ENS - Carta Mensal 257 - Agosto 1989

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A SEGUNDA INSPIRAÇÃO


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL Esperamos que o mês de julho tenha sido propício para algumas reflexões em profundidade sobre a nossa vida em equipe, à luz da Segunda Inspiração. Para continuar essas meditações, propomos a vocês a leitura do Editorial e dos textos das páginas 13 e 15 que querem nos ajudar nesta caminhada. E para nossa meditação em equipe (pág. 33), é o próprio Jesus, na sua conversa com Nicodemos, que nos convida a uma "segunda inspiração" ...

-oCoAproximam-se as eleições. A Igreja, na palavra de João Paulo 11 e nos documentos da CNBB procura nos ajudar a esclarecer nossa consciência, e a votar de forma responsável, digna de nossa condição de cristãos. Trazemos estes subsídios a vocês, na análise do Frei Barruel, à página 7, e nas palavras de um casal, à página 10.

-o OoOs nossos irmãos das Equipes Jovens de Nossa Senhora nos escrevem uma carta, para nos situar em relação à sua caminhada até este momento e às suas perspectivas. É bom esclarecer que por enquanto, o movimento das EJNS, como tal, ainda não está oficialmente implantado no Brasil. E, como esclarecem na carta e no artigo que a segue, contam com os casais das Equipes, para fincar pé entre nós e para poderem se desenvolver. Mas atenção! Não nos enganemos. Não se trata de um apêndice das ENS, nem de grupinhos tutelados pelos "tios". As EJNS são um movimento autônomo, onde a responsabilidade é assumida, tanto a nível de equipe como a nível de estruturas de serviço pelos próprios jovens. Eles precisam dos casais na orientação de sua espiritualidade e no suporte de seu desenvolvimento. Tendo mais de 17 anos de idade, não são mais criancinhas e querem caminhar com as próprias pernas. Vamos dar uma mão? Quem se habilita?

-oCoPareceu-nos interessante transmitir a vocês as estatísticas sobre o Movimento no mundo, que recebemos da ERI. (pág. 28 e 29). Não para gloriar-nos de estarmos em segundo lugar em quantidade de equipes por país, mas para assumirmos a responsabilidade que daí decorre. Mais que aos outros, aplica-se a nós a frase do documento "Segunda Inspiração": "O dom que o Movimento deve oferecer à Igreja e ao mundo consiste em participar da construção do Reino de Deus, baseando-se numa nova imagem do casal". As ENS, a nossa equipe, o nosso casal, estão ajudando a construir o Reino de Deus, neste nosso Brasil? Fraternal mente A equipe da Carta Mensal -1


EDITORIAL

INVENTAR Nestes tempos em que estamos todos empenhados em repensar nossa vida em equipe à luz da Segunda Inspiração, pareceu oportuno republicar este editorial do Pe. Caffarel, da Carta Mensal de junho de 1976.

No final de um retiro sacerdotal, um dos retirantes dirige-se ao pregador: "O Sr. se entreteve com todos nós. Conhece-nos bem agora. Qual é, no seu modo de ver, nosso defeito mais geral e mais grave?" A resposta foi inesperada: "Falta-lhes o espírito de invenção." Não vou esperar que façam a mim a mesma pergunta e que lhes dê uma resposta semelhante. Poderão dizer, aliás, que não se trata de um pecado grave e acrescentar que não há nenhum mandamento de Deus que faça da invenção um dever. - Engano ... Deus manda que amemos. Ora, o amor, todo amor jovem, todo amor vivo é inventiva. Rememorem, apenas, a própria experiência pessoal. (E se o amor de hoje não tem mais esta característica da invenção, não seria porque deixaram que o envelhecimento os envolvesse?) Lembrem-se do tempo de noivado, dos primeiros anos de casamento. Não estava a imaginação em constante estado de alerta e o espírito de invenção sempre à procura daquilo que poderia ser agradável ao outro, multiplicando as ocasiões de encontros? Posso agora abordar o que tenho em mente. Nem sempre os casais parecem preocupados em inventar a vida de equipe. Ouço uma réplica: "De quem a culpa? Deram-nos os Estatutos, que nos puseram a caminho, foram-nos dados temas de estudo e temas de oração . . . Que mais nos falta inventar?" Uma comparação dará maior precisão ao meu pensamento. Ao contemplar os numerosos templos góticos que se erguem principalmente em terras da Europa, fica-se maravilhado com a variedade e riqueza arquitetônica desses monumentos. Ora, o estilo gótico tinha os seus cânones. Os arquitetos de nossas grandes catedrais respeitavam-nos. No entanto, cada um deles soube "inventar" uma obra-prima original. Longe de diminuir o seu espírito inventiva e precisamente em razão das limitações que impunham, os cânones foram um estímulo, obrigando os artistas a se superarem, a criar obras cada vez mais belas. Posteriormente e em oposição àqueles, os arquitetos do século XIX que se submeteram servilmente aos cânones, sem a preocupação de inventar, só produziram um gótico frio, igrejas sem alma. -2-


O tema de estudos mensal dirige-se a todos. Por conseguinte não se dirige a ninguém em particular. Cabe a cada equipe reinventá-lo, repito, reinventá-lo: atualizá-lo de tal sorte que venha a responder às questões e às necessidades dos casais da equipe. O mesmo poder-se-ia dizer dos textos de oração. A amizade, o auxílio mútuo. . . também aqui cabe um esforço de imaginação para procurar, com não menos fervor que os jovens noivos de quem falei há pouco, o que poderá favorecer uma renovação de intimidade, um progresso na verdadeira caridade fraterna, etc. E toda a vida de equipe que se trata de repensar incessantemente, de1reinventar continuamente, se quiserem que a sua quipe seja viva, tenha uma personalidade, seja uma equipe original , se desejarem o seu progresso, do Movimento todo.

HENRI CAFFAREL

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A EC/R CONVERSA COM VOCÊS

DE ÁGUA PARA VINHO Agosto: mês consagrado às VOCAÇCES. Dando uma olhadela neste mês, encontramos no dia 4 o Dia do Padre. Dia de São João Maria Vianney, o "padroeiro dos vigários e o exemplo do clero". No dia 11 celebramos a festa de Santa Clara, fundadora das Clarissas. Em 13 de agosto temos o Dia dos Pais. A Assunção de Maria é celebrada no dia 20. Este pequeno levantamento nos mostra porque este mês é consagrado às Vocações. A vocação sacerdotal, a vocação religiosa, a vocação do Leigo e a vocação matrimonial, são as diversas respostas que o homem dá ao chamado de Deus. ~ a resposta ao Senhor que sai em busca do homem "à hora da brisa da tarde" (Gn. 3,8) e o chama: "Adão, onde estás?" No nosso caso, leigos casados pertencentes a um Movimento que tem uma metodologia e uma mística próprias qual é a nossa vocação? O Movimento tem por vocação e missão ajudar os casais a santificarem-se. A santificar-se não mais como indivíduos, mas como casal, uma vez que o ponto alto da criação é o casal. Já passou o tempo em que se pensava que a única forma de santificar-se era abandonar tudo e buscar a vocação sacerdotal ou religiosa. Essa era e é uma das formas para buscar a santidade. Não a única. Como buscar uma vocação à qual não somos chamados? Como impedir a santificação através da sexualidade humanizada e evangelizada? Precisamos recuperar o verdadeiro sentido da criação do casal e entender melhor o "crescei e multiplicai-vos". Ainda com relação à importância da sexualidade na vida do casal, lembramo-nos do que dizia, certa ocasião, o Pe. José Carlos Di Mambro: o significado, o valor, a segurança que dá a um religioso continuar a caminhada de santificação é a busca e a vivência da REGRA de sua Ordem ou Congregação. Pois bem, dizia ele, o que a Regra representa para o religioso, é o que a sexualidade significa para o casal. Não podemos esquecer nunca que nossa vocação fundamental é voltar ao Pai. O modo como, no mundo, vivemos para alcançar e realizar esta vocação é o que importa. Todavia, existem três atitudes fundamentais que devem acompanhar toda e qualquer vocação. Durante toda nossa vida nos relacionamos em três direções: para baixo, para o lado e para cima. Ou seja: nos relacionamos com o MUNDO , com o OUTRO e com DEUS. No relacionamento com o mundo, ou com as coisas criadas, o homem precisa adquirir a atitude de senhor das coisas, não de escravo. No

