ENS - Carta Mensal 1986-4 - Junho

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O QUE LER NESTE NúMERO lnserção é a palavra-chave, o objetivo de nossa busca atual e permanente. Por este motivo, a Carta Mensal pretende trazer aos seus leitores, este mês, um reflexo do entrelaçamento da Vida da Equipe (e do Movimento com a Vida da Igreja . Já o Editorial (pg . 2) trata dessa inserção e da justa m~dida em que deve ocorrer, a nível pessoal, de casal, de equipe e de Movimento. A Vida da Igreja está presente na Palavra do Papa (pg. 4) - que volta a nos falar também de Paz - , num artigo muito esclarecedor sobre o Sínodo de 1987, republicado da Carta Mensal Espanhola (pg. 11) e na matéria sobre São Cirilo de Alexandria (pg. 24). Quanto à Vida do Movimento - e nossa vida em equipe - ela está presente sob diversas formas: à pg. 6, na Reunião de Equipe e na Partilha; à pg. 16, relembrando-nos a história dos primeiros anos do Movimento no Brasil e através de reportagens (pg. 35), notícias dos setores (pg. 31), cartas dos leitores (já com duas páginas, 39 e 40!) e informações sobre retiros (pg. 23). O mês de junho é o último mês do calendário equipista e é a época em que fazemos nossos balanços. Além do aprofundamento relativo à Partilha (à pg. 6) , a Carta pretende, através da continuação do artigo nas páginas subsequentes, dar algumas pistas para esse nosso balanço. Para alimentar nossa vida de cristãos preocupados com o seu aprofundamento espiritual pessoal e conjugal, a Carta traz também alguns testemunhos: sobre a oração na doença (pg. 22), sobre a mansidão como comportamento (pg. 27), o relacionamento entre pais e filhos (pg. 34) e uma entrevista sobre um apostolado diferente (pg. 28), estreitamente relacionado com nossa Mãe e Protetora, a Virgem Santíssima. Que por sua vez, novamente está no centro de nossa Carta Mensal, à pg. 20. Um evento novo e importante da Vida do Movimento é abordado à pg. 38: nosso próximo Encontro Internacional em Lourdes, em 1988. Imaginem que todos os problemas materiais, de saúde e outros estejam resolvidos: vocês gostariam de participar? O aviso da pg. 38 diz o que vocês devem fazer desde logo. E a Carta Mensal irá trazendo as novidades sobre o assunto, em seus próximos números. O dia 29 de junho marca, no calendário litúrgico, a festa dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Em nossa meditação e nossa oração litúrgica (pg. 41) , estaremos unidos a eles . Que Nossa Senhora Rainha da Paz interceda por nós! Até agosto'


UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

O mês de junho se caracteriza no Movimento das Equipes de Nossa Senhora, como o mês que encerra o ano equipista. O mês de julho é dedicado normalmente ao preparo dos novos casais responsáveis que, a partir de agosto, assumirão suas respectivas equipes, já com as orientações do Movimento para o novo ano. Não parece muito razoável que se tenha escolhido justamente este mês para mudar a capa de nossa Carta Mensal. Pode-se dizer até que o efeito da mudança ficará perdido. O novo ano equipista nascerá com uma capa nova, mas que já não será novidade; já tornóu-se antiga. Capa nova significa renovação! A vida dos equipistas é um contínuo renovar-se. Assim, a decisão de mudar a capa foi tomada, muito mais com base nesse espírito, do que no calendário. Diante de Cristo e sua mensagem de amor, não há tempo, não há mês não há dia; o que importa é o chamado à mudança e à renovação. Nossa capa nova encerra em sua novidade os princípios eternos da mensagem cristã simbolizada em Maria e no Sacramento do Matrimônio. A imagem de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, deve trazer para nós a lembrança de que toda a estrutura de nosso Movimento está baseada em seu exemplo de fé; no seu SIM, que nos permitiu ser redimidos pela paixão e morte de seu Filho. Nas alianças entrelaçadas ao símbolo de nossa fé, temos que distinguir nossa vocação. Fomos chamados para servir a Deus através de nosso testemunho de vida a dois com amor e harmonia. O índice que aparecia na capa principal foi transferido para a última contra capa. Mais uma alteração em nossa capa! Podemos supor também mais uma alteração em nossa vida! Vamos nos rever como indivíduos, como casal e como equipista. Aproveitemos as "férias", refi itamos sobre mudanças! A Carta Mensal dá-nos o exemplo, mudou seu visual no último mês do ano equipista . Mudemos nosso interior, também nesse último mês e iniciemos uma vida nova, renascidos espiritualmente pela água viva que Cristo nos está a oferecer continuamente até o final dos tempos . EQUIPE DA CARTA MENSAL 1-


EDITORIAL

VISIBILIDADE

Lastima-se, com razão, que as Equipes de Nossa Senhora não sejam suficientemente conhecidas, ou que delas não se faça uma idéia exata. É importante, pois, dar-se mais a conhecer, dar-se melhor a conhecer. Mas a escolha dos meios para fazê-lo não pode ser feita a ,esmo. . . Seria imprudente passar de um só pulo (num impulso irrefletido) do "ghetto" para a praça pública. Isso iria contra nossa vocação fundamental. Fazer-se conhecer não significa necessariamente exibir-se. Depois de criticar, com razão (pelo menos em teoria), o triunfalismo, cuidemos para não cair nele pelo lado oposto. Pedir às equipes que saiam às ruas enfileiradas, empunhando a bandeira das ENS, é a melhor maneira de promover os valores conjugais? É esse um meio que corresponde à natureza específica do Movimento? Ele não é um movimento de ação coletiva, não recruta seus membros para campanhas, não deve forçar que seus membros se mesclem com outros ... Quando eu dizia que preparamos e formamos "agentes de evangelização polivalentes" (Roma, 1976), quis dizer o seguinte: por um lado, não devemos ocultar a nossa pertença às equipes, mas por outro lado, não devemos tirar proveito deste rótulo. O Senhor poderá chamar-nos a trabalhar nos mais variados campos e nem sempre é indicado que seja "em nome das Equipes de Nossa Senhora". É bom relembrar que nossos equipistas não dão a seus responsáveis poder para representá-los em todos os domínios da vida e da ação. Seria pois prudente evitar convidá-los a uma manifestação à qual eles, pessoalmente, não pudessem dar seu apoio, ou de associá-los a um ou outro movimento com o qual eles não tenham afinidade. -2-


Poder-se-á objetar que com todas essas ressalvas continuaremos desapercebidos. Primeiramente, não passamos tão de~apercebidos assim: a notoriedade das Equipes é uma realidade discreta, mas real. Importa fazê-la crescer, mas sem violência e sem meios extraordinários. Não será sobre os palanques que cumpriremos o essencial de nossa missão. Não seria ilusório pensar que uma manifestação ruidosa nos fizesse passar por um "grupo de pressão". A mim me parece que devemos evitar toda pressão coletiva. A força eficaz do equipista está na sua qualidade e não em sua quantidade. Não precisamos manifestar o dinamismo de uma militância; devemos suscitar o dom total de um serviço.

-oReflitamos, finalmente, sobre a relação real entre fecundidade e notoriedade. :É a fecundidade que Deus leva em conta. Deus pode querer que essa fecundidade leve a uma notoriedade (como o Cura d'Ars, Theresa de Lisieux e tantos outros). Mas a notoriedade jamais bastou para assegurar a fecundidade; o que acontece é que, frequentemente, ela freia e até mesmo desvia a fecundidade. A notoriedade pode ser um resultado, nunca, porém, um fim. Essas reflexões não devem ser consideradas como desanimadoras, nem serem taxadas de espírito negativista. Ao contrário, é preciso, sem cessar e vigorosamente, despertar em nós e nos outros o mesmo zelo que animava São Paulo: "ganhar irmãos" o mais numerosamente possível e para isso, entregarmo-nos inteiramente aos outros. Gostaria de dizer ainda que para reavivar e fundamentar esse zelo e para lhe dar todas as chances de ser fecundo é preciso contar menos com manifestações públicas e mais com a fidelidade de cada equipe aos objetivos de santidade e aos meios que o Movimento, em sua especificidade, propõe a seus membros ... Então o fruto (e acessoriamente a notoriedade) nos será dado. Pe. Roger TANDONNET s.j. -3-


A PALAVRA DO PAPA

ORA•ÇAO PELA PAZ

Ao término da visita ao Raj Ghat que recorda a cremação do Mahatma Gandhi , o Santo Padre recitou uma oração pela paz diante do monumento ao apóstolo da não-violência.

ó Senhor e Deus de todas as coisas, Vós quisestes que todos os vossos filhos, unidos pelo Espírito, vivessem e crescessem juntos em aceitação recíproca, em harmonia e paz . Temos os nossos corações cheios de aflição porque o nosso egoismo e a nossa avidez têm impedido que neste nosso tempo seja realizado o vosso plano. Reconhecemos que a Paz é um dom que provém de Vós. Sabemos também que a nossa colaboração como instrumentos vossos requer uma sábia administração dos recursos da terra, para o verdadeiro progresso de todos os povos . Ela exige um respeito e uma reverência profundos pela vida e um vivo apreço pela dign i-4-


dade humana e a sacralidade da consciência de todas as pessoas, e uma constante luta contra todas as formas de discriminação de direito e de fato. Empenhamo-nos, juntamente com todos os nossos irmãos e irmãs, em cultivar uma consciência mais profunda ~a vossa presença e ação na história, em ordem à mais efetiva prática da verdade e da responsabilidade, à incessante busca de liberdade diante de todas as estruturas de opressão, à fraternidade para além de todas as barreiras, e à justiça e plenitude de vida para todos. Reunidos na Capital da rndia, diante deste Monumento ao Pai da Nação - extraordinária e corajosa testemunha da verdade, do amor e da não-violência - invocamos a vossa bênção para os líderes deste país e de todas as nações, para os seguidores de todas as tradições religiosas e para todas as pessoas de boa vontade. Tornai-nos · capazes , ó Senhor, de viver e de crescer em ativa cooperação convosco e na cooperação de uns com os outros, na tarefa comum de construirmos uma cultura sem violência, uma comunidade mundial que deposita a sua segurança não na construção de armas cada vez mais destruidoras, mas na confiança recíproca e no empenho concreto ·por um futuro melhor para todos os vossos filhos, numa civilização mundial feita de verdade, de amor e de paz.

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A REUNIAO DE EQUIPE A partilha é um dos aspectos do auxílio mútuo fraternal. Partindo dos "pontos concretos de esforço· ou meios de aperfeiçoamento que os casais assumem ao entrar na equipe, a partilha visa principalmente ajudá-los em seu progresso espiritual.

