ENS - Carta Mensal 296 - Novembro 1993

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I CARTA jMENSAL


RESUMO • Nossa inserção na Igreja vem marcada, neste número, de várias formas: participação na Pastoral Familiar (pg. 2), no Encontro Nacional de Leigos (4), em diversas reflexões sobre o Advento (5), numa transcrição do que diz o recente Catecismo da Igreja Católica sobre o sacramento do Matrimônio (9) e nas Notícias Breves (43). • Algumas reflexões nos fazem sentir a importância do tema recém lançado: Amor, Felicidade, Santidade (10). • Uma série de matérias para nos ajudar em nosso aprofundamento (11). • Uma meditação de Pedro Moncau prenuncia o novo livro de Nancy Moncau (19). • Diversos testemunhos: sobre política e fé (21); sobre Experiência Comunitária (28) e nas diversas mensagens da seção Intercâmbio (37). • Como sempre, Maria está presente na sua fé (23) e na sua presença entre os peregrinos de Aparecida (24). • Para enriquecer nossa preparação para o Ano da Famflia, uma proposta de Chiara Lubich (26). • Um recado aos jovens (29) e uma mensagem sobre os idosos (48). • Uma alentada matéria de grande atualidade sobre nosso mundo urbano (30) . • As seções Nossa Biblioteca (36), Notícias e Informações (45), além das sugestões para Meditação (sobre o Balanço) e Oração (49) completam este número. Boa leitura!


Ao longo destes anos todos, como não poderia deixar de ser, o nosso Movimento - e com ele a nossa Carta Mensal - vem se modernizando e se atualizando. Afinal, se vocês olharem no "expediente" ao pé da página em frente, vocês poderão constatar que temos hoje uma tiragem de 8.200 exemplares, bastante respeitável mesmo em termos de outros tipos de revistas comerciais que circulam no país. E não seria possível prestarmos este serviço a tão grande número de equipistas, sem utilizarmo-nos dos meios mais modernos que a tecnologia coloca hoje à nossa disposição. O cadastro dos equipistas- e, portanto, dos que recebem a Carta Mensal -já vem sendo processado em computador há algum tempo. Este cadastro recebe uma permanente atualização ... quando, naturalmente, os dados são enviados ao Secretariado. Estão ali registradas todas as equipes, todos os casais e os conselheiros espirituais. Os serviços gráficos da Carta Mensal são, hoje, também processados integralmente em computador, através de sistemas de editoração eletrônica. Ao passarmos para estes sistemas, obtivemos não só maior qualidade, mas também maior agilidade e rapidez nos serviços. Igualmente, as matérias e artigos que recebemos são hoje todos cadastrados eletronicamente, facilitando-nos a sua indexação e, por conseqüência, a busca. Complementando esta modernização, dispomos, a partir deste mês, no Secretariado Nacional, de um telecopiador - vulgo fax. A maquininha está acoplada ao telefone (011) 34-8969 e está à disposição de vocês, esperando de braços (?) abertos as suas comunicações, seus avisos e as suas contribuições para a Carta Mensal. Assim como suas críticas e sugestões. Afinal, este é o mês do balanço ... Com um fraternal abraço da Equipe da Carta Mensal

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V ENCONTRO NACIONAL DE PASTORAL FAMILIAR Realizou-se na cidade de Sal-

colocações e círculos de traba-

vador, na Bahia, entre os dias 4

lho, podendo-se destacar três

e 6 de setembro próximo passa-

momentos fortes no transcorrer

do, o V Encontro Nacional de

de todo o encontro. Após a cele-

Pastoral Familiar, dando se-

bração litúrgica de abertura, ani-

qüência aos encontros realiza-

mada pelo coral dos meninos de

dos nos anos anteriores nas

Alagoinhas (BA), tivemos a pri-

cidades de Belo Horizonte, Bra-

meira palestra, proferida pelo frei

sília, Recife e Florianópolis. Des-

Antonio Moser. Ele falou sobre

te encontro participaram cerca

"A Pastoral Familiar a Partir dos

de 290 pessoas, sendo oito bis-

Menos Favorecidos". Sua expla-

pos, aproximadamente 40 reli-

nação abrangeu o aspecto de

giosos e mais de uma centena

quem são os menos favorecidos

de casais.

à luz de documentos recentes,

Este encontro mostrou a preocupação do clero e dos leigos para com as famílias brasileiras, em especial com as menos favorecidas, que constituem hoje a grande maioria em nosso país.

sob o ponto de vista das ciências humanas e sociais e do ponto de vista cultural ético, e religioso. Num segundo momento abordou o problema de como ajuizar teologicamente esta situação, através dos parâmetros de Je-

Para se refletir e propor ações

sus, dos ideais para o matrimô-

concretas no campo da Pastoral

nio e a família, bem como da

Familiar, foram feitas diversas

hermenêutica do ethos cultural e

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religioso. Por fim, apresentou o

marcado pela comunicação feita

questionamento do que os me-

por Dom Lucas Moreira Neves,

nos favorecidos podem esperar

arcebispo de São Salvador da

da Pastoral Familiar, quando ele

Bahia, o qual enfocou a proble-

apontou os seguintes rumos:

mática dos Meios de Comunica-

que seja uma Pastoral verdadei-

ção Social frente à família. Em

ramente Familiar - onde ele te-

sua explanação procurou mos-

ceu considerações sobre a

trar como a televisão, principal-

diferença entre a Pastoral da Fa-

mente, está invadindo nossos

mOia e a Pastoral Familiar - que

lares e destruindo os valores da

assuma os pressupostos de uma

família em todos os sentidos.

Evangelização inculturada e, fi-

Conclamou, pois, os cristãos

nalmente, que os integre nos

conscientes a se posicionarem e

seus quadros.

se movimentarem em campa-

A seguir foi realizado um painel contando com a presença da Ora. Zilda Arns, coordenadora

nhas de transformação e melhoria dos programas atualmente veiculados.

nacional da Pastoral da Criança,

Ao final do encontro, os partici-

Padre Pinazza, coordenador da

pantes elaboraram uma Carta de

Pastoral do Menor e Dr. Cezare,

Intenções a qual deverá estar

um italiano radicado no Brasil há

sendo enviada a todas as dioce-

algum tempo, dedicado a um

ses nos próximos dias.

profícuo trabalho com os meninos de rua, fundador do movimentoAxé. O terceiro momento forte foi

Maria Regina e Carlos Eduardo EC/R

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DEUS MOSTRA SUA CARA NO MEIO DOS LEIGOS "Quando um ou mais estiverem reunidos em meu nome, ali Eu estarei ... " Bem que Ele poderia ter dito assim : "Mesmo que os homens não me vejam entre eles, Eu mostrarei a minha cara, quando estiverem reunidos em Meu Nome. Ou será que isto está dito nas entre linhas da sua Palavra? Foi assim que percebemos o Senhor no meio dos leigos, quando participamos do li Encontro Nacional de Leigos, em Lins-SP. Uma experiência que nos fez crescer muito. Toda vez que se está muito próximo do Povo de Deus, mais próximo Dele nos sentimos e mais graças sentimos que recebemos. Estivemos convivendo com o Povo de Deus de todo o Brasil de norte a sul e foi doloroso constatar como este tem uma luta sofrida para sobreviver e manter sua fé em Jesus Cristo. Nós, como cristãos equipistas, estávamos junto com eles, ou melhor éramos um deles. Muitas perguntas , muitos questionamentos nos fizemos . Quais nossas atitudes de comunhão e participação para tornar a vida de nosso irmão mais necessitado um pouco melhor? 4- CM Novembro/93

Qual nossa contribuição para tornar menos sofrido este povo, social e politicamente? Será que temos consciência do nosso real papel de filhos de Deus? Na verdade um único questionamento se faz urgente: - O que temos feito concretamente como leigos inseridos em uma Igreja caminhante? Nós, enquanto cristãos, famílias estruturadas no amor de Cristo, não podemos mais estarmos felizes e confortavelmente instalados na conchinha da nossa equipe, na concha bonita que é o nosso Movimento . Nossa conchinha e a concha maior tem que estar no mar, isto é, se fazer presente no mundo com todo nosso potencial. Deus entregou ao homem e á mulher uma tarefa, uma missão: serem colaboradores Dele para fazer desta criação uma casa feliz para todos, para irem formando uma grande fraternidade universal. Para isto Deus precisa da ação do homem e da mulher, de nós casais. Esta foi a cara que o Senhor nos mostrou, lá em Lins , Deus explodiu instante por instante, ainda que esta explosão tenha sido em rostos marcados, em vidas que lutam , em irmãos cansados, frá-


geis e sem forças, Deus se revelou e se fez ver, dizendo-nos: - Venham! Entrem no meio da roda dos leigos cristãos, sejam famílias cristãs no mundo que tanto precisa da atuação de vocês! Vamos procurar o CRL (Conselho Regional do Leigo) de nossa Diocese e partici-

par, fazendo Deus se tornar real, vivo e presente no meio de todos. Afinal... A quem muito é dado, muito será pedido. C/eusa e Luiz Fernando Equipe37 Brasília-DF

ADVENTO: PREPARAÇÃO E PROMESSA Muitos daqueles homens tinham adormecido para o mais essencial de suas vidas. Hoje, o Senhor vem ao nosso encontro e nos lembra: "Vigiai e orai"; "Acordai do sono", porque também nós podemos esquecer do mais fundamental da nossa existência. Este tempo de Advento, de preparação e de promessa, é o mais propício para apontar claramente aquelas coisas que nos afastam de Deus e removê-las. O exame de consciência, diário, deve ir à raiz mesma dos nossos atos, aos motivos das nossas ações. O Messias, Príncipe da Paz, traz-nos a alegria e a paz.

Quando o Messias chegou, poucos O esperavam realmente. "Veio até os seus e os seus não O receberam" (Jo 1,11 ).

O pecado, ao contrário, traz a solidão, a inquietação, a tristeza na alma. A paz do cristão é ordem interior e uma plena confiança no Senhor que nunca nos deixa. Perde-se a paz pelo pecado, pela soberba e a falta de sinceridade CM Novembro/93- 5


consigo mesmo e com Deus. "Em Tua misericórdia apóia-se toda a minha esperança. Não nos meus méritos mas em Tua misericórdia". (Sto. Agostinho) Esta confiança nos impulsiona a voltar muitas vezes ao Senhor mediante o arrependimento das nossas faltas e pecados, especialmente no Sacramento da Misericórdia Divina que é a Confissão. Neste tempo que antecede ao Natal, reflitamos: Qual é a nossa Esperança? Que atitudes minhas, em família, no trabalho, em equipe, no meu ambiente dificultam a paz? Quais os obstáculos que me separam do Senhor? Em seguida, o nosso abraço carinhoso ao Pai no Sacramento da Reconciliação. "Preparai os caminhos do Senhor! Aplainai as suas veredas". (Mt 3,3) Aproximando-se de Nazareth ... "Jesus dev ia parecer com José ... no modo de trabalhar, em traços do seu caráter, na sua forma de falar!" José, esposo de Maria, trabalhava e cuidava de Jesus e de Maria. Este "programa de vida" vem ao encontro de uma necessidade hu-

mana de intimidade com Deus. Com simplicidade, como José, precisamos integrar a nossa atividade numa vida de união com Deus, termos uma só dimensão. Como cristãos, não podemos nos afastar do mundo para encontrar a Deus. Pelo contrário, o barulho do mundo: preocupações, dificuldades, fracassos, aflições ... deve ser matéria de oração, deve ser santificado. Isto é autêntica vida contemplativa, sintonia com a Criação. Queremos reconduzir a Deus a Criação! O mundo que precisamos silenciar é o mundo interior: de egoísmo, de vaidade, de amor próprio. Para manter a presença de Deus na nossa vida de cada dia, é preciso identificar com clareza quais são para cada um de nós os "predadores" da presença de Deus e com o auxílio dos Pontos Concretos de Esforço, tomar as medidas adequadas. Depois, como São José ... trabalhar, com perfeição e amor, e cuidar de Jesus e de Maria. Mais nada! Patrícia e Paulo Equipe33/8 Rio 111

