ENS - Carta Mensal 1985-9 - Dezembro

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N9 9

1984/ 1985

Dezembro a Fevereiro

Descobrir Deus no outro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O Continente da esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Meditação sobre Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Natal: alienação ou convocação? ............. . A ECIR conversa com vocês Em preparação novo rito do matrimônio . . . . . . Oração, amor e paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A li 0 Assembléia Geral do Conselho Pontifício para a Família . . . . . . . . Amor conjugal e educação dos filhos. uma só realidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Oração da Família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A vida num mosteiro . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . O jovem e a vocação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . "Eu estava nú ... " . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As Equipes na Alemanha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Testemunho . • . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Um Setor completa dez anos de vida: Catanduva . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . • . . . Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sessão de Formação em Brodosqui . . . . . • • . . . . .

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ATENÇÃO

Devido a férias coletivas a Secretaria ficará fechada de 17 de dezembro de 1984 até 16 de janeiro de 1985.


EDITORIAL

DESCOBRIR DEUS NO OUTRO

Houve uma evolução na maneira de perceber Deus na filosofia grega, no pensamento hebreu e no Novo Testamento. O deus do filósofo grego era inacessível, impassível, uma explicação para o universo. O Deus do Antigo Testamento é mais próximo, busca uma relação pessoal, propõe aliança com sua criatura, é fiel, justo e bom. Em Jesus Cristo, Deus arma sua tenda no meio de seu povo, assume a natureza humana, na mais perfeita comunhão conosco. "Nós o vimos, nós o tocamos", dirão seus discípulos. E quando um destes, João, tentou definir Deus, só encontrou uma maneira de fazê-lo: "Deus é amor" (1 Jo 4,8). O amor é a maneira de encontrar-se com Deus. A alguém que lhe perguntara qual o maior dos mandamentos, Jesus responde: "Amarás ao Senhor teu Deus", mas acrescenta: "o segundo é semelhante ao primeiro: amarás ao teu próximo como a ti mesmo". (Mt. 22, 35-39). Vemos nesta passagem como Cristo aproxima o amor de Deus do amor do próximo.

Em outra ocasião (cf. Mt. 25, 31-40), o próximo surge na doutrina de Jesus como um "sacramento" de Deus, uma maneira de encontrar-nos com Ele. "Eu tive fome, eu tive sede. . . o que fizestes ao menor dos meus irmãos a mim o fiz estes".

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O próximo, "sacramento" de Deus. A expenencia de Deus no casal vai concretizar-se na medida em que cada um dos cônjuges aprofunda esta dúplice dimensão pessoal: é revelação de Deus para o outro e descobre Deus no outro. Você não pode conhecer seu cônjuge a não ser num processo que seja uma autêntica experiência de amor. É que o autêntico conhecimento entre as pessoas só se verifica naquela experiência -1


que se convencionou chamar de "encontro", processo lento, às vezes sofrido, e sempre inacabado, durante o qual deixamos ruir, uma a uma, todas as barreiras, intelectuais e de outra natureza, para acolher o outro. Uma a uma, vamos abrindo (por dentro) as portas que conduzem ao interior de nós mesmos, ao mesmo tempo que, em processo recíproco, vamos conhecendo (e acolhendo) aspectos do outro que jamais enxergaríamos de fora. Os grandes pontos de apoio dessa experiência são a confiança e a entrega recíprocas. É uma experiência que se aprofunda na proporção em que acreditamos e confiamos. É o autêntico "encontro" das pessoas, na vida do casal, e é um dos grandes apoios para o encontro com Deus. Se das coisas se afirma que só se ama aquilo que se conhece, no relacionamento interpessoal com mais razão ainda: quem não ama não conhece.

Pe. Djalma Rodrigues de Andrade Conselh~U"o

Espiritual das Equipes 141, 21 e 34 do Rio de Janeiro

'1)

(1)

Esse artigo fol escrlto quando o Pe. Djalma era Conselhruo Espüi tual

do Setor B do Rio de Janeiro.

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.a. PALAVRA DO PAPA

O CONTINENTE DA ESPERANÇA

Em preparação ao V9 C€ntenário da Evangelização na América Latina, a ser cel-ebrado em 1992, o Santo Padre, nos dias 11 e 12 de outubro, abriu solenemente a "Novena de Anos" dirigida à Virgem de Guadalupe, Padroeira da América Latina. Na Repllblica Dominicana, onde se plantou a primeira cruz e se celebrou a primeira mi.ssa, o Papa entregou simbolicamente uma cruz a todos os Presidentes das Conferências Episcopais latino-americanas, dirigindo-lhes uma alocução da qual transcrevemos a parte final.

:Para a <:ivilização do amor. O próximo centenário do descobimento e da primeira evangelização convida-nos a uma nova evangelização da América Latina, que desenvolva com mais vigor como a das origens- um potencial de santidade, um grande impulso missionário, uma vasta criatividade catequética, uma manifestação fecunda de colegialidade e comunhão, um combate evangélico de dignificação do homem, para gerar, a partir do interior da América Latina, um grande futuro de esperança. Este tem um nome: "a civilização do amor". Este nome, Ja indicado por Paulo VI, nome a que eu próprio aludi repetidamente e que a Mensagem dos Bispos latino-americanos acolhera em Puebla, é uma enorme tarefa e responsabilidade. Uma nova civilização que já está inscrita no próprio nascimento da América Latina; que se vai gerando entre lágrimas e sofrimentos; que espera a plena manifestação da força de liberdade e libertação dos filhos de Deus; que realize a vocação originária de uma América Latina chamada a plasmar - como já Paulo VI afirmava em 1964 - numa "síntese nova e genial, o espiritual e o temporal, o antigo e o moderno, o que outros te deram e a tua própria originalidade". Em síntese: o testemunho de uma "novíssima civilização cristã" (Homilia na Basílica de São Pedro, 3 de Julho de 1964). ~3-


Irmãos Bispos do CELAM, jovens, dominicanos e latino-americanos todos: Estas são as metas para as quais convido a Igreja na América Latina como preparação para o Centenário, que há de ser o Centenário da fé rejuvenescida. Com a força da cruz que hoje é entregue aos Bispos de cada Nação; com a tocha de Cristo nas tuas mãos cheias de amor pelo homem, parte, Igreja da nova evangelização. Assim poderás criar uma nova alvorada ec.lesial. E todos glorificaremos o Senhor cia verdade com a oração que recitavam ao amanhecer os navegantes <le Colombo: "Bendita seja a luz e a Santa Vera Cruz e o Senhor da Verdade e a Santa Trindade. Bendita seja a alvorada e o Senhor que no-la manda. Bendito seja o dia e o Senhor que no-lo envia." Amém.

CL'Oss. Rom., 14·10-84)

Obs.:

Os grüo.s

são do Papa..

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MEDITAÇÃO SOBRE MARIA

Pedro Moncau Jr.

A humanidade não tem credenciais para levantar os olhos diretamente a Deus. Mas Vós, vós sois a escolhida de Deus, vós sois a Imaculada e podeis apresentar a Deus nos vossos braços o pequenino corpo de Jesus, plasmado com a vossa carne, com o vosso sangue, e podeis apresentar este mesmo Jesus como Hóstia que se sacrificou para acalmar a justiça de Deus. E é à vossa voz que a cristandade quer unir à sua. Medianeira entre Deus e os homens para que Deus pudesse manifestar o seu Verbo ao homem, para que, pelo Cristo, a boa nova do Amor fosse enviada aos homens, vós sois também a medianeira entre os homens e Deus, para que a prece dos homens possa subir até Deus, por intermédio da criatura mais perfeita, porque não atingida pela imperfeição do pecado. Maria! Imaculada! E porque imaculada, a única imaculada, sois a única a poder privar com Deus, como, no paraíso, Adão e Eva, antes da falta original. E porque imaculada, não sujeita ao castigo do pecado, que é a morte, vós permaneceis viva, apenas tendo realizado a vossa Assunção, mas continuando viva, a interceder por nós, mortais. Mãe viva do Cristo vivo, que por amor quis permanecer entre nós, no Sacramento de seu Corpo e de seu Sangue! Maria Santíssima, eu vos saúdo, eu vos venero! Com a maternidade de Cristo, assumistes a maternidade da Humanidade que se concentrou no Cristo.

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Maria, apesar de toda esta grande, imensa, incomensurável dignidade com que vos vejo revestida, não posso deixar de ver o infinito que vos separa de Deus, ao mesmo tempo que vejo o infinito que vos separa de nós. E é justo, porque os homens, na sua admiração, na sua veneração, na sua profunda devoção para convosco, talvez se esqueçam de que estais colocada a meio caminho deste infinito que nos separa de Deus ... e que sois, isto sim, a ponte entre a terra e o céu. Mas é preciso acentuar mais que se tendes todas essas prerrogativas, todos esses admiráveis títulos com que a piedade dos homens se esmera em vos brindar, no entanto os possuis porque tendes Cristo em vossos braços. E que, medianeira entre o céu e a terra, entre o homem e Deus, vós sois apenas - por maior que seja este "apenas" -, vós sois o caminho que nos leva a Cristo. É por vós que vamos a Cristo, é por vós que Cristo vem a nós. "Eu vos saúdo, ó caminho por onde chegou a luz que ilumina o mundo!"

(Dos "Caderno.s de Reflexão " )

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NATAL: ALIENAÇÃO OU CONVOCAÇÃO?