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relacionamento com o outro, o homem busca a convivência e a fraternidade. Analisando a nossa vocação matrimonial, seria muito importante refletir e aprofundar que ao criar a mulher, a Bíblia apresenta a mulher, antes de tudo como a companheira. A procriação aparece como segundo plano, fazendo-nos pensar que antes de ser mãe, a mulher é companheira, parceira ... No relacionamento com Deus, a atitude do homem é aquela de quem adora o Senhor e ao mesmo tempo mantém a relação de filho. O homem realizado, aquele que vive integrado e perfeito, é o homem que vive essas três atitudes no desenrolar de sua vida. Portanto, ao escolhermos a vocação matrimonial como nosso modo de nos relacionar com o mundo, com o outro e com Deus, a pergunta que nos leva a concretizar a vocação deve ser: que atitudes, como casal, buscamos viver em nosso relacionamento com o mundo, com o outro e com Deus? E nós, que escolhemos viver esta vocação dentro de um Movimento, percebemos ou transformamos esse Movimento como um CAMINHO PARA DEUS? Ao fazermos uma reflexão, por ocasião das Bodas de Ouro de nossos tios, buscamos aquela passagem das Bodas de Caná. Trazemos para vocês o que meditamos a partir do texto. Os pontos chaves desta passagem bíblica são: a presença de Jesus, Maria e discípulos na festa do casamento, a atitude de Maria e o milagre em si: a transformação da água em vinho. E da melhor qualidade. Esse é o fato. Agora, para nossa vida de casados que conclusão podemos tirar? Não seria nossa vocação transformar o outro em vinho da melhor qualidade? Os defeitos, as manias, as fraquezas, as limitações não deveriam ser transformadas em vinho? O que é a nossa vida de casados senão a busca a dois de uma transformação mútua? A nossa tendência de ser escravos do mundo, está sendo transformada em sermos senhores? O egoísmo, a dominação, a submissão, estão sendo transformados em companheirismo e fraternidade? A nossa tendência de nos bastarmos a nós mesmos, também como casal, está sendo transformada em atitude de filhos e criaturas dependentes? Transformar o outro em vinho. . . Ou como dizia o Pe. Evaristo De Biasi: se Deus destinou, desde toda a eternidade um ao outro, assim com todos os problemas, as limitações, as fraquezas, em suma incompletos ... enfim, se Deus destinou um ao outro assim imperfeitos, a nossa missão, a missão de cada um é devolver a este mesmo Deus o outro transformado, mudado, santificado. Em outras palavras: de água para vinho. Este milagre pode demorar a vida toda para ser realizado, mas será possível desde que não esqueçamos o conselho de Maria: "Fazei tudo o que ELE vos disser". Yeda e Darci -5-


A PALAVRA DO PAPA

Entre os sinais positivos do tempo presente é preciso registrar, ainda, uma maior consciência dos limites dos recursos disponíveis e da necessidade de respeitar a integridade e os ritmos da natureza e de tê-los em conta na programação do desenvolvimento, em vez de sacrificá-los a certas concepções demagógicas. E, afinal, aquilo a que se chama hoje

preocupação ecológica. E justo reconhecer, também, da parte de homens de governo, políticos, economistas, sindicalistas, personalidades da ciência e funcionários internacionais - muitos dos quais se inspiram na fé religiosa - , o empenho em remediar generosamente, com não poucos sacrifícios pessoais, os males do mundo; e em lançar mão de todos os meios para que um número cada vez maior de homens e mulheres possam usufruir do benefício da paz e de uma qualidade de vida digna deste nome. Para isto contribuem, em não pequena medida, as grandes organizações internacionais e algumas organizações regionais, cujos esforços conjugados permitem intervenções mais eficazes. Foi também graças a estas contribuições que alguns países do Terceiro Mundo, não obstante o peso de numerosos condicionamentos negativos, conseguiram alcançar uma certa auto-suficiência alimentar, ou um grau de industrialização que lhes permite sobreviver dignamente e assegurar fontes de trabalho à população ativa. ("Sollicitudo Rei Socialis" n. 0 26)

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CAMINHANDO COM A IGREJA Apresentamos a seguir uma visão do texto de encerramento da 27.a Assembléia Geral da CNBB, realizada em Itaici, SP, de 5 a 14 de abril de 1989, e aprovado pela quase unanimidade dos cerca de 250 bispos presentes (somente 7 votos negativos e 5 em branco). Situa-se no prolongamento dos textos de 1986, "Por uma nova ordem constitucional", de 1987, "Diretrizes gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil" e de 1988, "Igreja: Comunhão e Missão". (Ver texto completo na coleção "Documentos da CNBB", Ed. Paulinas, n. 0 42).

EXIG:tNCIAS ÉTICAS DA ORDEM DEMOCRÁTICA Introdução (n. 0 1 a 4) A verdade, a liberdade, o amor, a justiça, a solidariedade, a paz, são valores essenciais para garantir formas estáveis de democracia. Faz parte da missão pastoral da Igreja anunciar e defender as exigências éticas necessárias e ao mesmo tempo indispensáveis à transformação das estruturas e à conversão dos espíritos, isto é, da consciência das pessoas e de sua mentalidade.

1. A atual ordem constitucional: valores, limites, esperanças.

Valores (n. 5 a 17) A razão de ser do Estado é usar do poder que emana do povo para servir o próprio povo. Daí, novos instrumentos jurídicos: o mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção, a ação popular, a iniciativa popular na apresentação de projetos de lei, o "habeas data". A salientar também os objetivos de erradicar a pobreza e a marginalização; a afirmação dos direitos essenciais da pessoa humana; os progressos sobre a condição da mulher e dos índios; sobre os direitos dos trabalhadores; a proteção ecológica; a reforma urbana ; o direito concreto à educação; a descentralização do poder. São previstas também: possíveis emendas, plebiscitos para decidir sobre o regime constitucional (monarquia, parlamentarismo ou presidencialismo) e outros assuntos. 0

Limites (n.0 18 a 50) Aspectos negativos: a reforma agrária é dificultada, o direito à vida desde a concepção não é reconhecido, nem a própria instituição familiar. Há também obstáculo:; à efetivação da ordem democrática: 1) no nível sócio-político: pressões e intervenções do Poder Executivo e dos poderes econômicos e protelação de leis complementares, corrupção; -7-


2) no nível sócio-econômico: baixo nível de crescimento; inflação; diminuição da qualidade de vida; menores abandonados; evasão escolar; déficit habitacional; aborto; doenças endémicas; drogas; violência urbana e rural; radicalismo de organizações conservadoras; aviltamento das condições de trabalho e de vida; desperdício de recursos humanos; especulação econômica e financeira ; problema da dívida externa. "Os ricos são sempre mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres" (João Paulo 11). 3) ao nível sócio-cultural. Há sinais: de crescente ruptura entre os valores típicos de nossa memória cultural e o atual projeto de sociedade; de perda do sentido da co-responsabilidade e participação na vida política; de falta de compromisso com o bem comum. Na vida econômica, tudo é válido, desde que dê lucro. Continuam as ameaças à sobrevivência dos índios, as agressões e as depredações da natureza. Na família vigoram uma concepção individualista e hedonista da felicidade, o enfoque permissivo do aborto e o controle indiscriminado da natalidade. Trata-se de uma "cultura da morte" (João Paulo 11). Esperanças (n. 0 51 a 64) O Brasil é um país economicamente viável, socialmente dinâmico e culturalmente rico em valores. Possui: espírito de solidariedade, desejo de participação, respeito pela pessoa humana, organização e dinamismo de movimentos populares, descoberta do verdadeiro sentido da política, desejo de canalizar o progresso econômico em benefício da sociedade inteira, sentido da celebração, da festa e da partilha, busca de uma fé mais autêntica até o testemunho supremo, busca de uma colaboração entre as diversas igrejas cristãs.

