ENS - Carta Mensal 1987-1 - Março

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"VOS SOIS O COR.PO D·E CRISTO/I O LEIGO (EQUIPISTA) PRESENÇA DA IGREJA NO MUNDO

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ESCUTAR A PALAVRA O:E DEUS


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

Nossa Carta Menaal reihicia suas publicações neste novo ano abordando o tema da Campanha da Fraternidade: "Quem acolhe o menor a mim acolhe." A respeito do tema central da Carta vocês poderão encontrar alguns artigos mais específicos que enfocam o assunto através de seus vários ângulos, como se pode verificar no texto de Dom Luciano à pág. 1O, por um testemunho de um casal das ENS, e na palavra do Pe. José Carlos Di Mambro (pág. 15). Quem é o menor que devemos acolher para estarmos acolhendo o próprio Cristo? Será que já nos perguntamos ou já refletimos sobre essa questão? Todo menor, supõe-se ter uma criança dentro de si e é esta criança que deve ser acolhida, pois o próprio Cristo nos ensina: Deixai vir a mim as criancinhas pois delas é o Reino dos Céus. Será que nós, em nosso egoismo e omissão, já não matamos a criança que deveria existir em todo menor? Quando nos referimos ao menor, vem-nos à mente imediatamente o menor abandonado, ou seja aquele que parece não ser nossa responsabilidade, aqueles que se encontram nas ruas e praças das cidades e a respeito dos quais pouco ou quase nada sabemos. Alguma vez será que já não matamos nós mesmos esta criança a ser acolhida, em nossos próprios filhos, ou mesmo nos menores com quem convivemos mais freqüentemente, com nossos atos de egoismo, desamor e prepotência?

-0A Carta Mensal inicia com este número uma nova seção: Pontos Concretos de Esforço. Começando com a Regra de Vida, a seção irá publicar, ao longo do ano, algumas orientações práticas a respeito de cada um dos 'pontos concretos'. De uma certa forma, vem dar seqüência à série de artigos sobre a Reunião de Equipe e continua contando, para tanto, com a profícua colaboração do casal Maria Helena e Nicolau Zarif. (pág. 21). Seguindo a orientação do Pe . Olivier, Conselheiro Espiritual da ERI (V. Editorial), a Carta Mensal pretende também "fazer sua parte" para colaborar com o Sínodo dos Bispos. Mas esta colaboração sempre terá o sentido de motivar nossos leitores, os queridos irmãos equipistas, a fazerem também "sua parte". O primeiro artigo desta série está à página 25. Aguardamos seus comentários. Caros Amigos, neste ano de 1987, a Carta Mensal continua contando com a participação de vocês, para melhorar cada vez m2 i~. Mandem-nos suas sugestões, suas críticas, seu calor. Contamos com vocês. A EQUIPE DA CARTA MENSAL.

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EDITORIAL

UM BASTA Á DEBANDADA Se vocês abrirem ao acaso qualquer jornal ou revista que fale de casamento, é grande a probabilidade de encontrarem uma expressão como esta (que leio, no meu jornal, esta manhã): "A família está se desmoronando, o casamento está doente!" Durante a dúzia de anos que passei em Roma, toda vez que saía de férias e que retomava o contato com os amigos e os conhecidos, me impressionava a quantidade de lares que se tinham desmanchado ... Não somente casais jovens que, após dois ou três anos , percebem que cometeram um engano e que procuram às pressas um outro caminho. Mas lares que têm quinze ou vinte anos de vida comum e onde, de repente, o casal se cinde. Digo "de repente", pois é a impressão que dá a quem olha de fora. Mas quando se conhece bem o casal, sabe-se que as rachaduras começaram muito antes. Às vezes, agüentam por causa dos filhos. Mas quando as crianças crescem e passam a ser capazes de 'se virar', não há mais razão para ficarem juntos. E quando digo isto, penso em casais cristãos, praticantes e de fé . . . pelo menos até então. Existe, em nossos dias, uma espécie de derrocada, de debandada, que ameaça os lares. Há um fenômeno de encadeamento e de aceleração, ao qual é urgente dar um basta!

* * * A Igreja carece, hoje, de uma reafirmação forte , solene e convincente dos valores do matrimônio. Do lado do Magistério, dos responsáveis pela formação dos jovens, da preparação dos noivos, e também dos responsáveis pelos seminaristas e futuros sacerdotes, é ess-encial e urgente enfatizar a grandeza do matrimônio, a importância do sacramento, o verdadeiro sentido do casal. Seria necessário encetar uma verdadeira campanha de mobilização da opinião pública, não por meio de slogans fáceis e obsoletos, mas por uma informação positiva e atraente sobre o verdadeiro sentido do casamento cristão. Afinal de contas, ele tem argumentos de sobra para se defender!

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Espera-se que o proxtmo Sínodo dos bispos, sobre a vocação dos leigos, volte sua atenção também para o matrimônio. Devemos fazer nossa parte para que isto aconteça. Mas é também do lado dos casais cristãos que há uma necessidade de presença de primeira grandeza. Neste esforço para uma tomada de consciência pública, capaz de sublevar todo o povo de Deus, os casais das Equipes de Nossa Senhora devem ocupar a linha de frente. Não para fazer discursos ou manifestações em praça pública, mas para vivenciar o matrimônio e mostrar como eles o vivem. Há uma expressão pitoresca em inglês: "um fato é mais importante que um lorde". Assim, para convencer, para decidir, para provocar um novo movimento, nada melhor que o exemplo vivido, o testemunho vivo. E mais importante do que a proclamação de uma doutrina ou do que o alerta para princípios esquecidos. Trata-se de proclamar a grandeza e a beleza do matrimônio pela sua vivência. Só os cônjuges podem fazer isto.

* * * Quando se elenca tudo o que é necessário para o sucesso de uma união conjugal, as belas teorias parecem insuficientes. As pessoas querem ver, na prática! Uma excelente publicação, de 1983, sobre o divórcio, faz uma relação de todos os desafios que é preciso enfrentar, nesta época em que a noção de casamento-contrato cedeu o lugar ao "projeto conjugal de entreajuda interpessoal". E uma lista que leva ao desânimo por antecipação . E uma verdadeira corrida com obstáculos. Assim é que, às conhecidas dificuldades do percurso tradicional, vêm se somar algumas outras, novas: - o casamento precisa durar mais tempo, em decorrência do prolongamento da vida; - ele precisa ajustar-se ao domínio da fecundidade; - se este domínio permite evitar nascimentos não-desejados, em contra-partida, ao reduzir o tempo de educação dos filhos, obriga o casal a uma vida a dois ampliada; - é o casal - e seu projeto interpessoal - , que deve prover sozinho toda a afetividade, a uma sociedade que não mais oferece um verdadeiro espírito de comunidade. A conclusão deste estudo me parece admirável. O melhor é passá-lo a vocês, na íntegra: "Para subsistir quarenta ou cinqüenta &nos nestas condições, com o que se pode contar? ... Essencialmente, com o amor: um amor perspicaz, preocupado com o outro, perseverante, incansável, capaz de vencer

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as piores desventuras, capaz de curar o oUtro das feridas da vida; um amor criativo, suscetível de adaptar-se às mudanças mais inesperadas tanto de si mesmo como do outro, dos outros (incluindo os filhos que crescem); um amor que resiste às solicitações t~Rtadoras de uma sociedade que se diz permissiva e que é capaz, nas horas mais sombrias, de fazer crer que a felicidade se compra e que a liberdade consiste em abandonar-se o passado, inclusive o amor". Bonito, não é? Exato também, não é? Parece até o eco conjugal do hino à caridade da Epístola aos Coríntios. B este rosto do matrimônio, do amor, que precisamos ter a coragem de manifestar. Com a graça de Deus, que é tão necessária mas que nunca há de faltar.

Pe. Bernard OLIVIER, O.P.

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A PALAVRA DO PAPA

o dia 5 de outubro de 1986, durante a viagem apostólica que fez à França, o Papa João Paulo li presidiu a celebração da Santa Missa na cidade de Paray-le-Monial (terra de Santa Margarida Maria, que ali recebeu as manifestações do Sagrado Coração de Jesus). Reproduzimos abaixo parte da homilia que o Santo Padre fez na ocasião, a respeito da família .

Não se terá muito freqüentemente reduzido o amor às vertigens do desejo individual ou à precariedade dos sentimentos? De fato, não nos teríamos afastado da verdadeira felicidade que se encontra no dom de si mesmo sem reservas e naquilo a que o Concílio chama "o nobre ministério da vida" (cf. Gaudium et Spes, n. 51)? Não se deverá dizer claramente que, pensar em si mesmo por egoísmo em vez de procurar o bem dos outros, isso se chama pecado? E é ofender o Criador, fonte de todo o amor, e a Cristo Salvador, que ofereceu o seu coração ferido para que os seus irmãos encontrassem a sua vocação de seres que se comprometem livremente no amor .

