ENS - Carta Mensal 295 - Outubro 1993

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RESUMO • Os ecos da reunião da ERI com os Super Regionai e da palestra, na ocasião, de Dom Luciano Mendes de Almefda são relatados pelo C.R. da ECIR, Beth e Romolo (pg. 2). • Outubro é mês das missões. A seção "Caminhando com a Igreja" (5) e os versos de um casal (11) nos falam de missionários e do "novo ardor". • Também em outubro, no dia 12, celebra-se a festa de nossa padroeira, Nossa Senhora Aparecida. O Papa nos fala dela (9, 17) e seu Santuário nos é contado na página 1O. • A seção "Reflexão" (12) nos traz meditações sobre os ensinamentos de Cristo e os caminhos da verdadeira Paz. • Dois casais nos fazem parte de suas reflexões sobre o Lema do Movimento para 1993 (14) . • Várias orações (13, 18, 48) nos dizem muito sobre a presença de Cristo em nosso coração, em nosso meio. • A grande prioridade de Santo Domingo, a coerência entre fé e vida, é objeto de uma reflexão (20) e de uma grande profissão de fé (22). • A vida de equipe, na co-participação (24) e na correção fraterna nos lembra também as próximas reuniões de balanço (26) . E nos pergunta se as equipes são mesmo de Nossa Senhora (28). • Em outubro festeja-se também o dia das crianças. A seção "Pais e Filhos" (29) e a seção "Crianças" (31) nos falam delas. • Reflexões sobre a vida conjugal (33) e sobre a Pastoral Familiar (47) procuram nos ajudar a crescer em nossa espiritualidade. • Planejamento familiar (36), menor abandonado (37) , videogames (40) são alguns aspectos da atualidade examinados nesta Carta. • Um casamento que foi um acontecimento na vida das EJNS propicia-nos um testemunho (42) . • Notícias e Informações (43) , dicas para nossas leituras (46) e as sugestões de meditação e oração (49) completam esta Carta Mensal.


O Dia das Crianças - que por uma significativa coincidência, celebra-se sempre junto com a festa de Nossa Senhora Aparecida - poderá, este ano, adquirir uma maior profundidade, se refletirmos sobre os vínculos que nos unem a nossos filhos à luz do tema Ser Família, Hoje, na Igreja e no Mundo. De fato, nesta busca que o Movimento realiza, no mundo inteiro, sobre o verdadeiro significado de uma espiritual idade familiar, as formas que nosso amor adquire em nossa convivência familiar e os laços que forjamos com os nossos filhos através das experiências que partilhamos, podem ter uma grande força de testemunho e de repercussão sobre os que nos cercam. O Cardeal Danneels, da Bélgica, diz que as "crianças são excepcionais interlocutores de Deus e pequenos profetas". Seu vocabulário é simples e direto. Quem de nós não tem algo para contar sobre alguma reação espontânea de um filho, em seu processo de formação espiritual? Eis por exemplo uma, contada na Carta das ENS da França: Lucas (10 anos), pára bruscamente no meio de sua oração. Sua mãe pensa que ele adormeceu e pergunta: «Lucas, você acabou de rezar?» E ele: «Psss! A gente nunca deve cortar a palavra de Jesus, quando ele fala!» Outra, de uma criança de sete anos: - A vovó vai ressuscitar? Ela é reciclável? Ou ainda, uma conversa de dois irmãos: A menina (10 anos): «Deus não tem corpo, ninguém pode ver, ninguém pode tocar. E só espírito.» O menino (8 anos): «Ah é? pensei que ele era só coração!» Seria interessante, neste campo da formação espiritual, tentar anotar estas verdades que saem da boca de nossas crianças e - por que não? enviá-las para a Carta Mensal, para podermos partilhá-las com os outros. Talvez haja mais teologia nelas do que em muitos sizudos tratados que circulam por ai ... Combinado? Com um grande abraço em Cristo, da Equipe da Carta Mensal CM Outubro/93 - 1


ECOS DA REUNIÃO E.R.I. +CASAIS RESPONSÁVEIS PELAS SUPER-REGIÕES, EM VINHEDO "Muy recordados amigos. No queremos dejar pasar más tiempo sin escribir para decirlos: ! Gracias!! O Brigado! Por la acogida, el calor humano y el cariflo que nos brindaron. Por la organización, por lo samba, por los churrascos, por los traductores, por el equipo de servicio pero sobre todo por mostramos através de una secuencia maravillosa la realidad brasilefla que es muy similar a la de toda Latinoamerica. La charla del Pe. Olivier sobre Teologia de Liberacion, la de Dom Luciano, concluyendo con aquella Eucaristia presidida por la Virgen de la Aparecida nos hicieran sentiren lo más profundo de nuestro ser nuestra realidad latina y la necessidad de transformar nuestro mundo em algo un poquito mejor, en algo um poco más justo. AI Pe. Mário. A las parejas del ECI R los queremos y ustedes reciban todo nuestro cariflo.

Antonio y 0 /ga Lucia Arango Bogotá- Agosto de 1993".

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Reproduzimos aqui o cartão que recebemos do Casal Responsável pela Super-região América Latina de fala espanhola porque eles exprimem a sua identificação com a situação brasileira e assim acenam para aquilo que consideramos um dos pontos mais importantes desta reunião da ERI com os casais Super-regionais das várias partes do mundo que ocorreu em terras brasileiras, em julho: pudemos tomar consciência da profunda diferença do que é viver a Igreja e o Movimento das E.N.S. na América Latina e na Europa; pudemos admirar a beleza dessa pluralidade; pudemos nos enriquecer na troca de nossos dons, na construção da unidade. Mas que trocas são essas que podemos fazer? Dom Luciano mostrou-as em sua palestra e Mercedez e Álvaro as tornaram bem claras. A maneira mais comum do latino americano pensar é a indutiva: partimos do concreto de nossas existências, convocados pelo sofrimento, pela solidariedad~ e celebramos a nossa vida. E a partir dos fatos que buscamos a Palavra e vamos iluminando nossa vida, vamos evangelizan-


do nossos atos. Para nós, a vida comunitária é o lugar da festa, da celebração, da partilha, do auxílio mútuo. Assim , temos a oferecer uma fé viva, alegre, dinâmica, natural, mas uma fé jovem, pouco dada ao estudo, cujas raízes não são profundas, tornado-se muitas vezes vítima da incerteza e do vento das novidades. (por isso surgem tantas seitas). Os europeus têm uma fé mais arraigada, mais profunda, firmada no conhecimento, alicerçada na certeza que lhes vem pela experiência e pelo estudo. Partem do Evangelho e procuram dirigir suas vidas pelas palavras de Cristo e da

Igreja numa postura dedutiva. Portanto, temos a aprender com eles que é preciso viver uma fé madura, firme e que isso se adquire pelo estudo, por um levar a sério o nosso projeto de santificação. Eles têm que aprender conosco, a alegria de ser cristão e a força da esperança. Mas juntos decidimos que agora é hora, em qualquer lugar do mundo, de assumirmos que o Movimento das E.N.S. tem a missão de se fazer presente na transformação do mundo pela força do Evangelho, anunciando os valores do casamento e da família e denunciando tudo o que os prejudica.

"AQUI E AGORA": AMANHÃ SERÁ DIFERENTE. Em outros artigos nesta carta e na outra ao expor sobre o Encontro do Colégio Internacional, em Vinhedo, foi falado da presença muito rica de D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB. Agora queremos destacar um momento em que D. Luciano, nosso profeta falou direta e incisivamente aos casais das ENS. Nós todos sabemos e muitos de nós, pela profissão ou pelo local onde moramos, conhecemos bastante bem a calamitosa situação em que vive uma grande parcela das crianças brasileiras.

Segundo D. Luciano cerca de 30 milhões de crianças vivem as carências de alimentação, saúde, educação, etc., nas camadas sociais mais pobres. Cerca de 5 milhões de crianças vivem a situação de abandono, as crianças "de rua". Ainda existem as crianças "infratoras", das quais não citou número mas enfatizou que estão na situação mais difícil.

É para este campo que nós, casais equipistas somos convidados por D. Luciano, que nos aponta muito especialmente a pastoral que procura dar um novo sentido de vida aos "infratores". CM Outubro/93 - 3


Se nos perguntarmos, porque existem essas crianças? certamente encontraremos inúmeras respostas nos campos do mau direcionamento político da Nação, da insuficiência econômica, do descuido com a educação, da falência do sistema de saúde, dos vícios dos pais, do egoísmo dos mais abastados e ainda outras, mas também chegaremos a uma conclusão sempre presente quando estamos à frente de uma criança em desamparo: ela é fruto de uma família desequilibrada, ou inexistente, e da ausência do amor conjugal. Essa situação clama que transformemos em atitudes de vida, a favor desses pequenos irmãos, a graça do carisma de nosso movimento. A tarefa não é fácil! Ela exige conhecimentos e técnicas em acréscimo à nossa vontade de viver e fazer viver o amor, à vontade de viver e oferecer uma comunidade a essas crianças. Por isso o caminho não é o da ação solitária e, às vezes, até mesmo heróica. O caminho é o da pastoral, orgânica e organizada, na sua Paróquia, na sua Diocese. Você casal equipista, já procurou saber se há uma pastoral da criança em sua cidade? Procure essa pastoral, conheça o que já fazem, e veja como você pode melhorá-la ou, ao menos, ampliá-la. Vá lá e procure saber: será que existe um programa de aleitamento materno? Será que existem os programas de hidratação 4 - CM Outubro/93

e vacinação? Será que existem grupos de pessoas procurando o contato fraterno com os "meninos e meninas de rua" e suas famílias quando elas existem? Existem pequenos albergues para essas crianças? Quando um menino infrator sai de uma casa de contenção, ou da delegacia, há casais dispostos a ampara-lo? Não, não para adota-lo, pois o "infrator" dificilmente se ajusta à adoção, mas o amparo do casal cristão que sabe tirar dinheiro do bolso, um sorriso dos lábios, conhecimentos claros da mente, e oferece a firmeza da fé. As possibilidades de participação são variadas e em grande número; certamente vocês encontrarão a melhor forma, dentro dos talentos que Deus lhes deu, para dar nova vida à nossa Nação, dando vida às suas crianças. Se em sua cidade ainda não há a pastoral da criança, o que você poderá fazer para que nasça? Colocamos assim o apelo de D. Luciano, que esperamos em breve ver respondido com vigor e generosamente. Irmãos, neste momento parece-nos muito propício le111brar o lema adotado este ano: "Aquele a quem muito se deu, muito será pedido". A nós foi revelado o Reino de Deus, nossos irmãos esperam que o partilhemos. Beth e Romolo PelaECIR


..... COM RENOVADO ARDOR MISSIONÁRIO ..... O que é ser missionário? Há alguns anos atrás, em viagem ao Nordeste, tive a oportunidade de contactar com a experiência missionária do Pe. Alfredinho Kuns. Foi justamente na época da construção de barragens para coletar água em tempo de seca. Pe. Alfredinho participava das frentes de trabalho como presença do amor de Deus no meio daquele povo sofrido. Ao anoitecer, sentados à porta do seu barraco, trocávamos algumas idéias em torno da dimensao missionária. A experiência marcoume profundamente, quando ele dizia: "Ser missionário é revelar a presença de Deus no meio dos homens". Outubro: mês missionário Celebramos a dimensão missionária no mês de outubro, como um mandato de Jesus Cristo: "Ide trabalhar na vinha". Este apelo é feito a todos os cristãos que, a partir do seu batismo, são enviados em missão, concretizando a diversidade de vocações e ministérios. Por isso a Pastoral Vocacional sente-se unida à dimensão missionária. Somos vocacionados para uma missão específica na Igreja e no mundo, com especial atenção às necessidades de além-fronteira. A juventude No contexto global do mês missionário celebramos no 12 dom in-

go o "Dia Nacional da Juventude", que em 1991 teve o seguinte lema: "Latino-americanos, por que não?" Esta foi uma resposta eficaz ao Congresso Missionário LatinoAmericano acontecido no início daquele ano no Peru, quando a América Latina era convocada, a partir de sua fé, a enviar missionários. Por outro lado, quis ser a preparação para o Congresso Latino-americano de Jovens que aconteceu na Bolívia no início de 1992, bem como a motivação para a Conferência de Santo Domingo, em outubro do ano passado. Com essas. inic~ativ~s ~ a p~rtir de uma expenenc1a m1ss1onana concreta, os jovens vão despertando e amadurecendo vocacionalmente. Nosso compromisso

Em sintonia com a Igreja universal e acolhendo a mensagem do Papa para o Dia das Missões, queremos, como Pastoral Vocacional, estar com os jovens para que "saibam dizer sim, se o Senhor os chamar a segui-lo na vocação missionária". Que Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina, desperte este continente jovem para a diversidade de vocações missionárias e nos acompanhe como "Estrela da Nova Evangelização". Pe. Luiz Síveres Assessor Nacional da Pastoral Vocacional

