . . . . . . . . . . . . . . 19 SENHOR , O QUE QUERES DE MIM? . . . . . . . . . . 22 AS ENS E O AIF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 ORAÇÃO PARA UM PAI .. . . . . . . . .. . .. . .. 27 "61" . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 28 OABORTO . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . 29 O DIREITO DE VOTAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 A PARTILHA GENEROSA . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 A "CASA DE MARIA" E SEU EMBLEMA . . . . . . .. . 32 ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . 33 NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . 34 NOSSA BIBLIOTECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 CORREIO . . . . . . . . . . . . .. . . . .. . .. . . . 37 UM ORIGINAL QUANTO VALE? . . . . . . . . . . . . . 39 O MAGNIFICAT TROCADO EM MIÚDOS . . . . . . . . 40


OS MAIS BELOS ANOS DE MINHA VIDA Pe. Bernard 0/ivier o.p.

Eis que chegou a hora do adeus. No encontro mundial de Fátima termino meu mandato dentro da Equipe Responsável Internacional. Aí passei mais de oito anos ... Faz-se necessário respeitar os Estatutos que nós mesmos atestamos em Roma. Meu sucessor foi apresentado a vocês em Fátima. Para mim, é ocasião de lançar um olhar ao redor, fazendo para isso um esforço porque - mesmo com a minha idade - tenho o hábito de olhar sempre para o futuro. Vocês sabem que nas revistas, nas transmissões de rádio e televisão , gosto muito de lançar questões como: "Qual é o personagem mais extraordinário que você lá encontrou? " Ou então: "Qual é a sua mais bela lembrança?" Também gosto de perguntar: "Quais foram os mais belos anos de sua vida?" Até aqui, quando os amigos me faziam essa última pergunta, respondia sem hesitar: "meus anos vividos na África ". Todos aqueles que já viveram na África me compreenderão: fica-se marcado pelo resto da vida ... Lá, vivi como professor de Teologia na Universidade de Lovanium de Kinshasa e conselheiro dos bispos, o que me deu a oportunidade de participar do Concílio , como "expert". Mas, principalmente, lá participei do nascimento, da criação de uma comunidade de Negros e Bran-

cos- um fato inaudito antes da independência dos países colonizados de cristãos, de pagãos, de Kibanquistas (uma religião tipicamente negro-africana) . Construímos uma vila (começava-se a falar em comunidades de base), onde todos moravam juntos, onde, juntas, as crianças recebiam instrução .. . Eles não tinham consciência de serem brancos ou negros ... Foi preciso construir tudo, inventar tudo, desde o nome da vila até o seu lugar nos mapas geográficos. Eu era o padre dessa comunidade e tinha a consciência de participar verdadeiramente, do nascimento de uma jovem Igreja. Os acontecimentos trágicos de 1960, outra coisa não fizeram senão reforçar nossa coesão, nossa solidariedade. Verdadeiramente juntos criava-se algo de bom e de importante. Pode-se compreender porque essa fase de minha vida é inolvidável. Mas, agora, quando respondo : "meus anos vividos na África" devo, honestamente, acrescentar que os anos passados junto às Equipes de Nossa Senhora fazem parte dos meus mais belos anos ... Sem dúvida, também nas Equipes se tem o sentimento de trabalhar para a construção da igreja interior. Este trabalho é sustentado por um calor humano de rara qualidade. Durante esses oito anos, tive ocasião de percorrer quase que o mundo inteiro, de CM Jui-Ago/94 - 1


participar de toda sorte de encontros, desde as reuniões de equipes de base até os encontros mundiais, passando por jornadas de setor, sessões de formação, retiros e tudo o mais que se possa pensar. .. Por toda parte tive a experiência de que - apesar das diversas culturas e mentalidades- existe um espírito de Equipe de Nossa Senhora. E um dos traços mais evidentes desse espírito é a AMIZADE. A mim aconteceu diversas vezes de chegar a um país onde nunca estivera e onde não conhecia ninguém, mas desde o primeiro contato esta "magia" das Equipes acontecia. Era-se reconhecido! Não sei como as coisas aconteceram, mas entre nós equipistas isso se dá! É um trunfo, é uma graça imensa que agradeço a Deus e que é preciso conservar e cultivar sempre. Não posso deixar de mencionar aqui minha mais recente experiência feita a respeito dessa amizade. No dia 12 de fevereiro fiz uma delicada cirurgia cardíaca: três pontes de safena e a "limpeza" de uma carótida. Tudo correu bem e estou me recuperando bem. Fiquei surpreso com a extensão da solidariedade em volta de mim, da parte de meus amigos e especialmente das Equipes de Nossa Senhora: a prece e a manifestação de amizade por parte de todos foram para mim uma sustentação preciosa. Uma outra coisa que particularmente me marcou todos esses anos foi ver o devotamento dos responsáveis em todos os níveis. Uso da palavra "devotamento" no seu sentido estrito: dar-se sem reservas, consagrar-se inteiramente. Algunsbastante numerosos - hesitam em 2 - CM Jui-Ago/94

aceitar uma responsabilidade (principalmente a nível de setor), mas quando aceitam, se entregam totalmente e com alegria o fazem. Ainda uma vez- e eu não sei o que se passa- mas entre nós existe uma generosidade alegre que aquece o coração! Tudo isso, e ainda muitas outras coisas que encontrei nas Equipes, iluminaram esses anos de minha vida. Sinto por todos vocês um profundo reconhecimento e peço ao Senhor para abençoá-los por tudo isso. Nesse espírito de amizade, de total devotamento, devemos comitruir. Mas construir exatamente o que? Trabalhar para a construção do Reino de Deus, da Igreja, segundo a vontade do Senhor, e na linha da nossa missão. Vocês já perceberam que na nossa época, marcada por tantos problemas bioéticos (desenvolvimento "in vitro" de um óvulo fecundado, experiências de clonagem dos embriões, manipulação dos gens ... ), interessa de modo especial a esse elemento ~undamental do ser vivo: a célula? E a partir da célula que se quer construir e modificar o ser humano e isso traz problemas enormes. Mas o princípio permanece essencial em todos os domínios: para construir verdadeiramente é preciso começar a agir na célula de base. O mesmo acontece conosco. Se queremos trabalhar para a construção do Reino, para uma comunidade humana impregnada do espírito evangélico, em todos os domínios de sua atividade, é exatamente na célula dessa comunidade que devemos concentrar nossos esforços. Esta célula é a família cristã, e a célula da célula é o


casal verdadeiramente cristão: um homem e uma mulher unidos pela vida (como os gansos do Canadá ... ), vivendo juntos a vida de Deus, que está presente neles e criando, juntos com Deus, novas vidas para Deus. Aí não existe problema bioético; existe o problema da fidelidade à graça de Deus e ao seu apelo. Se ficarmos abertos à graça

de Deus, saberemos que é Ele quem fará tudo em nós. Mesmo sem estar presente junto à E.R.I., não deixarei de rezar sempre e com todas as minhas forças para que as Equipes de Nossa Senhora sejam fiéis à sua vocação, à sua missão essencial e urgente de hoje, e que cultivem e desenvolvam o carisma que Deus lhes confiou. ***

Por oito anos fazemos parte da Equipe da Carta Mensal e cuidamos de modo especial dos artigos vindos da França. Por todos esses anos tivemos "encontro marcado" com o Pe. 0/ivier, através dos editoriais. Por isso, tornou-se tão familiar e por ele cresceu tanto a nossa admiração. Quando esteve no Brasil tivemos oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Experimentamos - uma vez mais - essa "magia" da AMIZADE equipista - como ele próprio diz - e foi como se estivéssemos revendo um

velho amigo... O seu adeus, hoje, nos emocionou sobremaneira. Querido Pe. Olivier, como diz Saint Exupery: "somos responsáveis por todos aqueles que cativamos". Não queremos dizer-lhe adeus, mas ·~u revoir"... contamos com seus preciosos artigos para a alegria de todos os amigos que o senhor conquistou no mundo inteiro. Maria Célia e João de L.aurentys Equipe 08/8 São Paulo/SP

CARTA DE FÁTIMA Queridos amigos das Equipes, vindos de países tão numerosos e tão diversos. Queridos amigos do mundo inteiro: No momento em que chegamos ao fim desse Encontro, o último de nossos Encontros antes do fim do século, nós lhes dirigimos esta carta, a vocês que estão aqui e que partilham uma profunda experiência de Igreja e os encarregamos de transmitir pessoalmente à equipe de vocês, ao seu setor, a mensagem que o Movimento lhes confia.

Nós, que aqui estamos reunidos, pertencemos a equipes dos quatro cantos do mundo: equipes criadas recentemente que têm todo o dinamismo da juventude; equipes maduras, cheias de experiência e sabedoria; equipes antigas que viveram, com fidelidade e perseverança, mudanças na história, na Igreja e no Movimento. Equipes de países muito diferentes: aquelas que acabam de se unir ao Movimento: Coréia, Chile, Romênia, Hungria; aquelas onde o MoviCM Jui-Ago/94 - 3


mento está em plena expansão e aquelas onde ele atingiu uma c,erta maturidade: Africa, Alemanha, Austria, América Espanhola, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Índia, Irlanda, Ilhas Maurício; aquelas que estiveram na raiz da implantação do nosso Movimento: Bélgica, Brasil, Espanha, Portugal, Itália; e finalmente a França, onde o Movimento nasceu; equipes também do movimento irmão "Igreja Doméstica", vindas da Polônia, Checoslováquia e Ucrânia. Velhos continentes unidos a jovens culturas. Todos com nossos filhos presentes aqui ou presentes nos nossos corações. Todos unidos a Maria que nos precede no caminho da fé. Há uma bela frase de Santo lrineu que nos diz: "A glória de Deus é que o homem viva". Aí está o duplo objetivo das Equipes de Nossa Senhora: a glória de Deus e dos casais sempre mais "vivos". Neste mundo que, cada vez mais, encaminha-se para uma cultura da morte, mas ao qual Cristo prometeu seu Espírito até o fim dos séculos, é necessário humilde, mas resolutamente, fazer germinar "tudo que é vida". Respondendo a essa vocação, nós colaboramos, mesmo sem perceber, na construção do Reino de Deus. É um objetivo que parece muito afastado das realidades de nossa vida quotidiana, onde se misturam as dificuldades profissionais , as incertezas econômicas, os bloqueios de comunicação, as incompreensões conjugais, os conflitos de família, o conformismo de nossa equipe, a rotina de nossa vida, a insegurança de nosso mundo ... É por isso que as Equipes de 4 - CM Jui-Ago/94

Nossa Senhora nos oferecem meios, toda uma rica pedagogia, para nos ajudar. Mas essa pedagogia não é um fim em si mesma. Ela nos foi dada para nos tornar aptos ao serviço concreto que o Povo de Deus espera de nós. Essa pedagogia repousa sobre três pilares: - orientações de vida, - pontos concretos de esforço, - uma vida de equipe. É do primeiro deles, as orientações de vida, que gostaríamos de falarlhes, hoje. Elas são um caminho pedagógico para chegar a viver plenamente a espiritualidade conjugal. A espiritualidade nos chama a viver todas as realidades de nossa vida segundo o Espírito, na busca da vontade de Deus. Ela nos pede também que tomemos nossa vida conjugal entre as mãos e escolhamos para ela, de comum acordo, orientações sucessivas, mas o Movimento também pode sugerir, propor, oferecer alguns caminhos a seus membros. As orientações nos mostram os aspectos de nossa vocação cristã, das atitudes evangélicas, para nos permitir aprofundá-las e trabalhá-las, durante alguns anos, em casal e em equipe, e assim encarná-las nas nossas vidas de casal, gradualmente. Tradicionalmente, o Movimento exprime essas orientações através de frases do Evangelho e as apresenta ao término dos Encontros Internacionais. Após o último Encontro, em Lourdes, depois de um profundo discernimento sobre as aspirações das Equipes e de um fervorosa invocação ao Espírito Santo, o Movimento não quis propor uma orientação muito concreta mas antes provocar, com o