Dom Angélico Sândalo Bernardino, Bispo de São Miguel Paulista, SP

Dias atrás, quando a alvorada do Natal já estava surgindo, fui acometido de profundo cansaço ao ler que um condenado à morte fora executado, nos Estados Unidos, com a aplicação de uma injeção intravenosa no braço, a base de pentotal. Semelhante náusea me sacode quando ouço o secretário-geral da ONU proclamando que parcela mínima dos gastos armamentistas do mundo. se endereçada ao campo da educação, seria capaz de varrer o analfabetismo da humanidade. . . . Diante de tantos problemas, como desemprego, fome. menores abandonados, prostituição, guerras, homem-esmagando-homem, há lugar para conversa sobre o Natal? Afinal de contas. há centenas de anos. o profeta !safas, ouando anunciou a vinda do Cristo Libertador, o fez com estas palavras: "Ele nos ensinará seus caminhos, e seguiremos pelas suas veredas ... Ele será o juiz entre as Nações e o árbitro rie inúmeros povos. Eles fundirão suas espadas para fabricar arados. P. suas lanças para fazer foices. Uma Nacão não mais levantará a espada contra outra Nação, nem aprenderão a combater". (Js 2.3-4). Ora, hoje - dizem os entendidos -. arsenais atômicos escondem bombas suficientes para a destruicão, em poucos minutos, não de uma, mas de muitas humanidades! É neste contexto de luta. sombra e luz, vida e morte, que a celebração do Natal ganha seu significado maior! Isaías, o profeta, já dizia: "Uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte". (Is. 9,1). Luz que nos dá a verdadeira dimensão do homem, pois este Garoto que nasce em Belém - assegura-nos a fé - é o filho de Deus! Ele vem a este mundo para libertar o homem todo e todos os homens. Libertar-nos por amor, no amor e para o amor. Ele continua a fazer história conosco, revelando ao homem aquilo que o homem é: filho de Deus e, consequentemente, supremo valor. neste mundo!

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Este Menino que nasce pobre, entre animais, como filho de carpinteiro, agasalhado pelas estrelas em noite de inverno, coloca em nosso peito a buliçosa e menina esperança que não morre jamais e nos dá forças para sonhar sonhos de meninos, na árdua luta de construção de um mundo fraterno e justo. Sonhos parecidos aos de Isaías, 11,6: "Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá." Este menor abandonado pelos habitantes de todas as "Beléns" do mundo muda nosso coração de pedra em coração de carne, ensinando-nos que vale a pena amar e acreditar que um dia, como diz Thiago de Melo: "O homem confiará no homem, como um menino confia P.m outro menino". Natal nos faz irmãos por dentro: possuímos o mesmo sangue, porque filhos de um mesmo Pai, que é Deus! Na força da convicção, homens de boa vontade somos convidados, pela Mensagem que brota do Na tal. a nos darmos as mãos na construção rla civilização do amor. Com efeito, não podemos nos conformar com a fome e a subnutrição; com a falta de escolas e meios d~ educação popular adequada e livre; com o desemprego e a falta de condições de trabalho justamente remunerado: com a falta de maiores cuidados em torno de problemas de saúde, de saneamento, de qualidade de vida, de transportes; nem podem deixar-nos tranqüilos o crescimento assustador da violência sob todas as suas formas, os gastos e desequilíbrios ocasionados pela fabricação de armamentos. as decisões arbitrárias que nos são impostas, tantas vezes, no campo social, político e econômico ... Natal, portanto, não é alienação. É convocação! Sempre é Natal no coração que ama, que pratica a justiça. Natal é semente de esperança, caindo no coração de nossa gente, criando solidariedade. Natal é convite ao mutirão da vida que engaja, em comunhão e participação, a todos quantos acreditam no valor do Homem e se espantam diante deste maravilhoso acontecimentc proclamado pelo apóstolo João (3,16): "Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna •• A vista disso tudo, com vontade . de sermos bons, melhores, justos. realmente irmãos uns dos outros, sem temer o ano novo que anunciam ainda mais duro, com FMI e tudo, digamos uns ·aos outros, de coração: "Feliz Natal, irmão! •• CTranscrfto da "Folha de S . Paulo", 24-12-82)

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A ECIR CONVERSA COM VOCf:S

Caros amigos, Nesta última vez que nos comunicamos com vocês neste ano de 1984, não poderíamos deixar de abordar três temas, dada a importância dos mesmos e a sua oportunidade. 1. Advento - Toda a Igreja está vivendo, desde o dia 2 de dezembro, este tempo tão importante que é o Advento: tempo de preparação para a vinda do Messias. - Como se prepara o cristão para esta vinda? O ritmo da vida atual, cada vez mais agitado, parece acelerar-se neste período que antecede o Natal. A sociedade de consumo, desencadeando, através dos meios de comunicação, uma forte campanha consumista, consegue gerar uma verdadeira psicose da compra, à qual muitas vezes, infelizmente, sucumbimos. Tudo é calculado, programado através do sistema de marketing. As escolhas que fazemos, (presentes, ceias, etc.) não são na realidade escolhas nossas, pois, sem que o percebamos, somos, de certa forma, induzidos a elas. E este tempo de espera, tempo de reflexão, de vigilância, de agir com prudência, com desapego, torna-se um tempo de agitação e de confusão. O Senhor não vem no meio do ruído; não se encontra na agitação e na confusão. Cristo não chega até nós através de uma programação de computador como tudo o que nos é "imposto" pela sociedade de consumo. Cristo não pode ser programado; deve ser esperado. É preciso, para isso, romper essa corrente que nos prende P. nos arrasta para a loucura que impera nesta época e deixar um espaço para a Sua presença, para que Ele possa irromper verdadeiramente em nossa vida e ser aquele acontecimento renovador que impõe uma mudança radical, que quebra e transforma a rotina cotidiana. Para essa preparação muito nos poderá ajudar a meditação do Livro de Isaías. Essa vigilância nos permitirá ter um novo olhar para os fatos que nos rodeiam e nos dará uma maior consciência de que o melhor presente é nos doarmos, sairmos de nosso egoísmo e fazermos algo pelos outros. 2. Férias - Após um ano de trabalho, é muito justo que tenhamos um período de férias. (Infelizmente, muitos não têm este direito respeitado).

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O que são as férias? Um período de descanso, onde a rotina é quebrada, para recuperarmos as energias gastas na luta cotidiana. Contudo, apesar de vivermos de forma um pouco diferente o nosso dia a dia, continuamos a ser as mesmas pessoas, pais dos mesmos filhos e filhos do mesmo Pai. Assim como não podemos deixar de exercer nossas responsabilidades de pais, não podemos também nos esquecer das exigências de uma vida de filhos de Deus. O amor entre duas pessoas não é algo que existe hoje, amanhã é esquecido e depois volta com a mesma força. É algo que necessita de continuidade, para que possa ser cada vez mais profundo. Se, com as férias, quebramos a rotina, nos deslocamos para outro lugar e com isto aprofundamos nossos relacionamentos familiares pela maior disponibilidade de tempo juntos, não seria também uma boa oportunidade para, usando a criatividade, aproveitar este tempo mais livre para encontrar outras formas de nos comunicarmos com Deus, talvez um novo olhar para as coisas, e assim aprofundarmos também este relacionamento? 3. Campanha da Fraternidade -Está longe? Não. O tempo passa muito rápido. As férias terminam em cima da quaresma (esta se inicia a 20 de fevereiro). Então não haverá mais tempo para nada. Não podemos ser pegos de surpresa, senão ficaremos sem uma participação efetiva na Campanha da Fraternidade; membros da Igreja, não podemos deixar de participar nesse grande esforço orientado para um melhor desempenho de sua missão de anunciadora do Reino. O tema desta campanha é "Pão para quem tem fome". O texto-base já está pronto há algum tempo e se encontra à venda ao preço mínimo de seiscentos cruzeiros. Dirigimo-nos aqui especialmente aos casais responsáveis de Setor para que se esforcem no sentido de que todos os casais reflitam sobre o texto-base e busquem formas para uma concreta participação nesta Campanha.

o Que este Natal seja para todos nós um acontecimento verdadeiramente renovador, que as férias possam preparar-nos para um ano de mais amor e de paz, pela maior vivência da Vontade do Pai. Com o nosso grande abraço.

Cidinha e Igar -10-


EM PREPARAÇÃO NOVO RITO DO MATRIMôNIO

Sob a coordenação de D. Geraldo Magella Agnelo, Arcebispo de Londrina e Responsável pela Liturgia (Linha 4) da CNBB, reuniram-se em Brasília, de 27 a 30 de setembro, para um Encontro Nacional. os Bispos responsáveis pela liturgia nos 14 Regionais da CNBB. Participaram do encontro, além dos quatro assessores nacionais de liturgia, os cinco membros da Equipe de Reflexão Litúrgica da CNBB. Entre outros assuntos, um dos objetivos da reunião era sutZerir, além de adaptações para o rito de iniciação cristã dos adultos, um Tito próprio para o matrimônio. Os casais que tiverem sugestões a fazer deverão enviá-las, até o final de fevereiro (ao mais tardar), ao Bispo encarregado da litur2ia no seu Regional, ou diretamente ao Setor de Liturgia Linha 4, da CNBB, em Brasília.

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CONSELHO NACIONAL DE LEIGOS

Reuniu-se, em Assembléia Geral. de 12 a 14 de outubro, no Rio de Janeiro. o Conselho Nacional de Leigos. Participaram do Encontro aproximadamente 40 pessoas, representando vários movimentos e grupos. Cidinha e Igar e Mary-Nize e Sérgio representavam as Equipes de Nossa Senhora. Foi definida na ocasião a linha de ação do Conselho. Teremos mais detalhes na próxima Carta Mensal.