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A PARTILHA

Conceito: Momento para troca de idéias ou controle a respeito dos meios de aperfeiçoamento propostos pelo Movimento . Recomenda-se que se faça logo em seguida à oração litúrgica, pois o clima é mais propício para a confiança e amizade que devem estar presentes neste tempo especial da Reunião . Meios de Aperfeiçoamento: São os seguintes os meios de aperfeiçoamento propostos pelo Movimento a respeito dos quais os casais devem partilhar entre si as suas experiências: Oração Conjugal, Regra de Vida , ')ever de Sentar-se, Escuta da Palavra, Meditação, Retiro. A quem está afeta a Partilha? A realização da Partilha compete ao Casal Responsável. A ele caberá verificar, em nome do Movimento, se os meios de aperfei. çoamento estão sendo utilizados e se com seu exerxício os casais estão progredindo na marcha encetada em comum . É a Partilha, pois, o ponto alto da presença do Casal Responsável na vida da Equipe_ Não pode o Casal Responsável desmerecer a confiança nele depositada e deve exigir que o auxílio mútuo seja, realmente , praticado . O que é partilhar? Partilhar é dividir os bens de uma herança comum . Nós formamos uma equipe "porque, tendo o desejo de progredir no amor de Deus e no amor do próximo, nos sentimos demasiado fracos para o conseguirmos sós". Como partilhar? Embora não exista uma fórmula única para a Partilha, concretamente , nesse momento da reunião, cada um dos casais , rotativamente , dirá se pode fazer durante o mês, os esforços decididos na reunião precedente e esforçar-se-á por situar esses esforços num âmbito mais amplo: de que modo foi por mim vivida, durante este mês, a minha vida de relação, em particular minha vida de relação com Deus? Quais foram os "tempos fortes?" Quais as riquezas que descobri? Quais as dificuldades que encontrei? De que modo utilizei, nessas perspectivas os meios propostos pelo Movimento? Atenção: Assim , não basta a enumeração sêca de sim ou não, mas deve haver troca de idéias . TROCA DE IDÉIAS, porém , não quer dizer DISCUSSÃO. A Partilha não é um tempo de discussão.

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A Partilha deve ser realizada com todos prestando atenção a todos, para serem respondidas eventuais interrogações e pedidos de esclarecimento e para dar-se conselhos e propor-se serviço. A Parti lha é efetuada "sob o olhar do Senhor", isto é, num clima de fé e de caridade, cada qual dispondo-se a dar acolhida ao parecer do outro com toda a humildade, como vinda de um irmão em Cristo, de um irmão por intermédio do qual Cristo quer lhe falar hoje . A Partilha requer espírito de criatividade do Casal Responsável - e o Casal Responsável precisa usar de espírito inventiva, para evitar a rotina. Assim: a) não iniciar a rotatividade sempre por um mesmo casal; b) procurar focalizar aprofundadamente ora uma obrigação, ora outra; a) formular perguntas "dirigidas" ou "gerais" para estimular a manifestação pessoal dos participantes: "que acha que deveríamos fazer para melhorar? Qual a obrigação que na prática encontra maior número de obstáculos?" d) valorizar as "conquistas" de cada um dos participantes; e) citar testemunhos da Carta Mensal e das respostas dadas ao relatório pelo Casal de Ligação, etc. Medidas práticas: O Casal Responsável deve ter sempre em mente que a verdadeira caridade é exigente. Assim, a Equipe crescerá à medida em que nosso testemunho de vida (de cada um dos componentes da Equipe) for convincente. Nossa resposta à partilha deve ser clara e precisa. Devemos, também, esperar dos outros idêntica conduta , inclusive dos casais que, se não puderem comparecer à reunião mensal, deverão mandar a "partilha" por escrito.

Maria Helena e Nicolau Zarif

Neste mês de " balanço" de nossa equipe, interroguemo-nos sobre: - nossa preparação, pessoal e do casal, para a partilha; - a abrangência da partilha em nossa equipe (sobre os seis pontos concretos de esforço), sua inteireza; - a maneira como, em equipe, fazemos nossa partilha; - nosso auxílio mútuo espiritual.

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Ao entrarmos· na equipe, viemos movidos, mesmo que às vezes inconscientemente, por um desejo de .progresso espiritual. E a partilha, de que nos fala o artigo anterior, é nossa maneira, nas ENS, da aferir se nossa participação na equipe, se nossa vivência nessa pequena comunidade está nos aproximando deste nosso objetivo. ~ o que explicita o trecho que segue, traduzido de um número especial da Carta Mensal francesa.

As condições para se entrar nas Equipes de Nossa Senhora são mínimas. A primeira, que decorre da própria especificidade do Movimento, é de estar o casal unido pelo Sacramento do Matrimônio. A segunda, é de ter o casal o desejo de progredir espiritualmente, com o auxílio da equipe e utilizando-se dos meios do Movimento. Este desejo é primordial. Se ele adormecer na equipe, esta se enfraquece ou acaba. E o motor da vida comunitária, como também da vida pessoal de seus membros. Portanto, não se pede um nível mínimo no momento de entrar na equipe: não há vestibular. Todo casal habitado por esse desejo de progresso espiritual encontra seu lugar nas Equipes de Nossa Senhora. A equipe vem confortar esse desejo e ajudar na sua realização. A força da equipe está na sua duração. Porque a caminhada é longa, cheia de obstáculos, onde a perseverança dá mais resultado do que as façanhas estafantes de um momento. Cada um, cada casal, vem à equipe com seus dons que coloca ao serviço de todos, mas também com seus bloqueios que freiam o avanço. Partir da realidade de nossa equipe, como ela é, será uma primeira prova de sabedoria. Nada se constrói sobre o imaginário. Não será numa reunião que cairão as defesas que cada um de nós possui no seu íntimo, que se tornará verdadeiro o diálogo, que jorrará a oração, que nascerá a amizade. Mas ao longo dos anos, se todos os casais praticarem o jogo da equipe, a pequena comunidade se construirá na oração e no amor, base e trampolim para o testemunho. A humildade do poeta Péguy peregrinando a caminho de Chartres, cai bem para a Equipe de Nossa Senhora: "Não damos mais do que um passo de cada vez." Cada uma de nossas reuniões poderá ser um passo nesse caminho do amor. Qualquer que seja o ponto de partida de cada um dos seus membros -que só Deus conhece- a equipe nos propõe que caminhemos juntos. Não haverá prejuízo para o itinerário de cada um ou de cada casal: ao contrário, ele vai receber um estímulo. Este decorre menos das opiniões e dos conselhos recebidos de uns ou outros do que da própria vida

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comunitária e daquilo que forma o cerne de sua coesão. Se o amor é ao mesmo tempo a alma e o objetivo dessa vida comunitária, é a prática do amor que a fará caminhar. Não os discursos sobre o amor. E a vida comunitária é a prática do amor. Juntos pedimos o amor em nossa oração: as intenções sempre englobam a equipe, mesmo implicitamente. Juntos acolhemos o amor quando ouvimos a Palavra. Juntos fazemos o amor "funcionar", na partilha e na coparticipação, cada um dando atenção ao outro e recebendo em seu coração (não na cabeça ou na inteligência) o que é dito. O tema é menos uma especulação abstrata do que a leitura de nossa própria vida na luz de Cristo - diante dos demais. Assim a equipe caminha em direção ao ideal cristão: "Um só coração e uma só alma" (At. 4,32). E em seu seio cresce o amor indissoluvelmente humano e cristão de cada casal.

UMA PESQUISA "Na sua equipe, vocês se acham bastante exigentes, uns para com os outros?" Esta pergunta, entre outras, foi feita num inquérito regional sobre a "partilha na reunião de equipe". Resposta quase unânime: não. Um não acompanhado, às vezes, de breves comentários. Um casal pergunta: "De que exigência se trata?" Problema fundamental. Será uma exigência tirânica? Então deverá ser energicamente proscrita. A exigência de que se fala só pode ser suscitada pelo amor, só pode ser repleta de amor. Não uma morna ternura sentimental, que se dispõe a tudo desculpar. Mas um amor autêntico, que quer o bem do outro como o seu próprio. "Só se é exigente em relação àqueles que queremos ver crescer", diz uma resposta. Estamos realmente preocupados com o progresso espiritual dos casais de nossa equipe? Um amor assim não vive nas nuvens. Ele se dirige a seres concretos e pessoais. Ele leva em conta seus dons e suas deficiências específicas. Ele tem um imenso respeito pela vocação de cada um. "O que serve para alguns não serve necessariamente para todos", como diz um casal. Assim, a exigência despertada pelo amor é paciente, bondosa e abnegada, assim como a caridade de que fala São Paulo (I Cor. 13,4-5). Será que é melhor ficar calado? B uma solução frequentemente adotada, ao que parece. Há muitas respostas sobre este ponto: "Não temos a coragem de intervir. . . Ficamos quietos para não agravar a situação ... Gostaríamos de falar mas não nos sentimos capazes ... " E

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essa atitude leva ao hábito de não mais reagir: " Como nos conhecemos bem , sob muitos ângulos e há muito tempo, achamos que cada um morrerá com seus problemas . No fundo , nós nos acostumamos com esses problemas . . . " Acostumados, como as pessoas " impermeáveis à graça", que perderam a esperança. Mas um amor autêntico é exultante de esperança! Procura todas as maneiras de criar, de canalizar o bem do outro. A exigência fraterna não pode ficar parada. Em função destas constatações confusamente percebidas, sente-se um certo mal-estar nas respostas. Não somos exigentes e achamos que isso não é normal. Mas não sabemos o que fazer. Para a maioria, é aí que está a verdadeira dificuldade da partilha. Como conciliar o respeito pelo outro e a ajuda que gostaríamos de lhe dar? B, sem dúvida, uma situação delicada, e só o amor poderá sugerir a maneira de intervir. Talvez, colocando-se primeiro no lugar do outro, o que já pressupõe uma escuta muito atenta. Talvez sugerindo algo que nós mesmos já tenhamos experimentado. Talvez propondo uma ajuda mais direta, como aquele casal que convidou o outro para um " dever-de-sentar-se" comum. Não acreditamos, ao contrário do que diz um casal, que o auxílio mútuo da partilha possa ser substituído pela " oração, a amizade e o auxílio mútuo cotidiano" . E também não os substitue. Supõe a existência, usa o suporte destes outros meios . . . Desnecessário dizer que a mesma exigência fraterna que teremos em relação aos demais casais, esperamos que eles tenham conosco. Há uma frase conhecida que resume tudo isto: " Teu amor sem exigência me diminui. Tua exigência sem amor me desanima. Teu amor exigente me faz crescer."

