ENS - Carta Mensal 1988-8 - Novembro

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MAGNIFICAT

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OS PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO E A PARTILHA

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VOCAÇAO DAS ENS NA IGREJÀ E NO MUNDO, NA ATUALIDADE E NA FIDELIDADE ÀS ORIGENS


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL "Exultavit anima mea in Deo salutar! meol" "Exulta meu espirito em Deus, meu Salvador!" No momento em que se encerra esta edição de Carta Mensal, os 158 peregrinos brasileiros, que juntamente com outros 5.600 equipistas do mundo inteiro estiveram em Lourdes, estão chegando em suas casas. Certamente, terão muito a nos contar, porque o Encontro Internacional foi rico em espírito e vida, em aprofundamento e troca de experiências, em crescimento e em alegrias. A Carta Mensal, que esteve presente em Lourdes, prepara um número especial sobre este grande acontecimento da vida do Movimento, para o próximo mês. Claro que gostariamos de fazê-lo antes, mas, como nossos leitores já sabem, os prazos técnicos de composição, gráfica, etc. são implacáveis. Assim, apenas um flash rápido para vocês. Como o Pe. Olivier, em seus Editoriais deste ano, e a ERI, em suas cartas, já o tinham deixado entrever, o tema central do Encontro foi o que se denominou o • Novo Fôlego". Como o atleta engajado na longa corrida que o leva à linha de chegada e que, para continuar com firmeza, precisa retomar fôlego, o Movimento, no esforço de santificação de seus membros, precisa encher os pulmões com o fôlego de seu carisma fundador, para poder vivê-lo no mundo de hoje, e nas diversas realidades em que se acha implantado. E é natural que esta retomada de fôlego requer muita reflexão e participação de todos, para não estar divorciada da vida. O Encontro Internacional de Lourdes/88 quis ser o pontó de partida desta reflexão. Os peregrinos estarão nos trazendo os primeiros bocados para mastigarmos a matéria, que será, nos próximos meses (ou anos ...), assunto para muita troca de idéias entre todos nós. E, sem querer transformar esta página em 'comercial', a leitura da Carta Mensal, para acompanhar todo este novo ritmo respiratório do Movimento, passa a ser mais indispensável do que nunca.

-o OoEste mês, a Palavra do Papa, que nos fala de Maria, está no centro da Carta Mensal. Através dessa Palavra, também nós, das Equipes de Nossa Senhora, queremos nos unir às gerações que têm chamado Maria de bendita, por todas as graças que , por meio dela, recebemos neste Ano Mariano que passou . Magnlficat! A Equipe da Carta Mensal. -

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EDITORIAL Reproduzimos aqui o Editorial da Carta Mensal de Novembro de 1971, escrito por Pedro Moncau.

NÁO RECEIEM SER EXIGENTES Folheando a pasta que contém a correspondência trocada com o Cônego Caffarel, quando as Equipes ensaiavam os seus primeiros passos em nosso país, encontramos, dentre as preciosas orientações que então nos dava, algumas que se prestam admiravelmente para este número •de novembro, mês dedicado à reunião de balanço e à eleição do Casal responsável. Numa ·de suas cartas, escrevia o Cônego Caffarel: "Permitam-me que lhes dê um conselho, cuja oportunidade a experiência veio comprovar. ~ particularmente necessário que, de tempos a tempos, pelo menos uma vez por ano, os casais de uma equipe se interroguem sobre alguns pontos importantes. Como foi vivida entre nós a caridade fraterna? Em que foi ela deficiente? Em que poderia ser aprofundada? Que devemos fazer para que esta amizade seja mais autêntica, o auxílio mútuo mais eficaz? Que poderíamos fazer para que a vida de cada um dos casais seja mais conforme ao Evangelho? Como nos temos comportado em relação à oração na equipe? Que devemos fazer para que seja mais intensa, mais profunda? Em que ponto estamos no espírito de fidelidade aos meios de aperfeiçoamento que a equipe nos propõe e que tornam os nossos corações mais abertos a Deus? ~ esta atenção e esta docilidade que podem permitir os verdadeiros progressos. Como nos temos comportado em relação à tradução em nossas vidas das verdades que vamos descobrindo no decorrer das trocas de idéias? Fazemos tudo o que podemos para aproveitar as riquezas doutrinárias e espirituais que o estudo do tema nos revela e que o Conselheiro espiritual nos comunica?". Sem mencioná-lo, é evidentemente da reunião de balanço que o Pe. Caffarel nos falava. Talvez naquela altura não tivesse ainda sido adotada como norma dentro do Movimento. Aliás, vocês talvez reconheçam aqui os têrmos de alguns questionários propostos para as nossas equipes. Mas repararam certamente que são os pontos essenciais da vida de equipe que ele menciona, concitando-nos a um exame de consciência coletivo que nos ajude a verificar se nos aplicamos efetivamente para o próprio crescimento, mas também para o crescimento de nossos irmãos de equipe.

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"~ preciso estar sempre atentos" escreve ele em outra carta "às aspirações, às necessidades, aos progressos possíveis, de modo a favorecê-los e fazer de cada equipe uma vitória da caridade fraterna, de modo que os casais se tornem adultos no plano espiritual, como eles o são no plano humano". Quanto à eleição do Casal responsável, que também costuma ser feita na reunião de balanço, tem ela uma importância muito grande para a vida da equipe e deve ser conscienciosamente preparada, com os olhos postos no Senhor. Não se trata que seja eleito o casal que nós pessoalmente desejaríamos. Não se trata de fazer o rodízio dos casais e, muito menos, embora na melhor das intenções, de eleger aquele que se vem mostrando desinteressado - mas sim aquele que o Senhor quer para a nossa equipe. ~. portanto, em espírito de oração que esta eleição deve ser feita, pois é o bem da equipe, isto é, o seu progresso espiritual que está em jogo. Ora, tal progresso depende inteiramente do esforço de cada um dos equipistas, a ser estimulado pelo Casal responsável. Cabelhe, pois, cultivar uma qualidade. Damos aqui, novamente, a palavra ao Pe. Caffarel: "Não receiem ser exigentes" - escrevia ele. "Não se trata, evidentemente, de impor exigências excessivas ou prematuras, mas importa que, de uma para outra reunião, de um para outro ano, haja progressos. Uma equipe não progride recua, é bem evidente". Em outra ocasião, o Pe. Caffarel nos comunicava a suas impressões sobre um Encontro de Responsáveis de Equipe que acabava de se realizar. "Saio desses Encontros - dizia ele - com a convicção de que é preciso ser exigente com os casais de nossas equipes. Não quero com isto dizer que se deva sobrecarregá-los com tarefas suplementares, mas é preciso ser ambicioso por eles, querer que eles descubram o cristianismo com todas as suas riquezas e em toda a sua amplitude . . . Querer que se entreajudem e o façam com entusiasmo e na alegria de viver, não sem eventuais desfalecimentos, sem dúvida, mas com um impulso sempre renovado". O bom responsável, portanto, será aquele que tiver como meta levar os casais a quererem ser o que eles devem ser: cristãos ambiciosos por viver no estado do matrimônio todas as exigências do cristianismo, no mundo de hoje. Ele não estará sozinho neste empreendimento. Terá a seu lado o Conselheiro Espiritual e terá a certeza de encontrar na oração, na meditação, na Eucaristia, o necessário suplemento de forças.

Pedro Moncau

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A EC/R CONVÉRSA COM VOCES

No mês de novembro comemoramos o dia dos Finados. Nossos irmãos que acreditamos estarem na verdadeira vida, deixam um vazio em nossa existência. Não preparados para aceitar a morte nós choramos a cada partida dos homens independente de fazerem parte do nosso relacionamento. Isso porque é um pouco de nós que morre junto com a morte de cada ser. A busca da vida é algo tão araigado em nós, que nos colocamos, consciente e inconscientemente, contra a morte. ~ preciso, porém voltar-se para a nossa profissão de fé que tantas vezes fazemos: "Creio na ressurreição da carne, na vida eterna e na comu-

nhão dos santos". Não deixamos de chorar a morte dos que nos são caros, mas é indispensável prestar atenção ao anjo que nos anuncia: Ele não está aqui. Ressuscitou! E é mais indispensável ainda que promovamos a vida, aqui e agora, condição essencial para a conquista da verdadeira vida. Assim, queremos refletir com vocês pata descobrirmos os sinais de morte que nós homens criamos ao longo da história. Muitas vezes ocorrem situações de "morte" onde a morte física é relativamente menos chocante. Tantas vezes teríamos que refletir as palavras do poeta, que referindo-se à morte do escravo dizia ter encontrado a liberdade . .. "Merece também a nossa atenção o fato de que nos países do chamado Terceiro mundo, faltem muitas vezes às famílias quer os meios fundamentais para a sobrevivência, como o alimento, o trabalho, a habitação, os medicamentos, quer as mais elementares liberdades". (Familiaris Consortio, 6). Mas se você não é e nem. se sente culpado por esta situação de morte e não assume como problema seu, você, eu, nós acabamos de promover a morte. Nos questionamos ainda como anda a promoção da vida relacionada com a mulher. A dos outros e a sua .. . Os direitos à vida, à dignidade,. ao trabalho, à realização são preservados e conquistados? De todas as mulheres e especialmente "as esposas sem filhos, as viúvas, as separadas, as divorciadas, as mães solteiras". (F.C . n .0 24).

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Como andam as preocupações com a promoção da vida das crianças? No campo da educação, na formação, no acolhimento e na preservação dos seus direitos de participação? Como usamos a autoridade em nossa casa? Vivemos o conceito de que "quem tem verdadeira autoridade é aquele que serve"? No campo da sexualidade, como promovemos a vida? O corpo, o seu corpo masculino ou feminino é expressão e sinal do amor e da vida? Buscamos descobrir o valor do corpo como aquilo que exprime o sentimento que vai no coração? O próprio aperto de mão, o olhar, o beijo, o sexo é esta expressão de vida ou de opressão, não realização, morte? Buscamos na linguagem afetivo-sexual uma "fonte de felicidade plena e caminho de santificação permanente, no equilíbrio do dar e receber"? Em nossa vida de equipe que sinais de morte percebemos ou até mesmo vivemos? Todos têm vez e voz sempre? Partilhamos a vida, o esforço sincero da busca da vontade de Deus ou nos enganamos a nós mesmos? Na vida de equipe lembramos uma vez mais a importância que ocupa o Casal Responsável que deve buscar o serviço alegre e responsável de promover a vida dos casais e da comunidade (equipe), enquanto participantes ativos da vida do Movimento, na . Igreja e no mundo. Neste mês escolheremos o novo Casal Responsável de nossa equipe. Quais os critérios que nos levam a escolha? São os que buscam a vida, o crescimento da comunidade? Despedimo-nos fazendo uma colocação que nos deve questionar sempre, mas especialmente neste mês. Como pessoas, como casal, como família, como equipe somos por• tadores de esperança, de uma vida plena e feliz, aqui e agora, apesar de confrontarmo-nos constantemente com tantas "mortes" e mortes? Abraço fraterno de Yeda e Darci (escrito em Lourdes, 25/ 09/ 88)

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E.N.S. "INTERNACIONAL"

CARTA AOS CONSELHEIROS ESPIRITUAIS

O PAPEL DO CONSELHEIRO ESPIRITUAL NA EQUIPE Conforme é do conhecimento de vocês, existe uma excelente brochura consagrada ao Conselheiro Espiritual. Parto do princípio que todos os Conselheiros a leram. . . Mas não teria a coragem de pôr as mãos no fogo desde que verifiquei, com enorme surpresa, que muitos casais pertencentes às Equipes, há já bastante tempo . . . nunca leram os estatutos! E preciso ler ou voltar a ler essa brochura que descreve muito bem o papel do Conselheiro Espiritual. Por meu lado quereria simplesmente enfocar um certo número de aspectos práticos, indo deste modo ao encontro de pedidos que me foram feitos por alguns de vocês e por numerosos casais. 1. - O Conselheiro Espiritual é membro de pleno direito da Equipe Ele está na equipe a título do seu sacerdócio ministerial e para exercer esse sacerdócio. Segundo uma 'fórmula feliz, a equipe de Nossa Senhora manifesta "o casamento dos nossos dois sacramentos" ou, segundo outra expressão, ela é o encontro das nossas duas formas de sacerdócio. O Conselheiro Espiritual não é portanto: - um assistente que vem fazer uma conferência uma vez por mês como a poderia fazer noutros movimentos ou obras; - um padre que se limita a "assinar o ponto" (parece que há Conselheiros Espirituais que dormem durante a maior parte da reunião . . . mas como gostam muito dele e não lhe querem dar desgostos .. . ) ; - um autocrata que vem mandar em tudo, que impõe seus pontos de vista e as suas idéias e se considera como o verdadeiro responsável da equipe. - As ENS são um movimento de leigos, ou melhor ainda: 4_e casais, e não um movimento clerical! Por conseqüência, é importante que o padre esteja presente duma forma ativa mas com discreção e humildade. Ele saberá participar em todas as atividades da equipe segundo a sua própria condição. 2. - Ele deve entrar na amizade da equipe Não creio que seja possível formar uma equipe autêntica, no espírito do movimento, se ela não for cimentada por uma real amizade. Talvez tal amizade não exista ainda no início - aliás, uma equipe não é propriamente uma tertúlia de amigos - mas ela deve ser construída pouco a pouco. E o Conselheiro Espiritual é um elemento determinante para atingir esse objetivo.

