ENS - Carta Mensal 270 - Dezembro 1990

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RESUMO 1 -

Equipe hoje: Diálogo.

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A ECIR conversa com vocês: será que os nossos sacerdotes nascem de "geração espontânea"?

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Caminhando com a Igreja: segunda parte do artigo de D. Raimundo sobre os "Critérios de Eclesialidade dos Movimentos Familiares; um alerta sobre a confusão entre "seitas" e " Igrejas".

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O Papa e as E. N. S.: uma slntese dos vários discursos que, ao longo destes cinqüenta anos, os diversos pontiflces dirigiram às Equipes·

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Questões atuais: matérias sobre o aborto; sobre nulidade do matrimônio e dispensa do celibato sacerdotal ; sobre a terceira Idade; sobre concentra· ção de renda no Brasil.

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Editorial : Um divórcio de dois sacramentos?

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Carta da E. R. I . : Preservar a Vida e a Criação Segunda Inspiração.

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Vocações: Como falamos dos padres que conhecemos? Algumas reflexões de nossos sacerdotes: um poema sobre a Paz (0. Pedro Casaldaliga); uma meditação sobre a Graça (Pe. Zezinho), a presença inquietante do Menino no Natal (Pe. J. L. Cazarotto).

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Natal: duas reflexões.

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Contribuições e testemunhos de diversos equipistas sobre a vida de equipe.

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Noticias e Informações.

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última página: um brinde de O. Marcos Barbosa.

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Meditando em equipe sobre a Sagrada Familla· Na última capa, a Oração das Equipes ao Espirito Santo.

uma das vertentes da

NOTA: Com exceção do Editorial e dos artigos assinados pelos diversos res· pensáveis do Movimento, as demais matérias não refletem necessaria· mente a opinião do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.


EQUIPE HOJE

DIÁLOGO - Sabe Cristo, hoje sentamos aqui ao seu lado para refletirmos juntos sobre os últimos acontecimentos, discernir sobre o futuro, enfim, fazermos um dever de sentar. Como o Senhor vê, estamos reunidos aqui todos os equipistas do Brasil e o Senhor. Nas últimas vezes em que conversamos assim todos juntos, o Senhor nos disse: Se soubésseis o que quer dizer: quero a misericórdia e não sacrifício, jamais condenaríeis inocentes; porque o Filho do Homem é Senhor até do próprio sábado. (Mateus, 12,12), compreendemos que as regras, as leis não podem sujeitar o homem, (os discípulos comiam espigas de milho no sábado) e que era precisa que vivêssemos do espírito e não da forma. Surgiu assim a nova maneira de vivermos os pontos concretos de esforço e a partilha. Fizemos força , estamos tentando, mas sabe Senhor, era tão mais fácil quando recebíamos os temas prontos! Era tão mais fácil justificar o nosso não ao dever de sentar pela visita que chegou na última hora ou mesmo pela falta de tempo. Mas como arranjar desculpas para não buscar a sua vontade ou a nossa verdade? E, o Senhor apertou o cerco mas nos fez ver claro; nos colocou como a Ananias e Safira frente à nossa própria verdade e à verdade de nossa comunidade. Mas ao mesmo tempo, nos conclamou para a liberdade, para a criatividade, para a corresponsabilidade e nos fez acreditar com todas as forças que o casamento é lugar de felicidade, de amor e de santidade. Sentimo-nos cheios do Espírito Santo - a Segunda Inspiração - Tendo eles assim orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos, ficaram todos cheios do Espírito Santo e anunciavam com firmeza a palavra de Deus. (Atos dos Apóstolos 4,31). Lembra-se, Senhor? Foram muitas as reuniões dos casais da ECIR, Regionais , Responsáveis de Setor, Responsáveis de Equipe, Conselheiros Espirituais! Tentávamos concretizar esse sonho, essa utopia para que viesse a nós o vosso Reino. Quantas idéias , quantas tentativas e a dura realidade:

500 mil menores são prostitutas (uma entre cada 300 habitantes). Há três milhões de adolescentes grávidas e mais de um milhão de mães com menos de 19 anos! (Ministério da Ação Social - Dossiê da Folha de São Paulo). 57,4 -1 -


milhões de brasileiros jazem parte da populacão economicamente ativa; destes, a quarta parte (25,75%) ganha até um salário mínimo. (Folha- dados do IBGE- 1989). E D. Luciano Mendes de Almeida nos pergunta : Como rezar o Pai Nosso sem nos comprometermos com o pão de cada dia, que sacia a fome dos irmãos? Senhor, nossas esperanças fraquejaram. Que podemos nós contra a força da Rede Globo, do consumismo programado e organizado, contra a inflação, a recessão, o bicho-papão?

Graças te dou, ó Pai; Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos prudentes e as revelaste aos pequeninos . .. Vinde a mim todos os que estais fatigados e carregados, e eu vos aliviarei. Tornai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve. (Mateus, 11 ,25; 28 a 30). Erguemos novamente a cabeça. A Igreja através das palavras de João Paulo 11 nos deu algumas orientações concretas na Nova Evange-

Lização para a América Latina. Nova no ardor - vamos vestir a camisa (quanto se falou disto nos EACRES!), contagiar a cada um que nos rodeia com nossa fé no casamento, na força da comunidade. Até usamos um slogan dos meios de comunicação para combatermos a massificação que eles provocam: comuniquemos nosso entusiasmo pela força do corpo-a-corpo, do estar presente, ativo, consciente. Nova no método - não nos fechamos a nada, estamos deixando o mundo invadir nossa casa, nos sensibilizar, começamos a perceber os sinais dos tempos, os seus sinais, Senhor. Começamos a discernir a Sua Vontade ouvindo cada um, ouvindo todos - a Sua Palavra. Nova na expressão - como é difícil deixar de lado certos chavões que nos dão segurança e encontrar a palavra viva, capaz de penetrar os ouvidos dos homens de hoje, desesperançados, violentados, explorados. Nós temos esquecido de dizer a eles com firmeza, segurança e alegria : Só tu tens palavras de vida eterna; para quem haveremos nós de ir? (João , 6,69). · Mas por todos esses caminhos, podemos hoje lhe contar com enorme alegria: parece que finalmente compreendemos aquilo que o Senhor vem repetindo há tanto tempo: Dai vós mesmos de comer. Todos nós juntos compreendemos que a nós, nos dias de hoje, cabe "dar de comer" aos jovens, anunciando-lhes que a sexualidade é

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caminho de felicidade e santidade e que o amor que vivemos é sinal do Seu Amor. Compreendemos também que a nós cabe descobrir os meios de ajudar a curar os doentes do amor, os desquitados , divorciados , largados . .. Percebemos inclusive que temos um instrumento eficaz, tanto por seu conteúdo como por sua pedagogia - a Experiência Comunitária das Equipes de Nossa Senhora. Assim Senhor, queremos nos lançar na Sua obra oferecendo nosso conhecimento, experiência e vivência do amor conjugal. Porém, estamos conscientes que só conseguiremos ser eficazes se nos comunicarmos com o Senhor e com os irmãos, se nos formarmos no amor, na compreensão e no perdão. Isto ocorre na Reunião de Equipe. Nós a viveremos, portanto, como uma ceia onde buscamos alimentos e forças para o trabalho. Embora tudo isso nos alegre , sabemos que nos lançamos a um empreendimento desafiador: evangelizar a sexualidade, posicionarmo-nos quanto às descobertas científicas no campo da genética, solidarizarmonos com os assim chamados casos difíceis sem escondermos as verdades e exigências cristãs; revelar ao mundo deste final de século, os verdadeiros valores do casamento. Teremos força?

Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como pombas (Mateus 9- t 6). E lembrem-se: Aos homens isto é impossível mas a Deus tudo é possível (Mateus 16-26). Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe, e o que busca encontra, e a quem bate, abrir-se-á. (Mateus , 6-7). Beth e Romolo

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A EC /R CO NVERSA COM VOCÊS

NÃO NASCE DE GERAÇÃO ESPONTÂNEA Para nós que nascemos e vivemos em famílias católicas, ao menos por tradição, é fácil lembrar as freqüentes ocasiões em que tivemos ao nosso lado, ou que nos serv1mos do trabalho do Padre. Nós equipistas o temos, ao menos uma vez por mês, em nossa Reunião Mensal, bem próximo, rezando conosco, conversando, ensinando, ajudando-nos a discernir, vivedo conosco ho•·as de grande comunhão. Também temos o Padre na paróquia. Participamos lá da Celebração Eucarística. E. ele que nos possibilita receber o Cristo Eucarístico. E. ele que apresenta os ensinamentos das Escrituras. Quando há morte, casamento ou batizado na família corremos a chamar o Padre.

Nos momentos muito difíceis, aqueles em que não encontramos pessoas para nos escutar, vamos conversar com o Padre, o conselheiro, o guia, o dispensador do sacramento da Penitência. Quando a Nação vive períodos de exceção, aplaudimos padres e religiosos que levantam suas vozes, fazem denúncias, buscam a justiça, ampliando assim o espaço de nossa liberdade. Nos recantos mais humildes do mundo, onde estão os menores entre os pequeninos do Evangelho, sempre há algum padre, algum religioso, que dispõe sua vida pelos irmãos, acolhe-os e suporta-os com sua fé e, muitas vezes, também com o pão. Como dizíamos, estamos acostumados a encontrar no quotidiano, os nossos padres. E temos consciência de como foram , e como são, importantes para nós e para a nação. Mas . . . não estamos acostumados a pensar que é sempre necessário nascer e crescer novos padres. Esquecemo-nos que padres não nascem de geração espontânea. A vocação especial de Deus a certas pessoas para que sejam sacerdotes, necessita encontrar um lugar propício para desenvolver-se. Essa vocação necessita ser reforçada pelo encorajamento daqueles que têm fé, que vivem a Igreja. As pessoas que recebem essa vocação, para bem exercê-la, precisam aplicar-se em sua formação na fé, na teologia, nas ciências humanas. . . precisam formar-se como pessoas que sejam efetivos continuadores da obra e da vida de Cristo. Assim, dizíamos, para que haja padres, religiosos, religiosas, não podemos esperar pela geração espontânea e devemos ter atitudes con-

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eretas de apoio, tanto a nível de consolidar espaços de vtvencia da fé em Cristo, como também no apoio material para a formação de sacerdotes, os seminários, que em muitas cidades têm carência de recursos. Estas nossas reflexões foram motivadas pela carta que recebemos do Pe. Euclides, de Itumbiara (Goiás), responsável pelo Seminário Interdiocesano de São João Vianney. Acreditamos que cada casal equipista pode encontrar uma forma de efetivar sua ajuda aos seminários que necessitam apoio e farão isso com generosidade. Beth e Romolo

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C AMJNHANDO COM A IGREJA

CRITÉRIOS DE ECLESIALIDADE DOS MOVIMENTOS FAMILIARES Continuamos aqui a publicação da matéria de Dom Raimundo Damasceno Assis, iniciada na Carta Mensal de Novembro de 1990. d)

Necessidade de aceitar as orientações doutrinais e pastorais da Igreja, de sua hierarquia . ..

Como pode alguém pertencer a um movimento da Igreja e não aceitar as suas orientações? Como dizer que alguém participa da Igreja comunhão, é parte do povo de Deus, e não aceita o que diz o Papa, os Bispos e os sacerdotes? Por vezes são orientações difíceis de aceitar, que nem sempre se entende bem, mas que vão exigir reflexão, estudo, aprofundamento , meditação, oração, para se saber as razões. Os integrantes dos movimentos não podem ter condutas levianas , superficiais em relação às orientações pastorais e doutrinárias. Não podem ter atitudes como: aquele Papa falou, então não aceito; não gosto daquele bispo, logo não aceito suas orientações, e assim por diante . As orientações da Igreja s_ão pensadas, estudadas. Quanto trabalho e oração antes de sair uma orientação do Papa, por exemplo! e)

Necessidade de reconhecer a legitimidade e a plurabilidade dos movimentos na Igreja e a disponibilidade para a recíproca colaboração.

Isto faz parte da comunhão sólida e convicta. Todos devemos estar disponíveis para colaborar na Igreja com qualquer movimento, e reconhecer a multiplicidade dos movimentos como força da vitalidade da Igreja. Enquanto movimento conjugal e familiar, não existe apenas ENS , ou ECC, ou Encontro do Diálogo. A pluralidade dos movimentos é fundamental, precisamente para que se possa acolher esta diversidade de membros e de funções , através dos quais todos se vinculam pela graça de Deus. f)

A conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja.