VOCÊ TAMBÉM PODE SER MISSIONÁRIO Sempre que ouvimos falar em missionário, pensamos talvez na

atitude de uma pessoa que deixa seu lar, seus amigos, seus familiaCM Outubro/93 - 5


res, sua terra e vai a um lugar distante, perigoso, descrente, pregar o Evangelho, proclamar discursos tão efusivos que comovam e convertam o mais incrédulo ouvinte, ou ainda, lidar com multidões, cantar, consolar, confessar, fazer uma massa inteira de gente, entrar em prantos de alegria. Missionário é todo aquele que tem uma missão a cumprir, uma tarefa a desempenhar dentro do mundo em que vive. Este mundo pode ser a sua família, o seu local de trabalho, o recanto onde se encontra com os amigos , a sala de aula, a rua, o cinema, o bar ... Pode ser o campo, a lavoura, a vida, o bairro ou a cidade , enfim, qualquer lugar; e qualquer pessoa que esteja disposta a tornar o mundo um pouco melhor e levar a sério o apelo de Cristo é missionário. Ninguém é tão pobre que não tenha nada a comunicar. Com nossa partic~ação podemos alegrar o coraçao dos homens, fazer com que se sintam menos sós, menos oprimidos, mais valorizados, mais irmãos, e estaremos respondendo ao chamado de Cristo, porque nos tornamos portadores de paz. Francisco foi um homem bom, simplesmente isto, e no entanto é um grande santo. E para ser um homem bom não é necessário que você seja muito lido. Não é necessário que você esteja envolvido em tarefas importantes, Não é

mesmo necessário que conste nas notícias da lV, rádio , das revistas ou dos principais jornais, ou seja uma manchete no meio de seu povo. O que é necessário é que você seja bom , pela sua simplicidade, pela sua bondade, pelo seu testemunho, pela sua simpatia, pelo seu rosto radiante, porque transparece a imagem de Cristo. Francisco nos ensina a sermos missionários, quando diz a seus frades : "Onde haja uma dor, esta seja a sua dor. Onde haja uma lágrima, esta seja a sua lágrima. Onde haja um pecador, você se faça pecador com ele, sofrendo com ele as an gústias do remorso , sofrendo com ele a angústia do retorno. Quando encontrar um pobre esfarrapado ou de qualquer condição, este seja o seu maior irmão ". Por isso, no dia a dia, diante de cada situação, de cada tarefa, de cada pessoa, você pode ser missionário. E no fim da sua vida, talvez ainda ninguém o tenha chamado por este nome, mas lhe dirão: "Este era um homem bom e passou por esta vida fazendo o bem a todos ". O que mais poderíamos desejar ouvir, se é por isto que seremos julgados? Maria do Carmo e Elizeu C.R. Equipe 07 Araraquara/SP

*** *** "A MISSÃO" A ação missionária começa a partir do coração de DEUS PAI. A Igreja se esforça para anunciar o Evangelho a todos os homens , sempre obedecendo a ordem do seu fundador. 6 - CM Outubro/93

A missão revela ao mundo, a Santíssima Trindade; Pai, Filho e Espírito Santo, como amor substancial que nos alimenta, e que é FONTAL, isto é advém da fonte: DEUS PAI.


A missão pode ser ad infra, quando feita dentro de um mesmo espaço geográfico, ou ad extra, quando atravessa fronteiras (outras localidades, países). O católico deve optar pela segunda espécie, pois ser católico significa ser UNIVERSAL. No Evangelho de São João, que é por excelência missionário, Jesus por mais de 40 vezes diz a seguinte expressão:" ... do Pai que me enviou ... ". A missão é IR, PARTIR , é deixar que Deus Pai, Filho e Espírito Santo nos envie. O capítulo 17 de João é uma verdadeira oração missionária, onde Jesus nos envia ao mundo para terminar a sua missão. O capítulo 4Qde São Lucas, mostra as andanças de Jesus de aldeia em aldeia. Quizeram uma vez que ele se fixasse em Cafarnaum , e ele disse "não" , pois quem é missionário tem que partir, ir. A missão é sair da sua terra: "... Sai de sua terra e vai". Existem casos heróicos de missionários. Porque o missionário é antes de tudo um herói. Quem visitar a cidade de Teffé no Amazonas irá encontrar o "Cemitério dos M issionários" e vendo a data de suas mortes, notaremos que todos morreram ainda jovens, com 28, 30, 31 anos ... , e a grande maioria veio de outros países. Há o exemplo também muito comum aqui no Brasil (Região Norte) , dos Franciscanos Norte-Americanos, que há 50 anos largaram suas terras e vieram se dedicar à vida missionária em nossas terras. São Francisco Xavier partiu levando e pregando o evangelho a todo o

oriente. São Francisco de Assis atravessou o Mediterrâneo, foi à África e depois à Síria e, com gestos simples e ingênuos, conseguiu converter muitos muçulmanos. Santo Antônio partiu e foi ao Marrocos. Quando não se pode partir com o corpo, deve se partir com o coração, é o exemplo que Santa Terezinha nos deixou. Impossibilitada pela doença, de sair de sua terra natal, Lisieux, França, esteve com o pensamento sempre voltado para o mundo, ela partiu com o coração. Segundo o Padre Cleto Caliman, "A chave da vida pastoral da Igreja está na espiritualidade e não só na organização". Ele diz que esta espiritualidade se realiza através da missão e que o homem precisa caminhar, peregrinar, para buscar o Reino de Deus. A Espiritualidade vivifica a missão , e mostra a variedade de ações para realizar a missão da Igreja. Para realizarmos a missão devemos nos guiar por alguns pontos: Primeiro devemos nos deixar embeber pelo Espírito Santo Missionário de Jesus; "O espírito me ungiu e me enviou" . Segundo , deixar se possuir pelo Espírito Santo. Ele é o protagonista. É Ele que abre o caminho, que abre o coração do povo. Nós somos apenas instrumentos e devemos ser aderentes , pedindo sempre o discernimento a coragem, assim como Pentecostes iniciou a missão dos apóstolos. Terceiro, devemos realizar uma verdadeira comunhão de vida, com o Cristo missionário, e por último devemos amar apaixonadamente a humanidade que CM Outubro/93 - 7


Deus amou. O amor de Deus é ilimitado, não tem as razões da Matemática e da Geometria. E Ele amou a certo ponto que deu o seu Filho Jesus, para aqueles que o aceitem, tenham vida e vida em abundância. A missão é um gesto de fé e esperança. É um ato de amor. João Paulo 11 em Santo Domingo, diz: " ... O verdadeiro missionário tem que ser Santo,

quem não é se esforce para ser". "Palestra do Padre Gervásio Queiroga, Coordenador de Pastoral em Cajazeiras , Paraíba, por ocasião da IV Assembléia Diocesana de Santarém" Colaboração de Jussara e Daniel

Casal Responsável pela Coordenação em Santarém-Pará

NOTÍCIAS BREVES:

VIl ENCONTRO DA IMPRENSA CATÓLICA DO BRASIL Realizou-se nos dias 12 e 13 de agosto no salão Dehon da Paróquia de São Judas Tadeu, no Jabaquara,São Paulo, o VIl Encontro da Imprensa Católica do Brasil. Convocados pelo Setor de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e orientados pelo Padre Augusto César Pereira, SCJ, Assessor do Setor de Comunicação da CNBB, reuniram-se 41 comunicadores, representando 33 Instituições e Órgãos da Imprensa Católica Brasileira de diversos Estados . Houve explicação pormenorizada sobre cada uma das Organizações Internacionais Católicas de Comunicação. Debateu-se, novamente, a criação de uma entidade, que pudesse ser o lugar de encontro e representasse os interesses especificas da Imprensa Católica Brasileira. 8 - CM Outubro/93

Um grupo de trabalho sistematizou as opiniões e sugestões, apresentando um ante-projeto de organização da referida Entidade, que seria uma Rede, membro da UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação Social). Decidiu-se que o dia 12 de agosto de 1993 fosse considerado a dia da criação da Rede de Imprensa Católica. Várias Organizações Católicas e não-Católicas expuseram seus trabalhos no campo de comunicação. No final escolheu-se um grupo de jornalistas, sob a presidência do Padre Augusto César, para a elaboração do Projeto da Rede Brasileira de Imprensa Católica. A Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora esteve presente, dando e colhendo informações. Maurício da Nilza Equipe da Carta Mensal


NOSSA SENHORA APARECIDA GUIE O BRASIL NA FIDELIDADE À ÚNICA VERDADE DE CRISTO Prosseguindo a nossa ideal peregrinação aos Santuários e Templos da fé da devoção mariana no continente latino-americano, em recordação do V Centenário da Evangelização daquelas terras, fazemos hoje paragem no Estado de São Paulo, no Brasil , junto da venerada imagem de Nossa Senhora Aparecida, proclamada pelo Papa Pio XI , em 1930, Padroeira do povo brasileiro. A venerável imagem, que segundo a tradição, foi encontrada em 1717 por alguns pescadores no Rio Paraíba, foi colocada primeiro numa pequenina capela e, mais tarde, numa igreja, que se tornou rapidamente meta de peregrinações, coração pulsante de entusiasmo religioso e centro de férvida irradiação do Evangelho em todas as Regiões do País. Pude, pessoalmente, dar-me conta desta surpreendente vitalidade espiritual, durante as duas viagens apostólicas, que tive a alegria de efetuar na vasta e amada Nação brasileira: em 1980, quando me foi dado consagrar o novo Santuário, e em Outubro do ano passado. O Santuário de Nossa Senhora Aparecida é chamado "Capital da fé" ou "Capital mariana do País". A ele ocorrem ininterruptamente milhões de devotos, desejosos de encontrar Cristo Evangelizador, e de O encontrar por meio de Maria, Evangelizadora do Brasil.

Esta manhã, unamo-nos também nós àquela Comunidade orante, para pedir a Nossa Senhora que nos conduza a Cristo, "luz para iluminar as nações" (Lc. 2,32). Como recorda a hodierna liturgia da Apresentação de Jesus no templo, a vida cristã é um incessante ir ao encontro do Senhor, "luz do mundo". E neste itinerário de conversão e de vida nova, guianos Maria, associada de modo muito especial à obra do Redentor (cf. Lumen gentium, 61). Oremos para que, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, o Evangelho ilumine os corações e as inteligências de quantos no Brasil estão empenhados em construir, embora entre muitas dificuldades, um futuro melhor, marcado pela solidariedade e pela esperança. Invoquemos a sua especial assistência para as comunidades cristãs brasileiras, que são vivas, numerosas e dinâmicas. [ ...] Nossa Senhora dirija os passos das comunidades daquela amada Nação a fim de que, fiéis à única verdade de Cristo, cresçam cada vez mais na comunhão entre si e com a Igreja universal, e estejam prontas a responder corajosamente aos múltiplos desafios espirituais e sociais do nosso tempo. João Paulo 11 (L'Osservatore Romano, 2/2/92) CM Outubro/93 - 9


SANTUÁRIO DE APARECIDA O MAIOR SANTUÁRIO NACIONAL

"Capital da Fé" e "Capital Mariana do País" - dois títulos que caracterizam a cidade de Aparecida do Norte (SP) , visitada anualmente por milhões de peregrinos. A devoção a Nossa Senhora Aparecida surgiu do encontro de uma imagem da Virgem Santíssima no Rio Paraíba do Sul. Em 1743, D. Frei João da Cruz, bispo do Rio de Janeiro, aprovou o culto em honra de N. S. Aparecida e a construção da primeira igreja a ela dedicada. Entretanto, o número de devotos que afluía de todo Brasil era tal, que em breve foi preciso construir um templo maior. A chamada Basílica Velha, que ainda existe, foi começada em 1844 e inaugurada solenemente 1O - CM Outubro/93

em 1888. Em 1893, o templo recebeu o título de "Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida", sendo nomeado o primeiro vigário da Paróquia de Aparecida. Em 1894, os Redentoristas, Padres e Irmãos, assumiram a administração do Santuário de Aparecida, onde vêm prestado assistência religiosa às multidões de romeiros que visitam o Santuário com muita dedicação. Em 1900 iniciaram a publicação do jornal "Santuário de Aparecida" e em 1951, fundaram a Rádio Aparecida, a primeira emissora católica do Brasil. A primeira romaria aconteceu no dia 08 de setembro de 1900, com 1.200 peregrinos.


Os Redentoristas, já com mais de 80 anos neste Santuário, chegam à seguinte conclusão sobre o que acontece no Santuário: Os Santuários são lugares privilegiados de Evangelização, são lugares privilegiados de conversão e reconciliação com Deus, são lugares privilegiados da manifestação do poder, da bondade e da misericórdia de Deus, são centros da unidade da fé e centros dinamizadores da vida cristã. Além disso, os Santuários animam e afervoram a piedade dos romeiros, dão-lhes mais convicção e

alegria de ser cristãos. A mensagem religiosa de Aparecida continua empolgando sempre mais os corações devotos de Maria Santíssima. Certamente cada peregrino faz a experiência pessoal, no coração, do seu encontro com Deus, através de N. S. da Conceição Aparecida. (Informação do Irmão Afonso Wobeto, S.J., em "Livro da Famma") Mercês e Ismael Equipe 5 Recife/PE

O MISSIONÁRIO Com estes versos, quisemos enaltecer a figura dos Missionários, homens sem pátria, dos quais somos testemunhas, pois fizeram parte de nossa vida, mostrando, através de seus ensinamentos, os caminhos da santidade. A eles, nossa eterna gratidão. De onde veio não importa ele está sempre presente. Tua bagagem é a vida e tua palavra a semente. Existe dificuldade em seu falar mas sua expressão e gestos tem calor. Tua mensagem tudo cobre pois traz a linguagem do amor. Busca conhecer nosso berço criando a verdadeira unidade veio a desvendar horizontes nos caminhos da santidade. Teus exemplos mostram conquistas a dedicação é teu lema na pregação que persiste com o fogo que arde e queima. Gestos além das palavras missão sublime e elevada

exemplos que nos encantam como dádivas abençoadas. Bem aventurados ensinamentos humildemente transmitidos por homems justos sem fronteiras do Espírito Santo embuidos. Aproximou a terra do céu deu-nos a visão do paraíso fez a felicidade rodear na pureza de teu sorriso. Ficou sempre entre nós cumpriu a sua missão deixou-nos fortes na fé mostrando a vida em ação. Siga teus passos missionário às paragens desconhecidas levando a mensagem verdadeira para toda terra ser unida. Clarice e Gilberto Equipe 04 - Assis/SP CM Outubro/93 - 11


COERÊNCIA DE VIDA N~n~um discípulo é maior que o mestre; e todo o dJscJpu/o bem formado será como o seu mestre.

