ENS - Carta Mensal 283 - Junho 1992

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RESUMO A Reunião de equipe é o centro da vida comunitária O Corpo de Cristo, banquete para os pobres . . . A Carta de Princ ípios do C.N.L. . . .. . . . . . . Reflexão sobre o casal cristão: como construimos o nosso crescimento? . . . . . . . . . . . . . . Pastoral Familiar: como enfrentar os desajustes? Na reunião , a equipe é sacramento da Igreja . . Uma prioridade: a Experiência Comunitária . . .

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-- --- - -- ---------- - - - --------- - ----- - ---- -- --- - EDITORIAL A descoberta da América- Fr.Bernard Olivier CARTA DA E.R./. Os frutos benéficos de um Projeto

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- --- -- -- -- -- ------ - -- - -- ------- - --- - - - -- -- -- ---Dois textos sobre o tempo litúrgico que vivemos . . . Os caminhos da santidade, na vida de dois santos de junho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Como abordamos o assunto da sexualidade humana? Vamos pensar no nosso Retiro? . . . . . . . . . . . Qual é a realidade que os Jovens Casais enfrentam? Resposta a um tema sobre Nova Evangelização Pequena história sobre apego e desapego Vocês ainda namoram? Vêm aí as eleições! Intercâmbio . . . . . . Notícias e Informações Última página: Os 7 dons do Esp írito Santo Meditação e oração: sugestões para o mês

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Carta Me~ sal é uma publicação mensal do Movimento das Equipe's de Nossa Senhora. Jornalista Responsável: Catherine Elisabeth Nadas (~flb 19835). Edição: Equipe de casâis da Carta Men5a[ . H · •· · ComposiCao{ Diagràmação/ Fotolitos: Cen ComposlçãàÊietiôlllcâ Newswork. Av. .· .•• Paulista, 688 ~· 112 and. s81à .1 15: Fôhe: (011) 287-9486; Impressão e acabamento: Edições Loyola; A.1822, 347; Fó~e: 914-1922 Tiragem desta Edição: 7;500 exemplares.

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ACOLHIDA

Dia 7 de junho é o domingo de Pentecostes, dia 13 é festa de Santo Antonio, dia 24 é São João Batista e, em muitos lugares, o mês inteiro é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Todos estes eventos celebrados pela Igreja encontram-se, de alguma forma, nas páginas deste número da Carta Mensal e esperamos que forneçam aos queridos casais matérias para reflexão e meditação. Vocês poderão também verificar que as atuais prioridades do Movimento estão sendo devidamente estudadas e esmiuçadas nessas páginas. Falamos , este mês, de Reunião de Equipe, de Experiência Comunitária, de Pastoral Familiar. Continuamos aguardando os testemunhos de vocês sobre o que vem sendo feito a respeito na sua equipe, no seu Setor, na sua Região!

Como grande parte dos movimentos leigos, as Equipes de Nossa Senhora pertencem e participam ativamente do Conselho Nacional de Leigos. No final do ano passado, em sua X Assembléia Ordinária, o CNL aprovou a sua Carta de Princípios . Pareceu-nos de grande importância que todos os equipistas tomassem conhecimento deste documento, que vai publicado à pg. 8.

Ao Espírito Santo, na "Última página", pedimos : "Fazeí-nos dóceis às vossas inspirações' . E ao Coração de Jesus, na Oração Litúrgica: "Revelai-nos a infinita variedade da sabedoria de Deus' . São as súplicas que, por Maria, nossa Mãe, queremos elevar este mês, junto com vocês, ao Senhor

Com nosso fraternal abraço A equipe da Carta Mensal

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PRIORIDADES

A REUNIÃO DE EQUIPE: COMUNIDADE QUE CELEBRA (I) - O Sentido de Comunidade A reunião de equipe sempre foi, é e será o momento mais importante do encontro- na perspectiva da Igreja-comunhão- daquele grupo de casais que decidiu formar uma comunidade eclesial, a exemplo dos primeiros cristãos. Analisando algumas partes do Livro dos Atos dos Apóstolos (2,4247; 4,32-35), que revelam a "praxis" dos apóstolos e dos primeiros cristãos, percebe-se claramente que a essência da vida cristã é a comunidade. Por outro lado, revela também a essência do Reino de Deus, do estar junto com Deus, face a face com ele em comunidade. E não é outro o pensamento do Pe. Caffarel quando, em julho de 1957, dirigindo-se aos casais responsáveis das ENS em São Paulo, falou da "ECCLESIA". Sua preocupação era refletir, a partir da dimensão da fé, sobre a "reunião mensal das nossas equipes" enquanto comunidades, agrupamentos, assembléia dos convocados, pequenas ecclesias. Citando a Carta aos Coríntios, destaca a preocupação do Apóstolo Paulo para com as pequenas comunidades cristãs ou assembléias cristãs que se reuniam nas casas para orar e dar testemunho da grande Igreja de Cristo. (I Cor 16,19-20) Essa parte da Igreja que se reúne nas casas é denominada pelo Pe. Caffarel de Igreja íntima, assembléia de casais, comunidade de base familiar. E destaca: a misteriosa presença do Cristo (Mt 18, 19) faz com que esta comunidade não constitua, de nenhum modo, uma reunião qualquer de pessoas. O sacerdote, ali presente, tem uma função sacramental: ele é o sinal da presença do Cristo, cabeça da Igreja. Os casais também representam o sacramento do amor de Cristo, amor do esposo pela sua esposa, a Igreja. Mas também não é uma reunião qualquer, porque esse encontro mensal tem uma significação especial: é um momento de celebração. A reunião de equipe , em função do Cristo que convoca, da dign idade dos que se reúnem, do que ela contém, das diversas partes que a estruturam, é uma verdadeira celebração litúrgica. O texto doPe. Caffarel sobre a ECCLESIA é muito precioso, porque

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mostra que a reunião de equipe sempre foi e sempre será uma prioridade do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, devendo ser continuamente aperfeiçoada, enriquecida, melhor compreendida, mais intensamente vivida, mais festivamente celebrada. Contudo, para que uma reunião de equipe mostre este sentido da comunidade eclesial que celebra, mostre esta pequena Igreja que se encontra com o Cristo, precisa satisfazer algumas condições: Primeira condicão: a fé (sem uma fé viva, feita de palavras e atos, a reunião de equipe não pode ser uma ecclesia, comunidade de oração e celebração); Segunda condicão: ruptura (a reunião de equipe é uma convocação de Deus, uma partida, uma purificação); Terceira condicão: convocacão por Cristo e em nome de Cristo (a reunião de equipe não acontece por causa das boas amizades, simpatias. O motivo da reunião é a vontade de encontrar e conhecer melhor o Cristo através do testemunho de fé vivido pelos irmãos); Quarta condicão: auxílio fraterno (se não há amor, caridade, não há assembléia/comunidade cristã . Interessa ser um só corpo e uma só alma); Quinta condicão: escutar o Cristo (a reunião de equipe é o momento privilegiado para escutar ·o Cristo presente nos casais através das orações, reflexões, troca de idéias); Sexta condicão: responder a Deus (não adianta somente escutar. O escutar bíblico não é passivo; não existe escuta sem resposta. É preciso responder a Deus por meio de uma fé viva, vibrante, atuante, coerente com a sua Palavra); Sétima condição: união com a Igreja (a reunião de equipe não reúne uma seita e também não é uma reunião qualquer. A pequena comunidade eclesial é uma resposta da alma da grande Igreja de Cristo). Voltando ao Brasil em setembro de 1972, o Pe. Caffarel apresenta às ENS em São Paulo o seu testamento espiritual, onde retoma o mesmo assunto: reunião de equipe, equipes como pequenas Igrejas. Concluindo praticamente sua reflexão, diz, olhando por todo o mundo, que a grande maioria das equipes são ecclesias, mas não são ecclesias de depois de Pentecostes, habitadas pelo Espírito Santo. E lançou este desafio: todas as equipes devem ambicionar ser equipes pós-Pentecostes, habitadas por uma dinamismo poderoso, e não equipes acomodadas , pusilânimes , tímidas , que não ousam acreditar que Deus pode fazer coisas extraordiCM Junho/92 - 3


nárias em indivíduos simples, como ocorreu com os Apóstolos.

Uma equipe de base, no Movimento das ENS , é, sem qualquer dúvida, uma comunidade eclesial. Essa comunidade nasce do querer de Deus, da convocação de Cristo, do dom de Pentecostes. A comunhão estabelecida nessa comunidade assume por modelo a comunhão do cristão com o próprio Cristo, que tem como fonte e meta a unidade de comunhão do Filho com o Pai pelo dom do Espírito Santo. As comunidades de base das ENS nascem , portanto, da abertura dos casais às graças do Espírito de Deus. Sendo assim , nascem pela ação dos membros que as querem criar, inspirados pelo Espírito de Deus . Por isto, seu projeto não é outro que o de viver o amor cristão, de ser um só coração e uma só alma, não em benefício próprio, mas do outro , sempre a caminho da santificação. (Leiam novamente At 2,42-47; 4,32-35) Se uma comunidade existe quando todos os seus membros tem tudo em comum (fé, o mesmo batismo, um mesmo Senhor), então as relações são de amor, de caridade. Cada um serve (ajuda) o outro pelo outro mesmo, na amizade de todos em tudo. Portanto, numa comunidade cristã - e as equipes de base o são celebra-se a totalidade da vida de seus membros (livres e plenos como pessoas) , que se realizam na vida em comum. Numa reunião de equipe, os casais não fazem apenas juntos as orações, mas também partem o pão material com alegria e simplicidade de coração. Contudo, até que ponto , quando e onde, é possível avançar na radicalidade do amor-de-justiça vivido pelas primeiras comunidades cristãs, onde propriedades e bens eram vendidas e tudo era dividido segundo as necessidades de cada um? Se aí estão alguns outros pontos importantes para se entender o verdadeiro sentido de uma comunidade cristã, não menos importante é reconhecer que a vida em comunidade é uma festa, é uma celebração, um louvor a Deus com alegria, com felicidade, com gozo, porque é o lugar de realização do Reino de Deus. Numa comunidade busca-se em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33) , porque o resto vem por acréscimo, como fruto natural do milagre de ser comunidade. A comunidade, assim, é o centro da vida das pessoas, é a fonte da existência superior. Não existe uma comunidade eclesial celebrativa pelo simples fato de um grupo de pessoas se encontrar cada mês. Daí advém uma pergunta: como é possível criar uma comunidade 4 - CM Junho/92


numa equipe de base que se reúne apenas uma vez por mês? (Esta foi uma pergunta, feita certa vez, que muitas preocupações e reflexões nos trouxeram. Aliás, esta constatação foi feita também por Pe. Caffarel, em seu testamento espiritual, quando dizia que muitas equipes são apenas reuniões, e não comunidades eclesiais). Uma comunidade não cultiva o ter mais, mas o ser mais. Uma comunidade de casais cultiva o ser mais casal, o ser mais família, o ser mais família vivendo comunitariamente, o ser mais sacramento de amor, de felicidade e santidade. Uma comunidade de casais escolhe, como lugar do seu agir comunitário, as casas. A própria casa, a casa do outro, a "casa" de quem não tem casa, enfim, onde estiver o casal e a família, aí deve ser o lugar onde se irá desenvolver a ação comunitária, apostólica, missionária dos casais que vivem comunitariamente. Uma comunidade é vida, é aliança. Vida que, pela ação do Espírito Santo, significa dedicação ao bem comum , significa serviço, significa extirpar todos os sinais de morte, de violência, de opressão. Aliança, que significa fidelidade ao projeto do Senhor na construção do Reino. Uma comunidade eclesial de casais, por isso mesmo, no momento atual, tem um enorme espaço para seu apostolado, no campo da família, do matrimônio, da vida. Numa comunidade não se separam experiência pessoal e comunitária; não se separam oração e ação; não se separam celebração prática da vida e prática no mundo. Sintetizando, quais são alguns sinais de vida comunitária nas Equipes de Nossa Senhora? - reunião na mesma casa; - partilha da mesma mesa; -comunhão no mesmo espírito de oração em comum ; -escuta atenta e respeitosa do Senhor nos irmãos ; -crescimento na troca de idéias ; - reconciliação experimentada em conjunto; - partilha do esforço desenvolvido para ser mais cristão; - partilha dos bens materiais para expansão da vivência comunitária (através da contribuição); - reconhecimento das necessidades da Igreja; A riqueza do tema é muito grande. Se as equipes de base do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, aspiram não simplesmente estar na Igreja, mas de fato ser Igreja, então não podem ser grupos que se bastam a si mesmos, que se reúnem para cumprir uma formalidade , para cumprir uma mera obrigação. CM Junho/92 - 5