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ORAÇÃO, AMOR E PAZ

A vocação do cristão é viver em íntima comunhão com Deus. Apesar da vida agitada e extrovertida que levamos. todos possuimos uma profundidade. Todo o nosso comportamento exterior, palavras, gestos e atitudes, traem o íntimo do nosso ser. Se formos homens de meditação, de reflexão, toda a nossa vida revelará isso. De resto, será impossível. sem vida interior, impressionar os homens por nossas convicções. Infelizmente vivemos na periferia de nós mesmos. Somos por demais superficiais, pouco meditamos ou refletimos. "Se os homens pensassem cinco minutos, não seriam mais cinco minutos o que são", dizia o Pe. Plus. Viagem longa, penosa, difícil, a do homem para dentro de si~ Gostamos de "parecer", quando o importante é "ser", somos o que somos e não o que parecemos. Se nos compenetrássemos disso, mas sobretudo vivessemos essa grande verdade, nada mais nos roubaria a paz. E para conseguirmos essa paz, precisamos aprender a rezar. Rezar é sintonizar nossa vida com Deus, é abrir-nos para Deus, ouvir Deus que nos fala, aceitar o que Ele nos quer dar: a paz, o perdão, o amor. Como nos fala Deus? De muitos modos. A Criação é uma das mensagens de Deus para nós. Ela é o grande livro aberto que nos revela um Deus de amor, que criou para nós coisas tão maravilhosas. Rezar é meditar a palavra de Deus. Essa palavra nós a encontramos nos Evangelhos. A Bíblia deveria ser meditada por cada casal cristão, diariamente. Felizes os que têm o hábito de meditar as Sagradas Escrituras! Como isso enriquece o nosso interior! -12-


Rezar, pedir muito a Deus que nossa comunhão com Ele se intensifique cada vez mais. Que a nossa comunhão com os irmãos, com o cônjuge, com os filhos, se aperfeiçoe cada dia mais. "A oração é a fraqueza de Deus e a força do homem" dizia Santo Agostinho. A oração é o grande sustentáculo da vida espiritual. Muitos casais dão testemunho de tamanha serenidade interior e de maneira tão habitual que é fácil perceber o segredo desse êxito: a oração, a meditação, a comunicação freqüente com Deus. Felizes daqueles que se compenetram da eficácia da oração. Penetrados da suavidade divina, eles fazem de seus lares verdadeiros cenáculos de AMOR e PAZ. Heloisa e Ary Equipe 12 de Ribeirão Preto

Começamos a vida de oração como se fôssemos terreno árido. e um belo dia começam a jorrar de dentro de nós, x;ara os outros, maravilhas que nem supún:hamos possuir. t: o milagre do encontro persev>erante com Deus. Passamos a iluminar, a dinamizar, a movimentar, a construir, a agir como Deus quer. Será através de todo esse dinamismo que muitos chegarão a descobrir Jesus Cristo, sua fonte geratriz. João Moha.na

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A 11~ ASSEMBL~IA GERAL DO CONSELHO PONTIFICIO PARA A FAMILIA

Em maio deste ano, estivemos uma vez mais em Roma para participar da IP Assembléia Plenária do Conselho Pontifício para a Família. Como no ano passado, a reunião transcorreu em plena "Campagnia Romana'', no agradável e funcional "Centro Nazareth ", que fica a uns 40 km de Roma, lá para os lados de Fiumicino. Com exceção de um casal, estavam presentes os outros 19 companheiros, vindos dos cinco continentes. No ano passado, quando da instalação do Conselho, tivemos que enfrentar um tema bem vasto: a missão da família cristã no munci.o de hoje. Tratava-se, então, de chegar a uma visão global do assunto para que o Conselho pudesse encontrar um balizamento para seu próprio trabalho nos cinco anos subseqüentes. É assim que, a cada ano, vamos nos fixar em diretrizes bem práticas e objetivas. Este ano, então, tocou-nos estudar a preparação ao matrimônio. Já em meados de janeiro, os membros do CPF receberam um questionário com indagações sobre a preparação remota, próxima e imediata ao casamento. Outra série de questões versava sobre a sua celebração litúrgica. E outra ainda sobre problemas pastorais complexos. Além dos membros e de um grupo de consultores do Conselho, alguns movimentos (como as E.N.S.) também foram convidados a responder ao questionário. A todos, porém, pedia-se que as respostas fossem, o mais possível, baseadas em experiências concretas. É fácil perceber que- o Conselho conseguiu, assim, recolher, antes mesmo da reunião, um vasto material revelando o que, em diferentes paises e em culturas diversas, se vem fazendo para preparar os católicos para o matrimônio.

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Foi a partir desse rico material que o secretariado preparou uma nova série de questões para serem debatidas durante a Assembléia. Para tanto estávamos divididos em quatro grupos linguísticos: dois grupos adotavam o inglês, um o francês e um outro, que era o nosso, seguia o espanhol. Ao fim de cada jornada As vezes tarde da noite - cada grupo redigia suas conclusões que, depois de traduzidas para as outras duas línguas, eram !'lUbmetidas à apreciação do plenário. Ali, mediante um eficiente equipamento de tradução simultânea, as conclusões e propostas eram discutidas, comentadas, algumas vezes alteradas e, finalmente, aprovadas. Chegou-se, assim, a um volume alentado de propos1çoes que, uma vez redigidas em definitivo, serão submetidas ao Santo Padre, pois o Conselho existe para ajudar o Papa "em sua solicitude pastoral para com a Igreja Universal". Se aprovadas, virão à luz dois documentos: um, de caráter mais restrito, destinado sobretudo às Conferências Episcopais e aos diferentes órgãos do Vaticano que têm alguma relação com o assunto; o outro destinado a um público mais amplo. Será como que um resumo geral de tudo o que foi tratado pelo Conselho, tanto na fasé de t>reparação da Assembléia como no seu transcorrer. Como não podia deixar de ser, duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, reuníamo-nos na acolhedora capela da casa para rezarmos juntos. E rezávamos sempre intercalando as línguas, mais o latim! No meio da semana, para que ninguém sofresse um "stress", tivemos uma alegre noite de confraternização, com brincadeiras que foram de hilariantes mímicas - que na babei das línguas tinham a vantagem de dispensar tradução - até as mais "complexas" danças típicas da Africa e da Polônia, sem contar com os cânticos nas mais diversas línguas do mundo, até mesmo em exóticos dialetos africanos. Apenas uma grande frustração foi registrada: apesar de toda a Assembléia pedir, aos brados, um samba, os dois brasileiros presentes não foram capazes, sequer, de entoar o "Mamãe eu quero ... ". Resta dizer alguma coisa sobre o ponto mais alto da reunião: a audiência especial com o Papa. Foi no sábado, dia 26. Lá por volta das 11,00 hs., entramos no Vaticano, pela chamada Porta de Bronze, ao lado direito das colunatas de Bernini. Recebidos pela Guarda Suíça com as continências de estilo, passamos pelo imponente Pateo de São Damaso para ganharmos, já no Palácio Apostólico, as enormes escadarias de mármore multicolorido que nos levaram ao andar superior. Ali atravessamos avantajadas -

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galerias, ricamente pintadas por Rafael e seus discípulos, para chegarmos a uma das Salas Clementinas. assim designadas porque construídas ao tempo de Clemente VII, salvo engano. Contemplando a decoração grave e solene, aguardamos o Santo Padre. Pouco depois ele entrou, em seu rosto um sorriso jovial e acolhedor. Dirigiu-nos a palavra, chamando a nós. membros do Conselho. de "amigos e colaboradore!'l". Como que parodiand0 a si mesmo, lembrou que "se o futuro da humanidade passa pela família" (Familiaris Consortio, 86), o "futuro da família passa por sua adequada preparação". A certa altura, falando da influência tantas vezes negativa dos meios de comunicação. fez expressa menção às respostas que haviam sido dadas ao questionário enviado antes da Assembléia. Ao ouvirmos aquilo. muitos de nós ali presentes ficamos admirados. Mas, fomos pensando que deveria ser uma fórmula de cortesia, escrita por algum assessor: não era possível que o Papa - tão ocupado - fosse ler nossas despretensiosas respostas. Puro enj:!ano. Lof!Cl dPpois da audiência, o nosso Presidente, Monsenhor Gagnon. esclareceu-nos que o Papa, ao tomar conhecimento dos preparativos da Assembléia. pediu as respostas ao questionário porque queria examiná-las! Claro aue. ao ouvirmos tal esclarecimento, sentimos como ·que um "friozinho". Mais uma vez estávamos a sentir a enorme responsabilidade colocada - só Deus sabe porque - em nossos pobres ombros: o Papa lia o que escrevíamos! Ao acabar o discurso, levantou-se para dizer que gostaria de falar com cada um de nós. Ao mesmo tempo convidou-nos para uma fotografia de "família reunida". Revelando seu espírito de homem prático, deu uma olhada em volta, para acrescentar: "Só que na outra sala. Acho que lá ficará melhor". Propôs, ainda, que rezássemos o Angelus antes da benção final, porque era meio-dia. Como nós dois estávamos sentados na segunda fila, logo atrás dos bispos presentes, fomos os primeiros a falar com o Papa. Assim que nos viu, abriu-se em um sorriso para ir dizendo em bom português: "Ah! são do Brasil". E ali, durante uns momentos inesquecíveis, trocamos algumas palavras. Falamos, é claro, de nossos filhos e de nosso País. Quando íamos saindo ele segurou Marcello pelo braço para dizer: "e também uma benção especial para todos os amigos''. E é esta benção da qual João Paulo II nos fez portadores que, com muita alegria, deixamos com vocês todos.

