ENS - Carta Mensal 263 - Abril 1990

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SEGUNDA INSPIRAÇAO -oOo-

MULHER E HOMEM: IMAGEM DE DEUS


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

Foi lançado, durante os EACRES, um documento de suma ·importância para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Sob o título "A MISSÃO DO CASAL CRISTÃO - Surgimento e cami· nhada das Equipes de Nossa Senhora" , eublicada pelas Edições Loyola, surge finalmente a coletânea dos principais documentos que alicerçaram a vida das E.N.S., desde a sua fundação até 1988. Ao acompanhar o nascimento e a caminhéj,da do nosso Movimento, percebemos , mais claramente do que nunca, a inspiração do Espírito Santo. presente na intuição original do Pe . Caffarel e como, ao longo destes últimos 40/50 anos , as E.N.S. souberam valorizar e viver o seu carisma fundador da forma mais adequada a cada instante da história. Um fato fica bem evidente : não se pode pretender viver a Segunda Inspiração - que tem por pressuposto a fidelidade a este carisma fundador - . se não se conhece a história que levou as Equipes ao ponto onde se encontram hoje. Não se pode entender a forma como as Equipes são chamadas a agir sobre a realidade dos anos 90, se não se conhece os pensamentos fundamentais, a intuição, as manifestações do Espírito Santo, que vêm balizando a caminhada percorrida desde 1939. Não basta que cada casal tenha "A MISSÃO DO CASAL CRISTÃO" na sua casa. Para que possamos atender à nossa vocação e cumprir a nossa missão, cada um de nós deve ler e reler este documento essencial. Com fraterna amizade A Equipe da Carta Mensal NOTA: O livro pode ser adquirido no Secretariado das E.N .S. (vide endereço e telefone na última capa desta Carta Mensal).

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EDITORIAL

NADA

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IMPOSSIVEL!

Todos os acontecimentos que vêm se acumulando nesses últimos meses na Europa do Leste se constituem num imenso levante dos povos, numa enorme comoção histórica. No campo da geografia, poderiam ser comparados aos abalos geológicos que deram origem às grandes cadeias de montanhas, como os Alpes, a Cordilheira dos Andes, as Montanhas Rochosas. . . I! uma reviravolta completa surgindo no meio Ele uma monótona paisagem ... Uma coisa inesperada, incrível e, como diriam alguns, milagrosa! Ninguém poderia prever esses acontecimentos, e ninguém, sem dúvida, acreditava neles. E no entanto, aconteceram! Os fatos estão aí. Compreendemos, agora, que nada é impossível. Esta é a verdade que me saltou aos olhos. Uma outra verdade complementar - que não tenho o ensejo de analisar aqui - é que nada resiste à força da opinião, quando ela se mobiliza. Paremos apenas nesta constatação: na história, nada é impossível. Já se viram alianças estranhíssimas (como entre o Rei da França e o Sultão, entre stalinismo e nazismo), e suas espetaculares reviravoltas; já se viram reversões inacreditáveis de situaçõês desesperadas (de Joana d'Arc a Winston Churchill). Acabamos de ver que um Muro de Berlim pode ser destruído numa noite e que povos inteiros podem romper o ·jugo que os oprime em alguns dias. Em verdade, nada é impossível! Que diremos então, se passarmos do plano da história humana moldada por potências terrestres ao plano da graça divina, onde é o Todo Poderoso em pessoa que age? Pois mesmo o que é impossível aos homens é possível para Deus (Mt. 19,26). São Paulo o diz claramente: "Tudo posso naquele que me jaz forte" (Fil. 4,13). Eis aí uma segurança de que precisamos nas Equipes de Nossa Senhora. Precisamos, para sermos fiéis à nossa missão, desse poder da graça de Deus, que nos impele a arquitetar projetos que nos ultrapassam, que nos permite agir para além de nossas próprias forças, de realizar, enfim, o impossível! Vamos tomar três exemplos bem concretos: 1. Nossa vocação para a santidade: "a vontade de Deus é que sejais santos" (I Tes. 4,3). Observe-se que na mesma epístola, este apelo à santidade aparece três vezes em poucas linhas. As Equipes de Nossa

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Senhora se alicerçam na vontade de responder a este apelo. Ora, está bem evidente que se trata de uma empresa acima de nossas forças. Mas, aí está. . . ~ Deus que nos chama e ele não costuma falar à toa! Se esta é a sua vontade, ele se compromete a fazer a parte dele, ele, para quem nada é impossível. E é preciso que sua parte seja decisiva, pois fazer de nós santos é bem mais complicado do que derrubar o Muro! Lembro-me da reação espontânea de uma jovem, num grupo ao qual eu falava desta vocação para a santidade: "~ como pedir-nos que escalemos o Monte Everest!" Isto foi há muitos anos atrás, e, curiosamente, ela pereceu durante uma escalada no Himalaia. . . Creio que era a santidade que ela procurava. 2 , Existem às vezes, nas famílias, ou mesmo no seio das Equipes, situações de "bloqueio" . Pode haver provações difíceis de aceitar, tensões entre os esposos ou com os filhos. Não vemos saída, perdemos a coragem e a confiança. Estes são os momentos de pensar na graça do sacramento. Ela não foi dada simplesmente no dia do casamento como um precário presente de núpcias. B a presença permanente do Senhor no seio do seu casal, a força de vida que multiplica as suas próprias forças. Será que vocês pensam suficientemente em apelar para ela, como para uma energia que está em ação todos os dias? Será que vocês estão conscientes deste poder divino que dorme em vocês? Para o Senhor, não existem situações de "bloqueiof'! Não receiem apelar para a sua onipotência, lembrando-lhe que ele também está comprometido com o "sim" sacramental de vocês. 3. Enfim, há este grande projeto que está sendo preparado pela ERI e do qual logo se falará, um projeto digno da vocação das Equipes na Igreja e no mundo. Não digo mais nada, por ora . . . Paciência! Cheguei a me perguntar se não estávamos caindo na utopia. Mas lembrei-me de que para Deus, não há utopia. O que assim chamamos, na nossa visão curta, é simplesmente algo que ainda não aconteceu .. . Nada é impossível! Principalmente para Deus. E para nós com Deus! Fr. Bernard Olivier, o.p.

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CARTA DA EQUIPE RESPONSAVEL INTERNACIONAL

Caros Amigos do mundo inteiro, Em dezembro de 1988, durante um agradável almoço com JeanJacques e Françoise Crépy, ouvimos deles esta proposta:

"PensamQs em vocês para fazerem parte da Equipe Responsável lnternacionai. Tomem o tempo que precisarem para dar resposta . .. " Devemos confessar que o chamado nos deixou atônitos e que levamos um certo t!!mpo para amadurecer a nossa resposta. Após ouvir o Senhor em nossas meditações e invocar o seu Espírito (o retiro anual veio a calhar!), após tomar o tempo para nos 'Sentarmos' a dois e com a família, respondemos SIM, animados pela nossa equipe e de pleno acordo com os nossos filhos . Desde o mês de junho de 1989, e por seis anos, somos portanto membros da ERI . Chegou o momento de nos apresentarmos .. . Celebramos este ano os vinte anos de nosso casamento e temos quatro filhos , 3 meninas e um rapaz, entre 18 e 11 anos, que vemos crescer com serenidade e que .são nossa alegria e nosso orgulho. Benoit é engenheiro num laboratóriô'·de aplicações petroquímicas; seu trabalho o leva a deslocamentos curtos fuas bastante freqüentes para diversos países, sobretudo europeus. Marie-Odile, após ensinar Letras durante algum tempo, consagrou-se às tarefas de mãe; em 1983, engajou-se no serviço público municipal e, de dois anos para cá, é Adjunta do Prefeito, encarregada da ação social, na cidade (de 20.000 habitantes) onde moramos, na região de -·Rouen (França). · Foi em 1972 que entramos numa Equipe de Nossa Senhora que nasCia, juntamente com quatro casais de nossa idade, dos quais dois, assim como o· conselheiro espiritual, continuam conosco, sendo que outros dois casais se juntaram a nós pouco depois. Falta muito para que nossa equipe atinja a perfeição, mas devemos creditá-la com duas qualidades essenciais: sua fé no Movimento e sua constante preocupação em evitar a rotina e em encontrar os meios capazes de levar cada um de nós a progredir_ . . Acrescentem a isto uma sólida amizade, e vocês compreenderão o lugar que ela ocupa no nosso coração! . . .