documento "Segunda Inspiração", uma reflexão de fundo em todos os níveis: cabia a cada casal, equipe, setor, região ou super-região parar, interrogar-se, "encontrar o impulso interno" do carisma das Equipes de Nossa Senhora e deixar-se renovar pelo Espírito Santo. Muitas iniciativas, bastante criativas, surgiram nos diferentes país~s. Outras foram propostas pela Equ1pe Responsável Internacional a todo o Movimento. Mas as aspirações que tínhamos não foram saciadas. Vocês não sentem que a porta continua aberta, que devemos transpô-la e caminhar com mais determinação? O espírito da Segunda ln?piração alcança uma nova etapa. "E chegado o momento de propor-lhes, para os próximos anos, uma orientação ao mesmo tempo muito precisa e muito ampla pois ela procura abrir a espiritualidade conjugal à missão. Ela pode ser resumida nos seguintes termos: "Convidados às bodas de Caná", e se apóia em frases extraídas do Evangelho de São João: "Eles não têm mais vinho" "Fazei tudo o que ele vos disser". "Enchei de água as talhas" . "Eles não têm mais vinho" É Maria que nos fala. Ela nos ajuda para que nos contemplemos e olhemos o que acontece à nossa volta, com um realismo desarmante e terno que toca de muito perto a experiência de nossa vida de casais, de nossa vida de leigos. Maria nos pede primeiro que paremos, que nos contemplemos, que nos escutemos, para que possamos perceber qual"o vinho" que falta na nossa relação conjugal e na nossa família:

será o vinho do amor tornado insosso pela rotina da vida? ou o vinho da compreensão que nos pede uma escuta renovada? será o vinho do perdão para fazer renascer o que estava perdido? ou o vinho da esperança e da alegria que têm sua fonte fora de nós mesmos? ... Maria nos convida a sair de nós mesmos, de nossas organizações bem controladas, de nossas opiniões já prontas, de nossas segurança~ bem estabelecidas e a nos aproximarmos dos outros, a olhar, a escutar, a partilhar uma boa nova, a "sofrer com", a não fecharmos os olhos às carências que constatamos. O que falta na nossa equipe, no Movimento ou na Igreja: será o vinho da amizade que está sempre pronta para um novo esforço? ou o vinho da gratuidade que não espera recompensa? será o vinho do serviço que não almeja nenhum poder? ou o vinho da comunhão que faz desaparecer toda e qualquer divisão? ... Que "vinhos" faltam no nosso mundo? Não esperemos que alguém nos peça. Cabe a nós estarmos atentos à realidade que nos cerca. É com um olhar de amor que nós descobrimos o que está faltando: será o vinho do amor a ser constituído para tantos casais jovens? ou o vinho do amor para regenerar e reafirmar após as crises? será o vinho da proximidade e da presença diante do afastamento e do medo? ou o vinho da solidariedade para compensar tanta indiferença? ou o vinho da paz e da justiça para salvar o mundo da morte? ... CM Jui-Ago/94 - 5


"Fazei tudo o que ele vos disser". Maria nos ensina também que não devemos agir cegamente ou segundo nossos critérios, mas sim escutar o Senhor e agir de acordo com o que Ele pede de nós, pois é o único que pode mudar nossa pobre água em vinho. É um grande apelo à oração, à escuta da Palavra de Deus para descobrir o que Ele nos diz, um apelo a saborear, a ruminar essa Palavra e fazê-la encarnar-se na nossa vida. É um grande apelo à oração sem a qual não podemos descobrir qual é o "nome" que o Senhor nos dá, o "nome" que nos indica em que parcela de sua ,vinha Ele quer que trabalhemos. E também oração, deixarmo-nos dirigir pelo Senhor. Se formos nossos próprios guias, multiplicaremos nossos esforços e a amplitude da tarefa nos esmagará. Se o Senhor é o pastor, é Ele que renovará o que fizermos, por caminhos inesperados. "Enchei de água as talhas". A água que vamos trazer, nós o sabemos, não é grande coisa mas, sem ela, o Senhor não poderá agir pois Ele fez uma opção: a opção de se encarnar na história, de começar sempre da terra , de se apoiar no trabalho dos homens, de nos associar à sua obra de redenção. Neste Encontro de Fátima, acabamos de celebrar uma festa como a das bodas de Caná. Jesus e sua mãe nos acompanharam. Para muitos de nós , o vinho "começava a faltar" . No mais profundo de si mesmo, cada um sabe

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como o Senhor reaqueceu nosso coração com um "vinho novo". Pelo nosso sacramento do matrimônio, nós fomos "convidados para as bodas de Caná". Hoje, somos convidados de novo. As bodas de Caná não terminaram. E o diálogo de Jesus e sua mãe se repete até o infinito, em todos os cantos do mundo. Muitos outros casais não puderam vir: casais de nossa equipe, de nosso setor, casais de nosso país, casais que não pertencem ao Movimento, casais que buscam alguma coisa, casais que se sentem sós e que se sentem perdidos. Estamos aqui porque fomos convocados. Fomos testemunhas privilegiadas de uma caminhada de amor, de fé e de esperança. Os outros esperam que nos lhes levemos a mensagem. Não temos o direito de deixá-los de fora, de não convidálos a participar destas núpcias. Pelo nosso batismo, pelo nosso sacramento do matrimônio e graças ao Movimento temos recebido muitos "talentos" dos quais muitas vezes nem suspeitamos. E não os descobriremos se não os fizermos frutificar. Não podemos enterrá-los pois eles nos seriam tirados. Porque fazemos parte das Equipes de Nossa Senhora, temos uma missão específica na construção do Reino de Deus. Não é com medo, mas com a confiança de servos fiéis que deveremos prestar contas, um dia, de tudo aquilo que nos foi dado. Fátima, 23 de julho de 1994. Álvaro e Mercedes GOMEZ-FERRER Equipe Responsável Internacional


O DOMÍNIO SECRETO "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma" (1 Cor 7,12). Refletindo sobre este trecho bíblico, chego à conclusão de que esta deveria ser a resposta de todo cristão, diante dos apelos que recebe diariamente do mundo capitalista no qual somos chamados a comprar, consumire ... consumir. Deus nos fez LIVRES, nos deu o livre arbítrio, e acima de tudo nos deu o domínio sobre a natureza que nos cerca e sobre a nossa própria natureza. Através dos tempos o homem vai conseguindo conhecer cada vez mais a natureza para colocá-la a seu serviço, e talvez muito pouco tempo sobre para conhecer a sua natureza interna para colocá-la a serviço do outro. Transformando a natureza, vai inventando as coisas. Foi assim que criou o telefone, o automóvel, o avião, o computador enfim a máquina. É a sua INTELIGÊNCIA que entra em cena. Deus nos deu esse dom para colocá-la a serviço. Não somos contra o progresso, a geração de empregos, o bem viver da humanidade. Mas com a invenção das máquinas começou-se a pro-

duzir aos milhões, para todos, até mesmo para quem não QUERIA, ou não PODIA ter este ou aquele produto. Mostra-se a vantagem, a comodidade até mesmo a "necessidade" dos produtos. Todos devem comprá-los! Quem não possui tal produto, vale menos que os outros! Para ser uma pessoa moderna, atualizada, em dia com a situação do mundo, deve fazer "isso", comprar "aquilo", etc ... A industria, por sua vez, foi inventando novas formas de poder vender sempre mais. A mais comum é a que se chamou de "08SOLESCENCIA PLANEJADA" que quer dizer: uma estratégia de produzir objetos e produtos que se estraguem e fiquem velhos e obsoletos o mais rapidamente possível! Então são "jogados fora" e trocados por outros mais novos e atuais. A isto chamamos de "CONSUMISMO". O mais sério de tudo porém, é que a mentalidade consumista, descartável, não fica apenas nas coisas, nos objetos. Ela passa a se manifestar em outras esferas da vida humana. Assim como se mudam as coisas, e se trocam os objetos, assim também se mudam os valores, as pessoas. Tudo e todos tornam-se descartáveis. I

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É difícil perceber que por trás de tudo existe um monopólio e porque não dizer, um meio de dominação! Esse monopólio está concentrado nas mãos de uma minoria, que indiretamente, tem um objetivo em comum: controlar o modo de ser, pensar e agir do povo. Existe um jogo sádico de alienação da massa, isto é, o povo não pode ter consciência da realidade, de como funciona o nosso sistema político-econômico-social. O povo já não pensa mais, não usa sua própria razão para designar as coisas e aceita calado todas as colocações que o mundo lhe impõe. O que há de concreto mesmo é a escravidão do homem que imagina SER LIVRE. Esta situação absurda da nossa sociedade moderna contemporânea, deve-se ao

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sistema que o próprio homem criou. Nossa missão é saber ser crítico, perante o que o mundo nos impõe. Compete a cada um de nós "filtrar" essa mentalidade contemporânea que se faz presente em nossa sociedade e chega às nossas famílias. O Movimento das Equipes de Nossa Senhora, tem refletido sob a inspiração do Espírito Santo, quais seus objetivos perante o mundo e temos percebido nitidamente que é através do conhecimento, aceitação, testemunho e compromisso da PALAVRA DE DEUS, isto é, através de nossa plena vivência da FÉ que iremos vencer estas barreiras. Que Deus nos proteja sempre. Abraços e orações. Pe. Mário José- ECIR


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NOVA IMAGEM DO CASAL (Casal Missionário) No intuito de incentivar o ideal missionário, a nossa Igreja deu início, no último dia 22 de maio, ao Ano Missionário. As E.N .S., muito a propósito e demonstrando mais uma vez sua sintonia com a nossa Igreja, procuram deixar cada vez mais claro a 3ª dimensão do nosso carisma, qual,seja, a missão do casal no mundo. E um apelo que já o Papa João Paulo 11 fazia de maneira clara e inequívoca aos casais que participaram de sua audiência em Campo Grande (MS), quando de sua última visita ao Brasil. Assim sendo, qual não será esta nova imagem do casal que procuramos ser, senão a do casal missionário? Como poderemos ser uma nova imagem , com novos métodos, novas expressões e novo ardor missionário, como tanto nos pede Santo Domingo, para que sejamos verdadeiros protagonistas da história, se estivermos restritos tão somente à nossa família , à nossa equipe? Dentro do quadro dramático da realidade em que vive a grande maioria da família brasileira, tantas vezes demonstrado durante a Campanha da Fraternidade deste anos, e levando-se em conta a afirmação de Sua Santidade, o Papa, de que "não é licito a ninguém ficar inativo" (C.L. 3 b) , deveríamos nos questionar profundamente qual deveria ser o nosso protagonismo, como casal cristão e equipista, diante de tais fatos . Será que somos de opinião de que a opressão que sofrem as nos-

sas famílias - inclusive as das classes médias- principalmente através dos meios de comunicação social, é um problema tão somente do governo? E as famílias brasileiras, sem condições mínimas de moradia, alimentação, saúde, emprego, etc. também seriam um problema apenas para nossos governantes? Ou compete a nós, seguidores de Jesus Cristo, uma solidariedade concreta, real , vivida, que procure resgatar a dignidade destas criaturas humanas! O desafio que se nos apresenta é enorme, para não dizer quase intransponível. Entretanto, lembremonos de que a santidade não se alcança necessariamente através de grandes projetos, mas sim, na maior parte das vezes, de pequenas obras feitas com muito amor e doação. "A santidade consiste em fazer extraordinariamente bem feitas as coisas ordinárias". Queridos irmãos equipistas, a cada dia que passa verificamos com mais alegria como o nosso Movimento é um grande dom de Deus, dado aos casais de forma gratuita. São as nossas equipes que nos auxiliam , que nos ajudam na busca de Jesus Cristo, que nos estimulam e animam para que sejamos verdadeiros seguidores do "Mestre". E é neste seguimento que iremos testemunhá-Lo perante o mundo, através da nossa "nova imagem de casal", um casal missionário, atuante onde deve atuar, isto é, no mundo onde vivemos. Num editorial recente CM Jui-Ago/94 - 9


Padre Caffarel nos alertava de que não poderíamos nos esquecer do carisma fundamental do nosso Movimento, que é o da espiritualidade do casal, uma espiritualidade verdadeiramente "encarnada", vivida no nosso dia a dia. Esperamos, pois, que esses apelos, do Papa, da Igreja e do Movimento sejam assumidos pelo casal, para que os mesmos possam "colaborar" na tarefa de re-

novar a face da terra através da renovação da face das nossas famílias. Famílias felizes, saudáveis, crianças com comida na mesa, saúde, educação é o que Jesus sempre sonhou para o Seu Reino. O Senhor faz maravilhas todos os dias! Maria Regina e Carlos Eduardo EC/R

