ENS - Carta Mensal 290 - Abril 1993

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RESUMO • As reflexões sobre a Páscoa trazem vários artigos'. É sobre ela que a ECIR conversa com vocês (pg .2), que alguns casais dão a sua contribuição (4, 5 e 6) e que a Meditação e a Oração em equipe são sugeridas (49) . • Nossa caminhada como e com a Igreja nos trazem a palavra do Papa em três ocasiões, durante 1992 (pg. 7) e um lembrete sobre nossa missão eclesial (17). • As grandes prioridades do Movimento são tratadas sob vários enfoques: no sétimo e último capítulo da reflexão sobre a Reun ião de Equipe (9); no testemunho de uma jovem Coordenação sobre sua atuação ad extra (15); através de um conto indiano que nos leva Ao Encontro da Realidade (43). O Lema 93 também nos traz o testemunho de um casal (35). • O Editorial do Pe. Olivier, convocando-nos a dar Um Passo A Mais em nosso aprofundamento está na página 18, seguido da Carta da ERI , escrita este mês por Cidinha e lgar Fehr (20) e das Notícias Internacionais (22). • Além de um artigo de Júnia e Mauro, da ECIR , que nos lembram o que é um Mutirão (25), a seção Vida do Movimento traz os primeiros resultados de uma importante pesquisa sobre a atuação, em diversas Regiões, das equipes inseridas na sua Igreja local (27). Ainda nesta seção, Rubens e Dirce, coordenadores dos lntercessores, nos lembram como podemos melhor rezar uns pelos outros (31) e, logo a seguir, na seção Oração, o Pe. Ridard nos mostra como, através da oração de intercessão, podemos tornar-nos salvadores (33) . • Duas reflexões sobre a Santidade compõem a seção Os Caminhos da Santidade: como 'Ser Santo nos dias de hoje (37) e como S. Francisco de Paula chegou lá, no século XV (38). • Na seção Atualidade, reproduzimos importante artigo de D. Lucas Moreira Neves, que reflete toda a nossa preocupação atual com os meios de comunicação (40). • Uma equipista nos dá seu testemunho, na seção Vida de Equipe, sobre sua vivência diferente na equipe (46) • Algumas poucas Notícias e Informações estão na pg. 47. • Três reflexões sob forma de poesia completam esta Carta: uma do Pe. Zezinho, que reza pela Família (36); a de um jovem muito inspirado, que faz Trocadilhos de Fé (45) e a de um burrinho que, no Domingo de Ramos, carregou o Senhor (48) .

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O mês da Páscoa pareceu-nos oportuno para algumas pequenas modificações que, aos poucos, estamos introduzindo este ano na apresentação da Carta Mensal. É o mês em que tudo renasce, sob o impulso do infinito amor de Deus. Quisemos, nós também, através de alguns detalhes, mostrar um novo rosto, sempre com o intuito de ficarmos mais próximos dos nossos queridos leitores. Na capa, como vocês já viram, aparece o carimbo do nosso Lema deste ano: «Àquele a quem muito se deu, muito será pedido». É um lembrete que vai permanecer este ano todo, para que possamos melhor refletir e agir dentro desta grande perspectiva que o Movimento abre para nós em 1993. Aliás, sobre o Lema, já estamos recebendo alguns testemunhos, como vocês poderão ver à página 35. As seções da Carta vêm agora encabeçadas por uma tarjeta que procura, através de sua simbologia, lembrar-nos o tema tratado. Gostaríamos muito de receber os comentários, sugestões e críticas de vocês a respeito. Afinal , a Carta é de todos nós, a equipe da CM é apenas um canal de comunicação e de informação cujo objetivo é transmitir da forma mais agradável aos equipistas tudo o que diz respeito ao carisma, à mistica e ao método do nosso Movimento. A este respeito , queremos partilhar com vocês algumas estatísticas que fizemos. Entre novembro de 1991 -quando começamos estes registros -até março de 1993 (portanto em 12 edições da Carta Mensal), publicamos um total de 257 matérias. Neste mesmo período, recebemos 516 matérias para publicação! Ou seja, duas matérias recebidas para cada matéria publicada. (Estes números não incluem as notícias publicadas na seção Notícias e Informações.) O que explica , para aqueles de vocês que nos enviaram sua colaboração, a razão de eventuais atrasos. Mas é também o que nos enche de alegria e de ânimo, diante da grande participação e do grande interesse que vocês vêm demonstrando pela nossa Carta. Aqueles que estiverem interessados em obter um índice analítico das matérias publicadas em 1992 poderão escrever para o Secretariado Nacional das ENS e teremos muito prazer em remetê-lo . Ao celebrarmos , com a Igreja, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus, queremos transmitir a todos vocês os nossos votos de muita Paz e Alegria Em Cristo, A equipe da Carta Mensal

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A RCUt CONVERSA COM VOC~S

FESTEJAR A PÁSCOA: ISTO É PELO QUE DEUS FEZ POR MIM!

Nossos irmão separados, os judeus, celebram com muito fervor a páscoa da Velha Aliança. Embora eles vivam na perspectiva da esperança messiânica, a liturgia arraigada numa tradição de mais de 3.000 anos contempla uma beleza e uma riqueza que nós, discípulos do Ressuscitado, nem sempre nos damos conta, no nosso modo de vivenciar este, que é o principal marco do Cristianismo. Sabe-se que o Antigo Testamento veio justamente preparar os grandes acontecimentos que se revelariam no Novo Testamento, especialmente na pessoa de Jesus Cristo. Para se entender melhor a Páscoa cristã, não há mal em se buscar o alicerce que brota da tradição judaica. Para os judeus, esta festa milenar evoca dois grandes feitos de Deus a favor de Israel: • A LIBERTAÇÃO DO CATIVEIRO NO EGITO após 430 anos; • A ALEGRIA DA ESPERANÇA DE UMA VIDA NOVA EM UMA NOVA TERRA. O vocábulo PÁSCOA deriva do 2 - CM Abril/93

termo PESAH, que significa o pulo que o anjo exterminador dava, ao deparar com o sangue do cordeiro sem defeito, aspergido nos umbrais das casas dos israelitas que, com esse sinal, tinham a segurança dos seus primogênitos garantida . Chamar Jesus de CORDEIRO DE DEUS é uma evocação deste sinal de salvação e de liberdade. Segundo a tradição judaica, ainda, encontramos nos ritos e nos compromissos daquela gente, manifestações autênticas e profundas daquilo que o grande mandamento de Jesus clama a seus discípulos: amai-vos uns aos outros. O ritual da ceia pascal judaica ocorre numa refeição, e não foi à toa que Jesus nos legou o banquete eucarístico, pois é próprio deste ambiente dizer-se um não ao individualismo, visto que ao redor da mesa se sentam aqueles que se fazem irmãos, dispostos a partilhar. Ao redor da mesa se fortalecem os laços de comunidade. Se a páscoa judaica desaguou no compromisso da Aliança do Sinai, a Páscoa do Senhor Jesus não é tão só o simples resgate da ruptura ocorrida, mas é a oferta


definitiva e indestrutível de uma vida nova e abundante. Diz-se que o sofrimento une as pessoas, e as torna mais sensíveis à angústia do outro. Este conceito é muito forte para o povo judeu, com quem o sofrimento histórico de milênios sempre andou de braços dados. É por isso que não há páscoa judaica sem que brote necessariamente a solidariedade com todo aquele que sofre. Que dizer-se, então, da evangélica opção preferencial pelos pobres, pequeninos e marginalizados, que em seus rostos marcados pela dor, trazem as cicatrizes da paixão de um Deus feito homem, cujo corpo já glorioso pela ressurreição, esconde-se no corpo sofredor de seus preferidos? Ressurreição de Jesus é, igualmente, libertação do cativeiro que, nos nossos dias, pode ter outros nomes (miséria e fome, desemprego, falta de moradia, injustiças, etc.) mas que, de nenhum modo, são menos infamantes que a escravidão do Egito, pois que retiram do homem a sua dignidade fundamental de filho de Deus. No final de uma refeição pascal judaica, muito mais que o beber e o comer, ou mesmo que o reme-

morar fatos importantes para a história de um povo, fica claro o sentido e a certeza de um Deus que se compromete com seu povo, que interfere concretamente na sua caminhada, e dessa consciência resulta uma quase missão, de continuar a celebrar a festa, no ano que vem, pois: ISTO É PELO QUE DEUS FEZ POR MIM. Isto é o que faz um povo que ainda permanece na crença de que Jesus ainda não veio. E nós, que temos crença de que as promessas já estão todas cumpridas, que Jesus está vivo no meio de nós, o que temos a festejar? Será que a Páscoa não é mais senão uma oportunidade para gozarmos de feriados prolongados, onde não nos damos sequer ao trabalho de participar das cerimônias da Semana Santa? Será que o colorido dos ovos de páscoa não ofusca a glória do Ressuscitado? Será que a Páscoa não é uma simples data, que em nada me atinge, em nada me compromete, em nada me modifica? Será que: ISTO É PELO QUE DEUS FEZ POR MIM? Silvia e Chico da ECIR

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Pá seda FELIZ PÁSCOA! Estamos na Quaresma, tempo forte de oração e reflexão. Não a oração alienada, apelando para um "Deus quebra-galho" , em busca de mais benefícios pessoais. Tempo de oração para uma conversão, não para a direita ou para a esquerda, mas para o centro do irmão ofendido e humilhado, conversão para o doar-se a si próprio , para AMAR ao próximo como AMAMOS a nós mesmos. Só assim conseguiremos evitar que as ambições e o ódio venham alastrar por estas terras de Santa Cruz, que hoje está mais para Cruz do que para Santa. Quaresma, Campanha da Fraternidade , ocasião propícia para questionarmos nossa fraternidade e, sobretudo, se estamos realmente felizes , com tudo que aí está. Se não, vamos assumir mudanças, sem medos e sem terrores fantasiosos de trevas, dilúvios e gases venenosos. Afinal, nada disto pode ser pior do que o desamor em que nos encontramos nestes dias tão terríveis. Ao invés de nos apavorarmos com as trevas, voltemos nossas mentes e nossos corações para a PÁSCOA que é a LUZ e LIBERTAÇÃO! Marita e João Guilherme Equipe 10 Recife/PE

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Páscoa MORTE E RESSURREIÇÃO

Humanamente pensando, que coisa mais sem graça falar da morte. Acontece que nossa cultura social e religiosa, tão frágil, ligada a preconceitos e tabus ultrapassados, nos afasta desta realidade tão certa e inevitável. E Deus, como fica nisso tudo? É ele que nos prepara para isso. Manda seu próprio Filho para que viva entre nós, permite que ele morra por nós e, o principal: QUE RESSUSCITE PARA VIVER NA GLÓRIA DO PAI E AO NOSSO LADO, SEMPRE. E o seu Filho em sua passagem pela terra, também nos promete: "Quem crê em mim terá vida eterna" (Jo 5,36). Os que têm fé podem dizer que ressuscitarão também, como Jesus, para a glória, junto ao Pai do Céu ("Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para ele todos vivem" Lc 20,38) . Aos de pouca fé, uma afirmativa: O mundo não teria nenhuma ra-

zão, se tudo terminasse com a morte. E depois? ("Eis que EU estou convosco todos os dias até o fim do mundo" Mt 28,20). E o Cristo estará sempre caminhando ao nosso lado, amigo, solidário e cheio de amor. Anunciar essa realidade é a nossa missão, antes porém, temos que acreditar na RESSURREIÇÃO. Viver na certeza de que ele se fará também em nós. "Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos" (Mt 28,1 0) . Para isso, dois ingredientes são reconhecidos - coragem e fé. O céu não foi criado para os mortos e sim para os vivos, os que fizeram sua procura aqui na terra e ganharam um espaço junto ao Pai eterno. "Não é a vida que é mortal; a morte é que é vital' . (Santo Agostinho.) Neusa e Orlando Equipe- 12 Baurú/SP

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ACREDITAR NA RESSURREIÇÃO "Na morte a nós próprios, unamos-nos à sua morte e ele nos unirá à sua ressurreição" .