É na reunião de equipe que se concretiza o Movimento, este instrumento do ser Igreja, onde os casais seguem livremente, por própria escolha, uma determinada pedagogia e mística, e desejam reverter tudo isto em benefício daqueles casais e famílias que não têm estes mesmos privilégios. Uma reunião de uma comunidade cristã não dura um tempo prédeterminado, não tem um tempo de duração estabelecido, não acaba depois de um certo número de horas. O tempo de encontro (na perspectiva da Igreja-comunhão) prepara o tempo de agir (na perspectiva da Igreja-missão), ou seja, a reunião de equipe é o momento privilegiado de celebração e de festa da comunidade cristã, de tudo aquilo que ela pode realizar/conquistar/transformar na prática, em ações concretas, de proveito individual e coletivo, entre um encontro e outro. Assim, a reunião de equipe nunca se esgota, nunca termina, sempre é novidade, sempre apresenta o resultado da ação do Espírito Santo no meio dos homens, tendo em vista a concretização do Reino de Deus . Mariola e Eliseu Calsing Pe. Augusto Garcia Equipe 19-A Brasília/O F

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REFLEXÃO

UM BANQUETE PARA OS POBRES Refeição, mesa, ceia são palavras que evocam dentro de nós intimidade, diálogo de coração a coração, espaço de fraternidade. Todos sabemos que o Senhor Jesus, na véspera de Sua Paixão gloriosa, reuniu os Seus em torno de uma mesa de refeição. Era a ceia do adeus, a refeição da despedida, o banquete dos últimos tempos. Aqueles que, no Seu seguimento, quisessem construir um mundo novo haveriam de se alimentar deste Banquete. Os alimentos ingeridos se dissolvem em nós e o resultado é que nossa vida se une à "passagem" do Senhor, se alimenta da vida em abundância. Como irmãos de um mesmo destino nós, cristãos, nos alimentamos da Vida. A solenidade do Corpo de Deus traz novamente à nossa mente esse mistério insondável da Eucaristia, do Sacrifício Redentor atualizado, da mesa posta para os simples, os humildes, os pobres. O Casal Cristão tem carinho especial por esta ceia dos pobres. Nenhum Casal pode ter a pretensão de ser profundamente do Senhor sem intensa vivência eucarística. Não se trata somente de ir à missa. Trata-se sim de viver a entrega do Senhor. Trata-se de entregar a vida matrimonial e familiar com o Senhor. Trata-se de alimentar o sonho de uma vida de comunhão íntima com o Senhor Até que ponto somos cristãos que colocam a Eucaristia na vida? Até que ponto sentimos fome do Pão que é Cristo? Somente os famintos degustam os sabores do Pão da Vida! Não existe Igreja sem Eucaristia. Não existe o Movimento das Equipes sem uma dedicada participação na vida eucarística. A Eucaristia bem participada é critério de maturidade cristã. Certamente os que vivem intensamente unidos ao Pão da Vida são criaturas fortes no meio dos embates em vista da fidelidade total a Seu Senhor. Que belo esse banquete servido pela bondade do Altíssimo aos pobres que somos nós! Frei Almir R. Guimarães- Ofm. Equipe 6 Petrópol is/RJ.

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CAMINHANDO COM A IGREJA CARTA DE PRINCÍPIOS Aprovada na X Assembléia Anual Ordinária do Conselho Nacional de Leigos - CNL, em 15 de novembro de 1991 A ação católica foi um espaço concreto e significativo no processo de organização dos leigos no Brasil. Sua extinção, na década de 60, criou um vazio, no mesmo momento em que o Concílio Vaticano 11 produzia importantes mudanças eclesiológicas motivando a organização dos leigos (AA 26). O reconhecimento da autonomia das realidades temporais, campo próprio da missão do leigo e da sua vocação específica no Povo de Deus, levaram à necessidade de se criar um novo espaço de articulação e expressão do laicato. Assim foi fundado o CONSELHO NACIONAL DE LEIGOS (CNL) em 1976. O caminho possível, inicialmente, foi o de articular movimentos . Em seguida, incorporaram-se as pastorais específicas. Mais adiante, já com alguma organização interna, foi o momento de se estruturarem os Conselhos Regionais e Diocesanos, abrindo-se finalmente às CEBs. A organização dos cristãos leigos tem como princípio eclesiológico ser parte integrante do Povo de Deus, numa Igreja-Participação e Comunhão, para a transformação do mundo. Sua missão tem como princípio teológico a própria missão de Jesus (Lc 4, 16-19), a partir da evangélica opção preferencial pelos pobres, na perspectiva da construção do Reino de Deus. Por isso, desde o Concílio Vaticano li o Magistério da Igreja vem incentivando a organização do laicato para que "adquira consistência institucional e representatividade reconhecida pela Igreja no Brasil. Essa legítima representatividade, longe de prejudicar a sua comunhão com os pastores, afastará dos leigos o vício da clericalização e lhes garantirá a autonomia necessária para o cumprimento de seus compromissos na ordem temporal" (CNBB- Doc. 28, n° 213). O CONSELHO NACIONAL DE LEIGOS tornou-se espaço de articulação dos cristãos leigos e organizados que assumem, como suas, as Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil. É ele organizado e composto por Conselhos Regionais (CRLs) e pelos Organismos (Movimentos, Pastorais específicas e Associações). Por sua vez, os Conselhos Regionais e Diocesanos de leigos propiciam o mesmo espaço de articulação nos seus respectivos níveis de atuação. Por isso, nós, cristãos leigos articulados no CNL, assumimos os seguintes princípios:

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1 - Empenharmos-nos para que nossa Igreja viva a Comunhão e Participação, na diversidade de Ministérios e Carismas, verdadeiro Povo de Deus, onde haja corresponsabilidade de forma orgânica e seja o sinal vivo do reino de Deus. 2 - Assumir uma ação proféticomissionária, num processo de conversão permanente da Igreja ao Evangelho "Para que o mundo creia" e ela seja o sinal instrumento de transformação da sociedade. 3- Aprofundar e difundir uma espiritualidade encarnada nas várias realidades, vivenciada na comunhão, inspirada no testemunho das bem-aventuranças, que se expressa especialmente na evangélica opção preferencial pelos pobres e oprimidos, assumida e proclamada pela Igreja da América Latina. 4- Mobilizar processos de formação do laicato e subsidiar os dos organismos filiados , desenvolvendo uma consciência crítica, para que nossa ação seja mais eficaz no mundo e coerente com o nosso Batismo. 5 - Valorizar as diferenças culturais e expressões religiosas do nosso povo , em conformidade

com os valores e exigências do reino de Deus. 6 -Incentivar o laicato a participar nas mais variadas formas associativas, tais como: partidos políticos, sindicatos, associações, movimentos sociais e populares e outras organizações que combatam a injustiça e a opressão, em favor da vida e da esperança, no compromisso da construção da sociedade justa, fraterna e solidária. 7 - Assumir uma atitude de abertura ecumênica e de diálogo interreligioso, comprometendo-nos também em programas comuns, na construção da justiça e na defesa da vida. 8 - Valorizar o potencial evangelizador dos pobres e excluídos. 9 - Incentivar o espírito comunitário, valorizando a pessoa em todas as dimensões, criando um espaço eclesial próprio para o diálogo entre os leigos, na pluralidade dos carismas e experiências. 1O- Estimular e subsidiar a nossa participação permanente nos processos de planejamento, decisão e avaliação da Ação Pastoral da Igreja no Brasil, no âmbito nacional, regional e diocesano.

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REFLEXÃO

Sétima parte das reflexões sobre o casal cristão, que a Carta Mensal vem publicando desde outubro de 1991 .

NOSSO CRESCIMENTO EXIGE TRABALHO "Olhai os lírios do campo ... Não vos preocupeis com o dia de amanhã. A cada dia basta o seu cuidado". Mt 8,34 Nesta sétima parte de nossas reflexões, nós lhes propomos examinar como vocês constroem o seu matrimônio ao longo dos dias (e talvez ao longo das "idades do amor"). Nem a "paixão" inicial (se a sofremos ... ) nem mesmo o sacramento constituem um seguro total, "contra todos os riscos ... " E os riscos existem: infidelidade, rotina, esclerose, enfado ... Fazendo nosso o conselho evangélico acima, é necessário, portanto, que construamos nosso matrimônio no tempo e o façamos progredir em todos os campos. Propomo-lhes, para tanto , os 7 Pilares da Sabedoria que são: a comunidade, a responsabilidade , a exigência recíproca, a imaginação, a abnegação, o perdão e a oração como pilar central de nossa construção. A comunidade de vida e do amor evolui como um ser vivo. Na 3ª parte destas reflexões (dezembro 91) nós nos referimos à sua criação, mas trata-se agora de alimentá-la e de mantê-la jovem. A chegada dos filhos proporciona-lhes sofrimentos e alegrias a serem partilhadas. A propósito das provações, atenção! Para que as vençamos juntos e para que elas contribuam para a união do casal , provas terríveis como a doença ou morte de um filho, exigem uma unidade pré-existente e que os cônjuges tenham já o hábito de se apoiarem mutuamente. Faltando isto- como nos mostra a experiência) uma provação divide mais do que une. A responsabilidade é uma componente do amor. Amar é assumir ... Cada um deve sentir-se responsável pelo outro, em todos os campos. A exigência é complementar à responsabilidade. Façamos nosso este pensamento: "teu amor sem exigência me diminui, tua exigência sem 1O - CM Junho/92


amor me desanima, teu amor exigente me faz crescer." Saibamos ser exigentes a dois e, por exemplo: tenhamos o firme propósito de manter todas as decisões que tomamos juntos para construir nossa comunidade. A imaginação, a fantasia, é um dos remédios contra a acomodação e a rotina, que matam o amor. Saibamos ser imaginativos. A abnegação é uma forma desconhecida e desacreditada nesta época em que se prefere dizer: "Nada tenho com isto, cada um que se vire." Sugerimos que reflitam juntos. Amar é dar preferência ao outro, é querer em primeiro lugar a felicidade do outro, é, muitas vezes, fazer concessões e algumas vezes sacrifícios (a carreira, por exemplo, deslocamentos, etc.). Não precisamos dizer que a abnegação deve ser bilateral! .. O perdão. Amar é perdoar cotidianamente sem esperar que o outro dê os primeiros passos. E até ajudar na caminhada de aproximação necessária ao perdão. E perdoar em profundidade, sem nenhum traço de rancor, de aborrecimento ou de cólera ... Amar é perdoar tudo, sendo exigente. A oração. Tudo isto é muito difícil de viver no cotidiano. Exige esforços. Nossos esforços humanos exigem, em conseqüência, que nos sustentemos com uma vida espiritual vivida a dois. A graça do sacramento do matrimônio é precisamente esta ajuda que Deus nos dá a cada dia ... Se nós o pedirmos, em nossas orações. Texto de referência:

"O fruto do amor fiel é uma comunhão dos espíritos e dos corações. O amor de Cristo na Cruz superou as divisões causadas pelo pecado e o amor dos esposos, enobrecido pelo matrimônio cristão, partilha do amor unificador do Cristo. Desta forma, a todo casal unido pelo matrimônio, a todas as famílias cristãs, são dadas as graças e a responsabilidade de se tornarem uma comunidade de pessoas. É por isto que na minha exortação apostólica sobre o papel da família cristã no mundo moderno, digo: "Sua primeira tarefa é viver com fidelidade a realidade e a comunhão num constante esforço para desenvolver uma autêntica comunidade de pessoas." Como a vida do cristão é uma conversão contínua, da mesma forma a vida conjugal exige que o casal faça esforços constantes e generosos para aprofundar sua união conjugal. Por desígnio de Deus, existe uma complementaridade natural e uma atração entre o homem e a mulher. Mas estas devem ser ainda desenvolvidas e alimentadas por uma atenção carinhosa às necessidades de cada um, contando com as graças recebidas no Sacramento. O Espírito Santo, o Espírito da verdade e do amor, é derramado sobre o casal de maneira especial pelo sacramento, e o