A LITURGIA, UM HINO DE LOUVOR A Liturgia será sempre para nós uma expressão, em manifestações humanas, de um mistério exigente que Deus colocou dentro de cada um. Ela se torna verdadeiramente forte e penetrante no interior, rico de Deus, em cada pessoa. A Liturgia torna-se cálida na medida em que cada um traz as riquezas do Reino de Deus que está dentro de si. Não há Liturgia individual, ela é sempre eminentemente comunitária. Em primeiro lugar ela acontece com toda a sua riqueza, profundidade e permeabilidade na Igreja orante. Mas ela também se prolonga, como as águas que saiam do templo, do sul do altar, elas cresciam cada vez que o anjo media, até chegarem a ser uma torrente onde só se podia atravessar a nado. (EZ 47,1-5). Assim a Liturgia não se circunscreve somente ao recinto sagrado, mas se espalha por todo o mundo e deve se manifestar de modo particular na "Liturgia doméstica onde, de preferência, o pai e a mãe, como "Sacerdotes do Lar", "Santuário de vida, devem desenvolver, juntamente com os filhos, uma "Sagrada Liturgia Doméstica". Mas, afinal de contas o que vem a ser Liturgia? Ela é a expressão da 1 O - CM Jui-Ago/94

realidade global da Igreja. Qual é a realidade global da Igreja? Isto nós encontramos de maneira magistral no documento do Vaticano 11 sobre a Liturgia no n2 522: "Caracteriza-se a Igreja de ser a um tempo, humana e divina, visível, mas ornada de dons invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação, presente no mundo e no entanto, peregrina. E isto de modo que nela o humano se ordene ao divino e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à cidade futura que buscamos" . Celebrar a Liturgia é sair dos horizontes limitados e pobres de nossas dimensões e penetrar na esfera do divino . Celebrar a Liturgia é dar um mergulho reconfortador no íntimo do próprio Deus que se oculta dentro de nós. Não se celebra uma Liturgia sem comunidade, sem palavras, sem gestos, sem coisas que significam muito para nós. A Liturgia acontece quando a comunidade se reúne com um desejo ardente de comunhão, comunhão de pessoas, de sentimentos de tristezas e de alegrias, de abatimentos e de triunfos. A Liturgia acontece quando a Palavra de Deus é proclamada com uma vontade convicta e é ouvida com atenção


amorosa. A Liturgia se enriquece quando tudo chama para uma interiorização com o uso de coisas que fazem parte da nossa vida. Mas, afinal de contas o que é realmente Liturgia? "Ela é o exercício do múnus sacerdotal de Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e membros". A Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força" . Da Liturgia, portanto, mas da Eucaristia principalmente, como de uma fonte , se deriva a graça para nós e com maior eficácia é obtida aquela santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus, para o qual, como a seu fim , tendem todas as demais obras da Igreja. Podemos dizer que a Liturgia se realiza de duas maneiras: pela Palavra e pela Eucaristia. Em sentido mais amplo, a Liturgia acontece em todas as celebrações onde a comunidade é orante e operosa na construção do "Reino de Deus". A Igreja sem Liturgia acaba se desfigurando e morre. A Liturgia é ainda a resposta do homem religioso aos seus arquétipos arcanos. Todo homem é eminentemente celebrativo e tem necessidade de expressões externas, que são as maneiras, às vezes até desconcertantes de exteriorizar as suas aspirações, as mais recônditas. A Liturgia tem duas direções, uma voltada para as manifestações exteriores, mas que expressam a direção dos sentimentos que estão gravados em suas categorias interiores. O Rei Daví, por exemplo, sentia uma necessidade imperiosa de expressar sua alegria e entusias-

mo, quando dançava diante da "Arca do Senhor". (1 Cr 13,8). A Liturgia bem preparada, bem celebrada e plenamente participada infunde nas pessoas uma alegria profunda e irradiante, provoca na comunidade toda novas conversas, novos estímulos, até para os assuntos do dia-a-dia. Historicamente todos os povos, até os mais primitivos sempre descobriram maneiras de celebrar os acontecimentos da vida. Somente os homens são, entre os seres vivos, capazes de celebrar. O animal não celebra, quando muito, brinca. O ser humano, não só trabalha e pensa, o que é a "praxis histórica", mas ele canta, dança, ri, conta suas experiencias, joga, representa, interpreta, lê no espaço, no tempo e na natureza, faz teatro, celebra festas. Não pode existir somente o "homo faber" , mas o homem é altamente "ludens" e profundamente "celebrans". Não há cultura que dispense a ''festa", embora haja espaços culturais em que a festa possa serdesprezada, aliás com grande detrimento humano. É o caso do países altamente industrializados em que a pessoa se torna máquina, robô. A Liturgia para ser cada vez mais visível e penetrante precisa de usar símbolos, para transformar as coisas dando-lhes um sentido até mesmo mítico, pois é o mito que enriquece as pessoas e os objetos, tonando-os, por assim dizer imortais e cósmicos. A palavra Litúrgica é plena de significados, porque expressa o envolvimento do povo, desde os jogos olímpicos da antiga Grécia. Aliás a palavra Liturgia é simplesmente uma transliteração da mesma palavra usada para todas as funções CM Jui-Ago/94 - 11


preparatórias e realizadas no desenrolar dos jogos. A palavra L~úr­ gia na cultura grega, passou a ser usada pelo mundo romano com os nomes de "mysterium", "múnus", "officium". No mundo ocidental, Liturgia ("Le~urguia") passa a ser termo consagrado, a partir do século XVI para indicar os livros rituais antigos e as cerimônias. Aos poucos acabou significando tudo o que diz respe~o ao culto da Igreja. Mas a Liturgia não está fechada no sacrário do templo, das igrejas. E a Família, como vai em relação à L~urgia? O que a Família celebra no seu âmbito de lar? A Impressão que se tem é que não há mais espaço para Deus e para as coisas de Deus na Família. Parece que há um deus que absorveu tudo, é o deus "TV", tirano e absorvente. Se há espaço para Deus, ele é quase que exclusivamente individual , onde cada um reza por si, com uma espécie de medo de dar testemunho de sua oração e de sua fé. Eu questiono esta at~ude e analiso. Será que rezar, ou orar como querem alguns, ou vibrar, como querem outros, é tão difícil, ou até mesmo inútil? Nós vivemos em um mundo pragmático em que só se pensa em "pegar", "levar vantagem", "ter", "se enriquecer", "comprar". Isto acaba penetrando nos costumes e atitudes de tal maneira que aquilo que não entra no bolso ou nas cadernetas de poupança, não tem valor. Mas falamos muito em Liturgia e em Liturgia Doméstica. Como realizar uma "Liturgia Doméstica" em Família para marcarmos os sinais concretos, o

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Ano Internacional da Família? Algo deve acontecer para reunir a Família tendo como núcleo uma "Liturgia doméstica". O que é necessário para se celebrar uma "Liturgia Doméstica"? Quais são as coisas necessárias para uma celebração em Família? Uma mesa, toalha, um vaso com flores, velas, fósforo, uma estante ou almofada com a Bíblia, um vaso transparente com água, cadeiras, a Família reunida, algo para se comer, como chá, café, refrigerante, bolachas, ou uns pãezinhos, coisas todas muito simples, um tempo breve, mas profundo. A Família se reúne no dia e hora marcados, tudo de comum acordo em torno da mesa. O pai, de preferência, a mãe, colocam as intenções, que cada um deve se expressar, fazem um pequeno silêncio, fazem uma leitura bíblica com um texto escolhido, mais um pequeno silêncio, depois todos de mãos dadas, rezam um Pai-Nosso, cantam um cântico , também rápido. Tudo deve ser muito bem dosado para não cansar. Cada Família pode muito bem escolher sua maneira de celebrar. Aqui apresentei somente algumas idéias. Tenho certeza de que as Famílias que conseguirem realizar estes tipos de celebrações, pelo menos uma vez por semana, irão sentir uma presença de Deus em Cristo, no Espírito Santo e estarão constituindo uma verdadeira "Igreja Doméstica Orante" em seus lares. Que Deus abençoe copiosamente estas Famílias. Pe. Vicente Pinto Ribeiro Religioso de Sion


JESUS A LUZ QUE ILUMINA A TODOS O que Deus quer de nós casais das ENS, é algo mais que ler o Santo Evangelho e propagar suas palavras (1.T - 2,4) . Quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade divina e que nos unamos a Ele através da Sagrada Eucaristia , que é fonte de água viva , nos fortalecendo para vivendarmos suas palavras. Ele mesmo diz buscai primeiro o Reino de Deus e tudo mais lhes será acrescentado . E mergulhados nesse amor, encontro forças de passar aos outros as maravilhas de Deus. MT 6,25 a 32- Somos mais importantes para Deus, do que as aves do céu e os lírios do campo, Ele nos ama muito, igualmente seu Filho Jesus que é essência maior de poder, e sua bondade e misericórdia são infinitas . Deus é amor e o amor libertação para aqueles que crêem no seu filho , que por toda a humanidade derramou seu precioso sangue na cruz. E nós estamos fazendo a nossa parte? Sendo exemplo vivo de casal cristão equipista, ou simplesmente cruzamos os braços e deixamos para que os outros façam a nossa parte? Não é fácil agir, mas temos que lutar contra as nossas fraquezas e nos libertar de tudo que impede o amor de Jesus e nos escraviza. É necessário muita renuncia, humildade, perdão e acima de tudo amor fraterno. Temos a responsabilidade de sermos luz para nossos irmãos, sal que dá sabor às famílias e fermento que mesmo sendo em pequena quantia fermenta e faz crescer a esperança de um mundo melhor dentro das famílias e da comunidade.

Revestidos da graça e do amor de Deus através do Espírito Santo, nos tornamos fortes na fé e capacitados para irradiar alegria onde quer que passemos e merecedores do amor de Deus. João 1.3-34. Com humildade e simplicidade amando uns aos outros, doar-se sem nunca esperar nada em troca. O Pai Eterno espera de nós isso e muito mais, e unidos a Cristo tudo podemos. Ele é o mesmo de ontem, hoje e sempre, o mesmo poder que operava em Cristo esta em nós e se vivermos no Cristo nos alegraremos com Cristo. Essa forma está dentro de nós, em nosso coração que é o templo vivo do Espírito Santo. Assim caminharemos na sua paz e serviremos nossos irmãos e a Deus agradavelmente e essa chama de amor que transborda em nós é inabalável. Porque Deus é o Senhor dos Senhores, Rei dos Reis, que age em nós e que nos transforma e liberta. E se você ainda não experimentou esse amor, chegou a hora. Ele é ressurreição e vida, tão certo como o sol nasce a cada manhã, assim é o seu amor por nós. Sinta-se mudado e entregue o seu caminho e por você tudo fará. Descanse nos braços do Altíssimo, que ele preenche todo o vazio do coração. Vale a pena ter segurança pois ele tem um plano para cada criatura. Somos discípulos de Cristo e devemos amar a todos e fazer o bem como Jesus sempre fez. A verdadeira religião é esta e Cristo é a nossa missão. C/arisse e Valdemar Equipe 02 - Assis/SP

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UM MODISMO OU UMA NECESSIDADE? Estou a escrever sob este título por vários motivos. Há um, pelo menos, mais preocupante. Neste ano de 1994 celebra-se o Ano Internacional da Família. Criado pela Organização das Nações Unidas, foi encampado, aqui no Brasil, pela Igreja, e tema da Campanha da Fraternidade. Tudo bem! Até acredito que a maioria dos católicos praticantes disso já saibam. Mas ... (e tem sempre o "mas"!) tenho medo de que tudo isso, todo o fervilhar, todo o compromisso das paróquias e outros movimentos, arrefeça durante o ano de 1994. E tem mais: que nem se lembrem de nada em 1995! Em outros termos: temo pelo modismo. Na verdade, não necessitaremos de um ano todo dedicado à causa da família no Brasil, se fizermos dela a nossa bandeira de vida. A maioria dos casais está engajada em movimentos de família , ou de casais?.. . Ótimo! Procurem o desenvolvimento mais maduro de seus movimentos, critiquem construtivamente esse seu movimento. Será que não é apenas "movimento" mesmo? Águas revoltas sobre um lago límpido, mas, incapaz de remexer no lado das profundezas? Se vocês acham que não é assim, então discutam modos de fazê-lo melhor ... Não nos preocupemos com a qualidade de nossa fala , mas principalmente, com a qualidade de nossos testemunhos da vivência doSacramento do Matrimônio. 14- CM Jui-Ago/94

