ENS - Carta Mensal 1983-3 - Maio

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1983 Maio

O Espírito Santo e o casal Quão grande é a vocação matrimonial . . . . . . . .

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Auto-retrato de Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

7 f: a mãe que ensina os filhos a rezar . . . . . . . . 10

Responsável para servir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Um sacerdote fala de sua vocação . . . . . • . . . . . . 13 Como as gaivotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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" Um dos dois deve morrer" . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Imoralidade invade nossos lares pela TV . . . . . .

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A responsabilidade da família em relação aos meios de

comunicaç~o

. . . . 21

Pastoral de noivos em Araraquara . . . . . . . . . . . . 22 Jubileu das ENS em Portugal . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Notícias ecumênicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Livros oportunos (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • 30

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UM

TEXTO D E MEDITAÇÃO -

CORPO

1 Cor. 12, 4-7, 12- 13

Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo ; diversos modos rle ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para utilidade de todos. Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membr os, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, for mam um só corpo. Assim também acontece com Cristo. P ois fomos todos batizados num só Espírito para sermos um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres; todos bebemos de um só Espirito!

ORAÇÃO

ó Deus, quiseste fazer da Virgem Maria a figura da Igreja. Ela recebeu Cristo e O deu ao mundo. Envia sobre nós o teu Espírito Santo, para que, em breve, sejamos unidos visivelmente n um só Corpo e que irradiemos Cristo no meio dos homens que não conseguem crer . Congrega-nos na unidade visível, a fim de que, com a virgem Maria e todas as santas testemunhas de Cristo, nos rejubilemos em ti, nosso S alvador , agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Am ém.

Roger Schutz P r ior d a Com unidade E cumênica de Taizé


EDITORIAL

O ESPíRITO SANTO E O CASAL

Henri Caffarel

No casal cristão, o Espírito Santo trabalha primeiramente em cada um dos cônjuges, para transformá-lo - é a sua função - à imagem do Filho de Deus. Se por um lado o Espírito deseja fazer de cada cônjuge uma imagem do Cristo, por outro trabalha para fazer do casal uma imagem da união de Cristo e da Igreja. O casal é uma pequena Igreja onde Cristo está presente; e o Espírito Santo nela trabalha para realizar esta união do Cristo e da Igreja. Contudo, Ele só será o artífice desta unidade e desta comunhão se encontrar no casal uma generosa cooperação. Ao mesmo tempo, o Espírito Santo faz do casal um colaborador de Deus. Do Deus Criador e do Deus Redentor. Sempre encontrei muita luz na seguinte fórmula (ela me ajudou a compreender um pouco mais o mistério da SS. Trindade) aplicada à vida do casal. Amar é dar-se um oo outro para se dar juntos. Se nos detivéssemos na doação de um ao outro, as duas correntes formariam um lago de águas paradas. Num lago assim, a água torna-se rapidamente estagnada. Ao contrário, se os cônjuges se doam juntos, então essa água se transforma num rio de água corrente. Penso hoje, mais do que nunca, que o casal cristão tem uma função extremamente importante a exercer na Igreja e na sociedade. No lar, a ação do Espírito Santo corresponde ao que chamo a estrutura dinâmica do casal, que defino por essas três expressões, que me parecem ser a lei fundamental do casal: vida pessoal, vida partilhada, obra comum. A ação do Espírito Santo consiste precisamente no que acabo de apresentar, suscitando a vida pessoal, humana e espiritual dos esposos, unindo homem e mulher numa vida partilhada e favorecendo a obra comum do casal. - ·1 -


Quando vocês se interrogarem, procurando saber qual o lugar de Cristo e do Espírito Santo no lar, olhem para a Igreja. Sendo que o casal é a imagem da união do Cristo e da Igreja, olhem para a Igreja e, principalmente, para a Igreja primitiva. Isso lhes dará uma enorme confiança. Vejam essas pessoas que eram simples - pescadores do lago, aos quais Cristo muitas vezes chamou de "homens de pouca fé" e que, depois de Pentecostes, com uma extraordinária intrepidez, afirmam sua Fé, obra do Espírito Santo. Vejam essas pessoas sem grande coragem- que abandonaram o Cristo na hora da Paixão e se intrincheiraram em suas casas se lançaram pelo mundo afora pela força do Espírito. Vejam essas pessoas, tão primárias - que discutiam por questões de precedência - não terem mais que um só coração e uma só alma. Havia certamente desentendimentos entre eles, mesmo entre São Pedro e São Paulo (não tenhamos uma visão por demais idílica desses começos), mas o Espírito Santo trabalhava profundamente para uní-los. Antes de Pentecostes, esses homens e essas mulheres amavam o Cristo, mas com um amor pobre e fraco, e o Espírito Santo fez deles mártires. Vocês podem e devem esperar esta atuação do Espírito Santo em seus lares. Mas conservem disponível esse coração que é o órgão através do qual o Espírito Santo age. (Traduzido e condensado do livrinho "0 Espírito Santo, alma do casal")

o Complementando o que escreve o Pe. Caffarel, publicamos um trecho das meditações de Pedro Moncau, extraídas de seus cadernos de reflexão.

"O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará e vos lembrará tudo o que vos disse" (Jo. 15). O que marca nítidamente a transformação dos apóstolos é o grande dia em que receberam o Espírito Santo, que o Pai lhes envia em nome de Cristo. É este Espírito que lhes "ensina tudo", que lhes ''lembra tudo" o que Jesus lhes disse.

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Será possível, baseado neste trecho do Evangelho, traçar uín • roteiro de nossa "vívificação espiritual"? Quem vos ama, Senhor, guarda os vossos mandamentos, guarda a vossa Palavra. o Tomar conhecimento de vossa Palavra, de vossa vontade! Orar como os discípulos reunidos no Cenáculo? Esta, a nossa parte; este, o esforço nosso: guardar os mandamentos, ouvir e guardar a Palavra, adorar a Deus. É então que o Espírito Santo virá nos dar a conhecer e lembrar - isto é, compreender, penetrar, assimilar, tornar nossos estes conhecimentos e esta atuação que de nós depende.

o A minha parte, Senhor, ouvir, estar atento à Vossa Palavra contida nas escrituras e principalmente no Evangelho. CuiT\prir os vossos mandamentos, a vossa vontade - seguir-vos como os, apóstolos - e tenho tantos meios de estar unido a vós, na oração,, na meditação, no exercício do amor ao próximo. O resto . . . a compreensão, o conhecimento, a "lembrança", ou seja a atualização de vossa Palavra em mim, depende só da me-. dida em que Vós, Senhor, quiserdes enviar-me o Espírito Santo~ O "conhecimento", meu Deus, não depende do esforço meu,~ mas apenas de minha docilidade, de minha disposição humilde,, filial, de abrir-me à vossa luz, ao vosso calor. Na medida de minha "transparência" é que esta luz e este calor poderão atingir os meus irmãos e não na medida do meu esforço. Que o meu "eu", Senhor, não constitua um anteparo ... entre Vós e minha alma! Na minha atuação, não seja o meu movimento transmitir o que eu quero, mas indagar primeiro o que Vós quereis. E que, ao me voltar para meus irmãos, eu me volte primeiro para Vós, e assim os leve simplesmente a se voltarem também para Vós! (22.6 .61)

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A PALAVRA DO PAPA

~A

QUÃO GRANDE VOCAÇÃO MATRIMONIAL

Antes de deixar visivelmente este mundo, Cristo prometeu-nos e concedeu-nos o seu Espírito, para que não esquecêssemos as suas palavras. Fomos confiados ao Espírito, para que as palavras do Senhor acerca do matrimônio permanecessem para sempre no coração de todo o homem e de toda a mulher unidos em matrimônio.