2. Exigências éticas (n. 0 65 a 87). Observações gerais. A democracia consiste na simultânea realização e valorização da liberdade da pessoa humana e da participação de todos nas decisões econômicas, políticas, sociais e culturais que dizem respeito a toda a sociedade. Daí a procura da justiça social através do primado do trabalho sobre o capital. A existência de milhões de empobrecidos é a negação radical da ordem democrática. - Fundamentos éticos da democracia. a. A dignidade da pessoa humana, feita para viver em sociedade numa permanente luta contra todo tipo de coisificação, vivendo relações de amor na justiça e na liberdade. Daí os seus direitos: à vida, à liberdade, à igualdade, ao trabalho, à prática religiosa, à educação, à saúde, à segurança, à vida digna. Estes direitos acarretam os deveres correlatos. b. A solidariedade é o alicerce de toda convivência humana e supõe uma opção eficaz pela vida e pela justiça. Somos todos responsáveis uns pelos outros no plano nacional, internacional, universal. -8-


3. Por um discernimento cristão (n. 0 88 a 101). Numa perspectiva cristã são afirmados o chamado à liberdade dos filhos de Deus, a igualdade fundamental de toda pessoa humana, a solidariedade-comunhão de todos além das fronteiras . Não há separação entre, de um lado, ética e religião, e do outro, política e economia. B inaceitável que as decisões no campo econômico e político obedeçam unicamente à lógica do lucro e do poder. A Igreja reconhece o valor da liberdade religiosa e da oportunidade de participar autonomamente da convivência civil numa sociedade pluralista.

4. Recomendações práticas (n. 0 102 a 118). Continua atual a exigência (de Puebla) de transformações estruturais profundas, mas sem o uso da violência como meio para realizá-las. Deve ser obra do povo inteiro na liberdade e na solidariedade, estimulada e seguida por uma verdadeira conversão dos espíritos. A própria Igreja deve dar o exemplo. Daí a necessidade de verdadeiras reformas agrárias e urbanas, de uma política ambiental, de apoio à luta dos trabalhadores em prol da justiça social, através de sua participação nos sindicatos e na gestão das empresas. A dívida externa deve ser submetida a uma auditoria pública. A liberdade e a veracidade da informação devem ser garantidas.

Conclusão (n.0 119 e 120) . Todos devem colaborar na urgente tarefa de educação ou reeducação dos comportamentos individuais, familiares e sociais na solidariedade , na justiça e na paz. f r.

J. P. Barruel de Lagenest, O .P .

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O VOTO RESPONSÁVEL Decorridas quase três décadas aproxima-se a data em que nós brasileiros (na maioria pela primeira vez na vida) seremos chamados a exercer o nosso direito e o nosso dever de eleger, pelo voto direto, o próximo Presidente da República. As Equipes de Nossa Senhora , enquanto movimento religioso, (como aliás a própria Igreja enquanto instituição), não podem, nem devem, manifestar apoio a qualquer partido ou ideologia política nem, tampouco, recomendar, nem mesmo influenciar seus membros a votar em qualquer candidato em particular dentre os muitos que se apresentam. Acreditamos , contudo, que a nossa vocação de cristãos e a nossa condição de equipistas, e, portanto de pessoas profundamente comprometidas com o Evangelho, faz com que a nossa responsabilidade seja ainda maior do que a dos demais cidadãos quanto ao exercício consciente do voto. A esse propósito e no despretencioso intuíto de colaborar para uma reflexão dos nossos leitores, gostaríamos de tomar como referência dois importantes e recentes documentos cuja leitura recomendamos àqueles que ainda não o fizeram. O primeiro deles, no âmbito da Igreja Universal. é a exortação apostólica "Christifideles Laici ", do Papa João Paulo 11, sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo e que foi tema do Sínodo dos Bispos de 1987. Quanto ao segundo , editado no âmbito da Igreja do Brasil, trata-se do Documento n.0 42 da CNBB - Exigências ~ticas da Ordem Democrática, tema principal da 27.a Assembléia Geral da CNBB realizada em ltaicí, SP, entre 5 e 14 de abril últtimo. (v. pág. 7) . Para animar cristãmente a ordem temporal no sentido de servir a pessoa humana e a sociedade os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na " política" ou seja da múltipla e variada ação econômica, social , legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum, entendido como o bem de todos os homens e do homem todo, bem oferecido e garantido para ser livre e responsavelmente aceito por todos, individualmente e em grupo. No exercício do poder político é fundamental o espírito de serviço, único capaz de, ao lado da necessária competência e efi-

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ciência, tornar "transparente" ou "I impa" a atividade dos homens políticos, como aliás o povo (e em particular o povo brasileiro no momento atual) justamente o exige. Isso pressupõe a decidida suparação de certas tentações, tais como o recurso à deslealdade e à mentira, o desperdício do dinheiro público em vantagem de uns poucos e com miras de clientela, o uso de meios equívocos ou ilícitos para a todo custo conquistar, conservar e aumentar o poder. O estilo e meio, por excelência, de realizar uma política que tenha em vista o verdadeiro progresso humano é a solidariedade que pede a participação ativa e responsável de todos na vida política, seja como cidadãos individualmente, seja integrados aos vários grupos, sindicatos e partidos, uma vez que somos todos e cada um simultaneamente destinatários e protagonistas da política. No Brasil de hoje continua atual a exigência de transformações profundas, estruturais, sem as quais a nossa sociedade não se tornará plenamente democrática, nem a dignidade da pessoa humana será plenamente reconhecida, mas nós cristãos rejeitamos o uso da violência como meio de realizar as mudanças sociais tão urgentes em nosso país. Acreditamos que haja crescente consenso . da nação, amadurecida pelos longos anos de arbítrio e pela difícil conjuntura por eles legada, de que as mudanças devem processarse de forma democrática, dentro dos espaços abertos pela nova Constituição. Continua atual a exigência de que a transformação da sociedade brasileira seja obra de todo o nosso povo. Esta participação poderá expressar-se de modo privilegiado no momento das eleições através do voto consciente e responsável. Mas vai muito além do voto, estendendo-se aos diversos aspectos - econômico, social, cultural- da sociedade. As dificuldades conjunturais, gerando, hoje, forte onda de pessimismo não nos devem fazer recuar diante do desafio da construção da democracia; antes devem~reparar os ânimos a enfrentar com tenacidade, coragem e perseverança o "duro aprendizado" da liberdade na solidariedade . Sabemos que, desta vez mais do que nunca, a campanha dos candidatos às próximas eleições vai ser travada através dos meios de comunicação social, sobretudo da televisão . Não foi em vão que a última Campanha da Fraternidade ressaltou a importância desses meios para a "comunicação da verdade e da paz". E nós, equipistas, que atitude vamos tomar? Desligaremos, simplesmente, os nossos aparelhos durante o horário político, indiferentes ao que acontece e ficando livres daquela "chateação"? Ou vamos nos deixar influenciar pela qualidade de produção e efeitos visuais do programa deste oU daquele partido? Ou vamos -

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nos deixar seduzir pela aparência pessoal, e pela retórica dos candidatos mais treinados em "técnicas de comunicação"? Acreditamos que não. Nós equipistas, como cristãos adultos e responsáveis no pleno exercício de nossa vocação de evangelizar as realidades temporais, saberemos utilizar essa excepcional oportunidade para melhor nos informar a respeito das propostas dos vários candidatos, analisá-las e compará-las para que possamos melhorar a qualidade do nosso voto. A luz do Evangelho e com base nas informações que iremos receber e das informações de que já dispomos sobre o histórico político, público , pessoal e moral de cada candidato, saberemos "separar o joio do trigo". Saberemos identificar quais os candidatos realmente comprometidos com idéias e programas e quais aqueles comprometidos simplesmente com o seu "fisiologismo" político, com sua "clientela" ou com estruturas de poder oligárquicas e opressoras e também aqueles de discurso político vazio e demagógico. Saberemos distinguir, dentre os candidatos ideologicamente definidos, quais aqueles que colocam o homem e sua dignidade no centro de sua proposta política daqueles que, explícita ou implicitamente, defendem ideologias que colocam o homem a serviço do Estado. Conseguiremos definir quais os candidatos que defendem, seriamente, teses de justiça social e econômica e cuja pregação política mais se aproxima dos princípios da Doutrina Social da Igreja e iremos distinguir aqueles que se empenham nas transformações sociais pela via democrática daqueles que pregam a violência como único meio de diminuir as desigualdades. Que o Espírito Santo nos ilumine a toods, neste 15 de novembro de 1989! Maria Thereza e Carlos Heitor Seabra São Paulo

Referências: 1) Exortação Apostólica Christifideles Laici, João Paulo 11, Edições Loyola. 2) Documentos da CNBB -

n. 0 42 -

Exigências !:ticas da Ordem Democrática, Edições Paulinas.