Fala-se muito na péssima qualidade dos anti-valores impostos pelos Meios de Comunicação Social, em particular a lV e as revistas, isso é real! Tenho certeza de que, durante o ano de 1994, muito grito sairá de nossas casas contra estes desmanchas desmoralizantes da família e da sociedade . Isto é bom! Muito bom, por sinal! Temo, entretanto, que tudo termine após o ano de 1994... E que tudo termine em "pizza" ... Continuemos as campanhas de esclarecimento, continuemos a difusão de valores do Evangelho, e, principalmente, vivamos estes valores coerentemente no nosso dia-a-dia. Fala-semuitodasfamíliasdesamparadas, dos separados, dos casais com problemas conjugais. Grande problema, é verdade! Durante o ano de 1994, certamente muito se falará destes problemas, pouco se fará de concreto, mas, será feito. Temo, entretanto, pelo que acontecerá com estas famílias, estes casais em crise, os separados, no ano de 1995. Serão esquecidos? Continuemos nossos caminhos abertos em 1994, e não paremos nestes trabalhos ... Discursos inflamados delatam hipocrisias políticas sobre os descamisados, há campanha nacional da fome, e outras coisas sociais que tão bem conhecemos. Vamos deixartudocorrerapenasem 1994? No ano seguinte as esqueceremos? Em resumo , meus irmãos em Cristo, não escrevo isto para os ou-


tros, senão para mim também: não esmoreçamos em nossa atividade pastoral, social, intelectual, braçal, seja ela qual for, em prol da família. Leigos, clero, religiosos, unamos nossas forças em torno de Jesus (e Jesus sacramentado!) para continuarmos firmes no Ano Internacional da Família em 1994, mas, tam-

bém, em 1995,1996,1997 e quantos forem os anos que Deus colocar em nossas vidas para servi-Lo através da família tão sofrida atualmente. Gilson Delgado Coord. da Pastoral da Família da Par. S.C. Borromeu Arquidiocese de Sorocaba/SP

FAMÍLIA E CASAMENTO: REALIDADE EM TRANSFORMAÇÃO Supérfluo dizer família e casamento são realidades que conhecem profundas transformações em nossos tempos. Apesar de todos os problemas e dificuldades a família continua sendo uma respeitável instituição das sociedades. Para a Igreja o matrimônio, sacramento do Reino, dá especial valor à união de um homem e de uma mulher e cria um espaço que ela gosta de chamar de "Igreja doméstica". Ouve-se, porém dizer que o casamento é uma instituição fracassada, que dificilmente permite a realização pessoal. Casamento, dizem alguns, é fruto de uma lei e de um contrato. Esta é a primeira constatação que fazem aqueles que não acreditam no casamento. Não há dúvida que, no passado, não poucos casamentos foram estabelecidos em frágeis bases. Não havia um forte e sólido amor pessoal que unisse os cônjuges. Dava-se importância a aspectos exteriores e jurídicos. Em nossos dias não se concebe casamento sem amor . Sempre, é bem verdade, o amor foi fundamento do casamento. Aconteceu, e pode ainda acontecer, que os

jovens se tenham casado por motivos exteriores e não tenham nutrido, no tempo do namoro , um amor sólido. Muitos se casam imaturamente e são incapazes de construir seu casamento depois de empreendida a caminhada. Não se trata de rejeitar a instituição do casamento e da família, mas de fazer de sorte com que os noivos tenham plena consciência do sentido da vida a dois e familiar e empenhem-se em estabelecer um diálogo constante que seja alimento do amor. Concebe-se, em nossos dias, o casamento como uma realidade que não pode se revestir de caráter douradouro e estável. Dizem alguns que é impossível fazer uma promessa de fidelidade e de amor para sempre. O ser humano, dizem alguns, não pode assumir compromissos definitivos. Tudo muda. A vida muda. O homem muda. Cada pessoa tem o direito de desfazer uma primeira união e tentar encontrar a felicidade . Assim vemos em nossos dias surgir uma mentalidade generalizada da dissolubilidade do casamento. Na realidade um homem e uma CM Jui-Ago/94- 15


mulher que se encontraram e se prometem amor e felicidade estão fazendo confiança no amanhã. O casamento é um risco. É um salto no escuro. Os católicos sempre defenderam a indissolubilidade do casamento. Necessário, no entanto, dizer que, do ponto de vista antropológico, apesar de suas dificuldades, o casamento precisa ser uma união estável e duradoura. O casamento não é um mero contrato. É uma comunhão de vida. Supõe-se que as pessoas que se encontram experimentem um amor intenso e forte . Não se inaugura a vida conjugal apenas com um vago e difuso sentimento de bem querer. Preciso será a certeza humana de querer bem em profundidade ao outro. Depois de um tempo de convivência , no namoro e noivado, homem e mulher chegam à conclusão de que podem unir seus destinos. Há uma entrega de vida a vida e uma promessa de fazer o possível, e mesmo o impossível, para que o outro se realize profundamente. Ninguém tem o direito de tira r uma pessoa de seu universo sem a certeza de poder dar-lhe profundo e constante amor. Sabemos que a vida é capaz de oferecer surpresas. Deve-se no entanto dizer que, para o bem dos cônjuges , a duração e estabilidade do casamento são condições fundamentais. Ninguém se entrega provisoriamente. Quando uma pessoa se entrega a uma pessoa há necessidade de um para sempre. Acrescentemos ainda que o casamento comporta a chegada da prole. Homem e mulher se unem porque se amam e abrem seu coração e sua vida para acolhimento da vida. 16 - CM Jui-Ago/94

Passam a ser pais e mães. Ora, o filho que chega é um ser frágil que depende inteiramente de seus pais. Essa dependência começa no seio da mãe. Continua nos anos da infância e mesmo no tempo da adolescência e juventude. O filho precisa materialmente dos pais. Mais importante ainda, precisa de um clima de entendimento, segurança e confiança na família . Todos estamos bem conscientes que uma família bem constituída é a melhor garantia do sucesso da educação dos filhos . Em nossos tempos observamos que o divórcio ou separação dos pais e, eventualmente , a constituição de uma nova família, constitui um dos fatores mais delicados na maturação da personalidade humana e cristã das crianças. Os mais prejudicados pelas separações são precisamente os filhos, mormente se ainda são crianças ou adolescentes. Critica-se também que a família era ou é um lugar de formalismo e autoritarismo. Propugna-se em nossos dias por relacionamentos mais "democráticos". A família não pode ser lugar de opressão. Alguns defendem um modelo de família onde cada um faz o que quer, sem compromissos mútuos. Defende-se um mínimo de elementos para uma convivência "pacífica" e um grande espaço de liberdade para todos. Não há dúvidas que o casamento e a família precisam ser espaços de liberdade verdadeira. Todos estamos convencidos de que o autoritarismo tanto do pai, quanto da mãe, o machismo e todas as formas de sufocamento da liberdade são reprováveis. Estamos compreenden-


do melhor que, na realidade, todas as pessoas são iguais: pai, mãe, filhos, esposo e esposa. Com alegria assistimos a um processo de libertação das pessoas, de respeito a seus direitos. Ninguém pode ser cerceado em suas aspirações humanas e profundas e em seus direitos fundamentais pelo casamento e pela pertença a uma família. Necessário se faz, no entanto, dizer que pai e mãe exercem uma autoridade no seio da família. Não falamos de autoritarismo. Cada um dos cônjuges, pelo testemunho de dedicação mútua, de serviço generoso para com os filhos é revestido de autoridade. Precisa ser reconhecido como tal. Isso não significa que os pais têm o direito de impor. Cada filho é uma liberdade. Os pais estão conscientes de sua missão educadora e como tal precisam mostrar

horizontes de realização para os filhos. Repetimos, por seu exemplo e seu testemunho, são capazes de tocar o interior dos filhos e fazer-lhes o convite no sentido de que tomern as melhores decisões. Na realidade a família precisa ser um espaço de confiança, felicidade, troca de idéias, amadurecimento da personalidade. Sempre de novo será preciso distinguir, nos· relacionamentos famiJiares, liberdade e libertinagem. Estas são algumas mudanças e transformações experimentadas pela família . Muitas outras são detectadas: freqüentes relaciol)amentos sexuais antes do matrimônio, modificações do papel do homem e da mulher rw casamento e nalfamília, conflito de gerações. Transcrito do Boletim da CNBB - Seitor Família Jan/Fe'?/94.

AMARÁS O TEU CONSELHEIRO A noite já ia alta, o dia seguinte seria de trabalho, a agenda parecia não ter mais fim e faltava ainda discutir o tema - uma espécie de exame de consciência sobre o nosso relacionamento, de membros de uma pequena e querida comunidade. Primeira pergunta: Somos uma presença amiga para os outros em nossa equipe? Houve quem se confessasse "um ausentão", "uma irmã meio desligada", "um amigo, sim, mas não tão presente". Ou quem dissesse precisar ser mais coerente: "Todo dia

pertso em cada um de vocês, mas quase não dou um telefonema". E, aí, foí a vez, também, do Conselheiro Espiritual: "Eu acho que procuro ser essa presença amiga mas, não sei, poucos procuram ser presença amiga para mim. Me procuram, e muito, mas só para eu servir. Poucos me procuram para saber como vou , se preciso de alguma coisa, se gostaria de ser incluído na lista dos convidados de uma festa". Se mais nada de bom resultasse daquele encontro, bastaria este desabafo de um padre para bendizerCM Jui-Ago/94 - 17


mos as horas que passamos juntos dando cumprimento a um dos deveres de todo equipista - a reunião mensal. Nas ENS se fala muito em amor e espiritualidade conjugal, se oferece e pede o que de melhor existe para alimentar e fortalecer o amor, se alarga o horizonte para pessoas que ambicionam algo mais do que a vida lhes pode proporcionar aqui na terra. Mas não basta. É preciso, também, que, vez por outra, nos detenhamos um pouco para refletir sobre o que significa ter um padre ao nosso dispor. Quando tanta e tão boa gente passa domingos a fio sem missa por não ter padre, nós temos esse padre em casa, e o temos durante algumas horas para nos ouvir e nos dizer sua palavra, para compartilhar das nossas tribulações e venturas, para comungar de nossos sonhos, esforços e projetos de vida. O padre é uma pessoa igual a nós em vocação e dignidade - um filho de Deus, chamado como nós à santidade e destinado à glória dos eleitos. Não necessariamente mais virtuoso e santo do que qualquer um de nós mas que, por dever de ofício, vamos lá, vive mais de perto o mistério da presença do Senhor, priva mais da intimidade dele, dele nos fala, a ele nos quer encaminhar. O padre é, sim, o pai que gera filhos para Deus, um homem que Cristo segregou dentre os outros homens para anunciar ao mundo o Evangelho da salvação. Ele é o porta-voz de toda a criação, de toda a criatura que, racional ou irracionalmente, queira ou não, é tributária de gratidão e louvor ao eterno Criador. Mais ou menos santo, mais ou menos 18 - CM Jui-Ago/94

pecador, todo padre é um pontífice -o homem que constrói pontes entre Deus e o homem, que estabelece contato entre o Criador e a criatura. Mas, mesmo tocando no sagrado, se identificando até com o divino toda vez que celebra o mistério da Eucaristia ou da Reconciliação, ele é também um homem com as mesmas carências e dificuldades que eu. Daí a abertura que nos fez aquele Conselheiro Espiritual: também ele aprecia uma presença amiga na pessoa do outro, também ele gostaria de ser procurado como um irmão de fé e ideal, uma pessoa normal, igual às outras pessoas, a quem você deve abrir as portas não apenas do coração mas da própria casa. Como irmão, ele se sente bem quando senta à tua mesa e participa do teu lazer, quando se vê procurado não apenas para dirigir um ofício religioso mas também para se integrar na caminhada que tu fazes na busca de Deus e da felicidade para a qual o Senhor os criou. Era assim, me lembro, que um casal do Rio fazia quando o seu apartamento, recebia o saudoso e santo Frei Jamaria. Esse bom Conselheiro se sentia em casa quando era recebido pelo casal e filhos do casal, como se da família fosse. E não deve ser assim que devem ser recebidos todos os padres que as ENS convidaram para assumirem o cargo de Conselheiro Espiritual? Falando da relação que deve existir entre padres e fiéis, o documento Presbyterorum ordinis (do Concílio Vaticano 11) recomenda que os mesmos fiéis "cerquem-nos (padres) com amor filial, como a seus pasto-


res e pais". Mais concretamente, os padres conciliares insistem: "Compartilhando de suas preocupações, (os fiéis) auxiliem a seus presbíteros pela oração e ação quanto puderem para que possam vencer com mais galhardia e cumprir suas tarefas com maior proveito". Agora, se a Igreja recomenda, se ela espera isso de um simples católico em relação a um padre, pode um equipista deixar-se passar para trás em se tratando do seu Conselheiro Espiritual? A ele tu amarás também de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito ...

