ENS - Carta Mensal 1984-8 - Novembro

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NC? 8

1984

Novembro

Padre Melanson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Editorial : Perdemos um grande amigo . . . . . . . . Onde a comunidade está unida ao seu Bispo realiza-se verdadeiramente a Igreja ....... . A ECIR conversa com vocês . . . ............. .. Até sempre, Padre Melanson! . . .. . .. .'.... . .. . . " A oração do coração" . .. .. .. . .. .. .. .. .. .. .. . Um homem de oração .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. . Corno "a boa nova das ENS chegou ao sul" . . . . O tempo da espera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Bem-aventurados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. .. . . . . . Refletindo sobre o Paraíso .. .. • . .. .. .. .. .. .. .. A hora do "Magnifica!" .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . A reconciliação em família - II . . . . . . . . . . . . . . A primeira oração do casal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O "Outono da Vida" .. . .. .. .. .. . . . .. .. .. .. .. .. Na "terceira idade" .. . . . .. .. . .. .. .. . .. . .. .. .. . Mantendo menores fora da rua . . . . . . . . . . . . . . . . "Nunca passei um Natal tão feliz" . . . . . . . . . . . Notícias dos Selares .. .. .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. O Reino do Filho . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . .

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PADRE MELANSON

Os mais novos no Movimento vão estranhar um pouco este número da nossa Carta Mensal: nele fala-se muito do Padre Melanson, que foi o primeiro Conselheiro Espiritual de equipe no Brasil. Na realidade, foi muito mais do que isto: foi o sacerdote em quem Da. Nancy e Dr. Moncau se apoiaram durante os primeiro:s anos, decisivos, da implantação do Movimento no Brasil. Se ele niio acreditasse nas Equipes de Nossa Senhora como acreditou, teria o nosso casal fundador conseguido enfrentar sozinho as dificuldades, as interrogações dos primeiros passos? Não fosse ele um adepto ent.usiasta do Movimento, teriam as Equipes chegado tão depressa a outras cidades, principalmente ao longínquo Sul? Com Nancy e Pedro Moncau, foi ele o instrumento escolhido pelo Espírito Santo para levar adiante o Movimento em nosso País. Isto já justificaria o espa·ço que lhe dedicamos. Mas o Padre Melanson era uma pessoa extraordinária, cuja personalidade marcou todos os que o conheceram. Por isso não hesitamos em deter nos nas recordações: mais do que um preito de gratidão, almejam elas tornar conhecida das novas gerações de equipistas essa figura ímpar que a bondade de Deus e a proteção da Virgem Maria colocaram no caminho de muitos de nós e, principalmente, na história das Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

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EDITORIAL

PERDEMOS UM GRANDE AMIGO Padre Oscar Melanson, CSC, já não está mais entre nós. Perdemos um grande amigo, um colaborador entusiasta dos primeiros tempos das Equipes no Brasil, alguém que nos infundia coragem para lutar, e confiança nos resultados dessa luta. Faleceu aos 69 anos, no Canadá, no dia 8 de setembro, uma data tão cheia de significado para os cristãos, e, principalmente para os que, como ele, são devotHdos a Nossa Senhora. Chegou ao Brasil em 1944, com 29 anos, na companhia do Padre Lionel Corbeil, ambos canadenses, da Congregação de Santa Cruz. Sua vida, interrompida numa idade em que o homem ainda pode dar muito de si para o bem dos outros, foi a de "um sa"' cerdote preocupado em fazer sempre a vontade de Deus; era um religioso de vivência simples e pobre; um místico alegre, deciicado à. oração e a seus irmãos em geral e, de uma maneira particular, à classe operária. Foi uma pessoa muito agradável, com quem se tinha prazer em conviver." Nós, que com ele privamos durante alguns anos, endossamos plenamente essas palavras· do Padre Corbeil. Fomos conhP.cê lo em 1950, quando nossa primeira equipe tinha . apenas algun~ meses e precisava de um Conselheiro Espiritual, uma .vez que~ precário estado de saúde de Mons. Aguinaldo o impedia de contkuar conosco. Convidado por este para substituí-lo, Padre Mehmson disse que ia "pensar". Trabalhando com jovens receava envclver-se num grupo que talvez se limitasse à discussões platônicas. Mas, deixemos que ele mesmo nos conte os resultados desses primeiros contatos:

" Para me ajudar a pensar, Mons. Aguinaldo mandou logo o Pedro Mo.nca.u conversar comigo. A apresentação das Equipes

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de Nossa Senhora e a personalidade de Pedro abalaram um bocado meus propósttos negativos. . . Apegava-me ao juízo teme,.ário de que tudo não iria passCLT de conversa mole entre meia dú.zia de casais de boas intenções.

No dia 1.0 de julho assisto à minha primeira reunião. Estavam estudando um ponto dos Estatutos das E.N.S. O Pedro astutamente, pensei depois - me passa uma cópia, em francês, dos Estatutos, que devoro durante a discussão. Percebo que se tratJa de coisa séria, longe de um simples passa-tempo. Pergun tei, apontando para os Estatutos: "É isto q'Uie vocês querem fazer?" Responderam: Sim! Fiquei reduzido a um goleiro de pefl.alti. Na reunião seguinte fiz a minha confissão: minhas reticências, minhas tergiversações. E disse: "Se vocês quiserem isto {os Estatutos), eu estou com vocês". Recordo-me da alegria com que acolheram minha capitulação. E eu já os amava mais que aos Estatutos!" (C. Mensal de maio de 1980). Padre Melanson ficou conosco e nos cativou logo. Sabia ser compreensivo e exigente ao mesmo tempo. Acreditava nos casais e, numa época em que a espiritualidade conjugal era pouco di{undida, entusiasmou-se pelo ideal das Equipes e nele acreditou. "Eles sabem o que querem e têm os meios de conseguí-lo", dizia. Era excelente pregador de retiros, solicitado não só pela Ação Católica como pelo clero e pelos casais. Seu estilo claro, objetivo, direto, ao mesmo tempo leve e profundo, agradava e convencia. Suas atividadcs na Juventude Universitária Católica (JUC), durante 3 anos e na. Juventude Operária Católica (JOC), durante 20 anos, levaram-no a contínuas viagens pelo Brasil. E foi assim, por meio de suas viagens e suas pregações, que ele se tornou o missionáric:- tia espiritualidade conjugal entre os jovens universitários casados.

"Desde o princípio", conta-nos ele, "procurava interessar jovens casais da JUIC nas Equipes. A tempo e contratempo espalhava o meu entusiasmo. Passaram-se dois anos sem que nada acontecesse. Finalmente veio um convitle a Pedro para apresentar as Equipes a um grupo de jovens casais. Após um tempo de espera, um novo convite. - Desta vez, O'UI vai ou racha, falei ao Pedro. E foi! Entrementes a boa nova das Equipes chegava ao sul, a Flo · rianópolis e Porto Alegre, e mais tarde ao Rio e -out1·as cidades do Brasil, conforme eu viajava pela JOc.•: (Depoimento de Pe. Melànson. C.M. de maio de. 1980) .• -

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Era não só Conselheiro Espiritual d-a primeira equipe, como o orientador dos primeiros passos na difusão do Movimento. Pedro e eu recorríamog a ele com freqüência e todas as nossas atividades - retiros, encontros, reuniões de trabalho que seriam o embrião de nosso primeiro setor - se realizaram com a sua orientação e os sem; conselhos, quase sempre com a sua presença.

Ao lado de Mons. Cardijn, fundador da JOC Internacional. A sua esquerda, o Pe. Roberto, co-fundador cb JOC no Brasil. A direita do Cardeal Cardijn, o Padre Corbeil, diretor do Colégio Sarita Cruz, e conselheiro da ECm durante os anos 60.

Quando se tornou Assistente Nacional da JOC, passou a resiair no Rio de Janeiro. Sentimos muito a sua falta. Sua colaboração tornou-se então mais esporádica à medida que suas responsabilidades na JOC aumentavam. Em 1958 passou a ser o Assistente da JOC Internacional para a América Latina. No ano de 1967 foi encarregado pelas autoridades da Congrel!ação de Santa Cruz de visitar suas missões na índia, no Bangladesh; na Aménca Latina - Brasil, Chile, Perú, Haiti - bem (!Omo em cinco países da Africa. De 1968 a 1973, residiu em Campinas, numa casa da Congref;'ação. Reencetou seu contato com o Movimento, como Conselheiro Espiritual de uma equipe dessa cidade. Continuou suas pre~ações a casais, sacerdotes e religiosos. -

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Em 1973, chamado por seus superiores, retornou ao Canadá, onde - citando as palavras do Pe. Corbeil - "se dedicou durante uma década, com o empenho que lhe era peculiar, ao Movimento de Renovação Carismática". Suas visitas ao Brasil tornaram-se raras, quase sempre quando especialmente convidado. Foi assim que, em 1980, por ocasião da comemoração dos 30 anos das Equipes no Brasil, veio do Canadá a convite do Movimento e participou das solenidades em Aparecida. Ouvimos então, pela última vez, sua palavra amiga. Pensamos no Padre Melanson com saudade e reconhecimento, por tudo o que ele nos deu, pelo que nos ensinou, pelo inesti· mável apoio que: as Equipes do Brasil dele receberam. E unimo-nos ao~ seus amigos, aos membros da Ação Católica, particularmente da JOC, para a qual ele tanto trabalhou, para agradecer a Deus e à sua Congregação por terem dado o Padre Melanson ao Brasil. Que Deus .:> recompense por todo o bem que nos fez, pelo maravilhoso testen~tmho de zelo e de vivência sacerdotal que nos rleixou. Que ele, conhecedor profundo de nossas aspira~ões, de nossa sede de Deus, e também de nossas limitações, nos alcance a graça de sermos fiéis, como ele o foi, aos dons recebidos.