Qual é a finalidade apostólica da Igreja? Igreja existe para evangelizar.

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a evangelização. A


Os movimentos da igreja devem estar em conformidade com esta finalidade e participar da missão apostólica da Igreja, visando a santificação dos homens. Evangelização e santificação dos homens: razão de ser da Igreja. Igreja é anúncio de Jesus Cristo; é fazer com que os homens vivam a vida de Jesus Cristo; é permitir a formação cristã das consciências, a fim de permear, com espírito evangélico, os vários ambientes da sociedade. Os movimentos da igreja devem estar imbuídos deste entusiasmo missionário: todos devem ser apóstolos, evangelizadores, anunciadores do Evangelho, preocupar-se para que os homens se unam a Jesus Cristo, vivam da sua vida, da sua graça e, portanto, se santifiquem e formem cristãmente suas consciências. Isto é, que suas consciências sejam guiadas pelos valores do Evangelho, e assim possam permear todas as comunidades e ambientes da sociedade. Todos nós somos chamados a ser sal, fermento e luz do mundo. Se a pessoa possui valores do Evangelho, no momento de decidir, usará destes valores para penetrar todos os ambientes com o Evangelho, com os valores cristãos . Será que o movimento das ENS está levando os casais a atuar em conformidade com a finalidade apostólica da Igreja? Será que está despertando este entusiasmo missionário nos casais, para ajudar na santificação dos homens , para ajudar na formação de suas consciências, segundo os valores do Evangelho? g)

O empenho para que haja uma presença ativa na sociedade humana.

Isto é, colocar-se a serviço da dignidade humana à luz da doutrinz social da Igreja. A missão principal do cristão é atuar no mundo. Será que as ENS estão levando os casais a atuar na sociedade? A dar uma presença efetiva na sociedade? Ou, será que o movimento das ENS está tirando os casais da sociedade? Está subtraindo os casais, as famílias do mundo, fazendo-os fugir dos compromissos profissionais , familiares, matrimoniais, e assim por diante? O movimento está levando os casais a serem presença ativa e efetiva no mundo como cristãos? Ou, está fazendo-os fugir de suas responsabilidades no mundo? t importante ser sal e luz do mundo. t importante dar sabor a este mundo por vezes tão sem sabor. Quanta gente está desiludida, desanimada, sem esperança, sem sentido para o seu viver! E o cristão, onde está? Ele é sal , fermento e luz quando leva esperança, discernimento, amor, justiça, fraternidade. Todo cristão precisa fazer a massa crescer, transformar-se. Como luz, precisa iluminar as trevas. orientar este povo que ~.:aminha.

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Como está a presença dos casais equtptstas no local de trabalho, no sindicato, no clube, na associação de moradores, no condomínio, na família, na equipe, no movimento, na Igreja? Tem momentos para tudo, e em todos os ambientes esta presença precisa ser transformadora, libertadora. Os movimentos não são um fim em si mesmos, porque precisam fundamentalmente ajudar os seus participantes a viver melhor a vida cristã, a crescer em santidade, a ser presença ativa e responsável no mundo, em função da missão da Igreja. E tudo isto à luz da doutrina da Igreja. Todos, em função de suas responsabilidades, precisam ajudar na construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna. E isto pode e deve ser feito através da palavra, da presença, das atitudes e comportamentos, dos critérios cristãos utilizados na tomada de decisões e nas orientações que são prestadas. Isto tudo é muito importante na própria família, na educação dos filhos. A presença na família é fundamental. A educação dos filhos não pode ser entregue preponderantemente à escola, à TV. Os pais, primeiros educadores dos filhos, têm este papel, esta responsabilidade. Não podem transferir para a escola, para o padre, para a TV esta presença na formação e educação dos filhos. Todos estes são critérios para distinguir até que ponto um movimento é ou não eclesial, e eles deverão nos ajudar nas reflexões que temos que fazer em termos de pastoral familiar e em termos da presença das ENS, por nosso intermédio, na Igreja e na sociedade.

NÃO CONFUNDIR SEITAS COM IGREJAS ''Nenhum Católico deveria confundir os nossos irmãos ortodoxos, anglicanos ou protestantes com os membros das Seitas ou dos Novos Movimentos Religiosos" que proliferam por aí à sombra do verdadeiro ecumenismo - previne um documento da Conferência Episcopal da Espanha. As seitas são um problema não só para nós, mas também para os nossos irmãos separados. O Documento apresenta três critérios muito simples para as identificar, em vista das atuações pastorais a ter em conta. "As características que mais nos preocupam pastoralmente nelas são: a) A falta de vontade de diálogo. ~ a primeira dificuldade que se encontra ao querer estabelecer uma relação diáfana com esses grupos. Utilizam um discurso enganador, reagem com agressividade a todos os

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valores da sociedade e das Igrejas e rejeitam qualquer compromisso de boa convivência e entendimento. b) O proselitismo, que usa sem escrupulos quaisquer métodos para conseguir novos adeptos ( ... ). Como é óbvio, a nossa preocupação não nasce da legítima e livre proposta religiosa feitas por qualquer indivíduo ou grupo, a qual respeitamos por direito à liberdade religiosa; mas nasce dos métodos utilizados por alguns grupos sectários que já foram denunciados por sociólogos criminalistas, homens de lei e até mesmo psiquiatras. Muitas destas técnicas começam por um diálogo positivo, mas gradualmente vão adquirindo um determinado tipo de controle mental, através de processos de modificação abusiva do proceder ( ... ). Por exemplo, a instrumentalização da Bíblia, interpretada segundo uma leitura fundamentalista e fragmentária, sem o seu contexto; o abuso de experiências emocionais fanatizadoras dos seus adeptos, a ponto de os levar a estado de alienação; o emprego de métodos que atentam contra a saúdt! mental e produzem distúrbios intelectuais, culpabilidades doentias de consciência, e destruição da capacidade crítica e reflexiva. c) A ambiguidade e o mistério apresentado pela maioria das Seitas e dos novos Movimentos Religiosos. ~ indiscutível o interesse de muitos destes grupos sectários em manter segredo sobre a sua verdadeira identidade. Alguns são indiscutivelmente de origem cristã, outros escudam-se num vago orientalismo e outros se apresentam como organismos de tipo cultural, benéfico e até médico. Em qualquer caso parecem inacessíveis os seus verdadeiros propósitos, os seus últimos objetivos, os seus autênticos fins". Diante desta visão panorâmica, as atuações pastorais a ter em conta são, sobretudo, melhor informação sobre estas Seitas e Movimentos suspeitos, para o que se tornam necessários ··centros de documentação e formação de responsáveis pastorais neste campo; acompanhamento de famílias afetadas pelo proselitismo destes movimentos; e sobretudo a prevenção dos fiéis contra o atrativo que os possa seduzir, oferecendolhes uma vida eclesial mais participada e responsável. (Extraído do Osservatore Romano)

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O

PAPA

E

AS

ENS

Maurizio e M. Vittoria Ravenni - Setor de Sienna Carta Mensal Italiana n.0 57 .

Particular atenção e palavras de grande relevância para todos os esposos cristãos foram dirigidas aos equipistas por vários pontífices que, no decorrer dos anos, receberam a visita de numerosos casais pertencentes às ENS. Cerca de vinte anos após o nascimento do nosso Movi-

mento e quando ele já estava estruturado, os equipistas daquela época sentiram a necessidade de efetuar uma primeira peregrinação a Roma com a finalidade de apresentar-se ao Papa e de tornar concreta e visível sua pertença ao povo de Deus. 10-


dos outros, faz um autentico apostolado, mediante o seu exemplo e o irradiar-se de sua caridade .

3-5-1959: Foi o primeiro encontro:

aconteceu na Catedral de S .. Pedro. em Roma, com o Papa João XXIII, o Papa bom. Neste encontro o Papa pronunciou um importante discurso: após haver traçado um quadro da sociedade da época, sublinhando os problemas mais graves nos quais se debatia (e ainda se debate) a família, manifestou a alegria de encontrar-se com as ENS "que procuram viver cristãmente o seu matrimônio" e após exortar à continuidade dos esforços para tender à perfeição cristã no quadro de sua vida conjugal .e familiar, afirmava que a missão dos esposos e dos pais cristãos deve ultrapassar os estreitos limites da família e florescer de uma maneira plenamente cristã, mediante a consagração aos deveres que lhes cabem na Igreja e na Sociedade. O Movimento, portanto, dizia João XXIII , deve ajudar sempre mais seus membros a descobrir e a assumir suas responsabilidades apostólicas. Uma família acolhedora, fraterna, aberta às necessidades

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4-5-1979: Foi o encontro com o Papa Paulo VI: provocou grande sensação não só entre os equipistas mas em todo o mundo cristão, por suas várias e importantes implicações teológicas. De fato, o Papa aproveitou a ocasião para tornar claro o pensamento de Deus sobre o matrimônio, dirigindo aos equipistas um discurso longo e elaborado, cujos pontos mais importantes podem ser assim sintetizados: • Deus não é inimigo do amor humano, de excelente origem, que corrompido pelo pecado é finalmente redimido, a ponto de tornar-se, pela graça, meio de santificação para os cônjuges. • Os batizados são chamados à santidade: os cônjuges cristãos, de sua maneira peculiar, através da vida de casal e por meio desta, vivem, ao mesmo tempo, sua vocação humana e cristã no matrimônio. • A dualidade dos sexos foi desejo

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de Deus: juntos, homem e mulher, são imagem de Deus e, como Ele, fonte de vida; a mesma dualidade não deve ser reduzida ao desejo físico e à atividade procriativa, mas descoberta como complementaridade dos valores do homem e da mulher. O matrimônio é caracterizado pela unidade e pela indissolubilidade .(duas pessoas livres se comprometem reciprocamente a exprimir sua vontade de pertencerse por toda a vida). O dom recíproco não implica na fusão dos cônjuges; cada uma das duas pessoas permanece distinta; dão-se, todavia, uma a outra, para , posteriormente, doarem-se juntos e responderem à grande lei do Amor, este que é alimentado e fortificado também pelo ato conjugal e pela fecundidade, que leva o casal à realização de sua plenitude. Os cônjuges cristãos, inseridos no Senhor, são alimentados pelo inexaurível amor de Deus, que eles irradiam, mediante a graça do Espírito Santo a todas as pessoas que encontram. Através do amor dos pais, o filho batizado faz a experiência do amor paterno de Deus, e, como diz o Concílio Vaticano Il, a primeira experiência de Igreja. Aos cônjuges é recomendada, vivamente, a hospitalidade, bem como várias outras atividades de serviço: a formação dos noivos, a ajuda aos jovens casais, o socorro aos casais em dificuldade, e outras. Os jovens cristãos devem caminhar com todo empenho à santi-

dade, no reconhecimento dos próprios limites e do pecado enraizado em cada um, mas com a alegria da certeza de que no matrimônio, como na união de Cristo com a Igreja, se realiza o mistério pascal da morte e da ressurreição. A família, "Pequena Igreja", se reconhecerá como uma comunidade fraca, pecadora e penitente, ao mesmo tempo perdoada e a caminho da santidade. O Papa concluiu, enfim, seu discurso, dizendo que as famílias das ENS preparam para a Igreja e para o mundo uma nova primavera , cujos primeiros frutos o faziam rejubiliar-se. Vendo os casais das ENS reunidos, o invadia uma incontida esperança. Na hora da bênção disse aos casais : " Brilhe a vossa luz aos olhos dos homens." 22-9-1976: Paulo VI recebeu as ENS, sempre em S. Pedro. Naquela ocasião sublinhou que o matrimônio, além de ser um meio de procura da felicidade própria e dos filhos , à luz da fé e contando com a graÇa de Deus, é, ao mesmo tempo, um "testemunho e uma missão". Por este motivo a instituição familiar se volta para o exterior, para os outros. Existe para o bem dos outros e deve ter um valor evangelizador e missionário, principalmente devido a um testemunho real de vida crisitã. Num mundo onde surge sempre a discussão sobre a indissolubilidade do vínculo matrimonial, os · cônjuges cristãos devem mostrar, com seu comportamento, que o matrimônio é uma comunhão fundada sobre o amor e tornada estável e definitiva por uma aliança. Um 12 -


compromisso irrevogável pela presença ativa e determinante de Cristo que - como aconteceu nas Bodas de Caná - é capaz de "transformar água em vinho". Nesta

perspectiva, os cônjuges cristãos poderão testemunhar que a graça, a fidelidade e o poder de Deus dão a força para carregar as inevitáveis cruzes da vida familiar e social.

