ENS - Carta Mensal 1988-7 - Outubro

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MAGNIFICAT

-oOoOS PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO E A PARTILHA

-o OoVOCAÇAO DAS ENS NA IGREJA E NO MUNDO, NA ATUALIDADE E NA FIDELIDADE ÀS ORIGENS


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL Juntamente com a Carta Mensal de abril passado, distribulmos a nossos leitores um questionário de pesquisa, solicitando que se manifestassem sobre alguns aspectos deste vefculo de comunicação entre o Movimento das ENS e seus membros. A medida que as respostas foram chegando, tabulamos o seu conteúdo (utilizando para tanto o computador do Secretariado) e gostarlamos, neste número, de dar a voces um primeiro retorno das grandes linhas dos resultados. Dizem os entendidos que não se deve esperar, em geral, um grande volume de respostas a este tipo de consulta. Por Isto, não ficamos mais tristes com o pequeno número dos que devolveram os formulários preenchidos: apenas 485, que representam somente 7,7% dos membros do Movimento (casais + cons. espirituais + viúvas) e um diminuto 6,6% do total de Cartas distribuldas (7.400). Destas respostas, 20,2% vieram da Região São Paulo-Norte, onde se localizam também os dois Setores que mais contribulram: São José do Rio Preto e Catanduva. Aos equipistas de lá, nosso reconhecimento. 21 Setores ou Coordenações constam da tabulação com um pobre zero na quantidade de respostas, mas como recebemos 30 fichas sem Identificação de origem, nada podemos afirmar concretamente. A Região São Paulo Sul 11, com 5 respostas (2 de Jundlaf e 3 de Sorocaba) aparece na lanterninha da relação. Aos equiplstas de lá, a expressão de nossa tristeza. Se a amostragem assim recebida é válida, podemos afirmar que a Carta é mais lida pelas mulheres do que pelos maridos: 57,3% delas a leem integralmente e mais 36,3% parcialmente todos os meses. Estes percentuais são de 40,8 e 40,6 respectivamente, para os maridos. Os casais onde ambos leem a Carta Integralmente todos os meses representam menos de um terço: 32,4%, e em apenas 7% dos casos o marido a lê mais que a mulher. Mas temos om motivo de alegria: apenas 4 pessoas (todos maridos) dizem que nunca leem a---Carta! Até que ponto a Carta é um melo de crescimento para seus leitores? 64% das mulheres e 52% dos maridos dizem que ela os ajuda 'multo', sendo que esta afirmação é feita por ambos em 47% dos casos. Em 11% dos casais, a mulher recebe mais ajuda da Carta que o marido. E somente 5 pessoas (todos maridos) dizem que ela não os ajuda em nada! Existe uma relação entre a freqüência da leitura e o cr~scimento? 24% dos casais parecem afirmar que sim: responderam que leem a Carta Integralmente todos os meses e que ela os tem ajudado 'multo' em seu crescimento espiritual. -1-


A pesquisa solicitava que os casais citassem, por ordem de preferência, as matérias mais lidas. O Editorial aparece em primeiro lugar, tendo sido lembrado por 49,3%, seguido de longe (9,7%) pela Palavra do Papa. Se contarmos as duas primeiras preferências citadas, temos: Editorial (31,4%); A Palavra do Papa (29,1%); A ECIR Conversa com Vocês (9,8%). Vale lembrar que a esta pergunta, 104 casais só deram uma única resposta, sendo que 71 (15% do total) declararam não ter preferência ou gostar de 'udo'. Numa outra pergunta, solicitamos aos leitores que Indicassem o tipo de matérias que gostariam que fossem lncluldas na Carta Mensal. 30% não responderam a esta pergunta e, dos que o fizeram,.. 20% acham que a Carta está satisfatória como se. apresenta hoje. Os assuntos mais desejados pelos restantes foram, na ordem: -

Catequese e formação religiosa;

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Educação dos filhos;

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Testemunhos e depoimentos;

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A Vida dos Santos;

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Mística e métodos do Movimento; Assuntos ligados à Igreja, em geral.

Além da Carta Mensal, os equlplstas que responderam dizem que suas leituras preferidas são as revistas católicas, sendo que 15,6% especificaram tratar-se da 'Famflia Cristã'. Vêm, em seguida, os livros de formação religiosa e as revistas de grande circulação. . Poucos contribuíram com críticas e sugestões. 38% deixaram este item sem resposta e dos que se manifestaram, 43,5% declaram estar satisfeitos com a Carta Mensal como está. As demais respostas, contendo indicações sempre válidas, estão sendo analisadas com cuidado pela Equipe da Carta Mensal, e voltaremos a falar sobre elas no futuro. Aos 114 casais que nos enviaram seus agradecimentos ou elogios, assim como àqueles 130 que nos enviaram oerto de 250 itens de crítica ou sugestão, ficamos realmente multo- gratos. Graças a eles, temos a certeza que poderemos, no futuro, servir melhor a todos os nossos Irmãos equiplstas. Pedindo que continuem rezando por nós, enviamos nosso abraço fraternal a todos. A EQUIPE DA CARTA MENSAL.

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EDITORIAL

UMA VOZ QUE CLAMA NO DESERTO?

Sim! Este "branco" é proposital, este espaço vazio é premeditado. Minha idéia inicial era de deixar como Editorial uma página em branco, vazia. Para ver se alguém notaria. . . Haveria alguns, sem dúvida, mas eu me pergunto quantos. Há muitos casais das Equipes que não leem a Carta, que não leem o Editorial. Passei em muitos lugares para dar palestras, sessões, retiros, onde me disseram, gentilmente: "Agora que vimos o senhor, vamos reler todos os seus editoriais". Entendi que, ao menos em muitos casos, era uma maneira educada e delicada para dizer: "vamos lê-los pela primeira vez ... " Embora minha preguiça natural me induza a não me cansar à toa (se os editoriais não são lidos, pára que escrevê-los?), um questionamento a respeito se faz necessário. E esta história de editorial lido ou não lido é, na verdade, uma boa ocasião de nos fazermos certas pe~;guntas. -3~


Leio nos Estatutos, sob o título "Obrigações de cada casal":

"f). Ler cada mês o editorial da Carta Mensal". Leio no documento 'O que é uma Equipe de Nossa Senhora', entre os meios de concretizar o fato de pertencer às Equipes :

a nível do Movimento:

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mantendo-se ao corrente da vida do Movimento, em particular lendo a Carta Mensal (e, muito especialmente, o seu editorial); esforçando-se por viver as 'orientações comuns do Movimento e tomar parte nas suas solicitações; assistindo às reuniões organizadas pelo Movimento . .. "

Ora, o que se constata é que o interesse da maioria dos casais se situa na própria equipe. ~ uma boa coisa, porque a equipe é realmente a base. 1! lá que vamos buscar as fontes, que nos fortalecemos, que partilhamos nossos esforços, nossas dificuldades, nossas esperanças. Mas com freqüência não vamos mais além. Conhecemos pouco o Movimento além do setor (e olhe lá!). Temos pouca consciência de pertencermos a um Movimento internacional, que tem as dimensões da própria Igreja. Leio de novo os Estatutos:

"Porque conhecem a própria fraqueza e a limitação das próprias forças, como também da boa vontade que os anima, · porque a experiência de· todos Qs dias prova-lhes o quanto é difícil viver como cristãos num mundo pagão e porque depositam uma fé indefectível no poder do auxílio mútuo fraternal decidiram unir-se em equipe." Pode-se aplicar o que vale para a relação casal-equipe à relação equipe-Movimento. Se é verdade que a equipe de base é o sustento dos casais, é verdade também que o Movimento é o sustento das equipes de base. Estas não são umas ilhas, cada uma vivendo a sua vida, perseguindo seus objetivos particulares. Se quiserem manter-se fechadas sobre si mesmas, correm o risco de definhar e de sufocar. ~ o conjunto das equipes, que partilham o mesmo grande objetivo, que têm a mesma vocação e a mesma missão, que se alimentam da mesma Palavra e que procuram renovar-se no mesmo Sopro - o do Espírito - , que constitui esta "morada" na casa do Pai, de que fala Nosso Senhor. Mas para tanto, é preciso sair do casulo, da panelinha, é preciso respirar à altura do Movimento.

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O Editorial, a Carta da Equipe Responsável Internacional, são meios para assegurar esta unidade e esta universalidade, de fazer circular o mesmo ar, de fortalecer o espírito comum. Existem ainda outros meios: os contatos e os encontros entre equipes diversas a nível dos setores e das regiões, as sessões (que muitos casais nunca fizeram), as reuniões de equipes 'mixtas', os encontros internacionais, como a peregrinação a Lourdes ... Estamos no início de um novo período da vida das Equipes. ~ hora de nos questionarmos e de tomarmos algumas decisões. Eu sei que algumas equipes já perceberam que não estão bastante integradas no conjunto do Movimento. Então, o que vamos fazer a respeito? Somos muito fechados, temos a vista por demais curta, o nariz colado no imediato. Precisamos erguer a cabeça, respirar à larga, pensar e sentir ao nível de um Movimento internacional, universal, "éat6lico". Pe. Bemard Olivier, op.

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CARTA DA EQUIPE RESPONSAVEL INTERNACIONAL

TENHAMOS UMA SANTA PAIXÁO PELOS ESTATUTOS: FARÃO DE NóS SANTOS Caros Amigos, As exigências da tipografia, conjugapas àquelas da programação da Carta Mensal das Equipes de Nossa Senhora não nos permitem falar do encontro de Lourdes, cujos detalhes lhes serão relatados pelos casais da equipe ou do setor de vocês que tiverem participado. Eis porque viemos conversar com vocês a respeito de um assunto que nos preocupa muito. Gostaríamos de partilhá-lo com vocês, já que parece-nos inserir-se na linha de nossa reflexão comum de todo este ano que passou, que, como vocês se lembram, foi um Ano Mariano.

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A questão se ortgma de um trecho extraído de uma coletânea de cartas escritas por volta de 1904 por Elisabeth da Trindade, recém-beatificada por João Paulo 11. Escrevia ela, no come~o do século, a uma de suas irmãs religiosas: "Tenhamos uma santa paixão por nossa Regra, se a observarmos, ela fará de nós santos". Não é também uma regra que o Movimento nos propõe, a nós, casais unidos pelo sacramento do matrimônio? Ao propor uma regta, por meio das "obrigações" posteriormente transformadas em "pontos concretos de esforço", a todos os que entrassem para as Equipes, será que os Estatutos de 1947 não estavam inovando? Em sua mensagem de envio em missão, ao final de nosso Encontro, o Pe. Olivier termina sua apresentação do Novo Fôlego com estas palavras: "O casamento é um caminho para a santidade, Magnificat!" Quando entramos para as Equipes, em 1962, não pensávamos que o movimento que nos acolhia permitiria, ao longo dos anos, de darmos uma coluna vertebral a nossa vida espiritual. Em muitos ambientes, é freqüente que falar de santidade pareça uma incongruência, pois muita gente não tevcr a oportunidade de descobrir que a sa~tidade não se realiza nas grandes. obras mas, pelo contrário, numa sucessão de pequenos esforços, todos voltados para um acolhimento cada vez maior da vontade do Pai. Também Santa Terezinha de Lisieux falava dos pequenos meios, dos pequenos caminhos. As Equipes nos propõem os pontos concretos de esforço. Estaremos nós, como cristãos, percebendo que são estes meios simplesinhos, que o Senhor nos oferece para virmos a Ele, para nos abrirmos ao Seu Espírito, · e fazermos a vontade de nosso Pai? Aquele que manca apoia-se numa bengala para caminhar. nós, em que nos apoiamos para caminhar para a eternidade? Não basta seguir estes meios, é preciso também amá-los, ou seja descobrir que são um dom do céu, uma fonte de água viva · que jorra eternamente, a condição de não entupi-la com a rotina, a complacência, o esquecimento, a negligência, a passividade, o relaxamento ... Nós dois pensamos que somos todos chamados a tornarmo-nos, com o tempo, transparentes ao Cristo, a sermos para Ele como que uma "humanidade por acréscimo". Para tanto, tudo aquilo que os Estatutos propõem representa pistas para a ação na vida cotidiana. A santidade é feita somente destes pequenos esforços permanentes destinados a deixar que o Cristo nos invada e que tome o nosso lugar. Na próxima reunião de nossa equipe, façamo-nos a seguinte pergunta: qual é o nosso apego pelos pontos concretos de esforço? Se deci-