Senhor Jesus,

Como é difícil morrer a si mesmo! Como dói passar por cima de nossos anseios e às vezes até ignorá-los! Como dói ver nossos projetos tantas vezes "minados"! Como dói, conscientes do valor desta morte, transformar esta dor em alegria! Como dói ter que "ir levando" porque os outros não querem se dar ao trabalho de "se enxergar"! Como dói conviver, sem encontrar~se na alma! Como dói a consciência de minhas carências e a consciência de que por causa delas, não faço aquilo que deveria fazer! Como dói, Senhor, participar das coisas ditas em teu nome e ver que em teu nome se faz pouca coisa! Como dói saber depois do sofrer que o que queres é tão simples e por ser tão simples está tão distante de nós!

Dá-me a graça, Senhor, nesta noite, de permanecer no teu amor, de não desanimar, de não me deter nas pequenas coisas desta vida, que são tão passageiras.

Dá-me a graça sempre de ter em mente o teu ideal: o viver no meio de meus irmãos, suplantando as limitações, visando única e tão somente agradar-te.

Dá-me a graça de acreditar cada vez mais na ressurreição . Que ela seja sempre para mim uma realidade, a coroa que irei receber, vivendo a realidade de teu reino, já aqui nesta terra. Amém. Déa (do Murilo) Equipe 3 Brasília/DF

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JOVEM, IGREJA, MATRIMÔNIO Em agosto deste ano (1993), vamos comemorar o VIII Dia Mundial da Juventude, em Denver, nos Estados Unidos, perto das Montanhas Rochosas do Colorado. Antecipando o evento, o Papa transmitiu uma paternal mensagem, sob o tema: "Para que tenham vida, e a tenham em abundância", e afirma: "Os Dias e as Reuniões Mundiais da Juventude assinalam momentos providenciais de paragem; servem aos jovens se interrogarem sobre as suas aspirações mais íntimas, para aprofundarem o seu sentido eclesial, para proclamarem com crescente alegria e audácia a comum Fé em Cristo, morto e ressuscitado. São momentos em que muitos deles maturam opções corajosas e iluminadas, que podem contribuir para orientar o futuro da história sob a guia, ao mesmo tempo forte e suave, do Espírito Santo". O Santo Padre analisou o tema demonstrando que a história da humanidade é "assimilada por uma espasmódica e dramática busca de alguma coisa de alguém que possa libertar o homem da morte e de lhe assegurar a vida" . A seguir, Sua Santidade alertou os jovens para que tomassem cuidado com os "profetas

enganadores e falsos mestres da vida", que, no fundo, são mensageiros da morte. Finalmente, apontou para Deus: "Aquele que, sendo autor da vida, pode satisfazer a expectativa que Ele mesmo pôs dentro do coração dos jovens" e enviou seu divino Filho à terra, com a proclamação: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". (L'Osservatore Romano, 23/8/92)

No dia 5 de março de 1992, ao terminar a tradicional reunião quaresma! com o clero, o Santo Padre iniciou seu discurso com a frase: "O Espírito fala à Igreja", lembrando a pergunta que os judeus fizeram a João Batista, através de CM Abril/93 - 7


sacerdotes e levitas: "Que dizes de ti mesmo" (Jo 1,22). O Papa disse que essa pergunta foi feita à Igreja no Concílio Vaticano 11, e que a resposta veio em todos os Documentos, principalmente na "Lumem Gentium" e na "Gaudium et Spes", onde se encontra delineada a estrutura da Igreja Universal e da Igreja Doméstica - a Família. Sugerimos aos prezados Equipistas uma releitura desses dois documentos importantíssimos do Concílio Vaticano 11. (L'Osservatore Romano, 15/3/92) No dia 6 de maio do ano passado, o Santo Padre proferiu uma alocução sobre o "Matrimônio na Igreja, Comunidade sacerdotal e sacramental", lembrando que o primeiro milagre de Jesus se deu numa festa de casamento, nas Bodas de Caná, com a significaç~o do apreço do Senhor pelo amor esponsal e pela instituição matrimonial. Eis as palavras do Papa: "Com o sacramento, Jesus Cristo manifesta, de modo eficaz, a própria intervenção, para salvar e fortalecer, mediante o dom da caridade teologal, o amor entre os cônjuges e para lhes dar força de

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fidelidade" . E continuou: "Podemos acrescentar que o milagre operado por Jesus, no início de sua vida publica, é um sinal da importância do matrimônio no desígnio salvífico de Deus e na formação da Igreja". João Paulo 11 salientou a função de Maria, "que pede e obtém o milagre, anunciando o seu papel futuro na economia do matrimônio cristão: uma presença benévola, uma intercessão e um auxílio para a superação das dificuldades inevitáveis". Apelando para as posições do Concílio Vaticano 11, principalmente as contidas na Lumem Gentium e na Gaudium et Spes, o Papa reafirmou o caráter sagrado do matrimônio cristão, sua essência, constituição e finalidade, concluindo com as seguintes palavras: "Portanto, não só cada cristão considerado individualmente, mas a família inteira, como tal, formada por pais e filhos cristãos, é chamada a ser testemunha da vida, do amor e da união que a Igreja traz em si, como propriedade derivante de sua natureza de comunidade sagrada, constituída e viva na caridade de Cristo". (L'Osservatore Romano, 10/5/92)


A REUNIÃO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA (VIl) - os objetivos da ritualidade e da criatividade 1. INTRODUÇÃO A reunião mensal, também chamada de reunião formal, deve ser considerada fator de evangelização e transformação dos casais e do conselheiro espiritual. Isto acontece, de modo mais frutuoso e consciente, quando dela participam com um ardor sempre renovado, usando métodos criativos e expressões capazes de inculturar verdadeiramente os valores humanos e cristãos, a partir do Evangelho. Quando se afirma que a reunião de equipe precisa ser constantemente aperfeiçoada e enriquecida, melhor compreendida, mais intensamente vivida e mais festivamente celebrada, quer-se dizer que ela não pode ser o cumprimento de uma mera formalidade, de uma obrigação, de um ritual rígido. A reunião de equipe não se chama formal porque não pode incorporar a espontaneidade dos participantes; porque precisa se ater às fórmulas estabelecidas; porque possui regras que não podem ser quebradas; porque deve seguir uma linguagem própria, independente do conteúdo, porque tem uma rotina que lhe confere seu caráter, apesar de seus elementos espirituais ou materiais; porque as formalidades ou convenções, que determinam sua estrutura, impõem-lhe uma condição de solenidade, de cerimônia, que devem ser preservadas. Chama-se reunião formal porque possui um forma, uma estrutura, um modelo, um ritual que lhe confere um caráter de celebração comunitária, um caráter de movimento da Igreja, um instrumento de evangelização de uma parcela específica do povo de Deus, uma expressão do esforço de construção do Reino de Deus já entre nós. O formal da reunião de equipe liga-se ao conjunto de ritos, gestos, símbolos, expressões e manifestações usado pela comunidade, seja para construí-la como tal, seja para que possa ter um caráter sagrado. Mas, como em toda celebração litúrgica, também na reunião de equipe surge uma tensão constante entre ritualidade e criatividade. 2. O SENTIDO DE COMUNIDADE LITÚRGICA A reunião de equipe, como expressão da comunidade ou assembléia litúrgica, não se consolida pelo simples fato de aglomerar casais, juntamente com um conselheiro espiritual. Antes de mais nada, representa um povo

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convocado por Deus para responder às suas graças numa atitude de fé comunitária. Sem qualquer dúvida, este momento de encontro pode e deve ser vivido a exemplo da assembléia dos cristãos, reunidos por Cristo para render graças em memória de sua morte e ressurreição, renovando a Aliança pelo compromisso assumido com o mandamento, alimentando a caminhada pela palavra de Deus e pelos sacramentos da Igreja. A reunião de equipe, como pequena Igreja, evoca ou relembra todas as assembléias convocadas por Deus, desde o Antigo Testamento, em função do desejo de que "todos sejam um". Esta é a dimensão cristã da comunidade litúrgica, que sempre acontece à luz da fé. É justamente o que difere de qualquer outra reunião de pessoas. Na reunião de equipe não somos convocados por Cristo por motivações puramente humanas, por interesses terrenos, por interesses materiais, mas para dar um profundo sentido à nossa vida cristã, em função de nossa abertura às graças do Espírito Santo. Este é o sentido principal da comunidade litúrgica e, portanto, de nossas reuniões formais: conferir um caráter sagrado à nossa união com Deus e com os irmãos ei'Tl-{;risto. Uma equipe de base, portanto, é sempre constituída por pessoas que têm fé, que acreditam no seu compromisso batismal, que estão dispostas à uma conversão. É a mesma fé que reúne pessoas de todas as condições sociais, culturais e políticas, em atitude de pobreza espiritual. Fazer parte de uma Equipe de Nossa Senhora constitui, portanto, um ato de fé, um ato de religião, um ato do ser Igreja, na medida em que revela uma integração e participação na Igreja de Cristo, uma vivência no espaço eclesial, uma união com Cristo, um antegozo da grande comunidade convocada por Deus em Jesus Cristo na Jerusalém celeste. Os casais(·) e o conselheiro espiritual representam um dos símbolos mais significativos da reunião de equipe. Na verdade, sem casais e conselheiro espiritual não há equipe de base, não há, no âmbito das Equipes de Nossa Senhora, comunidade litúrgica, comunidade celebrativa. O fato da equipe de base se reunir formalmente, pelo menos uma vez por mês, torna-se um sinal que exige uma atitude correspondente em ações, em práticas diárias. Na equipe de base, todos são irmãos, todos são iguais, todos se amam, se respeitam e se ajudam fraternalmente. A conseqüência disto tudo, inevitavelmente, deve ser uma vida que corresponde à ação ritual proposta para a reunião de equipe. (•) Os viúvos( as) são igualmente símbolos significativos numa equipe de base à qual pertencem, em função da aliança sacramental que os tornou - enquanto casados - um só corpo e uma só alma. O gesto de passar para o próprio dedo o anel do cônjuge já falecido significa que «onde estou eu, está ela, e onde estou eu, está ele" .

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Os casais e o conselheiro espiritual, por assim dizer, "se dispersam" após a reunião de equipe, mas o espírito, a união, a caridade, a igualdade lá expressada e vivenciada em Cristo terá que prolongar-se através do mês todo, seja entre eles mesmos, seja entre os casais e famílias da comunidade maior (paroquial e diocesana). É assim que a reunião de equipe e a própria equipe de base se transformam em verdadeiro símbolo de vida da comunidade cristã, a exemplo dos primeiros cristãos, revelando também a essência do Reino de Deus, do estar junto com Deus, face a face com ele em comunidade. Dito de uma forma muito simples, a reunião de equipe é sempre uma festa da comunidade eclesial, porque tematiza a existência, a ação, a praxis de cada um individualmente, do casal, da equipe, da Igreja. É nesta festa que vem à tona o sentido da vida cristã: ela alimenta e é alimentada pela espiritualidade (conjugal e familiar) da praxis. 3. O SENTIDO DA RITUALIDADE A reunião de equipe possui toda uma forma exterior toda uma ritualidade que lhe confere um caráter de celebração, de sagrado. O essencial da celebração e, conseqüentemente, da reunião de equipe, não é o ritual, mas as experiências de vida, de oração e de reflexão que são transmitidas, e que se exprimem através dos símbolos contidos nos ritos utilizados. A reunião de equipe, portanto, aponta para a necessidade de que seja, antes de mais nada, experiência de fé em Cristo, muito além de fórmulas estáticas e rígidas. Olhando para a reunião de equipe, percebe-se que ela possui uma ritualidade extremamente rica, simbolismos muito expressivos. Um símbolo, seja na celebração litúrgica, seja na reunião de equipe, possui sempre uma linguagem de mistério. O que vale no símbolo é aquilo que ele representa, o que ele exprime, o que ele significa. Assim, quando vemos uma aliança no dedo de alguém, pensamos no casamento, no sacramento do matrimônio recebido pelo casal católico. Neste contexto, o anel-aliança é sinal, é símbolo, significa o amor total e sem fim, a fidelidade conjugal, uma presença do outro cônjuge na sua vida. Por que não recordar este mistério, de vez em quando, na reunião de equipe, numa reunião de balanço, por exemplo, trocando novamente as alianças, renovando os compromissos assumidos, dando uma perspectiva renovada à consagração feita à Deus através do cônjuge? Para renovar este gesto, podem ser utilizados muitos ritos, pode ser montada toda uma liturgia, pode ser feita uma celebração cheia de significado. O que importa, vale ressaltar, não são as palavras, por mais profundas e piedosas que sejam, mas o acontecimento sacramental, a realidade do compromisso comunitário, a ação da graça de Deus atuando no casal e na família. CM Abril/93 - 11