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APROXIMA-SE O SlNODO DE 1987 No segundo semestre de 1987 será iniciado o Sínodo ordinário dos bispos em Roma. O tema será: A vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo. Trata-se de um tema que diz respeito diretamente a um Movimento de leigos como o nosso. Não é cedo demais para pensar nele, para acompanhar sua preparação com oração, reflexão e a comunicação de nossa experiência vivida. Trata-se, é certo, de uma assembléia de bispos escolhidos por suas próprias conferências episcopais. Mas eles não preparam essas assembléias sózinhos. Os Lineamenta, uma espécie de resumo das questões a serem colocadas, estão sendo ou serão difundidos amplamente, e todos estamos convidados a refletir, respondendo, eventualmente, às enquetes que possam fazer os bispos, ou dando-lhes a conhecer nossas reações e nossas necessidades. Todavia, nossa participação somente será válida se tivermos pleno conhecimento desse documento e também de todas as riquezas que o Concílio nos ofereceu sobre esse assunto. Nossas reflexões teriam pouca base e em conseqüência pouca seriedade se ignorássemos alguns dos principais textos, tais como: A Constituição Dogmática sobre a Igreja (L.G.), o Decreto sobre o apostolado dos leigos (A.A.), o Decreto sobre a atividade missionária da Igreja (A.G.), a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual (G.S.). Gostaríamos, simplesmente de, baseando-nos nesses textos, recordar alguns dos traços que caracterizam a vocação do leigo (parágrafo que se intitula: Uma identidade reconhecida); em seguida, falaremos de sua missão (Uma missão definida). Para terminar, poderemos nos interrogar sobre o específico da vocação e da missão do casal cristão. UMA IDENTIDADE RECONHECIDA: A VOCAÇÃO DO LEIGO O Concílio dedica um capítulo inteiro da "Lumen Gentium" aos leigos (capítulo 4, n. 0 30 a 38). Vejamos como o n. 0 31 de~creve ou define os leigos: "Estes fiéis, pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de Deus e a seu modo feitos partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo". -

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Não se trata, pois, de definir o leigo como se fez muitas vezes, ao partir do que ele não é: bispo ou sacerdote, religioso ou religiosa. O leigo é, em primeiro lugar e antes de tudo, um cristão em todo o sentido da palavra, não um cristão de segunda classe mas um "Christifidelis", um fiel na plenitude da dignidade recebida. Pelos sacramentos da iniciação cristã (batismo e crisma), está unido a Cristo pela fé. Tornou-se : membro do Corpo de Cristo, participando de sua vida (sem pretender ser, às vezes, braço e perna, mão e pé, mas um de cada vez); membro do povo de Deus, com uma dimensão comunitária (melhor do que coletiva já que o povo de Deus não é uma massa, mas uma sintonia de pessoas) . O cristão se reconhece, pois, comprometido inteiramente: membro do Corpo de Cristo, membro ativo e operante de uma comunidade de l:ristãos como ele e homem da Igreja ... O leigo é chamado a esta dignidade. O Concílio fala , em muitas ocasiões, da vocação dos leigos. Outra passagem da "Lumen Gentium" ressalta outro elemento dessa vocação . ~ o seguinte: "~ específico dos leigos por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no século, isto é, em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos do mundo. Lá são chamados por Deus, para que, exercendo seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, a modo de 'fermento', de dentro contribuam para a santificação do mundo." Aqui temos um novo elemento: " o caráter secular é próprio ~ peculiar dos leigos" (L.G. 31). O leigo vive e atua no mundo; é ati que ele exerce principalmente sua missão (sobre ela vamos falar no próximo subtítulo). Terminemos este primeiro título com esta frase que o resume (L.G . 33) : " Assim todo leigo, em virtude dos próprios dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja na medida do dom de Cristo (Ef 4,7)". -

Em virtude dos dons que lhe têm sido outorgados: é uma vocação gratuita e gratificante . Um testemunho e instrumento : é uma mtssao rica e variada segundo os dons , " as dignidades recebidas" e os " carismas" (graças específicas) .

UMA MISSÃO DEFINIDA: A MISSÃO DO LEIGO Um dos grandes benefícios do Vaticano I I foi lembrar que o leigo não pode permanecer passivo na Igreja , nem tampouco como cristão permanecer passivo no mundo . 12 -


Testemunhas são estas frases do Decreto sobre o Apostolado Leigo: "A vocação cristã é, pela sua própria natureza, vocação ao apostolado também" (A.A. 2). "Os leigos ... exercem, na Igreja e no mundo, a parte que lhes compete na missão total do povo de Deus". Com este mesmo Decreto pode-se distinguir várias direções para a missão do leigo: O apostolado de evangelização e de santificação, que requer o testemunho, mas além do testemunho a palavra de ensinamento, de alimento, de exortação. A renovação cristão da ordem temporal: "E tarefa de toda a Igreja colimar este objetivo, a saber: capacitar os homens para instruirem com retidão a ordem universal das coisas temporais e para orientá-la por Cristo a Deus. . . E preciso que o leigo aceite como tarefa sua instaurar a ordem temporal" (A.A. 7). O Concílio nos lembra, com insistência, esta dimensão total da missão da Igreja, que inclui o temporal. A obra redentora de Cristo, que consiste essencialmente na salvação dos homens, inclui também a instauração da ordem temporal. Portanto, a missão da Igreja não consiste só em levar aos homens a mensagem de Cristo e sua graça, senão também em penetrar do espírito evangélico as realidades temporais e aperfeiçoá-las. Assim, os leigos, ao realizarem essa missão da Igreja, exercem o apostolado, tanto na Igreja como no mundo" (A.A. 5). E preciso compreender que a ordem espiritual e a ordem temporal, embora distintas, "estão intimamente relacionadas no único propósito de Deus". Seria pois uma quimera se o leigo pretendesse transformar o mundo, modificar as estruturas, instaurar a paz e a justiça, etc ... "O dever e o direito do leigo ao apostolado deriva de sua união com o Cristo Cabeça do Corpo Místico". ("Sem mim, nada podeis fazer".) Monsenhor Cordes dizia que temos que redescobrir este elo entre santidade e transformação do mundo, entre a adesão total a Cristo e respostas a dar às necessidades dos homens. Padre de Lubac dizia o seguinte: "As renovações mais decisivas saem menos do plano dos reformistas que das criações dos Santos". O ESPEClFICO DOS LEIGOS CASADOS E conveniente reclamar para os leigos casados uma vocação e uma missão específicas? Certamente convém reconhecer para os leigos casados uma vocação particular que é consagrada por um sacramento, e, por conseqüência, também uma missão particular (ou que deve ser exercida de uma maneira particular) dentro da Igreja e no mundo.

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A unidade que lhes confere o sacramento do matrimônio cria em suas vidas uma " condição conjugal " que tem suas características próprias. I untos para acolher a vocação comum à santidade - ajudam-se mutuamente a progredir. . . Juntos assumem no mundo uma missão de procriação e educação, limitada no tempo, e uma missão permanente de promoção e ordenação das realidades terrenas (exercício de uma profissão, acolhimento, preocupação com o bem comum e outras). Juntos recebem a missão de refletir o mistério da união de Cristo e da Igreja, mistério fundamental da multiplicidade divina. Juntos dão testemunho da totalidade da doação mútua, da fidelidade recíproca, da fecundidade generosa e do mistério da Caridade. Têm a missão de ser no mundo e para o mundo o símbolo do amor autêntico: de um amor possível (apesar de todas as incredulidades), de um amor que perdoa (apesar de todos os orgulhos), de um amor que progride (apesar de todas as rotinas) . Os " Lineamenta" podem parecer demasiadamente suscintos a esse respeito (façamos votos que o Sínodo seja mais explícito) , falam do apostolado individual e em seguida do apostolado coletivo . Parece-nos que deveria haver entre os dois um campo específico desta comunidade " sui generis" que constitui o casal sacramentalmente unido .

CONCLUSOES Um campo intenso se abre aos leigos : convém abordá-lo com entusiasmo e humildade. No exercício da missão do leigo é evidente que existem perigos. f. preciso ter consciência deles: •

O perigo do clericalismo dos leigos (com o paralelo que seria o laicismo do Clero) . Dos leigos e dos pastores esperam-se muitos bens para a Igreja. O perigo de uma fuga do temporal ou de uma imersão no temporal.

Todavia, estes são perigos que podem ser evitados: • • •

Com a oração . Com o discernimento espiritual. Com a correção conjugal e fraterna. O cônjuge e a equipe têm o direito de opinar sobre os nossos compromissos .

Estes perigos ressaltam a necessidade de uma auto-formação permanente que fortifique em nós: •

A fidelidade à revelação.

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formação

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A atenção aos demais e às suas necessidades. João Paulo li dizia em Liege: "A ação cristã no mundo que quer fazê-lo crescer, como faria o fermento, não surge dos meios puramente humanos, menos ainda da propaganda ou da pressão. Não é um trabalho técnico, econômico ou político. t uma convocação, um testemunho, um apostolado que evangeliza as pessoas tanto quanto as estruturas, ou, dizendo melhor, que evangeliza as estruturas através das pessoas. Trata-se de suscitar uma humanidade nova e, por conseguinte, homens novos. E isto é, indubitavelmente, obra para o Espírito Santo, ao qual os cristãos devem prestar sua ajuda de forma transparente, preocupados com a sua própria santificação. (João Paulo 11, Liege, 19 de maio de 1985). (Artigo extraído da Carta Espanhola de outubro de 1985).

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NOTtCIAS BREVES - Realizou-se em Quito, Equador, de 24 de fevereiro a 5 de março de 1986, com 60 participantes da América do Norte e América Latina, o 1." Encontro Americano de Pastoral Familiar. Tratou, entre outros assuntos; da elaboração de Projetos sobre Planejamento Familiar por Método Natural. - Tratou-se, no mesmo Encontro, da preparação do 4.• Congres3o da FIDAF (Federação Internacional de Ação Familiar). a se realizar em Ottawa, Canadá, de 24 de junho a 3 de julho de 1986. - Na 3.' Reunião de sua Comissão Nacional, de 4 a 6 de março de 1986, os Assessores da Pastoral da Juventude da CNBB trataram da preparação do Dia Nacional da Juventude, que será comemorado no 1.• domingo de outubro vindouro .