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Nossa caminhada nas ENS foi pontuada por diversos serviços : equipe de informação, pilotagem, equipe de setor e depois responsáveis de setor, coordenação de sessões de formação, casal de ligação ... Ao longo desses anos, se por um lado damos um pouco de nós, temos sobretudo a certeza:,de termos recebido muito: aprofundamos ' a nossa fé e sentimos a necesSidade desta respiração vital que são a oração e a meditação; alimentamo-nos da Palavra· e da Eucaristia e amadurecemos nosso sacramento do matrimônto; reforçamos a nossa adesão aos objetivos e aos meios propostos pelo Movimento. ·, Assim, nossa vida foi se enraizando, aos poucos, nesta afirmação de São Paulo: "Não que eu tenha atingido o objetivo, nem que já me tenha tornado perfeito; mas continuo a correr procurando apanhar ao Cristo Jesus, tendo sido eu mesmo apanhado por ele . . : Sigo direto em frente, e com todo o meu ser tenso, corro para o objetivo . .. " (Flp. 3, 12-13). E como sabemos, o objetivo de todos nós é a santidade. Tivemos também a alegria de participar de uma Sessão Internacional e dos dois últimos Encontros, o de Roma, em 1982 e o de Lourdes, em 1988: foram uma revelação para nós! ... A Igreja universal, entidade abstrata até então, tomou corpo aos nossos olhos. Vimo-la em marcha, rica em suas diferenças e forte em sua unidade, e amamo-la . .. Chamados a prosseguir a nossa caminhada no seio da ERI, entre outras perguntas, fizemo-nos estas: "O que é, ao certo, a ERI? Qual é o seu papel? Qual é o seu funcionamento?" Se vocês permitirem, gostaríamos de partilhar com vocês o que descobrimos! . .. A ERI é constituída atualmente de seis casais e um conselheiro espiritual, provenientes de seis países diferentes (Espanha, Bélgica, Suíça, Portugal, Brasil, França). Nenhum dos casais está em tempo integral, e cada um conserva, portanto, as suas atividades profissionais e as suas atividades locais, inclusive, naturalmente, a sua equipe de base. A ERI se reúne 3 ou 4 vezes por ano, em fins de semana prolongados, de três dias, durante os quais, como em toda equipe, há tempos consagrados à Oração, à Partilha, à Coparticipação . .. Suas principais missões, que estamos descobrindo progressivamente, são: - Assegurar a ligação com as diversas Super-Regiões e as Regiões ou equipes isoladas. - Zelar pela unidade do Movimento na diversidade das situações e das culturas locais e na fidelidade às intuições fundadoras. - Aprofundar a reflexão sobre o Sacramento do Matrimônio e sobre a Espiritualidade Conjugal, missão específica das Equipes de Nossa Senhora no serviço da Igreja .

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- Trabalhar para a renovação pedagógica da caminhada das ENS, na perspectiva da Segunda Inspiração. Três palavras-chaves, que nos enausiasmaram desde as primeiras reuniões, sustentam a dinâmica da ERI: Colegialidade . . . concretizada por uma reunião anual de quatro dias com os casais responsáveis das Super-Regiões e das Regiões isoladas; Criatividade. . . para fazer "nascer de novo" o carisma do Movimento e "fazê-lo crescer sob o impulso de sua própria força interior". Discernimento. . . através da escuta do Espírito, para descobrir a vontade de Deus sobre o Movimento e abrir os caminhos para a evangelização da Sexualidade. Essas missões implicam na autonomia de funcionamento da ERI, sendo sua sustentação financeira - é bom que se fale nela - assegurada por uma cota-parte de contribuição das Super-Regiões e das Regiões isoladas. Portanto, uma fração da contribuição mensal' de cada casal está sendo utilizada para o desenvolvimento do Movimento e para a difusão da Espiritualidade Conjugal a nível internacional (auxílio na criação de novas equipes, envio de documentos, necessidade de traduções múltiplas para adaptação às línguas de cada local, etc.). ~ uma forma de partilha, que deve estar presente em nosso espírito, quando damos a nossa contribuição! Eis a tarefa apaixonante à qual estamos doravante associados. Apesar da consciência que temos de nossas carências, estamos decididos a dedicar a essa tarefa todo o nosso coração e todas as nossas energias, pois os versículos do Apocalipse ressoam em n6s: "Não és nem frio rzem quente, - oxalá fosses um ou outro! assim, já que és morno, e nem frio nem quente, te vomitarei de minha boca ... Vamos! tenha um pouco de ardor . .. " (3,15-16,19). Contamos com o sustento das orações de vocês, para que o Espírito nos guie por este novo caminho, e que ponha em nossos corações o seu Fogo, para o bem das Equipes e dos casais. Com toda a nossa amizade, Benoit e Marie-Odile Touzard. Mont Saint-Aignan, França

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A EC/R CONVERSA COM VOCES

TRABALHO Á FRENTE Hoje é Carnaval, cerca de sessenta dias antes de você ler esta carta. Gostaríamos de estar dialogando com você, mas é difícil realizar um diálogo em que alguém fala com dois meses de antecedência. Hoje, nos jornais, lê-se que Dom Luciano ainda corre perigo de vida em conseqüência do acidente de sexta-feira última. Além do Pe. Mosena, que morreu no mesmo acidente, dezenas de brasileiros morreram nas estradas neste fim de semana, confirmando a triste realidade de que o trânsito no Brasil causa mais mortes que as guerras no Oriente-Médio. O jornal diz também que Collor, que assumirá a presidência daqui a vinte dias, nega a intenção de fazer o congelamento de preços e salários. Começando na semana passada e continuando nas próximas, em todas as Regiões estão sendo realizados os EACREs. Há alguns dias, o mundo todo rejubilou-se com a queda do Muro de Berlim. Cardeal Ratzinger virá ao Brasil, participar de um encontro promovido por Dom Eugênio Sales, para preparar a participação de um grupo de bispos e teólogos na assembléia do GELAM, em São Domingos, em 1991. Será que quando você estiver lendo esta carta, Gorbachev ainda estará liderando a abertura do bloco socialista? Os eventos históricos em nossa época sucedem-se com grande velocidade e intensidade. Saímos da velocidade da eletrola e do trem a vapor e vivemos na velocidade do jato-propulsão. Mas também podemos ver todos os dias, mostradas em "câmara lenta", as epidemias da violência, da aids, da droga, da corrupção, do descasamento, sementes de famílias destroçadas, pessoas carentes, sociedade desequilibrada. Nesta história, cada um de nós participa. Sendo cristão, ou participa como Igreja, procurando exercer a missão específica das ENS, ou participa como peso omisso. É de nosso carisma estarmos sempre buscando penetrar o mistério do homem e da mulher, a estrutura profunda do casal como novo ser, aquilo que faz parte de sua essência , ultrapas-

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sando os fatos culturais, para poder refazer em cada momento da história a imagem do casal, imagem viável e eficaz, de casal que realiza sua função de núcleo gerador de uma família verdadeira e feliz . Na linha de efetivação deste carisma , no EACRE deste ano, estamos trabalhando sobre a temática da "unidade do casal". ~ o início de um trabalho que neste ano de 1990 deve receber de todas as equipes uma atenção especial. Vamos procurar vivenciar o nosso casamento de tal maneira que estejamos realmente criando a unidade, e que desta forma possam os homens voltar a acreditar no amor e na vida que consubstanciam esta unidade. Mas é preciso que se faça isso de uma maneira concreta , respondendo aos desafios que a fidelidade, a sexualidade , o sacramento do matrimônio têm a vencer hoje. Propõe-se, assim , que a questão seja abordada a partir de alguns pontos obejtivos : o aspecto psicológico , o aspecto espiritual. o aspecto familiar , o aspecto da sexualidade , o aspecto da vida no mundo. Tenhamos sempre bem claro em nossas pesquisas , expenencias e esforços, que os fazemos procurando discernir a vontade de Deus para este século, e que ela se inscreve no coração de cada pessoa . Partilhemos, pois, com nossa comunidade, a própria equipe, as equipes do setor, as equipes do Brasil, que estão todas na mesma empreitada . Agora, quando você está lendo esta carta , o Brasil está diferente daquele descrito nos jornais ao f inal de fevereiro , mas , podemos apostar, nosso povo ainda tem necessidade de seu trabalho, sua atuação, para que o sacramento do matrimônio seja fator de felicidade, realização e santidade de casais e famílias de sua cidade . Beth e Romolo