Hoje, mais do que nunca torna-se necessário este impulso interior do Espírito. Para que com Ele vós, esposos cristãos, embora vivendo em ambientes onde as normas de vida cristã não sejam tidas na justa consideração ou possam não encontrar o devido eco na vida social ou nos meios de comunicação mais acessíveis ao lar, sejais capazes de realizar o desígnio cristão da vida familiar. Resistindo e superando com o dinamismo da vossa fé qualquer pressão contrária que se possa apresentar. Sabendo discernir entre o bem e o mal, não faltando à obediência devida aos preceitos do Senhor, continuamente recordados pelo Espírito mediante o Magistério da Igreja.

o Confiados como estais ao Espírito, que vos recorda continuamente tudo o que Cristo nos deixou dito, vós, esposos cristãos, estais chamados a dar testemunho destas palavras do Senhor: "não separe o homem o que Deus uniu". Estais chamados a viver sobretudo a plenitude interior da vossa união fiel e perseverante, embora diante de normas legais que possam ir em outra direção. Deste modo contribuireis para o bem da instituição familiar e dareis prova - contra o que alguém possa pensar - de que o homem e a mulher têm capacidade de se doar para sempre, sem que o verdadeiro conceito de liberdade impeça uma doação voluntária e perene. Por isto mesmo eu vos repito o que já disse na Exortação Apostólica "Familia-

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ris Consortio" : "Testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo." o

A vida dos cônjuges, a vocação dos pais exige uma persevel·ante e permanente cooperação com a graça do Espírito que vos foi concedida mediante o sacramento do matrimônio, para que esta graça possa frutificar no coração e nas obras, a fim de poderem dar frutos sem cessar e não definhem por causa da pusilanimidade, infidelidade ou indiferença.

o Compreendei porque a Igreja vê diante de si, como um campo a cultivar com todo o empenho possível, a instituição do matrimônio e da família. Quanto é grande a verdade da vocação da vida matrimonial, segundo as palavras de Cristo e segundo o modelo da Sagrada Família! Oxalá saibamos ser fiéis a esta palavra e a este modelo. (Missa para as Famílias, Madrid, 2/ 11/ 82)

o

Que a família seja sempre entre vós autêntica "Igreja doméstica", lugar consagrado ao diálogo com Deus Pai, escola de seguimento a Cristo pelos caminhos indicados no Evangelho, fermento de convivência e de virtudes sociais em estreita comunhão com o Espírito que habita nas vossas almas! (Alocução do "Angelus ", Barcelona, 7/ 11/ 82)

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AUTO-RETRATO DE MARIA

Aconteceu no século 16. As fronteiras do Novo Mundo nem estavam delimitadas. Aqui no Brasil, desembarcara Martim Afonso, iniciando a colonização. E, no México, os espanhóis de Hernan Cortés haviam dominado os índios aztecas, deixando essa civilização notável privada de sua independência política, esvaziada de sua cultura, de sua arte, de suas tradições e até de suas práticas religiosas. Entre os índios catequizados pelos padres franciscanos, estava Juan Diego, alma de Deus, já de meia idade, viúvo. Aceitara o batismo porque sentira que os padres falavam do mesmo Deus Criador que os índios adoravam. Um dia, caminhando no planalto de Tepeyac, onde morava, rumo à cidade, Juan Diego ouviu um extasiante concerto de pássaros raros, chegando a se perguntar: "Acaso estarei eu no paraíso terrestre, onde todas as coisas nascem pelas mãos de Deus?" E quando o canto cessou, ouviu uma voz que o chamava carinhosamente: "Juanito! Juan Dieguito!" Viu então uma senhora, ·de porte nobre, com veste luminosa como o sol, pisando um chão resplandecendo a ouro e esmeraldas, onde as rochas tomavam as côres do arco-íris. Juan Diego logo intuiu que era a Virgem Mãe do Deus Criador, e não sentiu nenhum temor. Pelo contrário! Desenvolveu com ela um diálogo que se repetiu por vários outros dias, dela recebendo a incumbência de ir à casa do Bispo na Cidade do México, e dizer-lhe que era do desejo da "Virgem Mãe do Deus verdadeiro" que ali se erigisse um templo em seu louvor. Diante do Bispo, Juan Diego transmitiu com esmero a mensagem, que foi ouvida com atenção, mas, evadindo-se, o Bispo pediu a Juan que voltasse outro dia. Embaraçado com a atitude do Bispo, percebendo que não tivera crédito, e temendo que a Senhora fosse desprezada, Juan pediu a Ela que delegasse a missão a alguém mais capacitado. Diante de sua insistência, contudo, concordou em voltar à casa do Bispo no dia seguinte .. E, em lágrimas, tornou a relatar o ocorrido, repetindo o desejo da Senhora. Desta vez, o Bispo foi mais acessível e, como era de

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se esperar, pediu um sinal comprobatório daquela que Juan dizia ser a Mãe de Deus. Novamente a Virgem o compreendeu, prometendo para o dia seguinte o sinal que o Bispo pedira. Brotaram então no morro árido e pedregoso as mais belas rosas de Castela - desconhecidas no México. J uan, a pedido da Senhora, guardou-as em sua "tilma" (manto indígena) e mais uma vez dirigiu-se à casa do Bispo. Em pleno inverno, aquelas rosas seriam por si só um milagre convincente - mas o maior ainda estava por acontecer. Quando Juan abriu o manto e as rosas atapetaram o chão, o Bispo caiu reverentemente de joelhos: na "tilma" de Juan Diego aparecera, milagrosamente pintado, o retrato da Virgem Santíssima. Nas aparições de Paris a Catarina Labouré, de La Salette a duas crianças, de Lourdes a Bernadete Soubirous, de Fátima a Lúcia, Francisco e J acinta, as feições da Virgem nos foram reveladas a esses bem-aventurados nos foram relatadas e as suas imagens elaboradas a partir desses relatos. O que aconteceu nas colinas de Tepeyac, hoje Guadalupe, foi diferente: Ela mesma pintou o próprio retrato. E esse retrato até hoje pode ser contemplado no Santuário erigido, na Cidade do México, em honra a Nossa Senhora de Guadalupe - proclamada por João XXIII Pradroeir a das Américas.

o OS PORMENORES DA MILAGROSA IMAGEM

- A Imagem, que remonta a 450 anos, continua em perfeito estado, embora a fibra de que foi feito o manto do índio costume decompor-se ao cabo de vinte anos. Não precisou até hoje de nenhum tipo de restauração. E no entanto foi submetida à ação do calor, da poeira e da umidade: de 1531 a 1647, por exemplo, foi exibida em procissões e permaneceu ao alcance das mãos dos fiéis. - Tecnicamente, essa pintura é um mistério. Os corantes não pertencem ao reino vegetal, nem ao mineral, nem ao animal. A técnica empregada é desconhecida na história d a pintura. "É inusitada, incompreensível e irrepetível", segundo concluíram os técnicos da NASA que a examinaram. - Outro mistério são os olhos da Virgem. Em seu livro "A Mãe das Américas", Haroldo J. Rahm nos diz que os olhos de Nossa Senhora refletem os raios luminosos da mesma forma que os olhos humanos quando optometricamente examinados. Mas há algo mais extraordinário ainda.