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díssemos deixar o Movimento após alguns anos de vida de equipe, que hábitos de vida aprendidos nas Equipes conservaríamos para prosseguír em nossa caminhada para a santidade? Se houver poucos ou nenhum, pareceria urgente rever nossa pertença ao Movimento. Dizia o Pe. Caffarel, nos Estatutos de 1947: "As Equipes não são abrigos para adultos bem intencionados, mas sim grupos de voluntários, generosos e ativos. Ninguém é obrigado a ingressar nas Equipes ou nelas permanecer. Quem delas fizer parte, porém, deve com lealdade fazê-lo francamente". Pessoalmente, conhecemos muitos casais que, tendo deixado de participar das Equipes por motivos diversos, nos dizem que conservam tal ou qual "obrigação" que se tornou uma necessidade para a sua vida conjugal. Outros, ao contrário, nos dizem que o desaparecimento da vida de equipe foi para eles causa de relaxamento. Não seria o caso de dizer que a nossa vida de e~uipe deve ser 'a cenoura e a vara' para nos ajudar a avançar sempre no amor do Senhor? Cenoura, porque nos enriquece muito, mas também vara, porque nos força a não cairmos no relaxamento e na passividade. Toda equipe, a de vocês como a nossa, deve portanto descobrir ou redescobrir o sentido da correição fraterna e mútua. ~ uma das exigências que as Equipes de Nossa Senhora propõem a seus membros para levá-los à santidade, para o caminho que nos conduz a todos para o Pai. Em cada página do seu Evangelho, São João nos grita o amor de Deus para com as crianças que somos; diz que devemos diminuir e que o Senhor deve crescer: o que significa isto, senão que pouco a pouco devemos ceder-lhe o lugar? Muitas vezes nos perguntam: mas para que santidade vamos, nós que somos casados? Cremos que se trata de caminhar para a liberdade dos filhos de Deus. Quantas vezes nos sentimos submersos por nossas preocupações cotidianas as mais variadas, conforme as idades, os gostos, as situações? Situam-se, o mais das vezes, ao nível de nosso trabalho, de nossa saúde, de nossos filhos, seus estudos, seu futuro, sua vida de fé ... Por mais legítimas que sejam, tais preocupações não estariam nos fechando por demais sobre nós mesmos? Será que nossa fé as alimenta de esperança e de caridade, ou será que elas asfixiam estes três motores da santidade? Possa o convite ao Novo Fôlego ser um chamamento para cada um de nós. Françoise e Jean-Jacques CREPY

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A PALAVRA DO PAPA Reproduzimos a seguir alguns trechos de um discurso que João Paulo II fez na cidade de Piacenza, na Itália, a empresários e trabalhadores agrícolas.

TRABALHO E FAMíLIA: DUAS DIMENSOES FUNDAMENTAIS DA EXIS~NCIA HUMANA

( . .. ) "Família e Mundo do trabalho" : é um binômio que, neste primeiro decênio do meu seviço pastoral na Sé de Pedro e corno seu Sucessor, sempre tive presente, melhor, privilegiei. ( . . . ) Sei que o vosso Sínodo diocesano se ocupa deste tema. Quero portanto também eu trazer o meu contributo a um assunto pastoral de tanto relevo. Ponto de referência essencial nesta matéria é o solene imperativo divino, que termina a narração da criação do mundo e do homem no primeiro capítulo do Gênesis: "Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra ... " (Gen 1,28). No admirável contexto em que estas palavras são

pronunciadas exprimem, na luz da revelação de Deus, a relação existente entre a família humana originária ("crescei") e o trabalho ("dominai a terra"). O crescer da família humana até encher a terra, e o "dominar" a terra mediante o trabalho, são objetivos intimamente conexos e historicamente procedem juntos em recíproca interdependência. A ordem divina revela-se portanto inerente à específica natureza do homem e digna do valor único da pessoa humana. Ao falar de trabalho, quero referir-me a todas as dimensões em que ele se desenvolveu e transformou ao longo dos sécúlos: trabalho agrícola, de artesanato, industrial, tecnológico,

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profissional, cultural, artístico. Estamos diante de uma "dimensão fundamental da existênda do homem" sobre a terra (Laborem exercens, 4). Nele está inserida, desde o princípio, a vocação ao trabalho, como uma predisposição natural. ( . . . ) Deus diz: "crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra". Com efeito, existe uma estreita relação entre o trabalho e o crescimento do homem destinado a encher a terra. Efetivamente, a pessoa humana, sujeito ativo do processo do trabalho, não é entidade isolada, mas está sempre inserida no contexto da própria família como seu ponto de referência contínuo. ( ... ) O trabalho é para o homem e para a família, por que a família é antes de tudo o lugar específico do homem. ~ o mundo vital, em que ele é concebido, nasce e matura; o ambiente pelo qual ele assume a sua responsabilidade mais séria, lugar da felicidade .terrena e da esperança humana, que se abre à expectativ?. ultraterrena. ( . .. )Deus que diz: '.'Não abandonar a mulher tua esposa", diz contemporaneamente "Acolhe a vida concebida nela por obra tua!". Não te permitas suprimir ou deixar suprimir esta vida! Deus diz isto com as palavras dos seus mandamentos, com a voz da Igreja, di-lo sobretudo com a voz da consciência, iluminada pela verdade e amparada pelo amor. Matrimônio e família estão profundamente unidos com a dignidade da pessoa humana. Eles não derivam só do instinto e da paixão, nem sequer apenas do sentimento, mas de uma decisão livre da vontade, de um amor pessoal, pelo qual os cônjuges se tornam não apenas uma só carne, mas também um só coração e uma só alma. A comunidade física e sexual, realidade grande e bela, é digna do homem somente no âmbito do

exclusivo vínculo definitivo e pessoal de fidelidade no matrimônio. A fidelidade à indissolubilidade conjugal, que hoje para algumas pessoas não consegue ser compreensível, é igualmente expressão da incondicionada dignidade da pessoa. Não se pode amar s6 para prova, não se pode aceitar uma pessoa s6 a título de apreciação e a prazo. Por outro lado, a série infinita de obstáculos, de tentações, de experiências negativas e de pecados, em que o homem dá provas da sua fragilidade ao deixar-se arrastar pelos caminhos do erro e do horror, da injustiça e da violência, é um sinal muito clar-o da imensa necessidade de redenção em que se encontra a humanidade. Por isto Cristo Redentor lhe vai ao encontro, na figura do Esposo que vive em plenitude o amor nupcial até ao sacrifício de si. Precisamente na família fundada no matrimônio-sacramento o homem e a mulher podem viver a experiência do amor salvo e remido por Cristo. Todos os homens de boa vontade e particularmente os cristãos são chamados a descobrir de novo a dignidade e o valor do matrimônio e da família e a vivê-los diante de todos de maneira convincente. A íntima relação entre trabalho e família, estas duas dimensões fundamentais da existência humana, aparece em toda a sua evidência se a considerarmos no seu preciso significado. Por um lado, o trabalho deve ser compreendido como a atividade mediante a qual a pessoa se realiza a si mesma e satisfaz a vocação que lhe é própria em virtude da sua mesma humanidade. O trabalho, por conseguinte, é experiência em que se descobre a dependência do Dador de todos os recursos da criação e· a "interdependênda" dos outros homens com as conseqüentes leis de "solida-

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riedade" (cf Sollicitudo rei socialis, 35). Pelo outro, a família há de ser entendida como o projeto do amor de Deus para o amor do homem e da mulher, e portanto como vocação sua "desde o princípio" (cf. Mt 19,4). A pessoa humana que não pode viver sem amor, cuja vida é privada de sentido se não lhe é revelado o amor, se não se encontra com o amor, descobre assim que o seu próprio trabalho é ordenado para a expressão do amor. O trabalho é para a família, enquanto o trabalho . é para a pessoa destinada à família. E então é preciso que o processo produtivo se adeque a esta estrutura objetiva da existência humana. ( ... )Talvez estejamos no declínio daquela que ficará na história como época da industrialização; novas e novíssimas formas de trabalho, como a informática e a telemática, darão um novo rosto à atividade produtiva. Não se deve porém esquecer que, ao aparecer, a industrialização foi com freqüência fenômeno social selvagem e desumanizante. :e.poca de exploração cruel, também lá onde a ideologia no poder pregava a libertação dos oprimidos. A revolução tecnológica, agora em progressivo desenvolvimento, já atingiu no setor da tecnologia genética níveis dilacerantQs, em que é posta em- questão a estrutura mesma dos seres vivos, sem excluir a do homem. Para que não se repitam os erros do primeiro desenvolvimento industrial ou não se cometam piores, é preciso absolutamente que a tecnologia não proceda separadamente dos valores espirituais e transcendentes, mas se deixe guiar e permear por eles. :e. absolutamente necessário que a biomedicina e as técnicas relativas aceitem as indicações da justa razão,

que o magistério da Igreja repropõe em ordem ao respeito da sacralidade da vida humana. Há, por último, um tema que me está particularmente a peito: o do trabalho da mulher. O Evangelho do trabalho tem para a mulher um valor singular: ele tem por objetivo revalorizar no plano social as tarefas maternas, que lhe são próprias, a fadiga e os riscos a elas inerentes, a necessidade que os filhos têm de cuidados e de amor para poderem desenvolver-se como pessoas responsáveis, equilibradas e maturas. Não se trata, como alguém quis insinuar, de encerrar a mulher no âmbito de dona de casa; não se trata de a excluir do trabalho fora de casa; não se trata de lhe atribuir apenas trabalhos familiares. Dado que é igual a dignidade do homeni e da mulher, ambos criados à imagem de Deus (cf. Gen 1,27), à mulher está e deve estar aberto todo o âmbito de atividade humana, quer seja econômica, social, cultural ou política. Mas há para a mulher uma atividade específica que lhe diz respeito como "mãe de todos os viventes" (Gen 3,20). Nela a mulher atinge a expressão mais alta de si mesma; é portanto justo que o Estado e a sociedade a apoiem no cumprimento desta sua tarefa, com as previdências sociais de que beneficiam as que trabalham fora do lar. Repito, contudo, que não se trata de encerrar a mulher entre as quatro paredes domésticas nem sequer de a sobrecarregar com toda a tarefa educativa no seio da família. No interior da comunidade conjugal, a igual dignidade pessoal do homem e da mulher deve ser reconhecida no mútuo e pleno amor. :e., portanto devida e necessária uma contínua colabor~ção entre os pais na educação dos filhos. A presença ativa do pai ajuda muitíssimo à sua formação; mas deve ser

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salvaguardada a presença e os cuidados da mãe, de que precisam especialmente os filhos mais pequenos; deve ser facilitada a ela, a presença no próprio lar, embora sem transcurar a legítima promoção social. Não é portanto questão de esquemáticas divisões de papéis, mas de recíproca colaboração na família e na sociedade, segundo as condições e as circunstâncias, em plena igualdade e responsabilidade, com atenção às exigências da famüia, escola de humanidade e fundamento da sociedade. Muito caminho resta ainda a percorrer para assegurar ao trabalho humano a sua plena dignidade. Deixo a vós, trabalhadoras cristãs, a recomen-

dação de serdes testemunhas do Evangelho no vosso ambiente: anunciai o nome de Cristo nas vossas fábricas, nas empresas agrícolas, nos escritórios, inspirando-vos n'Ele, que se fez "operário" por nós (cf. Me 5,3). Fazei com que o trabalho se torne meio eficaz para realizar em vós uma personalidade forte e generosa, para estabelecer vínculos mais sólidos com a vossa família, que forma a finalidade primária e prevalecente da vossa fadiga. Torne-se ela verdadeiramente uma "Igreja doméstica", onde o trabalho quotidiano encontre a sua justificação e o seu sentido. O Espírito de Deus vos dê impulso para esta grande missão!