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ajudará no seu anseio de superar as imperfeições pessoais e o egoísmo, para atingir uma comunhão ainda maior no Cristo." João Paulo 11, discurso de Nairobi, 17/08/86 Perguntas: NB: Respondam primeiro em casal e depois escolham algumas perguntas para discutir na equipe, se acharem interessante. - Sentimo-nos responsáveis um pelo outro, em todos os campos? Espiritual, profissional, cívico, etc.? - Visamos sempre permitir ao outro não somente corrigir seus desvios mas, sobretudo , de se desabrochar, de fazer frutificar seus talentos? Atenção aos freios que colocamos pensando que é por amor. - Sabemos ser exigentes? Sabemos perdoar em profundidade e com um olhar de amor? -Como demonstramos nossa exigência e abnegação? Em quais campos? Como o outro sente isto? - Somos tão exigentes conosco mesmo como o somos com o outro? - Qual o grau de confiança que existe entre nós? - No campo espi ritual, como exercemos nossa responsabilidade com o outro? -Como evoluiu este senso de responsabilidade depois que nos amamos? - Quais esforços fazemos para lutar contra a monotonia e a esclerose? - Que lugar tem o "dever de sentar-se" nesta perspectiva? - Que ajuda pedimos à equipe? A co-participação é útil para reforçar ou ampliar nossa experiência de casal? - Qual ajuda pode o Movimento nos oferecer? O que nós pedimos a ele? - Tiramos proveito dos retiros, das reuniões, sessões, serviços e responsabilidades nas ENS e em outros serviços nossos? - Preocupamo-nos em dizer ao mundo o que representa nosso casamento, nosso desejo de ser feliz juntos , de querer o bem do outro? Demonstramos nossa responsabilidade perante o outro, nossa exigência recíproca, companheira e sustento do amor? Texto para oração "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E no entanto eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!" "Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 12 - CM Junho/92


Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa: ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática, é semelhante a um certo homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa, e ela caiu, e grande foi a sua ruína." "Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina." Ponto Concreto de Esforço para o mês:

Prever e organizar o ponto concreto de esforços: "Retiro", momento de isolamento, paz, recolhimento, em que a comunidade-casal reserva um tempo para reencontrar Deus, a fonte de seu amor. Algumas flores:

1) "Caros filhos e filhas, disso estais bem convencidos, é vivendo as graças do sacramento do matrimônio que caminhais "com um amor incansável e generoso" (Lúmen Gentium, 4i) para esta santidade a que todos somos chamados por bondade (cf. Mt 5,48; 1Ts 4,3; Ef. 1,4) e não por exigência arbitrária, mas por amor de um Pai que quer o pleno desenvolvimento e a felicidade total dos seus filhos. De mais a mais , para tanto não estais entregues a vós próprios, pois Cristo e o Espírito Santo, "estas duas mãos de Deus", segundo a expressão de Sto. lrineu, incessantemente trabalham para vós (cf. Adversus haereses, IV, 28 ,4; PG, 7,1, 200) . Não vos deixeis , portanto, desorientar pelas tentações, dificuldades , provações que surjam no caminho, sem medo de ir, quando preciso, contra a corrente do que se pensa e diz num mundo de comportamentos paganizados . S. Paulo nos previne: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito" (Rm 12.2) . Não desanimeis nunca na hora das fraquezas : o nosso Deus é um Pai cheio de ternura e de bondade, repleto de solicitude e transbordante de amor pelos seus filhos a quem afligem as penas da jornada. E a Igreja é uma mãe que procura ajudar-vos a viver em plena vida este ideal do casamento cristão de que vos recorda, com beleza, todas as exigências ." Henri Cafarrel

2) Conduz-me, doce luz, através das trevas que me cercam , conduz-me sempre mais longe! A noite é como uma tinta negra, estou longe de tua casa, conduz-me sempre mais longe! CM Junho/92 - 13


Ampara meus passos, não peço para ver desde agora aquilo que devo ver mais adiante. Basta, para mim, um único passo de cada vez. Mas nem sempre fui assim , nem sempre rezei para que me conduzisses, cada vez mais longe ... gostava de escolher, eu mesmo, o meu caminho ... Mas, agora, -conduz-me tu , sempre mais longe ... Fascinavam-me os dias de glória e, apesar do medo, o orgulho dominava minha vida. Não te lembres mais dos anos já escoados ... durante tanto tempo teu poder me abençoou ; certamente ele saberá conduzir-me ainda, cada vez mais longe ... pelo deserto, pelo pântano, sobre as rochas abruptas , pela força das torrentes, até que a noite tenha ido embora e quem venha a manhã sorridente. Que esse rosto de anjo, que amei outrora, e que perdi de vista durante muito tempo, voltem novamente a brilhar. Conduz-me, doce luz, conduz-me tu, sempre mais longe .. . Cardeal Newman 3) Perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, perdoai, para que também vosso Pai, que está nos céus , vos perdoe os vossos pecados . Me 11, 25 4) Rezei tanto pelo meu irmão inimigo que já estou começando a amá-lo. François Varillon

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PASTORAL FAMILIAR

CAUSAS DO DESAJUSTE Passada a fase de novidade, muitas vezes o casal entra em crise de relacionamento. É que a realidade do dia-a-dia do casamento não deu a eles tudo quanto a fantasia, sempre generosa, havia prometido. A convivência diária leva a um conhecimento mais profundo do outro. Aparecem os defeitos, vêm as pequenas recusas, surge o desencanto e, por fim , passam à cobrança e terminam em mútuas acusações. O último ato do drama é composto de cenas de agressão e de desrespeito. Quem acusa, quem ofende; quem alega benefícios, humilha; quem cobra favores, magoa; quem grita, agride. E qual é o remédio para o mal do desajuste? Orar, buscando forças em Deus, servir em silêncio, fazer o bem de maneira desprendida sem nada alegar, ver o que o outro faz de bom, valorizar e não cobrar o que deixa de fazer, paciência e mansidão, não falar na hora do nervosismo, amar e perseverar no amor, mesmo não sendo correspondido, tentar voltar à fase de namoro através de uma troca discreta permanente de gentileza. Nunca usar expressões como estas: "Estou cansado", "não agüento mais", "de você não espero mais nada de bom", "você não presta mesmo" . Tais expressões aprofundam os abismos da separação. Esperar sempre algo de bom da parte do outro, pois, assim, ele sentirá o desejo de corresponder e realizar exatamente aquilo que dele esperamos. Nunca dizer: "estou decepcionado", "desiludido", "desencantado", "nunca esperava isto de você", "não posso mais confiar em você", "eu desisto". Tal atitude serve tão somente para conduzir ao desânimo e ao desalento. O caminho da recuperação é este: Amar e perseverar no amor, mesmo não sendo amado. Perdoar e perseverar no perdão, mesmo que o outro não se arrependa. Ser generoso e perseverar na generosidade, apesar de sermos vítimas do egoísmo alheio. Ser manso e perseverar na mansidão, muito embora sejamos agredidos pelos outros. A humanidade e a mansidão dobram o coração. Para sobreviver e para crescer, o amor humano deve necessariamente estar unido ao amor divino, porque só Deus é fonte de amor e nos ensina a amar. O remédio para ódio é o amor; o remédio para a'agressão é a mansidão e a melhor solução para o mal é a prática desprendida do bem. O espírito de queixa envenena os outros e a si mesmo. O lamuriento cria

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uma atmosfera de mal-estar ao redor de si. A pessoa alegre e bem disposta irradia paz e harmonia, atrai e conquista, criando, ao redor de si, um ambiente de bem-estar. Há maridos e há esposas que estão sempre com a bateria saturada. Vivem soltando faíscas e as fagulhas sempre provocam incêndio. A melhor maneira de evitar tais atritos e manter a bateria sempre descarregada é conservar o coração manso e acolhedor. A falta de espiritualidade causa problemas de relacionamento entre as pessoas. Convivendo bem com Deus, terei condições de conviver melhor com meus irmãos. Deus passa por mim para chegar ao outro. Através de mim, Deus comunica aos outros paz, vida, harmonia, perdão, graça e luz. É impossível dialogar com Deus se eu não tiver diálogo com meus familiares. No outro, Cristo vem a mim e, através de mim , Ele se torna presente na família. Anselmo Fracasso

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PRIORIDADES

REUNIÃO DE EQUIPE "Os primeiros cristãos eram um só coração e uma só alma, tanto é que todos se admiravam: Vêde como eles se amam. E a admiração levava à adesãd'. (Atos 2,42-47 e 4,32-35)

Através das prioridades escolhidas para os próximos anos, "os casais das E. N. S. serão induzidos e conduzidos a serem verdadeiros discípulos de Cristo", para que possam realmente ser fermento de renovação na Igreja e no mundo, através da vivência encarnada na realidade atual, uma vivência que busca a santidade através da vida conjugal e familiar. A reunião de equipe é uma dessas prioridades. Nós a vivenciamos todos os meses, algumas vezes bem, outras nem tanto. Muitas vezes um compromisso urgente faz com que não compareçamos a este nosso encontro mensal. .. Será que conseguimos enxergar a real dimensão desse momento de vivência da equipe? Sim, porque a equipe não é a reunião, mas é o momento de, juntos, nos encontrarmos na presença de Cristo, de, juntos, procurarmos nos conhecer e nos dar a conhecer aos nossos irmãos e também de conhecer os ensinamentos de Cristo e da Igreja; de, juntos, louvarmos a Deus e agradecermo-lo por tudo o que nos dá A reunião é o momento em que a equipe funciona plenamente, realiza-se como Igreja na presença de Cristo. É o momento em que a comunidade ali reunida "vai fortalecendo sua fé, compreendendo o significado do chamado de Deus, preparando e testemunhando sua missão na família, na Igreja e no mundo". Nesse momento , a equipe é o sacramento da Igreja. E sacramento, todos nós sabemos , é um sinal da presença de Deus . Como estamos nós nos preparando para viver esse sinal? Estudamos o "tema" com antecedência, fazendo por escrito as nossas respostas? Vivenciamos os "Pontos concretos do esforço" e partilhamos com os irmãos os nossos progressos e o nosso insucesso? Vamos para a nossa reunião como quem vai a uma reunião formal , ou nos preparamos para esse encontro com os irmãos na presença de Cristo? Nós dizemos que temos Jesus entre nós na reunião. Será que realmente vemos Jesus no nosso irmão ali reunido? Muitas vezes nos falta "aquela transparência, aquele doar-se, aquela abertura para que realmente Jesus se manifeste em nosso meio". LemCM Junho/92 - 17


bremo-nos dos discípulos de EMAÚS : Jesus caminhava com eles, mas eles nem mesmo O reconheceram durante algum tempo, porque não conseguiam enxergar além das aparências ... Como estamos nós enxergando as diversas partes da reunião , com os olhos humanos ou com os olhos que sabem captar muito mais do que os nossos sentidos conseguem perceber? Todos nós estivemos estudando as Atos dos Apóstolos , comparando a Igreja atual com a Igreja de Jerusalém . Essa comparação serve também para a nossa pequena comunidade, a equipe. Que todos nós tenhamos a coragem de viver a nossa fé encarnada na realidade , a nossa vida de comunidade, como nossos irmãos, os primeiros cristãos. Maria Tereza e Odir C.R.do Setor Bauru/SP

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PRIORIDADES EXPERIÊNCIA COMUNITÁRIA Vivemos nas ENS uma verdadeira experiência de comunidade, e daí colhemos preciosos frutos. Não seriam estes os primeiros frutos a serem distribuídos? Em outras palavras, não é a própria vida de comunidade, com todas as suas riquezas e dificuldades, e que experimentamos nas ENS, o que devemos oferecer com serviço à Igreja e ao mundo? Permitir essa experiência de vida comunitária é o que propõe, especialmente, o serviço que chamamos de "Experiência Comunitária". Esse serviço, que as ENS podem prestar às famílias, é tão importante que foi escolhido como uma prioridade do movimento.