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Sim, a questão essencial é sempre a mesma. A realidade é sempre a mesma. O perigo é sempre o mesmo: que o homem esteja separado do amor! O homem desenraizado do terreno mais profundo da sua existência espiritual. O homem condenado a ter de novo um "coração de pedra''. Privado do "coração de carne" que seja capaz de reagir com exatidão ao bem e ao mal. Do coração sensível à verdade do homem e à verdade de Deus. Do coração capaz de acolher o sopro do Espírito Santo. Do coração que se tornou forte pela força de Deus. Os problemas essenciais do homem - ontem, hoje e amanhã situam-se neste nível. Aquele que diz "dar-vos-ei um coração", quer pôr nesta palavra tudo aquilo pelo qual o homem "vem a ser mais". O testemunho de muitas famílias bem mostra que as virtudes da fidelidade as tornam felizes, que a generosidade dos cônjuges, de um para com outro e juntos diante dos seus filhos é uma verdadeira fonte de felicidade. O esforço de domínio de si, o superamento das limitações de cada um, a perseverança nos diversos momentos da existência, tudo isto conduz a um florescimento de que podemos dar graças. Então torna-se possível superar a prova que sobrevém, saber perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, iluminar a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído, mediante a beleza do amor. Desejaria também pedir aos Pastores e aos animadores que ajudam na orientação das famílias, que lhes apresentassem claramente o apoio positivo que constitui para elas o ensinamento moral da Igreja. Na situação confusa e contraditória de hoje, é necessário retomar a análise e as regras de vida que foram expostas de modo particular na Exortação Apostólica Familiaris Consortio, após o Sínodo dos Bispos, exprimindo o conjunto da doutrina do Concílio e do Magistério pontifício. O Concílio Vaticano 11 lembrava que "a lei divina manifesta a plena significação do amor conjugal, ela protege-o c o conduz a sua perfeição verdadeiramente humana" (Constituição sobre a Igreja no Mundo contemporâneo, Gaudium et Spes, n 50). Sim, graças ao sacramento do matrimônio, na Aliança com a Sabedoria Divina, na Aliança com o amor infinito do Coração de Cristo, vós famílias, tendes o dever de desenvolver em cada um dos vossos membros a riqueza da pessoa humana, a sua vocação ao amor de Deus e dos homens. Sabei acolher a presença do coração de Cristo - confiando-lhe o vosso lar. Que Ele inspire a vossa generosidade, a vossa fidelidade ao sacramento no qual a vossa aliança foi selada diante de Deus. E que a caridade de Cristo vos ajude a acolher e auxiliar os vossos irmãos e irmãs feridos p'elas rupturas, deixados sós; o vosso testemunho fraterno far-lhes-á descobrir melhor que o Senhor não deixa nunca de amar aqueles que sofrem.

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Animados pela fé que vos foi transmitida sabei despertar os vossos filhos para a mensagem do Evangelho e para o seu papel de artífices de justiça e de paz. Fazei que eles entrem ativamente na vida da Igreja. Não passeis a responsabilidade aos outros, cooperai com os Pastores e com os outros educadores na formação à fé, nas obras de solidariedade fraterna, na animação da comunidade. Na vossa vida de casa, dai francamente lugar ao Senhor, rezai juntos. Sede fiéis à escuta da Palavra de Deus, aos sacramentos e antes de tudo à comunhão do Corpo de Cristo entregue por nós. Participai regularmente na Missa dominical, é a reunião necessária dos cristãos na Igreja: ali, dareis graças pelo vosso amor conjugal ligado "à caridade de Cristo que se doa sobre a Cruz" (cf. Famíliaris consortio, 13); vós ofereceis também os vossos sofrimentos com o seu Sacrifício Salvador; cada um, consciente de ser pecador, intercede também por aqueles seus irmãos que, de muitos modos, se afastam da sua vocação e renunciam a realizar a vontade do amor do Pai; vós recebeis de sua misericórdia a purificação e a força de perdoar; vós consolidais a vossa esperança, vós marcais a vossa comunhão fraterna, fundando-a na comunhão eucarística. Com Paulo de Tarso, com Margarida Maria, nós proclamamos a mesma certeza: nem a morte nem a vida, nem o presente nem o futuro, nem os poderosos, nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Jesus Cristo. Tenho a certeza disso ... nada jamais poderá . .. ! Hoje, encontramo-nos neste lugar de Paray-le-Monial para renovar em nós mesmos esta certeza: " Dar-vos-ei um coração ... " Diante do Coração aberto de Cristo, procuramos depositar nele o amor verdadeiro de que têm necessidade as nossas famílias. A célula familiar é fundamental para edificar a civilização do amor. Por toda a parte, na sociedade, nas nossas aldeias, nos nossos bairros, nas nossas fábricas e nos nossos escritórios, nas nossas reuniões entre povos e raças , o " coração de pedra", o coração endurecido, deve transformar-se em "coração de carne", aberto aos irmãos, aberto a Deus. Trata-se da paz. Trata-se da sobrevivência da humanidade. Isto utrapassa as nossas forças. :e um dom de Deus . Um dom do seu amor. Temos a certeza do seu Amor!

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A ECIR CONVERSA COM VOCÊS

Caros amigos Um novo ano e, com a mudança de calendário, um ano equipista também tem início. E, neste ano, alguns acontecimentos, pela sua importância, estarão a exigir de nós atenção, conhecimento, reflexão, oração e ação: Elaboração da nova constituição

De certa forma já estamos envolvidos com a mesma, quer pela reflexão que todos fizemos, seus resultados, os frutos que ainda esoeramos, quer pela participação nas eleições, inclusive com equipista eleito para a constituinte. Mas, pela sua importância, é preciso encontrar formas de participação e acompanhamento constante. Isto está sendo pensado e o assunto será abordado com maior profundidade proximamente. Sínodo dos bispos sobre os leigos em Roma

a realizar-se em novembro

O movimento das E.N.S. em âmbito internacional já enviou, no ano passado, sua colaboração, apresentando importantes (a nosso ver) sugestões. Aqui no Brasil também já demos a nossa humilde colaboração através do Conselho Nacional dos Leigos . Mas, é necessário que nos preparemos para esse Sínodo, refletindo sobre a missão do leigo, para melhor podermos vivenciar depois as decisões e onentaçoes decorrentes. Praticamente já iniciamos essa preparação, encetando uma caminhada, que se iniciou com a orientação "Vós sois o Corpo de Cristo". Por dois anos estivemos envolvidos de uma forma ou de outra, numa reflexão (principalmente através dos temas) sobre a Igreja, buscando melhor conhecê-la para melhor efetivarmos a nossa pertença a ela, para mais sentirmo-nos responsáveis por sua missão e para assumirmos essa missão mais concretamente . Neste ano, procurando dar um passo a mais nessa caminhada, teremos como tema central "O leigo (equipista) presença da Igreja no mundo". Como ponto de apoio para as nossas reflexões, está sendo proposto um tema baseado nos capítulos específicos que tratam do leigo, dos do-

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cumentos "Lumen Gentiutn", '"Apostolicatn Actuositatetn", "Ad Gentes" e "Gaudium et Spes" do Vaticano 11, do documento de Puebla e principalmente em 'Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no Mundo: Vinte anos depois do Concílio Vaticano 11 - Lineamenta" - documento esse preparatório para o Sínodo. Espera-se que tudo isso nos leve a todos a uma maior conversão no sentido de tornar mais concreta a nossa presença, como membros da Igreja no mundo, para colaborar com a sua transformação. Oramos ao Pai para que ninguém fique fora dessa caminhada, neste ano do Sínodo dos Leigos .

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Campanha da Fraternidade

A Quaresma, culminando com a Páscoa é o tempo privilegiado do ano litúrgico . Páscoa é libertação. Libertação de toda forma de escravidão, mas, principalmente libertação do pecado, raíz e causa da escravidão e de todos os males. Libertação do pecado é conversão, mudança de vida. Quaresma é, pois, tempo de penitência, oração, reflexão e gestos concretos de ação para que haja uma verdadeira conversão . Converter-se é, em última análise, deixar para trás a vida pautada pelo egoísmo para assumir a vida pautada pelo amor, conforme o projeto de Deus. A Campanha da Fraternidade tem por objetivo colocar em prática esse espírito quaresma! de conversão, através de motivações para a vivência da comunhão com Deus e com o outro . Neste ano, ela nos convida a vivermos a fraternidade com o menor, procurando chamar nossa atenção para a sua triste realidade, a fim de que passemos a nos preocupar realmente com ele. A sociedade, de um modo geral, hoje vê com preocupação a situação do menor. Mas , infelizmente, muitas vezes, essa preocupação é, antes, com a garantia de segurança dos que usufruem da propriedade e do bem estar, pois o menor marginalizado passou a ser uma ameaça à tranqüilidade de "todos". Até certo ponto é compreensível essa preocupação. Mas, como a Igreja está gritando através dessa Campanha da Fraternidade, é preciso termos consciência de que: A solução para o problema jamais será encontrada através da simples ação repressiva. Isto é fundamental: A nossa preocupação deve ser antes com o menor (filho de Deus) enquanto pessoa, enquanto sujeito de direitos que lhe são negados. Podemos iniciar nossa reflexão e aprofundamento sobre o assunto a partir das colocações :