Nancy C. Moncau

Em Aparecida. -

maio de 1980.

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A PALAVRA DO PAPA

ONDE A COMUNIDADE ESTA UNIDA AO SEU BISPO REALIZA-SE VERDADEIRAMENTE A IGREJA

"Er am assíduos ao ensino dos apóstolos, à umao fraterna, à fração do pão e às orações." (At. 2, 42). Este texto dos A tos é Importante. Nele emergem alguns elementos constitutivos da Igreja de Cristo: a Palavra de Deus, acolhida por uma comunidade de crentes, à volta dos Apóstolos, os quais cuidaram de ter os seus sucessores nas pessoas dos Bispos. Desde aquela época até hoje, e até o fim dos tempos, a realidade plena da Igreja não pode existir senão baseada nestes elementos essenciais. Cada comunidade local, reunida à volta do seu Bispo, é ver~ dadeiramente e plenamente Igreja. Esta consciência tornou-se tão forte depois do Concílio Vaticano II que hoje podemos dizer, com uma formulação carregada de conseqüências, que é nas Igrejas particulares, isi;o é, nas e pelas Dioceses, que subsiste uma e una a Igreja Católica. Isto significa que onde uma comunidade está reunida com ü seu Bispo, na fé e na fidelidade ao Senhor Ressuscitado, realiza-se verdadeir amente a Igreja. Mas a realidade do Corpo Místico de Cristo não se exaure nela. A Igreja particular , portanto, não pode permanecer isolada, não pode viver uma fratern idade só a nível local, mas deve realizar a comunhão com as outras Igrejas. Não pode existir uma Igreja local que não esteja em comunhão com as outras, que não esteja aberta aos sofrimentos e às alegrias das outras Igrejas locais, que não procure sintonizar com EÍas no modo concreto de testemunhar perante o mundo de hoie cs eternos valores dCJ Evangelho. Não pode existir uma Igreja local que não alimen te uma sincera e profunda comunhão com a Sé de Pedro. A Igreja é "una". Toda a pluralidade existe nesta unidade. (Em

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Lugano, Suíça, 12-6-84)


A ECIR CONVERSA COM

VOC~S

Caros amigos, Recorrendo à Carta das Equipes de Nossa Senhora, encontramos, logo à primeira página, a propósito das aspirações dos ca~ sais: "Ambicionam levar até o fim o compromisso de seu batismo". O que produz c nosso batismo? É um ato religioso que nos garante a proteção de Deus e nos oferece tranqüilidade de salvacão? Não, o nosso b:>tismo nos insere na Igreja, nos faz membros <:le um povo, n pi)VO cristão, e cristianismo não é simples religião, mas uma adesão a uma pessoa, a um Deus vivo, e isto implica num estilo de vida. Nãu é, pois, passaporte para o céu, mas um impulso para uma vida nova.

Esta vida significa: -

Tensão - Causada pela luta que se trava em nosso inte.rior entre a necessidade de amar (como sabemos, o amor, por ser um ato da vontade, não é espontâneo, exige esforço) e os :mpulsos naturais (espontâneos) para o egoísmo, para o prazer, para as facilidades. . . "Não penseis que vim trazer a paz à terra" (Mt. 10, 34 a) .

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Paradoxo - Gastar a vida com os outros, para ganhar a própria vida. Morrer para viver. Quem procurar a si mesmo acabará por perder-se; e quem esquecer a si mesmo por amor de Cristo, acabará por encontrar-se (cf. Mt. 10, 39).

O nosso batismv nos insere numa comunidade, que busca apro(undar a experiênciG>. do Deus vivo que caminha com o seu povo ~ que, juntamente com ele, quer estabelecer o seu Reino. Ele nos torna. pois, correspc:nsáveis pela caminhada desse povo e conseqüentemente missionários dentro da sociedade que participamos, ~ que Deus quer (e nós também) mais justa e mais fraterna.

Uma equipe de Nossa Senhora. Casais que querem ser fiéis ao compromisso do batismo; uma comunidade cristã de casais, uma <!élula da grande comunidade, que é a Igreja; uma comunidade que "quer estar ao mesmo tempo ligada ao Pai, em comunhão €Streita com a Igreja, e plenamente aberta para o mundo". (0 aue é uma equipe de Nossa Senhora - pág. 4). Portanto, uma equipe fechada sobre si mesma, sem abertura missionária, é uma equipe incompleta.

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Essa pequena comunidade se reúne para:

-- Melhor conhecer e melhor viver as exigências de uma vida crist!ã, buscando o Senhor na escuta de sua Palavra, na oração, na troca de idéias sobre o tema. -

Auxiliar-se mutuamente a formar a consciência de cada um dos seus membros, a transformar suas vidas e a assumir suas responsabilidades na construção do Reino, numa convivência fraterna e através de trocas de experiências e do por em comum da própria vida, desde os fracassos , esforços, preocupações, até os progressos e alegrias, pois 1.1ma só é a esperança. "A coparticipaç§o é o momento privilegiado em que a equipe vai nos ajudar a n0s interrogarmos sobre nossas diferentes responsabilidades de cristãos engaja dos no mundo, a melhor percebê-las, a melhor vivê-las" (Reunidos em nome de Cristo, n. 0 4). Que cada equipe saiba utilizar a coparticipação para poir em ccmum a vida missi0nária, a vida de Igreja de seus membros, a resposta que cada Em tem dado aos diversos chamados de Deus através das necessidades de seu povo. É uma necessidade que se impõe, uma forma de concretizar melhor a ajuda entre os casais para levarem até o fim o r.ompromisso do seu batismo.

Cidinha e Igar

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AT!: SEMPRE, PADRE MELANSON!

Quando o Padre Melanson escreveu, há dois anos suas "Reminiscências de Pedro Moncau" (cf. C.M. de novembro de 1982), não imaginávamos que tão pouco tempo depois seríamos nós a escrever nossas "Reminiscências do Padre Melanson". Naquela o c as ião, escre'\oia ele: "Martin Ruber, o filósofo israelita, ensina que a amizade, o amor, as relações humanas são criações espirituais e portanto indestrutíveis. Nunca cessarão de existir . . . " Permanecemos ligados a o Padre Melanson, como permanecemos ligados ao Dr. Moncau, por laços "indestrutíveis". Para todos os que o conheceram, ele continua vivo e bem presente. Aliás era a própria vida: dinâmico, alegre, comunicativo, sempre disposto e cheio de planos. Agora levou para o Céu aquele seu jeito brincalhão, mas fica gravado para sempre em nossa memória e em nosso coração! "Bem-aventurados os h o mens que de ti recebem auxílio quando decidem empreender viagens santas. Avançarão com vigor sempre crescente, verão o Deus dos deuses em Sião!' (Sl. 83, 6, 8). Estas palavras, com as quais terminava o seu artigo, aplicam-se maravilhosamente a ele, que tantas viagens realizou para o bem da Igreja de Deus, e que acaba de realizaa- a sua última, santa e definitiva viagem!

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Mesmo beirandc os 70 anos continuava um viajante incansável. Na última carta que dele recebemos, em dezembro de 83, contava-nos que acabara de voltar da Venezuela, comentando: "O Brasil é duRs vezes mais longe. . . Pena!" Referia-se elP à despesa e não às horas de vôo, que nunca o amedrontaram! Fouce antes, realizando o sonho de todo sacerdote e de todo cristão, e-stivera na Terra Santa, onde passara quatro meses dando cursos de Bíblia e pregando retiros para religiosas. Tendo participado da abertura do Ano Santo na Basílica da Anunciação, em Nazaré. e da Semana Santa em Jerusalém, escrevia: "Que graça extraordinária, e logo no Ano Santo da Reden-t;ão!" Terminava a ·:!&rta recordando: "No dia 8 de dezembro. fará 40 anos que deixamos Montreal para o Brasil, Pe. Corbeil, Pe. Dupuy e eu. 'Tudo é graça' ... ". Quando escrevia estas palavras, não sabia que estava doente - o problema só apãreceu em abril, manifestando-se com toda a virulência em julho. Por misericórdia de Deus. foram só dois meses de sofrimento intenso - para que. como disse o Padre Corbeil, sua entrada no Céu não fosse muito fácil demais ...