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Ele não pode portanto ficar de lado e, embora seja natural manter uma certa reserva (ele não é nem um casal, nem meio casal), não pode ficar à margem da amizade da equipe. Temos de nos amar verdadeiramente na equipe, de partilhar as suas alegrias, as suas dores, os seus esforços. . . E o Conselheiro Espiritual está associado a tudo isso. Além do mais, deve ser um fazedor de unidade e de comunhão, intervindo quando necessário para eliminar arestas, e para facilitar o entendimento mútuo. A este título, todos os Conselheiros Espirituais com alguma experi~ ência gostam de proclamar: a participação na vida duma equipe é, para o padre, um enriquecimento espiritual considerável. 3. - Ele tem uma missão de vigilância Julgo que, entre todos os membros da equipe, o Conselheiro Espiritual tem de estar particularmente atento a três coisas: a) Por um lado deve preocupar-se com a fidelidade ao carisma fundador. I! verdade que existem os estatutos e os documentos autorizados, mas sabemos bem que cada equipe tem a sua mentalidade, a sua personalidade e até as suas opções. O Conselho Espiritual deve ser, de certa maneira, a memória viva da intuição fundadora no próprio seio das procuras e das experiências. Mas por outro lado, ele também deve estar atento à abertura da equipe aos problemas do nosso mundo: não somos nem peças de museu nem testemunhas tardias de tempos passados; somos células da Igreja construindo hoje o Corpo de Cristo. b) Entre os diversos pontos de esforço previstos nos Estatutos, tem, como padre, de velar particularmente pelo progresso na oração. Deve ser ele próprio um homem de oração, um homem que faz amar a oração e que encoraja a "entrar no palácio do rei". Não esquecer que a verdadeira oração (refiro-me à oração-contemplação) não é uma coisa fácil e que por vezes lhe conferimos essa ·:etiqueta" com demasiada ligeireza! c) Enfim, na orientação atual das Equipes, na perspectiva do Novo Fôlego, e de acordo com as recomendações do próprio fundador, é preciso ajudar os casais a descobrir, a viver o sentido humano e cristão da sexualidade. Neste domínio o Conselheiro Espiritual tem um papel importante a desempenhar. A sua formação teológica é um trunfo e o seu celibato não é obstáculo. I! preciso ao mesmo tempo uma reflexão sólida e um certo recuo para julgar corretamente. Mas é também preciso manter esta comunhão permanente com os que vivem uma tal realidade no quotidiano. Neste domínio, de todo o corpo de sacerdotes, teólogos, guias espirituais, o padre que partilha a vida de uma equipe de Nossa Senhora é sem dúvida o mais bem informado e o mais competente. Bernard OLIVIER o. p. Conselheiro Espiritual da Equipe Responsável Internacional -7-


A PALAVRA DOS NOSSOS PASTORES O Conselho Permanente da CNBB reuniu-se nos dias 22-26/08/88

EM DEFESA DA VIDA 1. O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunido na sua 20.• Reunião Ordinária , quer posicionar-se sobre o direito à vida, considerando, por um lado, a nova Constituição do País em fase de redação final, e lembrando o vigésimo aniversário da encíclica HUMANAE VITAE do Papa Paulo VI, fazendo, de outra parte, o levantamento das ameaças contra a vida que estão ocorrendo nestes últimos anos em nosso país. 2. Na Constituição é proclamada, como fundamental, a inviolabilidade do direito à vida (Título 11 , Capítulo I, art. 5. 0 ). "É de dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida ... " (Título VIII , Capítulo VIl, art. 230). 3. Há um fato recente inaceitável: a queda acelerada da fecundidade, no Brasil, não resulta de uma livre decisão fundada nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. O controle da prole incrementou-se, a partir principalmente dos anos 60, com o aborto provocado, com a produção e comercialização dos contraceptivos, com a prática cada vez mais elevada da esterilização , muitas vezes induzida pela operação cesária indiscriminada. Notório e escandaloso é o grande número de esterilizações praticadas na rede hospitalar contratada pela Previdência Social , como nas próprias unidades do INAMPS, o que acontece de modo · generalizado em todo o país. 4. A omissão da defesa do direito à vida expõe as popu~a­ ções menos instruídas e mais pobres ao arbítrio de pessoas e instituições que ferem gravemente a liberdade e a dignidade da pessoa humana na sua dimensão mais fundamental. 5. O apelo aos governantes em HUMANAE VITAE , por Paulo VI, fica atual: "Não permitais que se degrade a moralidade das vossas populações ; não admitais que se introduzam legalmente naquela célula fundamental, que é a família, práticas contrárias à lei natural e divina. Existe outra via, pela qual os poderes públicos podem e devem contribuir para a solução do problema demográfico "é a via de uma política providente , de uma sábia educação das populações, que respeite a lei moral e a liberdade dos cidadãos" (H . V. 23) .

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6. Preocupante é a divulgação, pelos meios de comunicação social, de imagens de família pequena, abastada e consumidora, bem como da separação entre a sexualidade e a procriação. Com isso, se mudam os comportamentos e os valores do conjunto da população, criando novos padrões culturais e sociais frente ao sexo e à reprodução. Além disso, vemos que no Brasil a queda da fecundidade não está resolvendo o problema da miséria, pois a causa desta é outra. 7. Não há como sustentar uma promoção desse direito à vida sem a transformação das pessoas e grupos sociais em ·sujeitos" livres de sua história pessoal e social. A defesa da vida exige políticas sociais mais amplas, tornando as populações capazes de enfrentar também outras formas de agressão à vida: seja no campo da saúde, valorizando a luta contra a mortalidade infantil, promovendo a medicina preventiva, o saneamento básico e o uso de remédios naturais e caseiros; seja no campo da ordem econômica e social, assegurando um nível de vida que atenda as necessidades vitais do trabalhador e de sua família; seja no campo da ecologia, protegendo as populações contra todas as formas de poluição; seja combatendo a violência urbana e rural; seja esclarecendo a opinião pública sobre os males trazidos pelas drogas, pelo alcoolismo e pelo tabagismo. 8. Diante de tudo isso queremos renovar nosso compromisso e fazer novos apelos. I: grave neste momento a responsabilidade dos que têm o dever de velar pela dignidade da nação e pela moralidade pública. Não podem ficar omissos perante a permissividade moral crescente. Não podem sucumbir à sedução demagógica de pretender coonestar, pela lei humana, práticas atentatórias à Lei divina. A prática de abusos, orquestrada muitas vezes por minorias ruidosas sob pretexto de progresso não pode ser assumida como · critério para a definição da norma jurídica. Seria necessário, aliás, lembrar que nenhuma norma jurídica pode modificar o valor moral de um ato intrinsecamente mau . Nem tudo o que é legal, é moralmente bom. 9. Numa cultura perplexa, que sabe cada vez mais como fazer as coisas e cada vez menos por que fazê-las, nós nos solidarizamos com o Papa João Paulo 11, cujo carisma se revela no fato de ter a coragem evangélica de anunciar as grandes certezas e de apontar para referências definitivas. Na aceitação e aplicação da doutrina da Igreja encontraremos, nós bispos, padres, e demais responsáveis pela formação das consciências, a necessária unidade de critérios no campo da moral familiar e sexual. 1O. Queremos ajudar os casais, sobretudo os das classes humildes, nas suas reais angústias e situações aflitivas, através da

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orientação para a maternidade e paternidade responsáveis nos moldes de métodos naturais, cuja validade e eficácia é reconhecida pela própria Organização Mundial da Saúde. 11. Apelamos para os médicos e enfermeiros no sentido de respeito e amor à vida, conforme seu juramento. 12. Apelamos para os meios de comunicação social para que não se orientem pelo lucro e pelas pesquisas de audiência, mas pela autocrítica, segundo os ditames da ética profissional. 13. A dignidade e felicidade da pessoa e da família são ameaçadas pela idolatria do prazer que fecha o coração no egoísmo. Só o verdadeiro amor ablativo, capaz de renúncias e sacrifícios, garante esta dignidade e felicidade. 14. Vinte anos depois da publicação da Encíclica HUMANE VITAE, vemos mais claramente ainda a sabedoria profética da Igreja no seu ensino constante sobre o matrimônio e a paternidade responsável, e a coragem do Papa VI, quando reafirmou este ensino. 15. Nós Bispos nos comprometemos a reavivar os esforços na explicação deste ensinamento aos brasileiros e a encorajá-los a desenvolver atitudes e valores que lhes permitam viver generosamente a doutrina da Igreja sobre o matrimônio e as relações familiares. Em nossos programas de Ação Pastoral, a dimensão familiar é uma prioridade que deve ser implementada de um modo sistemático e coerente, convencidos de que o futuro da humanidade está, grande parte, baseado na família.

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OO•• 611 104CIIBB BR 1Q,QQ 23177642+ TRT Dl58 07/19 177642 1111 UT 6111D4CUB IH 177642 1111 UT ATT. SR, PEREZ DE CUELLAR - PRESIDENTE OIIU DE : 'D,LUCIAMil MEIIDES • PRESJl>BII'rl CNBB SAUDAIIDO COM ESTIMA VOSSA SXCELEIICIA, PERMITO-ME LAMENTAI BENEKIRITA OIIU TER COIISDIDO PREMIO POPULACAO ENTIDADI PROH• FAMILlA COLOKBIA, QUI SIGUI OIIINTACAO NEO•MALTUSIAIA DISCOIDAI'DO PRIICIPIOS IIASICOS PISSQA HDMANA, D,LUCIANOMEIIDES DI ALMEIDA PUSIDENTE COIIr&RINCIA DOS BISPOS DO BRASIL BRASILIA, 18 JULHO 1988

+ 117642 U1l UT 61 ,

04CIIBB BR

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OUTORGA DE PREMIO PELA ONU Recebemos do Pe. Primeau, C. E . das ENS em Brasília! DF, uma cop1a do telex, datado de 18-07-88, enviado por D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB ao Sr. /avier Perez de Cuellar, Secretário Geral da Organização das Nações Unidas cujo fac-simile reproduzimos. (pág. 10) No referido telex D. Luciano lamenta ,a outorga do Premio População à entidade colombiana Pr6-família. Juntamente com o telex recebemos tam-

bém cópia de matéria publicada num jornal de Bogotá, de 28-06-88, sob o título "Protesto colombiano perante a ONU - Bispos repudiam prêmio à Pró-família". A. matéria, noticia a carta de protesto encaminhada à ONU pela Conferência Episcopal da Colombia de autoria de seu presidente, Cardeal Alfonso Lopes Trujillo e subscrita por todos os 75 prelados colombianos que se mostram perplexos com o fato daquele organismo mundial outorgar prêmios a entidades como a Pró-família. Segundo afirmam na carta "A Igreja Colombiana representada por todos os seus bispos não encontra mérito legítimo na concessão do prêmio e mostra-se perplexa de que a ONU não cuide de discernir o que realmente diz respeito aos direitos humanos. O jornal reporta que recebeu também o prêmio a Sra. Chizue Kato, de 91 anos de idade e pioneira do planejamento familiar em seu país e que foi escolhida pela ONU por seus quase 70 anos de dedicação a "melhoria do ltatus da mulher, lutando por melhorar a sua qualidade de vida, inspirada no modelo de Margaret Sanger, bem como a promoção do conhecimento dos problemas populacionais no Japão e outros países"(!) A Pró-família, por sua vez, "ajudou a baixar a taxa de crescimento populacional colombiano de 3,2% em 1965 para 1,75% hoje, apesar da oposição da Igreja Colombiana" (!). Em 1965, antes que a Pró-família começasse a reduzir a taxa de crescimento populacional através de seus programas de distribuição. de anticoncepcionais as projeções indicavam que a Colombia atingiria cerca de 45 milhões de pessoas em 1990, porém tem hoje menos de 30 milhões de habitantes. Entre os "serviços" prestados pela Pró-família, a organização oferece "esterilização barata a homens maiores de 28 anos e a mulheres com mais de 25 anos e que sejam mães de três ou mais filhos" e é responsável pelo fornecimento de mais de 70% de todos os anticoncepcionais consumidos na Colombia (!). Em sua carta à ONU, D . Lópes Trujillo diz que a própria Pr6-família afirma que seu objetivo é "estabelecer um coeficiente zero para a taxa de natalidade na Colombia no ano 2000" (!). Afirmam ainda os prelados colombianos que a Igreja Católica está muito longe de desconhecer a importância da ONU para o estabelecimento da paz e a vigência dos· direitos humanos no mundo. Porém, precisamente por isso, a Igreja da Colombia sente que são lesados os direitos religiosos e morais do seu povo quando a ONU, com destaque publicitário a nível mundial, outorga prêmios a entidades como a Pró-família, inescrupulosos no · respeito aos direitos humanos e unilaterais e materialistas na concepção do problema populacional do mundc . 11 -