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- O menor marginalizado nasceu assim? Ele seria marginal se houvesse crescido num lar como os nossos filhos? - A criança, que está na rua, qual será o seu futuro? - O que nós podemos e portanto devemos fazer de concreto? Não podemos deixar de ter em mãos o tema base da C.F., que apresenta valiosos subsídios para o aprofundamento do assunto, refletir em equipe e assumir juntos atitudes concretas. Muito carinhosamente Cidinha e lgar

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CAMPANHA DA FRATERNIDADE

UM MUTIRÃO NAS RUAS A pessoa se reencontra quando descobre os valores que a realizam. A sociedade se reencontra quando é capaz de perceber quais são os valores que deve procurar realizar em sua caminhada histórica. O Brasil como Nação e País há de se encontrar no momento em que reorganizar de modo adequado os seus valores. Há três caminhos para a reconstrução de uma povo à busca de liberdade, a superação das desigualdades e o reconhecimento e a promoção da dignidade. A busca da liberdade, por mais positiva que seja a sua trajetória, pode carecer de critérios para saber onde terminam os direitos de um e onde começam os do próximo. A superação das desigualdades, embora também seja, à luz da justiça, uma meta a ser conseguida, pode dar-se por meios violentos e destruir valores maiores. A promoção da dignidade da pessoa humana, entretanto, se autorregula porque em seus próprios elementos intrínsecos se encontram seus freios e seus dinamismo. E é por isso que o Brasil se reencontrará quando organizar os valores que procura e promove, dando prioridade à dignidade da pessoa humana. Ora, esta dignidade respeitada será procurada concretamente, na medida em que as pessoas deste país forem respeitadas e promovidas, a começar por aquelas que, no momento atual, são mais abandonadas, desrespeitadas e marginalizadas. O Brasil se reencontrará, se conciliará consigo mesmo no momento em que der prioridade à criança, como símbolo e ponto de partida para a prossecução da dignidade de toda pessoa humana. As estatísticas nos dizem, corroborando a nossa própria percepção, que de 15 a 30 milhões de crianças no Brasil (considerando as várias estimativas) se encontram marginalizadas, na situação de carentes, abandonadas ou infratoras. Nossas crianças, muitas vezes, não conhecem o carinho de mãe, nem tem casa decente para dormir um sono tranquilo. Mudam de pai (ou padrasto) a cada desentendimento e perdem o senso de lar. Mudam de casa/barraco, de bairro, de estado, migrantes em sua própria terra - sem terra para firmar as raízes de sua própria história. Suas famílias vieram do Nordeste ou de Minas, moram em São Paulo e talvez sigam para o Paraná. Os filhos, sem referência, sem identidade, não sabem quem são.

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Temos de reconhecer que a dignidade da criança não está sendo respeitada nesta Nação, não apenas por seus pais (eles também são vítimas), mas por todos nós, membros desta sociedade, que usufruimos de bens em proporção maior que milhares de brasileiros, aos quais é reservada ínfima parcela. Se não podermos conseguir - e isto é prioritário - que a família de origem seja diferente, sejamos a família para nossas crianças sem lar, fazendo de nossa amizade o vínculo que lhes devolva a segurança. Ninguém é pessoa se não se sente amada, acolhida de forma estável e irreversível por alguém. De início, lembramos as medidas preventivas fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvimento infantís. Olhemos, porém, especialmente para aquela criança cuja educação hoje representa um desafio criado pela ordem política, social e econômica. Como educar estas crianças mal vestidas, sujas, subnutridas, terrívelmente selvagens e espertas, que começam sempre por nos rejeitar porque, desacreditadas da vida, duvidam da possibilidade de amor? Fica claro ser inviável, neste estado de coisas, qualquel proposta educacional, qualquer perspectiva de reabilitação, em modêlos repressivos. Não são a violência e a imposição que educam, mas a persuasão dialógica do educador que sabe ser firme, severo, exigente, mas não violento. Uma educação em que a energia e a repressão, também necessárias, não sejam a descarga da insegurança do adulto envolvido em seus problemas pessoais, paradoxalmente muito próximos aos problemas das crianças, vítimas, elas, hoje, das mesmas práticas violentas e repressivas aplicadas aos presos políticos e inspiradas em doutrinas de Segurança Nacional. Precisamos urgentemente redimir a dignidade da nossa infância, adolescencia e juventude, empobrecidas e marginalizadas. Precisamos de uma política que seja educadora, que some com os pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, sociólogos, pediatras, juízes e promotores. Precisamos de um mutirão de profissionais indo às ruas de mãos dadas e sentando-se às mesas para repensar em profundidade a educação a partir da vida. Salvemos a liberdade, a igualdade e a dignidade nossa e dos jovens e adultos do ano 2000, acolhendo, amando e respeitando a infância hoje. Isto exigirá uma radical mudança axiológica e uma transformação estrutural em nosso País. DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

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Therezlnha e Th iago , da Equipe 12·8 do Alo de Janeiro , têm dois f ilhos. Eles nos mandaram o testemunho que segue . E mandaram dizer : • Quem quiser ma is informações pode nos escrever. . "

MA E

G R A N O E

"Somos responsáveis por todas as crianças da época em que vivemos"

Neste ano em que a CAMPANHA DA FRATERNIDADE se volta para o MENOR - " Quem acolhe um menor é a mim que acolhe" - queremos trazer para vocês um testemunho de vida de alguém muito especial, uma santa dos nossos tempos, que não vai gostar de saber que se falou publicamente dela, mas cujo exemplo merece ser conhecido e será valioso para meditarmos sobre a problemática da criança abandonada, abrindo-nos novos horizontes e incentivando-nos a participar da luta em seu benefício. Queremos lhes apresentar PAULA PEDROSO DO AMARAL, conhecida em todo o Paraná e em muitos lugares do nosso país como a querida "TIA PAULA ", cujo ideal de vida sempre fo i servir, irradiar bondade, levar ajuda e consolo a· quem tivesse necessidade ou estivesse a.seu alcance . Nascida em 1914 e com um casamento feliz, com o médico e professor Victor Amaral Filho , o " Vitoca ", a partir de 1940, com dedicação e coragem , tendo pela frente os muros da incompreensão e dos preconceitos , iniciou uma cruzada em favor da mãe solteira e do menor , que não cessará enquanto viva for e deverá prosseguir por aqueles por ela convocados e surgidos naturalmente para receber o bastão, como nas corridas de revezamento. TIA PAULA deu início a seu trabalho na Associação Feminina de Proteção à Maternidade e à Infância , da qual foi muitas vezes diretora . Aumentou, à época , a capacidade do pavilhão de iQternamento de crianças doentes ; consegu iu, em 1949, terreno para a construção de uma · creche modelo " para os filhos de domésticas , inaugurada em .1951 , e, no ano seguinte , instituiu um curso de alfabetização de adultos, com três aulas semanais, até a conclusão do primário, obrigatório para as domésticas que tivessem filhos abrigados na creche . Em 1954, inaugurou a " Casa Mat ernal de Curitiba ", objetivando cuidar da gestante pobre ou desajustada, com tratamento médico especializado e dar-lhe ensinamentos de higiene, orientação moral -

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e educacional, despertando-lhe sentimento de fé e esperança. Também fundou um Jardim de Infância, que acabou por ser conhecido como "Escolinha da Tia Paula", ao qual vieram se somar os cursos pré-primário e primário, o "Berçário Menino Jesus", destinado aos filhos recém-natos de mães tuberculosas e os Ambulatórios PréNatal "Prof. Victor do Amaral" e de Puericultura e Pediatria "Prof. Martagão Gesteira". Anotando, aqui, que o Jardim da Infância e o Grupo Escolar que se lhe seguiu funcionam em dois turnos, com a mesma qualidade de atendimento, um inteiramente gratuito e outro com mensalidades pagas para ajudar a cobertura das despesas, além de verbas conseguidas com sacrifício junto aos Poderes Públicos, passamos a um registro todo especial a demonstrar a missão magnífica da extraordinária TIA PAULA. Com a criação da "Casa Maternal de Curitiba", que o Departamento Nacional da Criança, fazendo justiça, exigiu viesse a se chamar "Casa Maternal D. Paula", surgiram, como era natural, casos de mães solteiras e pobres que não queriam ou não tinham condições de ficar e manter seus filhos e que se apresentaram desejosas de entregá-los a famílias em condições de criá-los e bem educá-los. Sempre com o apoio dos diversos Juízes de Menores de Curitiba, TIA PAULA passou a executar um trabalho de seleção de novos pais para essas crianças, mas com o cuidado especial de não destinar previamente nenhum bebê que viria a nascer, a esta ou àquela família: é que sempre lutou com as mães para que permanecessem Qom seus filhos e tinha a esperança de conseguir esse resultado quando do nascimento; por outro lado, com esta conduta, evitava o constrangimento dos candidatos a pais, de verem nascer, a eles destinada, uma criança com problemas físicos ou mentais. O número de lares, neste Brasil, enriquecidos com as "crianças da TIA PAULA", que sempre se preocupou com o sigilo da não revelação à mãe ou aos adotantes do seu destino e da sua origem, é enorme, disso somos testemunhas, assim como de um certo acompanhamento que ela dá às "suas crianças", à distância além das orações - querendo saber delas e, se possível. vê-las, de tempos em tempos. Essa obra maravilhosa, como vêem, é antiga. Aos 72 anos, hoje, TIA PAULA, que ainda continua bonita e muito bem, teve de desativar a parte relativa à destinação das crianças a novos lares, o que é feito por outras instituições de Curitiba. De muitas que conhecemos, várias já estão casadas, com filhos, e ao escrever este artigo, ficamos a pensar naquele momento especial, que vivemos um dia, após entrevistas, onde a entrevistadora buscava conhecer os entrevistados, saber dos reais motivos pelos quais