O Papa concluiu seu discurso exortando os Conselheiros Espirituais a não hesitar em dar o melhor de suas competências, forças e zelo pastoral ao campo apostólico privilegiado das ENS, sem ceder à tentação de que este seu empenho pastoral seja limitado porque dirigido a um pequeno grupo. ··A sua ação, de fato, se multiplicará mediante a irradiação de seu apostolado por meio dos equipistas".

outros, este encontro também se realizou no Vaticano. O Papa, mais que a palavra de encorajamento para uma sempre maior contribuição das ENS no campo da espiritualidade familiar, encorajou vivamente aos equipistas a procurar sempre mais a perfeição de sua vida cristã, no e por meio do sacramento do casamento vivido dia-por-dia, na fé, segundo a imagem do dom recíproco de Cristo e da sua Igreja, no seu empenho comum a serviço da família, da comunidade eclesial e no ambiente social. ~ necessário também fazer brilhar para as novas gerações o maravilhoso plano de Deus sobre o amor conjugal, procriação e educação familiar, me-

17·9-1979: Os componentes da ERI (Equipe Responsável Internacional) e todos os responsáveis das Super Regiões são recebidos pelo novo Pontífice João Paulo 11. Como os

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diante o testemunho próprio de que estes valores vivem alimentados pela fé. Na ocasião o Papa convidou os equipistas não só a mostrar interesse e atenção ao iminente Sínodo dos Bispos sobre " Os deveres da Família Cristã", mas também a oferecer sua contribuição na sua pre· paração. Isto significava um grande reconhecimento ao trabalho realizado pelas ENS em favor das famíli as .

carística reflete-se na Aliança Conjugal. O sacramento do matrimônio realiza, de fato, uma comunhão em que a unidade do corpo leva à unidade do espírito. O matrimônio dos batizados torna-se assim símbolo real da nova e eterna Aliança. O Espírito que o Senhor envia cria um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo os amou . Como na Celebração Eucarística, mediante o ministério do sacerdote, o Espírito do Senhor faz do pão e do vinho o Corpo e o Sangue de Cristo. No sacramento do matrimônio o Espírito do Senhor pode fazer do amor conjugal o próprio amor do Senhor. Se os esposos se deixarem transformar, poderão se amar com o coração novo, prometido pela Nova Aliança. Participar da Eucaristia permite, em síntese, aceitar as várias cruzes da vida familiar e social como uma participação no sacrifício do Senhor. A Eucaristia, enfim, anuncia e prepara o retorno do Senhor e o cumprimento definitivo da Aliança. I: o alimento indispensável para percorrer o caminho do encontro definitivo com Deus. O Papa concluiu seu discurso com palavras de encorajamento e de esperança: não obstante as dificuldades que todos nós encontramos em responder adequadamente às espectativas do Pai e aos acontecimentos difíceis ou dolorosos de nossa

23-9-1982: O mesmo João Paulo 11 encontra novamente em S. Pedro numerosos casais das ENS em peregrinação a Roma. Nesta circunstância o Papa dirigiu aos equipistas uma exortação muito importante que pode ser assim sintetizada: A aliança de Deus com o povo escolhido foi expressa pelos Profetas com o símbolo do Matrimônio. O Matrimônio é símbolo da Antiga Aliança, mas a realidade efetiva do matrimônio cristão é transfigurada na Nova Aliança (Eucaristia) . A completação da Aliança Eu-

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medo deveriam encontrar abrigo em almas de boa vontade".

vida, "nunca" - disse João Paulo 11 - " a angústia ou o

De todo o exposto nos parece evidente : • Uma grande atenção dos Pontífices com as ENS, principalmente devido a seu empenho específico no campo da espiritualidade familiar, considerado pelo Magistério cada vez mais importante e fundamental para uma verdadeira evangelização do homem de hoje; • Os Pontífices, de fato , conhecem muito bem os graves problemas que afligem a família de hoje e a necessidade de intervir, procurando resolvê-los, dada a importância vital de que a família se reveste, seja para a Igreja, seja para a Sociedade; • Uma dedicação no campo da espiritualidade familiar, como o -

das ENS, se irradia e se reflete, de modo mais ou menos direto , em favor das pessoas que gravitam em torno à família (além dos cônjuges, os filhos, os pais , os parentes e várias outras pessoas que têm contato com estes , no trabalho, nos estudos, e outros) ; . • Os cônjuges cristãos, e especialmente os equipistas, devem tender à santificação mediante as graças do sacramento do Matrimônio (além dos outros sacramentos), transmitindo-as por meio do Espírito Santo, não só aos outros membros de sua família, como também a todos, mediante um concreto compromisso de apostolado pessoal ou do casal . 15


QUESTDES ATUAIS

PARADOXOS DO ABORTO A recente designação do juiz David Souter, presumivelmente contrário ao aborto, para a Suprema Corte Norte-Americana serviu de estopim para uma forte campanha pró-aborto. De fato, nas últimas semanas, diversos grupos de defesa do aborto ganharam espaço na imprensa internacional. Tanto a quantidade, quanto o enfoque da maioria das matérias publicadas são favoráveis aos partidários da tese abortista. Vozes isoladas e freqüentemente limitadas às seções de cartas dos leitores, têm manifestado posições em defesa da vida. Mas, seja pela obstinação dos defensores do aborto, seja pela passividade da chamada maioria silenciosa, o fato é que há um evidente desequilíbrio informativo ao movimento pró-aborto. Neste breve ccmentário, desejo apontar alguns paradoxos que estão presentes no debate a respeito do aborto. Há alguns meses, o Conselho da Europa - órgão legislativo que tem suas recomendações seguidas por 21 países europeus - definiu o que é um ser humano: "Desde o momento em que o espermatozóide fecunda o óvulo, aquela diminuta célula já é uma pessoa e, portanto, intocável" . -

Na mesma linha de pensamento, o conhecido geneticista francês . Jérôme Lejeune afirma categoricamente: "Aceitar o fato de que, após a fecundação, um novo indivíduo começou a existir já não é questão de gosto ou de opinião. A natureza do ser humano, desde a concepção até a velhice, não é uma hipótese metafísica, mas, sim, uma evidência experimental ". Na verdade. hoje, graças aos avanços da embriologia, não há quem discuta que o feto seja, desde o momento exato da fecundação, um ser humano. A Organização Mundial da Saúde revelou uma estimativa que situa o Brasil como recordista mundial de aborto, com mais de três milhões, anualmente, Curiosamente, essa informação não suscita nenhum movimento expressivo em favor da vida, mas, ao contrário, exaspera certos ambientes no sentido de que se descriminalize esta prática clandestina. Ao mesmo tempo em que se luta contra a mortalidade infantil, se pede a legalização do aborto. Um paradoxo, sem dúvidas. A consciência da importância da preservação do meioambiente vai crescendo, felizmente. Multiplicam-se os movimentos ecológicos e bandeiras 16-


empolgantes são agitadas: a defesa da fauna, dos rios, das matas. Save the Whales. No entanto, num autêntico samba do crioulo doido, alguns amantes da natureza defendem, qo mesmo tempo, a legalização do aborto. Outro paradoxo. Adolf Hitler, no seu livro Minha Luta, desenvolve sua visão da necessidade de aprimorar papel do a espécie humana: mais forte é dominar~ , escreveu o fundador do nazismo. " Não se deve misturar com o mais fraco, sacrificando assim a própria grandeza. Somente um débil de nascença poderá ver nisso uma crueldade, o que se explica pela sua compleição fraca e limitada~ . Em abril do ano passado, foi evocado o centenário de nascimento de Hitler, o monstro res-

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ponsável pela eliminação de aproximadamente seis milhões de judeus. Pois bem, a se acreditar nas estatísticas da Organização Mundial de Saúde, a cada dois anos e apenas no Brasil, ocorre um novo holocausto. E. paradoxalmente, parece que nada acontece. De fato, os paradoxos são eloqüentes e refletem o brutal equívoco de uma cultura que não aceita a sacralidade da vida humana. O caso do aborto é, hoje em dia, um paradígma do desrespeito ao primeiro direito humano fundamental: o direito à vida. Impõe-se uma nova bandeira: Save the men. Carlos Alberto Di Franco (Extraído do jornal UO Estado de São Paulo ", de 21/09/90)

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QUESTOES ATUAIS

O ARAUTO DO ABORTO Sob este titulo, a revista Veja de 26/09/ 90, reproduz uma entrevista com o médico francês Etlenne Baulleu, Inventor da pilula que "Interrompe a gravidez" . Destacamos aqui duas perguntas e suas respectivas respostas.

VEJA: - Não continua sendo me lhor prevenir, com o planejamento familiar, do que remediar com sua pílula? BAULIEN:- ~evidente que sim, mas precisamos ser realistas . Hoje, e infelizmente ainda por muitos anos , os abortos continuarão ocorrendo, já que os métodos contraceptivos não são 100% seguros e muitas mulheres não conseguem se adaptar a esta prática preventiva. Nos países em via de desenvolvimento, como o Brasil, a interrupção da gravidez continuará sendo o principal meio de controle da natalidade. Assim , a pílula RU-486 traz benefícios na medida que impede as intervenções instrumentais de natureza cirúrgica praticadas em situações que lançam as mulheres no perigo das infecções fatais. Espero, sinceramente, que no século XXI a RU-486 se torne uma inutilidade, substituída pela prevenção. Atualmente ela é um mal menor, entre o ideal do planejamento familiar e a violência do aborto mecânico. VEJA: - Mas enquanto o século XXI não chega , há o risco de a pílula abortiva se popularizar como· método anticoncepcional. Isso não é trágico num país como o Brasil, onde a pobreza Incentiva os abortos e o atendimento médico-hospitalar é precário? BAULIEU : - ~ perigoso, mas se levarmos em consideração que no Brasil se praticam de 4 a 5 milhões de abortos por ano, a introdução da RU-486 será sempre menos agressiva à saúde das mulheres. O raciocínio é simples: a pílula chamada abortiva deve ser ingerida no máximo até a quinta semana de gravidez, e essa precocidade evita os riscos do aborto tardio. Na Inglaterra, por exemplo, a legislação permite que as mulheres abortem até a 24.a semana. No caso do Brasil, a poss ível introdução da RU-486 pressupõe, necessariamente, acompanhamento médico rigoroso. Apesar da pílula, as tragédias , as mortes pós aborto prosseguirão - e por isso mesmo sua distribuição no Brasil não pode ser considerada perigosa. Volto a insistir: ela não é a solução definitiva. t: apenas um freio à avalanche de cirurgias criminosas .

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QUESTOES ATUAIS

ANULAÇÃO OU NULIDADE DO MATRIMôNIO? REDUÇÃO AO ESTADO LEIGO OU DISPENSA DO CELIBATO? Através deste artigo, publicado na revista Alliance, Jacques Vernay, especialista em direito canônico e membro do tribunal eclesiástico de Lyon, na França, procura dar alguns esclarecimentos a respeito de questões bastante controvertidas em nossos dias.

"Você sabia que o Padre Fulano, que apesar de tudo a gente apreciava muito, conseguiu a sua redução ao estado leigo e casou-se na igreja, enquanto nossa filha divorciada teve que contentar-se com um casamento civil? Um escândalo, você não acha? ~ claro que nossa filha poderia ter pedido a anulação de seu casamento em Roma, mas é tão complicado e custa tão caro! ... " Reflexões deste tipo são bastante freqüentes e é preciso trazer um pouco de luz para as meias-verdades e as contra-verdades que elas veiculam, por vezes em toda boa fé. 1. Causas Matrimoniais.

O matrimônio sacramental e consumado é radicamente indissolúvel. Não pode ser dis·solvido .por nenhum poder humano, nem por qualquer motivo, a não ser a morte. Acontece, todavia, que um casamento "feito na Igreja" e consumado através da união física seja, na realidade, apenas uma aparência de matrimônio. Nestes casos, será declarado nulo, reconhecido como não tendo existido do ponto de vista jurídico (pois o que foi conjugalmente vivido não poderá ser negado nem renegado). Quais são estes casos? Agrupam-se em três grandes categorias: defeito de forma, existência de impedimento, falta de consentimento. Digamos uma palavra a respeito de cada uma. a. O defeito de forma.

Desde o Concílio de Trento - que desejou lutar contra as umoes clandestinas - para que um casamento seja válido, deve ser contraído na presença de um sacerdote (ou, hoje, um diájcono) habilitado (seja por sua função, seja por delegação), e duas testemunhas. As nulidades de matrimônio por vício de forma são raríssimas. b. A existência de um impedimento.