OS · CRI'ttRIOS DA LEITURA DA BlBLIA Introdução Existe uma leitura da Bíblia feita pelos pobres. deste Continente nas suas Comunidades Eclesiais de Base. A leitura dos pobres, apesar das diferenças próprias de cada povo, tem algumas características comuns a todos: 1 -Os pobres levam consigo para dentro da Bíblia os problemas da sua vida; lêem a Bíblia a partir da sua realidade e éla sua luta. 2 - A leitura é feita em comunidade; ela é, antes de tudo, um ato de fé, uma prática orante, uma atividade comunitária. 3 -Eles fazem uma leitura obediente; respeitam o texto, pois se co-

locam à escuta do que Deus tem a dizer, dispostos a mudar se Ele o exigir. Esta prática tão simples dos pobres é profundamente fiel à prática da mais antiga Tradição da Igreja. Por isso mesmo, ela nos oferece os princípios ou critérios que devem orientar a leitura e o estudo que vamos fazer da Bíblia e nos aponta o objetivo que esta leitura quer alcançar na nossa vida. O desenho do triângulo mostra como estes três critérios se articulam entre si em vista do seu objetivo: escutar Deus hoje.

Espírito Comunidade

ESCUTAR DEUS HOJE Povo-Realid~tde "----------------~Texto-Bíblia

Quando articulados entre si, estes três critérios geram um tipo de leitura bíblica, cujas características são as seguintes.

t. Leitura que parte da realidade

A certeza maior que a Bíblia nos comunica é esta: Deus escuta o clamor do seu povo oprimido; Ele 12-


está presente na vida e na história deste povo para libertar. Por isso, como o povo e como Jesus, devemos levar para dentro da Bíblia a realidade conflitiva em que vivemos e que faz o povo gritar de dor. A situação do povo deve estar sempre presente durante a leitura da Bíblia. Antes de recorrer à Bíblia, Jesus quis conhecer a situação dos dois discípulos de Emaús: "De que estão falando? Por que estão tristes?" Por isso mesmo, também no estudo do texto, a primeira preocupação deve ser: descobrir, através de uma leitura atenta, a realidade concreta e conflitiva do povo que gerou o texto e em vista da qual ele foi formulado. Na maneira de estudar a situação do povo do tempo da Bíblia, convém utilizar os mesmos critérios de análise que usamos para estudar a situação econômica, social, política e religiosa do povo de hoje. Isto permite realizar o confrontto entre a problemática de hoje e de ontem, de que falava o Papa Paulo VI no discurso aos exegetas italianos. 2. Leitura feita em comunidade

A Bíblia é o livro do povo, da comunidade, da Igreja. Por isso, o lugar da sua leitura é a comunidade. A norma da sua interpretação é a fé da comunidade, da Igreja. Mesmo fazendo leitura individual, estou lendo o livro da comunidade, da Igreja. O sentido que se procura é um sentido comunitário, que eu, como indivíduo, devo assumir por ser membro da comunidade. Interpretar é antes de tudo, uma tarefa

comunitária, em que todos participam. Não é a tarefa de um único fulano que estudou mais do que os outros. O estudioso, o exegeta participa com a sua parte e se coloca a serviço, como todo mundo. A descoberta do sentido que a Bíblia tem para nós não é fruto só do estudo, mas também da ação do Espírito Santo. Isto exige que se crie um ambiente de participação, de fé, de oração e de celebração, que dê espaço à ação do Espírito Santo, o mesmo Espírito que está na origem da Bíblia e que, conforme a promessa· de Jesus, nos vai revelar o sentido das suas palavras. A oração cria o espaço necessário para a escuta do apelo do Espírito. A leitura e a interpretação da Bíblia não podem ser atividades separadas do resto da vida da comunidade, mas envolvem, animam e dinamizam todas-·as atividades e lutas dos membros das comunidades. Isto terá o seu reflexo sobre o todo ~ as dinâmicas que se adotam. No estudo do texto, devemos ter a preocupação não só em descobrir que era a realidade do povo daquele tempo, mas também como o texto expressava a todo povo, da comunidade, daquele tempo e como ele respondia àquela situação concreta e conflitiva em que o povo se encontrava. 3. Leitura que respeita o texto

A Leitura da Bíblia é um aspecto do diálogo nosso com Deus. A primeira exigência do diálogo é saber escutar o outro e não reduzí-lo ao tamanho daquele que eu quero que ele seja. A escuta exige que se

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faça silêncio em nós, que desarmemos os preconceitos, para que o outro se possa revelar como ele é. A atividade de escuta faz o texto falar na sua alteridade como palavra humana que nos transmite a Palavra de Deus. O texto é como o povo pobre: não consegue defender-se contra as opressões que o opressor e o manipulador lhe fazem. ~ facilmente vencido, mas dificilmente convencido. Sabe resistir. Ora, a necessidade de respeitar e escutar o texto é um lado da medalha. O outro lado é respeitar e escutar o povo. Isto exige que se situe o texto no seu contexto de origem. A leitura e o estudo do texto devem, por assim dizer, reproduzir o texto, recriá-lo, para que possa aparecer o seu sentido bem concreto dentro da situação do povo daquele tempo como resposta de orientação ou de crítica ao povo. Isto exige que se levem em conta os resultados da exegese científica. Para a descoberta do sentido do texto é muito importante que o estudo nos leve a conhecer a situação econômica, social, política e ideológica do povo daquele tempo. Uma leitura que respeita o texto deve tomar todas as preocupações possíveis para não utilizar ou manipular o texto, nem para conservar e nem para transformar e, assim, não projetar as nossas próprias idéias e desejos dentro do texto.

tura bíblica que daí resulta desloca o eixo da interpretação e retoma algumas características básicas da mais antiga tradição do povo de Deus: A preocupação principal já não é descobrir o sentido que a Bíblia tinha no passado, mas sim o sentido que o Espírito comunica hoje à sua Igreja por meio do texto bíblico. Este tipo de leitura era chamada "Lectio Divina", que procura descobrir o "Sensus Spiritualis". ~ a leitura de fé que procura, com a ajuda da Bíblia, descobrir a ação da Palavra de Deus na vida. A Bíblia é lida não só como livro que descreve a história do passado, mas também como espelho (sím-bolo) da história que acontece hoje na vida das pessoas, das comunidades, dos povos da América Latina. ~ o que os antigos chamavam o "sentido simbólico". A busca deste sentido exprime a convicção de fé de que Deus continua falando a nós pelos fatos da vida. A preocupação principal já não é interpretar o texto, mas sim interpretar a vida, a história nossa, por meio do texto. Deslocou-se o eixo do texto para a vida. ~ o que Santo Agostinho descreveu na comparação dos "Livros". A Bíblia, o "segundo livro", nos ajuda a interpretar a vida, o primeiro livro". 5. Leitura ecumênica e libertadora

4. Leitura que liga fé e vida

Articulando entre si os três critérios vindos do povo pobre, a lei-

Ligando a Bíblia com a vida e a vida com a Bíblia e fazendo com que uma ajude a interpretar a outra,

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a leitura que daí resulta é necessariamente ecumênica e libertadora. O que temos de mais ecumênico e universal é a vida e a vontade de vida em abundância. Esta vontade de viver como gente e de ter vida mais justa e mais abundante existe, sobretudo, entre os pobres e oprimidos. O povo pobre ecumênico quando lê a Bíblia, a leitura que faz é em defesa da vida ameaçada e reprimida. A própria Bíblia confirma a exatidão desta atitude ecumênica. No princípio, Deus criou a vida para ser vida abençoada. Chamou Abraão, para que o povo de Abraão recuperasse para todos a bênção dada, perdida por causa do pecado. A Bíblia surgiu e existe para iluminar a vida e defendê-la, para que seja vida em abundância. Na situação em que vive o povo na América Latina, uma tal leitura ecumênica, a serviço da vida, necessariamente deve ser libertadora. Pois, a vida do povo está sendo ameaçada pelas forças da morte, explorada iniquamente. Já não é vida em abundância, não tem nem condições de ser vida de gente. A leitura é ecumênica quando anima o povo a se organizar para defender a vida, para lutar contra as forças da morte, para libertar-se de tudo o que o oprime. Uma tal leitura realiza aquilo que dizia Santo Agostinho: transforma a realidade e a vida para que se torne novamente uma "teofania", uma revelação de Deus.

6. Leitura comprometida

Este tipo de leitura da Bíblia, quando conduzida com fidelidade, vai abrindo, aos poucos, os nossos olhos sobre a realidade e nos levará a uma opção pelos pobres e a um compromisso mais firme com a sua causa. Aos poucos, a leitura começa a ser feita a partir de um outro lugar social, não mais a partir do lugar dos "sábios e entendidos", mas a partir do lugar dos "pequenos". "Sim, Pai, eu te agradeço, porque assim foi do teu agrado!" A leitura é feita não só para conhecer melhor o sentido da Bíblia mas também e sobretudo para praticá-la. "Não só ouve a palavra, mas a coloca em prática". A informação obtida pelo estudo é em vista da prática transformadora, para que, novamente, a face de Deus seja revelada. Uma tal leitura comprometida com os pobres, quando feita em comunidade, aos poucos começa a assumir uma dimensão política, pois tem a ver com a conversão não só pessoal, mas também comunitária e social. 7. Leitura fiel

Resumindo tudo, este tipo de leitura nada mais pretende do que ser fiel o objetivo da própria Bíblia. O objetivo da Bíblia é um só: ajudar o povo a descobrir que Deus chegou perto para escutar o clamor dos pobres a caminhar com eles, o mesmo Deus que outrora caminhou com o povo de Israel, e a experimentar hoje a presença de 15-


Deus, Javé, Emanuel, Deus conosco, Deus libertador. A leitura da Bíblia deve ser "objetiva", isto é, fiel ao objetivo da Palavra de Deus. A chave principal da Bíblia· é Jesus, morto e ressuscitado, vivo no meio da comunidade. A leitura da Bíblia tem como objetivo: ajudar o povo a descobrir a grandeza do poder com que Deus acompanha e liberta o seu povo, a saber, o mesmo poder que Ele usou para tirar Jesus da morte. n o que São Paulo pedia para a comunidade de nfeso. Fizemos esta enumeração longa e detalhada das características da leitura cristã da Bíblia para, por . meio delas, oferecer um quadro permanente de referência. De vez em quando, é bom fazer uma revisão da nossa prática e do tipo de leitura que estamos fazendo da Bíblia. Aí, estas sete características podem servir como critério de avaliação e de revisão. Algumas sugestões para leitura em grupo

1. Ter sempre presente a história e a situação atual dos povos da América Latina. 2. Em matéria de dinâmica e método, algumas coisas devem ser afirmadas explicitamente, outras de-

vem estar implícitas na atitude de quem coordena o encontro e ajuda os participantes na leitura e na interpretação. 3. Quanto àquilo que deve estar implícito na atitude do coordenador e no jeito de se organizar e conduzir os encontros: * Aquele que coordena a reunião deve estar preocupado não só com aquilo que transmite, mas sobretudo com a maneira de transmití-lo. Ou seja, a · sua atitude interpretativa frente à Bíblia deve estar marcada por aqueles três critérios básicos. * Estes mesmos três critérios devem estar presentes também na maneira de organizar a reunião ou o encontro. A própria estrutura da reunião deve refletir três ângulos da interpretação e o seu objetivo. * A maneira de conduzir os encontros seja criativa e variada: debates sobre a realidade, encontros de oração, estudo em grupo em cima dos textos, leitura individual, palestras com informação sobre o contexto histórico, celebrações, pos· sibilidades de partilha das descobertas feitas, a simples convivência, a ajuda mútua.