Que simbolismo profundo existe na ruptura de nossa reunião de equipe! Na verdade, a ruptura deveria anteceder a própria refeição, porque é um momento de nos conscientizarmos sobre o nosso ser eclesial, nosso ser comunitário, o sentido da nossa celebração. É um momento de nos colocarmos humildemente na presença de Jesus Cristo, que se reúne conosco desde que o queiramos presente. (Por que o dever de sentar-se às vezes não dá certo, vira desentendimento, é um momento de constrangimento para o casal?) A ruptura é um momento de renovar o nosso SIM ao chamado de Deus, como Maria, para melhor compreender seu plano em relação a nós como casal, como família, como profissional , como ser social e político. É um momento de formarmos uma verdadeira comunidade de fé, em profunda união com toda a Igreja. Por isto mesmo, a ruptura é um momento propício para um ato de conversão, de purificação. É um momento de reconhecer na convocação de Deus - porque é ele que nos reúne, nos chama pelo nome, nos quer vivendo em comunidade - se somos realmente uma videira que produz muitos e bons frutos. É um momento de nos confessarmos uns aos outros, de nos convertermos para poder crescer espiritualmente. É um momento de invocar o Pai, o Filho e o Espírito Santo para que a reunião, enquanto celebração da pequena Igreja, produza em nós uma conversão constante e o desejo de sermos cada vez mais santos, como casal, como família. Qual é o ritual para invocar todo este simbolismo da ruptura, ou mesmo de outras partes da reunião de equipe? Como não poderia ser diferente, cabe a cada equipe de base, através do casal responsável de equipe, do conselheiro espiritual e do casal animador, montar sua própria celebração, de acordo com as necessidades dessa comunidade eclesial. A caminhada litúrgica pós-conciliar e a própria vida litúrgica da Igreja são muito ricas e profundas. Cabe lembrar que a renovação litúrgica da Igreja, sem impor formas únicas e rígidas de celebração, veio atender assim às legítimas variações exigidas pela diversidade dos grupos, regiões e povos. (Ver Sacrosanctum Concilium, 37 e Documentos da CNBB, nº 43, sobre a "Animação da Vida Litúrgica no Brasil") Na reunião de equipe, como uma forma de culto cristão, como uma forma de celebração, vivenciamos toda uma ritualidade, pelos inúmeros símbolos que contém, e que permitem experimentar aquilo que é próprio de uma celebração litúrgica: a comunhão com Deus e com os irmãos. Como valorizar os símbolos e os sinais presentes na reunião de equipe? Como estruturar um ritual para dar significado a eles? A expressão significativa de tudo isso pertence ao universo da comunicação (por palavras, por gestos, por ações). Por isso mesmo, se numa reunião de equipe a preocupação maior é 12- CM Abril/93


com a sua estrutura, com a necessidade de superar todas as partes estabelecidas, com o cumprimento de um ritual rígido, dificilmente poderá aprofundar o significado atribuído originalmente aos símbolos propostos para a celebração da comunidade litúrgica. As partes estabelecidas não são as determinantes da qualidade da reunião de equipe. O que importa, é como cada "fragmento" da reunião forma o todo, torna-se sinal de fé, veículo de unidade com Deus e os irmãos, expressão do esforço de construção do Reino de Deus. 4. O SENTIDO DA CRIATIVIDADE Fazer uma boa reunião de equipe, celebrar bem na reunião de equipe, é o primeiro princípio da criatividade. Contudo, mais do que fórmulas exteriores, interessam as mudanças interiores. Em qualquer situação, é importante não acostumar-se com o sagrado, no sentido de tornar rotina o sagrado. Sem dúvida alguma, fazer uma reunião de equipe sempre do mesmo jeito, usando sempre da mesma dinâmica, revela a total e absoluta falta de gosto e vontade pelo motivo que determina o encontro dos casais e do conselheiro espiritual. Podemos dizer que, em grande parte, as deficiências que vêm à tona na reunião de equipe são atribuídas: à falta de conhecimento do seu verdadeiro sentido; à pouca valorização da sua dimensão celebrativa; à deficiente formação litúrgica dos seus participantes; à catequese incompleta das pessoas; à falta de evangelização da equipe; à ausência de vida comunitária; etc. Neste contexto, a criatividade torna-se difícil e a renovação das celebrações atinge níveis superficiais. A reunião de equipe, enquanto comunidade que celebra, não pode ser improvisada. Daí a importância da reunião preparatória. Ela é um dos instrumentos da caminhada de uma Equipe de Nossa Senhora. Ela permite que as reuniões formais não sejam estanques e repetitivas. Dizemos, no nosso Movimento, que uma excelente reunião preparatória permitirá fazer uma boa reun ião formal. Trata-se, pois, de um momento por excelência para bem programar uma reunião de equipe. Todos conhecemos bem , certamente , a sistemática de uma reunião preparatória. Mas vamos apresentar alguns pontos importantes que permitem criar dinâmicas de celebração para valorizar os símbolos que ela contêm . Em primeiro lugar, é primordial analisar e avaliar a reunião mensal passada, em seus pontos fortes e fracos. Em segundo, analisar e avaliar toda a vida de equipe, a vida dos casais todos. Em terceiro lugar, prever e promover tudo o que for necessário para a próxima reunião, fazendo com que ela represente a caminhada espiritual e eclesial de todos. Enfim, torna-se necessário avaliar a folha da partilha e resposta ao tema de estudo CM Abril/93 - 13


de todos os casais de equipe, justamente para poder estruturar uma celebração a partir daqueles acontecimentos ou fatos da vida que foram mais determinantes e se constituíram em esforços sérios para o seguimento do Cristo. O casal animador, que não existe em algumas equipes de base, tem justamente esta função, ao lado do casal responsável de equipe, de preparar bem a dinâmica da reunião, para que ela possa ser um encontro ansiosamente esperado e desejado pelos casais e pelo conselheiro espiritual. É ele que irá propor as formas de comunicação necessárias para que a reunião de equipe exprima o viver conjugal, familiar e comunitário, e motive para um novo agir durante o próximo mês. Irá cuidar, portanto, para que a reunião de equipe não seja fria, desmotivadora, desencarnada, sem vida, um tédio para os participantes, ocasione mal-estar. Podemos dizer que ele é o responsável pelo o que se passa nesta comunidade litúrgica, congregada em nome do Cristo. A participação deve ser de todos. Todos devem participar ativa e conscientemente, para se por em comunhão com a comunidade reunida e a Igreja local e universal. 5. CONCLUSÃO O ritual proposto para a reunião de equipe não tem sentido utilitário, consumista. Seu espírito é expressar atividades de toda a comunidade celebrativa, em busca da unidade e das fina lidades do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, para se constituir num dos instrumentos da Igreja para a santificação do casal, da família. O Movimento existe na medida em que existem casais, assistidos por conselheiros espirituais, que buscam seguir o chamamento do Senhor. Neste sentido, se os casais não crescem espiritualmente, não aumentam sua maturidade eclesial, o Movimento também não cumpre sua finalidade evangelizadora e de congregação de leigos casados. Daí a parábola da videira. O ramo que não produz frutos é cortado, lançado fora e queimado. (Jo 15, 1-17) Motivar o trabalho na vinha é essencial através da reunião de equipe . Ela oferece toda uma pedagogia e mística para que isto efetivamente aconteça. Resta utilizarmos bem e com criatividade tudo isto que já está testado, comprovado, e vem dando certo há muito tempo. Mariola e Elizeu Calsing Pe. Augusto Garcia Equipe 19-A Brasília/O F

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VIVENDO AS PRIORIDADES Logo que foram publicadas as Prioridades do Movimento ficamos na perspectiva de como realizá-las, principalmente aquelas voltadas para fora do Movimento. Foi quando fomos procurados por uma Agente de Pastoral, Dona Antonia Horácio, para prepararmos uns casais "irregulares" para receberam o Sacramento do Matrimônio. Como já trabalhávamos com a jornada matrimonial para noivos, não foi muito difícil, tínhamos apenas que mudar os assuntos, pois, estes casais já co-habitavam e a

maioria já tinha filhos. O primeiro trabalho foi realizado com 21 casais, mas apenas 18 realizaram o casamento. Reunimos todos numa escola do mesmo bairro . Fizemos três preparações durante dois meses e depois marcamos a data da Celebração. Antes, todos se confessaram . A Cerimônia foi na Missa Dominical. Logo após, tivemos a recepção dos "noivos" juntamente com seus familiares e os equipistas na Casa Paroquial.

Os nubentes (de pé) e os equipistas (agachados) na cerimônia dos casamentos

Mas o trabalho não parou aí. No mês de dezembro/92 preparamos mais 11 casais nessa situação. Fizemos o mesmo trabalho e o resultado só não foi 100% porque

um casal confundiu o local da cerimônia e foi para outra igreja. O Celebrante destes últimos casamentos foi o Pe. Manoel Pedro Neto, C.E. da Coordenação e da CM Abril/93- 15


Equipe 5. Então, juntamos esses dois grupos e convidamos os casais para continuarem esses encontros. É aí que vem as Experiências Comunitárias. É uma pena que nem todos aceitaram. Porém, ainda assim, conseguimos formar dois grupos. Portanto, caríssimos irmãos equipistas, essa nossa experiên-

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cia foi muito válida e vamos continuar. Esperamos que ela sirva de auxílio para quem ainda tem dificuldade de trabalhar estas prioridades : I r ao Encontro da Realidade, Pastoral Familiar e Experiência Comunitária. Rosimeri e Zequinha C. R. da Coordenação de Parelhas/RN


Cam~nhando com aIgreja

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RECORDANDO UM FIM DE SEMANA A Igreja vê com grandes esperanças a participação dos leigos em sua missão evangelizadora. Existe historicamente um momento de concentração, de estruturação e consciência. Os apóstolos e os primeiros padres apostólicos, como que vão plasmando as comunidades, dando-lhes a mística da doutrina sob a ação do Espírito Santo, no testemunho de suas vidas e na organização eclesial. Surgem as primeiras comunidades que ganham corpo, enfrentam os desafios de uma sociedade pagã, estruturam-se ao redor de seus pastores, nascem os rudimentos das futuras paróquias. A figura principal é a do pastor. São os bispos, com suas pregações, escritos e vida que fazem com que as comunidades cristãs cresçam e se solidifiquem, ganhando seu espaço na sociedade. No limiar do século XXI, uma nova força impele a se voltar mais diretamente para as comunidades. Já não será tanto o pastor sobre o qual recairá a exclusividade da sua ação. Ela é partilhada e sentida pelas comunidades cristãs novamente desafiadas pela situação de uma sociedade paganizada. A contribuição das ENS é de um alcance nem sempre percebido justamente porque a agitação do dia a dia impede ou dificulta a descoberta. O problema ou a estratégia do

Reino de Deus é a formação de comunidades de vida: pessoas capazes de partilhar da doutrina e do pão, na simplicidade. E o que fazem as equipes senão promover a Escuta da Palavra de Deus, as orientações da Igreja, partilhando a experiência da vida familiar com simplicidade! Uma equipe cheia de vida, alegria, testemunha aquela já famosa observação: "Vede como se amam"! Quando nos reunimos em Brasília, num fim de semana de novembro, para uma Sessão de Formação, pudemos sentir como o potencial apostólico do Movimento nos coloca na evangelização, desde que nossa postura seja qualitativamente cada vez mais sentida. As ENS são um movimento de elite, não de mediocridade. Existe algo a mais que simples encontros, conversas e círculos: santidade. E santidade, no mundo de hoje, significa testemunho de Deus na própria vida, vivência comunitária, fraternidade, expressão do amor cristão, num. mundo decepcionado com os amores humanos. Esta é a nossa missão. Precisamos estar em forma: em formação constante! "Fazei tudo o que ele vos disser" . Assim nos avisa Nossa Senhora das Equipes! Pe. Paulo D'Eiboux, S.J.