A experiência de vida comunitária, que desde os primeiros cristãos é praticada com excelentes resultados, tem respaldo na mensagem de Cristo, através dos santos Evangelhos. O próprio Cristo fez esta experiência, quando constituiu o grupo dos doze apóstolos e, posteriormente, eternizou a idéia da vida comunitária ao criar a Igreja, como o único caminho que leva os homens à salvação. A experiência da Igreja é a experiência de vida comunitária por excelência, para quem a vive com fé e entusiasmo. Importante para nós, cristãos conscientes, é sabermos que esta experiência de vida comunitária, como Igreja, está presente em nosso dia-a-dia, através de nossa vida de família, de paróquia e dos movimentos de Igreja, dos quais, privilegiadamente, somos participantes. Desta forma, longe de ser uma obrigação, a experiência de vida comunitária é, antes de mais nada, um direito que é deferido àqueles que, inteligentemente, vêem na vida algo muito mais valioso do que a mediocridade do egoísmo e do isolamento, como se fossem os ilhas perdidas no imenso oceano de nossa preciosíssima existência. Na experiência de vida em comunidade não encontramos somente as benesses da vida. Nela encontramos dificuldades, desencontros e atropelos, que, na realidade, são as cruzes de nossa caminhada. Por isso, é preciso que haja renúncia, abnegação e disponibilidade, a fim de que possamos colher os frutos, que são muitos e comuns a todas as experiências de comunidade, feitas com zelo e vontade de crescer na espiritualidade. Na realidade, estes percalços servem também para educar a nossa caridade, valorizar o nosso compromisso e enaltecer a nossa vitória final. Em outras palavras, as dificuldades da vida comunitária são a cruz de cada um. Mas o principal de tudo isso é que se formos fazer uma comparação entre

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o positivo e o negativo na vida de comunidade, veremos que o positivo é infinitamente superior ao negativo. É na vida comunitária que podemos, com mais eficiência, ressaltar os nossos laços de amizade, cristalizar o nosso solidarismo e enriquecer a nossa fraternidade, em busca de uma perfeição cristã. Por outra parte, é na experiência de vida comunitária que temos a oportunidade de conhecer melhor os nossos irmãos, compartilhando das suas alegrias e das suas tristezas e assim sedimentar melhor a nossa fé e nossa esperança. Nas ENS toda esta experiência afiara, emerge com muito mais perfeição, fazendo-nos sentir que nem tudo está perdido e ainda existe muita esperança. Os caminhos a percorrer são longos e cheios de sinuosas curvas e em cada um delas os perigos são iminentes. Todavia, a experiência de comunidade vivida nas ENS faz rapidamente crescer o nosso amor, e o aprimoramento de nossos conceitos de irmandade é muito mais frequente. Tudo isso faz com que superemos com mais facilidade os percalços da vida, que são comuns a todas as criaturas. É preciso saber que as ENS não são uma comunidade perfeita. Nelas encontramos os mesmos defeitos, as mesmas virtudes dos outros grupos de cristãos . Naturalmente, isto não é de estranhar, porque, como em qualquer comunidade, as ENS são compostas de pessoas e as pessoas, em qualquer situação, trazem consigo os estigmas de santas e pecadoras. Por isso e só por isso, as ENS trilham os caminhos do certo e do incerto, a exemplo do que acontece com nossa santa Igreja. Santa e pecadora, mas que amamos com toda a força d'alma. Com efeito , tudo isto podemos entender com a maior tranqüilidade. O que não podemos nem devemos aceitar é a passividade e o comodismo que podem produzir as reuniões. Elas são boas e necessárias e sem elas não existiam as equipes . Nelas recarregamos as nossas baterias para as lutas do cotidiano. Por isso, elas são imprescindíveis. Mas não esqueçamos : lá fora existe muita gente sequiosa do nosso cristianismo. São milhares de famílias , jovens e adultos que vivem alheios à mensagem do Evangelho e não podem mais esperar. As ENS precisam , urgentemente sair de si mesmas e partir para uma ação mais encarnada na realidade de nossa gente, que vive imersa no imediatismo e na relatividade . Por outro lado não esqueçamos: A grandeza não está no trono, mas no avental Francisca e José Borges Equipe 7 Brasília/O F Vocês conhecem as "Experiências Comunitárias"? Não poderia ser esta a ação pastoral em que vocês se encaixariam? (Segundo o Boletim das ENS de Brasília)

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EDITORIAL A DESCOBERTA DA AMÉRICA Todos falam no assunto, é difícil ignorá-lo: celebra-se, neste ano de 1992, o Vº Centenário da descoberta da América. Alguns navegadores audaciosos construem caravelas parecidas com as de Cristóvão Colombo para refazer a travessia do Atlântico. Em Porto Rico, eu vi obras imensas em construção, com vistas à celebração. A própria Exposição Universal de Sevilha se refere ao tema. Eu disse "descoberta" da América, como se diz do lado dos descobridores, que facilmente pensam que antes de sua chegada nada existia! Seria mais exato falar do desembarque de Cristóvão Colombo e do encontro de dois mundos ... De qualquer maneira, foi um acontecimento crucial que mudou a face da terra e orientou o curso da História. 1492 era uma data que nosso professor de História, no colégio, queria que guardássemos de todo jeito. Uma abundante literatura está nascendo a respeito desse acontecimento e descobrimos que ele não tem o mesmo significado para todos; que ele não pode ser celebrado de formas iguais pelos Ocidentais e pelos lndios. Os primeiros o consideram como um empreendimento glorioso e a Igreja fala com emoção do Vº Centenário da evangelização da América Latina. Para os últimos, ao contrário, é o começo de muitos males. Não vamos entrar aqui na polémica e em juizos muitas vezes apaixonados. A simples verdade objetiva dos fatos é suficiente para nos levar a refletir seriamente.

Poderia ter chamado este Editorial: A Descoberta da América ou O Outro Lado da Moeda. Pois somos levados a rever juizos simplistas e nossa visão é, frequentemente, muito unilateral. É o que acontece com todos os grandes empreendimentos históricos, como por exemplo as Cruzadas ou a colonização. É claro que existe hoje, entre nós, um espírito de denegrimenta sistemático e de culpabilização que pode falsear os dados. Mas, com os devidos descontos, resta o fato que, aos poucos, vamos descobrindo a face oculta das grandes façanhas da nossa civilização, que nem sempre são assim tão gloriosas! É que, até agora, pode se dizer que nós escrevíamos a História e, naturalmente, a partir do nosso ponto de vista. E eis que nossa História escrita começa a refletir alguns outros pontos de vista: o dos lndios da América submetidos ao jugo dos "conquistadores"; o dos Árabes às voltas com os Cruzados do Ocidente, o dos povos colonizados ... E constata-se que existem chagas históricas que, séculos depois, ainda não se cicatrizaram. Na Grécia, fiquei pasmado de ouvir referências aos "Francos", com uma CM Junho/92- 21


violência, pode-se dizer, secular. No Oriente Médio, as mães ainda assustam seus filhos com a memória de Ricardo Coração de Leão: "Fica quieto, ou o rei Ricardo vai te levar!"

Para onde leva, dirão vocês, esta reflexão um tanto amarga? Será este um assunto para um Editorial para as Equipes? É verdade. Não é o tom habitual. Mas os equipistas não são chamados a viver num outro planeta: devem participar da vida e dos acontecimentos do nosso mundo, compreender seu sentido, reagir como cristãos. E deste acontecimento em particular, parece-me que podemos tirar algumas lições. - Primeiro, que é preciso sempre procurar ver o outro lado das coisas , o verso de nossas façanhas, dar a palavra aos que nunca a tiveram ... Corremos o risco de nos fecharmos facilmente em nossa própria opinião, na auto-suficiência de nossas certezas pessoais. E o que é verdade ao nível dos acontecimentos mundiais, é também verdade ao nível da vida do casal , da família, da Igreja. - A História do mundo só será justa - se é que pode vir a ser justa - no dia em que todas as suas faces tiverem sido esclarecidas . E às vezes o tempo que passa, as mentalidades que mudam, trazem uma iluminação diferente. Alguns historiadores modernos têm um prazer malicioso em derrubar de seu pedestal as glórias reconhecidas .. . e em exaltar figuras que foram enterradas no inferno da História ou, ao menos , em seu purgatório. Afinal , só Deus pode sondar os rins e o coração. - Também a Igreja está sob aluz dos holofotes da História. Ela também não revelou ainda seu rosto verdadeiro. Durante muito tempo ela foi sendo pintada nas cores do Ocidente e da Latinidade. Durante muito tempo o direito à palavra tem sido bem mal distribuído e a massa dos cristãos levou muito tempo para chegar à idade adulta. Paciência! Só se verá o verdadeiro rosto da Igreja quando todos os povos e todas as culturas tiverem aportado a sua pedra para o edifício, quando o conjunto dos cristãos se comportar realmente como membros do corpo de Cristo, adultos e responsáveis. As Equipes de Nossa Senhora, implantadas em 48 paises e em todos os continentes, que desejam ajudar os casais cristãos a formarem uma consciência madura e a terem uma maneira de agir responsável, têm, talvez, um papel importante a desempenhar. Se elas não levarem sua pedra específica, corre-se o risco de que fique, para sempre, um enorme buraco escancarado na construção da Igreja. Fr. Bernard Olivier, op.

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CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL

Caros Amigos de perto e de longe, Como muitas no mundo, também nossa equipe escolheu, em junho 1991, lançar-se no Projeto "Evangelizar a Sexualidade". Chegados à metade do caminho, apoiados em nossa própria experiência, como também dos testemunhos recebidos, gostaríamos de partilhar com vocês algumas de nossas reflexões de hoje e de nossos questionamentos para o amanhã. Naturalmente, como membros da ERI, havíamos colaborado na preparação do Projeto durante dois anos. Sabíamos, ou melhor, suspeitávamos todo o esforço, toda a tensão, todas as exigências que o seu estudo representaria para as equipes que nele se engajassem e não deixamos de alertar nossos co-equipistas a respeito. Mas, de comum acordo, após reflexão, respondemos com um sim, um sim que manifestava: - nossa vontade de trabalhar o Projeto conscienciosamente, de levá-lo a bom termo; - nosso comprometimento, uns com os outros e com o Movimento; - e, claro, nosso entusiasmo com o Projeto, sua concepção, seu método, etc. Após alguns meses, essas mesmas motivações continuam a nos animar e vivenciamos suas benéficas conseqüências. A primeira delas, que não é a menor, é a re-descoberta do Dever de Sentar-se. Praticado com regularidade, com a ajuda de uma ou mais perguntas, permitiu que experimentássemos de novo a alegria do tempo repartido entre ouvir-se e dizer-se um ao outro. Ao permitir até mesmo novas descobertas ou a expressão de coisas insuspeitadas até então caladas, revitalizou nosso amor e deu-nos de volta o desejo daqueles momentos ou daqueles jantares de namorados ... quando se fala de si, de nós, deixando de lado, por um momento, os problemas de filhos, de trabalho, de dinheiro ... A segunda conseqüência, talvez inesperada, é o impacto do Projeto sobre nossos filhos (adolescentes e jovens). Inicialmente, eles achavam a coisa divertida, questionavam-nos, caçoavam; porém, aos poucos, foram descobrindo que a sexualidade englobava muito mais aspectos da personalidade do que eles imaginavam que a palavra contivesse. Graças aos diálogos em família, eles foram percebendo que o amor, a sexualidade, o ser-casal e o ser-família não são coisas evidentes mas um bem a ser