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Frei Carlos Mesters


A PALAVRA DO PAPA

Na manhã de 15 de agosto de 1988, na Basílica de São Pedro, o Papa João Paulo 11 presidiu a cerimônia de encerramento do Ano Mariano, iniciado em Pentecostes de 1987. Na ocasião, o Santo Padre pronunciou a seguinte homilia:

EM TI DEPOSITAMOS A NOSSA CONFIANÇA 1. " Todas as gerações me hão de chamar bem-aventurada" (Lc. 1,48).

Mãe de Deus e Virgem! Nesta bem-aventurança proclamada por todas as gerações, acolhe também as nossas vozes: chama-Te bem-aventurada a geração dos homens que vivem neste último período de tempo do segundo Milênio depois de Cristo. Chamamos-Te bem-aventurada, porque és Aquela que o Eterno Pai escolheu para ser a Mãe do Eterno Filho, quando "chegou a plenitude dos tempos" cf. Gál 4,4). Chamamos-Te bem-aventurada, porque és Aquela, a primeira, que o Eterno Filho-Redentor do mundo remiu no mistério da Imaculada Concenção. Chamamo-Te bem-aventurada, porque és Aquela sobre a qual desceu o Espírito Santo e o poder do Altíssimo estendeu a sua sombra (cf. Lc. 1,35), nascendo assim de Ti o Eterno Filho de Deus, como homem. Chamamos-Te bem-aventurada. Assim Te chamaram todas as gerações. Assim Te chama a nossa geração, no final do vigésimo século. Tornou-se uma particular expressão disto, em toda a Igreja, o Ano Mariano que hoje - na solenidade da tua Assunção - chega ao fim. -17-


2. Saudamos-Te, ó Maria! "Bendita és Tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc. 1,42). Com essas palavras saúda-Te hoje a liturgia. E estas são as palavras da tua parente Isabel, pronunciadas durante a visitação, realizada, segundo a tradição, em Ain-Karim. Nós Te saudamos, ó Maria! Feliz és Tu que acreditaste no cumprimento das palavras do Senhor (cf. Lc. 1,45). No Ano Mariano seguimos-Te pelo caminho da tua visitação . Seguiu-Te, ó Mãe de Deus, a Igreja inteira, repetindo as palavras de Isabel. Com efeito, no Concílio Vaticano 11 a Igreja aprendeu a olhar para Ti, como para a sua Figura viva e perfeita. Aprendeu-o de novo, à medida dos nossos tempos e da nossa geração, recordando que já assim olharam para Ti as antigas gerações dos discípulos seguidores de Cristo. Os ilustres Padres dos primeiros séculos chamaram-Te, a Ti, o primeiro Modelo (Typus) da Igreja. A Igreja do nosso tempo, aprendeu-o de novo. Professou uma vez mais que Tu, Bem-aventurada Virgem, precedes na peregrinação da fé todas as gerações do Povo de Deus sobre a terra (cf. Lumen Gentium, 58). Feliz és Tu que acreditaste! Na peregrinação da fé , que foi a tua vida sobre a terra, avançaste conservando fielmente a tua união com o Filho até aos pés da Cruz, onde permaneceste por vontade de Deus (cf. Ibidem). 3. A mesma peregrinação da fé, que realizaste até às profundidades do mistério de Cristo, teu Filho - da Anunciação ao Calvário - retomaste-a depois juntamente com a Igreja. Retomast~-a no dia do Pentecostes com a Igreja dos Apóstolos e das testemunhas, que nascia no Cenáculo de Jerusalém sob o sopro do Consolador - o Espírito da Verdade . Por isso também nós começamos a nossa peregrinação do Ano Mariano na solenidade do Pentecostes de 1987 -em Roma e na Igreja toda até aos confins do mundo.

Começamos a nossa peregrinação da fé juntamente Contigo, nós, geração que se aproxima do início do terceiro Milênio depois de Cristo. Começamos a caminhar Contigo, nós, geração que traz em si um certo traço de semelhança com aquele primeiro Advento, quando no horizonte das expectativas humanas para a vinda do Messias se acendeu uma luz misteriosa: a Estrela da manhã - a Virgem de Nazaré, preparada pela Santíssima Trindade para ser Mãe do Filho de Deus: Alma Redemptoris Ma ter.

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4. A Ti dedicamos, ó Maria, esta parte do tempo humano, que é também o tempo litúrgico da Igreja: o Ano iniciado com o Pentecostes de ,1987, e que termina hoje com a solenidade da tua Assunção, no ano de 1988. I

Dedicamo-lo a Ti! Em Ti depositamos a nossa confiança. Em Ti, a quem Deus Se tinha "confiado" a Si mesmo na história humana. Em Ti , a quem o teu Filho Crucificado tinha confiado o homem como num testamento supremo do mistério da Redenção. Este homem aos pés da Cruz foi o apóstolo João, o evangelista . E nele, homem individual, estavam representados todos os homens . No espírito daquela consagração pascal, que se tornou um fruto particular da fé, da esperança e da caridade, quando a espada da dor trespassou o teu Coração, seguem-Te os homens e as comunidades humanas no mundo inteiro. Seguem-Te os povos e as nações. Seguem-Te as gerações. Do alto da Cruz Cristo mesmo os encaminha para o teu Coração materno - e o teu Coração restitui-os, do modo mais simples, a Cristo: introdu-los no mistério da Redenção . Verdadeiramente, Redemptoris Mater! S. Assim como em todas as gerações passadas, também na nossa a Igreja canta uma antífona, na qual assim suplica : O Mãe, que nos conheces, está sempre com os teus filhos! Ajuda o homem, os povos, as nações, a humanidade a erguerem-se. Um tal brado do Ano Mariano ressoou nos vários lugares da terra, através das diversas experiências da nossa época, que, mesmo vangloriando-se de um progresso jamais conhecido, sente de modo particularmente agudo as ameaças que pesam sobre a inteira grande família humana. E tanto mais urgente se torna a " sollicitudo rei socialis". 6. Hoje. solenidade da Assunção! Hoje no horizonte do cosmos aparece - com as palavras do Apocalipse de João- a Mulher revestida de Sol (cf. Apoc. 12,1) . A respeito desta Mulher o Concílio diz : " Na Santíssima Virgem, a Igreja dlcançou já aquela perfeição, sem mancha nem ruga que lhe é própria (cf. Ef 5,27). E ao mesmo tempo "os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade; e por isso levantatm os olhos para Maria" (Lumen Gentium, 65). Este Ano inteiro, que está para terminar, foi o tempo dos " olhos levantados" para Ti, Mãe de Deus, Virgem, constantemente presente no mistério de Cristo e da Igreja.

O Ano Mariano termina hoje. Mas não se conclui o tempo dos " olhos levantados " para Maria .

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7. Seguindo-Te, ó Mãe, na nossa peregrinação terrena mediante a fé, encontramo-nos hoje no limiar da tua glorificação em Deus. A peregrinação da fé - o caminho da fé. O teu caminho da fé conduz do limiar da visitação, em Ain-Karim, ao limiar da glorificação. Assim no-lo mostra a liturgia deste dia. E no limiar da glorificação, no limiar da união celestial com o Pai, ·com o Filho e com o Espírito Santo, escutamos uma vez mais as palavras do Magnificat: " A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador . Porque me fez grandes coisas o Omnipotente" (Lc. 1,46-4 7,49) Grandes coisas : magnalia! Magnalia Dei! Feliz és tu que acreditaste! Amém! o

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PASTORAL DA FAMILIA

A FAM(LIA E O REINO DE DEUS Nosso Senhor se utilizou de muitas imagens e exemplos para explicar a idéia do Reino de Deus. Ele sabia que a profundidade e a extensão do reino da justiça, da verdade, da paz, da alegria e do amor, pelo qual nós cristãos lutamos, nunca poderiam ser compreendidas e explicitadas numa única expressão. Por isso mesmo, uma imagem ou maneira que podemos utilizar para descrever o Reino é a da família. Sabemos que o Reino corresponde à Vida Eterna, mas é a família humana o lugar onde historicamente o Reino de Deus se inicia. É na família que começamos a conhecer e a amar o Evangelho ·de Cristo, formando assim, com toda a propriedade, a Igreja doméstica, comunidade de pessoas que querem viver uma experiência de amor, de ternura, de confiança, de lealdade . É na família que se constrói o Reino de Deus quando a sua palavra é proclamada; quando os sacramentos são celebrados; quando as pessoas são ensinadas e formadas nas verdades da fé; quando os jovens são formados nos valores pregados pela Igreja; quando a justiça social é vivida autenticamente; quando se evangeliza os católicos pouco ativos e os não-praticantes; quando se cuida dos doentes e moribundos; quando o pobre, o esquecido e o abandonado são aliviados em suas necessidades. A família se coloca na perspectiva da construção do Reino de Deus já aqui na terra quando cumpre o seu papel vital em todas estas dimensões da evangelização, procurando satisfazer necessidades e ansiedades, realizando assim esperanças que são sinais da presença vida e carinhosa de Deus entre os homens. Ninguém conhece melhor do que os pais as pressões que hoje se exercem sobre a família . Eles se esforçam para praticar os valores cristãos todos os dias, como também em partilhá-los com seus filhos. Mas, ao mesmo tempo, pressões, influências e dificuldades de diversos tipos fazem com que, na grande maioria dos casos, estes esforços pareçam inúteis, precisamente porque são contrários às tendências e valores predominantes na sociedade. Por isso é fundamental oferecer orientações· às famílias, para que persigam em seus esforços diários os valores do Reino de Deus, contribuindo desta forma para a transformação das estruturas da sociedade. A fragilidade e os desajustes fazem parte da condição humana, e são encontrados também no matrimônio e na vida familiar, onde apresentam sinais visíveis de deterioração crescente. Quais são as razões desta realidade?

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Podemos dizer que existem causas de tipo social, econom1co, político, espiritual, moral, emocional e sexual que explicam a ruptura do matrimônio e da vida familiar. A única solução possível para esta situação do homem deve ser a determinação de viver a fundo o mistério pascal de Cristo que, através de sua paixão, mort e e ressurreição, oferece a possibilidade de uma vida nova, onde permanentemente se começa a busca e a vivência dos valores sobre os quais, a nível da família, o Reino de Deus é const ruído. Como seguidores de Jesus, o Reino de Deus é a meta de nossas vidas. Mas esta meta, esta pérola de grande valor, não é para ser vivida em outro mundo, numa próxima vida. Esta meta é para ser vivida nesta vida, neste mundo, no seio de uma família cristã que sabe ordenar os seus valores segundo os valores do Reino, baseados nas propostas do Evangelho - amor, justiça, paz, compaixão, honestidade, verdade. t interessante observar que estes valores do Reino não costumam ser os valores do mundo atual, e por isso são geralmente ignorados ou relegados a um segundo plano. Se nossas vidas, vividas em família, estão direcionadas para a construção do Reino de Deus, então é fundamental resistir às tentações de .nossos dias, que se baseiam no querer sempre mais coisas materiais, mais dinheiro, mais poder, mais satisfação e felicidade individuais, sob pena de não termos tempo para aquilo que realmente importa. O dinheiro hoje é uma fonte de grande tensão, insatisfação, stress e mesmo infelicidade na família, porque , junto com o tempo, é uma coisa que nunca temos o bastante. As crianças como são exploradas e massacradas por horas e horas de propagandas, destinadas em última instância a torná-las consumidores <jesde cedo! Daí a importância do tempo que pais e filhos ficam juntos, comunicando-se, aprendendo, criando, ensinando , valorizando , guardando, fazendo juntos. Não podemos nem devemos dar tudo aos nossos filhos, muito menos apenas coisas materiais. Importa construir laços famil iares fortes, baseados no respeito à dignidade de cada pessoa, testemunhando assim a fé e a esperança em Jesus Cristo. Esses presentes são essenciais e devemos partilhá-los com os filhos, uma vez que representam as pedras angulares, os tijolos e o cimento da construção do Reino de Deus. Ensinar os valores do Reino de Deus aos filhos significa demonstrar convicções. Os pais necessariamente precisam testemunhar, na sua forma de agir dié.ria, esses valores, pois é no lar que os filhos aprendem a relacionar propostas ideais de vida com a vida real , concreta. Como exigir · dos filhos generosidade, partilha, amor, respeito mútuo, disciplina, gentileza, paz, dignidade e igualdade, que são condições para a construção do Reino de Deus, se os pais não conduzem suas vidas a partir destes valores? O desafio da construção do Reino de Deus começa em casa, na família. t aí que as sementes do Reino são lançadas e cultivadas, como um tesouro de grande valor a que se refere a Escritura .'