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A EC/R CONVERSA COM VOCES

O PAPEL DA FAMíLIA NA SOCIEDADE A família não é, necessariamente, em princípio uma instituição cristã ou eclesial. Ela se insere no quadro natural das exigências biológicas em _ que os homens se constituem como seres gregários, comunitários e sociais. Há certamente outros animais sociais. Mas o que caracteriza a sociedade humana em oposição a elas é que o modo de convivência, os modos de cooperação recíproca e interação, e o papel de cada indivíduo nas atividades comuns não resultam somente de traços biogenéticos e históricos. Na ação e interação humanas existe a intervenção de uma consciência, de uma inteligência e da vontade criadoras. Por meio da linguagem e da comunicação eles permutam informações e convicções, formam conjuntamente atitudes mútuas, enfim, constituem e partilham entre si os valores materiais e espirituais de seu intercambio social. Assim -

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a sociedade humana se transforma em função de uma reflexão comum dos homens sobre si próprios e sobre o mundo. Nesse sentido, nenhum conhecimento, nenhuma atitude, nenhum valor pode existir como fruto de um trabalho isolado e individual. Tudo é conseqüência de um trabalho histórico, coletivo e social. E em relação ao outro e com o o'.ltro que cada um se conhece a si próprio. E em relação ao outro e com o outro que o homem desenvolve a linguagem, a comunicação e todos os instrumentos de interação. E em relação ao outro e com o outro que o homem avalia situações em que vive e as valoriza ou rejeita. E nesse contexto que se pode compreender melhor o papel da família na sociedade humana. Em 1.0 lugar ela não se constitui só "naturalmente" mas por um gesto de compreensão mútua e de vontade: é uma opção de amor. Mesmo na ausência dos filhos, marido e mulher constituem um par mínimo em que ambos se completam, se auxiliam e se enriquecem. E isso somente se realiza em plenitude, quando ambos são correspousáveis pelo processo de construção recíproca de si próprios, enquanto sujeitos ativos e interativos; quando no diálogo permanente conseguem partilhar suas aspirações e decisões; quando pela valorização, um do outro, não somente enquanto pessoas mas enquanto parceiros, constituem o ambiente necessário de uma rica interação. Em 2.0 lugar, a família é o espaço necessário em que os filhos se exercitam no mesmo processo de formação de si mesmos e construção dos conhecimentos e valores essenciais para sua vida em sociedade. Nem se precisa insistir em que não há pedagogia que substitua aquilo que é o próprio da família: - a afetividade, a valorização recíproca, a fidelidade, em uma palavra, os laços de amor únicos capazes de manter firmes as relações indispensáveis a uma rica participação criativa. A família não é pois, uma instituição substituível: - ela representa o modo mais natural de convivência em que o homem se constitui enquanto homem e a vida se desenvolve em sociedade, desde a sua dimensão mais simples do casal até a dimensão mais ampla a que os laços de parentescos se estendem. A família cristã na sociedade

O que distinguiria, em relação às observações anteriores a família cristã? Comecemos por lembrar, que, do ponto de vista da fé, a família cristã se entende como mais do que uma relação natural, e mais do que o resultado de um ato consciente de amor mútuo. Há em sua formação o reconhecimento de um gesto de amor divino e de um chamado especial de Jesus Cristo e a presença permanente em seu interior das graças do Espírito Santo. Por isso ela se constitui, no -12-


Sacramento do matrimônio perante o testemunho da Igreja. E isso a toma em um certo sentido sagrada e eclesial. Há portanto, para a família cristã, compromissos e exigências que derivam desse modo especial de constituição. Um 1.0 compromisso é de que a história da sociedade em que se constituíram seus valores e modos próprios de coexistir se une agora à história da Salvação. Isso significa que os valores de uma sociedade cristã que coincide com os valores da sociedade mundana já não são avaliados somente na perspectiva dos homens mas na perspectiva evangélica. Conseqüentemente as práticas que correspondem a esses valores na sociedade e na família se fazem não só por uma questão de coerência pessoal e social, mas por amor do Cristo. Além disso a família cristã é o ambiente em que casal e filhos devem descobrir e mais que descobrir, construir juntos uma sabedoria e riqueza que nem sempre correspondem aos tesouros e às ciências que a sociedade atual cultua. O amor ao próximo que se dá sem medida ou na medida de si mesmo. A simplicidade e pobreza do coração que se sobrepõem às ambições e ao sucesso fácil; a mansidão e a humildade que nos permitem desconfiar de nós mesmos e confiar no Cristo; a pureza de corpo e coração que nos contrapõe à promiscuidade dos prazeres. Mas também aqui a família cristã não pode esperar que a prática efetiva desses valores possa vir exclusivamente de uma compreensão pessoal ou mesmo da graça: - o verdadeiro exercício da vida cristã é também um trabalho contínuo, diário, persistente de construção conjunta a dois e a muitos. Enfim, assim como o cristão tem que ser fermento, a família cristã não pode conter-se nos seus próprios limites: ela possui inerentemente uma vocação profética e apostólica. Pela palavra e pelo testemunho ela deve fazer que outros e mesmo todos, na esperança evangélica, possam compartilhar com ela de seu modo de ver o mundo em sua relação com Deus, do seu modo de conviver a prática dos valores cristãos, para com ela partilhar da felicidade dessa convivência. E para nós que participamos, pelo privilégio de um chamado especial, do Movimento das ENS, e nesse Movimento nos beneficiamos de maiores oportunidades de conhecer e praticar o amor de Cristo, são certamente bem maiores essas exigências e esses compromissos. Chico e Dina

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A PALAVRA DE NOSSOS PASTORES

DIMENSAO DE UM ANúNCIO Dom José Freire Falcão arcebispo de Braailla

Anunciar Jesus Cristo e sua mensagem é a missão da Igreja no mundo. Não se trata de um anúncio puramente decorativo e superficial, mas vital, em profundidade, até às raízes de cada homem. Porque, o que está em jogo não é simplesmente as idéias dos homens, mas toda a sua existência. ~ preciso ir ao íntimo de cada um, lá mesmo onde se preparam as opções e as decisões. t: necessário marcar com a mensagem do Evangelho a mente e o coração do homem. ~ ele em sua interioridade, na raiz de seus desejos, pensamento e ações, que deve ser atingido pela mensagem de Jesus Cristo. Trata-se de converter para Cristo a consciência pessoal, de uma mudança interior, de uma conversão radical que signHique a criação de um homem novo. Pois , não basta a transformação das estruturas sociais nem uma libertação puramente exterior dos sistemas de opressão. O que se requer para ser cristão é uma libertação mais fundamental, a verdadeira liberdade dos filhos de Deus, que supõe ·uma vida superior a todas as privações, a todos os sofrimentos íntimos. Sem esta libe,rtação essencial, todas as outras libertações, de ordem psicológica, política e social, são superficiais ou, por vezes, ilusórias. Quando o homem não é libertado do pecado do egoísmo, as mudanças de estrutura da sociedade não fazem desaparecer a exploração e a opressão: as injustiças tomam outras formas. Os novos dirigentes da sociedade buscam seus interesses em detrimento dos outros. t: o coração do homem que deve ser libertado" (Jean Galot). Na verdade, há muitos hoje que pregam a renovação da humanidade. Mas pensam realizá-la pela mudança dos quadros de vida e das estruturas da sociedade, quando o mal radical está no próprio homem. Pois, é o homem que está doente, gravemente enfermo. Os sintomas são evidentes: decadência moral, crueldade, violência, sede sem limites de prazer e de posse, egoísmo selvagem. Para que o interesse por Jesus tenha uma significação decisiva para o homem e a sociedade, é necessário que Ele não seja visto, através de nosso anúncio, como um líder político ou social, mas como o enviado do Pai para a salvação radical do homem. Salvação

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que o atinge na profundidade de sua existência, transformada pela graça divina. Se a mensagem que Ele nos traz é confundida com uma plataforma política, perde sua identidade, sua força e eficácia. Mas se é apresentada primeiramente em sua dimensão . espiritual e religiosa, ganha em persuasão, porque se coloca acima das paixões ideológica e políticas, situando-se no coração do homem. Faz homens novos e livres, capazes de construir uma nova sociedade. Porque, é do conhecimento de Jesus e da fé n'Eie que "derivarão opções, valores, atitudes e comportamentos capazes de orientar e definir nossa vida cristã, criar homens novos e, portanto, uma humanidade nova pela conversão da consciência individual e social" (João Paulo 11) . Seria um grave equívoco julgar que, minimizando a significação essencialmente religiosa da vida e da mensagem de Jesus, se está prestando um serviço ao homem e à sociedade. Isto não significa que a evangelização não deva abranger as atividades nas quais o homem está comprometido, seus ambientes concretos, a vida econômica, política e social, a cultura, toda a extensão da vida humana. Anunciar Jesus Cristo é crer firmemente que "não há sob o céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos· (At 4, 12), como proclamava Pedro diante do Sinédrio. (Publicado em "O Povo de Deus" , folha semanal da Arquldlocese de Brasilia, Ano XXIII , n.0 33 , de 24 de julho .de 1988.)

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PASTORAL DA FAMILIA

SOBRE A ESTRUTURA FAMILIAR Gostaríamos, na verdade, que o título desta nossa reflexão fosse: Como é possível sustentar uma estrutura familiar desta maneira? Acontece que, quando analisamos alguns dados que nos informam", pelo menos em parte, como vivem as famílias brasileiras, imediatamente somos levados a acreditar que é difícil preservar ou sustentar uma estrutura familiar como seria desejável, onde todos os seus membros coabitam em harmonia, em comunhão, com fidelidade, solidários e fraternos com aqueles que lutam pelo reconhecimento da dignidade dos homens, sendo agentes de transformação e testemunhas da mensagem libertadora de Jesus Cristo, podendo desfrutar de um nível de vida digno e de modo que não representa um meio de acirramento das desigualdades sociais, e assim por diante. Cabe perguntar: onde existe esta estrutura familiar? Ou, é possível que ela exista no presente? Ou ainda, ela já existiu no passado? Não restam dúvidas, de todo o modo, que se torna necessário valorizar a estrutura familiar em nossa sociedade, significando isso, acima de tudo, a transformação da família numa comunhão de pessoas que se realizam espiritual,. política, econômica e socialmente, em função do seu compromisso como Povo de Deus e cidadãos .do mundo. Todos, sem distinção, são chamados a participar como sujeitos na construção de um mundo mais justo e fraterno, e de uma história que conta a caminhada de um povo em direção a Deus, e que vai se libertando de todos os pecados pessoais e sociais , para o crescimento progressivo enquanto ser humano e cristão, como propõem as Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil (1987M

1990).

A família, neste contexto, e como uma instituição ao mesmo tempo divina e social, possui um papel fundamental neste processo de transformação, mormente quando muitas de suas funções e valores de sua constituição estão sendo reformuladas .