Este ano os equipistas de todo o Brasil estão sendo lembrados de uma passagem do Evangelho: "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido". É, não basta receber. E receber um Conselheiro Espiritual constitui não pequena dádiva para uma equipe de casais. Será que eu a tenho na devida conta? E o que de melhor terei para retribuir do que amar mais o meu Conselheiro ajudando-o, como quer o Concílio, pela oração e a ação? Manuel, (da Dulce) Equipe9-A

Rio

NUNCA ME IMAGINEI OUTRA COISA A NÃO SER PADRE É assim que ele define a sua vida e a vocação de ser Padre que agora completa 50 anos de realização. Quem o conhece, quem pôde penetrar um pouquinho na sua vida, testemunha a serenidade e a certeza dessa vocação de doação plena da vida a Deus. Uma doação total, construída não a partir de emoções, sentimentalismos ou inspirações místicas, mas por um ato livre da vontade! E essa vontade é ainda hoje tão forte como há 66 anos atrás quando aos ?anos decidiu ser "Capuchinho"; sem espaço para a dúvida ou consideração sequer de outra hipótese de vida. Frei Agatângelo diz que entrou no seminário "para ser Padre ... , não apenas religioso Franciscano, mas Padre!" ... Sem dúvida, Deus na sua bondade infinita concedeu-lhe muitas gra-

ças para que isso se realizasse. Com seu carinho para com seus fiéis e suas fraquezas, e sua santa intransigência na defesa das verdades da fé ele é um Padre totalmente dedicado à sua missão. Os sacramentos são o centro de sua vida, onde a Missa ocupa o lugar principal (dono de uma memória privilegiada e grande capacidade de organização Frei Agatângelo sabe com exatidão o número de missas que já rezou na sua vida e, até o dia das suas bodas terá completado 32970) . Já houve quem o definisse como o "apóstolo da missa cotidiana". Mas ele é também todo disponibilidade para as necessidades pastorais de seus filhos e sempre atende com carinho ao sacramento da Penitência, da Unção dos Enfermos, à direção espiritual, etc. Nascido em Sortino, na Itália, na CM Jui-Ago/94 - 19


região da Sicília em 1921, de família profundamente cristã, como são em geral as famílias italianas, e especialmente o eram naquela época, acompanhou desde o berço as liturgias e festividades religiosas fervorosamente vividas em sua cidade. Um dia, aos 7 anos de idade, viu passar uma fila de frades capuchinhos no portão de sua casa. Acompanhou-os com o olhar até desaparecerem e naquele momento tomou uma decisão e comunicou à sua mãe: - Quero ser capuchinho! Cabe aqui contar uma história que, o próprio Frei só teve conhecimento muitos anos depois, quando já era padre: Seu pai, que morreu ainda muito novo sempre desejara ter um filho padre, e assim, o irmão mais velho ia sendo encaminhado para o seminário. Entretanto, ficando doente e percebendo que Deus o chamaria para si, chamou o filho e disse-lhe: - "Brás não dá mais para você ser capuchinho.", e olhou esperançosamente para o outro filho, (o nosso FreQ que tinha então apenas 17 meses. Bem , como não dava para entrar no seminário aos sete anos, Vincenzo (seu nome de batismo) acabou sendo coroinha até os 11 anos quando foi aceito. Era o ano de 1932. Passam os anos e Vincenzo realiza então o seu sonho. Ordena-se Padre e toma o nome de Agatângelo de Sorti no. Estamos então em 1944, no final da 2ª guerra mundial. Após um ano e meio, ele vem então para o Brasil, num navio de guerra, em companhia de 45 padres, 24 dos quais capuchinhos como ele. 20 - CM Jui-Ago/94

Um breve estudo da língua portuguesa em um mês e a sua primeira missão no Brasil: Conceição do Mato Dentro. Lá trabalhou de 1946 a 1957, de 1966 a 1969 e de 1976 a 1980, tendo sido Diretor do Ginásio São Francisco, que foi por ele ampliado, e Pároco da cidade. ltambacuri, outra cidade mineira a contar com os trabalhos de Frei Agatângelo o teve por lá de 1957 a 1962 e de 1969 a 1975. Aí também o Frei foi Pároco, Fundador e Diretor do Colégio Pio XII e Diretor dos Capuchinhos. De 1962 a 1965, realizou a sua vocação franciscana também no Rio de Janeiro, onde exerceu o cargo de Custódio Provincial e Guardião do Convento do Rio de Janeiro. Fazendo as contas·, Frei Agatângelo passou cerca de 34 anos de sua vida de sacerdote em Minas Gerais. Desse tempo ele tem muitas histórias para contar; algumas delas ficaram registradas em um livro que · escreveu - "Histórias que parecem Estórias" ... Também é desse tempo a tarefa mais difícil que segundo ele teve que enfrentar: dirigir o Ginásio e o Colégio Pio XII. O Frei dirigia um colégio para alunos internos, prática educacional ainda muito difundida naquela época. Ora, dirigir o internato exasperava o Frei, visto que conforme ele mesmo dizia era perda de tempo e de vocação, um Padre dirigir um colégio. -"0 internato não forma, mas deforma a personalidade dos adolescentes ... quando chegam aqui é porque ninguém os aguenta em casa. São jovens-problema, rejeitados e conscientes disso, o que agrava a situação. Quando saem do


internato são jovens revoltados contra a religião e contra as autoridades ... " O tempo, que acabou extinguindo essa prática educacional mostrou que ele tinha razão. Outro grande desafio na sua vida foi a construção do Colégio, feita em meio a dura escassez de recursos, quando mais de uma vez a Providência o socorreu de maneira singular. Mas essas histórias ficam para o Frei contar! Nessa época, Frei Agatângelo teve ainda contatos com os grandes da política mineira como Juscelino Kubistcheck, Tancredo Neves, Magalhães Pinto, Aureliano Chaves e José Aparecido (seu exparoquiano) ; de cujos encontros ele guarda organizadamente as fotografias e na memórias as "histórias". Em Teresópolis, que agora tem o privilégio de comemorar suas bodas de ouro sacerdotais ele chegou em 1980, para concluir as obras do Convento do Noviciado e implantar a vida franciscana . Tendo sido transferido para São Gonçalo em 1990, retornou para aquela linda

paisagem do Dedo de Deus, que se vê da janela do seu modesto quarto, em 1993. Aqui, ele também fundou a Ordem 3~ Franciscana, cuida das missas da Capela de N. S. de Fátima, da Capela do Carmelo e do Colégio São Paulo e assiste espiritualmente as Equipes 2 e 4 de Nossa Senhora do Setor de T eresópolis. Depois de 50 anos de trabalho e dedicação, às suas paróquias, colégios, conventos e ao seu rebanho, o que o Frei mais gostaria? -"Gostaria que a missa fosse celebrada com entusiasmo, que o povo fosse católico mesmo!" Assim é o Frei Agatângelo , um PADRE de "mãos cheias" e o coração também .. .! A ele trazemos nestas linhas, a homenagem e o carinho dos seus filhos de Teresópolis! Que Jesus no seu Amor imenso por todos o guarde sempre para Sí e que Nossa Senhora o traga sempre junto ao seu coração de Mãe! Jerson e Fátima Equipe 4 de Teresópo/is/RJ

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SENHOR, O QUE QUERES DE MIM? (Uma reflexão para o Mês Vocacional) Humanidade ... , termo que delimita e especifica a compreensão dos seres vivos do globo terrestre. Aumenta a compreensão e diminui a extensão. Ao falarmos da humanidade, a princípio, ou, em certo ponto de vista, temos a impressão de unidade, indivíduos mais ou menos iguais ou parecidos uns com os outros. Nascem da mesma maneira, vivem como num grande formigueiro humano e tem um mesmo fim , a morte; fim último destinado a todos. Mas, ao adentrarmos um pouco mais na realidade da existência humana, notamos que, não obstante a unidade da espécie e/ou semelhança dos indivíduos, não somos tão iguais. Descobrimos que por trás da unidade, há uma diversidade. E que diversidade! E que riqueza! Homens e mulheres, crianças, adolescentes, adultos e idosos, altos e baixos, ricos e pobres, doutos e analfabetos, ... Variedade de cor, de mentalidade, de personalidade, de religiosidade , de cultura, de língua, de gostos, de costumes, etc. , Somos muito diferentes ... E verdade que somos diferentes, eu sei! Mas, voltando à semelhança, temos mais uma coisa em comum . Algo muito forte que identifica todos os seres humanos: Somos todos peregrinos da felicidade. Da mesma maneira que eu ... você ... todos nós, os jovens e, por que não, os homens e mulheres do mundo inteiro; todos desejamos acertar na vida. Todos nós buscamos nossa auto-realiza22 - CM Jui-Ago/94

ção. Incansáveis e sedentos buscamos a tão sonhada felicidade. Para encontrá-la, os homens do mundo correm desesperadamente; fazem mil e uma coisas (figura do formigueiro humano). Não tem tempo para nada nem para ninguém. Nesta busca, recorrem aos meios justos e injustos. São capazes de cometer loucura e o engraçado é que nunca a encontram: nascem chorando, vivem buscando e morrem frustrados e vazios. Vazios de si .. . vazios dos outros ... vazios das coisas, pois quando morrem não levam consigo nada. Absolutamente nada do que acumularam. E, o mais lamentável: partem desta existência vazios de Deus! Será que Deus nos fez para isso? É isso o que ele quer de nós? Nós, os cristãos-católicos e, hoje, de maneira especial os equipistas, não queremos que seja assim, nem conosco e nem com ninguém . Não queremos e temos a firme esperança de que não será assim. Por isso formamos equipes e aceitamos o compromisso de sermos no mundo testemunhas de outra realidade. Somos diferentes! Pensamos, agimos e vivemos diferente. Não somos do mundo (d. Jo 17,16) . Somos cristãos. Pelo Batismo fomos marcados para sempre (caráter sacramental) no mais íntimo de nosso ser "com o Nome que está acima de todo o nome" (Fip 2,9b) . Somos marcados com o nome de Jesus Cristo, o Filho muito amado de Deus (Mt 3 ,17b). Ele é o penhor da nossa salvação.


E, como se isso não bastasse, com e na Igreja, somos conduzidos pelo Espírito Santo de Deus para uma perfeição superior (na vida de equipe, o meio para chegarmos a essa perfeição em Cristo e pelo Espírito, não seria uma zelosa, intensa e contínua prática dos pontos concretos de esforço?)). Nós não somos nem serpentes e nem galinhas para vivermos na baixeza e nos conformarmos com a realidade deste mundo: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, concreto e perfeito" (Rm 12,2). (Lembro aqui uma vez mais do privilégio que as ENS oferecem, que são os referidos meios de aperfeiçoamento ou pontos concretos de esforço que, eu atreveria a chamar de caminho de santificação). Nós somos águias e, como tal , nossa vocação são as alturas das perfeições cristãs que somente conseguimos pela ascese (esforço) e pela mística (entendo aqui por mística a experiência do encontro interior com Deus, não por esforço próprio, mas pela graça divina) . Temos consciência de tudo isso? Se temos consciência, tenhamos também confiança: O Espírito nos impele a abrirmos o nosso coração para Jesus e a seguirmos os seus passos para, no término dessa vida terrena , não nos depararmos com um desfecho frustante, mas atingirmos, na ressurreição, a plena e absoluta realização do ser humano, que é contemplar Deus face-a-face (cf. I Cor 13,12c) por toda a eternidade. Esta sim , é a verdadeira Felicidade. No Evangelho de São João, Jesus disse que nós estamos no mundo, mas não somos do mundo (cf. Jo

15,19;17,14.16). Se fossemos do mundo, deveríamos nos ocupar das coisas do mundo e poderíamos conformar nossa mentalidade à dos filhos dessa geração perversa, mas somos de Deus, por isso devemos buscar as coisas de Deus e realizar as suas obras enquanto estamos no mundo (cf. Jo 9,4) . (Ao falar de obras, eu teria ainda, direito em fazer uma terceira menção aos pontos concretos de esforço?) . Deus não nos colocou no mundo à toa. Não estamos aqui por obra do acaso ou por uma eventualidade. "Ele" tem uma missão muito especial para cada um de nós. E, para que o mundo não nos confunda, na consciência de filhos de Deus, devemos colocar-nos diante de Jesus, o Filho de Deus por excelência, num clima de humildade, oração e adoração e dizer-lhe "SENHOR", O QUE QUERES DE MIM"? Analisemos ... Esta pergunta supõe dois interlocutores, duas pessoas: a) Um interlocutor sou eu, é você. Daí a necessidade de conhecer-nos profundamente: sabermos de nossas qualidades e capacidades, defeitos e limitações, etc. Mas, principalmente, preciso ter em consideração o que sou aos olhos de Deus. b) O outro é Jesus, o Cristo. Por isso temos também que conhecer a Jesus pessoalmente, termos intimidade com Ele, relacionar-nos com Ele numa experiência dialogal. (E, quais são os meios de que dispomos para isso? A escuta da Palavra? A meditação? A oração .. .?). A supramencionada pergunta supõe que tenhamos consciência de que Jesus morreu pelos nossos pecados e, ressuscitado, foi constituído SENHOR de todas as coisas (cf. Flp 2,9-11) . Senhor é aquele que tem autoridade e direito de dispor de CM Jui-Ago/94 - 23


alguma coisa ou de alguém. É o dono ou proprietário de todos e de tudo porque resgatou todas as coisas do jugo do pecado com o preço de seu próprio sangue. Deu sua própria vida por nós. Por isso somos propriedades de Jesus. Pertencemos a Ele e Ele é o Senhor. Cristo tem poder, pois ressuscitou dente os mortos, foi exaltado pelo Pai e colocado acima de todo nome para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (cf. Flp 2,9-11). Para fazer a pergunta é preciso sujeitar-se livremente a Jesus. "Senhor, o que queres de mim?". Quem faz tal pergunta, apresenta a Deus: a) um "eu" que se anula diante da vontade de Deus. Diante da sua vontade de salvar o homem. b) Um "eu" que morre para todo tipo de vontade diferente da vontade de Deus. c) Disposição para morrer ao pecado. Toda pergunta exige uma resposta. Para quem pensa que Deus pede