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Os cristãos nunca foram chamados a simplesmente esperar pelo Reino. As imagens que Jesus usou no Evangelho para descrever o Reino eram imagens que desafiavam as pessoas a agir. t papel dos cristãos ajudar na construção do Reino de Deus agora, através do serviço, da doação aos outros. Viver uma vida de serviço representa um modo especial de construir o Reino de Deus, de sorte que todas as pessoas são chamadas a viver esta vida. Servir não é uma coisa natural e fácil para todos. Por esta razão, cabe aos pais, dentro da família, a responsabilidade especial de servir aos seus filhos, como também de ensiná-los, desde cedo, que eles são chamados a dirigir suas vidas em direção aos outros, no sentido da construção do Reino de Deus . Num certo sentido, é simples desenvolver atitudes cristãs nas crianças. Este desenvolvimento acontece quando os pais são capazes de demonstrar, pela sua ação, seus próprios valores cristãos. Um valor autenticamente vivenciado representa o argumento mais forte e mais convincente que pode existir. Contudo , para viver e ensinar os valores que são consistentes com o Reino de Deus implica que sejamos capazes de conhecer quais são exatamente estes valores e quais são as ações necessárias . Por isso, pais e filhos precisam encontrar tempo para lerem bons livros, revistas e jornais, e especialmente para meditarem sobre a palavra de Deus que se encontra na Bíblia , informando-se assim sobre as questões importantes do mundo de hoje. Pais e filhos precisam aprender com o Papa, os Bispos, os Padres e toda a Igreja, e partilhar todas estas questões, de modo especial porque são tantas e tão confusas as mensagens que recebem da sociedade. Para sermos construtores do Reino de Deus precisamos ter tempo para estudar e fazer planos. Não encontrar tempo é a mesma coisa que dizer que não temos tempo para o valor mais importante de nossas vidas - a construção do Reino de Deus em nossos corações, em nossas vidas, em nossa família, em nossa sociedade . O que nos auxilia a estabelecer o Reino aqui na terra é a oração. Colocar na vida da família um tempo de oração representa o modo por excelência moldar e ensinar nossas crenças, nossos valores, ao mesmo tempo que fortalece nossas próprias crenças, valores e práticas. ·A família que reza unida, permanece unida • , porque a oração , em qualquer momento do dia, aprofunda a fé e fortalece a família. Também receber a comunhão juntos é especialmente importante. Famílias inteiras deveriam estar reunidas ao redor do altar do Senhor, porque assim a Igreja doméstica torna-se a imagem da Igreja universal, da grande família de Deus. Os filhos devem participar das liturgias celebradas nas paróquias, para experimentarem o agir em conjunto , para conhecerem a vida e as necessidades da comunidade , para trocarem cumprimentos, para expressarem gratidão, para pedirem perdão, para experimentarem ações simbólicas e viverem a alegria das celebrações da fé .

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Em todos os tipos de orações, familiar ou comunitária, os valores do Reino de Deus deveriam ser as principais motivações, demonstrando assim que a família se reúne para criar junto com Jesus Cristo o Reino de Deus aqui na terra, junto com esse Cristo que está constantemente nos convidando e nos conduzindo para a plenitude do seu Reino, que é o céu. Que a Sagrada Família - Jesus, Maria e José - possa guiar todas as nossas famílias, e cobrí-las com amor. D. Michael Pfeifer (*)

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A TRANSIÇÃO NECESSÁRIA Estamos analisando o desenvolvimento e evolução da pastoral da Igreja e concretamente como ele envolve as ENS. Anteriormente vimos algumas características que precederam a atual fase em que nos encontramos. A passagem de uma linha de maior preocupação social não se deu por decreto nem por impulso e explosão. Temos que considerar a gradual evolução dos acontecimentos na área social com a modificação paulatina que se processava em toda a América Latina e mais concretamente no Brasil. O crescimento da industrialização e o advento das grandes multinacionais foram descaracterizando o perfil de uma grande fazenda de cultura agrícola e criação de gado. Consolidam-se as conquistas sociais, as regulamentações de trabalho e capital, abrem-se as grandes frentes de exploração e consumo com o advento dos meios de comunicação mais avançados. A imprensa deixa de ser exclusivamente política e passa a ser instrumento de projeção e mercado. Na Igreja, aqui e ali surgem os movimentos sociais de engajamento específico, JOC, JUC, os padres operários, as encíclicas sociais. Todo esse movimento internacional encontra um grande éco na Igreja quando o Papa João XXIII , que sem nenhuma pretensão assumira o governo da Igreja, resolve, numa inspiração divina, convocar o Concílio Vaticano 11 iniciado em 1962. (• ) Reproduz-se aqui apenas uma síntese do artigo "The Family and the Kingdom of God", publicado na Revista ORIGINS : NC documentary service, de fevereiro de 1988, n.0 37, vol. 17. O texto foi traduzido por Mons. Primeau e Mariola e Elizeu, das ENS de Brasília .

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As janelas da Igreja são abertas, um novo ar invade o Vaticano. Começa a nova fase da Igreja que a prepara para o século XXI. Sem haver uma ruptura ou rejeição do passado, ·acentua-se entre tantos outros, um ponto importante e fundamental: o papel da Igreja do mundo atual. As alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias, as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo . . . O Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento da fraternidade universal que corresponda à vocação do homem. Nenhuma outra ambição terrestre move a Igreja. Movfda pelo espírtio Santo, ela pretende uma coisa: continuar a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não condenar, para servir e não para ser servido. (Gaudium et Spes, 1-3). Neste documento, assinado pelo Papa Paulo VI, em dezembro de 1965, como no conjunto e contexto dos demais produzidos pelo Concílio, estão as linhas básicas de ação pastoral, fonte inspiradora de tantos movimentos de libertação. Há um deslocamento progressivo: a Igreja começa a mudar-se da teologia do Corpo Místico, da estrutura eclesial e aprofundamentos doutriários, para a dinâmica do Povo de Deus inserido na comunidade humana. Com seus desafios e sofrimentos em sua caminhada com os demais povos. Deixa de acentuar o clerical e hierárquico e incentiva a contribuição e participação do leigo. O engajamento 'do leigo na Igreja vem trazer a grande modificação da pastoral. Sugestão para debate: As grandes modifiçações proporcionadas pelo Concílio na liturgia, na participação dos leigos. Avanços e retrocessos. Pe. Paulo d'Elboux, s.j. C. E. Setor B - S. Paulo

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AS ENS NO MUNDO

AS EQUIPES CHEGAM A SANTO DOMINGO E AO PERú Depois de 3 infrutíferas tentativas, quando menos se esperava, o Movimento conseguiu desembarcar na ilha de Santo Domingo, o primeiro lugar da América a que aportou Cristóvão Colombo. Antes, por duas vezes, procurando contatos que pareciam muito promissores, Esther e Marcello Azevedo lá estiveram aproveitando visita a Porto Rico. Há 2 anos atrás Alvaro e Mercedes Gomes Ferrer, junto com o P. Manolo lceta, fizeram a mesma coisa, também sem resultado. Apesar do interesse demonstrado por um sacerdote e as bênçãos do Cardeal Arcebispo, as 3 investidas não serviram senão para frustrar esperanças animadoras. Mas Deus tem seus planos e caminhos que ninguém é capaz de suspeitar. Agora, já em fins do ano passado, um jovem sacerdote dominicano, P. Lucas Cruz Martinez (que não é O.P. mas secular) foi visitar amigos em Porto Rico. Em uma dessas visitas foi apresentado a Marilyn e Chito Franqui, responsáveis pelo Setor de Camuy, cidade que é o berço das equipes portoriquenhas. O casal não perdeu tempo: foi logo falando das Equipes. O P. Lucas gostou da coisa. Já saiu dalí com todo o material e as orientações para convidar um grupo de "parejas" para uma reunião de informação, o que veio acontecer pouco tempo depois. Como se tratava da primeira "expansão" no Movimento para fora de Porto Rico, os responsáveis do Setor convidaram outro casal, Emílio e Brunilda (que já haviam feito Sessão de Formação em Bogotá) para, juntos com o P. Campo Emílio Ariza, conselheiro regional e iniciador do Movimento no País, desincumbirem da missão. Dizem que Colombo, antes de chegar ao local onde hoje se ergue a capital de S. Domingos, tocou em Puerto Plata, bem ao norte da ilha. Pois foi alí também que desembarcaram os "informadores" portoriquenhos. E claro que não desceram de uma náu, como o descobridor, mas de um singelo bimotor de carreira. Dalí seguiram para mais adiante, para Gaspar Hernandez, um pequeno "pueblo" na Província de Moca, onde o P. Lucas é vigário. Se as tentativas anteriores, na capital, foram infrutíferas, esta foi muito fecunda: desde logo 2 grupos quizeram tentar a experiência das E.N.S. Mais adiante outras 2 equipes juntaram-se às primeiras, de modo que Emílio e Brunilda pilotam os 4 por correspondência e visitam as equipes de tempos em tempos, devido ao custo das passagens. Já no Perú o caminho foi mais longo. Um sacerdote norte-americano, filho de emigrantes portugueses, P. Henrique Camacho, dominicano (por -26-


pertencer à ordem dos O .P. e não por haver nascido em S. Domingos . .. ) deixou o Perú, onde trabalha, para fazer um curso em Washington. Alí entrou em contato com o P. Mark Heath, O.P., conselheiro da SuperRegião Estados Unidos, que o "catequizou" para levar o Movimento para o Perú. Havia, contudo, uma dificuldade: ele só possuía a documentação em inglês. Escreveu, então, para Marcello e Esther que, àquelas alturas, eram encarregados da América de língua espanhola. Junto com todo o material necessário para o início das equipes, as equipes de Bogotá foram alertadas para dar todo o apoio que os peruanos necessitassem, inclusive encarregando-se da pilotagem por correspondência. Interessante é que as equipes, lá do Perú, também não começaram pela capital, Lima, mas em uma cidade ao norte do País, Chimbote, que, hoje, tem cerca de 200.000 habitantes e é o segundo porto pesqueiro peruano. E começaram, alí também, logo com duas equipes que marcham muito bem e que marcharão ainda melhor se, aqui no Brasil, todos nós rezarmos muito por eles. Mas não esqueçam de rezar só por eles. Rezem também pelas equipes que já existem no Panamá (2) , na Costa Rica (2) , Equador e Argentina. E os outros países? Esperamos que, com nossas orações, tal como se passou no Perú e Santo Domingo, o Espírito Santo suscite alguém que lhes leve a semente das Equipes! f: rezar e confiar.

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a NOTICIAS BREVES A convite do GELAM (Conferência do Episcopado Latino-americano). participaram do Encontro Regio-nal do Cone Sul e Brasil sobre Pastoral Familiar, em Santiago do Chile, nos dias 14 a 19 de agosto passado, o Bispo João Bosco Oliver, de Pouso Alegre (MG), o Mons. Pierre Primeau, Assessor da Pastoral Familiar da CNBB e Conselheiro de Equipe e Setor de Brasília, e o casal Mariola e Elizeu Calsing, da Eq . 19 de Brasília e Responsável pelo Setor A. Foi uma reunião de consulta e trabalho, reunindo cerca de 30 pessoas, entre Bispos, Padres e Casais, que com mais ãnimo vão enfrentar os desafios da Pastoral Familiar em seus países.