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Em geral , somos levados a repetir que os pobres são mais felizes, vivem melhor a unidade familiar, possuem maior solidariedade entre si, desenvolvem valores ou uma visão mais cristã, etc . ~ inegável , contudo, que são eles que sofrem os impactos mais fortes dos modelos econômicos e políticos reveladoras do limitado amadurecimento democrático do país, onde direitos legítimos de cidadania não são respeitados e, muito menos, promovidos como necessidades para a promoção da justiça social e maior igualdade . Por isso, como manter uma estrutura familiar quando 42% das famílias brasileiras vivem com um rendimento mensal de até 1/2 salário mínimo para cada um de seus membros? Ou quando cerca de 51% das famílias recebem até no máximo 2 salários mínimos por mês? Ou quando existem mais de 3,5 milhões de famílias morando em favelas e cortiços, só nas capitais e regiões metropolitanas? Ou quando se estima um déficit, só no meio urbano, de 7,5 milhões de habitações? Ou quando 14,5 milhões de famílias possuem instalações sanitárias inadequadas? Ou quando 9,5 milhões de famílias precisam utlizar água inadequada? Ou quando mais de 90 milhões de pessoas apresentam déficit alimentar em algum grau? Ou quando cerca de 55% das crianças de 0-5 anos são desnutridas? Ou quando cerca de 41 milhões de menores de 18 anos de idade são considerados pobres? Ou quando cerca de 7 milhões de crianças são abandonadas? Ou quando em cerca de 20% das famílias boa parte da responsabilidade de mantê-las cabe aos menores e jovens, que sobrevivem na extrema pobreza? Ou quando morre o equivalente a 800 crianças menores de 1 ano por dia, metade delas com menos de 1 mês de idade? Ou quando mais de 80% dos nascimentos ocorrem em famílias pobres, que não têm condições satisfatórias de proporcionar um padrão de vida compatível com a dignidade humana? Ou quando se praticam entre 3 a 4t milhões de abortos por ano? Por que continuar revelando tais informações, se elas já são conhecidas de todos, e contam apenas uma faceta limitada daquilo que efetivamente acontece com esse povo sofrido da família brasileira? Quem não sabe , por exemplo, que as favelas, os cortiços, a fome, o desemprego ou subemprego, a pobreza, não são apropriadas para preservar uma estrutura familiar? Temos aí, no caso, a pobreza material que, com os seus efeitos e relacionamentos humanos, faz surgir nas pessoas, principalmente nas crianças e jovens, sentimentos, comportamentos e atitudes que contrariam a realização do ideal cristão de uma família, pequena igreja, centro de comunhão e participação , escola de pessoas evan-

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gelizadas a serviço da redenção do mundo . (Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil) . O que não dizer, então, de outras manifestações de pobreza e do que causam à f ormação ou estruturação da família! A pobreza da família e povo brasile iro não é apenas uma violência contra a dignidade humana , mas uma grande contradição com e do ser cristão . Daí a opção preferencial pelos pobres feita pela nossa Igreja, que é ao mesmo tempo uma opção evangélica, social e política, com o objetivo de libertar o homem e a família, e de convertê-los para Deus . Esse é um grande desafio para as Equipes de Nossa Senhora, movimento de famílias, porque , "sem homens novos , profundamente convertidos ao Evangelho, e por sua vez conscientes da necessidade de evangelizar o próprio processo de transformação social, 'ainda as melhores estruturas ou os sistemas melhor idealizados depressa se tornam desumanos ' e não estarão absolutamente livres de novos materialismos e novas formas de opressão ." (Diretrizes Gerais da Ação Pastoral da Igreja no Brasil) . Mariola e Eliseu Brasília

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O DOCE MILAGRE DE APARECIDA na visão apostólica de

D. LUCAS MOREIRA NEVES Arcebispo Primaz do Brasil

Se não fica mal, logo de início, uma confidência, confesso que todos os anos, chegando esta data 12 de outubro, torno a ler, por puro gosto, a crônica daqueles acontecimentos de outubro de 1717 nas paragens de ltaguaçu. Na legenda saborosa, cada detalhe tem o seu sabor. A expectativa trepidante de passagem do Governador D. Pedro de Almeida, a angustiosa e malograda procura de peixes para a mesa da autoridade; o encontro no fundo da rede, primeiro do corpo, depois da cabeça, de uma tosca imagem de barro, ainda mais enegrecida pela lama do fundo do rio Paraíba; a pesca milagrosa de peixes, muitos e bons, em seguida ao aparecimento da Imagem de Nossa Senhora, o transporte desta à casa pobre de um dos pescadores, para veneração crescente do pessoal do lugar, velas que se acendem sozinhas quando apagadas pelo vento, símbolo da fé daquele povo. São os mesmos pescadores, - o João Alves, o Domingos Garcia e o Felipe Pedroso - , que com uma devoção feita de amor e confiança, mas ao mesmo tempo de reverência dão à Imagem o doce nome de "Aparecida", o mais óbvio, o mais espontâneo para designar quem lhes aparecera, inesperada, entre as malhas da velha rede remendada. Passados mais de 250 anos, atrevo-me a pensar que Aparecida é um dos títulos que melhor definem a Virgem Maria, pois todo seu Ser se reflete naquele seu modo de aparecer, na discrição infinita, na emanação de quietude, de alegria mansa e de paz, que deixa atrás de si todo o seu aparecer. Aparecida, pois, das águas profundas da raça humana; com suas vagas de decepções e de esperanças; de aflição e de felicidade; do rio sinuoso, freqüentemente revolto e lamacento da história humana, a Mão de Deus vai retirá-La, porque quis precisar Dela e Ela aparece na cela do mundo, no fluxo da história, não semi-deusa nem visão angélica, mas criatura humana, filha de Adão e Eva, trazendo no corpo a espessura e a cor da argila, de que foi plasmada. E, no entanto, como dizia Dante: "úmile e alta piu che creatura, nigra e formosa" - a mais bela e perfeita criatura saída das Mãos de Deus - a obra-prima da criação. Aparecida , porque das misteriosas e insondáveis profundezas do Seu desígnio de amor e salvação - a Mão de Deus a vai recolher, e Ela aparece aos olhos maravilhados dos anjos e dos homens - "termine fisso d'etterno consiglio .. . " predestinada , a obra-prima da Graça Divina. Esta é a mesma que um dia apareceu, surgindo, sem fazer barulho, do fundo do rio Paraíba ; a mesma que, silenciosa, muitas vezes aparece em nossa vida . Nesse ponto, queridos irmãos , lembro-me de ter

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apresentado ao públ ico , há três anos , um sugestivo opúsculo de S. Maximiliano Maria Kolbe, que o intitulou: "Quem és Tu, ó Imaculada?" E não consigo evitar um pensamento: E se o Domingos, o João Alves e o Felipe tivessem interrogado: "Quem és Tu, ó Aparecida?" O que é que lhes teria respond ido a Senhora representada pela estátua de barro. pescada no rio Paraíba? Penso que Ela teria silenciado, avessa como a mostra o Evangelho a falar de si mesma. Mas teria pedido à Igreja que respondesse em seu lugar. E a Igreja então teria proclamado, mais uma vez, aquilo que a partir da leitura contemplativa de Palavra de Deus, a partir do ensinamento dos Concílios , a partir do tesouro da tradição, esta Igreja crê a respeito do mistério de Maria. A Igreja teria respondido que Aparecida é acima e antes de tudo, Aquela que tendo concebido pela ação do Espírito Santo e dado à luz o Filho do Altíssimo , o Filho de Deus, e na verdade , pode ser chamada , como a chamou o Concílio de J:feso "Teotocos" - a Mãe de Deus. Essa maternidade divina é a raiz mais profunda e o mais alto vértice , o núcleo mais íntimo e a manifestação mais luminosa da vocação , da vivência e do mistério de Maria de Nazaré. J: o que A torna absolutamente única entre todas as mulheres. A inatingível , o milagre mais sublime do gênero humano e de toda a criação . Deste atributo singular derivam e para ele convergem todos os outros atributos de Maria . Por isso, a Igreja responderia, sem dúvida, aos pescadores do Paraíba : · Aparecida é também a Imaculada Conceição " , porque seria a Mãe de Deus. Este - antecipando os méritos do Seu Filho - A preservou de toda a mancha do pecado. O mal não A tocou nem por um instante , nem de longe. A mácula original, fatídica herança da nossa raça , não A roçou sequer com a ponta de sua asa envenenada . Desde a sua concepção, Ela foi indene à própria sombra do mal. Jorge Bernanos a definiu: "A menina mais jovem do que o pecado" . E os espanhóis, os espânicos, A chamam com um termo gracioso e verdadeiro : "La Puríssima", toda pura , transparente e radiosa! Esta é a imaculada Conceição. - Aparecida, responderia ainda a Igreja, é a "Cheia de Graça" . Com este título, usado em lugar do próprio nome, o anjo A saúda na cena da Anunciação: · Ave, ó Cheia de Graça! " Com esta denominação, inspirando-se diretamente no Evangelho, a Igreja quer dizer que em Maria tudo é graça. Tudo dom total e gratuito de Deus; tudo irrupção e intervenção de Deus na Sua vida. A Igreja quer dizer, que a graça mais excelsa que Deus lhe podia conceder, indizível graça, é a de colocar Nela, como fruto de Suas entranhas , o dom maior de Deus, que é o Seu Unigênito. A Igreja quer dizer, que Ela própria, a humilde Aparecida, aparece como uma graça de Deus para a humanidade; visita de Deus, passagem de Deus pelo mundo e pela história . Aparecida, acrescentaria ainda a Igreja, relendo sob esta luz do Verbo as antigas profecias : J: a sempre Virgem. E recolhendo a convicção dos Padres e Doutores ao longo dos séculos, explicaria que convinha Aque la que gerou o Verbo permanecer intacta . Quem sabe a Igreja não t eria recitado para o João Alves, o Felipe e o Domingos, a quadrinha que talvez eles mesmos conhecessem , porque é fruto da piedade, de gent!} pobre e devota como eles .

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" No seio da Virgem Mãe Entrou a Divina Graça. Como entrou, assim saiu Como sol pela vidraça!" As palavras mais lindas que há para exprimir a transparência da virgindade de Maria! Aparecida, continuaria a explicar a Igreja, Aquela que é fiel todos os dias e fiel até "juxta crucem ", ao FIAT de Sua adolescência, aparece associada em um nível de profundidade, comparável à obra da Redenção, realizada por Seu Filho. Ninguém tanto quanto Ela, ninguém igual a Ela completa na própria carne o que faltou à Paixão de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja, a tal ponto que Dela se tenha dito que é a Co-redentora. Diante de sua imagem sob a cruz, ou com o Filho inânime no regaço materno, chamaram-Na e nós A chamamos, ainda com uma explosão carinhosa: A Senhora da Piedade.

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A FAMfLIA

EA

FORMAÇAO CRISTA DOS LEIGOS lgar e Cidinha Fehr Reproduzimos aqui na íntegra a contribuição do Casal Responsável de nossa ECIR, por ocasião de sua primeira particij)ação, em junho passado, na reunião do PontifíciÕ Conselho para a Família, em Roma .

INTRODUÇÃO:

A grande tarefa dos cri~tãos leigos, conforme o ensinamento do Concílio Vaticano 11, é fazer com que o Reino de Deus penetre e se dilate em todas as realidades. A transformação dessas realidades , cada vez mais complexas, está exigindo dos leigos uma sólida formação. Entendemos essa formação como uma capacitação, que se adquire principalmente na medida que se busca viver os valores do Reino que se deve propaga~ Essa vivência de valores se aprende e se realiza numa comunidade. Assim, a formação dos leigos depende de uma comunidade . A famflia, como primeira e mais duradoura comunidade à qual pertence cada pessoa, tem pois a grande missão de formar leigos, formando-os como pessoas, educando-os na fé e infundindo-lhes o espírito apostólico. Mas, para que possa exercer essa sua função de formadora, a famflla precisa também ser formada. Ela precisa, pois, ser vista como agente, mas também como destinatária de formação. -

FAMfLIA FORMADORA DE PESSOAS

1 . a - Através da família, a pessoa se situa no mundo, adquire a consciência de ser, não uma pessoa solta no espaço, mas ·alguém· inserido numa família. Essa famflia possue uma história, uma evolução, tem sofrido mutações através do tempo, mas cujo fio condutor é constituído por valores que permanecem, que passam de uma geração a outra. Essa consciência é muito Importante para que mais tarde ela se situe no mundo como membro da grande Famflla de Deus, e o relacionamento com os membros da sua própria famflla a prepara para o relacionamento com os demais. 1. b - A família é depositária dos valores essenciais que tornam o homem plenamente humano. Ela transmite, pois, esses valores na medida que os anuncia, na medida que os vive.