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coisas, Deus não pede coisas. Nada! Absolutamente nada! Deus quis precisar de mim e de você. Ele quis contar comigo e com você. Por isso nós somos importantes no plano de Deus. A resposta que Deus dá à sua pergun~ é curta e breve, mas profunda. E simples, mas exigente e radical : "SEGUE-ME!" "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16,24). Este é o chal)1ado para ser discípulo do Senhor. E o convite para a felicidade. E de que 'maneira eu poderia seguir a Jesus p_ara ser feliz? - Matrimônio? - Sacerdócio ou vida religiosa? - Vida laical-celibatária? Toda vocação comporta uma missão! SeLa feliz e responda a sua VOCAÇAO. "Vocação acertada - humanidade realizada- felicidade assegurada". Diác. Everaldo Alves de Assis CEda Equipe 61- Setor F Brasília/DF


AS ENS E OAIF Conforme noticiado em nosso número anterior, as ENS por todo o Brasil, através de várias iniciativas, estão profundamente engajadas no AIF. Apresentamos aqui alguns materiais produzidos .

.9lno Internacional áa ~amifia 1994

Adesivo para automóvel mandado confeccionar pelo Setor C de Juiz de Fora -MG

Y!quefe a quem muito se áeu, muito será peáiáo. Equipe de Nossa Senhora -Juiz de Fora

Ano Internacional da FoRTALEÇA ESPIRITUÁLIZE MELHORE VALORIZE LmERTE CRisTIANIZE

ÁME Equipes de Nossa Senhora SANTARÉM • PARÁ

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Movlmtalo dt Casais por uma

esplrllulldode coojogale familiar

Deus tem um plano a respeito da família A família não é algo que acontece por acaso. Ela tem missão de ser no mundo um sinal de presença de Deus. Presença de unidade e comunidade, de convivência e comunhão, presença de amor e vida. Da construção de famílias sadias vamos ter uma humanidade e sociedade mais felizes.

A família é a experiência do amor de que nos fala o apóstolo Paulo: "O amor é paciente, serviçal, não é invejoso nem orgulhoso, nada faz de inconviniente, nem procura seus próprios interesses, não se irrita e nem fica magoado. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará."

ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA 1994

FAMÍLIA CRISTÁ- FRUTO DO AMOR DE MARIA

Parte interna de um calendário de mesa mandado confeccionar pela Região Sul.

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ORAÇÃO PARA UM PAI Evaldo A. D'Assumpção

Senhor! Não vou mais chorar o filho que me levaste. Ontem, ao ver seu corpo descer à sepultura tive vontade de gritar contra Ti, negar Tuas palavras de amor, Tua própria existência. Afinal, roubaste tão brutalmente o filho que eu tanto amava! Voltei para casa e entrei em seu quarto vazio: sua cama, suas roupas num canto, seus livros sobre a mesa ... Foi terrível, Senhor, pensá-lo para sempre perdido! Depois, retirados os amigos e parentes, na dor de tão grande solidão, resolvi dormir. Meu sono foi agitado, meus sonhos tenebrosos. Acordei junto aos primeiros clarões da madrugada e vim para a sala. Aqui, sozinho, deixei rolar as lágrimas que havia sufocado, tentando cumprir o papel que me deram e que aceitei, de ser forte, de ser apoio para minha esposa e filhos que ficaram. Mas agora estava sozinho ... Olhei a sala vazia e pela janela vi o negro r lentamente ser trocado pela luz do dia. E, quando os primeiros raios de sol tocaram meu rosto, descobri subitamente que eu não estava sozinho. Que eu nunca estivera sozinho! Enquanto o escuro da noite cer-

cava o meu quarto, o sol continuava a brilhar no céu, iluminando outras pessoas, outros lugares. O escuro era apenas um instante, infinitamente pequeno diante da eternidade, enquanto a luz, a Tua luz Senhor, sem deixar de brilhar um só momento, se fazia presente em mil outros lugares, mas também presente bem dentro de mim! Ainda que eu, por ter meus olhos fechados, os olhos de minh'alma fechados, não fosse capaz de percebê-Lo. E ao descobrir Tua presença, Senhor, descobri também a presença de meu filho, ali, bem na minha frente, bem junto de mim! Pois, se foste Tu quem o levou, certamente Contigo ele está, e onde Tu estiveres ele ali também estará! Por isso, Senhor, não vou mais chorar meu filho. Vou conservarTe sempre comigo, sempre junto de mim, sempre dentro de mim. pois, tendo-Te comigo, terei também junto a mim, meu filho, que Tu tens contigo! Amém! Esta oração foi escrita por um pai por ocasião da trágica morte de seu filho em um acidente, ocorrido em 1983 em Belo Horizonte/MG.

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116111 por Patrícia (*)

Quem diria ... Que por trás de brancos cabelos Pele e dentes igualmente alvos Que por trás de tanta existência Tanta batalha e experiência. Passa longe de ti Qualquer sinal De cansaço Nem sombra de idade Nem rastro de fragilidade Não se diz que foi difícil Tua vida Pois de tão bonita que é ainda Não se nota em teus traços Tua dor Tantas vezes sentida E omitida Não se percebe Que choraste Pois a máscara que usas Para proteger os seus Tuas lágrimas oculta. És exemplo de força e obstinação És prova de que ter vontade É poder tudo És símbolo de um amor que a tudo vence És representante de uma coisa universal. És mãe, acima de tudo. Parabéns! Por esses 61 anos Bem vividos . Sábios anos, bempensados Que hoje, seus tormentos Sejam recompensados Com esta vida bonita Que você nos dá de bandeja Como exemplo a ser seguido. (*)Nos 61 anos de seu pai Mário Dias de Oliveira, equipista de Teresópolis/RJ)

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O ABORTO Mãezinha ... não me mates novamente. Lutei, trabalhei, empenhei-me para conseguir a autorização para vir ao mundo: e tu te comprometeste comigo; comigo e com Deus ... Quanto me alegrei no dia em que tu, ao lado do papai, aceitaste receber-me em teu lar. Preparei-me confiando em teu amor. E no momento em que mais precisava de ti, me assassinaste ... Por que mãezinha? Por que? Quando me sentiste no santuário de teu ventre, trocaste de conduta e começaste a torturar-me. Teus pensamentos de revolta que ninguém ouvia, retumbavam em meus ouvidos inocentes como gritos dilaceradores que me afligiam enormemente. Os cigarros que fumavas me intoxicavam muitas vezes. Teu nervosismo, fruto da tua inconformação me resultavam em verdadeiras chicotadas. Quando decidiste abortar, ocorreu uma luta tremenda; tu querendo expulsar-me e eu lutando por permanecer. Por que fechaste os ouvidos à voz da consciência que te pedia compaixão e serenidade? Por que anestesiastes os teus pensamentos ao ponto de esqueceres que eu trazia um universo de bênçãos e alegria para ti? Haveria eu de ser filho obediente e amoroso. Iria te amparar em tua velhice. Todavia tu não quiseste. Olha as conseqüências: eu ator-

mentado por não poder nascer, e tu mãezinha enferma e triste, intranqüila. Tua mente castigada pela aflição e teus sonhos povoados de pesadelos. Por que mãezinha, p!Jr que não me deixaste nascer? "E cedo ainda", pensaste. Quero gozar a vida, passear, divertir-me, viajar. Os filhos, só depois. Todavia, nenhum fi Iho chega no momento inadequado. As leis da vida são sábias e ninguém nasce por acaso. Porém, pelo grande amor que te tenho, estou pedindo para ti a misericórdia de Deus. Até me atrevi a pedir a intercessão divina para que alcances a bênção do reequilíbrio, para que, em futuro próximo estejamos juntos, em teu ventre e tu, como sempre, em meu coração; eu alimentando-me de tua vitalidade e tu fortalecendo-me na grandeza de teus mais puros sentimentos. Mãezinha, por favor, não repitas teu ato premeditado. Quando sentires alguém batendo na porta de teu coração, serei eu, o filho rejeitado, que voltou para viver e ajudar-te a ser feliz. Mãezinha, não te esqueças de mim, não me abandones, não me expulses, não me mates novamente, necessito viver. (Autor desconhecido) "Em defesa da vida" Colaboração de Regina e João Eq. 37 - Setor G Ilha do governador - RJ

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O DIREITO DE VOTAR Participação. Crise. Cidadania. Direitos e Deveres. Governo.. . Nosso cansativo dia-a-dia é invadido por pessoas que propugnam opinar sobre esses temas e outros mais, Nunca travamos com a maioria qualquer contato. Celebridades, "lideres" políticos, comentaristas de televisão cuja coerência entre o que expressam e o que de fato fazem nos é impossível checar. Mesmo assim não evitam esconder uma lógica aparentemente irrefutável e uma sólida convicção de suas idéias. E nós, à noite, em frente às nossas tevês, somos o elo passivo dessa cadeia, receptores eventualmente inertes das idéias deles sobre democracia, participação, cidadania .. . E como se arvoram em ser nossos porta-vozes, ou em vender sonhos e fantasias de dias melhores ou catástrofes inexoráveis, se não diretamente para nós, ao menos para o nosso País. E assim a noite passa. É curioso que, quase sempre, ao deitar, nos esquecemos do que eles disseram. Aquelas notícias e opiniões nos escapam, porque, acredite, o que eles disseram, dentro da nossa sabedoria, não reconhecemos como importante, mesmo sem nos apercebermos. Por outro lado, nessa hora, com mais frequência, paramos para refletir sobre um diálogo mais brusco com um colega de trabalho, sobre frustações de expectativas pessoais, sobre as rusgas que tivemos com nossos maridos e mulheres, filhos, país, etc. É esse nosso cotidiano, que nos afeta e nos toca; que nos faz parar e pensar. Que merece a nossa profunda atenção e nosso tempo.

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Durante esse cotidiano, direitos e deveres se confundem. Será que é tão fácil delimitar com exatidão nossos direitos e deveres de pai, mãe, filhos? Onde começam? Analisar claramente as consequências de nossas ações (e omissões) junto aos nossos colegas de trabalho? Obiviamente, não! E, acreditamos, não devemos nos cobrar a posição daqueles "superhomens" televisivos, que representam o falso papel de saberem-tudo e para-tudo terem uma opinião . Somos falíveis, mas precisamos ter uma opinião sobre todas as coisas que acontecem. Sem esquecer nosso dia-a-dia, as nossas relações no trabalho e com nossos familiares, construídas a partir de nossas crenças na família e em Deus. Por isso, propomos a questão: Votar é um direito? Sim, se o fizermos de forma decisiva e consciente; se acreditarmos que as pessoas na qual depositamos nossa confiança tem um passado coerente com suas idéias e um projeto político que contribuirá para aperfeiçoar as coisas do nosso dia-a-dia. Por outro lado, votar tornase um dever (uma obrigação) se buscarmos nos outros responsabilidades que são nossas, íntrasferíveis, ou buscarmos nos discursos onipotentes e salvadores respostas distantes do nosso cotidiano e que, no final, servem apenas para nos manter amortecidos, esperando confortáveis a próxima atração da televisão . A opção cabe a nós fazermos. A próxima eleição é mais uma oportunidade de fazê-la.