É TEMPO DE ADVENTO: TEMPO DE REFLEXÃO. Não que seja só agora, mas sem dúvida é um tempo muito forte 6- CM Novembro/93

para nós, Povo de Deus, Igreja peregrina, santa e pecadora. É


tempo de nos perguntarmos e estarmos prontos a refletir com muita honestidade: será que Deus Pai, hoje mandariaseufilhoJesus para nos redimir? Como me coloco diante do Presépio? Sou um membro vivo que tem se esforçado para merecer estar ali ao lado do Menino Jesus? As minhas atitudes revelam essa adesão a esse menino que nasceu por minha causa? Para que eu possa ser livre? Será que entendo essa mensagem viva de Deus Pai , essa suprema tentativa de comunicação conosco? E esse Jesus - missão "assim como o Pai me enviou eu também vos envio", é entendido por mim, membro da Igreja? Jesus se tornou um de nós para que pudéssemos , através dele, conhecer a vontade do Pai. "Eu sou o enviado do Pai". Parece tudo tão claro. "Como o Pai me enviou , eu também vos envio". Não há dúvidas, tudo está dito: somos enviados, nossa vida tem uma dimensão missionária. Na exortação apostólica "Christifideles Laici" nós , leigos, somos chamados, por nossa índole secular, a assumir nossa missão no mundo. Nosso Movimento, em sintonia com os apelos da Igreja, lançou as seis prioridades que devem nortear nossa caminhada equipista. A messe está aí, carente de operários; a missão é nossa,

pelo Batismo somos responsáve,, pela construção desse Reino aqui e agora, não podemos esperar pela eternidade. E voltamos a contemplar o menino no Presépio, Ele que levou sua missão até as últimas conseqüências, Ele que sempre esteve atento às carências e necessidades dos que o cercavam : "Que queres que eu faça?" , era essa a pergunta que fazia a quem o procurava, demonstrando, com essa preocupação, sua profunda sensibilidade e espírito de ajuda indo ao encontro da realidade daqueles irmãos. É esse o modelo a seguir, a verdade revelada, o caminho da felicidade. Assim, quando sobrevier a tentação de, como Pedro, querer parar e ficar instalado dentro de nossa equipe: "Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas, uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias" , possamos nos lembrar que, no que nos conta o Evangelho, aqueles que verdadeiramente se encontram com Jesus não puderam mais ficar inertes: o Menino nos impele a caminhar na direção dos nossos irmãos, daqueles que mais necessitam: "Que queres que eu faça?" Que o advento do Natal seja para cada um de nós, na nossa família, na nossa equipe, ocasião propícia para uma avaliação sincera de nossa caminhada e de CM Novembro/93 - 7


firmes propósitos para nossa vida de cristãos . Que tenhamos a humildade do cego Bartimeu ao suplicar a Jesus: "Senhor, que eu possa ver" (Me. 10,51) e possamos pedir em nossas orações que

tenhamos nossos olhos bem abertos para a verdade de Deus e para a necessidade dos irmãos. Regina Lúcia e Cleber RR RIO 111

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TEMPO DE ADVENTO: .. VEM, SENHOR JESUS! .. O que significa a palavra "Advento?" É a tradução do latim "Adventus", e significa "o Dia da Vinda". Muitos templos só abriam suas portas naquele dia para receber a "divindade" que viria visitálos. Quando e onde começou o tempo litúrgico do Advento, como hoje o conhecemos? Vários livros nos contam que começou no século IV, na Gália e depois na Espanha. Era um tempo de jejum e sacrifícios pois visava a festa do Batismo ou Epifania. A partir do século VIl, é acrescentado a esse tempo, principalmente na Itália, o aspecto escatológico : a preparação para a segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. O Advento insiste em nossa conversão, ou seja, em prepararmos, alegres e ligeiros, mas com muita esperança o caminho do Senhor que vem. Nas comunidades e através delas o Cristo "vem" , estabelece o seu

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Reino, e convida as pessoas a participarem , a aderirem. No meio delas há sempre aqueles que têm maior sensibilidade para perceber estes "sinais", da presença e da ação de Deus na história. São os profetas de ontem e de hoje. A Liturgia do Advento destaca dois deles de modo particular: Isaías e João Batista. Além deles há uma pessoa muito especial que faz parte do Advento: MARIA, a mãe de Jesus e nossa mãe . Sem ela Deus não poderia ter realizado o seu plano de se fazer um de nós. Precisou do sim de Maria e hoje precisa do sim de sua Igreja para poder nascer entre nós. Digamos como ela: "Eis a Serva do Senhor!" É tempo de Advento; é tempo de preparação! do Boletim de Niterói (Baseado em textos do livro "Preparando o Advento e o Natal" - fone Buyst)


S. Paulo diz: "Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja ... É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a sua Igreja" (Ef 5,25.32). O pacto matrimonial, pelo qual um homem e uma mulher constituem entre si uma íntima comunidade de vida e de amor, foi fundado e dotado de suas leis próprias pelo Criador. Por sua natureza é ordenado ao bem dos cônjuges como também à geração e educação dos filhos. Entre os batiza1 dos, foi elevado, por Cristo Senhor, à dignidade de sacramento( ). O sacramento do Matrimônio significa a união de Cristo com a Igreja. Concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja; a graça do sacramento leva à perfeição o amor humano dos esposos, consolida sua unidade indissolúvel e os santifica no caminho da vida eterna. O Matrimônio se baseia no consentimento dos contraentes, isto é, na vontade de doar-se mutuamente e definitivamente para viver uma aliança de amor fiel e fecundo. Como o Matrimônio estabelece os cônjuges num estado público de vida na Igreja, convém que sua celebração seja pública no quadro de uma celebração litúrgica diante do sacerdote (ou de testemunha qualificada da Igreja), das testemunhas e da assembléia dos fiéis. A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade são essenciais ao Matrimônio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimônio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida 2 conjugal de seu "dom mais excelente", a prole( ). O novo casamento dos divorciados ainda em vida do legítimo cônjuge contraria o desígnio e a lei de Deus, que Cristo nos ensinou. Eles não estão separados da Igreja, mas não têm acesso à comunhão eucarística. Levarão vida cristã principalmente educando seus filhos na fé. O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de "Igreja doméstica ", comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã. Resumo do Capítulo IV, art. 7, Catecismo da Igreja Católica, pg. 391

(1) Cf. Gaudium et Spes 48,1; Cod.Dir.Canon. 1055,1 (2) Gaudium et Spes 50,1

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DEUS NOS CRIOU PARA A FELICIDADE «O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada» (Gn 2, 18). «Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne, ela se chamará mulher porque foi tomada do homem. Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. O homem e a sua mulher estavam nus e não se envergonhavam" (Gn 2,21-25) ». Quantas e quantas vezes já teremos meditado esses versículos do Gênesis? Muitas vezes, sem dúvida. E a que terão essas meditações nos conduzido? Deus não quis que o homem ficasse só, e Jesus Cristo, mais tarde, abençoou essa união do homem e da sua mulher com as graças do Sacramento do Matrimônio. Deus quis uma companheira para Adão e criou-a a partir de uma costela, não da cabeça ou dos pés, para que vivesse não acima do homem ou submissa a ele, mas a seu lado, "uma ajuda adequada" (Gn 2, 18) Depois de criar Eva, Deus "fechou 1O - CM Novembro/93

com carne" (Gn 2,22) o lugar da costela; Ele nos fez de carne porque assim o desejou, portanto nosso corpo foi criado pela sabedoria divina, e não nos compete achar nada de menos sagrado nele. "O homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher"; é a entrega total, deixando tudo para trás. Mas de que forma é essa união? União de dois amigos? Não, Deus quis que fossemos "uma só carne", numa união mais íntima. Assim, a união dos corpos de marido e mulher foi querida por DEUS. Reflitamos até aqui que Deus nos criou homem e mulher para que nossa união possa nos levar a uma dupla realização: humana e cristã; Deus nos criou para a felicidade. E muito mais poderiam esses versículos nos fazer refletir, aprofundando cada vez mais a Palavra de Deus, mas pensamos que essa passagem será o bastante para entendermos a razão pela qual o Movimento das Equipes de Nossa Senhora lançou o projeto de felicidade e um caminho de santidade; Deus nos chama a sermos amados, felizes e santos! Mas como? Diz o Gênesis que "o homem e a mulher estaval)l nus, e não se envergonhavam". E a isso que o Projeto nos convida: a nos desnudarmos dos preconceitos, vergonhas, tabus, medos e a vivermos sadiamente a nossa sexualidade pois ela deve ser para nós um presente de Deus. Regina Lúcia e C/eber CRR Rio 111


Os artigos que seguem têm chegado à redação por diversos meios. Pensamos que podem nos ajudar a refletir sobre toda uma série de pontos que nos nos inquietam.

O BONECO DE SAL Era uma vez um Boneco de Sal. Após peregrinar por terras candentes e áridas, chegou a descobrir o Mar que jamais vira e por isto não podia compreender. Perguntou o Boneco de Sal: Quem és tu? - Eu sou o Mar. Tornou o Boneco de Sal: - Mas quem é o Mar? O Mar respondeu: - Sou eu. - Não o entendo, disse o Boneco de Sal. Como poderia compreendê-lo, porque gostaria muito? O Mar respondeu: -Toque-me. Então o Boneco de Sal, timidamente, tocou o Mar com as pontas dos dedos do pé. Percebeu que aquilo começou a ser compreensível. Mas logo deu-se conta: - Veja só, desapareceram as pontas de meus pés. Que me fizeste, ó Mar? O Mar respondeu:

- Você me deu alguma coisa para que pudesse compreender. E o boneco de Sal começou a entrar, lentamente para o mar, solene e devagar como quem vai fazer o ato mais importante de sua vida. Na medida em que entrava ia-se diluindo. E nessa mesma medida tinha a impressão de conhecer mais e mais o que é o Mar? O Boneco ia repetindo de si para si a mesma pergunta: - O que é o Mar? Até que uma onda tragou totalmente o Boneco de Sal. E ele podia ainda dizer, no momento de ser diluído pelo Mar: -SOU EU.

Jo. 12,24-25: "Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida, neste mundo, conservá-la-á

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COMPROMETIMENTO/ACOMPANHAMENTO /ENTUSIASMO O equipista é um cristão privilegiado. Esta afirmação não parece

estranha aos nossos ouvidos. A presença de um padre (CE) para CM Novembro/93 - 11


cada grupo de sete casais, os meios de aperfeiçoamento utilizados e o convívio em equipe, que proporciona uma ajuda mútua em busca de um maior crescimento espiritual, são alguns dos benefícios que recebemos. A missão das ENS é ser Igreja proclamação. Portanto, vamos nos desinstalar, não sejamos egoístas. A formação que nos tem sido propiciada além de sólida, contém alto teor germinativo. O que fazemos? Como nos comportamos? Seguramente serão algumas das perguntas às quais deveremos responder quando na presença Dele. Como reagiremos? Estamos permanentemente preparados para atender ao chamado do Senhor? Este ano toda a comunidade equipista se vê desafiada. O lema: "A quem muito se deu, muito será pedido" (Lc. 12,48), nos alerta, nos convoca a uma revisão de nossa vida de equipista e nos sugere a necessidade de estarmos sempre vigilantes . Para isto necessário se faz a observação das três condições abaixo: 1 . Comprometimento Por Cristo. 2. AcompanhamentoTer Cristo como modelo. 3. Entusiasmo Ver Cristo em tudo e em todos. COMPROMETIMENTO é o grau 12 - CM Novembro/93

de envolvimento, é vestir a camisa do Movimento. É o estabelecimento de rotinas com o propósito de assegurar o cumprimento das normas e diretrizes do Movimento. O equipista deve estar comprometido com: - Uma vida de fé e oração. - O sacramento do matrimônio. -Os PCEs. - Evangelização. - O auxílio mútuo. -A vida em comunidade. - Pastoral Familiar. ACOMPANHAMENTO é o grau de consistência, de perseverança. Avaliação da caminhada. É não deixar quebrar a rotina, estar preparado sempre para a chegada do Senhor. É ser paciente. Através do ACOMPANHAMENTO, devem ser avaliados os seguintes requisitos: AÇÃO, PRIORIDADE, RELACIONAMENTO, COERÊNCIA, FÉNIDA, ATUALIZAÇÃO E DISCIPLINA. ENTUSIASMO é o grau de percepção. É estar atento. Valorizar os pequenos gestos. É melhorar a rotina ou torná-la agradável. É sentir prazer no que faz. O equipista deve manifestar o seu entusiasmo através da: ALEGRIA, CRIATIVIDADE , COMUNICAÇÃO, ACOLHIDA, SOLIDARIEDADE e SIMPLICIDADE. Não devemos adiar o cumpri-


menta do dever. Façamos o quanto antes possível o que tem de ser feito . "Aquele que é fiel nas pequenas coisas será também fiel nas grandes coisas" (Lc. 16,1 O). Não importa se já nos consideramos bons cristãos; se assumirmos ser equipistas é porque aceitamos o Movimento como ele é, ou seja aceitamos suas regras,

métodos e diretrizes, portanto, vamos cumpri-las. "Ninguém é obrigado a ingressar nas ENS ou nelas permanecer. Quem delas fizer parte, porém, deve com lealdade fazê-lo francamente". (Carta das ENS) Teima e Webster Equipe02 SalvadorlBA

O SEGREDO DA VIDA Vamos imaginar um carro, bonito , confortável , impecável. Mas, sem o motor, esse carro não é nada; é imprestável. E o motor, sem combustível, também não vai funcionar. Ele necessita de combustível para seu funcionamento. Comparemos o carro com nossa vida espiritual. O motor é a fé; o combustível é a oração. Sem ela nada é feito em nossa vida cristã. Sem a oração é impossível assumirmos e vivermos o compromisso com o Plano de Deus. A oração é a força , o segredo da vida, da caminhada desse carro que há 2.000 anos vem carregando a humanidade pelas estradas da salvação. A oração é, o nosso conversar com Deus. E através dela que mantemos nossa intimidade, nosso convívio com Cristo. E fazê-lo nosso referencial em tudo; nos pequenos e grandes acontecimentos de nossa vida. E lembrar-se de

Cristo, irmão e Deus, o dia todo. A oração é um ato de "FÉ" (eu creio Nele) , um ato de esperança (eu confio Nele) e um ato de amor (Ele me ama). Para nossa relação pessoal com Cristo, precisamos primeiro conhecê-lo. O evangelho é o melhor caminho, para descobrirmos o amor de Cristo para conosco. Não basta saber que é Cristo, mas, "quem é Cristo para mim". Cristo ama-me desde sempre; ama-me como eu sou; ama-me gual sou; Ele olha-me com amor. E preciso também fazer a nossa parte: abrirCM Novembro/93- 13


nos ao amor de Cristo; oferecernos a Ele; comprometer-nos com Cristo; ter esperança neste amor recíproco (nós e o Cristo).

são máxima na Eucaristia, onde temos nosso encontro íntimo com o Cristo Eucarístico e com a comunidade.