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CARTA A MEU FILHO Eis que já se passaram cinco meses desde que você nos deixou, tão de mansinho, sem pensar em nos dizer adeus. Sem nos abraçar uma derradeira vez. Você montou em sua. bicicleta para ir ao encontro de um amigo e não podia prever que não chegaria até ele . .. Um acidente estúpido tirou-lhe a vida e levou-o . .. Você não escolheu morrer, porque você amava a vida. Você sabia o quanto nós o amávamos e seus numerosos amigos lhe tinham amizade. Diante da realidade brutal, ficamos sem reação. Uma pergunta nos vem à mente: por que? Por que nosso filho, de apenas 14 anos, nos foi arrebatado? Tínhamos tantos projetos para ele! A ele mostraríamos o caminho que o conduziria a seu próprio destino. Sim, Felipe, nós o amamos e o desejamos desde antes de sua concepção. Você já tinha um nome! E o Senhor satisfez nosso desejo fá· zendo-o vir ao nosso lar já tão feliz com o nascimento de sua irmã Christine. Seu caráter um pouco contestador, seu afeto exuberante, sua simplicidade no relacionamento com os outros, sempre nos encheu de alegria. E sabíamos que Deus abençoava nossa união no amor. Depois do acidente foi difícil perceber que não vivíamos um pesadelo, mas a realidade. Sim, você definitivamente tinha partido para junto de Deus e de todos os que o tínhamos amado aqui na terra. Uma frase me veio com força à memória; é uma frase de Santa Terezinha: "Não morro. . . Entro na vida." Essa afirmação de fé me deu muita coragem. Estava certa de que a vida não termina na morte terrestre. Agora você vive na vida eterna plenamente feliz e seu papel é o de nos ajudar a nos convertermos para viver plenamente no amor de Deus. Toda vez que olho sua foto , onde um largo sorriso testemunha sua felicidade, sorrio com você porque sei que, do céu, é você que me ajuda agora no meu caminho espiritual. Você é, com Cristo, um padrezinho que tem o papel de interceder junto a Deus a nosso favor. Sua morte suscitou muitas reações em nossa volta e sei que diversas pessoas se interrogaram sobre o sentido da vida e sua finalidade . Continua a nos ajudar, meu pequeno tesouro. E penoso demais não vê-lo mais, não tocar em você, não ouvi-lo. Mas esteja seguro que papai, Christine e eu, nós continuamos a viver plenamente com você. E sabemos que um dia estaremos todos juntos e então será para sempre. Com o nosso forte abraço, De sua Mamy -28-


TESTEMUNHOS

BAZAR DA PECHINCHA -

PRO RETIRO

Na esquina da rua Dr. Deodato Wertheimer com a lpiranga, montamos o bazar da pechincha com o objr.tivo de baratear o nosso Retiro/88. Logo nas primeiras horas do dia 07 de -julho, recebemos um velhinho com sintomas de quem já houvera sofrido algum derrame. Com ar sereno e calmo mostrou-nos todo o dinheiro que possuía - duas moedas de Cz$ 10,00 cada uma. Queria comprar uma calça para ficar bem granfino, pois eram tão bonitas e boas para lhe tirar o frio que sentia nas pernas. Depois de escolher aquela que mais lhe agradara - a mais escura e quente - saiu feliz pela compra que fizera. Pouco mais tarde, uma senhora ainda jovem, com vários filhos pequenos percorria o salão, juntando os retalhos dos nossos lençóis, para servir de fraldas ao bebezinho que carregava no colo. Enquanto escolhia roupas, as crianças olhavam encantadas os poucos brinquedos que alí estavam. O pierrô colorido era a grande atração. Até o menorzinho poude sorrir quando conseguiu tê-lo nas mãos. Na sexta-feira, um moço simpático, ativo, separava sapatos e roupas de homem, e a cada peça que pegava, pechinchava sem parar. Não olhava o tamanho, qualquer número lhe servia. Depois do pacote pronto, disse-nos que era daquilo que vivia - comprando e revendendo todo o dia. Uma senhora idosa, perna enfaixada, gostou do único guarda-chuva ali exposto. Perguntou o preço. Pagou os Cz$ 200,00 e lá se foi. No dia seguinte voltou com o mesmo guarda-chuva debaixo do braço. Ao vê-la tivemos a impressão de que viria devolvê-lo._Mas qual nada, viera nos mostrar como havia ficado lindo depois de lavá-lo com uma escovinha e bastante sabão. Agora ia até o "Mercadão" para mandar arrumar as varetas quebradas. Em certo momento, o movimento diminuiu e -então despejamos no chão uma porção de miudezas, sem saber o que fazer com tantas armações de óculos, chaves e correntes quebradas. Nesse instante, entra um senhor procurando exatamente aquele material, que inservível para nós, era o seu ganha-pão. Um outro senhor de 45 a 50 anos mais ou menos ficou feliz quando viu o terno de que tanto precisava. Não tinha os mil cruzados exigidos para a compra. Pechinchou bastante mas o preço foi mantido. Saiu entristecido. Muitas outras pessoas também ficaram interessadas. Olhavam, viravam o terno e lá o deixavam. De repente no final da tarde aquele homem voltou e seus olhos brilharam quando viram que o terno ainda não tinha sido vendido. Ele conseguiu a duras penas os mil cruzados e agora podia assistir ao casamento de paletó e gravata.

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Encerrando as atividades do nosso bazar, vimos parado .numa das portas o nosso tão conhecido catador de papéis e freqüentador assíduo da catedral. Nada pedia, mas seus olhos demonstravam que ele alí estava a espera de algo que estivesse sobrando. O salão estava praticamente vazio, mas para ele, lá restava ainda o mais importante - um terço dependurado, rente a porta. Quando o recebeu, beijou a Cruz e colocou-o imediatamente no pescoço, todo sorridente. Missão cumprida. Dois dias de trabalho mais a colaboração das demais equipes que prontamente enviaram o material que possibilitou a arrecadação de Cz$ 29.000,00. Mas seria isto o mais importante? Olga/ Dion Equipe 09 -

Mogi das Cruzes

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ADOTAR UMA FAMfLIA A nossa Equipe resolveu no início do ano, adotar uma família carente, orientando e dando um pouco ·que temos para diminuir suas dificuldades. Maria Lúcia e Antônio têm oito filhos, a caçula com dois meses e a mais velha com oito anos. Apesar da pobreza em que vivem, sua casa está sempre em ordem, os filhos contentes, o marido trabalhando e a esposa fazendo alguns bicos para ajudar. Além de ajudarmos com roupas, alimentos e pagando o aluguel da casa onde moram, estamos comprando um terreno para que o próprio Antônio (que é pedreiro) construa sua casa. Material, aos poucos vam·os conseguindo e, talvez este ano ainda, possamos ver nosso sonho realizado. O que mais nos impressiona é a simplicidade, a humildade e a alegria como essa família vive. Tudo está bom, as crianças repartem o que têm, parecendo que nada lhes falta. As vezes, lembramos de outras pessoas, nossos filhos talvez, que têm tudo e ainda assim nunca estão contentes, Estamos não só dando peixes mas ensinando-os a pescar. Quem sabe se outras Eq1,.1ipes que ainda não adotaram nenhuma família, sigam o mesmo caminho. Vale a pena tentar pois um sorriso de agradecimento, nos dá energia suficiente para continuarmos vivendo identificados com Cristo. EQUIPE- 13 Marília -

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SP,


TESTEMUNHOS

POR CAUSA DE JESUS CRISTO E daí vem que a reflexão que em nossa reunião se fez sobre nossa finalidade como membros de E.N .S. O movimento não tem a rigide:q dos diques, que não permitem o fluxo do rio, mas tem as imprescindíveis margens necessárias para o rio correr, escoar, caminhar para o mar. Nós nos reunimos por causa de .Jesus Cristo, afirmação que não é simplista, repetição desgastada de uma verdade que envolve toda história cristã. Significa que, na necessidade dt: não sermos "mornos na fé", é Jesus que nos chama à equipe, para mostrar ao mundo com transparência, um matrimônio que seja sinal da união d'Ele com sua Igreja. Com Cristo, por Cristo e em Cristo revelamos aos irmãos o caráter sagrado da união dos esposos. Cristo e não outra finalidade continua sendo, de modo singular, a cabeça do Corpo Místico, o motor de nosso apostolado, a razão de ser da Equipe. Usamos a estrutura de E.N .S. para aperfeiçoarmos nossa missão como casal. E tudo que é feito por amor a Deus (e não por meio de castigo e nem em busca de aplausos), não deve ser uma ação automática como fazer a lição da escola ou picar o cartão antes de adentrarmos nosso ambiente de trabalho. Assim é que, por exemplo, o "passar o evangelho" não é um simples ato de ditar capítulos e versículos, friamente . Daremos vida a este gesto quando dissermos o que o Espírito Santo nos inspirou para escolhermos o texto, o que de mensagem o texto me falou e disse, o que me calou no coração. Tal atitude motivará o interlocutor a ler o texto, meditá-lo, criar laços de comunhão, caminhar com o irmão em equipe, falando a mesma linguagem. De um simples "passar o evangelho", pode nascer a motivação de me fazer presente nas reuniões, conhecendo as necessidades de cada amigo, pode ser a inspiração para um "dever de sentar-se", um enriquecimento para falarmos a mesma linguagem na partilha, o ensejo para orações espontâneas melhor vivenciadas, etc. . . E este é só um exemplo, é referência a uma só das atividades propostas pelas E.N.S. O importante é que estamos reunidos por causa do Cristo. Não estamos reunidos primeiramente para cooperar com Glória e Teixeira, que nos pilotaram em nossos primeiros passos, mas por causa do Cri~to. Não estamos reunidos primeiramente para agradecer a Carlos e Regina, que desprendidamente vêm lá de Piracicaba partilhar experiências conosco, por causa de Cristo. Não estamos reunindo-nos primeiramente por causa do padre Xaxá, mas por causa do Cristo. Não estamos reunidos primeiramente para poder preencher o relatório do movimento, mas por causa do Cristo. Não estamos reunidos para primeiramente responder "presente" e dar satisfação à equipe, mas por causa do Cristo. Não estamos reunidos por causa da "Equipe pela equipe", como quem escolhe um clube ou wna organização, mas por causa

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do Cristo. Não estamos primeiramente reunidos 'por causa do papai e da mamãe, preocupados com a continuação da harmonia conjugal, mas por causa do Cristo. Foi Cristo quem nos escolheu. "Nenhuma folha cai da árvore sem ser da Vontade de meu Pai Celeste", diz Jesu.s. E isto importa num re-exame sobre · os motivos, a finalidade de nossa vida em equipe, porque, muitas vezes, na prática a teoria é outra.

E já que nenhum fio de cabelo cai de minha cabeça sem ser da vontade do Pai Celeste, devemos ler todos os acontecimentos à luz 'da fé (o que Deus quer me dizer com isso?) e não somente sob a nossa ótica meramente humana. Só quem tem o coração nos olhos pode ver vida numa folha morta. Mesmo que um fato nos pareça negativo à primeira vista, ele pode servir de trampolim para nossa escalada, se meditado à luz da fé. Afinal estamos num começo de caminhada na 'E. N. S. da Paz". Não somos derrotados, pois podemos constatar que estamos lutando e sentindo a caminhada com um Cristo que nos pede luta e não vitóriáS. Até já nos defrontamos com derrotas e fracassos, mas derrota e fracasso são palavras que existem no dicionário de quem luta. Prá quem não lutou, derrota do que?, Fracasso em que?, se a gente nem entrou na briga? E para terminar, fiquemos com duas observações extraídas da reflexão na reunião para nossa caminhada: 1.a) "De pequenino que se torce o pepino". Não deixemos nossas dificuldades tomarem vulto para só depois abordá-las. Dificuldades todo mundo tein. Problema é a gente que cria. 2.a) "Vamos à casa de alguém porque somos amigos" e não "somos amigos porque vamos à .casa de alguém". Como dizia o poeta, "a vida é a ar-te do encontro, embora existam tantos desencontros pela vida. Encontrar-se é urrià arte, principalmente quando nos reunimos, não em nosso nome, mas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e sob as Bênçãos de Nossa Senhora da Paz. Pe. Xaxá