(Lc 6,40) .

pessoa viva com empenho a sua palavra.

Este ve culo do Evangelho de Lucas faz parte de um trecho contendo breves comparações , no qual Jesus quer chamar nossa atenção para a importância de sermos coerentes na vivência de seus ensinamentos. Jesus cita um ditado, da sabedoria popular, que era usado normalmente para mostrar o ideal do discípulo, o máximo que alguém pode alcançar. Neste contexto, Ele (Jesus) parece querer dizer que aquele ideal, tão difícil de realizar no mundo, isto é, que o discípulo chegue a ser como o seu mestre é algo que, está ao alcance d~ qualquer pessoa, desde que esta 12 - CM Outubro/93

Jesus quer nos lembrar que ele é o verdadeiro e único mestre e o único capaz de nos tornar manifesto o verdadeiro sentido da vida e de nos guiar em segurança através dos caminhos do mundo. É o único que pode curar o nosso coração dos males do pecado, dando-lhe a capacidade de produzir frutos de pureza e de bondade verdadeira. E o único que pode fazer da nossa existência uma construção sólida, que permanece para sempre. Ao mesmo tempo, porém, Jesus nos diz que também nós podemos ser como Ele, dando a entender que nos deseja levar até o seu nível. Foi para isto que Ele veio. Para nos comunicar toda a sua luz e sua riqueza de amor. Jesus nos torna discípulos, sim, mas iguais a Ele, discípulos que sejam copias vivas dele no mundo. Eleni e Calado Equipe 13 Recife/PE


BEM AVENTURADA A VISÃO DA PAZ Firme na sua esperança que o faz contemplar a Jerusalém Celeste, o Cristão aspira realizar a bem aventurança conforme escrito no Evangelho de Mateus (5,9) : "Bem aventurados os que praticam a Paz" pois é isso viver com Deus, e ser filho de Deus no Filho Único, Jesus. E neste dia 27 de Outubro, queremos meditar um pouco esta Paz, tão almejada, tão difícil, que quase nos esmorece. O casal cristão tende, com todas as suas forças, a estabelecer aqui, na terra, a concórdia e a tranqüilidade e levar todas as famílias a participarem . Ora, esta política cristã da Paz Terrestre se mostra tanto mais eficaz por ser sem ilusão.

Três princípios básicos nos orientam: Reconhecimento universal de Cristo, que estabelecerá a paz na sua vinda; Reconhecimento da Igreja como caminho para a Paz, acima de raça, classe ou sexo. É, sobre a terra, o lugar, o sinal e a fonte de Paz entre os Povos; A justiça diante de Deus e entre os homens, é o fundamento da Paz, pois é ela que elimina o pecado, fonte de toda divisão. Que a Paz de Cristo continue conosco! Ligia e Ismael Equipe 11 Manaus/AM

ORAÇÃO DE UMA SERVA DO SENHOR

Senhor, Ajuda-me a ser uma estrelinha no mundo, para levar o brilho da Tua palavra aos irmãos, e viver na Tua luz. Pai, ainda que eu seja uma estrelinha torta de pouco brilho, que eu seja, e que reflita o Teu brilho! A parte torta, serei eu e o brilho serás Tu, meu querido e amado Pai! Agradeço-Te pela forma que tenho e sou e me ofereço a Ti para seNir-Te de instrumento diante da comunidade. Guarda-me, guia-me, acolhe-me e me impulsiona para evangelizar. Revestida da Tua luz, guiado pela mão de Nossa Senhora minha mãe e da Igreja nada temerei. "Eis-me aqui"! Sou Tua Filha. Tu és meu queridíssimo Pai! Amém.

Neusa e Carlos Mário Equipe 1 SalvadorlBA CM Outubro/93 - 13


ÀQUELE A QUEM MUITO SE DEU, ... Quando nossos filhos são pequenos, por não terem renda e querendo manifestar sua gratidão no Dia dos Pais ou das Mães, nos presenteiam coisas que compram com nossos próprios recursos; em geral, no Dia dos Pais pedem dinheiro à mãe e no Dia das Mães pedem dinheiro ao pai. De uma forma ou de outra, aquilo que nos dão provém de nós mesmos. Assim é o nosso comportamento em relação a Deus. Para homenageá-lo, para cantá-lo com o nosso canto, para manifestar-lhe o nosso louvor usamos de suas próprias criaturas, como está expresso no belo Cântico do Universo (Dn. 3,5788). Como tudo o que temos e tudo o que nos cerca vem dele, com o que haveríamos de presenteá-lo que já não fosse dele? Talvez a única coisa que seja nossa mesmo no sentido de que podemos negar o quanto quisermos e guardar para nós mesmos, é o nosso amor. Tudo mais vem dele e já lhe pertence. "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido" (L c 12,48) . Já foi dito que o hor;nem "come nas mãos de Deus". E a natureza toda que nos alimenta fisicamente e nos mantém vivos . A nossa 14 - CM Outubro/93

vida extra material, a nossa felicidade, o nosso bem-estar interior, a nossa paz, o nosso prazer de viver resulta, igualmente, de fatores que escapam do nosso controle e que são dons de Deus, fruto de Sua graça. Convém aqui citar um trecho de D. José Maritano, ex-Bispo de Macapá e falecido recentemente: "Existe uma conta que deve ser paga à humanidade por cada um de nós. Exatamente pelo fato de vivermos, de estarmos vivos, pelo fato de nos servirmos desta terra, de usarmos este ar, de desfrutarmos desta natureza; pelo fato de fruirmos da amizade, da vida, dos bens de todo o mundo, é por essa razão que devemos pagar algo. E devemos pagar com o nosso dinheiro, isto é, com as nossas capacidades, com os dotes que nos foram dados pelo Criador e Senhor da Vida. Tudo o que eu sei e que posso fazer, devo fazê-lo. Não é um ato de generosidade o bem que faço; devo fazê-lo porque tenho a minha parte de dívida a pagar à humanidade. Que bom seria se todos nós nos convencêssemos disto! Temos que trabalhar, estudar, fa-


zer e produzir todos os dias, se possível, com o máximo de nossas possibilidades, tudo o que nos for possível, enfim, exatamente porque temos esta dívida para com a humanidade" . Como já foi dito, o que realmente podemos dar a Deus de nosso, posto que podemos negá-lo, é o nosso amor. A conta que devemos pagar à humanidade terá de ser paga às custas de nossa capacidade de amar, da nossa decisão de fazer da vida um dom aos outros. Se houvesse amor oferecido a todos, servido à mesa do banquete da vida, a humanidade seria bem melhor e reinaria a paz. Decidindo dar o nosso amor a Deus, outra maneira não há senão manifestá-lo aos nossos irmãos, nossos próximos, sendo e agindo como operários da construção do Reino. Maria foi, sem dúvida, a pessoa humana que mais recebeu. "Alegra-te cheia de Graça, o Senhor está contigo". "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com sua sombra", disse-lhe o anjo. Pessoa alguma jamais ouviu tal promessa vinda da parte de Deus. Como conseqüência de tanto

que recebeu, tomou para si a guarda de toda a Igreja, fez-se mãe da humanidade, acompanhando-a em todo seu sofrimento ao longo dos séculos. Por causa do que recebeu, fez-se doação total; em todas as crises, em todos os momentos, sempre que percebe que a humanidade está "sem vinho". Assim como a mãe da família está atenta à necessidade de cada filho, a Mãe do mundo se preocupa com cada ser humano espalhado pela terra inteira. O lema deste ano vem alimentar em nós o sentimento de dívida. Não vamos armazenar em nossos porões os tesouros que as ENS nos oferecem em sua pedagogia e, muito menos ainda, não os desperdicemos. Vamos permitir que nossas taças transbordem, esparramando os efeitos da Graça de Deus ao nosso redor e de nossas equipes de base. Peçamos a Deus e a Nossa Senhora Auxiliadora que permaneçamos fiéis às nossas decisões e compromissos e que nos ajudem a vencer a fadiga e o desânimo. Auxilium e Júlio Torres CRS do Setor A- Manaus/AM

REFLETINDO "A quem muito se deu, muito será pedido" (Lc 12,48) E o lema do ano equipista de 1993; é uma exortação séria quanto à coerência entre fé e

vida. Não posso viver o que não professo. De que me adianta ser tão fervoroso, tão rezador, reunir-me tantas vezes em equipe, se não ponho em prática os vaCM Outubro/93 - 15


lares cristãos do Evangelho? Um outro aspecto do lema é a lembrança do compromisso missionário. Esse compromisso não foi assumido agora, mas por ocasião da recepção do Sacramento do Batismo: Ele nos tornou missionários. Mais uma vez a mesma pergunta vem á nossa mente: De que me adianta conhecer tanto as palavras de Jesus, se não as ponho em minha vida? As nossas reuniões, as nossas noites de oração ou outros encontros que possamos ter em equipe deveriam abrigar um momento onde pudéssemos lembrar os nossos irmãos quanto a esse compromisso missionário que assumimos no Batismo e que no Sacramento do Matrimônio foi aprofundado, comprometemo-nos em mostrar ao mundo que o casamento foi a nossa opção para atingir a santidade. E a nossa busca não é uma busca solitária, o caminho para a santidade pressupõe engajamento em uma missão. Nosso campo de atuação é a família e assistimos à sua destruição pelos meios de comunicação. E a nossa parte? Que fazemos nós que tanto recebemos? Qual tem sido nossa contribuição para, ao menos, aliviar ou minorar as famílias? Temos vivido tudo isso muito intensamente: grupos que se formam ansiosos por iniciar uma caminhada e, do outro lado, tantos casais que tanto receberam, sem disponibilidade para lhes dar a mão. Se os que os 16 - CM Outubro/93

antecederam também tivessem se negado, como estariam eles agora? Vamos usar nossos pontos concretos de esforço (meditação, dever de sentar-se, oração conjugal) como alavancas que são para nos ajudar na reflexão e na nossa colocação diante de Deus, suplicando a Ele que nos dê perseverança, força e garra para que possamos ser mais um na construção de Seu Plano. Certamente Ele virá em nosso auxílio e de repente veremos um novo mundo à nossa frente. "Pensávamos que não tínhamos tempo, mas tivemos; pensávamos que não tínhamos condições, mas tivemos; pensávamos que não tínhamos compromisso, mas tivemos. Deus não nos faltou e, ainda nos cobriu de tantas graças que sabemos ser fruto de sua generosidade, não de nosso merecimento. Saímos de nós mesmos (como pessoa, como casal, como equipe) e sentimos que voltamos muito mais plenos" . Quando nos dispomos a dividir o pouco que temos, esse pouco se multiplicará Deus provê. Assim, viveremos o milagre que Deus realiza em nós: Quanto mais se recebe, mais se deverá dar, mas, na verdade, podemos testemunhar que quanto mais nos damos, mais e mais temos recebido de Deus. Regina e Cleber Equipe - 60/C Região Rio 111


MARIA NOS LEVA A ORAÇÃO irmãos. Permanecei na escola de João Paulo 11 , peregrino da paz Maria, escutai a sua voz, segui e da esperança, profundamente seus exemplos. orante e grande devoto mariano, sempre que pode, faz alusão a E vós , devotos de Nossa SenhoNossa Senhora exaltando suas ra, conservai zelosamente esse preclaras virtudes, convidando o terno e confiante amor à Virgem mundo cristão e que vos caracteriza. Não o deixeis reafervorar sua pie- --·--~-------~ dade e confiança arrefecer nunca. E na Mãe de Deus . não seja um amor Inesquecível a abstrato, mas enmensagem do carnado. Sede fiéis Papa, no Santuário àqueles exercícios de Aparecida, dia de piedade maria4/7/80, quando da na tradicionais na sua passagem pelo l_greja: a oração do Brasil: "Sei que há Angelus, o mês de pouco tempo , em Maria e, de maneilamentável incidenra toda especial, o te, despedaçou-se Rosário . Quem a pequenina imadera renascesse o gem de Nossa Sebelo costume ounhora Aparecida. trora tão difundido, Contaram-me que hoje ainda presenentre os mil fragte em algumas famentos foram mílias brasileiras encontradas intacde reza do terço em tas, as duas mãos família." da Virgem unidas Magnífico recado em oração. O fato do nosso querido vale como símbolo: Papa. Todo um as mãos postas de Maria, no meio compêndio de teologia mariana das ruínas, são um convite a seus em poucas palavras, ricas de filhos a darem em suas vidas, à união, sabedoria e unção, sabedooração, ao absoluto de Deus, sem ria e amor filial. Mensagem primoo qual tudo o mais perde sentido, rosa para ser decorada, relida, valor e eficácia. O verdadeiro filho meditada e inserida em nossa de Maria é um CRISTÃO QUE vida. REZA. Anna Maria e Waldir A devoção a Maria é fonte de Equipe 33/B vida cristã profunda, é fonte de Rio 111 compromisso com Deus e com os CM Outubro/93 - 17


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A ORAÇAO IMPOSSIVEL Suplicar? dar graças? revoltar-se? glorificar? louvar? adorar? pedir? gritar o sofrimento? mendi; gar? oferecer? A oração tem tantas facetas ... E difícil ser-lhes fiel.