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SEGUNDA INSPIRAÇÃO

A HORA DE DEFINiR-SE Quando recentemente as equipes de nosso setor foram apresentar-se ao novo bispo da Arquidiocese, D. Arnaldo, para oferecer seu trabalho e perguntar de que maneira poderiam responder às suas orientações, ele simplesmente respondeu: - Definam-se! / Esta palavra marcou-nos, pois por todos os lados, de todas as formas, · Deus tem pedido aos casais das E.N.S. que se deixem amar com a radi11 calidade de seu amor. Ele que é pai não quer para nós, seus filhos, a ' mediocridade e por isso tem sido exigente: - Definam-se! Estamos sendo chamados para tomarmos uma posição como casais, da mesma forma que o somos como indivíduos, por ocasião da Crisma, quando recebemos o sacramento da Confirmação! Sim, parece que temos vivido como casal dentro das E.N.S. o mesmo processo de formação que vivemos como indivíduos; um dia, quando ainda não tínhamos consciência, recebemos com os sinais sacramentais do Batismo as graças do Espírito Santo, que permitiram iniciar nossa formação como filhos de Deus. E assim que crescemos na infância e na adolescência. Quando já conseguíamos reconhecer-nos como pessoas, como cristãos, então Cristo solicitou-nos que nos alistássemos como militantes em seu Povo Escolhido para que, junto com Ele, instalássemos no mundo o Reino de Deus. E recebemos o Crisma, sacramento da militância cristã, que nos sinaliza o recebimento das graças do Espírito Santo que nos permite ter o discernimento, a fortaleza, a esperança, a confiança, como sustentação no exercício da missão. Dessa forma o cristão, nascido no Batismo, chega à plenitude da vivência pela Confirmação; dessa forma o cristão casado, nascido como casal no Matrimônio, e que dentro das E.N.S. vem vivendo a consciência de que será como casal que viverá a santidade, é em nossos dias chamado à militância. Definam-se! Nesse momento, é preciso que nossos rostos tenham traços claros para que quem olhe para o nosso casal perceba que é o amor de Deus que permite a unidade; é preciso que nosso olhar tenha a firmeza da convicção de que o casamento é lugar de amor, felicidade e santidade, para que nossas palavras possam anunciar a Boa Nova do amor conjugal com autoridade e eficácia; é preciso que nossos seres se unam de tal -13-


forma que, repetindo Alvaro e Mercedés Gomes-Ferrer, "possamos ser uma parábola de comunhão num mundo dividido". Sabemos que já não está mais em jogo apenas a nossa felicidade pessoal, mas através dela e por seu testemunho, está em jogo a crença do mundo no amor conjugal, imagem do amor de Deus. É tarefa para gigantes! Mas a graça de Deus manifesta-se de mil formas e já podemos sentí-la na coparticipação de nossas equipes quando buscamos a coerência entre fé e vida; no estudo e na reflexão do tema assim como através dos pontos concretos de esforço quando vamos ajustando nossas vidas aos valores do Evangelho e adquirindo um estilo de vida pautado pela busca da vontade de Deus, da verdade e da vivência em comunhão. Mais do que nunca, buscaremos na oração, na escuta da Palavra, na meditação pessoal e em equipe, a força, a luz e o caminho. Além disso tudo outra realidade deve ser considerada: a militância concordante e coerente dos casais permitirá ao Movimento realizar um trabalho evangelizador comum, segundo seus carismas. Poderemos propor às Igrejas e ao mundo uma nova imagem de casal, humano e cristão que, imerso na sociedade atual, sabe mostrar aos homens que o amor de Deus se faz presente e realizador na relação conjugal. Mas também seremos capazes de alertar os homens e as estruturas da sociedade atual para os contra-valores que impedem os casais em geral de receberem esse mesmo amor de Deus. Irmãos, sua equipe se decidiu pela militância cristã? Vocês já dialogaram sobre isso? Como a experiência da militância de sua equipe será celebrada por vocês e pelo Movimento? Como vocês pretendem recolher a experiência de outras equipes sobre essa militância? Que Deus nos dê a todos o discernimento, a coragem e a paz. Beth e Rômolo.

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SEGUNDA INSPIRAÇÃO

ALGUMAS PISTAS PARA REFLEXÃO já foi dito e repetido que a Segunda Inspiração não é um tema de estudos. Mas o documento que foi apresentado aos casais do Movimento em Lourdes e distribuído a todos nos EACREs no início do ano, para produzir efeito, precisa ser concretamente estudado e refletido. Assim, abrindo-nos ao sopro do Espírito Santo, poderemos viver esta Segunda Inspiração que nosso Movimento busca, no contexto da fidelidade ao seu carisma fundador. Ora, sabemos que algumas equipes têm tido dificuldades nesta reflexão. Procurando ajudá-las, aproveitamos aqui, com pequenas adaptações, algumas pistas de reflexão que foram elaboradas por nossos irmãos das equipes de Portugal.

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1. De que modo o aprofundamento na espiritualidade conjugal mudou nossa vida de casal? O que representa para nós a dimensão sexual da espiritualidade conjugal? 2. Qual tem sido nosso papel de casal na Igreja? 3. Face à "opção preferencial pelos pobres", quais são os "pobres" que encontramos em nossa comunidade e quais as suas necessidades que detectamos? O que nós, enquanto casal, poderíamos fazer para nos integrarmos a essa opção? 4. Que valores positivos vemos aparecer ou reaparecer na sociedade, sobretudo no ambiente em que vivemos e o que podemos fazer, como equipistas, para promover esses valores? 5. Como interpretamos, na nossa vida de casal, a frase "torna-se importante que os casais cristãos se preocupem com a qualidade ao mesmo tempo humana e cristã de sua relação sexual"? 6. Que circunstâncias concretas já contribuíram para que descobríssemos a vontade de Deus no nosso casamento? 7. Que meios de formação (temas de estudo, escuta da Palavra, encontros, sessões de formação, palestras, retiros, etc.), utilizamos? Que outros meios de formação desejaríamos ter, que normalmente não encontramos no Movimento? -15-


8. O que entendemos por discernimento? Quais os meios de discernimento que utilizamos (dever de sentar-se, oração pessoal e conjugal, etc.)? Quais os casos concretos em nossa vida onde nos utilizamos dos meios de discernimento e por que? 9. Como temos cumprido os pontos concretos de esforço até o presente? A visão que a Segunda Inspiração nos apresenta desses pontos é diferente da que tínhamos até agora? Diferente em que? 10. O que buscávamos ao ing~essar no Movimento, e que, eventualmente, não encontramos mais nele?~ o '1 . ~~~ éV'J &14. 7•

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11. Já estamos trabalhando em algum campo de apostolado? Se não estamos, gostaríamos de estar? Em qual? Por que?

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'f.. 12. O Movimento deve oferecer à Igreja e ao mundo sua participação na "construção do Reino de Deus, baseando-se numa nova imagem do casal". Como fazer isto na prática, através de modalidades de engajamento mais ousadas, evitando-se a rotina e a "instalação"?

f 13. O que fazemos, que testemunho de vida damos, que sinais de esperança e de alegria transmitimos, a fim de que todos, especialmente os jovens, cheguem a compreender que o matrimônio é um caminho de amor, de felicidade, de santidade?

-o OoLembramos que é da máxima importância que todos participem das reflexões e que os frutos das reflexões de todos, qualquer que seja a forma que venham a assumir, sejam logo encaminhados aos Responsáveis de Setor. Todos contam com o aporte de cada um, para o enriquecimento do Movimento. A Segunda Inspiração depende disto . . .

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A PALAVRA DOS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS Em março, celebrando a Páscoa, publicamos uma meditação do Pe. João Leopoldo de Almeida, C. E. de Equipe em Taubaté, SP, sobre o primeiro mistério glorioso do Rosário: a Ressurreição. Em maio, com a celebração da Ascensão e de Pentecostes, foi a vez de suas meditações sobre os dois mistérios seguintes. Este mês, em que festejamos a Assunção de Maria, trazemos a vocês os dois últimos textos da série, recomendando-os à sua meditação.