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'EDITORIAL

UM PASSO A MAIS Desde que passei a fazer parte da ERI, ouço falar regularmente em aprofundamento, volta às fontes... Existiam, em especial, os tais "anos de aprofundamento" com um tema especial e havia necessidade de desenvolver toda uma estratégia para levar as equipes em idade de fazê-los a se decidirem. Não sei bem se esta fórmula terá sido muito bem sucedida em toda parte ... O lançamento da Segunda Inspiração veio trazer a este problema uma nova atualidade, e aqui e ali está se desenhando diversas fórmulas. A ERI resolveu estudar a questão e me propôs convidar as equipes para nela refletirem. Creio que há uma distinção a fazer entre volta às fontes e aprofundamento. Quando se fala de volta às fontes, trata-se de voltar a beber na própria fonte, de reencontrar o frescor, o ardor e a generosidade dos começos. Este é certamente um dos aspectos da Segunda Inspiração: voltar a praticar de forma jovem, solerte e ardorosa a Carta das Equipes. Quando se fala de .apiQ:. fundamento, penso que se trata de coisa diferente. Trata-se de cavar mais a fundo, de ir mais além nos nossos engajamentos, de dar um 18 - CM Abril/93

passo a mais. Este, aliás, era o verdadeiro programa dos "anos de aprofundamento". Não se trata, portanto, de simplesmente reler a Carta com uma atenção nova, de rever nossas práticas para melhor descobrir as suas riquezas. Após dez ou quinze anos, as equipes, muitas vezes, precisam deste tipo de volta às fontes. Mas aqui, ao que me parece, estamos diante de uma outra atitude, um outro processo. Ao mesmo tempo em que se permanece na linha do Movimento e dos objetivos bem conhecidos, trata-se de dar um passo a mais, ou, como se diz na linguagem dos esportes, "levantar a barra para o salto". Um simples exemplo recém vivenciado por muitos permitirá entender isto melhor. Muitos casais que estudaram nas suas equipes o Projeto "Evangelização da Sexualidade" descobriram, graças a isto, uma nova dimensão do Dever de Sentar-se. Conseguiram abordar aspectos da vida do casal que nunca tinham tocado antes. É o que eu chamo dar um passo a mais. Este passo a mais, sugeriria que fosse dado principalmente em três campos: a) Na oração. Sabemos da importância que deve ter. Fala-se muito, nas equipes, de meditação,


mas dá-se ao termo um sentido muito amplo e, por vezes, bastante livre. Um passo a mais consistiria em assumir o sentido mais forte da palavra e de passar a praticar a meditação contemplativa, essa oração que está acima de qualquer fórmula, de qualquer trabalho de reflexão, mesmo de qualquer palavra e que permite QJb.ar Deus.

É difícil descrever esta meditação mas, uma vez que se fez a experiência, sabe-se o que é e que, perto dela, nossa oração habitual é bem pobre .. . Não está reservada aos monges e aos contemplativos puros. É um dom de Deus, mas que é preciso pedirlhe. Precisa querer, conforme uma parábola que já propus no passado, "entrar no palácio do rei ". b) Na partilha. É um momento muito importante para a vida das equipes, mas também um dos que mais correm o risco de se desgastar ou se "desvirtuar" . Entre os nossos documentos, existe um belíssimo texto sobre o assunto, mas será que é conhecido e praticado? A partilha deveria ser transformada num meio real de conversão em equipe . Uma conversão, ao

mesmo tempo, de uns em direção aos outros: sair de si , das preocupações tantas vezes egocêntricas, para voltar-se realmente para os outros e assumí-los. E conversão em equipe para Deus: voltar-se , juntos, para ele, para descobrir (pois com a ajuda dos olhos dos outros enxerga-se bem melhor .. .) o que Deus espera de nós. Isto exige uma disposição de espírito e uma atenção especiais. c) No espírito de pobreza evangélica. Esta é uma dimensão do Evangelho que ainda não descobrimos muito bem . Concretamente, o que significa para nós, para nosso casal, para nossa família, para nossa vida profissional, "ter uma alma de pobre"? É uma questão de dinheiro? uma questão de espírito? uma questão de estilo de vida? Nestes pontos, o mundo atual, tão materialista, tem o direito de esperar um testemunho urgente das Equipes de Nossa Senhora. Temos, porém, que compreender, antes, de que se trata. Para as equipes experientes, que procuram um novo fôlego, esta também é uma ocasião de dar um passo a mais! Fr. Bernard Olivier, op

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Carta da Equipe Responsável Internacional Este mês. a carta que nos chega da ERI foi escrita por nossos queridos irmãos Cidinha e lgar, membros da equipe 2 de Jundiai/SP, que fazem parte daquele órgão colegiado internacional do nosso Movimento.

Caríssimos Amigos, Subsiste sempre, no mais profundo do coração de cada um, uma inquietação mal definida, que nos leva a nos questionarmos: por que viver? por que amar? por que lutar pela vida? para onde vamos? Esta necessidade do homem de dar um sentido à vida, à morte, a si mesmo, às coisas que faz, às pessoas que ama, o leva à procura de Deus, da religião. E Deus, que já tem o seu projeto, mostra-lhe um caminho, que, aos poucos, lhe permite encontrar respostas. Deus quer que os homens colaborem e participem da realização deste projeto. Chama-os, pois, individual ou coletivamente, para melhor interpretarem o seu pensamento e confia-lhes uma missão. Chamou o povo hebreu para ser o depositário do plano da salvação e encarregou-o de fazer dele participarem todos os outros povos. Esta missão, já implícita na vocação de Abraão (Gn. 12,3), vai se tornando mais clara à medida que o povo hebreu vai entendendo melhor as intenções de Deus. "Quando chegou a plenitude do 20 - CM Abril/93

tempo, enviou Deus o seu Filho" (GI 4,4), para anunciar o Evangelho (Me 1,38), cumprir a Lei e os Profetas (Mt 5, 17), revelar o Pai (Jo 14,9-11 ), procurar e salvar o que estava perdido (Lc 19,1 O), servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Me 10,45), salvar o mundo (IJo 4,14) ... Todos os aspectos da obra redentora de Jesus Cristo, desde a pregação na Galiléia até o sacrifício da Cruz, estão vinculados a esta missão que recebeu do Pai. Jesus Cristo, o enviado do Pai, também envia os apóstolos: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21 ). A missão dos apóstolos consiste em anunciar o Evangelho (Me 16,15), em anunciar uma pessoa, Jesus Cristo, e em fazer de todos os povos seus discípulos (Mt 28,19). Através da missão dos apóstolos, é toda a Igreja que é chamada a vincular-se à missão do Filho. Por que recordar tudo isto? Precisamos sempre recordá-lo: a missão, inserida no plano da salvação, está implícita em todo chamado de Deus. As Equipes de Nossa Senhora, como pequena


parcela do Povo de Deus, também têm a missão de evangelizar, de ajudar as pessoas a viverem como filhos de Deus e como irmãos uns dos outros. Mas este pequeno povo recebe de Deus uma missão específica, que vai se tornando mais clara à medida que se compreende melhor, à medida que vai se aprofundando o pensamento de Deus sobre o casal; missão que vai se tornando cada vez mais necessária e urgente, diante das idéias tão negativas que vêm sendo difundidas entre os jovens sobre o matrimônio. Deus chama a todos nós, casais das Equipes de Nossa Senhora, e revela-nos uma boa nova a ser vivida e gritada por toda parte aos casais de hoje; uma boa nova que pode levá-los a crer no casamento. Qual é esta boa nova? Das gerações que nos precederam, recebemos uma herança que contém, em seu cerne, valores essenciais. Por vezes, porém, estes valores escondem-se por trás de tradições culturais que tornam difícil aos casais viverem em comunhão. Os casais, neste fim do segundo milênio, têm necessidade e direito de conhecer a verdade sobre o matrimônio e de ouvir um discurso não convencional que os liberte e que lhes revele o essencial da re-

lação que existe no interior do casal. Qual é o coração desta mensagem, dinâmica, cheia de vida, que é preciso transmitir-lhes? Tem vínculo com a pessoa de Jesus Cristo? Como proclamar esta boa nova sobre o matrimônio? Como torná-la atraente? Como ajudar os jovens casais a crer que o casamento pode verdadeiramente ser um lugar de amor, de felicidade, um caminho de santidade? Torna-se necessário reinterpretar os verdadeiros valores que nos foram transmitidos, através de uma linguagem, imagens, idéias de família adaptadas ao tempo atual. Precisamos penetrar na realidade de hoje, tentar iluminá-la com a luz que descobrimos, especialmente no Evangelho de Jesus Cristo, cujo amor nos impulsiona com força para frente. Temos a certeza de que as Equipes de Nossa Senhora irão muito mais longe no cumprimento de sua missão se todos nós, casais das equipes de base, casais responsáveis de Setor, de Região, de Super Região, da ERI, nos engajarmos efetivamente no serviço desta causa. Então, vamos em frente! Cidinha e lgar

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PROJETO EVANGELIZAÇÃO DA SEXUALIDADE

(31/01/93) a) Andamento do Projeto A equipe internacional, encarregada pela ERI de estudar as sínteses do Projeto, teve sua primeira reunião em Paris em dezembro. Definiu os seus métodos, o seu cronograma, e começou imediatamente o seu trabalho. O material foi repartido entre os diversos membros da equipe. Teremos um novo encontro em fevereiro para um primeiro balanço. Ficamos todos impressionados pela importante contribuição de algumas Super Regiões e pelo trabalho de síntese realizado ao nível das Regiões; mas notamos também a ausência de outras Super Regiões. Estarão apenas atrasadas, quem sabe? Ainda chegam documentos cada semana ... Podemos dizer desde já que o material que recebemos é riquíssimo. Temos que agradecer particularmente aqueles que enviaram testemunhos anônimos. Há alguns que são notáveis e procuraremos nada perder de substancial. Nossa "equipe de síntese" consagrará todo este ano de 1993 ao estudo das respostas recebidas e dos testemunhos nas diversas línguas. Estabelecemos um calendário que deveria permitir a divulgação dos resultados do Pro22 - CM Abril/93

jeto por ocasião do Encontro de Fá~ima, em julho de 1994. E gostanamos de poder integrar as respostas dos que estão estudando o Projeto neste ano 1992/93. Mas para tanto, as repostas devem chegar às nossas mãos logo após as reuniões de balanço. Conforme prometemos, daremos cada vez, junto com as Notícias Internacionais, um testemunho referente às diversas pistas para reflexão do Projeto. Aqui, para começar, apresentamos um testemunho sobre o conjunto todo, que vem de um conselheiro espiritual. O trabalho de apuração ao nível internacional é cansativo, porém apaixonante. Vale a pena! b) Testemunho de um Conselheiro Espiritual o Pe . Alain Viret Gostaria de partilhar com vocês em poucas linhas, as minhas im~ pressões, ao final deste ano de troca de idéias, no canteiro de obras aberto pelas ENS. Projeto audacioso, este de "evangelizar a sexualidade"! Abrirse com um tema destes não é nada fácil e devo confessar minha admiração diante da seriedade da preparação, do clima de escuta e de confiança que permitiram que as trocas de idéias fossem frutuosas. Como, pessoalmente, trabalho. com a formação de leigos, ma1s particularmente na área de teologia moral, tenho considerado a equipe como um lugar privile-


giado de escuta da vida conjugal e de verificação de certas intuições a respeito do lugar da sexualidade em nossas vidas. Está me parecendo que as pistas dadas pelo Movimento para os deveres de sentar-se ajudaram (apesar de uma certa repetitividade no final) cada casal a aprofundar esta dimensão de sua existência, dimensão esta na qual as trocas de idéias não são tão fáceis nem freqüentes quanto se imagina estar numa sociedade "libertada" . Não se trata de resumir aqui as riquezas destes nove encontros, mas gostaria de retomar alguns pontos que me marcaram. • O fato de que não se pode isolar a sexualidade de uma história pessoal; com as suas tensões e suas etapas importantes (primeiras descobertas, chegada do filho, mudanças profissionais ... ), a vida sexual é um lugar importante de comunicação; a diferença sexual querida por Deus deve ser redescoberta a cada dia como complementaridade que existe e que deve ser construída. As dificuldades decorrentes da educação recebida e da vida de tensões que se vive hoje voltaram diversas vezes nas trocas de idéias. • Observei o papel do tempo e da caminhada na descoberta e no melhor conhecimento múl!JQ, para evitar a rotina e aprofundar o amor do casal. .. através de algumas belas fórmulas: "a relação conjugal é a batida de coração do nosso ca-