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Em primeiro lugar estão o amor e a fidelidade. Antes de aprender a amar, a criança precisa conviver com o amor, sentir-se amada. ~ muito difícil para uma pessoa que não conheceu o amor, nunca sentiu-se amada, amar verdadeiramente. Daí, a necessidade de construção da unidade conjugal no amor que, como núcleo dessa célula que é a família, deve ser centro de irradiação desse amor. Em nossa opinião, essa entidade casal precisaria ser mais pensada, mais valorizada e mais trabalhada pela Igreja. Nascendo de uma opção de amor, pessoal e única, consciente e livre, a família cria condições para a realização efetiva de seus membros no amor, pela comunicação, pela descoberta e conhecimento mútuos, pela troca de experiências dentro de um processo de desenvolvimento das pessoas, pela ajuda mútua. A família cria também condições para a vivência da fidelidade, em especial a partir da fidelidade dos pais à aliança que um dia fizeram no altar, diante de Deus, e para compreender e aceitar o aspecto sacrificial dessa fidelidade, que o mundo de hoje rejeita. Assim , os membros vão assimilando, vão aprendendo a viver no lar a generosidade, o desapego, o despojamento, o espírito de partilha, o senso de responsabilidade, o senso de justiça, o senso crítico, a lucidez, o espírito de combatividade, virtudes necessárias para que enfrentem com coragem, com esperança e com alegria as lutas da vida . 1.c - Pelo relacionamento familiar, todos se educam mutuamente , desenvolvem suas personalidades e são chamados ·a construir a unidade por um permanente esforço de superação das próprias limitações e dos condicionamentos impostos pela sociedade: - Os cônjuges formam-se mutuamente, em especial pela complementariedade, na medida em que a compreendem, a aceitam e a trabalham. - Os pais formam os filhos, ajudando-os a se conhecerem, transmitindo-lhes valores fundamentais , a sabedoria que vem com o amadurecimento, as experiências acumuladas, ajudando-os a compreender seu papel, a serem construtores da história. - Os filhos formam os pais, ajudando-os a se conhecerem, a se renovarem, a compreenderem e aceitarem as mudanças necessárias . a terem uma perspectiva de futuro . 2 -

FAMILIA FORMADORA NA Fe

2. a - A família , como primeiro lugar onde os valores cristãos de base são formados, é também a primeira e talvez a principal formadora na fé . Através do aperfeiçoamento das relações familiares, torna-se possível o amor a Deus, o reconhecimento dele como Pai e Amigo, de Jesus como irmão que caminha com cada um de nós e do Espírito Santo como presença de amor entre os homens. --:- 23 -


2 . b - Cabe aos pais ajudar os filhos a entenderem a história da salvação como a história de cada um de nós; capacitá-los para entender um texto bíblico, a situá-lo no contexto global da Sagrada Escritura e a vivenciá-lo.

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FAMfLIA FORMADORA DE APóSTOLOS E DE COMUNIDADES

3 . 1 - A família, como primeira comunidade, prepara para a vivência responsável na grande comunidade do Povo de Deus e no mundo. A co-responsabilidade vivida na famflia, uma co-responsabilidade fundamentada no companheirismo, na solidariedade, na gratuidade e no amor, favorece o espírito de fraternidade , facilitando a co-responsabilidade na grande famflia de Deus. 3. 2 - Essa vivência deve levar seus membros a conhecerem a realidade do mundo em que vivem , a analizarem essa realidade, a criticarem-na , a distinguirem nela a presença dos valores do Reino e dos contra-valores; a formarem a própria opinião para não agirem de conformidade com as correntes ideológicas ou modismos, a desejarem Interferir na realidade. 3.3 - O sentido de co-responsabilidade na grande família , leva as famrllas a buscarem formas de convivência, para aj uda mútua , para apoio mútuo, para a formação mútua, visando a plena realização da própria famíl ia e a r-ealjzação de sua missão na grande família de Deus. Dar os movimentos, as comunidades de base, as associações, as pastorais ... 4 -

EXIGeNCIAS DA FAMfLIA EM RELAÇAO A ELA MESMA PARA QUE POSSA CUMPRIR SUA MISSAO FORMADORA

4.1 Quanto ao relacionamento entre as pessoas: - Contínua renovação do amor entre todos, em especial do amor conjugal. - Contínua busca de adaptação à função de pai, de mãe, de esposo, e de filhos conforme as exigências das novas realidades . 4. 2 Quanto ao ambiente familiar. - Construção da comunidade familiar, onde pai, mãe e filhos assumem-se mutuamente, entregando seus dons pessoais a serviço da comunidade familiar. -:- Fundamentar a fé na pessoa de Jesus Cristo, a partir da vivência na família, santa e pecadora, na medida que estão presentes a Graça e o pecado, levar à compreensão de que na Igreja, enquanto Povo de Deus, também estão presentes a Graça e o pecado. Essa compreensão é necessária para que os jovens não se escandalizem com as atitudes de alguns cristãos e não tenham sua confiança na Igreja, ou mesmo sua fé, abaladas por isso. - Manutenção do espírito de dinamismo que a leva a reconhecer-se inacabada, e a necessidade de construir-se dia após dia, a

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buscar as respostas que deve dar às · solicitações do mundo em mudança. 4. 3 Quanto aos valores - Valorização das pessoas como pessoas. - Valorização da mulher como co-responsável pela construção do mundo. - Valorização do diálogo pela convivência pessoal dos membros da família. - Valorização de cada membro da família na construção da estabilidade familiar. - Valorização da dimensão social da família, incentivando a participação na sociedade e a vivência comunitária entre famílias . - Valorização do espírito apostólico, formando a consciência da co-responsabilidade, como membros da Igreja, com sua missão de evangelizar o mundo. 5 -

DIFICULDADES QUE A FAMfLIA ENFRENTA HOJE

5. 1 - O seu papel de formadora de pessoas e formadora na fé está enfraquecido, principalmente porque torna-se cada vez mais difícil a convivência, o diálogo e conseqüentemente o relacionamento familiar pelas seguintes causas: - Os pais, tendo, em geral, sido educados na forma tradicional, mais baseada numa relação paternalista, não estão preparados para o diálogo e muitas vezes, embora reconhecendo sua necessidade e desejando-o, não conseguem vivê-lo. - Ausência do lar, por muitas horas, de todos os membros da família: • Os pais forçados a um trabalho excessivo para fazer frente às despesas do lar, devidas: Ao agravamento da crise econômica, especialmente nos países mais pobres Ao fato de as famílias gastarem mais hoje por sucumbirem à pressão da sociedade de consumo. • As mulheres, competindo com os homens hoje, são igualmente levadas ao excesso de trabalho, por necessidade de realização pessoal, também porque o seu trabalho no lar não é valorizado e nem mesmo considerado. • Os filhos : Em muitos casos (os mais pobres) forçados pela necessidade de trabalhar desde pequenos. Quando o trabalho é acumulado com estudos, a situação é ainda pior. Em outros casos pelos estudos, que se complicam cada vez mais em decorrência das maiores necessidades impostas pela sociedade moderna, e que se iniciam cada vez mais cedo. Pais e filhos, por longas horas fora do lar e enfrentando, cada um, realidades diversas a gerar diferentes tensões que trazem para o lar têm dificultados a convivência e o diálogo.

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- Influência dispersiva, desorientadora e desagregadora dos meios de comunicação no ambiente do lar, prejudicando o diálogo e afetando a convivência familiar. - Insegurança crescente dos pais perante o mundo em mutação, a permissividade nos costumes e a diferença entre as formas com que pais e filhos, em geral, encaram esses fenômenos, também tem prejudicado o relacionamento familiar. - Famílias vivendo em extrema pobreza, sem condições mínimas de sobrevivência e conseqüentemente não pos.suindo sequer um local digno para conviver. Que condições têm tais famílias de serem . formadoras? - A influência das idéias contrárias ao pensamento cristão, no plano moral e .religioso, preconizadas por uma sociedade descristianizada e veiculada entre os jovens nos locais de trabalho e nas escolas, em especial nas universidades, atingindo-os num período em que ainda não possuem maturidade suficiente para fazer frente a ela. · -Todas essas dificuldades são agravadas para as famílias incompletas, infelizmente cada vez mais numerosas, por faltar o núcleo básico que é a comunidade casal. - Enfim toda essa situação criada pela crise econômica, pela sociedade moderna, toda essa influência negativa exercida pela sociedade na formação das pessoas, na vida familiar, todos os contra-valores por ela impostos, fazem com que a família seja mais vítima, gerando outras vítimas, do que formadora de pessoas e protagonista de uma nova sociedade, do Reino de Deus. 5. 2 - Como formadora de comunidades a família enfrenta dificuldades: - Em primeiro lugar pelo próprio egoísmo familiar. Famílias que não tomaram consciência de sua responsabilidade na Igreja e na sociedade. - Fechamento das famílias, visando sua aüto:defesa~ diante de uma realidade agressiva. · - Falta de tempo em conseqüência da aceleração crescente do -ritmo de vida e do excesso de trabalho. - Falta de ânimo para qualquer abertura em conseqüência da insegurança, cansaço e nervosismo, resultante da forte pressão psicológica existente na sociedade materialista, altamente competitiva e exigente. - Falta de organismos, em especial na Igreja, que congreguem as famílias . 6 -

O QUE A FAMfLIA ESPERA DA COMUNIDADE IGREJA

- Elaboração de uma Teologia Familiar realista, acessível à grande maioria, que sirva de apoio à família para refletir a própria realidade à luz da Palavra de Deus e para fundamentar os valores cristãos que a família deve viver.

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- Que a Igreja procure ver as pessoas com seus vínculos familiares e não como pessoas isoladas . Que ela valorize o casal como uma unidade no corpo místico. - Acompanhamento lúcido das mudanças e das dificuldades pelas quais a família está passando. - Colaboração com os pais no seu esforço de se manterem humana e cristãmente atualizados e abertos aos problemas da sociedade. - Que exerça sempre sua missão profética, denunciando as situações "de escândalo" que vitimam a família no plano moral, religioso e social. - Apoio e estímulo aos movimentos familiares, sobretudo quando procuram renovar-se à luz do Concílio e do atual magistério da Igreja, que levam a família sentir-se comunidade e à pertença de uma comunidade que muito a apoia e a leva a abrir-se para a grande comunidade da Família de Deus. - Uma adequada Pastoral Familiar, inserida na Pastoral de Conjunto, uma vez que os problemas que a família enfrenta são de duas ordens: • Problemas estritamente familiares, que apontam mais para o ângulo das personalidades que as constituem; • Problemas oriundos da sociedade em que a família está inserida. Assim, a Pastoral Familiar deve levar a educação para o amor, para o diálogo, com uma visão adequada da sexualidade e de seu sentido mais profundo; deve preocupar-se com a formação da família para que cumpra o seu papel de formadora de pessoas, mas também estar voltada para a crítica da realidade, visando uma transformação da mesma, agindo sobre as consciências. Uma Pastoral Familiar não concentrada somente nas "famílias cristãs • no sentido estrito da expressão, uma vez que é cada vez maior o número de famílias incompletas, de famílias sem o vínculo sacramental ou mesmo jurídico. Todas essas famflias, sejam quais forem suas imperfeições e deficiências, precisam ser atingidas pela ação pastoral da Igreja. No nosso entender, tal Pastoral é de uma necessidade tão grande que a hierarquia, em conjunto com as famílias engajadas, deveria dedicar-lhe especial ateRção e apôio.