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RELEMBRANDO A HISTóRIA DO MOVIMENTO " Meus irmãos, considerai-vos plenamente felizes, quando vierdes a encontrar-vos em provações de toda a espécie, sabendo que a vossa fé assim provada produz a perseverança." (Tg . 1, 2-3)

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OS ANOS 50/ 72 NO BRAS I L

Como se relatou no artigo precedente, em 1950 forma-se a primeira equipe de língua diferente da francesa e fóra da Europa, tendo cabido ao Brasil esta experiência e privilégio . Após aquele 13 de maio de 1950, já decorridos 36 anos, justifica-se dar uma parada e voltar os ·olhos para trás , não com o espírito de quem queira se furtar a prosseguir, se louvando simplesmente na contemplação de um passado bem sucedido. E para que esse passado sirva de estímulo às novas gerações de casais e mostre que nem tudo foram flores, mas tudo produto de trabalho, perseverança, e sobretudo muita oração. A Equipe n.u 1 - N. S. das Graças - é pilotada por correspondência, diretamente da França, e o Movimento no Brasil tem seu ponto de apôio logístico inicialmente em uma residência de um casal, - o casal Moncau - , que passou a se corresponder com o Pe. Caffarel e outros casais de Movimento, na França. As cartas dessa correspondência se constituíram, em última análise, numa verdadeira pilotagem antes, e logo depois numa ligação eficaz, profícua e fecunda . Outro ponto de apôio, e este mais importante sem dúvida, foi o da oração do grupo, que se reunia periodicamente, fiel aos princípios e padrões do Movimento. O ideal equipista, foi se divulgando e se avolumando, inicialmente em São Paulo, depois em outras cidades do Estado e do Brasil. O período 50/ 72, foi marcado por muitos acontecimentos que não podem deixar de ser enumerados, para que nosso relato expresse aquele mínimo indispensável a uma reconstituição de fatos e eventos que se sucederam, e, no todo, formem um breve histórico do Movimento em nossa terra. As dificuldades iniciais não foram poucas . .. , mas duas delas merecem destaque : - A primeira, foi aquela decorrente do fato de ser, na opinião de alguns casais , um Movimento externo às nossas fronteiras , -

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e, talvez, não facilmente adaptável a nossos costumes e hábitos, e, por outro lado, não responder possivelmente às nossas necessidades espirituais. Foi bastante difícil vencer esta barreira e persuadir aqueles casais da universalidade do Evangelho que desconhece fronteiras. A segunda, não foi menor que a primeira, por ser ele um Movimento leigo e ser organizado e dirigido por leigos. Ao que se sabe, só havia no Brasil naquela altura, dois movimentos católicos desse tipo: A Confederação das Famílias Cristãs e a Sociedade de São Vicente de Paula ou Vicentinos. Não se tinha naquela oportunidade ainda, a sustentação do "aggiornamento" que soprou forte no Concílio Vaticano 11, que pôs por terra todas aquelas críticas, hoje já tidas e havidas como anacrônicas, face à importância e corresponsabilidade atualmente conferidas ao leigo na condução do 'POVO DE DEUS". Mas vamos à cronologia dos fatos: Em 1950 -

13 de maio: B lançada a Equipe n. 0 1, N. Sra. das Graças em São Paulo;

Em 1954 -

Realizou-se no mês de abril, o primeiro retiro de dois dias para casais equipistas. Até então realizavam-se apenas dias de recolhimento, em duração de um dia; O primeiro encontro de Casais Responsáveis;

Em 1955 -

O Casal Moncau e Côn. Caffarel, 1957

Em 1957 -

Ocorre a primeira visita do já Cônego Caffarel, quando o Movimento no Brasil contava com oito equipes em São Paulo, uma em Florianópolis, uma em Campinas, uma em Jaú, uma em Curitiba e uma em Porto Alegre, num total de treze equpies; -17-


Criou-se nesta ocasião, oficialmente, o primeiro Setor, do qual já havia um "embrião" em funcionamento desde 1953; Neste mesmo ano de 1957 formam-se os primeiros Círculos Familiares, alguns dos quais, mais tarde, transformam-se em Equipes de Nossa Senhora; Em 1959 -

Equipistas brasileiros participam da grande Peregrinação a Roma, no ano em que se comemorava o 21. 0 aniversário da criação dos "Grupos Caffarel".- Era o ano da "maioridade" do Movimento;

Em 1961 -

Funda-se a Região Brasil;

Em 1962 -

Volta ao Brasil o Côn. Caffarel, e, desta vez encontra 167 equipes, doze vezes mais que cinco anos antes, distribuídas e compondo quatro Setores. As cidades alcançadas pelo Movimento são: São Paulo; Florianópolis; Campinas; Jaú; Curitiba; Porto Alegre. Ainda: Santos; Ribeirão Preto; São Carlos; Rio de Janeiro; Caxias; São José dos Campos; Marília; Guaxupé; Belo Horizonte; Araçatuba; São José do Rio Pardo; Limeira; Americana; Taubaté; Judiaí e ltú. - Diante deste crescimento do Movimento, o Côn. Caffarel recomenda maior empenho no aprofundamento espiritual das equipes existentes do que na formação de novas;

Primeira sessão de formação - 1962 (em Valinhos, com o Côn. Caffarel)

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Em 1963 -

Ocorre a subdivisão da Região Brasil em três Regiões e, assim forma-se a E.C.l.R.- Equipe de Coordenação Inter -Regional;

Em 1965

Inicia-se o Movimento em Petrópolis e Brusque;

Em 1969

As Regiões são desdobradas em 10 (dez), atendendo a uma redistribuição geográfica mais adequada;

Em 1970

Equipistas brasileiros participam da Peregrinação a Roma;

Em 1971

O Movimento conta com 307 equipes no país, 46 equipes em pilotagem. Já éramos 10 Regiões, 24 Setores, 8 Coordenações, abrangendo 66 cidades distribuídas em 7 Estados;

Em 1972 -

Ocorre a terceira visita do Côn. Caffarel ao Brasil, como que uma despedida, pois em março do ano seguinte, anunciaria que ao completar os 70 anos de idade, deixava a responsabilidade da orientação espiritual do Movimento e passava a se dedicar a uma vida de oração.

No próximo número, a CM abordará os eventos do Movimento no mundo, no mesmo período dos anos 50 a 73 .

*

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NOTICIAS BREVES - Segundo os últimos levantamentos. o Brasil tem o 3: episcopado do mundo: 367 bispos, quando a Itália está com 451 e os Estados Unidos com 399. A Igreja no Brasil tem 6 Cardeais , dos quais 4 em suas sedes metropolitanas, um Emérito e um em Roma; 49 Arcebispos e 312 bispos . - Já se encontra nas livrarias, lançado pelas editoras católicas (Vozes , Paulinas, Loyola) a Instrução Sobre a Liberdade Cristã e a Libertação, divulgada pela Congregação para a Doutrina da Fé. da Santa Sé, em 5 de abril de 1986. O documento, de grande profundidade , é de suma importância para todos os católicos .

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O DOM DE SER EM MARIA Nenhum título dá a Maria tanta fidelidade quanto o ter desafiado o mundo, dando-lhe a mais completa lição de humildade: "Eis a serva do Senhor". Nada mais é preciso para elevar Maria como o centro do plano de Deus para a redenção. Nela o Amor encontrou repouso, nela a morte se fez Vida, nela a esperança do homem se tornou a Verdade que liberta. Ninguém que tenha descoberto a Cruz consegue ficar distante do "sim" de Maria, nem é capaz de viver outro ''sim" que não o dela. Cristo, seu Filho, é a pedra angular da Vida; Maria foi o "sim" pelo qual o Filho revelou ao homem o Pai. Por isso Maria é o anúncio do Pai, ela que gerou o Filho do mistério do Amor que fecunda a Igreja, nela revelando e construindo o dom da Vida que liberta o homem de toda a angústia e o eleva à felicidade de ser filho. Maria é o dom do Pai que recria o paraíso e dá a conhecer ao homem todo o mistério da Fonte da Vida. E Maria é, em si mesma, a fonte da profundidade de o homem ter-se reabilitado no Cristo e ter reencontrado o caminho da libertação, da sua páscoa, de reencontrar-se. No entanto, que homem é sábio para entender e des· vendar o mistério maravilhoso de um Deus que é tudo, o princípio e o fim, que não precisa de nada e de ninguém para "ser", mas que Se fez profunda e eterna humildade ao doar-se à mulher que é Sua mãe? Através de Maria o universo todo foi recriado, o próprio homem nela se aninhou, cheio de esperança e de paz (cf Is 35,1-2). Maria é, indiscutivelmente, a extraordinária oferenda do Pai aos homens e, ela mesma, o dom de ser o amor através do qual o Pai entregou o Filho aos homens. Isto porque Maria se orientou fundamentalmente para Deus: quis o que Ele quer; conheceu o que Ele conhece; amou o que Ele ama. "Cada homem, ensina Thomas Merton, tem a vocação de SER alguém, mas ele deve compreender claramente que para responder à sua vocação, não pode ser outra pessoa senão ele mesmo". Eis Maria, Maria identificada com o Filho plenamente, ela mesma, porque ela é o Filho, "porque a alma obediente ao movimento interior do Espírito Santo é levada e impelida pela caridade a agir como um filho de Deus" (São Paulo na sua segunda carta aos Coríntios explica muito bem). Maria é tudo o que ela é, como a conhecemos ou como não a conhecemos. . . ela se apresentou como é diante do Pai, tal qual Ele é.

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O grande segredo da felicidade de Maria, pois, foi não querer ser compreendida nem consolada pelo Pai mas . . . amá-Lo. Parece-me ter chegado ao profundo significado do "sim" de Maria que normalmente não conseguimos entender, talvez porque não somos verdadeiros com nós mesmos nem com o outro e menos ainda com Deus. Maria, porém, atingiu esse estágio : em primeiro lugar, e acima de tudo, por ter amado a Verdade; em segundo, porque descobriu sua total e absoluta dependência ao Pai. Assim, Maria viveu o Amor porque amou a Deus querendo o que Ele quis. Deve ter entendido isso, que não apenas deveria aceitar pacificamente o sofrimento, mas santificá-lo, pois sofrimento pela Cruz é paz e vida. Foi no sofrimento que Maria se descobriu. Ela experimentou a Cruz muito antes que seu Filho estendesse os braços para a· humilhação da morte ignominiosa, mas descobriu que a imolação do seu Filho era menos importante diante da glória ao Pai que ela aprendeu a amar profundamente. Tudo isto- e muito mais ainda - personaliza o "sim" de Maria, cuja identidade com a vontade do Pai nasce Dele mesmo. Creio que Maria, apesar de todas as suas limitações, embora predestinada, descobriu a felicidade dos filhos de Deus quando disse consciente o " sim" livre que é a santidade dos filhos de Deus. BENI - Equipe 6 (do Boletim de Jundiaí)

O "SIM" DE MARIA ÉA PRIMEIRA PALAVRA

DA IGREJA

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DEPOIMENTO

CONFIAR COMO CRIANÇAS ·Pai, ajuda-nos a viver, dia a dia, com a certeza de que nosso bem mais valioso é Tua presença em nossas vidas· .