Um impedimento é um obstáculo ao matrimônio. · Nasce de um fato, como por exemplo a consangüinidade em determinados graus, ou de um

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. defeito, como por exemplo a impotência, que, ocorrendo com um dos candidatos ao casamento o torna juridicamente incapaz de se casar validamente. Os impedimentos não são criações arbitrárias da autoridade (cada um tem a sua história) e alguns são até comuns ao direito civil e ao direito eclesiástico. 1?. possível obter a dispensa de alguns impedimentos: por exemplo, através de garantias claras, poderá se permitir a um católico de esposar um não-batizado e vice-versa. Outros, ao contrário, não poderão ser objeto de dispensa. Nunca a Igreja autorizará alguém a contrair um novo casamento religioso enquanto estiver vivo o cônjuge ao qual está ligado num primeiro matrimônio sacramental. As nulidades que provêm da existência de um impedimento, apesar de mais numerosas que as nulidades por vício de forma, são, assim mesmo, bastante raras. As mais freqüentes dizem respeito, justamente, a impedimentos de vínculo. Usando de artifícios, alguns conseguem casar-se uma segunda vez na Igreja, quando o seu primeiro cônjuge legítimo ainda está vivo. Um casamento deste tipo só pode ser declarado nulo. c. A falta de consentimento

Esta é a fonte mais abundante de nulidades de matrimônio e é uma categoria que mereceria extensos tratados. Segundo o direito da Igreja, "o consentimento matrimonial é o ato de vontade pelo qual um homem e uma mulher, se dão e se recebem mutuamente através de uma aliança irrevogável para constituir o matrimônio". Ora, esta aliança é aquela "pela qual um homem e uma mulher constituem entre si uma comunidade para toda a vida, visando, por seu caráter natural, ao bem dos cônjuges assim como à geração de filhos", uma aliança "entre batizados, elevada pelo Cristo Senhor à dignidade de sacramento". A se pesar cada um destes termos, poderá verificar-se desde logo a gama de condições necessárias para o casamento, como também a gama de deficiências que podem opôr""'e à sua realização. Entre essas últimas, destacamos a insuficiência da razão (que acontece); a grave falta de discernimento quanto aos direitos e deveres essenciais e recíprocos do matrimônio; a incapacidade, por causas psíquicas, de assumir obrigações conjugais essenciais (como, por exemplo, a homosexualidade, incompatível com um estado de vida evidentemente heterosexual). Acrescente-se ainda a simulação do consentimento (apesar das aparências, recusa-se o matrimônio); a exclusão positiva do que é fundamental para o casamento: a fidelidade, a indissolubilidade e a procriação. Em alguns casos o dolo (enganar o outro); o erro sobre as qualidades da pessoa ou uma condição que se coloque ao 'sim' que se diz, podem gerar a falta do consentimento necessário (como, por exemplo, o medo ou a pressão aos quais seria submetida uma noiva).

2 . Tramitação das causas de nulidade de matrimônio. Contrariamente ao que muitos católicos - ou não-católicos - .pensam, estas causas não são todas necessariamente instruídas e julgadas em Roma. Elas dependem de tribunais eclesiásticos diocesanos ou regionis que se chamam oficialidades. Aliás, esta não é uma novidade, já que as oficialidades existem desde o século XII.

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Somente vão a Roma as causas que tenham sido julga<las diferentemente na primeira e na segunda instâncias, visto que são precisos dois julgamentos iguais para que a nulidade do matrimônio seja definitivamente dcelarada. O organismo romano competente é o tribunal da Rota. Esse tribunal se pronuncia a respeito de aproximadamente 200 causas por ano, quando várias dezenas de milhares <le casamento são declarados nulos por ano, pelo mundo. A instrução e o estudo de uma causa matrimonial ocasionam inevitavelmente despesas, mas em nenhum caso o resultado de uma causa dependerá da quantia paga. A gratuidade e a redução de custos podem ser facilmente obtidos. Uma causa gratuita pode perfeitamente chegar a bom termo, enquanto um causa paga pode perfeitamente fracassar.

3 . As dissoluções de matrimônio. Mantemos firmemente que um matrimônio sacramental e consumado não pode se dissolver. Mas existem matrimônios, seja não consumados, seja não sacramentais e, esses sim, escapam à regra absoluta. a. Os matrimônios não consumados.

Como conseqüência ,de uma longa história - longa demais para ser contada aqui - , a Igreja não se ateve à noção do matrimônio puramente consensual (ou seja, criado apenas pelo consentimento). Para a formação do vínculo matrimonial ou, mais exatamente, para a perfeição deste vínculo, ela levou em consideração a união carnal dos esposos: aqui, verificou-se um certo realismo popular combinado com uma exegese literal do texto bíblico .. serão dois em uma só carne". Um casamento não consumado não é um casamento nulo. Ele pode, entretanto, por uma causa justa, ser dissolvido pelo Papa. O organismo romano que trata desse tipo de causa não é o tribunal da Rota mas a Congregação dos Sacramentos. A sua instrução se processa a nível diocesano e Roma sempre leva em conta a recomendação do bispo. b. Os matrimônios não sacramentais.

O matorimônio contraído entre dois não-batizados, entre dois judeus, dois muçulmanos, dois budistas, etc., é considerado pela Igreja um verdadeiro matrimônio, apesar do que pensam alguns, que acham que tais matrimônios nada valem, porque não ocorreram na Igreja. Como se pudéssemos obrigar a judeus, muçulmanos e budistas passar pela Igreja ... Entretanto, se um desses cônjuges se converter à fé católica, ele terá a oportunidade (mas não é automático) de obter a dissolução de seu ca~a­ mento, o que lhe permitirá contrair uma nova união com um batizado ou uma batizada. Essa possibilidade tem sua origem na primeira carta do apóstolo Paulo aos coríntios (7, 10-16) e uma de suas modlidades se chama precisamente "privilégio paulino", do nome do apóstolo. ~ impossível entrar aqui no detalhe de todas as situações que podem se apresentar. De qualquer forma, este privilégio em favor da fé - e não deixa de ser um privilégio! - é submetido a regras estritas, de sorte que não pode ser visto como um desprezo ou um menosprezo daquilo que. por falta de um termo melhor, se chama de 'matrimônio natural'. 21 -


A instrução da causa se faz na diocese e é levada a Roma diante da Congregação para a Doutrina da Fé, que a submeterá ao Papa. Somente este tem o ·poder de concordar .com a dissolução, exceção feita no caso do privilégio paulino no senso estrito, onde uma intervenção romana não é necessária.

4 . As causas sacerdotais. Diferentemente da indissolubilidade do matrimônio, que é de direi·to divino ("Não separe o homem o que Deus uniu"), o celibato eclesiástico depende apenas do direito positivo da Igreja. Antes do século IV, no oriente como no ocidente, nenhuma lei eclesial proibia a ordenação de homens casados, nem obrigava sacerdotes casados a separarem-se de suas esposas ou observarem a continência no matrimônio. Foi no século IV que apareceram duas intervenções, distintas entre si. A primeira impede um padre de contrair matrimônio depois de sua ordenação (é a regra atual das igrejas orientais, tanto as que são unidas a Roma como as que são separadas). A segunda proibe a um homem casado, uma vez ordenado, de ter relações com a sua mulher (com a qual, entretanto, pode continuar a coabitar). Esses regras foram freqüentemente violadas e foi somente no segundo Concílio do Latrão, em 1139, que o sacramento da ordem foi reconhecido como um impedimento para o matúmônio. Comovido pela sorte dos que tinham "deixado a batina", o Papa Paulo VI, em 1964, permitiu aos ex-padres que tinham se casado no civil, de regularizar a sua situaçtão através de um casamento religioso. A porta tendo sido aberta, muitos outros, que talvez não tivessem pensado nisso antes, desejaram passar por ela, e vieram a pedir o que às vezes se chama de "redução ao estado leigo". Essa expressão, tradução literal do latim, deve ser proscrita. Trata-se de uma vol.ta ao estado leigo ou, mais exatamente, de uma dispensa do celibato, estdtamente regulamentada hoje por vontade do Papa João Paulo 11. Agora, somente são levados em consideração os casos daqueles que não deveriam ter recebido a ordenação sacerdotal, seja porque, por exemplo, a liberdade ou a responsabilidade necessárias lhes faltaram, seja porque seus ·superiores responsáveis não souberam julgar, no tempo oportuno e de maneira adequada, se o candidato estava verdadeiramente apto a viver definitivamente o celibato consagrado a Deus. Em existindo essas condições, o Papa, após consulta à Congregação dos Sacramentos, pode dispensar da obrigação do celibato e permitir, assim, o casamento de um sacerdote, o qual, entretanto, não poderá mais exercer o seu ministério sacerdotal. Trata-se claramente de uma dispensa e não de uma dissolução ou de uma nulidade da ordenação: o sacerdote dispensado poderia dar uma absolvição válida a alguém que estivesse em perigo de morte.

• • • Nota da RedaçãG: Para aqueles que tiverem interesse em se aprofundar mais no assunto, - e esta é uma forma de ajudar nossos irmãos que vivem um amor às vezes ferido e pobre, em função de separação, divórcio, etc. recomendamos o livro de D. Rafael Llano Cifuentes: Novo Direito Matrimonial Canônico. (Rio de Janeiro, Ed. Marques Saraiva, 1990, 505 págs.).

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OUESTOES ATUAIS

VIVER EM FAMíLIA- OPÇÃO PARA OS IDOSOS? Trecho de notícia publicada no jornal O Estado de São Paulo de 7 de outubro de 1990.

Viver em família, cercado pelos filhos e netos, nem sempre é a melhor solução para um idoso. Uma pesquisa realizada entre 1.600 idosos na cidade de São Paulo pela Escola Paulista de Medicina (EPM), no ano passado, mostrou que entre aqueles que vivem sozinhos, 67% tem um confidente. Entre os que moram com pessoas da mesma geração, esse índice é ainda maior 69%. Surpreendentemente, entre os idosos que moram em casas que abrigam três ou mais gerações, a porcentagem cai para 45%. "Morar com famílias grandes não é sinônimo de bem-estar para o idoso", avalia Luis Roberto Ramos, professor da EPM e autor da pesquisa. "E uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que protege, a família cerceia a individualidade". Morar na mesma casa com filhos e netos, pode tornar a situação ainda pior. "O idoso deixa de ser o diretor do circo e passa a ser o palhaço", analisa Ramos com dureza. O professor da EPM representará a América Latina na próxima conferência da Organização das Nações Unidas sobre suporte social na velhice, em outubro no Japão. A porcentagem de idosos que moram sozinhos no país é pequena, de 11%, segundo pesquisa da So-

ciedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia realizada entre 1.298 pessoas. A mesma estatística desmente outro comentário comum, o de que eles são abandonados pelos parentes. "As famílias cuidam de seus velhos como podem", concluiu a psicóloga Elvira de Mello Wagner, que participou da pesquisa. Segundo Elvira, quando podem escolher, os velhos preferem morar sozinhos ou, no máximo, com pessoas da mesma geração (situação em que se encontram apenas 16% dos idosos brasileiros). Mário Augelli, de 68 anos, acha que os filhos, hoje, não querem mais saber dos pais. Isso, porém, não se aplica a ele. "Nunca me senti abandonado", diz Mário, pai de dois filhos e avô de dois netos que o visitam com freqüência. Ele mora com sua mulher, Elga, de 66 anos, e a irmã dela, Maria Helena da Costa Davino, de 63 anos e viúva, num clima bem humorado. Se ficasse sozinho, não gostaria de viver com os filhos. "Os côn4uges não vão entender", acredita. Se o idoso é independente, deve ter sua própria casa e manter um bom relacionamento com a família, na opinião de Marcos Smith Angulo, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e GerontoJogia.