Da mãe de família forte, superativa, nunca doente que eu era, que resta hoje? A químio derruba-me, reduz-me a nada. Há 32 meses (nos 7 anos em que dirige minha vida) tomou-se quase um rito: "RETORNO A QUIMIOTERAPIA" Antes de cada ciclo posso preparar-me, tomar o tempo de oferecer ao Senhor o que me espera, Colocar-lhe na bandeja de prata todos os parentes que amo, os que sofrem as violências pelo mundo afora; posso suplicar-lhe que me ajude a aguentar esta vez ainda, posso mesmo ter a ilusão de que sou eu quem dirige minha oração, quem escolhe enche-la com palavras , música, escuta, silêncio ... Depois chega a hora H e, de boa vontade, ou à força retorno. Os dias passam então numa lentidão desesperante. Cada perfusão sacia-me com um veneno salvador e afunda-me no nada .. . ELA FAZ O SEU TRABALHO DE DESTRUIÇÃO, DEUS FAZ EM MIM SUA OBRA DE RESSURREIÇÃO...

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Durante certo tempo (uma noite? uma hora? mais? menos? não se conta, então, o tempo) não sou mais nada, torno-me "NADA", ou antes um "não sei o quê" , que o Senhor pode utilizar à vontade: repousar-se em meu íntimo servir-se como bem lhe aprouver ... COMO ISTO É BOM! É-me dada, então, a mais bela das orações aquela que não passa nem pelas palavras, nem pelos gestos, nem mesmo pelos pensamentos aquela que passa por um corpo empobrecido, uma cabeça vazia, e que só se poderia traduzir por: "TU ÉS"! Do que me foi dado provar até hoje, é realmente a oração mais despojada, mais extraordinária da qual o Senhor permitiu-me aproximar. .. Meu desejo é, naturalmente, usar todos os recursos, para vencer definitivamente esta doença e reencontrar uma vida normal! Mas desta experiência restar-me-á uma certeza: ante seu filho que sofre, Deus, mais ainda que uma mãe, enche-o com Seu Amor e não o abandona jamais: ELE É O DEUS ETERNAMENTE FIEL. Françoise

P .S. Se esses instantes existem, nem por isto nos devemos enganar. Eles são maravilhosos, mas curtos. A rotina cotidiana permanece árida: há a recusa, a revolta antes de começar um ciclo; ha os buracos negros, o desespero nos dias que se seguem, a eterna pergunta: "até quando?", a monotonia de uma inatividade forçada, a culpabilidade de ser muito pesada para os parentes, que são, entretanto, maravilhosos. Ante isto, uma única oração: "Senhor, não me deixeis sucumbir à tentação..."

*** O Conselheiro Espiritual que nos envia este testemunho, escreve: "IDE DIZER" àqueles e àquelas que são atingidos pelo câncer ou outra doença, que com Deus o Amor não corre risco algum, ao contrário, mesmo quando e sobretudo, se a doença reduz-vos a nada e a menos que nada: impossível não encontrar já ocupado por Jesus, Ele próprio, o último lugar no último degrau em nossas piores descidas ao inferno. (Traduzido da carta das equipes da França).

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COERENCIA ENTRE FE E VIDA EM SANTO DOMINGO Dos objetivos a serem alcançados neste ano equipista de 1993, destacamos a coerência entre fé e vida e o compromisso missionário.

É importante observar que estes objetivos estão em perfeita sintonia com o que o Magistério da Igreja propõe com muita ênfase em vários documentos, como a Gaudium et Spes, e mais recentemente através do texto final da Conferência de Santo Domingo. Já no discurso de abertura da IV Conferência Geral do GELAM , o Papa João Paulo 11 faz a advertência e orientação : "Não se pode esquecer que a primeira forma de evangelizar é o testemunho, isto é, a proclamação da mensagem da salvação através das obras e da coerência de vida, levando assim a cabo a sua encarnação na história quotidiana dos homens. A Igreja, desde o princípio de sua história, fez-se presente e operante não apenas mediante o anúncio explíci20 - CM Outubro/93

to do Evangelho de Cristo, mas também, e sobretudo, através da vida cristã. Por isso, a nova evangelização exige coerência de vida, testemunho sólido e unitário da caridade, sob o signo da unidade , para que o mundo creia". (Cf. Jo 17,23) No contexto do Documento de Santo Domingo, o que é que podemos destacar, relacionado à coerência entre fé e vida? - A nova evangelização exige que nos formemos em uma fé que se faça vida; - A coerência da vida dos cristãos com sua fé é condição da eficácia da nova evangelização; - A finalidade da nova evangelização é formar pessoas e comunidades maduras na fé, capazes de dar respostas à nova situação que vivemos, provocada pelas mudanças sociais e culturais da modernidade; - Evangelização nova em seus métodos supõe uma presença marcante do cristão em todas as dimensões da vida, atingindo


as raízes das culturas, pelo anúncio convincente do Evangelho; - Evangelização nova em sua expressão supõe uma conversão pastoral da Igreja, de modo a poder influir no modo de ser e viver das pessoas ;

- É cada vez mais comum observar homens e mulheres batizados vivendo sem energia o cristianismo, já tendo perdido o sentido vivo da fé, inclusive não se reconhecendo mais como membros da Igreja e levando uma existência distanciada de Cristo e de seu Evangelho; - A falta de coerência entre a fé que se professa e a vida quotidiana é uma das várias causas que geram pobreza em nossos países; -A educação cristã desenvolve e assegura a cada cristão a sua vida de fé e faz com que verdadeiramente nele sua vida seja Cristo; - A coerência entre fé e vida se verifica quando a mensagem evangélica se situa na base do pensamento do povo, nos princípios fundamentais de vida, nos seus critérios de juízo, nas suas normas de ação e daí projeta-se para o seu comportamento, para a suas instituições e em todas as suas estruturas.

Em suma, poderíamos continuar elencando outras manifestações do documento sobre a coerência entre a fé e vida. Contudo, o importante, é destacar o alerta que se faz aos leigos, considerados protagonistas da nova evangelização. Diz o Documento: a maior parte ainda não tomou plena consciência de sua pertença à Igreja. Sentem-secatólicos, mas não Igreja. Poucos possuem os valores cristãos como elemento de sua identidade cultural, não sentindo a necessidade de um compromisso eclesial e evangelizador. Como conseqüência disso, o mundo do trabalho, da política, da economia, da ciência, da arte, da literatura e dos meios de comunicação social não é guiado por critérios evangélicos. Assim explica a incoerência entre a fé que dizem professar e o compromisso real na vida. Portanto, peçamos a Maria, a estrela da primeira e da nova evangelização, que possamos superar todas as dificuldades que se colocam no aprofundamento de nossa vida de fé e que, por vezes, nos incapacitam para a dimensão pastoral e missionária. Mariola e Elizeu Calsing Equipe 19-A Brasília/DF CM Outubro/93 - 21


UM CREDO PARA HOJE Eu creio que Deus nos criou porque nos ama! Eu creio que quem ama quer bem à pessoa amada e portanto que Deus me quer bem e mais do que qualquer um desta terra. Eu creio que se estou sofrendo, doente, desprezado, rejeitado, sem poder trabalhar, enganado, injustiçado, manipulado, Deus sempre me ama e me quer bem. Eu sei que o sofrimento é o sinal do mal. O mal existe não porque Deus o fez mas porque os homens se desviaram de Deus. O mal é a recusa do plano de Deus. O mal existe porque o homem recusa o amor, rejeita seus semelhantes, porque é indiferente à sorte dos outros, porque gosta ou aceita ver o outro sofrer. Creio que o mal é também resultado da ignorância, da imprudência e nâo somente do pecado. Não creio no azar! na influência dos astros! não creio que existam espíritos de mortos tentando torturar os vivos ou vingar-se deles. Não creio na reencarnação. Eu sei que o ser humano não é capaz de se salvar sozinho. Creio que Deus é Um só que nunca está só pois dialoga eternamente na sua Trindade. Creio que Deus tem um projeto para o Mundo todo; criou o ser humano à sua imagem e semelhança para ser feliz e administrar todo o Universo. Creio que Jesus é homem como nós. Viveu na terra não para nos consolar e reconfortar apenas, mas para curar a humanidade de todos os males e nos devolver a liberdade, sem a qual não há amor possível. Creio que Jesus nasceu numa família pobre, que viveu entre o povo a vida simples de operário e de cultivador. Excelente judeu, Ele ia sempre rezar na sinagoga aos sábados. Em três anos Jesus realizou sua missão de Profeta. Creio que Jesus foi o homem mais livre que passou pela terra. Tudo fez por amor. Veio para anunciar o Reino de Deus, inaugurá-lo e mostrar como vivê-lo. Rejeitou o legalismo dos fariseus e escribas. Foi muito tolerante com relação às pessoas mas muito exigente para quem quisesse seguí-lo. Os poderosos se apavoraram diante da sua mensagem . Sentiram ódio e decidiam eliminá-Lo. Jesus foi traído, preso, questionado, torturado, gozado pelos poderosos saduceus e fariseus e pelo poder romano. 22 - CM Outubro/93


Creio que Jesus não se defendeu porque amava demais a todos, porque amava seus inimigos e lhes queria bem. Como Ele disse: Veio para salvar a todos e não podia condenar ninguém. Creio que Jesus aceitou a cruz porque não havia jeito de escapar, embora ·não quisesse sofrer. Creio que o ódio, a inveja, a traição, a covardia, a mentira, a injustiça, o sadismo e o egoísmo mataram Jesus. Ele morreu por amor por causa dos pecados do mundo. Mas Deus ressuscitou Jesus. Ele está vivo. Porém não acabou de ressuscitar porque a Sua vida é também nossa vida. Ele é a cabeça de um Grande Corpo. Nós somos membros. Jesus ressuscita quando um de nós ressuscita. Creio que o Espírito de Jesus Cristo, que também procede do Pai, está no meio de nós transformando a Humanidade no Reino de Deus, Reino da Verdade, do Amor e da Liberdade, da Justiça e da Paz, da Alegria e da Esperança, da Fraternidade na Solidariedade. Creio que a Igreja é nossa mãe como Maria é a mãe de Jesus. Sem a Igreja o Reino de Deus é invisível. A Igreja, somos nós, o Povo de Deus na comunhão do Espírito Santo. Onde há divisão, individualismo, segregação não existe mais Igreja. Creio que os sacramentos todos são sinais da Igreja capazes de realizar na História de cada um, desde o nascimento até a morte, a Vida Nova em Jesus Cristo. Creio que todo cristão adulto é também sinal de Cristo, testemunha do Reino e sacramento da Igreja. Creio que o cristão deve lutar contra o mal com paciência, por meios não violentos, na firmeza, com perseverança. A sua missão é ser luz do mundo, sal da terra, fermento na massa. Creio na misericórdia, na gratuidade, na autenticidade. Rejeito a lei do mais forte e prometo respeitar os direitos inalienáveis da pessoa humana. Creio na força da verdade para libertar os injustiçados, os presos. Creio na força da pressão moral permanente. Creio na força do Evangelho para converter os opressores, os ricos, os hipócritas, os egoístas. Creio na força da união entre os homens de boa vontade. Creio que o amor eterniza a vida. AMÉM. Pe. Lourenço Roberge

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A Reunião de Equipe pode ser entendida, toda ela, como um "por em comum". Para a Reunião levamos toda a nossa vida e a colocamos sobre a "mesa da comunhão". Vejamos: Na Refeição, colocamos em comum os alimentos, sinais de nossos bens materiais, expressão de nossa amizade e acolhimento mútuo. Nas Orações, pomos em comum o "sopro do Espírito", nossa abertura à Palavra de Deus, toda riqueza espiritual adquirida, vivenciada durante o mês. Na Partilha, pomos em comum nosso esforço de conversão, nossa busca de ter as atitudes cristãs da abertura à Palavra e ao Amor de Deus, de viver a verdade e a comunhão. E tudo isto, para nós das ENS, buscado através dos PCE. Na discussão sobre o Tema de Estudo, colocamos em comum o que aprendemos , os fundamentos da fé que adquirimos. Mais do que conceitos e idéias, partilhamos o como isto ilumina, direciona nossa vida. Enfim, na Coparticipação, o que pomos em comum é nossa própria vida, aquilo que somos. Colocamos no altar de nossa Reunião de Equipe o resultado prático, a expressão, da vivência dos PCE; pomos em comum a manifestação cotidiana de nossa fé, já que dize24 - CM Outubro/93

mos que nossa vida é direcionada por ela. Em outras palavras, colocamos em comum como nossa fé se faz vida. Coparticipação: busca de coerência entre fé e vida Se, na Coparticipação, revelamos a expressão concreta de nossa fé, este é um momento extremamente propício para a busca da coerência cristã. Ao revelarmos nossas ações orientadas pela fé, colocamos em comum nossa resposta positiva ao amor de Deus, mostramo-nos coerentes. Tal coerência, antes de ser motivo de orgulho, é estímulo para alguns, é resposta às dúvidas de outros é questionamento para terceiros. A Coparticipação é momento para, em equipe, buscar o discernimento sobre nossas atitudes e sobre as realidades do mundo. É hora de, em comunidade, buscar iluminar nossas ações e opções com a luz do Evangelho. É momento, ainda, de percebermos nossas incoerências, de sermos chamados à conversão, de rever po~ições, agora iluminadas pela fé . E momento de nos entreajudarmos nesta caminhada de aperfeiçoamento. Deste modo, se a coparticipação faz memória daquilo que se viveu, também é preparação para a vida que continua depois da reunião. Coparticipação: momento de