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desejavam acolher, dar nome e educar uma criança e, depois, veio a entregá-la, com emoção e lágrimas nos olhos. Nossos dois filhos queridos chamam TIA PAULA de "MÃE GRANDE", demonstração do seu bem-querer. Melhor título não lhe poderia ser dado. Acham o "Vitoca", com mais de 80 anos, "um barato", e aqui não se pode deixar de expressar a importância do casal unido e amigo, a possibilitar grandes realizações . Certa feita, em algum lugar, ouvimos dizer que há pessoas iluminadas, que irradiam uma certa luz, muito especial. Basta que elas surjam à sua frente e, mesmo sem conhecê-las, você se sente tocado, que o ambiente se animou pela sua simples presença. TIA PAULA é assim, uma pessoa iluminada, não porque o queira ser, mas simplesmente porque é, viva, transparente, uma imagem de MARIA, do CRISTO. E quando se possui luz, é para sempre. Quando se é iluminado, sempre se iluminará . THEREZINHA e THIAGO - Eq. 11-B, Rio

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Na grande família de Deus e na grande família da Pátria, Menor é o filho que geramos no desamor; é o irmão que pusemos fora de casa é o cidadão a quem não demos cidadania; é a criança que não tem lugar no nosso colégio; é o aluno que expulsamos da escola; é aquele a quem pertence o sapato que apodrece no armário; é a roupa que sobra em nossos guarda-roupas; é o rosto de Cristo que não é acolhido em nossas igrejas; é o que não sabe quem é Deus Pai, nunca soube o que é ser filho; é o que provavelmente não foi batizado, nem fez primeira comunhão, não sabe o que é Crisma e nem grupo de jovens; é o que vive no anonimato e morre sem que ninguém reclame seu corpo; é o "lixo" que precisa ser varrido das ruas; é a "ameaça" que deve ser eliminada ou confinada. No entanto . .. "dele é o Reino dos Céus".

(em "Quem é o Menor?", da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo) -

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QUARESMA Mais uma vez a quaresma . .. Novamente, o tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum medicinal e caritativo. Quaresma é, antes de tudo, o tempo privilegiado de ·escuta da Palavra de Deus". Tempo em que se deve reviver a realidade batismal; a interpelação de Deus para uma "vida nova". Vida nova que significa viver segundo uma moral de ressuscitados que tem suas raízes não mais num código de leis exteriores, mas no próprio coração do homem, que Deus tornará • novo" mediante o dom do Espírito;

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é quando o "Espírito Santo" de Deus dará ao cristão a sensibilidade para perceber as dimensões de pecado da comunidade em que se vive, os lugares, as situações e os momentos em que ela expressou e promoveu estruturas sociais pecaminosas. Como, tantas vezes, foi e é cheia de ressentimentos, orgulho, injustiça, centrada em si mesma e alienada aos problemas e apelos desesperados do homem que sofre, que é posto à margem da vida; é quando o ·Espírito Santo" de Deus dará ao cristão a possibilidade e facilidade de olhar os pobres com os olhos do Pai celeste, com o coração do Filho celeste, com o espírito do celeste Espírito. Somente assim, o ser humano, seja ele quem fôr, será visto e tratado como • imagem divina" ; é quando o ·Espírito Santo" de Deus dará ao cristão ouvidos para ouvir, sentimentos para sentir, vontade para lutar em favor do menor abandonado, marginalizado, vítima indefesa, um sub-produto de uma sociedade omissa e desumana da qual todos fazemos parte; é quando o ·Espírito Santo" de Deus fará que o cristão - homem novo - trate o ·menino de rua", o menor abandonado, não como um problema, não como uma ameaça para a sociedade hipócrita que o gerou, mas como um "filho de Deus", "imagem divina" que tem os mesmos ·direitos e deveres" como todo e qualquer ser humanos; é quando o ·Espírito Santo" de Deus purificará as nossas mentes de nossos maus juízos e as nossas línguas de nossas más palavras a respeito das pessoas que se colocam a favor, apostando as próprias vidas, desses sêres humanos indefesos feitos como nós à • imagem e semelhança de Deus"; é quando o • Espírito Santo" de Deus fará às ENS - aos equipistas em concreto -. entender que a Campanha da Fraternidade desta quaresma: ·Quem acolhe o menor a mim acolhe" (Me 9,37), lhes interessa, incomoda, inquieta e compromete .. . ;

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é quando o "Espírito Santo " de Deus encontrando um coração aberto, terra preparada para acolher e fazer frutificar os apelos de Deus - assim como foram terra preparada e fértil : Abraão e Maria -, converterá os equipistas e os fará se comprometer e engajar com e no serviço generoso ao "menor abandonado" .. . ; é quando o " Espírito Santo " de Deus fará aos casais equipistas entender que um dos aspectos fundamentais da "inserção" é a " opção preferencial pelos pobres" e, agora, pela "criança pobre" e "marginalizada " ... ; é quando o " Espírito Santo " de Deus fará entender a muitos casais equipistas que se deve sair do comodismo e dar um lar para uma criança que não o tem , adotando-a . ..

Caro equipista que terra você é .. . ? Que terra nós somos ... ? Pe . José Carlos Di Mambro, CP

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ANUNCIAÇÃO DE NOSSA SENHORA No dia 25 de março a Igreja celebra a Anunciaciio feita pelo Anjo à Virgem Maria.

"Ao entrar em casa dela (Maria) o Anjo disse-lhe: 'Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo .. . ' " Esta página do Evangelho é das mais belas do Novo Testamento. E a passagem mais importante da História da Salvação. Nesse dia começou existencialmente a nossa salvação. Realizou-se a primeira profecia do Paraíso: "Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela" (Gn. 3,15). A mulher vai conceber Aquele que irá destruir o império do demônio e resgatar-nos do pecado. Após quatro milênios de ansiosa expectativa, chegou o nosso salvador, no seio de Maria, iniciando a nossa Redenção. Foi o dia mais belo para a humanidade. Enfim, a esperança se converteu em doce realidade. Mistério central da nossa religião em torno do qual gira toda a teologia. Hoje presenciamos, comovidos, a manifestação do poder da sabedoria e do amor infinitos de Deus. Que cena mais encantadora essa da Anunciação! De um lado o Anjo exaltando Maria. Do outro lado, Maria confusa, sem atinar o porquê de tão altos elogios. De um lado o Anjo anunciando a maternidade divina de Maria. Do outro Maria, sem se deixar impressionar com a excelsa dignidade, titubeando em aceitar o encargo. De um lado o Anjo anunciando a concepção miraculosa no seio de Maria, coisa inaudita, jamais acontecida na história. Do outro, Maria dando um testemunho arrebatador de fé, acreditando na palavra do Anjo. E ainda, Maria culminando com a resposta que deixava pendente a humanidade e aceitando o honroso encargo, para servir a humanidade: " Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim como disseste". O mundo inteiro, como que prostrado aos pés de Maria, esperando a resposta salvadora. Mas aquela que era cheia de graça nos deu a resposta da esperança. Bendita Mãe! "E o Verbo se fez homem" (Jo, 1,14)! (de "Maria na vida do casal", de Fr. Gonzaga Costa, OFM ) Colaboração de Thereza e Galvão - Eq. 8, Setor B - S. Paulo.