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QUESTDES ATUAIS

AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO BRASIL Em 1988 (último ano para o qual os dados foram computados). o Brasil alcançou o mais alto nível de concentração de renda de sua história e um dos mais altos entre todos os países do mundo. Enquanto os brasileiros mais ricos (1 %) da população, assim considerados os que ganham mais do que 49 salários mínimos concentram 14% da renda nacional, os 30% mais pobres abarcam uma fatia de apenas 4,75% dessa renda. Os dados foram levantados pelos economistas Guilherme Luiz Sedlacek e Regis Bonelli, ambos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) do Rio de Janeiro, baseados em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 1988 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As perdas ma iores, conforme revela o estudo, concentraram-se nas classes de menor renda. Os 30% "inferiores" na escala de distribuição de renda no Brasil, com rendimento médio de até meio salário mínimo registraram uma perda de 14% de 1987 para 1988. A faixa "40% inferiores" com renda de até 1,7 salários mínimos, perderam 11,11% enquanto os "30% superiores" com renda de 8,9 salários mínimos, registram queda em seus rendimentos de 4,28%. Os "5% superiores" com mais de 25 salários mínimos de renda perderam menos ainda : 2,12%. Na média, todos perderam 6,18%. Ou seja quanto mais baixo o nível de renda maior foi a perda o que bem demonstra que o ônus da crise econômica recai sempre sobre os mais pobres que são também os mais 'indefesos. Os dados da PNAD/88 informam, também , com base nas pessoas empregadas naquele ano que somaram 58,7 milhões, que 52,7% ganharam de meio salário mínimo a dois salários mínimos enquanto que em 1987 esse porcentual foi de 49,15% . Com exceção dos que receberam mais de 20 salários mínimos, todas as classes acJma de 2 mínimos tiveram percentual de participação menor na pesquisa. O levantamento do IBGE de 1988 mostrou também que naquele ano a População Economicamente Ativa somou a 61 milhões de pessoas das quais 58,7 milhões ocupadas e 2,3 milhões procurando emprego. Um total de 46,4 milhões estava na categoria de "não economicamente ativa". Na avaliação de Sedlacek, esse movimento crescente de concentração de renda é fruto da crise econômica agravada pela aceleração inflacionária que, no seu entender, "é um dos fatores mais

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perversos de desigualdade de renda". Em 1988 a inflação brasileira fechou o ano com uma variação .de 933,64% ante uma taxa anual acumulada de 365,96% em 1987 medida pelo IPC do IBGE. O economista do IPEA-RJ não se arriscou a fazer previsões sobre o que teria ocorrido em 1989 mas a disparada da inflação naquele ano que fechou em 1.764,87% não deixa dúvida de que o problema da concentração de renda deve ter se agravado ainda mais. C.H.S .

• NOTICIAS BREVES - A Assembléia Geral das Nações Unidas, com sua resolução n.o 44/82 de 8 de dezembro de 1989, proclamou 1994 "Ano Internacional da Família". Essa mesma Organização convidou todos os Governos, Agências especializadas, Organizações intergovernamentais e não governativas, bem como as associações nacionais interessadas, a dedicarem todo esforço possível à preparação e desenvolvimento do "AIF" e à colaboração com o Secretário Geral da O NU. Também a Santa Sé, convidada a apresentar sugestões, já deu alguns contributos a respeito. Seria oportuno que também as instâncias católicas começassem a participar na preparação do Ano Internacional da Família, pois a própria pastoral familiar haveria de receber um estímulo deste acontecimento internacional tão importante. I! necessário que se aproveite esta ocasião para difundir os verdadeiros valores do matrimônio, da família, da transmissão e do acolhimento da vida humana desde sua concepção até à morte natural. Além disso, é preciso estar atento que a preparação e a celebração do AIF não se convertam em instrumento para difundir concepções da família contrárias à sua verdadeira natureza (equiparação da convivência matrimonial, programação de controles demográficos , esterilização, contracepção e aborto, etc.).

• • • A separação conjugal é o maior motivo de briga no Brasil. De todos os casos em que as pessoas recorreram a justiça, a separação representou 18,6%. Pesquisa inédita da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, num _período de 5 anos, ocorreram 45 separações por hora em todo país. (Do jornal O Estado de S. Paulo, 23-09-90) .

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EDITORIAL

UM DIVóRCIO DE DOIS SACRAMENTOS? Foi uma equipista francesa, há muito tempo, que, ao refletir sobre a presença de um padre em cada equipe, falou de "casamento de dois sacramentos". A expressão fez sucesso: é bastante bonita e sugestiva! A este respeito, pessoalmente, já propus muitas vezes uma outra expressão: o encontro de duas formas de sacerdócio. O encontro entre o sacerdócio ministerial do padre e o sacerdócio dos fiéis que permite, aos casais unidos pelo sacramento do matrimônio, "oferecerem-se a si mesmos em hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus" (Lumen Gentium, citando Rom. 12,1). Ora, existe hoje na Igreja uma carência de padres e uma séria crise de vocações sacerdotais. Torna-se cada vez menos provável que cada equipe encontre um padre disponível. . . e disposto. Então começa-se a procurar, aqui e acolá, soluções substitutivas. O problema já se tornou agudo em algumas regiões, provocando tensões e aborrecimentos . . . A ERI estuda atentamente a questão e procurará encontrar medidas adequadas que evitem distorcer a orientação fundamental do Movimento. Parece, porém, necessário lembrar a todos, desde já, o exato alcance desta presença do padre. A Carta das E.N.S. (8 de dezembro de 1947) diz: "Cada equipe deve contar com o concurso de um sacerdote". A brochura O papel do Conselheiro Espiritual especiíica: "O Movimento sempre recorreu a sacerdotes, como Conselheiros Espirituais das equipes. Esta é sua tradição bem estabelecida. Esta é sua firme vontade. O que o Movimenta espera do Conselheiro Espiritual é que seja, antes de tudo, sacerdote e que na equipe, comunidade eclesial, cumpra em primeiro lugar a sua função sacerdotal: Tornar presente o Cristo, como Cabeça do Corpo (Sínodo dos Bispos, 1971). O que, durante muito tempo, foi uma riquíssima experiência, se transformou numa convicção teológica. A equipe de casais, 'reunida em nome de Cristo' · e constituindo como que uma célula de seu corpo, necessita do padre que representa o Cristo Cabeça e que faz dela uma verdadeira ecclesiola. Trata-se, provavelmente, de um dos aspectos mais difíceis para a compreensão dos casais: um mistério de fé. Mas é também o mais fundamental. Qualquer que seja a forma (e as circunstâncias poderão levar à existência de arranjos de fato), cada equipe deve ser assistida por um sacerdote. -26-


Essa presença sacerdotal aparece em toda a sua amplitude na celebração da Eucaristia em equipe. O padre, que ajuda os casais a 'fazerem uma Eucaristia' de toda a sua vida, reúne nesse momento toda a equipe para uní-la à oferenda de Cristo ao Pai. Se bem que a Eucaristia não esteja prevista no desenrolar habitual da reunião . de equipe, desde que a Igreja autorizou as 'Eucaristias domésticas' muitas equipes gostam de sublinhar um evento importante ou encerrar o ano equipista com a celebração eucarística. ~ nesses momentos que o Conselheiro Espiritual exerce plenamente a sua função sacerdotal na equipe." Porém, sem dúvida, uma certa ambiguidade se infiltrou no espírito de algumas pessoas por causa, precisamente, deste nome: Conselheiro Espiritual. "Essa denominação pode causar problemas. Ela não cobre o que há de mais fundamental no papel do sacerdote na equipe (que é a sua presença sacerdotal). Mas foi preferida ao nome de 'capelão', que daria a entender mais uma designação por uma autoridade, para indicar que se trata de uma livre escolha feita pela equipe. Essa expressão foi absorvida pelos usos e costumes e portanto, na falta de melhor, pode ser conservada. O importante é deixar bem definido o que está por trás dela." Logo, é preciso deixar claro que o que se quis desde o começo é um padre, não um Conselheiro Espiritual que, de preferência, fosse padre, mas que poderia ser eventualmente uma freira ou um leigo piedoso! Em conseqüência, em não havendo padre, não pode haver substituição por freira ou leigo. B evidente. Freiras ou leigos podem ser sábios, competentes, de excelente conselho, . . . mas não são padres. Se for somente um "conselheiro espiritual" que se procura, pode até ser por aí, mas este é um outro problema. Rezemos com fervor para que os padres não nos faltem, nem nas Equipes, nem na Igreja. E se estão ficando mais escassos, procuremos "utilizá-los" de forma mais judiciosa, discreta, dando preferência às equipes que começam, aceitando dividí-los com outros ... Pode-se pensar que esta é uma exigência bem pesada, e que irá se tornando cada vez mais difícil de satisfazer. Mas quero sublinhar aqui, simplesmente (enquanto esperamos um documento mais explícito), este sentido eclesial do Movimento e a riqueza espiritual que ele busca atingir! Outro dia, em Lyon, um casal tinha reconhecido que as Equipes são grandes consumidoras de padres, muito gulosas. Um padre muito jovem, que já é Conselheiro Espiritual, respondeu com toda a simplicidade: "Só tem uma solução: que vocês produzam padres, que vocês façam surgir vocações entre seus filhos." Foi calorosamente aplaudido por todos. Mas os aplausos não são suficientes, nem para fazer filhos, nem para fazer padres! Pensem nisso! Caso contrário, vamos ter que falar do divórcio de dois sacramentos . .. Fr. Bernard OLIVIER, op. 27-


CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL

PRESERVAR A VIDA E A CRIAÇÃO: UMA DAS VERTENTES DA SEGUNDA INSPIRAÇÃO A imagem de uma pomba foi publicada, junto com a oração das Equipes ao Espírito Santo, em quase todas as Cartas Mensais dos diversos países(*). Essa imagem nos é particularmente cara, pois uma do mesmo tipo foi símbolo do encontro ecuménico europeu da Basiléia, no Pentecostes de 1989, encontro esse sol;>re o tema "Paz, Justiça e Preservação da Criação". Como moramos perto da Basiléia, vivenciamos intensamente aquele encontro e, desde então, a preocupação pela paz, pela justiça e sobretudo pela preservação da criação está incessantemente presente em nosso espírito. Por outro lado, nossos filhos, à medida que vão crescendo, nos obrigam cada vez mais a refletir sobre essas questões que, de toda evidência, dizem respeito concretamente ao seu futuro. Deve acontecer, com vocês também, de serem questionados com frases como estas: - Vocês usam este mundo como se tivessem outro em reserva no depósito. - De que adianta nossos filhos terem uma economia florescente se o ar que respiram os deixa doente? - As florestas estão morrendo. - O homem é o maior inimigo da criação. Em poucos anos, destrói o que levou milhões de anos para ser construído. Recentemente, um casal das Equipes nos disse- para nos provocar: "Nas ENS, os casais se ajudam mutuamente a santificar-se . .. e a destruir o meio ambiente." O que isso tem a ver com a nossa vontade de encontrar uma Segunda Inspiração, com a nossa busca e o nosso esforço para viver cristãmente o amor e o matrimônio? Cremos que Deus criou este mundo e que continua hoje a mantê-lo em sua mão. E a narrativa da criação nos diz que "tudo isso é bom". A natureza, na sua diversidade e na sua riqueza, nos enche de alegria; maravilhamo-nos com ela e louvamos a Deus. Cada um de nós percebe isso e reage à sua maneira: as montanhas, as florestas, o mar, a fonte de onde a água sempre jorra, uma simples flor no meio das pedras, a (*)

V. Carta Mensal de Dezembro/ 89 .

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semente que se planta na terra, o sol que nos aquece, o vento, o canto dos pássaros ... E cremos que Deus confiou esta criação aos homens, que dela devemos tirar a nossa subsistência, que devemos conservá-la e desenvolvê-la. Porque "a criação está inacabada e Deus precisa de nós, ao longo da história, para terminá-la. O papel dos homens encontra assim uma nova definição: somos chamados a colaborar com Deus para levar a seu termo a criação inicial; não somos apenas beneficiários passivos que se contentam em receber. Quando falamos de criação, falamos de mais do que da natureza apenas; exprimimos ao mesmo tempo o caráter sagrado da Terra" (D. Solle). Qual é, porém, a realidade que vemos hoje? Somos todos questionados por constatações alarmantes, inquietantes: o desaparecimento das florestas, o buraco na camada de ozônio, o ar poluído, os solos contaminados, a ameaça de transformações climáticas ... Onde está a nossa missão de "cuidar e guardar" o jardim da criação (Gen. 2,16)? Vindo de fora, mas às vezes também de dentro, elevam-se vozes para acusar as ENS de cuidar exclusivamente demais da espiritualidade do matrimônio, de cultivar apenas o seu jardinzinho conjugal e de deixar para "outros" a preocupação com as grandes questões de nosso tempo. Reconheçamos que a crítica que não é totalmente sem fundamento. A nosso ver, o chamamento para preservar a criação, lançado pelo encontro ecuménico da Basiléia, e a nossa Segunda Inspiração, vão no mesmo sentido. Como casais, como pais e como famílias, devemos assumir responsabilidades específicas no serviço da vida e da criação. A Segunda Inspiração nos convida a mudar de mentalidade, a ver mais lucidamente os sinais dos tempos, a engajar-nos em novos caminhos, a questionar-nos sobre nosso estilo de vida. A nossa existência insere-se na criação que nos cerca, aqui e agora; nossos filhos e os filhos de nossos filhas também gostariam de viver, de respirar e de ser felizes no seio da criação de Deus. Também nós, é claro, sofremos de nos sentirmos tão desarmados diante das restrições objetivas que devemos enfrentar. E no entanto, muitos pequenos passos, muitas pequenas mudanças de comportamento, se caminharem na mesma direção, acabam por dar resultados cada vez mais concretos. Quem sabe, vocês poderiam aproveitar o próximo Dever de Sentar-se - abrangendo talvez a família toda - para uma reflexão em profundidade sobre esses problemas, no sentido e no espírito da Segunda Inspiração? Onde, quando, de que forma somos nós 'guardiões' da vida e da criação? Qual poderia ser nossa contribuição concreta e positiva? Em que pontos somos nós autores de perturbações e destruições? Em que circunstâncias somos nós culpados ou cúmplices? Mas precisamos também dos outros para nos ajudar a discernir e para nos apoiar nesta busca e na procura de horizontes · mais amplos. Que sorte a nossa, de podermos contar com uma equipe nessa situação ... -29-