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construído, a.ser permanentemente aperfeiçoado. E entendem melhor, agora, que seus pais consagrem ao assunto, em equipe, um ano inteiro de reflexões ... Estamos convencidos de que, com a ajuda do Espírito Santo, esta pequena semente não deixará de dar fruto. A terceira conseqüência- quão benéfica também!- é um novo entusiasmo pela reunião de equipe. Ao longo de 20 anos passados juntos, a rotina instala-se com facilidade, o comprometimento recíproco perde forças, o auxílio mútuo espiritual, infelizmente, perde substância ... Desta vez, havíamos nos comprometido firmemente e, ao longo do mês, o Projeto torna-se para nós um auxílio, um sustento, um estímulo: cada um de nós chega com as suas reflexões escritas, vamos logo ao essencial, a reunião ganha em vitalidade e em sinceridade. Longe de serem considerações espirituo-intelectuais, nossas trocas de idéias são uma ocasião para aprofundar nosso conhecimento mútuo, para partilhar em profundidade nosso "ser-homem' , "ser-mulher', "ser-casal', e, graças a uma saber-ouvir afetuoso, para melhor nos compreender e fortalecer, assim , o nosso "ser-equipe' . Não estaríamos nós redescobrindo alguns trechos da Carta das Equipes? - "Porque conhecem a própria fraqueza ... e porque depositam uma fé indefectível no poder do auxílio mútuo fraternal, decidiram unir-se em equipe' - "Tais equipes não são abrigos para adultos bem intencionados, mas sim grupos de voluntários, generosos e ativos' - "O auxílio mútuo no plano do estudo [do tema] exige que a troca de idéias seja preparada por todos' - "Quem fizer parte [das Equipes] deve, com lealdade, fazê-lo franca mente' - "A palavra EQUIPE ... implica a idéia de um fim preciso, procurado ativamente e em comum' Talvez fosse útil , para todos nós, que atualizássemos as motivações que nos levaram a formarmos equipe no seio do Movimento. É com este fim que propomos a vocês algumas pistas para um Dever de Sentar-se ou uma reunião de balanço: -Por que estamos nas ENS? Por que permanecemos nelas? Formar equipe com outros casais continua sendo uma motivação real para nós? - Acreditamos no auxílio mútuo fraternal? Já o experimentamos? Como? - Sentimo-nos "comprometidos" em relação aos outros casais da equipe? Somos exigentes uns com os outros? Praticamos a correição fraterna?

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-Temos vontade de respeitar as "regras do jogo"? - Somos nós "ativadores" das riquezas do Movimento? em ligação com os casais das outras equipes , estejam eles próximos ou do outro lado do mundo? - Nossa equipe tem um "fim preciso"? Qual? Procuramo-lo "ativamente"? E, para não ficarmos nisso, questionemo-nos com lealdade: - Qual é o PASSO A MAIS que decidimos dar no ano que vem? Estamos convencidos de que as intuições que conduziram ao nascimento do Movimento das ENS continuam atuais : a Carta (Estatutos), que traduz no concreto tais intuições , carrega em si todos os elementos capazes de nos fazerem progredir, de nos levarem a prosseguir na caminhada, qualquer que seja o ponto a que já chegamos. Com a condição de que o queiramos, pessoalmente, em casal , em equipe .. . Com toda a nossa amizade Benolt e Marie-Odile Touzard

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TEMPO LITURG/CO O ESPÍRITO SANTO Não sei o que Maria tem. Onde ela aparece, temos uma presença clamorosa do Espírito Santo. Isso acontece desde o dia da Encarnação. Aquele dia- não sei como explicar -foi a "Pessoa" do Espírito Santo que tomou posse total do universo de Maria. Desde aquele dia, a presença de Maria desencadeia uma irradiação espetacular do Espírito Santo. Quando Isabel escutou o "Olá, bom dia!" de Maria, automaticamente "ficou cheia do Espírito Santo" (Lc 1,41) . Quando a pobre Mãe estava no templo, com o menino nos braços, esperando sua vez para o rito de apresentação, o Espírito Santo se apoderou do velho Simeão para dizer palavras proféticas e desconcertantes. Na manhã de Pentecostes, quando o Espírito Santo irrompeu violentamente, com fogo e tremor da terra, sobre o grupo dos comprometidos, não estava o grupo sendo presidido pela Mãe (Atos 1,14)? Não sei que relação existe, mas há algum misterioso e profundo parentesco entre essas duas "pessoas". Q livro dos Atos é chamado de "Evangelho do Espírito Santo", e com razão. E impressionante. Não há capftulo, neste livro, em que não se mencione o Espírito Santo, três ou quatro vezes. É o livro em que se descrevem os primeiros passos . Não é verdade que essa Igreja nascente, presidida pela presença invisível do Espírito Santo, estava presidida também pela presença silenciosa da Mãe, como vimos acima? Ora, essa presença tão explosiva do Espírito Santo na Igreja primitiva não seria, mais uma vez, efeito da presença de Maria? Se o Espírito Santo é o impulso dinâmico na vida da Igreja, e particularmente em seus primeiros passos, não foi Maria a alma geradora daquela Igreja nascente? Repito: eu não sei qual a explicação disso, mas existe uma relação misteriosa e profunda - não sei dizer se um condicionamento - entre as duas pessoas. Parece que a presença de Maria sempre coincide (gera?) com a presença do Espírito Santo. (.. .) Se os apóstolos receberam todos os dons do Espírito, naquele manhecer de Pentecostes, podemos imaginar que plenitude receberia aquela que, outrora, recebera a Presença pessoal e fecundante do Espírito Santo. A audácia e a fortaleza com que se desenvolve a Igreja em seus primeiros dias, não seria uma participação dos dons da Mãe? Mas é preciso buscar mais uma explicação, digamos assim, psicológica, para essa coragem temerária dos discípulos. Entre os bastidores estava a Mãe. Todos sabiam onde ela estava: na casa de João e aos cuidados de João. Nessa casa, João era o novo filho. Mas, nessa casa, todos se sentiam como filhos. Na verdade, o tftulo mais preciso que já se deu a Maria foi este: MÃE DA IGREJA. (Do livro O SILÊNCIO DE MARIA de Inácio Larrar'iaga)

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TEMPO LITURG/CO

DEUS É CORAÇÃO "Deus é amor' (Jo 4,8) é a grande "definição" dada pelo apóstolo João, aquele que, na ceia, reclinou sobre o peito do Senhor e que, junto à cruz, viu transpassar-lhe o coração, do qual saiu sangue e água (Jo 19,34). "Deus é amor' significa que o próprio ser divino é amor, que a maneira de Deus existir é amando, que nEle há amor. E é o amor justo, onipotente, sábio. O amor não é um atributo como os outros: luz, glória, onipotência. O amor é o ser Deus. Ele não é senão amor, e tudo o que realiza são ações concretas do amor. Toda a obra divina é obra do amor, e tudo fica subordinado ao amor vivo, atuante, infinito, divino. Jesus é o Verbo de Deus, é amor feito homem. Imagem de Deus invisível (Cal 1,15) traduz em ações, gestos, palavras, em vida o amor trinitário. Como é verdade que "quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,9), olhar Jesus, contemplá-lo, ouvi-lo, é estar em contato com o amor feito carne, feito homem. Tradução humana do amor infinito, Jesus revela aos homens as insondáveis riquezas do amor trinitário. E revela-as não só pelo que diz e ensina, mas pelo que é, pelo que faz, pela própria vida. É toda essa prodigiosa maravilha do Amor que queremos simbolizar no Coração de Cristo. O coração revela a pessoa, a sua bondade, os seus comportamentos e a sua personalidade. Assim, na nossa linguagem, afirmamos que uma pessoa "tem bom coração", é "um coração de ouro", quando desejamos exprimir a sua bondade, a sua riqueza em caridade e delicadeza, em doação e compreensão. Pelo contrário, quando queremos exprimir a maldade, a rigidez, o egoísmo, a soberba ou o comodismo de alguém, afirmamos que "tem coração de pedra", é "mau de coração". O coração simboliza toda a pessoa, simboliza o amor, a bondade. Venerar o Coração de Cristo é honrar a sua Pessoa, todo o seu amor. O Coração de Jesus é o Coração do Verbo, sacrário de todas as riquezas divinas, "Abismo de todas as virtudes", "oceano infinito de todas as graças". Ao honrar o coração de Jesus, honramos, tributamos louvor ao amor trinitário, que bate, pulsa, sente, ama, no coração do Redentor, o Deus feito Homem, filho de Deus e Filho de Maria. Meditações sobre o Coração de Cristo Dario Pedroso (Bíblia de Jerusalém) Do Boletim do Setor de Baurú/SP.

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OS CAMINHOS DA SANTIDADE

SANTO ANTONIO

* Lisboa, 1195 +Pádua, 1231 (Festa: 13 de junho) Frade e sacerdote franciscano, nasceu em Lisboa de família nobre e foi batizado com o nome de Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo. Jovem ainda ingressou na Ordem dos Cônegos Regulares e fez seus estudos teológicos e filosóficos em Coimbra, onde foi ordenado sacerdote. Impressionado com os corpos de frades franciscanos que foram trazidos a Portugal, martirizados pelos muçulmanos no Marrocos, para onde tinham sido enviados por S. Francisco, decidiu imitar seus gestos e entrou para a ordem dos franciscanos . Estes religiosos, juntamente com os dominicanos, levavam uma vida religiosa fora do tradicional: uniam à vida do claustro às exigências de um apostolado nos povoados e cidades . Eram frades itinerantes. Em total pobreza, vestidos com seu austero hábito, viajavam a pé, percorrendo as estradas do mundo, levando mensagem viva e questionadora. Antônio pediu para ser enviado ao Marrocos, mas logo que lá chegou uma grande enfermidade fez com que fosse enviado de volta. O navio em que viajava foi atingido por um mau tempo e teve de mudar de curso. Desembarcou na Sicflia. Participou do Capftulo geral em Assis {1221), prestigiou por frei Elias com S. Francisco ainda vivo. Foi enviado para um pequeno convento perto de Forli, onde seu talento excepcional para a oratória foi logo notado. Foi indicado para professor de teologia em Bolonha. Ensinou também em Toulouse e Montpellier. Sua pregação fazia sucesso cada vez mais. Sua presença carismática atraía multidões que eram grandes demais, mesmo para as grandes igrejas. Começou então a pregar em praças e mercados. A avareza e a usura eram os alvos principais de seus ataques . Sua voz levou a muitos a mensagem da conversão. Após um período como provincial da ordem, retirou-se para Pádua e dedicou-se totalmente à pregação. Morreu cedo, aos 36 anos . Suas relíquias permanecem em Pádua até hoje. Seu culto inclui grande profusão de milagres. Desde o século XVII é popularmente invocado para encontrar objetos perdidos. Sua devoção aos pobres foi a origem do Pãozinho de Santo Antônio, criação do século XIX, para matar a fome dos necessitados.

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No século XV o culto a Santo Antônio recebeu grande ímpeto com a pregação de S. Bernardino de Siena e a sua história acrescida com lendas e fantasias. Foi canonizado em 1232 e declarado doutor da Igreja em 1946. No Brasil sua festa é comemorada popularmente com a tradicionalíssima fogueira de Santo Antônio. O folclore brasileiro e italiano atribuem a ele poderes milagrosos em questão de casamento. Mais importante seria ressaltar sua caridade com os pobres e a coragem em exortar as pessoas para a conversão.