ASSUNÇÁO DE NOSSA SENHORA A assunção de Maria é compreendida apenas por quem tem uma profunda compreensão de que a "história" de Jesus Cristo só pod·e ser recebida com fé. Quem buscasse na razão as respostas para compreender o sentido da assunção de Maria, bem depressa ficaria decepcionado: a Bíblia é completamente omissa diante da questão; não fala na morte de Maria, não fala da sua assunção. A sensação que se tem é de que, após a ressurreição de Jesus Cristo, a morte era encarada com total naturalidade pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos. Para eles não parece importante descrever os últimos anos da vida da mãe de Jesus, muito menos fazer sensacionalismo em cima de sua morte. Iluminados por uma certeza interior de que já estavam participando da ressurreição de Jesus, as primitivas comunidades cristãs não associavam morte com um triste fim, mas com uma alegre passagem para a casa do Pai. O grande significado da assunção de Nossa Senhora não está num túmulo vazio, nem na imagem de uma mulher subindo em direção às nuvens; o grande significado é preciso buscar dentro de nós: todo aquele que vive a fé em Deus, com todas as suas consequências (como Maria), não morre jamais, mas participa da ressurreição de Jesus Cristo. No que diz respeito a Maria, o dogma da assunção nos lembra que, como modelo exemplar de fé, em sua vida na terra, ela vive já a plenitude da presença de Deus no céu. Para o cristão deste tempo, estimulado por um materialismo que tem na morte sua mais terrível inimiga, a certeza de fé de que Maria está no céu, de corpo e alma, afasta o medo angustiante da morte e permite viver na paz. O cristão crê e anuncia: só sobe ao céu de Deus quem vive Deus, aqui na terra. -oOo--

REFLEXÃO: Sinto que o tempo que passa leva-me ao encontro da morte ou da verdadeira Vida? -17-


GLORIFICAÇÃO DE MARIA NO Clj;U Uma festa no céu: a glorificação de Maria, a mãe de Jesus. Ela é sinal e esperança para toda pessoa humana que, como Maria, souber crer e amar. Maria, simples doméstica em Nazaré, na mal-afamada Galiléia, aceita assumir uma maternidade que se prefigurava dolorosa e cheia de desafios. A suposta "glória" desta maternidade, por certo, não estava presente em Maria; ela via, isto sim, o drama que causaria para o noivo José, os olhares curiosos ou zombeteiros, as palavras irônicas, maliciosas ou de desprezo, os amigos e amigas que a deixariam de lado, etc. Dentro de Maria, contudo, uma paz muito grande: ela estava certa de estar certa. Sua opção fora uma opção de amor. E este amor seria grande o bastante para superar os obstáculos, os desprezos, os desafios. Inspirado num sentimento muito materno, este amor leva Maria até sua prima Isabel. Alí, diante do ventre da prima, dilatado pela gestação de seis meses, Maria explode num canto que as gerações consagrariam: "Minha alma glorifica o Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador". Esta mulher e mãe, tão livre porque completamente cheia de Deus, tão amada porque tão amante da humanidade, tinha de subir, livre, ao céu de Deus, para ser glorificada por Ele, porque sua vida foi um contínuo amar a Deus e aos homens, seus irmãos. E o canto de louvor, o "Magnificat" de Maria, continua sendo cantado na terra dos homens.

I! o "Magnificat" da mãe, junto ao berço do filho, no doce acalento da tarde ou em noites de febre e insônia ... I! o "Magnificat" do pai, voltando, cansado, de mais um dia de trabalho, todo feito de amor e doação pela esposa, pelos filhos ... I! o "Magnificat" do jovem, explodindo em alegria diante da vida, abrindo-se para ele com sentido de eterno ... I! o "Magnificat" do religioso, da religiosa, tão igual ao de Maria, no seu diário morrer em generosa e gratuita doação de amor ... I! o "Magnificat" do Padre que, ao fim de um dia, recorda que foi padre, instrumento de paz, instrumento de Deus . . . I! o "Magnificat" do doente, de dor e amor, fazendo da prece sua presença salvadora no coração da gente . .. -18-


São os constantes e repetidos "Magnificat", de tantos corações, que fazem da fé, companheira, da esperança, conselheira, e do amor, generosa doação. Também eles, como Maria, serão glorificados no céu de Deus, pois souberam amar a terra dos homens. -o Oo--

REFLEXÃO: Quando foi que explodí a última vez num "Magnificat'' de louvor à Deus?

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BASTA QUE DEUS SEJA DEUS Trecho de um livro sobre S. Francisco de Assis, de autoria de Elo i Leclerc, citado pelo P. Caffarel no seu livro "Dieu ce nom Ie plus trahi". Pág. 91.

Ah! irmão Leão, creia-me, retrucou Francisco, não te preocupes tanto com a pureza de tua alma. Olha para Deus. Admira-o. Alegra-te pelo que Ele é. Ele, todo santidade. Agradece-lhe por Ele ser como é. Isso, meu "petit frere" é ter um coração puro. E quando estiveres, assim, voltado para Deus, evita, principalmente, te voltares para ti mesmo. Não te perguntas em que ponto está o teu relacionamento com Deus. A tristeza de não ser perfeito e de se descobrir pecador é, ainda, um sentimento humano, muito humano. E preciso elevar o teu olhar para o alto, muito mais alto. ( . .. ) - No entanto, Deus reclama nosso esforço e nossa fidelidade, observa Leão. - Sem dúvida, responde Francisco. Mas a santidade não é uma realização definitiva ou uma plenitude que damos a nós mesmos. E, antes de tudo, um vazio que se descobre e que se aceita e que Deus vem ocupar na medida em que nos abrimos à sua plenitude. Vês, nosso nada, se o aceitamos, torna-se o espaço livre, onde Deus ainda pode criar .. . -19-


O PERDÃO DA MULHER A atitude de Jesus diante da mulher adúltera não deixava de ser embaraçosa. A lei de Moisés considerava o adultério como contrário à lei de Deus e fonte de graves prejuízos para a sociedade. Por isso, estabelecia a pena de morte para a adúltera. Se Jesus se pronunciasse a favor da aplicação da lei, sua imagem de homem misericordioso desapareceria. Se Ele se pronunciasse contra a aplicação da lei, sua autoridade de mestre da lei seria posta em dúvida. Antes de responder a seus adversários, Jesus escreve na terra. O quê? Não sabemos. Talvez, anotava os pecados de cada um, lembrando-lhes as fraquezas, que não eram pequenas. E ao perguntar-lhes: "Quem dentre vós que não tem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra" (Jo 8,7), Jesus já os estava acusando e manifestando o desejo de perdoar a mulher pecadora. E como as testemunhas não eram dignas de fé, por carecerem de probidade, indispensável no processo judicial judáico, foram elas saindo em silêncio, "uma após outra, a começar pelos mais velhos" (Lc. 8,9). Quem, na verdade, pode julgar-se isento de culpa? Quem pode julgar-se superior aos outros? Somos todos pecadores. E, por isso, necessitados do perdão de Deus. A Igreja de Cristo na terra é de iustos e pecadores. Cada homem, até mesmo, é, a um tempo, justo e pecador. Porque nele nem tudo é pecado e nem tudo é virtude. E Jesus veio para o homem pecador. Quem pretende separar o joio do trigo, o justo do pecador, nesta terra, não é capaz de compreender a naturezaz da Igreja, nem sua missão entre os homens. Coloca-se como juiz supremo de seus irmãos e esquece que somente Cristo é o juiz. Esquece também que todo homem é capaz de voltar-se para Deus, num momento ou outro de sua vida. No último instante de sua existência na terra pode reparar, por um ato de profundo arrependimento, toda uma vida distante de Deus e de seu Filho Jesus Cristo. Jesus somente é o juiz do coração humano. E como juiz, absolve a mulher pecadora de suas faltas: "Ninguém te condenou? Disse ela: Ninguém, Senhor. Disse, então, Jesus: Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais" (Jo 8,10-11). Pois Ele não veio para condenar, mas para salvar. I! o homem que se condena, quando não aceita o seu perdão e sua graça. Seu amor é cheio de compaixão. I! amor misericordioso. -20-


E "a misericórdia manifesta-se com a sua fisionomia verdadeira e própria, quando reavalia, promove e sabe tirar o bem de todas as formas de mal existentes no mundo e no homem", diz João Paulo 11, na encíclica Dives in Misericordia. O perdão para o pecador que se arrepende não significa, no entanto, a complacência para com o mal. O mal que há no coração humano e nas estruturas da sociedade. Assim, a idolatria do poder, o egoísmo e a corrupção, o desperdício do dinheiro público em proveito de poucos, a irresponsabilidade, a licenciosidade dos costumes, a deslealdade e a mentira, a sede de vingança e a violência, a exploração os mais humildes, o desrespeito aos direitos humanos, a ofensa à fé religiosa de um povo, a ameaça à vida "em todas as fases do seu desenvolvimento, desde a concepção até à morte natural, e em todas as suas condições, tanto de saúde como de doença, de perfeição ou de deficiência, de riqueza ou de miséria" (João Paulo 11, Exortação Apostólica Christifideles Laici). Diante do mal, a Igreja e o cristão não podem ser indiferentes. Porque Jesus Cristo é a santidade e seus discípulos devem ser testemunhas no mundo do bem. Dom José Freire Falcão Cardeal-Arcebispo de Brasília

• NOT(CIAS BREVES • Em carta emocionada, a Equipe de N. S. do Perpétuo Socorro (n.o 9) de Mogi das Cruzes, SP, se despede de seu atual Conselheiro Espiritual, O. Emílio Pignoli, que está assumindo a nova diocese de Campo Limpo, desmembrada da Arquidiocese de São Paulo. Jurema e Célio, C.R. da Equipe, nos dizem da serenidade e da disponibilidade de D. Emílio, de sua "palavra amiga, o profundo respeito pelo ritmo de cada casal, o toque de sabedoria em suas interpretações na hora da meditação e na resposta ao tema •. Também nós nos unimos a seus agradecimentos a D. Emílio e a seu pedido para que "permaneça em nosso Movimento, ajudando-o a implantar a Segunda Inspiração ... •.