Maria Cecília e Gaspar- EC/R


A PARTILHA GENEROSA A oferta em dinheiro que damos ao Movimento das ENS é a partilha generosa para manutenção e expansão com novas equipes no sentido de repartir com tantos outros casais quanto for possível o seu carisma principal: o crescimento do Amor Conjugal e da Família. Os casais dão suas contribuições mensalmente em cima do que ganharam , do que produziram naquele mês. Precisamos ser corretos no cálculo de nossas contribuições. Se ambos trabalham , o dinheiro a ser partilhado deve ser a soma do ganho do casal. Talvez por não sermos acostumados a dar o "Dizimo" à nossa Igreja, observamos que muitos casais relutam em contribuír com desprendimento e generosidade. Como deve-

mos saber, a nossa contribuição é mínima, ou seja, a soma do ganho do casal de um dia dividido pelo número de reuniões formais durante o ano. Seráqueémuito por tudo que de bom para a nossa vida nos trouxe esse maravilhoso Movimento? Na coleta das missas e eventos programados pelo Movimento o que arrecadamos muitas vezes mal dá para reembolsar os gastos, para a paróquia e para o celebrante. Precisamos refletir na generosidade, no desprendimento dos bens materiais, que são caminhos seguros para vivermos mais unidos ao Cristo e aos irmãos. "Um coração que ama sempre é generoso".

Nota da Redação: Com a implan-

resultando na quantia a ser doada em cada reunião (ver exemplo abaixo) . Outro aspecto importante é o da pontualidade na remessa da quantia arrecadada para a conta bancária do Movimento.

tação da nova moeda, o Real, e a expectativa de estabilização monetária, o Movimento espera que cada um dos seus membros contribua com uma quantia mensal mais firme e estável para que possamos cobrir nossas despesas. Nunca é demais lembrar o critério para calculo da contribuição mínima qual seja um dia de trabalho por ano . Assim , toma-se o rendimento mensal docasal, divide-se por 30 e o resultado é dividido pelo número de reuniões formais durante o ano (8, 9, 10),

Arlete e Lahire Equipe 15 A - N. S. da Glória Belém/PA

Exemplo: Rendimento mensal do casal = R$1.200 ,00 Número de reuniões formais durante o ano = 8 Contribuição por reunião = R$ 1.200 + 30 + 8 = R$ 5 ,00 CM Jui-Ago/94 - 31


A .. CASA DE MARIA .. E SEU EMBLEMA Os EACREs proporcionam-nos a oportunidade de conhecermos mais a fundo as regiões visitadas. Em março deste ano tive a ocasião de participar do EACRE de Londrina. Fui com alguma antecedência o que me permitiu, entre outras atividades, visitar a Casa de Maria - Centro de Apoio a depen-dentes. Com muita emoção e profundamente edificada tomei conhecimento dessa obra, fundada em 1990 pelos membros de uma Equipe, tendo à frente seu C.E. , Pe. Antonio Lobo. Essa Casa, mantida quase que exclusivamente por equipistas, conta hoje com a colaboração de alguns membros da comunidade e de uma pequena subvenção da Prefeitura. Começou modestamente, como começam as obras que Deus inspira: Pequena casa alugada , poucos recursos , grandes esperanças e muita fé. Algum tempo depois, os familiares do Pe. Lobo, em Portugal, tomando conhecimento da obra, fizeram uma doação que permitiu a aquisição de uma casa própria. Embora modesta, essa Casa abriga hoje o Centro de Atendimento aos dependentes e seus familiares , por meio dos seguintes serviços: Plantão diário, Informação , Triagem e encaminhamento , Acompanhamento, Prevenção e orientação básicas, Formação de grupos, Comunidade terapeutica, Ambulatório. Um ano depois, a doação de um 32 - CM Jui-Ago/94

pequeno sítio feita por um casal equipista, permitiu a inauguração da Comunidade de Tratamento onde são internados os dependentes da droga, do alcoolismo e outros vícios. Organizado nos moldes do Centro de Campinas, fundado pelo Pe. Haroldo , o tratamento usado é exclusivamente terapia do trabalho, da oração e da co-participação. A lotação é de 14 internos do sexo masculino que ali permanecem durante 9 meses, com a média de 60% de recuperação completa. Os outros 40% são encaminhados a outros tipos de tratamento. (1) A Casa vive da Graça de Deus, da generosidade e promoção diversas, dos que lá trabalham. O que me comoveu profundamente foi a história do seu emblema, que encima estas páginas: Maria, amparando com solicitude um dependente. A Casa de Maria precisava de um emblema. O desenhista procurado não pode atendê-los porque estava com o braço engessado. Indicoulhes um outro que desenhava muito bem, mas que se entregara à bebida e perambulava pelos bares. Após alguma procura localizaram-no em um bar. Solicitado, aquiesceu ao pedido e tomando de um papel qualquer, ali mesmo desenhou o emblema acima: Maria amparando com solicitude um dependente. E, depois disso, NUNCA MAIS BEBEU . (2) É a graça de Deus autenticando a obra do homem.


Que a "Casa de Maria" continue sob a sua proteção e realize com amor e perseverança a missão que se propôs.

Todos nós temos fé, rezamos, acreditamos na intervenção de Deus na História do homem. Mas, quando nos defrontamos com a evidência dessa intervenção, tudo em nós se comove, perturba-se e nossa alma de joelhos, crê, agradece e louva.

Obrigada, Senhor. Nancy C. Moncau

*** Casa de Maria Rua Capivari, 100 - Jd. Vera Liz Fone: (043) 328.0694 CEP 86.062-580- Londrina/PR.

(1) Em outro local já está iniciada a Comunidade de Tratamento para mulheres. (2) Recentemente pesquisa confirmou o fato acima e sua continuidade.

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES Ó Santa Família de Nazaré, comunidade de amor de Jesus, Maria e José, modelo e ideal de toda a família cristã, a tí confiamos as nossas famílias. Abre o coração de cada um dos lares domésticos à fé, ao acolhimento da Palavra de Deus, ao testemunho cristão, para que se tornem fonte de novas e santas vocações. Orienta a mente dos pais, para que com solícita caridade, sábio cuidado e amorosa piedade, sejam para os filhos guias seguros em ordem aos bens espirituais e eternos. Suscita no espírito dos jovens uma consciência reta e uma von-

tade livre, para que, crescendo em "sabedoria, em idade e em graça", acolham generosamente o dom da vocação divina. Santa Família de Nazaré, faz que todos nós, contemplando e imitando a oração assídua, a obediência generosa, a pobreza digna e a pureza virginal em ti vivida, nos disponhamos a cumprir a vontade de Deus e a acompanhar com prudente delicadeza os que entre nós são chamados a seguir mais de perto o Senhor Jesus, que por nós "se entregou a si mesmo". Amém. CNBB CNSB 31Q Dia Mundial das Vocações24 de abril de 1994

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EXPANSÃO I NOVAS EQUIPES • Americana/SP • Eq. 09 - N.S. Mãe de Jesus (Fruto da Ex.Co.) • CE: Pe. Itamar Gonçalves • CP: Jussara e Hélio (Eq.05) • Eq. 01 - N.S. do Bom Parto • Fruto da Experiência Comunitária e com a pilotagem de Ana e Elizeo (Eq. 05) é composta de seis casais.

VOLTA AO PAI • José Carlos (da Vânia Tereza), Eq . 03- N.S. do Perpétuo Socorro, de Campo Grande/MS em 20.03.94. Sempre dedicado às coisas da Igreja deixa alegres lembranças e muitas saudades a seus irmãos equipistas. • Terezinha de Jesus do Rego (viúva do Nelito), Eq. 01 deSantos/SP em 04.04.94. Foi sepultada em 05.04 com missa de corpo presente celebrada por D. David, da diocese de Santos e D. Manoel Pereira (da Diocese de Anápolis/GO, que por mais de 20 anos foi CE da Eq. 01), coadjuvados por Frei Eugênio (atual Ceda Eq . 01). Mons. Primo Vieira e Mons. Nélson de Paula. Exatamente há 36 anos antes, ou seja em 05.04.58 foi realizada na residência de Terezinha e Nelito, a primeira reunião da Equipe 01. • em 25 .06.94 completou-se um ano da Volta ao Pai de Modesto Guglielmi da Eq. 06/Ade São Paulo/SP. Advogado brilhante e ex34 - CM Jui-Ago/94

deputado estadual participou ativamente do Movimento por mais de 25 anos. • Ary Ferreira Dias (viúvo da Lourdes). da Eq. 08 - N.S. do Carmo de Jaú/SP. Deixa exemplos de vida cristã, entusiasmo e dedicação aos irmãos e à comunidade .

CONSELHEIROS ESPIRITUAIS • Num clima de muita alegria e emoção, foi ordenado padre em 23.01.94, o diácono Nélio José dos Santos, CEda Eq. 16- N.S. das Graças da Coordenação de Benfíca, Juiz de Fora/MG. A equipe deslocou-se até Ritápolis/MG para assistir à celebração que comoveu a todos os presentes, pois é o primeiro padre nascido naquela cidade. • Em missa de ação de graças, celebrada na Capela de N.S. de Fátima em Teresópolis/RJ, Frei Agatângelo, CEdas equipes 02 e 04 comemorou os seus 50 anos de Ordenação Sacerdotal. Recebemos de Fátima e Jerson Quintella (Eq. 04) um resumo biográfico entitulado "Nunca me imaginei outra coisa a não ser padre" destacando a vida sacerdotal daquele querido e admirado amigo.

DEFESA DE TESE • Lincoln Alison Pape (da Cybele), Eq. 58/C Rio I, que é Diácono Permanente, acaba de defender tese de Mestrado em Direito Canônico, perante Banca Examinadora credenciada pela Universidade Gregoriana de Roma.


Foi-lhe conferido grau de Máximo Louvor.

EVENTOS • Auxilium e Julio Torres, do Setor A de Manaus/AM, médicos e responsáveis pelo CENPLAFAM estiveram em Santarérn/PA de 21 a 23.04.94, a convite da Pastoral Familiar da Diocese quando ministraram palestras sobre Planejamento Familiar através do método natural "Billings". Os encontros foram prestigiados por movimentos religiosos, médicos, profissionais da saúde e comunidade em geral. • As equipes de São José dos Campos/SP, realizaram no mês de abril passado as reuniões de equipes mistas que trouxeram muitos frutos para diversas famílias. O tema foi o da última Campanha da Fraternidade: A Família como vai? A preparação para a reunião se deu em três momentos. O primeiro foi a realização de um estudo bíblico em família . O segundo, e sem dúvida, o mais marcante foi a realização, por cada casal, de uma "Missão Equipista" sendo este o assunto da coparticipação na reunião. O terceiro foi o estudo do tema propriamente dito. Os leitores interessados no material utilizado poderão entrar em contato com Maria Tereza e Valdilson pelo telefone (0123) 23.2616. • O Setor C de Juiz de Fora/MG, recentemente criado, sob a responsabilidade de Olinda e Melquiades (Eq . 05) promoveu em 10.04 passado um churrasco de confraternização que reuniu 160 participantes entre equipistas e seus filhos e que também contou

com a presença do CR Astrid e Ribeiro . • As equipes de Santarérn/PA realizaram entre 13 e 15.05.94 o seu Retiro Anual pregado por Pe. Auricélio Paulino, o mais novo CE daquela cidade. Com a participação de 32 casais equipistas, 03 casais de Ex. Co., 04 casais convidados, 01 viúvo (também aquipista) e uma religiosa este 1OQ Retiro das ENS foi, no dizer de Jussara e Daniel, "o melhor de suas vidas". Deles recebemos um depoimento contendo o desenrolar do retiro. • Ao ensejo do Ano Internacional da Família e da CF-94, os equipistas de Florianópolis/Se realizaram em 30.04.94 um dia de oração todo dedicado a seus membros e convidados. Ao final da tarde, Pe. Edgard (CE do Setor) encerrou a programação com a celebração da Santa Missa. Recebemos de Djanira e Cézar Andrade o logotipo, programação e material sobre o evento que se encontram à disposição de todos os interessados pelo fone/fax (0482) 32.0206. • Realizado em Jacareí/SP em 14.05.94 o "Encontro de Primeira Hora" reunindo os "antigos jovens" com os "futuros velhos" das ENS da Região São Paulo-Leste, reunindo casais de Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Taubaté, São José dos Campos, Jacareí, com a presença do CRR Heloisa e João Maurício. Muito marcante a participação de D. Nancy Moncau que abriu o encontro com uma comparação entre a primeira equipe de Cristo, formada pelos apóstolos com a primeira ENS formada no Brasil há 44 anos. SeguiCM Jui-Ago/94 - 35


ram-se depoimentos de alguns casais sobre a fundação e expansão do Movimento em suas cidades, com destaque para Glorinha e Moacir, equipistas de 1ªhora no Vale do Paraíba. Completando as alegrias e emoções daquela tarde, Pe. Vieira, CE da Eq. 01 de Jacareí celebrou a Santa Missa.

HOMEM E MULHER NO CAMINHO DA VIDA· Urbano Zilles • Ed. Santuário - Aparecida, SP, 1993- 142 pgs.