JOÃO BATISTA: PROFETA E TESTEMUNHA João Batista nasceu de Zacarias, sacerdote da classe de Abias, e de Isabel, descendente de Aarão, que viveram no tempo de Heródes, rei da Judéia. Isabel não tinha filhos, pois era estéril. Certo dia, cumprindo as suas obrigações de sacerdote, estava Zacarias no santuário do Senhor, quando lhe apareceu um anjo (Gabriel) e anunciou que Isabel lhe daria um filho, o qual deveria ser chamado João. Zacarias ficou sabendo, ainda, através do anjo, que seu filho seria grande diante do Senhor e que desde o ventre de sua mãe seria cheio do Espírito Santo. Sendo assim, João Batista recebeu o Espírito Santo e, em consequencia do batismo no seio materno, veio à luz sem a mácula do pecado original. O nascimento do Precursor foi fixado pela Igreja Latina três meses após a Anunciação e seis meses antes do Natal. A celebração da Natividade do Batista é, excetuadas as do nascimento de Jesus e de Maria, a única festa litúrgica que a Igreja dedica ao nascimento de um santo. Foi no deserto que Batista se preparou para sua missão. Seu lugar sempre foi o deserto da Judéia. Pregou e batizou nas proximidades do Mar Morto. Ele percorria toda a região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para a remissão dos pecados (Lc 3,3). Dele escreveu o evangelista Marcos: "João Batista andava vestido de pêlo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre (1 ,6)." Como todos os profetas, João Batista anunciou o Reino, mas coube só a ele anunciar a iminência do Reino. Como todos, ele foi profeta do Altíssimo (Lc 1,76), mas ele é mais que um profeta (Mt 11 ,9). Não só ele anunciou a proximidade do Reino, mas deu testemunho da luz, mostrando já presente o Cordeiro de Deus (Jo 1,36). A liturgia do Advento sintetiza tudo isso de modo maravilhoso: "foi Ele (o

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o Cristo) que os profetas predisseram , a Virgem esperou com amor de Mãe , João anunciou estar próximo e mostrou presente entre os homens. João Batista não foi apenas um profeta, um grande profeta, foi o maior profeta, pois, dele disse o próprio Cristo: "Digo-vos: entre os nascidos de mulher, não há maior que João ... . Que fostes ver? Um profeta? Sim , digo-vos: é mais que um profeta. Este é aquele que está escrito: Eis que envio o meu mensageiro ante a tua face; ele preparará o teu caminho diante de ti" (Lc 7,28 e 26) . Além de profeta e testemunha, João Batista foi também mátir. Reserva-se o nome de mártir aos que deram um tipo especial de testemunho de fé: deram a própria vida, de forma violenta. Morreram pela fé, vítimas da violência. Castigador da hipocrisia e da imoralidade, pagou com o martírio o rigor moral com que ele não só pregava, mas também vivia, sem ceder diante da ameaça da morte. Assim, João Batista foi vítima da violência de Herodes Antipas. A 29 de agosto a Igreja lembra, com uma segunda comemoração litúrgica o martírio do Batista, protótipo do monge e do missionário. Seu nascimento é festejado a 24 de junho. M. Laura e Eduardo Equipe 7 Recife/PE

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SEXUALIDADE

SEXUALIDADE HUMANA A sexualidade humana chama a atenção principalmente pelos seus efeitos nocivos. Hoje a AI OS é um problema mundial. Ninguém está livre dessa doença gravíssima. A juventude é a grande vítima, sem sombra de dúvida. Milhares de seres humanos são mortos dentro do útero materno (abortos) . Milhares de mulheres, principalmente no Brasil, morrem de complicações de abortos . Cifras fantásticas de menores abandonados chegam ao nosso conhecimento (Campanha da Fraternidade/87) . Somos surpreendidos quando nossos filhos , pequenos ou adolescentes , querem informações sobre o sexo. A~erdade é que conhecemos muito pouco sobre o assunto. O homem é um ser feito à imagem e semelhança de Deus, que se elevou acima da condição animal. Nós temos a capacidade de pensar, refletir, escolher e, principalmente, de amar. Entretanto, possuímos em comum com os outros animais os instintos ou impulsos. O papel fundamental da civilização é levar a individualidade animal à individualidade humana. Civilização quer dizer: dar conteúdo humano às funções animais. A civilização, como fez com outros instintos, levou a revelação sexual da função primitivamente animal à dignidade de um relacionamento entre mulher e homem. As relações sexuais de pessoas HUMANAS não constituem uma simples satisfação dos órgãos sexuais, mas sim um acontecimento espiritual que aproxima o homem de Deus em lugar de rebaixa-lo à simples condição animal. Quando abordamos esse assunto, não podemos cair no "moralismo do passado", quando pais e educadores queriam "controlar" o sexo através de razões sociais e religiosas, dando ênfase ao erro ou ao pecado sem maiores considerações. Hoje, felizmente, isso não é mais aceito. Sexualidade não é para ser controlada ou vigiada. Sexualidade é para ser conhecida e vivida. A educação sexual é parte integrante de um projeto geral de educação e como tal devemos estar em condições de abordar livre e conscientemente esse tema. Aí vem aquela pergunta incômoda: será que estamos preparados? Como pais e educadores, devemos passar valores , mas valores que

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possam ser vivenciados dentro da família e da sociedade . Diferentemente da maneira como fomos educados: rígida, controlada, mas que infelizmente aceitava dupla moral: uma coisa dentro de casa, outra nos motéis da vida; uma coisa para meu filho homem, outra coisa para minha filha mulher. Como recebemos uma educação sexual mais ou menos desse tipo, temos alguns tabus, complexos e inibições que precisam ser enfrentadas aqui e agora. Devemos procurar dar uma educação que facilite a formação de uma sexualidade sadia dos nossos filhos. A nossa sociedade sofre de SEXO, como se fosse uma doença e não uma coisa criada por Deus. É profundamente religioso colocar os homens em harmonia com a natureza divina. Será que nós, equipistas, estamos com vontade de enfrentar esse desafio? Maria Luísa e Rafael Equipe 03 Araraquara/SP.

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PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO

O DESAFIO DO RETIRO É muito frequente apresentarem-nos o retiro como um dever. Na realidade é uma sorte formidável, um presente maravilhoso para aqueles que tiverem a possibilidade de fazê-lo. A nosso ver, o Retiro é, sem dúvida, um tempo privilegiado para nos pormos à escuta de Cristo e do Seu Espírito, mas é, em primeiro lugar, um tempo de férias, passado na Sua companhia. E porque o Retiro é para nós esse lempo maravilhoso de férias, não o dispensamos, e achamos os meios de nos tornarmos disponíveis para podermos participar dele. Que iremos encontrar no Retiro? Em primeiro lugar, uma renovação de nossa intimidade com Cristo. Não somente com o Cristo, que nos é apresentado pelo Pregador, não somente com o Cristo Eucarístico, diante de quem iremos rezar durante o dia e, talvez, durante a noite, mas principalmente com o Cristo de nosso íntimo, aquele que nos quer falar a sós, no silêncio do recolhimento e da prece, para dizer-nos o que espera de nós. Muitas vezes, certamente, sonhamos com algumas horas de repouso e tranqüilidade a dois. Estes momentos serão desfrutados no Retiro, mas de maneira toda diferente. Neste clima especial de silêncio, será possível vermo-nos um ao outro com uma profundidade insuspeitada. E esta alegria será um renovar do nosso amor. O Retiro é para cada um de nós, e para o Casal, um olhar para trás e um olhar para frente. Para trás, para fazermos o balanço do passado. Para frente, a fim de iniciarmos uma nova jornada, agora possuídos de uma nova força, de nova alegria e de novo entusiasmo! Sônia e Luiz Antônio Equipe- 17 Petrópolis/RJ

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PASTORAL DO MATRIMÔNIO

IR AO ENCONTRO DA REALIDADE DOS JOVENS CASAIS. Nós, equipistas de Nossa Senhora somos (ou deveríamos ser), por vocação e formação, agentes privilegiados de uma PASTORAL DO MATRIMÔNIO, a nosso ver, uma atuação mais específica do que uma simples subdivisão da Pastoral da Família. Delineia-se, ai, um campo vasto para uma ação evangelizadora da qual algumas atividades concretas poderiam ser, entre outras: - Preparação remota para o matrimônio (catequese, 1ª eucaristia, "equipinhas", encontros de jovens). - Preparação próxima para o matrimônio (crisma, namoro, Equipes Jovens de Nossa senhora, "Cursos de Noivos"). - Preparação de sacerdotes e de futuros sacerdotes (seminaristas) para o melhor conhecimento do matrimônio. -Acompanhamento e assistência a recém-casados e a casais jovens. - Aconselhamento e assistência a casais em crise. - Ação pastoral junto a pessoas separadas e a casais em novas uniões não sacramentalizadas. -Casais na 3ª idade ("Nós dois agora"). -Viúvas e Viúvos. Sabemos que, em todo o Brasil, há um número expressivo de equipistas engajados em uma ou mais das atividades acima mencionadas e o envio á Carta Mensal de testemunhos, depoimentos e notícias, será sempre bem vindo e poderá ajudar e incentivar outros equipistas em seu engajamento. Gostaríamos de abordar aqui, de modo particular, a questão dos jovens casais, sejam aqueles recém-casados ou vivendo os primeiros anos de vida matrimonial. É com profunda angústia e inquietação que constatamos um número crescente de casos (inclusive dentro de nossas próprias famílias e tão próximas de nós) de casais, mesmo filhos de equipistas,

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que se separam logo nos primeiros anos de seu casamento. As conseqüências desse gesto são sempre traumáticas, mormente para os filhos pequenos, trazendo infelicidade para as famílias e desajustes para os separados que vão marcá-los pelo resto de suas vidas . Caberia a nós, equipistas, pesquisarmos com mais profundidade as causas desse triste fenômeno, sobretudo quando ocorre com os nossos próprios filhos e, sem dúvida, exercitarmos um grande auxílio mútuo entre os equipistas como um todo, procurando ajudar a evitar que outra famílias de equipistas sejam atingidas por esse mal. Dentro dessa triste realidade que nos cerca, torna-se essencial uma ação pastoral mais efetiva de preparação remota e próxima para o matrimônio e, particularmente, de acompanhamento e assistência aos jovens casais. As ENS, por sua própria mística e pedagogia, são detentoras de um poderoso instrumental para ajudar esses jovens casais e deveríamos, cada vez mais, empreender esforços para atraí-los a ingressar no Movimento. Ainda mais, hoje em dia, em que temos à disposição a rica metodologia da Experiência Comunitária, acreditamos que o recrutamento se tornou mais ágil e eficaz. São promissoras as notícias que temos de um número significativo de grupos de Experiências Comunitárias em andamento, formados por casais jovens , IT)Uitos dos quais filhos ou parentes de equipistas. Vários desses grupos, segundo sabemos , já concluíram a seqüência de reuniões da Ex. Co. e optaram por ingressar, de modo definitivo nas ENS. Vamos, pois, incentivar nossos filhos e os filhos de nossos parentes e de amigos para que façam a Ex. Co. e assim procedendo , estaremos, concretamente, prevenindo um número maior de separações entre casais jovens. Existe um outro problema que vem afligindo, de forma crescente, a vida dos jovens casais e, até, contribuindo para abalar a sua estabilidade matrimonial. Trata-se do desemprego decorrente da crise econômica sem precedentes que assola o país. É alarmante o número de caso de filhos de equipistas que estão sendo demitidos de seus postos de trabalho e não conseguem outra colocação, vendo-se muitas vezes em dificuldades para sustentar suas jovens fam ílias. Nem sempre seus próprios pais podem socorrê-los materialmente, pois são também vítimas da mesma crise (Quantos equipistas maduros ou já adentrando a 3ª idade estão também desempregados, sem falar da situação financeira difícil daqueles que já se aposentaram?). Alguém nos sugeriu, em passado recente, que a Carta Mensal publicasse uma espécie de "bolsa de empregos" para filhos de equipistas e equipistas desempregados. Achamos que a idéia em si é meritória, mas que a Carta não seria o veículo ideal para tanto. Além de ser de circulação nacional, a confecção de cada exemplar leva cerca de 2 meses para ser concluída e, assim sendo, é provável que quando uma oferta de emprego fosse CM Junho/92 - 35


anunciada a vaga já tivesse sido preenchida. Parece-nos que o contato direto entre equipes e equipistas de um mesmo setor, ou eventualmente, uma "bolsa de empregos" nos boletins dos setores, seria mais eficaz. O importante é que haja uma conscientização de todos os equipistas , particularmente daqueles que são empregadores ou se encontram em cargos de direção ou chefia, para essa outra triste realidade da qual somos chamados a "ir ao encontro". Sejamos solidários com esses nossos irmãos desempregados e procuremos , dentro de nossas possibilidades, ajudá-los a encontrar trabalho. Assim procedendo , estaremos , nesse momento também , exercendo o auxílio mútuo, um dos carismas mais marcantes das ENS e missão de todo o cristão de modo geral. C.H.O.S. (da equipe da Carta Mensal)