Certamente, estamos todos nós convencidos da necessidade da oração. Ela nos põe em contato com Deus. Cristo nos convida à oração. Ele mesmo dava o exemplo, retirando-se para orar. (Me 1,35; Jc 6,12; Mt 14,23). Na oração, deixamo-nos questionar por Deus. A falta de oração, enfraquece nossa vida cristã.

Resumindo , diríamos que: ORAR é amar; ORAR é estar unido a Deus; ORAR é imitar a Cristo; ORAR é agradecer o amor; ORAR é deixar-se arrebatar por Deus; ORAR é executar um programa de vida; ORAR é fazer apostolado.

A oração do cristão é a oração de conversão, de sinceridade, de humildade, de confiança, de perseverança. O bom cristão começa o seu dia rezando. Todos os seus atos transformam-se em oração; o sair; o andar; o trabalho; o encontro com as pessoas; em tudo a oração está presente. A oração nos dá otimismo, alegria, segurança, docilidade, amabilidade; agradável ao olhar dos outros. A oração encontra sua expres-

Do mundo conturbado, agitado e consumista em que vivemos sabemos que a ORAÇÃO não é fácil. Exige um esforço digno daqueles que se dizem cristãos. Terminaremos com as palavras do Padre Henri Caffarel: "Estou certo de que é possível libertar os homens da fascinação das riquezas que coloca o nosso mundo à beira da catástrofe. Mas o meio, e o único, é conseguir o coração dos homens para que se deixe seduzir por Deus na oração". José Ornar Abdo (da Anda) EquipeOB Baurú/SP

O LEMA É SERVIR A Campanha da Fraternidade nos trouxe, este ano, um tema que nos deu motivo para muitas horas de reflexão. Perguntar a um favelado "ONDE MORAS?" não é tudo; importante é ter a coragem de ouvir dele a resposta, e a partir 14- CM Novembro/93

daí fazer alguma coisa por ele, procurar ajuda-lo de início, levando-lhe a palavra de DEUS, fazer com que ele acredite que Deus o ama e não é a vontade de Deus que alguém sofra. A palavra de Deus alivia os sofrimentos. Depois


é hora da ajuda material. Numa palestra a que assistimos, há algum tempo, o Pe. Afonso Pastare (criador do E.C.C.) falava num testemunho que um favelado e ex-alcoólatra deu num determinado evento. Ele chegou diante dos casais que estavam esperando, dele e de sua esposa, uma grande palestra e disse: "Eu quero dizer a vocês que aquele Deus que a gente pensava que existia, não existe não". Disse isto porque o DEUS que ele conhecia era um DEUS cruel , que o jogou na bebida e o deixava com fome; porém quando foi levada até ele a palavra de DEUS, ele conheceu um DEUS de amor verdadeiro, um DEUS que é o AMOR , um DEUS misericordioso e que ama todos os seus filhos.

É importante para todo o cristão saber ajudar, porém nem toda ajuda se resume em auxílio material. Muitas vezes encontramos pessoas carentes de DEUS ; outras vezes encontramos carência de um sorriso, de carinho; inúmeras vezes nós mesmos nos sentimos carentes de uma palavra amiga, da presença de alguém , até mesmo de ouvir a voz de pessoas queridas. É necessário que saibamos e estejamos sempre disponíveis para ajudar. MARIA, nossa boa mãe, ao receber a visita do anjo Gabriel, ficou

sabendo que a sua prima Isabel estava esperando um filho. A sua primeira reação foi ir ajuda-la. Viajou vários dias e ficou três meses com ela. E todos nós sabemos que Isabel não teria como retribuir a MARIA esta colaboração, nem MARIA em momento algum pensou em receber recompensa por isto. MARIA o fez com o coração aberto, pela simples satisfação de se doar. Se imaginarmos MARIA mãe, dona de casa, vamos ver uma MARIA humilde, dedicada a trabalhos domésticos , cuidando da formação do seu filho JESUS. Veremos também uma MARIA atenta aos acontecimentos, preocupada em não faltar vinho nas bodas de Caná. MARIA transmitiu esta doação ao seu filho; Ele viveu para servir. Jesus em sua vida só pregou o amor, a doação, o carinho pelos mais fracos e oprimidos, e deixou uma frase que foi o lema de toda a sua vida: "HÁ MAIS FELI CIDADE EM DAR QUE EM RECEBER " (At 20,35b). Palavras ditas por Jesus que não encontramos em nenhum evangelho, porém vividas por Ele e transmitidas por Paulo. Ele não apenas falou ; Ele viveu, pregou, e deixou para nós o exemplo de sua própria vida para que sigamos. Maria e Amancio Equipe04 Recife/PE

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O ASSUNTO É MORTE Recentemente, perdemos de nosso convívio o Euclides da Iara (equipe 4-A). Foi uma grande perda, uma grande dor, porque ele era, assim como o meu Wagner, o Dragan, o Antônio da Lúcia, o Luciano da Célia, e tantos outros, um marido amoroso, um amigo verdadeiro, uma presença alegre, um equipista responsável, um cristão ativo. E a morte bate em nós como uma inesperada e indesejável visita, que nos impõe situações e exige de nós desapegos que não ousamos sequer imaginar... Eis o erro. Não fomos educados para vivenciar a experiência da morte seja nossa, seja dos outros. A família rotula o assunto como tabu, cheia de mistérios e segredos inacessíveis às crianças , incompreensíveis aos adultos . A sociedade cala-se. Os meios de comunicação exploram a violência, as tragédias, os dramas em todo o seu sensacionalismo e dor. E perdem uma excelente oportunidade de educar. As próprias equipes não falam sobre a morte. Há equipes de viúvas, é certo, e equipes para casais na terceira idade. Mas o assunto é realmente discutido? Vejo as pessoas falando a meia-voz, pisando em ovos , como se tocar no assunto abertamente fosse corromper o andamento de uma relação. O fato é que incomoda pensar, ouvir e falar em morte. Fazemos 16 - CM Novembro/93

projetos e planos para o futuro de nosso casamento, de nossos filhos, de nossas equipes, procurando levar em conta todas as circunstâncias ... Mas, curiosamente, excluímos esta. Como se fôssemos eternos, imortais , fora do alcance natural de uma matéria perecível. E quando ela inevitavelmente chega, pega-nos de surpresa , deixa-nos desnortea dos, inconformados, desesperados. Pensar em morte deprime ... No entanto, e isso já se tornou lugar-comum , depois do nascimento é a morte o nosso momento mais certo. Enquanto um é a explosão da vida sensível, a outra é a explosão para a vida extra-sensível. A morte é a única certeza que temos na vida. Mas é algo desconhecido, inexplicável; ninguém sabe COM CERTEZA o que nos espera do outro lado ... Isso apavora.

É verdade. Interessante notar que, quando nos casamos , também não sabemos ao certo o que nos espera, tudo é misterioso, insondável ... E, no entanto, não entramos em pânico por causa disso, pelo contrário: sentimo-nos desafiados, colocamos todo nosso potencial em ação, compramos a briga para chegarmos lá realizados. O que nos move é o amor, a certeza do outro, a confiança mútua, porque


não dizer, a fé dos dois num projeto de vida ... E o que tem o casamento a ver com a morte? Na minha opinião, tudo. Se no casamento nós temos o exemplo de outros casais e famílias a nos assegurar um bom caminho, na morte nós temos as palavras Daquele que é o Caminho; se no casamento nós temos mais ou menos a perspectiva do que nos espera, na morte nós temos a certeza Daquele que é a Verdade; se no casamento nós podemos crescer na vida com os filhos e a relação conjugal, na morte nós explodimos para Aquele que é a Vida; se no casamento nós não estamos sozinhos, porque temos um companheiro, filhos, amigos, na morte não pode estar ausente o amor que nos uniu de forma tão bonita, aquele sacramento que fizemos questão de reacender a cada dia, aquela "Terceira Presença" de nossos deveres-de-sentar... Pelo contrário, traremos tudo isso como forças extras, alento, certeza e paz. Como cristãos e equipistas que somos, devemos nos sentir saudavelmente desafiados diante da morte. Como o próprio Cristo que, sem perder de vista a manhã gloriosa de Páscoa, viveu até o último momento sua sexta-feira da Paixão. Pensar e falar sobre a morte deve ser motivo para colocarmos nosso potencial em ação, para comprarmos também esta briga e

chegarmos lá realizados. Pensar na morte é questionar nossa qualidade de vida. É tentar entender, tentar preparar-se para ela, assim como estamos preocupados em preparar os jovens para o amor. É viver a vida na perspectiva de um momento único e decisivo. Assim como no casamento a boa convivência é assegurada através da observância de algumas pequenas regras, descobriremos que também os pontos concretos nos ajudarão a nos relacionar melhor com a morte; começaremos a valorizar coisas que antes passavam despercebidas, e deixaremos de lado outras que só nos atrapalham. Nosso amor conjugal tomará um novo rumo, e uma dimensão muito mais ampla e profunda - porque não dizer, transcendente. Descobriremos, sobretudo, que a morte pode ser vivida com alegria, serenidade, paz, se também for movida a amor, fé, e conformidade com um Projeto muito maior que o nosso. Descobriremos que esse afastamento sensível que sofremos é passageiro, e que continuamos responsáveis pelo crescimento e pela felicidade do outro. Descobriremos também que nossa participação na vida e na morte dependem muito de nossa disposição em dizer um SIM definitivo, real, engajador, confiante, esperançoso, fiel. "Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não CM Novembro/93 - 17


ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a nossa fé. Se nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós so-

mos os mais infelizes de todos os homens". (1 Cor 15,13-14.19) Brigitte Equipe24-C Petrópolis/RJ

ALEGRIA, SINAL DE PAZ "Alegrai-vos e exultai, porque grande será a recompensa" (At 5,12). Semear alegria e conquistar

aproximar-nos cada vez mais de Deus para adquirirmos forças em busca da esperança por um mundo mais justo e mais alegre.

amizades e acima de tudo contarPaulo ainda nos diz: "Aiegraitar nosso interior. vos sempre no Senhor, repito: alegrai-vos" (Fil. 4,4). Somente no O amor à vida faz com que a . . . . - - . . . , Senhor, abastecemoalma responda aos anseios do coração e nos plenamente de alegria, pois Ele é o Caminho a Verdade e transmita paz e alegria a todos aqueles que a Vida, e todo ser hunos cercam. Um rosto mano foi feito à sua sereno, um sorriso sincero nascido do corasemelhança para ser feliz e irradiar felicidação semeado por de. Muitos não têm Deus, beneficia a consciência desta quantos lidam conosco no quotidiano. Soafirmação, porém nós mos um instrumento ...___ _ _ _ _ _ _ __. equipistas de Nossa nas mãos de Deus e precisamos Senhora, "Apóstolos do Amor" precisamos acreditar, vivenciar e confiar na ação divina, que muitas vezes usa misteriosamente os difundir a alegria de viver. males terrenos, como um teste "Disse-vos essa coisas para que para nossa fé e perseverança. minha alegria esteja convosco e a "Vivei sempre alegres" ( 1Tes vossa alegria seja completa" (Jo. 15 11 5, 16). Este estímulo que Paulo nos • )· dá, não sugere que esqueçamos a face escura da vida: os problemas, Lúcia e Alcindo as provações, as angústias e os Equipe os sofrimentos. Ele nos incentiva a Recife/PE 18 - CM Novembro/93


O AMOR DE CRISTO Estava ele numa cidade, quando apareceu um homem cheio de lepra. Vendo a Jesus, caiu com o rosto por terra e suplicou-lhe: "Senhor, se queres, tens poder para purificar-me". Ele estendeu a mão e, tocandoo, disse: "Eu quero. Sê purificado!" E imediatamente, a lepra o deixou. (Lc 5, 12-13)

"Se queres, tens poder para purificar-me." É a súplica humilde e confiante do leproso. "Quero, sê purificado". É a resposta simples e forte de quem tem poder.

os que dele se aproximam. Ama aos seus; de modo especial aos que estão mais necessitados deste amor; os pobres, os abandonados, os doentes, os sofredores.

Na base da súplica, a fé. É ela que Cristo exige. "Vai, a tua fé te salvou ... ". Seja-te feito segundo a tua fé."

É porque sofrem no corpo e na alma que Jesus se aproxima deles.

Entretanto, não era isto que eu queria registrar. Por que os apóstolos tanto insistiram sobre os milagres de Cristo? Talvez mais do que sobre a sua doutrinação. Erradamente pensamos ver nos milagres manifestações do poder de Cristo. Na realidade são eles manifestações de amor.