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Continuando nossa série de reportagens sobre as Regiões das ENS no Brasil, ouvimos com muito prazer o casal Eisa e Renato Botaro, responsável pela

REGIAO CENTRO-NORTE Com a palavra o casal Eisa e Renato :

Somos casados há 15 anos e estamos nas equipes há 13 anos. Somos tidos por dois filhos: o Rubens, de 11 anos, e a Renata, de 8 anos. Entramos para o Movimento em 1974, no início da Equipe 6 de Brasília. Fomos o primeiro casal responsável de nossa Equipe e de lá para cá ainda não nos foi dado tirar a mão do arado. Fomos o casal secretário e tesoureiro da então Coordenação e quando esta se transformou em dois Setores (março 1979) ficamos como Casal Responsável de um deles. Ao deixar a responsabilidade do Setor B, quando os dois setores de Brasília se tranformaram em quatro, isto é, em março de 1983, nós passamos a desempenhar a missão de Casal Regional-Adjunto, já que as Equipes de Brasília faziam parte da Região Centro-Leste , cujo Casal Responsável era de Petrópolis (Lilian e João Quadra) . Em julho de 1984, quando foi criada a Região Centro-Norte, fomos chamados a assumir a missão de Casal Responsável Regional dessa nova e geograficamente imensa região. A Região Centro-Norte, quando foi criada, englobava as equipes de Brasília, Manaus (AM) , Belém (PA), Santarém (PA) e Castanha! (PA) . A partir de 1987 nossa região foi enriquecida com uma equipe em São Miguel do Guamá (PA) . Em Brasília o Movimento teve início em outubro de 1972 e conta hoje com 49 equipes distribuídas em cinco setores ; em Manaus as ENS tiveram início em junho de 1972 e hoje somam 17 equipes num único setor; em Belém a primeira equipe foi lançada em novembro de 1973 e hoje temos 17 equipes distribuídas em dois setores; em Castanha! o Movimento começou em outubro de 1979 e hoje são 3 equipes, inseridas no Setor A de Belém ; em Santarém as ENS foram iniciadas em maio de 1983 e hoje são 6 equipes, três das quais em pilotagem , ligadas ainda ao Setor de Manaus , enquanto não for criada a Coordenação local; em São Miguel do Guamá, como já dissemos , a primeira equipe foi lançada em 1987 e está inserida no Setor A de Belém . Uma particularidade de nossa região, como se pode notar, é a imensa distância entre os seus vários núcleos. De Brasília a Manaus são 1.967 km de aeroporto a aeroporto. De Brasília a Belém são 1.627 km de aeroporto a aeroporto e 2.141 km por estrada de rodagem . De Belém a Manaus são 1.289 km de aeroporto a aeroporto e não se pode pensar em estrada de rodagem, mas em compensação pode-se viajar pelo Rio Amazonas, gastando-se três dias de Manaus a Belém (descendo) ou cinco dias de Belém a Manaus (subindo). Santarém fica mais ou menos a meio ·camlnho entre Manaus e Belém. Para quem vive no Sul do país as distâncias referidas são um tanto quanto incompreensíveis. !: mais ou menos como o pensamento de um padre italiano, amigo do nosso Pe. José Carlos (da ECIR) , que telefonou da Itália para São Paulo, avisando que estaria chegando a Manaus daí a alguns dias e queria saber se poderia ser esperado pelo Pe . José Car-

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los no Aeroporto Eduardo Gomes. De São Paulo a Manaus são 2.832 km de aeroporto a aeroporto. Em nossa região viaja-se de carro, de ônibus, de avião, de navio, de catamarã, etc. Podemos dizer que os equipistas da região vão em frente, vão de vento em pôpa, vão por água abaixo, vão por água acima, são irmãos de estrada, choram na rampa, descem na banguela, alçam vôo, aterrissam, etc. etc. A época dos EACREs na Região Centro-Norte é um Deus-nos-acuda. Os equipistas de Manaus não podem vir ao EACRE de Brasília, já que o único melo de transporte viável é o avião e o preço da passagem, em vôo econ,ômico noturno, é de cerca de Cz$ 30 mil por pessoa, ida e volta. Assim, temos que realizar um EACRE para as Equipes de Manaus e de Santarém e então desloca-se o Casal Regional. As equipes de Belém, Castanha! e São Miguel do Guamá têm participado do EACRE de Brasília e então, a cada ano realiza-se a epopéia de fretar ônibus e deslocar os Casais Responsáveis de Equipe e alguns Conselheiros Espirituais por 2.141 km para vinda e outro tanto para volta. Os equipistas vibram com a viagem e aproveitam triplamente o EACRE. A vinda, dizem eles, é uma interequipes de 33 horas como preparação ao EACRE; o EACRE propriamente dito é uma lnterequipes com os equipistas de Brasilia; a volta é uma outra interequipes de 33 horas como reflexão sobre as mensagens vividas no EACRE. Numa região tão vasta como esta a comunicação telefônica ou epistolar é de suma importância para a animação das equipes. Mas, infelizmente, nós dois não somos muito afeitos a escrever. Contudo, graças às coincidências de Interesses profissionais com os de nossa missão na região, temos podido, pelo menos uma vez por ano, visitar as equipes de Manaus e Belém . A Santarém e Castanha! fomos uma vez até o presente.

Apesar das dificuldades causadas pelas distâncias existentes entre os núcleos das ENS na Região Centro-Norte, temos a felicidade de cons-

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tatar o crescimento quantitativo e sobretudo qualitativo de nossas equipes. Isto graças ao esforço e dedicação dos Casais Responsáveis de Setores atuais e anteriores e também ao enorme interesse de grande parte dos equipistas de base. Neste sentido, inclusive, é para destacar-se a ajuda que temos recebido de muitos Conselheiros Espirituais que se esforçam para absorver a pedagogia e a mística das ENS e para animar suas respectivas equipes. Nestes últimos anos, quando o Movimento todo tem se preocupado com a nossa inserção na Igreja, temos tido a alegria de constatar que os equipistas de nossa região vêm dando uma resposta positiva aos apelos formulados . Assim é que podemos encontrar equipistas atuando em diversas áreas, tais como : Pastoral Familiar, Pastoral da Juventude, Cursos para Noivos, Encontros de Casais com Cristo, Cursilhos de Cristandade, Catequese, Vicentinos, Pastoral Operária, Bandeirantes, Conselhos Paroquiais, etc. Além desses engajamentos citados é de realçar-se a relativa facilidade que temos encontrado para as renovações dos quadros das ENS na região. Nestes quase quatro anos à frente da Região Centro-Norte todos os Responsáveis de Setor foram paulatinamente substituídos, propiciando-se um pouco de descanso para uns e a oportunidade de atuação mais forte para outros. Com Isto a responsabilidade deixa de ser temida, pois sabe-se que quando chegar a hora de estender o bastão, nesta corrida de revezamento, outras mãos hábeis estarão preparadas para recebê-lo e conduzi-lo à meta seguinte. Para finalizar, gostaríamos de salientar que a Providência Divina tem nos ajudado enormemente, oferecendo soluções necessárias ao cumprimento desta nossa missão ao mesmo tempo difícil e gratificante de colaboradores na implantação do Reino de Deus.

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TESTEMUNHOS

A QUEM ESTA POR VIR Vinde criança esperada sublime realidade em formação vida das vidas prolongadas fruto do amor e união.

A paisagem é mais bela linda é a natureza neste céu de primavera nesta manhã de certeza.

Chegue forte, sã e belo ser que desabrocha em botão flor que a natureza oferece fruto da feliz união.

A criança é portadora de uma mensagem de luz sabedoria e inocência como disse Jesus.

Venha criança bonita aurora de sonhos e esperança força que renova a vida fruto da feliz aliança.

Fica tranqüila criança no teu ninho em formação tu és a querida esperança trazendo paz e emoção.

Dia novo a surgir tempo de paz e bonança riqueza do novo lar fé que nos dá esperança. Cânticos novos a entoar a vida que desabrocha paira um perfume no ar do sonho que agora brota. Venha teu berço está pronto todos te querem chegando para ficarem a teu lado levar a vida cantando. Resplandece nova vida bela aurora a anunciar um dia lindo por vir na luz do sol a brilhar.

Todos te esperam alegres flor que brota no galho trazendo o aroma das manhãs da relva úmida de orvalho. Venha que a raiz está forte deixa mais bela a paisagem sacode as folhas do galho trazendo nova mensagem. Estas quadras te oferecemos a você que vai chegar, nos destes a inspiração relembrando o verbo amar. Clarice e Gilberto Assis

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TESTEMUNHOS

À IMAGEM DE DEUS- VOCAÇÃO MATRIMONIAL

Deus é amor, e o fruto do amor é a feliddade! Ele tendo nos criado à "sua imagem e semelhança" a nossa vida espiritual e psíquica tem a sua mar<:a: o desejo de conquistar o impossível, de superar as limitações humanas, de ser feliz! "Que é o homem para pensardes nele? Entretanto vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o <:oroastes" (Salmo 8-5,6). Ou seja, Deus nos criou para sermos santos; o "normal" da vida é pois a santidade. Sendo amor, Deus entretanto não poderia nos criar à sua imagem e semelhança sem termos liberdade, pois a falta de liberdade é desamor. A liberdade tem seus riscos, mas é na liberdade que o amor se manifesta em sua plenitude. Deus · sabendo de nossa fragilidade, "gravou" em nossa consciência seus mandamentos (ou seja, o caminho da felicidade), o con<:eito do bem e do mal; alertou-nos sobre eles pelos seus santos e profetas e, por fim, deu-se a nós como alimento para nossa felicidade. A llOSsa maior pobreza é fruto de desamor, é querer negar nossa essência feita à imagem de Deus! Não compreendemos ou negamos a "loucura da Cruz". Queremos ser felizes, mas não compreendemos ou não queremos compreender que só seremos felizes na medida em que fizermos os outros felizes, pois é assim que fomos criados, essa é a nossa "estrutura". No casamento, ou em outras situações de nossa vida, os motivos dos desentendimentos são vários, mas a causa é sempre a mesma: não nos colocarmos na situação da outra pessoa. Nota-se claramente nos casamentos desajustados que os cônjuges querem, cada um de per si, e à sua maneira, ser feliz. E tentam, digamos, reestruturar sua vida na busca da felicidade através de outro parceiro. E falham na maior parte das vezes nesta busca porque procuram a "sua" felicidade e esta simplesmente não existe porque não está de acordo com a "estrutura" de que fomos feitos. O que fazemos para ajudá-los?

Sempre que oportuno procuramos dar a v1sao de vida que indicamos acima. Deixamos transparecer que vale a pena estarmos casados. Já trabalhamos em "encontros de casais". Convivemos com parentes que estão "recasados". Procuramos aceitá-los como pessoa, sem críticas abertas, mas procuramos demonstrar de uma maneira ou outra a grandeza do casamento cristão. Heloísa e Figueiredo São Paulo

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TESTEMUNHOS

SEMPRE HAVERÁ UM AMANHÁ Ao se encerrar o Retiro Anual das ENS, Setor Valinhos-Vinhedo, agora, no final de Setembro, na Capela da Casa de Siloé, muitos dos participantes se emocionaram até às lágrimas autênticas, inclusive o nosso pregador Pe. João Bosco. E, entre essas pessoas, eu, não suportando a emoção maior saí, fui para o jardim e lá deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto, brotando que estavam ininterruptas e já cheias de uma saudade imensa. Esta foi a maior emoção que tive em todos os retiros feitos, e eu bem sabia porque; temia que fosse o último retiro no meio dos amigos, já que a idade vai avançando e a velhice vem chegando, correndo, com a sua carga de agruras e conseqüências desagradáveis. Fui rememorando os últimos instantes passados na Capela, os amigos, irmãos de longa, distante data, a Maria Lucia, recémoperada assistindo à tudo com dificuldade, a Sirley, também operada e ainda com as marcas visíveis do desgaste em seu rosto, Nina e Pierin, os companheiros de nossa equipe de 20 anos de vivência comum. Estávamos todos envelhecendo. Uma geração estava ali, se reunindo há mais de 20 retiros, ouvindo a palavra de Cristo por diversas mentalidades, desde a sapiência e a cultyra eruditas de um D. Matias e de um Pe. Charboneau, até a simplicidade profunda de um Pe. Lauro Sigrist, de um D. Hugo Baggio, e o Padre Silva, tão novo ainda, mas que imensidão de conhecimento da alma humana. E todos os outos pregadores, com igual valor nos falando de maneiras diversas mas indicando sempre o mesmo caminho. E a velhice chegando, e com ela as mazelas, as dores, as angústias. E assim choramos, deixamos que as lágrimas saíssem diretamente de nosso coração, e, molhassem as flores que por acaso plantamos pelo caminho. Aos poucos porém lembrei-me também da grande quantidade de casais jovens que estavam ali no seu primeiro retiro talvez. Serão os nossos continuadores ouvintes e praticantes da palavra de Deus. Que sejam perseverantes, na humildade, na bondade, no amor, na fraterniadde. Que sejam corajosos, autênticos cristãos da Nova Era. Que sejam missionários na evangelização através da sua atuação na familia, no trabalho, na sociedade. Que sejam suplíces devotos à Maria, Nossa Mãe e Redentora, e, dentro da Igreja moderna, desfraldem a bandeira branca e azul, cores que enfeitam as aparições da Virgem. A tarde já ia adiantada e a noite não tardará a chegar. A noite de todos os tempos, pela qual ninguém deixará de passar. Para quem tem fé porém, a chegada da noite eterna não deve trazer medo ou desespero, porque além dela, depois dela, com um sol brilhante com Deus e Maria, SEMPRE HAVERA UM AMANHÃ. Fabri e Adalgisa Valinhos