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REFLEXÃO

A NOVA EVANGELIZAÇÃO (Resposta a um tema de estudos)

A Nova Evangelização se faz com leigos, ou não se faz, pois estes devem compreender que são parte de uma Igreja-comunidade, de uma IgrejaPovo de Deus, cuja única missão é a de evangelizar. O leigo deve ser um evangelizador para as pessoas que estão ao seu lado , ou seja, deve exercer sua missão de batizado, em qualquer lugar que se encontra e não esperar ordens hierárquicas, porém sem romper a comunhão com a hierarquia. A proposta de NE é que deixemos o comodismo de lado, nos colocando a serviço, sem desculpas de que nunca somos solicitados, ou que não temos condições, enquanto existem pessoas mais preparadas. Temos que olhar a realidade que nos cerca, sermos mais observadores, arregaçar as mangas e trabalhar. Vemos a NE como um "novo fôlego", ou seja, evangelizar com uma nova metodologia, anunciar Jesus Cristo onde estamos. A NE está para a Igreja, assim como a "Segunda Inspiração" está para as ENS. Não precisamos esperar pela hierarquia da Igreja ou do Movimento, mas descobrir necessidades locais, levando em conta as particularidades de cada grupo, de cada equipe ou do próprio local. Íride e João Equipe 3 Araraquara/SP

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REFLEXÃO

O PRÉDIO DE MÁRMORE ROSA A Avenida Paulista estava num daqueles dias. Não se conseguia andar mais de dez metros por minuto. O taxi que levava Simão bem que tentava desviar o trânsito, mas os ônibus formavam um comboio contínuo na faixa da direita, e não havia como fugir. Simão não quis olhar para o relógio: sabia que iria desesperar-se. Em vez, recostou no fundo do banco e, os olhos semicerrados, tentou concentrar-se sobre seus planos. Tinha todos os motivos para estar contente. Acabava de receber a notícia de que as ações em que tinha investido haviam subido, mais do dobro do que tinha pago por elas três dias antes. Logo cedo, o João também tinha telefonado da fazenda, confirmando que a safra de soja era a maior de todos os tempos. E Simão sorriu, lembrando que tinha conseguido vendê-la, há meses, pelo valor alto, antes da queda geral dos preços. E os investimentos em imóveis também tinham trazido bons resultados: acabava de vender um dos prédios que possuía na região da Faria Lima e o dinheiro estava seguro naquele banco da Suíça. O que ia fazer agora? Sabia que o dinheiro parado não tinha futuro, precisava aplicá-lo em algo que, por sua vez, viesse a multiplicá-lo. Sim, mas o que? Abriu os olhos e viu que tinham avançado muito pouco. O taxi estava agora na altura do Museu de Arte. Olhando para o outro lado da avenida, Simão, de repente, sentiu seu coração disparar. Aquele prédio, lindo todo qe mármore rosa , que ele tantas vezes sonhara em comprar, tinha uma placa na frente: "Vende-se este prédio". Não acreditando na sorte, Simão fez funcionar o computador que tinha na cabeça. Sabia que o dinheiro que tinha não daria para a compra. Mas pensou: "já sei. Se eu vender a casa dos jardins, terei o suficiente. E ai , será o bastante para o resto da vida. Vou fazer aquela viagem de volta ao mundo que estou preparando há tempo e passar o resto dos meus dias na fazenda. O rendimento que vou obter deste prédio vai garantir o futuro" . O trânsito de repente melhorou. O taxi começou a andar num trecho mais livre. Simão, excitado, chamou o motorista: "Amigo, vou descer aqui! Dá uma paradinha, tá aqui o dinheiro! " Pegando o dinheiro, o motorista freiou e tentou encostar na calçada. Mas não deu tempo: Simão, exultante, já estava abrindo a porta. O motorista gritou: "Não! Ficou louco?!"

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O ônibus que vinha passando arrancou a porta do taxi e esmagou Simão, matando com ele o sonho de um prédio de mármore cor de rosa. Peter

E contou-lhes uma parábola, dizendo: "O campo de um rico teve bom rendimento; e ele pôs-se a discorrer consigo mesmo: "Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita?" Disse então: "Eis o que farei: vou demolir os meus celeiros, para construir outros maiores, e lá guardarei todo o meu trigo e os meus bens, e direi a mim mesmo: - Minha alma, tens muitos bens guardados para longos anos; descansa, come, bebe, regala-te." Deus, porém, lhe disse: "Insensato! Esta noite terás que render a tua alma; e o que preparaste, para quem será?". Assim acontece a quem entesoura para si e não é rico em relação a Deus». (Lc. 12,16-21)

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PASTORAL DO MATR/MON/0

É TEMPO DE NAMORAR Às vezes a gente chega a pensar que os mais velhos acham que namorar é prerrogativa dos jovens. Por que esta atitude? Será que o tempo faz apagar a velha chama?" Será que a inibição tolhe as atitudes carinhosas entre duas pessoas que se amam? Será que a rotina acaba com os momentos mais bonitos da vida? Será que o passar dos anos anula o amor que um dia uniu duas pessoas de uma forma tão intensa? Que pena! Pessoas assim não sabem como é gostoso a gente sentir e externar carinho para com o nosso companheiro de longos anos. Como é gostoso a gente curtir a companhia do outro, procurando imaginar o que lhe pode proporcionar mais alegria ou prazer! Acompanhá-lo nas suas caminhadas ou mesmo no seu esporte preferi: do ... ou ... necessário. Incentivá-lo e ajudá-lo a assumir atitudes positivas de vida. Orar juntos. Enfim, ... estar juntos! Ser companheiro! Se a gente puder dar este testemunho de vida, se a gente puder fazer com que todos digam: "Vede como eles se amarrl', acredito que estaremos marcando presença no tempo. Presença que é amor, fortaleza, alegria. E a responsabilidade é nossa, de casais bem casados, cristãos, equipistas, para com nossos filhos, para com a nossa sociedade, para com o mundo. É tempo de recomeçar ...

É tempo de namorar! .. !.. ! M. Lúcia (do Plínio) Equipe 2 Recife/PE

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ATUALIDADE

ELEIÇÕES/92 "Cada qual viva segundo o carisma que recebeu, colocando-o a serviço dos outros, como bons administradores da multiforme graça de Deus" (1 Pd 4,1 O) Realizam-se, em outubro próximo, as eleições às Câmaras de Vereadores e Prefeituras dos municípios brasileiros . Com o advento, um tanto recente, da liberdade de imprensa, avolumam-se as notícias sobre fraudes, escândalos, corrupção e incompetência, praticados por, praticamente, todos os níveis da administração pública do poder executivo, em todas as esferas de governo e que envolvem, também, um número significativo de membros do poder legislativo. Somam-se a isso as muitas mordomias e os vencimentos escandalosos - se comparados aos salários da grande massa trabalhadora e aos proventos dos aposentados- desses "privilegiados", configurando um quadro de flagrante injustiça social, partindo daqueles que são teoricamente, os maiores responsáveis pelo bem-comum. Não é de admirar, pois, que as pesquisas de opinião pública acusem índices altíssimos de rejeição à "classe política" e, cada vez mais, nossa população manifeste o seu desencanto com essa si-

tuação, afastando-se e perdendo o interesse pelo processo político-eleitoral. Nós, leigos cristãos, somos chamados por Deus a evangelizar a sociedade humana em que vivemos e não podemos ignorar que ela tem uma dimensão política e que "do ponto de vista ético ou dos valores, a política é o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência que ofereça condições para a realização do bemcomum. Do ponto de vista dos meios ou da organização, a política é o exercício do poder e a luta para conquistá-lo ... A política se torna, também, expressão de uma concepção do homem e de projetos globais e suscita tanto os mais nobres ideais, quanto paixões e egoísmos". (Doc. 40CNBB no 184) A Igreja, conquanto não ignore a política, não se envolve com a política partidária, não indica candidatos, nem apóia este ou aquele partido. Exorta, porém, a nós leigos, ao exercício evangélico da atividade política, seja como simples cidadãos que voCM Junho/92 - 41


tam conscientemente ou, no caso daqueles que se sentem vocacionados para tal, através da disputa por cargos eletivos, uma vez que "dentro do estado laical há lugar para várias vocações ... e que, no trilho de uma vocação laical comum, florescem vocações laicais particulares (cf. Christifideles Laici, n2 56). As ENS, enquanto movimento leigo inserido na Igreja Universal, também não se envolvem em po1ítica partidária nem apóiam partidos ou candidatos. É óbvio, porém, que, além de respeitar a "vocação política" de alguns dos seus membros, podem até incentivar esse tipo de atuação como meio de evangelização das realidades temporais e de melhoria da

nossa "classe política" como um todo. Nesse sentido, a Carta Mensal gostaria de divulgar, como um serviço aos seus leitores, os nomes dos equipistas, por todo o Brasil, que estejam se candidatando às próximas eleições. Dentro de nossa programação, esta relação será publicada na C.M. de setembro/92. Para tanto, solicitamos a todos os eqipistascandidatos que enviem a informação completa (nome, cargo a que é candidato, número, partido, cidade, estado, número e invocação da equipe a que pertence), de forma que chegue às nossas mãos impreterivelmente até 15 de julho.

"São muitas as dificuldades para se construir uma democracia alicerçada nos valores éticos e cristãos. Com verdadeira ansiedade pastoral, para que não se confunda democracia com permissividade moral, pedimos a todos que colaborem na urgente tarefa de educação ou reeducação dos comportamentos individuais, familiares e sociais, hoje tão perigosamente deteriorados entre nós. Temos firme esperança: O Cristo Ressuscitado, vencedor do pecado, da opressão, da morte, será a nossa força e a nossa vitória". (Doc. 42-CNBB- nº 119) C.H.O.S. (da equipe da Carta Mensal )

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/NTERCAMB/0

Dai-lhes vós mesmos de comer Desde o ano passado os casais da equipe 17-B se propuseram que, em cada reunião de equipe, cada casal levasse 5 quilos de mantimentos e o casal anfitrião daria aos pobres de sua comunidade, creche, asilo, ou favela e em uma outra vez ao Pe. Lídio (nosso conselheiro espiritual) para ajudar a favela perto do seminário onde ele e os seminaristas fazem um belo trabalho pastoral. Assim vamos amenizando um pouquinho o grande problema da fome. Erica e Joaquim. Equipe 17-B, N.S. de Fátima Curitiba/PR

Testemunho de Fraternidade e amor entre Equipes Encontramos a fraternidade através de um simples telefonema aos nossos irmãos Cecília e Hamilton CRS e Francinete e lris que não os conhecemos pessoalmente. Porém receberam nossa filha na rodoviária e a hospedaram pelo tempo necessário a sua adaptação em Minas Gerais. Conta-nos nossa filha que ao encontrar o casal Francinete e lris na rodoviária a emoção foi tão grande que teve vontade de chorar e rir ao mesmo tempo. Que este Espírito de união atue sempre nas Equipes. Obrigado meu Jesus. Alice e Benedicto Equipe 5- N. S. Aparecida Lins/SP

Nascimento -A grande graça Nasceu no dia 11-03-92 um lindo menino (Valdir Fernando) filho de Solange e Valdir da Equipe 01 de Pitangueiras PR. O casal já havia perdido dois filhos e se encontrava em grande tristeza. Um dia Solange e Valdir foram convidados a ingressar no Movimento das E. N. S. e aceitaram o convite. Todos os casais rezaram muito e Solange e Valdir depositaram total confiança em Maria. Hoje o casal está feliz, muito feliz mesmo e agradece a Maria por esta grande graça. Cidinha e Jair Pitangueiras/PR.