sal" ou ainda: "a nossa relação amorosa é o nosso tesouro a dois", "uma cumplicidade no cotidiano" que abre um caminho espiritual. • Percebi com força que o amor a dois se enriquece com a abertura aos outros com a capacidade de dialogar e perdoar e com a oração conjugal (Interessante, este papel da palavra e da reconciliação em toda vida vivida na diferença!). Há, neste ponto, uma ocasião de participação sacramental na vida trinitária, do mesmo modo que o dom da vida é participação na obra criadora de Deus. • Tivemos várias trocas de idéias sobre a educação que se deve dar aos filhos. Pareceme que todos estão bem conscientes do que está em jogo ("ao nível da imagem que transmitimos, temos um papel a desempenhar"); para além da angústia que este tema pode gerar, a equipe enfatizou a necessidade de uma confiança fundamental na vida, uma confiança que permite que se acolha o imprevisto como um sinal de Deus e que se regozije com os passos para frente, sem cair no pessimismo ambiente. Sobre esta questão da educação, como sobre a das atitudes a tomar diante de casais próximos ameaçados pela infidelidade, foi enfatizada a necessidade de ter uma presença acolhedora, aberta ao diálogo, de fazer, quando possível, uma releitura do que foi CM Abril/93 - 23


visto e vivenciado, de recolocar as relações sexuais no contexto de um amor responsável e, portanto, do desígnio de Deus sobre nós. • Por fim, impressionou-me o fato de que a oração conjugal (e também familiar), apesar das dificuldades, acaba por criar um clima de respeito e de verdade no casal , permitindo uma maior verdade e harmonia. Parece-me que ao abrirmo-nos a Deus, ao entregarmo-nos a ele na verdade, acabamos despojando-nos diante do outro. "Aquele que obra na verdade vem à luz" (Jo.). Ao nos faze rmos humildes, pequenos, pobres, temos mais condições de acolher o outro com respeito, como um dom que nos é feito . Assim, constrói-se um vínculo profundo entre intimidade espiritual e intimidade sexual, que é fator de desabrochamento do casal e de irradiação para a família e, de forma mais ampla, para toda a vida social e eclesial. Pessoalmente, ouvir estas trocas de idéias permitiu que me sen-

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tisse mais próximo da vida cotidiana dos casais, que me regozijasse com eles por este belo mistério do casal humano imagem de Deus, que os incluísse um pouco mais nas minhas orações. Senti de maneira ainda mais forte a necessidade de uma educação que possa abrir para o conhecimento do outro sexualmente diferente, que integre a caminhada e o diálogo na progressão do amor, que convide para a esperança e para a humildade diante das dificuldades encontradas. Formulo, finalmente, o voto de que a Igreja saiba acompanhar, com o testemunho e o ensinamento que convêm, o maior número possível de casais; neste ponto, deve-se encontrar, sem dúvida, novas linguagens capazes de esclarecer da melhor forma as consciências, convidando-as para um caminho espiritual que dê à sexualidade seu justo lugar como mistério. Agradeço ao Movimento pela intuição deste projeto tão rico e à minha equipe pela caminhada que vivemos juntGs ao longo deste ano.


Vida Jo"!jj(ouimenlo

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MUTIRÃO A Segunda Inspiração trouxe novo alento ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora, desenvolvendo em todos os casais equipistas a noção de que devem formar uma verdadeira comunidade cristã que almeja participar da construção do Reino de Deus e comprometer-se nisto, vivendo o sacramento do Matrimônio, o encontro e a comunhão, na busca da vontade de Deus e da verdade . Do debate comum, nasceu no Colegiado (Casais da ECIR, Regionais e da Carta Mensal) a idéia de que havia prioridades a definir na atuação das ENS e, dentre estas, deu-se especial relevo à necessidade de se incentivar todos os equipistas a aprofundarem sua formação religiosa , para se tornarem verdadeiros cristãos, adultos na fé. Na caminhada da fé e para auxiliar nossa formação cristã, o Movimento oferece aos equipistas diversos instrumentos, entre os quais se acha o "Mutirão", ou seja, a atividade que objetiva, especificamente , desenvolver o conhecimento mais profundo e sistematizado das ENS , de suas origens, de seu carisma e de sua pedagogia.

"Mutirão" é palavra de origem indígena, tupi, tipicamente brasileira ("muti'ro"), que, originalmente, designava o auxílio gratuito que os membros da comunidade, espontaneamente reunidos, prestavam uns aos outros, mediante trabalho de todos realizado em proveito de um só, que, mesmo sendo o único beneficiado, dele também participava, organizando a tarefa como uma grande festa. Nas ENS, o "Mutirão", da mesma forma , se realiza em clima de festa, com alegria e descontração, sem prejuízo da eficiência do trabalho comum e comunitário que ali se faz, em proveito, não de um só, mas de cada um dos casais equipistas que dele participa. Como etapa de formação dentro das ENS, o Mutirão se destina, em regra, a casais que, ingressos no Movimento em equipes já formadas, não tiveram oportunidade de receber pilotagem adequada, mas nada impede que dele participem casais de Equipes novas, recém pilotadas, ou, até mesmo, casais antigos no Movimento aos quais se recomende uma reciclagem. O Mutirão, que deve ser incluído CM Abril/93 - 25


no calendário anual dos Setores ou das Regiões, precisa ser bem organizado e planejado para que produza todos os seus resultados, levando-se em conta a circunstância de que cada casal só participa dele uma única vez. Os temas devem ser apresentados em ritmo crescente, para permitir que, ao final do Encontro, o conhecimento do carisma das ENS, do sentido da Reunião da Equipe e dos objetivos dos pontos concretos de esforço, sob o enfoque da Segunda Inspiração, provoque ou desperte em cada casal equipista a exata noção de sua vocação cristã e da sua conseqüente missão como agente de

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pastoral , transformador do mundo. Assim, o Mutirão acentua o sentido de comunidade e constitui eficiente meio de solidificação do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, sendo, por isto, aconselhável que os Casais Responsáveis de Regiões e Setores não se descuidem de bem organizá-lo e que os casais equipistas, convidados a dele participar, aceitem alegremente a convocação, pois serão eles os principais beneficiados pelo trabalho comum ali realizado. Junia e Mauro da ECIR


MOVIMENTO DE GENTE ATIVA No final de 1992, através dos Casais Responsáveis Regionais, o Movimento promoveu um levantamento informal dos engajamentos das equipes e dos aquipistas, junto às suas respectivas comunidades. Eis uma síntese dos relatos recebidos até novembro 92:

REGIÃO RIO I

• Quatro equipes trabalham na pastoral familiar de suas paróquias. Vão aproveitar as circunstâncias favoráveis que cria este trabalho para implantar a Experiência Comunitária. • Uma equipe em ~ desenvolve um trabalho com crianças de rua: a paróquia alugou uma casa que serve de abrigo diurno para crianças e ali elas são atendidas por médicos, psicólogos. São dadas aulas profissionalizantes e servidas refeições. •

REGIÃO RIO 11

• Piebetá - Os equipistas fazem visitas com finalidade de evangelização e atendimento material. Participam também em atividades ligadas à Pastoral da Criança. • Petrópolis - Evangelização, atendimento a famílias carentes e preparação próxima para o casamento. • Valença- Os equipistas estão engajados nas diversas pastorais da Igreja local (batismo, juventude, família, vocação, catequese e saúde), além de participar de outros momentos religiosos, como Cursilho e Emaús e participação no ensino religioso. A pastoral da Família, na paróquia de Nossa Senhora da Glória é toda feita por equipistas. • Teresópolis - Os equipistas estão engajados em diversas pastorais. •

REGIÃO MINAS GERAIS

- Pouso Alegre: • Os equipistas dão seu trabalho em cursos de noivos, catequese, encontros de casais, experiências comunitárias, grupos de jovens, trabalhos com deficientes, idosos, organizam missas para casais, para crianças, participam do conselho pastoral paroquial e vários equipistas são Ministros da Eucaristia.

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- Pirapora: • Os equipistas organizaram um encontro com os casais da comunidade e conseguiram reun ir 36 casais. Estão organizando, junto com Frei Teodoro, três missas, em dias e locais diferentes, para tentar envolver toda a comunidade nos trabalhos paroquiais. - Juiz de Fora: • A Equipe 17 vive a experiência de ajuda fraterna material e convivência com a comunidade dos padres orionistas. • A Equipe 21 dedica-se à Pastoral dos Noivos, na Catedral. • O Setor B realiza Trabalhos com as equipes de jovens, em experiência comunitária e em vários outros setores. • A equipe 23 assume a Pastoral de Noivos e Batismo na sua paróquia. • A equipe 22 está ainda engajada na pastoral vocacional. ·A equipe 8, junto com os padres Eduardo e Walmor (não equipistas), desenvolve um trabalho junto às famílias de Benfica. Organizaram um Encontro de Casais (casados ou não). Após o encontro são formados grupos de reflexão. Aos perseverantes é proposta a Experiência Comunitária. •

REGIÃO S. PAULO- NORTE

- Em S.José do Rio Preto: • Equipe 2- Serviço Social S. Judas Tadeu (menores carentes). • Equipe 7- Centro Comunitário e Paroquial Vila Maceno (Família Carente). • Equipe 3 - Oficina Santa Rita. ·Agentes de pastoral familiar em curso de noivos, de Batismo, catequese de adultos, evangelização de casais, acompanhamento de recém-casados, SOS - Casais em Crise, Experiência Comunitária e pastoral familiar. • Em ltumbiara foi organizado um Clube de Mães, para mães solteiras; trabalha-se também em evangelização de adultos, fazem-se grupos para o terço, trabalha-se em creches. • Em José Bonifácio as equipes dão orientação a famílias sobre harmonia sexual e orientação religiosa a jovens e crianças. • Em Casa Branca e Votuporanga - a pastoral familiar ficou a cargo dos casais equipistas. • Em Catanduva, os equipistas se dedicam à organização de Clubes de Mães e creches. 28 - CM Abril/93


REGIÃO S. PAULO- LESTE

• Em Guaratinguetá a Equipe 3 presta assistência a uma casa de recuperação de drogados; a Equipe 4 se encarrega do Curso de Noivos; a Equipe 1O assiste a Creche São Francisco. • Em Aparecida, as ENS são responsáveis por todos os cursos de Noivos. • A diocese de Aparecida está realizando com os equipistas as minimissões. (Ver artigo de Nancy Moncau na CM-289, Março/93). • Em Taubaté as Equipes 4, 7 e 16 são responsáveis pelos cursos de Noivos. As Equipes 4, 5, 6 e 16 coordenam 5 grupos de Experiência Comunitária. A Equipe 18 dá assistência à Casa do Ancião. • Em Caçapava as ENS são responsáveis pelos cursos de Noivos. • Em Jacareí as Equipes 2, 3, e 5 trabalham com Experiência Comunitária. •

REGIÃO S. PAULO- CENTRO I

• Através de estatística, constatou-se que 80% dos casais da região estão engajados em algum apostolado, de forma concreta. • Há casais trabalhando em creches, com os Vicentinos, no atendimento de crianças e adultos carentes, trabalhos paroquiais diversos, com drogados e na prevenção da AIDS, em encontros de noivos, nos cursos de Batismo e Crisma, em encontro de casais, na catequese, no dízimo, na saúde, em liturgia. • Há ainda: ministros da Eucaristia, equipistas que mantêm asilo de velhos, seminários, participam no CVV, em trabalhos com casais em crise, na Pastoral Familiar da Diocese. •

REGIÃO SÃO PAULO- CENTRO 11

• O Movimento organizou missas, tardes e noites de oração pela Paz, em Araraquara, Dois Córregos, Brotas, Piracicaba Rio Claro e São Carlos. • As equipes, ou equipistas, participam concretamente de catequese para adultos, para jovens, em grupos de evangelização, em círculos familiares, na reformulação dos cursos de noivos, na ajuda a casais em crise e na Experiência Comunitária. • Os equipistas da região estão promovendo a Semana da Família. CM Abril/93 - 29