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A PUPILA DA IMAGEM

Na córnea do olho humano, como na fotografia, reflete-se o que a pessoa está vendo. Examinando-se com oftalmoscópio de alta potência a pupila da Imagem, constatou-se que na íris se via refletida a minúscula figura de um homem. Esta descoberta levou a uma "digitalização", processo que consiste em dividir a imagem em quadrículas microscópicas até caberem, numa superfície de um milímetro quadrado, 27.678 ínfimos quadrinhos. Cada míni-quadrícula pode então, fotograficamente, ser ampliada duas mil vezes - o que permite a observação de pormenores impossíveis de serem captados a olho nu. O que apareceu, então, depois da "digitalização" da imagem? Apareceram, como numa fotografia: um índio no ato de desdobrar sua " tilma" perante um franciscano; o próprio franciscano, em cujo rosto se vê escorrer uma lágrima; uma pessoa muito jovem tendo a mão sobre a barba com ar de consternação; um índio com o torso desnudo em atitude quase orante; uma mulher de cabelo crespo; um varão, uma mulher e umas crianças de cabeça meio-raspada, e mais outros religiosos vestidos com hábito franciscano . .. É radicalmente impossível que num espaço tão pequeno como a córnea de um olho, situada numa imagem de tamanho aproximado ao natural, um miniaturista tenha podido pintar aquilo que foi necessário ampliar duas mil vezes para que pudesse ser percebido!

o Aproximando-se os estudos científicos de que foram objeto recentemente tanto a Imagem de Na. Sra. de Guadalupe como o Santo Sudário, e a perplexidade dos estudiosos, que apenas constatam e não conseguem explicar, chega-se a uma conclusão: Deus todo-poderoso, Senhor do passado, do presente e do futuro, preparou especialmente para o nosso tempo, que precisa de "provas" concretas e científicas, esses sinais inexplicáveis para a ciência humana e diante dos quais resta apenas exclamar, como São Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!"

D. P. S. (Fontes: "A Mãe das Américas", Haroldo J. Rahro, S. J ., e "0 Cavaleiro da Imaculada")

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A

MÃE

QUE

ENSINA

OS

FILHOS

A

REZAR

D. Antonio Afonso de Miranda

Há poucos dias, uma jovem mãe de três filhos me disse: "Tem muito tempo que não rezo. Não há jeito. A noite, estou exausta, e não consigo nem rezar o Pai nosso. Pela manhã, já acordo com gritos dos filhos ... Um pede uma coisa, outro tem que ir para a escola, o marido tem horário para chegar no serviço. . . E é assim. Não consigo rezar". Esta história se repete em milhares de casas. As mães não acham momentos para rezar. E, porque elas não rezam, os filhos também não aprendem a rezar. E a família cresce esquecida daquilo que poderia salvá-la ainda no meio de tantos males. Lar onde as mães não rezam e não ensinam os pequenos a rezar será fatalmente um lar em que a fé não estenderá raízes profundas. Por isso, nas horas das provações, dos sofrimentos, e sobretudo diante dos assaltos da imoralidade, será um lar em perigo. Porque só a fé, alimentada pela oração, torna forte a família diante das investidas do mal. Aquela mãe, que me disse não ter tempo para rezar por causa dos três filhos, eu falei assim: "Minha filha, de manhã quando os filhos acordarem pedindo as cousas, você os convide, primeiro, para rezar. Reze junto com eles. Diga-lhes que agradeçam a Deus a saúde, o alimento, a inteligência. Reze junto com eles, ensinando-os a agradecer. A noite também, chame-os para rezar antes de dormir. Chame igualmente o seu marido. Rezem todos juntos. Assim, a senhora achará tempo para rezar, e fará sua família rezar também". Ela me respondeu: "Engraçado, o sr. sabe que eu nunca tinha pensado nisto?" -10-


Assim acontece. Muitas mães não rezam, alegando não ter tempo por causa dos filhos. E nem se lembram de que é fácil rezar com os filhos, pela manhã e à noite, principalmente quando isto se faz desde que eles começam a falar! É assim que se constrói o lar com · os alicerces da oração. Minha mãe me ensinou, a mim e a meus irmãos, mas nos ensinou rezando conosco. Nossa família foi abençoada porque rezávamos. Tudo isto parece ingênuo. É simples demais, fácil demais. Como foi que as famílias de nossos dias esqueceram cousas tão fundamentais? Talvez seja preciso voltar aos velhos tempos. A família reunida rezava o terço todas as noites. Onde é que se faz isto ainda? Gente que reza é "quadrada". Quem não é "quadrado" fica diante da televisão até cair de sono. A família não tem tempo nem para conversar. Ninguém quer perder o capítulo da novela ou o filme de violências. E dia-a-dia todo o mundo se intoxica mais de violência, de sexo, de inutilidades. A maior poluição é a poluição moral. Por que não reaprender a rezar? Rezar não é ser "quadrado", não. É alimentar a fé e crescer na esperança daquelas únicas realidades que nos tornam felizes .

O motivo mais profundo e determinante do insuficiente número de sacerdotes situa-se no enfraquecimento da vida cristã e religiosa na família e na sociedade.

Cardeal Scherer -11-


RESPONSAVEL

PARA

SERVIR

Uma responsabilidade é sempre um serviço. ' O Casal Responsável está a serviço dos companheiros, para ajudá-los a caminhar, a não perder de vista este sentido de cami'lhada que é a vocação do cristão. · · O Casal Responsável está a serviço do amor fraterno, a serviço da unidade, para fazer da equipe cada vez mais uma comunidade. l.}ma comunidade cristã, de casais, unida às demais equipes e com elas a serviço do Reino, a serviço da Igreja. Numa equipe, somos todos co-responsáveis, mas um de nós vai sê-lo mais; estamos todos a serviço, mas um de nós vai estar mais. Muitas vezes desejamos que a escolha recaia no outro, exatamente por sabermos que vamos ter que nos doar para valer. , . Esquecidos de que o Mestre não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida por todos nós {cf. Me. 10, 45). No Lavapés, Ele nos deu o exemplo. "Se eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como eu fiz, também vós laçais o mesmo." {Jo. 13, 15).

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UM SACERDOTE F ALA DE SUA VOCAÇÃO

(e de outras coisas mais)

Do Boletim de São Carlos, trechos da entrevista com o Con. Washington Pera, Conselheiro Espiritual das Equipes 4 e 11.

Fale-nos de sua vida de infância, de sua família. R. - Nasci em Ibitinga, de pais católicos. Por parte de meu pai, sou neto de italianos. Pelo lado de mamãe, sou descendente de brasileiros e portugueses. Meus pais tiveram onze filhos, mas conseguiram criar só sete, pois quatro morreram antes de completar um ano de vida. P. -

Fui criado no trabalho, quase sempre na lavoura, onde há serviço para todas as idades. Quando tinha nove anos, morando na cidade, meu pai tomou-me pela mão e levou-me para o Grupo Escolar. Era julho de 1932. Dois anos depois, em julho de 1934, saí da escola para voltar ao campo a fim de cuidar da roça. Da . lavoura fomos para a usina hidroelétrica, onde exerci várias profissões: fui lavrador, lenhador, serrador, pescador profissional, construtor, carroceiro, vendedor ambulante pelas fazendas, pintor de paredes e auxiliar de operador da usina. Em 1938, voltamos para Ibitinga. Lá, eu descobri que se quisesse ser padre, eu deveria entrar no seminário. Como não tivesse o curso primário completo, recebi aulas especiais que a professora da escola de jardim de infância me dava. Imaginem, a figura que eu fazia no meio da criançadinha do jardim... Mas era preciso para poder entrar no seminário! Terminei o "jardim da infância" com dezesseis anos, graças à dedicação de do,n a Mariângela Tucci, a quem sou grato.