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PADRE OLIVIER: VIU . E FALOU

Uma longa jornada de três semanas, após o Encontro Nacional em ltaici , percorrendo nove cidades (Porto Alegre , Florianópolis , Curiti ba , São Paulo, São Carlos , Brasília, Recife , Juiz de Fora e Rio de Janeiro) permitiu ao Padre Olivier, Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacional , observar alguns aspectos importantes da vida das Equipes. Queremos partil har com vocês essas impressões, porque· elas apontam acertos e falhas , dificuldades e características que nem sempre percebemos por estarmos por demais envolvidos. Mas queremos principalmente partilhar com vocês o carinho de quem ama prof undamente as Equipes de Nossa Senhora e por rsso se preocupa com sua realidade aqui neste nosso país. Em meio ao caloroso acolhimento que recebeu em todos os lugares, Padre Olivier pode observar: 1 . As nossas distâncias geQ.gráficas. Nesse sentido, alertounos para a importância do contato pessoal dentro da pedagogia das E.N.S., conclamando-nos a criarmos situações propícias como os Encontros de Férias com os filhos e destacou a importância dos casais de ligação e de setor, elos de circulação do entusiasmo , f ios condutores da energia. 2. A situação da Igreja que vive tantas tensões em torno da ·Teologia da Libertação" como também devido às medidas tomadas por Roma em relação a alguns bispos e instituições. Aconselhou-nos a estarmos sempre informados; buscando fontes variadas e praticando o discernimento em nossas reuniões para que evitemos tomadas de posição cegas ou radi·cais. Que nos deixemos guiar pelo senso de equilíbrio e pelo amor à Igreja. 3. São as equipes "burguesas"? Esta questão pairou em seu espírito o tempo todo! Encontrou diferentes rea lidades: de um lado, equipes de periferia em Londrina e no Rio e de outro lado conselheiros afirmándo que em muitos lugares, as equipes continuam ·burguesas". Padre Olivier coloca a questão em dois níveis: a) Que nos preocupemos em formar equipes não somente na cl asse média alta mas que fomentemos equipes populares, rejeitando a idéia de que há fórmulas mais adaptadas às classes po-

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pulares. "1: preciso fazer um esforço para iniciar no Movimento casais menos instruídos". b) Que nos preocupemos com a mentalidade, o " espírito bu rguês" que pode existir entre nós . Espírito que consiste em considerar e tratar os pequenos e os pobres com condescêndia e um certo desprezo, omitindo-se na luta pela justiça. E nos alerta : "1: preciso abrir os olhos : a gente não costuma se ver como realmente é . . . " 4 . Frente à constatação do grave problema sócio-político do Brasil, onde uma minoria de ricos f ica cada vez mais rica e a maioria da população apenas sobrevive , Padre Olivier nos convoca para trabalharmos para mudar a sociedade, pois esta situação de injustiça não está conforme ao plano de Deus. Que nos engajemos individualmente ou como casal nessa transformação. "Há nas Equipes grandes proprietários? Acredito que há. Mu itos podem ser honestos e procurar viver como verdadeiros cristãos . Mas se entre eles existem alguns que são opressores, esses não podem ter lugar nas E.N.S." 5 . Experiências comunitárias (ou pré-equipes , como são às vezes chamadas) estão realmente funcionando? Ele considera a proposta muito boa, mas diz que pouco ouviu sobre elas. 6 . F.inalmente, Padre Olivier mostrou-se entus iasmado com a adesão dos equipistas ao trabalho a ser feito por todas as equipes sobre a sexua lidade. Há portanto muitas coisas a pensar e analisar. O que você pensa de tudo isso ? Manifeste-se . A Equipe de Coordenação Inter-Regional

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CAMINHANDO COM A IGREJA

O SENTIDO CRISTÃO DO SOFRIMENTO HUMANO No dia 11 de fevereiro de 1984 o Papa João Paulo Il publicava uma Carta Apo~tólica sobre o problema do mal e do sofrimento humano. Por ocasião da Semana Santa passamos a apresentá-la.

I . Introdução

O sofrimento humano é onipresente. Parece ser algo essencial à natureza humana, inseparável da existência terrena do homem. A própria Redenção realizou-se mediante a Cruz de Cristo, A Igreja, nascida dela, não pode ignorar o sofrimento humano. 11 . O mundo do sofrimento humano

O ser humano é atingido pelo sofrimento em sua dupla dimensão, corporal e espiritual. Ele sofre desde que experimenta um mal qualquer: daí dor, tristeza, desilusão, abatimento e até desespero. Mas, o que é o mal? Uma ausência, uma limitação, uma distorção. III. Em busca da resposta à pergunta sobre o sentido do sofrimento

A dramaticidade de tantos sofrimentos sem culpa e de tantas culpas sem pena adequada constituem para muitos um profundo escândalo que podem os levar até a negação de Deus. O livro de Jó dá uma primeira resposta: o sofrimento tem caráter de prova em pról da conversão de uma pessoa que então encontra Deus através da constatação de sua própria impotência. IV. Jesus Cristo: o sofrimento vencido pelo amor

A salvação significa libertação do mal: por isso mesmo está em relação íntima com o problema do sofrimento. Os sofrimentos de Jesus Cristo proporcionam uma dimensão completamente nova ao nosso tema, pois a sua missão foi de vencer o pecado e a morte: o homem morre de verdade quando perde a vida eterna. Em Jesus Cristo, o homem passou a ter durante sua vida terrena a esperança da vida e da santidade eternas. Essa "salvação" lhe é oferecida pela Cruz de Cristo. O seu sofrimento tem dimensões divinas ao mesmo tempo que humanas; é portanto capaz de abarcar toda a dimensão do mal contida no pecado do homem. ~ essa a linguagem própria da Cruz, que associa o amor ao sofrimento humano. V . Participantes dos sofrimentos de Cristo

Com a paixão do Cristo todo sofrimento humano veio encontrar-se -

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numa nova situação. Não somente na Cruz de Cristo se realizou a Redenção através do sofrimento, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido: todos os homens, com os seus sofrimentos, podem se tornar participantes do sofrimento redentor do Cristo. A eloqüência da Cruz e da morte é completada no entanto com a eloqüência da Ressurreição: quem sofre encontra assim no seu sofrimento, pela fé , uma nova dimensão: a da redenção dos homens, de sua ressurreição e de sua glória. O sofrimento é uma provação, mas é também uma força: a do próprio Cristo. E neste sentido que São Paulo escreve que quem sofre em união com Cristo completa no seu sofrimento aquilo que falta ao sofrimento do Cristo. VI. O Evan ho do sofrimento Maria, mãe de Jesus, com toda a sua vida, desde o nascimento até a morte de seu Filho, dá um testemunho exemplar deste Evangelho do sofrimento. Testemunha da Paixão, ela participa pela compaixão universal, em relação a todos os homens. Cristo não escondia a seus discípulos a necessidade do sofrimento, mas ao mesmo tempo lhes prometia forças sobrenaturais para assumí-los com coragem e fortaleza, confiantes na força vitoriosa do sofrimento de quem sofre com o Cristo. No sofrimento esconde-se uma graça particular q ue aproxima interiormente o homem de Cristo, e lhe permite de avaliar toda a sua vida e a própria vocação. Essa maturidade interior e grandeza espiritual no sofrimento são frutos da conversão, da cooperação com a graça que nos é comunicada pelo Redentor crucificado. A medida que o homem toma a sua cruz, unindo-se espiritualmente à Cruz do Cristo, vai-se-lhe manifestando na alegrii 'o sentido salvífico do sofrimento. VII . O bom samaritano O bom s'llmaritanb é todo homem que se detém diante do sofrimento de m:n outro homem, e que lhe presta ajuda. Ess~ ajuda pode ser \ realizada através de um dom desinteressado do prõprio eu, ou de organizações adequadas. O escopo final é de transformar a civilização humana na "civilização do amor". VIII . Conclusão Tal é o sentido do sofrimento: sobrenatural, e ao mesmo tempo humano. Nele está enraizado o mistério da Redenção. Com Maria que estava de pé junto à Cruz, o cristão deve se deter junto a todas as cruzes do homem de hoje. E o Papa conclui pedindo a todos os que sofrem que o ajudem, tornando-se dessa maneira uma fonte de força e coragem para a Igreja e para a humánidade. Fr. J. P. Barruel de Lagenest O .P .