REGIÃO PARANÁ NORTE

-Londrina: • Casais da Equipe 15 e seu Conselheiro Espiritual fundaram, em 8 de dezembro de 1990, um Centro de Apoio aos Dependentes de Drogas, a Casa de Maria. •

REGIÃO PARANÁ SUL

- Em Curitiba, o Movimento (com a participação de todos): • encarrega-se de uma coluna semanal em um jornal de atualidade; • encarregou-se da preparação da abertura da Campanha da Fraternidade no Círculo Militar; • encarregou -se de preparar a Liturgia do Advento para o canal 12; ·faz um ofertório mensal , em mantimentos, para um Seminário; • promoveu noites de Oração pela Pátria, divulgando-a pelas rádios e paróquias. - através das equipes: • ajuda financeira e assistência religiosa a um orfanato; • ajuda financeira a um Seminário • duas vezes por semana: tarde em companhia dos velhinhos de um asilo; • organização de campanhas para angariar gêneros alimentícios para entidades carentes; • organização de retiro anual para os filhos de equipistas; • trabalhos para expansão do Movimento; • organização de palestras em Encontros de Casais; • ajuda financeira e esforço escolar a menores de rua. •

REGIÃO SANTA CATARINA

• Criciúma - Todos os casais estão engajados na Experiência Comunitária, coordenação da Pastoral Vocacional e dos doentes, trabalhos na Casa do Menor, catequese, organização de Liturgia, palestras, organização de grupos de reflexão , trabalhos para os AA, na pastoral da criança, curso de noivos . • Blumenau - 80% dos casais engajados nas mesmas atividades de Criciúma. • Florianópolis - Além dos trabalhos como os de Criciúma está realizando um trabalho pioneiro: a preparação de deficientes para a 1ª Eucaristia. 30 - CM Abril/93


OSINTERCESSORES De tempos em tempos devemos retomar o tema INTERCESSORES e alinhavar alguns conceitos que possam satisfazer aos anseios de muitos dentre nós que, às tantas, sentem-se atraídos por essa mística: REZAR UNS PELOS OUTROS. Damos graças a Deus por essas novas vocações. De forma mais pedagógica, aqui vão alguns conceitos que melhor possam ajudar a você que gostaria de conhecer melhor como funcionam os INTERCESSORES.

-0 verdadeiro lntercessor é Jesus Cristo, em permanente intercessão por nós junto do Pai. Nossa missão: unirmo-nos a ele. -Modelo de intercessão: Maria em Caná. -Origem: 1960 - O Cônego Caffarel lança uma convocação: PRECISA-SE DE VOLUNTÁRIOS para responder ao apelo de Cristo: "Não podeis vigiar uma hora comigo?' Convidou os casais das Equipes a consagrar uma hora de oração noturna por mês, nas intenções dos casais e pelas grandes intenções da Igreja e do mundo. -Data importante· 1976 Durante a grande peregrinação das equipes a Roma, fomos recebidos pelo Papa Paulo VI que nos disse: "Muitos lares vos ficarão gratos pela ajuda que assim lhes haveis de dar. A maioria dos casais, com efeito, precisa hoje ser ajudada". -QUEM- Todos vocês, todo cristão, só, como casal ou em grupo. -COMO -trimestralmente, expedimos aos inscritos um boletim que ajuda na formação e comunicação. Nele selecionamos algumas intenções que nos foram remetidas e as confiamos à sua oração. -A FORMA- Pode-se oferecer isoladamente ou em conjunto: -1 hora de oração à noite, em horário e dia que se escolhe; um determinado dia no qual oferece-se o dia ou parte dele em jejum; -pode-se oferecer um sofrimento que se esteja passando: uma doença, uma dificuldade, a perda de um ente querido, um CM Abril/93 - 31


problema com um filho ... -A INSCRIÇÃO - Para efeitos práticos, centralizamos nossa correspondência na Secretaria Nacional das ENS (Rua João Adolfo, 118, 9º andar, CEP 01049-900 fone: 011 34-8833) , onde poderão ser solicitadas as fichas de inscrição. Nada obstante , continuamos à disposição de vocês em nosso endereço particular : Rua Castro Alves, 654, apto. 62, São Paulo, SP, CEP : 01532-900 - Fone: (011 )277 -5335. Dirce e Rubens de Moraes

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SALVOS, TORNAMO-NOS SALVADORES "Quem é o meu próximo?' A esta pergunta, Jesus responde (Lc 10,30): "Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões, que após havê-lo despojado e espancado, foramse, deixando-o semimorto ... Um samaritano, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximou-se, etc ... "

Podemos ter diversos níveis de leitura desta Parábola. Sem dúvida, este homem meio-morto, é o nosso mundo, despojado de suas riquezas divinas e espancado pelo salteador Satanás. Então este bom samaritano que pára e esforça-se para salvar o homem é Jesus, que dá a Nicodemos a razão de sua vinda sobre a terra: "De tal modo Deus amou o mundo (quebrado, machucado) que lhe deu seu "Filho único" não para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele" (Jo 3,16 e 17). Eis aqui como age para comigo, para cada um, aquele que é o meu Deus: seu coração queima de um amor de compaixão e ele torna-se próximo de mim em Jesus, seu Filho. Num segundo plano, a leitura consiste em descobrir também Jesus neste homem que desce de Jerusalém para Jericó (não é des-

cer da Jerusalém do Alto para vir à nossa Jericó terrena?) e que, preso, flagelado e à morte, tornase nosso grande intercessor sobre a Cruz levando-nos sobre ele e conduzindo-nos à pousada da Igreja: não afirmou ele que quer reembolsar tudo na sua vinda no último dia? Estamos totalmente resgatados e salvos. "O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, fomos curados por suas feridas." {ls 53,5). Jesus viveu para nós estas três palavras-chave: compaixão, intercessão, substituição. Nossa estereofonia cristã compõe-se de duas fontes de som: o mundo que grita seu sofrimento: "Tenho sede ... quem me libertará? ... e Jesus na Cruz: "Tenho sede ... Pai, perdoai-lhes ... " "Nisto conhecemos o Amor: que ele deu sua vida por nós. E nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos" (IJo 3,16). Salvos no Cristo, com ele tornamonos salvadores de nossos irmãos. Conscientes da salvação encontrada em Jesus, estejamos preocupados em cooperar com aqueles dos quais Deus nos aproxima. A intercessão - o descobrimos um dia - deve compreender nossa vida inteira transbordando CM Abril/93- 33


amplamente o tempo mesmo da oração. Havemos de tornar-nos "oração" não somente no horário escolhido, mas também nas múltiplas ocupações do dia, sem ficar tensos e inquietos. Ao contrário, constatamos que o nosso ministério (no sentido preciso de "serviço") de intercessores vem unificar nossa vida e motivá-la profundamente. Mais ainda ele pode estimular à conversão e à santificação permanentes. "Tornamo-nos intercessão." Assim o apóstolo Tiago escreve: "Pedis e não recebeis , porque pedis mal. .. " (Tg 4,3). Ou pedimos coisas verdadeiramente contrárias ao seu desejo do Pai muito amável, ou rezamos (como se isso fosse possível) com o coração mal disposto e de uma maneira de viver não evangélica. Certamente, não se trata de esperar chegar à perfeição para começar a interceder- assim nunca o faríamos- mas corrijamos nosso co ração e procuremos alinhar nossa vida sobre a nossa oração. Crescer no abandono confiante. Sair sempre de nossas discórdias e reconciliar-nos mutuamente. Perdoar e promover a paz. E querer entrar cada vez mais plenamente na alegria do Pai sobre nós. Aliás, recusar alguma coisa a Deus seria como um obstáculo ao acolhimento de nos-

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sa oração. Dito de outra forma, um pouco mais de lógica no amor e na comunhão dos santos e teremos uma maior fecundidade; disso seremos os primeiros beneficiários porque nossa vida será modificada. A finalidade da oração de súplica, lembramo-nos, não consiste em dobrar a vontade de Deus na direção de minha vontade, mas de alinhar-me sobre o seu coração de Pai com fé e confiança ... e dizerlhe: "Senhor, tu és o meu Pai, tu me conheces , tu sabes minhas necessidades e as dos meus irmãos; então, eu , teu filho, te exprimo meu desejo e o sofrimento daquele ou daquela. O que tu farás, será por tua glória e a salvação dos irmãos. Que teu reino venha. Que tua vontade seja feita". A mais linda oração de intercessão sai dos lábios da Virgem Maria nas bodas de Caná; depois de constatar a necessidade dos noivos, ela a expõe ao seu Filho : "Eles não têm vinho". É só isso. Ela não pede nada , ela coloca Jesus diante de seu amor por seus irmãos . Pe . Clément Ridard (Extraída da Carta aos lntercessores , de Janeiro/93)


!e

LEMA93 O LEMA ESTÁ AÍ

"Àquele a quem muito se deu, muito será pedido". Ao sairmos de Santarém, como casal responsável pela coordenação local, para o Encontro lnterregional Norte Centro - Nordeste em Brasília (07 e 08 de novembro), não sabíamos o porque da escolha deste Lema para o ano equipista 1993. Só tínhamos a certeza que Cristo, por intercessão de Nossa Senhora estava nos levando até ali. A sucessão de fatos, porém, desencadeou em nós um processo de profunda reflexão. Por que nós, com tão pouco tempo de equipe, e com menos tempo ainda como casal coordenador, estávamos ali? Deduzimos que, primeiro porque abraçamos a nossa missão com muito amor e dedicação; segundo porque Deus tem uma proposta para nós. Esta proposta se materializou durante aquele encontro. Já desde a nossa chegada Ountamente com o nosso CE, Pe. Raimundo) quando o Casal Dalva e Edmílson, Lourdes e Sobral nos acolheram com muito carinho, sentimos o braço de Jesus a nos abraçar e a coerência de vida daqueles casais. Durante o encontro, os testemunhos, os temas de estudo, as opiniões dos casais do Nordeste, o clima de fraternidade, e frases

(como esta: "O verdadeiro cristão se compromete com o projeto de Deus e não com o seu projeto.") aumentaram em nós o nosso compromisso e provocaram uma reavaliação entre a nossa fé e a nossa vivência. O prazer de convivermos, naqueles dias, como uma verdadeira, autêntica e única família cristã, mostrou o real sentido de ... "Àquele a quem muito se deu, muito será pedido". Deus nos deu muito naqueles dias e esta doação nos enche de uma nova vontade de renovarmos o "nosso compromisso", com Deus e com nossos irmãos. Iremos ao encontro deles com espírito de doação. Porque se recebemos tanto, temos que doar. Doar como? Ajudando a cada dia, em cada família em cada casal, na construção do Reino de Deus. O lema está aí. Devemos refletir muito e dele tirarmos o máximo de proveito em prol da nossa Igreja, do Movimento, do mundo, da nossa família e de todos os irmãos. Eis o lema, e só nos resta, como diz o casal Fátima e Zé Antônio de Manaus, "... arregaçar as mangas, suar a camisa e partir para a realidade". Jussara e Daniel C. R. Coordenação Santarém/PA CM Abril/93 - 35


,Vida (9onjugqll ORAÇÃO DA FAMÍLIA Que nenhuma família comece em qualquer de repente . Que nenhuma família termine por falta de amor. Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente. E que nada no mundo separe um casal sonhador. Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte. Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois. Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte. Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois. Que a família comece e termine sabendo aonde vai. E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor. E que os filhos conheçam a força que brota do amor.