P. -

Como se deu sua opção pela vida sacerdotal? R. - Quando, naquela manhã de meus sete anos, entreí em casa do meu avô, o paterno, encontrei-o conversando com um ' religioso cordimariano. Era o irmão leigo ·que vendia assinaturas da Ave Maria. Para mim, na ocasião, era um padre, por causa · -13-


da batina. Ele perguntou se eu queria ser padre, respondi que queria, e até hoje venho respondendo o meu "QUERO" para valer. Padre José Bouillon, francês de Dijon, foi o vigário que me batizou. Com ele eu fiz a primeira confissão e comunhão. Ele era um grande apóstolo das vocações sacerdotais. Todos os anos ele trazia para o seminário de São Carlos vários candidatos. Foi ele que me colocou no "Jardim da Infância" ·e me preparou para o seminário. No dia 12 de março de 1940 ele trouxe cinco candidatos ao seminário. Eu era um deles. Naquele dia iniciei minha formação seminarística e sacerdotal. Em 1946 fui estudar filosofia e teologia no Seminário Central do Ipiranga. Finalmente, no dia 21 de dezembro de 1952, recebi a ordenação sacerdotal de Dom Ruy Serra. Foi na Matriz do Senhor Bom Jesus de Ibitinga, onde fora batizado, crismado, confessara e fizera a primeira comunhão. P. - . Quais fomm seus trabalhos de padre, após a OTdenação? R. - Meu trabalho prioritário tem sido seminário e paróquia. No seminário fui professor de várias matérias no curso ginasial e c'olegial. Fui prefeito da disciplina e substituto do Reitor em algumas temporadas. Lecionei filosofia da educação no curso filosófico. . . Faz 27 anos que sou vigário aqui na Vila Prado. Mas tenho tido outras funções na· diocese e fora da diocese. Cerimoniário do sólio, padre sinodal em 1960, secretário das visitas pastorais durante cinco anos, diretor espiritual do PLC, TLC e Cursilhos, representante do Presbitério Paulista em Brasília na Conferência Nacional do Clero, membro do Conselho de Presbíteros de São Carlos e da Comissão Regional do Clero do Regional Sul 1 da CNBB, etc.

P. - Pode parecer uma pergunta estranha, mas o que significa ser Cônego? R . - Os cônegos são sacerdotes nomeados pelo Bispo Diocesano para o auxiliarem no governo da Diocese com seu voto consultivo ou deliberativo. Estes são os chamados cônegos catedráticos. Existem determinados atos do governo que serão legítimos se o bispo, antes de executá-los, ouvir os cônegos do cabido de sua catedral. Basta ouv1r. o que os cônegos pensam. Depois pode executá-los licitamente. Mas precisa ouvir. Outros atos só podem ser legítimos se os cônegos aprovarem a sua execução. Se os cônegos não o aprovarem, o bispo estará impedido de executá-los: Disto se vê claramente que o cabido diocesano é importante para o bispo. O bispo lucra muito se enriquecer o seu cabido com a · nomeação de padres bem preparados que, além de merecerem sua confiança, tenham muita maturidade. -

14...,....


P. Como e quando conheceu as ENS e como se deu o início de seu trabalho com elas? R. - Fazendo meu retiro espiritual em Barueri, encontrei-me com Frei Lucas Moreira Neves, que também estava fazendo retiro. Com muito entusiasmo ele me falou sobre as ENS. Depois do retiro comecei a receber a carta mensal todos os meses. Recebi-a durante uns dois anos. Depois não veio mais. Mas foi assim que entrei em contato com as ENS. A partir do recolhimento daquele retiro, faz mais de 20 anos. Quando Mons. Crescente deixou São Carlos, a Equipe 4 me convidou e eu aceitei ser conselheiro espiritual. Estou também com a Equipe 1!. P. - O Senhor acha que o Movimento das ENS corresponde aos anseios da Igreja? R. - Corresponde perfeitamente. O lar é uma pequena Igreja, célula da Igreja Universal. Estou pensando que se cada lar viver a Fé, o Amor, a Esperança, o mundo será iluminado pela luz do Evangelho, transformando-se no Reino de Deus. P. - Com relação aos casais, o senhor sente resposta ao que o movimento propõe? R. - Não quero fugir à resposta. Mas não posso generalizar, principalmente porque não conheço cada casal. Tenho só duas equipes. Mas posso dizer que existe uma grande luta por parte dos casais para corresponder ao que a equipe espera.

P. - Qual seria a sua mensagem aos casais? R. - Queridos equipistas, meus irmãos, a Igreja conta com vocês. Se seu lar for um ninho de amor e de carinho, uma luz de Fé, em que Jesus seja acolhido, e sua doutrina amada e vivida, sua casa será para os filhos e vizinhos um centro brilhante que atrai corações e evangeliza irmãos. Seu lar será quente como o Coração de Jesus e brilhante como um farol que ilumina o caminho para o Amor que é Deus.

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COMO

AS

GAIVOTAS

Desde que descobrimos o valor da oração, tem sido a nossa força no passar por esta vida. No princípio, cada noite, depois de um dia trabalhoso e pesado, era o pequeno oásis em que ganhávamos forças para o dia seguinte. Quando a doença ou os dissabores familiares nos atingiram, era um dar sentido ao sofrimento, um ver, como diz São Paulo, que outros irmãos passaram pelas mesmas tribulações que nós. E éramos fortes na nossa fraqueza, nesse Magnificat de Maria que encerra uma visão tão dinâmica da vida. Agora, mais do que nunca, encontramos valor e vida na oração. Não uma oração estereotipada, rotineira, por obrigação, mas uma oração que vem do sentir mais profundo dos nossos seres, abertos a Deus, à criação, à Igreja. Escutando essa Palavra que cada dia se revela mais como o caminho a seguir. Como as gaivotas, voamos para o alto, baixamos para a vida e descansamos sobre a areia e ela fica marcada com os nossos passos. Assim é a nossa oração: cada dia deixa moldar-se pela Palavra, pelo próprio Deus, que vive na profundidade do nosso ser e em tudo quanto nos rodeia. E, quando surge o desalento, regressamos a ela, não como · numa evasão, mas como a uma força vital que nos faz sentir mais livres, mais pessoas, mais filhos de Deus, mais Igreja.

Tomas e Amparo (Da

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Carta portuguesa)


"UM

DOS

DOIS

DEVE

MORRER"

"É a terceira cesareana. Como médico e amigo devo dizerlhe: a senhora não pode mais ter filhos". Quarta gravidez e quarta cesareana! Foi salva, graças a cuidados médicos especiais, não sem uma severa repreensão. Foi necessária a amarração das trompas, porque outra gravidez seria fatal para a mãe ou para o filho. E veio a quinta gravidez!!! É de pasmar! A Ana ao Ovídio: - "É minha condenação à morte!" Entra o médico: - "A quem devo salvar? à mãe ou ao filho? porque ela não tem nenhuma condição de levar avante a gravidez". Outros médicos se sucedem reforçando a opinião do colega de profissão: - "Se fosse minha filha, eu a libertaria desta gravidez". - "Se fosse minha irmã, eu lhe daria o mesmo conselho". - "Se fosse minha esposa, eu não duvidaria em interromper uma gestação que põe em perigo a vida da mãe, mais preciosa que a do nascituro". Ovídio não decidiu. Precisava de tempo para pensar em termos de consciência: - "Padre, não tenho estrutura para sacrificar a vida daquela que é a vida em meu lar. Ninguém da família suporta sequer a idéia de perder a mãe. Ninguém suporta! E a Ana se encontra numa aflição de morte. Olha para as crianças em casa como quem está na despedida". - "Ovídio, esta notícia me deixa sumamente angustiado. Antes de qualquer medida precipitada, tentemos todos os meios naturais e sobrenaturais. Vamos lançar mão dos últimos recursos da ciência médica e pedir socorro a Deus pela oração." Da oração em particular e em grupos, veio uma segurança: "Confia nEle e Ele atuará" (Salmo 37,5). E expondo-se o caso a um médico de fora, colheu-se esta orientação:

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- "Aquele colega foi precipitado. Realmente essa gravidez é de alto risco pelo perigo da ruptura do útero se não se tomarem os· devidos cuidados com a paciente. Mas desde que o médico seja fiel numa assistência assídua à mulher mediante um tratamento adequado para o fortalecimento das paredes do útero, o risco é contornado e há grande probabilidade de se conduzir a gestação até o 7.0 mês, quando então se torna possível salvar não só a mãe, como também o filho." Um médico de fora, contrariando a opinião unânime dos outros, foi uma réstea de luz apontando uma esperança. Era necessário ir a um centro maior. Veio à mente do Ovídio um parente médico em São Paulo. Não sendo encontrado no momento, Ana foi encaminhada ao maior catedrático em ginecologia. E o seu pronunciamento deu peso e valor decisivo à orientação recebida. E ainda acrescentou: - "Meu caro Ovídio, no estado em que se acha o útero de sua esposa, se ela se tivesse submetido ao aborto conforme conselho recebido, você seria viúvo!"

o A mão de Deus interveio clara nestes passos: - por questão de consciência, não seguir logo a sentença unânime que via no aborto a única solução ... e com isto salvou-se a vida da mãe; - ir dar, fora dos planos, nas mãos da maior autoridade em ginecologia; - porque Deus não pára no meio do caminho, estamos aguardando a terceira graça: o feliz natal do quinto filho, para que a Ana, com os seus, cante, à semelhança de Maria: Minha alma glorifica o Senhor; exulta meu espírito em Deus, meu Salvador: ele voltou os olhos para a humildade de sua serva; doravante todos os que me conhecem me chamarão feliz e abençoada. O Poderoso fez em meu lar maravilhas, santo é seu nome. Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o amam!

Pe. Mario Zuchetto, Conselheiro espiritual da Equipe 10 de Campinas

...,.... 18...,....


IMORALIDADE INVADE NOSSOS LARES PELA TELEVISÃO

Embora referindo-se a fatos não muito recentes, o protesto que se segue continua oportuno. Possa ele suscitar - por ocasião do Dia Mundial dos Meios de Comunicação, por exemplo - alguma forma de representação das familias brasileiras junto às autoridades. Não podemos nos omitir.

Aproveitando o tema da Campanha da Fraternidade, "Fraternidade sim, violência não", faz-se mister chamar a atenção de todos para a nova forma de violência que se abate sobre nós. Porque existem várias formas de violência, além da violência física, armada, escrita e falada, desrespeito aos direitos humanos, a que invadiu os nossos lares pela TV durante os dias de Carnaval deste ano se constituiu em nova forma de violência, que infelizmente veio somar a tantos outros infortúnios por que passa a Família Brasileira: violência contra a moral, os costumes, a dignidade e o pudor de todos os cidadãos. As cenas focalizadas pela televisão, propositadamente com riqueza de detalhes e ângulos, não pode ter sido mera obra do acaso, em que a câmara focalizasse em passando cenas de exagero, conseqüência da ingestão de bebidas alcoólicas, drogas e tóxicos, infelizmente tão comuns em nossos dias, e que contribuem largamente para a degradação da moral e dos costumes. A reação das pessoas de bem não se fez esperar, a ponto de um alto funcionário do Consulado do Líbano do Rio de Janeiro haver dirigido ofício ao Presidente e Diretoria do Clube Monte Líbano para que o nome do Clube fosse mudado, de forma a evitar interpretações que poderiam associar o nome do respeitável e sofrido país irmão às cenas de bacanal romana exibidas pela televisão. Também no exterior levantaram-se vozes em protesto. Veiculou a nossa imprensa a reclamação encaminhada por autoridade religiosa de Israel ao Ministério da Cultura de seu país por ter a televisão israelense retransmitido as degradantes cenas do Carnaval brasileiro. Em programa da Jovem Pan, um jurista famoso interrogado pelo repórter, declarando-se igualmente pasmo com o que havia visto na TV, disse que o fato se constituía em crime capitulado ....,... 19....,....


no Código Penal e que, se a autoridade constituída, no caso o Departamento de Censura do Ministério da Justiça, quisesse, poderia aplicar as penalidades cabíveis, e esperadas por todos, sem que para isto tivesse que deitar nova legislação, pois ela já existe. Lamentável, verdadeiramente, verificarmos que a autoridade constituída se mostrou (e continua) totalmente indeferente, insensível ao fato. Não só deveria ter tirado os programas do ar de imediato, como as emissoras de televisão, em total desrespeito ao público, mantiveram impunemente os programas no ar até o amanhecer. Não tivemos conhecimento de qualquer admoestação por parte do Departamento de Censura. Acreditamos que algo deve ser feito para que o protesto da sociedade brasileira chegue ao Palácio do Planalto, para que sPjam determinadas providências imediatas para a depuração dos programas exibidos pela TV, pois, do contrário, cenas de imoralidade cada vez mais degradantes serão despejadas dentro de nossos lares pela TV em futuro muito próximo. Um pai de famflia

Reinaldo Pereira da Silva Nosso Carnaval, tão rico em colorido e em ritmo, vem se tornando, ano após ano, mais imoral, pornográfico mesmo. Depois das imagens do último Carnaval, simplesmente perdi o sono ... Veio-me à lembrança a mensagem de Nossa Senhora em Fátima: "Eu vim avisar os fiéis que devem pedir pPrdão pelos seus . pecados. · Os homens não poderão levar muito mais longe as suas ofensas. Deus já foi muito ofendido . . . " Tempos atrás, essas palavras me pareciam uma carinhosa admoestação de mãe, com algum exagero, como fazemos muitas vezes aos filhos pequenos. Mas, hoje, compreendo bem o alerta de Nossa Senhora. E me convenço, abismada, que nossa civilização repete Sodoma e Gomorra, Babilônia e Roma, e nem se dá conta disso. A contagem regressiva da destruição final já começou e assistimos, impassíveis, confortavelmente instalados diante do vídeo, à nossa própria aniquilação. "E se ali forem achados vinte justos? - Não a arruinarei,. respondeu o Senhor, por amor dos vinte." (Gen. 18, 31)

A mãe de famma

Dirce Bastos Pereira da Silva -20-


A EM

RESPONSABILIDADE

RELAÇÃO

AOS

MEIOS

DA DE

FAMíLIA COMUNICAÇÃO

Não se pode deixar de falar do efeito e da influência (que exercem os meios de comunicação social) , de modo particular na fantasia dos mais jovens e das crianças, grandes usuários dos meios de comunicação, desarmados e abertos às mensagens e às sensações. Há uma maturação que deve ser ajudada sem traumatizar artificiosamente um ser em transformação. A Igreja, neste como nos outros campos, pede responsabilidade, não só aos agentes dos meios de comunicação social, mas a todos e, de maneira especial, às famílias. O modo de viver - principalmente nas nações mais industrializadas - leva bastante vezes as famílias a descarregarem-se das suas responsabilidades educativas, encontrando na facilidade de evasão (representada, em casa, especialmente pela televisão e por certas publicações) o meio de manterem ocupado o tempo e as atividades das crianças e dos jovens. Ninguém pode negar que há nisto também certa justificação, dado que demasiadas vezes faltam estruturas e infra-estruturas suficientes para utilizar e valorizar o tempo livre dos jovens e orientar-lhes as energias. Sofrem as conseqüências disto precisamente aqueles que mais necessitam de ser ajudados no desenvolvimento da sua "liberdade responsável". Eis que surge o dever - sobretudo para os que crêem, para as mulheres e os homens que amam a liberdade - de proteger especialmente as crianças e os jovens das "agressões" que sofrem por parte dos meios de comunicação. Ninguém falte a este dever aduzindo motivos, demasiado cômodos, para se dispensar. É necessário intensificar a ação dirigida para a formação de uma consciência "crítica" que se aplique às atitudes e aos comportamentos, não só dos católicos ou dos irmãos cristãos - defensores, por convicção ou por missão, da liberdade e da dignidade da pessoa humana -, mas de todos os homens e mulheres, adultos e jovens, a fim de que saibam verdadeiramente "ver, julgar e agir" como pessoas livres e responsáveis.