"Tudo é graça . . . " Ao olhar para trás, damo-nos conta mais do que nunca da imensa graça que foi para nós termos tirlo a ele como "assistente'', como se dizia na época, da nossa equipe. Foi por pouco tempo, mas muito nos marcou. Naquela altura (1961) , o Padre Melanson era Assistente Internacional da JOC para a América Latina e viajava constantemente. Pois assim mesmo aceitou, como ele contava por ocasião dos 30 anos do Movimento (e não publicamos por falta de espaço) , "ser assistente de uma equipe de São Paulo, uma equipe de gente decidida, que tomou acertadamente o nome de 'Na. Sra. do Sim', gente insistente sem assistente ... ". De onde estivesse, vinha para a reunião - da Venezuela ou do Peru, mas também de outros continentes: até hoje nos lembramos da noite em que chegara diretamente de Bujumbura, um lugar do qual jamais ouvíramos falar . . . Ex~ste prova maior de disponibilidade - e de fé no Movimento - por ·parte de alguém com tantas responsnbilidades? Gratas lembranças! E os retiros que pregava? O Padre Melanson era daqueles que tinham o dom de levar-nos, pela sua palavra inspirada - muito simples e ao mesmo tempo permeada da grande cultura que era a sua - a um encontro pessoal com Deus. Isto ele conse:guia também por meio do silêncio, para o -10-


qual motivava naturalmente e que sabia exigir quando o sentia comprcmetido. Algum tempo antes de voltar ao Canadá, confiara-nos o seu desejo de dedicar-se inteiramente à pregação de retiros. Infelizmente, não pôde realizar o seu intento por não encontrar quem se dispusesse a colaborar com ele nas pregações.

No Compromisso da Equipe de Na. Sra. do Sim, em dezembro de 61. Hoje essas crianças são todas adultas, a maioria. casada.

Quando o ouvirr.os falar em público pela última vez, em Aparecida, ficamos impressionados: pareceu-nos realmente habitado pelo Espírito Santo, tal o amor e o ardor com que se dirigiu a nós. Entregara-se ele à Renovação Carismática - que fundou na sua diocese, da qual era responsável e cujo 10.0 amversário teve a alegria de celebrar em outubro passado ("uma beleza: 1.500 participantes", escrevia) - com o mesmo entusiasmo que dedicara às Equipes àe Nossa Senhora. Sempre foi muito dado, extrovertido, mas, n:::~s últimos anos, sentíamos que ele queria comunicar-nos a própria alma!

-oComo disse o Pe. Corbeil na missa celebrada em São Paulo em sua intenção. foi um homem que viveu a sua santidade na alegria. E hoje sabemos que alcançou a fonte dessa alegria: o próprio Deus. -11-


Deixara o Canadá para o Brasil numa festa de Nossa Senho· ra. Terá sido por coincidência que deixou este mundo para o Céu também numa festa de Nossa Senhora? 8 de dezembro, 8 de setembro ... Gostaríamos de terminar, como começamos, com suas próprias palavras. Referindo·se às relações humanas que por serem realidades de ordem espiritual são indestrutíveis, acrescentava: "Este pensamento altamente consolador abre grandes esperanças sobre a maravilha oue seremos, uma vez ressuscitados. Teremos máxima comunicabilidade e consciência clara de nossas ramifica· ~ões na videira que é Cristo." "Máxima comunicabilidade" . . . Obrigado, Padre Melanson por tudo quanto nos comunicou já nesta terr a!

Monique e Gérard

o

"O Espírito de Jesus em nosso coração

é uma poderosa estação transmissora."

Pe. Oscar Melanson

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''A ORAÇAO DO CORAÇAO"

Se fossemos gente de meditação interior, isto nos ajudaria bastante! A gente se conservaria em paz. Ensino às pessoas a oração de simpliciàade. Mas é muito simples demais para ocidentais afobados! Bota.JSe de lado as imagens, os pensamentos, as expressões, para estar com Deu::;. Ora-se então para além da alma (inteligência, vontade. sentimentos, memória, imaginação) no seu ser profundo. Os orientais chamam isto de "oração do coração" filocalia. Tente isto. Postura relaxada, sente-se com a coluna reta, mas não rígida. No começo, tem-se a impressão de estar perdendo tempo, pois não se produz nada. Toma-se uma palavra, por exemplo "Maranatha" (1). e repete-se mentalmente, devagar, como um "mantra" (2). Utiliza-se como escudo para afastar os pensamentos, as distrações, sem esforço, somente na fidelidade a esta palavrinha. Vinte minutos, àuas vezes por dia, e veja a paz que se estabelece em você! Você alcança Deus nesta capela onde .E le habita, no fundo do seu próprio ser, mas sem conceito, apenas na paz e no silêncio, como uma criança juntinho da sua mãe. Você armazena paz, energia, que vêm de Deus, Criador e Salvador.

(De

(1)

(2)

uma carta de 21-1-82)

"Vem, Senhor Jesus". Palavra ou som que, repercútindo interiormente, conduz o pensamento.

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UM HOMEM DE ORAÇAO

Gra~as ao din~mismo do Padre Melanson, a Renovação Car ismática desenvolveu-se muito na sua diocese e nas dioceses vizmhas. Ele era procuradíssimo para retiros, seminários, congressos da Renovação. Diz a biografia enviada pela Congregação de Santa Cruz:

"Sua contribuição para a renovação da ora~ão na Igreja é de um valor inestimável. A todos conseguia transmitir uma sede ele oração, da Palavra de Deus, o sentido da oração de louvor e de intercessão, a experiência da oração comunitária e eclesial. Padre Melanson , era um homem de Deus, muito assíduo à oração, à Palavra de Deus e à pregação da Sua mensagem de amor e alegria. Seu profundo conhecimento das Escrituras causava admiração. Tinha um senso profundo da escuta de Deus na Bíblia e na vida. A isto acrescentava um senso de humor que encantava os que o ouviam. Tudo o que contava, as passagens do Evangelho que narrava, principalmente os encontros com Jesus, adquiriam mais vida e beleza através da sua palavra e da mímica que lhe era própria ... " Nisto consistia o segredo do dinamismo e da alegria do Padre Melanson: era um homem de oração!

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COMO "A BOA NOVA DAS ENS CHEGOU AO SUL"

Com Micuel. numa foi durante muitos anos o casal responsável pelo Movimento eD). Santa Ca.ta.rina.. Recorda:

A primPira vez que o Padre Melanson veio a Florianópolis foi para pregar tnn retiro para os elementos da A:ção Católica? da qual fazíamos parte. Naquela época ainda éramos solteiros. Era 1950. Foi um retiro muito diferente. Pela primeira vez, o tema principal não era rr.orte, inferno, paraíso, mas o amor de Deus, como viver o Evangelho e aprender a amar o irmão e sentir-se 't'esponsável por elê. Outra novidade, a maior, era que o Padre também cantava e assim, junto às palestras e meditações, tão profundas e substanciosas, aprendemos canções como ''Alonette .. e o "Pifarirn" do Mestre André. Aprendemos a cantar "La vie en rose", et c. Corno a figura do Padre Melanson está na nossa memória! Sua descontração, étquela alegria tão brejeira dos seus olhinhos azuis, tão perspicazes, seu cabelo de fogo, sua risada sadia, tão contagiante, e seu interior tão maravilhoso. Corno ele era bonito por dentro. . . Ficamos seus fãs, incondicionais. Ele volt ou a Florianópolis muitas vezes. Certa ocasião, para pagar sua passagem aérea, rifamos um perfume francês que alguém nos doou. Era no tempo da JUC e estudante tem coragem! Em março de 1955, estava em Florianópolis o Pe. Melanson. No dia 8 de ·março. reuniu, na casa de Lina e Beno Peressoni, alguns casais q•le, quando solteiros, pertenciam à A:ção Católica; e fez urna informação sobre um movimento novo na Igreja, que estava começando em São Paulo, mas que já estava muito difundido na França, e visava a espiritualidade conjugal e a santificação da família. E '1ssirn foi fundada a 1.a Equipe de Nossa Senhora em Florianópolis. Devemos isto ao Pe. Oscar Melanson. Ao sabermos de sua volta à casa do Pai, desejaríamos que o Senhor o recebesse junto com a nossa gratidão pelo bem que nos proporcionou. E que as Equipes de Nossa Senhora em Santa Catarina sejam contadas corno frutos de seu trabalho e dedicação na (;Onstrução do ReinG de Deus aqui na terra. Dilma -15-


Dilma. pediu a Inês, Irmã de Llna, em ~a casa o Padre Melanson fe'l. a. primeira reunião de informação - para. seis <"asais e o Padre Bia.nchinl -, que nos contasse como veilo a ser a responsável pela ida do Padre Melanson • Florianópolis.