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NOTICIAS DOS SETORES

Eventos - Realizou-se de 29 de abril a 30 de maio passado o Retiro das ENS do Setor de Manaus/ AM, no Centro de Treinamento Maromba, contando com a participação de 45 casais. Pregado por Pe. Jaci Cogo (C.E. da Eq . 15) o retiro teve como tema geral a Partilha , com base no documento ·Os Pontos Concretos de Esforços e a Partilha". No início os participantes foram convidados a um questionamento sério sobre o sentido de sua existência e a colocarem-se diante de Deus para entrarem em sintonia com Ele, colocando suas vidas na dinâmica de Cristo. No desenrolar do retiro, nos tempos de oração, palestras, reflexão individual, em casal e em grupos chegou-se à conclusão de que a mística da Partilha deve traduzir-se no esforço_comunitário de acompanhar, revisar e estimular a prática dos pontos concretos de esforço, sem considerá-los como "obrigações" mas sim criar hábitos em nossas vidas, uma forma de disciplina que conduza todos os nossos atos. Finalmente foi colocado que não devemos esquecer a base de espiritualidade que é a nossa identidade cristã. Cada um de nós deve aprender a relativizar o mundo, sendo comedido no trato com ele, eivado de doutrinas nocivas que procuram nos ·arrastar para o materialismo. Devemos ter coragem para absolutizar Deus , colocando-O acima de tudo e de todos e sendo firmes em nossa opção de vida , atendendo com todo o entusiasmo o "Vem e segue-me ". - No último dia 20/ 08 os equipistas dos setores de Belo Horizonte e Juiz de Fora/MG estiveram juntos numa peregrinação à Catedral de Nossa Senhora da Assunção em Mariana. Foi um encontro belíssimo que culminou

com uma Celebração Eucarística presidida por D. Luciano Mendes de Almeida . Em sua homilia dedicada a Maria, D. Luciano abordou a importância das ENS e seu testemunho de movimento voltado para a espiritualidade conjugal e familiar e ressaltou a Vida em todos os seus aspectos, principalmente a maternidade, hoje infelizmente tão desrespeitada em nosso país que encabeça as estatfsticas mundiais de abortos, de cesarianas desnecessárias e de taxa de crescimento do índice de esterilização de mulheres na faixa etária de 25 a 35 anos. Ao encerrar a homilia propôs aos presentes a questão: "O que as ENS tem feito para mudar este quadro de desrespeito à vida?" - Em 20 e 21/08/88. as ENS de Mogí das Cruzes/SP tiveram a oportunidade de realizar no Tabor, o seu Retiro Anual organizado pela Equipe 09 e tendo como pregador D. Emilio, Revmo. Bispo da Diocese e Conselheiro Espiritual daquela equipe. Dentro do tema geral • Como manter a fé hoje " foram proferidas três palestras a saber : "Vocação para o amor"; "A família hoje e as perspectivas futuras "; " Valores permanentes da família" . Os momentos de • deserto" feitos à luz da Palavra e em contato direto com a natureza levaram os participantes ao mais profundo de suas almas . O "encontro a dois " também realizado nos jardins do Tabor e à luz do Evangelho quebrou muitas arestas e fez muito gelo derreter. A sinceridade, a abertura, o respeito e os desabafos ocorridos nos pequenos grupos fortaleceram os laços entre os casais das diferentes equipes. Os testemunhos em plenário mostraram como os equipistas realmente engajados no Movimento, já estão atuando em seus lares, no trabalho e nos demais lugares onde se encontrem co-

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mo verdadeiro "sal da terra". O clima de tranquilidade do retiro foi atingido graças ao Pe. llário que cedeu a sua Igreja de São José Operário para a abertura, na sexta-feira, e preparou toda a infraestrutura (alojamento, alimentação) no Tabor onde é Administrador e reside junto aos Religiosos de Slon. A união da equipe responsável pelo retiro foi um outro fator Importante para o seu andamento. O entusiasmo, a alegria a disponibilidade foram características marcantes de todos os participantes que cantaram sempre acompanhados pelo maestro Niquinho, figura exemplar da Comunidade Mogicruzense. O ponto alto, a espirltualidade do retiro, foi assegurada através da Palavra de Deus, sabiamente conduzida

- Os equipistas de Piraclcaba/SP realizaram a sua Missa Mensal das ENS do mês de setembro/88 no dia 3 da· quele mês no Oratório São Mário. Após a missa houve uma palestra sobre • Pontos Concretos de Esforço" proferida por Pe. Dilermando, querido Conselheiro Espritual das equipes 03 e 04. - Quatorze casais equipistas de Fortaleza/CE participaram da Primeira Sessão de Formação das ENS no Nordeste realizada no Centro Mariápolis em lgarassú/PE (a 27 km do Recife). Regina e Joaquim (C.R . da Coordenação de Fortaleza) deram um depoimento ao Nosso Mensageiro (boletim das ENS editado em Recife) do que representou para os equipistas de Fortaleza a participação na Sessão. Segundo rela-

por D. Emílio que, apesar de todos os seus compromissos, fez-se presente em todos os momentos fortes do retiro desde a abertura até o encerramento. - Os Setores A, B, C, das ENS de Florian6polls/SC, numa promoção conjunta, realizaram um Encontro no dia 20 de agosto pp., reunindo 80 casais, em sua maioria equlpistas, onde o casal palestrista: Elizabete e Agostinho Bertoldi, membro do Centro de Planejamento Familiar de Curitiba, colocou em debate o seguinte tema: • A Família e o Casamento: Um desafio para os dias de hoje". Foi um ótimo momento para os participantes repensarem onde, como e em que melo vivem como casais equiplstas. (foto)

tam eles, o objetivo principal daquela Sessão de Formação foi o • aprofundamento sobre os meios que o Movimento nos propõe, através da espiritualidade conjugal para melhor seguirmos o caminho da santidade que nos leva ao Pai", caminho esse que • percorremos segundo o chamamento do Senhor". O conteúdo de cada palestra foi meditado individualmente, em casal e em grupos de coparticipação, com rica t roca de idéias. A liturgia, formando uma perfeita unidade com todo o contexto do encontro, foi vivida com piedade, levando todos a uma • estreita comunhão com os irmãos e com Deus nosso Pai •. A ressaltar a • organização e coordenação dessa primeira Sessão de Formação, pelo casal Maria Lucia e Plínio apoiados por uma homo-

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gênea equipe de serviço que, com a sua eficaz discreção, como convém às coisas do Senhor, possibilitou a realização do evento que, acreditamos, enriquecerá a vida do Movimento no Nordeste. - Realizou-se em 27 e 28 de agosto último o Retiro das ENS programado pelo Setor de Guaratlnguetá/SP com a participação de 32 casais equipistas, um casal convidado e uma equipe de cozinha formada por casais e por jovens. A preparação foi conduzida com dedicação, criatividade e muito amor pela Eq. 03 com a assistência dó seu CE Frei Carlos Pierazan, franciscano, e que foi também o pregador do retiro. Dentro de um clima de fraternidade e paz, a dinâmica do retiro foi muito proveitosa, com reflexões, dever de sentar-se e grupos após cada palestra, tirando-se conclusões construtivas sobre os temas abordados: Família, Vocação do Casal Equipista e Missão das ENS. No sábado à noite aconteceu a liturgia do perdão e a vigília. O aproveitamento foi grande, atingindo-se, plenamente, o objetivo proposto tanto pelo Setor quanto por Frei Carlos a quem a Equipe 03 agradece de modo especial por sua bondade e disponibilidade e estende seus agradecimentos à turma da cozinha e a todos os participantes .

por vários sacerdotes onde a comunidade agostiniana, paroquianos, amigos e seus equipistas reuniram-se para agradecer e louvar a Deus. Nascido na Espanha, Frei José Luiz está no Amazonas desde 1970 onde trabalhou por vários anos como missionáriorio na Prelazia de Lábrea, no Rio Purús e atualmente, além do seu trabalho paroquial, dedica-se com especial carinho às ENS e à Pastoral da Família. - Em 27 de agosto pp. os 3 Setores das ENS de Florianópolis/SC, realizaram um Encontro de Conselheiros Espirituais. Apesar das muitas ocupações e compromissos dos sacerdotes, em um sábado, com alegria, conseguiuse a participação dos Conselheiros Espirituais de 21 das 26 Equipes que compõem os 3 Setores. Dentre os principais temas abordados, citamos : - Os Pontos Concretos de Esforço e a função do Conselheiro Espiritual; - A inserção do equipista em sua Paróquia, com destaque especial para o Documento • A Caminhada", como uma forma de catequese do equipista para casais, a partir de comunidades paroquiais .

Inserção Conselheiros Espirituais - Em 31/04/88, Cônego Pedro Rodrigues Branco , Conselheiro Espiritual do Setor de Jahu/SP (e de cinco equipes daquele setor), desde a sua fundação em 1958, comemorou o seu Jubileu de Ouro Sacerdotal. Cônego Pedro, da Ordem Premonstratense (da qual foi Prior por muitos anos) participa das ENS no Brasil praticamente desde o seu início com grande entusiasmo dedicação e amor. - Os equipistas de Manaus/ AM comemoraram em 21 de julho último o Jubileu de Prata Sacerdotal de Frei José Luiz Villanueva, religioso agostiniano e Conselheiro Espiritual das equipes 3, 8 e 9. O evento ocorreu na missa concelebrada na Igreja de Santa Rita

- Por ocasião do encerramento do Ano Mariano as equipes do Setor de Belo Horizonte/MG estiveram intensamente ligadas à sua Arquidiocese tendo participado dos seguintes eventos: • 12-13-14/08: Tríduo de Preparação , com pregações por sacerdotes e leigos, tendo D. Christiano P. A. Pena (C .E. da Eq. 07) falado sobre Oração do Ano Mariano e Benção Eucarística. • 14/08: Caminhada de Penitência, com reza do Terço em 15 paróquias da Capital , saindo os fiéis em ônibus especial e ficando a recitação de cada Mistério a cargo de um dos grupos cuja padroeira é Nossa Senhora (as ENS rezavam sempre o 4.0 Mistério meditado) . A " Caminhada" teve início as 9:00 horas e encerrou-se às 19 horas

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e 30. A cada chegada do ônibus às varias paróquias incluidas no roteiro, as comunidades paroquiais recebiam os peregrinos em clima de festa e alegria , participando intensamente daqueles momentos de oração e confraternização. Pretende-se, inclusive, que essa peregrinação passe a fazer parte doravante, das comemorações da Padroeira de Belo Horizonte - Nossa Senhora da Boa Viagem.

• 15/08: Encerramento do Ano Mariano, com uma belíssima procissão luminosa, partindo da Rodoviária e seguindo ao longo da Av. Afonso Pena até a Catedral da Boa Viagem com os féis portando velas e entoando cânticos marianos e terminada com a Celebração Eucarística presidida pelo Revmo. Arcebispo D. Serafim Fernandes de Araujo e seguida de queima de fogos de artifício. - Com imenso prazer e o coração cheio de alegria os equipistas de Pindamonhaga/SP participaram , em julho ultimo, das festividades comemorativas da elevação da Igreja Matriz de N. Sra. do Bom Sucesso à categoria de Santuário Mariano Diocesano conforme Decreto Episcopal exarado e protocolado sob o n.0 92/88. O descerramento da placa comemorativa deu-se em 17/07 e as comemorações estenderam-se por uma semana , contando com a presença de autoridades, membros do clero, visitantes, associações e movimentos religiosos e dos fiéis em geral, além do Revmo. Bispo Diocesano D. Antonio Afonso de Miranda. Os equipistas daquela cidade cumprimentam o então Reitor do novo santuário, Pe . Benedicto Gil Claro, desejando que Deus o ilu· mine ainda mais. - No dia 16/08 passado, o Revmo. Arcebispo Metropolitano de Manaus/ AM, D. Clóvis Frainer, recebeu em audiência especial os seis casais equipistas daquela cidade, que participariam da Peregrinação Internacional das ENS a Lourdes . A mensagem dada aos peregrinos foi tocante e profunda, tendo S. Revma . salientado que peregrinar em busca de Deus tendo a Virgem Maria como modelo, deve ser uma

constante na vida de todo cristão, desejando que partissem e regressassem conscientes de que só através das maravilhas que Deus opera em cada um de nós, somos capazes de vencer os obstáculos transformando-os em motivos de engrandecimento daquele que não nos falta em suas promessas . Finalizando pediu que não se esquecessem em suas orações à Virgem de Lourdes, da família amazonense, da caminhada da Igreja em Manaus e para que Ela dê forças ao seu Bispo no exercício de sua missão. Encerrou o encontro com uma benção especial e votos de boa viagem e feliz regresso .

Novo Boletim - Recebemos os dois primeiros números do jornalzinho das equipes do Setor de Piracicaba/SP: O boletim ainda não tem nome e lança um concurso de sugestões entre os equipistas locais a fim de que seja escolhido um título para o mesmo. A equipe responsável por sua edição é constituida pelos casais Marilda e João Japur (Eq. 2), Neide e Alcides (Eq . 1), lvone e Adernar (Eq . 3) e está empenhada em obter colaborações para artigos e outras matérias de int eresse do Movimento.