João Paulo II (Da Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, 1981)

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PASTORAL EM

DE

NOIVOS

ARARAQUARA

Integrada à Pastoral de Noivos da cidade de Araraquara, a Comunidade de Nossa Senhora das Graças oferece àqueles que desejam receber o sacramento do matrimônio uma preparação através de círculos de discussão, realizados na residência de um casal orientador. Preparação que se pretende sempre mais aper~ feiçoada, procurando melhorar técnica e conteúdo das reuniões. Assim, há 4 anos implantou-se, a nível de cidade, este método,. que vem dando melhores resultados que o antigo "cursão" funcionando anteriormente com uma média de 100 casais por mês. Os círculos estão abertos também aos namorados. Para este "círculo de namorados e noivos" o casal deve apresentar-se com seis meses de antecedência ao coordenador de sua paróquia, que pode ser um casal - como é o nosso caso -, o próprio pároco ou outro encarregado. A função do coordenador é motivar os noivos e distribuí-los,' após uma entrevista e o preenchimento de uma ficha, entre os diversos agentes dessa pastoral. Muitos vêm com certa prevenção. Quase todos, só por serem obrigados. Temos tido exemplos de conversão, de reencontro com a vida eclesial e até de engajamento nos serviços da paróquia. A preparação dos noivos consiste em seis reuniões em forma de bate papo. O objetivo é fazer os dois dialogarem sobre os temas colocados, refletindo sobre a vida futura, suas necessidades, seus defeitos, renúncias, situação financeira e tudo o mais que envolve a vida-a-dois, e com os filhos. As reuniões duram aproximadamente uma hora e meia e o ideal é que sejam realizadas com um intervalo de alguns dias, durante o qual os noivos devem refletir e dialogar sobre o assunto tratado com o casal orientador. Reflexão e diálogo que serão aprofundados no tempo que precede o casamento. Estimulados à reflexão, conseqüentemente vem uma conscientização maior a respeito de seu casamento e da escolha mútua, a tal ponto que às vezes os noivos adiam a data, chegando mesmo, em certos casos, a desfazer o noivado. Existe ainda, neste método, a grande vantagem de aproximar muito os noivos do casal orientador, levando a uma grande abertura entre eles, de tal sorte que se tornam amigos. Muitos noivo~ convidam seus orientadores para testemunhas de casamento e e frequente o caso de procurarem ajuda e apoio em épocas de crise que surgem nos primeiros tempos de casados. -22-


Infelizmente, a maioria dos noivos não se apresenta com o prazo pedido. Muitos vêm até bem próximo do casamento. Mesmo assim são feitas seis reuniões, só que com intervalos mínimos, podendo ser até diárias. Este aspecto negativo deu origem a uma Pastoral de assistência aos recém-casados. Por enquanto estamos ainda em preparação. Somos um grupo de cinco casais que se reuniu para refletir e elaborar um plano de trabalho, junto com o Pároco. Sobre o assunto, daremos notícias posteriormente. A preparação dos agentes se faz através de roteiros aprovados pela Coordenação de Pastoral da cidade, sempre revistos e aperfeiçoados. Além disto, são realizadas reuniões periódicas, curso de formação e de reciclagem, durante os quais são feitas, também, avaliações do trabalho. Os seis temas desenvolvidos durante os círculos são: 1 Motivo do casamento; 2 - Psicologia dos noivos; 3 - Economia doméstica; 4 - A harmonia sexual; 5 - O casamento e a comunidade; 6 - O sacramento do matrimônio. Esse trabalho tem sido muito compensador para ambas as partes. Os noivos, atendidos individualmente ou em pequenos grupos de até 3 casais, sentem-se promovidos. Transformam-se. O que era preconceito passa a ser entusiasmo. Aderindo às conversas, modificam sua visão do casamento e do companheiro. Os casados acham-se beneficiados pela contínua reflexão sobre os problemas da vida conjugal, sentindo-se, muitas vezes, em condições de auxiliar outros casais em crise. O fato deste apostolado ser realizado em casa permite que um número considerável de agentes possa participar. Os noivos são atendidos de imediato e há sempre possibilidade de fazer um remanejamento, não sobrecarregando ninguém. Existe grande disponibilidade por parte dos casais orientadores. Muitos deles têm se ocupado também com a preparação para a Primeira Eucaristia, quando os noivos ainda não a fizeram. Há uma ou outra pequena diferença de paróquia para paróquia, mas, na sua essência, é assim que funciona a preparação de noivos em Araraquara.

Lenice e Luiz Leite Equipe 1 de Araraquara

Eis uma experiência entuslasmante! Agradecemos à Coordenação, por partilhá-la conosco. Possa ela suscitar outras comunicações de tentativas visando proporcionar aos noivos uma preparação mais adequada aos dias de hoje.

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JUBILEU

DAS

E.N .S.

EM

PORTUGAL

Para celebrar o Jubileu de Prata das Equipes de Nossa Senhora em Portugal, mais de 1800 pessoas, entre equipistas e sacerdotes, foram em peregrinação a Fátima, na solenidade de Cristo Rei. Simbolizando a vinda dos quatro cantos (são 4 as Regiões portuguesas), os peregrinos convergiam em procissão ao Santuário formando uma cruz, recitando a ladainha de Na. Sra. e agitando lenços coloridos, cada Região com sua cor, até encontrarem-se aos pés da Virgem de Fátima, quando os lenços se mesclaram em sinal de unidade na riqueza da diversidade. Refeições e reuniões de equipes nas casas, exposições dos super-regionais abordando o presente e o passado do Movimento em Portugal, ilustradas por numerosos e comoventes testemunhos, ricas homilias e caprichadas liturgias, palestras dos D'Amonville e do Pe. Tandonnet, palavras de apoio dos equipistas espanhóis (36 e um Conselheiro) e de casais de outros movimentos, foram levando a emoção a um crescendo. Encerrando o fim de semana, a celebração de ação de graças: ao ofertório, vinte e cinco casais com mais de 25 anos de Movimento. cada um levando um círio aceso, emolduraram o altar como um bolo de aniversário; e, chave de ouro, a magnífica homilia de D. Antonio Marcelino, bispo coadjutor de Aveiro, que lhes daremos a conhecer em próxima Carta.

o Eram 290 as equipes portuguesas em julho de 1982 - agrupadas em 4 Regiões. Curiosamente, o Movimento em Portugal começou simultaneamente no Porto e em Lisboa e cresceu rapidamente, até formar, em 1964, a primeira Região. Dez anos depois, as três Regiões existentes foram englobadas na Super-Região Portugal. Com "o 25 de abril", as Equipes sofreram grandes dificuldades e muitas dissolveram-se - seja por não suportarem as divergências ideológicas de seus membros, seja pela emigração de vários casais. Foi necessário um trabalho de re-estruturação, v.m recomeçar do princípio que, no fim das contas, foi benéfico: o Movimento ressurgiu da provação mais forte e vibrante do -24-