Esther e Marcello

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Várias vezes expressei a minha pessoal convicção de que "o futuro da humanidade passa pela família" (cf. F.C. 86). t possível. porém , ir mais além e afirmar que o futuro da família passa pela sua adequada preparação. Tocamos aqui um valor e uma exi qência que se referem não só aos jovens chamados ao matrimônio, mas também a toda a comunidade eclesial e c!vil. Pense-se, em particular, na riqueza que a Igreja, e não só ela, pode receber de quantos se preparam para o matrimônio: a vivacidade e o entusiasmo do amor, o gosto do belo , o desejo do diálogo aberto, a esperança do amanhã são um dom para todos e um apelo às pessoas já casadas, quase um convite a retornarem às fontes da sua escolha, ao "tempo primaveril" do seu amor. As vossas respostas ao questionário que foi enviado na fase preparatória da Assembléia confirmam esta convicção. pondo em evidência que a melhor preparação remota para o matrimônio futuro dos filhos é uma exemplar vida de famíl ia cristã, na qual é essencial o testemunho vivo dos esposos. O ambiente fam :liar, iluminado pelo oportuno ensinamento dos pa's, constitui a melhor preparação dos filhos para a vida e, por conseguinte, para o matrimôn io. João Paulo 11 (Na audiência aos membros do C.P .F .• 25/ 5/ 84)

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AMOR CONJUGAL E EDUCAÇÃO DOS FILHOS, UMA Só REALIDADE

Pe. Paui-Eugêne Charbonneau

Trechos de uma palestra feita a pedido do Setor "E" de São Paulo.

N assa casa é pequena e o que dela se foi jamais poderá voltar. Não deixemos o amor e tampouco nossos filhos dela fugirem, porque jamais voltarão. Que tipo de casa é a nossa? Há nela lugar para o cônjuge, para que o amor possa se desenvolver? Há nela lugar para os filhos, onde eles aprendem o amor porque o vêem? Nossos filhos não acreditarão no amor se não puderem ver pai e mãe viver o amor. E isso é tudo o que o casal precisa para ser feliz e o que nossos filhos também precisam para "entrar na trilha" do amor e se preparar para vivê-lo! Nossos filhos percebem intuitivamente que preparar-se para viver não é somente fazer o cursinho e vencer na faculdade. Isto também é importante, porém, mais importante ainda para eles é saber se poderão amar e ser amados!

A construção do amor conjugal

O amor, tão indispensável para se chegar à felicidade, não é tarefa fácil. Ele não se improvisa ele se constrói, se cultiva, se planifica, por meio de:

Maturidade - significa dizer "sim" todos os dias, assumir com responsabilidade nossa vida e cumprir nossos deveres com alegria. Amor maduro é o que aceita envelhecer junto ao outro, recusa a marcha-a-ré, porque, na verdade, ninguém consegue apagar o cônjuge de sua vida, e menos ainda os filhos. -18-


Equilíbrio - Amar é mergulhar numa profunda relação com o outro. Daí a necessidade de um sólido equilíbrio psicológico dos cônjuges. De fato, os comportamentos neuróticos, as atitudes psicóticas são incompatíveis com a vida de união que o amor exige. Dom de si - O dar de si supõe um esf0rço inesgotável de compreensão. É ir fundo no outro, penetrando no seu íntimo, no seu mistério. Amar verdadeiramente é levantar o véu que encobre esse mistério! Entusiasmo - Quem ama não tem o direito de ficar de cara fechada, de se afundar na amargura, de cultivar suas frustrações. Alegria de viver - Nossos filhos precisam da nossa alegria para poderem encontrar esperança em suas vidas. Qualidade da vida espiritual - Muitas pessoas querem ser amadas perdidamente e se esquecem de que só o serão se souberem crescer até a altura do ser amado! Recusar a mediocridade, porque o ser medíocre não pode ser amável. O crescimento espiritual, o desenvolvimento moral, o enriquecimento intelectual são exigências para quem decidiu consolidar o seu amor. E é vivendo esse amor verdadeiro que o casal permite aos filhos encontrar o sentido da vida que lhes permite "beber Deus" da unica fonte verdadeira: o amor dos seus pais.

O amor dos pais, preparação para o amor dos filhos

Se o amor for bem vivido pelos pais, os filhos, que nos olham com um olhar implacável, altamente crítico, que penetra todos os segredos, até os mais bem guardados, se encaminharão para o amor. Sem este amor, os filhos se abandonarão à própria Gorte, se "espatifarão"; virá o desespero, a insegurança, e buscarão um amor que talvez jamais encontrarão. No amor bem vivido pelo casal eles encontrarão a própria felicidade e aprenderão que o amor é possível, é durável, é total. Desse amor nasce a admiração (quanto mais se ama, mais se acha o que admirar), a ternura, a generosidade (quem ama sempre perdoa, seja lá o que for). É através do casal, do amor dos pais, que os filhos aprenderão ou não a caminhar para o amor. Ninguém escapa do seu lar!

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Pe. Charbonneau terminou convidando-nos a refletir, a meditar e a sentir cada um desses itens. Algumas pistas para repensarmos, num dever de sentar-se, a qualidade da nossa vida conjugal: -

O que é mais importante em nossa vida?

- Há em nossa casa lugar para o nosso cônjuge, para que se desenvolva o amor? Há lugar para os fi.lhos, para que aprendam o amor porque o vêem? -Amamos o outro, estamos construindo juntos um amor adulto? Estamos construindo juntos nossa velhice? - Conhecemos o mistério do outro? Sabemos prestar atenção, sabemos ouvir? Aceita,mos suas limitações, porque penetramos no seu íntimo e o compreendemos? -

A mamos o outro, estamos construindo juntos um amor maduro?

-

São as Equipes, e nós equipistas, testemunhas do amor, num mundo de desamor?

(Resumo feito por Maria de Lourdes e Sérgio, Equipe 1/ E, São Paulo)

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ORACÃO

DA

FAMÍLIA

Frei Hugo Baggio, O.F.M.

Maria, que nascestes numa família e por Deus fostes colocada como Mãe de família, companheira de José e Mãe do Filho de Deus. Olhai pela nossa família que gostaria de ser cópia da vossa; que o amor seja o laço que a todos una, gerando em todos o espírito da renúncia e da aceitação. Que nossas palavras não machuquem ninguém. Que nossos gestos não firam sensibilidades. Que nossa gratidão nos coloque a serviço um do outro. Que a coragem de cada um seja a força de todos. Que a confiança no Pai nos faça sorridentes e alegres. Que o pobre que bater à nossa porta seja bem acolhido. Que o Evangelho seja nossa fonte de inspiração. a Eucaristia nossa fonte de energias, a fé nossa fonte de esperanças para o dia de amanhã Ficai, Senhora, no meio de nós, para que sejamos uma família unida na terra. unida na alegria e no sofrimento, unida, sobretudo, a vós, um dia, na eternidade. Por isso, tornai-a sob vossa proteção, porque esta família é vossa para sempre. Amém!

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A VIDA NUM MOSTEIRO

Entrevista com a Irmã Maria José, monja do Mosteiro Beneditino da Santa Cruz, em Juiz de Fora, publicada no Boletim do Setor por ocasião do Ano Vocacional.

P. - Com um primeiro enfoque. a Sra. poderia nos fazer um hreve resumo sobre a origem e fundação da 01·dem Beneditina?

R. - Historicamente, podemos distinguir vida monástica em geral e vida monástica segundo São Bento. A vida monástica tem suas raízes no Evangelho, na imitação de Cristo e na vida da Igreja primitiva (cf. At. 2, 42). Nos primeiros tempos a Igreja foi muito atribulada por freqüentes perseguições que, no entanto, encontravam heróica resistência dos cristãos conscientes da radicalidade do Evangelho anunciado por Cristo Jesus. Era época de martírio e de grande fervor nas comunidades cristãs. Quando cessou a perseguição, com o Imperador Constantino reconhecendo o Cristianismo como religião do Império, muita gente aderiu à Igreja, porém, sem aquele fervor dos Apóstolos e dos mártires. O r-elaxamento, tanto na Igreja como na sociedade de então, tornava rnais difícil viver radicalmente o Evangelho sem se deixar in· fluenciar pelo espírito mundano da época. Para contestar esta mentalidade, muitos partem para os desertos do Egito, Síria e Palestina, levando ali uma vida de oração e de trabalho, na solidão e na presença de Deus. O entusiasmo cresce e logo serão tão numerosos que se fará necessário organizá-los em comunidades, ficando, assim, a partir do século IV, instituída a primeira forma de vida religiosa na Igreja, a vida monástica. A vida monástica• beneditina surgirá dois séculos depois, quando São Bento, após sua experiência de vida eremítica, passa a viver em comunidade. Mestre de vida espiritual, organiza e funda 12 mosteiros, para os quais redige uma regra cuja espiritualid.ade ainda hoje se faz sentir profundamente. Esta fecundidade do espírito da Regra de São Bento tem tal difusão e aceitação que fez dele o pai do monaquismo ocidental.

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P.- Quantos Mosteiros temos hoje no Brasil? R - No Brasil há 7 mosteiros de monges e 10 mosteiros de monjas, num total de 126 monges e 43 noviços e 167 monjas e 51 noviças. Em Juiz de Fora, somos 16 em nossa comunidade. P. - Muito pouco se sabe sobre a vida cotidiana de uma monja. A Sra. poderia nos dizer como é um dia comum no Mos· teiro?