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NOTICIAS E INFORMAÇÕES - MUDANÇAS NOS QUADROS

. O casal Elza e Ari (Eq. 67) estão substituindo Maura e Sérgio na função de CR pelo Setor E. Região Rio !.!!. desde o último EACRE. • Maria Inês e Tonhô (de Garça/SP) foram empossados na função de CR na Região São Paulo/Oeste. no último EACRE, em substituição a Mariê e Mauro (de Araçatuba/SP) -NOVO BOLETIM . Lançado em Março/91 "O Pescador" - Jornal das ENS do Setor de São José do Rio Preto/SP. Conforme o editorial do seu nº 1 o titulo foi escolhido por que o peixe é o símbolo da Segunda Inspiração que nós equipistas devemos buscar. Aos "colegas" do O Pescador os parabéns e o incentivo da equipe da Carta Mensal. ·EXPANSÃO . O Setor de São José dos Campos/SP volta a contar com 15 equipes, pois a de nº 07 que havia deixado de existir, foi reconstituída por quatro casais que terminaram a segunda "Experiência Comunitária" naquela cidade e que conta com o Pe. Jonas Traversin que retorna como CEda Eq. 07. . O número de equipes do Setor de São José do Rio Preto/SP foi aumentado para 21 com a adesão ao Movimento de 27 novos casais constituindo assim as equipes 19. N.S. Mãe Rosa Mística; 20- N.S. Mãe do Rosário; 21 - N.S. Mãe das Famí-

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lias. Com o término do período de pilotagem das equipes 14,15, 16, 17 e 18, novos casais foram convocados para a missão de Casal de Ligação vindo juntar-se à Equipe do Setor. ·VOLTA AO PAI . Pe. Gleyton Miranda (CE do Setor de Americana/SPI em 18.01.92 Seu funeral foi acompanhado por cerca de 10.000 pessoas o que demonstra de forma inconteste o quanto era querido na cidade, especia lmente pelos paroquianos de São Vito onde vinha servindo há 5 anos. A imprensa local através do "O Liberal " presto UI h e tocante homenagem em suas edições de 21.01 e de 08.02 publicando nesta última o editorial "Exemplo de Vida", dedicado ao Pe. Gleyton e sua obra. . José Minassion Filho (Joe da Júlia), Eq. 02/8 de Aracatuba/SP em 18.02.92 Equipista há mais de 30 anos, engajado nas diversas pastorais, atuante também no ECC, Curso de Noivos, SOS Família, homem de fibra, exemplo de pai e de marido. Deixa grande saudade em seus irmãos equipistas, mas também um grande exemplo de cristão autêntico e a certeza que sua vida continua ao lado do Pai. . Hélio (da Rita), Eq. 07, Niterói/RJ ·CONSELHEIROS ESPIRITUAIS . Mais dois Conselheiros Espirituais passam, neste ano, a assistir equipes em São José dos Campos/SP. Na Eq. 08, Pe. Geraldo Alves da Silva. Na Eq. 09 Pe. Adernar Pereira de Souza, substituindo o querido Pe.


José Gonçalves que foi para Roma. . O quadro de Conselheiros Espirituais de Setor de São José do Rio Preto/SP que já contava com os queridos Padres Jarbas, Zezlnho, lzaías, Cesarino, Nino, foi enriquecido com o Ingresso de dois novos CE, Pe. Geomar e Pe. Torvente. -JOVENS • Informam Célia e José Carlos, responsáveis pela coordenação das "equiplnhas" de São José do Rio Preto/SP que existem hoje, naquela cidade, 8 "equipinhas" cujas idades dos componentes variam de 6 a 16 anos. Ressaltam eles que o Importante não é a quantidade e sim a qualidade dessas crianças e adolescentes. Além das reuniões mensais existem outras atividades tais como domingos recreativos, reunião de pais com missa mensal, dias de vivência com palestras etc. "Grande é a messe mas poucos são os operários para esse trabalho gratificante, onde os mais privilegiado são os casais responsáveis que crescem com a troca de experiência e a vivência desses jovens e dos seminaristas que atuam como Conselheiros Espirituais". -EVENTOS . Informam Maria Tereza e Valdison, designado Casal de Comunicação do Setor de São José dos Campos/SP que o ano equipista naquela cidade foi iniciado pela celebração de uma missa por Pe. Moacir, C. E. do Setor, que contou com a presença de um grande número de casais equipistas e seus familiares, cujo tema foi o da própria Campanha de Fraternidade - Juventude Caminho

Aberto, com participação ativa das crianças e jovens. . Os equipistas do Setor de NiterQiilY.realizaram em 11.04.92 (Sábado de Ramos) uma Tarde de Estudos em preparação ao Tempo Litúrgico da Semana Santa e, no domingo, 12.04, um Seminário sobre o novo Manual de Pilotagem. . Em 21.03.92 um Curso de Atualização para Casais Piloto foi realizado pelo Setor de São José do Rio Preto/SPcom a participação especial de Rosinha e Anésio CRR São Paulo Norte. .No início da década de 60, logo após a criação das primeiras Equipes de Nossa Senhora em Bauru/SP, um casal, então com vinte anos de vida matrimonial, passava a figurar entre os pioneiros do Movimento na cidade. Eram Lady e Luiz Salgado, que logo aprendiam a amar as ENS e delas se tornavam entusiastas em toda linha, tão entusiastas que acabaram se tornando responsáveis pelo ingresso no Movimento de inúmeros casais, ainda hoje equipistas. Com sua simpatia e a sua bondade, ambos ajudaram muito nas primeiras arrancadas expansionistas do Movimento, encaminhando casais para a formação de novas Equipes e, conseqüentemente, abrindo campo para a elevação de Bauru à categoria de Setor, no qual exerceram no passar dos anos várias funções, entre as quais a de casal-Tesoureiro. Mais tarde, quando as Equipes assumiram os cursos de preparação para o casamento, lá estavam eles também tomando funções como animador, palestrante e coordenador. Pois é! Esse casal, a quem o Movimento deve tanto, chega agora às bodas de ouro, ainda como equipista.

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Por isso, na missa do jubileu, preparada por seus familiares, a Catedral ficou lotada. Era o agradecimento de todos os equipistas ao casal que, através das ENS tanta bondade e crescimento espiritual lhes proporcionara. Parabéns, queridos. Que Deus lhes dê outro tanto de vida matrimonial! - EACRE- 92 .Região São Paulo-Oeste: "Meu filho, vá trabalhar na minha vinha" Com o espírito cheio de fé e de alegria chegamos a Araçatuba/SP para um encontro de formação e informação para casais responsáveis de equipe. Lá sentimos a força do Espírito atuando sobre todos os presentes e nos revelando através de nossos irmãos equipistas meios e caminhos para o engrandecimento. Iniciamos o sábado com Maria Regina e Carlos Eduardo, casal que liga a Região SP-Oeste à ECIR, falando sobre a sociedade e casamento, salientando o trabalho do casal na igreja, no Movimento (ENS) e no mundo. Aprendemos mais sobre a vocação das ENS através do Pe. Ângelo que de forma clara nos falou sobre a Evangelização da sexualidade e de como podemos alcançar a santidade através do Sacramento do Matrimônio tornando-nos exemplos de amor. Destaque especial foi a palestra proferida pelo Pe. Charles de Araçatuba, sobre a Pastoral Famíliar. Ele mostrou-nos a importância da atuação das equipes nas paróquias, ajudando na preservação e na promoção da santidade do matrimô-

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nio, entre muitas outras áreas de ação na Pastoral Famíliar. Neste ponto tivemos a oportunidade de sentir a necessidade de unidade e criatividade nas equipes atuando na "vinha do Senhor" através das palavras dos equipistas Rosinha e Anésio que brilhantemente nos mostraram que devemos ser agentes de transformação da cultura sobre o casamento. Já Dôra e Dorival responsáveis pelo setor de Lins nos ensinaram que a nossa reunião de equipe deve ser uma celebração para desenvolver a espiritualidade do casal e da família e que ela deve ser a seiva que alimenta a nossa amizade, levandonos a um futuro mais fraterno. Patrícia e Márcio Eq. 14 Baurú/SP .O EACRE/92 aconteceu. Aconteceu? Não é assim que pensamos todos nós equipistas, porque consideramos o "EACRE" ainda acontecendo e a acontecer no correr do ano. Para isso todos nós nos ligamos aos CREs; afastados, dissemos presentes, unimos nossas intenções espirituais de várias formas, tempos e atitudes, pedindo a Nossa Senhora para fecundar os corações daqueles que, presentes lá, absorvessem o máximo para que, nós aqui por meio deles, pudéssemos ser também saciados. Foi assim que as Equipes de Santos/SP, de forma variada dirigiramse à Nossa Senhora rogando por todos os Casais da Região São Paulo Sul I no EACRE/92. O receber e o transmitir são essenciais na vida da Igreja e todo e qualquer dos seus membros participa dessa função.


. No fim de semana de 21 e 22/03/92, realizou-se no Colégio Maria Imaculada, no Rio de Janeiro, o EACRE-92. Compareceram os CRs dos SetoresRio A, 8, C, D e Niterói. Tudo transcorreu dentro do horário e bem organizado. A liturgia muito bonita. As palestras foram muito boas e os dois Conselheiros Espirituais que lá estiveram- Frei Paulo (dominicano) e Pe. D'Eiboux Oesuíta) nos fizeram crescer com suas palestras e idéias renovadoras. Ficamos encantados ao conhecer pessoalmente o casal Beth e Rômu-

lo (ECIR) que só conheciamos através das Cartas Mensais, os quais nos brindaram com uma esclarecedora palestra, sobre a caminhada das EMS, dando-nos uma idéia clara das diversas modificações e adaptações por que passaram e dos carismas que as norteiam, para melhor se adaptarem aos apelos da sociedade e dos casais que as compõem no mundo inteiro.(... ) Lola e Careca Niterói/RJ

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ÚLTIMA PÁGINA

OS SETE DONS DO ESPÍRITO SANTO Vinde, Espírito Santo de SABEDORIA, desprendei-nos das coisas da terra e infundi-nos o amor e o gosto pelas coisas do Céu. Vinde, Espírito de ENTENDIMENTO, iluminai a nossa mente com a luz da eterna verdade e enriquecei-a de santos pensamentos. Vinde, Espírito de CONSELHO, fazei-nos dóceis às vossas inspirações e guiai-nos no Caminho da Salvação. Vinde, Espírito de FORTALEZA, dai-nos força, constância e vitória nos trabalhos contra os nossos espirituais inimigos. Vinde, Espírito da CIÊNCIA, sede o mestre de nossas almas, ajudainos a pôr em prática os vossos ensinamentos. Vinde, Espírito da PIEDADE, vinde morar em nosso coração, tornai conta e santificai todos os seus afetos. Vinde, Espírito do santo TEMOR DE DEUS, reinai em nossa vontade e fazei que estejamos sempre dispostos a tudo sofrer, antes que vos ofender. AMÉM! Vânia e Lúcio Equipe 4 Belo Horizonte/MG

48- CM Junho/92


MEDITANDO EM EQUIPE

(Sugestões para o mês de junho) Texto de medjtação:(Jo 19-31 ,35) "Os judeus rogaram a Pilatos que quebrassem as pernas dos crucificados e f ossem retirados. Assim o fizeram porque já era a tarde de sexta-feira e não queriam que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, por ser aquele sábado particularmente solene. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que com ele tinham sido crucificados. Chegando porém a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança e logo saiu sangue e água. Quem o viu deu testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Sabe que diz a verdade para que também vos creais". Oração Litúrgica: Roguemos a Jesus, reconforto de nossas almas, e lhe peçamos: R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Jesus, vosso coração foi traspassado pela lança e deixou correr sangue e água, para que a Igreja nascesse de vós; tornai-a santa e imaculada; R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Jesus, em vós habita toda a plenitude da divindade: tornai-nos participantes de vossa natureza divina; R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Jesus, em vós estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência; revelai-nos a infinita variedade da sabedoria de Deus; R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Jesus, em vós o Pai coloca todo o seu amor; ensinai-nos a ouvir fielmente a vossa palavra; R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Jesus, de vossa plenitude todos nós recebemos ; concedei-nos copiosamente a graça e a verdade do Pai; R. Rei de bondade, tende piedade de nós! Oremos: Concedei, Deus todo poderoso, que, alegrando-nos pela festa do Coração de vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém. (da Liturgia das Horas, festa do Coração de Jesus)


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