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JOSÉ, O JUSTO

Compreendemos admirados que Maria guardasse silenciosamente o segredo da sua concepção virginal. Mas, por que não o contou a José? O fato de ter concebido do Espírito Santo e suas conseqüências interessavam diretamente a José. A partir dos esponsais, José era seu " senhor". Juridicamente, Maria pertencia a José. Por que não lhe contou? J: estranho. Os fatos foram os seguintes: um belo dia chegou aos ouvidos de José, não sabemos comó, a notícia talvez suspeita de que Maria estava grávida. José, não querendo armar um escândalo público contra Maria, decidiu enviar-lhe secretamente a· ata do divórcio. Quando começou a percorrer os trâmites para esse expediente (Mt 1, 18-25), Deus descerrou o véu do mistério. No fundo desses acontecimentos, vislumbram-se alguns aspectos que enobrecem Maria, e também José. Para ponderar a reação de José e seu comportamento nessa cena, temos que lembrar certos elementos da psicologia comum . Diante da opinião pública, uma das maiores humilhações para um esposo, na vida social, é o fato ou o boato de que a esposa é infiel. Nessa circunstância, a reação normal do homem costuma ser sempre violenta. Brilham pistolas e facas . Dizem que é o jeito de limpar a honra. Se foi sempre assim, podemos imaginar como seria em uma sociedade patriarcal, em que vivia José. Basta abrir o Levítico. Sabemos o que esperava as adúlteras: divórcio automático, grande escândalo e uma chuva de pedras. Por que José não reagiu·assim? Vislumbramos deduções muito interessantes. No contexto de Mateus, capítulo primeiro, vemos José perplexo, sem querer acreditar no que estavam dizendo e ele estava vendo. Isso nos permite deduzir a seguinte situação. Penso que se refletia no semblante de Maria o fato de ser imaculada cheia de graça, principalmente em suas reações e em seu comportamento geral. Maria devia ter, desde pequena, um não sei que todo especial. Aquela jovem evocaria alguma coisa divina, envolvendo sua figura e sua personalidade em uma aura misteriosa, ao menos para um observador sensível. A partir da reação de José, podemos continuar pressupondo que, antes dos acontecimentos que .estamos analisando, ele deve -13-


ter sentido por .Maria alguma coisa como admiração, talvez veneração. Mateus apresenta José como " justo", isto é, sensível para as coisas de Deus. Com essa sensibilidade , José deve ter visto em Maria algo mais do que uma moça atraente; deve ter apreciado nela alguma coisa especial e diferente, um mistério. Assim entendemos a reação de José. Parece que não pôde acreditar. Confrontou a notícia com a idéia que tinha a respeito dela, ficou perplexo e deve ter pensado: não pode ser. Era impossível que aquela criatura angelical , que ele conhecia perfeitamente , tivesse dado esse passo. Por outro lado , as evidências estavam à vista. Que seria? Que devia fazer? . Devia ser tão grande sua estima por Maria que decidiu, o que quer que tivesse acontecido, a não dar rédea solta à violência típica do homem enganado, mas a sofrer em silêncio toda aquela situação, eventualmente ausentando-se de Nazaré, contanto que Maria não fosse maltratada pela opinião pública . Tudo isso mostra como devia ser grande a veneração de José por Maria, e quão "venerável" dev1a ser Márla, desde pequena. Ao mesmo tempo, essa reação nos dá um retrato integral de José: sensível para as coisas de Deus , mais preocupado com os outros do que consigo mesmo, capaz de compreender e de perdoar, capaz de controlar-se para não se deixar levar a umà decisão precipitada , capaz de esperar e de sofrer em vez de fazer sofrer, capaz de amar oblativamente . SIGILO REVERENTE Apesar do que foi dito, permanece em pé a pergunta: Por que Maria não comunicou a José uma notícia que lhe dizia respeito diretamente? Maria tinha que entender obviamente que, mais cedo ou mais tarde, José . ficaria sabendo e que, quanto mais t arde , pior para para ela. Por que se calou? Teria pensado que José não seria capaz de compreender tão alto mistério - na realidade , ninguém seria capaz - e era melhor ficar em silêncio? Teria calculado que José não acreditaria na explicação objetiva do fato? O fato era tão inaudito que qualquer pessoa ia pensar numa desculpa infantil. Seria isso? Um silêncio calculado? Não foi tática. Quanto posso intu ir, tratou-se de um sigilo reverente diante da presença do enorme Mistério. Está aqui a explicação definitiva do desconcertante silêncio. Maria ficou abismada e profundamente comovida pelo Mistério da Encarnação. Como sabemos, ela era uma jovem inteligente e ponderada. Mediu exatamente a importância, a transcedência do duplo prodi-

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gio: Mãe de Deus e maternidade virginal. Ela, que era tão humilde e se tinha como " pouca coisa" (Lc 1,48). sentiu-se fortemente sensibilizada, entre emocionada, agradecida e confundida, considerando-se indigna de tudo aquilo, e tomou consciência de que a melhor homenagem, a melhor maneira de agradecer e de ser Fiel a tanta Gratuidade era reverenciar todo aquele mistério com um silêncio total. Tudo aquilo era tão único e sagrado, que lhe pareceu uma profanação comunicá-lo a um ser humano, mesmo tratando-se de José. Assim, para não revelar o Segredo mais sagrado da história e para ser Fiel a Deus com seu silêncio, Maria estava disposta a sofrer qualquer conseqüência: a maledicência popular, a ata do divórcio, pedras, chamas, marginalização social e solidão humana. Qualquer coisa. Tudo que era de Deus era tão grande, e o humano tão pequeno ... Deus era de tal maneira Prêmio-Herança-Presente-Riqueza! E ela tinha sido tratada com tanta predileção, que todo o resto não valia nada. E a Mãe ficou em silência, despreocupada, tranqüila. Deus é grande. E o Senhor, emocionado pela fidelidade silenciosa de sua filha, veio em seu auxílio. Com uma intervenção fora de série, Deus a havia posto num beco sem saída. O único que poderia tirá-la daquele atoleiro era o próprio Deus, com outra intervenção extraordinária. E assim o fez. Uma revelação interior, inequivocamente sentida, falou a José: José, deixa de lado esses temores. Maria não é qualquer mulher da rua. É a Escolhida entre as mulheres de todos os tempos. O Senhor pôs seus olhos sobre ela, e a achou encantadora. Maria não cometeu nenhum erro. O que foi gerado nela é atuação direta e excepcional do Espírito Santo. José, leva-a tranquilamente para tua casa, e guarda-a como santuário vivo de Deus (Mt 1,20-24). Deve ter sido infinita a delicadeza com que José se aproximou de Maria a partir desse momento. Se, pelo contexto do capítulo primeiro de Mateus, vislumbramos que José tinha suspeitado algo diferente. em Maria, a revelação deve ter confirmado seus pensamentos. A partir daí, deve ter sido total o respeito de José para com Maria. Um homem sensível para as coisas de Deus como José deve ter tratado Maria com uma atitude, feita de reverência, carinho e admiração. Em um homem "tocado" por Deus foram transcendidos e sublimados os laços afetivos meramente humanos. e -

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Maria foi para José, desde então ; mais do que uma moça atraente um reverente santuário de Deus vivo , uma mulher quase adorável. Conforme a opinião de muitos - pessoalmente, parece-me uma explicação muito aceitável - Maria e José devem ter desde então resolvido viver uma vida virginal no estado matrimonial. Os dois haveriam de cuidar e de proteger Jesus, fruto direto de Deus, germinado nas entranhas solitárias da santa Mãe Deus tinhà escolhido aquela casa e aquele trinômio como morada especialíssima, mais santa que a arca da Antiga Aliança. Valia a pena superar as leis da carne e viver em estado de adoração. (Extraído do livro ·o Silência de Maria " de lnaclo Larranaga)