R.- "ORA ET LABORA" (reza e trabalha), é o lema beneditino, que traduz bem o que seja um dia comum no Mosteiro. São Bento dá primazia à oração sem enfraquecer o trabalho, fazendo o dia do monge assim transcorrer: oração litúrgica (ou Liturgia das Horas), Lectio Divina (leitura rezada ou saboreada da Palavra de Deus), vida comunitária (reuniões de estudo, de lazer) e o trabalho manual ou intelectual.

P.- Por que as orações em horas determinadas e em conjunto? R. - Penso que você se refere à "Liturgia das Horas". O próprio nome já sugere a resposta. Rezar em determinadas horas ~;ignifica santificar todo o dia, interrompendo as atividades para unir pensamentos, palavras e ações, numa presença orante junto :a Deus, intercedendo pelo mundo. Esta "oração em horas fixas" tem sua raiz na Igreja primi'tiva. Os apóstolos e certamente Jesus rezavam no Templo em determinadas horas, como era do costume judeu. A Igreja do 1.0 século recebeu e transmitiu esta tradição, fazendo destas hol'as a sua "oração oficial". Portanto a "Liturgia das Horas" é a ()ração oficial da Igreja e por isso é essencialmente comunitária. Determinadas horas, por exemplo Laudes (oração de louvor pela manhã), Vésperas (oração vespertina) e as grandes Vigílias eram rezadas por todo o povo cristão reunido em torno de seu Bispo e sacerdotes. Era então visivelmente a oração do Povo Cristão. As primeiras comunidades monásticas rezavam também estas Horas Litúrgicas presididas pelo seu abade ou superior. Aos poucos, porém, por razões históricas, o povo foi-se distanciando cada vez mais desta oração da Igreja. Ficaram então os monges, religiosos e sacerdotes como que "encarregados" desta função eclesial. Enquanto o povo de Deus luta na "frente de hatalha", é necessário que alguém, como Moisés, estenda os braços suplicantes ao Senhor na Montanha - o que não significa, obviamente, que ele esteja dispensado da oração! r.omo seria enriquecedor para os leigos atenderem ao convite do Concílio expresso na "Sacrosanctum Concilium '' (sobre a Sa-

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,grada Liturgia), n.0 100: "Recomenda-se que também os leigos recitem a Liturgia das Horas, ou com os sacerdotes ou reunidos ~ntre si, e até cada um em particular". P. -

Como se manifestou para a Sra. o chamamento de

Deus? R. - Vivi em família profundamente cristã. Meus pais tinham vida sacramental diária. Lembro-me muitas vezes, quando criança ainda, de ir à Missa durante a semana. Quando jovem pertenci a Ação Católica. Fui um membro militante e ia desabrochando com tudo o que o movimento me proporcionava. Era muito tímida. Mas a descoberta de Deus, de sua palavra, do Cristianismo, do irmão, levou-me a sair de mim mesma, descobrindo o grande valor da doação! Tinha que amar a Deus. pensava. crescer no Seu Amor, ser coerente com o que aprendia, amar o irmão, fosse ele quem fosse. E o meu esforço neste sentido gerava paz e alegria em meu ser, aumentando em mim a sede pelas coisas de Deus. Na morte de papai. quand0 ele renasceu para a Vida Eterna, eu caí na realidade desta vida, vendo tudo passageiro neste mundo. A Ação Católica iá não estava mais me satisfazendo interiormente. Senti necessidade de preparar-me para a vida que não acaba, para o Encontro definitivo com o Senhor. Conheci logo depois o Mosteiro de Nossa Senhora das Graças de Belo Horizonte.

P. -

O que a levou a escolher esta Ordem?

R. - O Espírito Beneditino que no Mosteiro encontrei veio responder as minhas aspirações mais profundas: oração, silêncio, vida mergulhada na Palavra de Deus, abertura para o irmã0. vida de família, vida em sintonia com a eternidade, louvando a Deus e intercedendo pela humanidade inteira. A Regra de São Bento é uma síntese da Sagrada Escritura para aquele que busca verdadeiramente a Deus. P. - Como combinar a alegria de um temperamento extrovertido com a vida metódica e rigorosa de um Mosteiro?

R. - A nossa vida não é, como parece, rigorosa. Tudo favorece a descoberta dos verdadeiros valores cristãos aue em geral são desprezados pela nossa sociedade materialista. Uma vez assumido~, estes valores tendem a fazer desabrochar plenamente a personalid <1 de hurr> ana de cad q um e ger am a P az e a verd adeira Alegria. Nossa vida não é absolutamente incompatível com um temperamento alegre, pe]o contrário, ela gera e desenvolve a verdadeira alegria, que não é a alegria superficial qtie se costuma encontrar em outros ambientes. O temperamento em nada influi -24-


quando se descobre amado por Deus de modo pessoal e íntimo e se entrega ao AMOR. P. -

Como uma Beneditina vê e exerce o apostolado?

R. - Em substituição à palavra apostolado prefiro, utilizando as palavras de João Paulo li, referir-me à Espiritualidade Beneditina. É esta espiritualidade cristocêntrica, bíblica, litúrgica que, a meu ver, se pode considerar o anúncio de Deus no Mosteiro. Transmitir ao mundo "uma mensagem de interioridade e perenidade da vida evangélica" dentro de nossa função específica na Igreja: sermos a alma orante deste corpo, parece-me, seria a grande contribuição em termos de apostolado. Muito: mais numa linha de ser do que do fazer. (Cf. Puebla n. 0 856: "A vida contemplativa é por si mesma, pelo radicalismo de seu testemunho, um meio privilegiado de Evangelização eficaz").

P. -O que responderia à frequente a:eusação do que no mundo de hoje não há lugar para oração sem engajamento, quer dizer, para este recolhimento opcional, quando há tanto trabalho a fazer? R. - Penso que a resposta acima já respondeu em parte à pergunta. Acrescento mais: a esta acusação, eu responderia que têm razão aqueles que afirmam não haver lugar para oração sem engajamento. Acontece, porém, "que nosso recolhimento opcional" na verdade não é "opcional" no sentido de uma escolha puramente natural. Aqui precisaria ficar bem claro que não fomos nós que escolhemos. A vocação é um mistério envolto na ternura de Deus. Só Ele sabe porque chama a uns para apóstolos, a outros para profetas, a outros para doutores, etc ..... a nós cabe apenas a resposta da fé e do amor. Há várias maneiras de trabalhar para o Reino e nós não nos sentimos "sem trabalho". Como qualquer cristão, vemos o quanto há por fazer na Igreja de Deus e procuramos assumir. apesar da nossa fraqueza, a nossa tarefa. Como dizia alguém: o monge é instrumento espiritual de ligação entre Deus e os homens. Isto exige oração engajada, exige trabalho tenaz, até que Cristo seja tudo em todos. P. - Sente-se que as vocações renascem e aqui mesmo neste Mosteiro há diversas noviças. A que a Sra. atribui este interesse Tenovado?

R. - Nota-se nos jovens de hoje uma busca profunda dos valores espirituais. Eles comecam a se cansar das drogas, modas, sexo, etc. E como o mundo não responde a estes anseios de seus corações, fica neles sempre a sede de Deus. Procuram P-ntão nos Mosteiros e em outras formas de vida espiritual realizar seus ideais. -25-


O JOVEM E A VOCAÇÃO

O jovem, pela sua própria natureza, tem grande capacidade de sentir as necessidades do mundo e aspira a participar da construção do mesmo. Esse idealismo, essa vocação, com o passar dos anos, vai esmorecendo. Em contato com a nossa civilização supostamente cristã, o jovem convive com o indiferentismo, que traz a alienação à realidade, com preocupações econômicas visando ao conforto muitas vezes exagerado, e com o conformismo cômodo que tudo aceita. O jovem é manipulado pela sociedade de consumo, que procura fazer dele um escravo. A pressão social e, podemos dizer, também a familiar são muito grandes. A ambição de um "status" decorrente de uma profissão bem remunerada toma conta da maioria no momento de fazerem sua opção vocacional. Assim, nem sempre a escolha profissional corresponde à sua verdadeira vocação. O jovem acaba abdicando de seus ideais para entrar na corrida do "ser é possuir". Contudo, quando os pais conseguem ser um exemplo concreto, real, e não teórico e racionalizado, de vida cristã, esse ideal altruísta que vinha à tona na adolescência não vai desaparecer, com certeza. Embora muitas vezes fique abafado, esmorecido, ele continua latente em suas vidas e, mais dia menos dia, revive e dá seus frutos.