Conheci Pe. Melanson quando viajávamos no mesmo navio, de volta da Europa: ele, acompanhando o pessoal da JOC e eu voltando de uma peregrinação do Ano Santo. Nessa ocasião conheci melhor o ideal da JOC, orientada naquela época pelo belga Mons. Cardijn, e participei, junto com muitos de nosso grupo, da parte recreativa do grupo do Pe. Melanson, que era um grupo muito alegre e sadio - pessoas, como nós, de todo o Brasil. Nessa viagem, tive muito bom relacionamento com o Pe. Me~ lanson e nos tornarr.os muito amigos. Além de uma enorme bagagem cultural, ele possuía muita espiritualidade e uma maneira muito positiva de analisar a vida. Era uma pessoa muito alegre t> transmitia alegria. Aproveitávamos melodias conhecidas e fazíamos letras apropriadas, que irradiavam alegria, prestação de servi·ços, compreensão do próximo e muita evangelização. Muitos desses cantos tornaram-se regra geral nos passeios e reuniões que fazíamos na Ação Católica de então. Lembro-me que nessa viagem desafiei o Pe. Melanson a fazer um retiro conosco, em que não se falasse de pecado, mas da permanência em estado de graça. Ele concordou. Esteve várias vezes aqui em Florianópolis e numa dessas visitas pregou-nos um 1·etiro fundamentad0 no Evangelho e na pessoa de Cristo. Ao sair desse retiro, eu ser.tia uma necessidade vital de generosidade e ~ó v ia o que há de positivo na vida. Depois Pe. Melanson freqüentou nossa casa, onde residia também a família da Lina e do Beno, e daí surgiu a idéia de se fundar equipes de casais, experiência que vinha fazendo em São Paulo e que aqui poderia ser tentada com casais que em solteiI'Os haviam freqüentado a Ação Católic~ Agnese Faraco

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O

TEMPO

DA

ESPERA

A idéia da espera é a nota dominante do Advento. É a espera de Alguém que vai chegar no silêncio e no mistério de cada vida. Somos chamados a viver essa espera, mantendo-nos sempre vigilantes para estarmos acordados quando for chegada a hora. Examinemo-nos: - Quantos advf.ntos já se passaram em nossas vidas sem produzir frutos de renovação espiritual e participação efetiva na vináa de Cristo? - E a nossa vda cristã, não ficou ela como que atrofiada. em estéril preparação comemorativa, não unindo o Advento à Sua última vinda? Passemos po;s a viver o Advento em sua essência. Não so · mente nos dias que antecedem o Natal, mas em todas as circuns· tâncias e momentos de nossa vida. Estejamos realmente atentos para que o egoísmo não dirija nossas atitudes não nos tornemos escravos das coisas materiais e não nos extraviemos por caminhos tortuosos e diferentes da· quele traçado por Deus, tendo como base o amor de Cristo. Mantenhamo-nos vigilantes em nossa fé, em clima de oração dispostos a captar todos os "sinais" da chegada de Jesus. Participando da Eucaristia, possamos acolhê-lO e reconhecê-lO, a fim de:> sermos também acolhidos por Ele, um dia, no Reino de Deus E>

É

sempre Advento para aquele que tem o coração aberto ao

Amor.

Rosalina e Adilson Equipe 12 de Juiz dP. Fora

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BEM-AVENTURADOS . ..

.. Eu creio na vida eterna e na feliz Ressurreição, quando, de volta à casa paterna, com o Pai os filhos se encontrarão."

BEM-AVENTURADOS os que têm alma de pobre e dão preferência aos pobres! BEM-AVENTURADOS os mansos, que se recusam a construir um mundo sobre a violência! .. BEM AVENTURADOS os que choram, porque Deus toma em consideração os seus sofrimentos e as suas lágrimas! BEM-AVENTURADOS os que têm fome e sede da plena justiça, isto é, da santidade perante Deus e do respeito à dignidade de toda pessoa humana! BEM-AVENTURADOS os que são misericordiosos, que sabem o preço da t ernura e do perdão, e estão dispostos a aceitar a misericórdia dos outros e de Deus! BEM-AVENTURADOS os que têm coração puro, porque eles serão a manifestação de Deus no meio do mundo! BEM AVENTURADOS os que fazem reinar a paz à sua volta em nome do Senhor porque eles criarão um mundo onde reinam a solidariedade e o amor! · BEM-AVENTURADOS os que são perseguidos por causa da justiça e mantêm a esperança no meio da perseguição. BEM-AVENTURADOS, porque no momento da segunda vinda do Senhor Jesus ouvirão: · "Vinde, bend'ito!'l do meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo" (Mt. 25, 34) .

Pe. José Jonas Conselheiro Espiritual do Setor de Bauru

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REFLETINDO

SOBR~

O PARAISO

"O -reino dos céus é também semelhante a um teso?Lrú escondido num campo. Um homem o encont-ra e cheio de alegria va.i, vende tudo o que tem para comprar aquele campo" (Mt. 13, 44).

A reflexão !i.Ob:re o paraíso, para muitos de nós, pode parecer sem sentido, porque já temos um conceito estabelecido e raramente nos damos conta de que a imagem que fazemos da vid::l eterna é que condicwna a maioria de nossas ações. Peregrinos ~ caminho da casa dJ Pai, vivemos, na fé, na esperança da ressurreição, prorurando realizar o que entendemos ser a vontade de Deus. Talvez a conceit.uação de que o céu é um bem a ser adquirido mediante a prátka de preceitos, regras e leis humanas tenha penetrado em nossa mente a tal ponto de praticarmos uma religiosidade estanque, enclausurada, composta de atos que se tor~ naram obrigatórios. Se refletirmos profundamente sobre o que l'ntendemos ser necEssário para a conquista do paraíso, talvez nos surpreendamos ao constatar que nos impomos esquemas semelhantes aos existentes para a aquisição de bens materiais. Talvez nos surpreendamo3 ao constatar que praticamos atos religiosos não para crescer n·J amor, mas para garantir o céu. Mesmo que essa afirmativa pareça chocante, é possível que estejamos condicionados, devido à nossa natureza humana, à prática de atos re1igiosos para ganhar o céu. As vezes nos sentimos divorciados de Deus por ter perdido uma missa e não sentimos nenhum remorso por termos praticado ato de desamor com nossos irmãos. Longe de pretender negar valores já adquiridos e vivendados com amor, esta reflexão pretende valorizá los ainda mais, cnfocando o paraíso com um programa de conversão ilimitado e inextingüível. -19-


Ao inaugurar o reino de Deus na terra, Cristo revelou, tam. bém, sua naturéza, como o reino do amor, da justiça, e da paz, chamando-nos para a missão de construí-lo, instalando-o em cada um de nós, isto é, lançando em nossos corações a semente, para que brote e se transforme em árvore frondosa. O céu já está dentro de nós e sua plenitude, a ser vivida na eternidade, terá a dimensão do amor que foi construído a cada d.ia, desde o nascimento até a morte. Esse conceito cio céu requer que identifiquemos em nós o bem (amor) e o mal (desamor) , para que possamos crescer no bem vencendo o mal. Tudo o que no::: impulsiona para a vida da graça liberta-nos das estruturas de pecado que nos aprisionam, amplia a dimensão do estado de amor em nossa vida, aumenta nossa capacidade de amar mais, faz crescer, em nós, o reino de Deus; tudo o que nos impulsiona para o mal torna-nos escravos do pecado, restringe nossa potencialidade de viver o amor, atrela-nos ao plano físico de nossa existência, limita nossa capacidade para viver a plenitude da vida eterna. O amor infinito de Deus. a vida em abundância que nos é prometida, requer a conversão contínua e ilimitada para o amor, e é através dela que rompemos as estruturas de pecado que nos oprimem e nos transformam em opressores para que, livres, possamos aprender e desfrutar o amor, sentido final de nossa existência. O paraíso é o amor divino em plenitude e adquirir o direito de possuí-lo significa aprender a valorizar os bens eternos acima de todos os bens, o que só é possível mediante o desapêgo dos bens perecíveis. Desapêgo sem ressentimento, ou sentimento de perda, e sim alegre pela posse de um bem mais valioso. Ao analisarmos a postura de Jesus diante dos ricos, pode pareeer-nos que o Juiz fará o julgamento da riqueza e de sua posse, e os impedirá de possuir os bens do reino. Mas talvez a interpretação mais corre~a seja a de que os mecanismos da posse absolutizam o que é relativo, pois, para muitos a riqueza é o valor absoluto, e quem &ssim a possui está impedido de valorizar os bens eternos. A preocupação com a acumulação de bens materiais faz-nos perder o sentido do que é eterno em nossas vidas, e uma vez privados deles pela morte, não teremos desenvolvido em nós a capacidade de usufruir do único bem que restará: a caridade (cf. 1 Cor. 13, 13). "Quem semeia na carne, da carne colherá corrupção; quem 'lemeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gal. 6, 8). -20-


O inferno será a privação do amor, privação a que o homem se condena, não pelo juízo de quem está disposto ao castigo, mas como opção livre e consciente em todos os momentos da vida em que o egoísmo, o orgulho e a vaidade, a luxúria, a ira, a soberba, etc., prevaleceram ~obre o amor. O céu está destinado a todos os que, com Cristo, venceram a morte despojando se do que os aprisionava e impedia de serem livres para amar a todos os homens. Todos r essuscitéll'emos para a vida eterna, para viver ou não o amor, na medida em que o fizemos crescer em nós, e até o limite em que pudemos valorizá-lo durante toda nossa vida. Esse entendimento da vida eterna pode ajudar na compreensão da exigência de Cristo aos que querem seguí-lo: "Quem quiser salvar sua vida, perde-la á; quem sacrificar sua vida, por amor de mim, salv<.-la-á". (Lc. 9, 23).