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COLABORAÇÃO

DEIXAR ATRÁS O "SI MESMO" As seguintes palavras de Jesus, são tiradas do Evangelho de Marcos: "Se alguém quiser vir após mim, tome a sua cruz e sigame." Ora, nós meditamos, para fazer exatamente isto: obedecermos ao chamado que Jesus faz, que é a base de toda nossa fé cristã, isto é, deixarmos para trás de nós mesmos o nosso "Si mesmo", a fim de que possamos realmente caminhar com Cristo. Talvez, tenhamos perdido a compreensão do que realmente significa renunciar a si mesmo. A auto-renúncia, hoje, é justamente o contrário do que a nossa sociedade enfatiza: ela não é a auto-promoção, a auto-preservação, a auto-projeção. O materialismo da nossa sociedade põe "o que eu quero" no centro da nossa vida e transforma o outro num mero objeto. Quando começamos a usar o outro, sua realidade, seu valor essencial nos escapa por completo, e ele deixa de ser o outro para ser uma projeção de nós mesmos. Muitas pessoas confundem a auto-renúncia com a auto-rejeição. São duas coisas distintas e andam por caminhos diferentes. Quando renunciamos a nós mesmos, ficamos em liberdade e temos a capacidade de criar condições necessárias para que possamos decidir pelo "Outro". Só nos poderemos voltar para o Outro quando deixarmos o "Si mesmo" atrás de nós, isto é, quando desviarmos nossa consciência do "eu para o tu". A auto-renúncia constitue o meio de nos libertarmos de nós mesmos para que possamos viver o que é o amor do "outro". Todo o mundo de hoje caminha com um objetivo: a individualidade precisa ser preservada. O homem lógico, é um indivíduo responsável por seus atos e omissões, mas é diferente de viver o egocentrismo, que é fazer de "Si mesmo" o centro de tudo. Toda educação de hoje, infelizmente é baseada na formação de pessoas que lutam por seus próprios interesses desde a infância, e assim quando chegam à idade adulta se revelam do modo como foram treinadas desde a infância. -22-


Teremos sempre movimentos antagônicos com o evangelho: a procura de vivermos o amor evangélico se confronta constantemente com o "si-mesmo". Cabe a nós, cristãos, educarmos nossos filhos naquilo que realmente acreditamos, que é a vivência dos ensinamentos de Jesus Cristo. Leda e Mazinho Equipe 5 Araraquara

• MARIA DO MAGNIFICAT Publicamos aqui alguns trechos de mais uma reflexão de um casal equipista sobre o tema "Magni-

ficat".

Perguntamo-nos ao rezar o Magnificat sobre "Acolhe Israel seu servidor". E nesta reflexão, entendemos o canto de Maria que, sendo porta-voz de Israel, representa toda a humanidade, fazendo-nos também participar deste favor de Deus a seu Povo Eleito e tornando-nos suas testemunhas. Mas será que, membros dessa comunidade de "mimados de Deus", como as E.N.S., correspondemos efetivamente a essa escolha, a esse chamado? Maria nos diz da "fidelidade de Deus ao seu amor", seguida da ·promessa a Abraão" que transforma seu canto pessoal de ação de graças em canto do povo de Deus, na grande dimensão da esperança messiânica, iniciada em Abraão e coroada em Maria. Se Deus nos é fiel, e não desmente nunca a fidelidade de sua promessa renovada dia a dia, por que a nossa promessa na aliança conjugal, da qual Ele é o fiador, não há de renovar-se também a cada dia? Portanto, que essa fidelidade divina seja modelo para cada casal, diante dos filhos e da comunidade onde vive ( ... ): só essa visibilidade de nossa vida é capaz de convencer os céticos e devolver a muitos a esperança. A fidelidade não é fria e transcende ao papel assinado; fidelidade é a promessa continuada que nos transporta além do tempo. Refletindo sobre o Magnificat, podemos sentir a imagem de Maria como mulher corajosa, profundamente preocupada com as injustiças sociais, num mundo onde o egoísmo dos poderosos acentua as diferenças e aumente o sofrimento dos menos favorecidos. Maria está comprometida com a tarefa libertadora. Canta louvando -23-


a Deus e intercedendo pelo povo diante da misericórdia divina. Como mãe, supl ica pelos aflitos, pelos humilhados e pelos famintos. O hino da Virgem é prenúncio do Reino de Deus, anunciando a mensagem libertadora do Messias, da nova ordem de paz definitiva de toda criação . Teresinha e Sebastião Fernandes São Paulo

••• A

PARTILHA

A Partilha é um dos momentos mais importantes das nossas reuniões de equipe. Ela resulta da fidelidade ao que somos. Cada um de nós recebeu do Espírito Santo dons especiais. A uns deu a capacidade de ensinar, a outros de reunir, a outros de transmitir e ainda a outros e dom do entendimento, etc . . . sabendo porém, que uma comunidade se cria quando cada um de seus membros se dispõe a partilhar a vida e o saber, a fé e a responsabilidade de ser um de seus membros ativos. Aqui na equipe, mais que em outro lugar, somos chamados a partilhar o que somos, o que aprendemos e o espírito fraterno que está em cada um de nós, a fim de fazermos dela não só uma comunidade onde todos se querem bem, mas uma pequena Igreja, onde o Amor de Cristo vivo se manifesta. A medida em que vamos cumprindo com amor nossos Pontos Concretos, vamos nos transfigurando, e é esta transfiguração que devemos deixar entrever na Partilha, porque ela representa os passos que damos em direção a Cristo. Pode acontecer, no entanto, que em algum ponto, no mês, não alcancemos o progresso desejado na caminhada. Surge então a necessidade de sermos fiéis em revelar a verdade, a fim de que a equipe possa exercer o auxílio mútuo. Como se trata de um viver em comunhão, devemos escutar a cada um dos membros com a mente e o coração, indo ao seu encontro sempre que necessitar. Somos um Movimento por uma espiritualidade conjugal e familiar, mas podemos ter por certo que isto não conseguiremos de uma hora para outra, e sim como os passos dados pela natureza: ela não dá saltos . Por isso, é necessário partilharmos sempre, em cada reunião, com sinceridade os nossos defeitos, os nossos fracassos, as nossas deficiências e os nossos sucessos, porque é assim que vamos nos tornando transparentes, e nesta transparência manifestamos o rosto de Cristo. Lucia e Fernandes - Equipe 9 Criciuma - SC -24-