compromisso Em comunidade, a vida de uns não é diferente para os outros. As fraquezas e as dificuldades de uns não podem ser ridicularizadas ou ignoradas pelos outros. As alegrias e qualidades de uns não podem ser desdenhadas ou invejadas pelos demais. Vida de um é nossa vida; as alegrias, sucessos, fraquezas e dificuldades de um são nossas alegrias, sucessos, fraquezas e dificuldades. Ser comunidade é ter um só coração, um só espírito! Por isso, na Coparticipação, se revela o compromisso de uns com os outros: seja no alegrar-se ou entristecer-se juntos, seja na busca conjunta da verdade, seja na correção fraterna, seja na entreajuda. É preciso reconhecer os limites do respeito, mas não podemos pensar: "isso não é comigo" A Coparticipação é momento, também, de apresentar o noss9 compromisso eclesial e social. E hora de por em comum nossa participação na missão Igreja, nossa ação missionária, nossa maneira de ser testemunhas do amor conjugal e do amor de Deus (somos sacramento, não é?), nosso jeito de ser cristãos diante das coisas do mundo. O nosso comprometimento vai questionar, vai estimular aqueles que precisam de um "empurrãozinho". Por outro lado, a Coparticipação pode ser o momento de nos ajudarmos mutuamente a continuar

levando o nosso compromisso adiante. As dificuldades da Copartlcl· pação Se constatamos, tantas vezes, que, em nossas equipes, a Coparticipação é fraca, que pouco tem a ver com o apresentado acima, o que estaria acontecendo? Seria falta de esclarecimento ou aprofundamento sobre o sentido desta parte da Reunião? Se for, a solução pode estar na reflexão, em equipe, de textos sobre a Coparticipação. Por outro lado, seria pela falta de amizade e pelo fato da equipe não ser uma verdadeira comunidade? Então, é preciso estreitar os laços, propiciar o encontro (não só o encontro físico, mas, sobretudo, o do coração e do espírito). Será que é por falta do que coparticipar? Não vivemos todo o mês? Seria, então, a vergonha de revelar nossa vida aos nossos irmãos de equipe? Nossas vidas deveriam revelar Jesus Cristo aos outros e, tristes, nos percebemos espelhos tão imperfeitos. Ficamos encabulados ... Parece que nos esquecemos de que o remédio é para o doente, a conversão para os pecadores, a busca da verdade e da coerência para aqueles que falham. Nos esquecemos de que esta busca, tão própria do ser humano, é feita, nas ENS, em comunidade, na Reunião de Equipe, na Coparticipação. Lourdes e Sobral CRR - Região Centro-Norte CM Outubro/93 - 25


A CORREÇÃO FRATERNA Esse gesto da correção fraterna

é tão falado por nós e tão pouco · praticado de verdade. Mas por que será que é assim que acontece? Foi refletindo, observando e vivendando que concluímos que a prática da correção fraterna cresce a partir do momento em que sentimos o nosso coração palpitar de amor pelo outro. Só quando amamos o outro é que nasce a coragem de falar de coração para coração. Porque, às vezes , o comportamento do outro vem trazendo prejuízo a ele mesmo, aos outros e a Deus, principalmente. Não ~ fácil fazer a correção fraterna. E preciso, antes ,de tudo, oração, muita oração. E preciso que o nosso coração transborde de bondade. Pois , somente "os que estão cheios de bondade são capazes de se admoestarem mutuamente" (Rom 15,14). A correção fraterna é um ato de

amor. É ajudando que seremos ajudados. E não há quem não precise de ajuda do outro. Numa situação de ajuda ao outro, podemos receber em troca uma atitude reacionária. Reze dobrado nessa hora, para que um dia o coração do outro seja renovado. A correção fraterna não é a condenação do outro, mas uma palavra de compreensão, de se colocar no lugar do outro, a fim de protegê-lo contra o erro m,omentâneo e afastá-lo do mal. E um ato de caridade, não de reprovação. O momento da correção fraterna é sublime quando vem acompanhado de oração, amor e amadurecimento de quem fala e do que se vai falar. Aureci e Catsumi Equipe 52-A Brasília/DF

PONTO DE PARTIDA Outubro, novembro ... Vai chegando o final do ano, a Reunião de Balanço e vai nos dando aquela sensação de fim de caminhada, de dever cumprido ... ou de não cumprido, mas, enfim , está terminando mesmo ... 26 - CM Outubro/93

Pensamos na Reunião de Balanço como o ponto de chegada. Talvez por isso ela nos pareça, às vezes, tão pouco significativa. De que serve verificar o pouco que se cresceu? Para ficar lamentandose ou desculpando-se? Ou qual o


valor de descarregarmos nossa "correção fraterna" sobre a Equipe, de uma só vez, se o Balanço não é o momento de conversão de nossa própria vida? Rever o que passou serve para se verificar onde se está na caminhada. Não para ficar, se estabelecer ou lamentar, mas para recomeçar; não no ano que vem ... ' 'I Ja.

A Reunião de Balanço só tem sentido se ela remete para frente, se ela nos questiona, se ela nos instiga a novas conquistas, a novos propósitos . Só vale a pena, se ao vermos nossos erros e acertos, procurarmos redirecionar nosso

caminhar para Cristo. Por que não experimentar, neste Balanço, algo "novo"? Que as "perguntas do Balanço" sejam os nossos instrumentos de revisão e conversão, não o rotineiro de nossas lamentações! Que nossas Reuniões de Balanço não sejam o repetir do que já sabemos! Por que não fazer da Reunião de Balanço a celebração de nossa conversão, já vivida em nossos corações?! Que tal fazer do Balanço o ponto de partida de nossa caminhada cristã?! Lourdes e Sobral Brasília/O F

REUNIÃO DE BALANÇO, TEMPO DE ELEIÇÃO A reunião de balanço é que nos vai ajudar a verificar se, de fato estamos percorrendo o caminho que devemos percorrer ou, ao contrário, estamos "meio parados". É uma "parada" para podermos refletir antes de reiniciar a nossa caminhada. Nesta oportunidade podemos conferir se o amor ao Pai se renova a cada reunião, se as nossas ações equipistas continuam com o seu sentido e se o amor pelo irmão é apenas uma simples "amizade" ou uma necessidade que nasce do coração de quem ama. Nesta reunião nos alegramos com o que alcançado, renovamos o sentido equipista e planejamos o futuro da nossa equipe. Também é tempo de eleição do novo Casal Responsável. Sabemos que o C.R. está a serviço dos

irmãos, incentivando-os a caminhar, a serviço do amor fraterno, a serviço da unidade para fazer da equipe, cada vez mais, uma comunidade cristã. Muitas vezes desejamos que a escolha recaia no outro, pois sabemos que vamos ter que nos doar muito nessa missão, porém devemos lembrar que o Cristo não veio para ser servido, mas para servir e doar a própria vida por todos nós. Preparemo-nos, pela oração, não só para fazermos um balanço consciente, como também para escolhermos ou sermos escolhidos, com a certeza de que sozinhos não poderemos fazer nada e que o Senhor é que realiza suas maravilhas através de nós, desde que nos coloquemos em suas mãos. George e Ieda Niterói/RJ CM Outubro/93 - 27


ANALISANDO A PREPOSIÇÃO "DE" Publicamos aqui algumas colaborações de casais equipistas sobre diversos aspectos da vida do Movimento

Façamos uma breve reflexão sobre o nome das "Equipes" : DE "Nossa Senhora". Vamos utilizar a gramática (instrumento esquecido pelos escritores):

1 -Equipes de Nossa Senhora: que "pertencem" a Nossa Senhora (como "casa de Pedro") . Por serem dela as equipes, seus membros têm um orgulho sadio de seu nome e uma confiança total em Maria que é a Senhora, a dona e a responsável. Somos como que sua herança, sua propriedade.

2 - Equipes "procedem" de Nossa Senhora (como "café do Brasil"). Por ser Maria a fundadora, a inspiradora e, sobre tudo, a Mãe. Por isso os membros das equipes cultivam um amor filial para com Nossa Senhora. Sentem-se também como enviados por Ela: missionários de Maria para recristianizar a família. 3 - Equipes semelhantes a Nossa Senhora (como "fulano

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tem o rosto de sua mãe") . As equipes procuram reproduzir o jeito mariano em todo seu agir. Humildade, simplicidade, amor, paciência e sobretudo, fé e espírito de oração. Isto não é moleza, e sim firmeza inquebrantável na opção de amor, como Maria. 4- Equipes que têm como ob-

jeto e finalidade a Virgem (entende - se , claro!, com Cristo). (Como "João tem desejos de ser um astro ... ") . Assim as equipes têm um ideal: Maria. Acreditam que fazê-la conhecer, amar e servir é um meio fácil e eficaz de ser cristão e de criar um mundo novo e também numa nova família cristã. Convido a seguir refletindo sobre a preposição "de" das E. de N. S. - (Querem ganhar um presente? - Completem de alguma maneira com um ponto 5, ou 6 .. .) Pe. Ventura Baurú/SP


CONTRASTES ... Quando nosso neto nos visita, ficamos impressionados com o seu dinamismo. Com ele vem toda uma parafernália de jogos eletrônicos; reclama por não assistirmos às novelas - ele vê todas - é vivo, falador. Quando ele volta para a casa de sua mãe, ficamos nos restabelecendo do cansaço, mas felizes por aqueles dias que ele passou conosco. Mas, a bem da verdade, não po-

demos deixar de fazer comparações com os meninos (as) de antigamente, bem mais "mansos". A propósito, no livro "FREI ORESTES - O MUNDO DA CRIANÇA" nos são apresentados "os verbos dos meninos de antigamente" os quais vamos transcrever a seguir, e que talvez "machuquem" muitos corações, como fizeram com os nossos que já somos um pouco "usados" pela vida e vivemos alguns desses verbos.

OS VERBOS DOS MENINOS DE ANTIGAMENTE ... bolsos nas calças e nas camisas, onde bolinhas, pedras, botões, canivete, uns tostões enchiam de sonhos. VIAJAR: ... no lombo de cavalos, burros, às vezes Maria Fumaça, de jardineira nos fordinhos e correr no cavalo de pau. ESPERAR: ... as festas da cidade: a procissão, os fogos de artifício, o circo, as touradas, os filmes mudos no domingo. ALUGAR: ... após muito economizar, andar meia hora de bicicleta, cair, levantar ficar com os braços machucados, mas aprender. CATAR: ... jaboticabas no mato, gabirobas, marmelos, goiaba, araçá, com os amigos na época dessas frutas. ESTUDAR: ... As primeiras letras, o máximo até o 411 ano primário, os lápis, os poucos cadernos, lápis de cor ... a caneta tinteiro . VESTIR: ... só nas festas uma roupa nova, uma botina chiadeira, calça curta até os 1O anos, depois a calça comprida ... era um homem. REZAR: ... de manhã ao levantar-se, nas refeições e ao deitar-se, ir à reza e a missa aos domingos. TER:

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RESPEITAR: ... os mais velhos, ouvir e ficar de boca fechada, esconder atrás da saia da mãe, obedecer às ordens sem discussão. SENTAR: ... à noite à beira do fogão de lenha, comer batata doce assada, pipoca de vez em quando, feijão pagão, queijo assado na brasa. USAR:

... roupas reformadas dos mais velhos, ter um chapéu de pano, calças com suspensórios, camisa xad rez.

SUBIR:

... em árvores, apanhar frutas, na própria casa ou na casa dos vizinhos, ver os ninhos, os filhotes, derrubar casa de marimbondos.

TOMAR:

... banho de bica, de bacia, à noite lavar os pés, de manhã lavar a cara, as mãos antes do café com leite, às vezes pão. VISITAR: ... o cemitério nos finados, mas só se não tivesse machucados, na igreja ter boa educação. AMAR: ... os pais, a Pátria, saber de cór e salteado os hinos cívicos, amar a DEUS, acreditar nos mandamentos e seguilos. DORMIR: ... em colchão de palha de milho ou paina sobre estrados, e sonhar em ser Franciscano, viver uma vida dedicada ao próximo ... Assim eram os verbos dos meninos de antigamente, do menino Antonio ... FREI ORESTES. Maura e Sérgio Equipe 16/E - Rio 111

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OUVE, FILHO ... Falo-te enquanto dormes, a mãozinha encolhida debaixo do rosto e o cacho louro úmido, caído sobre a tua testa. Penetrei no teu quarto às escondidas e inteiramente só. Há poucos minutos quando, no meu gabinete, lia o jornal, uma onda de remorso tomou conta de mim. Reconhecendo-me culpado, vim para teu lado. Vou dizer-te, filho querido, sobre o que estive pensando: tenho sido exigente demais contigo. Repreendo-te, quando estás vestindo para a escola, porque passaste no restinho apenas uma toalha úmida. Censuro-te porque os teus sapatinhos não estão limpos. Chamo tua atenção, com aspereza, quando jogas alguma coisa tua pelo chão. No café encontro faltas ainda. Desperdiças as coisas. Comes apressadamente. Pões os teus cotovelinhos na mesa. Passas manteiga demais no pão. Passo todo o tempo a ralhar contigo, meu filhinho. E quando sais para brincar e vou para tomar meu trem, levantas a mãozinha, acenas um gesto de amizade e dizes: "Até logo, papai!" e eu, na eterna ânsia de repreender-te, franzo a testa e digo-te: "Endireita os ombros!". E quando regresso à tardinha recomeço as minhas exigências.