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UMA VIDA QUE É NOVA

Um fato extraordinário, divino, explode na história da humanidade. Cristo ressuscita! Este princípio de fé, legado pelo testemunho dos apóstolos, desde a morte de Jesus tem dado a milhares e milhares de homens a possibilidade de viverem uma vida nova. Mas a vida velha, o que seria? O nosso catecismo diz para vermos na vida do homem velho todas as influências e marcas de maldade e de pecado. Assim sendo, o homem velho é primeiro o prisioneiro de si mesmo. E aquele que, para não ver os outros, cerra de tal maneira os seus olhos que nada vê e nessa persistência chega a negar a luz; perde, assim, a alegria e a felicidade de ver as formas e as cores. E também aquele outro que, com a preocupação de economizar a energia de seu coração, pulsa tão lentamente que não pode ser chamado de ser vivente; querendo salvaguardar a sua vida, perde-a. O homem velho vive na ilusão de poder realizar o seu destino, recorrendo unicamente a seus recursos. E a vida nova, o que é? O tempo da quaresma deixou-nos como primeiro impulso para a vida nova o "convertei-vos, e crede no Evangelho". Neste caso, converter-se e crer têm uma relação muito íntima, pois o Evangelho (a boa-nova) é o anúncio da salvação. Concretamente é ter-se encontrado um apoio divino para a vida humana. Quem recuperou a visão, ou a audição, ou ficou curado da lepra ou mesmo foi perdoado dos pecados, sentiu em seu ser a força poderosa de Deus, através de Jesus Cristo, que lhe injetava uma vida nova. Da aliança entre a fé do beneficiado e a graça de Deus nasce a vida nova. Não é difícil imaginar qual tem sido a sensação de alma (e corpo) que sentiram, logo após o encontro com Jesus Cristo, os cegos, os coxos, os mudos, os surdos, os leprosos, a mulher adúltera, os paralíticos, os endemoniados, etc. Podemos dizer que foi uma sensação de vida nova. E esta vida nova que a Páscoa nos recorda e celebra. Não se pode desprezar um acontecimento tão significativo, sobretudo por ser tão real para os que têm fé. Se o medo nos impede de crescer porque esbarramos contra nossa própria pequenez e em nossas angústias, a palavra de Critso nos anima: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem: eu venci o mundo!" (Jo; 16,33).

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A Páscoa para os batizados é por excelência o acontecimento da vitória d-ª vida sobre a morte; é a passagem para uma vida em liberdade. As pessoas que lutam por esta vida nova o fazem porque em seus corações ecoam continuadamente as palavras de autoridade e de apoio de Jesus: "Estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt. 28;20). Por sua vez, esta vida nova se cristaliza na verdade, na justiça e no amor. Percorrendo o Evangelho, vemos que a presença de Jesus Cristo entre os homens, iluminando a cidade dos homens, é um demonstrativo suficientemente rico do que é a vida nova. A' razão de sua vinda ele mesmo a dá: "Eu vim para que tenham a .vida e a tenham em abundância". (Da revista Ave Maria)

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PASTORAL DO MATRIMONIO

A "FESTA" SOMENTE NO CASAMENTO CIVIL? Estas linhas são a expressão de uma indagação. De uma indagação bastante angustiante. E só olhar em volta de nós para constatar o fracasso de tantos e tantos matrimônios: talvez a metade nas grandes cidades, um pouco mais, ou um pouco menos, em outros ambientes. Estou falando somente dos matrimônios, isto é, das uniões conjugais sacramentadas. Em muitas igrejas paroquiais a metade dos "matrimônios" que aí são celebrados são o primtiro passo rumo ao divórcio. A realidade é essa. De onde vem essa lastimável situação? Claro que as razões são muitas: psicológicas, sociais, culturais, econômicas, religiosas, etc .. . . Numa sociedade transtornada como a nossa, seria ingenuidade imaginar que o casamento e a família podem permanecer impavidamente estáveis. Os jovens têm dificuldade para acreditar na estabilidade do amor tanto dado como receb'ido. O divórcio aparece como uma solução culturalmente aceita na quase totalidade dos países ocidentais. As dificuldades de simples sobrevivência material não deixam de acirrar os pequenos problemas que inevitalmente aparecem. Mas então, por que será que esses jovens, que agora requerem com tanta facilidade o divórcio civil, assumiram na Igreja um compromisso indissolúvel? Estamos aqui no cerne mesmo do problema "religioso" que nos preocupa aqui e agora. Leviandade? Negação do valor religioso do matrimônio? Ignorância do que é um sacramento, necessariamente manifestação sensível da fé religiosa? Fragilidade diante de uma pressão familiar ou social em favor do "casamento religioso"? Tudo isso certamente e muitas outras coisas ainda. Diante dessa situação, que não é de hoje, mas que em nossos dias tomou um vulto particularmente trágico, a Igreja tentou reagir: - por uma exigência maior em relação aos "papéis" requeridos para o matrimônio. Não adiantou muito. - pela organização e obrigatoriedade dos chamados· "cursos para noivos". Sem negar a imensa generosidade com a qual foram realizados, temos de constatar o seu fracasso. Será que temos de cruzar os braços, olhando como está para ver 19-


como fica? Não. Penso eu que haveria uma medida simples a tomar, respeitando o direito de todos os batizados a receber o sacramento do matrimônio. E a seguinte: E conhecido que o casamento na Igreja é procurado muito freqüentemente por causa de seu aparato: luzes, desfile de modas, música, coro, flores em abundância, entrada solene da noiva, etc. . . . Onde fica a manifestação da fé em tudo isso? Em lugar nenhum! Se perguntar a muitos noivos se acreditam em Jesus Cristo, Filho de Deus, único Salvador, mais da metade responderá que Jesus foi um grande filósofo, um sábio, um espírito muito purificado, mais ou menos como Buda, Maomé, Gandhi, Martin Luther King, etc. . . . Mas a afirmação de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o único Salvador? Claro que não. O "casamento na Igreja" tornou-se um mero teatro. Como então testar a fé dos noivos, sem a ~al o sacramento é evidentemente nulo? Simplesmente exigir um casamento "religioso", que seja "religioso", e somente isso. Nem luzes, nem desfile de modas, nem música, nem coro, nem flores, nem entrada solene da noiva, mas somente o sacramento. E nada mais. Não obstante, é normal que haja uma festa . Então haverá uma festa, até uma festa de arromba, mas lá onde é realizado o casamento civil, com discursos, vestidos luxuosos, músicas e danças, até lambada se quiser. Uma aposta: nossas igrejas paroquiais vão perder a metade de sua freguesia casamenteira. E essa metade que em breve rumaria para o divórcio. Seria interessante conhecer as opiniões e as sugestões de vocês a respeito: noivos, casais, sacerdotes . . . Obrigado /.P .B.L .

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ASSIM COMO Nó S PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO . ..