Maria Enid e José Buschinelli Equipe 6/ D , São Paulo

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"EU ESTAVA NU ... "

Pe. Rino

EU ESTAVA NU, e você discutiu muito, debateu sobre a moralidade do meu ser, proclamou a todos que o mundo perdeu o senso do equilíbrio entre o corpo e o espírito. Condenou a pouca vergonha de um corpo desnudado ... EU TINHA FOME, e você reuniu os amigos e vizinhos, fundou um Clube para discutir a minha fome, para condenar a humanidade que desperdiça, para condenar a gula, o excesso de comidas e de bebidas, para condenar os ricos, o mundo ... EU ESTAVA DOENTE, e você condenou veementemente os médicos que não atendem aos pobres. Você condenou as injustiças dos hospitais, o não cumprimento das leis previdenciárias ... EU ESTAVA PRESO, e você se irritou por tantos presos políticos e inocentes. Você condenou os regimes totalitários e ditatoriais. Você condenou e censurou as Casas de Detenção imundas. sem o mínimo de condições humanas. Você sentiu revolta por tantas arbitrariedades de juízes e advogados, testemunhas e jurados. Você criticou, na rodinha do bar, a falta de liberdade ... EU ESTAVA SEM CASA, e você se ajoelhou para agradecer a Deus por ter a sua casa. Você elogiou o amor que constitui um lar. Você raciocinou com seus amigos que de nada vale uma casa sem amor ... EU ESTAV A Só, e você fez o elogio da solidão. Você não perturbou o meu silêncio, dizendo a todos que eu estava em oração ... -27-


EU ERA POBRE, e você proclamou em sua comunidade que todo homem tem direito à propriedade. Você focalizou maravilhosamente que ninguém pode ser privado arbitrariamente de sua propriedade. Você proclamou que este direito constitui a afirmação da pessoa humana e que a pobreza é um desafio à sociedade de produção e consumo ... EU ERA ESTRANGEIRO, e você me elogiou porque deixei minha Pátria para vir aqui cooperar com o desenvolvimento do seu País. Você concordou com o dir eito de procurar e de gozar da liberdade em outros países, quando injustamente perseguido. Você lembrou a todo mundo que os prófugos políticos são pessoas humanas e que ninguém arbitrariamente pode privá-los do direito de voltar para sua Pátria ... EU ERA ILEGíTIMO, e você deu graças a Deus por ser legítimo e registrado. Você elogiou seus pais por terem sido fiéis e honestos. Você condenou o divórcio, o desquite, as separações ... EU ERA PRETO, e você proclamou ao mundo que todos nascem livres e iguais. Você proclamou a fraternidade, a igualdade. Você condenou o racismo, as desigualdades econômicas e sociais, os escândalos da vida social, as condições infra-humanas de muitos ... VOC:~ REZOU para que Deus construísse um mundo em que todos os homens possam viver uma vida plenamente humana. Você rezou para que não haja mais ninguém nu, gente com fome, doente, prisioneira, gente sem casa, gente sozinha, pobre, exilada.

Mas acontece que EU ainda estou NU, ainda tenho FOME, estou DOENTE, ainda sofro SOLIDÃO, não tenho CASA, estou PRESO, sou POBRE, ESTRANGEIRO. Por que? Você falou muito, irmão, mas não fez nada por mim.

(Transcrito do Boletim Brasileiro da Sociedade de São Vicente de Paulo)

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O MOVIMENTO NO MUNDO

AS EQUIPES NA ALEMANHA

Depois das duas cartas do casa-l equipista. da. Alemanha. (1), ficamos desejando conhecer algo mais sobre as equipes de lã. Por coincidência, a Ca.r'ta francesa publicou uma. reportagem sobre os países de Ungua alemã, da qual extraímos o que se refere às Equipes da. Alemanha.

O Movimento nasceu em Essen. em 1958 Em 1957. alguns jovens casais da paróquia do Sagrado Coração encontravam-se regularmente para trocar idéias. Souberam que na França existia um movimento de casais que talvez pudesse servir de base aquilo que procuravam. Pediram o material e, por ocasião de uma viagem a Paris, o vigário da paróquia convidou um eauipista a ir até Essen para falar aos casais sobre as Equipes. Formaram-se as três primeiras equipes. A primeira reunião teve lugar no dia 25 de março - Festa da Anunciação, ou seja, de Nossa Senhora do "Sim"! No outono do ano seguinte, 25 casais participavam do Encontro de Casais Responsáveis em Paris ... As equipes não são muitas. Das 72 equipes de língua germânica. 42 são alemãs. Há 4 Setores na Alemanha; Essen, Paderborn, Munique e Friburgo. Com o número dos católicos praticantes diminuindo cada vez mais na Alemanha e os jovens casais afastados da Igreja, torna-se difícil o recrutamento. O que leva os setores a serem bastante criativos: promovem rP.uniões para casais e convidam outros casais para participar de todas as suas programações. A Igreja na Alemanha conta com uma excelente estrutura de pastoral familiar. Os equipistas participam, animam grupos em todos os níveis. São todos muito ativos nas paróquias e em outros organismos. E afirmam que a vida de equipe - principalmente a reunião - é a fonte e o sustento para os engajamentos que assumem, tanto na Igreja como na sociedade. (1)

Cf. C.M.s de setembro/83, pág. 32 e abrll/84, pág. 24.

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A difusão permanece, para os setores alemães, o objetivo principal. Os recolhimentos organizados pelo Setor de Essen atingem muitos casais. Em Paderborn, o Setor imaginou um fim de semana de informação sobre as Equipes, com o título de: Equipe de casais - uma oportunidade para o casamento e para a comunidade paroquial. Em colaboração com a casa de formação diocesana, imprimiu-se um convite com o programa dos dias e uma apresentação sucinta do Movimento. Os equipistas distribuíram pessoalmente esses convites a uma centena de casais. Outros foram enviados aos vigários das paróquias e distribuídos na saída das missas. Não faltou um artigo no jornal diocesano.

Já houve três encontros desses em Paderborn. Nem todos tiveram o mesmo comparecimento: uma vez, a casa (60 vagas) ficou completamente lotada; em outra, poucas foram as inscrições - e os equipistas se perguntaram se a propaganda não foi pouca ou se não rezaram o suficiente. . . Alguns dos participantes entraram nas Equipes, outros estão na fila .de espera. Todos os membros das equipes novas fizeram esse encontro, pois o Setor de Paderborn considera esse método de difusão melhor do que a informação de casal para casal, porque possibilita aos casais fazerem a experiência de uma reunião de equipe (na noite do sábado). Muitas perguntas são feitas sobre as Equipes, e os equipistas que coordenam os grupos (cada um com cinco casais) por sua vez procuram sentir as expectativas. perceber as situações concretas de vida e de fé dos casa,is, de modo a poder. ir ao seu encontro com as propostas das Equipes de N assa Senhora no concreto de sua existência. Com essa preocupação pela difusão nos vários SetorPs. de maneira geral, embora timidamente ainda, brotam novas equipes um pouco em toda parte na Alemanha. "É uma alegria, comenta o Regional, ter-se novamente nos encontros (as equipes têm de 15 a 20 anos) o problema de se tomar conta de bebês e crianças pequenas!"

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TESTEMUNHO

"Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus". <Rom. 8,28)

Aconteceu há seis anos, mas tudo está tão vivo e a alegria que nos invade é tão grande que fomos impulsionados a testemunhar a maior número de pessoas. Quando a paz e a alegria que sentimos já não pode ser contida em nós e parece querer transbordar, parece querer atingir a outros, não podemos nos calar. O fato foi simples, não teve o sabor das grandes tragédias. Foi simples como o amor do Pai; simples como Jesus o é; teve a simplicidade do toque do Espírito Santo quando quer arrebatar os corações. Minha visão, que desde criança não era boa, havia ficado bastante perturbada nos últimos dois anos. Eu tivera caso de cegueira na família e por isto logo pensei no que poderia me acontecer. Passei momentos de ansiedade e luta interior quando alguns oftalmologistas concluíram que a vista esquerda não seria 10alva e apenas tentariam remover a catarata na vista direita. Nos meus momentos com Jesus, não sabia o que pedir e que, ria forças para superar aquela prova. Desde menina acreditei no amor e no poder de Deus Pai, mas não havia experimentado "concretamente" como Ele é maravilhoso! Minha vida até então havia sido comum. sem grandes dificuldades, pelo contrário, parecia que tudo dava certo. E ouvi certa vez de minha irmã: "Deus prova aquele a quem ama". Cheguei a duvidar que era amada pois nunca pensei ter sido provada. Poucos dias depois dessa dúvida, minha visão piorou consideravelmente. Então disse a Ele: "Sei que me amas, mas tenho sido uma ovelha apagada, quero experimentar teu amor com maior veracidade."

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Inscrevemo-nos, meu marido e eu, para um retiro das ENS que versava sobre o "Poder da Oração no Espírito Santo", com Pe. Sales. Era então um retiro inédito nas Equipes. Mesmo pensando não aproveitar bem esse retiro por causa de minha pouca visão, fomos porque estávamos precisando de momentos para alimentar nosso espírito. As primeiras palavras de Pe. Sales foram: "Vocês vão experimentar aqui maravilhas do amor de Deus. Ele mandará o Espírito Santo, que transformará muitos corações. Fechem os olhos, relaxem, visualizem Jesus e peçam o que quiserem. Ele os ouvirá. Sei que alguém sairá daqui bastante diferente. Confiem no poder do Espírito Santo." Obedeci. Fechei os olhos. Disse a Jesus: "Não tenho nada a te pedir, só quero agradecer por tudo que me tens dado, pelo meu marido, meus filhos, tudo que me cerca. Não quero pensar na minha visão pois tu sabes o que é melhor para mim." Naquele momento lágrimas correram pelo meu rosto e senti algo estranho que não sei relatar. (Hoje sei que foi naquele momento meu primeiro contato verdadeiro com o Espírito Santo.) O retiro foi C.iferente e muita coisa nos perturbou. Pe. Sales falava de uma maneira de orar que não entendíamos e fugia às habituais formas de se dirigir a Deus. Foram dois dias inteiros de muitos questionamentos. No almoço do domingo, aproxima-se do Renato alguém que, estendendo seu cartão de visita, disse apenas: "Percebi que a Neyde não enxerga bem. Quero examiná-la. Peça amanhã mesmo à minha secretária para marcar uma hora". Renato, já surpreso com o andamento do retiro, surpreendeu-se ainda mais, pois durante um dia e meio em que estávamos juntos não havia reparado naquele casal, que aparecera de repente e ainda, depois de poucas palavras, afirmara que iria embora naquele instante pois tinha um compromisso. O anjo mandado por Jesus apenas cumpriu sua missão e desapareceu .. .