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CARTA DA EQUIPE RESPONSÁVEL INTERNACIONAL

Caros amigos, Gostaríamos de compartilhar com vocês as atuais inquietudes da Equipe Responsável, na qual trabal hamos, em atitude de serviço para com as equipes do mundo todo. Parece-nos que a Equipe Responsável deve vivenciar esta atitude de serv iço a partir de uma dupla tensão: na fidelidade ao carisma das Equipes, mas procurando , ao mesmo tempo, manter o dinamismo deste carisma. Um carisma é um dom de Deus, para o serviço de seu Amor. O importante é este amor de Deus, sem fim. Os carismas se sucedem na história e é o Espírito de Deus que suscita aqueles carismas mais apropriados para que seu Amor se real ize entre os homens . O carisma das E.N.S. está ao serviço do amor conjugal, do bem do casa l e também ao serviço da vida em comunhão. Dois paios perfeitos que satisfazem às duas necessidades de amor do mundo em que vivemos . A Equipe Responsável deve conhecer e manter-se fiel a esta pedra singular que é a base do Movimento e não deve manipulá-la. Respeitar o dom de Deus; ter, diante deste dom, uma atitude de louvor e tratar com desconfiança as próprias idéias geniais . O início de uma grande obra deve-se com freqüência ao que perece ser uma simples intuição. Não se trata de modificá-la , introduzindo nela nossa própria complexidade , mas de aprofundá-la em sua transparência. Como um homem no deserto, que encontra um poço de água clara e transparente e que se regozija porque tem certeza de que esta "água de vida" vai transformar a paisagem . Mas para utilizar a água, ele não vai aumentar o bocal do poço, e sim continuará a trabalhar para trazê-la à superfície , escavando o poço em profundidade . A quantidade de água que jorra , não aumenta alargando-se o poço mas aprofundando-o. No entanto, os carismas devem nascer com a vida e com as carências. Devem adaptar-se à cultura determinada que nos é dada viver. Trata-se de dar a mesma " água viva ", porém por meios diferentes.

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Vivemos um tempo de graça . Para alguns, estes momentos de crise ou aparente desintegração são o fim. Para o olhar da fé, são momentos excepcionalmente lúcidos onde se confrontam a permanência no seio da história e sua distância em relação ao que se vive, o impulso conservador e o impulso criador, o conhecimento do que vivemos e a visão do futuro que já se delineia. Vivemos um momento que nos permite ter uma consciência especial do apelo que o Cristo nos faz para continuar sua obra . A Equipe Responsável sabe , portanto, muito bem, que sua reflexão não pode ser feita de maneira isolada mas em conjunto com os super-regionais do mundo todo, atentos às realidades dos diversos países , em constante intercâmbio e baseando-se em duas atitudes fundamentais, tanto em psicologia como na vida. A primeira, é a de respeitar o tempo das pess-oas, não queimar etapas , não forçar os ritmos contra a natureza. A segunda é a de detectar as reais necessidades, e de não agir em função de nossa própria situação mas em função da situação do outro, de maneira a dar não o que nós resolvemos dar mas aquilo de que o outro precisa. Trata-se de um equilíbrio difícil , mas é nele que devemos nos movimentar . Se vocês relerem a carta de Louis e Marie d'Amonville, que escreveram ao deixar a ERI e a carta de apresentação de Jeanine e Jean-Ciaude Malroux, vocês constatarão, não sem emoção que os pontos principais coincidem . 1 .0 Somos chamados à comunhão, à união na diversidade.

Há coisas muito importantes que nos unem, apesar de contextos e culturas diferentes. - Somos unidos pelo Evangelho que é o mesmo, proclamado para todas as criaturas do mundo, pelo esforço comum para um conhecimento e uma encarnação interior do Reino de Deus. - O coração do homem nos une ; suas angústias, sua carência de comunicação, de respeito, de dignidade, seu desejo de felicidade que é o mesmo, apesar de diferenças de ideologias. - Somos unidos pelos problemas do casal; suas crises, suas dificuldades para viver na fidelidade ; pelos sucessos na caminhada da espiritualidade conjugal. - Somos unidos pela pedagogia do Movimento , e em especial suas orientações ; são temas de fé baseados na Palavra de Deus, tratados a partir de uma perspectiva do casal e da família e que respondem a uma necessidade detectada pela oração e pelo discernimento , para nos ajudar a aprofundar e a encarar nossa fé .

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2. 0 Somos chamados a tomar consciência de nossa responsabiH dade na Igreja, para o que diz respeito ao casal cristão .

Há 40 anos que o Movimento vem preparando leigos para que dêem seu testemunho neste sentido, unindo a vivência e a reflexão. Esta responsabilidade deve levar-nos a aumentar nosso esforço de adaptação e de difusão, em resposta à exigência cada vez mais urgente do tempo que vivemos . Não se nos pede nem a perfeição, nem os resultados imediatos. Trata-se de abrir os olhos para a realidade, de responder com a gratidão por tudo o que recebemos e de lançar a semente com confiança . 3. Há algo de mu ito importante que não devemos esquecer: a primazia do Espírito sobre as estruturas e os métodos. 0

Nas adaptações, não devemos ser nem preguiçosos nem temerários. A esperança e a oração nos tornarão suficientemente flexíveis para que o vento do Espírito possa soprar em nós , numa ou noutra direção, sem que a firmeza da base seja afetada . Em todo método, o que importa é verificar se reúne as condições necessárias e adequadas para que as pessoas e os casais possam realizar seu encontro pessoal com o Cristo . ~ este encontro que, na realidade, transforma os corações e muda a maneira de ver a vida. O serviço que somos chamados a desempenhar nas equipes consiste em faci'litar essa passagem do Espírito e deixar que os verdadeiros protagonistas amadureçam, em silêncio, seu relacionamento de amor . Caros Amigos, a Equipe Responsável está certamente longe de levar a cabo tudo o que gostaria ou deveria fazer, pois as pessoas que, como nós, dela fazem parte, são fracas e têm as mesmas dificuldades que os outros. Fiquem, porém, certos de nosso entusiasmo pelo trabalho e de nosso desejo de ir em frente. Anima-nos a esperança de vosso esforço no mesmo sentido assim como a comunhão de orações de todo o Movimento . Alvaro e Mercedes Gomes-Ferrer Lozano

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PONTOS CONCRETOS DE ESFORÇO

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"Fixar cada um a si mesmo uma REGRA DE VIDA e revê-la todos os meses".

Vamos examinar as diversas partes desta frase: Fixar - estabelecer. Cada um a si mesmo - "para a gente", não para os outros. Via de regra, sabemos no que os outros devem melhorar ( ... e muito), mas para 'nós não vemos o que mais necessitamos para um esforço do "passo à frente". REGRA DE VIDA - "escolha dos pontos sobre os quais deverão convergir, com prioridade, nossos esforços". Revê-la todos os meses - esforços dinâmicos e não estáticos; de pouco adiantaria conseguirmos vitória em um ponto e nele permanecermos para sempre. "A REGRA DE VIDA tem por finalidade fazer-nos progredir na vida cristã. Para o conseguir é preciso fazer esforço numa tríplice direção: libertar-se - alimentar-se - exercitar-se". Assim, se o objetivo é o progresso na vida cristã, devemos libertar-nos daquelas "pequenezas mundanas" que nos cerceiam a jornada de peregrinos. O alimento do peregrino para fortalecer-nos no propósito de libertar-nos, é a oração. Nosso esforço de libertação, com a ajuda da oração, requer um permanente exercício de nossa vontade. Para tornar possível esse nosso progresso na vida cristã, devemos fixar uma regra de vida, por escrito (para evitar "esquecimentos"), precisa e curta (para evi ta r "in telectualismos "). O progresso na vida cristã não significa, apenas, a correção de nossos defeitos mas, também e por óbvio, a utilização mais racional dos dons por nós portados. Atenção: "Fixar cada um a si mesmo ... " não significa que deveremos dispensar o "auxílio mútuo", para a fixação de nossa REGRA DE VIDA. Nossa REGRA DE VIDA deve ser estabelecida após reflexão e oração, mas pode ser "fixada" a partir de um "DEVER DE SENTAR-SE" (o que será muito bom), ou depois de uma confissão (ou de um papo com o Conselheiro Espiritual), ou, quem sabe?!, após uma co-participação na reunião da Equipe. Perguntas e respostas sobre a REGRA DE VIDA.

Para a fixação de REGRA DE VIDA pessoal é preciso acordo do cônjuge? - "Para certos pontos da REGRA DE VIDA pessoal é ne-

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cessário o acordo do cônjuge. B preciso agir-se de conformidade com a caridade conjugal" . Um cônjuge deverá contar ao outro sua REGRA DEVIDA?- "Os esposos podem ajudar-se a praticar a sua Regra de Vida . Mas é muito legítimo guardar para si , sem o dizer ao outro, um ou outro ponto de sua Regra de Vida" . O casal pode fixar REGRA DE VIDA em comum? - "Muitos casais têm um ponto de Regra de Vida em comum e isto é bom. B o esforço do casal que fica assim determinado". Como escolher uma REGRA DE VIDA?- Não indagar-se:- ' Que Regra de Vida devo ter?' Mas: 'quais são as minhas tendências a combater, as minhas fraquezas, as minhas falhas, quais são os dons que recebi, aqueles que Deus quer ver frutificar , como desenvolvê-los? E, depois: 'este meio que eu penso será bom e adequado?' Orientações: " Muitos casais acharam útil, para se lembrarem bem da sua orientação, formulá-la em algumas palavras muito breves: ' Deus servido em primeiro lugar'; 'De bom grado aceitar tudo o que acontece como a vontade do Senhor' ; 'Não fazer mais coisas do que faço mas dar mais valor àquilo que faço '; 'Estou com o pensamento presente ao que faço e consagro-me a isso totalmente, sem pensar no que há de vir nem no que passou'; 'Agradecer a Deus por tudo que acontece de bom e de mau'; 'Dirigir-se a Deus como a um Pai'; 'Quando uma tarefa desagrada, atacá-la, imediatamente, de frente '; 'Ver Cristo no próximo' " . Uma vez fixada a orientação, criar pontos de afirmação: 'Não lerei o jornal, não ouvirei o rádio e não ligarei a televisão, enquanto não tiver feito a minha meditação' ; 'Sair com a esposa uma vez por semana'; 'Fazer um esforço por atender o cliente na hora de fechar, sem mau humor'; 'Não falar mal dos outros. Ser acolhedor e manter o sorriso'; 'Preparar a oração familiar , todos os dias'; etc. -22-