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TESTEMUNHOS

MARIA E A FAMlLIA A Virgem Maria é a causa da nossa alegria, pois, por sua mediação é que nos veio a salvação e, por suas mãos, se propagam as bênçãos divinas, de geração em geração. As várias situações do mundo de hoje levam a descobrir que Maria pode ser tomada como exemplo para homens e mulheres do nosso tempo. Podemos dar alguns exemplos: A mulher (de hoje), querendo participar e tomar decisões, olhará Maria como um modelo, pois, com o seu "sim", assumiu a encarnação de Jesus Cristo. Vemos que a escolha de Maria pelo estado virginal foi uma opção corajosa, levada até o fim, para se consagrar totalmente ao amor de Deus. Comprovamos, com alegria, que Maria de Nazaré, não duvidou de proclamar que Deus é vingador dos humildes e oprimidos e que derruba dos seus tronos os poderosos deste mundo (Lc 1,51-53). Reconhecemos em Maria uma mulher forte, que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio. (Mt 2, 13-23). Essas situações não podem escapar a nós, que queremos viver, com espírito evangélico, a nossa realidade de hoje. Maria se apresenta como a mulher, que, pela sua vida, favoreceu a fé dos primeiros cristãos. Sua função maternal aumentou, assumindo no calvário a maternidade de todos nós. Nesses exemplos, a figura da Virgem oferece aos homens do nosso tempo uma esperança profunda e o modelo perfeito do discípulo de Jesus Cristo. Maria promove a justiça, que liberta o oprimido, e a caridade, que socorre o necessitado. Acima de tudo, ela é a testemunha ativa do amor, que constrói Cristo nos corações. Que a Virgem Mãe da Igreja, seja também a mãe da "Igreja Doméstica", e graças ao seu auxílio materno, cada família cristã possa tornar-se verdadeiramente uma "pequena igreja" na qual se manifesta e revive o Mistério da Igreja de Cristo. Seja ela, a Escrava do Senhor, o exemplo de acolhimento humilde e generoso da vontade de Deus; seja ela Mãe das Dores, aos pés da Cruz, a confortar e a enxugar as lágrimas dos que sofrem pelas dificuldades das suas famílias. A família de Jesus, de Maria, e de José, conheceu dias difíceis, cheios de dúvidas, de angústias e de sofrimento. Porém, foram superando tudo porque Deus estava presente e porque Maria, José e Jesus, foram submissos e obedientes a Deus, abertos à sua vontade e aos seus desígnios.

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Maria e José, o casal santo, puro e trabalhador, totalmente voltado para cumprir a vontade de Deus, por causa do Filho de Deus, enfrentaram perigos, medos, viagens, sofrimentos, recusas, incompreensões, exílios, fugas. . . Mas a união do casal era perfeita, porque Deus tinha lugar em seus corações e em seu lar .. O segredo da felicidade que existia na casa de Maria e de José era a contínua presença de Deus. O fundamento dessa felicidade esteve na sua abertura a Deus, sua obediência, seu amor, seu serviço. Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todos os homens, ajudai-nos a levar Jesus a toda família humana. Maria de Nazaré, que nos destes um exemplo de vida familiar, simples, fazei com que nossa vida cotidiana, de- maneira humilde introduza também a presença de Jesus no meio de nossas famílias . Amém. Equipe 3 Araraquara/ SP

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ATITUDES DE VIDA E COER2NCIA INTERIOR Em princípio a coerência seria a unidade entre o pensamento e a ação, um ideal a ser peseguido com muita deteminação nesta hora em que o moderno, o legal é ser incoerente, insensato, até estapafúrdio. E em ocasiões várias nosso cérebro apresenta-se dividido, disperso, destemperado, sem condições de pautar as ações ou atitudes pelos pensamentos. Às vezes é preciso "maneirar" escapulir "pela tangente", politizando as relações para não chocar ou entrar em choque com as pessoas que pensam diferentemente de nós. As múltiplas facetas dos seres humanos criam situações especiais de vida que nos impedem muitas vezes de ser tão coerentes como desejaríamos, de ter a coragem de rejeitar as atitudes dúbias e as incoerências contumazes. Ser coerente é ser capaz de assumir o eu e a vida, os ideais e as opções, mas principalmente a verdade. A coerência interior seria então exatamente isto, a coerência com a nossa verdade existencial, com a verdade que escolhemos para pano de fundo da nossa vida. Ninguém foi mais coerente do que Jesus em todos os seus atos e atitudes haja visto a prontidão com que se assumiu como Jesus, o Nazareno, ao ser procurado pelos soldados que instigados por Judas queriam lhe prender. "A quem procurais?" - "A Jesus, o Nazareno. - Pois bem, sou eu, deixai que os outros (os discípulos) se vão". Pedro foi de uma incoerência total ao negar Jesus três vezes, conforme estava previsto, mas arrependeu-se e além de salvar-se foi escolhido para chefe da Igreja. Porque depois, também por três vezes reafirmou seu amor a Jesus.

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Para os fiéis cristãos, convictos da verdade evangélica e não incrédulos como Tomé que só acreditava no que . via, a coerência interior é constituída de uma série de atitudes de vida inspiradas e sedimentadas no ideal fundamental pelo qual foram optando gradativamente ao longo da existência, de suas ocorrências e percalços. Daí os pontos -concretos de esforço, ou meios para desenvolver atitudes que nos possam conduzir a um modo mais cristão de viver, dos quais se serve o Movimento das Equipes de Nossa Senhora, partilhando-os em equipes de casais. E .nas reuniões, como nos tempos dos primeiros cristãos, tudo, ou quase tudo é posto em comum: as alegrias, as tristezas, os fracassos, os sucessos, as incertezas, objetivando sempre o encontro consigo mesmo, com. Deus e com os outros. E que pontos concretos de esforço, que meios são esses que nos ajudam a tomar atitudes transformadoras de vida? A oração diária, a meditação, a escuta da Palavra (a voz de Deus, através de Jesus Cristo), o dever de sentar-se (os casais para avaliarem-se como casal diante de Deus) e a regra de vida que seria talvez um esforço específico de superação de uma determinada dificuldade nossa, de um defeito, ou de um relacionamento, sempre causadores de perturbação da paz individual e comunitária. E não se diga que não vale a pena exercitar o autocontrole, conter a palavra ferina, por vezes injusta, ou "evitar o palavreado vão e ímpio", "discussões de palavras que não servem para nada a não ser para a perdição dos que a ouvem". (S. Paulo a Timóteo, 2,14). Agora assistindo o sofrimento de minha mãe no declinar de uma longa vida, assusta-me um pouco a perspectiva traumatizante de uma passagem iminente, porém, valem-me como sempre me têm valido os pontos concretos de esforço, a busca da coerência interior, apesar dos tropeços e das quedas. . Não temos o direito de escolher o tipo de morte que preferiríamos ter, porque, aliás o que preferiríamos mesmo era não ter que morrer, mas a vida. . . esta é da nossa total responsabilidade, mesmo quando as mais duras contingências nos ferem. Louvado seja Deus pela ressurreição! Isabel L. Barreto Belém (Publicado no jornal "A Província do Pará")

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NOTICIAS DOS SETORES Mudança nos Quadros - Joaqulna e Antonio César foram escolhidos para a missão de Casal Responsável pelo Setor de Lages/SC a fim de dar continuidade ao trabalho exercido com tanta dedicação por Arlete e Antonio Rotta .

Expansão - Criada mais uma Equipe, a de n.0 09, no Setor de Catanduva/SP tendo como Conselheiro Espiritual Pe. Valdecir do Espírito Santo, da Paróquia N. S. Aparecida. A referida equipe originou-se da Pastoral Familiar daquela paróquia e já vinha, há aguns anos, reunindo-se como ~experiência comunitária" sob orientação de um casal equlpista. -

Lançada há mais de um ano em

São Paulo/Capital e destinada a casais

católicos e não equipistas e desejosos de refletir sobre sua realidade conjugal, familiar, social e principalmente religiosa, a experiência comunitária já começa a apresentar seus primeiros resultados. Coordenada pelo casal Solange e Ricardo da equipe do Setor D a experiência conta atualmente com: Em andamento : 2 grupos de 8 casais em Santana, coordenados pelos casais Edna e Gilberto e Thais e Mário. Em formação para início no 2.0 semestre: 1 grupo de 8 casais em Santana 1 grupo em Alphaville 2 grupos em Jabaquara Tentando mostrar através do convívio entre os casais e troca de experiências que este pode ser um cami-. nho de verdadeiro encontro a dois com Cristo e Sua Igreja, a experiência comunitária poderá trazer muitos frutos às ENS, não só no sentido de ampliação do movimento, mas· e principalmente pelo fortalecimento da famflia. Qualquer informação mais detalhada sobre a Experiência Comunitária

pode ser solicitada diretamente ao casal coordenador (Solange e Ricardo Fone: 241-6298). - Com grande alegria Sílvia e Chico (C.R.R. São Paulo Sul 11) comunicam que no último dia 31 de julho, ao término do retiro anual das equipes de Bragança Paulista e do Setor de ltúSalto/SP, durante a missa de encerramento, foi instalada a Coordenação de 1.0 Grau de Bragança Paulista. Foi empossado como primeiro responsável pela Coordenação o casal Maria Cecilia e Pedro Russl, componentes da Equipe n.0 1 daquela mesma cidade. A nova Coordenação tem como seu Conselheiro Espiritual o queridísslmo Frei Constãnclo Nogara, também residente em Bragança Paulista.

Inserção - Recebemos o exemplar n.0 12 do Informativo Catequético "Sal e Luz" comemorativo dos 50 anos da Paróquia Bom Jesus, Penha, Rio de Janeiro. Dentre as muitas matérias alusivas à data e notícias sobre as várias atividades em andamento na Paróquia, destacamos uma menção à primeira ENS da Comunidade da Penha (Eq. 70 N. S. da Penha) assistida espiritualmente por Pe. Eligio e tendo como Casal Responsável Waldir e Rozane (paroquianos da Igreja de São José Operário, da Ilha do Governador). São seus demais componentes os casais Mariazinha e Nelson; lvone e Luiz PImenta; Leni e Manoel; Lurdes e Manoel ; Therezinha e Nei; Juracy e Francisco ; Bárbara e Wilson; Glória e Gomes. -

A Coordenação das ENS de LI·

melra/SP sente-se feliz em comunicar

que no 2.0 trimestre de 1988 teve a oportunidade de realizar um profícuo trabalho em sua cidade. Com a aprovação de seu Revmo. Bispo Dom Fernando Legal, realizaram em bases seguras e bem planejadas, Encontros Mensais para Casais não equlplstas

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(retiros) com duração de um dia Inteiro, no penúltimo sábado de cada mês. O primeiro realizou-se em 23-7-88, organizado pela Equ ipe 1 e teve lugar na fábrica de Giovannl Antonio Galzerano, dedicado equipista juntamente com sua esposa Nair. Participaram 35 casais e o tema central foi "Família". Outras equipes estão encarregadas dos encontros programados para agosto, setembro, outubro e novembro e em dezembro, por ocasião das celebrações do Natal, deverão reunir-se todos os casais participantes num grande congraçamento muito mais efetivo que um simples encontro dé confraternização de fim de ano. (N. da R.: Recebemos juntamente com a notícia o material relativo aos Encontros e cumprimentamos nossos Irmãos de Limeira pelo excelente e dedicado trabalho.)