Dirigi-me para o hospital tranqüila e feliz como se estivesse indll para uma grande festa. Fui operada na mesma semana, com sucesso absoluto, e começando pela vista esquerda, para a qual ninguém havia dado es-32.,.......


peranças. A recuperação foi quase imediata. A criatura abençoada que realizou a cirurgia foi Osvaldo Monteiro de Barros que, juntamente com Maria Helena, pertence à Equipe 1 do Setor B. Quando da conversa para tratarmos da cirurgia ele me disse: "Você acredita que senti um impulso para falar com Renato? Nunca fiz isto em minha vida, mas parece que alguém me empurrou." Eu respondi: "Senti que foi o Espírito Santo que te moveu". Ele retrucou: "Se ambos acreditamos ter sido o amor de Deus o responsável por isso, fica tudo por conta dEle mesmo. Não devemos falar em cobranças." Nunca soube como agradecer a Osvaldo por ter sido instrumento nas mãos de Deus. Por se tratar de um fato de valor incalculável, retribuo diariamente com algo cujo valor também não podemos calcular: a oração. Todos os dias louvo a Deus pelo meu Cirineu. Quero que saibam também que tudo contribuiu para nosso crescimento espiritual. Renato e eu estamos engajados em grupo de oração nos moldes que Pe. Sales pregou e Deus continua fazendo maravilhas. Experimente também você o poder da oração no Espírito Santo e creia com mais convicção que Jesus o ama. Louvado seja Deus!

N eyde e Renato Equipe 10, seoor B, São Paulo

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UM SETOR COMPLETA DEZ ANOS DE VIDA: CATANDUVA

"Saiu o semea·dor a semear a semente . .. " (L c. 8,5)

"Chegou Eliana Castilho (1) a semear a semente das Equipes de Nossa Senhora. Depois de alguns "papos" com casais amigos, como que preparando a terra, lança a semente, que nasce e começa a produzir frutos. Eis que em nossas comunidades já existem seis equipes bem formadas e alicerçadas. Tudo isto porque a terra foi preparada com muito carinho e amor e na certeza de que a ação do Espírito Santo estaria presente naqueles que assumissem as Equipes. Desde o dia 24 de maio de 1974, o Movimento está crescendo em nossas comunidades paroquiais. Cresceu em número e está crescendo em espiritualidade - e isto se pode notar muito bem, pois o acompanhamento nas reuniões dá provas ... " Assim se expressava o Pe. Sylvio, então Conselheiro Espiritual do Setor, há dois anos, no Boletim. E acrescentava o seu testemunho pessoal: "Quando iniciou o Movimento de Cursilhos de Cristandade em nossa Diocese, coloquei-me em sentido de alerta. Só depois de ver a 'árvore' crescida e produzindo frutos é que entrei firme para cultivá-la, para que mais frutos produzisse. O mesmo aconteceu no implantar das Equipes de Nossa Senhora. No início, também relutei firmemente. Queria ver para crer. . . Fui me inteirando do que era o Movimento e, desde o dia 5 de março de 1977, com muito amor e carinho 'cuido e cultivo' a semente, hoje árvore frondosa: a Equipe de Na. Sra. da Paz, onde desfruto profundamente do amor familiar que reina em nossa equipe, que, graças ao senso de responsabilidade dos casais que a compõem, assume para valer a sua santificação." (1) Viúva do Luis. Os dois haviam sido responsáveis pelo Setor de Ribeirão Preto.

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Hoje, existem 12 equipes: 7 em Catanduva, 1 em Paraíso, e 4 em São José do Rio Preto - esta quarta já pilotada por um casal de lá (as três primeiras foram pilotadas por casais de Catanduva). Até o primeiro semestre deste ano, pertenciam ao Setor de Catanduva também as Equipes de José Bonifácio, que hoje já têm vida própria, com a Coordenação instalada por Heloisa e Ary, casal responsável regional. o

ns equipistas do Setor de Catanduva são muito ativos nas paróquias, assumindo a Pastoral Familiar - além do curso de noivos e da Semana da Família, coordenam as chamadas "equipinhas" Ao contrário do que publicamos na C.M. de junho-julho, não são pré-equipes, e sim um movimento paroquial. Pilotadas por casais equipistas, funcionam nos moldes das ENS, com estatuto similar, mas com temas próprios. O número dos seus componentes varia, não ultrapassando oito casais. Nas reuniões, que se realizam geralmente aos sábados, é servido apenas um cafezinho. Nas diversas paróquias, já são, ao todo, 12 equipinhas em funcionamento, cujos casais colaboram não só em muitas atividades paroquiais, mas também com o próorio Movimento, como por exemplo por ocasião da Semana da Família. Adelaide e Timo, que substituiram Ruth e Raul na responsabilidade do Setor, são, com o Pe. Vicente, atual Conselheiro Espiritual do Setor, responsáveis pela Pastoral Familiar na Região Leste da Diocese. A integração dos filhos no Movimento é grande, como se pode depreender das diversas colaborações publicadas no Boletim, algumas delas já transcritas na Carta Mensal. Pe. Jarbas, que assumiu a Equipe 1 de São José do Rio Preto no lugar do Pe. Chiquinho, não esconde o seu entusiasmo pelas Equipes. Não descansou enquanto não formou a 4.a equipe, da qual também é Conselheiro, dizendo, na noite de sua instalação: "De todos os movimentos de Igreja que conheço, por enquanto, nenhum é tão benéfico para a família como o das Equipes de Nossa Senhora. •• o Parabéns, Eliana, pela semente plantada há dez anos e hoje árvore frondosa! -35-


NOTíCIAS DOS SETORES

MANAUS -

Fundado o Centro de Planejamento Familiar

Por iniciativa do Centro Nacional de Planejamento Familiar, seaiado em S ão Paulo, ruproveitando a visita do casal Billings ao Nor te e Nordeste, a Comissão de Pastoral Familiar da Arquidiocese de Manaus d-edicou a Semana da Familia ao tema: "0 valor da vida ". Nessa ocasião, fundou-se o Centro de Planejamento Familiar de Manaus, sob a responsabilidade de Maria Auxllium e Julio Torres, da Equipe I de Manaus, e cujo trabalho na divulgação do método Billings é bem conhecido (cf. entrevista na C.M. de nov./83. págs. 18-19). A missa de abertura da Semana foi solenemente concelebrada por vários bispos do Regional Norte I e muitos sacerdotes, com homilia do Pe. Da.goberto Boim, Msessor de Pastoral Familiar da CNBB, na presença de ure número considerável de fiéis. Na m~ma noite, o incansável casal Dr. John e Dra. Evelyn deu inícto à habitual intensa programação com uma m-e'S a-redonda na televisão, coordenada pelo ginecologista Ar'thur Altenfelder Wolff (o nosso "Tusa "), assessor do CENPLAFAM em São Paulo. Na manhã do dia seguinte, o casal Billings falou para 140 bispos, sacerdotes, religiosas e seminaristas e, a. noite, para 80 médicos e enfermeiras. Na noite do dia 4, 150 instrutores do método da ovulaç ão ouviram o Dr. John e a Dra. Evelyn, havendo a seguir as habituais perguntas e respostas. Paralelamente, a Irmã Cecilia Behring, Diretora do Centro Nacional de Planejamento Familiar, d eu um curso sobre o método, na Escola de Enfermagem, para 110 participantes cujo diploma foi assinado pelo casal B!ll!ngs. No sábado, o Pe. Boim orientou um dia de reflexão, falando sobre "Família no con•exto atual " e "Movimentos famiUares à luz das Diretrizes da CNBB ". Participaram 38 pessoas, das Equipes de Nossa Senhora e outros movimentos familiares. Como parte dessa programação, foi fundado o Centro de Planejamento Familiar, resultado do trabalho já realizado em Manaus pelos nossos irmãos Auxilium e Júlio, e no qual se depositam grandes esperanças. Escreve o Frei Ricardo Cornwall, Conselheiro da Equipe 16, enviando cópia dos subsídios distribuídos às paróquias: "Na preparação da Semana, destnP-aram-se muitos equipistas, merecendo especial menção Júlio e Aux!lium, Joaquim e Dea, Carlos e Núbla, Nono e Maria." Parabéns, Manaus.

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LAGES -

Retiro

Com a participação unânime dos equipistas de Lages e Curitibanos, realizou-se, escrevem Léa e Pedro, casal repórter do Setor, o retiro pregado por Frei Nolvi Dalla Costa, OFM. que "há. muitos anos trabalha. com as EZjnlpes de Nossa Senhora". O tema do retiro: "Intoxicados de barulho, precisamos de calma e oração". As palestras : "Ver a rosa", "Deus nos fez à sua imagem e semelhança", "Unidos no amor de Deus", "0 amor de Deus é eterno", "Casamento: a escalada da vida, a espiritualidade conjugal", "A importância da família." Os equipistas sa.lram do retiro mais fortalecidos na convicção de que "o matrimônio, eterno como o amor de Deus é •eterno, é um dos modos mais profundos de se manüestar a imensa presença do amor de Deus entre os homens". MAFRAIRIO NEGRO -

Noticias

Clara Terezinha e Antonio Cibok nos escrevem: "Em Mafra. existem quatro equipes em perseverança e duas novas estão sendo iniciadas. Todas elas contam com a orlen~ão espiritual do Pe. Edino. Tiveram seu terceiro retiro, do qual participaram vinte e oito ca.sais. Pregado pelo Frei Mariano Forolosso, foi bastante proveitoso, destacando-se, entre muiltos outros, o wma: A nossa vida d·e casal no Pai Nosso." BRASíLIA -