"O verdadeiro perdão é incondicional" François Varillon Perdão: essa palavra pouco usada hoje é, a nosso ver, indispensável para se viver em harmonia tanto na família como na sociedade. Deixamos-lhes aqui algumas reflexões e anotações tiradas das nossas leituras. Quantas vezes recitamos o Pai-Nosso! Quantas vezes aceitamos perdoar? No fundo de nós mesmos, e no nosso cotidiano, sabemos nós perdoar verdadeiramente? Esse "assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" exprime uma atitude fundamental daquilo que deveria ser a nossa vida cristã. São palavras de Jean Vanier: "Perdoar é estar sempre aberto, desarmado, compreensivo e paciente em relação àqueles que nos agridem." Todos nós temos consciência de que nenhuma atividade comunitária é possível sem o perdão recíproco. Comprovamos isso em relação a nossos pais, nossos filhos, nosso cônjuge e nosso próximo. Mas é preciso constatar que essa atitude tão difí-cil para alguns é traiçoeiramente combatida pelas imagens que justificam a vingança em nossas televisões, ou no cinema. Como reagimos diante do anti-perdão? ~ certo que estamos prontos a perdoar desde que "o outro se humilhe e reconheça o seu erro" - o que raramente acontece. O nosso perdão humano é frequentemente humilhante e humanamente desagradável. Saber perdoar é tranquilizar, consolar, encorajar, pois o perdão significa que levamos a sério a Redenção. Algumas passagens significativas no Evangelho nos mostrem como devemos perdoar. Conhecemos bem a narração sobre a mulher pega em flagrante delito de adultério e levada à presença de Jesus: Jo 8, 1-11. Segundo a lei de Moisés, ela deveria ser apedrejada. Notemos que essa passagem nem sequer menciona o homem que com ela cometera adultério. A palavra de Jesus é bem clara: "Aquele de vós que estiver sem pecado lance-lhe por primeiro uma pedra . . . Nem eu te condenarei; vai e c!ora· vante não tornes a pecar." Ele Jhe devolveu a confiança em si própria. Jesus perdoa também ó rico Zaqueu: Lc 19, 1-10. Provou confiar nele indo hospedar-se em sua casa. Vejamos também a parábola do filho pródigo narrada por Lucas (15, 11-31): o pai restitui ao filho sua dignidade e lhe oferece toda a sua confiança. Podemos compreender o caminho a percorrer para chegar ao perdão perfeito? 21 -


Para perdoar é preciso muito amor. E aquele ao qual se perdoou verdadeiramente muito será amado. Estamos longe do perdão "por conveniência". Como agimos no nosso dia a dia? Confiamos na pessoa que nos enganou? Quando um filho não teve êxito num exame, tentamos acompanhá-lo, procurando com ele o porquê do seu insucesso? Somos capazes de demonstrar que esquecemos, que confiamos, e que nada está irremediavelmente perdido? O perdão não é uma condição prévia de vida nova; essa vida nova é um de seus elementos essenciais. O perdão - dom perfeito é a suprema gratuidade do amor (Fr. Varillon). Podemos nos testar facilmente para vermos se estamos em condição de perdoar. São muitas as ocasiões de perdoar. Como reagiríamos às violências que nos cercam, como por exemplo o sequestro de crianças? Qual é o objetivo da nossa oração? Não estaremos em condição de perdoar se não temos consciência de nossa condição de seres humanos imperfeitos, mas susceptíveis de aperfeiçoamento. Temos que admitir: nem sempre estamos contentes com nós mesmos, mas nos modificamos com a ajuda do Senhor. Ele nos perdoa sempre porque é o Amor. Escutamos dizer que é preciso esquecer que outorgamos o perdão, mas nem sempre essa atitude é fácil. Como nos diz Antônio de Mello no ''Canto do Pássaro": "- Porque você não pára de falar dos meus erros passados?, pergunta um marido à sua esposa. Pensava que você havia perdoado e esquecido. - ~ verdade que perdoei e esqueci, responde a esposa. Mas quero estar segura de que você não se esqueceu de que eu perdoei e esqueci . .. " Se começás·semos todas as nossas reuniões cristãs, familiares e profissionais com espírito de perdão, com a certeza de que nossa confiança renovada pudesse fazer milagres, certamente andaríamos melhor pelos caminhos que o Senhor traça para nós . ~ preciso ser ingênuo para acreditar que podemos fazer tudo sozinhos. Cada um de nós tem seus limites humanos e sabe que não é com um passe de mágica que conseguirá mudar sua vida. Devemos avançar de acordo com o nosso ritmo e também com o auxílio do nosso cônjuge, da nossa equipe. Devemos, também, levar em conta os limites dos outros, respeitar a capacidade de cada um e aceitar nossa condição de seres humanos limitados. ~ uma tarefa árdua e sem dúvida para a vida toda. Mas desde que se tenha a graça de ser dois - e mesmo três com Deus ·que nos ama - essa aventura se torna possível. No dia do nosso casamento, um casal das Equipes de Nossa Senhora nos escreveu um pequeno conselho e que nós damos, frequentemente, aos recém-casados. Nele, a palavra perdão não está escrita, mas subentendida: "Não durmam jamais sem estarem abraçados.'' Naquela ocasião essa frase nos pareceu ridícula, mas só a compreendemos alguns meses mais tarde, quando compreendemos o valor do perdão recíproco e a grande dificuldade em vencer o nosso orgulho. Compreendemos também qué aquele que dava o primeiro passo não era o que tinha razão, mas o que amava mais

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naquele· momento. Agora, qu~ndo assistimos a um casamento, percebemos muitas vezes nas homilías uma alusão ao .perdão recíproco. Parece-nos que não é possível construir uma família sem que haja o perdão mútuo do fundo do coração, o que, sabemos, é muitas vezes dificílimo. Se vocês estão à procura de uma tema para o "Diálogo conjugal" sugerimos que examinem a dois suas atitudes de perdãÇ>. Talvez possam ver mais claramente e colocar em prática essa pequena frase, tantas vezes recitada: " assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido." Da Carta Francesa n. 0 84, escrito por Marie-Claire e Jean Leclerq, membros· da Equipe Super Regional belga.

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Esta oração ao Espírito Santo, que já publicamos na contra-capa dos últimos números da Carta Mensal, foi composta pelos casais da Equipe Responsável Internacional, pelos Super-Regionais e pelo Pe. Olivier, especialmente para nos acompanhar na busca da Segunda Inspiração.

-oOo-Esprrito Santo Vós sois o alento do Pai e do Filho na plenitude da eternidade. Vós nos fostes enviado por Jesus para nos fazer compreender o que ele nos disse e nos conduzir à verdade completa. Vós sois para nós sôpro de vida, sôpro criador, sôpro santificador. Vós sois quem renova todas as coisas. Vos pedimos humildemente que nos deis vida e que habiteis em cada um de nós, em cada um de nossos lares, e em cada uma de nossas equipes para que possamos viver o sacramento do matrimônio como um lugar de amor, um projeto de felicidade, e um caminho para a santidade. Amém.

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TESTEMUNHOS

O NfCIO "Quem não está a meu favor, está contra mim , e quem não ajunta comigo , dispersa." Mt 12,30 . Entramos para as ENS faz pouco mais de oito meses. Não temos muito de que falar, porque sequer t erminamos de ser pilotados , estamos na oitava Carta Verde. Mesmo assim, respeitados os limites de nossa espiritualidade, ·gostaríamos de man ifestar nossa impressão primeira a respeito das ENS. Quando nos convidaram para esse movimento achamos até cômico, porque não tínhamos nada para dar ( . .. ) Mas, enfim, nos propusemos assistir a algumas palestras explicativas do que seria o movimento, antes de darmos o sim; poderíamos ouvir um casal pil oto até a 16.• Carta Verde e só então, decidiríamos . Mas por coincidência , neste mesmo dia em que famos convidados, li o versículo acima e meditei sobre ele (só eu, não o fiz a dois) e julguei que não deveria "d ispersar" ; e certamente Maria seria a alavanca que ergueria a nossa espi ritualidade. Nesta ascese , firmamos o nosso propósito de procurar cumprir os pontos concretos de esforço pregados pelo carismo fundador. Não está sendo fácil, em virtude de havermos contabilizado alguns vícios ao longo de vinte e sete anos e meio de vida em comum. Todavia, não desanimamos. Para nosso alívio , temos lido nas Cartas Mensais que não se faz um equipista do dia para a noite, é um processo contínuo e demorado ; o projeto de Deus é infinito, do qual esperamos não ser excluídos. A nossa dificuldade maior tem sido o dever de sentar-se e a oração conjugal, justamente dois pontos importantíssimos para o crescimento de um casal. Cremos, entretanto, já vislumbrarmos uma luzinha no fim do túnel, que será a centelha que se propagará iluminando a nossa mente para esse grande projeto de const rução do Reino de Deus. Apoiados pela mão de Maria, Maria que com o FIAT mostrou a sua grandeza, gostaríamos de ter nossas almas desnudas, a fim de vermos o que nos tem atrapalhado nestes primeiros passos de nossa caminhada com as ENS; sem falsa modéstia é isso mesmo. Temos nos esforçado para nos entender e, nesse curto iápso de tempo , já percebemos que estamos no caminho certo ao lado - 24 -


dEle, procurando " não dispersar". Entendemos que multa coisa está mudando em nossas vidas, e irá mudar mais ainda, porque Maria estendeu a sua mão para segurar a nossa e dizer: - estarei sempre com vocês . Maria e Pantaleão - Eq . 7 Pindamonhangaba - SP