Eugênio Foresti Equipe 7 de São Carlos

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A HORA DO "MAGNIFICAT" (Da Carta francesa)

O dia extenuante acabou. Separados desde cedo pelo trabalho profissional, encontramo-nos no fim da tarde, mas continuamos absorvidos, uma pelos trabalhos domésticos, o outro pelas tarefas escolares ào~< filhos. Durante o jantar, conseguimos conversar brevemente sobre o que foi o nosso dia. Depois, é o deitar, muitas vezes demorado, das crianças. Finalmente, ficamos a sós É a hora do Magnificat. As nossas almas unem-se no Cântico de Maria, que arremata a nossa oração da noite.

Deixamos expressar-se primeir o em nós o seu louvor. O louvor torna-nos leves! Coloca-nos em clima de admiração, o clima n~tuTal do amor. Então, em uníssono, nossas almas enaltecem o Senhor. As alegrias e dificuldades partilhadas no decurso dos anos forjaram em r:.ós uma única alma, que ressurge graças a esse Magnificat. O nosso dia liberta-se das suas impurezas. Fomos infiéis ao amor: talvez pequEninas dificuldades, pequenos desentendimentos, palavras demasiado vivas, silêncios, desatençóes egoístas ... Reconciliando-nos diante dEle, somos libertos das nossas imperfeições. O Seu olhar que nos perdoa permite-nos perdoar um ao outro. O louvor purifica nos. Soa novamente, sob o impacto das palavras inspiradas, o puro metal do nosso entendimento profundo. E brota a alegria! O nosso espírito exulta em Deus, nosso Salvador! Quem poderá dE-screver essa felicidade interioT, mais forte do que os cuidados e provocações. reunindo dois filhos sob o olhar do seu Pai?

Jean e Annick

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A RECONCILIAÇÃO EM F AMlLIA -

(II)

Propomo-lhes um esquema de reconciliação em família. É a crônica de um encontro com Deus e com os irmãos. Vivemo-lo com os nossos filhos: Mercedes (17 anos), Natália (16 anos), Alvaro (13 anos), Guilherme (9 anos). Numa tarde de sábado ou de domingo, com bastante tempo pela frente. A mais nova fez um cartaz intitulado: "O Senhor nos perdoa sempre". Diante destas palavras, que nos lembravam que estávamos na presença de Deus, a família reuniu-se, uns mais contentes do que os outros, mas todos convencidos rie que, como em outras ocasiões, esses apelos do Senhor valem sempre a pena.

Primeira etapa: "Vivermos juntos é difícil" Para não entrarmos friamente na matéria, um de nós leu estas reflexões sobre a reconciliação. (1) A seguir, nós, -:s pais, insistimos sob~ n fato de que o Senhor não nos pede para sermos uma família ideal e sem problemas. Pede-nos que tentemos juntos progredir em ternura. Um por um, falamos dos momentos difíceis da nossa vida em família. Num clima de confiança e de simplicidade. Tentando evitar os grupos ''pais que acusam os filhos" e vice-versa. 'Todos iuntos diante rir- Senhor. Perguntamo-no~ se essas dificuldades não poderiam desaparecer com uma mudança de organização, de horário, com um pouco de bom senso e de ordem. Mas vimos também que certas dificuldades proYinham de fricções de temperamentos, ou de situações que era C.:ifícil modificar e que, por conseqüência, se produziriam de novo. Tentamos: compreender as atitudes e aceita-las. Se problemas de coexistência acontecerem de novo, deveremos compensá-lo3 por atitudes positivas, de apoio e de ternura Segunda etapa: "Voltar para o Senhor é voltar para os outros" A fim de nos prepararmos para poder dizer "a culpa foi minha" escutamos o relato de Mateus sobre o que .Jesus fez pelos dois cegos, lido por um dos filhos (Mt. 20, 29-34). (1)

Cf. e.M. de óutubro, págs. 1 a. 11.

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Centramos nossa reflexão sobre os pontos a respeito dos quais podíamos pedir perdão a Deus pela nossa cegueira. Cada um apresentou as suas próprias idéias. Somos cegos se não queremos ver ao nosso lado alguém que tem necessidade de um sorriso, de uma palavra. Somos cegos se não queremos admitir as nossas faltas. Somos cegos s~ esperarmos muito para perdoarmos. Somos cegos, se ... Respondíamos juntos: "Senhor, abre nos os olhos". Em seguida, outro dos nossos filhos leu o seguinte texto: "Custa-nos muitas vezes confiar naqueles que nos fizeram mal, naqueles que nos ofenderam. No entanto, o Senhor nunca se cansa de ter confiança ~m nós. Peçamos a Jesus, que curou os olhos dos cegos, que nos cure com a luz do seu Espírito. E que nos ajude a reparar o mal que fizemos. Porque aquele que se enganou no caminho deve voltar atrás e mudar de direção. Peçamos ao Senhor que nos ajude a ver como cada um de nós pode por mais amor e mais alegria em casa, na nossa vida de família." Ficamos em silêncio alguns instantes e depois cada um fez espontaneamente uma oração de súplica, uma ·r eflexão sobre o que nos tinha impressicnado, uma resolução para o futuro, P.tc.

Terceira etapa: "Celebremos a paz do Senhorr" Para acabar·, lemos juntos a seguinte oração: "Deus, nosso Pai, queremos dizer-te hoje o nosso desejo de viver cada vez mais no amor e na alegria. Ensina-nos a compreender-nos a nós mesmos e a perdoarmos uns aos outros. Que, ao re,:ebermos juntos, dentro . de dias, o sacramento da Penitência, sejamos pur·ificados pelo teu Espírito e fortificados no amor. Isto nós te pedimos, pelo Teu Filho Jesus, que está cenosco para sempre. Amém". Beijamo-nos todos, e podemos assegurar-lhes que, durante o lanche que se seguiu, sentimos uma alegria como há muito tempo não tínhamos sentido. É

esta paz e esta aleg.ria que lhes desejamos a todos.

Alvaro· e Mercedes Gomes-Ferrer -24-


A PRIMEIRA ORAÇÃO DO CASAL

Senhor, Tu que nos chamaste a formar, pela nossa união, este novo lar dá-nos a graça de Iluminá-lo com teu Amor: que ele seja reconfortante para todos os que nele viverem, que em nossa casa saibamos acolher, de braços abertos, todos os que a procurarem em busca de ajuda e da compreensão que só a amizade é capaz de dar.

Senhor, E'.nsina-nos a progre.dir, um ajudando o outro, sempre sob o teu olhar; ensina-nos a fazer a tua vontade todos os dias da nossa vida, a te submeter todos os nossos planos, a pedir sempre teu auxílio, a te oferecer as nossas dores e alegrias. Ensina-nos a conduzir para Ti os filhos que nos confiares.

Senhor, Tu que és o Amor, r.ós te agradecemos o nosso amor. Amém.

(Oração de um casal após a troca das alianças.)

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"O

OUTONO

DA

VIDA"

"Parece que foi ontem". Mas trinta anos são passados desde aquele dia em que dissemos "Sim", unindo nossas vidas para sempre. Os filhos cresceram. Casaram. Construtr.i.m suas vidas, agora não precisam mais de nós. E nós dois nos encontramos novamente com.o no inicfo da nossa caminhada, • Mas já não temos o mesmo ímpeto da. juventude. . . E muitos anos ainda. teremos juntos, se Deus quiser. Como vlvê-·los na ·alegria, no trabalho, Da. "ativa", apesar da aposentadoria .que vai chegando? · E · iuna. nova etapa em nossa vida. '. ! As EquiJ)f's de Nossa Senhora pressentiram esse momento. Por isso, um casal das Equipe!! portuguesas, Maria. Virgínia e Abel, passou dois meses no Brasil: esteve em Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Florlanõpolis, Porto Alegre, São Paulo, Guaratinguetá, Jacareí e Rio de Janeiro - falando a muitos casais, principalmente das E.N.S., mas também de outros movimentos familiares, sobre o "Outono da Vida". A Carla Mensal dirigiu-lhe ai~ l)erguntas.

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O que vem a ser o "Outono da Vida"?