É o amor que Jesus veio, principalmente, pregar aos homens. Possuído deste amor, transbordante de amor é ele - o amor que o leva a debruçar-se sobre o sofrimento dos homens. E já que ele tem poder de curar, exerce esse poder. Quer o bem de todos

Na parábola do filho pródigo não se diz que o pai não ama o filho fiel. Mas, quanto ao outro, àquele que se desgarrou, que sentiu em si a angústia do seu pecado e no corpo o aguilhão da miséria, da fome, do frio ... é para ele que o pai se volta com mais carinho, porque mais necessitado.

É esta, penso eu, a grande lição que se deve procurar em cada um dos milagres de Cristo: a manifestação do seu amor pelos homens. O primeiro milagre ... a transformação da água em vinho, nas bodas de Caná. Há, sem dúvida, todas as interpretações a que se presta o milagre em si. A elevação CM Novembro/93 - 19


do amor humano no amor sobrehumano ... há a atenção de Cristo à solicitação de Maria ... Mas eu vejo agora, principalmente, o gesto de amor de Cristo ... "Eles não têm mais vinho" ... É a vergonha para aquele par que acaba de se unir. É, talvez, a quebra da felicidade que os enleva ... É, talvez, a interrupção brusca da festa... É, talvez, a diminuição da alegria no ambiente feliz das bodas... E é aqui , como sempre, um gesto de amor.

É este gesto que ele quis, particularmente ensinar. É este que os cristãos se esmeram em praticar: "Como eles se amam ." É este dobrar-se sobre o próximo, procurar o que ele precisa, fazer por ele tudo o que estiver em nós. Procurar enxugar suas lágrimas, diminuir os seus sofrimentos,

20 - CM Novembro/93

ampará-lo, orientá-lo para que aprenda a trilhar o caminho que há de levá-lo à plena realização do seu ser humano e sobrenatural. É esta a atitude do esposo para com a esposa, do pai para com o filho, do superior para com o inferior, do rico para com o pobre e vice-versa. O gesto do pai que castiga deve ser esse gesto de amor e não de impaciência ou de ira. As palavras do médico, sua ação, serão de aliviar o sofrimento do irmão que o procura porque sofre. Evangelho ... Boa Nova ... A Boa Nova do Amor!

Pedro Moncau (Esta meditação de Pedro Moncau faz parte da coletânea organizada por Nancy Moncau, a ser publicada este mês sob o título "Quando a Palavra se torna Vida')


POLÍTICA E FÉ. A MISTURA QUE DÁ CERTO. Uma grande iniciativa da Arquidiocese de Brasília, no campo da política, traz para os vocacionados neste importantíssimo segmento da sociedade, um Curso de Formação Cristã para a Política, onde estão sendo abordados temas desde a formação de um partido político até o simples ato do dever de votar. Serão seis meses de curso, com duas aulas semanais, e ali estão contemplados, para estudos e debates, assuntos de relevante importância como a Doutrina Social da Igreja, a Ética Política, os Partidos, Candidatos, Militância Política, Ideologias Políticas e tantos outros assuntos de fundamental importância para quem quer, de verdade, testemunhar uma vida política com dignidade.

fazia necessário há muito tempo, pois cada dia que se vai, vemos que se vai também, em desenfreada disparada, a honradez do político e a dignidade do povo brasileiro mergulhados numa história sombria, que traça, com letras amargas, um marco indesejável da já tão conturbada história do Brasil.

Com esta iniciativa, aArquidiocese de Brasilia dá um passo gigantesco em busca do amadurecimento da consciência pol~ica do seu rebanho e da consolidação de uma democracia plena, no Distrito Federal, exemplo para este imenso Brasil.

Com efeito, enquanto perdurarem, como causa, no Brasil, a agiotagem da remuneração diária da moeda e a injusta distribuição da renda, que fazem ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres e, como efeito, o alarmante índice de analfabetismo, a triste soma da mortalidade infantil, a dura realidade dos que passam fome, a falta de habitação, o desemprego, a inexistência de um plano eficaz pró-saúde, não se pode falar em democracia no Brasil. Um país que deixa faltar comida na mesa do seu povo não pode se dizer um país democrático e, conseqüentemente, seu povo não poderá gozar de plena liberdade.

Na verdade, este passo já se

Diante destas e de tantas outras CM Novembro/93- 21


realidades, a Arquidiocese de Brasília encara de frente um grandioso desafio, de que política e Igreja não podem viver divorciados. Se à Igreja são confiados os sinais da presença de Deus que liberta, à política são entregues os meios para a promoção do Bem-Comum. De fato, não se precisa fazer muito esforço para saber que da política dependem a educação, a saúde , a moradia, o trabalho, o transporte, a segurança, a comida, o saneamento básico e a normalidade da vida. Desta forma, se a política não vai bem , por certo, a sociedade assimilará todos os males dela decorrentes. Assim sendo, está de parabéns a Arquidiocese de Brasília e de parabéns estamos todos nós , principalmente aqueles que participam do Curso de Formação Cristã para a Política e nestes, eu tenho a honra de me incluir. O curso deste ano, apesar dos tropeços normais das primeiras experiências , cam inha para o fim , numa perfeita normalidade e num aproveitamento invejável. E outros cursos haverão de vir. O importante é lembrar que todos os homens de boa vontade são convidados, mesmo aqueles que não postulam nenhuma candidatura. A política não se faz apenas com os candidatos, mas principalmen22 - CM Novembro/93

te com a participação de todos, lutando e clamando por melhores dias, cada um com o instrumental que lhe foi conferido por Deus, mesmo que seja apenas o voto. Este não pode ser apenas distribuído, é preciso ser dado por amor ao povo e por isso com muita responsabilidade. Não se pode mais admitir o sufrágio motivado pela mídia eletrônica, pelos brindes , pelo poderio econômico. O importante é saber que voto é coisa séria e deve ser dado a quem de fato merece. E esta avaliação de merecimento passa, invariavelmente , pela constatação de uma vida digna, o desejo de servir e a coragem de lutar. O essencial é a dignidade de quem vota e de quem é votado. Mais do que nunca os cristãos precisam estar unidos em torno deste ideal. Somos a maioria e temos condição de mudar este modelo perverso, imposto pela ganância e corrupção, sobre toda a sociedade brasileira. A ordem é uma só: JUSTIÇA SOCIAL porque esta é a vontade de Deus e o destino da criatura humana!

José Borges (da Francisca) Equipe 07-A Brasília-DF


AS GLÓRIAS DE MARIA Segundo Santo Afonso

AFÉ A virtude da Fé encontrou em Maria um modelo e praticamente deste mistério que podemos dizer que ela é a Mãe da Fé. Santo I reneu achou que o mal provocado pela incredulidade de Eva foi solucionado e sanado pela fé de Maria. Segundo Tertuliano, Eva, que não acreditou em Deus mas na serpente, trouxe a morte ao mundo; Maria, nossa Rainha, acreditou no Anjo quando ele falou, e assim trouxe a vida de volta à humanidade. Santo Agostinho viu no Sim de Maria (i. e. a Encarnação) achave que abriu de novo o céu aos homens. Isabel não chamou Maria de bendita, porque ela acreditou? P?r causa de sua grand~ mu1tos santos descobriram a fonte da .Q_oragem ,de Maria de ficar ao pé da cruz, enquanto quase todos os outros amigos e discípulos dele fugiram. Para Santo Alberto, nesta hora Maria exerceu uma fé perfeita. Apesar

das dúvidas dos outros, ela não duvidou. Um santo a chama uma luz para todos os fiéis, uma Rainha da Fé verdadeira (São Cirilo de Alexandria). Se é para imitar a fé de Maria, como é que se faz? A fé é simultaneamente dom e virtude. Como dom, é uma luz que Deus derrama em nós. Como virtude, é uma ação que é exercida por nós. A fé não é apenas a regra de nossa crença, mas também de nossas ações São Gregório nos relembra que aquele que realmente acredita põe em prática aquilo que acredita! Nossa Senhora vivia bem diferente das pessoas sem fé , cuja fé foi morta. Se a fé é um modo de ver e enxergar a vida, cada pecado é fruto e produto da ausência ou descuido de fé, pois quem está vendo as coisas de Deus, ao ponto de vista dele, não poderia rejeitar ou fugir dele. Santa Tereza d'Ávila sempre falou que cada pecado nasce de uma falta de fé. Viver com fidelidade e amor CM Novembro/93 - 23


um casamento exige muita fé. Ser membro atuante da paróquia ou de uma pastoral pedefé. Perdoar um inimigo ou rival requer um fé forte. Doar-se em prol dos pobres e injustiçados demanda uma fé iluminada e esclarecida. Maria praticou a virtude da fé numa maneira superior e profunda. Diante das exigências da vida atual , Maria pode ensinar

como ser um homem ou uma mulher de fé. De dúvidas, incertezas e sombras ninguém escapa. Minha mãe, ensina-me a aprofundar a minha fé para vencer as tentações, as dúvidas e as confusões desta vida. Amém. Pe. Luis Kirchner, CSSR - Setor Manaus

ECOS DO DOZE DE OUTUBRO Sou caipira pirapora ... Vou a Aparecida todos os anos. Choro, sensibilizado, participando da peregrinação. O coração aperta ao comungar com milhares de pessoas as emoções de um agradecimento por uma graça recebida, de uma prece pela saúde de alguém, por um emprego, por um casamento em perigo, por um filho que entrou pela contramão das ruas desta mal sinalizada vida moderna, e até por um milagre. Sinto que este pessoal todo, simples, brasileiro, vêm a N.S. Aparecida com a mesma humildade e certeza com que se che24 - CM Novembro/93

ga a nossa mãe verdadeira. E aquele santinho do altar responde amorosamente: - Você já pediu prá alguém? Você tem amigos? - Já procurou um médico, o INAMPS? Já falou com os lideres de sua comunidade? Com o prefeito , com os vereadores, com o padre? Você já se abriu com seu marido ou esposa? - Muito bem; não tem importância. Você não tem coragem , ou oportunidade ou já perdeu a confiança nas pessoas. Tudo bem. Vou lhe ajudar. E as pessoas ficam muito feli-


zes por alguém ter lhes escutado pelo menos. Vale a pena o sacrifício de uma longa viagem. - Té o ano que vem! E fica pra gente a exclamação de sempre: - Que atração tem a figura de Nossa Senhora Aparecida! Como associar os mistérios da espiritual idade à imagem pequenina que um dia foi jogada fora, quebrada, cabeça prum lado e corpo pro outro, afogada num rio? Uma peça sem valor, sem nenhum encanto! Na sua sabedoria profunda, entretanto, o povo humilde descobre que Deus se esconde nestas coisas desprezadas , esquecidas , jogadas pelos rios e lixões das cidades e dos campos. Os simples e desapegados descobrem essas coisas. E Aparecida é uma destas dádivas de Deus. É Nossa Senhora escondida no fundo do rio descoberta pelas mãos limpas e laboriosas de pescadores . Na sua cultura e conhecimento, o povo não associa N.S. Aparecida à Maria, mãe de Jesus. Mas ele reconhece que aquela mulher da imagem foi também

mãe: deve ter sido escravizada, explorada e discriminada. É a sua mãe partida em sua alma de migrante, sofrida e afogada na penúria de um trabalho sem recompensa e de uma vida sem perspectiva. E o silêncio da imagem é como o seu; não significa passividade ou indiferença; é sim a falta de oportunidade de falar, de reclamar, de se educar, de exigir, e lutar. O seu tamanho não quer dizer fraqueza. Pode parecer subnutrição, mas ela é forte bastante para aglutinar e irmanar milhões de pessoas em torno da mesa de seu filho Jesus Cristo. O seu sumiço no rio representa a mesma condenação que lhe é imposta: a não ter acesso a moradia, a saúde , a educação, aos frutos da tecnologia. Um dia, como a imagem, sumida e aparecida, os simples emergirão desta situação para partilhar, com justiça, o REINO DE DEUS. É a esperança que Nossa Senhora Aparecida não deixa morrer no coração dos seus devotos do Brasil. Artur e Eliana São Paulo

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UMA PROPOSTA Esta mensagem foi transmitida ao mundo inteiro por satélite, na abertura da "Family fest", a que nos referimos na CM de Agosto/93 (n r; 293, pg. 42}.