-oOo-NOSSAS BODAS DE RUBI SENHOR , daqui a quinze dias, se assim o permitires, estaremos comemorando nossas Bodas de Rubi, (40 anos unidos pelos sagrados laços do Matrimônio}. Nestes dias que antecede~B esse acontecimento, em preparação para a celebração, procuraremos na nossa Oração Conjugal levar diariamente aos teus pés pelas mãos de N. S. das Famílias , as nossas preces de louvor e ação de graças por tudo o quanto recebemos durante estes quarenta anos de vida conjugal a matrimonial. Assim, com o espírito de profunda gratidão, queremos te dizer - MUITO OBRIGADO SENHOR. - Em primeiro lugar, pelo Dom da Vida . - Segundo, pela graça do Batismo que nos fez herdeiros do teu Reino de Amor. - Terceiro, pelo Sacramento do Matrimônio, pelo qual nos tornamos um só corpo - carne da mesma carne. - Quarto, pelas sete filhas que nos deste e os dois filhos adotivos, frutos preciosos que colhemos no pomar do teu coração, todos até hoje fazendo parte do nosso convívio. - E finalmente o nosso MUITO OBRIGADO MESMO por nos teres chamado através de Ana e Bosco, para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora·, verdadeira escola de vida cristã. Foi nessa Escola que procurando seguir, embora com percalços, o Espfrito e as Grandes Linhas do Movimento, encontramos os Pontos Concretos de Esforço pelos quais aprendemos melhor te conhecer e te amar. ( . . . } Por tudo isso, Pai amantíssimo, nós te agradecemos do mais profundo do nosso ser, porque tu dialogaste conosco. -25-


Nos momentos mais dlffcels de dor e desânimo percebemos a tua mão estendida e ·a tua presença entre nós. Senhor, caminha sempre conosco, permanece ao nosso lado quandó a força da indiferença e do comodismo quizer nos separar de tí. Que a Tua Palavra seja a força para nos revigorar no cansaço da vida. Que nela saibamos descobrir a Tua presença amiga nos momentos tanto de tristezas como de alegrias até o final da nossa peregrinação terrena. Muito obrigado Ana e Bosco. Muito obrigado SENHOR. Alice e Aurelio de Andrade Equipe 05 - Setor Manaus

NOS DOIS . . . AGORA Se vocês já celebraram suas • bodas de prata" . .. Os filhos estão partindo .. . A aposentadoria chegando .. . e vocês temem o vazio, mas querem continuar a viver felizes . . . Venham trocar idéias conosco : Baruerl -

Casa de Retiros Pio XII

Dias 4, 5 e 6 de maio de 1990 Início na sexta-feira dia 4, às 20:00 hs, com jantar. Inscrições: Maria. e José Aquino - Fone (011) 62-2309 Darcy e Geraldo Gusso - 'Fone (011) 67-9063 Taxa de adesão: 20 BTN.

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JOVENS

ENCONTRO NACIONAL DAS E.J.N.S. -

BRASIL

Entre os dias 25 e 28 de janeiro, na cidade de Aparecida do Norte, aconteceu o 1.0 Encontro Nacional das Equipes Jovens de Nossa Senhora, com a presença de toda a Equipe de Animação Nacional, do Responsável Internacional, Thibaud Fontanet, e do "ligação" Internacional, Tiago Líbano Monteiro. Neste encontro estiveram presentes 90 jovens, equipistas ou não, das cidades de Brasília, Belém, Fortaleza, Juíz de Fora, Piabetá, Itú, Piracicaba, Jacareí, São Paulo, ABC, Porto Alegre e Leste do Rio Grande do Sul. O objetivo do Encontro Nacional, que era de apresentar o movimento Internacional aos jovens brasileiros, foi cumprido à risca e dentro do horário, animando bastante a todos ali presentes. Fora do horário de palestras, aconteceram jogos, brincadeiras, karaokês e uma confraternização muito animada. A estrutura atual do movimento no Brasil é a seguinte: A Equipe de Animação Nacional está formada pelo Responsável Nacional (Catherine Elisabeth Nadas - São Paulo), pelos responsáveis dos 5 setores existentes (Anderson Anicetto - ABC, Fábio Campos Mauad - Juiz de Fora, Christiane Sanjad - Belém, Isabel Cristina Becker da Rosa Leste do Rio Grande e Regiani Pereira Brito - Jacareí), por um Casal Acompanhador (Therezinha e Ronaldo Wimmer - São Paulo) e pelo Padre Acompanhador (Frei Barruel de Lagenest, OP de São Paulo), Cada um dos setores abrange outras cidades, sendo que algumas são até de maior porte como São Paulo, que faz parte do setor ABC, ou Brasília, que faz parte do setor Juiz de Fora. Vale a pena destacar as reuniões de equipes realizadas durante o Encontro, por setores (com um extra para os ."Jovens há mais tempo", ou casais que estavam acompanhando os jovens, em número de 10) onde foram feitos os 5 tempos de uma reunião de equipe jovem: Oração, Meditação, Estudo do Tema, Partilha e Ponto de Esforço. A presença das 2 equipes de serviço (Jacareí com casa e manutenção e ABC com cozinha e refeitório) formada exclusivamente por jovens foi um dos pontos altos do encontro. A eles, muito obrigado de coração. Só nos resta lembrar que, assim como as equipes de casais, as EJNS também pertencem a Nossa Senhora e temos certeza absoluta de que todo o nosso trabalho está sendo guiado e orientado por ela. Sem a oração nada se consegue. Rezem por nós. A Equipe de Animação Nacional - ErNs -27-


· SEGUNDA INSPIRAÇÃO

COMO VAI A "2.a INSPIRAÇAO" Aqui e ali, algumas observações e perguntas levam-no~ a crer que algo está faltando para muitos alcançarem o que as ENS pro-' puseram como "Segunda Inspiração " : "Nossa Equipe já estudou a 2.• Inspiração; que vamos fazer agora "? "Não vimos nada de novidade no tema(?) sobre a 2.• Inspiração " ... , "Será que nossa Equipe não poderia continuar como sempre? !: preciso aderir a essa 2.• Inspiração?" E, por aí afora .. . Novamente repetimos : Não é um Tema de Estudos, mas sim um ponto de partida para uma busca de renovação (2 .• Inspiração , pág . 2) . E para tomarmos conhecimento desta proposta, é preciso que nos seja transmitida de alguma forma - daí a finalidade do livrinho, pois para conhecê-la , precisamos ouvir, ler, estudar, da mesma forma que os Estatutos: também estão num livrinho e não são um Tema de Estudo, sendo imprescindível que os conheçamos e vivamos suas normas para pertencer às ENS. Tudo que permanece estagnado , fica obsoleto , ultrapassado ou deteriora-se. Os movimentos, igualmente, tendem à mediocridade ou à morte , se ficarem sem renovação .e atua lização. Tornam-se incoerentes a começar pelo nome : não se concebe um movimento parado . . l:i Também a equipe se deixa de ser aquela força que impele , que empurra cada casal para um crescimento constante, uma melhora permanente , passa a não ter razão de ser. E, se cada equ ipista não está sendo o fermento de renovação hoje , num empenho real de mudar nossas atuais estruturas , se não'-está cumprindo a missão de " refazer em toda parte o tecido cristão da sociedade humana" (Christifideles Laici , 34) não há sentido estar nas ENS , não tem sentido se dizer cristão. A lagarta permanece dentro do casulo um· certo tempo , se preparando para seu verdadeiro vir a ser, quando então, transformada em borboleta , vai realiza r sua missão. A 2:• Inspiração vem nos impuls ionar a sair de um conservadorismo acomodado para uma atitude de procurar "responder à vocação e realizar a missão" (2 .' Inspiração pág . 13 a 15) . -28-


Há muito para refletir, para descobrir, para viver, para transformar. Quem pensa em ficar eternamente no estado de crisálida, ou está no lugar errado ou precisa converter-se, fazer um esforço e revitalizar-se, renovar-se, para permanecer vivo e transmitir vida com sua atitude criadora e transformadora. (Eu vim para que tenham vida e a tenham em plenitude). !: o que a Igreja precisa, o que o mundo precisa e as ENS exigem dos casais que nelas permanecem. Como vai a sua 2.• Inspiração? Neusa e Orlando Casal Regional Região S. Paulo/Oeste

-o OoNOSSA BIBLIOTECA

J. Marcos Bach. Sentido Espiritual da Sexualidade. Ed. Vozes, coleção Família e Sociedade Contemporânea~ X0.0 1. 131 pp. Ref.lexões para ajudar a descob~~r. . uma sexualidade liberta e ao serv1ço do amor. Fiorangela M. Desiderio. Encontros, desencontros e reencontros em família. Ed. Paulinas, coleção Psicologia Familiar. 180 pp. A harmonia familiar não é sempre fácil. !: algo que se constrói dia a dia, com o esforço e a participação de cada membro.