Efemérides - Transcorreu em 03/ 08/88 o 10.0 Aniversário do lançamento da Equipe 05- N. Sra. da Conceição de Manaus/ AM. Recebemos de Joaquina e Hibernon seu atual Casal Responsável um fo lheto alusivo à data contendo , além de um poema sobre sua " caminhada ", os nomes de todos os casais responsáveis pela equipe desde sua fundação, de seus conselheiros espirituais e de seus casais de ligação. Saudades de seu irmão Arnaldo Gomes que voltou ao Pai em 06/12/78 e a menção de que todos os casais componentes da equipe estão engajados em atividades paroquiais e na Pastoral da Família da Arquidiocese . A equipe da Carta Mensal agradece a lembrança e deseja que a Equipe 5 continue a perseverar em sua vocação.

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JOVENS - Os 3 Setores (BC) das Equipes de Florianópolls/SC realizaram Encontro de Jovens no dia 20 de agosto pp., onde durante a manhã inteira de um sábado, 1600 jovens de ambos os sexos, trocaram idéias, sob a orientação do casal Elizabete e Agostinho Bertoldi (membros do Centro de Planejamento Familiar). de Curitiba, a quem aproveitamos para agradecer, sobre os seguin-

- Mais um "Encontro Jovem • aconteceu na Capela da Base Aérea do Recife/PE em 31 de julho passado no horário das 7 às 17 horas. Apesar de realizado no final das férias o evento contou com uma presença expressiva de jovens entre 12 e 14 anos. A orientação esteve a cargo de Pe. Pedro A. Bach (C.E. das equipes 1, 4 e 5) . Os coordenadores Mercês e Ismael (Eq. 5) contaram com a colaboração de Con. ceição e Nilson (Eq. 5) , Lúcia e Alcindo

tes temas : O Jovem e a sexualidade em sua visão integral; as drogas? O relacionamento entre pais e filhos; e o Jovem diante de si mesmo, dentro de um enfoque real em que os mesmos vivem na sociedade atual. Deste Encontro, além de filhos de equipistas, participaram outros jovens convidados.

(Eq. 1), Bianca e Henrique (Eq. 7), além dos casais que atuaram nos bastidores preçarando o almoço e o lanche, sob a responsabilidade de Ana e Jurandir (Eq. 6) . Houve duas palestras sendo a primeira "Diálogo com os filhos" a cargo de Dayse e Reinaldo e a outra sobre "Oração" proferida por Miriam (Eq. 1). A missa de encerramento foi celebrada por Pe. Pedro e contou com a presença de casais de muitas equipes .

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VOLTA AO PAI

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Faleceu em 24 de agosto último

Frei Hugo Baggio, conselheiro de equi-

pes e grande entusiasta do nosso Movimento onde deixa muitos amigos e muita saudade'. Desde que "se sentiu gente", percebeu atraç&o pela vida re· ligiosa e Deus o escolheu entre os muitos irmãos e Irmãs de uma família cristã. Viveu 38 anos como religioso e 32 como sacerdote. Radicado há dois anos e meio na comunidade franciscana de Bragança Paullsta/SP servia a Deus e aos homens. Sua última Iniciativa foi um curso por correspondência para divulgar a mensagem de S. Francisco de Assis, curso esse que já atingiu mais de 1.000 pessoas. Autor de mais de. 40 livros, incontáveis artigos, pregador incansável de retiros, Frei Hugo continuará a evangelizar pela obra que deixou. Que Deus o receba em Seu re.ino e que ele possa interceder por nós que, aqui na terra ainda pro· curamos fazer a "Experiência de Deus • (título de um de seus livros). - Djanlr Varella, da Equipe 7 de Belo Horizonte/MG voltou à Casa do

Pai em 8 de agosto último. Casado, há 34 anos, com Wanda e pai de cinco filhos, constituia com sua esposa um casal extremamente atuante no Movimento e disponível à vontade do Se. nhor. Participante da Sessão de Formação em 1982 em Brasília exerceram as missões de casal responsável de equipe (diversas vezes), casal piloto e casal integrante da equipe de setor. Trabalhavam, também, com muita dedicação em sua paróquia de origem, São Francisco de Chagas ambos como Ministros da Eucaristia levando, em especial, a comunhão aos enfermos da comunidade. Figura tranquila, irradiante

de paz e serenidade, Djanir colocava sempre a vontade do Senhor em primeiro lugar. Seus irmãos de equipe agradecem a Deus por ter-lhes proporcionado sua convivência com ele cuja presença amorosa ficará para sempre em seus corações como o perfume da rosa na mão de quem a oferece a alguém. - Retornou à Casa do pai Dom Romeu Albertl, no último dia 6 de agosto, em Ribeirão Preto/SP após 16 dias de grave enfermidade. Seu corpo foi velado na Catedral Metropolitana por incontável multidão de fiéis daquela Província Eclesiástica e também vindos de Apucarana/PR. A missa do funeral aconteceu na Praça da Catedral, em 08/08 presidida pelo Revmo. Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evasto Arns e concelebrada por 35 arcebispos e bispos, 300 sacerdotes e diáconos permanentes, com a participação de grande número de seminaristas e coroinhas e cerca de 10 mil fiéis. O chanceler do Arcebispado, Pe. José Alberto Perón leu o "Testamento Espiritual", assinado por D. Romeu em 21 I 04/83, data do seu aniversário natalício, no qual colocava sua existência inteiramente nas mãos de Deus. D. Romeu Albertl, paulistano de Lapa, faleceu aos 61 anos de idade, 37 de sacerdócio e 24 de episcopado. Após um ano como Bispo Auxiliar de São Paulo, 17 anos como 1.0 Bispo de Apucarana/PR (196582). foi Arcebispo de Ribeirão Preto/SP por seis anos. Era Bispo do CELAM (1972-87) e da CNBB (1976-87), da liturgia e comunicação, do diaconato permanente e da pastoral orgânica e também Conselheiro Espiritual de Equipes de Nossa Senhora.

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CONTRIBUIÇÃO

MAGNIFICAT Em 1.0 lugar vamos analisar o que significa ·dispersa os soberbos". Do ponto de vista ideológico soberbo é todo aquele que se autovaloriza e trata os outros com desprezo. Falta humildade para o soberbo e esta condição dificulta um tratamento de igualdade entre os homens. O soberbo procura sempre uma posição de vantagem para poder manter uma aparência que nem sempre condiz com a realidade. Nunca será um líder, mas poderá ser um tirano. Nunca será um conciliador, mas poderá manter seus subordinados pela força. Sua atitude é duvidosa. Sua posição não encontra suporte adequado e poderá sucumbir quando confrontada com valores reais e justos. Em 2. lugar vamos meditar sobre a força do poder. Todo aquele que procura a salvação através da força, necessariamente estará marginalizando os humildes. Isto não significa somente uma disputa direta pelo poder de governo, mas em toda atividade humana. Entre os ricos, o poder de governar; entre os pobres, o poder de chefiar; entre os poderosos o poder de comandar. Todos indistintamente poderão ser derrubados de suas posições, desde que mantenham os humildes marginalizados. Esta colocação deveria ser muito analisada no contexto brasileiro, onde a maioria é marginalizada em benefício de uma minoria sedenta de poder. 0

Em 3.0 lugar vamos analisar a distribuição das riquezas. Neste particular, podemos considerar dois aspectos: intelectual e bens materiais. O intelecto somente pode ser desenvolvido quando bem alimentado e em condição de vida adequada. Aqui reside uma grande diferença entre o rico e o pobre. A luta pela capacidade intelectual é desproporcional e o indivíduo com melhor preparo alimentar, escolar e habitacional tem mais oportunidades de subir na vida. Se ele se utiliza de sua melhor posição para conseguir melhores oportunidades, sem oprimir os menos favorecidos, sua vitória não será questionada. Porém, se para subir na vida, o faz oprimindo os pobres, sua posição não estará num plano adequado sobre a verdade de Deus . A luta para obter bens materiais é natural e aceitável, dentro de uma conduta honesta e sem causar prejuízos a outros. Isto significa lutar para melhorar a vida de nossos descendentes, porém,

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respeitando os di reitos dos outros. A despedida dos ricos sem nada pode significar que a acumulação de bens , sem um mínimo de conduta cristã, é uma menção direta ao avarento. Ou seja, aquele que somente se preocupa em acumular bens, sem analisar as necessidades mínimas daqueles que o rodeiam e o auxiliam nessa acumulação. Finalizando podemos dizer que a melhor atitude do cristão é desenvolver uma atividade procurando sempre respeitar o direito dos outros, retribuir com seu trabalho a remuneração a que tiver direito, contribuir para melhoria de vida ·de sua comunidade e combater todo tipo de injustiça social. Neide e Miguel Roberto Eq . 9-A.

~\ CALENDÁRIO Novembro

04-06

Encontro Nacional

04-06 04-06

Retiro Retiro Retiro Mariano Retiro Retiro Retiro Retiro

ltaicí São Paulo (Barueri) Porto Alegre Mendes/RJ (F. de Charité) Rio I - Setor B São José dos Campos Porto Alegre Rio I - Setor D

Retiro fundamental

Mendes/RJ (F. pe Charité)

11-15

12-13 18-20 18-20 26-27

~CIR/RR/RS/RC/CE

Dezembro

26/12 - 01/01

_:__ 40 -


MEDITANDO EM EQUIPE TEXTO DE MEDITAÇÃO -

(Jo. 12, 24-28, 35-36)

"Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morrer permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto. Quem ama sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer servir-me, siga-me e onde estou eu, ai também estará o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Minha alma está agora conturbada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o· teu nome." ( ... ) " Por pouco tempo a luz está entre vós. Caminhai enquanto tendes luz para que a escuridão não vos alcance: quem caminha no escuro não sabe para onde vai! Enquanto tendes a luz, crede na luz, para vos tornardes filhos da luz." ORAÇÃO LITúRGICA -

SI. 129.

Das profundezas clamo a ti , Senhor, escuta minha voz. Abre teus ouvidos ao clamor da minha prece. Se marcas os nossos pecados, Senhor, quem pode ainda subsistir? Junto de ti, porém, encontro o perdão, e assim posso continuar a servir-te. Minha confiança no Senhor é. grande, espero dele uma palavra amiga. O vigia noturno anseia pela aurora , eu, porém, muito mais pelo Senhor. Junto dele encontro o amor fiel e a plena liberdade. Povo de Deus, confia no Senhor. Ele te libertará de todas as tuas faltas. (Rezar os salmos hoje -

F . Teixeira e C. Mesters)


Um momento com a equipe da Carta Mensal . . . ... . .. . . . . . . . . . . . Editorial: Não receiem ser exigentes .... . .... . .. ... . .. ...... . .

2

A Ecir conversa com vocês .. .. .. . . ......... . . . .. . . . . .. ....... .

4

O papel do Conselheiro Espiritual na equipe . .. .. . . .. ... .. ... . . .

6

• A palavra dos nossos Pastores: Em Defesa da Vida . . ....... ... .

8

Outorga de prêmio pela ONU . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . . . .

11

Os critérios de leitura da Bíblia .. . . . .... .. . .

12

A palavra do Papa . . . . . . .

17

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A Família e o Reino de Deus . ... . . .. .... . . .. .. . .. . .... .

21

A transição necessária

24

As equipes chegam a Santo Domingo e ao Perú .. . . . .. . . . ... . . .

26

Carta a meu filho . .. . .... . ... . ..... ... ....... . .. . . . . . .... . . . .. . Bazar da pechincha pró retiro . . . . ... . .. . .. . . . .. ... . ... . . .. ... . .

28 29

Adotar uma família ... .. .. . .. . . .. ........ ... . .. ... .. ..... .... .

30

Por causa de Jesus Cristo Notícias dos Setores . . ... ... . . ..... . . ...... . ... . . .. . .. .. .. .. . .

31 33

Jovens . . .. . .. . .. . ...... . .... . . . . . . .... . .. . . . . .. . . .. .. . ... .. . .

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Volta ao Pai

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Magnificat

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Calendário

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Meditando em Equipe

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E UIPES DE NOSSA SENHORA 01050 Rua João Adolfo. 11 8 · 9' · cj . 901· Tel. 34 8833 São Paulo · SP


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