Com o novo Arcebispo

Depois das homenagens prestadas a D. José Newton quando deixou a Arquidiocese. oo ca.sais r esporuáveis dos quatro setores, acompanhados do casal regional, foram dar as boas-vindas, em nome das Equipes de Brasília, ao novo Arcebispo, D. José Freire Falcão. Na ocasião, D. José disse e....<:perar das Equipes a mesma colaboração prestada ao seu antecessor. Todos os casaL.~ equipistas tiveram a oportunidade de encontrar-se com o Pastor durante uma m.issa. na Catedral, pois D. José decidiu reunir a cada domingo os integrantes de um dos movimentos leigos da Arquidiocese, a fim de proporciona-r conhecimento mútuo entre o pastor e suas ovelhas. Escrevem Acielajde e Domingos: "Foi sem dúvida um momento de oração e de descoberta, d~ grande valor para o Movimento. Nosso matrimônio se fortifica quando vivido à luz do evangelho, em comunhão com os resporuáveis maiores pela fé e pela doutrina . Obrigado. Dom José. pelo interesse e pelo convite!" PffiAPORA -

Retiro e jubileu

"Os quatorze casais que compõem as Equipes 1 e 2 d e Pirapora participaram do sétimo retiro realizado em Pirapora, MG. Esses 100% de compareeimento dos equipistas demonstram o quanto levam a sério o próp-rio crescimento espiritual", escrevem Isabel e Antonio, da Equipe 1. O retiro foi pre-

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gado pelo Pe. Paulo Ruffier, SJ, Con.selheiro Espiritual de duas equipes em Juiz de Fora, e autor do llvro "E por falar em felicidade ... ", publlcado pelas EdiÇÕEs Loyola. Falou sobre a fé, a caridade fraterna, a humildade e o perdão. Além dos equiplstas, mais 7 casais convidados - possíveis integrantes da Equipe 3, cuja formação está em estudo - par.ticiparam do retiro com muito entusiasmo. Realizou-se, na matriz de São Sebastião, no dia 5 de setembro, missa em ação de graças pelo jubileu de prata sacerdotal de Frei Teodoro, Consellheiro Espiritual das duas equipes. Presentes Frei João Maria, ex-Conselheiro das equipes, representantes do Bispo Diocesano, de paróquias vizin.has e de~ toda a comunidade locaL PIINDAMONHANGABA -

Mutirão

A Coordenação organizou mais um mutirão. para o qual contou com a colaboração de Marta e Décio, que vieram de Aparecida para falar sobre: "Por que ent.r amos para as E.N.S.? Vontade de Deus, vocação das Equipes; ideal de santidade; orientação de vida; pontos concretos de esforço; vida de equipe; casal respon.sável. Depois do almoço, houve meditação do terço e, em sey;uida, grupos de co-participação para debater os três tempos da reunião de equipe: Com Cristo a equipe acolhe o amor do Pai, Em Cristo partilha este amor, Impelida pelo Espírito Santo, envia. seus membros para revelar este amor. o mutirão realizou-se no dia 23 de setembro e o Cónego Gil Claro, Con.selhelro Espiritual da Coordenação, falou, com muita clareza e objetividade. sobre os temas "Pastoral" e "Teologia da libertação''. SOROCABA -

Noticias

Gladys e José Otávio nos comunicam a formação da Equipe 13, cujos pilotos pertencem à equipe 3, assinalando que essa equipe 'também forneceu ao Setor um casal de ligação. "Formada de gente moça e dinâmica, a equipe 3 fundou e orienta uma creche" - trabalho sobre o qual ficaram de nos contar mais alguma coisa, "em outra oca.sião". Aguardemos! SAO PAULO/E -

Palestra sobre tóxicos

Num "encontro informal dos mais concorridos", reunire,m-se as 11 equipes pertencentes ao Setor. O dia começou com a Santa Missa, celebrada por D. Décio Per>eri.ra, Bispo da Região Sé, na qual tomaram posse os novos casaiS responsáveis. Seguiram-se brincadeiras para a criançada e um descontraido churrasco. A tarde, a palestra de Waldyr e Wanderley Tamburüs, de Santos, sobre o problema do tóx!'co e suas funestas conseqüências no meio da juventude. De.staque-se a participação do grupo de jovens da Região, que cuidou das crianças.

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ITU -

Jubileu de ouro sacel'dotal

Acabamos de receber notícia de Cidinha e Paulo, secretários do Setor, comunicando que Frei Agostinho Keijzers, Prior do Convento do Carmo e Conselheilo Espiritual do Setor das Equipes 1, 2 e 10, comple:ou, no dia 4 de novembro, 50 anos de vida sacerdotal. Juntamente com o Setor, que "se rejubila com a data", :Pedilnos "a Na. Sra. que derrame suas bênçãos sobre Frei Agostinho, dando-lhe forças para continuar na sua caminhada."

VOLTOU AO PAI

ZITA MARLY REGO ROCHA- Da Equipe 19, Setor B, de Porto Alegre.

Pertmcia, com Volney, à Equipe do Setor. Os dois eram casal de ligação, palestrantes efetivos do curso de noivos, e sempre es.tavam diSponh•~is para palestras ou outras atividades apostólicas. "Após fulminante enfermidade, aoeitada com resignação e dando testemunho eloquente de fé profunda, voltou ao Pai na manhã de 2 de outubro. A comovente homilia do Pe. Edgar, escrevem Thereza e Gregório, seus companheiros de equipe, deixou em todos o consolo e a .esperança da vida eterna, junto à glória do Pai, para quem como Zita. viveu intensamente os poucos anos de sua vida terrena".

EQUIPES NOVAS

BRASíLIA - Equipe 41 (Setor B) Conselheiro Espiritual: Pe. José Rinald.

Casal Piloto: Altair e Fra.ncisco;

PEDERNEffiAS - Equipe 3, Na. Sra. do Caminho - Casal Piloto: Claudina e José Joaquim; Conselhe·i ro Espiritual: Pe. Aloisio Hasegawa. PETRóPOLIS - Equipe 24 (Setor B) - Na. Sra. dos Remédios - Casal Piloto: Maria Regina e Job; ConseLheiro Espiritual: Pe. Paulo Augusto. SOROCABA - Equipe 13. Na.. Sra. das Estrelas e Léo; Conselheiro Espiritual: Frei Atilio Abati.

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Casal Piloto: Celinha


SESSÃO DE FORMAÇÃO EM BRODOSQUI

Nos dias 11 a 14 de outubro, realizou-se, no Colégio D. Luiz, em Brodosqui, uma Sessão de Formação da qual participaram 33 casais, vindos de Aguaí, Araraquara, Araçatuba, Batatais, Bauru, Birigui, Brasília, Catanduva, José Bonifácio, Marília, Pederneiras, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santa Bárbara d'Oeste, São Carlos e São José do Rio Preto. Foram quatro dias em que pudemos desfrutar de uma maravilhosa experiência de vida comunitária. As palestras do Frei Estevão, da Lygia, da Berê e do Harley nos proporcionaram um maior aprofundamento de nossa fé, um maior conhecimento de Igreja, vocação e oração, e do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, um caminho para seguir o Cristo. Os grupos de coparticipação nos permitiram conhecer melhor nossos irmãos de outras cidades e trocar valiosas experiências. As reflexões nos tornaram mais íntimos conosco mesmos e com o Cristo e também nos trouxeram muitos questionamentos. As liturgias e as missas foram momentos inesquecíveis, de grande enriquecimento. Difícil descrever todas as emoções. Mais difícil ainda falar da doação, do amor, da disponibilidade de nossos irmãos, sob a coordenação de Heloisa e Ary, que nos permitiram viver um verdadeiro Pentecostes. A despedida, no final, foi marcada pela emoção e pela saudade que já estávamos sentindo.

Sílvia e Edmar Equipe 2 de São Carlos

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"SANTA MÃE DO REDENTOR"

TEXTO DE MEDITAÇÃO (João Paulo II, 8/ 12/ 82) "ó Santa Mãe do Red2ntor, j:O; ta que nos abre o Céu, estrela do mar!" o olhar na Imaculada como na Estrela que no céu sombrio das expectativas e incertezas nos guia de modo particular quando no cenário da liturgia do Advento brilha a sua anual solenidade; contemplamo-La na eterna divina economia como a Porta através da qual deve vir o Redentor do mundo. F~xamos

Toda a nDI'sa e.SJ:; 2rança do Advento concentra -se ao Seu redor: à volta do mistério da Imaculada Conooi-ção, no qual. com o poder da divina eleição, é superada a herança do pecado original. E por isso a Ela clamamos com estas palavras: "Eocorre o teu povo vacilante que aspira ressurgir, Tu que, com admiração de todas as criaturas, geraste o Teu Criador ". ( ... ) Contemplemos Maria como a extraordinária obra da Graça Divina. E com veneração e respeito celebremos a Sua maternidade virginal. ( ... )

ORAÇÃO (ld., 12112! 82' Bendito seja Deus e Pai de NoEw Senhor Jesus Cristo. que Te agraciou, ó Virgem de Nazaré, wm todas as bên;:ãcs espirituais e m Cristo NEle, foste concebida Imaculada! Escolhida para seres Sua Mãe, nEle e por Ele foste remida mais que todos os outros seres humanos! Preservada da heran r a do pEcado original. foste concebida t: vieste ao mundo em estado de graça santificante. Cheia do graça! Veneramos este mistério da fé. Juntamente com toda a Igreja . veneramos a Redenção, que s-e realizou em Ti. Aq1:ela singularíssima participação na Redenção do mundo e do homem. a qual somente a Ti foi res.ervada: só a Ti. Salve, ó Maria, Santa Mãe d0 Redentor!


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 SAO PAULO. SP

Te!. : 34-8833


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