R. - Verificou-se que, mais ou menos na idade da aposenta-· daria, há geralmente uma crise muito · grave no casal, que pode causar desencontros fatais _ao desenvolvimento do amor conjugfll. E é sabido que o amor não é estático, mas ·dinâmico: quando não aumenta, destrói-se. Pensaram então as E.N.S. em prevenir os ris.;.' cos e dificuldades dessa situação. Para isso, começaram a promover Sessões especiais, onde os casais que dessa fase se aproximam são alertados quanto aos problemas que nela terão de enfrentar,reflitem sobre a melhor forma de resolvê-los e procuram renovar e reforçar o seu compromisso conjugal com entusiasmo e alegria. Isto com o objetivo de motivá-los para uma nova arrancada de amor, de união e esperança, de uma vivência cristã plenamente assumida, neste mundo em que o seu testemunho é tão necessário e parece essencial para a construção de uma civilização mais justa e mais fraterna. Tais sessões já se vêm realizando há oito anos, na França, na Bélgica e em Portugal, sob o título "Outono da Vida" -evocando uma estaçã9 ·do ano bem definida na Eurooa: o tempo das colheitas e das vindimas, a estação em que se colhe o que se semeou e, se o fruto ainda não está bem maduro, se espera pacientemente que amadureça, para depois colher ...

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Em síntese, w quem se destina o "Outono da Vida"?

R. - O "Outono da Vida'', visa especialmente preparar os casais que, após mais ou menos 25 anos de casamento, já viram os filhos sair de casa e se encontram de novo a sós, como no princípio, porém já marcados por experiências de vida diferentes, por hábitos e mesmo pelas limitações que vão surgindo com a idade. Não se pode determinar a idade dos casais a que se destinam, pois trata-se de uma época da vida, que para uns pode ser mais cedo do que para outros. Pretende-se prevenir as crises e os atritos que geralmente se verificam nessa fase.

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As Sessões são dirigidas somente a casais das E.N.S.?

R. -Não: qualquer casal pode participar delas. E temos tido até casais não praticantes e que se declaravam sem fé, mas que, por vezes, reencontraram o caminho de que se haviam afastado ... Não se trata de um "Movimento" novo, mas de uma simples iniciativa das E.N.S. no campo da espiritualidade conjugal - como o foram os Cursos de Preparação para o Casamento -, visando um "serviço de Igreja".

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Como se desenrola uma Sessão do "Outono da Vida"?

R. - Reunindo um máximo de quinze casais, durante pelo menos cinco dias, num lugar tranqüilo e acolhedor, podendo definir-se grosso modo como um misto de retiro de casal e de reunião aberta de cc-participação. De manhã, há uma palestra de orientação espiritual, por um sacerdote, seguida de um "dever-de-sentar-se" acerca do tema do dia, com pistas de reflexão previamente fornecidas. Há normalmente uma celebração eucarística antes do almoço (eventualmente transferida para a tarde). Na parte da tarde, depois de um período de repouso, realizam-se reuniões de grupo, com o máximo de cinco casais, seguidas de um plenário. Nada de rebuscado ·ou intelectual, mas simples vivência da fé perante as dificuldades, as graças e alegria da vida. Por isso temos tido simultaneamente na mesma Sessão, com igual proveito, professores universitários e camponeses analfabetos.

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Quais os temas tratados durante a Sessão?

R. - Abrangem, de modo geral, todos os problemas que se apresentam nessa fase da vida, seja de natureza ·individual, seja do próprio casal. das suas relacões com a família e da sua inserção na sociedade e na Im-eja. Tudo· considerado à luz da Palavra de Deus e da orientação espiritual dada· pelo sacerdote no começo do dia.

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Existe uma continuação?

R. - Em princípio, cada casal toma parte apenas numa Sessão. Se pertence às E.N.S., volta para a sua equipe normalmente mais ·llnido e pacificado, mais apto a participar plenamente. Mas também já temos tido casais- sobretudo entre os que não pertencem ao nosso Movimento - que participam novamente de uma Sessão por quererem aprofundar certos aspectos dos ensinamentos recebidos. Não há qualquer atividade subseqüente a essa participação. Simplesmente, a pedido dos casais que frequentaram as Sessões, organizamos por vezes encontros de um dia em que estudamos mais profundamente um ou outro problema específico, de ordem conjugal. E para esses encontros convidamos também outros casais interessados, que assim tomam conhecimento das Sessões e eventualmente se inscrevem para tomar parte em alguma delas. -

Que frutos têm notado entre os que fizeram essas Sessões?

R. - Em Portugal, onde já realizamos oito Sessões e vários encontros de um dia, abrangendo muitas dezenas de casais, os testemunhos que nos têm chegado dos participantes quanto à repercussão na sua vida conjugal, familiar e até social e eclesial têm sido altamente reconfortantes. Vários problemas conjugais têm sido beneficamente resolvidos. A paz voltou a muitos corações, atormentados por complexos injustificados. A melhor harmonia do casal, na preocupação pelo progresso espiritual do outro, a comunhão dos dois na oração e no serviço voluntário em favor dos mais rlesfavorecidos, a maior alegria, confiança e coragem para fazerem da sua vida uma nova arrancada de esperança e de amor, são tema constante desses testemunhos. . . E, por isso, estamos plenamente convencidos dE:> quo esta iniciativa é mais uma inspira-ção do Espírito Santo ao nosso Movimento, e que, mais uma vez, as E.N.S. mostraram estar atentas às necessidades do Povo de Deus, pondo-se a serviço do Amor no plano conjugal, numa obra eminentemente válida de "pastoral familiar da terceira idade". -

Qual a receptividade por parte dos casais brasileiros?

R. - Acolheram com muito interesse e simpatia esta iniciativa. Vários casais se dispuseram a tomar parte nela. Sugeriu-se fazer uma primeira Sessão com um casal de cada Região para que depois levassem para seus locais de origem a experiência. Mas será preciso garantir também a colaboração de um ou mais sacerdotes que orientem espiritualmente tais Sessões. Tudo isso, é claro, necessariamente levará o seu tempo. . . Sugerimos também que algum casal brasileiro das E.N.S. que tenha planos de viajar para a Europa tome parte numa das Sessões em Portugal, na

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França ou na Bélgica, para trazer depois para o seu País essa vivência. Desde já podemos adiantar que, no próximo ano, pensamos fazer uma Sessão em Portugal entre 26 de abril e 1.0 de maio.

- Vocês, que transpiram por todos os poros um grande amor às Equipes de Nossa Senhora, que mensagem deixariam para os

nossos casais? R. - Sempre nos temos posto à disposição das E.N.S. para todas as missões e atividades que elas nos têm pedido: este é, para nós, o segredo da alegria e do entusiasmo com que vivemos e nos dedicamos a elas. Nunca nos limitamos a "receber", a ser meros "consumidores"; temo-nos empenhado, de fato, também em "dar'', em participar e colaborar em tudo o que se nos oferece e está ao nosso alcance. Só assim nos sentimos verdadeiramente integrados na exaltante missão que o nosso Movimento tem na Igreja. Marla Virginia. e Abel estã1:> nas Equipes há quarenta anos, têm oito filhos, um dos quais sacerdote. e seis netos.

• Endereço de Maria Virginia. e Abel: Abel E: Maria Virginia de Campos Rua Marco de Canavezes, 6 4100 - PORTO (Portugal) Teiefoue: 681-998

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NA «TERCEIRA IDADE"

Não podemos assistir à vida passar por passar. Ela deve ser vivida e participada com toda a intensidade. O presente dev9 entrar no futuro com muito conteúdo para alimentar o passaao na velhice. Os velhos vivem do passado porque quase não participam do presente. O seu dia a dia é muito lJmitado e, muitas vezes, são meros espectadores. Suas atividades, pouco exigidas c sem nenhuma cobrança, os fazem sentir-se 2bandonados e depreciados. Os moços não podem esperar pela lentidão dos velhoR e os velhos não podem acompanhar as passadas dos mo:;os. É a realidade! A vida é tão curta e tão agitada que ninguém se dá ao luxo de pensar e prever o futuro . Razão por que a velhice sempre nos pega desprevenido<; e despreparados para darmos a ela o fruto merecido daquilo que plantamos. Se orientamos a infância e a mocidade de nossos filhos, a velhice, terceira etapa da vida, é a única escola onde os professores são os próprios alunos. Precisamos pe:.n~ar na velhice como conquista de valores e experiências. Uma vitória pessoal e intransferível, que deve ser aproveitada e participada com os recursos próprios e da melhor maneira possível. Fase da vida em que o presente e o futuro quase se encontram, uma nova realidade desponta para ser participada com dignidade, sem pressa. Os dias serão consagrados a estudos e à contemplação deste mundo maravilhoso que ajudaram a construir. Sem perder ccntato com a vida saudável e festiva dos mais iovens, a interferência dos velhos, entretanto, só deverá acontecer quando solicitada e, assim mesmo, para oferecer o concursQ de sua experiência. Realizados perante os homens, devem procurar eliminar de J;;eus corações as frustrações do não-realizado e enriquecê-los com r.s ensinamentos de Cristo, para merecerem paz e tranqüilidade de espírito.