Eventos - Nos dias 25 e 26 de junho próximo passado, com grande alegria, os equipistas de Crlcluma/SC realizaram o Retiro Anual das ENS (Foto). Cylésia e Hélcio (CR do Setor) agradecem a presença dos 37 casais participantes , das 7 equipistas viúvas e a dedicação dos 5 casais componentes da equipe de serviço. O pregador, que muito motivou a todos, foi Frei Hlpólito Martendal a quem os equlplstas agradecem o carinho que lhes dispensou.

- A Equipe n.0 5 de Reclfe/PE assumiu desde 24-07 último as leituras das missas dominicais das 19 hs na Capela do Divino Espírito Santo e N. S. do Loreto, em Boa Viagem e convida a todos os equiplstas da cidade a colaborar. Gostariam também de contar com a presença de equipistas de outras cidades quando de passagem por Recife. - Composta por representantes de cada paróquia da Diocese de Baurú/SP (Movimentos , Associações e Pastorais), vem atuando a Equipe Diocesana de Cristãos , com 31 membros efetivos, alguns suplentes, convidados e um assessor espiritual que atualmente é Frei Ladi. O objetivo dessa equipe é animar e articular os Cristãos leigos da Diocese por sua atuação como agentes de transformação, participação e construção do Reino de Deus. Os casais Regina e Silvio (Eq . 2), Marilena e Vivaldo (Eq. 8) representam o nosso Movimento nessa grande "equipe de leigos" e já participaram de várias reuniões, uma das quais com a presença de D. Cândido Padim, Revmo. Bispo Diocesano e do Clero. A equipe de leigos escolheu como primeira prioridade de sua atuação os campos da habitação e da educação.

- Realizadas em Valença/RJ as reuniões interequipes, onde diversos grupos trocaram idéias sobre o tema proposto por Pe . Paulo Dalver (do Se-· tor de Petrópolis/RJ) alusivo aos 40 anos dos Estatutos das ENS . Zila e Antonio (CR Setor) lamentam, apenas, a ausência de vários casais que assim não puderam beneficiar-se desse evento tão enriquecedor proporcionado pelo Movimento. - Os equipistas de Santos/SP, de modo particular aqueles que estiveram impedidos de comparecer à Peregrinação à Aparecida do Norte, fizeram uma romaria ao Monte Serrat em 30 de julho último, com subida a pé e recitação da Via Sacra. . - Em 15 de agosto último, as ENS integradas a toda Comunidade Católica de Araraquara/SP, realizaram uma

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peregrinação à Igreja de N. S. do Carmo em comemoração ao término do Ano Santo Mariano. Ali ocorreu uma celebração eucarística, concelebrada por todos os párocos da cidade. Conforme nos dizem Therezlnha e Jorge (C. R. do Setor), no Novo Testamento, o antigo sentido bíblico da peregrinação (viagem a um local sagrado) transforma-se e enriquece-se, pois agora ·a ressurreição de Jesus faz convergir o culto dos fiéis para a Sua própria pessoa glorificada. Ele é o nosso Templo e não um determinado lugar da Terra. Por isso é que o próprio viver do Povo de Deus é a verdadeira peregrinção (caminhar) para Deus, pois somos aqui peregrinos caminhando para o encontro definitivo com o Pai" .

Baurú/SP onde coordena os cursos de preparação para o casamento, na Catedral. Jornalista de carreira é atualmente delegado regional da Associação Paulista de Imprensa e coordena o • Bedebê" - Boletim Diocesano de Baurú, órgão do Bispado local. - Maria Helena Monteiro de Barros (Eq. 01/B de São Paulo, Capital) foi empossada no cargo de Secretária do Bem-Estar da Prefeitura do Município de São Paulo. - Celebrado em 31 de julho último o 28.0 ano de Sagração Episcopal de D. David Picão, Revmo. Bispo Diocesano de Santos/SP e ardoroso incentivador das ENS naquela cidade.

Comunicação /Evangelização Jovens - Bia e Toninha (Eq. 3) responsáveis pelas · equipes jovens" de Belo Horizonte/MG informam através das páginas da ·A Mensagem" (n.0 07-julho/88) que já estão trabalhando na elaboração dos estatutos , convocação da equipe de serviço, montagem das reuniões e organização geral para ini-' ciar atividades já neste 2. 0 semestre de 1988. Destacam que " é importante considerarmos que a nossa missão evangelizadora começa em nossas casas, através de nossos filhos , e que o potencial que cada um deles possui , deve ser orientado e canalizado de forma a se transformar em um exemplo claro de fé cristã · . - Promovido pelo Setor e com o auxílio de Denise e Pedro Paulo (Eq. 3) e de vários outros casais equipistas realizou-se o 11 Encontro de jovens das ENS de Valença/RJ. Orientado por Frei Miguel Gomez Martins (do Rio de Janeiro) o encontro procurou mostrar aos 70 participantes a sua grande responsabilidade no mundo de hoje.

Efemérides - Concedido o título de " Cidadão Bauruense" ao nosso Irmão Nadyr do Nascimento Serra , ativo equlplsta de

- As ENS de Belo Horizonte/MG contam desde 02-06-88 com um programa radiofônico. Trata-se do ·Família, Construtora da Paz" e que vai ao ar pela Rádio América-AM daquela cidade todas as 5.••-feiras no horário das 17:30 às 17:50 horas, que tem alcançado bom nível de audiência. Os temas são preparados abordando em sua primeira parte a família de modo geral e na segunda parte as Equipes de Nossa Senhora especificamente. Recebemos de Beth e Scalzo uma cópia do texto do 1.0 programa e um pedido de oração de todos equlplstas para este seu trabalho, lembrando que "Comunicações Sociais" será o tema da próxima Campanha da Fraternidade.

Volta ao Pai - Os equipistas do Setor de Vallnhos-VInhedo/SP comunicam o retorno à Casa do Pai de Miguel do Prado ocorrido em 27 de maio último. Casado com Marlene Ortega do Prado, e pai de quatro filhos, pertencia à Equipe 4 de Valinhos desde a sua fundação em 01-08-75. Em sua edição de 04-06-88 o jornal Folha de Valinhos publica matéria de autoria de Maria Lucia e Pedro (C. R. do Setor) contendo uma breve biografia de Miguel e enaltecendo os principais aspectos de sua vida como cristão, equipista e professor.

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- Em seu número de junho/88, o BENS - Boletim das Equipes de Nossa Senhora do Setor de Marília/SP publica um tocante artigo de autoria de Flávio Villaça Guimarães (Eq. 3) alusivo ao falecimento, num acidente, do Pe. Guy Fortier, Ex-Conselheiro Espiritual de sua equipe, ocorrido em 10-03-88. Pertencente à Congregação dos Religiosos de São Vicente de Paulo, era natural do Canadá e após prestar serviços sacerdotais em várias localidades veio para Marília onde, desde meados de 1982, passou a assistir a Equipe 3. Transferido depois, por ordens superiores, para o Nordeste do Brasil , foi substituído em sua missão de CE da Equipe 3 por Pe. Tito Mariga. Seus ex-equipistas consideram que a estada do Pe. Guy entre eles foi tecida de dignificantes exemplos e, orando a Deus, recomendam-no ao co-

ração misericordioso de Maria para que repouse em paz, na glória eterna.

"In Memoriam" - Por ocasião do transcurso, em 17 de agosto último, do 6.0 aniversário da volta ao Pai do Dr. Pedro Moncau (juntamente com sua esposa D. Nancy, introdutor das ENS no Brasil) foram celebradas missas em inúmeras cidades brasileiras, reunindo um grande número de casais equipistas . Em São Paulo, Capital, a celebração eucarística teve lugar na Capela da Associação das Filhas de São Francisco de Sales e contou com a presença de D. Nancy que continua sendo, como nunca deixou de ser, uma das grandes motivaderas do nosso Movimento, através sua participação na ECIR, suas palestras em EACRES, sessões de formação de quadros e várias outras atividades.

CALENDÁRIO Outubro 07-09 07-10 15-16 21-23 21-23 21-23 21-23 21-23 28 a 2/11

Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro Retiro de Finados

Porto Alegre - Setor C Mendes/RJ (F. Charité) Rio I - Setor A Porto Alegre - Setor D Santos Belo Horizonte São Paulo (Cenáculo) Brasília Mendes/RJ (F. de Charité)

04-06 04-06 11-15 12-13 18-20 18-20 26-27

Encontro Nacional ECIR/RR/RS/RC/CE Retiro Retiro Retiro Mariano Retiro Retiro Retiro Retiro

Itaicí São Paulo (Barueri) Porto Alegre Mendes/RJ (F. de Charité) Rio I - Setor B São José dos Campos Porto Alegre Rio I - Setor D

Dezembro 26/12 - 01/01

Retiro fundamental

Mendes/RJ (F. de Charité)

Novembro 04-06

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MEDITANDO EM EQUIPE TEXTO DE MEDITAÇÃO.- (Lc. 9,37-43) No dia seguinte (à Transfiguração), ao descerem do monte, veio ao seu encontro uma grande multidão. E eis que um homem da multidão gritou: "Mestre, rogo-te que venhas ver o meu filho, porque é meu filho único. Eis que um espírito o toma e subitamente grita, sacode-o com violência e o faz espumar; é com grande dificuldade que o abandona, deixando-o dilacerado. Pedi a teus discípulos que o expulsassem, mas eles não puderam." Jesus responcieu: "O geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco e vos suportarei? Traz aqui o teu filho." Estava ainda se aproximando, quando o demônio o jogou por terra e agitou-o com violência. Jesus, porém, conjurou severamente o espírito impuro, curou a criança e a devolveu ao pai. E todos se maravilhavam com a grandeza de Deus. ORAÇÃO LITúRGICA (Hino outubro)

Oração do Tempo Presente-12 de

Viva a Mãe de Deus e nossa Sem pecado concebida! V i va a Virgem I maculada A Senhora Aparecida! Aqui estão vossos devotos Cheios de fé incendida, De conforto e de esperança. O Senhora Aparecida! Virgem Santa, Virgem bela, Mãe amável, Mãe querida, Amparai-nos, socorrei-nos, O Senhora Aparecida! Protegei a Mãe terna Protegei a O Senhora

Santa Igreja e compadecida nossa Pátria Aparecida!

V elai por nossas famílias, Pela infância desvalida, Pelo povo brasileiro, O Senhora Aparecida!


Um momento com a equipe da Carta Mensal .. . . . . . ..... . . . . . .. . Editorial: Uma voz que clama no deserto? .... .. . .

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Carta da Equipe Responsável Internacional ...

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A Palavra do Papa .... . .. . . .. ............. . .. . ...... .. . . ... . . . A ECIR conversa com vocês . . .. . . .. . ..... Dimensão de um anúncio ...... .

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Sobre a estrutura familiar . .. ........ . ....

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Meditando em Equipe ....

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01050 Rua João Adol fo . 118 9' cj. 901 Te!. 34 8833 o

EQU IPES DE NOSSA SENHORA o

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Calendário

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Notícias dos Setores . ..... .. . . ...... . ... . . ,

Atitudes de vida e coerência interior ...... . ..

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Maria e a Família ............ . ...............

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Vocação Matrimonial ...

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Sempre haverá um amanhã .. . ...... . . . . .. . . .. ..

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A Quem Está por Vir . ... . ........ . ..... . .......

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A Família e a Formação Cristã dos Leigos .. .

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Entrevista .. . ....... . ..... . . . . .. ........ . .. À imagem de Deus -

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O Doce Milagre de Aparecida ......... . .... ... .

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