Quando subo a estrada venho espiando-te. Vejo-te, de joelhos jogando gude com os teus amiguinhos, descubro buracos nas tuas meias diante dos teus companheiros, humilhei-te, dando-te ordens para seguir à minha frente para casa. As meias custam muito dinheiro. Se tivesses que pagar por elas saberias ser mais cuidadoso! Imagina só, filhinho adorado, tudo isto dito de um pai para um filho! Lembras-te de mais tarde, quando eu estava no gabinete lendo, como vieste, timidamente com uma espécie de mágoa brilhando nos teus olhinhos? Quando olhei para o jornal, aborrecido com a interrupção, hesitaste na porta. "Que queres?", disse eu intempestivamente. Não dissestes uma palavra sequer, mas correste para mim, passaste os braços no meu pescoço, beijaste-me, e os teus bracinhos apertaram-me com um afeto que Deus colocou florescente no teu coraçãozinho e que mesmo com toda a minha negligência não pode fenecer. E, então, foste aos pulos, escada acima. Bem, meu filho, pouco depois disso o jornal caiu das minhas mãos e o receio doentio invadiume inteiramente. Que vantagens para mim vinha ensejando o meu modo de tratar-te? Descobrir CM Outubro/93 - 31


tuas faltas, repreender-te pelas mínimas coisas - era a minha recompensa para ti, meu filho, por seres uma criança. Não era porque eu não te amasse; era porque eu queria exigir demais da tua infância. Eu te estava medindo com as jardas dos meus próprios janeiros. E no teu caráter há tanto de bom, de fino e de verdadeiro! O teu coraçãozinho é tão grande como a própria aurora quando desponta sobre as grandes montanhas. Melhor demonstração de tudo isto não podias dar do que, apesar de tudo e depois de tudo, correndo para mim e beijando-me carinhosamente ao dizer-me boa noite. Filho, nada mais importa hoje à noite. Vim para o teu lado, no escuro, ajoelhei-me envergonhado! Esta é uma fraca reparação; sei que não entenderias estas coisas se eu as dissesse quando estivesse acordado. Mas, filho

adorado, amanhã eu serei um verdadeiro papai! Serei um companheiro teu , sofrerei quando sofreres, rirei quando rires. Morderei minha língua quando vierem palavras impacientes. Conservar-me-ei repetindo como se fosse um ritual: "O meu filhinho nada mais é que uma criança- uma pequena criança!" Estou receoso de te haver encarado como um homem. Entretanto quando te vejo agora, filho querido, todo encolhido, e despreocupado na tua caminha, vejo que ainda és uma criança. Ontem estavas nos braços de tua mamãe, a cabecinha recostada no seu ombro. Eu estava exigindo demasiado de ti. Muito. Muito. (Desabafo de um pai anônimo) Colaboração de Socorro e Pedro Equipe 13 Recife/PE

*** *** AS CRIANÇAS APRENDEM O QUE VIVEM Se a criança vive com críticas, Ela aprende a condenar. Se a criança vive com hostilidade, Ela aprende a agredir. Se a criança vive com zombarias, Ela aprende a ser tímida. Se a criança vive com humilhação, Ela aprende a se sentir culpada. Se a criança vive com tolerância, Ela aprende a ser paciente. Se a criança vive com incentivo, Ela aprende a ser confiante.

Se a criança vive com elogios, Ela aprende a apreciar. Se a criança vive com retidão, Ela aprende a ser justa. Se a criança vive com segurança, Aprende a ter fé. Se a criança vive com aprovação, Ela aprende a gostar de si mesma. Se a criança vive com aceitação e amizade, Ela aprende a encontrar amor no mundo. Dorothy Law Noite

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DEZ REFLEXÕES SOBRE O AMOR Amar não é fácil. Uma esposa me dizia: enquanto você está na igreja, num retiro, cheio de consolação divina por dentro e e envolto por fora numa doce melodia, é facílimo ter propósitos admiráveis. Mas na hora que você sai e, querendo ir para casa, você encontra seu carro imprensado entre outros dois, e que você só poderia sair voando, então ... adeus bons propósitos! Amar, sem dúvida, é difícil. Mas aprende-se. E aprende-se como qualquer outra arte, amando. Nadar nadando, ler lendo, amar amando. Leo Buscaglia, o maestro do amor em nosso século comercial e oportunista, resume seus inúmeros enfoques do amor em dez espécies de lições de amor prático. Meu trabalho, no que segue, será mínimo: colocarei primeiro a lição de Leo e depois farei um curtíssimo comentário meu. O resto fica por conta do leitor. Vamos lá.

1 Cada vez que sentir a tentação de falar duro, conterei meu impulso e me calarei. Amar é não se achar no direito de ser grosseiro. É a primeira regra na escola do amor: descobrir e vivenciar que o

outro é outro: distinto, valioso, respeitável ... enfim, outro eu, colocado fora de mim, mas real como eu; sensível como eu; vulnerável como eu. Assim, da mesma forma que não quero que me machuque, não posso me dar o direito de machuca-lo. Não vou, pois, falar duro com ele.

2 Se não puder acompanhar-te na tua caminhada, ao menos não te atrapalharei. Amar-te significa desejar que cresças. Se ser homem é tornar-se homem, é o que deveria desejar em primeiro lugar, se te amo de verdade: acompanhar-te no caminho que leva a ti mesmo, ir contigo. Mas se isto não me for possível, ao menos te deixarei ir só e nunca, por nada, procurarei impedir-te.

3 Não despejarei os meus problemas sobre ti. Sei que tu já os tens suficientes. E amar, para mim, significa simplificar a tua vida, nunca complica-la. Ser homem, como bem sabemos, é cada um enfrentar seus CM Outubro/93 - 33


problemas. É justamente na medida que cada um enfrenta e soluciona seus problemas, que cada um cresce. Nesta perspectiva, sonhar que o outro assuma meus problemas é uma ingenuidade infantil. Esperar e exigir que o faça, é egoísmo de adulto incompreensível. Não terá o outro seus próprios problemas? Então, se você não puder ajudá-lo, pelo menos não o sobrecarregue.

4 Não quero ter sempre razão. Aceito que és uma pessoa e que terás razão ao menos tantas vezes quanto eu. Amar é ser e deixar ser: procurar ser eu e ajudar-te a seres tu. Não se esqueça: mesmo um relógio parado tem razão duas vezes por dia ... Querer ter toda a razão ou ter razão sempre é anular o outro; é até torná-lo inumano. O mínimo que posso oferecer ao outro, se o considero homem como eu, como também o mínimo que posso esperar dele, se me considero homem a seu lado, é justamente este mínimo de razão que concedemos a um relógio parado.

5 Não quero as concessões só para mim. Amar é dar e receber. Claro, às vezes deverei agir eu, mas em outras ocasiões, terei que

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controlar-me e deixar o lugar para você.

É a sabedoria da convivência: agora eu, agora você. Nem sempre eu, nem sempre você, os dois, cada um a seu tempo, seu momento. Se somos dois, que nos unimos para vivermos juntos, teremos que dar-nos oportunidades, um ao outro. Do contrário, a união perecerá.

6 Não tenho que ser perfeito, nem tu tampouco. Amar é celebrar a nossa humanidade, não a nossa perfeição. O velho sonho perfeccionista que, ao ver fracassado em nós mesmos, aspiramos e secretamente exigimos que se cumpra no outro. Realmente, ser homem é ser imperfeito. Assim, se para amar o outro, você precisa que ele seja perfeito, é melhor desistir já.

7 Deixarei de pedir ou esperar que tu mudes. Se te aceito em minha vida, te aceito como és. Só assim cresceremos juntos.

Aquele que quer mudar o outro não o ama; utiliza-o, manipula-o, instrumentaliza-o. Ele o quer para si mesmo e, como não lhe serve do jeito que está, precisa mudá-lo. Se quero mudar o outro, eu sou o


centro, eu sou a pessoa, e somente eu. O outro é periferia, sombra de meu corpo, eco da minha voz.

8 Desde já, renuncio a culpar-te. Se, como homens, tomamos as nossas decisões com base em nossa experiência pessoal, não tenho o direito de culpar ninguém, a não ser a mim mesmo. Outro erro, dos mais freqüentes em nossa convivência: culpar o outro. Julgá-lo por nós mesmos e condená-lo. Como o que ele faz ou fez só tem sentido dentro de sua referência experimental, e não na nossa, e como nós, absurdamente, nos damos o direito de julgá-lo e condená-lo (aplicando-lhe, portanto, nossos critérios pessoais), é normal e até óbvio que culpemos e condenemos. Mas em verdade, o único que condenamos, quando condenamos o outro, somos nós mesmos. Culpar o outro é o que há de mais comum , mas também de mais absurdo que aquele que convive possa fazer. E que logo pagará com acréscimos.

9 Deixarei de ter expectativas. Uma coisa é desejar, outra é ter expectativas. O primeiro gera esperança; o segundo, dor. Se mantenho expectativas em relação a ti, não te amo, te exploro.

Como se diz: conviver é ter ilusões juntos. Criar planos sobre o outro ou fomentá-los inadvertidamente, que Leo chama de ter expectativas, é você considerar somente a si mesmo e utilizar o outro para seu serviço. Como se o outro - por absurdo - tivesse renunciado a ser uma pessoa para agradar a você.

10 No amor, uma de duas coisas não posso fazer: esperar que tu sejas o que faça algo por mim, ou adiantar-me e fazer por ti aquilo mesmo que espero de ti. É uma forma de colocar-me acima de ti, de acreditar que tenho mais direitos que tu, de partir da premissa que no campo de ser pessoa, há degraus e que a mim cabe o primeiro... Não é um absurdo? De modo que devemos concluir, com o Evangelho, que amar é adiantar-se ou não é nada. Se espero que você me saúde primeiro e, se você não o faz , fico imóvel, então não há ai nem sobra de amor. Mas se reflito e descubro que posso tanto eu saudar como receber a saudação, então comecei a descobrir o verdadeiro amor. FAÇA AOS OUTROS O QUE 9UERES QUE TE FAÇAM. ESTA E TODA A LEI E OS PROFETAS. Mateo Andrés, sj (em ' Amigo del Hogar", República Dominicana, transcrito em "Família y Sociedad ' n2 79)

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GRAVIDEZ SEM COLOCAR EM RISCO A SAÚDE Os métodos químicos e mecânicos de anticoncepção, principalmente a pílula, durante muito tempo pareciam ser o único meio seguro para as mulheres de se evitar uma gravidez. Estes métodos sem dúvida fazem o que se propôem - evitam uma gravidez. Mas ao mesmo tempo não o fazem sem deixar danos desagradáveis ou seqüelas graves no corpo da mulher, podendo inclusive colocar em risco a sua capacidade de gerar uma criança. No caso da pílula, nos anos recentes, uma tendência para evitar seu uso tem sido notada devido à extensão e à severidade de seus efeitos colaterais. Há, ainda, uma tendência para a esterilização e o aborto, porém muitas mulheres e casais acham que estes métodos são insatisfatórios ou inaceitáveis. Por outro lado, os métodos naturais como a tabelinha e a temperatura, também geram muita desconfiança e insatisfação nas mulheres, pois são grandemente restritos. Conscientes desta insatisfação das mulheres , um grupo de pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, têm trabalhado numa simples, porém; substancial descoberta: as mulheres podem reconhecer quando estão férteis (período em que, se mantiverem relação sexual, po36 - CM Outubro/93

dem engravidar), ou inférteis (período que podem manter relação sexual sem resultar uma gravidez). O indicador das mulheres de seu período de fertilidade é um muco que se assemelha a uma "clara de ovo" que vem acompanhado por uma sensação de molhada que elas podem sentir e ver na abertura vaginal. O reconhecimento da importância deste muco como indicador de fertilidade é uma descoberta de notável significado, pois a mulher, ou o casal, baseado no conhecimento de seus períodos de fertilidade e infertilidade podem, naturalmente, sem ter que fazer uso de drogas nem de aparelhos mecânicos, evitar ou espaçar uma gravidez, ou ainda, se desejarem, conseguir uma gravidez. Este método, conhecido como "Billings" ou da "ovulação", é totalmente natural, baseando-se no simples reconhecimento das modificações do muco e a aplicação de regras específicas. Se utilizado corretamente, é tão eficaz como qualquer outro, e até mais seguro, pois não interfere nos ritmos naturais do corpo da mulher, não ocasionando, assim, danos ou efeitos colaterais. Portanto, além de eficaz é também saudável e econômico. É de grande importância que as mulheres que queiram usa-lo recebam ajuda e orientação de


instrutoras capacitadas e com experiência no método, para que possam interpretar seu padrão de muco, esclarecer suas dúvidas, discutir seus problemas e aprender as regras específicas do método. Para divulgação e acompanhamento do método em vários países, criaram-se os Centros de Orientação e Atendimento, cuja sede nacional, com o nome de CENPLAFAM (Confederação Nacional de Centros de Planejamento Natural da Família), localiza-se na cidade de São Paulo. Diversos núcleos ou centros estão

distribuídos em várias cidades do país. Colocamo-nos à disposição de todas as mulheres e casais que queiram naturalmente evitar, espaçar ou conseguir uma gravidez sem fazer uso de remédios ou dispositivos mecânicos que muitas vezes, não representam segurança nenhuma à saúde da mulher. Maria Luiza Toledo Martins Monteiro (Instrutora do Cenplafam- filha do casal Celina e Lins - Eq. 9, Bauru/SP)