Que Que Que Que

Abençoe, Senhor, as famílias . Amém. Abençoe , Senhor, a minha também! o marido e a mulher tenham força de amar sem medida. ninguém vá dormi r sem pedir ou sem dar seu perdão. as crianças aprendam no colo o sentido da vida. a família celebre a partilha do abraço e do pão. Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos. Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois. Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois. Pe . Zezinho, scj

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os C~fNHOS lJAsANTflJAlJE I SER SANTO Há muito tem se criado uma polêmica sobre os católicos que adoram imagens e prestam culto a santos: a bem da verdade, temos que nos educar para que possamos nos defender e colocar os fatos tais como são aceitos pela nossa Igreja. Os santos são, para nós, e para Deus, pessoas especiais que se destacam pela sua ação na caridade e na defesa da palavra de Deus. Na sua missão evangelizadora não mediram esforços e até mesmo foram martirizados para levar a boa nova a todos os que necessitam. Muitos tiveram que sacrificar a própria vida em defesa de sua fé e dos ideais de amor ao próximo e caridade, cumprindo ao pé da letra o que nos foi pedido pelo Cristo Salvador: "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMO". Nem por isso os santos são merecedores de adoração; somente DEUS deve ser ADORADO, pois só Ele é o poder e a glória para sempre. Aos Santos, filhos diletos de Deus, a Igreja presta-lhes um culto de reverência, reconhecendo neles nossos intercessores junto ao Pai. NOSSA SENHORA, "MARIA MÃE DE DEUS", por esta condição merece de todos nós cristãos um culto especial, pois também nos foi dada como MÃE pelo CRISTO SALVADOR. Lendo sobre a vida e obra salvífica de alguns santos, verificamos que não são poucos os que se tor-

nam MÁRTIRES em defesa de sua fé. Isto nos faz pensar o quanto é difícil alcançar a SANTIDADE, pois, no mundo de hoje não é fácil deixar tudo e viver somente da fé. No mundo de hoje, de relativa liberdade, nossos torturadores não são mais os leões das arenas, as espadas dos fariseus ou até mesmo o calvário. Vivemos agora em um outro mundo, onde somos vítimas de falsos profetas que dividem o rebanho e deturpam as palavras do Criador, somos agredidos todos os dias com campanhas da TV que desmoralizam os costumes e depreciam os valores mais sagrados do matrimônio, campanhas libertizantes do aborto fomentando ainda mais o desrespeito à dignidade e à inviolabilidade da vida. Os tempos são outros, a nossa realidade se torna ainda mais preocupante. Podemos e temos que buscar nossa SANTIFICAÇÃO dentro dessa nova realidade. As armas são as mesmas que nossos MÁRTIRES usaram, ou seja, A FÉ, A PERSEVERANÇA E A EVANGELIZAÇÃO. Não podemos nos omitir mais, temos que combater o bom combate, temos que buscar a nossa santificação no meio em que vivemos e com os meios que dispomos. ENTÃO, MÃOS A OBRA! Equipe 54 Brasília/DF

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oS CAMINHos DA SANTIDADt

J

SÃO FRANCISCO DE PAULA * Paula, Calábria (Itália), 1416

+ Tours, França, 1507 Festa: dia 2 de abril São cinco os santos muito conhecidos de nome Francisco. O primeiro no tempo e por celebridade é o de Assis, o padroeiro da Itália. Cronologicamente é seguido pelo Francisco de Paula, o eremita e taumaturgo calabrês. O seguinte é São Francisco Xavier o apóstolo das Índias; São Fran~ cisco Borja, o príncipe que se fez jesuíta, e São Francisco de Sales o santo da doçura. ' Em 2 de abril celebra-se a festa de São Francisco de Paula, o santo da mais rigorosa penitência. Nasceu em 1416 em Paula, na Calábria, então no Reino de Nápoles. Recebeu o nome de Francisco em homenagem ao Santo de Assis de quem os pais eram devotos. Pela intercessão deste santo, foi curado de um mal de vista, a pedido dos pais, quando era criancinha. Por isto, ainda muito cedo passou algum tempo como oblato em um convento franciscano das proximidades . Acompanhou os pais em piedosas peregrinações aos túmulos de São Pedro e São Paulo em Roma e aos santuários franciscanos da 38 - CM Abril/93

Úmbria, marcados pela presença de São Francisco de Assis. Ao retornar decidiu viver como um eremita, inicialmente em local próximo à sua casa e posteriormente numa montanha isolada, de frente ao mar. Tinha apenas 14 anos. Levava vida de duras penitências e de muita oração, vestido com um simples saial cingido por rude corda. Alimentava-se de raízes e de frutas silvestres. Começou a surgir sua fama de santidade e quando completava os 20 anos dois companheiros se juntaram a ele. Os vizinhos, em mutirão, construíram celas para eles. Aos poucos outros se juntaram e o pequeno núcleo foi crescendo. Estes jovens tiveram sua ordem reconhecida pela Santa Sé em 1474 e foram chamados mínimos, por sua humildade. Seguiam o ideal franciscano no monastério e esta auster idade atraiu adeptos. Os eremitas dedicavam-se ao apostolado entre a gente simples e explorada da região . Francisco tornava-se famoso por seus milagres e profecias. O rei Luís XI, gravemente enfermo, usou toda a sua influência,


inclusive a interferência do Papa, para que Francisco fosse à França assisti-lo. Em obediência, o santo eremita partiu, lá permanecendo o resto de sua vida. Chegou a tempo de realizar um milagre maior do que a cura do monarca: conseguiu o dispor a encarar a morte como um cristão, arrependido de seus desmandos. Após a morte do rei , permaneceu na França, tendo sido tutor do rei Carlos VIII . Estabeleceu vários conventos de sua congregação e atribui-se a ele grande ajuda no estabelecimento da paz da França com a Inglaterra e com a Espanha. Faleceu em Tours em 1507 e foi canonizado em 1519. Grande parte de seus milagres é relacionada com o mar e, por isto, em 1943 foi declarado padroeiro

dos marinheiros. Artistas famosos o celebrizaram em seus quadros, como: Murilo, Velasquez e Goya. Seu culto é particularmente popular na Itália e no México. São Francisco de Paula e os eremitas penitentes mostraram uma antítese viva ao espírito mundano, frouxo e paganizante que vinha, aos poucos, se cristalizando no movimento Renascentista. Seu exemplo de vida é hoje tão valioso quanto foi em seu tempo. Fontes: 1) O Santo do Dia, D. Servilio Conti, IMC, Vozes 2} The Oxford Dictionary of Saints - David Hugh Farmer.

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J.\'fUAUDADE·· · j J'ACCUSE! Do polêmico manifesto de Emile Zola estou plagiando somente o título - e se puder, a veemência. Fora isso, não pretendo revisitar nesta crônica o clamoroso affaire Dreyfus. O meu j'accuse é assestado contra a televisão brasileira. E o lanço como brasileiro preocupado com meu país e como bispo responsável por grande número de fiéis. Não quero de modo algum, generalizar. Estou pronto a excetuar da minha acusação o canal dedicado à educação e cultura e os programas que, nos diferentes canais, contribuem para o crescimento e a elevação cultural e humana da população. Feito isso, e tomando por testemunhas a sociedade brasileira em geral, os pais de família e os educadores em particular, os pastores de Igrejas e líderes religiosos, eu acuso a televisão brasileira pelos seus muitos delitos. Acuso-a de descumprir sistematicamente as funções em vista das quais obteve do governo uma concessão: informar, educar, cultivar, formar a consciência e divertir. Em vez disso, ávida somente de pontos no lbope e de faturamento, ela 40 - CM Abril/93

não hesita em apelar aos instintos mais baixos do homem. Seu pecado mais grave é o que concerne à educação, por ser esta a necessidade e a exigência fundamentais no nosso país. Com raras e louváveis exceções, a TV brasileira não só não educa mas, com requintes de perversidade, deseduca. Abusando dos seus recursos técnicos, de seu poder de persuasão e de penetração nos lares do país inteiro, ela destrói o que outras instâncias pedagógicas e educativas, a duras penas, procuram construir. Acuso a televisão brasileira de ministrar copiosamente à sua clientela os dois ingredientes que, por um curioso fenômeno, andam sempre juntos: a violência e a pornografia. A primeira é servida em filmes para todas as idades. A segunda impera, solta, em qualquer gênero televisivo: telenovelas, entrevistas, programas ditos humorísticos, spots publicitários e clips de propaganda. Há cerca de três anos, em artigo no JB, o editor e jornalista Sérgio Lacerda denunciava que, com sua enxurrada de pornografia, a TV brasileira está formando uma geração de voyeurs. Acuso a televisão de nosso país


de estar utilizando aparelhagens e equipamentos sofisticados com o objetivo de imbecilizar faixas inteiras da população. Uma geração de debilóides. O processo se torna consternador e inquietante quando, a pretexto de humor, um instrumento de educação, como a escola, se transforma em "escolinha", onde o mau gosto, a idiotice, o achincalhe são dados em pasto a crianças, adolescentes e jovens em formação . Em matéria de humor televisivo, aliás, poucos o analisaram tão profundamente como Moacyr Werneck de Castro, ao apontá-lo como verdadeira regressão à infância, por meio de um "repertório de boçalidades" (Humor na televisão, JB 06/07/91 ). Acuso a TV brasileira de ser demolidora dos mais autênticos e inalienáveis valores morais, sejam eles pessoais ou sociais , familiares, éticos, religiosos e espirituais. Demolidora porque não somente zomba deles, mas os dissolve na consc1encia do telespectador e propõe, em seu lugar, os piores contravalores . Neste sentido é assustadora a empresa de demolição da família e dos mais altos valores familiares amor, fidelidade , respeito mútuo renúncia, dom de si - realizada quotidianamente, sobretudo pelas telenovelas. Em lugar disso, o deboche e a dissolução, o adultério, o incesto. Acuso a TV brasileira de ser corruptora de menores, em virtude de programas da mais baixa categoria moral, pelas cenas e pelo pala-

vreado, em horários em que as crianças estão diante da caixa mágica. Acuso-a de atentar contra o que há de mais sagrado, como seja, a vida. Não há muitos dias, em programa reprisado, milhares de espectadores viram e ouviram, no diálogo entre um talkman e uma jovem de vinte anos a mais explícita apologia do aborto e o não velado incitamento à supressão de vidas humanas no seu nascedouro. Acuso-a de disseminar, em programas vários , idéias, crenças, práticas e ritos ligados a cultos os mais estranhos. Ela se torna, deste modo, veículo para a difusão de magia , inclusive magia negra, satanismo, rituais nocivos ao equilíbrio psíquico. Acuso a TV brasileira de destilar em sua programação e instilar nos telespectadores, inclusive jovens e adolescentes, uma concepção totalmente aética da vida: triunfo da esperteza, do furto, do ganho fácil, do estelionato. Neste sentido , merecem uma análise à parte as telenovelas brasileiras sob o ponto de vista psicossocial, moral, religioso. Quando foi que, pela última vez, uma novela brasileira abordou temas como os meninos da rua , os sem-teto e sem-trabalho, os marginalizados em geral? Qual foi a novela que propôs idéias nobres de serviço ao próximo e de construção de uma comunidade melhor? Em lugar disso as telenovelas oferecem à população empobrecida, como modelo e CM Abril/93 - 41


ideal, as aventuras de uma burguesia em decomposição, mas de algum modo atraente. Acuso, enfim, a televisão brasileira de instigar à violência: "A televisão brasileira terá de procurar dentro de si as causas da violência que ela desencadeou e de que foi vítima" (Editorial Estrelas cadentes, JB, 06/01/93). "Já se chamou a atenção para o fato de que o crescimento da rede monopolística de televisão coincida com o crescimento da violência no país e jamais se chegará no âmago da questão enquanto a própria televisão se recusar a assumir sua

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responsabilidade" (Editorial Limites da dor, JB, 08/01/93). Ela não pode procurar álibis quando essa violência produz frutos amargos. Quem matou, há dias, uma jovem atriz? Seria ingenuidade não indicar e não mandar ao banco dos réus uma co-autora do assassinato: a TV brasileira. A novela das 8. E - sinto ter que dizê-lo a própria novela De corpo e alma. Dom Lucas Moreira Neves Arcebispo Primaz do Brasil (publicado no Jornal do Brasil, edição de 13/1/93)


TU ÉS A MULHER DO MAGNIFICAT Este conto de Natal vem da Índia e faz parte do livro NEW EYES FOR READING (Novos olhos para a leitura) , todo ele escrito por mulheres cristãs do Terceiro Mundo. Trata-se de uma história real -como a própria vida - que se repete hoje, com poucas diferenças, em milhões de moradias pobres do mundo, onde Jesus continua nascendo . Diz assim:

Com a carga sobre a cabeça, Maria vai subindo as escadas inseguras dos andaimes, até o alto da construção. "Mais rápido!", grita o encarregado de obras. Maria é uma das muitas mulheres que trabalham na construção. Depois de descarregar, cuidadosamente, o balde de cimento, ergue-se por um instante e coloca as mãos sobre as costas doloridas, perguntando-se quando, enfim, vai acabar o trabalho, para poder descansar. Mas é bom nem parar para pensar, pois pode ser demitida. Não foi nada fácil arranjar esse emprego. É que ela já está no oitavo mês de gravidez. Se conseguiu ser contratada por mais alguns dias, foi porque garantiu que estava no sexto mês. Graças a Deus, a barriga não parece muito grande. Final do dia. Maria recebe a diária - 4 rupias e meia - e volta apressadamente para casa. Já faz algum tempo que se pergunta porque os homens que trabalham na mesma obra ganham mais do que ela. Pelo caminho,

compra arroz, cebola e outras pequenas coisas. Toma uma xícara de chá , num só gole, como um luxo não permitido. Recorda-se de todo o trabalho que a espera em casa e se pergunta quando irá terminar esse dia tão comprido. À medida que se aproxima de casa, escuta o choro das crianças e a voz irritada do marido, tentando acalmá-las. Maria ajeita-se um pouco e abre a porta do pequeno barraco. Seus três filhos brigaram por causa de uma banana que uma senhora idosa havia dado a um deles. José, o marido, cansado do duro trabalho numa carpintaria e incapaz de acabar com a confusão, tinha chamado a atenção deles e dado uma surra nos três. Enquanto a filha soluçava num cantinho, o filho mais velho encara o pai com um olhar de desafio. O mais novo chora desconsolado. Agora, todos olham para a mãe, esperando que ela ponha de novo a paz na casa. Ela dá uns trocados aos filhos, que correm para a rua. José entrega 5 rupias CM Abril/93 - 43


de seu salário a Maria, que as guarda dentro de uma caixinha, para comprar roupa para os filhos, no Natal (o marido fica com outras 5 rupias para o jogo e a aguardente). Maria começa as "tarefas": carregar água, lavar roupa, cozinhar. Sentada, com o barraco cheio de fumaça, olhos cansados, ela se pergunta que horas dará um pouco de descanso às costas doloridas. Passam os dias e o Natal se aproxima. As pequenas economias, na caixinha jamais chegarão até a loja de roupas: têm que ser usadas para o pagamento do aluguel do lote onde está construindo o barraco. É a única maneira de resistir às ameaças de despejo. Ao longe, avistam-se as casas dos ricos, alegremente enfeitadas com luzes coloridas e lindas estrelas compradas. As crianças contemplam com ansiedade os doces, brinquedos e roupas nas vitrinas das grandes lojas. José constrói uma estrela de bambu e jornais velhos e a pendura à porta do barraco .. . Ao subir novamente os degraus do andaime, as dores nas costas se tornam insuportáveis. Os gritos do encarregado fazem-na prosseguir. Porém, chega um momento em que já não aguenta mais. O mal estar é tanto, que Maria corre para casa. Consegue chegar a tempo . Ajudada por sua

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filha de dez anos, Maria dá à luz uma criança. As vizinhas dos outros barracos, ao ficarem sabendo, correm prestar ajuda. Um cachorro abandonado, percebendo o alvoroço, entra no barraco, curioso. José fica cheio de orgulho, ao ver tantos vizinhos chegapara conhecer o rem recém-nascido. Os três líderes da favela trazem presentes: um velho cobertor, um saco de palha para fazer uma cama e um copo de leite para Maria. A estrela, que José havia pendurado à porta do barraco, dá as boas-vindas a todos. É Natal! Numa favela abandonada, nascem a paz, a alegria e a esperança. Maria contempla seu filho. As crianças brincam de roda. Os olhos de Maria se enchem de lágrimas. O recém-nascido é para ela um símbolo de esperança. Lembra-se da construção onde trabalha, do salário, da caixinha sem dinheiro, do medo do despejo, do futuro incerto. O recém-nascido parece dizer-lhe: "Mulher, por que aguentas em silêncio tanta opressão? Levanta-te e luta! Tu és a mulher do Magnificat". E Maria sorri, porque hoje lhe nasceu um filho. Claúdia e Sérgio Ramos Equipe 04 Valença/RJ


TROCADILHOS DE FÉ

... Criador no Princípio, Espírito Santo, Sim de Maria, Maria se fez Mãe, Mãe se fez Ventre, Ventre se fez Luz, Luz se fez Verbo, Verbo se fez Carne, Carne se fez Filho, Filho se fez Criança, Criança se fez Homem, Homem se fez Cruz, Cruz se fez História, História fez-se Ressurreição, Ressurreição fez-se Filho, Filho fez-se Verbo, Verbo fez-se Luz, Luz fez-se Ventre, Ventre fez-se Mãe, Mãe fez-se Maria, Maria do Sim, Santo Espírito, Pai no Infinito ... Gastão Miguel EJNS Juiz de Fora/MG

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FUGINDO DA REGRA Eu e meu marido somos um tipo de equipistas que fogem à regra dos demais, porque meu marido tem quinze anos de Equipe e eu oito anos. É um caso que à primeira vista parece "sui generis", mas eu explico que não é. Quando nos casamos, ele era viúvo e já pertencia ao Movimento. Eu não tinha a mínima idéia do que era e o que pretendia o Movimento. Fui me entrosando aos poucos, simpatizando com os objetivos, abraçando os mesmos ideais; compreendendo os problemas de cada membro da Equipe, fazendo-me entender e compreender quanto aos meus problemas. E meus problemas de adaptação ao casamento eram muitos, porque meu marido tinha três filhos adolescentes que eram tristes, cheios de traumas pela morte prematura da mãe, que tinham dificuldade em aceitar que outra pessoa assumisse aquele lugar ao lado do pai. Tive que empregar muita paciência; muitas vezes acertei, mas muitas vezes errei quanto ao manejo de seus recalques e traumas. A Equipe foi meu grande esteio nesse período de adaptação; eu não sei como e se teria conseguido superar tantos problemas sem 46- CM Abril/93

a ajuda da Equipe e de nosso Conselheiro Espiritual da época. Mas não foi só com meus enteados que tive problemas; uma das esposas de minha Equipe não me aceitava de modo algum, me repudiava mesmo, pois havia sido grande amiga da falecida e não aceitava que meu marido a houvesse esquecido tão depressa. Hoje, tudo mudou, meus enteados me aceitam e respeitam, acho que até gostam um pouco de mim. Pelo menos não me hostilizam; aceitam e pedem minha opinião em algumas coisas de suas vidas. Demos-lhes um irmãozinho que hoje tem seis anos, que é muito querido pelos irmãos e tem verdadeiro fascínio por eles. A amiga da falecida, hoje é minha grande amiga, aliás, eu nunca levei muito a sério sua hostilização, porque eu sentia dentro de mim que ela era cristã, e como cristã, um dia me aceitaria como irmã, e foi o que aconteceu. Um dia ela e meus enteados chegaram à conclusão, talvez por iluminação divina, que eu não tomara o lugar de ninguém, mas sim que a fatalidade tirara alguém de seu convívio, mas que não fora eu ou por culpa minha. Eu por minha vez aprendi a amar os meus irmãos de Equipe; sempre que é possível nos encon-


tramas. No mês de Maria, todas as semanas nos reunimos para o terço e o encerramos na última semana do mês de maio, sempre em alguma capela. No mês da Bíblia também nos reunimos uma vez por semana para uma noite de oração. Na Páscoa também nos reunimos para orar e fazermos a celebração. Fazemos o Retiro anual obrigatório, sempre que possível com toda a Equipe. Além do Retiro obrigatório, ain-

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da fazemos outro juntamente com nosso Conselheiro Espiritual, que começa na sexta-feira e termina no domingo, num sítio que temos, onde os filhos e netos que quiserem podem participar das orações, das missas, dos cantos, da parte de lazer, das refeições, enfim de todas as atividades religiosas ou não programadas para tal fim de semana. Rachei e Luiz Armando Equipe 9-A São Paulo/SP

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NOVAS EQUIPES • Parelhas/RN Eq. 05 - N. S. da Conceição CE Pe. Manoel Pedro Neto CP. Nenen e Antonio NOVO SETOR • A Coordenação das ENS ~ ç_úLSf foi elevada a setor em 20.12.92. Cleonice e Nélson continuam a responder pelo Movimento naquela cidade agora na função de CRS e Pe. Gian Maria Zanzi, que permanece como CE, celebrou a missa de posse na Igreja Matriz com a

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presença de todos os Equipistas e de Rosinha e Anésio, C.R.R. VOLTA AO PAI • José Maria Montenegro (da Thais), Eq. 09 de Niterói/RJ em 22.12.92. Participante do Movimento há 11 anos, pela segunda vez atuava na equipedoSetoreeraCLdasequipes 2 e 11 de São Gonçalo. Atuante nos ECC da sua paróquia era também ministro da eucaristia e membro da equipe litúrgica. Cursilhista e cristão participante e atuante, deixou marcas indeléveis onde trabalhou. Deixa muitas saudades nos seus irmãos equipistas de Niterói.

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EU CARREGUEI DEUS Que aventura para mim! Eu carreguei Deus. Ouvi de longe: «O Senhor precisa dele». E em volta de mim,de repente, todos se agitaram. As pessoas começaram a cantar: «Hosana! Hosana!». E eu carreguei Deus. É verdade que eu tinha ouvido dizer que Deus precisa dos homens, mas será que ele realmente precisava de um burro? No entanto, eu ouvi bem : «O Senhor precisa dele» .

E toda sorte de pensamentos surgiu na minha cabeça, os mesmos pensamentos que ocorrem aos homens quando sentem sobre eles o olhar do Senhor. Eu pensava: não deve ser com igo. Há muitos burros por ai, maiores, mais fortes. Há também cavalos: seriam bem mais adequados para carregar Deus.

Eu me dizia: ele vai ficar pesado, muito pesado, este Deus, para um burrinho. Eu já tenho mais do que a minha parte de fardos cotidianos. Por que não me deixa em paz? Eu me revoltava: É verdade que estou amarrado! Mas pelo menos, fico na sombra, protegido dos golpes e das caçoadas. Eu não pedi nada. Quem é, afinal, esse Senhor, que importuna os que procuram viver escondidos? Mas eu tinha ouvido «O Senhor precisa dele» e entendi. «Preciso de você». Fazer o que? Dizer o que? Deixei que me desamarrassem , que me levassem . E ele, o Senhor dos Senhores, fez-se leve, manso, carinhoso, até que num certo momento cheguei a cre r que não era mais eu que carregava Deus mas ele que me carregava. Traduzido da revista "PRIER" por ocasião do Domingo de Ramos

48- CM Abril/93


MEDITANDO EM EQUIPE (Sugestões para abril/93) Texto de meditação (Jo 14, 1-7) Disse Jesus: <<Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente o vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também. E para onde vou, conheceis o caminho». Tomé lhe diz: «Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?» Diz-lhe Jesus: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes». Oração litúrgica O Espírito Santo vivificou e tornou vivificante a humanidade de Cristo, a quem jubilosos invocamos: R. Renovai todas as coisas e dai-nos vida nova! Cristo, salvador do mundo, rei da nova criação, fazei-nos desejar o vosso Reino, onde vos assentais à direita do Pai. R. Renovai todas as coisas e dai-nos vida nova! Senhor, sempre vivo em vossa Igreja, conduzi-a pelo Espírito Santo a toda a verdade. R. Renovai todas as coisas e dai-nos vida nova! Mostrai-vos misericordioso com os enfermos, sofredores e agonizantes, para que vossa bonadade os conforte e fortaleça. R. Renovai todas as coisas e dai-nos vida nova! Cristo, luz que não se apaga, vos oferecemos nossa dedicação e vos pedimos: iluminai com a luz da ressurreição nossos irmãos falecidos. R. Renovai todas as coisas e dai-nos vida nova! Oremos: Ó Deus que fazeis crescer a vossa Igreja dando-lhe sempre novos filhos, concede i que por toda a sua vida estes vossos servos sejam fiéis ao sacramento do batismo que receberam professando a fé. Por Cristo, Senhor nosso. Amém. (Liturgia das Horas - 2ª feira na oitava da Páscoa)


MAGNIFICAT Antífona: O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome. -A mlnh'alma engrandece o Senhor exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; - Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. - O Poderoso fez em mim maravilhas, e Santo é seu nome! - Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; - Manifesta o poder de seu braço, """'".. """""os


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