que nunca, e conheceu um crescimento enorme já a partir de 1975. Basta dizer que, no espaço de um ano e pouco, foram lançadas 70 equipes, o que representa o mais alto índice a nível internacional. Outra curiosidade: a Equipe Porto 100 está sendo pilotada pelo primeiro casal da primeira equipe, a Porto 1. Preocupam-se bastante os responsáveis em Portugal - não é só em Portugal - com a falta de base catequética de muitos jovens casais. Afirmando que "não temos o direito de nos fecharmos, sob a desculpa de que 'não estão preparados para entrar no Movimento'", enfrentam a dificuldade com maior participação nas paróquias, por um lado, e, por outro, com a experiência de "grupos de casais em caminhada", um tipo de catequese de adultos voltada para os casais, sob a responsabilidade de um sacerdote e um ou mais casais das Equipes. Um dos fatores que levou o Movimento a se preocupar com os jovens casais foi a constatação de que grande parte das separações surgem nos primeiros dez anos de casamento. Representam, por certo, uma esperança as Equipes de Jovens de Na. Sra. (EJNS). Iniciadas em 1977 e divididas em 2 Regiões, são 27 equipes, com cerca de 10 elementos cada uma. Desses jovens, 140 - a metade - estiveram em Fátima, "por três motivos", como explicou um dos seus representantes: "para encontrarmo-nos todos, do Norte e do Sul, rezar um bocadinho e ajudar na festa de aniversário das ENS." Uma particularidade: as equipes de portugueses emigrados. Existem 7 - 2 em França, 5 nos Estados Unidos. A primeira surgiu em Blois, na França, em 1974, por iniciativa de um sacerdote, o Pe. Trousseau. A última, também em França, da iniciativa de um casal que mora numa cidade de 8000 habitantes, dos quais 1000 são portugueses. Nos Estados Unidos, existe há anos já uma equipe em Hartford - as outras 4 são as de Turlock, iniciadas todas juntas em 1981 (cf. CM junho-julho 82, pág. 23). Foi o surgimento dessas equipes que despertou os Responsáveis em Portugal para a necessidade de levar o Movimento a meios mais simples, iniciando-se também lá a "caminhada para os pobres". Representando os seus casais, obviamente impossibilitados de se fazerem presentes, disse o Pe. Trousseau: "As equipes dP. operários e de emigrantes, que conhecem dificuldades de toda egpécie, trazem ao Movimento riquezas espirituais imensa·s, as prometidas aos pobres de riqueza, de cultura e de tantos outros bens. Que para todas as Equipes de Nossa Senhora a presença de €quipes de operários e de emigrantes, cada vez mais numerosos, seja fonte de uma vida cristã mais realista e de bênçãos abundantes do Senhor." -25-


NOTÍCIAS

ECUM~NICAS

Tema da Semana da Unidade 1983

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano (16 a 22 de maio) terá por tema "Jesus Cristo, vida do mnndo". Além das divisões ocorridas através dos séculos, a fé em Jesus Cristo é o fundamento da almejada comunhão de todos os cristãos e seu testemunho concorde é cada vez mais necessário nos tempos atuais, de descrença e ideologias materialistas. De nossa parte, procuremos, durante essa Semana que antecede Pentecostes, nos reunir com outros cristãos para orarmos juntos pela Paz e por todas as necessidades da comunidade humana e das nossas comunidades locais. Assembléia do Conselho Mundial das Igrejas

O tema da Semana da Unidade é o mesmo da VI Assembléia do Conselho Ecumênico das Igrejas, que será realizada em Vancouver, Canadá, de 24 de julho a 10 de agosto. Embora não seja membro do Conselho - que compreende 313 Igrejas ortodoxas, anglicanas e das diversas denominações protestantes -, a Igreja Católica participa das Assembléias do Conselho com observadores. Participa também de comissões, como o grupo misto de trabalho, a comissão mista que elabora os textos da Semana de Oração e ainda a comissão doutrinai "Fé e Constituição". Acordo doutrinário

Esta última Comissão chegou, em 1982, após 10 anos de trabalho, a um importante acordo sobre o Batismo, a Eucaristia e o Ministério - assuntos que no passado eram objeto de substanciais divergências entre os cristãos (e não só entre católicos e protestantes) .Os responsáveis da Comissão declararam que este acordo "é um fato sem precedentes no momento ecumênico modernn" - isto inclusive porque a Comissão conta com teólogos católicos como membros de pleno direito em seu seio.

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Diálogo entre católicos e ortodoxos

A Comissão internacional para o diálogo teológico entre as Igrejas católica e ortodoxa realizou em Munique sessão plenária de uma semana tendo como ponto central "A Eucaristia como sinal de Unidade". Os 60 membros da comissão refletiram sobre a centralidade da Eucaristia para uma maior compreensão da unidade dentro da Igreja local e entre as Igrejas locais e a Igreja Universal. Ao final da sessão, o Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a Promoção da Unidade Cristã, informou que "foram dados grandes passos para um acordo e foram abertos caminhos para novas reflexões sobre questões nas quais ainda existem divergências". Uma próxima sessão já foi marcada onde se abordará Batismo, Confissão e Eucaristia como sacramentos relacionados com a unidade da Igreja. Monja trapista proclamada beata

Ao presidir a celebração de encerramento da Semana de Oração pela Unidade - no hemisfério norte, 25 de janeiro, festa da Conversão de São Paulo - o Santo Padre proclamou Beata a Irmã Maria Gabriela Sagheddu, jovem religiosa trapista que ofereceu a vida pela causa da unidade. "Da alcançada união com a Voz de Deus, disse o Papa, nasce a moção do Espírito a abrir-se aos irmãos. É a descoberta do Vertical, do Absoluto de Deus, que dá sentido e eficaz urgência à abertura horizontal aos problemas do mundo." A alma do movimento ecumênico

((A conversão, a cruz e a oração, afirmou ainda o Papa na mesma celebração, são essencialmente os elementos em que se baseia o movimento para reconstruir a unidade dos cristãos."

((Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão inte'l'ior . .. Esta conversão do coração e esta santidade de vida, juntamente com as orações particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecumênico, e com razão podem ser chamadas ecumenismo espiritual." (Vaticano II, Decreto sobre o Ecumenismo, II, 7, 8). -27-


LIVROS OPORTUNOS (Continuação)

Estávamos sem espaço suficiente, o mês passado, para recomendar-lhes o livro do Pe. Carlos Afonso Schmitt, "PAIS CONSCIENTES, FILHOS REALIZADOS - O Futuro que Começa em Casa - Reflexões Vocacionais" (Edições Paulinas).

Embora não seja novíssimo (é de 1980), o livro vem a calhar, neste Ano Vocacional, para apoiar nossas reflexões a todos os níveis - em casal e em família, em equipe, nas comunidades que animamos. Cada um dos capítulos é seguido de uma série de perguntas e muitos dos questionamentos sugeridos irão proporcionar oportunas reflexões e frutuosas trocas de idéias. Encontraremos também subsídios para as palestras que formos eventualmente chamados a fazer em colégios, em encontros, etc. Composto em tipo graúdo, destaques em negrito, paginação "arejada", capítulos curtos, estilo direto, é um livro muito fácil de se ler. Tem apenas 150 páginas - das quais 73 especificamente dedicadas ao papel dos pais. "Do hoje dos pais, o amanhã dos filhos", afirma o autor. Dividido em três partes - o chamado de Deus, a resposta que o homem lhe dá e a influência dos pais no futuro dos filhos -, afora um ou outro capítulo diretamente dirigido aos jovens ou aos responsáveis pela Pastoral Vocacional, tudo nos interessa. Os casais que orientam grupos de jovens não podem prescindir da leitura deste livro: nele encontrarão vários capítulos ~ muitas pistas para orientar a reflexão dos jovens sobre um assusto vital que graças ao Ano Vocacional podemos abordar com toda a naturalidade.