"DAS ANOTAÇOES DE UM C.R." publicado na Carta Mensal n. 0 5-agosto/setembro de 1960 (época em que a Carta Mensal era mimeografada):

REGRA DE VIDA PESSOAL - Orientação geral: abandono à Providência. (A palavra sim. Dizer sim a Deus). A importância de ver no próximo que abordamos, um membro de Cristo. (ver os operários, os trabalhadores, não como braços, mas como homens criados por Cristo). REGRA DE VIDA NO PLANO RELIGIOSO - Se a vida espiritual é aborrecida é que a fé é fraca. Incluir a Oração na própria vida (por exemplo, um médico que, entre duas consultas, faz dois minutos de recolhimento, a acolhida aos doentes fica assim beneficiada). ESFORÇOS TAMBEM NO PLANO NATURAL - A graça se apoia sobre a natureza. Se não há natureza, sobre que se apoiará a graça? 'A natureza e a graça, são como duas mãos juntas' (Péguy). PERIGOS A EVITAR- A Regra de Vida não convém da mesma maneira a todos os temperamentos. Cada qual deve escolher uma Regra de Vida 'sob medida'. A Regra de Vida deve nos impor um mínimo de exigências. Desconfiar de uma vida feita de regulamentos. Não uma religião de regras, mas sim de caridade. Se quizerdes fazer comparações é com Cristo que devereis vos comparar. Cuidar que o Espírito não seja abafado pela letra. Desconfiar do formalismo".

Ma. Helena e Nicolau Zarif Eq. N.S. Santíssima Trindade -

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6/D -

S. Paulo

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NOTlCIAS BREVES

e Igar Fehr, representando as Equipes de Nossa Senhora, foi eleito membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional de Leigos, na qualidade de Secretário.

e Foram publicados os volumes 45 e 46 da Coleção "Estudos da CNBB", pelas Edições Paulinas. Trata-se, respectivamente de "Leigos e participação da Igreja" e "Guia para o diálogo católico-judaico no Brasil."

e

O Santo Padre João Paulo li anunciou, em 1. 0 de janeiro, a convocação de um ANO MARIANO, a começar em 7 de junho próximo, dia de Pentecostes. Segundo o espírito do Concílio, este Ano Mariano tem por finalidade fazer crescer nos fiéis o conhecimento do papel da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja.

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O casal Esther e Luiz Marcello M. Azevedo, que são membros do Conselho Pontifício para a Família, teve a oportunidade de entregar ao Papa o livro escrito por D. Nancy sobre a vida e obra de seu marido, Dr. Moncau. Eles contam: Ainda que aquele fosse o nosso quinto encontro com o Santo Padre, estávamos um pouco nervosos e preocupados com o que deveríamos falar. Por isso mal ouvimos o Cardeal dizer que éramos brasileiros e que havíamos feito urna palestra, pela manhã dando um belo testemunho. Esther jura que o Papa fez cara de quem queria saber algo sobre a palestra mas Marcello, nervoso como sempre, "cortou" a palavra do Papa para dizer-lhe: "queríamos oferecer a Vossa Santidade este livro sobre o iniciador das Equipes de Nossa Senhora no Brasil ... " Desta vez foi o Papa que "cortou" a palavra de Marcello para dizer, muito significativamente: "ah, as Equipes de Nossa Senhora!" ..

O livro "O Sentido de uma vida" continua à venda, não somente no Secretariado das E.N.S. , como também nas Livrarias Vozes .

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AS E.N.S. E O SfNODO Ao ler e reler o documento preparatório para o Sínodo dos Bispos que vai se realizar em novembro deste ano (Lineamenta), um fato nos surpreende. Pouco ou nada se diz do papel do leigo casado. A importância do casal, como tal, não é ressaltada, quando, na verdade, a grande maioria dos leigos vive em estado de matrimônio. O número 36 do documento, por exemplo, fala do apostolado individual do leigo. Ressalta que "cada leigo tem sua vocação e missão na Igreja para o mundo". Logo em seguida, o número 37 tece considerações acerca do apostolado associado ou coletivo dos leigos. São duas facetas fundamentais do apostolado cristão. Mas será que entre estes dois números não caberiam alguns aspectos do apostolado específico do casal, do homem e da mulher unidos no Sacramento do Matrimônio? Festejaremos este ano os 40 Anos dos Estatutos de nosso Movimento. São estes Estatutos que, logo na sua primeira página, nos dizem que os casais que constituem as Equipes de Nossa Senhora "querem que o seu amor, santificado pelo Sacramento do Matrimônio, seja ( .. . ) um testemunho aos homens, demonstrando-lhes, com toda a evidência, que Cristo salvou o amor." O documento "O que é uma Equipe de Nossa Senhora", vem, em 1976, reforçar esta visão sobre o casal: " ... Cristo está presente de uma maneira privilegiada na comunidade conjugal: o seu amor pelo Pai e pelos homens vem transfigurar nas suas raízes o amor humano. ~ por esse motivo que tal amor humano vivido cristãmente, é já por si mesmo um testemunho de Deus e é da sua plenitude que deriva a ação apostólica do casal. n Será que o casal, fruto da Vontade de Deus desde o "pri ncípio" (Mt. 19,4) ainda não conseguiu conquistar seu verdadeiro lugar na Igreja de hoje? Parece que há pelo menos amplo campo para nossa reflexão nessas realidades. E muitos de nossos bispos estarão presentes no Sínodo. Por que não levar a eles os frutos dessas reflexões?

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NOT(CIAS DOS SETORES Mudanças nos Quadros - Depois de quatro anos de profícuo trabalho , Olga e Heidir entregaram a responsabilidade do Setor de Jaú/SP ao casal Glória e Emílio. - No dia 20-09-86, durante celebração oficiada por D. Murilo Krüger, filho de equipistas, lrani e Nereu, comovidos entregaram a responsabilidade pela Região Santa Catarina das ENS ao casal Maria de Lourdes e Fernando, empossados por Veda e Darci, da ECIR. Na mesma celebração Leda e João substituíram o nóvo C.R. na sua responsabilidade pelo Setor A . - Na noite de 13-10-86 ao final da Missa Mensal , promovida pelo Setor 8 - Rio I teve lugar a posse de Junia e Mauro S. Lopes substituindo na função de C.R.S. a Demerval e Meza (falecida em acidente automobilístico conforme já noticiado pela C.M.). A função vinha sendo exercida, interinamente por Aparecida e José Peneda.

v.olta ao Pai Cônego Washington José Pera

Falecido em 31 -07-86, vítima de insidiosa moléstia, em S. Carlos/ SP, Con . Pera era Pároco da Igreja de Santo Antonio e C.E. das equipes 04 e 11. Aos 63 anos de idade, 33 dos quais dedicados ao Sacerdócio ele era, além de sacerdote, um verdadeiro pai e sábio conselheiro. A certeza de sua presença no Reino de Deus é que conforta

seus equipistas pela falta e saudades que sentem dele. Otávio Simão

Em 29-12 último fez um ano que Otávio (da Lourdes) da Equipe 42 (N .S. da Conceição) de Pe Miguel, Rio de Janeiro/RJ, voltou à casa do Pai, vítima de um enfarte poucas horas após a Santa Missa, na qual fez uma das leituras. Equipista devotado ao Movimento, por 10 anos, na véspera de seu falecimento, durante uma Hora Santa, fizera uma prece dizendo: "Maria, minha mãe eu lhe entrego o meu coração; faça com ele o que a senhora achar melhor que eu aceito". Essa sua prece ficou marcada, indelevelmente , no coração de sua esposa, filhos e de todos os seus irmãos em Cristo.

D. Ruy Serra Bispo Diocesano de S. Carlos/ SP, voltou ao Pai em 19-09-86. Ao completar 50 anos de sacerdócio e 25 de episcopado, em 1973, D. Ruy perguntado se estivesse iniciando então seu sacerdócio, seria um padre diferente ou repetiria o seu ministério, respondeu: "Seria diferente . Naquele tempo o Padre esperava o povo na Sacristia. Hoje, além de atender o povo que procura na Igreja, o Padre deve também ir ao encontro do povo fora da Igreja".