*** ***

MENOR ABANDONADO E AS FEBEM DA VIDA Que futuro o espera? Problema angustiante, objetivo, aí está diariamente nos jornais, nas rádios e nas televisões, mostrando uma face triste da realidade brasileira: milhões de menores (moços na maioria, mas também meninas adolescentes em quantidade) abandonados, cometendo roubos, assaltos e mortes, e se drogando e prostituindo( 1l. Numa única citação, pergunto e respondo: as FEBEM da vida resolvem? Enfaticamente digo NÃO. O sistema carcerário já mostrou que nunca resolveu nem resolve nos moldes em que o vemos no Brasil e quiçá no mundo. O episódio do Carandiru em São Paulo foi péssimo para a imagem interna e externa do país. Aí estão diariamente os motins,

destruição e protestos em várias cadeias de nossas cidades, São Paulo e vizinhança, ocupando espaço nos jornais e televisões e estarrecendo a todos pela brutalidade dos fatos. Comecemos pela fome em nosso País: problema que é ao mesmo tempo causa e efeito da injustiça, de desemprego, da doença, da violência, da não vida. Quero deixar claro que de forma alguma compactuo com os desmandos, a violência, os assaltos, as barbaridades cometidas poresses menores abandonados, mas lembrar que em sua maioria são vítimas cruéis de uma sociedade que sempre se omitiu, e que agora sente na pele os perigos que corre, sobretudo porque de uma forCM Outubro/93 - 37


ma ou de outra temos contribuído para a desigualdade sócio-econômica e péssima distribuição de renda em nosso País. Vejamos porém a verdade e sejamos honestos: a fome é realidade no Brasil. Negar este fato é dar testemunho de ignorância, ingenuidade ou má-fé. Fome é violência . Sobretudo num país continente como o Brasil, com população relativamente pequena. País que não sofreu nenhuma guerra ou calamidade que impedisse alimentar sua gente. E o que é a fome, senão violência? A fome tem uma dimensão social; no Brasil é um escândalo! E o que é esmola? É a degradação do ser humano, é aviltante, é constrangedora. Numa cidade pujante e rica como São Paulo é triste vermos pedintes e os sem moradia a esmolar e a pedir, e a fazer com que muita gente (às vezes de forma inconsciente) dê alguns trocados e se "sinta em paz" com sua consciência ... A meu ver, não resolvem ajudas ocasionais ou benemerências de fim de ano, nas proximidades das Festas! Pura ironia! Para alguns poucos privilegiados, a fartura desenfreada, nababesca, sem medida! Para a maioria, os restos, as sobras dos banquetes! Fome é violência, pois resulta da situação de injustiça estrutural, ou 38 - CM Outubro/93

seja, da sociedade que se organiza sobre a injustiça. É de todos aqueles que se informam e se orientam o conhecimento dessas desigualdades. Não é necessário usarmos chavões ou frases feitas. O que é preciso é nos atarmos à realidade. A fome é uma forma de violação do corpo, da consciência e da vida. É forma de violação dos direitos do Homem e da Mulher, que são filhos de Deus. Violência é toda situação de dom in ão que impede alguém de se realizar e ser mais gente. Fome é violência, violência é opressão! Essa violência estrutural se expressa na organização e no funcionamento de um sistema sócio-econômico e político injusto, utilizando as maiorias (com o binômio Saúde e Educação totalmente deficitário) como força produtiva manipulada pelas minorias. Situando-nos no Brasil, em termos redondos: aproximadamente 30 milhões de menores carentes ou abandonados (produtos de lares desagregados, filhos de mães solteiras, milhões delas adolescentes de 12 a 15 ou 16 anos), produto da má distribuição da renda, do desemprego (quantos desempregados o Brasil terá hoje?), do analfabetismo (quantos brasileiros têm ao menos o primário? Que respondam as autorida-


des em Educação), da fome crônica. Tanto pior para o nosso País, pois dai surgem, quase inevitavelmente, os grandes delinqüentes e criminosos, pois as FEBEM da vida já provaram, de forma inequívoca, sua inutilidade! Não nos esqueçamos: é sempre melhor prevenir do que remediar! Educar é a melhor forma de prevenção. A violência da fome é a violência do desespero! É de todos sabido /))//(0''

lítico que se preza e quer o respeito de seu povo não pode, de forma alguma, negligenciar e deixar de investir maciçamente nele. Afinal, devemos sempre lembrar: "MENS SANA IN CORPORE SANO". (Mente sadia em corpo são). A fome gera a violência. No Brasil, dados atuais afirmam que 40 milhões de pessoas est~o em condições sub-humanas. E doloroso, mas é uma realidade. Paliativos, ajudas eventuais, filantrópicas, e gênuos, ignobenemerências, rantes ou de amenizam, má-fé descoagradam alguns nhecem - que a .....i.i. !ti:7~:::zL~.Rl'212~1?E:T:J;;;7lG?iBi setores, são loufome é uma ,..,·:· váveis, mas não compulsão irresolvem. resistível! E pela sobrevivência se Temos que partir firmes para saqueia, se rouba, se mata, tudo é enfrentar a realidade brasileira, possível! pois só modificando essas estruTanto pior para quem não se orturas e proporcionando condições ganiza! O preço é sempre alto: roufavoráveis é que podemos colher bos, assaltos, seqüestros, homicídios, bons frutos! etc. Temos que ver a realidade, julUma sociedade marcada pela gá-la e agir, cada um de nós e todos injustiça é geradora de criminonum sentido cristão, pois é amandosos. se os menos afortunados e ajudanE a fome é uma injustiça social! do-os a se libertarem de sua miséria, O desemprego também! A discrique nós cumprimos a máxima tão minação igualmente! conhecida que diz: "Você será mais feliz levando um pouco de felicidade E essa violência atinge e margiaos outros". naliza basicamente os sem recursos, aqueles que por razões várias O Amor é a mais profunda exigência não tiveram acesso aos meios báhumana! sicos de Saúde e Educação, que Façamos o que pudermos por uma os preparariam para enfrentar a sociedade mais justa, mais humana, vida atual, competitiva e massimais cristã! ficante. Lutemos por melhores condições Eis aí o famoso Binômio: Saúde e de vida, de saúde, de educação, Educação. Todo governo e todo podo nosso povo.

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A pobreza é péssima conselheira. Façamos sempre o que estiver ao nosso alcance, através desses magníficos movimentos existentes em nossas cidades, das Associações de Classe (indistintamente), dos setores organizados, das Associações Religiosas (sem nenhuma conotação partidária, mas todas elas) dos atuantes Clubes de Serviço, etc ... Existe um grupo grande e bom, de Mulheres e Homens decididos que juntos, muito poderão fazer, porque querem fazer. Esta mensagem está evidentemente se dirigindo àqueles que julgam isto de justiça. Praza aos céus que todos façam sua parte, e juntos, como cidadãos responsáveis e dinâmicos, possamos nos dar as mãos e exigir de quem foi eleito pelo voto livre e democrático que trabalhe e dignifique sua escolha pelo povo, retri-

buindo nossa confiança. Sejamos autênticos e sinceros: o que queremos para nós e nossos familiares é sempre o que pudermos ter de melhor. Façamos nossa parte na melhoria de vida de nossos irmãos menos afortunados. O pobre desperta - erroneamente, quando não maldosamente - sentimentos de filantropia e ajuda a aliviar consciências pesadas. Façamos o que pudermos de melhor, todos nós que somos responsáveis. E afinal, como ser humano, resolva ser você mesmo: e saiba que aquele que finalmente se encontra, perde sua miséria. E encontra Deus! Fernando Régis Dantas Equipe 1 - N. S. das Dores Limeira/SP (1) Este artigo foi escrito antes dos recentes "acontecimentos da Candelária".

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QUANTO CUSTA UM VIDEOGAME? "Aiex Kid Miracle World", "Kenseiten", "Summer Games" é o desafio que os gamemaníacos do master system procuram para suas horas livres diante das televisões. Já para os usuários do mega drive a onda é "Revanche" e "Batman" e para os usuários da phantom as opções são "Double Dragon 3", "Mega Man 2" e "Top Gun 2". Jogos estranhos em uma língua que não é a nossa, com aparelhos sofisticados que acorrentam os jogadores por horas e horas. Os gamemaníacos chegam a 40 - CM Outubro/93

passar sete horas diante de monitores de 1V ou de computadores lutando com monstros, fugindo de extra-terrestres destruidores, escapando de armadilhas ... enfim, são sete horas diárias de uma brincadeira que consiste, quase sempre, em destruir, matar , aniquilar, combater ... O maior problema do gamemaníaco brasileiro, dizem revistas especializadas neste assunto, está em encontrar "games" (jogos) mais complicados e mais desafiadores no mercado. Quanto mais difícil for destruir o inimigo, quanto maiores forem as dificuldades para o aniquilamento,


tanto melhor o game üogo). De segunda a sexta, os jogadores de videogame passam 35 horas lutando e destruindo seus "inimigos". Se considerarmos que nos finais de semana eles terão mais tempo para este tipo de diversão, poderíamos hipotisar que os gamemaníacos passam com seus jogos de 50 a 55 horas por semana. A matemática do tempo gasto com o vídeogame num mês, poderá chegar ao total de 1500 horas de jogo arquitetando planos para a destruição, criando estratégias para combates mirabolantes e aniquiladores, fugindo de armadilhas que matam e destroem. Que estranhas máquinas são estas que hipnotizam seus usuários na destruição, na morte e em armadilhas fatais? São máquinas programadas para fazer exatamente aquilo que seus programadores desejam. Assim, os videogames vão reagir sempre da mesma forma ao comando de seus usuários. Eles não têm a inteligência de inventar e criar novas modalidades de desafios; são máquinas! Quanto mais se joga, mais fácil será descobrir a reação da máquina. Não se trata de uma questão de treino para vencer o desafio, como acontecem com jogos que exigem a força física, por exemplo, mas de se fazer máquina para jogar como máquina. Tais jogadores são como que robôs que se ligam num aparelho eletrônico e que são desligados por seus pais ou pelo cansaço. Que estranhas máquinas são estas que hipnotizam crianças e jovens tirando deles a fantasia da criação que existe no lúdico? São máquinas-babás que anes-

tesiam por 7 horas diárias quem estaria correndo, inventando umas e outras, "fazendo arte", rindo ou simplesmente conversando com seus colegas. São máquinas que colocam em risco a amizade e o companheirismo. A anestesia é tão grande que é proibido olhar para os lados, ouvir palpites de alguém e muito menos conversar ou responder a alguma pergunta durante o jogo. Que estranhas máquinas são estas que não permitem a conversa, ouvir o outro, olhar para quem está ao lado ou, ao menos, permitir que alguém brinque junto? São máquinas que custam caro! O preço da compra é alto; uma fortuna para algumas famílias. A manutenção caminha na mesma faixa e, a oferta de novos jogos, uma tentação a não !erminar nem a considerar preço. E vício! Quanto custa um videogame? Poderá ser caro! Por vezes poderá custar uma fortuna! Pode até ser que o dinheiro ali empregado não tenha mais retorno; é um negócio de risco, portanto, e por isso e,xige a cautela de quem o compra. E um negócio que deverá prever rendimentos positivos do seu usuário. Para ser bem sincero, o preço de um videogame poderá custar o futuro do seu filho ou de sua filha. Uma consideração "saudosista": deve ser triste passar uma infância inteira, sozinho, na frente de um vídeo aprendendo a destruir, a matar, a fugir de armadilhas... Quanto custa um videogame? Pe. Serginho Valle, scj C.E. da Equipe 16 Nossa Senhora Mãe da Igreja CM Outubro/93- 41


UM SONHO? ... UMA REALIDADE Se relermos a Carta Mensal de abril de 1990, página27, encontraremos o artigo que relata o Primeiro Encontro Nacional das Equipes de Jovens de Nossa Senhora, com a presença, entre tantos, de Tiago Líbano Monteiro, "ligação" internacional do movimento, vindo de Portugal para participar do encontro e de Regiani Pereira de Brito, representante do Setor Jacareí. O Senhor começava a operar maravilhas .. . Da harmonia do primeiro encontro descobriram o Amor. Como o amor não tem fronteiras , muitas cartas foram trocadas; muitas visitas foram feitas até que sentiram a necessidade de fortalecer esse mistério, que é um segredo de Deus. Assim, dia 04 de setembro de 1992, na cidade de Jacareí, participamos da Santa Missa onde Regiani e Tiago receberam o Sacramento do Matrimônio. Essa celebração foi feita pelo bispo de Seja - Portugal, tio do noivo, D. Manoel Falcão e concelebrada pelo querido Cônego Borges, conselheiro da nossa equipe, com os diáconos Adhemar e Maury tendo como comentarista Leandro, responsável pelo setor da EJNS da nossa cidade. A igreja repleta de muitos casais e jovens equipistas, assistiu com emoção à celebração que além de 42 - CM Outubro/93

unir o casal perante Deus unia também duas equipes de casais: de Jacareí e de Lisboa, uma vez que ambos são também filhos de equipistas. O casamento foi um acontecimento marcante, muito cristão, no qual os noivos participaram ativamente da cerimônia, juntamente com suas famílias . Um coral brasileiro e um português formado pelos irmãos e primos do noivo davam um toque de sensibilidade todo especial. Apesar das diferenças de tradições e das características próprias de cada país , havia no ar uma unidade, unidade essa só possível pelo amor de Deus. Nós cremos que as orações e novenas feitas pelas famílias equipistas durante o mês que antecedeu ao casamento reverterão em bênçãos para o jovem casal que inicia uma caminhada a dois, em Portugal cuja distância agora certamente será menor, pois Cristo sempre fará com que eles estejam muito próximos de nós. Um sonho que existiu... Uma realidade que nos faz depositar esperanças nesse valor cristão de vida - o Sacramento do Matrimônio que é essencial para a construção de uma verdadeira família. Virgínia e Ney Pela equipe 05 Jacareí/SP