Estamos às portas do terceiro milênio. A família, cada família pode se tornar pro agonista desta era. lnven a a por eus, qual o ra-prima do amor, a ta ília ode inspj ra!Jinhas-mestras que con r1 uam para mudar o mundo de a hã-. JCom efeito, se observarmos a família, se dela fizermos uma espécie de radiografia, descobriremos valores imensos e muito preciosos que, projetados e aplicados à humanidade, ROderão transformá-la numaJ rande am1 ia. O fundamento da família é o amor, vínculo que possui todos os matizes: amor entre os esposos, entre pais e filhos, entre avós, tios, netos, sobrinhos, entre irmãos. Um amor que cresce continuamente , de modo sempre mais criativo. Assim o amor dos esposos gera nova vida e a fraternidade se torna amizade. Autoridade e funções específicas, sendo expressões de amor, são aceitas naturalmente. Na família é espontâneo colocar tudo em comum, compartilhar todos os bens, ter uma "caixa" única. A poupança não é o acúmulo <ie ~ns , mas previdência. E normar atender às necessidades de quem ainda não é produtivo, bem como daquele que já o deixou de ser. Na família moram juntas pessoas 26 - CM Novembro/93

de todas as idades. É natural viver pelo outro, amar-se reciprocamente. Também a educação acontece de modo espontâneo: basta pensar nos primeiros passos e nas primeiras palavras da criança. Castiga-se e perdoa-se apenas para o bem da pessoa. O sentido de justiça é normal na família, assim como é normal sentir como próprias a culpa e a vergonha do outro. O fato de sofrer, de sacrificar-se uns pelos outros, de carregar os pesos uns dos outros é natural. E espontânea a solidariedade, a fidelidade à própria família. Na família a vida do outro é tão preciosa quanto a própria e, às vezes, até mais preciosa do ·que a própria; existe a preocupação pela saúde de todos, e quando alguém não está bem, todos se responsabilizam por ele. É lá o ambiente natural onde a vida se acende e se apaga, onde o deficiente, o ancião e o doente terminal encontram acolhida, afeto e cuidados. Os membros da família ali se vestem e se nutrem de acordo com suas necessidades. Todos participam da decoração e dos cuidados da casa. I Na família se ensina e se aprende: 1


tudo contribui para o amadurecimento das pessoas. Os seus membros podem ter valores culturais diferentes, mas cada diversidade torna-se riqueza para todos. Também a comunicação é espontânea na família; cada um participa de tudo e compartilha tudo. Ora, a missão de cada família é viver tão perfeitamente sua própria vocação, a ponto de poder tornar -se modelo para toda a família humana, transferindo-lhe todos os seus valores, através de seu modo típico de ser. É assim que a família se tornará, como diz o título do "Familyfest", semente de comunhão para a humanidade do terceiro milênio. Na família é natural colocar tudo em comum? Eis a semente que pode desenvolver na sociedade uma economia de comunhão. Na família é espontâneo viver um para o outro, "viver o outro"? Eis a semente da acolhida entre grupos, povos, tradições, raças e civilizações, primeiro passo para a inculturação recíproca. Na família a transmissão de valores acontece espontaneamente, de geração em geração? Isto pode então servir de incentivo a uma nova valorização da educação na sociedade; e a maneira de corrigir e perdoar na vida de família pode iluminar o modo de conduzir a justiça. Na família a vida do outro é tão preciosa como a própria? Eis então a semente da cultura da vida que deve inspirar as leis e as estruturas sociais. A família cuida da própria casa e reflete nela a própria harmonia? Aí está a semente de uma atenção renovada ao ambiente e à ecologia. Na família o estudo é finalizado ao amadurecimento da pessoa? Essa

é a semente que pode dar à pesquisa cultural, científica e tecnológica a capacidade de descobrir gradualmente o misterioso desígnio de Deus sobre a humanidade e de trabalhar para o bem comum. Na família a comunicação é desinteressada e construtiva? Eis a semente de um sistema de comunicações sociais a serviço do homem, que coloque em evidência o positivo, difundindo-o, e que seja um instrumento de paz e de unidade planetária. Na família o amor é o vínculo natural entre os membros? Eis a semente de estruturas e instituições que cooperem para o bem da comunidade e dos indivíduos, até chegar à fraternidade universal, valorizando cada povo em particular. No mundo já existem estruturas e instituições de nível local, nacional e internacional: ministérios, hospitais, escolas, tribunais, bancos, associações, organismos de vários tipos. Mas é preciso humanizar essas estruturas, "dar-lhes uma alma", de maneira que o espírito de serviço possa atingir uma intensidade, uma espontaneidade e uma disposição de amar as pessoas, como aquela que se respira na família. Deus criou a família como sinal e modelo de toda e qualquer convivência humana. Esta é, portanto, a missão das famílias: manter o amor sempre aceso nas casas, reavivando desse modo aqueles valores que foram doados por Deus à família, para levá-los a toda parte na sociedade, generosamente e sem tréguas. Essa é a proposta que fazemos a todos, para que no terceiro milênio a humanidade inteira possa tornarse realmente uma grande família. (Mensagem de Chiara Lubich)

CM Novembro/93 - 27


11

A NOSSA 11 EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA A idéia de coordenarmos um

Chegamos à conclusão que

grupo de Experiência Comunitá-

coordenar um grupo de expe-

ria nos assustou um pouco.

riência comunitária não é um bi-

Como seria isto? Teríamos con-

cho de sete cabeças e que os

dições de assumir tal compro-

casais bem entrosados nas ENS

misso por um ano? Pensamos

podem aceitar esta responsabili-

muito, e pedindo a luz do Espírito

dade com segurança de que es-

Santo, resolvemos aceitar este

tão capacitados a exercê-la. Em

desafio.

Jundiaí estamos iniciando a "Ex-

Com o nome dos casais de Louveira que formariam o grupo, começamos nossa tarefa por marcar nosso primeiro encontro. Com dificuldades, ansiedades ,

periência Comunitária" com mais 3 grupos de 7 casais cada um e achamos que nas várias regiões do Brasil devem haver muitos grupos em formação.

medos, mas acima de tudo espe-

Será certamente egoísmo de

rança, conseguimos juntar 8 ca-

nossa parte não ajudarmos os

sais para expor a proposta deste

casais nesta experiência e, cer-

belíssimo trabalho, cujo sucesso

tamente, uma falta de caridade

dependeria de todos, de cada

deixar que um casal coordena-

casal.

dor se. encarregue de mais de

Até o momento tudo transcorreu bem, nos parece . Estamos já nos últimos temas e permanecem no grupo 7 casais. Um grupo animado e que promete muito ...

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um grupo por não querermos dividir com ele esta "Responsabilidade". Resumo de um testemunho de Bel e Silvio Equipe3 Jundiaí-SP


RECADO AOS JOVENS No meio do barulho e da agitação, caminhe tranqüilo, pensando na paz que você pode encontrar no silêncio. Procure viver em harmonia com as pessoas que estão ao seu redor, sem abrir mão de sua dignidade. Fale a sua verdade, clara e mansamente. Escute a verdade dos outros , pois eles também têm a sua própria história. Evite as pessoas agitadas e agressivas, elas afligem o nosso espírito . Não se compare aos demais , olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo. Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar. Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja: ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos. Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas. Mas não fique cego para o bem que sempre existe. Há muita gente lutando por nobres causas. Em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo. Seja você mesmo. Sobretudo não simule atenção e não transfor-

me o amor numa brincadeira, pois no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva. Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude. Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa. Não se desespere com os perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão. Ao lado de uma sabia disciplina, conserve uma imensa bondade. Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui. E mesmo se você não pode perceber, a terra e o universo vão cumprindo o seu destino. Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der. No meio de seus trabalhos e aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo ser, a harmonia e a paz. Acima de toda mesquinhês, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito. Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade. (Texto encontrado em Bal timore, EUA, na anti ga Igreja Saint Paul , em 1962.)

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DESAFIOS DA EVANGELIZAÇÃO NUM MUNDO ELETRONIZADO E URBANO. Prof. Renold J. Blank

lJ~;. ;~~~klti1~teT~IJ ~~~ Confrontados com o desafio de uma evangelização que cada vez menos pode seguir os parâmetros de uma pastoral orientada pela cultura rural, fazemos muitas vezes a frustante experiência: que os nossos esforços de ser modernos não trazem resultado nenhum. A grande massa da população permanece indiferente aos programas de pastoral, e os lemas das campanhas da fraternidade são esquecidos antes mesmo da campanha terminar. Nossas linhas mestras de pastoral são discutidas em pequenos grupos de especialistas, enquanto cresce o número daqueles que buscam respostas nos templos de alguma seita ou nas tendas de umbanda. Será que nossos esforços de formar uma Igreja adaptada à vida moderna e urbana pegaram a direção errada? Será que a elaboração de nossos Planos Nacionais de Evangelização não atingiram aqueles que queremos evangelizar, tornando-se assunto de pequenos grupos já convencidos e evangelizados, de tal maneira que as discussões, cada vez mais, se 30- CM Novembro/93

tornam discussões sobre assuntos e opções internos da Igreja, em vez de serem ações da Igreja dentro de um mundo carente de respostas aos seus problemas cada vez mais urgentes? As perguntas não param, e o olhar frio e desiludido por dentro da realidade confirma a resposta: os esforços muitas vezes não dão certo. Nossos programas bonitos ficam programas apenas, sem gerar vida. As discussões se esgotam em conflitos sobre a doutrina a seguir, enquanto lá fora, no mundo daqueles que não fazem parte de nossos grupos paroquiais mais de 90% da população, conforme as estatísticas -, os problemas concretos e existenciais da vida aumentam ; e de todos os lados são formuladas receitas e respostas para a sua superação: falam políticos e economistas, intervêm seitas e orixás, há o convite do consumo e sedução pelo prazer, atuam pastores, cientistas e psicólogos ... de todos os lados e por todos os meios. Onde, porém, fica nossa voz? A voz da fé? Por que esta voz, apesar de tanto esforço, desaparece antes de chegar aos ouvidos da grande maioria de nosso povo? Somos confrontados aqui com o


desafio mais sério deste fim de século 20. Por que os nossos programas não dão certo e os nossos esforços dão resultados tão limitados? As reflexões seguintes tentarão mostrar algumas pistas a serem consideradas, algumas sugestões a serem seguidas , para que a evangelização possa sair do campo das discussões teóricas para o campo da vida, encarnada nos problemas agudos de nosso povo, no exemplo do Mestre Jesus Cristo. O maior desafio, frente aos problemas mencionados acima, parece-me ser o da necessidade de superar a tentação de uniformizar. Uma tentação muito presente em nossa religião que está sendo reforçada nos últimos anos. Essa tendência, porém choca-se exatamente com uma das mais acentuadas características do homem urbano de hoje, o seu desinteresse pelos dogmatismos.

2.

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A uniformização da religião , do culto e da Igreja era o grande ideal da Idade Média, confirmada e reforçada pelo Concílio de Trento. Uniformidade que se expressa em todas as formas religiosas e que foi propagada por todos os meios de comunicação, de tal maneira que se construiu grandiosa visão conhecida como o cristianismo do mundo ocidental. A visão de uma cristandade que, de certa manei-

ra, até estava convencida de estar realizando a vocação e a vontade de Jesus Cristo. Mas o tempo passou. A sociedade mudou. A maneira de pensar dos integrantes dessa sociedade se transformou. E aos poucos ficamos com o nosso "cristianismo" a sós. A jovem geração vai embora, desinteressada exatamente daquilo que foi construído, restando os "ismos" e os uniformes. A jovem geração não mais está interessada neles. Mas não só isso. Ela os rejeita na sua grande maioria. Nesse fato nem os esforços de programas continentais de re-uniformização vão mudar algo. É um fenômeno mundial. Para a nova geração, religião não se identifica mais com uniformidade e disciplina cimentada. Isso não significa, porém, que esta geração seja menos religiosa. Talvez até o contrário! Mas ela rejeita os laços e as coerções religiosas uniformizadas. Por que? A resposta nos confronta exatamente com aqueles fatos culturais e sociológicos que tanto esquecemos em nossos programas de evangelização: A cultura atual não obedece mais às regras e mecanismos de comunicação literária e escrita. Os leitores das cartas pastorais desaparecem , e os programas de evangelização se restringem a um público de especialistas. O povo, na sua grande maioria, não lê mais, e nem ouve as palavras pronunciadas. Quem acha isso exagerado, basta perguntar aos participantes da próxima missa dominical o que o padre CM Novembro/93 - 31


falou na homilia. O número daqueles que se lembram mesmo é muito restrito. A nossa cultura não segue mais os mecanismos de uma comunicação literária e oral-escrita. O novo mecanismo de comunicação é visual, ou melhor, audiovisual. O interesse se deslocou de questões doutrinais para experiências concretas de vivência e de convivência. Toda evangelização que quer alcançar êxito, deve começar por aí.