Para concluir essas considerações -

de orientação sobretudo ecoló-

gica - citamos novamente Dorothée Sol/e: "Parece-me que a questão mais importante para uma teologia ecológica, é de perceber de que forma podemos vivenciar a confiança em Deus Criador e o respeito para com a criação. O importante é amar a criação, é educarmo-nos, a nos mesmos e aos nossos filhos, para estarmos atentos à criação." Na esperança de que nossas preocupações sejam "contagiosas". saudamos bem cordialmente a todos, Dorotea e Peter BITTERLI

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VOCAÇ'OES

COMO FALAMOS DOS PADRES QUE CONHECEMOS? Fizemos esta pergunta a nossos filhos e nosso rapaz de 18 anos respondeu: "Vossos comentários são sempre gentis!" Esta resposta nos agradou. Tomara que ela seja fiel ao que falamos e fazemos para com os padres que conhecemos e freqüentamos! De fato, pode acontecer que um padre choque um de nossos filhos por suas atitudes, palavras ou decisões. Não evitamos o assunto, mas tentamos explicar os motivos destas divergências. Pode ser que, por se tratar de um padre, nossos comentários se tornem indulgentes. Para os nossos filhos, nós deixamos claro que sabemos que um padre é um · homem, consagrado sim, mas um homem com suas qualidades, seus defeitos, suas forças e suas fraquezas, seus momentos de entusiasmo ou cansaço. Nem santo. nem super-homem, o padre continua um homem pecador. Que testemunho poderoso recebemos de todos estes padres conselheiros espirituais das ENS se confessando mutuamente na Basílica de Lourdes, onde estávamos reunidos em peregrinação! Nossos engajamentos (escola , movimentos, paróquia) nos dão ocasiões freqüentes de encontrar padres. Com certeza é uma graça para nós e também para nossos filhos, que assim podem testemunhar a amizade que se tece entre estes padres e nós, casal. Sempre convidamos à nossa mesa estes nossos amigos padres. Partilhamos e conversamos sobre tudo, conforme o temperamento e a fantasia de cada um deles. Falamos da catequese a domicílio, ou das desavenças do padre X com seu forno de microondas. . . t uma maneira divertida mas que ajuda a conhecer melhor o celibato consagrado e a sol i dão do padre . . . Mais nos encontramos com nossos amigos padres, mais somos levados a amá-los como eles são . Apreciamos suas qualidades, os fardos que carregam, o sofrimento e a alegria que se misturam em suas vidas. Tudo isto força a nossa admiração. Tudo isto nossos filhos captam. Parece que assim eles, espontâneamente, descobrem as exigências e a grandeza da vocação sacerdotal. E, também, descobrem o desejo de revê-los, de pedir seus conselhos, de receber deles o perdão de Deus dentro do sacramento da Reconciliação. Assim, esta profunda amizade com todos estes padres que caminharam conosco. tornou-se uma graça que partilhamos com nossos filhos. (Extraído da revista Alllance)

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DÁ-NOS A TUA PAZ

Dá-nos Senhor, aquela Paz estranha que brota em plena luta como uma flor de fogo; que rompe em plena noite como um canto escondido; que chega em plena morte como o beijo esperado. Dá-nos a Paz dos que caminham. sempre, nus de toda vantagem, vestidos pelos ventos da esperança. Aquela Paz dos pobres, vencedores do medo. Aquelf! Paz dos livres, amarrados à vida. A Paz que se partilha na igualdade, como a água e a Hóstia . Aquela Paz do Reino que vem vindo, inviável e certo. Dá-nos a Paz, a outra Paz, a Tua, Tu que és nossa Paz! (D. Pedro Casaldáliga)

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A GRAÇA QUE NOS QUALIFICA Deus não sofre de limite algum. Por isso mesmo, não precisa de acréscimo, qualificativos ou adjetivação. Deus é o substantivo mais substancioso que existe. Por isso, os superlativos a ele atribuídos são mera redundância. Se Deus existe, então é claro que é boníssimo, justíssimo, amorosíssimo, etc. Tudo que se possa imaginar de bom está contido em Deus ao infinito. São João não disse que Deus tem amor, mas que Deus é amor (1 To 4,8-16).

Nós, não. Somos carentes, limitados, imperfeitos. Tudo em nós precisa ser melhorado e adjetivado, porque somos substantivos pouco substanciosos. Falta um pouco ou muito de tudo em nós. E é aí que a doutrina da graça faz sentido no cristianismo. Dizemos que o palhaço tem graça, que a criança é engraçadinha, elogiamos a graça da mulher, pedimos e agradecemos uma graça, oferecemos alguma coisa de graça, achamos algo sem graça, e quando algo não tem nada de bom, dizemos que é uma desgraça. Maria é cheia de graça, porque Deus a viu com graça. Graça é charme, jeito especial, que dá algo de mais pessoal. Sem isso, as pessoas seriam como as demais. Mas, com aquela graça, vai mais longe. Eis porque rimos com ela e não com outra, achamos que

tem algo a mais quando fala, quando dança, quando canta, quando olha, quando anda ... A graça de Deus é como o raio de luz que brilha no escuro. Uma sala no escuro é a mesma que no claro. Mas fica muito mais fácil andar pela sala iluminada, porque a luz faz ver melhor, põe cor e delineia tudo. Não é a sala que muda. Somos nós que mudamos, porque vemos mais longe e mais claro. Quem tem graça é uma pessoa iluminada, que torna mais bonito e mais humano o que faz e o que é. Vê melhor e é vista de um modo diferente. Mais: ilumina o caminho dos outros. Há um charme de Deus, um quê especial de sobre-humano, um não sei que de mais bonito na pessoa serena, completa, plenificada, preenchida, qualificada e adjetivada por Deus. Maria podia cantar que o poderoso havia feito maravilhas nela. Isabel não poderia deixar de perceber. Como nós não podemos deixar de perceber a graça numa pessoa que as vezes nem é bonita de rosto ou de corpo. Existe algo mais à disposição de cada pessoa. Deus não nos criou completos nem perfeitos. E está sempre oferecendo esses adjetivos que nos qualificam para cada momento da vida. A Igreja chama tal criação continuada de graça santificante ou graça atual.

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Não somos obrigados a ser um pobre substantivo por toda a vida. Podemos melhorar. A doutrina sobre a graça no cristianismo aponta para isso. Deus quer nos aperfeiçoar. E por isso Ele nos enche de favores e dá mil chances. Se não crescemos é porque não entendemos ou não aceitamos. Se nossa casa anda mal iluminada, a culpa não é

do sol. Ele continua brilhando. Teremos mais luz à medida que abrimos as portas e janelas do nosso ser. Deixemos a luz entrar. Existe alguém querendo continuar sua obra em nós. A criação não terminou. Pe. Zezinho, S. C.J. (Extraído de Família Cristã).

A PALAVRA DE NOSSOS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

UMA PRESENÇA INQUIETANTE O Evangelho de Mateus é uma reflexão teológica em torno do significado de Jesus na vida dos homens e especialmente dos que estavam ligados às comunidades da Palestina, ao Tempo da Igreja primitiva. Neste contexto temos as narrativas que correlacionam os assim chamados reis magos e Herodes. Gostaria de aproveitar este momento de preparação para o Natal para retomar um tema sempre novo e estimulante que é exatamente a expectativa com que nos defrontamos com o " menino". Em nossas vidas temos muitas influências e várias coisas interferem , em nossas visões, ações e ânimo. Uma deles é a história que vivemos, o passado que nos constitui, nos dá o solo em que pisamos. Naturalmente que ele não está pronto e definido; sempre de novo precisamos nos recordar do vivido e dele extrair o que nos interessa, quando somos nós quem determinamos a nossa própria vida. Quando não somos nós, então será o sistema ou o que quer que denominamos assim, que determinará o que deva ser recordado e isso determinará não só o que fazemos mas também o que somos e o que pretendemos fazer e ser. E mais. Nos dirá até o que devemos amar. Faz parte do homem ser histórico, mas só é homem livre - criado à Imagem de Deus - o que construir a sua história dentro do projeto de Deus; projeto este que se constitui num processo permanente e dialogal com a "voz de Deus" . Uma outra dimensão que julgo fundamental é a do futuro. E esta dá conta das expectativas da vida. Se não considerarmos este aspecto -34-


acabamos nos voltando sobre nosso passado e nessas circunstâncias o nosso progresso vital se dá como se fôssemos motorista que em vez de olhar para a estrada pelo pára-brisa, olha pelo espelho retrovisor. A consciência da caminhada vem então pelas inúmeras cabeçadas e sempre estamos atrás do tempo e do presente. Principalmente nestes tempos de mudanças e de ansiedades, as tendências a voltarmos ao passado e nele nos fixarmos são tentadoras, não só em termos pessoais, mas também nos sociais, políticos , econômicos e até religiosos. Isto porque nossas expectativas são míopes quando endereçadas no sentido equivocado . Isto posto, vamos aos nossos interessados pelo "menino". Não vamos visualizar todos os aspectos e detalhes que estão presentes, apenas a questão da expectativa. Porque será que Herodes queria a morte do menino Jesus? Que ameaça efetiva poderia representar uma criança pobre , de pais pobres que nasce no interior, sem a mínima aparência de poder e periculosidade? Nada há de mais amedrontador para um opressor que pessoas que não estão sob seu controle. Não controle físico mas principalmente o controle do futuro ; pessoas que constituem por elas mesmas ou a partir de uma visão diversa o futuro e as esperanças, são muito mais perigosas para as tiranias e sistemas de opressão, que um vizinho com exército. Quando conheço as armas sei como combatê-las ou como negociar em caso de efetiva inferioridade, mas quando as armas são desconhecidas não há negociação , não há luta: mata-se ou morre-se . Este era o dilema de Herodes. Ou ele ou eu. Mas quem é esse "ele " ? Esta é a permanente reflexão do novo Testamento: Deus se apresenta surpreendentemente incontrolável e fora das expectativas da normalidade. Isto vai movimentar as duas faces de nosas vidas: O Herodes do medo, terror, força, opressão, agressão e morte , ou os magos da busca , da esperança, da estrela-guia, da referência à fragilidade e inocência e da vida nova da presença multi-dimensional de Deus. Se não analisarmos nossas esperanças pode muito bem ser que nossa aproximação do menino seja uma atitude herodiana. Ainda que pensemos-

em ser cristãos, que busquemos reverenciar o "Menino" pode muito bem ser que nossa vida prática seja uma efetiva demonstração de como matar a presença de Deus. Neste tempo de Advento devemos buscar coragem para observar nossas expectativas uma vez que é delas que depende nossa maior sensibilidade pela presença de Deus, sua acolhida e mais que isso: que nossa presença se assemelhe à presença do Deus da Vida. Pe. José Luiz Cazarotto Setor B · São Paulo