U. Zilles aborda o amplo tema do relacionamento masculino /feminino sob os diversos aspecUABAN() Zlllf" tos, desde o sexual ao social; da mais remota antiguidade, aos dias de hoje; da origem bíblica, às suas finalidades escatológicas. Quando nossa atenção e nossos cuidados voltam-se para a Família, sob a angustiante fórmula : E a família, como vai? trata-se esta obra de leitura indispensável pois, como assinala, é ela "o lugar onde o homem encaminhar-se-á para sua realização ou frustração humana e cristã".

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RECOLHIMENTO Com pregação de Frei José Carlos Correa Pedroso será realizado em São Paulo, Capital, um Recolhimento ("Retiro Aberto") nos dias 27 e 28 de agosto. Maiores informações: com Maria/ba (Te/. 887.1578) ou com Niza (287.3207).

O PROTAGONISMO DOS LEIGOS NA EVANGELIZAÇÃO ATUAL· Perspectivas Pastorais nº 5 - José Ernanne Pinheiro (Coordenador) • Paulinas, São Paulo, 1994-198 pgs.

Os leigos fazem parte integrante da Igreja? Ou será que so5 mente os cléOPROTAGONISMO rigos têm :lOS LEIGOS esse direito? NA EVA!'GELIZACÃO ATilAL Na verdade, ambos, leigos e clérigos fazem parte do Povo de Deus; são cristãos cuja missão é levar ao maior número possível de fiéis a Palavra de Jesus e seus ensinamentos. Esta obra, composta de sete artigos, e de cinco depoimentos de leigos, em atuação nos meios eclesiais, aborda os mais va riados aspectos do laicato: raízes históricas, espiritualidade, formação, protagonismo, vivência, dificuldades e outros.


Queridos Irmãos Beth e Rômolo e Pe. Mário A paz de Jesus! "Louvai o Senhor por suas obras maravilhosas, louvai-O por sua majestade infinita". (Salmo 150,2). Iniciamos a presente, louvando o Senhor por suas obras maravilhosas! Somos a sua obra prima, imagem e semelhança de um Deus amor, que nos fez participantes desse Amor. Toda nossa vida, é e será participação do Seu Amor, porém, o que ficou mais evidente foi desde o dia que ingressamos no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, quando percebemos que aqui estávamos sendo chamados a um amor maior. O dinamismo do amor de Deus é tão abrangente que em nós foi se fazendo realidade a partir de cada "sim" ao seu chamado para um serviço especifico no Movimento. A primeira experiencia disso, foi no dia 23-10-82, quando ingressamos nas Equipes de Nossa Senhora. A segunda, no mês de maio/83, quando eleitos primeiro casal responsável da equipe N2 1 de Rio Preto- Nossa Senhora Mãe Imaculada. A terceira, em 1985, quando participamos do Encontro Nacional em ltaici a convite doCasal Responsável do Setor de Catanduva e sucessivamente até 1993. A quarta, quando aceitamos

pilotar a Equipe N° 4 de São José do Rio Preto e a partir dela, muitas outras, seguindo-se o chamado para coordenadores de Experiências Comunitárias. A quinta, quando aceitamos ligar as equipes de São José do Rio Preto, ao Setor de Catanduva. A sexta, em 28-0986, quando foi criada aqui, a Coordenação e fomos chamados para CRC. A sétima, em 13-05-88, quando recebemos o convite para o Encontro Internacional e Sessão de Formação em Lourdes a se realizar no mês de setembro daquele ano. A oitava, em 04-12-88, com a passagem da Coordenação a Setor, fomos indicados para CRS. A nona, em 18-11-89, quando convidados para assumir a Região São Paulo-Norte, como Casal Responsável Regional e que permanecemos até o dia 30-04-94. Por tudo isso, Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, porque em todos esses "sim", o Senhor fez em nós maravilhas! É lindo poder participar do Amor de Deus, em cada "encontro", em cada amigo, em cada "ida e vinda" de uma missão cumprida na função de Regional. Ao redigir esta carta, rememoramos um pedaço da nossa história que vocês nos ajudaram a escrever: - muitas viagens, carro quebrado nas estradas, tempestades, rodovias alagadas, quando não, trânsito intenso e muita oração, muita reza do terço. Mas quando CM Jui-Ago/94 - 37


chegávamos para uma reumao, ou uma visita, ou na criação de uma Coordenação ou nas passagens para Setor, ou nos EACRES que ao todo foram 13 desde a nossa entrada nas Equipes de Nossa Senhora. A alegria do encontro, da acolhida, da solidariedade, do amor vivido nesses espaços de tempo, compensava tudo, porque o amor pelo Movimento, o amor por todos vocês era de uma dimensão divina e essa experiência teve sentido de eternidade. Queremos agradecer-lhes por confiar em nós, por permitir-nos servir o Senhor na função de Regional. Queremos agradecer também pela disponibilidade que sempre tiveram quando convocados para nossas reuniões de trabalho e pelo zelo à frente do Movimento em seus Setores. Nossos agradecimentos são também extensivos a Beth e Rômolo, ao Padre Mário, a Olguinha e Toninho e depois Silvia e Chico que nos orientaram na função e acreditaram em nós. Também ao Padre Jarbas nosso SacerdoteConselheiro Espiritual-Regional que muito nos ajudou nos retiros, EACRES, Inter-Regionais e que esteve sempre atento a todas as necessidades do Regional nas Celebrações de fim de ano, EACRES e em todo e qualquer evento. Ao padre João de Guapiaçu que, com seu amor disponível nos ajudando com todo tipo de dupli-

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cação de documentos necessários para a realização de retiros, ECRES, Inter-Regionais, ou qualquer outro serviço que se fizesse necessário, no seu computador. Foi muito bom conhecer Santa Rosa de Viterbo, Ribeirão Preto, Casa Branca, José Bonifácio, Catanduva, Guapiaçu, Votuporanga, ltumbiara e conviver mais de perto com os três Setores de São José do Rio Preto. A todos equipistas de base que com tanta atenção nos ouviram, com tanta alegria nos receberam, a nossa eterna gratidão. À ECIR, nossa gratidão, a nossa saudade das nossas reuniões do colegiado. Vamos continuar servindo o Movimento, naquilo que de nós precisar porque como equipistas fomos chamados a servir a Deus. Finalizando, comunicamos ao querido casal e pedimos que passe a todas as equipes de seu Setor que no dia 30-04-94 passamos a função de Regional para nossos continuadores: Natalina e Roberto, de Catanduva, residentes à Rua Rio Claro, 64 - Fone (0175) 22.2666. Desculpem pelas nossas omissões. Dêem-nos a oportunidade de exercermos a hospitalidade, nos visitando, quando quiserem. Estaremos esperando com alegria, unidos no "Magnificat". Rosinha e Anésio


UM ORIGINAL QUANTO VALE? Vivemos em constante contradição. Em outras palavras, nossas atitudes dizem que somos incoerentes. Isto mesmo. Falta-nos a coragem de ser nós mesmos. A busca da autenticidade é uma luta que dura a vida inteira. Dentro deste contexto somos levados a refletir sobre o valor de a gente ser original ou de ser cópia. E claro que ser original, viver a gente mesmo nos compromete a ser diferentes. Ser cópia é mais fácil, é buscar ser igual aos outros, é cultivar o comum, é reproduzir. Por outra parte, todos nós já experimentamos como no mundo material das criações, das obras e das artes, se dá valor extraordinário para aquilo que é original. Há, em todos os campos, verdadeiros "caçadores" de originais. Quando se procura adquirir um bem original se teme o ser enganado por uma cópia. Cercamos-nos de toda a forma de garantias, pedimos o certificado de originalidade. O valor do original não se discute, se luta por ele. Assim agimos com a arte, com a moda com os bens de consumo, mesmo os mais comuns, até na escolha de um chinelo. No campo dos bens materiais nem sempre aceitamos imitações. Mas quando se trata da qualidade de nós mesmos, de nosso agir, de nossa concepção de vida e valores aí, não poucas vezes, mudamos de critérios. Nem sempre fazemos questão de ser originais, defender uma idéia, testemunhar

uma convicção, lutar por valores que ultrapassem os sentidos. Tememos produzir impacto; preferimos reproduzir comportamentos, atitudes, idéias copiadas de todo mundo e de valor discutível. Receamos ser diferentes e mesmo parecer, por isso escondemonos debaixo da pobreza das cópias , preferimos reproduzir cópias . Desprezamo-nos como original. Seguimos os modelos do que aparece, do que se faz, do que todo mundo aceita. Sujeitamo-nos à reprodução em massa. Defendemos o sistema da linha de montagem. Tudo igual não incomoda, e nos acomodamos. Mas a satisfação momentânea aos poucos nos corrói pelo tédio) pela monotonia, pela pobreza. E indigno à pessoa humana negar sua originalidade. Como seres únicos fomos chamados a dar nossa colaboração neste mundo. Apenas reproduzir, e o que é pior, reproduzir aspectos limitados que a fraqueza humana estabelece, será negar-se a ser o fato original que engrandece o mundo na sua diversidade. Podemos nos contentar com as cópias da natureza material, pois, a matéria original ou a cópia, se esgota em si. Mas como pessoas, nossa dignidade sobrenatural exige vivermos como originais. A maior coragem se mostra em sendo nós mesmos. Jô e Conrado Vasselai Equipe 1 Bragança Paulista/SP

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O MAGNIFICAT- TROCADO EM MIÚDOS Assim falou Maria depois que Deus a escolheu para ser a Mãe de Jesus: "Quero render graças ao Senhor, porque ele, apesar de minha insignificância, pôs os olhos em minha pessoa, e me escolheu para ser a Mãe do meu próprio Salvador". "Sei o que, a partir de hoje, as pessoas irão dizer de mim. Irão dizer que sou a mais ditosa entre todas as mulheres da terra". "Mas eu não tenho merecimento algum, pois foi Deus quem me escolheu e em mim realizou tão grande maravilha". "Ele é o único que merece todos os louvores. Seu nome haverá de ser engrandecido no meio de todos os povos, pois ele não deixa de espalhar sua bondade no coração daqueles que o amam". "Eu bendigo a força de seu braço que reúne os homens em sua casa - e contesto o orgulho dos corações mais duros que não querem se dobrar ao amor".

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"Bendigo sua sede de justiça que enaltece os humildes - e contesto os prepotentes que se instalaram num trono de glória". "Bendigo sua ternura de Pai , que prepara uma mesa farta para os pobres - e contesto os ricos que não se importam com o clamor dos famintos". "Bendigo seu amor, que jamais desampara seu povo - e contesto os que não respeitam a Aliança que ele fez com nossos pais". "Porque ele é sempre fiel às promessas feitas a Abraão e, nele, a todas as gerações que hão de vi r". Este foi o discurso da nossa Rainha, diante de um mundo a ser evangelizado. Ainda hoje, ela nos lembra que a misericórdia do Senhor é sempre a mesma, e nos aponta as injustiças que nós mesmos andamos praticando. Colaboração Equipe 5 - N. S. das Graças Santo André-SP


MEDITANDO EM EQUIPE (15 de agosto - Assunção de Nossa Senhora) TEXTO DE MEDITAÇÃO: Evang. de S. Lucas, Cap. 1 Vers. 39 - 56 "Onde entra Maria entra Jesus, entra a graça. Isabel é cheia do Espírito Santo, o menino que traz no seio é purificado do pecado antes de nascer e toda a casa exulta de alegria. Tal como então, o mesmo se repete hoje, por que Maria é Medianeira da graça e onde ela entra traz consigo Jesus Redentor" (Comentário da Bíblia- Edições Paulinas). Para Refletir: Qual o sentido que tem para nós, nos dias de hoje, as palavras do Magnificat? Como cristãos e como equipistas, qual a mensagem que delas podemos tirar para a nossa vida?

ORAÇÃO: Todos:

Deus onipotente e eterno que em corpo e alma assumistes à glória celeste a Imaculada Virgem Maria, Mãe do Vosso Filho, Vos rogamos que procurando sempre as coisas do alto mereçamos ser participantes de sua glória.

Mulheres: Maria cuja humildade foi exaltada por Deus intercedei por nós para que, vivendo em humildade, possamos alcançar a vida eterna.

Todos:

Maria, intercedei por nós!

Homens: Maria, portadora do Cristo filho de Deus Vivo, sede também para nós um caminho de encontro com Cristo e intercedei para que sejamos purificados dos nossos pecados.

Todos :

Maria, intercedei por nós!

Todos:

Suba até Vós Senhor a nossa devoção e pela intercessão da Santíssima Virgem Maria assunta ao céu, os nossos corações acesos pelo fogo da caridade a Vós sempre aspirem. Por N.S.J.C. Amém



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