novos mecanismos de comunicação, hoje, se baseiam no audiovisual. Os veículos dessa comunicação audiovisual são eletronizados e massificados. Ela entra em todos os lares, fascinando, manipulando , proporcionando uma infinidade de imagens, de opiniões, de informações , de fatos, convites e entrevistas: pluralismo de opiniões e de pontos de vista. É só apertar o botão e, no mesmo segundo, com a mudança de canal, já muda o enfoque. O telespectador escolhe o que lhe agrada. Pode ser a imagem do Papa na sua bênção pascal ou, nomesmo instante, bastando apertar o botão, a imagem da cantora de rock ou o filme policial. A oferta é multidimensional e a resposta do público também. Esse mesmo público somos nós 32- CM Novembro/93

e os destinatários de nossos programas de evangelização. Um público multiforme, de uma sociedade cada vez mais pluralista, marcada por contradições e tensões. O que interessa a esta sociedade não são discussões dogmáticas. A propagação de conflitos entre facções rivalizantes dentro da Igreja não responde aos seus anseios concretos. Quando falamos disso, mudam de canal! Eis a nova regra do jogo, numa cultura visual eletronizada: apertar o botão. Mas com a mudança de canal não desaparecem os anseios e as questões não resolvidas da vida. Elas só ficarão encobertas pelo barulho momentâneo do novo canal. Voltarão com o próximo aperto de botão. De tal maneira que um número cada vez maior de homens e mulheres nunca chegarão a um momento verdadeiro de reflexão no qual possam tratar as questões existenciais e ardentes de sua vida. É aqui que deve começar o trabalho evangelizador. Nossa mensagem de evangelização está submetida aos mesmos mecanismos de troca de canal que descrevemos acima. Se ela não é atraente, o destinatário muda de canal. Para ser atraente, porém, deve responder aos anseios concretos da vida. Com o uso da palavra "atraente" não quero, em hipótese alguma, formular a idéia de que deveríamos adaptar a nossa mensagem aos gostos e agrados do público. Ao contrário, quero mostrar que a nossa fé contém as respostas aos


grandes anseios do homem de hoje. O problema é que, na transmissão dessa verdade, somos confrontados hoje com a mentalidade específica de uma população marcada pelos mecanismos de um mercado multidimensional de opiniões. O homem contemporâneo não está mais disposto, de antemão, a ouvir o que queremos transmitir. Ele se acostumou, pelos mecanismos eletrônicos e pluralistas dos meios de comunicação , a ouvir mensagens de todo o tipo: divergentes, convergentes, fascinantes, sedutoras. Como, nesta situação, podemos pensar ainda que a nossa mensagem terá, de antemão, prioridade? Um pensamento assim reflete uma situação de pastoral rural que desapareceu até no campo. Hoje em dia, devemos primeiro provar que a nossa mensagem é melhor que qutras. Devemos provar que vale a pena ficar ligado neste canal. Mas para que isso aconteça, somos nós que devemos repensar os métodos de nossa transmissão. 4. Devemos "provar" ao homem de hoje que a nossa fé contém as respostas aos . seus anseios mais profundos

Em vez de formular programas nacionais e internacionais de uniformização , devemos abrir os olhos e os ouvidos para conhecer as verdadeiras necessidades dos homens de hoje. E, a partir de

nossa fé, devemos responder a essas necessidades concretas. Isso porém, não mais será possível pela formulação de planos institucionalizados e de fórmulas tradicionalmente usadas. No mercado multidimensional de opiniões, a maioria dos homens não mais está disposta, de antemão, a ouvir essas fórmulas confirmadas por muitos séculos. Outras mensagens parecem dar respostas melhores; e vozes muito altas estão persuadindo que as tais respostas já nem são necessárias, porque o problema desapareceu . Na realidade, porém o problema não desapareceu. Ao contrário, talvez nunca como hoje as angústias e ameaças invadiram tanto os indivíduos. Nunca, assim como hoje, os problemas gritantes de uma estrutura social inumana e destruidora exigiram tamanha resposta. Para sair dos círculos fechados daqueles poucos que já praticam sua fé , para entrar nos ouvidos da imensa massa daqueles, cuja fonte de respostas é o mercado eletronizado das opiniões multiformes, devemos responder aos anseios mais profundos deles de maneira nova. Não com fórmulas pré-impressas , mas com a dinâmica de uma fé que não se baseia em fórmulas, mas na vida concreta, ardente e gritante de indivíduos, de pessoas humanas, onde cada um tem sua história específica e seu problema especial. Devemos mostrar que "TER FÉ" não significa fechar-se na solução CM Novembro/93 - 33


daquele seu problema individual, mas exatamente a superação do individualismo fechado e moralizante. ,Devemos mostrar que "TER FE" é um programa atraente para transformar o mundo e que vale a pena entrar nele. Mostrar que esse programa responde ao problema individual, mas que supera o individualismo, abrindo-se para as estruturas sociais, econômicas e políticas deste mundo: humanizando as estruturas, cristificando-as e, assim, resolvendo até os problemas individuais. Programa atraente, jovem, melhor que qualquer outro, porque seu autor é Deus, que se auto definiu como sendo "Go'EI", o defensor de todos aqueles que são esmagados e menosprezados: Um Deus que formulou como seu programa de vida: "Eu vim pra que eles tenham a vida e para que a tenham em abundância". Falando assim, começando pelos fatos concretos da vida do homem atual: de sua dor, de sua angústia, de suas esperanças e de suas decepções, não estaremos provocando "troca de canal". Quando, em nossa evangelização, em vez de responder com fórmulas ao fato do desemprego, em vez de reagir com indignação ao fato de que - conforme dados do Datafolha de São Paulo - 1% dos jovens entre 16 a 25 anos ainda não fizeram a experiência de relações sexuais pré-matrimoniais, respondemos a partir de uma fé viva e engajada, mostrando que esta fé é "vinho novo", ninguém vai "mudar de canal". Aí sim 34- CM Novembro/93

o homem de hoje ficará ligado em nosso canal. Mas para que isso aconteça, somos nós que devemos buscar os homens nos lugares onde eles se encontram. Numa situação pastoral rural, os homens corriam atrás da Igreja. Na cultura informatizada e urbana de hoje, é a Igreja que deve correr atrás dos homens.

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Enquanto duzentas pessoas ouvem a homilia dentro da igreja, cinquenta mil se encontram no estádio de futebol, vinte mil passam diariamente pelas portas do shopping center, centenas de milhares assistem um programa de televisão. A enumeração poderia continuar, mas as proporções permanecem mais ou menos as mesmas. Numa sociedade marcada pela informática e pela mobilidade, os homens não mais se encontram ali onde a Igreja se encontra. Esse fato só pode nos conduzir a uma conclusão: a Igreja se encontra no lugar errado! Para nossa evangelização frutificar, devemos mudar de lugar. Devemos sair dos muros das paróquias e das igrejas e entrar na multidão, enfrentando a concorrência de outros que, antes de nós, já perceberam esse fato e mudaram de método. Sejam eles seitas, vendedores de jornais ou agentes de boca de urna. - Onde está o supermercado no


qual os fregueses encontram ao lado de livros espíritas, de macumba, mórmons, pentecostais, marxistas, maoístas ... também informações sobre religião católica? - Onde está o shopping center no qual existe um centro religioso bem visível no meio de todas as lojas, com um padre atendendo as pessoas, com missa às seis da tarde? Um lugar de repouso no meio de correria e nervosismo? Um lugar onde se faz propaganda para "o Deus desconhecido", lembrando São Paulo e sua passagem pelas ruas de Atenas? - Onde está a banca de jornais na qual, ao lado de revistas pornográficas, se podem escolher também textos atraentes sobre a fé? - Por que não fazemos propaganda de nosso Deus nos vagões e nas estações de metrô e trem , pelos quais passam milhões de pessoas por dia? -Por que não há missas e centros de atendimento religioso naquelas estações? - Nossas CEBs estão produzindo interessantes fascículos e jornais de rua . Por que não os distribuem também no metrô? - Onde fica nossa presença nos jogos de futebol, teatros, cinemas, portas de bares, discotecas e fábricas? - Enfim, por que não aparecemos com programas atraentes na televisão? Não à meia-noite, quando ninguém mais assiste; mas no horário nobre, às 21 horas, antes ou depois das novelas? Não

me falem que para isso falta dinheiro! Numa época de comunicação audiovisual totalizada, é melhor gastar dinheiro em tais programas de televisão e renunciar, por exemplo, à construção de alguns templos bonitos e custosos. Numa época onde massas imensas se concentram nos shoppings e estádios de futebol, é melhor gastar dinheiro alugando uma loja num shopping, para ali abrir um centro religioso, do que ampliar centros paroquiais para 7% daqueles que depois os freqüentarão. Se há necessidade de um centro paroquial, por que não o abrir numa estação de metrô? Devemos sair dos esquemas pastorais rurais, onde os homens buscavam a Igreja. Hoje a Igreja deve ir ao encontro dos homens. Hoje há shopping center sem Igreja e Igreja sem shopping center. Isso quer dizer que ela não está presente no lugar onde os homens se encontram. Estar presente aí é o grande desafio e a grande vocação, formulada por Nosso Senhor Jesus Cristo hoje. Também ele, muito antes de uma cultura multidimensional de massa, buscava os homens onde eles se encontravam: nas praças, ruas e feiras. Hoje os homens se encontram diante dos aparelhos de televisão, nas fábricas, metrôs, supermercados, nos estádios de futebol .. . Buscá-los e responder ali aos seus anseios concretos de vida. Eis o grande desafio de uma evangelização consciente e convincente hoje. • CM Novembro/93 - 35


147 Perguntas e Respostas sobre o Casamento - D. Rafael Llano Cifuentes, Ed. Marques Saraiva - Rio de Janeiro, 1991, 92 pgs. Neste livro estão resumidas, em forma de perguntas e respostas, as questões mais importantes sobre o matrimônio, desde a sua origem divina- as suas finalidades e o seu caráter sacramental - até os problemas concretos que envolvem a paternidade responsável e o uso dos métodos de planejamento natural da natalidade. As respostas surgem de forma clara e direta, de tal maneira que podem ser entendidas por pessoas de qualquer nível cultural. Quando a Viuvez Chegar- Medard Laz, Ed. Santuário, Aparecida/SP - 80 pgs. "Este opúsculo não vai tentar resolver o problema que você enfrenta como viúvo ou viúva, mas é uma tentativa de tratar do assunto central que se apresenta em sua vida após a morte de um dos cônjuges. Pretende oferecer apoio em seu sofrimento, para que você perceba que não está isolado em seus sentimentos. Você está envolvido intimamente em um dos maiores mistérios da vida, o mistério da morte e ressurreição. Você não pode trazer de volta seu(sua) esposo(a)ou os dias de casamento, mas você pode ser ressuscitado para uma nova vida." (da Introdução) 36- CM Novembro/93


MUTIRÃO NO RIO

Em 14 e 15/08 a Região 8.iQJ1l realizou mais um "Mutirão" para o aperfeiçoamento e o crescimento de casais equipistas. Éramos um total de 40 casais de diversas equipes e Setores, todos imbuídos de muito empenho e interesse em vivenciar, de forma plena, todos os aspectos de vida conjugal e em equipe, propostos pelo carisma do movimento e que foram explanadas por palestras muito claras e objetivas. Tudo começou com a Oração da Manhã que nos proporcionou um clima de muita espiritualidade. Em seguida, Pe. Cláudio, C.E. daequipe95doSetorC, fez a primeira palestra "Adultos em Cristo" que, com muita simplicidade, nos tocou profundamente, favorecendo ainda mais o que viria depois. Participaram tambémJuniae Mauro (casal ECIR): ENS - Ideal, Carisma e Missão; Regina e Cleber (Casal Regional, Rio 111): Reunião de equipe; Rosaura e José Roberto do Setor C: Pontos Concretos de Esforço e Teresa e Pedro do Setor A que encerraram as palestras, testemunhando suas experiên-

cias de vida cristã com o tema "A alegria da Missão - Cristão, Casal Cristão, Casal Cristão Equipista - O Envio". Quanta coisa aprendemos! Entre as palestras e reflexões, tivemos a oportunidade de vivenciar uma Reunião de Equipe e um Dever de Sentar-se que, apesar de velhos conhecidos, tiveram um sabor diferente: o doce sabor da alegria de reiterarmos a nossa adesão ao chamado de Deus e de estarmos plenamente conscientes do nosso compromisso. Tudo acabou com a celebração da Santa Missa pelo Pe. Mateus C.E. do Setor A, num grande ato de fé e espiritualidade. Que a Virgem Maria, padroeira das ENS, fortaleça a nossa fé e nos ajude a sermos casais, cada vez mais fiéis ao nosso compromisso pois, "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido". UMA NOVA EXPERIÊNCIA EM MUTIRÃO

Queridos irmãos da Carta mensal, Em retribuição a tantas notícias que recebemos, a tantas exCM Novembro/93 - 37


periências vividas, por tantas equipes, que através destas Cartas Mensais nos passam e que tanto nos são proveitosas; nós , do Setor 8 de Juiz de Fora/MG, por ocasião do nosso Mutirão, realizado nos dias 03 e 04 de Julho de 1993, também gostaríamos de dividir com vocês a alegria vivida nesses dias. Diferentes dos outros realizados, o Setor 8 em colegiado, propôs que, em verdadeiro sentido de mutirão, todos se reun issem para um trabalho comum com o objetivo de enriquecer cada vez mais as nossas equipes. Foi maravilhosa a resposta que tivemos das equipes de base, a maneira como trabalha38 - CM Novembro/93

ram num maravilhoso espírito de comunhão. Não houve quem se omitisse. Recebemos ajuda de todos os casais do Setor; não apenas antes, com doações dos alimentos, mas também durante a real ização. Os próprios casais prepararam os alimentos , arrumaram a casa para receber os participantes , fizemos o nosso Mutirão no Colégio Dom Orione que nos foi carinhosamente cedido por seu diretor, Pe. Elídio, Conselheiro Espiritual de uma de nossas equipes. Consideramos o trabalho um sucesso, não só porque foi executado numa verdadeira comunidade, mas também porque desse modo, tornou-se menos


oneroso, permitindo assim que se tornasse acessível a todos e, ao mesmo tempo, nos levando à participação e comunhão. Queremos deixar aqui os nossos agradecimentos aos Padres do Colégio Dom Orione, ao Padre Johnson (C.E. do Mutirão) , Conselheiros Espirituais presentes: Con. Vicente, Pe. Marcos Frota e Pe. Adam Falta, que foram uma luz nos trabalhos realizados em grupo; a todos os casais que se dispuseram a servir; aos participantes pela alegria e abertura com que receberam o Mutirão e, um especial LOUVOR A DEUS E À VIRGEM MARIA que tornaram tudo isso possível. Um abraço carinhoso. Picida e Luiz Equipe 14 - Setor B Juiz de Fora. SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA

As ENS de Parelhas/RN realizaram, com muito entusiasmo, a Semana Nacional da Família. A abertura, no dia 02.08, constou de uma caminhada saindo do Bairro Maria Terceira, mais precisamente do Santuário de Nossa Senhora de Fátima para a Matriz de São Sebastião, no centro da cidade. A mesma foi acompanhada por um carro de

som com bastante música e paradas para mensagens e/ou reflexões sobre o tema, e para maior brilhantismo também estava lá a Banda de Música do Município que nos deixou arrepiados quando tocou a Oração da Família, de Pe. Zezinho. Além dos equipistas, participaram da caminhada muitas famílias como também os jovens e as crianças e algumas pessoas conduzindo faixas e cartazes. Chegando na Matriz foram proferidas algumas palavras pelo Casal Responsável da Coordenação e a Semana oficialmente aberta pelo Pe. Geraldo da Silva. C.E. das Equipes 2 e 3. Durante a semana foi realizado um ciclo de palestras nas escolas, tendo como palestrantes casais equipistas e os nossos C.Es. Também tivemos uma palestra exclusiva para casais, além da Meditação do Terço da Via Sacra da Família e a culminância com o nosso Retiro Anual nos dias 7 e 8, cujo tema foi: "Àquele a quem muito se deu muito será pedido", tendo como pregadores o Pe. Neto, nosso C.E. e o casal Antonia Zélia e Moacir- que não mediram esforços para nos ajudar - com o tema: "O Futuro do País passa pela Família bem Constituída" , CM Novembro/93 - 39


onde englobaram os temas da Semana da Família, propostos pelaCNBB. No domingo, dia 8, tivemos a missa de encerramento de ambos os eventos, na qual foi dada a bênção das chaves das casas. Tudo isso foi apenas em ensaio, frente ao nosso grande desafio para 1994 - ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA. ENCONTRO DE COORDENADORES

A Região do Rio Grande do Sul realizou no dia 1O de julho em Santo Antonio da Patrulha um encontro de casais coordenadores com o seguinte Lema: "COORDENAR UMA EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA É UM SINAL DE AMOR . É EVANGELIZAR" . Neste encontro refletimos sobre nosso papel de Evangelizadores. Diz São Paulo: "Anunciar o Evangelho não é glória para mim é uma obrigação que se impõe. Ai de mim se não evangelizar" (I Cor 9,6). Também refletimos sobre nossa missão de sermos testemunhas na Igreja e no mundo, principalmente na comunidade em que vivemos. "Descerá sobre vós o Espírito Santo e Sereis minhas testemunhas" (Atos 1 ,8). 40 - CM Novembro/93

Foram objetivos do encontro: 1º) Partilhar as experiências vividas durante o trabalho realizado; 2º) Adquirir maior formação para aprimorar a ação apostólica;

3º) Sanar as dificuldades encontradas até o presente momento; 4º} Rever a metodologia aplicada em cada unidade. O encontro foi muito rico, principalmente pela partilha da experiência vivida por cada coordenador em seu grupo. Como conclusão do encontro ficou decidido que há necessidade de fazer-se periodicamente Encontros Regionais a exemplo deste, para que haja aprimoramento do trabalho e estímulo para continuar a caminhada. Também foi decidido que, por ocasião do EACRE, se dê oportunidade aos casais responsáveis oriundos de Experiências Comunitárias, para testemunharem as riquezas vividas, a fim de incentivar outros casais a engajarem-se nesta missão. "Não fostes vós que me escolhestes, mas Eu vos escolhi e vos constitui para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça". (Jo 15,13)


Portanto o fruto de nosso trabalho compete ao Senhor. A nós compete o trabalho. Grupos de Experiência Comunitária de 1993 até o presente momento: 1) Porto Alegre - Setor A Coord. Eunice e Miltom 2) Porto Alegre - Setor B Coord. Tereza e Barbosa

3) Porto Alegre - Setor C Coord. Jane e Omar 4) Porto Alegre - Setor C Coord. Graça e Aristeu 5) Porto Alegre - Setor C Coord. Eurânia e Cláudio 6) Porto Alegre - Setor C Coord. Carmem Lúcia e Paulo Rubens 7) Cachoeirinha - Setor D Coord. Inês e Luiz 8) Osório- Setor Leste- Coord. Nara e Joel 9) Santo Antonio - Setor Leste - Coord. Matildes e Sady 1O) Santo Antonio - Setor Leste - Coord. Marlene e Daniel 11) Santo Antonio - Setor Leste - Coord. Lourdes e Pedro 12) Tramandaí - Setor Litoral Coord. !rene e Wenceslau

13) Capão Novo - Setor Litoral - Coord. Evani e Marcos 14) Capão Novo- Setor Litoral - Coord. Nancy e Jeremias 15) Santo Antonio - Setor Leste - Coord. Neiva e Claudinir NOSSO CONSELHEIRO

A Equipe 40/B Região Paraná fujlsente-se abençoada por recentemente ter entrado em sua equipe como C.E. o Monsenhor Luiz de G. Gonçalves. Monsenhor Luiz é responsável pela Pastoral Familiar da Arquidiocese de Curitiba, além de coordenador do jornal católico "Atualidade" como também da Pastoral da Comunicação da Cúria. O fato que muito nos chamou a atenção é que desde a 1º reunião já fez questão de participar como integrante com direitos e deveres de equipistas de base, tais como reuniões de equipe também em sua casa, e vivenciar os pontos concretos. Com uma atitude nobre faz questão de contribuir financeiramente na ocasião da coleta. Os equipistas de Ribeirão Preto/SP convidam para a Missa em Ação de Graças pelo Jubileu de Ouro Sacerdotal de Pe. Arnaldo CM Novembro/93 - 41


Alvaro Padovani a realizar-se na Catedral às 11 horas do dia 05. 12.93. O convite traz a seguinte mensagem do Padre Arnaldo: "O alvorecer de cada dia me trouxe uma nova Esperança; e a Esperança fez crescer em mim o Amor, tornando a Vida cada dia mais bela". INSTITUTO PRÓ-FAMÍLIA

O Instituto Pró-Família, Fundado em janeiro de 1993, pretende fortalecer as finalidades e as propriedades do matrimônio que são os fundamentos da estrutura familiar: o aprofundamento do amor e da fidelidade conjugal, o verdadeiro sentido da procriação e o aperfeiçoamento na tarefa da educação dos filhos. As suas atividades começaram a partir de um projeto sobre a difusão dos benefícios da paternidade responsável e o valor dos métodos naturais, quando sejam necessários para a regulação da natalidade. O projeto está direcionado principalmente às regiões mais carentes do Rio de Janeiro e, em concreto, as favelas. Para tanto, já se realizaram 3 cursos sobre o tema que mencionamos, com a finalidade de formar multiplicadores e instrutores desses métodos naturais.

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Participaram 390 alunos. A partir do 1Q curso - maio/93 começaram a instalar-se, em regiões estratégicas, diversos núcleos do Instituto Pró-Família. Até agora foram instalados 5 (cinco) núcleos e estão sendo concretizados outros 5 (cinco). Tal foi a repercussão deste empreendimento que tivemos que planejar três cursos a mais nos meses de setembro (dia 19), de outubro (dia 16) e de dezembro (dia 4). Está em projeto, ainda, a instalação de uma dezena de núcleos nos seis vicariatos episcopais da Arquidiocese. O Instituto Pró-Família, presidido por Dom Rafael Llano Cifuentes -Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Coordenador da Pastoral Familiar naArquidiocese e no Leste I - conta com uma equipe de agentes de pastoral e de médicos especializados na matéria, orientados pelo Dr. Jamil Jorge Simão - diretor do Hospital Fabiano de Cristo. Maiores esclarecimentos pelo telefone (021) 270-9703.

Instituto para a Família da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Travessa da Soledade, 25 - Praça da Bandeira - CEP: 20270120- Te I.: (021) 293-2591.


próximo Encontro acontecerá en 1995, nas Filipinas.

NOTÍCIAS BREVES •SANTO DOMINGO - PRIORIDADES E COMPROMISSOS PASTORAIS é o t~ulo do n11 67 da Coleção "Estudos da CNBB" publicada por Edições Paulinas. O livro, de 80 páginas, apresenta as conclusões do estudo feito na 31ª Assembléia Geral da CNBB realizada em abril/maio deste ano, procurando uma integração entre as Diretrizes da Ação Pastoral da Igreja no Brasil e o Documento de Santo Domingo. A partir desses dois textos, foram elaboradas prioridades pastorais em nível nacional, regional e diocesano.

• VIl JORNADA MUNDIAL DE JOVENS. Convocado pelo Santo Padre, com o tema "Eu vim para que todos tenham vida", o Encontro aconteceu nos dias 14 e 15 de agosto na cidade de Denver, Estados Unidos. Na noite de 11 de agosto, na praça central da cidade, o arcebispo metropolitano presidiu a missa de acolhida aos peregrinos, para cerca de 80 mil jovens. Cerca de 100 mil lotaram o estádio local, na tarde seguinte, para receber o Papa e, novamente, na noite do dia 13, para a Via Sacra. Os dias de preparação foram ocupados por "catequeses" e celebrações por grupos lingüísticos em distintos locais. A Vigília e Eucaristia com o Santo Padre, na noite do dia 14 e manhã do dia 15, aconteceram em um parque estadual a cerca de 20 km do centro da cidade, com a participação de aproximadamente 500 mil pessoas. Além da delegação oficial, cerca de 200 brasileiros estavam nessas celebrações. O

"FOME: INIMIGA DO POVO BRASILEIRO" é o título da Nota divulgada pelos bispos da Comissão Representativa do Episcopado Paulista - Regional Sul I (SP) - sobre a Campanha contra a Fome. A Nota afirma que "Os Comitês de Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida multiplicam-se em todo o País. A sociedade civil brasileira começa a se envolver nessa campanha que não tem dono. Em qualquer cidade, hoje, fala-se do 'Comitê contra a Fome'. A organização desses comitês é um pleno sinal de que a sociedade se sente indignada com o problema e exige uma resposta à altura do desafio. Essa ação bem organizada testemunha de forma concreta a solidariedade e visa tirar da marginalidade 32 milhões de brasileiros que passam fome, irmãos nossos que não têm o 'pão de cada dia"'. Os bispos afirmam ainda que "a nível nacional, bem sabemos que essa campanha não pode estar desvinculada de um processo de transformações políticas, econômicas e sociais, que coincidem com as preocupações da Igreja. Queira Deus que a Campanha contra a Fome signifique nossa adesão ao clamor dos pobres, que leve a inserir na pauta dos grandes problemas as urgentes mudanças que o Brasil precisa, entre elas a Reforma Agrária, a distribuição de renda e a geração de empregos." Os bispos convidam as paróquias, comunidades e associações a se CM Novembro/93 - 43


engajarem nessa campanha e afirmam que a mesma é apartidária e que se deve evitar, a qualquer custo, a sua instrumentalização e manipulação com fins politico-eleitoreiros. E concluem: "Como pastores, estamos dispostos a contribuir sem medidas, somando e juntando nossas forças nos comitês. Tenhamos confiança! O dom da caridade jamais passará". A Nota é assinada por D. Eduardo Koaik, presidente do Regional Sul I da CNBB.

• CASAMENTO: TERNURA E DESAFIO é recente lançamento da Editora Vozes. A publicação foi elaborada pelo Setor de Pastoral Familiar da CNBB, tendo em vista os agentes de preparação para o casamento. Compreende 4 capítulos: diretrizes e orientações; conteúdos básicos sobre matrimônio e família; temas catequéticos; agentes de pastoral e sua preparação. Apresenta ainda diversas dinâmicas e ampla bibliografia.