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EXPECTATIVAS Fim de ano. Balanço. Avaliações. Realizações. Decepções. Vocês tinham muitas texpectativas para o ano que está terminando? Em relação à sua família? Aos seus negócios? Ao seu cônjuge? À sua equipe? A você mesmo? À vida, enfim? Você ganhou a promoção que esperava? Seu filho entrou na faculdade? O casal responsável da sua equipe teve uma atuação condizente com a confiança que nele foi depositada? Ou faltou dinheiro e você não pode terminar a reforma da sua casa? Ou o garoto ficou doente e vocês não puderam viajar, como haviam planejado? Ou vocês tiveram muitos problemas e os outros casais da Equipe pouco se lixaram com isso? Podemos agora fazer um retrospecto e verificar se as nossas expectativas se concretizaram, ou não. Demos graças a Deus pelas bem sucedidas. Mas não fi quemos chatedos pelas que malograram. A vida é assim mesmo . Tem altos e baixos . Sem o contraste de alguns dissabores não saberíamos apreciar a doçura das co isas boas. O importante é tirar o máximo proveito de cada momento, de cada acontecimento. Cada limão, em vez de chupá-lo fazendo careta , procurar transformá-lo em uma refrescante limonada. ~ certo que a vida não dá moleza . Ao contrário , a toda hora nos dá pancadas . Devolvamo-las, se for preciso. Mas não nos abatamos. Enquanto durarem os dias da nossa preocupação sobre a terra, teremos que lutar. Não ad ianta esperar outra coisa. Mas podemos também sonhar. E sonhar é gostoso e saudável. O que não presta é f icarmos aborrecidos , caírmos na fossa, quando nossos sonhos não se realizam . Vivamos intensamente dia por dia. Nada de fazer como o homem que se ocupou apenas de construir um grande celeiro para guardar todas as suas riquezas e quando a obra ficou pronta, naquela mesma noite .. . Nada de ficarmos angustiados com a possibilidade de que a infindável cadeia de nossas expectativas venha a romper-se. E se o filho que acaba de nascer, não for bem nos estudos? E, se depois de formado, não arranjar emprego? E se não for feliz no casamento? Adianta ficar sofrendo por causa disto, quando ninguém pode dispor nem sobre a queda de um só fio de seu cabelo? Muito melhor é tentar viver como os pássaros do céu e os lírios do campo . ~ verdade que isto não é fácil. Mas não é impossível. Se fosse impossível, quem nos conselhou a viver assim teria sido um imbecil. E isso nós sabemos que Ele não foi. E, se pelo menos em parte, o conseguirmos, no fim de cada dia, no fim de cada mês, no fim de cada ano, o balanço será muito mais simples e terá um saldo muito melhor. Será apenas um hino de louvor por cada momento de vida intensamente vivido e não terá o gosto amargo das expectativas frustradas . Eq . 1 - Araraquara, SP Luiz Fabiano

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NATAL -

FESTA DA ALEGRIA

Natal é a festa da alegria . O anjo, que trouxe aos pastores a notícia da chegada do Filho de Deus, disse-lhes: ""Anuncio-vos uma grande alegria", a alegria do nascimento, na pobreza e à beira do caminho, de Jesus Cristo, filho de Deus Salvador. Alegria, porque desse dia em diante não precisamos mais de símbolos e ritos para marcar a presença de Deus no meio dos homens. O próprio Deus, na pessoa divina e humana de Jesus, é para sempre presença viva no meio dos homens. Cristo é o Emanuel - o Deus conosco de que falavam os velhos profetas. São Paulo, mais tarde, dirá : ·Alegrai-vos, porque o Senhor está perto". Não apenas o Senhor está perto, mas nós estaremos perto dele. Alegria porque Deus, na pessoa de Jesus de Nazaré, se fez graça para pós, arrancou nosso pecado e derra-

mou em nossos corações a plenitude das bênçãos do céu. Natal é a festa da alegria, porque a ofensa terá perdão; o ódio será substituído pelo amor; a violência se tornará doce como a ternura; o erro e a sinuosidade cederão lugar à verdade inteira; a maldade será destruída: o medo será extinto e aos homens de boa vontade é aberta a estrada da paz e da benevolência. Por isso, a alegria se mistura com a esperança. A esperança de que, por causa do menino, transformaremos o ódio que está no nosso sangue em perdão e amor; esperança de que, por causa do menino, arranquemos a falsidade que existe em nossas palavras, gestos e passos, e vivamos a mensagem cristalina na dimensão para Deus, na dimensão para o próximo, na dimensão para dentro de nossa consciência . Fr. Clarêncio Neotti. O.F.M.

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NOSSO

IRMÃO ...

Quem é este louco Que prega o amor Incondicional Total Sem troca Real ... Quem é esse desvairado Que só defende os fracos Enfrenta os fortes . Vai às últimas conseqüências Até a cruz, até a morte? Quem é Esse homem sereno. É Galileu? É Nazareno? É do mundo, judeu, Ou é um Deus! . .. NOS SABEMOS QUEM É ... Lina e Mário Equipe 01 - Piracicaba, SP

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TESTEMUNHO

CONSEQütNCIAS DA SEGUNDA INSPIRAÇÃO Trechos da resposta, em 6/ 9/ 90, de um casal a um tema de estudos.

P: - Que conseqüências a 2." Inspiração trouxe para você casal e sua equipe? R: - O Sentido e a oportunidade desta pergunta nos trouxe a lembrança de uma comparação que se fez de um poço e um arroio. O primeiro, embora contendo água e servindo algumas pessoas e a uns poucos animais domésticos, é parado, ensimesmado, estático. Quem precisar de água que vá buscá-la lá onde ele está. E. restrito. O segundo, o riachinho vai além. Percorre distâncias levando humildade por onde passa, a terras longínquas, dessedentando a quem necessita, se oferecendo espontâneamente em autêntica oblação à Obra da criação de Deus. Face à nossa responsabilidade de cristãos, e mais, de casais Equipistas, sentimos como conseqüência da segunda inspiração, melhor discernimento quanto as realidades terrestres , mormente sobre o que está acontecendo no nosso país. Como sempre aconteceu através da história da nossa fé, consideramos que a 2.• Inspiração é mais uma assistência do Espírito Santo, Paraclito misericordiosamente prometido e fielmente enviado por N. S. Jesus Cristo, para que sua Igreja Povo de Deus, jamais viesse a perecer, pelo contrário, continuasse até o final dos tempos como germe do Reino de Deus. " Compreendemos que devemos ser como o riachinho". Essa a conseqüência que a 2.• Inspiração nos trouxe pela Graça de Deus. Ondina e Edson Eq . 1 - Garça , SP

N. R. - Ondlna e Edson voltaram à casa do Pai em outubro último, conforme noticiado nas Noticias e Informações desta Carta Mensal.

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JUNTOS JUNTOS PARA AMAR JUNTOS PARA AMAR MAIS

- O amor é sempre pedagógico; é uma atividade de transformação de dois seres humanos (os cônjuges) que não é mecânica, pré-programada, automática, mas, ao contrário, pensada, meditada, executada através de um jogo inteligente e pela humildade de deixar-se moldar pelo .outro e de criatividade para moldar o outro. - No casal um é para o outro um "Sacramento de Deus". Descobrir isto pode se tornar uma âncora de salvação quando começam a surgir os defeitos do outro. - Todos temos no nosso âmago algumas aspirações mais fortes e contínuas que todas as outras: as tendências ao absoluto. Estas tendências nos impelem à sua finalidade, isto é, ao Absoluto dentro e através dos símbolos ou sacramentos do cosmo. - A soma das experiências vividas juntas, um por meio do outro, tem tal qualidade pessoal e tal intensidade transcendente, que torna espontâneo ao coração humano encontrar no cônjuge o mais real e substancial símbolo, ou melhor, sacramento de Deus, do Absoluto. Quando percebemos isto, a pessoa amada se torna para nós o Sacramento de 'Deus, a expressão, o canal, o pressentimento, a antecipação d'Ble. Os cônjuges que se dão reciprocamente fazem com que assuma valor divino até sua união física. (Encarte da Carta Mensal italiana, convidando os equipistas para um retiro).

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COMO VAI O NOSSO INGLi:S? Na pequena cidade do interior, a vida voltava ao normal. Maggie , a professora inglesa que o Coronel Júlio tinha trazido para dar' aulas aos seus filhos, depois de seis meses de estadia, tinha voltado para a Inglaterra. E o grupinho de senhoras da cidade, a Conceição, a Jurema, a Glorinha, a Netinha e a Vilma - esta, a mulher do prefeito - ficaram meio sem saber o que fazer. Durante aqueles seis meses, todas as quartas-feiras, tinham se reunido, ora na casa de uma, ora na casa de outra, para tomarem chá com a Maggie. . . e falar inglês. Para o bem da verdade, no começo, só a Maggie falava. Mas ela foi animando as outras, ensinando, com muito jeito, algumas palavras, ajudando a construir algumas frases e pouco a pouco todas foram se soltando ... Mas, justo agora, quando todas achavam que já falavam inglês, o contrato da Maggie com o Coronel Júlio tinha acabado. E após um último e solene chá, ela tinha se despedido das senhoras , não sem lhes dizer em bom inglês da Rainha : - Continuem a se reunir e a praticar! Vocês estão indo tão bem! Seria uma pena largar . .. Foi lembrando dessas recomendações que na terça feira seguinte , a Vilma foi ligando para as outras : " Não se esqueçam! Amanhã é na minha casa! " - " Mas Vilma, a Maggie não está mais. Você acha que assim mesmo? . . . Tá bem então, na sua casa." E a partir daquele dia, elas foram se reunindo todas as quartasfeiras , gastando o inglês que tinham aprendido com a Maggie, construindo novas frases e agradando imensamente a sí mesmas. Até que , uns anos mais tarde ...

• • • " Alô! J: você Conceição? Você já sabe da novidade? A mulher do Consul da Inglaterra vem passar uns dias aqui, na casa da Vilma . . . Claro, é ela a ex-prefeita! . . . Então . . . Mas eu pensei que nós poderíamos convidá-la para o chá da quarta-feira, na sua casa. O que você acha? Não é uma boa idéia? Vamos poder falar inglês!"

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O evento foi altamente constrangedor. A consuleza falava e elas não entendiam nada. Elas falavam e a consuleza olhava com aquela cara de "tacho" . . . Por fim, aos poucos, disfarçando, todas passaram para o português ... e não se falou mais no assunto. Foi aquela vergonha! . . .

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Por vezes, essa história lembra algumas de nossas equipes. De tanto viverem fechadas sobre sí mesmas, pensam viver o movimento, a espiritualidade conjugal, as preocupações da Igreja e do mundo, mas na verdade estão fora do mundo, da Igreja e do Movimento. Criaram o seu próprio movimento, por assim dizer, o seu próprio inglês. Que tal acordar e olhar em volta, minha gente? Vamos conferir o nosso inglês? Peter

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PASSATEMPO LEIA TUDO ANTES DE COMEÇAR O PASSATEMPO . SIGA AS INSTRUÇOES. ORAÇÃO PESSOAL I Pai , que eu seja para minha família exemplo de perdão! 2 Senhor, auxiliai-me a ser a luz do mundo! 3 Reconhece, JESUS, que não sou um cristão perseverante. Daime a graça da perseverança! 4 - Senhor DEUS, renovai a disposição e o ideal do nosso sacerdote em servir ao seu rebanho e dai-me aceitação relativamente aos seus problemas humanos! 5 - Pai, dai-me compreensão suficiente para usar de caridade evangélica com o meu próximo, sobretudo o pobre tão bombardeado pelo consumismo! 6 - DEUS, infundi em mim a virtude da paciência e da sabedoria, a fim de que eu possa fazer mais feliz meu esposo! 7 - PAI, dai-me a graça de estar sempre disponível a ouvir e praticar seus ensinamentos, colocando, em primazia, em todas as situações de minha vida, o primeiro mandamento! 8 - Senhor DEUS, que eu seja mais humilde, menos auto-suficiente e saiba reconhecer meus erros!

CO-PARTICIPAÇÃO I - Faltamos ao Retiro anual porque tínhamos casamento do filho do vizinho. Se a gente não fosse, ia ficar feio para nós. 2 - Não estamos aqui para sermos repreendidos como crianças. Sabemos muito bem quais são nossas obrigações. Se acham que somos peso morto, a gente sai da equipe! 3 - Não aguento mais meu marido. Vive dizendo que tenta melhorar e eu não vejo melhora nenhuma. Nem estou conversando com ele. Como posso fazer a oração conjugal? 4 - Lugar de ladrão é na cadeia. Onde estamos, ora? Se a empregada não tinha dinhenro para comprar a boneca para a filha, que não lhe desse. Só porque minha filha tem muitas, não lhe dá o direito de levar boneca de minha casa. ~

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5 - Vocês viram'? Outra vez o padre chegou atrasado. Quem será aquela moça com quem ele estava conversando? Esse não tem jeito mesmo! 6 - Já faz quatro meses que meu trabalho não me deixa tempo para fazer a Oração conjugal e a Escuta da Palavra. Esse emprego ainda me mata! 7 - Meu irmão não me convidou para a festinha de aniversário de minha sobrinha. Vocês são testemunhas de que sempre o convido para tudo. Essa não perdôo mesmo! 8 - Na semana passada fui convidado a falar aos jovens de minha paróquia. Fiquei com receio de não me sair bem e não aceitei. Acho que não tenho dom.