"Disse Jesus: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçals, porque o reino de Deus é daqueles que se parecem com elas.· (Lc. 18,16). Só agora, com o meu tratamento de câncer, vim entender bem o que Jesus quis dizer com estas palavras . Para os cristãos, a mensagem é ter confiança em Deus, como uma criancinha confia nos seus pais. f na doença, no sofrimento e na dor que mais devemos nos achegar a Jesus, nos entregar, nos abandonar em Deus, como criança que chora no colo da mãe. ~ isso que tenho feito nos momentos de maiores crises e são tão grandes os benefícios que os quero testemunhar. A mensagem que eu queria dar aos doentes e suas famílias que passam por este mesmo drama, é de entrega e confiança ao Pai. Conheço pessoas que escondem a doença de integrantes de sua família como se tivessem um mal que causa vergonha. Com esta atitude, privam seus parentes doentes da solidariedade de outros irmãos. Afastam-no dos outros como os leprosos eram afastados da sociedade na época de Jesus. Jesus está conosco hoje tanto quanto naquela época com os doentes; Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre. Jesus veio ao mundo para fazer a vontade do Pai, e parte dessa vontade foi curar os doentes. Se oferecermos a Deus a enfermidade, as dores, as cruzes, esta oferta se torna sobrenatural, se associa à paixão de Cristo, purifica, santifica, dá força acima de nossas forças, dá grande paciência e nos faz encontrar o sentido de viver, mesmo sofrendo. Devemos carregar nossa cruz com amor, como Jesus o fez. A vontade do Pai não é que aceitemos a doença com fatalismo. "Deus quis assim". Ele quer que lutemos com uma fé otimista. Se não conseguirmos a cura, estaremos, pelo menos, contribuindo com os cientistas médicos, para as pesquisas que poderão trazer a cura para outros irmãos. Aqui somos instrumentos. Também podemos conseguir a cura; os mistérios de Deus para conosco são insondáveis. Quem é que sabe! A cura é uma esperança, não uma garantia. Se acontecer, um maravilhoso milagre aconteceu. Se não acontecer, não houve abandono por parte de

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Deus. Ele pode usar até a enfermidade para produzir algo de bom para a pessoa doente. Não podemos nos desesperar e os parentes não têm o direito de tirar a esperança de seus doentes com um conformismo não cristão. Deus quer que você , na doença, se porte com a dignidade de filho de Deus e imitando Jesus; ore para haurir toda a força de suportar o sofrimento" (do livro "Deus quer o sofrimento? " pág. 13 - Ed. Paulinas) e eu acrescento: Lutem! para Deus nada é impossível. Se não vier a cura, posso testemunhar, seus familiares conseguirão uma grande paz de espírito. lrene B. Figueira Eq . 10 - Campinas/SP

-oRETIROS Recebemos dos diversos Setores a seguinte programação de retiros:

JULH0/86 25/26/27

Florianópolis

AGOSTO 30/31

Guaratinguetá

SETEMBRO 05/06/07 18/19/20 26/27/28

Florianópolis Porto Alegre Porto Alegre

Morro das Pedras Vila Betânia Vila Manresa

OUTUBRO 03/04/05 17/18/19 25/26

Porto Alegre Porto Alegre Piracicaba

Vila Betânia Vila Manresa

NOVEMBRO 07/08/09 15/16

Porto Alegre Porto Alegre

21/22/23

Porto Alegre

Vila Manresa Vila Betânia [p/ filhos de equipistas) Vila Betânia

DEZEMBRO 19/20/21

Florianópolis

Morro das Pedras

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Morro das Pedras


V I DA E OBRA DOS SANTOS

Sentimos uma dificuldade muito grande para escolher o Santo do mês de junho. Pensamos em Santo Antonio, em São Pedro, em São Paulo, Santo lrineu, São J ustino e tantos outros. Falando sobre qualquer um deles, teríamos oportunidade de trazer para vocês coisas maravilhosas, mas acabamos optando por outro: SÃO CIRILO DE ALEXANDRIA, que deve ser conhecido muito especialmente por nós, das ENS, que temos a MÃE DE DEUS como a nossa grande protetora. Sua festa é celebrada no dia 27 de junho.

SÃO CIRILO DE ALEXANDRIA (t 444) Assim como Santo Atanásio foi o principal defensor da doutrina católica no Concílio de Nicéia, em 325, cujo marco doutrinai é o Credo que rezamos, São Cirilo de Alexandria foi praticamente o responsável pelo Concílio Ecumênico em Efeso, em 431. Esse Concílio realizou-se num clima de profunda animosidade contra um monge de nome Nestório, que, além de perturbar o povo de Deus com uma heresia sobre a pessoa de Jesus, combatia também o título que tradicionalmente o povo dava a Maria, chamando-a Mãe de Deus. São Cirilo, nesse Concílio, conseguiu que fosse rejeitada a doutrina nestoriana e proclamada a doutrina ortodoxa em favor da maternidade divina de Maria Santíssima. A memória do Concílio de Efeso ficou gravada nos mosaicos que o Papa Sisto 11 mandou colocar no arco triunfal da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, e que ainda hoje se podem admirar. A doutrina ortodoxa foi enunciada com estas palavras: "Há um só Cristo, um só Filho de Deus, um só Senhor; e pela união, não confusão, das duas naturezas, divina e humana em Cristo, a santa Virgem Maria é chamada Mãe de Deus". DISCURSO PRONUNCIADO NO CONCíLIO DE EFESO Grande honra, para mim, elevar a voz ante tão ilustre assembléia de veneráveis Padres. Meu ânimo, profundamente penalizado pela ímpia blasfêmia de Nestório, suspirava pela celebração deste Concílio, cheio de harmonia e de encantos, concílio angélico, celestial.

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Salve, ó Maria, Mãe de Deus, virgem e mãe, estrela e vaso de eleição! Salve, Maria, virgem, mãe e serva: virgem, na verdade, por virtude daquele que nasceu de ti; mãe por virtude daquele que cobriste com panos e nutriste em teu seio; serva, por aquele que tomou de servo a forma. Como Rei, quis entrar em tua cidade, em teu seio, e saiu quando lhe aprouve, cerrando para sempre sua porta, porque concebeste sem concurso de varão, e foi divino teu parto. Salve, Maria, templo onde mora Deus, templo santo, como o chama o profeta Davi, quando diz: "O teu templo é santo e admirável em sua justiça". Salve, Maria, criatura mais preciosa da criação; salve, Maria, puríssima pomba; salve, Maria, lâmpada inextinguível; salve, porque de ti nasceu o sol da Justiça! Salve, Maria, morada da infinitude, que encerraste em teu seio o Deus infinito, o Verbo unigênito, produzindo sem arado e sem semente a espiga incorruptível. Salve, Maria, mãe de Deus, aclamada pelos profetas, bendita pelos pastores, quando com os anjos cantaram o sublime hino de Belém: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. Salve, Maria, Mãe de Deus, alegria dos anjos, júbilo dos arcanjos que te glorificam no céu! Salve, Maria, Mãe de Deus: por ti adoraram a Cristo os Magos guiados pela estrela do Oriente; salve, Maria, Mãe de Deus, honra dos apóstolos! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem João Batista, ainda no seio de sua mãe exultou de alegria, adorando como luzeiro a perene luz! Salve, Maria, Mãe de Deus, que trouxeste ao mundo graça inefável, da qual diz São Paulo: "apareceu a todos os homens a graça de Deus Salvador". Salve, Maria, Mãe de Deus, que fizeste brilhar no mundo aquele que é luz verdadeira, nosso Senhor Jesus Cristo, que diz em seu Evangelho: "eu sou a luz do mundo!" Deus te salve, Mãe de Deus, que alumiaste aos que estavam em trevas e sombras de morte; porque o povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, uma luz não outra senão Jesus Cristo Nosso Senhor, luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo. Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem se apregoa nos Evangelhos: "bendito o que vem em nome do Senhor por quem se encheram de igrjeas nossas cidades, campos e vilas ortodoxas! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem veio ao mundo o vencedor da morte e o destruidor do inferno! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem veio ao mundo o autor da criação e o restaurador das criaturas, o Rei dos céus! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem floreceu e refulgiu o brilho da ressurreição! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem luziu o sublime batismo de santidade no Jordão! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem o Jordão e o Batista foram santificados e o demônio foi destronado! Salve, Maria, Mãe de Deus, por quem é salvo todo espírito fiel! Salve, Maria, Mãe de Deus, pois acalmaste e serenaste os mares para que pudessem atravessá-los, com bonança nossos servos e cooperadores,

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conduzindo-os, com alegria e júbilo espiritual, a esta assembléia de entusiásticos defensores de tua honra! A vinda dos Santos Padres inundou de paz esta terra, perturbada pelos ladrões (da heresia), como estava escrito: "como são belos os pés dos que anunciam a paz . .. " Que paz? A paz que é nosso Senhor Jesus Cristo, anunciador da Paz, que diz nos evangelhos: "Minha paz vos dou". Que paz? A paz que o blasfemo Nestório perturbara, negando que de Maria Virgem nasceu o Verbo e Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele não quis reconhecer a inviolável virgindade de Maria, nem crer na palavra do arcanjo: "Ave, cheia de Graça, o Senhor é contigo". Subornador de incautos, para despojar da divindade o unigênito Filho de Deus, inventou essa blasfêmia, essa ruina de almas. Quem jamais ouviu coisas tão horrendas e tão terríveis? Cristo, Deus Verbo, anunciado pelos profetas e pregado pelos apóstolos, transformado aqui em puro homem! Chamar a Mãe de Deus, Mãe tão-somente de um homem! Se não queres crer nos profetas, nos apóstolos, no arcanjo Gabriel, imita ao menos teus companheiros de petulância, os demônios, que gritaram horrorizados : "Que temos de comum contigo, Jesus, Filho de Deus? Antes do tempo vieste a atormentar-nos?" Se, então, o próprio demônio disse; "antes do tempo", eis que agora, por fim, chegou em ti. .. Coisa tremenda e assombrosa! Os demônios, com seu p::ti, o diabo, chamam Filho de Deus o que nasceu de Maria Virgem. Nestório reduz a um mero homem o Filho de Deus! Ninguém, porém, ao ouvir-nos dizer estas palavras, julgue que nos alegramos com sua desgraça! Ao contrário: quando caíste ao fundo de tua blasfêmia, estendemos-te a mão através de cartas; e se insististe em contumácia, foi desprezando nossas advertências. Testemunha disso é Celestino, santíssimo arcebispo de todo o orbe, Pai e Patriarca da grande cidade de Roma, o qual diretamente te escreveu exortando-te a que desistisses de tua inconcebível blasfêmia. Desobediente para com ele, tu te vangloriaste e te envaideceste na insensatez. Convertido em invasor do mundo, perturbaste a paz das quatro partes da terra; e por tua causa foi necessário que todos os santos se congregassem aqui, à custa de mil fadigas. Por isso, Deus te destituirá de teu sacerdócio, te privará da sabedoria dos Padres, e serás afastado da cidade imperial e do trono pontificai, que injustamente obtiveste. (Textos utilizados: O Santo do Dia (Editora Vozes) e Antologia dos Santos Padres (Paulinas) .

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AQUI SE FALA ...