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Assembléia Pastoral Realizada em Manaus em 24, 25 e 26 de outubro último a 11 APA -

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Assembléia Pastoral Arquidiocesana que, em clima de muita oração, reuniu 182 pessoas entre sacerdotes, religiosas e leigos sob a pres idência do D. Clovis Frainer, Arcebispo Metropolitano . Amazonilda e Gama, da Equipe n.0 5 representaram as ENS, naquele importante evento que estabeleceu um Plano Pastoral tendo como objetivo geral " Testemunhar uma Igreja de Comunhão e Participação , inserida em nossa realidade , promovendo a evangelização l_ibertadora de todos , a partir da opção preferencial pelos pobres , tendo em vista a construção de uma sociedade justa e fraterna, sinal do Reino de Deus ".

Equipinhas - Desde novembro de 1985, a "equipinha " do Setor Leste de Tramandaí/RS encontra-se em andamento tendo como Casal Conselheiro Maria Ol ívia e Luiz Carlos . Constituída por 12 adolescentes entre 12 e 14 anos e tendo como Casal Responsável Terezinha e Luiz, a "equipinha" além de trabalhos na comunidade, participa da liturgia de uma missa mensal e reune-se todos os meses cumprindo suas tarefas e seus meios de aperfeiçoamento. - O 11 Encontro de Jovens das ENS, organizado pelo Setor de Ribeirão Preto/SP e realizado na Casa D. Luiz acolheu 80 jovens e vários casa is que lá estiveram em reflexão e oração . A assistência espi ritual ficou a cargo de Frei Laurindo que, em suas palestras, procurou si tuar a "Juventude cristã dentro de sua realidade no Brasil " e os " Conflitos dessa faixa etária ". Testemunhos e palestras de equipistas de Ribeirão Pret o, também contribuíram muito para o bom aproveitamento do encontro que "assustou" os organizadores pois os jovens querem mais de um encontro por

ano e acham que "só dois dias de cada vez é muito pouco" . Realizado em 31-08-86 no Convento N. S. da Piedade em Recife/PE, um encontro de jovens, filhos de equipistas e amigos convidados. O Asistente do encontro foi o Pe. Pedro , C. E. das ENS que também celebrou a missa de encerramento com a "presença surpresa" dos pais. A avaliação dos participantes foi muito positiva.

Reunião de Conselheiros Espirituais Realizada em 22 de setembro passado, na Paróquia de São Leonardo Murialdo em Caxias do Sul/ RS uma reunião de Conselheiros Espirituais daquele Setor, coordenada por Inês e Paulo Poletto e pelo Pe . Bruno Barbieri, C. E. do Setor. Abordados vários assuntos de interesse do Movimento, destacando-se , sobretudo, e com base no EACRE/ 86, a missão do Conselheiro Espiritual, qual seja a de revelar, motivar e orientar os casais aquipistas quanto ao Projeto de Deus. Foi dado um enfoque particular para a espiritualidade conjugal, conforme sugere o documento de Puebla : " O casal santificado pelo Sacramento do Matrimônio é um testemunho da presença pessoal do Senhor ". Muito proveitosa a reunião quanto à troca de idéias, aprofundamento e também estreitamento dos laços de amizade entre os sacerdotes que trabalham com as ENS .

Encontro Nacional de Jovens Realizado em 20 e 21 de setembro último em São José dos Campos/SP. Os temas colocados em debate foram discutidos nos grupos pelos jovens e casais coordenadores. Segundo o depoimento de Gastão Miguel, um dos 22 jovens de Juiz de Fora/MG que participaram

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do encontro. "Infelizmente muitas vezes durante as discussões, os adultos é que ficavam dando suas opiniões, tomando o lugar dos jovens e querendo impor suas idéias, esquecendo-se que o Encontro era voltado para os jovens , a fim de lançar propostas básicas para formular um Estatuto Nacional para as EJNS que será de grande utilidade para as equipinhas que estão surgindo e aquelas que tem dificuldade em trilhar seu caminho" .

Encontro Inter-Regional Conforme publicado no "O Equipista" de Ribeirão Preto/SP, Regina e lázaro, representando aquele Setor participaram em Casa Branca/SP de um encontro de vários setores com os seus respectivos Casais Regionais e representantes da ECIR. O objetivo foi o de rever as orientações de trabalho a fim de promover uma maior aproximação do casal equip ista com Jesus Cristo, muito bem colocado por Frei Constancio Nogara, reitor da Universidade de São Francisco, de Bragança Paulista.

Pe . Raimundo e pelo casal Terezinha e Chico. No dia seguinte foi a vez de Currais Novos/RN onde o Movimento das ENS deu-se a conhecer a 40 casais encontristas . Anna e Oscar voltaram entusiasmados pela acolhida que tiveram e dessa viagem restou a certeza de que o trabalho para Cristo não dá cansaço, só alegria. - Com a presença de oito novos casais iniciou-se em 11-09-86 a primeira Experiência Comunitaria das ENS organizada pelo Setor C de Florianópolis/SC. Os casais participantes demonstraram grande interesse contribuindo, em muito, para o enriquecimento do encontro. A intenção do C. R. do ·setor Neide e José Luiz é que as atuais equipes que contam com menos de seis casais, acolham novos casais para que se atinja com mais eficácia as propostas do movimento. O casal responsável pela organização desses encontros, Edma e Enio está muito esperançoso de que as equipes do Setor C sejam completadas e que se formem outras equipes novas .

Equipista agraciado

Inter-equipes Realizados em outubro e novembro passados, os encontros interequipes do Setor de Marília/SP. O tema escolhido "leigos". do documento n.o 28 da CNBB foi de grande interesse para todos os participantes .

Nosso companheiro !talo Nardeli, esposo de Elza, da Equipe n.o 01 de Brasília, foi agraciado pelo Clube dos Pioneiros de Brasília com a Medalha de Honra ao Mérito por seu denodado trabalho em prol da cidade .

Expansão

Ordenação Sacerdotal

- O "Nosso Mensageiro " (nome escolhido para o boletim das equipes do Setor Recife/Pe) informa que em 8 e 9 de novembro últimos o casal coordenador da expansão, Anna Maria e Oscar, esteve em Parelhas/RN para informar casais da cidade sobre as ENS , dando continuidade ao trabalho iniciado pelo

O C. E. da ENS 02 do Setor B de São Paulo/Capital, Eduardo Rodrigues Coelho, foi ordenado Sacerdote em 01-11-86 na Igreja de S. Camilo de Lelis, no Tucuruvi e celebrou sua primeira missa em 8 de novembro na Igreja de Santa Rosa de lima, na Praça do IPESP, Av. Professora Virgília Alves de Carvalho Pinto.

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Novo Conselhelr.o Espiritual Com muita alegria o Setor D do Rio de Janeiro registra o ingresso nas ENS de Frei Henrique Gonzales (superior dos agostinianos no Rio de Janeiro) como CE da Equipe 15 em substituição ao Pe. José Mistrick, ou simplesmente "Padre Zé" como é carinhosamente chamado pelos equipistas e que após mais de 15 anos de serviços prestados às ENS "I icencia-se" por motivos de saúde, para uma merecida recuperação.

Efemérides D. Cândido Padim, Bispo da Diocese de Baurú/SP e muito ligado aos equipistas daquela cidade celebrou em setembro/86 duas datas expressivas: dia 5, aniversário natalício e dia 18 aniversário de ordenação sacerdotal.

Manhã de Estudos Em 28 de setembro, as equipes de Criciuma/SC realizaram uma manhã de estudos, coordenada por Pe. Manoel O. Francisco sobre o tema "Inserção do Leigo na Igreja".

Semana da Família A Paróquia de N. S. do Perpétuo Socorro no Jardim Prudência, São Paulo/Capital, convocou, ao ensejo da celebração da Semana da Família, em outubro/86 os movimentos familiares (ENS, MFC, Encontro do Diálogo e E.C.C.) para numa reunião em 07-10-86 exporem seus objetivos e suas características. A região S. Paulo Sul I das ENS esteve representada por três casais do Setor D, que apresentaram aos presentes "O. que é uma ENS, sua mística e seus objetivos". Terminada a colocação, uma agradável surpresa quando o Con. Waldemar Conceição, que por muitos anos foi C.E. de uma equipe apresentou o seu

testemunho de vivência no nosso Movimento.

Concurso Bíblico Realizado em setembro/86, mais um Concurso Bíblico das ENS do Setor de São Carlos/SP. Organizado pela Equipe n.o 07 - N. S. das Graças, contou com a Participação de 61 casais, sob a coordenação do Pe. José Luiz Ferreira, C. E. das ENS. A vencedora foi a equipe mais nova do Movimento na cidade, ENS n.o 09 (N. S. de Fátima) a qual recebeu a taça transitória pelo brilhante feito. Em segundo lugar ficou a ENS n.o 05 (N. S. do Carmo) que também recebeu seu merecido prêmio, inclusive por contar com o maior número de participantes. O concurso que propiciou a todos momentos agradáveis de confraternização cristã e aprofundamento no conhecimento dos Atos dos Apóstolos, encerrou-se com a Santa Missa celebrada por D. Constantino Amstalden, Bispo Administrador Apostólico de São Carlos.