Magdalena e Gil Equipe 9 de Petrópol!s

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MANTENDO MENORES FORA DA RUA

O interesse pelo problema do menor carente, que suscitou vários artigos dos equipistas de Mogi das Cruzes por ocasião da Semana da Família de 1983 (cf. C.M. de nov.-dez. 83/84), despertou a atenção de equipistas em Florianópolis - o que mostra, se ainda preciso fosse, a importância de se divulgar tudo quanto se vem fazendo nos diversos Setores.

Aparecida e C,'trlos Martendal, Casal Presidente do Instituto da Família da Arquidiocese de Florianópolis (fundado por Dilma e Miguel), escreveram a Edna e Jair, então responsáveis pelo Setor de Mogi, pedindo material. Foram enviados todos os artigos e também tudo o que dizia respeito a um projeto específico da comunidade mog.iana (civil e religiosa): o "Projeto Tabor''. Como esse trabalho pude interessar também outros equipistas, destacamos a seguinte notícia, enviada pela Olga, da Equipe 9: "Em agosto deste ano, mais uma turma de oitenta menores -recebeu da Divisão Regional de Ensino-5-Leste os certificados pela participação no Projeto Tabor, iniciado em 1983. Embora estes certificados tivessem sido expedidos por um órgão da Secretaria da Educação Estadu&l, o que houve foi um trabalho integrado pela "Prefeitura, FEBEM e Cúria Diocesana de Mogi das Cruzes. Graças a este esforço conjunto foi possível manter fora das e da ociosidade mais uma pequena parcela do grande númer·o de crianças e ariolescentes que se vêem diariamente expostos it delinqüência e marginalidade. ~as

Toda a população mogiana teve a oportunidade de avaliar, através da "Feira deo Esperança", um pouco de tudo aquilo que ~ feito no Projeto, cuja sede está localizada na Fazenda Nossa Senhora da Conceição, no Tabor. Os slides projetados durante a expostçao mostraram a bela paisagem e o ambiE>nte sadio onde os trabalhos horti fruti-granjeiros foram desenvolvidos, bem como os diversos tipos de recrea~ão - futebol, natação e outros que ali são praticados. -31-


Muitos produto~ do próprio Projeto foram vendidos na barraca-Tabor e cham~nam a atenção não só dos adultos, pela qualidade das verduras e ovos ali comercializados, como também das crianças, que se encantavam com os coelhinhos à venda. Como carregar a mercadoria comprada também não era problema, pois ::t embalagem era toda em cestaria. elabor ada. em forma de artesanato, como parte das atividades normais do Projeto. O comportamento dos meninos é fruto de um trabalho de evangelização constante, realizado com muita dedicação e amor."

Esse trabalho dP evangelização está a cargo de um seminarista e de professoras_. como a Olga. Um agrônomo responsabiliza-se pela orientação das diversas culturas. Além das auLas de artesanado, os meninos contam agora com uma "escolinha de emerqência" - ou se1a. u-m a sala de aula mantida pela Prefeitura. Quem quiser maiores detalhes pode escrever para: Oln e Dion Severino Muniz

Rua Renato Granadeiro Guimarães, 284 11810.1 -

MOGI DAS CRUZES. SP

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"NUNCA PASSEI UM NATAL TAO FELIZ"

A noticia é do ano passado, mas quando recebemos o Boletim já não dava mais para publicar. Resolvemos então guardá-la até que se aproximasse o outro Natal .. .

Prosseguindo com o trabalho assumido em julho de 83, nossa equipe vem atendendo em nossa comunidade, semanalmente, 180 famílias necessitadas, com gêneros de primeira necessidade, remédio~ e tudo o qu~ for possível. Nos meses de novembro e dezembro, fizemos uma campanha para arrecada,r roupas, sapatos, brinquedos e balas. Assim, nos dias 17 e 18 de dez€-mbro, pudemos efetuar a entrega de 417 sacolas. Para alegria da criançada, contamos com um "Papai Noel"' para visitar os barracos e entregar as sacolas. Foi uma festa! No dia 24 de dezembro, véspera do Natal, atendendo a uma wgestão do nosso Conselheiro Espiritual, Frei Sebastião, promovemos um almoço de Natal para pessoas necessitadas, bem pobres, inclusive pessoas que não têm nem onde morar, dormindo debaixo de pontes e viadutos. Para mim, foí um natal diferente! Pude observar nos olhinhos das crianças P velhos, principalmente, a alegi'ia de estarem em uma mesa, comendo, sendo servidos, e tendo até suco e sobremesa. A minha alegria foi tanta que, nos meus trinta e oito anos de vida, nuncll passei um Natal tão feliz. Minha satisfação foi maior que a daquela criança que recebeu o presente sonhado do Papai Noel. Quero agradece:r a Deus por partilhar tanta felicidade, ao nosso Conselheiro Espiritual, pela força e exemplo; aos companheir os de equipe e a todos os que colaboraram. Enfim, Senhor, vos agradeço por conseguirmos entender um pouco mais a vossa palavra:

"Estava com fo·m e e me deste de comer, com sede e me deste de beber, estava nú. e me deste o que vestir ... " (Mt. 25-31, 46) Obrigado, Senhor! Ivone Equipe 8 do ABC

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NOTíCIAS DOS SETORES

NITEROI -

"Equi-Jovens ll"

Tom!lll'am part-1 42 jovens, filhos da equipistas ou não, no U9 "EQUIJOVENS", realizado no Atalaia sobre o tema " 0 amor e o desamor no mundo jovem". Palestrant.es: Frei Almir, religiosas, casais. Os pontos altos do enc<lntro, segundo os parttcipantes foram a palestra sobre "A força do Evan~telho" e o rito pr.nii.enclal, seguido da confissão auricular. Já houve uma reunião "Pós-EQUI-JOv"ENS II", sobre "Perseverança - como consegui-la?". E o mElhor de tudo: \'r. jovens estão "cobrando" a realização de um retiro para eles.

RIO DE JANEIRO -

Várias

O novo Setor G (ex-Coo:-denação da Ilha do Governador) promoveu wn dia de estudos sobre Paternidade e Maternidade responsável, com a orienta· çâ.o do Pe. Cândido e do casal Vera e Beto, da Pastoral Familiar. No Setor F, um grupo de equipistas de Realengo e Nova Iguaçu organizou um Encontrlnho dE:· Casais, de um dia só. em Austin. Inaugurada a igreja Maria Mãe da Igreja e São Judas Tadeu, em Padre Miguel, construida com o esforço - financeiro E braçal - dos paroquianos, entre eles os equlpistas. Algumas semanas depois, realizou-se uma "seresta" com artistas da própria comunidade, em beneficio da igreja recém-construida. O Setor E cont'l c:om dois seminaristas como Conselheiros Espirituais de <.1,Uipes: Serafim (Equipe 16), que será ordenado no ano que vem. e Melquisedec (Equipe 64).

No Setor D, t.rl, parer.e, pois, r ida a noite de fria e chuvosa,

du9.s novas equipes, resu:tado de pré-equipes <na Agua Sanp!lotos e Conselheiros são de lá). Excet>Cionalm rntc r.onr.ororação de agosto, cujo tema era Vocação: "Apesar da noite houve gente sem lugar para sentar."

JUIZ DE FORA -

"De)}M'tamento de jovens"

O Setor resolv-eu •·inaugurar" um departamento (que já existia, sem Q nome, sob a orientação de Maria Inez e Clesson). Margarida e Agostinho e Astrld e R!beiro, 9S~orados por um Conselheiro Espiritual <não haviarr. encontrado a' nda ac darem a notícia), cuidam da orientação dos pilotos· da.o; Equipes Jovens, po!.o: .. é Interesse do Setor e de todos os equlplstas que ~s li:qulpes Jovens se expandam. A idéia é poder ab·ir o movimento para um <~ttaior número de jove:~s sequiosos de um crescimento espiritual."

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E trabalhos com idosos ...

A Equipe 6 =ontlnua cuidando do Lar dos Velhinhos. Promoveu uma Coroação de Nossa Sellhora, da qual todos os casais e seus filhos participaram. Todos os meses. um casal da equipe vai, acompanhado dos filhos, vialtar dois vovôs ·e uma vovó. leV9ndo um sacolão de alimentos e procurando saber das suas nec€SS!dades.

&AO CARLOS -

Concurso Bíblico 84

"Que a entrega fl'atema ao estudo mais intensivo ela. PalliiVra de Deus nos conduza à realização de obras concretas, que realmente testemunhem o amor de Deus entre (15 homens." Com essa Intenção, que constava do regulamento, o concurso realizou-se no dia 19 de setembro, presidido pelo Pe. 'l'osi e coordenado pela Equipe 5, vencedora do concurso anterior. O evangelho que s~rviu de base à el·a boração das questões foi o de São Marcos. As B.blias, a de Jerusalém e das Paulinas. Foram 78 perguntas, com diferentes pesos, e o tempo para as respostas variava de acordo com <>s Vflf> lores (questõEs valendo bO, 100, 200 pontos, 2 minutos; questões valendo 500, 3>. As eqUipes eram chamadas pela ordem do seu número <o concurso é por t'Quipel e fo ram 6 roclr.das, com uma pergunta. para cada equipe por rodada, começando pelas perguntas de menor peso.