SUAVEMENTE

Na mesma galeria da cidade, duas lojas disputavam clientes. Uma delas, a mais sofisticada, colocou este cartaz, dentro da vitrine: "Aqui se fala inglês, francês e alemão". Anúncio assim por certo chamaria a mais vasta clientela ... O dono da loja mais simples, ao ver aquele cartaz, coçou a cabeça, temendo que perderia seus fregueses. Criativo como era, elaborou também um cartaz. Um texto singelo, mas de muito bom gosto, com os seguintes dizeres: - Aqui se fala. . . suavemente! Deus não exige coisas extraordinárias de nós: fazer o que não conseguimos, falar muitas línguas ... Deus nos pede que saibamos falar o Seu idioma para captar o que Ele tem a nos dizer. E para comunicarmos docemente aos outros o que Ele nos transmitiu, no silêncio do coração. Jesus, na Palestina, foi alguém cheio de ternura e mansidão. Amava as crianças, os humildes, os deserdados. Não espera de nós decisões geradoras de angústia ou apreensão. Espera que confiemos nEle o suficiente para assinar o nosso nome, numa folha em branco, deixando que Ele a preencha. Deus espera que O aceitemos em nossa vida, seja qual for o caminho que Ele nos impõe, ou a prova à qual nos submete. Nossa existência ganha novo sentido de dignidade, quando descobrimos que somos um evangelho para os outros. Naquela simples frase - Aqui se fala. . . suavemente - está inserido algo de muito profundo do Evangelho: a mansidão. "Bemaventurados os mansos de coração ... " Se não pudermos realizar feitos extraordinários, tentemos pelo menos falar suavemente num mundo de tanta poluição sonora, onde as pessoas gritam suas desesperanças. Amar é confiar e esperar. Falar suavemente é um gesto de caridade. Falar suavemente é a Palavra de Deus, viva e eficaz, caindo no terreno fértil do nosso existir. Maria Sandenberg

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"EU SOU A RAINHA DA PAZ .. " Hélêne e Peter Nadas pertencem à Equipe Nossa Senhora do Desterro, do Setor D de S. Paulo, e viraram notícia até de revista de circulação nacional a partir de um audivisual sobre as aparições de Nossa Senhora de Medjugorje*, que estão apresentando em diversos locais, divulgando não só o fato mas principalmente as mensagens da Virgem Santíssima. Como não podia deixar de ser, neste mês em que se celebra a festa de N. Sra. Rainha da Paz e também o quinto aniversário das aparições, a C. M. interessou-se em transmitir a seus leitores a experiência do casal, ·por meio da entrevista que segue.

C.M.

Onde fica Medjugorje e como é a região?

R:

Medjugorje, que significa " entre os montes do sul", é um vilarejo da Herzegovina (diocese de Mostar) situado numa região pobre e erma do Sul da Iugoslávia, quase divisa com a Albânia. um canto meio esquecido de um país comunista, cujos habitantes falam o Croata e cultivam a vinha e o tabaco, num terreno coberto de pedras.

e

C.M.

O que está ocorrendo em Medjugorje?

R:

O que está ocorrendo lá é indédito e umco na história da cristandade. Desde o dia 24 de junho de 1981, Nossa Senhora tem aparecido todos os dias, (portanto mais de 1.600 vezes) a seis jovens, cuja idade, quando as aparições começaram, variava de 10 a 16 anos. Essas aparições se colocam na mesma linha das grandes apa- · rições do século XIX e do começo do século XX, reconhecidas oficialmente pela Igreja. Em todos esses casos, os videntes são pessoas jovens, simples, descompromissadas com a engrenagem social e vivem em ambientes pobres. Existe ainda uma harmonia muito grande entre essas aparições, pois todas elas transmitem a mesma mensagem.

*

Ver Carta Mensal de maio de 1985.

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C.M.

Qual é a linha das mensagens de Med;ugorie?

Peter:

As mensagens se baseiam em cinco pontos principais: Paz, Fé, Conversão, Oração e Penitência. Não existe nada de novidade ou de coisas extraordinárias nas mensagens de Nossa Senhora. O que ela diz está no Evangelho: "€ necessário converter-se a Deus para reencontrar a Paz", diz ela. Ela mesma se denomina "Rainha da Paz". O que, porém, nos parece significativo é o tom de urgência que Nossa Senhora transmite em suas mensagens. € como se nossa mãe nos suplicasse insistentemente para que mudássemos de vida, enquanto é tempo. C.M. Existe uma coletânea dessas mensagens? Hélene: Sim. Serge, um rapaz francês que acolhe peregrinos em Medjugorje, prometeu enviá-las para nós, e tem cumprido sua promessa. Nós as traduzimos e as enviamos àqueles que nos pedem. Já estamos enviando para 1.000 pessoas. As últimas mensagens recebidas são do mês de Março. Interessante lembrar que essas mensagens, nós as temos enviado também para o Perú, Cuba e Chile. C.M. As mensagens de Nossa Senhora têm sido atendidas? R: Na paróquia de Medjugorje as mudanças são impressionantes. Antes das aparições, as pessoas reclamavam quando a missa demorava um pouco mais. Hoje eles passam três horas por dia na Igreja, rezando o rosário, assistindo à missa e fazendo adoração. € comum rezarem quando voltam para suas casas, nos campos, no trabalho. Apesar de todas as dificuldades (país comunista, distância, perseguições, etc.) cerca de quatro milhões de peregrinos acorreram a Medjugorje, provindos de diversas regiões do mundo inteiro. E as conversões têm sido o ponto mais palpável das aparições. C.M. Peter:

E vocês, como chegaram a Mediugorie? Esta é uma longa história . . . Recapitulando todos os acontecimentos que nos fizeram chegar lá, vemos hoje que Nossa Senhora nos guiou o tempo todo. Para Hélene, Nossa Senhora já era "parte da família", mas para mim, posso dizer que nossa vida está dividida em antes e depois de Medjugorje. Isso porque os enfoques das nossas prioridades passaram a ser outros depois dessa viagem. Para sintetizar esta pergunta podemos dizer que chegamos lá porque Nossa Senhora assim o quis.

C.M.

Conta-nos um pouco do " depois de Mediugorie".

R:

Apesar de não ser dogma de fé, nós dois cremos firmemente nas aparições da Virgem e na veracidade de suas mensagens. Por isso resolvemos montar um audiovisual para mostrá-lo aos

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nossos familiares e amigos. E interessante ressaltar que nunca oferecemos para mostrá-lo a ninguém, mas a partir da projeção em nossa casa, onde apareceram amigos e amigos dos amigos, nunca mais paramos de ser solicitados a exibí-lo. Em média fazemos três projeções por semana. Quantas pessoas, vocês calculam, assistiram às suas projeções?

C.M. Hélene: Esse audiovisual já o projetamos nos mais variados locais: casas de família, paróquias, escolas, casas de retiro, festas de aniversário, etc., para o mais variado público. Mesmo a associação de catadores de papel viu esses slides. Até o fim de março, mais de sete mil pessoas já viram o nosso audiovisual. Assunto tão interessante poderia estender-se ainda mais não fosse nosso limitado espaço. Despedimos de Hélene e Peter, que tão gentilmente nos acolheram, e em nome de todos os equipistas agradecemos-lhes a disponibilidade com que estão divulgando as aparições de Nossa Senhora e pedimos-lhes que continuem a ser "arautos" de Medjugorje aqui no Brasil.

A igreja de São Tiago, em Medjugorje

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NOTICIAS DOS SETORES Casais Correspondentes Atendendo ao apêlo da Equipe da Carta Mensal, vários casais responsá· veis de setores e coordenações já in· dicaram o seu ·casal correspondente · cuja missão é enviar, periodicamente , noticias para publicação na Carta Men· sal. Continuamos aguardando a indicação pelos setores e coordenações que ainda não o fizeram .

Volta ao Pai - Miguel Antonio Matheus (da Zita). responsável da Equipe 3 - N. S. Mãe da Igreja de Lins/SP, vítima de um enfarte à saída da Igreja após assistir a Santa Missa e ao casamento de um seu funcionário . Além de equipista , Miguel era também cursilhista e vicentino, grande batalhador no angariamento de fundos para fins caritativos . Ser· via sempre pelo Cristo, sem esperar reciprocidade, ou nem mesmo pensar nela. Seus irmãos equipistas de Lins pedem a Deus que " um dia todos juntos de mãos dadas nas mesmas estra· das nos encontremos na paz do Senhor e que a Zita tenha forças para en· frentar o embate que a vida vier a lhe exigir ".

Tardes de Reflexão 1) No último dia 22 de março realizou-se na Capela N. S. Aparecida uma tarde de reflexão organizada pelo ca· sal Terezinha e Luís da Equipe n.0 8 de Jacareí/SP . As palestras proferi· das pelo Pe . Silvio de São José dos Campos versaram sobre Escuta da i>a· lavra e Campanha da Fraternidade. Os temas foram abordados com grande profundidade e entremeados por tes·

temunhos e depoimentos de alguns dos equipistas presentes, sobretudo quanto à importância da Escuta da Palavra em nossas vidas . 2) Conforme programação estabelecida pelo Setor de ltú/SP, foi reali· zada em 15 de fevereiro passado uma Tarde de Reflexão, ocasião em que os casais equipistas presentes tiveram a oportunidade de refletir sobre o tema " Vós sois o Corpo de Cristo • proposto pela ECIR para o ano equipista. Frei Martinho, com muita propriedade, dis· correu sobre o tema , e Nenita e João Navarro da Equipe n.0 2, falaram sobre o caminhar das equipes .

Encontro de Casais de Ligação Promovido pela Região S. Paulo SUL I (grande S. Paulo, Baixada San· tista e Moji das Cruzes) no último dia 12 de abril das 8 às 17 horas no Co· légio Sta. Catarina de Sena em São Paulo , com a participação de casais que já exerceram ou vão exercer essa missão de tanta importância para o Movimento. Foi um dia de estudo , re· flexão e troca de idéias sobre essa função fundamental para a garantia da unidade e do espírito das E. N. S.

Agradecimento a um Conselheiro Espiritual Após 25 anos de relevantes ser· viços prestados às E. N. S., Pe. Darcy Almeida Pinto afasta-se do Movimento por vários motivos, entre eles, pesa· dos encargos paroauiais e também , questões de saúde. Vinte e cinco anos são uma vida! E essa vida de Con· selheiro Espiritual, Pe. Darcy começou em Pederneiras/SP com a chegada das ENS àquela cidade , onde foi assistente da Equipe n.0 1. Vindo depois

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para Baurú/SP, lá encontrou o Movimento "dando seus primeiros passos" e logo foi convidado para assumir os encargos de C. E. da Equipe n.0 4. Desde aquele outubro de 1960, jamais o Pe . Darcy deixou de participar e de partilhar da vida dos casais das ENS e agora, passando o seu "jubileu de prata" os casais da Equipe N. S. de Fátima, vendo-o afastar-se querem dizer-lhe : "muito obrigado e Deus lhe pague".

Encontro de Casais Responsáveis de Equipe Os casais responsáveis das equipes do Setor B de S. Paulo, tiveram o seu primeiro encontro do ano com o Setor no dia 11 de março passado, portanto, logo após as férias . O comparecimento, interêsse e coparticipação foram, como sempre, excelentes . Notou-se, com alegria, a disposição de todos para a caminhada conjunta como verdadeiras Equipes de Nossa Senhora .

Vigília e Noite de Oração No mês de março passado, a noite de oração do Setor de ltú/SP foi preparada pela Equipe n.0 2 e realiozu-se no dia 27 daquele mês coincidindo , portanto, com a vigília que todos os anos os membros das ENS daquele Setor fazem nas cerimônias da Semana Santa.