EQUIPES JOVENS DE NOSSA SENHORA

Caros Casais Equipistas, Nosso movimento, confiado como o de vocês a Maria, deseja estar aberto ao maior número possível daqueles que, numa idade de importantes escolhas e decisões para seu futuro, querem viver e refletir à luz do Evangelho. Apesar de presentes num bom número de países (na Europa Ocidental, no Oriente Médio e na América Latina), as EJNS contam, por enquanto, com um número modesto de membros (3.000-3 .500). ~ evidente que há muito esforço a fazer para ajudar o seu desenvolvimento, numa missão que pode, de pleno direito, ser considerada apostólica. Vocês, casais das Equipes de Nossa Senhora, são os primeiros interessados nessa difusão, já que a maioria de vocês são pais . . . e já que nenhum de vocês deixa de se interessar pelos filhos dos outros! Além da divulgação direta junto aos jovens, a colaboração de vocês pode tomar duas formas. - Informação aos casais das ENS, .para que explorem, com o melhor de sua imaginação, o artigo que vai publicado a seguir nesta Carta Mensal. Todo e qualquer encontro é uma boa ocasião para insistir sobre a caminhada das EJNS, sem contar os convites que podem ser feitos aos jovens, nas Missas de equipe ou de Setor, por exemplo. Se vocês souberem de interessados em nosso Movimento, agradeceríamos se nos avisassem para que possamos pô-los em contato com algum responsável da região ou do país. - Cooperação mais estreita, se vocês se sentirem chamados, no espírito do testemunho dado por Mons. Thomazeau, no dia 22 de setembro de 1988, na peregrinação que vocês fizeram .a Lourdes. O texto de sua intervenção consta da Carta Mensal de dezembro 1988 (n. 0 Especial - Lourdes 88), à página 31: pedimos que voltem a lê-lo com atenção. Teremos muita alegria em atender qualquer solicitação de informações complementares (*). Na alegria e na paz de Cristo, nosso muito obrigado por tudo o que vocês fizerem por nós. Thibaut ROUSSEL e a Equipe de Animação Internacional

(*) No Brasil, dirigir-se ao Secretariado das Equipes Jovens de Nossa Senhora

(Cathy Nadas), Rua João Adolfo, 118, conj. 901 , CEP 01050, São Paulo, SP, tel.: (011) 34-8833.

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EQUIPES JOVENS DE NOSSA SENHORA

NóS, OS JOVENS, OUTRA VEZ Após Lourdes, onde cantamos unidos a vocês o nosso aleluia ao Senhor, sentimos a necessidade de dar-lhes uma informação melhor sobre o que procuramos viver nas Equipes Jovens de Nossa Senhora. As EJNS, nascidas em 1976 no Encontro Internacional das Equipes em Roma, contam hoje com mais de 3.000 jovens em 12 países. Este movimento de espiritualidade, que muito se beneficiou com a experiência das Equipes de Nossa Senhora, permite-nos aprofundar a nossa fé e procurar viver como cristãos numa idade onde nos encontramos diante de muitas escolhas a fazer: estudos, profissão, vocação ... Por que uma E.

J. N. S.?

"Vem e segue-me ... " O Senhor nos convida a acolher cada vez mais o seu Amor e a dar testemunho no meio em que Ele nos coloca. Constatamos, como vocês, o quanto é difícil conseguir isto sozinho e o quanto o auxílio de uma equipe, a meio caminho entre a comunidade familiar e a Igreja, pode ser decisivo. O que é uma E. J. N. S.?

E um grupo de 6 a 12 solteiros, de 17 a 27 anos, assistidos por um conselheiro espiritual (padre, religioso, religiosa) ou um casal ... das Equipes de Nossa Senhora. Mais do que um simples grupo de amigos que vivem as mesmas ambições espirituais e as mesmas dificuldades humanas, a equipe existe para ajudar cada um a progredir no seu relacionamento com Deus e com os outros. Não é um objetivo em si, mas um meio que o Senhor coloca à nossa disposição para aprendermos a viver melhor, como testemunhas de seu Amor. De que maneira?

Por meio de reuniões regulares (muitas vezes a cada três semanas), alicerçadas nos tempos fortes que vocês conhecem bem: (refeição), oração em comum, partilha de vida, tema e pontos de esforço. Apesar de cada equipe caminhar no seu próprio ritma, não é um pequeno círculo fechado e isolado. Mantemos ligações com outras equipes de nossa região, de nosso país, dos outros países, graças a nossas missas mensais, a nossos encontros regionais de fim de semana, e a grandes assembléias nacionais ou internacionais, conforme o ano. -26-


Saber que vocês estão tão perto de nós dá-nos muita alegria e até a ousadia de pedir que vocês nos ajudem a desenvolver o nosso movimento. Talvez vocês conheçam jovens que a caminhada das EJNS poderia ajudar a crescer. . . Talvez vocês se sintam chamados para acompanhar uma equipe . .. A preocupação apostólica em ajudar as gerações que vêm a viver os valores cristãos não pode deixar de interpelá-los, a vocês que são pais, e é com esta missão de Igreja que as EJNS querem contribuir. Acreditem em nós e, em qualquer ocasião, chamem-nos, já que temos a mesma ambição: melhor servir ao Senhor!

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AS ENS NO MUNDO

ESTATfSTICAS O Secretariado Internacional das ENS enviou-nos algumas estatísticas re-ferentes à situação do Movimento no mundo. O quadro da página seguinte mostra a presença das Equipes nos vários países (41 no total, sem contar as equipes isoladas). !: interessante notar a posição - e a conseqüente responsabilidade do Brasil, neste conjunto. A vitalidade do Movimento é evidente. Basta olhar o seu desabrochar e a sua expansão na Africa , na Oceania e até no Extremo Oriente . A distribuição por continente é a segu inte : Africa . . . . . . . . . . . . . . .

62 equipes

Américas . . . . . . . . . . . .

1 . 326 equipes

Asia . . . . . . . . . . . . . . . .

40 equipes

Europa . . . . . . . . . . . . . .

3 .929 equipes

Oceania . . . . . . . . . . . . .

133 equipes

Total . . . . . . . . . . . . . . . .

5.490 equipes

!: de se notar, também, que já estamos falando em mais de nove línguas, distribuídas como segue: . . ...... . . . ........ ... . .

42,6%

Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

25,4%

Espanhol

....... . ..... .. .... .. . .

16,5%

Inglês .. . .. . .... . .......... ... . .

8,6%

Italiano

5,6%

Alemão

1,1%

Chinês, Coreano, Japonês e outros

0,2%

Francês

Total

100,0% -28 -


ESTAT(STICAS ENS -

FIM DE 1988 N.o

PAIS

CONTINENTE

LfNGUA

FRANÇA BRASIL ESPANHA

Europa Américas Europa Europa Europa Europa Américas Oceania Europa Europa Europa Américas Américas Europa Africa Américas Europa Américas Ásia Ásia Américas Américas Africa Ásia Américas África África Américas Africa Oceania Ásia Ásia Américas África África Oceania Ásia Américas Américas África Africa

Francês Português Espanhol Francês Português Italiano Inglês Inglês Inglês Alemão Francês Espanhol Francês Inglês Francês Espanhol Francês Francês Inglês Francês Espanhol Espanhol Francês Francês Espanhol Francês Francês Espanhol Francês Francês Coreano Japonês Espanhol Inglês Francês Francês Chinês Espanhol Espanhol Francês Inglês

B~LGICA

PORTUGAL ITÁLIA ESTADOS UNIDOS AUSTRÁLIA GRA-BRETANHA ALEMANHA/ ÁUSTRIA SUIÇA COLOMBIA CANADÁ IRLANDA ILHA MAURICIO PORTO RICO LUXEMBURGO ANTILHAS FRANCESAS IN DIA SIRI A M~XICO

TRINIDAD MA LI LI BANO ARGENTINA BURKINA-FASSO CAMAROES REPúBLICA DOMINICANA SENEGAL NOVA CALEDONIA COR~IA

JAPAO PANAMÁ RUANDA TOGO TAJTI TAIWAN COSTA RICA PERú GABAO ÁFRICA DO SUL EQUIPES ISOLADAS TOTAL:

•••

•••••

••

o

o

••••

••••

o

o

••

o

-29 -

••

••

•••

EQUIP.

1 3

30,80% 17,25% 14,44% 8,05% 8,00% 5,59% 3,72% 2,37% 1,46% 1,07% 1,04% 1,00% 0,93% 0,71% 0,66% 0,46% 0,35 % 0,29% 0,27% 0,26% 0,13% 0,13% 0,13% 0,11% 0,11% 0,09% 0,09% 0,07% 0,05% 0,04% 0,04% 0,04% 0,04% 0,04% 0,04% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,05%

5 .490

100,00%

1 . 691 947 793 442 439 307 204 130 80 59 57 55 51 39 36 25 19 16 15 14 7 7 7 6 6 5 5 4 3 2 2 2 2 2 2

o

% S/TOTAL


NOTICIAS E INFORMAÇ()ES

Mudança nos Quadros

-

- Lourdes e Sobral assumem a responsabilidade pelo Setor A de Brasília, sucedendo a Mariola e Eliseu que, por sua vez, assumem a importante missão de Casal Responsável da Região Centro-Norte. - Criada a Coordenação de Santarém/PA (na Região Centro-Norte), cujo primeiro Casal Responsável são Lalai e Brasil. Ao ensejo, devese mencionar o dedicado trabalho de pilotagem desenvolvido por Neusa e Antonio e também por Glória e o saudoso Brígida, pela semente que carinhosa e amorosamente lançaram naquele ponto da imensidão amazônica. Até então, as equipes de Santarém/PA estavam vinculadas ao Setor de Manaus/AM, sob responsabilidade de Amazonilda e Gama, que também contribuíram muito para o seu desenvolvimento.