*** *** CAMINHAR ...

Quero andar a seu lado, como o pé direito acompanha o esquerdo: um de cada vez, independentes, cientes do próprio destino ... sabendo parar à espera do outro, seguindo à frente, quando a estrada assim o pedir mas caminhando ambos o mesmo caminho, a mesma jornada, uma só direção .. . (autor desconhecido) Colaboração de Regina e Toninho Equipe 2 - Araraquara/SP

*** *** Não interessa a ninguém, nem a nós mesmos, ficarmos com um estoque de Cartas Mensais, ricas em instruções, experiências, mensagens, arquivadas em nossas gavetas. O que Jesus não quer, é que acumulemos "riquezas". Por outro lado, não se acende uma vela para colocá-la debaixo da cama, mas sim no candelabro, para que ilumine o máximo possível. Assim, deixemos que outras pessoas possam ler e se enriquecer com o conteúdo das "nossas" Cartas Mensais. Vamos entregá-las uma a uma a outras pessoas; colocá-las nos consultórios dos dentistas, dos médicos, nas repartições públicas; enfim, que cada equipista arrume um jeito de abrir sua "comporta ".. . Rosa na e Álvaro Equipe 5 - ltú/SP 44 - CM Novembro/93


VOLTA AO PAI • Julieta (do Elmoor, mãe da Lourdes do Sobral) , Eq. 13/B de Brasília/DF em 23.07.93. Há cinco anos, Deus colocou em seu coração um estigma para sentir de perto seu amor por Ele. No in ício foi difícil, mas Deus lhe deu a graça de aceitar com carinho, fé e esperança esse presente que Ele depositara em suas entranhas. O tempo foi passando e quanto sofrimento completando a Paixão de Cri sto! Entretanto, Julieta não se deixou esmorecer e quantas vezes , sentindo dores terríveis, comparecia aos terços semanais, às reu niões, aos retiros com a maior alegria e disposição, animando e dando coragem a todos da equipe. No seio fami liar, com disponibilidade reunia seus filhos , netos, genros e noras com uma alegria sempre estampada no rosto de quem é vivificado pelo Senhor Jesus . Que singeleza! Muitos outros exem pios cristãos poderiam ainda ser enumerado , muitos dos quais estão calados nos corações de seus irmãos de equipe, como chama ardente que frutifica, qual semente proveniente de uma convivência de vidas irmanadas. No fim de sua vida, pôde sentir tudo o que plantou. Ladeada pelo carinho do esposo e dos entes queridos ela teve sua passagem para a eternidade, como uma flor diante de Deus. Descanse em paz irmã querida, aleluia!, aleluia! • Thomas Schuwerdtner (da Noemia) , Eq. 93-C, .Bi.QJ. A função de CRE que vinha exercendo, por vontade declarada da viúva, continuará a ser exercida por Noemia. Equipistas desde 1988, antes de in-

gressarem nas ENS desenvolviam extenso e profK:uo trabalho junto ao ECC e à Paróquia de Santa Mônica onde sempre se dedicaram, sobretudo à Pastoral Familiar. Seus irmãos de equipe rogam a intermediação de Nossa Senhora de Schóenstadt no sentido de que sua alma encontre o merecido repouso junto ao Senhor. • Luciano Pinto Brito Pereira (da Elza, Eq. 6-C, Rio I que voltou à casa do Pai em 07.03.93 teve uma consagração com a missa de 6'1 mês do seu falecimento celebrada em 08. 09.93 por Frei José Pereira e participação de toda a família e muitos amigos no Colégio Virgem de Lourdes , como preito de grande saudade. Atuantes no Movimento, Luciano e Elza desempenharam por muito tempo a missão de responsáveis pelo Setor C. Médico-cirurgião , Luciano foi um paradigma do perfeito cristão. Era a modéstia personificada e prestou grande auxílio, inclusive profissional a seus irmãos de equipe , tendo operado Bocater de duas úlceras duodenais e o assistido diária e desveladamente em sua casa enquanto convalescia. Na sua posse como segundo homem da direção do Hospital dos Servidores do Estado foi saudado pelo Dr. Jorge Dodswortque enalteceu as virtudes morais e profissionais de Luciano comprovadas em 40 anos de convívio. Como informa ainda Bocater, fizeram juntos, em 1970, o 37 2 Cursilho de Cristandade tornando-se grandes amigos e ingressaram com suas esposas nas ENS em 1971. • Milton Garcia Gomes (da Regina) , eq. 1 - N.S. da Ponte de Sorocaba/SP em 05.08.93. 1ntegrante e iniciador da pri-

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meira equipe em Sorocaba, viveu intensamente o Movimento, sendo piloto e ligação de várias equipes . Engajado em todas atividades paroquiais, no Cursilho e em Movimentos de Casais e de Jovens. Seus irmãos de caminhada, na saudade, tem a certeza que os deixou por uma vida melhor. • Élvio Décio Cacace (da Lourdes), Eq. 11 - N.S. da Alegria de Sorocaba/SP em 12.08.93. Equipista responsável pela Espiritual idade no atual Setor de Sorocaba. Participou ativamente do Movimento, sendo piloto e ligação de diversas equipes. Integrado na comu nidade, foi participante ativo no Cursilho, no Movimento de Casais e de Jovens. A saudade é presente, mas temos a certeza de que ele está junto do Pai .

MUDANÇAS NOS QUADROS • Em Missa Comunitária celebrada em 5/9, por Mons. Paulo Daher, na Capela do Colégio Terra Santa, com a presença de um número significativo de equipistas e do CRR Rio 11 , Myrian e Galvão, Maria Stella e Arlindo Kronemberg, transmitiram a responsabilidade do Setor A de Petrópolis para Neusa e Mozart da Mota Mendes. Agradecemos a Deus o trabalho do antigo CRS, rogamos a Maria, nossa Mãe e Modelo, as graças necessári as para Neuza e Mozart desempenharem a missão de serviço que ora iniciam .

EXPANSÃO • A Coordenação das Equipes de Nossa Senhora de Votuporanqa/SP, foi elevada a Setor no dia 19.09.93. O Casal Responsável pela Coordenação Adair e Luiz Carlos continua a responder pelo Movimento, agora no

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novo Setor, bem como o seu Conselheiro Espiritual padre Edemur José Alves. A posse de Adair e Luiz Carlos deu-se na Missa celebrada pelo Padre Edemur, na Igreja Matriz de Votuporanga, com a presença dos casais equipistas e da comunidade . Esteve também presente o casal Responsável Regional Rosinha e Anésio.

EVENTOS • Realizado em 11 e 12/9, no Sítio da Divina Providência, em Valenca/RJ, o VI MUTIRÃO DA REGIÃO RI O 11, com a presença de 21 casais e uma viúva dos Setores A, B e C de Petrópolis, Piabetá e Valença. No evento, houve um clima marcante de alegria, confraternização, troca de experiências e espiritualidade. As palestras ficaram a cargo do Pe. Paulo Augusto Milagres Rodrigues , C.E. de equipe em Petrópolis ; Myrian e Galvão, Casal Responsável Regional e Júnia e Mauro, Casal de Ligação da ECIR; na equipe de serviço, os casais do Setor Valença, que se desdobraram inclusive para hospedar em suas casas os casais de fora. Rogamos a Deus para que frutifiquem as sementes lançadas neste Mutirão. • Real i zou-se em Florianópolis/Se Sessão de Formação, nos dias 27, 28 e 29 de agosto/93, reunindo 22 casais dos 3 Estados do Sul, com a presença de Pe. Silvino (C.E. Paraná Norte) , Pe. Avelino (C. E. da Região RS) , e Maria Cecília (ECIR), tendo como pregador o Pe. Luiz Carlos Rodrigues , c.E. da Região se. • Realizou-se nos dias 21 e 22 de agosto último o 152 Retiro Anual das ENS de Pindamonhangaba/SP, pregado pelo Revmo Cônego Claro, Conselheiro Espiritual do Setor.


Tendo como tema "Famflia e Comunidade" com base no IV Conferência GELAM em Santo Domingo realizado em 12 de outubro de 1992 o retiro veio ao encontro do tema preparatório das Equipes ao Encontro Internacional de Fátima de 1994. -Foi maravilhoso! "Felizes os que participaram". • Em preparação ao Ano Internacional da Família e de modo particular, ao Encontro Internacional das ENS em Fátima, os equipistas de Curitiba/PR iniciaram a Cruzada da Oração e Penitência. Durante 9 horas (das 21 às 6) , nove famíl ias se intercalaram , de hora em hora em oração para reparação dos pecados da humanidade, pela paz e união das famílias. Grande parte do Movimento está participando dessa cruzada. A iniciativa partiu de Monsenhor Luiz, ele mesmo integran te assíduo das madrugadas de vigília. • No mês de agosto, as ENS de São José dos Campos/SP, não deixaram passar em branco a Semana da Família. Várias faixas foram colocadas em pontos estratégicos da cidade, chamando a atenção para o evento e com frases que alertam para a importância e a valorização da família. O evento mais marcante, no entanto, foi uma noite de reflexão realizada pelas ENS no Seminário Diocesano, no dia 11. Os equipistas tiveram a graça e a alegria de contar com a presença do Pe. Pedro Lopes, de Taubaté, que falou sobre o tema Família. Além da presença de um grande número de equipistas e seus familiares , muitos casais de outros movimentos também participaram . • Rosa e Lydio, eq . 60-C .B.i.Q.Jll, é o casal que representa as ENS na Co-

missão Arquidiocesana de Pastoral Familiar que se reúne mensalmente com O. Rafael Cifuentes, Bispo Responsável pela Pastoral Familiar. No Sábado, 7 de agosto, aconteceu na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro a missa de encerramento da Semana da Família. Lá estavam o casal Rosa e Lydio, Regina e Cleber, Responsável pela Região Rio 111, Myrian e Paulo, Responsável pela Região Rio I, e mais alguns casais equipistas. No próximo ano esperamos contar com um maior número de casais das equipes. nesse evento de tamanha importância para nós, famílias cristãs.

EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA • Graças às orações e espírito de serviço e doação da Região Paraná Sul , em particular Mafra, Curitiba e Paranaguá, mais oito Experiências Comunitárias iniciaram esta caminhada de evangelização. • Em agosto passado, oito novos casais ingressaram em equipes já existentes no Setor de São José dos Campos/SP e que estavam com número reduzido de membros. Estes novos casais são oriundos de mais uma Experiência Comunitária realizada naquele Setor.

CONSELHEIROS ESPIRITUAIS • - Pe. Luiz Carlos Rodrigues, C.E. da Região Santa Catarina/SC, C.E. do Setor C e C.E. das Equipes 1Oe 12-B, atendendo chamado da Arquidiocese de Florianópolis, segue para Roma, no dia 05 de setembro/93, para estudos no Colégio Pio-Brasileiro, onde ficará por 6 anos.

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BEM-AVENTURANÇA DOS VELHOS

Bem-aventurados aqueles que mostram compreensão quando meus passos são incertos e minha mão treme. Bem-aventurados aqueles que compreendem que meus ouvidos nem tudo podem ouvir. Bem-aventurados aqueles que aceitam que não enxergo bem e não posso acompanhá-los. Bem-aventurados aqueles que fingem não notar que entorno e sujo coisas na mesa. Bem-aventurados aqueles que param um momento para bater um papinho comigo. Bem-aventurados aqueles que nunca dizem: "você já contou isso 20 vezes". Bem-aventurados aqueles que me deixam contar coisas do passado. Bem-aventurados os que me fazem sentir amada e que não estou sozinha. Bem-aventurados aqueles que me respeitam quando tenho dificuldade em carregar minha cruz. Bem-aventurados aqueles que me ajudam, por sua bondade, a encontrar o caminho para o Pai bondoso.

Colaboração de Dª Nancy Moncau

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MEDITANDO EM EQUIPE

(Sugestões para novembro/93) TEXTO DE MEDITAÇÃO: Ev. de S. Mateus, cap. 25, vers. 31-46 Trata-se de um texto de "balanço": - "balanço" em relação às exigências de Jesus: nossa preocupação para com os pobres? ... Nossa participação na atual "campanha pela cidadania e contra a fome? ... - "balanço" em relação às exigências do Movimento; à vida de nossa equipe; à seriedade do desenrolar das reuniões; à amizade verdadeira entre os membros da equipe ... etc. - "balanço" em relação à nossa vida pessoal, à nossa vida conjugal, à nossa vida familial ... Ora~ão

litúrgica: LADAINHA DE NOSSA SENHORA

- Virgem da casa de Nazaré, olhai por nossos pobres. - Virgem que, amassou o pão alcançai-nos o pão em cada dia. - Virgem que embalou o berço de Cristo, dai coragem às nossas mães. -Virgem que cuidou de José, enchei de amor o coração das esposas. - Virgem que trouxe nos braços o Menino Deus, vela i sobre as crianças. -Virgem que conduziu Jesus adolescente, cuidai da nossa juventude. -Virgem que experimentou os caminhos do exílio, compadecei-vos dos que não têm casa nem terra. - Virgem que enfrentou a tirania de Heródes, sede mãe dos injustiçados. - Virgem da angústia por ter perdido o Filho, olhai pelas mães que foram abandonadas pelos filhos. -Virgem que cuidou da própria casa, traze i paz às nossas famílias. - Virgem que perdeu o esposo, trazei consolo ao coração das viúvas. - Virgem que viu o filho morrer, consolai as mães que perdem seus filhos. -Virgem que esperou com os apóstolos a ressurreição de Cristo, renova i em todos nós a esperança da ressurreição final. -Virgem que rezou com os apóstolos esperando Pentecostes, pedi que o Espírito Santo mantenha a Igreja renovada. - Virgem que acompanhastes os passos iniciais da pregação dos apóstolos, dai ânimo e perseverança aos ministros da Igreja de hoje. - Virgem santa que dissestes SIM, ensinai-nos a fazer sempre a vontade do pai. Amém.


1994 SER FAMÍLIA HOJE NA IGREJA E NO MUNDO o

ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

o

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

o

ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS: FÁTIMA


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