• Recomendado pelo irmão Mauro de Souza Fernandes ("O culto doméstico", CM de abril), o livro de Iris Boff Serbena, "DO CORAÇAO DA MAE AO CORA·ÇAO DOS FILHOS",

(Vozes, 1981),

também vem a calhar- para o Dia das Mães. Das mães jovens, entenda-se, que estejam com os filhos pequenos ainda. Pois -

28 -·


trata da educação, dentro do contexto familiar e através principalmente do relacionamento mãe-filhos, para a consciência de si mesmos, dos outros e de Deus. Isto dito assim parece meio complicado, mas o livro não poderia ser mais leve, mais gostoso e mais empolgante - pode haver assunto mais empolgante para os pais do que o desabrochar humano e religioso dos filhos? A autora não escreve como pedagoga (que é), mas como mãe de seis filhos: é da própria família que tira os deliciosos exemplos de que o livro está repleto. É um livro cheio de amor, cheio de fé na criatura humana e em Deus- e cheio de humor também! Iris Boff criou, da maneira mais encantadora e despretensiosa possível, verdadeiro manual de educação, humana e religiosa - indispensável para quem queira criar, na fé, filhos equilibrados, generosos e felizes. Um presente adequadíssimo para jovens esposas, filhas e noras. M.

D.

--o--

O meu pensamento e a minha exortação dirigem-se também ês famílias cristãs, que o Concílio Vaticano 11 indicou como "primeiro seminário" da vocação (O.T. 2): compete a vós criar no próprio seio aquele clima de fé, de caridade e de oração que oriente os filhos para se confrontarem, numa atitude de generosa disponibilidade, com a iniciativa de Deus e com o seu plano sobre o mundo. João Paulo 11 (Em Porto Alegre)

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NOTíCIAS DOS SETORES

BELO HORIZONTE -

Notícias

Enviaram-nos Marilda e Waldon algumas notícias da Coordenação. Sobre o retiro, a ser realizado nos dias 21 e 22 de maio, no Noviciado da Santíssima Trindade; será um retiro fechado e "aberto" a casais de outros movimentos; o pregador será o Pe. Paulo D'Elboux, que tanto agradou aos casais de Juiz de Fora, e o tema, a "Familiaris Consortio"; "foi unânime a opção por esse tema, tão importante para nós, nossos filhos e nossas comunidades", escrevem. A outra notícia diz respeito à "inter-equipes" que deveria ser realizada no sábado 16 de abril, sobre o tema "a influência do mundo exterior, principalmente da televisão, nas nossas famílias".

SÃO CARLOS -

Estimulando engajamento na paróquia

As Equipes de São Carlos estão promovendo uma maior vinculação dos casais nos apostolados das diversas paróquias. Organizaram, primeiramente, um questionário, visando fazer o levantamento da situação atual: 1. A que Paróquia vocês estão ligados?

Territorialmente . .... .. .. . ...... ...... . .... ... ...... . . .. ...... . ....... . Afetivamente (apostolicamente) ....... ...... ................. ... ..... . 2.

Qual a sua participação nas atividades paroquiais? Casal ..... ......... .. ,... ....... .. . .... . ....... ... ... . ............. ... . Espooa individualmente ....... . . .. ............ .. ...... . ............... . Marido individualmente ...... .. ...... .. .............. .. ..... . ..... ... . ,

3.

Vocês (como casal e/ ou individualmente) têm alguma atividade apos- ' tólica independente da Paróquia? ................ .. .... . ............ .

4.

Qual (is) o (s) motivo (s) do não ou pouco engajamento? ...... ... .

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-

Participação nas promoções do Setor

O Setor utilizou o mesmo questionário para informar-se sobre os dias e horários mais favoráveis para a Noite de Oração e a Missa Mensal. Principalmente porque pretende introduzir, antes das Missas Mensais, palestras a serem dadas pelos Conselheiros Espirituais sobre os documentos da Igreja. Os casais são inclusive consultados sobre a validade da idéia, ou seja, o interesse pessoal e a possibilidade de participar. Farmácia para carentes

Nesta Campanha da Fraternidade, as Equipes do Setor de São Carlos estiveram engajadas no "apostolado dos remédios", visando oferecer efetiva colaboração aos Voluntários da Irmandade da Santa Casa de São Carlos. Todas as equipes angariaram medicamentos, que foram entregues aos voluntários, entre os quais se incluem representantes das Equipes. A idéia da "Farmácia para carentes" nasceu de duas observações: muitos indigentes atendidos no hospital, quando dali saem com uma receita, não possuem recursos para a aquisição dos medicamentos, o que tem provocado o reinternamento de muitos deles; encontram-se nas ruas da cidade pessoas carentes com receitas nas mãos, solicitando auxílio para a compra de remédios. A instalação desta farmácia na própria Santa Casa pretende resolver os dois problemas, oferecendo efetivo e permanente atendimento às pessoas carentes. -

Palestra sobre a violência

Dentro do programa da Campanha da Fraternidade, o Pe. Benedito do Carmo Ayres ministrou importante e proveitosa palestra sobre o tema "A escalada da violência na Bíblia". Com fundamento no Livro do ~xodo, demonstrou a reprovação de Deus acs opressores e a ajuda que ofereceu aos perseguidos e injustiçados. Analisou também as várias formas de violência dos nossos tempos, chamando a atenção de todos para a prática do verdadeiro amor cristão. A palestra constituiu excelente motivação para uma análise mais profunda dos valores que vivemos. Estiveram presentes cinqüenta e dois (52) casais.

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SÃO PAULO/O -

Boletim

Chegou-nos mais um número do boletim do Setor D/São Paulo. Continua excelente: de forma despretenciosa, consegue atingir o tríplice objetivo de formar, informar e animar. O Editerial lembra as quatro grandes linhas que deverão orientar, em uníssono com a Igreja, as orações e reflexões dos equipistas neste ano, ou seja, o Ano santo, o Ano Vocacional, a Fraternidade e a Não-violência, e a Unidade da Igreja (a propósito da viagem do Papa à América Central). Uma novidade: as reuniões de oração serão organizadas pelos Casais de Ligação com as equipes ligadas, na segunda quinzena de cada mês. Há um testemunho sobre curso de noivos, misto de orientação em pequenos grupos e palestras em conjunto. Finalmente, a motivação para o retiro vem acompanhada de uma estatística da participação (ou ausência de participação ... ) nos retiros, equipe por equipe, que constitue por si só a mais eloqüente das chamadas! SÃO PAULO/E -

Novo responsável

Em cerimônia simples, no ofertório da missa celebrada, no dia 9 de abril, pelo Conselheiro Espiritual do Setor, Pe. Elísio, Myriam e Chico passaram a responsabilidade do Setor E para Márcia e Simão Abbud, que há tempos vinham trabalhando com eles na Equipe de Setor. Thais e Duprat, em nome do Movimento, agradeceram a dedicação do casal durante todos esses anos e pediram as luzes do Espírito Santo para o novo Responsável. Também o Pe. Elísio despediu-se, sendo substituído pelo Pe. Antonio Aparecido Pereira - Padre Cido. VOLTOU PARA O PAI Décio Pirágine

Da Equipe 2 de Jaú. Uma das primeiras equipes do Brasil, da qual era, mais uma vez, responsável, com Heleninha. Pilotava uma equipe quando adoeceu - era mais uma das muitas equipes que pilotou. "Décio era assim: alegria contagiante, dedicação sem conta. .. "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!" (Fil. 4,4) 'Coisas que os olhos não viram nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam' (I Cor. 2,9) ... certamente por isso Décio partiu daqui sorrindo." Esta mensagem, distribuída na missa de 7. 0 dia, diz, mais do que tudo, da grande fé que ele viveu e que mantém firmes todos os que o amaram. E que, na despedida, cantavam louvores ao Senhor, conseguindo su-plantar a dor imensa por uma fé adulta, feita de Esperança que é Certeza! ~ - 32 ~


EQUIPES DE NOSSA SENHORA Movimento de casais por uma espiritualidade conjugal e familiar

Rev!spo, Publicação e Distribuição pela Secretaria dB.l! EQUIPES DE NOSSA SENHORA 01050 -

Rua João Adolfo, 118 - 99 - conj . 901 SAO PAULO, SP

Tel. : 34-8833


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