Novas Equipes - Rio de Janeiro - Setor B Equipe n.O 90 - N. S. da Glória Casal Piloto : Pina e Ferdinando (da equipe 11-B) Conselheiro Espiritual: Pe. Joaqu im (também C. E. da Eq. 22-B) A equipe é constituída por 8 casais jovens, com filhos pequenos, e que foram preparados durante dois anos pelo Pe. Joaquim. Foi lançada no dia 18 de abril último.

Vigília Quaresma! Organizada pelo casal Marly e José Roberto, da Equipe n. 0 7 de Jacareí/SP realizou-se a vigília quaresma! em 26 de fevereiro último. O tema, abordado pelo Pe. Jonas com grande profundidade, "As dimensões da fidelidade de Maria·, levou os casais a refletirem sobre como chegar a Deus através de Maria e a concluir que deve ser através de: - Uma busca ardente, paciente e generosa . - Aceitação da vontade de Deus, nem sempre coincidente com a nossa. - Coerência que nos leva a viver de acordo com o que cremos . - Duração permanente .

Retiro de Jovens Presença Missionária Após um ano de formação missionária através das Pontifícias Obras Missionárias (P. O. M.) e do Organismo de Miss ionários Leigos (0. M. L.), a jovem Maria Celina, filha de Celina e Luiz da Equipe n. 0 9 de Baurú/SP foi enviada, no último dia 9 de março , após uma Missa de Ação de Graças ;:>ara uma experiência como membro do C. I. M . I. Conselho lndigenista Missionário, que é a expressão da presença missionária junto aos povos indígenas. Maria Celina, contando com as orações de toda a famí lia equipista , está exercendo sua missão como enfermeira, na Aldeia Xerente , no norte de Goiás .

O Terceiro Retiro Anual de Jovens, reuniu 46 jovens entre 15 e 24 anos, fi lhos de equipistas de Guaratinguetá/ SP . Realizado na Casa das Pedrinhas em 15 e 16 de março passado, foi pregado pelos padres salesianos Pe. Adernar e Pe . Pescinatti, versando sobre Vocação e Campanha da Fraternidade. Frei Ulrich, C. E. dos jovens compareceu dando o seu apoio.

Reunião da Equipe de Coordenação Informam-nos Terezinha e Juvenal Louro, nosso casal correspondente em Fortaleza, sobre a reunião da Equipe

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de Coordenação em 22 de março último para elaboração do Calendário aquipista até o final do semestre . A reunião foi realizada no salão paroquial da Igreja da Piedade, aproveitando-se a ocasião para a celebração da missa mensal das equipes, após o que houve uma confraternização entre os casais das seis equipes de Fortaleza .

Encontro do Setor Em 23 de fevereiro passado ocorreu o primeiro encontro da Equipe do Setor de Guaratinguetá/SP com os Casais Responsáveis, Casais Pilotos e de Ligação e Conselheiros Espirituais. O objetivo, plenamente atingido, foi uma maior união entre as 10 equipes do Setor, entre-ajuda para o crescimento espiritual e maior unidade do Movi-

mento naquela cidade. Avaliado o encontro, os Conselheiros Espirituais julgam que deve haver mais ocasiões como essa.

Centro de Espiritualidade Franciscana As equipes do Setor de Guaratlnguetá/SP acham-se vivamente empenhadas na construção do C. E.F. Nossa Senhora das Graças, demonstrando de forma concreta o seu agradecimento e apoio aos conselheiros espirituais franciscanos , que tanto tem feito pelas equipes do Setor não apenas assistindo esoiritualmente aos casais equipistas mas também cedendo o seu Seminário para as missas mensais, encontres das crianças, filhos de equipistas, confraternizações e outros eventos do Movimento.

-oFotografias · comemorativas no Secretariado No decorrer da reunião da ECIR, realizada no Secretariado em 22 de março de 1986 -data em que se comemorava também o aniversário de Nancy Moncau - dois importantes quadros foram inaugurados naquele local: uma fotografia do casal Pedro e Nancy Moncau, fundadores de nosso Movimento no Brasil, e uma bênção de Sua Santidade o Papa Joãó Paulo 11, especialmente dirigida às Equipes de Nossa Senhora do Brasil, encimada por uma fotografia do Papa. A Carta Mensal, com todos os equipistas do Brasil Nancy e a foto do se associa à justa homenagem assim prestada ao casal Moncau casal Moncau. Como a série de artigos. intitulados • Relembrando a História do Movimento" vem testemunhando, foram Pedro e Nancy os escolhidos pelo Espfrito Santo para semear as Equipes de Nossa Senhora em nosso pafs. E, em boa parte, é graças a eles que todos nós podemos hoje colher os frutos tão ricos de nossa participação no movimento. Que o Senhor Todo-Poderoso os abençoe acolhendo a Pedro na ·intimidade da eternidade" e derramando sobre Nancy suas mais confortadoras graças! O quadro da bênção papal foi descerrado pelo Conselheiro espiritual da ECIR, o Pe. José Carlos di Membro. Na ocasião, ele também dirigiu as orações de todos os presentes, agradecendo ao· Senhor por Pe. José Carlos todas as graças recebidas pelo Movimento e por seus inaugura foto membros em todos esses anos. de João Paulo 11

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PAIS E FILHOS

O 7. 0 Retiro das ·ENS acontecido em Plndamonhangaba/SP, em Novembro de 1985, contou com a participação entusiasta e dedicada de filhos de equipistas, na equipe de serviço. Ao encerramento do retiro um dos jovens leu uma tocante mensagem escrita por eles , cujo texto transcrevemos:

QUERIDOS PAIS Hoje senti uma vontade imensa de escrever-lhes para poder dizer tudo aquilo que há tempo vai em meu coração e que não consigo falar pessoalmente. Percebo que a cada dia se tornam mais difíceis as nossas conversas e o tempo se torna cada vez mais curto; e quanto mais adultos vamo-nos tornando, mais nos afastamos uns dos outros. Embora eu não consiga demonstrar, existe dentro de mim, e eu sei que dentro de vocês também, um enorme desejo de mudar esta situação . De repente, eu parei e pensei : - O QUE ESTA ACONTECENDO COMIGO? O QUE ESTA ACONTECENDO COM VOC~S? O QUE ESTA ACONTECENDO NAS FAMfLIAS E COM OS JOVENS DE HOJE, QUE INSATISFEITOS PROCURAM CONSOLO NAS DROGAS, NA BEBIDA, NO AMOR FALSO? ... Tenho a impressão que muitos pais se acomodaram, achando que os filhos já crescidos não aceitam mais suas orientações e não são capazes de mudar. No entanto, gostaria de dizer a vocês que vale a pena tentar, porque embora seus conselhos sejam muitas vezes aparentemente recusados, eles deixam marcas pro~ fundas em nós. Nunca deixem de nos alertar contra os conceitos errados que temos da vida, mesmo que seja difícil, porque assim, mais tarde não poderemos acusá-los de nossos fracassos, e vocês terão a consciência tranqüila, porque não se omitiram. MEUS QUERIDOS PAIS, vamo-nos unir e vivermos mais um para o outro, procurando solucionar nossos problemas juntos, com amor e nos aceitando como somos. Sabemos que nunca é tarde para se aprender. Será que não podemos tentar? . .. Com esta pergunta e sugestão encerro a minha carta com uma mensagem do Papa JOÃO PAULO 11 para os pais, proferida no dia Mundial da Paz, em 1. de janeiro de 1985: 0

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"Não é verdade que os pais crêem, por vezes, terem cumprido seus deveres para com os filhos só porque lhes ofereceram, além da satisfação das necessidades basilares, a abundância de bens materiais, muito embora não lhes tenham dado respostas para a sua vida? Não é verdade que, procedendo assim, eles estão a transmitir às novas gerações um mundo que será pobre quanto aos valores espirituais essenciais, pobre de paz e pobre de justiça? ... " PAIS, nós sabemos o quanto é difícil dizer TE AMO, mas nem sempre só as palavras expressam este AMOR. Dos seus queridos FILHOS

REPORTAGENS

1. 0 ENCONTRO DE CASAIS DE LIGAÇÃO REGIÃO SÃO PAULO -SUL I Realizou-se no Colégio Santa Catarina de Sena, em São Paulo, em 12 de abril último, com a presença dos Casais Responsáveis pelos Setores que compõem a Região e quinze Casais de Ligação. Após a Liturgia da Manhã, sob a coordenação do sempre entusiasta e disponível Nicolau Zarif constituíram-se três grupos de coparticipação para maior aprofundamento da missão do Casal de Ligação. A reportagem da CM presente ao Encontro, sentiu nesses grupos, como aliás ao longo de todo o dia, uma grande abertura e uma rica troca de experiências. No plenário que se seguiu aos grupos, um apanhado geral das colocações feitas aponta para a posição do CL no Movimento: "O Casal de Ligação não se situa nem dentro nem acima das equipes que liga, mas sim ao lado e atrás delas". O almoço foi comunitário, pois os lanches trazidos foram "coparticipados". Diz o relato de um casal presente: "Sentados a uma grande mesa naquela refeição comunitária, pudemos sentir mais uma vez, de forma viva e intensa, que Ele estava alí, no meio de nós, conforme nos prometera, pois estavamqs reunidos em Seu nome." À tarde, os grupos trabalharam sobre um relatório hipotético de uma reunião de equipe, buscando as melhores formas que o CL teria para ajudar aquela também hipotética equipe. Como os grupos da manhã, os da tarde foram muito enriquecedores. -35-


Após uma avaliação em comum do Encontro, celebrou-se a Eucaristia, com un:ia ,: ênfase especial para o Ato Penitenciai e o Ofertório. Transcrevemos o. final do relato de um casal: "Foi uma ocasião ideal para wna profunda revisão de nossa conduta como casal de ligação, para reflexão sobre essa missão para a qual fomos chamados é sobre o que o Movimento e as equipe§_que ligamos esperam de nossa atuação. Longe. de··nós a pretensão de termos sido "diplomados" como casal de ligação. ·Fica-nos, porém, a certeza de que, iluminados pelo Espírito Santo e inundados pelo Amor de Cristo, present~. no meio de nós durante todo aquele dia, saimos dalí mais conscientes e ínais motivados para, a ixemplo de Maria, inspiradora de nosso Movimento, dar o nosso SIM ·ao chamado para a missão de casais de ligação das Equipes de Nossa Senhora."