Venceu a Equipe 7, tendo somado 850 pontos. Ficará de posse do troféu s,té o próximo con.~uroo. Explicam Maria e Carlos. nosso casal repórter: "Inicia-se assim um novo ciclo para a posse definitiva do troféu, que é de três vitórias consecutivas O;.t alternadas. O primeiro ciclo foi vencido pela Equipe 6, que já detém a. pzimeira taça em caráter definitivo." Ao todo partic!par:m~ do concurso 76 equipistas, sendo que a Equipe 14 foi a que contou com n maior núme:-o de participantes, sendo contemplada com uma lembranç<). pela equipe organizadora. -

Pastoral familiar, promoção humana, catequese

As Eauipes 8 e 10. atendendo à solicitação do seu Conselheiro Esp!~itual, Con. Buck. estão aiux!ll:;ndo na oastoral famillla.r da igreja <:h:. São J•1da:. 'l'adeu. Convidando vános casais. promoveram duas reuniões com o obj ' tivo de procurar a melhor forma de dinamizar a pastor·al, ficando numa retaguarda de apoio para o que os paroqUianos decidirem realizar. A primeira atividad~ e-scolhida foi um debate sobre a educação de filhos.

A EQuipe 9 está Clllr.borando com o Clube de Mães da Igreja de São Sebastião. inclusive angariando linhas, tecidos, roupas, etc. Quanto à 11, "continua a todo vapor n'J oa.mpo catequético e nos trabalhos da parOquia".

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ARARAQUARA -

A Família. à luz de Puebla

.A Equipe 3 dedicou uma manhã de domingo ao estudo do tema "Características da Família. Latino-Americana" (do documento "A Flamilia à Luz <te Puebla". da E<n:.ipe de reflexão teológico-pastoral do CELAM). Participou dos debates também um casal da Equipe 2, pots o propósito d~o. EQUipe é não só continuar. a cada dois meses com esse tipo de reunião, mas convidar outras pessoas para tomar parte: e.s reuniões estão «abertas à participação dos filhos, amigos e outros casais, equip!stas ou não". Cada reunião é preparadg, por um dos casais da equipe, que se encarrega de todos os detalhes {local, exposiçãl} do tema, Nndução dos trabalhos, etc.). Continuando com o estudo do texto "A l"a.milia. à luz de Puebla", o tema da próxima reunião é a "Missão da fa.milia cristã segundo o plano salvifico de Deus."

PINDAMONBANGABA -

Novo casal coordenador

Adelaide e Norberto. casal secrP.tário da Coordenação, enviam-nos notícia da. posse, juntamente com a dos novos casais responsáveis de equipe, de Eny P. Mathey que reczberam a Coordenação das mãos de Regina e Darcy. A r.erimôn' a realizou-se n0 decorrer de missa solene concelebrada pelo Con. Gil Claro. vt~ário da tgrejl!. matriz, e Frei Bonifácio, franciscano . ambos Coru:elheiros Espirituais. Presentes Marlene e Roberto, responsáve!s regionais, Laisa. e Paulo, casal de ligação da Coordenação çom o Setor de Guaratine:uetá. e !!rande número de eQ ulpistas e fam!Ua.re11.

VOLTOU AO PAI DOMINGOS PEDRO CESCONETTO - Da EquiPft 1, Na. Sra. da ImacuNo dia 6 de ~õetembro. COm Zélia, Ccsconetto foi o fundador das Equipes de Nossa Senhora em Criciuma. Foi inclusive Responsável pelo Setor, "<'nde se mostrou um exemplo de dedicação durante toda a sua gestão. cesc0nr.tto se apoiou muito nas orações, meditações e vigílias dos equipistas que, as~Jl m como todos os movimentos de Igreja de Criciuma, jamais se separaram dele durante suas hor.a s de sofrimento. O Magnificat foi rezado no oemitél·io enquanto era baixado à sepultura " , escrevem Son!a e Cezar, atuais Respol~ f.áveis pelo Setor.

lada Conceii;ão, de Criduma. -

EQUIPES NOVAS CAMPINAS - Equipe 36 - Nossa Senhora da Boa Esperança Piloto: Delma e Raul; conselheiro Espiritual : Pe. José Luiz Nemes. RIO DE JANEffiO - Equipe 80 (Setor D) Ivacir; Conselheiro Espiritual: Pe. Raimundo. - Equipe 81 (Setor D) Espiritual: Pe. Camilo.

Casal

Casal Piloto: Marlene e

Casal Piloto: Regina e Cleber; Conselheiro

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NOVOS RESPONSÁVEIS LONDRINA - O Setor fol dividido em <iols e, ~>ubstituindo ooroty ~ Wanderley, assumiram. o Setor A, Olg·a. e Francisco Barbosa de Oliveira; o Setor B, Noemia c ~ro Mcd:na Fabiano. VALINHOS/VINHEDO - Adalgisa e Fabri entregaram o Setor aos cuidados de Mari:ene e Josó Latorieri. PINDAMONHANGABA - Substituindo R Egina e Darcy, assumiram a Coor denação Eny e Hiíton Mathey.

A SESSÃO DE FORMAÇÃO DE NOVA IGUAÇU

Convidados já há vJgum tempo e sempre impossibilitados de comparecer por dificuldades diversas. desta vez, não obstante grandes obstáculos. dissemos Sim ao chamado . . . A acolhida já P-m clima fr.a temo, o conviv!o alegre du:-ante o jantar e a espiritualidade sentida na capela marcaram em nós o inicio da Sessão de Formação realizada n(l Centro de Formação de Nova Igua.çu, RJ, nos dias \l, 7, 8 e 9 de sete:nbro. l:ramos 26 casais, yJndos de Brasília. Belo Horizonte, Varginha, Valença e R'o de Janeiro, ori<mtados pela figura ca.rlsmática de Frei Estevão; "servidos" pe'os casais Marle. Teresa e Luiz Sérgio, Mary-Nize e Sérgio, Therezinha e Thiago. que m;s apresentavam palestras nã.o teóricas ou idea!s. mas impregnadas do testemunho de quem vlvencia o serviço, a espelho de Maria ; e ainda apoiados pelos casais Aparecida e Souza. Denise e Manoel, de couhecida dedicação. A Sessão foi num crescendo de espiritualidade, de introspecção, de reflexão a dois, fazendo-nos sentir uma profunda intimidade com Deus. Vivemos uma. experiência de fé, de espiritualidade, de respollSlllbilidade do cristão f'quipista no mundo aqui fora.. E nossos corações, ao terminar a Sessão, diZiam, como Maria: "A minha alma engrandece o Senhor, e exulta o meu espir!to em Deus, meu Salvador."

I1tês e Célio Equipe 53, Setor E, Rio de Janeiro

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O REINO DO FILHO

TEXTO DE MEDITAiÇAO -

CoL 1, 10-20

Assim andareis de maneira digna do Senhor, fazendo tudo o que é do seu agrado, dando frutos em boas obras e crescendo no conhecimento de Deus, animados de eficaz energia segundo o poder da sua glória, para toda constância e longanimidade, com alegria dando graças ao Pai, que voz fez capazes de participar da herança dos santos na luz. Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagen_o. do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele · foram criadas todas as coisas, nos céus e na ter ra, as visíveis e invisíveis: Tronos, Soberanias, Principados, Autoridades, tuào foi criado por ele e para · ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. Ele é a Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo: Ele é o Princípio, o Primogênito dos mortos (tendo em tudo a primazia), pois nele aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por ele e para ele todos os seres, os ci.a terra e os dos céus, realizando a paz pelo ~angue da cruz.


ORAÇAO -

-

Canto

Anunciaremo~

teu Reino, Senhor,

teu Reino, Senhor, teu Reino. Heino de paz e de justiça, Reino de vida e verdade T. -Teu Reino, Senhor, teu Reino.

Reino de amor e d€' graça, Reino que habita em nós teus filhos T. -

Teu Reino, Senhor, teu Reino.

Reino que sofre violência, Reino que não é deste mundo T. -

Teu Reino, Senhor, teu Reino.

Reino que já começou, Reino que não terá fim T. -Teu Reino. Senhor. teu Reino. -

Anunciaremos teu Reino, Senhor. teu Reino, Senhor. teu Reino.

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RETIROS

RIO DE JANEIRO

9-11/11

-Agua Santa

"

"

-

Sumaré -

F rei Paulo Tellegen

SAO PAULO

"

-

Baru€ri -

Pe. Eiysio de Oliveira

PORTO ALEGRE

16-18/11 -

BRASíLIA

23-25/11

Vila Betânia

FLORIANóPOLIS

"

NITEROI

"

Atalaia -

PORTO ALEGRE

"

Vila Betânia

,

30/11-2/12

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Pe. D'Elboux -

"A oração"


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familia r

Revisão. Publicação e Distribuição pela Secretaria das 01050 -

EQUIPES DE NOSSA SENHORA Rua J oão Adolfo, 118 - 9° - conj . 901 SAO PAULO, SP

Te!.: 3i-8833


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