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ATUALIDADE

UM ENCONTRO MEMORÁVEL A visita do líder soviético Mikhail Gorbachev ao Papa João Paulo 11 representou um encontro memorável que marcou o início do fim de mais de 70 anos de separação entre o Estado Sovié· tico e a Igreja Católica. Primeiro chefe do Partido Comunista Soviético a visitar o Vaticano, Gorbachev conferenciou com o Papa por inesperados 75 minutos na biblioteca do Palácio Apostólico. Dirigindo-se a João Paulo 11 como ·Sua Santidade", o que seria inusitado para o líder de um partido e de um estado formalmente cqmprometidos com o ateísmo, Gorbachev prometeu que o Soviete Supremo aprovará brevemente uma lei, garantindo a l'i· berdade religiosa para todas as confissões. Em seu pronunciamento feito durante aquele encontro, Gorbachev afirmou que: ·Nós precisamos de valores espirituais, nós precisamos de uma revolução das mentalida-

des. Este é o único caminho em direção a uma nova cultura e a uma nova política, que podem ir ao encontro do desafio do nosso tempo. Nós mudamos nossa ati· tude perante alguns assuntos, tais como a religião, que nós, reconhecidamente, vínhamos tratando de modo simplista. . . . Agora nós não apenas começamos a admitir que ninguém deve interferir em assuntos de consciência individual, mas também afirmamos que os valores morais que a religião gerou e incorporou durante séculos, podem também auxiliar no trabalho de renovação do nosso país. . . . Pessoas das mais diversas confissões relioiosas, incluindo cristãos, muçulmanos, judeus, budistas e outros vivem na União Soviética. Todos eles têm o direito de satisfazer suas necessidades espirituais."

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(Extraído da revista Time. de 11/12/89)


NOTICIAS E INFORMAÇOES

Mudanças nos Quadros

Volta ao Pai

- Sonia e José Eduardo Gut assumiram a responsabilidade pelo Setor de Jundiaí-Louveira/SP, em continuidade ao profícuo trabalho de três anos de Elisete e Jair Basso.

- Odete, esposa de Waldir, da equipe n.0 9, em 24/07/89. O casal desenvolvia um belíssimo trabalho, junto à Pastoral Universitária da Pontitrcla Universidade Católica de Campinas. - Marcos, esposo de Marlsa, da equipe n.0 2, em 25/07/89. Foram responsáveis do Setor de Campinas. Com seu profícuo trabalho, consolidaram o Movimento na cidade. - Roberto, esposo de Maria Helena, em 16/09/89. Pertencia à equipe n.0 18, uma das mais novas do Setor. Sua presença foi sempre marcante em todos os eventos promovidos pelo Movimento. (Todos de Camplnas/SP).

Novas Equipes -

Campinas/SP Equipe n.0 17, N. S. do Caminho C.E.: Pe. Luiz Antonio Tasso C.P.: Maria Luzia e Constantino Equipe n.0 19, N. S. dos Caminhantes C.E.; Pe. Luiz Gonzaga Quevedo C.P.: Maria Luiza e Constantino

-o O oRETIROS Em São Paulo (todos na casa de retiros de Baruerl): 20 a 22 de abril 25 a 27 de maio 1 a 3 de junho 21 a 23 de setembro 19 a 21 de outubro 9 a 11 de novembro Em Campo Grande, MS : 19 e 20 de maio.

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OLTIMA PAGINA

ORAÇÃO DA NOITE Boa noite, Pai. Termina o dia, e a Ti entrego o meu cansaço. Obrigado por tudo e. . . perdão. Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças. Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros . Obrigado também pelo que me fez sofrer ... Obrigado, porque naquele momento de desânimo me lembrei de -que Tu és meu Pai. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação.· Obrigado, Pai, porque me deste u'a Mãe, compreensiva e carinhosa. Perdão, também, Senhor. Perdão por meu rosto carrancudo. Perdão porque me esqueci de que não sou filho único, mas irmão de muitos. Perdão, Pai, pela falta de colaboração, pela ausência do espírito de servir. Perdão porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto. Perdão por ter aprisionado em mim a Tua mensagem de amor. Perdão porque não estive disposto a dizer o "SIM", como MARIA. Perdão por aqueles que deyeriam pedir-Te perdão e não se decidem a fazê-lo. Perdoa-me, Pai, e abençoa meus propósitos para o dia de amanhã. Que, ao despertar, me domine um novo entusiasmo. Que o dia de amanhã seja um contínuo "SIM", numa vida consciente. Boa noite Pai, até amanhã .

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MEDITANDO EM EQUIPE TEXTO DE MEDITAÇÃO (Mat 28, l-10) Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o _túmulo. E eis que houve um violento tremor de terra: um anio do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas ·· como a neve. Vendo-o, os guardas pensaram que morreriam de pavor~ Mas, o anjo disse às mulheres: "Não temais! Sei que procurais a Jesus que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e vêde o lugar em que ele repousou. Ide depressa e dizei aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos. Ele vos precede na Galiléia. Lá o haveis de rever, eu vo-lo disse." Elas se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas áo mesmo tempo com alegria, e correram a dar a boa nova aos discípulos.. Neste momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse-lhes: "Salve!" Aproximaram-se elas, e prostt:adas diante dele, beijaram-lhe os pés. Disse-lhets Jesus : " Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galiléia: pois é lá que eles me verão."

-o OoORAÇÃO LITúRGICA COm alegria rezemos a Cristo Nosso Senhor, que morreu, ressuscitou ê sempre intercede por nós: R . Cristo, Rei glorioso, ouvi-nos! Cristo, luz e salvação de todos os povos, acendei o fogo de vosso Espírito sobre nós que proclamamos vossa ressurreição: R. Cristo, Rei glorioso, ouvi-nos! Guardai-nos na comunhão de vossos santos, e concedei-nos descansar com eles de nossos trabalhos: R . Cristo, Rei glorioso, ouvi-nos! Vós que vencestes a morte inimiga, esmagai em nós o vosso inimigo para vivermos par-a vós, imortal vencedor: R . Cristo, Rei glorioso, 9uvi•nos! Cristo Salvador, feito obediente até a morte, fostes exaltado à direita do Pai; acolhei com bondade vossos irmãos em vosso reino: R . Cristo, Rei glorioso, ouvi-nos! Oremo_s. ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte, abristes.. hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por Nossó Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém. (Liturgia das Horas. Onição da tarde do dia da Páscoa)


Um momento com a Ecfuli$ da Carta Mensal Editorial: Nada é Impossivel

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Carta da Equipe Responsável lr\temaclonal A ECIR conversa com vocês Padre Olivler: viu e falou

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Uma vida que é nova

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O sentido cristão do sofrimento humano José, o Justo

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A "festa" somente no casamento civil?

Assim como perdoamos a quem nos tem ofendido O Inicio

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Nossas bodas de rubi

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Encontro Nacional das E J N S o

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Ultima página: Oração da Noite Meditando em equipe

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Bras_il

Atualidade: Um Encontro Memorável Noticias e Informações

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Como vai a Segunda Inspiração , Nossa Biblioteca

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