Aspecto do plenário

-oVISITA ÀS ENS DO NORDESTE Na primeira semana de abril passado, a reportagem da Carta Mensal teve a oportunidade de fazer uma visita a Fortaleza e a Recife, e a alegria de lá se reunir com alguns casais das Equipes de Nossa Senhora. Podemos testemunhar da grande vitalidade e do grande impulso que as Equipes estão tendo na região. Em Fortaleza, estivemos com o Casal Responsável da Coordenação, Francisco José (Franzé) e Marília e com o casal correspondente da CM, Juvenal e Terezinha. Contaram-nos sobre as seis equipes da Coordenação, suas dificuldades em conseguir Conselheiros Espirituais para a expansão e até para a manutenção do Movimento. Mas contaram também sobre as alegrias e o aprofundamento da espiritualidade conjugal que as equipes têm alcançado e de suas esperanças em relação ao futuro. E mandam

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uma mensagem de otimismo para todos os equipistas do Brasil, pedindo ao mesmo tempo suas orações para o contínuo desenvolvimento do Movimento em Fortaleza. Plnio e Maria Lúcia, Responsáveis da Coordenação de Recife também nos receberam com "aquela" hospitalidade característica das Equipes e, além de nos "pagearem" durante nossa estada, proporcionaram nossa participação na reunião da Equipe de Coordenação. A eles, o caloroso "muito obrigado" nosso, e da Carta Mensal! Depois de limitada por vários anos a uma única equipe, a Coordenação de Recife tem agora seis equipes entusiastas e, podendo contar com o apoio de novos Conselheiros Espirituais, já pensa na sua expansão. Por trás da animação dessas duas Coordenações, percebe-se a Vontade do Senhor, que, apesar das distâncias e das demais dificuldades, tem se valido da disponibilidade desses casais - e da abnegação do Casal Responsável da Região, Daisy e Adolpho, que do Rio de Janeiro mantém funcionando os canais de "suprimento da seiva" - para o maior aprofundamento da espiritualidade conjugal, derramando abundantemente as graças do Sacramento do Matrimônio. Num furo de reportagem, anunciamos para breve um Encontro de Confraternização entre as duas Coordenações ...

A Equipe de Coordenação de Recife

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LOURDES/88 Peregrinação é um costume mu ito antigo. Tanto a Escritura Sagrada como a História da Igreja nos apresentam vários testemunhos da peregrinação como um importante veículo para a santidade. O próprio viver do Povo de Deus é uma verdadeira peregrinação rum a à cidade futura ... (Hb. 11, 12). ~ uma resposta do homem à revelação de Deus, num culto que toma a forma comunitária. Peregrinação, assim, é uma procura de Deus e um encontro com Ele , num ambiente cultural. ~ uma caminhada do povo para um lugar consagrado, para aí apresentar suas orações num contexto particularmente favorável . ·Há certos lugares onde parece que o Espírito Santo sopra com maior intensidade n. Como toda comunidade cristã, pequena ou grande, as Equipes de Nossa Senhora dispersas pelos quatro cantos do mundo, também têm necessidade de se reunir de vez em quando para, juntos, reavivar seu amor fraterno, louvar a Deus, e dEle dar testemunho. Assim foi em Roma, em 1959, quando foram recebidos por João XXIII, em Lourdes (1965), em Roma novamente em 1970, 1976 (recebidos por Paulo VI) e, mais recentemente, em 1982 (por João Paulo 11). Durante cada uma dessas inolvidáveis peregrinações foram vividos tempos fortes de vida comunitária, de oração e de ação de graças. Planeja-se, agora, nova peregrinação, que deverá acontecer em LOURDES, em setembro de 1988. Certamente será um outro momento forte, que dependerá da disposição interior do peregrino, desde seu preparo mais remoto. Será uma nova ocasião para todos nós comungarmos na fé e na oração, para aprofundarmos a consc iência de que estamos num caminho que conduz ao Pai e refletirmos como tem sido nossa caminhada enquanto povo de Deus, e como será daqui para a frente. LOURDES, local escolhido por Deus para falar a seu povo através das aparições de Nossa Senhora a Bernardete, por seu ambiente propício, muit o favorecerá esta reflexão. Cada casal, com certeza, desejará maiores informações prát icas para essa participação. No momento, tudo o que se sabe foi dito acima: deverá ser em Lourdes (França) em setembro de 1988. Outros detalhes somente no fim deste ou princípio do próximo ano. Mas para se definir os detalhes, os organizadores, na França, precisam saber, com dois anos de antecedência (reservas de locais para muitas pessoas em uma pequena cidade). o número mais provável de peregrinos. Assim, pedimos àqueles que pretendem participar que dêem seus nomes e das equipes a que pertencem, ao Responsável de seu Setor, até o fim de julho próximo.

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CARTAS DOS LEITORES Conselho Internacional Dirce e Rubens de Moraes nos escrevem, solicitando que divulguemos por esta seção, o interesse que têm em receber notícias "das iniciativas e trabalhos eventualmente desenvolvidos por membros das ENS no campo específico da família." Mais do que responder a esse casal, que faz parte do Conselho Internacional das ENS, sentimo-nos na obrigação de solicitar aos irmãos equipistas que, através de suas informações à Carta Mensal, mantenham Dirce e Rubens informados das atividades em que se acham engajados, para que suas intervenções naquele Conselho sejam amparadas por um bom conhecimento desse engajamento. As outras sugestões apresentadas por Dirce e Rubens estão sendo levadas em consideração com muito carinho, mesmo porque vieram ao encontro de muitas das idéias que consideramos necessárias para melhorarmos continuamente a Carta Mensal, como, por exemplo, a utilização de uma linguagem facilmente compreensível, a nível nacional, por todos os equipistas.

Tomada de posição Do casal Helyeth e Jorge Machado, da Equipe 3 de Petrópolis, recebemos carta indagando sobre a tomada de posição do Movimento das ENS a respeito de um filme proibido pelo Sr. Presidente da República. Sugerimos ao querido casal de Petrópolis a leitura atenta do Editorial desta Carta Mensal. Principalmente no trecho onde o Pe. Tandonnet nos diz que os "equipistas não dão a seus responsáveis poder para representá-los em todos os domínios da vida e da ação." Evitando transformar-nos em mais um "grupo de pressão", a tomada de posição individual, do casal ou dos casais da equipe - como é o caso da n. 0 3 de Petrópolis - nos parece extremamente importante e louvável. O despertar dos casais para uma clara consciência das coisas e da vida da comunidade eclesial é um dos objetivos de nossas equipes. Sempre lembrando-nos de que não

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seremos julgados pelo número de vezes que tivemos razão ...

Divulgação da Carta Mensal

Do Casal Responsável pelo Setor C de Florianópolis, SC., recebemos carta comentando a divulgação da Carta Mensal para casais não-equipistas, elogiando o artigo sobre a Eucaristia, ao qual foi d&da ampla divulgação, citando os Cursos de Noivos como fator positivo para a formação de novos casais c relatando o aproveitamento, pelo Conselheiro Espiritual, do artigo sobre a vida dos santos para tirar lições para a vida em equipe. Aproveitaram a ocasião para enviar-nos o program:de retiros, que vai publicado em outra seção desta CM. À Maria das Dores e ao Jo~é Júlio, que nos escreveram a carta aqui resumida, nossos agradecimentos por essas informações, que revelam como a vida em equipe pode ser enriquecida pela divulgação do Movimento e pela troca de idéias com outros casais, como aliás já se abordou na última CM, ao se comentar carta do Pe. Pastare.

reuniões, recebemos mensagem de Páscoa inspirada em poema de Ezra Pound. Como nossas respostas sofrem sempre uma defasagem de algumas semanas em relação ao envio das cartas, já estaremos no fim do tempo pascal quando esta resposta puder ser lida, mas o agradecimento do Frei Marcos precisa ser transcrito pela lição que encerra de caridade cristã: "Cristo torna-se agora presente no mundo, atravé~ de cada gesto de bondade e de amor, de justiça e de paz que realizarmos ao longo de nossa vida." "Se é grande a necessidade, maior é a alegria de ajudar com amor."

Escreva para a Carta Mensal! Aguardamos sua carta! Basta enviar para: "Cartas dos Leitores" Equipe da Carta Mensal a/ c Secretariado das ENS Rua João Adolfo 118 - 9.0 , cj 901 01050 - São Paulo, S.P.

Mensagem de Páscoa Do Frei Marcos M. Faria, Conselheiro Espiritual de três equipes de São Paulo, embora seja vigário da paróquia do Leme, no Rio, e viaja, a cada mês, para participar das

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MEDITANDO EM EQUIPE ". . . a Igreja não cessava de fazer orações a Deus por ele". TEXTO DE MEDITAÇÃO

Atos 12,5-1 I

Enquanto Pedro estava na prisão, a Igreja não cessava de fazer orações a Deus por ele. Ora, na noite em que Herodes estava para apresentá-lo, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes, e diante da porta, sentinelas vigiavam a prisão. De repente, o Anjo do Senhor apareceu, e a cela foi inundada de luz. O anjo tocou o lado de Pedro e despertou-o dizendo: "Levanta-te! Depressa!" E cairam-lhe das mãos as cadeias. O Anjo lhe disse: - "Cinge-te e amarra as sandálias". Foi o que ele fez. Acrescentou: - " Joga o teu manto sobre os ombros e segue-me". Pedro saiu e seguia-o, mas não sabia que era realidade o que acontecia por meio do Anjo; julgava ter uma visão. Franquearam, assim, o primeiro posto da guarda, depois o segundo, e chegaram ao portão de ferro que dá para a cidade. Ele se abriu por si mesmo diante deles. Sairam e passaram por uma rua, quando subitamente o Anjo desapareceu. Então Pedro tornando a si, disse: "Agora sei em verdade que o Senhor enviou seu Anjo e me livrou das mãos de Herodes e da expectativa do povo judeu".

ORAÇÃO LITúRGICA O Pedro, pastor piedoso, desfaze o grilhão dos réus: com tua palavra podes abrir e fechar os céus. O Paulo, mestre dos povos, ensina-nos teu amor: Correr em busca do prêmio; Chegar ao Cristo Senhor. A vós, O Trindade, glória, Poder e louvor também; que sois eterna unidade nos séculos, sempre. Amém (Liturgia das Horas)


Um Momento com a Equipe da Carta Mensal ................... . Editorial : Visibilidade

................... . ..... . .. . . .. . . ..... .

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A Palavra do Papa . . ... .. ....................... . .. . ..... ..... .

4

IV . . ..... . ... . .... . ... ... .. . .. . ....... .

6

Aproxima-se o Sínodo de 1987 . ...... . ...... . .................. .

11

A Reunião de Equipe -

Relembrando a História do Movimento ........................ .

16

O Dom de Ser em Maria ................................ . . .. . .

20

Confiar como Crianças ......... . ......................... . .. . . . .. . ... . ....... . .. . ............................ .. ... .

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São Cirilo de Alexandria ............ . ... . ...... . .... . ........ .

24

Aqui se Fala . . . Suavemente . ...... . ... . . .................... .

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"Eu Sou a Rainha da Paz .. . " . . ..... .. ..... ...... . ........ ... . .

28

Notícias dos Setores ....

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Pais e Filhos

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Retiros

Reportagens

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Lourdes 88 . ...... . Cartas dos Leitores . . . .

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.. .. . .. . . . .. . . .. . .. .. ... .. .. ..

Meditando em Equipe .. .. . .. .. . .. . . . . .

EQUIPES DE NOSSA SEN HORA 01050 Rua João Adolfo, 11 8 · 9' · cj. 901·Tel. 34 8833 São Paulo · SP

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