INSTRUÇOES PARA O PASSATEMPO I - Faça um item de cada vez. Não leia tudo que "perde a graça". 2 - Releia apenas a Oração Pessoal e responda, letra por letra. Não tenha pressa ! a) Há quantos agradecimentos? b) Quantas vezes se louvou a DEUS? c) Há quantas orações de pedido, auxílio? 3 - Releia a Co-participação e responda. Algumas cabem em mais de um item. a) Quantas vezes aparece a palavra não? b) Quantas vezes se percebe esforço de crescimento? c) Há quantos julgamentos? d) Quantas justificativas para as falhas? 4 - Releia agora as orações e as co-participações. Correlacione-as de modo que seja evidente a incoerência dos equipistas (fictícios) que as fizeram. Todas têm correspondentes; formando oito pares. Exemplo: Oração Pessoal n. 0 1 e Co-participação n. 0 7. 5 - Você tem o tempo de que necessitar (ou puder gastar) para resolver este passatempo. E não se esqueça: é a "coerência" entre o que se pede na oração e o que se conta na co-participação que está na base do jogo. 6 - Você se enquadra em algum par? 7 - O título do artigo deve levá-lo a refletir sobre o tempo gasto na reunião por nós e pelo sacerdote. 8 - Confira, posteriormente, suas . respostas com as de seus irmãos equipistas. 9 - Bom trabalho! Passe bem seu tempo!

MARIA INBS E LUlS VICENTE Equipe 5 -Limeira - SP 44-


NOTICIAS E INFORMAÇOES

Coral

CEPLAFAM

As ENS do setor Santos/SP for· maram o seu coral, cujo objetivo é tornar mais ricas as celebrações litúr· gicas do Movimento naquela cidade. "Se cantar já é bom, fica melhor quan· do se faz com pessoas Irmãs e aml· gas •. As noites das terças-feiras, quando o coral ensaia, são esperadas, mui· to alegres, participadas, descontraídas e os que já participam ou participaram de outros corais ensinam os que estão aprendendo.

- Recebemos de Martha Silva dhering, da Confederação Nacional de Centros de Planejamento Natural da Família uma carta agradecendo o envio regular da Carta Mensal que lhe faze· mos e colocando o CENPLAFAM à dis· posição das ENS para continuar a colaborar conosco no que desejarmos.

Novas Equipes -

Porto Alegre/RS

- A Equipe 57 /C - Nossa Senhora Aparecida - terminou a sua fase de pilotagem que esteve a cargo de Graça e Roberto e elegeu seu primeiro casal responsável Yolanda e Teixeira . Seu conselheiro espiritual é Frei Ra· mos. -

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Llmelra/SP

O setol', que tem como CR Madalena e João Francisco e como CE o Pe. Alquermes , é constituído de 07 equipes na cidade de Limeira e 02 na cidade de Araras, das quais uma em fase de pilotagem. O setor tem, tam· bém, uma equipe em lracemápolis em tase de pilotagem. Vallnhos-VInhedo/SP

Três novas equipes , sendo duas em VInhedo e uma em Valinhos encontram-se em fase de formação, reunindo, ao todo, 20 casais.

Juiz de Fora/MG:

- O setor A realizou o seu retiro anual entre 14 e 16 de setembro últl· mos, com pregação a cargo de Frei Almil' Ribeiro Guimarães O.F .M ., pároco em Niterói - AJ . -

Santos/SP: - As ENS locais realizaram seu retiro entre 11 e 13 de outubro último, sendo que este retiro foi preparado pelos equlpistas da equipe 20.

Jacarei/SP

- Nossa Senhora do Perpétuo Socorro CE: Joaquim Passos e Silva CP: Janete e Vicente. - Nossa Senhora Rosa Mística CE: Pe. José VIeira Pinto CP : Guilhermlna e Ismael. -

Eventos

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Fortaleza/CE:

- O retiro anual das ENS foi realizado entre 17 e 19 de agosto último com a participação de 52 casais e a pregação de D. José Antero Floriano. - Os equlplstas desta cidade participaram em 9 de setembro de um dia de estudos com leigos, coordenado pelo seu Cardeal Arcebispo, O. Aloísio Loscheider. -

Rio de Janelro/RJ:

- O setor E, Região Aio 111, realizou o seu retiro nos dias 22 e 23 de setembro último ,na casa de encontro e retiro do Vicariato Oeste . -

Llmelra/SP:

- · O setor local das ENS promoveu o seu retiro anual entre os dias 24 e 26 de agosto p.p. na Chácara São Joaquim em Valinhos, com pregação do Pe. José Carlos di Mambro e coordenação das equipes 1 e 7.

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Recife / PE:

Jovens

- Com a presença de 27 casais equipistas, realizou-se no CEGARES (Conventinho da Piedade) em 15 de setembro último, uma manhã de estudos conduzida por Frei Geraldo (CE da eq. 4) , tendo como tema central a Bíblia.

Volta ao Pai - Frei Pio, C.E. das equipes 30 e 32 / A- Rio I em 31 de agosto de 1990. - Vitimados por acidente automobilístico, Ondina e Edson da equipe 01 de Garça / SP, voltaram à casa do Pai : Ele em 06·10-90, na mesma data do acidente, e ela em 10-10-90, após hospitalização. Elementos atuantes na vida paroqu ial , comunitária e de equ i· pe, deixam um exemplo de vida e participação e de comprom isso com o plano de Deus.

Teologia para Leigos Será realizado na cidade de São Paulo, no decorrer do ano de 1991, um Curso de Teologia para Leigos , no Colégio Em ilie de Villeneuve. Maiores informações poderão ser obtidas com Célia, da equipe 14-B, pelo telefone (011) 563-8588.

Conselheiros Espirituais Os equipistas de Curitiba/PR , comunicam jubilosos a Ordenação Diaconal de Adriano Oliveira Monteiro Pinto , CE da equipe 34, ocorrida em 28 de outubro de 1990, tendo sido o ordenante D. Pedro Fedalto.

- Foi realizado o retiro das Equi· pes Jovens de Fortaleza nos dias 24 , 25 e 26 de agosto de 1990, que teve a participação de 49 jovens e foi pregado por D. José Antero Floriano. - Realizou-se no dia 25 de agosto de 1990, na Igrejinha da Piedade em Recife/ PE, um Encontro de adolescen· tes filhos de equipistas e que teve 50 participantes de ambos os sexos e Idades entre 12 e 14 anos. - O responsável do setor Belém das Equipes Jovens de Nossa Senhora, Mauro Rodrigues Araújo, foi a Fortale· za e a Recife faze r a fo rmação de quat ro novas EJNS (2 em cada cidade) e o curso de pilotagem para jovens dest es locais.

. Efeméride Em outubro de 1990, transcorreu o 30.0 aniversário da chegada das ENS a Baurú/ SP. No relato enviado à equipe da Carta Mensal por Olanda e Nadyr (eq. 6) relembram que tudo começou em 1960 quando informado sobre o movimento formado em São Paulo em 1950 e que já havia chegado até a cidade de Jaú, o Pe. Pedro Paulo Koop, vigário da paróquia de Santa Terezi· nha em Baurú, ped iu ao Con. Pedro Branco, introdutor das ENS junto aos casais jauenses, que fosse a Baurú para levar o Movimento. Em poucos anos , as ENS expandiram-se pela região e agora, aos 30 anos, as equipes de Baurú lembram-se da longa caminhada que vem benefi· ciando uma legião de casais, ensinando-lhes atitudes e caminhos e levando-os ao progresso espiritual à sombra do manto sagrado de Nossa Senhora.

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NOT(CIAS BREVES PASTORAL FAMILIAR - A Seção de Pastoral Familiar do CELAM organizou um Seminário sobre "A Família, primeiro núcleo cultural da Nova Evangelização", nos dias 18 a 23 de novembro, em Montevidéu , no Uruguai. Teve como objetivo "produzir um guia que facilite aos Movimentos Familiares levar as famílias da América Latina a renovar-se dentro dos marcos da Cultura e da Nova Evangelização" . Também, estimular os Movimentos Familiares existentes a refletirem sobre o tema Nova Evangelização como fonte de Nova Espiritualidade e a renovarem seu compromisso apostólico com as famílias mais necessitadas . As Equipes de Nossa Senhora estiveram represetnadas e em nosso próximo número transmitiremos um relato deste importante evento aos nossos leitores. CONSELHO DOS LEIGOS - O Conselho Nacional dos Leigos realizou, nos dias 11 a 14 de outubro passado, em Juiz de Fora, MG, a sua 9. 8 Assembléia Geral. Teve, como tema principal, "O laicato e as novas diretrizes de Ação Pastoral da Igreja no Brasil" . Os objetivos foram: elaborar e apresentar propostas do laicato às novas Diretrizes de Ação Pastoral da Igreja no Brasil, partilhar informações a respeito dos encaminhamentos para a IV Assembléia Episcopal Latino-Americana em Santo Domingo, prestação de contas da Comissão Executiva e do Conselho de Representantes . Participaram pelas E.N.S. Cidinha (do lgar) e Beth (do Romolo). ENCONTRO NACIONAL Conforme amplamente noticiado, realizou-se nos dias 16 a 18 de novembro, em ltaici, SP., o Encontro Nacional das E.N.S., reunindo os casais e conselheiros espirituais da Coordenação Nacional, das Regiões, dos Setores e das Coordenações. Foi um momento de grande importãncia para o Movimento. durante o qual foram analisadas as novas linhas de trabalho e de atuação das E.N .S. nos próximos anos. O próximo número da Carta Mensal trará uma ampla cobertura deste Encontro.

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A A VENTURA DE UM DEUS Das tuas mãos tombaram como orvalho · Nossas almas que os corpos iluminam, E um encontro de amor somente humano Logo se abriu em dimensões divinas. Pois não quiseste apenas vislumbrada De longe a tua glória inacessível, Mas derramastes em nós os teus segredos, As ânforas sem fim dos teus mistérios. Não bastaram porém aos teus anseios Palavras proferidas por profetas De lábio impuro e língua vacilante. Baixou do céu teu Verbo onipotente. E começou, então, num seio virgem, A comovida história de um Deus homem ... Dom Marcos Barbosa

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MEDITANDO EM EQUIPE Texto de Meditação: (Lc 2,42-52) "Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana,andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: "Meu filho, porque agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos". Ele respondeu: "Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?" Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera. Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens." Oração Litúrgica: Adoremos o Filho do Deus vivo, que se dignou tornar-se filho de uma família humana, e digamos: R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Cristo, pelo mistério de vossa submissão a Maria e a José, ensinai-nos o respeito e a obediência para com nossos superiores; R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Amastes vossos pais e por eles foste amado; estabelecei todas as famílias na paz e no amor mútuo. R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Estivestes sempre atento aos interesses do Pai: Que Deus seja honrado em todas as famílias. R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Cristo, ao terceiro di·a fostes encontmdo na casa do Pai por vossos pais ansiosos: ensinai-nos a procurar antes de tudo o Reino de Deus; R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Cristo, que associastes Maria e José à vossa glória celeste. admiti os irmãos falecidos na família dos santos: R. Senhor, sois nosso Modelo e Salvador! Oremos. ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém. (Liturgia das horas. Oração da festa da Sagrada Família)


ORAÇÃO DAS EQUIPES AO ESPíRITO SANTO Espírito Santo. Vós sois o alento do Pai e do Filho na plenitude da eternidade. Vós nos fostes enviado por Jesus para nos fazer compreender o que ele nos disse e nos conduzir à verdade completa. Vós sois para nós sôpro de vida, sôpro criador, sôpro santificador. Vós sois quem renova todas as coisas. Vos pedimos humildemente que nos deis vida e que habiteis em cada um de nós, em cada um de nossos lares, e em cada uma de nossas equipes, Para que possamos viver o sacramento do matrimônio como um lugar de amor, um projeto de felicidade, e um caminho para a santidade. Amém .

EQUIPES b E NOSSA SEN HORA 01 050 Rua João Adolfo. 11 8 · '!' · cj. 901 · Tel. 34·8833 São Paulo · SP


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