Novas Coordenações - Paz, alegria e felicidade marcaram aquela tarde de 4 de outubro de 1986, quando foi instalada a Coordenação de Pouso Alegre/MG das ENS. lmbuidos de um só coração, um só sentimento e uma só alma, os casais equipistas da cidade participaram da significativa cerimônia quando Maria Lucia e José Rafael receberam do Casal Regional Margarida e Agostinho, a função de Casal Coordenador. Compartilharam desta tarde de alegria e reflexão os Conselheiros Espirituais locais, Con . João Faria e Pe. Mario Zappa e casais vindos de outras cidades: Varginha/MG, ltajubá/MG, Juiz de Fora/MG e São José dos Campos/ SP que não omitiram seu abraço amigo e seu apoio cristão aos seus irmãos de Pouso Alegre.

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- O domingo, 28-09-86, ganhou mais luz para os equipistas de São José do Rio Preto/SP, pois o Movimento na cidade passou ao estágio de Coordenação de 1.0 grau, desligando-se assim do Setor de Catanduva. Na Casa de Cursilhos, em ambiente acolhedor e próprio para a interiorização, durante a Missa presidida por D. José de Aquino Pereira, Bispo Diocesano, e concelebrada pelos sacerdotes, Frei Joaquim e Pe . Jarbas, Conselheiros das ENS,

Roslnha e Anésio foram empossados como Responsáveis pela Coordenação (v. foto abaixo).

Aniversário de Ordenação Sacerdotal Em missa celebrada no último dia 20 de dezembro foram comemorados , na Igreja de São José, em São Paulo, Capital os quarenta anos de ordenação sacerdotal do Conego Constantino, grande amigo e Conselheiro Espiritual das ENS .

RETIROS 10-12/4 22-24/ 5 5-7/6 25-27/9 Nota: Por enquanto, Setores.

São Paulo Barueri (Darcy-679063) São Paulo Cenáculo (idem) São Paulo Barueri (idem) Vinhedo Casa de Siloé é só o que temos. Aguardamos as informações dos

SESSõES DE FORMAÇÃO 15 12 5 9

a 18 de abril a 15 de junho a 8 de setembro a 12 de outubro -30-

Brasília Santos Curitiba Juiz de Fora


CARTAS DOS LEITORES Assinatura da Carta Mensal

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Aparecida Hiromi e Saburo Nanami, bom dia! Sua carta veio se juntar a outras que colocam a mesma questão: por que a Carta Mensal não pode ser assinada? A Carta Mensal não pode ser assinada porque é uma carta, de circulação restrita ao Movimento e, por isso, não recebeu o estatuto de "Periódico", não podendo ter receitas nem de assinaturas nem de anúncios. Isso não impede sua divulgação para outras pessoas que não pertençam ao Movimento porém cria certas dificuldades: 1) maior divulgação representa maior tiragem e, como a Carta não pode gerar receitas, maior despesa a ser suportada pelo Movimento e . . . 2) cnmo a estrutura da Carta foi concebida para atingir diretamente aos Equipistas, .certas seções ficariam totalmente deslocadas para um leigo ou para um casal de fora do Movimento, que poderá ficar intrigado com essa senhora, a "&ir", que sempre procura conversar com os leitores .. . O que podemos recomendar, e isso vale para todos os equipistas, é que sempre que ocorrer que um artigo, oração, vida de santo, testemunho, etc. possa auxiliar um amigo ou parente a viver melhor, que se faça uma .cópia do mesmo e se dê de presente, de preferência com algumas palavras amigas . . .

Coincidência de pensamento Aida e Jaime, outra vez! Outra vez seu pensamento coincide com o nosso, só que desta vez foram mais rápidos! A .carta que vocês nos mandaram, com parte dos esclare-cimentos que vocês nos fizeram em paralelo poderá ser perfeitamente aproveitada nos "testemunhos de equipistas".

Alegria na vida em equipe Maria Helena (do Miguel) da Equipe n. 0 2 de Assis- SP nos envia uma cartinha falando da amizade que une sua equipe e da grande alegria que sentiu quando, por ocasião de seu aniversário a equipe toda foi à sua casa.

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Com essa carta quer retribuir a todos o calor da amizade recebida e lembra a todos os equipistas a importância do carinho que devemos ter uns para com os outros.

Coparticipação Lina e Mário, da Equipe 1 de Piracicaba escreveram-nos uma carta candente, em letras vermelhas, falando da importância da Coparticipação! A oportunidade das colocações que fazem é tal que achamos melhor transcrever alguns trechos da carta para que todos possamos nos beneficiar das observações aí feitas e, por que não, nos penitenciar dos erros que aí, com todo o respeito e caridade que acompanham a correção fraterna, se apontam. "Que Maria Santíssima seja um forte elo entre nós. O que vai abaixo, por favor, que não se revista de crítica, mas de observações feitas com o único intuito de realmente Coparticipar (Construir). Observemos: estamos tão eivados de vícios de comportamento que, sem o menor escrúpulo, mentimos e passamos por dma de fatos que, se não comprometedores, seriam de certa forma "pesados" e, comodamente, nos etiquetamos de perfeitos. As vezes nos calamos e, com sorrisos mal disfarçados, nos fantasiamos de sábios e esse calar é uma inverdade mas, em contrapartida, quando o fato nos traz aplausos, aí sim, desencadeamos a nossa fala até mais não poder: falta de compreensão e humildade. Na Coparticipação a Equipe deveria ser uma janela com vidraças limpas e claras, onde, através delas, passaria a luz do Espírito Santo, para nos transmitir, na totalidade, a nossa própria transparência calcada na aceitação e humildade. Nós sabemos que não é fácil, principalmente ao C.R.; que deve munir-se dessa aceitação e dessa humildade, outrossim, cabe a ele também sofrer as descargas múltiplas de toda a equipe, se assim podemos dizer, mas seu papel princi,pal será hastear a bandeira da paz e transmiti-la a toda a equipe, é evidente que nenhum equipista deverá eximir-se desse papel. A coparticipação não é um jogo onde alguns mostram a carta e outros a escondem, ela é, como sabemos, um pôr em comum, aberto, sem pretensões, mas cheia de amor que só se consegue praticando aos poucos e com uma perseverança férrea . Assim nós entendemos a co-participação, flores jogadas sobre a mesa, para todos, e, com elas, às vezes, os espinhos. Devemos nos precaver ao apanhá-las, sem tocar nos espinhos, e devolvê-las em nossas orações finais à Mãe dos homens, e Ela as apanhará sem cuidados, pois quando Ela as tiver em suas mãos os espinhos não existirão mais."

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MEDITANDO EM EQUIPE TEXTO DE MEDITAÇÃO (Me. 9, 33-37) Chegaram a Cafarnaum. E, uma vez em casa, perguntou-lhes: "Que discutíeis no caminho?" Eles, porém, calaram-se, porque no caminho tinham discutido quem seria o maior. Tendo-se sentado, chamou os Doze e disse-lhes: "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servidor de todos". Depois, tomando uma .criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes: "Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe; e quem me acolhe não acolhe a mim mas àquele que me enviou;'.

ORAÇÃO LITúRGICA (Salmo 112) Louvai, louvai, ó servos do Senhor, louvai, louvai o nome do Senhor! Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade! Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor! O Senhor vai dar-lhe o trono de seu pai, o rei Daví, e reinará eternamente. O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos altos céus. Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao Senhor que no alto céu tem o seu trono e se inclina para olhar o céu e a terra? O Senhor vai dar-lhe o trono de seu pai, o rei Daví, e reinará eternamente. Levanta da poeira o indigente e retira o pobrezinho do monturo, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os nobres do seu povo. Faz a estéril mãe feliz em sua casa, vivendo rodeada de seus filhos. O Senhor vai dar-lhe o trono de seu pai, o rei Daví, e reinará eternamente. (Liturgia das Horas Solenidade da Anunciação)


Um momento Cl)m a Eq. da Carta Mensal

1

Editorial: Um basta à debandada

2

A Palavra do Papa ...

4 7

A ECIR conversa com vocês

10

Um mutirão nas ruas

Quaresma

12

. . ...... .

Mãe Grande . . . . . .

15

............ . .. ... ..... .

Anunciação de Nossa Senhora

17

Carta 'da E.R.I. . . . . . .

18

. . . .. . .. .

21

A Regra de Vida ... ..... ..... .... ...

O Papa e Dr. Moncau A~

24

E.N.S. e o Sínodo

25

Notícias dos Setores

26

Retiros ....... .

30

Cartas dos leitores ... . Meditando em

~quipe

.. .

................

31

. . . . ..... . . '. ' . .......

33

EQU IPES DE NOSSA SENHORA 01050 Rua João Adolfo. 118 · 9' · cj. 90!·Tel. 34 8833 São Paulo - SP


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