VOLTA AO PAI

.Margarida (do Heribaldo) Equipe 18 - N. S. de Lourdes, Setor "A" de Brasília/DF, em 8 de julho de 1993 (dia seguinte ao seu aniversário) . Equipista desde 1978, fundadora da Equipe, foi sempre muito dedicada às coisas da Igreja Católica, como catequista e participante de coral , o qual muito abrilhantou com sua voz maravilhosa. No Movimento, muito contribuiu para o crescimento espiritual dos casais da sua Equipe, deixando alegres lembranças e muitas saudades aos seus irmãos equipistas. Que Deus a acolha em seu Reino de Glória. Amém . .Jacyra Aragão Farqui (viúva do Luiz) - Equipe 01 - N. S. do Monte Serrat/Santos/SP. Ocasal teve participação ativa na instalação do Movimento naquela cidade e foram fundadores de sua equipe. A vida de Jacyra está repleta de exemplos de serviço à causa do Senhor. Na equipe sempre foi admirada por sua personalidade disposta bem humorada e amiga. Participava também do Movimento Vida em Ascensão e depois que enviuvou passou a ser dirigente do Movimento dos Grupos de N. S. da Esperança, formados por viúvas. Sua filha e seus filhos continuam na trilha dos pais no serviço da Igreja de Cristo através

de obras sociqis e engajamentos pastorais. A querida Jacyra que reencontrou o seu Farqui no Reino de Deus, a oração de seus irmãos de equipe para que interceda por eles e pelo Movimento ao Pai. • Nélia (do José) - Equipe 02 Santarém/PA. Foi catequista, cursilhista, Filha de Maria e por último uma das Fundadoras das Equipes de Nossa Senhora em Santarém. Participou também do Coral da Cidade. Mesmo no leito de morte, agonizando, mostrou-se sempre forte na fé, na esperança, na perseverança e no amor. Confortou a todos os seus familiares e a seus irmãos equipistas. Os anjos e Santos, hoje estão mais felizes pois Nélia está no meio deles. Saudades dos Equipistas e seus familiares. MUDANÇAS NOS QUADROS

.Sueli e Afonso G. Farias assumiram a função de CR do Setor de Brusque/SC em lugar de Oriete e César. NOVAS EQUIPES

• Setor de Piracicaba/SP: Eq. 11 - N. S. Mãe Rainha C. E.: Pe. Luiz de Castro Almeida C.P.: Sueli e Roberto Maestro .Setor de Vinhedo/Valinhos/SP: Eq. 07- N. S. de Lourdes C.P. : Maria Luiza e Luiz Carlos Sabino CM Outubro/93 - 43


• Coordenação de Mafra/SC: Eq. 04 - N. S. Imaculada Conceição C.E.: Pe. Germano Nalepa C.P.: MariaOndinaeGuilherme Eckel • Setor De Dois Córregos/SP (oriundas da Experiência Comunitária) Eq. 09- N. S. da Guia C.P.; Helena e Eugênio Francisconi Filho Eq. 1O - N. S. Aparecida C.P.: Jane e Pedro Gilberto de Lima Eq. 11 - N. S. da luz C .P.: Eva e Antonio Roberto Ferro Eq. 12- N. S. do Desterro C.P: Aparecida Edna e Adernar Augusto Eq. 13 - N. S. Rainha da Paz C.P.: Catharina e Olivio Fávaro Eq. 01 - (Torrinha) - N. S. Aparecida C.P.: Bernadete e Hilário .Setor B de Juiz de Fora/MG Eq. 32 - N. S. da Saúde C.E.: Pe. Marcos Frota C.P.: Myrtes e João BatistaCorrea EVENTOS

• Os casais das ENS de Jundiaí/SP participaram ativamente da Semana da Família entre 02 . e 08.08.93 juntamente com a Pastoral Familiar. Alguns casais proferiram palestras com orações e cânticos no programa Ave Maria na Rádio Clube local. Outros fizeram as homílias das missas na Igreja Matriz de São João Batista e faixas 44 - CM Outubro/93

alusivas foram colocadas na cidade. Os temas abordados foram os propostos pelo folheto da Pastoral Familiar editado pela CNBB. As homilias dosábado e domingo homenagearam o Dia dos Pais . • Também os casais equipistas de Santarém/PA realizaram com muito êxito a Semana da Famflia (2 a 8 de agosto) na sua cidade, sendo o tema Famflia, uma das prioridades da Diocese e objetivando resgatar os valores éticos e morais que a família vem perdendo nos dias atuais. Dentro da programação merecem desta que: - Debates na televisão, rádio e jornal; - Peregrinação da imagem de Nossa Senhora por várias residências reunindo as famílias da vizinhança à oração e à reflexão sobre a Família; - Concurso de redação sobre o tema "A Família Hoje" realizado em dez escolas de 12 e 22 grau; - Missa em Ação de Graças, na Catedral, em 08.08, celebrada pelo Bispo Diocesano D. Uno com a participação de muitas famílias onde os casais das ENS formaram um coral para os cânticos. Dois cantos interpretados por artistas locais homenagearam os pais e no ofertório os filhos ofertaram as profissões de seus pais. Na Homilia os casais fizeram uma dramatização de uma famnia desajustada. No final houve a bênção das chaves das residências dos casais presentes e uma confraternização de todas as famílias.


• Os equipistas de Santarém incentivam as ENS de outras cidades para que no próximo ano

a cargo do Pe. Luiz Carlos Rodrigues (Pe. Luizinho), C.E. do Setor de Florianópolis. Foram dois dias iluminados pelo Espí-

Retiro em Criciúma

realizem a Semana da Família em suas dioceses, lembrando com João Paulo 11 que a família é "O Santuário da Vida". .A Coordenação das ENS de Santa Rosa de Viterbo/SP realizou em 28 e 29.08.93 seu retiro espiritual para casais equipistas com o privilégio de ter como pregador Pe. Mário, C.E. da ECIR. .As ENS de Criciúma/SC realizaram em 19 e 20.06.93 mais um retiro do Setor que contou com a presença de todos os casais do Movimento naquela cidade além do CRR Leda e João Flávio. A pregação esteve

rito Santo nas palestras e nas reflexões onde imperou o SILENCIO, novidade nos retiros daquele Setor. Pe. Luizinho ensinou aos 50 casais presentes como rezar a Bíblia e como meditá-la. • Sueli e Ri no, da Eq. 03 - N. S. Aparecida, de Santos/SP coordenaram em 24 e 25.07 um "Encontro de Jovens com Cristo". A casa estava cheia e um trabalho de evangelização foi levado as jovens. Um dos temas de palestra e debates "Os Sacramentos" constou também da mensagem de João Paulo 11 aos jovens reunidos em Denver, EUA, em agosto. CM Outubro/93 - 45


ÉllCA: PESSOA E SOCIEDADE

Documento discutido e aprovado pela 31 ª Assembléia Geral da CNBB, como inadiável tomada de posição e proposta de diálogo. Expressa posicionamentos fundamentais da Igreja Católica, no amplo debate que vai hoje tomando corpo no sentido de resgatar os valores éticos em todos os níveis da vida nacional. (Ed. Paulinas, série Documentos da CNBB, nº 50, 1993, 96 pgs.)

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NOIVADO E CASAMENTO -Preparação e orientações para solteiros e casados. D. Rafael Llano Cifuentes.

Este livro abrange os principais temas matrimoniais, abordando, além das estruturas básicas docasamento, questões atuais como desquite e o divórcio no Brasil, as crises matrimoniais e a sua superação , fecund idade e paternidade responsável, educação dos filhos , métodos de planejamento familiar e outros. O autor, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, se fundamenta na própria experiência de trabalho pastoral e no acurado estudo dos documentos da Igreja. (Ed. Paul inas, 1993, 328. pgs .)


FALAR DE DEUS AOS HOMENS, HOJE Outro dia, o Rubens, que andou participando da Pastoral do Menor, na nossa praça da Sé, me contou: «Para esses meninos, você não pode dizer que Deus é pai: eles detestam o pai!» Na linguagem, na cultura deles, o pai é aquele sujeito que vive com a mãe deles e que os pôs para fora de casa, para não ter que sustentálos ou que, não tendo o que comer, chega bêbado em casa, surrando a mãe para ela não reclamar, o menino que não trouxe dinheiro para casa e estuprando a irmã menor dele porque não tem outro divertimento. Sem querer julgar este homem, como imagem de Deus, deixa um pouco a desejar, não é mesmo? Os meninos preferem ficar na rua e dormir nos porões abandonados para não ter que se encontrar com ele. E fogem de um Deus que possa, de alguma forma, ser um pai ...

*** Numa reunião da diretoria da ADCE (Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa) , o presidente se queixava, há alguns dias: «Temos mandado artigos para os jornais, para transmitir nosso ponto de vista sobre os acontecimentos, mas eles se recusam a publicá-los. E deixam claro: vocês são 'cristãos': seu ponto de vista não interessa... ». Nada mal, num país que se diz cristão, não é mesmo? Os meios de comunicação

fogem daqueles que podem lembrar a seus leitores/ ouvintes/espectadores que nem só de consumo vive o homem e que Jesus Cristo está presente em nossa história ... Lembrei-me dessas conversas ao ler um artigo de Dom Lucas Moreira Neves, contando que o Papa criou um Conselho, que está procurando responder à pergunta: como falar de Deus aos homens, hoje? Pois é, querido Dom Lucas, está difícil, não é? Não só o que falar, mas como dizê-lo, através de que meios. Talvez o único meio que nos resta seja a velha arma dos cristãos da primeira hora, sabem, aqueles de quem se dizia: "vede como eles se amam!" O testemunho de casais que realmente encontram a Deus no amor um do outro e que conseguem criar, em volta de si, um ambiente de "espiritualidade familiar". Creio que o tema que o Movimento nos propõe para preparar o Ano da Família gire em torno disto: depois de nos debruçarmos durante tantos anos sobre a espiritualidade conjugal, dar nossa colaboração à Igreja e ao mundo procurando descobrir o que vem a ser uma espiritual idade familiar. E quem sabe, por este meio, falar de Deus aos homens, hoje. Peter CM Outubro/93 - 47


VEM SENHOR! Não sorrias, dizendo que já estás conosco. Há milhões que não Te conhecem ... E de que basta conhecer-Te, e de que adianta a Tua vinda, se para os Teus a vida continua igual... Converte-nos! Revolve-nos! Que a Tua mensagem se torne carne da nossa carne, sangue de nosso sangue, razão de ser de nossa vida. Que ela nos arranque do comodismo, da boa consciência, seja exigente, incômoda ... pois só assim nos trará a paz profunda, a paz diferente, a Tua Paz! Que os nossos olhos se abram, e comecemos pela urgência de superar o próprio egoísmo, sair de nós e nos dedicarmos de vez, à custa de quaisquer sacrifícios, à luta não violenta por um mundo mais justo e mais humano. Que não deixemos para amanhã, comecemos hoje, agora, sem arrebatamentos passageiros, com decisão, firmeza e pertinácia. Que olhemos em volta, para descobrir irmãos e irmãs marcados pela mesma vocação de dizer adeus ao comodismo, e de marcar encontro com todos os que têm fome de verdade, e juraram dedicar a vida tentando abrir, através da Justiça e do amor, caminhos para a Paz. Que não percamos tempo em discutir lideranças. O importante para nós seja unir-nos e caminhar firmes para nosso objetivo, lembrados de que o tempo corre contra nós. Que demos o melhor de nós mesmos à dupla missão, através da qual, esperamos, a pressão moral e libertadora se tornará capaz de atingir às indispensáveis mudanças de estruturas. Que sejamos capazes do máximo de firmeza, sem cair no ódio e do máximo de compreensão, sem cair na conivência com o mal. Amém. D. Hélder Câmara (Texto usado na Ação de Graças na missa de encerramento do Mutirão da Região Rio I)

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MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para Outubro/93)

TEXTO DE MEDITAÇÃO: Ev. de S. Mateus, cap. 28, vers.16-20

E;sta linhas são as últimas do Evangelho segundo São Mateus. E a última orientação dada por Jesus aos onze apóstolos e, através deles a todos os seus discípulos. São três idéias básicas: 1) Jesus é a única autoridade entre Deus e os homens. Toda pregação cristã deve ficar em acordo com Ele; 2) Todos os homens são chamados a participar da comunidade dos batizados; 3) Jesus permanecerá presente nela até o fim do mundo. Alguns dos onze ainda duvidavam. E nós, será que às vezes não duvidamos? Qual é concretamente nosso empenho missionário? O que é "ser testemunha"? Oração Litúrgica: Sarcedote: Deus nos chamou à verdadeira fé pelo Evangelho de seu Filho. Peçamos em favor do povo santo dizendo: Todos: Lembrai-vos de vossa Igreja! Mulheres: Pai, que ressuscitastes o vosso Filho Jesus. Homens: Fazei que sejamos testemunhas dele até os confins da terra. Todos: Lembrai-vos de vossa Igreja! Mulheres: Enviastes vosso Filho para espalhar a semente da Palavra Homens: Concedei-nos que possamos colher na alegria os frutos da Palavra que semeamos com esforço. Todos: Lembrai-vos de vossa Igreja! Mulheres: Enviastes vosso Filho para evangelizar os pobres Homens: Concedei nos pregar o Evangelho a toda criatura. Todos: Lembrai-vos de vossa Igreja! Mulheres: Enviastes vosso Filho que com seu sangue reconciliou o mundo convosco. Homens: Faze i que todos nós cooperemos na reconciliação. Todos: Lembrai-vos de vossa Igreja! Oração: O Deus, que concedestes aos apóstolos a glória de proclamar vossa palavra, dai nos assimilar de tal modo seus ensinamentos que sigamos fielmente os caminhos de Cristo. Amém.


1994 SER FAMÍLIA HOJE NA IGREJA E NO MUNDO c

ANO INTERNACIONAL DA FAMrLIA

o

CAMPANHA DA FRATERNIDADE

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ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS: FÁTIMA


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