Equipes Novas -

Setor B de Brasília/DF

Setor de Marília/SP Equipe n.0 1 (nova)- N. S. do Bom Parto C . E. : Ir. Pedro Léo Ducharme C . P. : Diva e Venício Onofri

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Setor A de Petrópolis/RJ C. E. : Frei Antonio Mo ser C.P. : Lilian e João Quadra

Ordenação Diaconal - Aconteceu em 23/4 passado, a ordenação diaconal de Luiz Artur H. Falcão, C. E. da equipe 72/F da Região Rio-1.

Jovens - Realizado pelas equipes de Recife/PE, o 1.0 Encontrinho de 1989, que reuniu 65 crianças na capela da Base Aérea e contou com a orientação espiritual de Frei Gilberto.

Equipe n.o 54 (Taguatinga) C. E. : Pe. Antonio de Moura C.P . : Helena e Rudes Equipe n.o 55 C .E. : Pe. Antonio de Moura C . P. : Helena e Chico

Volta ao Pai - Maria da Conceição Bernardes Dias (esposa do Clovis), da equipe 3 de Marília/SP, em 18 de maio passado.

Boletins de Setores A equipe da Carta Mensal continua a receber, sempre com muita alegria, exemplares dos inúmeros boletins de vários Setores do Brasil, -30-


que lemos com muito carinho . Conforme já informamos, temos procurado publicar aquelas notícias que julgamos de interesse mais geral do Movimento, uma vez que, a nosso ver, os boletins já cumprem a importante finalidade de divulgar as notícias de interesse local. Desta vez queremos destacar e agradecer o recebimento dos exemplares de n.o 01/88 (outubro) a 03/88 (dezembro) e de 01/89 a 06/89 do E-VENTOS, boletim informativo do Setor E do Rio de Janeiro/RJ e também dos exemplares n.o 01/89 (maio) e 02/89 (junho) do "O Equipista ", boletim mensal do Setor de Niterói/RJ. Gostaríamos também de saudar o ressurgimento do ·BICA", boletim informativo do Setor de Araraquara/SP.

Visita do Pe. Vitor Feytor Pinto Da Carta Mensal de dezembro/88 (Especial-Lourdes 88). à página 67, consta o relatório da Sessão de Formação Internacional que se seguiu ao Encontro Internacional. E conta-se, nesse relatório, o importante papel desempenhado naquela Sessão pelo Pe. Vitor Feytor Pinto, C. E. de equipes em Lisboa, que foi responsável pela apresentação de 4 palestras (além da que já tinha pronunciado na Basílica, na 4.• feira anterior - v. pág. 48 da mesma C. M. ). Pois bem. Alguns dos casais que participaram da Sessão ficaram tão entusiasmados com suas colocações, que resolveram promover a sua vinda ao Brasil para falar aos equipistas de várias partes do país. Eis o seu programa preliminar: 18/08 -

Chegada em São Paulo (Guarulhos)

18/08 -

Início de Retiro em Guaratinguetá/SP

21/08 -

Reunião com C. E. 's em Guaratinguetá/SP

22/08 -

Encontro com casais equipistas do Vale do Paraíba

23/08 -

Encontro em Piracicaba/SP

24/08 -

Encontro em Ribeirão Preto/SP

25/08 -

Reunião com os Resp. de Setor da Região S. Paulo Sul

26/08 -

Encontro com os casais da Região S. Paulo Sul I

29/08 -

Encontro em Curitiba/PR

30/08 -

Encontro em Florianópolis/SP

02/09 -

Encontro em Recife/PE

03/09 -

Partida para Lisboa

Quaisquer informações complementares sobre a vinda de Pe. Vitor poderão ser obtidas com lraci e Alceu Biggiotti, pelo telefone (0125) 22-2380, em Guaratinguetá/SP. -31-


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A ARTE DE ENVELHECER Envelhecer, é preciso afirmá-lo a si mesmo, e dizê-lo bem alto, não para que os amigos protestem, mas para se abster daquilo que, ainda ontem, se_ julgava capaz de fazer. Com sinceridade, desde o amanhecer, persuadir-se que se está um dia mais velho . . . As misérias da idade, separar-se de um sonho e se dizer baixinho, porque somos batizados, que partilhamos da cruz redentora de Cristo. As revoltas da natureza, impor silêncio e alimentar sua alma com a Palavra de Deus. Permanecer bom, permanecer manso e humilde de coração, amar os jovens como se ama as flores, como se ama a esperança. Resignar-se a viver um pouco na praia onde contemplamos o oceano, lá onde Deus nos chama, enquanto outros navegam sobre as ondas muitas vezes tumultuosas. Temer ser importuno sem ser selvagem, deixar-se ignorar embora permanecendo presente. Nem sempre ser compreendido, respeitado, e oferecer a Deus este sofrimento. Ocupar-se, sem ruído, dos cuidados que toda partida exige. Rezar e fazer o bem ao seu redor. Sem neglicenciar seu corpo, alimentar sua alma com o Evangelho. Aquecer um nas brasas e a outra no amor de Deus. Jamais se julgar inútil; a provação da velhice e o sofrimento têm sentido, pois um cristão é redentor em sua união com Cristo. Depois, uma noite, discretamente, apagar a chama de sua lâmpada para ver Deus face a face porque ele nos espera. Que ele nos guarde todos em seu amor.

J. Pichat (do "Lien Salésien" -

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Maio-Junho 89)


MEDITANDO EM EQillPE TEXTO DE MEDITAÇÃO (Jo. 3,1-8) Havia, entre os fariseus, um membro do Sinédrio chamado Nicodemos. Veio ele, à noite,' ter com Jesus e lhe disse: "Rabi, sabemos que vens da parte de Deus com·o um mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele." Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade te digo: quem ·não nasce do alto não pode ver o Reino de Deus." Disse-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar uma segunda vez no seio de sua mãe e nascer?" Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade; em verdade te digo: quem não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer do alto. O 'vento sopra onde quer e ouves o seu ruído mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito."

ORAÇÃO LITúRGICA (Vésperas da Festa da Assunção) Com grandes louvores exaltamos a Deus Pai onipotente: Ele determinou que Maria fosse a Mãe de seu Filho, ceíebrada por todas as gerações. E peçamos confiantes: R.: - Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Deus, autor de maravilhas, fizestes a imaculada Virgem Maria participar em corpo e alma da mesma glória de Cristo; - orientai os corações de vossos filhos para a mesma glória. R.: - Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Vós nos destes Maria por Mãe; por sua intercessão, concedei saúde aos enfermos, conforto aos tristes, perdão aos pecadores, - e a todos, a salvação e a paz. ~.: Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Fizestes Maria cheia de graça; - concedei a todos a jubilosa abundância de vossa graça. R.: - Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! · Que a vossa Igreja tenha um só coração e uma só alma na caridade; - e os fiéis perseverem unidos na oração com Maria, Mãe de Jesus. R.: - Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Coroastes Maria Rainha do céu; - fazei que os falecidos se alegrem eternamente em vosso Reino junto com os santos. R.: -

Olhai para Maria, cheia de graça, e atendei-nos! Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmQs da sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo . ..


Um momento com a equipe da Carta Mensal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

1

Editorial -

2

Pe. Caffarel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4

A palavra do Papa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6

Exigências éticas da ordem democrática ·. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

7

O voto responsável . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

10

Segunda Inspiração: -

A hora de definir-se . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

13

-

Algumas pistas para reflexão .. .. . : . . . . . .

15

A Assunção de Nossa Senhora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Glorificação de Maria no céu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

18

Basta que Deus seja Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

19

O perdão da mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

20

Colaborações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

22

Equipes jovens de Nossa Senhora ........ .. . . .... ..... .... .... .

25

As ENS no mundo: estatisticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

28

Notícias e Informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

30

A arte de envelhecer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

32

Meditando em equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

33

EQU IPES DE NOSSA SENHORA 01050 Rua João Adolfo. ll8 · 9' · cj. 901·Tel. 34 8833 São Paulo · SP


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